#ummaopordia um mao por dia
claudia hersz
Um Mao por Dia [A Maodade é Infinita...]
Na produção da minha obra, trabalho como um DJ: percebo que os arquivos da(s) Humanidade(s) estão repletos e que grandes reflexões podem surgir não só de obras ditas “originais” — mas de justaposições, edições, remixes e mashups.
Neste sentido, acabei me interessando e atuando sobre esse grande universo de objetos usados, dentre eles os bibelôs de louça, muitos sofisticados e outros francamente de gosto duvidoso — mas todos imensamente capazes de carregar uma nova iconografia, trazendo símbolos que dizem respeito a deuses, crenças, anseios, devoções e noções de beleza de uma história recente, que vem do século XX à atualidade, que engloba do Mickey a Ganesha, da Hello Kitty a Jesus, sem uma hierarquia de valor.
Em 2006, ganhei de uma amiga, que ia à China com frequência, uma pequena estátua de porcelana de Mao Tse Tung. Coloquei-a sobre a geladeira, no papel de pinguim, já observando a ironia de poder usar a figura de um grande ditador e colocá-lo num papel doméstico e um pouco ridículo...
Desse lugar, em função da má construção da estátua, que tinha pouca base, ele se desequilibrou, um dia, e despencou se partindo em pedaços. Não conformada com a perda, resolvi reconstruí-lo e, neste processo, me dei conta que “china”, em inglês, é sinônimo de porcelana, e que eu estava em face de uma broken China: aquela porcelana quebrada (broken em inglês) , que refiz tingindo o rejunte de vermelho e acrescentando um Ipod à figura definia a própria natureza de um país que modificara profundamente seus valores no decorrer da História, uma metonímia do que a própria Humanidade vem fazendo neste planeta.
Broken China, prêmio de aquisição da Fundação Rômulo Maiorana (Salão de Pequenos Formatos UNAMA Belém do Pará, 2011), foi a primeira obra desta série.
Este trabalho ganha impulso a partir de 2015 — quando se refunda — a partir destas estatuetas que são telas em branco — o mito do grande opressor que vai além do ditador chinês. E passa a representar, arquetipicamente, toda e qualquer forma de opressão e imediatismo destrutivo. Resolvi intitular a série também como um grande plano de metas desenvolvimentista, tão peculiar a gestões ditatoriais: Um Mao Por Dia — observando que, como nesse planos de meta, os prazos não são cumpridos e “um dia” é qualquer quantidade de tempo.
Essa série, que carrega a ironia como bálsamo e antídoto contra a melancolia, se acirrou durante a pandemia, como uma espécie de “não-projeto” — um tipo de I Ching proposto a partir dos materiais e idéias que já estavam em meu acervo ou aqueles que vinham ao meu encontro num circuito espacial restrito.
Submetida, como todos, a um isolamento que se revela opressivo, e com a eclosão significativa de personagens ditatoriais em diversos países, vivenciei a profunda necessidade de — como fatia da Humanidade — combater e transmutar as angústias e tristezas de cada dia, usando a Ironia como ferramenta para criar alguma forma de esperança.
Claudia Hersz, 2022
#ummaopordia um mao por dia claudia hersz
1ª edição
Rio de Janeiro Editora da autora 2022
My Litlle Broken China Porcelana, rejunte, fio plástico | 28 ( A ) x 13 ( L ) x 13 ( P ) | 2008
Maos | por Alexandre Sá
O conjunto de mitos de uma população é da ordem do discurso.
— Claude Lévi-Strauss
O poder modificou progressivamente a forma de falar, alterando, dia após dia, o sentido e o uso das palavras. A trilha sonora das tiranias não se reduz às ensurdecedoras práticas dos cantos de guerra e dos cânticos. Fazer cantarem juntos é o mais certo meio de assumir o controle da respiração dos corpos e de obter o silêncio do pensamento na amplificação organizada do que é preciso ouvir e daquilo pelo que é preciso clamar.
— Marie-José Mondzain
Um Mao por Dia é uma série que Claudia Hersz produz, em grande parte, durante a pandemia da Covid-19. Trata-se de um conjunto de objetos que materialmente têm em comum a cabeça escultórica do Mao Tsé Tung feita em porcelana, comercializada de maneira regular na China e exportada para o mundo — sendo, além de uma referência inevitável do próprio processo de expansão territorial do país em um mundo globalizado, um emblema inconsciente de seu poder operatório, político, econômico, bélico, cultural e sistêmico. Se antes a compra destes objetos era consideravelmente acessível, nos últimos tempos seu acesso se tornou mais raro, talvez por razões óbvias. Por certo ainda é possível encontrar
algumas estátuas do tal ditador de outros tipos, mas interessa à artista, uma espécie específica de objeto que por sua brancura e frágil detalhamento, termina aproximando esta personagem de um pinguim de geladeira, banal em sua onipresença que, embora acredite na utilidade decorativa, escarnece intimamente da fantasmagoria e do apagamento (que jamais chega ao total sumiço) do seu regime discursivo de poder. É esta presença que evola-se como atmosfera de dominação e captura o desejo da artista.
É nesta encruzilhada que o moto-contínuo de sua prática poética// política é potencializado. Operacionalmente lhe obrigando a garimpar tais objetos em sítios pelo mundo ou procurando múltiplas maneiras de dialogar com profissionais que sejam capazes de produzir o objeto-fetiche de maneira próxima ao original — que obviamente só existe como projeção, utopia e transferência. E semanticamente, ampliando as possibilidades de problematizar tal perfume dominador no nosso imaginário gravado pelas obras de arte e pela cultura visual. O local em trânsito onde tal proposta//reflexão deságua e nasce é dentro de nós mesmos, dentro do próprio sistema de arte e, em última instância, no dissenso absolutamente contemporâneo entre sistema de arte e história da arte. Talvez seja exatamente nesta fissura, neste tecido infrafino entre Comércio e História que Claudia Hersz instaura seu abrigo para remixar e cerzir seu sofisticado setlist.
Nesse sentido, há, além de um certo espelhamento do corpus vibrátil da artista nesta coleção — detectável no conjunto de referências, nas colheitas e no resgate de frágeis objetos através de deambulações infinitas pelas ruas e lojas das cidades, nos humores dos títulos, na precisão das cores e na entropia dos universos conjugados — um encontro afetivo, horizontalizado e generoso com o público, através de um regime não hierarquizado
da matéria simbólica. Encontro este que aproveita sua legibilidade para escapar de um certo hermetismo-clichê que foi estrutural de uma prática contemporânea recente e que vem, pelo trabalho de trabalhos contundentes como este, perdendo força para, talvez assim, reencontrar sua esfera íntima de reconhecimento e aderência com o outro. Não se trata de afirmar uma legibilidade rasteira que abole os códigos para a sua compreensão, mas que — através de um golpe preciso — faz com que os regimes estruturais, discursivos e científicos da arte percam força diante da gravidade abismal da imagem dos objetos ao se reconhecerem e apontarem para fora de si mesmos, desaguando numa esfera de alteridade que o espectador, inevitavelmente, reconhece. E, mais fortemente, lê. E ri da fantasia daquilo que nos erige como plateia e, aqui especificamente, como brasileiros.
Além disso, é impossível desconsiderar a abrangência das referências diante de um embate que, embora antigo, ainda sobrevive: o da identidade. Neste caso, não se trata mais de aprofundar relações que a princípio reforçariam tais ideais que, como se sabe, é da ordem do impossível e da fantasmagoria. E, se de fato há uma ironia irascível passível de ser sampleada unicamente no Brasil e mais especificamente no Rio de Janeiro, é através da procissão pseudo-ditatorial e das associações inusitadas que aqui se descortinam, que Claudia Hersz opta por refundar tal origem no trânsito entre países e territórios, explodindo qualquer memória local para apostar na imensa globalidade dispersiva a que somos sujeitados desde que aqui, seja lá o que isso for, aportamos; apontando para a lembrança constelar que o poder, em sua cobiça recôndita, é e sempre será, a maresia que corrói o leme do nosso barco, apesar de nortear cotidianamente o mapa do nosso desejo ordinário e mitológico.
Maos | by Alexandre Sá
The set of myths of a population is of the order of discourse.
— Claude Lévi-Strauss
Power has progressively modified the way we speak, changing, day by day, the meaning and use of words. The soundtrack of tyrannies is not reduced to the deafening practices of war songs and chanting. To make them sing together is the surest way to take control over the breathing of the bodies and to obtain the silence of thought in the organized amplification of what needs to be heard and what needs to be cried out for.
— Marie-José Mondzain
One Mao a Day is a series that Claudia Hersz produced largely during the Covid-19 pandemic. It is a set of objects that, materially, have in common the sculptural head of Mao Zedong made in porcelain, regularly traded in China and exported to the world, as well as an inevitable reference of the country’s own process of territorial expansion in a globalized world, being an unconscious emblem of its operative, political, economic, warlike, cultural and systemic power. If previously the purchase of these objects was widely accessible, in recent times access to them has become rarer, perhaps for obvious reasons. It is certainly still possible to find some other types of statues of this dictator, but the artist is interested in a specific kind of object that, due to its whiteness and
fragile detailing, ends up bringing this character closer to a fridge penguin* that, although banal in its omnipresence that, albeit with a belief in decorative utility, intimately mocks the phantasmagoria and the erasure (which never reaches total disappearance) of its discursive regime of power. It is this presence that launches itself as an atmosphere of domination and captures the artist’s desire.
It is at this crossroads that the continuous movement of her poetic// political practice is potentiated. Operationally forcing her to search for such objects in sites around the world or to look for multiple ways of dialoguing with professionals who are able to produce the object-fetish in a way close to the original — which obviously only exists as projection, utopia, and transference. And semantically, expanding the possibilities of problematizing such a dominating fragrance in our imagination engraved by works of art and visual culture. The place in transit where such a proposal//reflection flows and is born is within ourselves, within the art system itself, and ultimately in the absolutely contemporary opposition between the art system and art history. Perhaps it is exactly in this fissure, in this infrafine fabric between Commerce and History that Claudia Hersz establishes her shelter to remix and darn her sophisticated setlist.
In this sense, there is, beyond a certain mirroring of the artist’s vibrating corpus in this collection — detectable in the set of references, in the harvesting and rescuing of fragile objects through endless wandering through the streets and stores of the cities, in the humour of the titles, in the precision of the colors and in the entropy of the conjugated universes — an affective, horizontal and generous encounter with the public, through a nonhierarchical regime of symbolic matter. An encounter that takes advantage of its legibility to escape from a certain hermetic-cliché that was structural to a recent type of contemporary practice and that has, through the practice of forceful works such as this,
been losing strength in order, perhaps, to rediscover its intimate sphere of recognition and empathy with the other. It is not a matter of asserting a creeping legibility that abolishes the codes for its understanding, but that — through a precise coup de force — makes the structural, discursive, and scientific regimes of art lose strength in the face of the abysmal gravity of the image of objects as they recognize and point outside themselves, flowing into a sphere of otherness that the viewer, inevitably, recognizes. And, more strongly, reads. And laughs at the fantasy of that which establishes us as an audience and, here specifically, as Brazilians.
Furthermore, it is impossible to disregard the scope of references in the face of a clash that, although old, still survives: that of identity. In this case, it is no longer a question of deepening relationships that would at first reinforce such ideals, which, as we know, is of the order of the impossible and the phantasmagoric. And if, in fact, there is an irascible irony that can only be sampled in Brazil and more specifically in Rio de Janeiro, it is through the pseudodictatorial procession and the unusual associations that are unveiled here that Claudia Hersz opts to re-found such an origin in the transit between countries and territories, exploding any local memory to bet on the immense dispersive globality to which we are subjected since we landed here, whatever that may be; pointing to the constellational reminder that power is and always will be, in its hidden greed, the sea fog that corrodes the rudder of our boat, despite the fact that it guides the map of our ordinary and mythological desire on a daily basis.
* The fridge penguin is a kitschy little porcelain statue, placed on top of the refrigerator, common in brazilian homes in the 50’s and 60’s that has become a collector’s item in recent times
Mao Modelo madeira, metal e porcelana | 35 (A) x 13 (L) x 13 (P) | 2020
AniMao Vegetao Minerao cerâmica | 28 (A) x 13 (L) x 13 (P) | 2021
Mao Saci porcelana | 23 (A) x 9,5 (L) x 8,5 (P) | 2022
Mao do Tsertão terracota | 34 (A) x 13 (L) x 13 (P) | 2021
Maotologias à la carte porcelana, cerâmica e rádica | 35 (A) x 20 (L) x 20 (P) | 2021
MaoCunaima porcelana, biscuit, cerâmica, metal e plástico | 38 (A) x 16 (L) x 16 (P) | 2022
Mao Francisco porcelana e biscuit | 28 (A) x 14 (L) x 14 (P) | 2019
La Chimére de la Mer porcelana e cerâmica | 28 (A) x 14 (L) x 16 (P) | 2019
Cara de um focinho do outro porcelana, couro, metal e cerâmica | 30 (A) x 20 (L) x 20 (P) | 2020
Jonas porcelana | 16 (A) x 20 (L) x 12 (P) | 2021
Mao
Pavao
porcelana, cerâmica e plástico | 25 (A) x 14 (L) x 17 (P) | 2020
Mao de férias porcelana, plástico, palha, vidro e areia | 31 (A) x 13 (L) x 13 (P) | 2021
Mao Sereia porcelana, cerâmica e metal | 24 (A) x 15 (L) x 12 (P) | 2020
Companhia das Índias pintura sobre porcelana | 30 (A) x 13 (L) x 13 (P) | 2018
Mao à la baiana pintura sobre porcelana, plástico e metal | 28 (A) x 18 (L) x 18 (P) | 2021
História pintura sobre porcelana, resina de poliuretano e plástico | 28 (A) x 25 (L) x 12 (P) | 2021
Você também é Mao gravação em espelho, pintura sobre porcelana e faiança | 48 (A) x 44 (L) x 15 (P) | 2021
Mao Cinderelo cerâmica, porcelana, tecido, crochê, gesso, plástico e metal | 25 (A) x 23 (L) x 23 (P) | 2021
Mao Narciso porcelana, espelho e metal | 12,5 (A) x 28 (L) x 15 (P) | 2022
Mao au Sarcophage
pintura sobre porcelana, cola expansível, metal e strass | 32 (A) x 22 (L) x 10 (P) | 2021
Mao Florao porcelana, cerâmica, biscuit e verniz | 33 (A) x 13 (L) x 13 (P) | 2015
Mao árido porcelana , borracha e areia | 38 (A) x 13 (L) x 13 (P) | 2020
Mao binário não binário pintura sobre porcelana e biscuit | 35 (A) x 20 (L) x 16 (P) | 2018
Mao Espremido porcelana, tecido, gesso, tinta acrílica, madeira e betume | 37 (A) x 13 (L) x 13 (P) | 2021
Mao Tocado porcelana, metal, caixa de música em plástico, veludo e espelho | 20 (A) x 16 (L) x 23 (P) | 2021
Mao de geladeira porcelana, tinta acrílica e biscuit | 20 (A) x 7 (L) x 10 (P) | 2015
Mao Temperado gupo escultórico e pintura sobre porcelana | 22 (A) x 15 (L) x 10 (P) | 2021
Mao de debutante porcelana, cerâmica, biscuit e papel | 28 (A) x 21 (L) x 21 (P) | 2022
Mao Hatter porcelana e cerâmica | 38 (A) x 16 (L) x 16 (P) | 2022
Mao Ganesha porcelana, plástico e metal | 35 ( A ) x 23 ( L ) x 13 ( P ) | 2020
Mao Espirituao porcelana e cerâmica | 22 ( A ) x 20 ( L ) x 20 ( P ) | 2020
Anjo Mao porcelana, plástico fosco, espelho e luminária de led | 28 ( A ) x 11 ( L ) x 9 ( P ) | 2021
Mao Redentor porcelana e resina de poliuretano | 36 ( A ) x 24 ( L ) x 9 ( P ) | 2021
Maogrittado
pintura sobre porcelana, vidro, prata, tecido
areia
(
( L
(
e
| 38
A ) x 19
) x 13
P ) | 2021
Mijao — MaoNeneken Pis porcelana e cerâmica | 32 ( A ) x 20 ( L ) x 20 ( P ) | 2020
Mozão porcelana e cerâmica | 34 ( A ) x 12 ( L ) x 8 ( P ) | 2021
Mao Kuzamado pintura sobre porcelana e plástico | 28 ( A ) x 13 ( L ) x 13 ( P ) | 2015
Mao Aiweiweizado cerâmica | 28 ( A ) x 12 ( L ) x 12 ( P ) | 2021
Maorilyn pintura sobre porcelana | 32 ( A ) x 13 ( L ) x 13 ( P ) | 2020
Maodigliânico porcelana e plástico | 37 ( A ) x 13 ( L ) x 13 ( P ) | 2021
Ceci n’est pas un Modigliani pintura sobre porcelana e cerâmica | 28 ( A ) x 18 ( L ) x 13 ( P ) | 2021
Mao Anti Hamlet porcelana e rejunte | 32 ( A ) x 13 ( L ) x 13 ( P ) | 2017
A Maodade é Infinita pintura sobre porcelana, metal e plástico | 35 ( A ) x 20 ( L ) x 20 ( P ) | 2021
Mao Cérbero porcelana e biscuit | 28 ( A ) x 13 ( L ) x 13 ( P ) | 2015
O Pequeno ditador pintura sobre porcelana, cerâmica e vidro | 24 ( A ) x 9 ( L ) x 9 ( P ) | 2021
Mao de Burca porcelana , tecido, gesso e laca automotiva | 33 ( A ) x 23 ( L ) x 23 ( P ) | 2020
Visible Mao pintura sobre porcelana, plástico e tinta acrílica | 30 ( A ) x 13 ( L ) x 13 ( P ) | 2020
A Mao a Day
Maoliciousness is infinite
When making art, my process is like that of a DJ: I realize that the archives of Humanity(ies) are brimming over and that great work can arise not only from so-called “original” pieces — but from juxtapositions, editions, remixes and mashups.
On this path, I ended up getting interested and have began working with this vast universe of second hand objects, among them porcelain knickknacks, some quite sophisticated and others frankly of questionable taste — but all of them immensely capable of carrying a new iconography, bringing symbols that relate to gods, beliefs, yearnings, devotions and notions of beauty of a recent history, that comes from the 20th century to the present, that encompasses from Mickey to Ganesh, from Hello Kitty to Jesus, without a hierarchy of value.
In 2006 I got a small porcelain statuette of Mao Zedong from a friend, who went to China frequently. I put it on top the refrigerator, as I would a fridge penguin, aware of the irony of putting a great dictator in such a domestic and slightly ridiculous role...
From that height, because it was badly made and was basically unstable, the figurine fell to floor and broke to pieces. Not happy at all with my loss, I decided to rebuild it and, in this process, I realized that “china”, in english, is a synonym for porcelain, and that I was facing broken China: that fragmented piece, which I
remade by dyeing the grout red and adding an iPod to the figure defined the very nature of a country that had deeply changed its values throughout history, a metonymy of what humanity itself has been doing on this planet.
Broken China, the first work in the Mao series, was awarded the Acquisition Prize by the Rômulo Maiorana Foundation in a show of small art works (Salão de Pequenos Formatos — UNAMA, Belém do Pará, 2011)
This series gains momentum from 2015 onwards, when the myth of the great oppressor, that goes beyond the Chinese dictator, is re-founded from these statuettes that are blank canvases. Indeed they represent, archetypically, any and all forms of oppression and destructive immediacy. I decided to name the series as though it were a grand plan of meta development inherent in dictatorial regimes: One Mao a Day — bearing in mind that, as in these target plans, deadlines are ignored and “one day” becomes any length of time.
This series, which carries irony as a balm and antidote against melancholy, intensified during the pandemic, as a kind of “nonproject” — a sort of I Ching proposed from the materials and ideas that were already in my archives or those that came to meet me in a restricted space circuit.
Subjected, like everyone else, to an isolation that turned out to be oppressive, and with the significant outbreak of dictatorial characters in several countries, I experienced the deep need to — as a slice of Humanity — combat and transmute the anguish and sadness of each day, using Irony as a tool to create some form of hope.
Claudia Hersz, 2022
Mao Chocado porcelana, cerâmica e vidro | 36 ( A ) x 16 ( L ) x 15 ( P ) | 2022
Mao da Compaixão porcelana | 34 ( A ) x 19 ( L ) x 11 ( P ) | 2022
2022 © Claudia Hersz
Fotografias: Claudia Hersz
Design e coordenação visual do livro: Tita Nigrí
Tradução: Claudia Hersz e Veronica Dobal
Este trabalho e livro foram possibilitados pelo auxílio de vários amigos e, em especial, Christopher Crocker, Lena Amorim, Mark Phillip, Nelson Meirelles, Nicole Huber e Zaza Reis
Agradecimento: Chácara do Céu - Museus Castro Maya
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Hersz, Claudia
#ummaopordia : um mao por dia / Claudia Hersz. -- 1. ed. -- Rio de Janeiro : Ed. da Autora, 2022.
ISBN 978-65-00-52855-8
1. Arte contemporânea brasileira 2. Artes plásticas 3. Artes plásticas - Exposições - Catálogos I. Título.
22-128382 CDD-709
Índices para catálogo sistemático:
1. Artes plásticas : Exposições : Catálogos 709
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
Mao Ebó cerâmica esmaltada e plástico | 10 (A) x 17 (L) x 20 (P) | 2022