MAIO/2014
A REVISTA DIGITAL SOBRE BRASILEIROS QUE MORAM NOS
QUATRO CANTOS DO MUNDO
mundo Volta ao
Entrevistas, orรงamentos e dicas de brasileiros
E mais:
www.brasileiros-mundo-afora.com
Dicas de viagem de Guilherme Tetamanti
Entrevista com o empresรกrio alemรฃo Jรถrg Steinamnn
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A REVISTA DIGITAL SOBRE BRASILEIROS QUE MORAM NOS
QUATRO CANTOS DO MUNDO
REPORTAGENS EM DESTAQUE 12 Dicas de corrida Ana Elisa de Melo Audun conta como conseguiu colocar em prática seu plano de corrida e se tornar maratonista na Dinamarca
18 Profissão expatriados Magê dos Santos conta como se tornou uma guia turística na Itália
52 Fotografia O modelo Thiago Conceição em um ensaio fotográfico de Maricélia Wiesböck
66 O Meio e o Si André Averbug dá dicas sobre como publicar um livro de forma descomplicada
70 Eu vivo meu sonho Jörg Steinmann fala sobre a construção do seu sonho no Brasil
80 Cá com meus botões Conheça a história de Creusa Salame, uma artista e especialista em reciclagem
90 Cozinhando com pimpolhos Receitas e dicas da brasileirinha Yasmin Pfeiffer, que mora na Suiça
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38 Viagem de volta ao mundo Entrevistas, orçamentos e dicas
Foto: Guilherme Tetamanti
Expediente Diretora de arte e redação Claudia Bömmels Editora de conteúdo Vanessa Bueno Revisão Maria da Graça Ferreira Leal, Miriam Naef Colunistas Lila Rosana, Erica Palmeira, Vanessa Bueno Colaboradores desta edição Fernanda Furtado, Walter Müller, Juliane Pereira da Costa, André Averbug, Claudia Pegoraro, Ana Elisa de Melo Audun, Juliana Cupini, Debora Garcia, Fernanda Souza, Guilherme Canever, Bianca Canever, Bruno Cavalcanti, Carla Portillo, Fernando Camargo, Robison Portioli, Natália Becatti, Rafael Sette Câmara, Luiza Antunes, Karina Palla, Pablo Jacinto, Fellipe Faria, Karla Larissa, Fred Santos, Livia Aguiar, Daniella Schweizer, Guilherme Tetamanti, Maria Eugênia Ferreira Pinto dos Santos, Ana Paula Dantas, Thiago Conceição, Maricélia Wiesböck, Marisa Cristina Pedro Pfeiffer, Ivan S. Ribeiro, Deíze Botelho, Regina Suriani, Jörg Steinmann, Dede Fedrizzi, Creusa Salame, Mariana Botelho, Antônio Botelho, Helder Messias, Sueli Fortunato, Lorena Bärschneider
Durante sua viagem volta ao mundo, Robison Portioli foi fotografado por Fernanda Furtado em Poon Hill, Nepal.
Contato brasileirosmundoafora@gmx.net -3-
Fotos: Dede Fedrizzi | Arquivo pessoal
Eu e o "homem da capa" da edição de junho 2013 da revista alemã Stern. Jörg Steinmann, fala em entrevista sobre seu novo projeto no Brasil: o Sítio Escondido. -4-
Aqui estre nós…
Eu vivo o meu sonho Em junho de 2013, foi impossível passar pela banca de revistas e não comprar a nova edição da revista alemã Stern, em cuja capa estava escrito Ich lebe meinen Traum – Eu vivo o meu sonho, com o alemão Jörg Steinmann na capa. Alguns meses depois, ele me contou em entrevista sobre a realização do seu sonho no Brasil, que você confere nesta edição. A reportagem da revista Stern contava também histórias de outras pessoas que resolveram dar uma reviravolta na vida. Nenhuma delas diz que foi fácil. Novos caminhos tomados, que significaram mudanças drásticas, como sair de um emprego promissor, divorciar-se, assumir uma nova sexualidade, mudar de país. São histórias de trabalho, de sacrifícios, de acertos e de erros, mas principalmente de realização pessoal e de felicidade. A nossa edição traz experiências inspiradoras de pessoas que realizaram os mais diversos sonhos, como publicar um livro, correr uma maratona, abrir um hotel ou iniciar uma nova profissão. Dar a volta ao mundo está também entre os grandes desejos de muitos brasileiros. Alguns deles fizeram acontecer, vencendo barreiras, como a falta de tempo, a falta de dinheiro ou de companhia. Um deles é o empreendedor paulista Guilherme Tetamanti, de 31 anos, que vendeu em 2011 seus negócios para também realizar o sonho de dar uma volta ao mundo e praticar fotografia, uma das suas paixões. Ele nos conta sobre essa experiência única e como combateu a depressão pós-viagem. Karina Palla, que atualmente está viajando e já visitou mais de 25 países com o marido Pablo, conta que a quebra de preconceitos, reflexão, a mudança de paradigmas e a visão global são algumas das experiências que eles vivenciam nessa sonhada viagem. Walt Disney já dizia que "se podemos sonhar, também podemos tornar nossos sonhos realidade". E você, também já vive o seu sonho? Compartilhe conosco as suas experiências e inspire outras pessoas. Beijo e até em breve, Claudia Bömmels Diretora de arte e redação
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Não importa em que país moramos: o verde e o amarelo são as cores no nosso coração. -6-
Momento mĂĄgico
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Foto: Walter MĂźller
Românticos, desertores e camaleões Texto: André Averbug | Foto: Juliane Pereira da Costa
Tendo morado cerca de um terço de minha vida no exterior, um dos debates que mais presenciei é o de expatriados que comparam o Brasil com os países (mais desenvolvidos) onde residem. Tom Jobim é autor da frase mais genial sobre o assunto: "Morar no exterior é bom mas é uma merda; morar no Brasil é uma merda mas é bom". Trata-se de um brilhante resumo, mas a realidade é que a intensidade da "merda" e do "bom" depende muito da postura de cada um. Pelo que tenho observado, existem três tipos extremos de expatriados: o romântico, o desertor, e o camaleão. Vamos a eles.
O romântico Para o romântico, visto de longe, o Brasil é o paraíso – a terra sagrada que "teve" que abandonar para fazer um curso, aceitar um trabalho, ou acompanhar a família. Os anos fora do país são um tormento. De que serve viver no primeiro mundo se não se pode comer feijão preto todo dia, passar na casa da tia Maria aos domingos, ou ir à roda de samba da praça não-sei-de-quê. Nada é mais importante que o "calor humano" do brasileiro, e a civilidade dos gringos não tem valor, afinal eles no fundo são frios e distantes além, claro, de não possuírem nosso fantástico "jogo de cintura". O romântico não perde uma festa no restaurante brasileiro local, apesar de "não ser tão legal quanto as festas do Brasil". Tende a esquecer os problemas e transtornos que enfrentava em nosso país, assim como ignorar os aspectos positivos do país onde reside. O amor ou obsessão pelo Brasil torna-se cegueira, que o impede de aproveitar o lugar onde mora.
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Ponto de vista
Conheço inclusive diversos casos de românticos que, após passarem anos se queixando e sonhando em voltar ao Brasil, ao retornar tiveram um choque. Deram-se conta de que perderam tempo (às vezes décadas) deixando de aproveitar em sua plenitude a vida que levavam no exterior, para então perceberem que a princesa de seus olhos não era nada daquilo. Viram-se na inesperada situação de não conseguir se readaptar ao Brasil: o feijão preto deixou de ser prioridade; a tia Maria, tinha esquecido, na verdade é meio chata; o calor humano às vezes confunde-se com inconveniência; o jogo de cintura se parece mais com aproveitamento e malandragem. Por sua vez, as vantagens da terra estrangeira, que antes passavam despercebidas, são reconhecidas tardiamente.
O desertor Outro extremo é o desertor. Esse é aquele que, após sair do Brasil, acha tudo que vem da terrinha ruim, bagunçado e inferior. Tende a aumentar e dramatizar as coisas. Por exemplo, constantemente diz não entender como os brasileiros conseguem viver com "tanta violência" ou "tanta corrupção", esquecendo-se que vivia no país até pouco e, bem ou mal, é possível sim viver e ser feliz em meio a nossa desordem. Ri quando um filme brasileiro é cogitado a concorrer ao Oscar, apesar de não tê-lo visto. Qualquer notícia ruim é motivo para dizer que "esse país é uma palhaçada", mesmo sem procurar se informar sobre a questão. Não sabe nem quer saber quem ganhou o campeonato brasileiro ou qual artista está em voga. Não sente falta das praias porque "no Brasil é tudo poluído". Reclama quando tem que visitar a família no Brasil (uma vez a cada dois anos) e expor seus pobres filhinhos (que nem falam mais o português) àquela poluição e trânsito terríveis. Quando perguntados de onde são, respondem "I’m originally from Brazil", deixando claro que a pátria de sua escolha é a atual, o Brasil foi apenas o ponto de partida, um acidente de percurso antes de subir aos céus do mundo desenvolvido.
O camaleão O terceiro tipo, o camaleão, é aquele que mais facilmente se adapta ao local onde está, mas sem perder sua brasilidade. A comparação entre países, além de ser feita com menos frequência, acontece de forma mais equilibrada e isenta. Procura deixar julgamentos passionais o mais de lado possível. Quando perguntado se prefere morar no Brasil ou no exterior, a resposta raramente é um ou outro, mas uma análise mais balanceada dos prós e contras de cada lugar. O camaleão tende a olhar o copo meio-cheio, não meio-vazio. Procura focar os aspectos positivos de onde reside e relevar o máximo os negativos. Tem saudade do açaí, mas também adora uma Guinness. Gosta de surfar na praia da Barra, mas se diverte igualmente esquiando. Torce à distância pelo seu time de futebol, enquanto acompanha também os esportes e times locais. Faz espontaneamente amizades com outros brasileiros expatriados, mas não usa isso como critério seletivo.
Vida de expatriado mais bem resolvida Naturalmente, existem diferentes graus de românticos, desertores e camaleões, assim como pontos intermediários. Ademais, o mesmo expatriado pode passar por diversas fases. No entanto, aproximar-se o máximo possível do camaleão é a meu ver algo desejável. Trata-se de um estado de espírito, uma postura que torna a vida do expatriado mais bem resolvida. Alguns são camaleões natos, outros podem chegar lá através de conscientização e vivência. Salvo situações extremas, é possível nos condicionarmos a controlar o peso que damos ao que é bom e o que é ruim. Dessa forma, aproveitamos o que o novo país nos oferece sem perdermos a essência tupiniquim.
Este texto foi publicado originalmente no blog O Meio e o Si do autor André Averbug.
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Do lado de cá Vanessa Bueno é jornalista e expatriada. Mora na Alemanha há dois anos e escreve sobre a vida fora do Brasil, com a participação especial de nossos leitores.
"Aprendi há muito tempo que, quando somos o gigantesco visitante de fora numa remota cultura estrangeira, faz parte do serviço virar motivo de ridículo. Na verdade, como hóspedes bem-educados, é o mínimo que podemos fazer". O trecho do livro Comprometida, de Liz Gilbert, expressa bem o meu sentimento em relação ao aprendizado de uma nova língua em um país estrangeiro. Moro há dois anos na Alemanha e, ainda hoje, as pessoas riem do meu sotaque. Mas não é deboche, elas acham "bonitinho". Não é uma situação muito agradável, porque às vezes o assunto é bem sério e o que recebo de volta é uma gargalhada. O jeito é rir junto! Conheci por aqui japoneses, coreanos e muita gente de países árabes. E quando vejo essas pessoas tendo que aprender um novo alfabeto, penso que ainda estou no lucro. Alemão é um idioma difícil, todos sabemos, mas tem suas facilidades. Tem uma lógica interessante na construção das palavras, que me agrada muito. Luva, por exemplo, chama-se Handschuh, o que, numa tradução literal para o português seria, "sapato de mão". Algumas especialidades médicas são bem fáceis de entender também. Ginecologista chama-se Frauenarzt, que significa médico de mulheres, pediatra é Kinderarzt, "médico de crianças", e por aí vai. Há algumas coisas engraçadas também. Por exemplo, a palavra "virgem" em alemão significa "mulher jovem", o que poderia ser questionado nos dias de hoje. O problema começa quando se juntam três ou mais palavras para se dizer algo, porque palavra composta não existe aqui. Elas simplesmente se grudam e, só em alguns casos, recebem um "s" auxiliar. Um exemplo: Geburt (nascimento), Tag (dia), Geburtstag (aniversário, ou dia do nascimento, numa tradução literal). E dá para juntar uma terceira palavra ainda: Geburtstagskind (Geburt=nascimento, Tag=dia, Kind=criança), ou seja, aniversariante. A minha teoria é que, como aqui é muito frio, os alemães não tinham muito o que fazer nos invernos rigorosos e resolveram criar umas regrinhas de gramática e ortografia para deixar o idioma mais "atraente", ou afastar os estrangeiros, vai saber. A primeira coisa que realmente não consigo entender e que me irrita até são os números ditos ao contrário. Como assim? Ao invés de dizer "oitenta e três", os alemães pronunciam três e oitenta. Imagina isso no supermercado agora, quando os números são ditos rapidamente pelas meninas do caixa e ainda acompanhados dos centavos. Simplesmente impossível de entender. Eu olho direto para a máquina registradora. Ainda bem que ela existe. O segundo item da lista de coisas irritantes são os verbos que se separam. Sim, os prefixos vão parar no fim da frase. Agora até que me acostumei, mas no começo sempre perdia o prefixo no meio do caminho. E a terceira coisa que também incomoda bastante é o artigo neutro. Além dos artigos "o" e "a", masculino e feminino, existe o artigo neutro. E não há lógica nenhuma que explique porque é neutro, feminino ou masculino. Se bem que no português também não existe, né? Por que dizemos "a árvore" e não "o árvore"? Tentar achar essa reciprocidade no alemão, então, não funciona. - 10 -
Pão de batata
Resumindo: Todos os estrangeiros, e arrisco a dizer que até alguns alemães, erram o uso do artigo uma vez ou outra, ou muitas. Aprender um novo idioma é meio como voltar a ser criança, se observarmos. A ideia inicial é garantir as necessidades básicas. Conseguir se locomover, comprar comida, ir ao médico... Já faço tudo isso sozinha, mesmo pagando alguns micos. Acho que estou no estágio adolescente da minha relação com o idioma. Não é fácil, há dias em que dá vontade de atirar tudo para cima, comprar um passagem só de ida para o Brasil e voltar para a minha vida profissional com o meu português querido. Nesses momentos, respiro fundo e sigo me dedicando com afinco a essa língua totalmente nova. Não me contenta saber o básico, usar verbos no infinitivo e cometer erros de gramática, com o intuito único de me fazer entender. Quero mais. Quero ter livre arbítrio para decidir que caminho profissional seguir, sem limitações com a língua. Isso significa que ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas vamos em frente. Sem esquecer, claro, que faz parte do serviço ser motivo de ridículo! Perguntamos aos brasileiros mundo afora sobre suas experiências com novos idiomas. Deem uma olhada no que descobrimos: "Para mim, esse é o assunto mais complexo do processo de mudar de país. Fiz um curso de alemão
durante um ano, mas já constatei que é muito pouco. É desesperador não entender as pessoas e os filmes por exemplo. Procuro assistir televisão, pois exibem filmes simples, com muito romantismo e final feliz, nada muito complicado. O fato de falar inglês, neste caso, atrapalha porque acabamos falando em inglês quando o assunto é mais sério." Ana Teresa Schwarz, natural de São Paulo, capital, vive na Alemanha há dois anos. "Eu nunca imaginei que um dia poderia me comunicar em quatro idiomas: português, inglês, espanhol
e finlandês. Estudei inglês ainda na adolescência, mas nunca levei a sério. Foi somente quando casei e mudei para o México que comecei a fazer uso do inglês. Paralelamente aprendi o espanhol que, ao contrário do que muitos dizem, não é tão similar ao português. Paguei muitos micos por acreditar nessa similaridade. Depois dessa etapa, mudamos para a Finlândia e foi aí que a minha confiança pessoal sumiu. O finlandês é um idioma com uma lógica totalmente diferente. Todas as palavras, sem exceção, mudam dependendo do que você quer dizer. Outra grande dificuldade são as vogais e consoantes duplas, para quem está aprendendo, elas são quase imperceptíveis e podem causar uma confusão terrível. Por exemplo: Mato (minhoca) eMatto (tapete). Já disse: Que tapete bonito e entenderam que minhoca bonita." Sandra Kautto, natural de Manaus, vive na Finlândia há três anos.
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Foto: Claudia Pegoraro
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Correndo com Ana Elisa na
Dinamarca Texto: Ana Elisa de Melo Audun | Fotos: Arquivo pessoal
Ana Elisa de Melo Audun mora há seis anos com o marido na Dinamarca, onde trabalha como consultora e gerente de projetos. Há três anos, ela começou a correr e não parou mais. Em entrevista, ela nos conta sobre como começou a praticar corrida e dá dicas valiosas para quem está iniciando. Além disso, escreve no blog Corra Comigo sobre o seu dia a dia como esportista. - 13 -
O Foto: Robert Silén
O início da minha história com a corrida foi um pouco complicada. Eu e o Thomas, meu marido, começamos a correr há três anos, pois estávamos um pouco acima do peso e queríamos nos exercitar. A primeira vez que corremos, eu fiz 500 metros e estava praticamente com "a língua batendo no umbigo" (risos) e muito cansada. Mas não desisti e comecei a andar e a correr frequentemente até conseguir chegar aos cinco quilômetros. Me encantei, fiquei completamente apaixonada pelo esporte e em poucos meses eu consegui correr dez quilômetros.
Como eu tenho um cisto benigno, desde que nasci, no joelho, logo comecei a sentir dores fortes e muitas pessoas me aconselharam a parar de correr. Mas como parar, se eu tinha me encontrado na corrida? Procurei então um fisioterapeuta, comecei o tratamento, mas ele me disse que eu nunca conseguiria correr mais que cinco quilômetros. Não tive dúvida e troquei de fisioterapeuta. O próximo me passou vários exercícios, os quais sigo à risca até hoje. Em abril deste ano, corri a minha quinta meia-maratona! Foi fácil? Não! Doeu? Sim! Chorou? Sim, chorei… mas jamais desistir é o meu lema.
Conciliando esporte e o dia a dia Duas vezes por semana, acordo às 5 h 45 da manhã, vou para o trabalho correndo oito quilômetros e meio, faça chuva, sol ou neve. Levo roupas para trocar e tudo o mais de que preciso no dia anterior para o trabalho, onde temos toda uma infraestrutura para guardar nossas coisas e tomar banho. Nos dias em que corro, levo somente uma mochila com o resto das coisas de que vou precisar durante o dia. Nos outros dias, vou de bicicleta ou nado quando chego em casa. Outras vezes faço yoga e treino funcional duas vezes por semana de 20 a 30 minutos, em casa, antes de sair para o trabalho. Aos domingos, me exercito em grupo e adoro quando corremos por parques ou pela praia. No grupo de corrida, conheci gente nova e fiz amizade com pessoas que tem a mesma paixão que eu. Eu diria que, como sou bem disciplinada durante a semana, não foi difícil para mim integrar o esporte no meu dia a dia. Mas, se eu acordar 10 minutos mais tarde, por exemplo, já perdi o treino da manhã. Claro que isso acontece de vez em quando, afinal, eu sou humana. Em dias assim, vou então trabalhar mais cedo para sair mais cedo também e completar o treino. Eu simplesmente amo correr, ver as pessoas passeando, crianças brincando, entrar em contato com a natureza, sentir o sol na pele, respirar o ar puro.
Sentir a sensação de liberdade que a corrida proporciona é divino. - 14 -
No fim de semana é mais complicado. Preciso conciliar o esporte e amigos, que têm uma certa dificuldade para entender que agora eu perdi um pouco o interesse em beber e ficar acordada até tarde. Mas devo confessar que amo beber vinho no sábado à noite, o que às vezes me faz sofrer no treino de domingo. Mesmo assim só dispenso na semana que tenho competição.
Primeira maratona No momento, estou me preparando para a minha primeira maratona, um projeto pessoal que exige muito. Uma grande ajuda é o fato de, na minha família, haver vários corredores. Assim nos entendemos, nos ajudamos e nos motivamos. Tenho treinado seis dias por semana, mas corro apenas três vezes, para evitar lesões. Nos outros dias alterno ciclismo e natação. Também tenho planos de completar um meio IronMan ainda neste ano, mas quero dar um passo de cada vez e continuar correndo por muitos anos de forma saudável.
Corra comigo… Aqui na Dinamarca, o esporte me trouxe amigos e motivei muita gente onde trabalho a correr. Há também um grande incentivo do governo dinamarquês, muita gente corre e anda de bicicleta aqui. Eu também faço parte do projeto Løbmed, que significa corra comigo, onde ensinamos as pessoas a correr de forma correta. Foi daí que saiu o nome do meu blog de corrida corracomigo.com. Se eu ajudo as pessoas aqui, por que não ajudar no Brasil também? Passei a escrever sobre tudo o que aprendo por lá e isso me traz uma satisfação enorme.
Dicas Para quem quer começar, a melhor dica que eu posso dar é: verifique a sua saúde primeiro. Depois siga algumas regras básicas: 1. Comece devagar andando e correndo. Correr é uma atividade de alto impacto e seu corpo precisa se acostumar com o esforço. 2. Só correr não é suficiente. Treino funcional ou de musculação deve ser feito para fortalecer os músculos, para que aguentem o impacto da corrida. 3. Escolha um tênis apropriado e compre um ou dois números maiores do que o que você usa normalmente. 4. Tenha um objetivo para estar sempre motivado, como, por exemplo, correr os primeiros cinco quilômetros, emagrecer, virar maratonista, ter um tempo para você mesmo. 5. Curta e aproveite cada segundo correndo. Quando começar, você vai encontrar a sua motivação. Correr é maravilhoso e muda a nossa vida para melhor.
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Fot贸grafa e artista pl谩stica fala da aventura de morar no exterior e viajar pelo mundo trabalhando em um navio.
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Com os pés entre as terras do Tio Sam e os oceanos Texto: Juliana Cupini
| Fotos: Arquivo pessoal
H
á pouco mais de 10 anos fui aos Estados Unidos para fazer um intercâmbio de trabalho. Não que eu sonhasse em pisar em solo americano, sempre apreciei muito mais qualquer parte do Velho Mundo, mas na época foi o que me foi ofertado. Eu era uma workaholic de vinte e poucos anos, que tinha saído de uma relação de oito com o único namorado que tivera na vida, não falava inglês e acabara de receber o seguro do carro, perda total em um acidente. Na época, mudar para o exterior me pareceu uma grande aventura em busca de um mundo novo. Meu objetivo prático era aprender o idioma, viver qualquer coisa diferente do meu conhecido mundo de Porto Alegre, além de fazer algum dinheiro. Não esperava muito mais. Morei nas cidades de Allentown e Bethlehem, no estado da Pennsylvania. A vivência nos Estados Unidos me trouxe uma sabedoria de vida pontuada, principalmente por entender e aceitar as diferenças e buscar o meu caminho como artista. Lá tive quatro empregos e, durante um período, três atividades simultâneas. Fui dama de companhia de uma senhora de 85 anos, levava comida aos pacientes de um hospital e ainda fazia desenhos no rosto de quem fosse se divertir no Dorney Park. Eu saía de um ambiente para o outro como quem trocava de roupa. Das enfermarias para a roda gigante, trocava luvas, touca e um avental imaculadamente branco por uma bermuda estilo Indiana Jones, camiseta polo azul e um avental respingado de tintas. Também trocava as bandejas pelo material de pintura. Interagia no universo infantil, me transformando praticamente em uma palhaça para atrair bochechas e testas aos meus pincéis. Quando chegava em casa, mergulhava no mundo particular de uma senhora, descendente de alemães judeus, que havia perdido boa parte da família na guerra e era viciada em bingo. Um de seus netos estava no corredor da morte da penitenciária de Harrisburg e o outro era instrutor de boxe e convertido ao islamismo. Um dia ele foi morar conosco, me ensinou boxe e descobrimos afinidades em meio aos nossos mundos tão opostos. Pintei muitos quadros no quartinho que gentilmente foi separado para minha produção. Alguns vendi para os colegas de trabalho e outros deixei para a família. Um deles ficou na sala, em destaque. Era uma estátua da liberdade com um rosto masculinizado e barba estilo meu "bom Alá", uma pintura que eu fiz para agradar tanto à avó quanto ao neto. Um dia eu entendi que meu tempo havia terminado por lá e estava na hora de voltar.
Lancei-me ao mar Nos anos que se seguiram, lecionei inglês, pintura, fotografia, trabalhei em estúdio, revista e vendendo o que chegasse a minha mão. Contei histórias sórdidas e engraçadas, levando o universo que vivi para os ouvidos de muitos. Amadureci como artista e sempre senti o mundo muito próximo. Mudei para São Paulo e de lá para Manaus. Vivi uma bela Amazônia que me guiou para a publicação do meu primeiro livro. - 19 -
Apesar das grandes conquistas, de repente me vi num dilema. Eu precisava entregar o apartamento que alugava e não tinha para onde voltar. Foi então que a terra do Tio Sam me chamou de novo, só que de um jeito bem diferente. Em 2013 eu viveria uma experiência em um lugar não comum, e também repleta de conflitos, diferenças culturais e superação: o mar. Fui contratada pela empresa Princess Cruises, gigante de uma frota de 24 navios transatlânticos, para fotografar em um cruzeiro. O itinerário que eu cumpriria incluía alguns portos do Caribe, sempre saindo do porto do Texas, Galveston e a travessia para a Europa, com alguns portos do Mediterrâneo. Saí praticamente do lançamento do meu livro Amazônia em Pessoa, em Porto Alegre, para o aeroporto. Levei pouca coisa dessa vez. Eu sabia que voltaria com outra bagagem repleta. Lancei-me ao mar, creio que a expressão seja essa mesma, porque é uma condição do verbo para quem se coloca no oceano do jeito mais difícil de vivenciá-lo: cumprir uma jornada de trabalho de até 13 horas, sem um único dia de folga, privacidade quase zero e uma única opção de lazer, um bar exclusivo para funcionários. No navio, entendi o significado dos exageros e dos extremos. Viver num gigantesco flutuante de centenas de toneladas, com até cinco mil pessoas (entre passageiros e funcionários), ocupar uma cabine minúscula e ainda dividi-la com uma pessoa de outra cultura que nunca se viu antes é, de fato, uma experiência de grandes limites. Experimentei uma relação de trabalho amarrada com a convivência íntima com pessoas de diversas partes do mundo, suas próprias noções de valores, sotaques e humores. Trabalhei com fotógrafos da Inglaterra, Romênia, Servia, Polônia e Ucrânia. Alguns poucos brasileiros, além de um e outro irlandês, canadense, australiano, mexicano, filipino e português.
Universo paralelo As tarefas eram diversas: no dia de embarque tínhamos de montar fundos com motivos praianos caribenhos e lá capturar imagens bem enquadradas desde um até vinte integrantes da mesma família ou grupo de viagem, organizando o fluxo de pessoas e malas ao mesmo tempo. O dia de embarque era de grande atenção, desciam quatro mil pessoas e subiam outras quatro mil, isso no tempo de umas cinco horas. Na primeira noite fazíamos retratos do jantar, entre uma garfada e outra. Na sequência, ocorriam os jantares de gala, em que os passageiros vestiam-se com trajes finos. Os eventos eram repletos de atrações, como shows e discurso do capitão. Nos dias de porto, um casal de fotógrafos veste-se de piratas, a fim de posar para fotos junto com os passageiros que passam pelas saídas que levam às praias. É uma tarefa que envolve quatro horas de trabalho em exposição ao sol e metas de cliques por fotógrafo. Quando não se está fotografando, é na grande galeria que ficam os fotógrafos. Faz parte do trabalho do fotógrafo organizar as fotos impressas por dia e atender aos passageiros que passam pela galeria, assim como vender pacotes fotográficos.Também se é responsável pela calibração das máquinas e impressão de todas as imagens. Todos fazem tudo, atendendo a uma rotação de turnos e funções. Uma vez com os pés acima do oceano, a noção de tempo e do mundo lá fora se perde. Acredito que isso aconteça com todos a bordo. Com os passageiros, porque escapam da rotina para gozar as férias em um hotel cinco estrelas, que navega e é repleto de programações de entretenimento, e com os funcionários, porque
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mergulham no trabalho e nas festas de final de expediente, de forma a desligarem-se do que possa estar acontecendo no continente. Eu mesma me senti bem fora do mundo, como se estivesse vivendo em um universo paralelo. A sensação é de que um dia parece uma semana e uma semana um mês. O dia em um navio é uma vivência tão longa e tão conglomerada de possibilidades, que no final dele a fadiga e o peso se fazem desfecho para que o descanso abrace quem vive.
A melhor fotografia Fiquei tão encantada com a diversidade cultural e os motivos pelos quais as pessoas procuram um cruzeiro, que comecei a entrevistá-las. Eu marcava com casais e até famílias em lugares estratégicos, de forma que aquele meu registro fosse bastante discreto. Os americanos eram os que mais se entusiasmavam, topavam de cara e facilitavam a logística para mim, uma vez que meus intervalos eram impressos em um calendário quase sempre tarde da noite anterior. Existiam muitas regras de convívio e trabalho e eu não poderia ser pega chamando atenção para um trabalho pessoal. Felizmente quase sempre deu certo. Entrevistei casais em lua-de-mel, casais renovando votos e testemunhei situações extremas, como um pedido de casamento na praia, e o desabafo de uma senhora que tinha ficado viúva no dia anterior, carregando a dor de completar o cruzeiro com o corpo do marido a bordo, em algum lugar abaixo das acomodações. Também fiz belos vídeos de entrevistas com colegas e funcionários das alas de segurança, cozinha, limpeza e manutenção de engenharia naval. Eu descobri motivos impressionantes, histórias de tristeza, de luta, perdas e conquistas. Algumas vezes me sentia confinada e percebi que todos se sentem quase obrigados a se relacionar como família ou membros de alguma instituição que se constrói pela própria necessidade. Eu, por exemplo, dividi a cabine com uma jovem sul-africana. Tornamos-nos inseparáveis, nos acobertávamos e, por um bom tempo, achei que tivesse ganho uma amiga para o resto da vida. Morar em uma estrutura que navega pelos mares de um mundo cheio de portos, cafés com internet e lojinhas de souvenirs também pode ser um boa maneira de experimentar um pouquinho de cada país, ainda que de uma forma efêmera. Além dos Estados Unidos, passei por Honduras, Belize, México, Portugal, Espanha, Bélgica, Mônaco, França e Itália. Tomávamos café da manhã em um país e jantávamos em outro! Encontrei amigos brasileiros que moram em Londres há anos, outro amigo de Manchester, que tinha conhecido na Amazônia, além de um artista plástico de Bruges, que havia conhecido em São Paulo anos antes. Terminado o contrato, sofri com as despedidas, ganhei um cartão gigante com mensagens dos mais próximos e sei que olhei pela última vez para o rosto de muitos ou de todos. Esta é a vida de quem trabalha em navio, conviver com o transitório. Assim como viajar em intercâmbio, o navio abriga sonhos de conquistas financeiras, fugas passionais, diversão e descobertas linguísticas sensacionais.
Viajar, conhecer, comunicar e viver as diferenças são, para mim, o melhor registro de luz, a melhor fotografia!
Acompanhe o trabalho de Juliana: Flickr: Juliana Cupini Photostream Vimeo: Amazônia em Pessoa
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Viagem volta ao
Entrevistas: Debora Garcia | Fotos: Arquivo Pessoal
Você sonha com uma viagem de volta ao mundo mas acaba adiando porque falta tempo, dinheiro ou companhia? Então você precisa conhecer os personagens deste artigo. Fazer uma viagem de volta ao mundo está cada dia mais fácil e acessível. Prova disso é o número cada vez maior de brasileiros que se joga na estrada para viagens longas, conhecendo vários continentes de uma vez só. Gente de todos os cantos, que viaja sozinho ou acompanhado, com muito ou pouco dinheiro, com muito ou pouco tempo. Gente que parou de dar desculpas a si mesmo e resolveu fazer acontecer!
Falta de tempo É difícil planejar uma viagem por vários continentes quando se tem somente 30 dias de férias por ano. Uma volta ao mundo em pouco tempo é possível, mas os custos se elevam e a diversão tem dias contados. "Conhecer um lugar vai muito além de suas paisagens naturais e arquitetônicas. Temos como premissa mergulhar na cultura local e vivenciar hábitos alimentares, costumes, aspectos sociais e religiosidade de cada povo. A quebra de preconceitos, reflexão, mudança de paradigmas, visão global, entre muitos outros, são algumas das experiências que queríamos ter. Impossível em uma viagem de férias de um mês." diz Karina Palla que está atualmente viajando com o marido Pablo Jacinto. Impossível também seria conhecer em 30 dias todos os lugares por onde eles já passaram, mais de 25 países até agora, entre os quais: Índia, Sri Lanka, Nepal, Butão, Rússia, Suíça, Grécia, Turquia, Israel, Egito, Jordânia, Namíbia, África do Sul e Tailândia. Já se foram 400 dias de viagem e, nos últimos 100 faltantes ainda passarão por Laos, Filipinas, Indonésia e Estados Unidos.
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Diante de tantas possibilidades, muitos viajantes optam por pedir demissão, deixando seus empregos fixos para se dedicar à viagem durante um período mais longo. Como Fernando Camargo, advogado paulista, que precisava de um descanso: "O que realmente me levou a decidir por uma viagem de volta ao mundo foi uma necessidade extrema de dar um tempo na minha carreira, depois de sete anos e meio de escritório e após um ano movimentado e de muito trabalho." Fernando conta que pediu demissão em março de 2008 e viajou durante nove meses com passagem por vários países, entre eles o México, Japão, China, Índia, Maldivas, África do Sul, Namíbia, Etiópia e Ilhas Maurício. Mas a falta de tempo nem sempre é um empecilho, afinal uma viagem de volta ao mundo não precisa necessariamente durar um ano. Pedir demissão também não é um item obrigatório para quem quer se aventurar pelo mundo. Veja a história da professora universitária Carla Portillo. Ela emendou suas férias, uma licença prêmio, e o Carnaval e fez uma viagem incrível entre dezembro de 2010 e março de 2011. Carla conheceu Portugal, Itália, Cingapura, Malásia, Camboja, Indonésia, Tailândia, Vietnã, Japão e Estados Unidos.
Falta de dinheiro Às vezes temos todo o tempo do mundo disponível para dar uma volta ao mundo, mas falta a grana. Ou pelo menos achamos que falta. Em 2010, durante uma viagem para a Tailândia Fernanda Souza conheceu uma americana que estava fazendo uma viagem de volta ao mundo durante um ano com 15 mil dólares. Ela não pensou duas vezes e voltou para o Brasil decidida a fazer o mesmo. Vendeu o carro e viajou durante 12 meses com cerca de 30 mil reais por 20 países, como Estados Unidos, Nova Zelândia, Japão, China, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Líbano, Inglaterra e Portugal. Quando falamos de viagem de longo prazo, uma das dificuldades é estabelecer um orçamento, calcular quanto vamos gastar. Algumas pessoas preferem calcular seus gastos por dia, outras por mês, outras pelo período total. E os valores variam bastante. Bruno Cavalcanti está dando uma volta ao mundo desde dezembro de 2012 e seu orçamento mensal está entre três e quatro mil reais. Até agora ele já passou por Peru, México, Guatemala, Marrocos, Egito, França, Itália, Grécia, Turquia, Israel, Jordânia, Índia, Nepal, Tailândia, Laos, Vietnã, Camboja, Indonésia e neste momento está na China. Já Guilherme Canever e sua esposa Bianca viajaram durante quase três anos, entre 2009 e 2011, com o orçamento mensal de 700 a 900 dólares por pessoa. Eles conheceram cerca de 50 países, entre eles a África do Sul, Malásia, Jordânia, Israel, Itália, Vaticano, Paquistão e China. A Karina e o Pablo fazem de tudo para se manter dentro do budget de 100 dólares por dia, para o casal. A Carla Portillho gastou 15 mil em 77 dias de viagem. Fernando Camargo gastou 50 mil em nove meses. A chave para uma viagem longa com pouco dinheiro é planejamento. A escolha dos países é muito importante e não é à toa que o Sudoeste asiático é a região preferida de quem quer viajar muito com pouco. Os países nórdicos, por outro lado, costumam ser evitado por serem bastante custosos. Alternativas de transporte, hospedagem e alimentação também fazem a diferença no orçamento. Não vale ter medo de andar de ônibus, de ficar em quarto compartilhado em albergues e de comer em barraquinhas de rua!
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Falta de companhia Normalmente a falta de companhia é na verdade falta de ter um amigo ou namorado disposto a fazer os mesmos sacrifícios que você (quando falamos de sair do emprego) ou cujo período de férias seja o mesmo que o seu. A Carla Portillo convenceu o melhor amigo Paulinho a ir junto. Os amigos Natália Becattini, Rafael Sette Câmara e Luiza Antunes também tiveram o privilégio de fazer uma volta ao mundo juntos. Depois de um intercâmbio profissional na Índia, os três aproveitaram para continuar viajando. Durante sete meses conheceram Espanha, Itália, França, Inglaterra, Índia, Malásia, Nepal, Hong Kong, Tailândia, Cingapura, Indonésia, Nova Zelândia, Chile e Peru. A Karla Larissa não teve esse problema. Arrastou o marido, Fred Santos, e juntos viajaram por mais de 200 dias em 2013 por diversos países, entre eles a Inglaterra, Cingapura, Austrália, Estados Unidos, Grécia, Espanha, Marrocos, Itália, Alemanha e Portugal. Mas nem sempre tudo são flores. O Robison Portioli passou por uma situação chata quando viajava com sua então namorada. "Sabia que uma viagem longa assim teria duas possibilidades claras: ou seria um divisor de águas, ou o catalisador de uma relação. No nosso caso, foi a primeira opção." Os dois acabaram terminando o relacionamento no meio da viagem, em 2013. Está sem companhia para viajar? Vá sozinho! Fellipe Faria aproveitou uma mudança de emprego para viajar solo durante 150 dias. Mas engana-se quem pensa que ele passou todo esse tempo sozinho. Ele aproveitou os albergues onde se hospedou para conhecer gente nova, inclusive em Paris, onde pagou 20 euros em um dormitório para 12 pessoas. Lívia Aguiar não deixou a falta de companhia desanimá-la e viajou durante nove meses sozinha em 2012. Hospedou-se em casas de desconhecidos que conheceu pelo site CouchSurfing, pegou caronas na Europa, trabalhou em uma fazenda orgânica na Noruega e se divertiu pra caramba. Uma viagem de volta ao mundo pode mudar a sua vida, basta você estar disposto a se jogar no mundo, sem rédeas, sem preconceitos e com o coração aberto para viver novas e inesquecíveis experiências. Fernanda Souza diz que 2011 foi o melhor ano da vida dela. A Lívia Aguiar voltou ao Brasil querendo fazer outra volta ao mundo. Quando eu perguntei o que os viajantes fariam de diferente, todos responderam sem pestanejar: passariam mais tempo viajando!
Sobre a autora Debora Garcia Editora do blog Revista de Viagem, professora de inglês, tradutora e entusiasta de web design e social media. Atualmente de mudança para trabalhar na Arábia Saudita. Comprometida a explorar o mundo indefinidamente, compartilha em seu blog dicas e roteiros de viagem para encorajar outros a viajar mais e melhor. Conhece mais de 70 cidades espalhadas por Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Canadá, México, Escócia e Inglaterra. www.facebook.com/revistadeviagem
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Volta ao em 11 orçamentos Fernanda Souza
Guilherme e Bianca Canever
www.precisoviajar.com
Duração da viagem: 11 meses e meio Data da viagem: 2011- 2012 Países visitados: Colômbia, Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália, Fiji, Tailândia, Camboja, Laos, Vietnã, Malásia, Cingapura, Japão, China, Indonésia, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Líbano, Inglaterra, Escócia e Portugal.
saiporai.com
Duração da viagem: cerca de três anos Data da viagem: 2009 - 2011 Países visitados: África do Sul, Namíbia, Botsuana, Zâmbia, Malauí, Moçambique, Tanzânia, Quênia, Uganda, Ruanda, Burundi, Madagascar, Etiópia, Somalilândia, Djibuti, Iêmen, Socotra, Omã, Malásia e Borneo, Cingapura, Indonésia, Vietnã, Tailândia, Myanmar, Laos, Índia, Jordânia, Israel, Palestina, Síria, Líbano, Turquia, Bulgária, Macedônia, Albânia, Montenegro, Bósnia, Croácia, Itália, Vaticano, Iraque, Irã, Turcomenistão, Uzbequistão Republica Karakolpak, Cazaquistão, Quirguistão, Paquistão, China (Xinjiang).
Orçamento: R$ 32.000
Orçamento: entre US$ 700 e 900 por mês e por pessoa
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Bruno Cavalcanti
travelincircles.wordpress.com
Duração da viagem: atualmente viajando Data da viagem: desde 2012 Países visitados: Peru, México, Guatemala, Marrocos, Egito, França, Itália, Grécia, Turquia, Israel, Jordânia, Índia, Nepal, Tailândia, Laos, Vietnã, Camboja, Indonésia. Atualmente está na China. Orçamento: entre R$ 3.000 e 4.000 por mês
Fernando Camargo
Carla Portillo
www.profissionalviajante.com.br
Duração da viagem: nove meses Data da viagem: 2008 Países visitados: México, Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, El Salvador, Califórnia, Japão, China, Hong Kong, Vietnã, Camboja, Tailândia, Malásia, Cingapura, Indonésia, Índia, Maldivas, África do Sul, Namíbia, Botsuana, Malaui, Zâmbia, Zimbábue, Tanzânia, incluindo Zanzibar, Quênia, Etiópia e Ilhas Maurício.
www.idasevindas.com.br
Duração da viagem: 77 dias Data da viagem: 2010 - 2011 Países visitados: Portugal, Itália, Cingapura, Malásia, Camboja, Indonésia, Tailândia, Vietnã, Japão e Estados Unidos. Orçamento: US$ 15.000
Orçamento: US$ 50.000
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Volta ao
em 11 orçamentos
Natália, Rafael e Luiza
Robison Portioli 360meridianos.com
Duração da viagem: 7 meses Data da viagem: 2011 - 2012 Países visitados: Espanha, Itália, França, Inglaterra, Índia, Malásia, Nepal, Hong Kong, Tailândia, Cingapura, Indonésia, Nova Zelândia, Chile e Peru.
www.facebook.com/v.nomade
Duração da viagem: cinco meses Data da viagem: 2013 Países visitados: Turquia, Jordânia, Índia, Nepal, Tailândia, Laos, Vietnã, Camboja, Hong Kong, Nova Zelândia e Chile.
Orçamento: R$ 30.000 por pessoa
Orçamento: R$ 11.200
Ilustrações: Daniella Schweizer - 28 -
Karla Larissa e Fred Santos Karina Palla e Pablo Jacinto
compartilheviagens.com.br www.facebook.com/ 500DiasPeloMundo
Duração da viagem: 219 dias Data da viagem: 2013 Países visitados: Inglaterra, Cingapura, Filipinas, Malásia, Tailândia, Myanmar, Camboja, Indonésia, China, Austrália, Estados Unidos, Irlanda, Holanda, Bélgica, Grécia, Espanha, Marrocos, Itália, Alemanha e Portugal.
Duração da viagem: atualmente viajando Data da viagem: desde 2012 Países visitados: Índia, Sri Lanka, Nepal, Butão, Tibet, China, Mongólia, Rússia, Suíça, Grécia, Turquia, Israel, Egito, Jordânia, Kênia, Uganda, Tanzânia, Malaui, Zambia, Zimbabue, Botswana, Namíbia, África do Sul, Tailândia, Camboja, Myanmar. Ainda passarão por Laos, Filipinas, Indonésia e Estados Unidos.
Orçamento: R$ 60.000 para o casal
Orçamento: US$ 100 por dia para o casal
Livia Aguiar
Fellipe Faria
eusouatoa.com
Duração da viagem: nove meses Data da viagem: 2012 Países visitados: Argentina, Chile, Nova Zelândia, Hong Kong, Macau, Tailândia, Laos, Camboja, Mianmar, Índia, Jordânia, Turquia, Espanha, Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suécia, Holanda, França, Itália, Tunísia, Inglaterra.
omochilao.com
Duração da viagem: 150 dias Data da viagem: 2011 - 2012 Países visitados: Camboja, Espanha, Estados Unidos, França, Hong Kong, Inglaterra, Israel, Itália, Jordânia, Macau, País de Gales, Cingapura, Tailândia, Turquia e Vaticano.
Orçamento: R$ 30.000
Orçamento: R$ 24.000 - 29 -
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Capad贸cia, Turquia - 32 -
Volta ao mundo com Guilherme Tetamanti
Fotos: Arquivo pessoal
Guilherme Tetamanti é um paulista de 31 anos com muitas histórias para contar. Em 2011, vendeu seus negócios para realizar o sonho de fazer uma viagem de volta ao mundo. Aqui ele nos conta sobre essa experiência única. Guilherme escreve também no seu blog Viajando com eles, visando incentivar viajantes a encarar suas aventuras como um meio de adquirir cultura e melhorar sua qualidade de vida, sempre buscando alternativas para as melhores viagens com os menores custos. - 33 -
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Desde que comecei a planejar a minha viagem de volta ao mundo, percebi que a maior curiosidade das pessoas é saber como surgiu essa ideia e quais foram minhas motivações. Eu sempre gostei de viajar, de ver o mundo com meus próprios olhos, conhecer gente nova, participar de aventuras, ir ao encontro do desconhecido. A minha fascinação por viagens começou talvez na quarta série, nas aulas de Geografia. Meu professor trazia sempre, na volta das férias, fotos de suas viagens. Nunca vou esquecer como fiquei encantado na primeira vez em que vi imagens do Machu Picchu.
Antes sequer de imaginar fazer um ano sabático, viajei bastante pelo Brasil, morei na Espanha, fiz um mochilão de um mês pela Europa e uma viagem para Bali, na Indonésia. Conheci muita gente ficando hospedado em albergues e também no dia a dia. Não sei se foram acasos do destino, mas fiz vários amigos bastante viajados, que já haviam entrado de cabeça nessa loucura de viagem volta ao mundo. Ficava fascinado com seus relatos, queria saber mais e mais sobre algo tão incomum para nós brasileiros. Largar o emprego, família, amigos. Como será o futuro? No final das contas, eles eram para mim sempre as pessoas mais interessantes, com uma bagagem incrível e um montão de histórias para contar. Nunca me contentei em ter uma vida comum. Todos os dias pegar trânsito, ir ao trabalho, voltar para casa e com sorte frequentar uma academia e ver os amigos. Contava os segundos para a sexta-feira chegar e aproveitar os finais de semana. Sonhava em ter uma vida incrível e excitante, com dias diferentes uns dos outros. Queria ver gente diferente, encontrar novos desafios e tentar fazer algo que me deixasse plenamente feliz.
Planejamento Não basta vontade para realizar uma viagem de volta ao mundo, ainda mais uma tão longa quanto a que me propus fazer. Claro que é preciso ter coragem, mas também tempo e dinheiro. Sempre quis ter minha própria empresa e, um ano antes do início da viagem, decidi ser meu próprio patrão. Trabalhava muito e os negócios estavam indo muito bem, mas não estava satisfeito, não era essa a empresa que tanto queria. Após oito meses do início do negócio e tantas noites mal dormidas pensando em como resolver minha insatisfação, resolvi vender minha parte e, assim, conseguir o dinheiro para realizar meu sonho de viajar o mundo. A partir daí, foram seis meses até o início da viagem. Pesquisei muito em blogs de turismo, que sem dúvida são a melhor ferramenta para se buscar informações. Além de pesquisar, acabei descobrindo uma maneira de divulgar minhas escolhas e dicas de viagem. Como já conhecia um pouco sobre a internet, acabei criando o blog Viajando com eles para tentar transformar essa experiência pessoal em algo que pudesse mudar também minha carreira profissional.
Sozinho mundo afora Nos primeiros seis meses, foi muito bom viajar sozinho e estava sempre disposto a conhecer pessoas novas. Fiz dezenas de amigos pelo mundo inteiro e me diverti demais. Foram 365 dias de viagem incríveis, muito melhores do que poderia imaginar ou sonhar. Com o tempo, acabei também me acostumando com aquela tristeza da despedida, intensificada pela quase certeza de nunca mais ver alguém com quem me diverti tanto. Porém, não ter uma companhia de verdade para compartilhar as alegrias e os perrengues foi certamente minha maior dificuldade na segunda parte da viagem. Viajar sozinho tem suas vantagens, mas, sinceramente, não pretendo partir sem a minha esposa, caso tenha a chance de fazer uma segunda viagem de volta ao mundo. Uma das coisas que eu adoro é conhecer lugares antigos e imaginar que tanta gente passou por ali milhares e milhares de anos atrás. Andando pelas pirâmides e pelos templos do Egito, construções da civilização grega e diversas cidades antigas da Turquia, tive a plena sensação de participar de alguma maneira da história da humanidade. Ver tudo aquilo e conhecer como as pessoas viviam me fizeram entender que o mais importante na vida não são as coisas que conquistamos. - 34 -
"Andando pelas pirâmides e pelos templos do Egito, tive a sensação de participar de alguma maneira da história da humanidade."
Durante a viagem também me impressionou como sempre existem pessoas dispostas a ajudar forasteiros. Gosto de aprender algumas frases básicas do idioma local e conhecer a cultura, o que facilita a comunicação. É importante, para mim, comer em restaurantes locais, usar o transporte público e estar sempre aberto às oportunidades, livre de preconceitos. Faço questão de visitar não somente o que o turista procura, mas também os lugares aonde os moradores gostam de ir. - 35 -
Dicas para outros viajantes Nesses 12 meses de estrada, percebi que não precisamos de muito para viajar. Poderia ter usado a mesma mochila que usaria para uma viagem de dois meses, com roupas leves e fáceis de lavar. A melhor dica é fazer um roteiro em busca do sol, seguindo os meses de verão. Assim, com a mochila mais leve e compacta, é possível levá-la como bagagem de mão no avião, tática muito boa para não pagar peso extra nos voos com empresas de baixo custo, muito populares na Europa. Aliás, o peso da bagagem é minha principal dica para o conforto da viagem. O ideal é viajar com menos de 15 quilos, divididos entre uma mochila média e outra para o dia a dia. Para isso, cada item deve ser comprado após muita pesquisa, desde a própria mochila, até o modelo da câmera fotográfica e computador.
Lugares imperdíveis Muita gente entra em contato comigo por meio do blog, com dúvidas sobre quais lugares não podem ficar de fora. Isso é difícil de responder porque depende muito do gosto de cada um. Particularmente, prefiro praia e calor, por isso incluí no meu roteiro as ilhas Fiji, Havaí, Austrália e Tailândia. Queria conhecer a história das civilizações antigas, então visitei o Egito, a Grécia e a Turquia. Gosto da sensação que a adrenalina proporciona, então resolvi praticar esportes radicais na Nova Zelândia e aventurar-me nos safáris da África do Sul e Tanzânia. O importante é pesquisar bastante para saber como são as atrações de cada país. Ouvi muito a frase: "nossa, não sabia que era assim". A pior sensação para um viajante é gastar tanto tempo e dinheiro, chegar a um lugar e arrepender-se de estar ali.
Realização A viagem representou a realização do sonho de viajar e viver sem saber como seria o dia de amanhã, estar preparado somente para o imprevisto. Adorei conhecer novos lugares, fazer amigos e vivenciar novas culturas. Mas o que mais me fascinou foi poder viver um dia diferente do outro, ter histórias para contar e a chance de aprender muito sobre a vida, evoluir como ser humano. Mais do que tudo, hoje posso dizer que me orgulho muito do que conquistei. Tive a sorte de transformar tudo isso em retorno financeiro, o que depende também de paciência e de dedicação. Mas sinceramente o que passa pela minha cabeça hoje é que fiz exatamente o que tive vontade de fazer, e isso me basta.
Como foi voltar e recomeçar Nada fácil, ainda mais porque gastei quase tudo o que tinha. Ter que pensar em trabalho novamente, criar uma rotina, se acostumar a não viver novas experiências todos os dias e voltar a gostar de fazer as coisas que fazia antes foi uma luta diária. Mesmo com as dificuldades, retomei a rotina, que nem sempre é um conceito pejorativo. Descobri que é essencial para mim fazer exercícios regularmente, conviver com as pessoas que gosto e trabalhar, me sentir produtivo. Além disso, aprendi algo que nunca mais deixarei de seguir: “o melhor lugar do mundo é aquele em que estamos neste exato momento”. O meu jeito de combater a depressão pós-viagem foi continuar a sonhar e começar a guardar grana no "porquinho" para a próxima viagem. Imaginei que a necessidade de viajar cessaria por um tempo, o que não aconteceu. Mas agora quero viajar diferente, ainda mais devagar. Nesse meio tempo, acabei também descobrindo maneiras de atenuar os efeitos colaterais que ficar em casa causaram em mim e comecei a explorar minha própria cidade, São Paulo, como faria um turista. Assim abri um segundo blog o Alma Paulista, com outros cinco blogueiros de viagem. Somos três homens e três mulheres, entre os quais paulistanos, uma gaúcha, um mineiro e um brasiliense, mas todos paulistas de coração. O nosso objetivo é publicar sobre o que vivemos e experimentamos em São Paulo como viajantes, descobrindo algo novo a cada dia. - 36 -
"O melhor lugar do mundo ĂŠ aquele em que estamos neste exato momento."
Coron, Filipinas - 37 -
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Maria Eugênia Ferreira Pinto dos Santos ou simplesmente Magê mora há 12 anos no exterior. No Brasil, ela formou-se em Rádio e TV pela Universidade Metodista de São Paulo e trabalhava como produtora freelancer em festivais de cinema. Hoje ela mora na Itália com a família, é guia turística e escreve no blog Milão nas mãos. - 40 -
Profissão expatriados
Milão
nas mãos de Magê Texto: Magê | Fotos: Arquivo pessoal
Assim que cheguei à Itália, em 2002, comecei a trabalhar em uma multinacional que precisava de uma pessoa que falasse português. Na época não foi difícil encontrar um emprego, mas era algo completamente diferente da minha área de trabalho. Como muitos expatriados, tive que me contentar com a situação. Inspirada pelo meu pai, há mais ou menos dois anos, comecei a cultivar a ideia de trabalhar com brasileiros em Milão, oferecendo serviço de acompanhamento turístico na cidade. Os brasileiros estão cada vez viajando mais e a oferta de serviço aqui em português é restrita. Decidi trabalhar como acompanhante turística e comecei a me preparar para o exame necessário para se exercer a profissão na Itália. Aqui, guia/acompanhante turístico é uma profissão regularizada com uma habilitação. Para fazer o exame de habilitação, é necessário estudar sobre a história, a geografia, os costumes e sobre a história das artes das cidades. Eu prestei a prova escrita do exame em fevereiro, passei para a prova oral e no último dia 16 de abril saí de lá com a minha habilitação. Não sei descrever a minha sensação: uma mistura de alegria e realização. Foi o reconhecimento da minha capacidade, a conclusão de um percurso começado há muito tempo. Há mais de um ano que eu estava me preparando para os exames e esperei todo esse tempo para que saísse o edital das provas. Infelizmente aqui na Itália as coisas caminham às vezes lentamente e nem sempre com eficiência. Uma coisa é certa: mesmo antes de começar a atuar, tenho certeza de que ter a possibilidade de trabalhar com brasileiros, ter esse contato com as pessoas do meu país, falar o português, será gratificante. Eu acho que mais que uma assistência turística, é quase uma mediação cultural, porque as pessoas têm interesse em saber como se vive na Itália, e só nós brasileiros podemos fazer a comparação com o nosso país. Que conselho daria para quem está mudando agora para o exterior e gostaria de trocar de profissão? Quando cheguei aqui, há 12 anos, obviamente queria continuar trabalhando na minha profissão original. Mas eu não conhecia ninguém, e o trabalho de produção depende muito de você conhecer pessoas, a cidade, os serviços e como as coisas funcionam. Durante algum tempo, foi frustrante fazer outros trabalhos, mas foi só perto dos 40 anos que eu percebi que a melhor coisa seria me reinventar. Não é fácil descobrir como percorrer um novo caminho. Voltar a estudar aos 40 anos, com as responsabilidades de casa, filhos e marido, não é como aos 20, quando você faz praticamente só isso. Resumindo: a estrada para se reinventar em uma nova profissão não é fácil e muito menos rápida. A minha dica é ficar atento às oportunidades que o novo país oferece. Eu levei 10 anos para encontrar esse caminho. Não é fácil nem rápido, mas é possível! - 41 -
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Pedalando com Ana Dantas e Amélie A brasileira Ana Paula Dantas mora definitivamente na Alemanha desde 2012, onde apaixonou-se não somente por um alemão, mas como também pelo ciclismo. Sua acompanhante nas pedaladas é uma charmosa bicicleta chamada Amélie. E quando não está pedalando ou fotografando, ela escreve no blog thisgermanlife.com sobre sua vida no país.
"Depois de meses pesquisando sobre os vários modelos de bicicleta e o que combinaria mais com o meu estilo, caí de joelhos pela bicicleta urbana da marca Pegasus, modelo 1949. Atraída por sua cor e pelo seu aspecto vintage eu soube imediatamente que ela seria minha nova parceira! A Amélie, como eu a chamo, é confortável, super estável e o seu look retrô atrai muitos elogios. Apesar de ser uma bicicleta urbana, já me arrisquei com ela na floresta, pedalando por vários quilômetros e não fiquei decepcionada. Aqui na Alemanha, andar de bicileta é super normal. Pessoas pedalam para o trabalho, mães carregam os filhos para a creche, estudantes pedalam para a universidade. A bicicleta faz parte do meu cotidiano. Quando a uso, me sinto livre de coisas ruins que acontecem ao meu redor, do estresse do trabalho, dos problemas pendentes. Sou só eu e a bike. É um sentimento que eu não consigo ter em nenhum outro lugar. Posso dizer que minha bicicleta é grande parte da minha vida. É o meu transporte para o trabalho, é ela que me faz chegar mais rápido e flexívelmente do que qualquer outro meio de transporte. Vou relaxada, sentindo meu corpo ser trabalhado, sem prejudicar o meio ambiente e ainda contribuo para minha saúde. Eu não sou uma ciclista profissional, pelado mais por diversão, pelo prazer de estar em movimento e por todas as vantagens que a bicicleta me traz."
Pedalando Mundo Afora
Fotos: Arquivo pessoal
Texto: Lila Rosana | Foto: Claudia Bömmels
Vários são os motivos que levam muitos brasileiros a morar fora do país, assim como os que os trazem de volta à terra natal. As duas decisões são consideradas difíceis por quem já passou pela experiência e fazem parte do pacote que os cientistas chamam "choque cultural". Mas o que acontece aos brasileiros que decidem visitar o Brasil ou mesmo voltar a morar no país? É importante ressaltar que existe uma diferença entre visitar um país e morar nele. Quando visitamos um determinado lugar, tendemos a não nos importar tanto com as coisas de que não gostamos e com as diferentes maneiras de ser e viver das pessoas do local. Temos a clareza de que ali não é a nossa morada e logo mais vamos embora, pois estamos apenas de passagem e tendemos a relaxar e a ser menos exigentes. Porém, sempre fazemos um juízo de valor sobre o lugar: podemos gostar e, quem sabe retornar, ou detestar e decidir que foi a primeira e a última vez que pisamos naquele solo. Quando você decide mudar de país, decide mudar praticamente tudo na sua vida. É como nascer de novo dentro de uma mesma existência, só que em um lugar diferente. Nos primeiros dias morando fora de casa, a empolgação toma conta de vários momentos. Queremos conhecer todos os pontos turísticos e tiramos foto de tudo, considerando importante registrar cada nova experiência. Com o tempo, a tomada de consciência de que mudamos de vida vai se tornando mais forte e começamos a sentir saudade de tudo o que deixamos. A vontade de voltar aumenta a cada telefonema dado à família. Pensamos sobre os motivos que nos levaram a decidir sair de uma zona de conforto e passar por toda uma readaptação em um novo lugar. O choque cultural que atinge os brasileiros em terras estrangeiras percorre o caminho oposto e invade os brasileiros que retornam ao Brasil. Mas que choque cultural é esse, já que estamos voltando "para casa"? Aí é que está o "Q" da questão, pois quem morou fora do país, passa a ter dois ou mais países dentro do coração. Muitos que já passaram pela experiência afirmam que voltar a morar no Brasil é mais difícil para se adaptar do que o contrário.
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Conversando com Lila Rosana
Voltando para casa, os primeiros momentos são de alegria e euforia, pois rever tudo e todos, experimentar comidas e estar em lugares de que tanto sentíamos saudades é algo único. Em um segundo momento, começamos a tomar consciência de que nem tudo está como antes, e isso começa a incomodar. As grandes expectativas passam a ser frustradas. Na fase seguinte, começamos a nos incomodar com as regras sociais e tudo o que nos fez ir embora do país e que já tínhamos esquecido. Em um quarto estágio, temos sentimentos negativos por quase tudo, pois precisamos nos readaptar ao mercado de trabalho, ao estilo de vida e à cultura. A irritação passa a ser um sentimento permanente. Em um quinto momento, quando o reconhecimento do lugar, a readaptação à língua, costumes e cultura passam a ser mais estáveis, sentimos que é possível, sim, voltar a morar ali e nos reintegrar socialmente, mesmo que ainda sentindo falta do que deixamos para trás. O texto é baseado em relatos de pessoas que já passaram pela experiência. A seguir, selecionei e destaquei um pequeno retalho desses depoimentos: Moro há 12 anos fora do Brasil e, quando fui visitar o país, pude perceber que já não me enquadro em muitas coisas de lá. – Rogéria* morou por quatro anos nos Estados Unidos e atualmente mora no Canada. Fui visitar o Brasil três vezes. Gosto de ir passear por lá e de aproveitar todas as delícias do país, mas hoje em dia as coisas que antes eu era acostumada a enfrentar passaram a me incomodar, como o trânsito e o ritmo louco das cidades. – Marilia* mora há quatro anos no Canadá. Eu me senti uma estrangeira no meu próprio país. Tudo era estranho, eu continuava pensando em inglês, e pedia muitas desculpas quando esbarrava em alguém. Não consigo mais pensar que tudo tem um jeitinho brasileiro. – Fabricia* morou dois anos no Canadá e hoje mora no Brasil. “Eu me sinto estrangeira cada vez que vou ao Brasil. Essa sensação de estranhamento acontece quando me deparo com situações socioculturais a que não estou mais habituada, por exemplo, ouvindo pessoas falando tão alto.” – Lúcia* mora há oito anos no Canadá. “Nas minhas visitas ao Brasil, não me sinto simplesmente como uma estrangeira, mas como uma estrangeira malquista.” – Catarine* mora no Canadá há seis anos. “Ao voltar a morar no Brasil, foi difícil lidar com as burocracias brasileiras, mas, fora isso, a readaptação foi fácil, pois morar no exterior me deixou com uma bagagem cultural e de vida que estão me fazendo mais feliz por aqui.” – Valquiria* morou 10 anos no Canadá e atualmente mora no Brasil.
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“Não me imagino mais vivendo no Brasil. Muitas coisas de lá me incomodam, como o excessivo materialismo e a vaidade sem fim. Essas são coisas que nunca fizeram parte do meu mundo e que agora fazem menos ainda.” – Ivana* que mora há mais de 15 anos fora do Brasil. Residiu em Israel, Suécia, Alemanha, Dublin e Holanda. "Bem, nos primeiros anos em que voltei ao Brasil não me senti estrangeira, mas já via o Brasil com um olhar diferente de antes. Com o passar dos anos, veio um sentimento de não fazer parte somente de uma cultura, mas de duas." – Solange* mora há 10 anos nos Estados Unidos. "Brasileira nascida e criada na nação varonil nunca senti e jamais me sentiria uma estrangeira em um país que é o começo de toda a minha existência. Estrangeira eu me sinto, sim, mas fora do Brasil." – Elaine* mora há mais de 20 anos fora do Brasil. Residiu na Alemanha e está hoje no Canadá. "Eu não me sinto estrangeira quando vou ao Brasil, acho que é porque vou lá todo ano. Eu já chego sabendo o que esperar; é claro que algumas coisas ainda me incomodam, mas logo me acostumo, pois fico tão feliz por estar lá." – Lucia* mora no Canadá há 15 anos. "Visitando o Brasil, eu me sentia estrangeira quando andava pelas ruas. Percebia que não estava mais acostumada com os lugares a que eu ia sempre. Fiz coisas que não fazia quando morava por lá, como tomar suco em pé numa casa de sucos perto da Paulista." – Ana* mora no Canadá há quase quatro anos. Como você vai se sentir ao retornar ao Brasil está muito relacionado ao tempo em que morou fora e ao quanto absorveu da cultura do lugar em que viveu ou está vivendo. Ter o entendimento de que as pessoas e o lugar que você deixou não serão mais as mesmas quando você retornar lhe dará uma tomada de consciência diferente, mais realista, e isso poderá ajudar na sua readaptação.
*Nomes fictícios para preservar a identidade das entrevistadas
Lila Rosana nasceu em Belém do Pará, onde formou-se em psicologia clínica e organizacional. Morou por 11 anos em Fortaleza, no Ceará. Tem especializações em educação infantil, ludoterapia e estresse pós-traumático. Atualmente vive em Vancouver, no Canadá. Ela escreve no blog pessoal Conversando com os pais ,que surgiu do trabalho de orientação de pais que fazia no Brasil, e para o jornal online Tribuna do Ceará.
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Foto: AFP - 50 -
O expatriado e a Copa do Mundo Durante a Copa do Mundo, milhares de brasileiros planejam suas vidas de acordo com as datas dos jogos do Brasil, para não perderem nenhum lance, nenhum gol. Nos países mais silenciosos, como a Alemanha ou a Suíça, o mundial oferece também uma oportunidade única para o expatriado extravasar, falar alto, gritar à beça, vestir-se dos pés à cabeça de verde e amarelo e sair buzinando pelas ruas tranquilas sem que achem que ele é um louco. Faz muito bem para a alma! É durante os jogos da Copa que os amantes de futebol que vivem no exterior sentemse mais conectados com pátria. "Le, leleô, leleô, leleô, leleô, BRASIL!" - 51 -
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Fotografia
thiago conceição
Por Maricélia
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Wiesböck
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Fotografia
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Acompanhe Thiago nas redes sociais: www.facebook.com/thiago.conceicao.1485 Instagram: Thiago0 - 56 -
Foto: Suzanne Niederhof
Nome: Thiago Conceição Santos Idade: 28 anos Profissão: modelo Morando quanto tempo fora do Brasil: desde 2013 na Alemanha Hobbys: O que você mais aprecia na cultura alemã: organização O que menos gosta: comida Do que sente mais saudades: praia
Fotografia
Maricélia Wiesböck nasceu na Bahia, cresceu em São Paulo. Há 17 anos fora do Brasil, ela mora com a família na Alemanha, onde é uma fotógrafa de sucesso.
www.maricelia.com www.facebook.com/MariceliaWiesbockKinderfotografie
www.the-look.org/blog/ - 57 -
Yasmin Por Marisa Cristina Pedro Pfeiffer
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Fotografia
Marisa Cristina Pedro Pfeiffer é natural de São Paulo, tem 44 anos e mora com a família na Suíça desde 2008. No Brasil ela trabalhava como gerente de vendas e no novo país é mãe "24 horas" de Yasmin e webdesigner nas horas vagas. Sua filha tem quatro anos e é um dos seus motivos preferidos para fotografar.
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"Sou amadora no melhor sentido da palavra. Eu amo fotografar desde sempre. É uma forma de eternizar minhas lembranças, é como uma poesia feita pelos olhos, que me faz chorar de emoção."
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Algumas dicas para amadores como eu que gostam de fotografar crianças ● Se você quer fotografar crianças, você tem que gostar bastante delas, ter muita paciência e disposição. As crianças precisam de um certo tempo para se acostumar com você. ● Fotografe na altura dos olhos da criança, fique sentado, agachado ou deitado. ● Brinque com a criança, peça que pule, corra com um amiguinho, conte histórias engraçadas. Um ambiente descontraido é essencial para o sucesso do ensaio fotográfico. ● Um bom condicionamento físico ajuda. Também usar roupas e sapatos confortáveis. É provável que você vá ter que pular e correr também. ● Se possível faça fotos com luz natural. Algumas crianças se irritam com a luz forte do flash. ● Mantenha sua câmera sempre preparada em funções semi-automáticas. ● Clique momentos espontâneos e divertidos.
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Fotografia
Ivan S. Ribeiro, 35 anos, é produtor e fotógrafo profissional. "Já são quase 20 anos de contato com a fotografia. Comecei por acaso, fotografando com uma Sony Mavica, que usava disquete para armazenar as imagens. Depois de muito estudo, trabalhando como assistente de vários fotógrafos, lutas e teimosia, comecei a me dedicar a fotografia de carros. Hoje, sou produtor e fotógrafo de veículos de um jornal em São Paulo. Trabalho também como fotógrafo freelancer para algumas agências e jornais. Eu fiz a fotografia ao lado durante as manifestações na Avenida Paulista, em São Paulo. Cliquei da janela de um apartamento no sétimo andar. Após grandes confrontos com a Polícia Militar, o governo proibiu o uso da força e explosivos. Famílias inteiras participavam caminhando juntas, levando uma bandeira do Brasil e cantando o Hino Nacional brasileiro." Acompanhe o trabalho de Ivan no Flickr: Ivan Ribeiro Photostream - 62 -
Fotografia
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Foto: Regina Suriani - 64 -
Projeto cultural
Projeto desenvolvido de forma colaborativa por artistas do Norte e do Sudeste do Brasil, dando um novo visual, com formas e cores, aos 30 antigos barcos do rio Tocantins, que foram pintados de acordo com a identidade de seus proprietários. Os barcos eram, até então, utilizados como espaço de publicidade para os comerciantes locais. "No início alguns deles não queriam as pinturas, justamente porque perderiam o espaço de venda. Mas, conforme foram vendo o resultado, todos perceberam o quanto era importante estabelecer sua própria identidade", explicou Deíze Botelho, gestora e pesquisadora cultural, completando: "Acho que a Estética Tocantina é a forma como a gente, que mora aqui, pensa a arte". O Projeto foi realizado pela empresa Tallentus Amazônia, sob a coordenação do artista Mauricio Adinolfi (São Paulo) e dos artistas locais Marcone Moreira e Antônio Botelho (Marabá), contando com o patrocínio do Programa Rede Nacional Funarte de Artes Visuais (9.ª edição), 2013. Mais informações: deizebotelho@tallentusamazonia.com.br - 65 -
AndrĂŠ Averburg com seu livro O Meio e o Si, fotografado por Fred Junqueira. - 66 -
Literatura
O Meio e o Si Entrevista: Claudia Bömmels | Foto: Fred Junqueira
O carioca André Averbug trabalha como consultor econômico e de empresas start-up em Washington DC, nos Estados Unidos, onde mora com a família. No final de 2012, André publicou seu primeiro livro,O Meio e o Si. Em entrevista exclusiva, ele fala sobre sua obra e dá dicas sobre como publicar um livro de forma descomplicada.
Brasileiros Mundo Afora: André, o que motivou você a escrever um livro? A vontade de compartilhar minhas ideias, documentar minha visão do mundo e das pessoas. Quando decidi escrever meu primeiro livro, a dúvida era sobre a melhor forma de apresentar minhas ideias. Decidi por um romance, pois é mais flexível que um não-ficção, proporcionando mais possibilidades tanto ao leitor quanto ao escritor. O romance nos permite navegar pelo lado mais íntimo e sutil dos acontecimentos, aguçando a sensibilidade e trazendo à tona questões que a não-ficção nem sempre consegue. Acho que foi a decisão acertada, até porque cada vez que o releio ou converso com alguém que leu o livro, descubro um ângulo novo, no qual eu ainda não havia pensado quando escrevi. Brasileiros MundoAfora: Como surgiu a ideia do livro? Uma vez assisti a uma palestra, onde disseram que a melhor forma de começar um romance é sentar na frente do computador e começar a escrever sem medo de errar. Foi mais ou menos o que fiz. Assim como o protagonista, tomei meu rumo e fui ver no que dava. Aos poucos fui tendo ideias que se encaixavam bem e em certo momento já sabia para onde queria ir e tinha o roteiro bem costurado. Brasileiros MundoAfora: O livro fala sobre você? Fala sobre nós, seres humanos. A frase de abertura, do Camus, é emblemática: "O ser humano é a única criatura que se recusa a ser o que é." Temos instintos, impulsos, vontades, que são oprimidos – para o bem e para o mal – pelas normas que nos impomos. Nossas atitudes, sentimentos e até certas decisões "racionais" são regidos pelo processo evolucionista. Claro que temos a ética, a moral e os princípios sociais de convivência, mas no fundo somos "criaturas", como disse o Camus. O assunto sempre me fascinou, e o livro, em última instância, é sobre esse conflito: ser social versus ser instintivo. Mas O Meio e o Si é escrito de maneira bem leve (não saberia escrever de outra forma), portanto para muitos pode significar apenas uma despretensiosa aventura de um personagem pequeno-burguês em busca de algo mais. Uma das coisas de que mais gosto no livro é justamente que a interpretação fica realmente a critério de cada um, inclusive quanto ao que é real e... Bom, não vou estragar a trama (risos). Brasileiros Mundo Afora: Quanto tempo você levou para escrever O Meio e o Si? Cerca de um ano, mas sempre em tempo parcial. Escrevia um pouco à noite, mais um pouco nos finais de semana. Às vezes passava semanas sem tocar no texto. O importante é a persistência e não ser muito perfeccionista, pelo menos no começo, senão não acaba nunca. Depois, aos poucos, polimos as arestas. - 67 -
O Meio e o Si Brasileiros Mundo Afora: Você publicou seu livro na Amazon. Conte mais sobre essa experiência. Eu usei o esquema independente da CreateSpace, que é uma empresa do grupo Amazon. É bom, pois você não precisa fazer investimento algum. O livro está disponível na Amazon (eBook e papel) e é impresso de acordo com a demanda. Agora, se você quiser vender em uma livraria, tem que fazer todo o esforço de contatos e marketing sozinho, e isso é bem difícil. Consegui uma parceria com a Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro, mas sei que eles não fazem mais isso. O estoque eu compro da CreateSpace (preço de autor) e repasso para a Travessa. Para divulgação, o ideal seria eu participar mais de leituras, festivais, organizar lançamentos promocionais, mas infelizmente não tenho tempo. Outra opção para financiar a publicação de um livro é usar sites de crowdfunding*. Assim você pode levantar também recursos para marketing e, quem sabe, contratar um especialista para ajudar na divulgação. Mas a grande desvantagem dessas produções independentes é que não conseguimos distribuir em grande escala para as livrarias, que, principalmente no Brasil, ainda são os principais canais de venda. Brasileiros Mundo Afora: Quando podemos esperar o segundo livro? Acho que um segundo livro não vem tão cedo. O primeiro foi um desafio pessoal e que teve um sabor especial. Também acho que esse livro pode ser mais explorado antes de se pensar em um segundo. Ainda quero tentar uma editora tradicional para profissionalizar sua distribuição e aumentar as vendas. Também sou cinéfilo e adoraria que algum roteirista se animasse a trabalhar no projeto "O Meio e o Si – O Filme" (risos). Mas sigo escrevendo quase diariamente, nem que seja meia horinha à noite. Tenho dois blogs, um homônimo do livro e um em inglês, focado em empreendedorismo, chamado Entrepreneurship Compass. Convido todos a segui-los: O Meio e o Si
| Entrepreneurship Compass
Para mais informações sobre o livro O Meio e o Si, incluindo como adquiri-lo e crítica independente, visite omeioeosi.wordpress.com/sobre-o-livro. O Meio e o Si está também disponível na Amazon.
*Financiamento coletivo usado para muitas finalidades, como, por exemplo, por artistas que procuram o apoio financeiro dos fãs, campanhas políticas e financiamento de pequenos negócios ou projetos.
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A REVISTA DIGITAL SOBRE BRASILEIROS QUE MORAM NOS
QUATRO CANTOS DO MUNDO
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Brasileiros Mundo Afora nas redes sociais:
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"Eu vivo cada dia por vez, sempre atento Ă s oportunidades que a vida me oferece." - 70 -
no Brasil Entrevista: Claudia Bömmels | Fotos: Dede Fedrizzi
Passando por uma banca de revistas em junho de 2013, um homem com lindos olhos azuis sorriu da capa da revista alemã Stern para mim. Embaixo da foto li a frase "Eu vivo o meu sonho" e folheando a revista, descobri que se trata do empresário alemão Jörg Steinmann. Ele vive no Brasil desde 2003 e é um multitalento! Alguns meses mais tarde, encontrei Jörg para uma entrevista em Berlim, deparando-me com uma pessoa de extrema simplicidade e simpatia. Ele contou abertamente, com um português muito bem articulado, sobre seu sonho e as diferenças culturais entre o Brasil e a Alemanha. Jörg formou-se em Fisioterapia e, com seus 45 anos, é um modelo de sucesso na Alemanha, ator, fotógrafo e produtor. Há alguns meses, ele também é dono de um pequeno hotel, o Sítio Escondido, construído com padrões sustentáveis, perto de Fortaleza, Ceará. A produção de eletricidade e de água aquecida do hotel é feita por meio de energia solar e eólica, com o emprego de cata-ventos gigantes. A realização de um sonho. Em 2003, Jörg mudou-se com a esposa brasileira Marciria e a filha Surya para o Brasil. "Meu sonho sempre foi comprar um terreno perto do mar e com muito sol. Quando nos mudamos, eu precisava encontrar uma fonte de renda para minha família e assim comprei a propriedade, onde hoje se localiza o Sítio Escondido." Vivendo há mais de 10 anos no país, Jörg analisa as diferenças culturais entre o Brasil e a Alemanha: "Os brasileiros agem de forma mais emocional e intuitiva do que nós alemães, que somos mais diretos e frios. No dia a dia, isso às vezes é um problema. Eu sou muito feliz aqui, já me adaptei bem, mas sinto falta de uma política séria nas mais diversas áreas, principalmente nas de saúde e educação." - 71 -
Final de tarde no SĂtio Escondido. - 72 -
Eu vivo o meu sonho
Durante a nossa conversa, me chamou a atenção que Jörg fala sobre o seu trabalho braçal na construção do seu sonho. No Brasil, normalmente o "patrão" manda fazer, mas o "Alemão", como seus trabalhadores o chamam, coloca a mão na massa juntamente com os operários. "A minha experiência com os trabalhadores foi excelente até agora. Eu trabalho com uma equipe pequena, mas eficaz, da qual tenho muito orgulho. Ao contrário de muitos outros estrangeiros, eu trato os trabalhadores sempre de forma respeitosa. Como preciso me ausentar frequentemente da obra, é importante ter um relacionamento de confiança com eles, sem isso as coisas não funcionam. Naturalmente houve contratempos típicos que ocorrem em uma construção, e o famoso ‘jeitinho brasileiro’ de resolver problemas nem sempre é positivo. Por outro lado, a maioria dos trabalhadores aceitou bem meu jeito direto e prático na resolução de problemas de planejamento e nas obras. Assim todos aprendemos muito uns com os outros nesses dois anos em que trabalhamos juntos." O Sítio Escondido abriu suas portas final de 2013 e localiza-se a duas horas de carro de Fortaleza, Ceará, em Canoa Quebrada: "Chegando a Canoa, siga até o final da estrada de cascalho e seguindo mais um quilômetro de estrada de areia, você vai nos encontrar. O Sítio Escondido é um lugar para se relaxar, fazer caminhadas, nadar, cavalgar, praticar jardinagem, pintar e meditar. Um lugar para você fugir do barulho e do estresse das grandes cidades." No final da nossa entrevista, perguntei qual o próximo sonho a realizar: "Fazer um sonho tornar-se realidade é possível, mas significa coragem, trabalho e perseverança. Gostaria de construir apartamentos ao nível das copas das mil árvores de eucalipto, que eu plantei há algum tempo. Mas eu vivo cada dia por vez, sempre atento às oportunidades que a vida me oferece."
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Amor internacional: Jรถrg mudou-se para o Brasil com a brasileira Marciria. - 74 -
Eu vivo o meu sonho
"Fazer um sonho tornar-se realidade é possível, mas significa coragem, trabalho e perseverança."
Uma das paixões de Jörg é cavalgar. - 75 -
O lugar perfeito para se relaxar. - 76 -
Eu vivo o meu sonho
Vista aĂŠrea do SĂtio Escondido.
Quer dar um mergulho? - 77 -
Uma das quatro suites do Sítio Escondido.
Ambientes projetados por Jörg Steinamnn.
Sítio Escondido online: www.sitioescondido.com mail@sitioescondido.com www.brazil-productions.com
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Eu vivo o meu sonho
Sala e varanda do SĂtio Escondido
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Terceira Idade
Texto: Deíze Botelho Fotos: Mariana Botelho, Antônio Botelho, Helder Messias, Deíze Botelho, Sueli Fortunato
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A
Ah! Como queria partilhar com os brasileiros mundo afora a sensibilidade dessa mulher de 73 anos, Creusa Salame, minha tia e também amiga, que admiro tanto por fazer as coisas ficarem mais belas quanto tocadas por suas mãos – linhas, botões, tampinhas de garrafas pet, bijuterias velhas e quebradas, cadeiras, retalhos e tantas outras coisas jogadas ao lixo que pareciam não ter mais serventia para ninguém.
Aqui então estou, apropriando-me da titulação de sua mais recente exposição de arte "Cá com meus botões", na Galeria Vitória Barros– um trocadilho de que me sirvo para expressar também o que penso dessa diversidade de talentos, mas principalmente da vitalidade de sua alma. Desde minha infância, vejo minha tia Creusa refazendo roupas de amigos e parentes tornando-as mais estilosas e desejadas. Inclusive as minhas. Sempre dava certo. As pessoas ficavam entusiasmadas e sorridentes com as novas formas que ela dava aos trapos que não lhes serviam mais e que, com pequenos retalhos em detalhes, assumiam um novo visual. O que sempre me chamava a atenção mesmo era ouvi-la dizer o quanto gostava de reciclar tudo o que via pela frente. Costureira desde a adolescência, fez seu primeiro vestido aos 15 anos. Aos 62, foi atraída pelo movimento de artistas plásticos dentro do Galpão de Artes de Marabá (GAM), ponto de cultura, onde a sua ousadia inspirou-a a criar novas possibilidades de atuar na costura. Resolveu então experimentar a costura em tela... Isso mesmo! Pintar como se estivesse costurando uma roupa. A partir de então, não parou mais de criar e produzir, costurando objetos sobre objetos que encontrava pela frente. Os "retalhos" passaram a ser não apenas de tecidos, mas de azulejos, cerâmicas, madeira, cacos de qualquer coisa que pudesse servir de reflexão sobre o destino das coisas. A sensibilidade está na pele, na cor, nas mãos, no olhar sobre as coisas que parecem não ter mais serventia... Uma de suas obras, composta por aproximadamente 1300 botões antigos, foi confeccionadaao longo de sua história.Tia Creusa conta que o seu pai (meu avô, conhecido como Passarinho) lhe deu de presente uma lata de botões que ele recebera de um devedor que não tinha como pagar a dívida feita em seu pequeno comércio. Depois desse episódio, e da felicidade manifestada pela então adolescente artista, as pessoas começaram a lhe entregar botões velhos. "Tem até botões que foram feitos por presidiário do presídio São José, em Belém", lembra ela durante um bate-papo descontraído. A mostra "Cá com meus botões" trava uma conversa silenciosa com o interior, e, no fundo da alma, transbordam a paz e a força para continuar vendo nas coisas simples a beleza sem tamanho e sem igual, diz a historiadora Ana Maria Martins Barros, complementando o texto curatorial da mostra. São objetos que, unidos e misturados, agregam beleza, formas diversas, geométricas, em círculos em favor da beleza e da imaginação, dando ânimo ao espírito de renovação.
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Terceira Idade
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O tema de hoje é reciclagem. Queremos fazer ressurgir das cinzas aquele objeto que estava fadado ao latão de lixo, como garrafas e vidros de molho de tomate. Do lixo ao luxo! Com certeza você tem algum ítem desses em casa. As opções são muitas e as possibilidades infinitas. Hoje vamos fazer um conjunto multifuncional com garrafinhas de água e pote de café. A ideia é que eles fiquem sempre juntinhos, um trio inseparável.
O que você vai precisar: ● Garrafinhas de água/suco de vidro; ● Pote de café ou outro recipiente de vidro; ● Tinta spray branca; ● Lápis; ● Canetas com tinta permanente.
Eu preparei um download com os desenhos para você baixar e imprimir em casa. Estão disponíveis aqui: Freebie. Veja a seguir o passo-a-passo. Olha só que fácil! Beijos da Erica
Erica Palmeira é carioca e mora em Melbourne na Austrália. Arquiteta e autora do blog homesweetener.com, ela é a nossa especialista para projetos "faça você mesmo".
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HomeSweetener
HomeSweetener - 85 -
1
DĂŞ um visual novo aos vidros utlizando a tinta spray.
3 2
3
Transfira o desenho para o vidro rabiscando com um lĂĄpis o verso da folha. - 86 -
Desenhe ou contorne o desenho escolhido com um lĂĄpis.
HomeSweetener
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4
Contorne o desenho no vidro com uma caneta de tinta permanente.
5
Prontinho!
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Cozinhando Texto: Claudia Bรถmmels | Fotos: Marisa Cristina Pedro Pfeiffer
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Cozinhar com as crianças é muito divertido e caótico. Mas isso faz parte, e cozinhar juntos é uma grande oportunidade de passar um tempo em comum fazendo algo delicioso. Eu cozinho no mínimo uma vez por semana com as crianças, fazendo uma simples macarronada ou um bolo mais trabalhoso. A minha experiência é que, cozinhando, os pimpolhos aprendem de forma leve e divertida sobre as medidas, novos sabores, ingredientes e como uma refeição feita em comum é importante. Além disso, as crianças aprendem também a se organizar, a fazer contas de matemática e a pensar logicamente. Eu adoro cozinhar com meus filhos de oito e cinco anos, atividade que fazemos desde muito cedo. Muitas vezes cozinhamos também com seus amiguinhos, e é diversão garantida. Eu acredito que essa é também uma maneira muito interessante de se começar uma nova tradição em família. 10 dicas simples para que cozinhar com seus pimpolhos seja um sucesso: ●
Comece de forma simples. Com certeza não é nada realista achar que você e seu filho vão conseguir fazer aquele suflê. Comece com algo simples e com algo que seu filho goste de comer.
●
Planeje bastante tempo, para que cozinhar com as crianças não se torne um ato estressante. Traga paciência, tempo e bom humor, pois com certeza a farinha de trigo vai cair no chão, um ovo vai quebrar ou o leite vai derramar.
●
Ao cozinhar com seus filhos, lembre-se de que bagunça é parte do processo.
●
Dê tarefas específicas e uma de cada vez para os pequenos.
●
Permita que as crianças cheirarem os alimentos e especiarias. É uma ótima oportunidade de introduzir novos ingredientes.
●
Tocar nas ervas e nos ingredientes também é uma ótima maneira para os seus filhos se conectarem a novos alimentos.
●
Supervisionar. Criar um ambiente seguro para cozinhar pode parecer óbvio, mas é sempre bom lembrar que nunca se deve deixar seus filhos sem supervisão com facas ou perto do fogão.
●
Pratique matemática, deixando seus filhos medirem os ingredientes, a fim de ajudá-los a desenvolver suas habilidades organizacionais e em matemática. Para crianças pequenas, isso pode ser algo tão simples como contar quantas vezes eles precisam mexer uma massa ou quantos são os ingredientes em uma receita.
●
Crianças em idade escolar podem ler a receita, treinando assim também a leitura.
●
Não se esqueça da limpeza. Cozinhar é o evento principal, mas a limpeza é ainda parte desse evento. Certifique-se de que os seus filhos ajudem na limpeza da cozinha. Com o tempo.eles devem gradualmente ajudar a limpar mais.
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Receita de cupcake da Yasmin A brasileirinha Yasmin Pfeiffer, de quatro anos, mora com a família na Suíça e comemora com um bolinho todos os seus meses de vida. Ela compartilhou conosco a sua receita de cupcakes preferida.
Ingredientes: ● 1 ovo (temperatura ambiente); ● 80 gramas de açúcar; ● 1 pitada de sal; ● 40 gramas de manteiga; ● 150 gramas de creme de leite de caixinha (temperatura ambiente); ● 120 gramas de farinha de trigo; ● 10 gramas de fermento em pó. ● Uma variação da receita é colocar raspas de limão, frutas congeladas (menos morango, pois solta muita água), mirtilo ou framboesa. 70 gramas de fruta é o ideal.
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Modo de fazer Antes de começar, coloque a manteiga no micro-ondas durante 30 segundos para derreter ou em banho-maria. Nunca ferva a manteiga. O segredo de um cupcake fofinho é não bater os ingredientes com força. Em uma tigela, coloque o ovo e o açúcar, mexa com o batedor de claras levemente até incorporar os ingredientes. Acrescente aos poucos a manteiga derretida, misture bem e bata até obter uma massa homogênea. Em outra tigela, misture a farinha de trigo,o fermento e o sal. Coloque essa mistura na tigela dos ovos, intercalando com o creme de leite, mas sempre devagar. Quando a massa ficar homogênea, é a hora de preencher as forminhas. Nós utilizamos uma forma pequena, colocando mais ou menos uma colher de sopa de massa em cada forminha. Rendeu 14 cupcakes. Asse em forno pré-aquecido a 160 graus durante cerca de 20 minutos. Lembre-se de que cada forno é diferente, então verifique de vez em quando se os bolinhos vão precisar assar mais ou menos tempo. Use o truque do palitinho, furando no meio para ver se já estão assados. A receita acima é a massa básica do cupcake. Depois de pronto, você pode incrementá-lo com diversas coberturas e recheios. Para rechear, basta furar o bolinho pronto, colocar o recheio no meio e tampar com a própria massa retirada.
Para a cobertura 1 colher de café de essência (nós usamos a de baunilha); 100 gramas de manteiga em temperatura ambiente; 250 gramas açúcar de confeiteiro. Bata a manteiga com a essência e o açúcar durante 10 minutos e acrescente o açúcar aos poucos. Após retirar do forno, deixe os bolinhos esfriar e coloque a cobertura. Para finalizar poderá usar chocolate granulado, coco, confeitos coloridos, confete de chocolate, pedaços de frutas, entre outros. Não há limites para sua fantasia!
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Foto do leitor
A estátua da fotografia fica em Bremerhaven na Alemanha, próxima ao Museu do Emigrante, sobre alemães que partiram da sua terra natal para o mundo afora. Clique de Lorena Bärschneider - 95 -
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A revista online Brasileiros mundo afora, de Claudia Bömmels, é uma publicação gratutita e digital, em formato PDF e está sob a Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Derivados 3.0 que estabelece o regulamento a seguir: Você tem a liberdade de compartilhar, copiar, distribuir e transmitir a obra, sob as seguintes condições: Atribuição — Você deve creditar a obra da forma especificada pelo autor ou licenciante, mas não de maneira que sugira que estes concedem qualquer aval a você ou ao seu uso da obra; Uso não comercial — Você não pode usar esta obra para fins comerciais; Vedada a criação de obras derivadas — Você não pode alterar, transformar ou criar em cima desta obra; Ficando claro que: Renúncia — Qualquer das condições acima pode ser renunciada se você obtiver permissão do titular dos direitos autorais. Domínio Público — Onde a obra ou qualquer um de seus elementos estiver em domínio público sob o direito aplicável, esta condição não é, de maneira alguma, afetada pela licença. Outros Direitos — Os seguintes direitos não são, de maneira alguma, afetados pela licença: ● Limitações e exceções aos direitos autorais ou quaisquer usos livres aplicáveis; ● Os direitos morais do autor; ● Direitos que outras pessoas podem ter sobre a obra ou sobre a utilização da obra, tais como direitos de imagem ou privacidade. Aviso — Para qualquer reutilização ou distribuição, você deve deixar claro a terceiros os termos da licença a que se encontra submetida esta obra. A melhor maneira de fazer isso é com um link para esta página: www.brasileiros-mundo-afora.com.
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