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CONCEITUAÇÃO ACERCA DE LABORATÓRIOS DE CONFORTO E SALUBRIDADE AMBIENTAL: O CASO DO LACAE/DEC/CTC/UEM – 1a PARTE Cláudio Emanuel Pietrobon Professor Doutor do Departamento de Engenharia Civil – UEM e-mail: claudiopietrobom@maringa.com.br Av. Colombo 5790 Bloco C 67 - CEP 87020-900 – Maringá-Paraná. Carmen Lucia da Rocha Pietrobon Professora MSc. do Departamento de Engenharia Química –UEM e-mail: carmen@deq.uem.br

RESUMO: Apresenta-se, neste trabalho, uma conceituação acerca das premissas básicas dos Laboratórios de Conforto e Salubridade Ambiental. Examina-se o caso da implementação do LACAE/DEC/CTC/UEM. Descrevem-se as atividades, em implementação e a complementação laboratorial, que serão aplicadas na validação e calibração dos modelos físicos e matemáticos de tais módulos para atividades inerentes: ao ensino, à pesquisa, à extensão e à prestação de serviços; integrados aos cursos de pós-graduação. Tais atividades são fruto de planejamento estratégico, pois o curso de graduação em Engenharia Civil é um dos quatro primeiros cursos de Engenharia Civil do país a incluir a área de conhecimento de Conforto e Salubridade Ambiental e o curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, atenderá às disposições normativas do DAU/MEC incluindo a mesma área de conhecimento. Na pós-graduação, o LACAE/DEC/CTC/UEM atua em nível de Lato e Stricto Sensu, respectivamente de salubridade no ambiente de trabalho e de conforto no ambiente construído, no âmbito de AEC – Arquitetura, Engenharia e Construção. Deste laboratório, participa um grupo interdisciplinar e multi-departamental de pesquisadores, que atuam em projetos que visam a criação e confecção de módulos experimentais didáticos. Atualmente, em fase de transição administrativa, sugere-se a implementação junto ao programa NEP - Núcleo de Estudos da Produção, em implantação no CTC – Centro de Tecnologia da UEM. Palavras- Chave : Laboratório; Conforto Ambiental; Salubridade Ambiental.


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1. INTRODUÇÃO As áreas de conhecimento do conforto e da salubridade são as que englobam as atividades que visam satisfazer às necessidades dos usuários do ambiente construído. Subdividem-se em: adequação ao uso – ERGONOMIA -; e adequação térmica, acústica e visual – CONFORTO e SALUBRIDADE AMBIENTAL. Na proposta de norma internacional ISO 18000, atualmente, com a sua discussão suspensa, a abordagem principal seria a Qualidade de Vida. Pela nova interação entre as normas de certificação - ISO 9000 e ISO 14000 -, este enfoque está contemplado, através do conceito e das implicações da NÃO QUALIDADE associadas à QV – Qualidade de vida, na condição de TECNOLOGIA. (Salgado et alii, 2002). Surge, então, a necessidade de experimentação adequada, para atendimento à nova postura. Os profissionais atuantes em AEC – Arquitetura, Engenharia e Construção são: o arquiteto, que no projeto, deveria efetuar a síntese destas necessidades visando satisfazê-las tomando como suporte, preferencialmente, meios naturais; o engenheiro civil e arquitetos que atuam em projetos ou que ao executar obras necessitam de conhecimentos específicos em conforto para que os detalhes construtivos e a especificação dos materiais sejam adequados; o engenheiro eletricista que dimensiona as instalações elétricas e de iluminação artificial e complementa estas atividades juntamente com o engenheiro mecânico que com os equipamentos de transporte vertical, de ventilação e de climatização artificial visam suplementar o conforto. A racionalização do consumo ou a conservação de energia seriam conseqüências desta integração. Para avanços na área de conforto e salubridade, é necessária maior integração entre arquitetos, engenheiros civis, engenheiros eletricistas, engenheiros mecânicos e outros profissionais de AEC; de forma a aliar os aspectos qualitativos aos quantitativos possibilitando o desenvolvimento de ferramentas de auxílio ao projeto. A identificação e o tratamento dos principais parâmetros dos projetos, que influem sobre as condições de conforto e salubridade ambiental no ambiente construído, podem se mostrar uma tarefa árdua e complexa na medida e na forma como as variáveis de projeto estão associadas ao entorno físico, à locação, ao clima, às condições de ocupação e à própria edificação. Neste caso, como a modelação física e matemática desses fenômenos é extremamente complexa nas dimensões temporal e espacial, surge a necessidade de experimentação laboratorial e in loco tanto para o ensino quanto para a pesquisa e extensão, além da prestação de serviços, aliadas às ferramentas de simulação computacional avançada. O modelo proposto é fruto de uma conceituação sobre a postura de equilíbrio entre holismo e reducionismo e baseia-se em inferências e desdobramentos, acerca de 3 pesquisas. (Pietrobon, 1990; Pietrobon et alii, 1994 ; Pietrobon, 1999). 2. OBJETIVOS DO LACAE/DEC/CTC/UEM O LACAE - Laboratório de Ergonomia e Conforto Ambiental foi criado em 1994, para dar suporte experimental a disciplinas do recém-implantado currículo de graduação em Engenharia Civil, que engloba a matéria de conforto e salubridade ambiental, além das de Arquitetura e Urbanismo, a partir de 2000.

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2.1.Geral Instrumentar os acadêmicos, os pós-graduandos e os profissionais da Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil – AEC, com os conhecimentos básicos relativos às diversas áreas do conforto e salubridade ambiental em edificações através de estudos práticos in loco, simulação computacional e pesquisas envolvendo os diversos aspectos do conforto, da salubridade e da racionalidade energética no ambiente construído. 2.2. Específicos • Formar acadêmicos e pós-graduandos de AEC, com o entendimento adequado das técnicas de controle ambiental - através de experimentação, simulação computacional, estudos e treinamentos - envolvendo condições de temperatura, ventilação, insolação, iluminação e acústica; capazes de afetar o ambiente natural, urbano e edificado; • Proporcionar à comunidade universitária da UEM o acesso às informações e orientações que lhes permitam a experimentação necessária ao correto agenciamento ambiental nas suas respectivas sub-áreas de conhecimento, que formem interface com a tecnologia do ambiente construído; • Estender o objetivo acima à comunidade externa; • Estabelecer bases didático-pedagógicas em experimentação na área de conforto e salubridade ambiental para situações de uso ou trabalho nas edificações a fim de colaborar com as atividades do SESMT/UEM e também em nível de extensão e prestação de serviços; • Elaborar, parcerias em ensino, pesquisa, extensão e prestação de serviços acerca dos procedimentos adequados para evitar desconforto e insalubridade ambiental, nas diversas escalas do ambiente construído. 3.3. Ensino de graduação • FUNDAMENTOS DE ARQUITETURA - que envolve conceituações básicas acerca de conforto ambiental e atividades elementares de APO - Avaliação Pós-Ocupação no ambiente construído. Disciplina ministrada na primeira série em 4 turmas de 20 alunos cada uma; • CONDICIONAMENTO DA EDIFICAÇÃO - que contempla o dimensionamento e projeto de instalações de mecanismos ativos e tratamentos especiais, visando o conforto ambiental nas edificações (instalações prediais elétricas, hidro-sanitárias, mecânicas, tratamentos termo-acústicos e iluminação natural). Disciplina ministrada na quarta série em 2 turmas de 40 alunos cada uma; • PROJETOS (ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CONSTRUÇÃO CIVIL) - que aborda a aplicação dos conhecimentos da área de construção civil, dentre os quais o conforto ambiental: em projetos, incluindo simulação computacional. Disciplina ministrada na quinta série em turmas com número de alunos de acordo com a demanda por área de concentração; • CONFORTO AMBIENTAL I - Disciplina ministrada na segunda série de Arquitetura e Urbanismo, em 2 turmas de 20 alunos cada uma, que engloba os conceitos de Luz, Som, Calor e Ventilação - naturais -, nas diversas escalas do ambiente construído;

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• CONFORTO AMBIENTAL II - Disciplina ministrada na terceira série de Arquitetura e Urbanismo, em 2 turmas de 20 alunos cada uma que engloba os conceitos de Luz, Som, Calor, Ventilação - naturais e artificiais -, nas diversas escalas do ambiente construído; • TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – Disciplina ministrada na quarta e quinta séries de Arquitetura e Urbanismo, em áreas de concentração, incluindo tecnologia do ambiente construído. Disciplina ministrada na quinta série em turmas com número de alunos de acordo com a demanda por área de concentração. 4. PREMISSAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO LACAE/DEC/CTC/UEM • Estas premissas basearam-se no texto encaminhado ao CEAU / MEC, em junho de 1996. Tal proposição foi aprovada pela ABEA durante o Encontro Nacional sobre Ensino de Conforto Ambiental, 04 a 07/11/96, Rio de Janeiro/RJ, associando-as às discussões de VIANNA (2002). 5. CONCLUSÕES É com base em metodologia própria, aqui apresentada, visando apoiar o desenvolvimento e avaliação de projetos, produtos e processos de Tecnologia do Ambiente Construído, que se fundamentou a constituição do LACAE/CTC/DEC/UEM, para dois cursos: Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil. Sugere-se a extensão destes objetivos para outros cursos de Engenharia, lotados no CTC, junto ao programa NEP – Núcleo de Estudos da Produção. Complementarmente, ao se alterar a escala de análise para a configuração dos edifícios e de seu entorno imediato; surgem outros fatores operacionais condicionantes de seu uso/operação/manutenção – no âmbito das normas de certificação ISO 9000 e ISO 14000 – e, nas de desempenho em conforto ambiental – atualmente em discussão na ABNT. Há, ainda, as leis sobre salubridade ambiental e as premissas normativas de conservação de energia elétrica. Contrapõem-se a esta visão tecnicista, outros fatores - arquitetônicos e paisagísticos - simbólicos ou não, de significado – no âmbito da semiótica – e, de ambiência - nos aspectos da APO - Avaliação de Pós-Ocupação. Ressaltam-se os novos aspectos: humanos, humanitários, antropométricos e ergonômicos do Design Universal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PIETROBON, C. E. Um processo Sistemático para o Projeto Arquitetônico Bioclimático: o Caso de Maringá-PR. São Carlos: USP, 1990, v.1, 524p. Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Arquitetura) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1990. PIETROBON, C. E.; TOLEDO, L. M. de A. TOLEDO; BARBOSA, M. J. B. Proposta de Metodologia para Avaliar o Perfil de Consumo de Energia Elétrica em Edificações. Florianópolis: NPC, 1994. (mimeo.). PIETROBON, C. E. Luz e Calor no Ambiente Construído Escolar e o Sombreamento Arbóreo: Conflito ou Compromisso com a Conservação de Energia? Florianópolis: UFSC, 1999. v.1, 270p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, Universidade Federal de Santa Catarina, 1999. SALGADO, M. S.; PORTO, M.M. Diretrizes para a certificação ambiental de projetos arquitetônicos industriais. In: IX ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: ANTAC, Foz do Iguaçu, 2002. Anais em CDROM. p.751-760.

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VIANNA, Nelson Solano. Texto em discussão na lista de conforto ambiental da ANTAC – Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, 2002.

Agradecimentos: Aos mestrandos em Engenharia Civil na UFSC: Carlos Augusto Tamanini e Victor Emmanuel da Rocha Pietrobon pela colaboração neste artigo e ao professor Dr. Paulo Fernando Soares vice-Chefe do DEC e criador do LACAE.

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