Covid 19 - Medos e Angústias nas Rotinas Familiares

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CoViD-19 Medos e angústias nas rotinas familiares

Bióloga Ana Duarte e Psicóloga Clínica Vanda Robalo

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CAPACITAR E PROMOVER AS COMPETÊNCIAS PARENTAIS MANUAL DE APOIO Ciclo de WEBINAR

CoViD-19 Medos e Angústias nas Rotinas Familiares

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Para Pais e Mães inquietos com os momentos atuais que as rotinas familiares obrigam, uma reflexão partilhada através de uma visão da Saúde Pública e a Saúde Psicológica.

Cofinanciado por:

ORGANIZAÇÃO: CLDS4GSesimbra | FAMÍLIA+ com a participação da Bióloga Ana Duarte, Pós Graduada em Microbiologia Médica e Saúde Pública e da Psicóloga Clínica Dr.ª Vanda Robalo.

Organismos intermédios:

ECLP:

ELEA:


Sumário

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Introdução

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Prevenção e controlo da infeção por SARS-CoV-2 (CoViD-19)

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O que é a CoViD-19? Sinais e sintomas da CoViD-19 Formas e vias de transmissão da doença Medidas de prevenção geral Equipamentos de Proteção Medidas de higiene pessoal

5 7 8 8 9 11

Limpeza e desinfeção numa habitação com alguém CoViD-19 positivo Superfícies e áreas de transmissão Roupa Cozinha Resíduos

p17

12 12 13 13 13

E depois da CoViD-19? Sintomas a longo prazo - sequelas

14

Como se faz uma vacina?

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Medos e Angústias nas Rotinas Familiares

SARS-CoV-2 influência o Psicológico?

p19

Ansiedade – Sintoma? Estratégias: Adulto Estratégias: Criança Vamos estimular as Hormonas da Felicidade?

Bibliografia & Webgrafia|Iconografia

17 18 19 20 21

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3 Bióloga Ana Duarte e Psicóloga Clínica Vanda Robalo

p5

CoViD-19 Recomendações DGS


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CoViD-19 Recomendações DGS*

*DGS - Direção Geral de Saúde


CoViD-19 Recomendações DGS

Introdução A doença pelo novo coronavírus (CoViD-19) foi identificada no final do ano 2019. Como é uma doença recente existem ainda algumas características desconhecidas, mas sabe-se hoje mais do que no momento da sua descoberta por toda a investigação científica entretanto desenvolvida. (DGS, 2020) Este manual desenvolve-se a partir do conhecimento produzido até aos dias de hoje e tem como referência os materiais orientadores produzidos pela Direção Geral da Saúde e outras fontes científicas reconhecidas.

Detalhe do modelo microscópico do SARS-CoV-2

Prevenção e controlo da infeção por SARS-CoV-2 (CoViD-19) A CoViD-19 é a infeção causada por um coronavírus, designado SARS-CoV-2.

CO= corona*1 + VI= vírus + D= disease*2 + 19= ano da descoberta (2019)

*1 corona - Coroa *2 disease - Doença na língua inglesa

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O que é a CoViD-19?

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potencial e historial epidémico

Transmissão dos reservatórios animais de coronavírus que provocam síndromes respiratórias agudas Reservatórios naturais

Virús

Humano

SARS-CoV. Esquema dos pulmões (sistema respiratório)

MERS-CoV.

?

?

SARS-CoV2.

Uma EPIDEMIA tem como foco o país, mas quando se trata de uma pandemia o foco não tem fronteiras, as medidas de prevenção para ajudar a população são a nível mundial. Ou seja, uma PANDEMIA é uma epidemia que ocorre em todo mundo, ao mesmo tempo, ex: SARS-CoV e MERS-CoV.

2002 SARS-CoV.

Em algumas pessoas a reação inflamatória ao vírus dificulta as trocas gasosas e pode causar

pneumonia

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8000 casos | 800 mortes Com origem na China, originou um surto de síndrome respiratória aguda grave (SARS).

2019 SARS-CoV2.

2003 MERS-CoV.

858 mortes Causa da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS).

99,079,500 | 2,124,225*

Causa da CoViD-19, provoca síndrome respiratória aguda grave e espalhou-se por todo o mundo. *Números atualizados no momento desta publicação, não havendo certeza para os números finais.


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Bicamada lipídica (gordura)

Estrutura do SARS-CoV2

Proteína S (espícula)

RNA (material genético) + Proteínas

Sinais e sintomas da CoViD-19 Os sinais e sintomas da CoViD-19 variam em

A maioria das pessoas apresentam sintomas ligeiros a moderados. Os sintomas mais frequentes e indicadores de um caso suspeito são:

tosse

(de novo ou persistente)

dificuldade respiratória

alteração do paladar (perda ou distorção)

febre (T ≥ 38ºC)

perda de olfato

Se tiver origem súbita de algum destes sintomas, sem outra causa conhecida, ligue para a linha de apoio do Serviço Nacional de Saúde

SNS 24 (808 24 24 24)

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gravidade. Algumas pessoas são infetadas e não desenvolvem sintomas (assintomáticas), outras desenvolvem sintomas ligeiros a moderados (síndrome gripal)e há, ainda, alguns casos que desenvolvem pneumonia grave, síndrome respiratória aguda grave, falência multiorgânica e eventual morte.


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Formas e vias de transmissão da doença Este vírus pode transmitir-se principalmente através de duas formas:

TRANSMISSÃO POR VIA AÉREA contaminado saudáveis

CONTACTO DIRETO Através de gotículas respiratórias, produzidas quando uma pessoa infetada tosse, espirra ou fala, que podem ser inaladas ou absorvidas pelas mucosas da boca, nariz ou olhos de pessoas que estão próximas.

máxima exposição

CONTACTO INDIRETO Através do contacto das mãos com uma superfície ou objeto contaminado com SARS-CoV-2 e, em seguida, com a boca, nariz ou olhos.

exposição mínima

O vírus pode sobreviver em superfícies durante horas ou até dias, se estas superfícies não forem limpas e desinfetadas regularmente. O tempo que o vírus persiste nas superfícies pode variar dependendo das características das mesmas e condições envolventes, como por exemplo, o material da superfície, a temperatura ou humidade do ambiente.

Medidas de prevenção geral 8

Uma vez que o SARS-CoV-2 se transmite de pessoa a pessoa, através de gotículas que podem ser inaladas ou depositar-se em superfícies ou objetos em que tocamos, é de destacar as cinco seguintes medidas:

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2m

Distanciamento entre pessoas

Higiene ambiental, como limpeza, desinfeção e arejamento de espaços

Utilização de equipamentos de proteção

Higiene pessoal, nomeadamente a lavagem das mãos e etiqueta respiratória

Automonitorização de sintomas, com abstenção do trabalho ou contacto social, caso surjam sintomas sugestivos de CoViD-19


CoViD-19 Recomendações DGS ESTÁ DESACONSELHADO: ∙ Partilhar artigos pessoais; ∙ Frequentar lugares movimentados com aglomerados de pessoas; ∙ Promover ou partcipar em eventos que reúnam muitas pessoas, sobretudo e espaços fechados; ∙ Ter contactos desnecessários; ∙ Sempre que for necessário reunir com outras pessoas, opte pelo mínimo possível e em espaço aberto.

Equipamentos de Proteção máscara RESPIRADOR (FFP) É um equipamento de proteção individual cuja principal função é proteger da inalação de partículas (< 5 micrómetros de tamanho) suspensas no ar (protege da contaminação do exterior para o interior do respirador).

Desde o dia 3 de maio de 2020, é obrigatório o uso de máscaras para o acesso ou permanência em: ∙ Espaços e estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços; ∙ Serviços e edifícios de atendimento ao público; ∙ Estabelecimentos de ensino e creches pelos funcionários docentes e não docentes e pelos alunos maiores de 10 anos;

MÁSCARA CIRÚRGICA É um dispositivo que permite a contenção de gotículas (>5 micrómetros de tamanho) expelidas pela tosse, espirro ou fala. Além da função de contenção das gotículas expiradas, a máscara cirúrgica também o protege da inalação de gotículas, apesar de ter menos capacidade de filtração do que os respiradores.

MÁSCARA NÃO-CIRÚRGICA, COMUNITÁRIA OU DE USO SOCIAL É um dispositivo de diferentes materiais têxteis, certificado, destinado à população geral. ∙ Transportes coletivos de passageiros. No dia 28 de outubro de 2020, passou a ser obrigatório o uso deste equipamento na via pública, sempre que o distanciamento físico recomendado pelas autoridades de saúde se mostre impraticável.

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A utilização de máscara permite que o utilizador proteja as pessoas que o rodeiam e o ambiente. No entanto, a ação deste equipamento só é efetiva se for combinada com outras medidas de prevenção, como a lavagem de mãos, a etiqueta respiratória e o distanciamento físico.


CoViD-19 Recomendações DGS VISEIRA E, a partir de 21 de novembro de 2020, a utilização da máscara nos locais de trabalho também se tornou obrigatória, exceto quando os postos de trabalho são isolados ou quando haja separação física entre diferentes postos nos locais de trabalho.

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É um equipamento de proteção contra a projeção de partículas sólidas e líquidas, que deve envolver a face. Estes podem complementar a utilização de máscara, mas não conferem proteção respiratória.


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Medidas de higiene pessoal As mãos podem ser um fácil veículo para a transmissão da infeção por SARS-CoV-2, ao entrarem em contacto com superfícies ou objetos contaminados e, de seguida, com as mucosas dos olhos, boca e nariz, que permitem a entrada do vírus para dentro do organismo. É, por isso, importante adotar certos gestos simples, que evitem a transmissão do vírus.

higiene das mãos

REGULAR: lave as mãos frequentemente ao longo do dia e sempre que se justifique (ex.:ao chegar a casa ou ao trabalho, quando assoar o nariz, espirrar ou tossir); CUIDADA: lave as mãos durante pelo menos 20 segundos, esfregando sequencialmente as palmas, dorso, cada um dos dedos e o pulso, secando-as bem no final.

Quando não existe disponibilidade de água e sabão, a higienização das mãos pode ser feita com uma solução de base alcoólica a 70%.

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etiqueta respiratória 1. TAPAR: quando tossir ou espirrar, cubra a boca e o nariz, com um lenço de papel ou com o braço, evitando a projeção de gotículas (não use a mão); 2. DESCARTAR: após a utilização do lenço descartável, deite-o imediatamente no lixo; 3. LAVAR: após descartar o lenço, lave de imediato, as mãos. Caso tenha utilizado o braço, lave-o, ou à camisola, assim que possível.

Limpeza e desinfeção numa habitação com alguém CoViD-19 positivo superfícies e áreas de transmissão

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A utilização de lixívia requer alguns cuidados pois pode ser prejudicial para o utilizador e para o ambiente. A diluição deve ser sempre feita com água fria (temperaturas elevadas da água promovem a passagem do cloro para o estado gasoso). A sua aplicação para desinfeção requer primeiro a lavagem das superfícies, com água e detergente. Depois, deve espalhar-se uniformemente a lixívia pelas superfícies, deixar atuar cerca de 10 minutos e enxaguar com água quente. No final é importante deixar secar ao ar, arejando a área.

Nas habitações onde há a presença de uma pessoa com CoViD-19, a desinfeção das superfícies é particularmente importante. Nestes casos, deve usar-se a solução de lixívia numa diluição de 1/100 (uma parte de lixívia para 99 de água). Na casa de banho, pode utilizar-se um produto que junta detergente e desinfetante, que se aplica sem diluir.


CoViD-19 Recomendações DGS No entanto, de uma forma geral, as superfícies com maior risco de transmissão são as de TOQUE FREQUENTE: maçanetas de portas, interruptores de luz, telefones, tablets e teclados de computadores, botões de elevadores, torneiras de lavatórios, manípulos de autoclismos, mesas, bancadas, cadeiras, corrimãos. Ou seja, superfícies, equipamentos ou utensílios manipulados por diferentes pessoas.

No entanto, de uma forma geral, as superfícies com maior ALGUNS CUIDADOS IMPORTANTES: risco de transmissão são as de TOQUE FREQUENTE: maçanetas deprocedimentos portas, interruptores luz, telefones, Nos diferentes de limpeza de e higienização é tablets e teclados de computadores, botões elevadores, muito importante a utilização de materiais (panos,de esfregonas torneiras lavatórios, manípulos de autoclismos, mesas, ou balde) de exclusivos por área e superfícies, para evitar a bancadas, cadeiras, corrimãos. Ou seja, superfícies, equipacontaminação cruzada. mentos ou utensílios manipulados por diferentes pessoas. Toda a limpeza deve ser HÚMIDA, ou seja, está desaconselhado o uso de aspirador com depósito de retenção de partículas a seco e de vassoura, pois podem colocar em suspensão partículas virais. A limpeza do chão deve ser feita, utilizando um aspirador com depósito de partículas por água ou uma mopa humedecida.

roupa

resíduos

A roupa não deve ser sacudida e deve ser lavada, recorrendo a ciclos de lavagem com temperatura: a 60 oC, durante, pelo menos, 30 minutos ou a 80 oC - 90 oC, durante, pelo menos 10 minutos.

Os resíduos produzidos por alguém em isolamento não devem ser separados para valorização ou reciclagem.

Sempre que possível, passe a roupa a ferro.

cozinha

À máquina ou manualmente, a loiça deve ser lavada com água quente e detergente.

Não esquecer de limpar e desinfetar as superfícies utilizadas ou manipuladas: bancadas, mesas, cadeiras, puxadores, etc.

Estes resíduos devem ser depois dispensados no contentor dos resíduos indiferenciados.

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Se não for possível utilizar temperatura, deve incluir-se um ciclo de desinfeção química, após o ciclo de lavagem. Utilize um desinfetante adequado às características dos têxteis.

Devem ser todos dispensados para o mesmo contentor, de preferência com tampa acionada por pedal. Este recipiente deve estar revestido com um saco e não deve ser cheio a mais do que 2/3 da sua capacidade. O saco deve ser fechado com nó e selado com fita-cola ou atilho e colocado num segundo saco, que se fecha da mesma forma.


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E depois da CoViD-19? Sintomas a longo prazo - sequelas Segundo alguns estudos, 90% dos recuperados da CoVid-19 manifestam sequelas: ∙ Fadiga

∙ Dificuldade de raciocínio

∙ Inflamação do músculo cardíaco

∙ Falta de ar

∙ Depressão

∙ Disfunção pulmonar

∙ Tosse

∙ Dor muscular

∙ Lesão renal aguda

∙ Dor nas articulações

∙ Dor de cabeça

∙ Erupção cutânea

∙ Dor no peito

∙ Febre intermitente

∙ Queda de cabelo

∙ Palpitações

∙ Problemas neurológicos: alterações no olfato e paladar, do sono e da memória ∙ Depressão, ansiedade, mudanças de humor

MAIS FREQUENTE

MENOS FREQUENTE

MENOS GRAVE

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MAIS GRAVE

Como se faz uma vacina? Microrganismos enfraquecidos Partes de microrganismos Toxina atenuada

small scale studies

Qualidade

1 Identificação e preparação dos antigénios.

In vitro

In vivo

I

II

III

Não Clínicos

Ensaios Clínicos

2 Determinação de potencial. Benefício e segurança.

3 Ensaios em humanos 3 etapas.

EMA

CE

Avaliação e Aprovação

4 Análise dos ensaios. Avaliação da eficácia e segurança.

Produção em grande escala

Estudos de segurança

Produção

Monitorização

5 Produção e distribuição em condições de segurança.

5 Recolha de dados de efetividade e segurança contínua.


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Tempo aproximado de desenvolvimento OUTRAS VACINAS

ENSAIOS NÃO-CLÍNICOS 6 MESES 9 A 10 MESES

ENSAIOS NÃO-CLÍNICOS

VACINAS CoViD-19

ENSAIOS CLÍNICOS FASE I Dezenas de voluntários Dosagens, efeitos secundários, intervalos de segurança

ENSAIOS CLÍNICOS DE FASE I E II

8000

ENSAIOS CLÍNICOS DE FASE III

43661

AVALIAÇÃO

2 ANOS APROVAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO

ENSAIOS CLÍNICOS FASE II

3 ANOS

ENSAIOS CLÍNICOS FASE III Dezenas de milhares de voluntários Segurança, a eficácia na redução de infeções (indivíduos tratados vs. grupo de controlo)

AVALIAÇÃO E APROVAÇÃO PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO

Como foi possível fazer vacinas seguras e eficazes?

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∙ Investimento financeiro ∙ Tecnologia disponível 5 ANOS

10 ANOS

∙ Ensaios em simultâneo ∙ Dimensão da pandemia (número de infetados) ∙ Envolvimento da comunidade científica ∙ Avaliação em paralelo e não apenas sequencial

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Centenas de voluntários Segurança, efetividade, relação com as características etárias, fisiológicas, epidemiológicas


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Medos e angĂşstias nas rotinas familiares


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Sars-Cov2 influência o Psicológico?

Assim, podemos responder a esta pergunta com um SIM e com um NÃO, pois vai depender de pessoa para pessoa. No entanto, é importante realçar, que associado a esta doença, surgiu outra circunstância que veio a estimular um mal estar geral: a situação pandémica. A pandemia e a doença do Sars-Cov2 são o cocktail menos desejável para quem já sofria de alguma doença psicológica ou que pelo menos tinha propensão para vir a desenvolver. Vamos, então, passar a explicar o que é a SAÚDE MENTAL em detrimento da DOENÇA MENTAL. Quando os estímulos externos a que estamos sujeitos todos os dias chegam até nós, independentemente da sua origem, são encarados como uma aprendizagem, e que, portanto, requerem da nossa parte uma adaptação consciente, estamos perante uma estrutura de pensamento suficientemente apta, resiliente, equilibrada: Saúde Mental. As relações afetivas, familiares e sociais mantém a sua rotina e não são influenciadas de forma negativa.

Quando os estímulos externos são percecionados como algo negativo, impeditivos de avançar, problemas sem soluções, causando mal-estar, pensamentos repetitivos e angustiantes, tristeza constante, a estrutura psíquica em questão está fragilizada e com pouca capacidade de usar estratégias eficazes de sobrevivência, podendo desenvolver uma perturbação do foro psicológico. O essencial é aprendermos a escutar o nosso corpo, estarmos atentos aos sinais que ele nos envia de forma a prevenir o desenvolvimento da Doença Mental.Quando são percecionadas estas alterações, devemos pedir ajuda de um profissional. Os sinais são bem simples. Se verificamos uma alteração:

17 SONO mais sono que o normal, insónias, ou despertares durante a noite;

ENERGIA Mais energia do que o habitual, e de forma descontextualizada, ou perda energia que se reflete ao longo do dia, excesso ou carência da líbido.

APETITE comer de forma descontrolada, recorrendo com mais regularidade a alimentos processados, ou uma total falta de apetite, pouca produção de saliva no acto de comer;

HUMOR Mais abatido que o normal, mais irritado, mais ansioso ou com uma excitação excessiva.

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Como foi explicado no texto supracitado, este vírus ataca as vias respiratórias, levando a sintomas ligeiros a moderados ou a sintomas mais agudos, que em alguns casos podem levar à morte. É portanto, uma doença física, mas como todas as doenças (físicas), uma vez associadas a uma estrutura psíquica mais vulnerável, podem levar a desequilíbrios ou mesmo distúrbios mentais. Na realidade, não é somente a doença física que tem consequência na nossa saúde mental. O ser humano é um ser vivo que vive em sociedade e que é altamente influenciado por todos e quaisquer estímulos externos, que de uma forma ou de outra, estimulam ora bem-estar ora mal-estar.


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Estas alterações são mais facilmente percecionadas pelos outros, do que pelo próprio. Escutar aqueles que nos são mais próximos e com quem temos uma relação de carinho e respeito quando estes percepcionam, no nosso ser, alterações no estado geral, poderá ser uma forma de nos visualizarmos de uma forma mais consciente. Fazendo uma boa introspeção conseguimos aceder aos sinais enviados pelo corpo ajustando-os em função de um melhor equilíbrio. Assim como, quando queremos perceber se existe algo de errado com os nossos filhos, podemos fazer uma pequena análise com base nestas modificações gerais, e quando evidenciadas seja nos nossos filhos, familiares ou no próprio, mais uma vez, procurar a ajuda de um profissional.

Ansiedade – Sintoma?

As normas de saúde evidenciam e realçam uma maior necessidade de consciencialização face aos nossos comportamentos, em prol da nossa saúde e principalmente em prol daqueles que nos rodeiam e que possam ser mais vulneráveis. Mais uma vez, estes estímulos externos vão ser vivenciados de forma mais ou menos adaptativa, de acordo com a estrutura do pensamento de cada um.

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A ansiedade é uma emoção natural, um mecanismo de defesa que é desencadeado quando se é confrontado com algo que seja percecionado como perigoso.Surge com maior intensidade em situações encaradas como stressantes para o individuo. Face a epidemia do Sars-Cov 2 desencadeou, é natural que esta emoção seja desencadeada, mas uma forma de não a perpetuarmos é aprender a lidar com ela.


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Estratégias: Adulto Uma vez que possui uma maior capacidade de reflexão, deve aceitar o estado de ansiedade, ao invés de o camuflar, negar ou evitar.

converse Conversando com alguém que não acentue o problema.

atualize só o necessário Se sente que precisa de estar par da atualidade, escolha um jornal para ler ou ver. Evite ver notícias sobre o tema todo o dia. Não precisa de repetir o que já sabe

mantenha as suas rotinas Não deixa as suas rotinas, mantenha as suas atividades com todas as medidas de segurança.

esfera de controlo Foque-se no que realmente pode controlar. O que não está ao se alcance deve soltar do seu pensamento.

faça atividade física Se não é desportivo, não faz mal, caminhe, de preferência por lugares repletos de natureza. Se já fazia desporto, não deixe de o fazer.

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Estratégias: Criança Não tendo a mesma capacidade de processar as emoções que são desencadeadas, tendem a ter comportamento mais disruptivos, como birras mais constantes.

compreenda as suas emoções

Crie empatia, para que nos momentos de maior frustração e ansiedade sejam geridos com maior compreensão e amor.

converse

Deve conversar moderadamente sobre o assunto, tranquilizando através de um abraço e garantido que o seu amor nunca vai termina.

rotinas

Deve manter as suas rotinas, é a base da saúde mental.

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Vamos estimular as Hormonas da Felicidade? Fácil através de comportamentos e pensamentos bem simples e acessíveis a todos e que têm a capacidade extraordinária de manter o nosso sistema Imunitário mais forte e aumentando, consequentemente, a nossa resiliência.

endorfina Ter, pelo menos, um hobbie Cantar, dançar Rir (muito!)

oxitocina Abraçar (aqueles com quem vive) Ser generoso

movimento atenção planeamento tomada de decisão

paladar discurso

Ser grato Desfrutar da Natureza

visão

Processamento da memória

funções e lobos do cérebro: frontal

audição

olfacto

emoção

serotonina

tacto

temporal

frequência cardíaca e respiração

parietal

ocipital

coordenação motora

21 cerebelo

Recordar momentos especiais

dopamina Dormir 7 a 9 horas por dia Prática desportiva Comemorar todas as conquistas

Adaptar Adaptar é a chave para os nossos problemas. Adapte-se e viva com mais Felicidade!

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Meditar


Bibliografia & Webgrafia DIREÇÃO GERAL DA SAÚDE. Orientação 014/2020 DATA: 21/03/2020. Infeção por SARS-CoV-2 (CoViD-19) Limpeza e desinfeção de superfícies em estabelecimentos de atendimento ao público ou similares. DIREÇÃO GERAL DA SAÚDE. Saúde e atividades diárias - Medidas Gerais de Prevenção e Controlo da CoViD-19. 14 de maio de 2020. ORDEM DOS MÉDICOS.Viver em tempo de CoViD-19- SARS-CoV-2. Novembro de 2020. https://www.ecdc.europa.eu/en/CoViD-19-pandemic https://www.ihmt.unl.pt/origem-e-dispersao-pandemica-do-coronavirus-sars-cov-2-causador- da-CoViD-19/ https://www.ordemdospsicologos.pt/pt/noticia/3287

Iconografia Páginas 9 (topo), 10, 11, 12, 13, 16 6 18, diagramas e fotos: República Portuguesa | Serviço Nacional de Saúde | Direção Geral de Saúde; pág. 3, 4 e 5, ilustração: Centers for Disease Control and Prevention’s Public Health Image Library (PHIL), Domínio Público. pág. 6, diagrama topo: Patrick J. Lynch, medical illustrator_Attribution 2.5 Generic (CC BY 2.5); fotos: NIAID Integrated Research Facility in Fort Detrick, Maryland. Credit: NIAID, Domínio Público; pág. 14, diagrama base: Infarmed. I.P.; pág. 19 (centro), diagrama: Henry Vandyke Carter and one more author - Henry Gray (1918) Anatomy of the Human Body, Domínio Público; pág. 8 (centro), 9 (centro e em baixo), ilustrações: Organização Mundial de Saúde. Capa e pág. 2, 6 (centro), 7, 8, 9, 15, 16 (topo), 17 e 19, diagramas e ilustrações: Fernando Pinto (contafios).

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PUBLICAÇÃO PROPRIEDADE SUPERVISÃO TEXTOS DESIGN|PAGINAÇÃO EDIÇÃO

Ficha Técnica

CoViD 19 - Medos e Angústias nas Rotinas Familiares CLDS4G SESIMBRA FAMÍLIA+ Paulo Pires Ana Duarte, Vanda Robalo Fernando Pinto 1 | janeiro 2021

AGRADECIMENTOS Pais e Mães - FAMÍLIAS que participaram no Webinar.


Cartaz evento decorrido em Clínica 2020 Vanda Robalo Bióloga do Ana Duarte e Psicóloga

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