Ribeira Hub - Galerias e Coworking

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Requalificação Arquitetônica do Edifício Presidente Café Filho

CLEYTON SANTOS NATAL - RN JUNHO / 2016


Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura e Urbanismo.

Medeiros, Cleyton Santos de. Ribeira Hub, galerias e coworking: requalificação arquitetônica do edifício Presidente Café Filho / Cleyton Santos de Medeiros. – Natal, RN, 2016. 123f. : il. Orientador: Clewton Nascimento. Co-Orientadora: Clara Ovídio. Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e Urbanismo. 1. Arquitetura moderna – Monografia. 2. Projeto de intervenção – Edifício Presidente Café Filho – Natal-RN – Monografia. 3. Espaço Coworking – Monografia. 4. Galerias – Monografia. I. Nascimento, Clewton. II. Ovídio, Clara. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título. RN/UF/BSE15

CDU 72.03


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

REQUALIFICAÇÃO ARQUITETÔNICA DO EDIFÍCIO PRESIDENTE CAFÉ FILHO

CLEYTON SANTOS DE MEDEIROS

NATAL – RN JUNHO/2016 3


CLEYTON SANTOS DE MEDEIROS

RIBEIRA HUB: GALERIAS E COWORKING REQUALIFICAÇÃO ARQUITETÔNICA DO EDIFÍCIO PRESIDENTE CAFÉ FILHO

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista. Orientador: Prof. Dr. Clewton Nascimento Co-orientadora: Prof. Msc. Clara Ovídio

NATAL – RN JUNHO/2016 4


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

RIBEIRA HUB: GALERIAS E COWORKING REQUALIFICAÇÃO ARQUITETÔNICA DO EDIFÍCIO PRESIDENTE CAFÉ FILHO

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista.

Aprovação em ____ de __________________ de _______.

BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Clewton Nascimento Professor Orientador – UFRN ___________________________________________ Clara Ovídio Professora co-orientadora – UFRN ___________________________________________ Professor – UFRN ___________________________________________ Arquiteto Convidado

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Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria. 1 Coríntios 13

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Aos meus pais, Alzeni Altina e Clemilton Alves. Aos meus amigos. Aos meus tios Edno e Das Neves, e meus primos, Cida Santos e Carlos Roberto.

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AGRADECIMENTOS Primeiro de tudo, e como de costume, agradeço a Deus por chegar até aqui, Ele que é o início e o fim de tudo deve estar na primeira linha deste excerto não apenas como uma praxe, mas como uma busca pessoal de referência primeira a todo e qualquer movimento que seja dado. Obrigado Senhor! Pelo dom da vida, e por dar-me as capacidades físicas e intelectuais necessárias para terminar o terceiro grau de escolaridade. Continuando a agradecer queria explicar também que este texto pode apenas “compor um cenário” de gratidão, mas ainda assim não será a representação real de todos os Obrigados que poderiam ser dados. Este cenário representativo está separado por partes, sendo estas partes feitas de “gente”, das pessoas que estão ou estiveram nessa jornada. Agradeço aos meus pais Clemilton e Alzeni, a eles dedico este trabalho. Sei que eles me amam incondicionalmente e estão sempre torcendo por mim. Vocês dois estão se graduando agora junto comigo, sintam-se parte disso porque é assim que foi e é assim que será sempre. Obrigado por todo o apoio que sempre esperarei dos dois. Ainda neste quesito família, agradeço também a todos que sempre torceram por mim, meu irmão Thiago e todos os meus primos. Agradeço especialmente aos meus tios Edno e Maria das Neves por ter passado um tempo na casa deles e aos meus primos Cida e Carlinhos, por todo o suporte que me foi dado e que ainda é dado a mim em Natal, uma vez que eu não moro mais com meus pais. Vocês e os meus tios são meus “pais postiços”, muito obrigado. Partindo agora para o nosso “universo galinheiro”, gostaria de agradecer aos meus orientadores, Prof. Clewton Nascimento e Profa. Clara Ovídio, pela grandiosa contribuição como guias acadêmicos deste trabalho. Obrigado pela paciência, por dedicar parte de suas agendas a mim. Obrigado por sempre terem me engajado a justificar as decisões de projeto que foram feitas. Desejo que continuem firmes na atividade da docência, muitos e muitos ainda precisam ouvir de vocês. Agradeço ao professor Paulo Heider, pois se esse trabalho existe a culpa é toda dele, que teve a paciência de conversar comigo sobre meu TFG e me trouxe o edifício do IPASE como objeto de estudo. Agradeço à minha turma de 2009.2, os @arquitetônicos, ou os rangers: Maria, Meline, Lenilson, Ana Lú, Iran, Fernando, Rui, Viviane, Marília, Barbara, Maísa, Mariana, Ana Luiza, Érica, Nikei, Ismara, Kelben, Michel, Ana Cris, Maxwell e Philippe. A eles eu também devo muito desta trajetória. Amadurecemos juntos, trabalhamos juntos, aprendemos juntos, viramos noites juntos e zoamos juntos também. Agradeço a cada um de vocês, foram essenciais nessa jornada. Fomos uma turma muita engajada acredito eu, sabíamos o momento de falar sério, de discutir sobre arquitetura e cidade, ao mesmo tempo sabíamos descontrair e deixar os momentos de trabalho menos pesados. Em especial agradeço ao grupo “Felipetes” composto pelas fadas da Felipéia: Mariana Lucena, Barbara Gondim, Marilia Carvalho e Maísa Cortez. Muito obrigado amigas do coração, pelos anos de parceria nos trabalhos, mesmo quando separados ainda nos preocupávamos uns com os outros. Deixo o recado geral a todos os Arquitetônicos que sempre estarei torcendo por vocês, acredito no talento de cada um, continuemos amigos para sempre meus queridos! 8


Agradeço às bases de pesquisa da qual fui parte durante a graduação e todas as pessoas que estiveram juntas nesse tempo e que se tornaram amigos para mim. Primeiro ao grupo MUsA, que me iniciou no mundo da pesquisa, obrigado a todos, “musas e musos” (alunos ou professores) que acenderam em mim um carinho com o tema do patrimônio construído. Obrigado a Profa. Edja Trigueiro por todos os ensinamentos durante o período que trabalhei como seu bolsista. Dentro deste tempo, nos engajamos no 4º Docomomo N/Ne, que foi um período de muito aprendizado e aproximação com o modernismo. Foi de lá que saí decidido a fazer o TFG com esse tema, por isso, obrigado aos professores envolvidos: Clewton, Marizo, George, Natália, Paulo Nobre, Paulo Heider, Rubenilson e Edja. E aos amigos de curso: Lívia Nobre (Livinha S2), Nicolas Martino e Helisson Salviano que foram o “team MUsA” naquele momento. Outra base de pesquisa que também foi de grande importância para mim é o LABCON, pois foi como um universo novo que se abriu, com pessoas que também deram-me muito suporte. Agradeço ao Prof. Aldomar Pedrini pela tamanha generosidade com os alunos, você é uma fonte de inspiração. Agradeço aos meus chefes da OIEdifica: Alice, Giovani e Marcela que me acolheram e tiveram paciência de passar conteúdos sobre eficiência energética. Aos meus amigos bolsistas da OIA, Larisse Hellen (Lari) e Bartira Calado pela prazerosa convivência nesse tempo. Também agradeço ao pessoal do outro lado da sala: Clara Ovídio, Emanuelle Séfora, Carolina Dias e Lara Cavalcanti pela boa convivência e troca. Agradeço a PROAE pela assistência prestada a mim durante alguns semestres da graduação com o RU, queria muito que ela se estendesse para mais e mais alunos, mesmo àqueles que não atendem os requisitos da PROAE mas que eu sei que seria muito importante ajudá-los, fica o recado pelo menos. Agradeço a Comorg EREA Natal 2013, não tenho como citar nomes porque vejo a gente como um grupo. Obrigado pelo aprendizado e grande desafio que empreendemos juntos. Aprendi muito com vocês e acredito que nosso esforço de grupo deixou frutos. Obrigado a minha diretoria de atividades, pois as pessoas de lá me puxaram a aprender muito sobre cidade. Não conseguimos mensurar o impacto do Encontro mas acredito que ele foi bem positivo. Este excerto já virou textão do Facebook, mas não teria como ser diferente, pois a UFRN é um divisor de águas na minha vida. Ela deu a mim muitas oportunidades e dentro delas muitas pessoas estavam junto. Uma das grandes oportunidades durante a graduação foi o intercâmbio acadêmico através do Ciência sem Fronteiras, este momento da jornada ainda está recente, ainda posso sentir muitas coisas vividas. Não tenho como agradecer a oportunidade que me foi dada através da CAPES porque ela é única. A experiência rompe as barreiras da academia pois não foi só um intercâmbio acadêmico, foi uma experiência de vida. Obrigado ao MEC pela iniciativa, peço que continue lutando pela Educação no Brasil. Um Obrigado cheio de nostalgia para as famílias UMD G3 da humildade e família Parças ASU que partilharam comigo essa jornada, são muitos nomes, então vou fazer o DiCaprio no Oscar 2016 e dizer: my friends, I love you dearly! You know who you are. Voltando agora ao semestre atual, este TFG não seria o que é se não fosse a ajuda de amigos muito queridos: Jayne Pereira e Fernando Cortez pela ajuda no tratamento das renderizações, vocês deram o brilho que as minhas ideias precisavam, S2. Marília Carvalho e Igor Santos pelala 9


ajuda no AutoCAD e Maria Heloísa pela ajuda com a impressão, S2 para vocês também. Desejo que a roda da bondade vire para mim em algum momento para que eu possa retribuir todo o apoio que me foi dado neste momento final. Agradeço a todos os professores que fazem parte do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN. Agradeço ao PPGAU, na pessoa de Nicolau por ter sido sempre solícito comigo nas minhas perguntas ou no meu vício pelo café que está sempre quente por lá. Obrigado e desculpa pelo aperreio. Se o destino permitir poderei voltar para pegar mais café com vocês sendo aluno do PPGAU dessa vez. Agradeço ao galinheiro por ser literalmente minha segunda casa, mesmo nessa season finale, onde não existem aulas, o “galinho” foi presente diariamente e todos que lá estavam. Seu Mário, obrigado pelas gentilezas de sempre. Obrigado aos meus amigos da velha guarda, ou os que ainda restaram por terem sido minhas companhias neste período meio solitário pelo galinheiro. Obrigado, Manuela Carvalho e Renato Gomes pelas risadas e boas conversas, à Luiza de Melo e sua trupe do sexto período por terem sido os meus companheiros de Coworking no galinheiro. A todos que passavam para trocar ideias e dar boas energias. Não poderia deixar de citar a minha turma atual, a Turma Diferentona, que agrega várias outras turmas. Obrigado pela parceria nesta etapa final através do apoio remoto pelo WhatsApp ou pelas conversas presenciais no galinheiro. O bom desse curso é que se faz amigos independente de período ou turma original. Por fim, é chegado o fechamento deste ciclo, ele está sendo um misto de grande Alegria e inseguranças ao mesmo tempo. Oro a Deus que me dê discernimento necessário para entender que a vida é feita de ciclos, que eles precisam fechar para que o Novo venha. Pois então, que o Novo venha!!! No mais, desejo Sorte a todos nós. Amém!

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RESUMO Este trabalho é uma proposta de requalificação arquitetônica do Edifício Presidente Café Filho, mais conhecido como Edifício do IPASE. Situado na região limite entre os bairros da Ribeira e Rocas (Natal-RN), o edifício que outrora foi considerado um marco urbano de modernização (década de 1950), por conta de seu porte e de sua linguagem arquitetônica modernista, hoje se apresenta deteriorado e ocioso. Apesar da obsolescência funcional encontrada no edifício, é observado o potencial existente para um reuso arquitetônico. Dessa maneira, a proposta de intervenção objetiva a implantação de um novo conceito para o edifício, a partir dos novos usos adotados: Galerias e Espaços de Coworking. Os novos usos requalificam o edifício como um catalisador de atividades no tecido urbano do entorno, a partir da atração de usuários nas galerias, e a partir da relação que o edifício pode criar com os equipamentos culturais do bairro da Ribeira. O produto da intervenção, em um objeto de interesse patrimonial, objetivou a preservação dos valores estéticos e arquitetônicos da arquitetura modernista pré-existente, e ao mesmo tempo, potencializou o impacto do edifício em seu entorno através da diversidade de usuários e de novas formas de usar o espaço.

Palavras-chave: Arquitetura Moderna, Projeto de Intervenção, Edifício Presidente Café Filho, Espaços de Coworking, Galerias.

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ABSTRACT This project is a proposal of adaptive reuse to the President Café Filho’s Building, more known as Edifício do IPASE. Located at the boundaries within the neighborhood of Ribeira and Rocas (Natal/RN-Brazil), the building which were considerate as a landmark of modernization (in the 1950’s), because of its scale and its modernist design, nowadays, is identified as a damaged and obsolete building. Despite of the observed functional obsolescence in the building, the existing potential to an adaptive reuse is raised as a positive issue. Thus, the design proposals in this project aim to give to the building a new concept from the new facilities: Galleries and Coworking Spaces. These new facilities perform the building’s refurbishment, becoming a catalyzer of activities in the urban fabric, and creating new relationships with the other cultural equipment in the nearby area. The product of adaptive reuse in a potential heritage, aimed to preserve the aesthetical and architectural values from the existing building. At the same time, the new concept improved the building’s impact in the urban fabric, through the new users and new ways to use the spaces.

Palavras-chave: Modern Architecture; Adaptive Reuse; President Café Filho’s Building; Coworking Spaces; Galleries.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Edifício Pres. Café Filho na década de 1980 (Cartão Postal da época). ...................... 23 Figura 2 - Localização do Edifício Pres. Café Filho entre os bairros Ribeira e Rocas. .................. 23 Figura 3 - Esquema dos blocos horizontal e vertical sobrepostos. ............................................. 24 Figura 4 - Edifício do IPASE em seus primeiros anos de funcionamento no bairro da Ribeira. .. 25 Figura 5 - Espaço de circulação sobre o Pilotis no térreo. .......................................................... 26 Figura 6 - Diagrama de disposição de aberturas no IPASE. ......................................................... 27 Figura 7 - Painel em peças de azulejos por Dorian Gray e Newton Navarro. ............................. 28 Figura 8 - Planta do pavimento térreo – levantamento em anterior a 2009. ............................. 29 Figura 9 - Planta do pavimento tipo correspondente aos cinco pavimentos do bloco vertical.. 30 Figura 10 - Esquema de figuras da Escada Helicoidal no centro do bloco vertical. ................... 31 Figura 11 - Fachada posterior deteriorada. ................................................................................ 33 Figura 12 - Espaço ocioso do sexto pavimento no edifício. ........................................................ 33 Figura 13 - Diagrama de conceitos para a proposta de requalificação. ...................................... 34 Figura 14 - Galeria de Vivienne em Paris. ................................................................................... 36 Figura 15 - Entrada da Galeria Califórnia no edifício homônimo. ............................................... 36 Figura 16 - Implantação da Galeria Califórnia e sua comunicação com o entorno na quadra. .. 37 Figura 17 - Planta baixa do térreo na Galeria Califórnia. ............................................................ 37 Figura 18 - Planta baixa do primeiro pavimento na Galeria Califórnia. ...................................... 38 Figura 19 - Porcentagens sobre a idade dos usuários de coworking pelo site deskmag.com. ... 41 Figura 20 - Mostra dos Escritórios da Google. ............................................................................ 42 Figura 21 - Conjunto do Museu de Arte do Rio formado pelos edifícios modernista e eclético. 50 Figura 22 - Fachada do Conjunto Pedregulho após intervenção de atualização. ....................... 51 Figura 23 - Fachada do Centro Empresarial Cidade Jardim. ....................................................... 55 Figura 24 - Recepção do Mesa Anexa e espaço de Coworking em 2013. ................................... 55 Figura 25 - Layout do Mesa Anexa antes da Ampliação. ............................................................ 57 Figura 26 - Layout do Mesa Anexa junto com a ampliação. ....................................................... 57 Figura 27 - Maquete eletrônica da ampliação com as salas de reunião e atendimento. ........... 58 Figura 28 - Montagem ilustrando a versatilidade da sala de coworking para outras atividades. ..................................................................................................................................................... 59 Figura 29 - Foto do Hall de acesso à sala de coworking e demais salas de reunião. .................. 60 Figura 30 - Foto de uma Sala de Atendimento feita na ampliação das dependências. .............. 60 Figura 31 - Copa coletiva e Lavabo. ............................................................................................. 61 Figura 32 - Sala de Reunião de grupo.......................................................................................... 61 Figura 33 - Sede do Instituto Metrópole Digital. ......................................................................... 62 Figura 34 - Planta geral das dependências do Inova Metrópole................................................. 63 Figura 35 - Sala de empresa incubada Roboeduc com capacidade para 10 estações de trabalho. ..................................................................................................................................................... 64 Figura 36 - Sala da empresa Eject. .............................................................................................. 64 Figura 37 - Copa e espaço de alimentação compartilhados. ...................................................... 65 Figura 38 - Edifício Casa do Ator 919 construído pelo Grupo Newmark Grubb. ........................ 66 Figura 39 - Disposição em planta dos ambientes da Cubo Coworking. ...................................... 68 Figura 40 -– Espaços do Cubo – ambiente de coworking do primeiro pavimento e ambiente do rooftop no quarto pavimento.nte do rooftop no quarto pavimento. ........................................ 69 13


Figura 41 - Salas exclusivas de trabalho para dez ou mais funcionários. .................................... 69 Figura 42 - Auditório do Cubo com capacidade para 130 pessoas. ............................................ 70 Figura 43 - Imagem da antiga da usina elétrica à esquerda e imagem recente antes da chegada do Campus Google. ..................................................................................................................... 71 Figura 44 - Fachada Sul – entrada principal de usuários. ............................................................ 72 Figura 45 - Pavimentos de coworking e salas correlatas. ........................................................... 72 Figura 46 - Auditório com capacidade para 200 pessoas............................................................ 73 Figura 47 - Esquema de localização o edifício de estudo dentro da poligonal de entorno. ....... 78 Figura 48 - Estudo de terreno para estacionamento. ................................................................. 79 Figura 49 - Carta solar implantada no terreno para observação da insolação. .......................... 81 Figura 50 - Esquema simplificado da trajetória solar no edifício. ............................................... 82 Figura 51 - Análise da insolação direta nas fachadas durante em faixas do ano. ....................... 83 Figura 52 - Vista da cobertura para o Rio Potengi e Ponte Newton Navarro. ............................ 84 Figura 53 - Panorâmica do entorno na Fachada frontal do sexto pavimento. .......................... 84 Figura 54 - Fluxograma geral para o edifício de estudo. ............................................................. 86 Figura 55 - Fluxograma do coworking. ........................................................................................ 87 Figura 56 - Fluxograma do grupo e Reunião e Atendimento. ..................................................... 87 Figura 57 - Fluxograma do grupo de programa das galerias. ...................................................... 88 Figura 58 - Fluxograma dos espaços de descompressão do Coworking. .................................... 88 Figura 59 - Raios de atratividade com os equipamentos ao redor do Ribeira Hub. ................... 90 Figura 60 - Esquema viário de conexões com os equipamentos do entorno do edifício. .......... 91 Figura 61 - Esquema de distribuição dos pavimentos................................................................. 92 Figura 62 - Croqui de concepção para o espaço de galerias do térreo. ...................................... 93 Figura 63 - Esquema da relação de fluxos desejados na galeria. ................................................ 94 Figura 64 - Croqui da intenção espacial e volume do quiosque na galeria. ................................ 94 Figura 65 - Terraço no segundo pavimento na fachada Sul – bloco horizontal. ......................... 95 Figura 66 - Início dos croquis de concepção formal da inserção do novo no pré-existente. ...... 96 Figura 67 - Croqui do conceito do partido desejado para o anexo do auditório. ....................... 96 Figura 68 - Maquete física de concepção volumétrica. .............................................................. 97 Figura 69 - Escala entre o volume em balanço e o conjunto existente. ..................................... 97 Figura 70 - Volume de massa das inserções................................................................................ 98 Figura 71 - Esquema de distribuição do programa. .................................................................... 99 Figura 72 - Núcleo de escritório na empresa Walmart São Paulo. ........................................... 100 Figura 73 - Imagem da galeria no térreo, entrando pela Fachada Sul. ..................................... 101 Figura 74 - Vista interna de um caminho da galeria entre quiosques em direção à Esplanada Silva Jardim. ............................................................................................................................... 101 Figura 75 - Planta tipo, segundo levantamento arquitetônico do edifício - dados de 2009. ... 102 Figura 76 - Planta tipo após projeto de reforma. ...................................................................... 103 Figura 77 - Espaço de Coworking 2. .......................................................................................... 105 Figura 78 - Recepção do Espaço de Coworking 2. ..................................................................... 105 Figura 79 - Vista do Terraço Mirante. ....................................................................................... 106 Figura 80 - Módulo de aberturas da fachada cortina. .............................................................. 107 Figura 81 - Simulação do SunTool - Fachada Oeste, 40 graus. ................................................. 108 Figura 82 - Detalhe do sistema de automatização da persiana. ............................................... 109 Figura 83 - Vista de esquina do conjunto final do Ribeira Hub. ................................................ 109 14


Figura 84 - Vista do volume do anexo dentro do conjunto pré-existente. ............................... 110 Figura 85 - Conjunto edificado da OCAD após intervenção. ..................................................... 111 Figura 86 - Estrutura metálica projetada para a OCAD. ............................................................ 112 Figura 87 - Exposição da solução estrutural do auditório. ........................................................ 113 Figura 88 - Fachada com pele perfurada - Studio PAD. ............................................................ 114 Figura 89 - Fachada do Anexo novo - Auditório. ....................................................................... 115 Figura 90 - Vista interna do Auditório - topo da arquibancada. ............................................... 115 Figura 91 - Vista interna do Auditório - visão do palco. ............................................................ 116 Figura 92 - Identificando a intervenção dentro das Escalas desenvolvidas por TIESDELL. OC. HEATH. (1996). .......................................................................................................................... 117 Figura 93 - Fachada Sul da proposta final de intervenção. ....................................................... 118

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LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Elementos de interesse patrimonial na arquitetura modernista do IPASE................75 Tabela 2 – Programa de Necessidades. ......................................................................................85

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 19 1

REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO E EMPÍRICO. .................................................... 22 1.1

Edifício do IPASE-RN: um ícone da arquitetura moderna em Natal. .......................... 22

1.1.1

Caracterização Geral ........................................................................................... 22

1.1.2

Aspectos Espaciais ............................................................................................... 29

1.2

Da obsolescência à nova proposta de vida ao IPASE. ................................................. 32

1.2.1

Galerias: espaços de sociabilidade. ..................................................................... 35

1.2.2

Espaços de Coworking: um novo conceito de espaço de trabalho. .................... 38

1.3

A noção de patrimônio. ............................................................................................... 42

1.4

Conceitos de Intervenção na Arquitetura. .................................................................. 44

1.4.1Escalas de intervenção: Uniformidade, justaposição e continuidade contextual. ..... 47 1.5 2

ESTUDOS DE REFERÊNCIA................................................................................................... 53 2.1

Estudos diretos ............................................................................................................ 54

2.1.1

Mesa Anexa – Espaço de Coworking ................................................................... 54

2.1.2

Inova Metrópole .................................................................................................. 62

2.2

3

Intervenções em Patrimônio Modernista, desafios e possibilidades. ........................ 48

Estudos indiretos ......................................................................................................... 66

2.2.1

Cubo Cowoking.................................................................................................... 66

2.2.2

Campus Google Madri ......................................................................................... 71

O METAPROJETO ................................................................................................................ 75 3.1 O IPASE como artefato patrimonial modernista – elementos do edifício a serem preservados. ............................................................................................................................ 75

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3.2

Condicionantes Legais ................................................................................................. 77

3.3

Condicionantes do Terreno. ........................................................................................ 81

3.4

Programa de Necessidades. ........................................................................................ 84

A PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO ARQUITETÔNICA ....................................................... 89 4.1

Conceito da proposta .................................................................................................. 89

4.2

Desenvolvendo as propostas. ..................................................................................... 92

4.3

RIBEIRA HUB, galerias e coworking: um breve memorial. .......................................... 99

4.3.1

Sobre as Galerias ............................................................................................... 100

4.3.2

Sobre os Espaços de Coworking. ....................................................................... 102

4.3.3

Considerações sobre a fachada e aspectos de conforto térmico. .................... 107

4.3.4

Sobre o anexo novo – Auditório ........................................................................ 110 17


4.3.5 5

Sobre o conjunto edificado após as intervenções. ........................................... 116

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 118

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 120 APÊNDICES ................................................................................................................................ 123

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INTRODUÇÃO

A produção da arquitetura modernista está inserida num panorama fruto das mudanças históricas ocorridas no início do século XX. Segundo ARGAN (2006), as novas práticas de consumo e produção foram rebatidas no emprego de uma nova estética nas artes e na arquitetura, as quais se desligavam da produção corrente com a estética e as diretrizes advindas das escolas clássicas ou conservadoras. Partindo de princípios norteadores, desenvolveram-se diferentes maneiras de pensar e produzir dentro do conceito funcionalista, objetivando a produção seguindo uma lógica industrial, lidando com aspectos de racionalização, que poderia ser adotado ao nível internacional. No caso brasileiro, a arquitetura moderna é considerada uma importante escola, pois observa-se que o pensamento modernizador iniciado pela construção do MES1 e, por conseguinte pela consolidação dos conceitos, advindos do grupo formado por figuras como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Afonso Reidy, Jorge Moreira, Gregori Warchavchik, Vilanova Artigas, que fomentou a formatação de uma arquitetura moderna com uma linguagem e escola próprias, se difundindo em outras regiões do país, chegando ao Nordeste e recebendo um linguagem que se relaciona com as condições climáticas tropicais do sítio, a partir de soluções como: cobogós, ventilação cruzada, áreas de transição entre os ambientes externos e internos, entre outras soluções. A historiografia aponta que a arquitetura modernista ainda exerce forte influência na contemporaneidade da arquitetura brasileira, pois ainda é fortemente referenciada e estudada tanto na formação como na atuação profissional dos arquitetos. Apesar disso, já vivemos uma conjuntura de esquecimento e obsolescência dos exemplares da escola modernista. No cenário nordestino, mais precisamente na cidade do Natal-RN, observa-se que após a fase de difusão e dispersão da produção modernista, essa herança vai entrando em um processo lento e gradativo de dilapidação, como exposto em OLIVEIRA, (2015): Desde os anos 80 temos testemunhado o desmonte do patrimônio arquitetônico modernista, seja através de intervenções que desrespeitam as características desse patrimônio, ou através da própria demolição destes exemplares. O que percebemos é a carência de leis que visam a preservação efetiva do acervo modernista. (OLIVEIRA, 2015 pág. 14)

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Ministério da Educação e Saúde – Palácio Capanema, 1936.

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De fato, a cidade do Natal passa por um processo de dilapidação de seus exemplares modernistas, principalmente residenciais, alimentado pela constante renovação dos cenários a partir de interesses privados. Além das “mortes”2 do acervo residencial, registradas nos monitoramentos feito pelos estudiosos e pesquisadores locais, expostas em artigos, trabalhos de graduação, etc., nota-se também um descaso com relação aos edifícios de maior porte que comporta usos institucionais. Episódios marcantes na cidade, já ocorridos, ratificam o caráter de obsolescência dado a alguns edifícios institucionais modernistas, tendo como um primeiro grande fato, a completa demolição do Estádio João Luiz Machado (Machadão). Porém, também há outros casos de abandono ou descaracterização dos edifícios que ainda estão presentes no tecido da cidade como herança desta produção. Podemos exemplificar este aspecto, citando: o Hotel Reis Magos, o Cine Nordeste e o Clube Social do América. Dentre estes objetos arquitetônicos que sofrem processos de dilapidação figura um edifício institucional na cidade de Natal que é o objeto de estudo deste trabalho: O Edifício Presidente Café Filho – mais conhecido como Edifício do IPASE no bairro da Ribeira. Considerado como um dos ícones da arquitetura moderna em Natal, segundo pesquisa do grupo MUsA3, este edifício que abriga as atividades administrativas da Previdência Social (INSS), foi indicado pelo Professor Paulo Heider Feijó (DARQ/UFRN) ao discente deste trabalho como um destes exemplares modernistas dilapidados, e portanto, tomado como objeto de estudo, uma vez que observa-se nos últimos anos um quadro de subutilização e má conservação para este edifício. Apesar de possuir cinco pavimentos, são utilizados apenas dois com as atividades da previdência social, enquanto todo o espaço restante de área útil está ocioso e entregue aos processos de degradação pela falta de uso. O que ocorre com o edifício do IPASE é um fenômeno descrito por PRUDON (2008), em seu livro Preservation of Modern Architecture, como um caso de Obsolescência Funcional, que de forma geral pode ser explicada como uma estrutura que antes foi pensada para atender certa demanda, mas que passa por um processo de abandono por não atender ou não estar de acordo com as necessidades programáticas atuais e como consequência, passa por processo de abandono, falta de uso e/ou deterioração. Segundo PRUDON (2008):

A obsolescência funcional e física são centrais para a discussão e dilemas da preservação da arquitetura moderna. A evolução do original uso (frequentemente específico) a constante mudança imobiliária residencial e 2

Termo categorizado por Luiz Amorim em seu livro Obituário Pernambuco Modernista (2007) onde o mesmo coleta e categoriza qualitativamente o desmanche dos edifícios modernistas a partir dos diferentes tipos de “mortes” (prematura, por parasitas, etc.) como perdas total ou parcial do patrimônio. 3 Grupo de Pesquisa Morfologia e Usos da Arquitetura – DARQ/UFRN

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comercial impõem novas e inesperadas demandas sobre os edifícios, fato que ameaça a preservação destes, a longo prazo. (PRUDON, 2008:25)

Diante destas constantes ameaças e partindo das discussões consolidadas sobre a problemática de conservação do acervo moderno em Natal, a proposta de trabalho de graduação, empreendida aqui, trata da ação em projeto de reuso arquitetônico do Edifício Presidente Café Filho (IPASE), com vistas à inserção de um novo conceito de usufruto do edifício assegurando a sua vitalidade, seu papel social e, por conseguinte, a preservação dos valores patrimoniais do edifício moderno, se configurando então, como o objetivo geral deste estudo. O objeto de estudo, compreende o conjunto construído do edifício Presidente Café Filho e seu entorno imediato do sítio, entre as ruas Almino Afonso e Esplanada Silva Jardim. Dentre os objetivos específicos deste trabalho, estão o estudo de estratégias de intervenção e revitalização em edifícios considerados bens patrimoniais, uma vez que se trata de um projeto arquitetônico que lida com uma arquitetura pré-existente, encarada como um artefato patrimonial modernista na cidade. Outro objetivo específico, é a identificação dos valores patrimoniais do objeto edificado, para traçar as diretrizes de soluções em projeto arquitetônico de reuso. Também fez-se necessário entender o agenciamento e programa de um uso misto: corporativo e cultural proposto para a requalificação do edifício. O desenvolvimento da proposta de intervenção está dividido nas seguintes partes: primeiro, apresenta-se o estudo de um referencial teórico-metodológico como base para o entendimento sobre o objeto arquitetônico, sobre conceito de patrimônio, sobre intervenções em bens patrimoniais. Ainda nesta primeira parte, está presente um breve quadro sobre intervenções em edifícios modernistas, além da explicação sobre os novos usos implantados no edifício. Em seguida, a segunda parte deste trabalho entra nos estudos de referências diretos ou indiretos, essenciais para o entendimento do uso de coworking implantado na proposta. Por conseguinte, as partes 3 e 4 do trabalho focam na descrição do exercício de projeto, primeiro entendendo as condicionantes e o programa de necessidades e, após isso, descrevendo o processo de projeto e o memorial descritivo/justificativo da proposta.

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1

REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO E EMPÍRICO.

1.1

1.1.1

Edifício do IPASE-RN: um ícone da arquitetura moderna em Natal.

Caracterização Geral

O Edifício do Instituto de Pensão e Aposentadoria dos Servidores do Estado – IPASE é formalmente denominado Edifício Presidente Café Filho, em virtude da inauguração do edifício pelo referido presidente em exercício no ano em que equipamento foi inaugurado (em 1955). Dentro da década a qual, de acordo com MELO (2004), marca de uma real chegada da arquitetura modernista nos projetos, antes apenas iniciada pelo edifício Escritório Saturnino de Brito no inicio em 1938. Fortemente influenciado pela escola pernambucana, através de obras de arquitetos como Delfim Amorim, Heitor Maia Neto, Didier, além de arquitetos potiguares que residiram em Recife, durante sua formação, os projetos elaborados por arquitetos, construtores e desenhistas deram lugar a exemplares da mais pura expressão modernista atrelada aos princípios da Escola Carioca. (PEREIRA, et. al. 2009:10)

Dentro desta fase de disseminação tem-se o edifício do IPASE como um objeto do elenco de edifícios institucionais projetados segundo a estética e a tectônica racionalista. Outros exemplos de grande importância para a cidade são: Cine Nordeste (1958); a Sede do ABC Futebol Clube (1959), de Agnaldo Muniz, desenhista local; sede do América (1959), projetado por Delfim Amorim, e a sede da ASSEN (1959), projeto do arquiteto potiguar Raimundo Gomes. O IPASE, se situa na Esplanada Silva Jardim, bairro das Rocas (Figura 2) – limítrofe com o bairro das Ribeira -, zona leste da cidade do Natal/RN, foi projetado pelo arquiteto carioca Raphael Galvão Junior do qual não se tem muitas informações, mas que diante das descrições citadas por PEREIRA et. al. (2009) considera-se que o arquiteto teve a formação dentro dos parâmetros da Escola Carioca de influências ‘corbuseanas’ com seus cinco pontos da nova arquitetura.

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Figura 1 - Edifício Pres. Café Filho na década de 1980 (Cartão Postal da época).

Fonte: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-758581921-31952-postal-natal-r-n-edificio-ipase-_JM

Figura 2 - Localização do Edifício Pres. Café Filho entre os bairros Ribeira e Rocas.

Fonte: Google Maps adaptado pelo autor.

As características arquitetônicas desse edifício já foram pontuadas com boa quantidade de informações sobre a qualidades arquitetônicas tanto do espaço como dos elementos compositivos, dessa forma a descrição do objeto de estudo para intervenção está pautada essencialmente nas descrições de dois trabalhos anteriores sendo estes: PEREIRA et. al. (2009) e MEDEIROS (1999). As informações coletadas pelas duas referências principais são

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representadas graficamente por fotografias feitas no edifício ou diagramas representativos das características arquitetônicas. Sobre os aspectos estéticos formais do edifício pode-se afirmar que o partido arquitetônico adotado no projeto se caracteriza pelo dinamismo obtido com o contraste entre o bloco principal, predominantemente vertical, e o bloco secundário - que o intercepta - horizontal. No projeto original e quando inaugurado o volume vertical é coroado por um volume prismático menor (com altura de um pavimento e recuo nas faces Leste, Norte e Sul), este volume foi alterado segundo informações coletadas por volta da década de 70 sendo ampliando em dimensões de praticamente outro pavimento no volume vertical para dar espaço a um refeitório para funcionários. O edifício possui ainda uma curvatura suave na quina do volume horizontal, contrastando, igualmente, com o perpendicularismo dominante em toda a estrutura. A Figura 3 apresenta um esquema da composição do partido.

Figura 3 - Esquema dos blocos horizontal e vertical sobrepostos.

Fonte: elaboração do autor.

A solução adotada no projeto do edifício do IPASE enfatiza o dinamismo resultante de diversos volumes justapostos. Segundo MEDEIROS (1999) a distribuição vertical do programa em 7 pavimentos fez com que o edifício se destaca na paisagem horizontal da Ribeira por suas dimensões e volumes, o prédio foi considerado o primeiro edifício vertical para a época e se destacou por muitos anos na paisagem sendo visto por diferentes localidades do bairro, a Figura 4 abaixo exibe o edifício na paisagem urbana da época. 24


Figura 4 - Edifício do IPASE em seus primeiros anos de funcionamento no bairro da Ribeira.

Fonte: Natal de Ontem, 1999.

Outro ponto importante na composição do volume é a adoção das colunas cilíndricas presentes como estrutura do edifício e que faz parte da composição estética ao mesmo tempo. A adoção dos pilotis no volume horizontal proporcionando um recuo da fachada e permitindo então a livre circulação e a formação de um espaço de transição e usufruto é uma das heranças fortes do receituário formal da Escola Carioca. Analisando essa questão, BRUAND (1991, p.89), descrevendo o edifício do MES, afirma: “as altas e delgadas colunas do bloco principal (10m) evitavam a sensação de esmagamento que certamente ocorreria caso o pilotis mantivesse a altura inicial proposta (3 a 4m)”. Esta mesma sensação pode ser percebida no edifício do IPASE uma vez que as colunas do passeio aberto, (estas se repetem no interior de todo o edifício) ao apresentarem um pé direito duplo (atingindo os 5m) se confrontam com a massa dos volumes do edifício, gerando certo grau de leveza. O gabarito geral do edifício se encerra a aproximadamente 30 metros de altura.

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Figura 5 - Espaço de circulação sobre o Pilotis no térreo.

Fonte: Luciana Alves, 2012.

A distribuição das colunas em planta e a adoção desta como uma estrutura independente das vedações proporcionou disposição de outro elemento parte das ideias compositivas do modernismo que são os grandes panos de vidro. Dessa forma, observa-se a disposição de grandes aberturas nas fachadas Leste/Oeste, apesar do alto índice de insolação que estas podem apresentar. O edifício em seu projeto e inauguração dispõe de janelas/portas em vidro que vão do teto ao chão na fachada da Rua Almino Afonso (Fachada Leste), porém a atual relação de cheios e vazios do edifício foi modificada desde a década de 80 e acredita-se que ocorreu a fim de minimizar a insolação direta nas fachadas, essencialmente as do bloco vertical que apesar de dispor de uma marquise projetada para fora em 0,80m não permite um amplo sombreamento dos panos de vidro. A Figura 6 mostra um diagrama que marca as faixas de aberturas horizontais no edifício.

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Figura 6 - Diagrama de disposição de aberturas no IPASE.

Fonte: Elaboração do autor a partir de fotografia datada da década de 80.

PEREIRA et. al. (2009) também pontuam que na fachada oposta (Oeste) observa-se a parede lisa, com panos de vidro, sem qualquer proteção do sol; um contrassenso para os autores, considerando as características bioclimáticas da cidade e a necessidade de proteção da fachada voltada para o sol da tarde. Quanto à inserção de obras de arte, o prédio do IPASE apresenta um painel em mosaico assinado pelos artistas Newton Navarro e Dorian Gray Caldas, representando aspectos do imaginário da cultura popular. O painel, segundo dados da notícia do Jornal de Natal, 13/03/1956 exposta no artigo de PEREIRA et. al. (2009), mede 2,25cm de altura, por 1,90cm de largura, representando a colheita dos benefícios que prodigaliza, ao mesmo tempo, temas regionais da cidade, focalizados em cores. A Figura 7 demonstra o painel que se faz presente desde a inauguração do edifício até a atual data e em bom estado de conservação.

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Figura 7 - Painel em peças de azulejos por Dorian Gray e Newton Navarro.

Fonte: Camila Furukava, 2009.

Podemos considerar que a composição arquitetônica do IPASE apresenta similitudes com os princípios compositivos do edifício do Ministério da Saúde e Educação (MES), precursor da arquitetura moderna no Brasil, onde se destaca o início da formação da chamada Escola Carioca.

Uma observação minuciosa da tipologia adotada pela edificação, nos remete a um período da arquitetura moderna assim caracterizada: são resgatados os velhos cobogós, as treliças e os azulejos de revestimento, para uso juntamente com os princípios defendidos por Le Corbusier – pilotis; tetojardim; autonomia das paredes, em relação à estrutura, e janelas-cortina. (PEREIRA et al. 2009:13).

Todas essas características estéticas-formais supracitadas que estão presentes na sede do IPASE ratificam a influência que o movimento moderno exerceu sobre os novos edifícios da cidade, como uma expressão material de progresso e crescimento.

A presença dos elementos

modernistas que caracterizam uma época de nossa arquitetura em nível local e nacional, fazem do edifício do IPASE um patrimônio cultural da cidade pois revelam qualidades técnicas e são um testemunho vivo da arquitetura modernista na sua fase de grande “euforia de ideias” e implantação e circulação de tecnologias novas de construir e de usar o espaço.

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1.1.2

Aspectos Espaciais

Sobre as características espaciais do edifício podemos descrever que o programa arquitetônico se compõe como espaços administrativos de uma repartição pública e tem uma tipologia de “landscape office”. Segundo MEDEIROS (1999) o programa ocupa um lote de aproximadamente 1.400m². A disposição do programa espacial se dá da seguinte maneira: no bloco horizontal, o térreo (Figura 8) apresenta atualmente serviços de atendimento aos usuários da previdência social (INSS), por isso no térreo encontra-se uma grande região de guichês com atendentes, com bancadas e computadores, além disso, outras salas, no térreo, abrigam um programa administrativo interno e também salas de atendimento em perícia médica para os usuários.

Figura 8 - Planta do pavimento térreo – levantamento em anterior a 2009.

N

Fonte: Material cedido pelo Prof. Marizo Pereira.

O segundo pavimento, acima do térreo, que é parte do prisma horizontal da forma também abrigou instalações da repartição pública, mas que atualmente não está sendo usado. Em entrevista com o Engenheiro Kleber de Carvalho, realizada em meados de 2014, ele aponta que o uso do edifício do IPASE se dava da seguinte maneira: o térreo ocupava o serviço médico da

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repartição, os outros setores da repartição ocupavam o segundo pavimento do bloco horizontal e mais dois pavimentos do bloco vertical. O quarto e quinto pavimentos do bloco vertical eram ocupados pelo órgão DNOCS4. Sobre o último pavimento não foram mencionadas informações. No que se refere à disposição das plantas no pavimento tipo, é nítida a adoção do partido retangular, priorizando uma das direções (Norte-Sul). No Edifício Presidente Café Filho observam-se paredes laterais de contraventamento com treze metros (13m) de comprimento e uma trama de pilares distanciadas 4,20m entre si (sendo 4,50m a distância para as paredes laterais). O espaço interno apresenta-se sob a forma de plano livre, marcado apenas pelas colunas – independência estrutural –, recuadas em relação à fachada, possibilitando, ao mesmo tempo, ventilação cruzada e iluminação natural abundante.

Figura 9 - Planta do pavimento tipo correspondente aos cinco pavimentos do bloco vertical.

N Fonte: Material cedido pelo Prof. Marizo Pereira.

Como parte do programa do prisma vertical onde estão presentes o pavimento-tipo, os espaços de circulação, acessos e banheiros tomam uma posição centralizada na planta como uma espécie de núcleo. MEDEIROS (1999) descreve estes espaços da seguinte maneira:

O volume da escada compreende um semicírculo que saca do volume principal, criando mais um elemento na fachada voltada para o poente, os

4

Departamento Nacional de Obras Contra a Seca

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elevadores encontram-se próximos à escada, os banheiros estão dispostos em dois lances, sendo um centralizado junto aos acessos e circulações e dois excêntricos, contíguos a cada uma das paredes das fachadas Norte e Sul. (MEDEIROS, 1999:14)

A escada existente, descrita como um volume semicircular no bloco vertical, é feita em concreto moldado in loco e tem formato helicoidal. Esta escada é um elemento de destaque do edifício pelas curvaturas e pela inovação do formato para uma circulação vertical, na época de construção, na composição da escada vê-se um guarda corpo como parte de seu desenho revestido em pequenas pedras de pastilhas brancas. As vedações do volume cilíndrico foram executadas com uma trama de alumínio e vidro fosco, permitindo uma leve proteção da insolação, mas ao mesmo tempo, a entrada difusa da luz natural.

Figura 10 - Esquema de figuras da Escada Helicoidal no centro do bloco vertical.

Fonte: Camila Furukava, 2009.

As divisões internas do pavimento tipo se deram de acordo com as necessidades por meio de divisórias, já que o conjunto de colunas cilíndricas permitiu a flexibilização espacial. A configurações espaciais para um programa de escritórios e atendimento aos usuários ainda existem na edificação de forma parcial, pois como observado, com o passar do tempo o espaço antes utilizado em sua completude, hoje apresenta abandono e ociosidade. Portanto, diante do status de obsolescência funcional que o edifício apresenta atualmente é que pretendemos, nesse trabalho valorizar o IPASE como um edifício de interesse patrimonial e que para que ele seja vivo como uma herança que a cidade possui, precisamos entendê-lo como um marco urbano para as pessoas da cidade. Por isso, o objetivo final desta atividade é o exercício de

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projeto arquitetônico de intervenção nesta obra de arquitetura a fim de ratificar a qualidade projetual modernista e a referência urbana que a mesma é para os citadinos de Natal.

1.2

Da obsolescência à nova proposta de vida ao IPASE.

Tendo em vista as condições espaciais do edifício do IPASE e seu processo de ocupação durante as décadas, podemos pontuar que desde o início o edifício foi pensado como uso institucional. Por isso, a tipologia arquitetônica responde às atividades administrativas que ali ocorreriam. Um fato importante a ser destacado é que, desde a inauguração, o órgão da previdência social não ocupou todo o espaço construído e este edifício foi dividido com outros órgãos durante décadas. Inicialmente, com uma ocupação pelo DNOCS na década de 1960, após isso, houve a instalação da Agência Brasileira de Inteligência. Após isso, outra intervenção que proporcionou adição de programa ao edifício, sendo essa a inserção de mais um pavimento no bloco vertical, que segundo relato do Engenheiro Kleber de Carvalho, se deu por problemas de impermeabilização do terraço aberto ali existente, que após a reforma, se conformou como um espaço de refeitório para funcionários e armazenamento de livros. Apesar de toda essa demanda que o edifício recebeu durante décadas, o passar do tempo foi mudando essas características de ocupação. Ainda não se tem datas precisas sobre quando começou o processo de abandono dos pavimentos, mas pode-se considerar que um dos motivos dessa falta de uso, além da saída das instituições que ocuparam os pavimentos superiores, foi a modificação das práticas administrativas com o advento da informática, reduzindo a necessidade de espaços e funcionários. Portanto, atualmente os processos de deterioração do edifício vem se dando de forma gradativa pela falta de uso e manutenção deste. As Figuras a seguir mostram como se encontram alguns dos elementos do edifício.

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Figura 11 - Fachada posterior deteriorada.

Fonte: Aquiles Alberto, 2009.

Figura 12 - Espaço ocioso do sexto pavimento no edifício.

Fonte: Aquiles Alberto, 2009.

Diante da situação exposta e observando as transformações no uso do edifício ao longo do tempo, a proposta de intervenção em projeto arquitetônico que tentamos realizar busca se adequar à configuração espacial pré-existente e toma como referência outras situações programáticas em arquitetura, para discutir uma proposição de uso nas seguintes diretrizes baseadas em um estudo propositivo anterior realizado pelo arquiteto Nienke Verhaar em sua

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monografia5 que trata de uma remodelação de escritórios vazios. VERHAAR (2014) formula conceitos de requalificação do espaço para proporcionar vida e demanda, em um edifício, que podem ser aplicados ao objeto de intervenção. O seguinte diagrama adaptado demonstra os conceitos:

Figura 13 - Diagrama de conceitos para a proposta de requalificação.

Fonte: Verhaar 2014 adaptado pelo autor.

Entendendo que os usos propostos para edifícios do patrimônio edificado devem tentar ser coerentes com a arquitetura pré-existente e, ao mesmo tempo, proporcionar uma nova “oxigenação” na vida do edifício, as propostas de uso para o edifício do IPASE partem de um conceito misto e propõe a transformação de um edifício de escritórios vagos, em um prédio para múltiplas funções, que atrai todos os tipos de pessoas durante todo o dia e atua como um catalisador para a vida urbana de seu entorno imediato. Dessa forma, o novo uso objetiva remodelar o edifício do IPASE tornando-o um edifício de uso misto, com eixos temáticos de uso, sendo estes:

1. O uso corporativo para escritórios, dentro de um novo conceito de compartilhamento de estações de trabalho e voltada para o nicho de empresas Start Ups e para o empreendedorismo individual ou coletivo; 2. O uso comercial, de serviços e uso cultural essencialmente nas áreas de comunicação com os espaços externos do entrono imediato.

5

Circularity: the reuse of an office building. Delft University of Technology. 2014.

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1.2.1

Galerias: espaços de sociabilidade.

A tipologia de Galerias é estudada neste trabalho, pois é parte da proposta do novo programa espacial presente na intervenção de reuso do objeto de estudo, por conta da observação das características espaciais do pavimento térreo e pela própria implantação do edifício em um terreno de esquina, com grande região deixada para passeio público, ao mesmo tempo que a utilização da sequência de colunas, presentes no volume horizontal do edifício, proporciona mais uma área para o transeunte, efetuando uma relação de transição entre os espaços públicos e semi públicos com mais sutileza. O incentivo à criação, no térreo, de espaço de convivência e circulação de pessoas é uma ideia que surgiu a partir não somente da observação das características de Galeria que o edifício apresenta, mas também porque é uma característica da arquitetura modernista já antes vista, em edifícios comerciais da década de 1940, na cidade de São Paulo, como descreve COSTA (2015): Na região do centro novo, os espaços projetados no térreo de alguns edifícios modernos funcionaram como áreas de circulação e permanência do público que se deslocava apressado por diversas ruas e encontravam nas confeitarias, bares, restaurantes ou mesmo livrarias um local para uma pausa, descanso ou troca de ideias. (COSTA, 2015:111)

No que se refere à permeabilidade, a ideia de realizar um percurso por dentro das quadras cortando caminho e atraindo pessoas para os interiores não era nova. Foi uma ideia bastante difundida nos espaços urbanos europeus do século XIX. Pois à época, deslocar-se pela cidade era uma atividade pouco facilitada pelas suas ruas estreitas, tortuosas e irregulares. Assim, as galerias surgiam também por essa necessidade de espaços onde os pedestres pudessem passear, protegidos do trânsito e do tempo, de maneira a procurar com conforto os novos produtos expostos, tornando-se portanto, um espaço do comercio varejistas. Ao mesmo tempo que, dada a sua agitação social, era lá que as pessoas se conheciam, interagiam e descobriam as novidades possibilitadas pelos avanços industriais, construindo novos comportamentos, valores e opiniões.

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Figura 14 - Galeria de Vivienne em Paris.

Fonte: www.cntraveler.com/galleries/2014-11-18/paris-covered-passages-beautiful-places-galerievivienne

Nos térreos dos edifícios modernos do centro de São Paulo da década de 1940, segundo as pesquisas de Sabrina S. F. Costa (2015), acessos foram abertos e diversas funções foram implantadas de maneira a se aproveitar o fluxo de pessoas entre as quadras e a evidenciar o comércio e serviços oferecidos. Em muitos edifícios, o conjunto de pilotis não estava solto no solo, nem elevava o corpo do edifício, no entanto a liberdade de projeto possibilitada pela separação do sistema estrutural das vedações garantiu desenhos mais livres e arranjos bem diferentes nos térreos. A utilização dos pilotis demarcou, de maneira expressiva, os acessos e percursos no térreo. Uma das experiências mais marcantes com o pilotis acontece na Galeria Califórnia. Os pilares com o desenho em V marcam os espaços do térreo. O prédio foi projetado por Oscar Niemeyer, em 1950. O conjunto constitui-se de uma torre de escritórios implantado sobre uma galeria comercial. Figura 15 - Entrada da Galeria Califórnia no edifício homônimo.

Fonte: http://static.panoramio.com/photos/large/60194280.jpg

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Esta galeria apresenta uma série de características que a tornam especialmente interessante. A primeira delas diz respeito à implantação em um lote em forma de “L”, resultado da junção de dois terrenos com abertura para diferentes ruas. De maneira que o edifício funciona como um “corta caminho” por dentro da quadra. Uma característica marcante é a disposição em ziguezague das lojas da galeria. O percurso onduloso permite visuais diferentes ao longo do deslocamento de modo a torna-lo mais interessante a quem percorre e não evidenciar o conjunto.

Figura 16 - Implantação da Galeria Califórnia e sua comunicação com o entorno na quadra.

Fonte: Sabrina S. F. Costa, 2015.

Figura 17 - Planta baixa do térreo na Galeria Califórnia.

Fonte: Sabrina S. F. Costa, 2015.

37


Figura 18 - Planta baixa do primeiro pavimento na Galeria Califórnia.

Fonte: Sabrina S. F. Costa, 2015.

Posto isso, a Galeria Califórnia é tomada como um bom exemplo para o exercício de projeto que propõe esse uso no edifício do IPASE, pois nota-se que a galeria supracitada é uma solução implantada em um edifício corporativo de usufruto apenas particular. Entretanto, com essa galeria, abre-se a possibilidade de um espaço semipúblico fazendo com que o edifício também faça parte da dinâmica urbana da cidade, abrindo possibilidades de circulação de pessoas e induzindo práticas de sociabilidade a partir dos serviços oferecidos e das possibilidades de livre conexão entre ruas do entorno imediato.

1.2.2

Espaços de Coworking: um novo conceito de espaço de trabalho.

Os Espaços de Coworking são considerados uma nova tendência como espaço de trabalho por se tratar de um conceito de espaço compartilhado por diferentes profissionais, um ambiente que é colaborativo de uma forma distinta das existentes. Os espaços de trabalho passaram por uma evolução de suas características físicas e espaciais ao longo da história. Traçando um breve panorama sobre a evolução dos espaços de trabalho, baseado nas descrições de NOVAES (2013) e do site arqteoria.wordpress.com (2013), temos: o início com o Escritório Taylorista, implantado no início do séc. XX se configura como um espaço com organização contínua, não celular, favorecendo o fluxo de documentos. Os espaços gerados possuem um caráter 38


hermético, com paredes periféricas altas e em sua extensão armários. Porém, a partir da década de 50, vemos uma evolução dessa primeira versão, com a implantação do Escritório Panorâmico ou Aberto, quando passaram a considerar mais os aspectos de sociabilização entre os funcionários gerando um ambiente mais integrado, retirando mais as vedações. Dessa maneira, os grupos de trabalho deixaram de ser uma fragmentação de unidades individuais e passaram a ser grupos semiautônomos, porém ainda com uma hierarquia marcada dentro do espaço de trabalho. O terceiro momento dos espaços de trabalho é a inserção do Escritório Paisagem, uma versão da situação anterior, porém enfatizando ainda mais a flexibilidade dos espaços, eliminação das vedações verticais e dessa vez do mobiliário presente neles. O escritório deste tipo passa a ser visto como um centro de processamento de dados e portanto preza pela conectividade entre as pessoas. Um ponto marcante deste tipo de escritório é que os espaços deixam de possuir uma hierarquia e passa a ser organizado de acordo com os fluxos de informação. A configuração do edifício do IPASE, em seus tempos de funcionamento seguiu esta linha de organização espacial, com pouca separação de espaços pela hierarquia de funções. O espaço possui planta livre e estações de trabalho que são chamadas de cubículos. Após essas três versões supracitadas, o que se observa como espaço de trabalho, entre 1980 até o início dos anos 2000, é um misto destas três situações, implantadas de acordo com as demandas e necessidades de cada empresa. O desenvolvimento tecnológico a partir da adoção dos computadores e do desenvolvimento da informática e da comunicação remota por aparelhos celulares, máquinas de fax e por fim a chegada da internet, possibilitou novas versões do que se adotava como espaços de trabalho, uma vez que, essa natureza remota permitiu mais flexibilidade para os funcionários de uma empresa ou para prestadores de serviços. Dessa maneira, houve a criação dos chamados Escritórios Não-Territoriais compostos por duas versões: O Escritório Virtual e o Home Office. O primeiro se utiliza dos mecanismos de comunicação para efetuar as tarefas. Dentro de uma mesma empresa os escritórios virtuais utilizam a tecnologia conhecido como Telecommuting, que permite que o funcionário realize as atividades acessando todos os canais de informação da empresa de onde estiver, fazendo com que qualquer espaço se torne um ambiente de trabalho deste que tenha acesso à plataforma comum entre todos. O segundo caso de escritório nãoterritorial é o Home Office, este amplamente adotado na atualidade, se configura como o trabalho que é realizado em casa em um escritório que é parte dos cômodos da residência. O Home Office representa redução nos custos de locação de espaço e demais custos relacionados, por vezes pode ser um ambiente de trabalho com algumas desvantagens pela ausência do convívio social, pelo desconforto de espaços que não foram projetados para abarcar atividades profissionais ou pelas mudanças causadas na rotina familiar. 39


Portanto, muitas vezes, os escritórios não territoriais, apesar de toda a flexibilização que as inovações da comunicação trouxeram, não dão bom suporte para as atividades e ao mesmo tempo diminuem bastante a troca social e intelectual entre os profissionais. Estas desvantagens atreladas a outros aspectos como o desejo de integração dos interesses, se refletiu na criação da versão mais recente dos espaços de trabalho que é o Coworking. Segundo NOVAES (2014), o objetivo do coworking é conciliar o baixo custo de utilização com uma infraestrutura de escritório completa, a fim de oferecer para o cliente – o profissional – o espaço ideal de trabalho com redução de investimentos quando comparado aos modelos já conhecidos com as salas alugadas em edifícios comerciais e os escritórios virtuais. Com apenas uma década de existência, o coworking foi criado em 2005 por Brad Neuberg, segundo ele mesmo expõe em seu Blog10 na internet. Neuberg é um programador freelancer que trabalhava à época em uma Start Up, mas se via insatisfeito por não conseguir combinar a liberdade de trabalhar para si mesmo, e ao mesmo tempo, em uma estrutura de trabalho em comunidade. Por isso, ele pensou em combinar essas duas possibilidades em um só lugar e assim surgiu o primeiro Espaço de Coworking em São Francisco (Califórnia-EUA), chamado de San Francisco Coworking Space. Com o tempo, a ideia foi crescendo e tomando proporções cada vez maiores, uma vez que a rede de pessoas interessadas foi crescendo e assim a ideia foi empreendida por outras pessoas em outros lugares. O termo coworking já havia sido usado anteriormente Bernie De Koven, mas se tratava de realizar uma tarefa colaborativamente, enquanto que o conceito de Brad Neuberg é de ter um espaço de trabalho colaborativo, onde se compartilha as estruturas físicas que permitem realizar uma tarefa profissional e ao mesmo tempo conviver com diversas pessoas em um espaço aberto ao networking e troca de ideias, ainda que estes profissionais sejam de diferentes profissões e áreas de atuação. A possibilidade de networking dentro dos espaços de coworking é um aspecto muito presente e valorizado pelos usuários, pois os mesmos evidenciam que trabalhar em um espaço de coworking aumenta sua rede de contatos seja com profissionais da sua mesma área de atuação ou pessoas que diferentes atividades profissionais, proporcionando assim, um caráter multidisciplinar do espaço e potencializando a criatividade. O coworking ganhou uma grande força com um público de faixa etária entre 20 e 35 anos, estes que são considerados os “millenials” ou geração Y, em sua maioria está entre as faixas etárias de pessoas que nasceram nas décadas de 1980 – 90. A Figura 19 mostra uma estatística feita por um site americano sobre a idade dos usuários de coworking. Esse público se compõe muitas vezes de pessoas recém formadas, grupos que estão montando sua própria empresa, como também profissionais liberais e freelancers que possuem horários flexíveis.

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http://codinginparadise.org/ebooks/html/blog/start_of_coworking.html

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Figura 19 - Porcentagens sobre a idade dos usuários de coworking pelo site deskmag.com.

Fonte: deskmag.com

A revista Deskmag inspirou o jornalista Anderson Costa, criador do site Movebla, a realizar a primeira pesquisa de coworking no Brasil, em 2013. Segundo essa pesquisa, consultada em PINHEIRO (2014), o perfil do coworker brasileiro tem de 26 a 35 anos (47,19%), com uma graduação (32,19%) ou pós-graduação (34,38%). Em sua maioria trabalhavam em casa (58,06%) ou num escritório tradicional (46,24%). São empreendedores (54,69%), moram e trabalham na mesma cidade (80,31%), e usam um espaço de coworking diariamente ou várias vezes na semana (67,75%). Outra característica marcante deste grupo é a preferência por ambientes um ambiente de trabalho que seja mais diferente dos tradicionais, que permitam a flexibilidade de ter um ambiente de trabalho, e ao mesmo tempo, trabalhar remotamente. Muitas empresas já investem neste ambiente de trabalho mais dinâmico e diferente nas propriedades espaciais. Podemos citar como um grande incentivador desta inserção de espaços de trabalho colaborativo que oferece outras facilidades, a empresa Google, uma gigante do mercado tecnológico, que se torna uma referência para designers. A Figura 20 abaixo revelam que, os projetos dos espaços de trabalho da empresa Google recebem um minucioso estudo a fim de dar um caráter personalizado da empresa.

41


Figura 20 - Mostra dos Escritórios da Google.

Fonte: Pinterest.com com adaptação do autor.

Por fim, os usos propostos para este trabalho (galerias e coworking), explanados acima, são adotados seguindo o pensamento de serem uma boa proposta para a renovação de usufruto do Edifício Presidente Café Filho. Para tanto, o programa arquitetônico e a intervenção projetual em edifício de interesse patrimonial, deve ser feito a partir do entendimento sobre intervenções em um arquitetura pré-existente, seguindo as metodologias já implantadas, amplamente discutidas. Esses métodos são um aporte inicial para qualquer intervenção em patrimônio construído e estão melhor explanadas no item a seguir.

1.3

A noção de patrimônio.

A ideia sobre patrimônio está muitas vezes relacionada ao que se tem de herança deixada pelos antepassados ou pela História. Françoise Choay, ratifica este conceito explicando que a noção de patrimônio historicamente está associada ora à noção de sagrado, ora a noção de herança, de memória do indivíduo, de bens da família, “requalificada por diversos adjetivos (genético, natural, histórico, etc.) que fizeram dela um conceito ‘nômade’ " Choay (2006, p. 11).

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Por patrimônio histórico, Choay (2006, p. 11) diz ser “um bem destinado ao usufruto de uma comunidade que se ampliou em dimensões planetárias, constituído pela acumulação de diversos objetos que se congregam por seu passado comum.” Lemos (2006), esclarece que o patrimônio histórico é apenas um “segmento de um acervo maior”, o chamado patrimônio cultural e para o mesmo, patrimônio é todo o conteúdo material e imaterial que seja apropriado pelo interesse público. Por muito tempo, se utilizou o termo patrimônio histórico para considerar os estudos sobre essa temática, até que ele passou por uma ampliação conceitual, modificando o “histórico” pelo “cultural”, expandindo o entendimento para uma escala de valor não apenas das coisas que ocorrerem no passado mais de todo o tipo de manifestações culturais que imprimem a essência de um povo, abrangendo as dimensões materiais e imateriais. Por Patrimônio Cultural de um povo ou de uma nação entende-se que esse “abarca um universo mais amplo e significativo de bens preciosos que podem nem mesmo ser tangíveis, como é o caso de uma lenda ou de um ditado popular” (NESI, 2005 apud CUNHA, 2012). A Declaração do México de 1985, realizada pela UNESCO, define o Patrimônio Cultural de um povo como sendo “as obras de seus artistas, arquitetos, escritores, músicos e sábios, assim como as criações anônimas, surgidas da alma popular e o conjunto de valores que dão um sentimento à vida”. Segundo César Augusto Barichello (apud CUNHA, 2012) a finalidade do patrimônio, originalmente tido como representar o passado das nações, ampliou-se com o cinquentenário da Declaração Universal dos Direitos do Homem, quando o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) divulgou um instrumento no qual é reafirmado o direito ao patrimônio cultural como parte integrante dos direitos humanos. LEMOS (2006) define três categorias de patrimônio cultural sendo estas: a paisagem ambiental, os elementos referentes ao conhecimento, às técnicas ao saber, e o saber fazer por terceiro chamados bens culturais, que englobam todo tipo de coisas, objetos, artefatos e construções obtidas a partir do meio ambiente e do saber fazer. Neste último quesito é que se encaixa o edifício do IPASE como um artefato arquitetônico que possui valores estético e artísticos, os quais podem validar o artefato como um bem material a ser preservado para a presente e futura geração.

43


1.4

Conceitos de Intervenção na Arquitetura.

Neste item objetivamos assinalar as ideias principais que definem as práticas de intervenção em patrimônio edificado, entendendo que essa contribuição é apenas um pequeno quadro de conceituação diante das diversas interpretações e dos estudos já realizados sobre os conceitos e agentes envolvidos na temática. As intervenções nos bens patrimoniais passam pelo entendimento de métodos de intervenção, que são marcados pelas contribuições de Ruskin e Viollet-Le-Duc, os primeiros a evidenciarem o restauro como campo disciplinar no século XVIII. Os teóricos defendem correntes distintas de como preservar os artefatos, Ruskin, um ferrenho crítico às transformações geradas pela Revolução Industrial, defendia um anti-intervencionismo radical, onde “não se tinha o direito de tocar nos monumentos antigos, que pertenciam, em parte, àqueles que os edificaram e, também, às gerações futuras”. Para os anti-intervencionistas, a “restauração é impossível e absurda”, pois equivaleria a “ressuscitar um morto”, além de romper com o caminho natural da obra. Todavia, esses doutrinadores não excluem a possibilidade da manutenção, desde que imperceptível (CHOAY, 2003, 154:156; RUSKIN, 1901:353). Por outro lado, Viollet-Le-Duc, a partir da ideia de “restauro interpretativo” entendia que restaurar um edifício significa “restituílo a um estado completo, que pode nunca ter existido”. Sendo assim, se um edifício não continha todos os elementos necessários a compor um estilo, mas a sua lógica possibilitaria a sua interpretação e completude dos “elementos faltantes”, estes deveriam ser acrescentados no processo de restauração (CHOAY, 2003, 156:157). Posto isso, observa-se que o início das ideais de restauro aponta uma dicotomia perante o artefato por razão da verdade que este bem pode ou não apresentar. Entre estes dois conceitos contrários, elaborou-se uma teoria intermediária, sustentada por Camillo Boito e Gustavo Giovannoni, que propõe dar maior importância às obras de manutenção e de consolidação. Denominado como Restauro Filológico, os seus princípios serviram de base para teorias mais modernas que têm sido reformuladas, adaptadas e melhoradas pelos seus seguidores. Baseado nas descrições feitas por PEREIRA (2012), a prática do Restauro Filólogo aplicava alguns dos princípios básicos para o reconhecimento do valor patrimonial de edificações, que relacionamos a seguir:

a.

Dar ênfase ao valor documental do monumento;

b.

Ser preferencialmente consolidados à reparados e reparados à restaurados;

c.

Evitar acréscimos e renovações, e se fossem necessários, deveriam ter caráter diferente

do original e harmonioso com o conjunto;

44


d.

As obras de consolidação deveriam limitar-se ao estritamente necessário: respeitar as

várias fases do monumento, removendo somente os elementos de qualidade duvidosa; e.

Registrar todas as etapas das obras;

f.

Inscrever e apontar a data de intervenção.

Entretanto esta terceira corrente, que parecia ter resolvido a dicotomia anterior, não conseguiu responder às demandas de restauro perante bens completamente arruinados após o evento da Segunda Guerra Mundial, como explica a colocação de CUNHA (2014) abaixo, sendo dessa maneira, formulada uma corrente de intervenção denominada de Restauro crítico.

Em razão da grande escala das intervenções não se podia cogitar o tratamento

de

lacunas

como

“neutros”.

Assim,

esses

questionamentos suscitaram o pensamento de que o restauro era, para além de um ato científico de filólogo, também um ato crítico. (CUNHA, 2004:1).

Seguindo essa abordagem crítica, tem-se nas ideias de Cesari Brandi em seu livro Teoria do Restauro (2004), uma evolução das práticas anteriores onde Brandi delimita preceitos teóricos que serviram de embasamento à prática do restaurador. Para PEREIRA (2012), a teoria de Brandi traz princípios fundamentais à respeito da autenticidade e integridade das obras de arte e tinha como princípios básicos:

a.

Distinguir a intervenção sem destruir a unidade da obra;

b.

A matéria é insubstituível unicamente enquanto aspecto, não tanto enquanto

estrutura; c.

Qualquer intervenção de restauração não deve tornar possível uma intervenção

futura, ao contrário deve facilitar.

Os estudos em torno das ideias de Brandi apontam que ele defende a restauração como um processo histórico-crítico, fundamentada na análise pormenorizada da obra, de modo que cada caso é um caso não classificável em categorias pré-estabelecidas ou os métodos anteriores. Segundo BRITO (2014), Brandi aborda maior ênfase ao valor formal da obra, mas sem desrespeitar o seu valor histórico e as diversas fases do monumento no percurso da sua existência, ao contrário das proposições do período anterior, na qual aspectos documentais e históricos da obra eram preponderantes, ou, em outro extremo, remetendo ainda a uma forte 45


tendência de refazimento nas intervenções. Portanto, as intenções de restauro respeitam a autenticidade do bem, pois não se deve sacrificar a veracidade deste através de falsificação histórica, e ao mesmo tempo, deve-se buscar uma unidade potencial do monumento ainda que esta não seja de aspecto estilístico. Os conceitos de autenticidade e integridade de um artefato são sempre analisados diante de práticas de intervenção em bens para fins de restauro ou para assumir o artefato como um patrimônio para a sociedade. Revisando as práticas de restauro de cada teórico acima, considera-se que as qualidades de autenticidade e integridade sempre foram postas em avaliação no momento do restauro/intervenção do bem. A partir do momento em que a UNESCO incorpora a exigência de um “teste de autenticidade” para a inscrição de bens na Lista de Patrimônio Mundial, no final dos anos 70, abre-se uma lacuna para a discussão mais ampla sobre o referido conceito. A construção da Lista de Patrimônio Mundial está baseada no conceito de “notório valor universal”, que corresponde a uma significação tão excepcional que transcenda as fronteiras nacionais e seja de importância tanto para o presente como para as futuras gerações, ou seja, para a humanidade (VIEIRA, 2008). Dessa maneira, a qualificação de um sítio ou obra como um bem a ser registrado na Lista do Patrimônio deve satisfazer as noções de autenticidade e integridade. No entanto, o conceito de autenticidade vem sendo abordado em diferentes interpretações, e desde a década de 90 se empreende debates internacionais sobre isso. JOKILEHTO (2006) nos lembra que ao abordar autenticidade, estamos lidando com as noções de continuidade e mudança e, também, com a discussão filosófica. O autor defende que para tornar mais claro o conceito de valor universal é preciso reconhecer a diversidade cultural como essência do patrimônio. Segundo VIEIRA (2008) defende-se que o patrimônio cultural precisa ser considerado e julgado dentro do contexto cultural ao qual pertence (LARSEN, 1995 apud VIEIRA, 2008). O que se percebe diante das posições adotadas é a intenção de entender a autenticidade de um bem ou sítio de uma forma menos material/formal e mais conceitual/contextual como mencionado na Conferência de Nara sobre Autenticidade onde: “os resultados indicam a priorização de uma abordagem cultural baseada na pluralidade de valores em detrimento da abordagem anterior, mais técnica e científica. Sugere-se a necessidade de uma postura mais flexível considerando tanto os valores estáticos quanto os dinâmicos” (VIEIRA, 2008). Além da autenticidade, o outro conceito fundamental para a identificação patrimonial é exatamente o conceito de integridade. A integridade está relacionada às qualidades que são valorizadas em determinado ambiente. A definição de integridade está diretamente ligada ao estado de conservação de determinada obra ou conjunto e à sensação de completude ainda presente nos mesmos (VIEIRA, 2008). Posto isso, os conceitos correlatos são critérios de análise 46


na prática de intervenção em patrimônio construído e partindo deles, Tiesdell, Oc, Heath (1996) formulou ideias que auxiliam a interpretar os métodos de intervenção, uma vez que o autor segue parâmetros qualitativos de como categorizá-los, tais explanações estão presentes no item a seguir.

1.4.1

Escalas de intervenção: Uniformidade, justaposição e continuidade contextual.

Uma intepretação das práticas intervencionistas no patrimônio edificado foi desenvolvida pelos urbanistas Steven Tiesdell, Taner Oc e Tim Heath (1996) apud VIEIRA (2004), que identificam o caráter arquitetural das intervenções em áreas históricas segundo escalas denominadas como: “uniformidade contextual”, “continuidade contextual” e “justaposição contextual”. Seguindo VIEIRA (2008), os autores iniciam suas considerações sobre as intervenções físicas ressaltando o atributo de “espírito do lugar” como uma qualidade mais importante para uma área histórica e que isto deve ser mantido. A manutenção da identidade visual e da continuidade do caráter físico das áreas históricas possui uma dependência crítica das práticas intervencionistas adotadas.

“Por uniformidade contextual os autores entendem a cópia ou imitação dos estilos da vizinhança. Esta opção encontra críticas como a de levar ao enfraquecimento da própria qualidade do lugar que se procurava manter através da diluição entre originais e cópias. Além disso, os autores alertam que "a noção de uniformidade contextual pode converter-se num superficial e pouco desafiador pastiche" (TIESDELL, OC, HEATH, 1996: 188)”.

Este tipo de método tem a ver com as ideias de restauro defendidas pro Viollet-Le-Duc. Esta opção encontra críticas, como a de levar ao enfraquecimento da própria qualidade do lugar através da diluição entre os bens originais e cópias, incorrendo na perda de autenticidade. Podese considerar que, neste tipo de intervenção, preocupa-se mais com a manutenção da integridade do lugar querendo dar uma sensação de completude.

“A justaposição contextual é a posição intervencionista herdeira das ideias do modernismo que busca o espírito do nosso tempo (zeitgeist). Os defensores desta opção acreditam que a ordem harmônica pode ser alcançada através

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da justaposição de edificações de diferentes épocas, cada uma representando a expressão do seu próprio tempo.” VIEIRA (2008:50).

Esta segunda escala de intervenção também recebe suas observações, pois muitas vezes, ao tentar separar a intervenção do bem, valorizando o aspecto documental, pode-se chegar a um resultado que destoa entre o que é monumento e o que é a proposta arquitetônica nova e assim, perde-se uma leitura mais harmônica do conjunto.

Por fim a continuidade contextual, pode ser caracterizada como uma posição intermediária entre os dois extremos explicitados acima. Esta vertente está ligada às novas concepções arquitetônicas surgidas após o período modernista. [...] Este envolvimento com a tradição arquitetônica do contexto procura ser aqui, não uma cópia ou uma imitação, mas uma interpretação (TIESDELL, OC, HEATH, 1996:194-195 apud VIEIRA, 2008:50)

Muitos especialistas da contemporaneidade defendem esta terceira prática de intervenção como um caminho mais adequado, uma vez que a continuidade contextual é conciliadora, moderada, evita tanto a cópia fiel quanto a ruptura. Este tipo de intervenção tenciona respeitar a dimensão histórica do bem, separando o novo do pré-existente, e ao mesmo tempo, preservar a integridade do mesmo permitindo uma leitura do conjunto. Diante das ideais e abordagens expostas neste item, entender a trajetória do restauro e os métodos de intervenção no pré-existente é essencial para o exercício prático, uma vez que, interferir arquitetonicamente no pré-existente estará submetido às noções de autenticidade e integridade dos bens. Tais aspectos são os que validam um artefato como obra de interesse patrimonial. Portanto, a intervenção em arquitetura no edifício do IPASE passará pela escolha de qual abordagem de intervenção deve tomar, entendendo que os aspectos de integridade e autenticidade são importantes para a identificação do bem como patrimônio. 1.5

Intervenções em Patrimônio Modernista, desafios e possibilidades.

O presente item busca refletir sobre a conjuntura de preservação da arquitetura moderna e as possíveis práticas para a continuidade desse acervo. Enxergando uma separação temporal da produção arquitetônica contemporânea, a arquitetura moderna encara uma nova situação, pois como afirma TINEM (2010): “atualmente estamos em uma fase de discussão de como preservar a arquitetura moderna”, e a autora revela que a produção modernista brasileira está finalmente sendo posta em debate como objeto de interesse patrimonial depois da consolidação de um 48


grupo de estudiosos e suas produções que têm como os seminários DOCOMOMO11 o canal mais forte para difundir o conhecimento sobre a corrente modernista. Para a autora, a arquitetura modernista brasileira, em âmbito regional ou nacional, pode ser caracterizada em três etapas, das quais a última é a menos consolidada. São estas: a) difusão e reconhecimento da herança moderna; b) registro e propostas de conservação de edifícios e conjuntos modernos; c) reflexão sobre a conservação, reutilização e intervenção sobre essa produção. Dessa maneira, no tocante aos aspectos de real conservação e preservação do acervo, vê-se as lacunas existentes através das perdas e dilapidação da produção modernista, monitoradas dento dos mesmos registros quando na oportunidade de difundir o conhecimento acerca dos exemplares. MOREIRA (2012) expõe que a produção intelectual não encontra rebatimento em ações de salvaguarda, mantendo-se um distanciamento entre a produção de conhecimento no meio acadêmico e as políticas públicas de preservação. Posto isso, em meio à conjuntura de desafios que a arquitetura moderna enfrenta, por conta da dilapidação e obsolescência do acervo, novas posições devem ser tomadas para o enfrentamento da problemática de esquecimento da produção a partir de um discurso que entende o valor que a arquitetura moderna tem para a sociedade. Por isso, discutir as possibilidades de preservação da produção modernista é um caminho que vêm se abrindo mais e mais dentro da agenda. Entende-se que para que os edifícios modernistas continuem exercendo seus papeis sociais, eles devem permanecer em frequente uso, imprimindo então uma discussão que vai além da mera preservação dos bens a partir de ações de tombamento ou demais ações dos órgãos especializados. O recente encontro da maior organização de estudos do movimento moderno, DOCOMOMO, que se realizou em Lisboa, em março de 2015, engajou a prática de reuso e reabilitação da arquitetura moderna como fator crucial para a vida e continuação dos edifícios modernistas. Em matéria realizada sobre as colocações dos estudiosos advindas deste encontro em Lisboa a jornalista Catarina Moura relata que “ficou clara a necessidade de ir além da preservação dos edifícios modernistas: é preciso reabilitá-los e dar-lhes novas funções para o presente, mesmo que para isso seja preciso alterá-los”. Nesta mesma reportagem a jornalista afirma que atualmente não é preciso, como nos anos 80, convencer a sociedade de que a arquitetura modernista deve ser preservada, “Pelo contrário, é preciso convencer as pessoas de que podem usar estes edifícios no dia-a-dia, para que a cidade seja mais sustentável” diz o fundador da DOCOMOMO Hubert-Jan Henket (O JORNAL ECONÔMICO, 2015).

11

DOCOMOMO - International Committee for documentation and Conservation of Buildings Sites and Neighborhoods of Modern Movement.

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Exemplos de intervenção que dão novo fôlego às estruturas modernistas obsoletas já existem para demonstrar que muitos bens são passíveis de plena ocupação, uso e interesse social. Dois exemplos recentes que podemos citar em nível nacional são o MAR - Museu de Arte do Rio e o Conjunto Habitacional Pedregulho. Sobre o museu, observa-se que o objeto recebeu uma intervenção de reuso, pois um novo programa foi implantado em seu espaço que antes abrigava o edifício da Polícia Civil Metropolitana dando agora espaço ao programa educacional da “escola do olhar” com o seu auditório, biblioteca, salas expositivas e administração, perfazendo uma área construída de 7.200m². A figura 21 abaixo demonstra o conjunto geral do museu composto pela conversa entre edifícios de dois estilos distintos, moderno e eclético.

Figura 21 - Conjunto do Museu de Arte do Rio formado pelos edifícios modernista e eclético.

Fonte: http://www.jacobsenarquitetura.com/projetos/?CodProjeto=12

Na edificação modernista, além da modificação de uso percebe-se que toda a sua composição de fachada recebe um novo tratamento, como expõe os projetistas do escritório Jacobsen Arquitetura em seu sítio da internet: Para o prédio da Polícia, propomos a supressão do último pavimento para equilibrarmos a altura dos dois prédios e também a substituição das alvenarias de fechamento das fachadas por perfis de vidro translúcido, tornando visível o sistema estrutural de colunas recuadas e revelando o pilotis, que hoje comporta diversas construções. (jacobsenarquitetura.com).

Sobre a requalificação ocorrida no Complexo Habitacional Pedregulho, o qual passou por um processo de restauro e reparos das estruturas físicas para atender as necessidades atuais. O complexo já tem mais de 50 anos, assim como muitos exemplares que hoje passam por processos de deterioração e obsolescência. Projetado por Affonso Reidy, o Conjunto Residencial 50


está a cinco anos passando por restauração financiada pelo governo estadual do Rio de Janeiro. A recuperação da fachada e das janelas do emblemático edifício foi uma das condições requeridas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, para que o conjunto seja tombado.

Figura 22 - Fachada do Conjunto Pedregulho após intervenção de atualização.

Fonte: www.uol.com/pedregulho

No projeto original as janelas eram de madeira, e há muito estavam destruídas, sendo então substituídas por estruturas de alumínio pintadas de azul. Os cogobós e brise-soleis foram restaurados, e os pisos e azulejos foram trocados. A partir de análise de práticas de requalificação das obras modernistas, sejam elas de grande ou pequena relevância ao redor do mundo, podemos incorrer numa discussão que põe em questão as possibilidades de intervenção por questões de reconhecimento do “valor da obra” após as intervenções, caso as qualidades de autenticidade e integridade dos bens sejam postas em questão. Uma vez que, em muitas situações se percebe a necessidade de atualização de sistemas que compõem a arquitetura e a estética dos edifícios, ou se realizam inserções de novos programas, e com isso, a necessidade de um novo elemento arquitetônico em uma composição pré-existente. Por esses motivos, que as intervenções se configuram como desafios sujeitos a diferentes juízos de valor. No entanto, existem estudiosos que defendem visões menos rígidas quando no momento de intervenção na arquitetura moderna. Theodore Prudon, em seu livro “Preservação da Arquitetura Moderna” (2008), exibe uma visão mais aberta sobre os mecanismos de conservação dos bens da arquitetura moderna, uma vez que explica que as Cartas e Documentos de preservação tentam assinalar processos de restauro

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e intervenção que não contemplam com substância a arquitetura modernista como patrimônio e ao mesmo tempo ainda estão muito amarradas aos aspectos de autenticidade e integridade dos artefatos. Por isso, PRUDON (2008) tenta discutir as necessidades funcionais para sobrevivência da arquitetura moderna, pois as intervenções podem ir de encontro às diretrizes de restauro mais tradicionais, uma vez que os elementos compositivos implantados na era moderna eram considerados novas tecnologias, enquanto que na arquitetura antiga as práticas construtivas já se encontravam consolidadas. Muitos materiais foram aplicados pela primeira vez, sem sequer entender bem sobre os aspectos de durabilidade e integridade da tectônica através dos anos. Dessa forma, o autor defende que os aspectos de autenticidade, da verdade dos materiais presentes no edifício marcando a pátina do tempo fossem considerados menor nível diante das ações de intervenção em um edifício que antes de tudo carrega as ideias dos projetistas.

Continuidade e habilidade para reconhecer a ideia original de projeto é imprescindível para a preservação da arquitetura moderna. A intenção original do projeto é sua expressão visual e conceitual da criatividade do projetista, portanto informa cada aspecto tanto do edifício quanto de sua construção. Esta aceitação da confiança sobre o intangível (e portanto menos sobre a expressão material) diverge do que é uma prática convencional de preservação. (PRUDON, 2008:35)

Diante disso ele defende que a ideia do projeto passa a ser um aspecto que se deve valorizar ainda mais do que a autenticidade dos elementos compositivos. Sendo estes, passíveis de substituições que se adequam, sem prejudicar a qualidade e a leitura projetual do objeto modernistas construído.

Isto requer uma maior definição de autenticidade e uma abordagem menos literal da preservação material. Enquanto na prática de preservação tradicional os materiais originais e sua presença é considerada a expressão mais autêntica e dessa maneira o que precisa ser preservada, em preservação da arquitetura moderna é provável existir uma combinação entre o partido do projeto e a autenticidade dos materiais, provavelmente, de alguma forma dando prioridade à concepção de projeto. (PRUDON, 2008:35)

Subsidiando essas colocações de Prudon, o mesmo afirma TINEM (2010) ao defender intervenções que respondam aos anseios e sensibilidades contemporâneas:

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Assim é possível desvincular as ações de intervenção das ‘intenções’ do projetista (que se revelam no projeto original), o que, para a obra moderna, significa: a capacidade/habilidade de reconhecer no edifício construído (e deteriorado) o que concerne/pertence ao espírito da época, a assimilação do significado simbólico e paradigmático “apreendido” no projeto original aos novos elementos formais e espaciais próprios da requalificação ou reforma e a confirmação da viabilidade de uma postura conservacionista, mesmo em uma arquitetura onde a perpetuação não era uma causa. (TINEM, 2010:6).

É necessário encontrar um equilíbrio entre a preservação e a atualização do edifício, para que haja um retorno econômico e/ou social através da requalificação: dessa forma, é justificado o investimento que possibilita retirar o edifício de um estado de abandono ou degradação, sem que haja a perda dos valores patrimoniais. A Carta de Burra (ICOMOS, 1980), define alguns termos com relação à preservação do patrimônio, que irão auxiliar no processo projetual de intervenção no IPASE. O termo “conservação” se refere aos cuidados que irão preservar as características de um bem cultural, e dependendo das circunstâncias a conservação implicará ou não na preservação ou restauração, além da manutenção. A conservação também poderá compreender obras mínimas de reconstrução ou adaptação que atendam às exigências práticas: Já a “preservação” se trata da manutenção do estado atual da obra; “restauração” é o seu estabelecimento a um estado anterior conhecido; e “manutenção” é a proteção contínua de um bem; a “reconstituição” é o restabelecimento a um estado anterior conhecido, sendo distinta da restauração pela introdução de materiais diferentes, sejam novos ou antigos; e a “adaptação” é a reconfiguração de um bem para novos usos, no entanto sem a destruir seu significado. (ICOMOS, 1980). O projeto de intervenção que ora se empreende no edifício do IPASE toma como norte as colocações de PRUDON e TINEM e da Carta de Burra se apoiando no conceito de adaptação, pois entendemos que em algumas situações propositivas serão necessárias intervenções para a troca ou atualização de sistemas construtivos que fazem parte da composição do edifício, porém defender o partido e a concepção do projeto é crucial para preservar os valores espaciais e estético-formais do objeto de estudo.

2

ESTUDOS DE REFERÊNCIA

Estudos de referência são sempre uma ferramenta indispensável para subsidiar a fase da criação. Dividimos os estudos de referência entre estudos diretos e indiretos. Nos estudos

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diretos estão presentes casos onde se teve uma observação in loco através da visita aos espaços, a observação das atividades e dos ambientes nele presentes. Nos estudos indiretos também foram escolhidos projetos que tenham a natureza de uso que se pretende implantar, anteriormente explanada no item sobre o novo uso para o objeto de intervenção. Ao mesmo tempo existem estudos pontuais sobre alguma qualidade específica em projetos que complementam o leque de referências e estão ilustrados no último item deste trabalho, pois são soluções que funcionam como fontes de inspiração e releitura dentro da proposta de projeto empreendida neste trabalho. Os estudos, ora apresentados, foram essenciais juntamente com a consulta de dois outros TFG’s12, para a definição do programa de necessidades e entendimento das atividades que se realizam dentro do uso de Coworking proposto para a intervenção projetual que acompanha também o uso das Galerias, estas segundo as soluções já existentes nos edifícios modernistas da São Paulo da década de 1940. 2.1

2.1.1

Estudos diretos

Mesa Anexa – Espaço de Coworking

O Mesa Anexa é considerado o primeiro espaço de coworking na cidade de Natal/RN e, até a presente data, o espaço mais conhecido por esta natureza de uso pois se tornou referência na cidade quando se fala em espaços de coworking, outros espaços também contemplam esta atividade em seu programa, porém são mais conhecidos como centros comerciais com salas para locação. O Mesa Anexa é um projeto implantado em salas comercias que são locadas dentro do Centro Empresarial Cidade Jardim (Figura 23), situado na esquina da Rua Leôncio Etelvino Medeiros com Av. Miguel Alcídes de Araújo, no bairro de Capim Macio.

12

PINHEIRO, 2014 e NOVAES, 2013.

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Figura 23 - Fachada do Centro Empresarial Cidade Jardim.

Fonte: http://phvidrosemetais.com.br/cidade-jardim/

O espaço foi implantado no segundo semestre de 2013, pelo proprietário Bruno Oliveira como um novo empreendimento na cidade que busca iniciar o conceito deste tipo de espaço na cidade de Natal, visto que o coworking é um tipo de espaço de trabalho ainda pouco conhecido, pela pouca quantidade de estabelecimentos do tipo na cidade, e até mesmo, por ser uma abordagem recente para espaço de trabalho (iniciada em 2005).

Figura 24 - Recepção do Mesa Anexa e espaço de Coworking em 2013.

Fonte: https://www.facebook.com/MesaAnexa

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Os pacotes de horas variam de acordo com o seu tempo, os mais assíduos compram mais horas. O mesmo sistema de compra de horas funciona para a Sala de Treinamento e os eventos, que acontecem quando a sala de Coworking está fechada nos fins de semana. PINHEIRO (2014), em sua monografia, também efetuou visita ao espaço para fins de estudo de caso e relata que: O público-alvo do Mesa Anexa são os recém-formados, que querem começar seu negócio sem ter que investir muito nos primeiros anos. Os profissionais recém-formados, quando saem das universidades, muitas vezes não tem um rumo. “Não sabem qual o próximo passo que querem seguir, acabam se convencendo de que o único meio é ser empregado em alguma empresa já existente ou prestar concurso público, e acabam por colocar seus sonhos de abrir o próprio negócio de lado”, disse Bruno Oliveira do Mesa Anexa em entrevista. Desde a sua abertura em 2013 até a presente data, o espaço passou por um momento de ampliação em 2015, pois de acordo com a funcionária do local, o proprietário percebeu a necessidade de ter mais salas e atendimento ou reuniões para locação no espaço. Dessa maneira, tem-se a Figura 3 abaixo com o layout inicial do espaço antes da ampliação feita pela adição de uma sala comercial-tipo para locação no Centro Empresarial. No projeto do Escritório Joyce Stela e Leonardo Dias a sala de locação padrão no edifício foi transformado em um espaço de trabalho compartilhado. A recepção tem acesso direto para um lounge com lockers disponíveis para locação, a copa e o lavabo. Ao lado há a sala de reuniões para 5 pessoas, e o espaço de trabalho com cinco mesas com quatro pessoas em cada, totalizando 18 Coworkers, mais uma sala para atendimento de clientes.

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Figura 25 - Layout do Mesa Anexa antes da Ampliação.

Fonte: PINHEIRO, 2014. Essa configuração espacial sofreu alterações para abarcar mais salas de atendimento e reuniões visto que era uma demanda muito procurada pelos profissionais que visitam o espaço. A figura 3 abaixo demonstra a ampliação base feita com a adição de ambientes pelo escritório D&L Arquitetura no ano de 2015. Foram contempladas 4 salas de atendimento, sendo duas menores e duas maiores, que comportam estações de trabalho junto ao layout de atendimento para reuniões ou consultorias. Figura 26 - Layout do Mesa Anexa junto com a ampliação.

Fonte: Arq. Lilian Brito e Pinheiro (2014), com adaptação do autor.

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Figura 27 - Maquete eletrônica da ampliação com as salas de reunião e atendimento.

Fonte: Arq. Lilian Brito.

Outras alterações de reforma foram observadas na visita por conta da presença de salas que podem ser sublocadas. Estas estão distribuídas em um corredor que também permite o acesso à Sala de Coworking, com cerca de 10 estações de trabalho atualmente. O módulo da estação de trabalho levantado in loco tem dimensões de 1,00m x 0,60m, formado por uma mesa de MDF branco. A sala de coworking, como citada anteriormente, possui esse uso principal mas ao mesmo tempo pode abarcar outras situações de uso, podendo ser locada para conferências, treinamentos de grupo e cursos isolados. A figura 28 abaixo, ilustra as possibilidades de uso divulgadas nas redes sociais do Mesa Anexa.

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Figura 28 - Montagem ilustrando a versatilidade da sala de coworking para outras atividades.

Fonte: https://www.facebook.com/MesaAnexa

A seguir estĂŁo expostas mais fotografias retiradas no local que ilustram as dependĂŞncias relatadas aqui e ilustradas no layout do Mesa Anexa.

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Figura 29 - Foto do Hall de acesso à sala de coworking e demais salas de reunião.

Fonte: Acervo pessoal

Figura 30 - Foto de uma Sala de Atendimento feita na ampliação das dependências.

Fonte: Acervo pessoal

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Figura 31 - Copa coletiva e Lavabo.

Fonte: PINHEIRO, 2014.

Figura 32 - Sala de ReuniĂŁo de grupo.

Fonte: PINHEIRO, 2014.

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2.1.2

Inova Metrópole

O Inova Metrópole é um espaço escolhido como estudo direto por se tratar de um lugar que abriga um perfil de público com as mesmas características da proposta de projeto deste trabalho. O Inova Metrópole de acordo com o site institucional do Instituto Metrópole Digital (IMD), é uma incubadora de empresas deste instituto e é uma incubadora de empresas que tem por objetivo estimular a transformação de ideias em negócios e apoiar empresas inovadoras, orientadas para a geração ou uso intensivo de Tecnologia da Informação (TI). Dessa maneira, o IMD fomenta o desenvolvimento da incubadora provendo a infraestrutura necessária para o desenvolvimento das empresas incubadas e pré-incubadas. O Inova Metrópole fica na sede do IMD, Figura 33 abaixo localizada na Av. Cap. Mor Gouveia Av. Capitão-Mor Gouveia, 3733 - Lagoa Nova, Natal – RN, dentro do Campus Central da UFRN.

Figura 33 - Sede do Instituto Metrópole Digital.

Fonte:http://www.riograndedonorte.net/wp-content/uploads/2014/09/Metropole-Digital-JA.jpg

A dinâmica de ocupação da estrutura física do Inova Metrópole é feita de duas formas, pois existem salas de trabalho para cada empresa incubada, sendo essa um ambiente compartilhado entre os integrantes da empresa e uma sala de coworking para a categoria de empresas préincubadas. Há outros espaços correlatos do programa são compartilhados para uso de todos: a sala de reuniões, banheiros, copa e halls de circulação. A Figura 3 abaixo demonstra planta geral do terceiro pavimento do IMD onde se localiza todo o programa do Inova Metrópole.

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Figura 34 - Planta geral das dependências do Inova Metrópole.

Fonte: Bruna Santos – Inova Metrópole

A planta geral, acima, expõe os tipos de salas disponíveis dentro do Inova Metrópole separadas por capacidade de estações de trabalho. Atualmente, são 15 empresas incubadas que utilizam as salas dependendo da quantidade de pessoas e existem 4 empresas pré-incubadas que utilizam o espaço de coworking (ilustrado em rosa na planta), esse espaço se trata de uma sala ampla compartilhada. Outras Figuras abaixo ilustram as outras salas de trabalho e demais dependências. A Figura 35 ilustra uma sala da empresa Roboeduc, que estuda prototipagem robótica e programação. Dentro do espaço, a equipe trabalha compartilhando as mesas e equipamentos existentes, o que podemos chamar de coworking corporativo13. A empresa está locada na sala com capacidade para 10 postos de trabalho, no entanto quando perguntada sobre a quantidade de integrantes possíveis naquele espaço, a equipe falou que a quantidade é variável mas que é possível comportar até 20 pessoas.

13

Coworking corporativo pode ser considerado como um espaço de trabalho de somente uma empresa, onde os funcionários estão compartilhando o mesmo espaço, sem divisões entre os setores da empresa.

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Figura 35 - Sala de empresa incubada Roboeduc com capacidade para 10 estações de trabalho.

Fonte: Acervo pessoal.

A figura abaixo demonstra uma sala menor com capacidade para 5 estações de trabalho, apesar de demonstrar que é possível acomodar até duas estações a mais. Figura 36 - Sala da empresa Eject.

Fonte: Acervo pessoal.

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Figura 37 - Copa e espaço de alimentação compartilhados.

Fonte: Acervo pessoal.

Após a realização dos estudos diretos, alguns aspectos que são importantes de ressaltar que podem ser rebatidos no exercício projetual, são estes: 

O Mesa Anexa possui um público de diferentes campos de profissão, sendo estes profissionais liberais em sua maioria, além disso, muitos são empreendedores recém formados.

A presença dos Lockers (guarda volumes) e da Cozinha coletiva no espaço de coworking – Mesa Anexa é um elemento importante de existir neste tipo de uso e demonstra que o usuário pode sempre contar com o suporte do espaço de coworking apesar da rotatividade de usuários no dia a dia do lugar.

A demanda por espaços de atendimento e reunião foi observada como crescente, segundo a experiência de ampliação vivida pelo Mesa Anexa.

O Inova Metrópole dispõe de uma boa estrutura com ambientes e circulações generosas em seu tamanho, o que contribui para a qualidade ambiental do espaço e boas condições de conforto possibilitando o uso da iluminação e ventilação naturais.

O Inova Metrópole trabalha com o fomento de empresas de tecnologia da informação, um campo de profissão cada vez mais crescente, estimulante e economicamente benéfico para o país. Portanto, a demanda de espaços de trabalho direcionados para este público juntamente também com outros empreendedores tende a crescer caso os estímulos ao desenvolvimento desta área continue.

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2.2 2.2.1

Estudos indiretos Cubo Cowoking.

O Cubo Coworking é um dos estudos de caso dentro da temática de programa corporativo proposto na intervenção desse trabalho, por se tratar de um espaço implantado recentemente na cidade de São Paulo, no segundo semestre de 2015, que presenta qualidade espacial de sua proposta e ao mesmo tempo o partido arquitetônico do edifício se aproxima do edifício do IPASE, pela sua forma de prisma retangular e propriedades espaciais de planta independente da estrutura. A sede do Cubo tem mais de 5.000 m² de área útil e comporta cerca de 250 residentes, até 50 startups, e infraestrutura para oferecer conteúdo de educação empreendedora para interessados no tema. Além do ambiente de coworking, o espaço multidisciplinar conta com um auditório para 130 pessoas, cafeteria, salas para cursos e um espaço para eventos na cobertura do prédio. A coleta de informações sobre o Cubo se deu a partir de consultas no site institucional, página nas redes sociais e em outros sites que reportam a chegada deste novo equipamento para engajar empreendedores e startups. O Cubo Coworking foi implantado em um edifício comercial (Figura 19) já existente do grupo Newmark Grubb, localizado na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. Figura 38 - Edifício Casa do Ator 919 construído pelo Grupo Newmark Grubb.

Fonte: http://conteudopublicacoes.com.br/cubo/index.html

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O edifício já tinha propriedades espaciais preparadas para receber o uso comercial/corporativo e o projeto espacial para a implantação do Cubo Coworking é da responsabilidade do escritório norte-americano Gensler, o qual entende e estuda os processos de trabalho e as soluções espaciais para otimizá-los. Entender a distribuição espacial do Cubo Coworking é essencial para auxiliar a definir o programa de necessidades e também entender as relações entre os ambientes. Portanto, pontuando a o programa do edifício tem-se: 

Mais de 5.000 m² de área útil

3 andares de coworking

1 andar para workshop e treinamentos

Terraço com lounge para interação e eventos

Capacidade para até 50 startups

250 profissionais residentes

200 pessoas do público não residente

Anfiteatro para 130 pessoas

Proposta diferenciada de coworking

A proposta da criação deste espaço de coworking foi financiada pelo Itaú Unibanco junto com a empresa de capital de risco Redpoint e.ventures para ser um centro de empreendedorismo tecnológico. Além das startups, o espaço foi pensado para promover conexões com mentores de negócios, investidores, universidades, corporações e os mais diversos talentos que possam contribuir para que novas iniciativas prosperem. A organização do programa entre os 6 pavimentos do edifício corporativo se dá da seguinte maneira, ilustrada pela Figura 39 abaixo. No primeiro pavimento temos o saguão de entrada onde fica a recepção e uma cafeteria dividindo o espaço do pavimento com um auditório para 130 pessoas. Nos três pavimentos acima, ficam distribuídos os espaços de coworking e seus ambientes de trabalho correlatos. Dessa forma, podemos descrever que os três pavimentos os espaços de coworking são distribuídos em forma de anel deixando sempre um núcleo de salas que compões estes espaços correlatos, sendo estes: 

3 pavimentos com salas para reunião, em grupo, ou reuniões de atendimento entre cliente e empresa. Estas salas ficaram dispostas em um núcleo central, nos pavimentos, de acordo com o projeto de arquitetura de interiores, as vedações são feitas de maneira 67


a deixar um ambiente mais aberto ou mais fechado, dependendo do tipo de fechamento. 

Sala de estúdio para gravações de vídeo ou registros fotográficos, locada no terceiro pavimento, divide o núcleo central com a sala de reuniões e foi pensada como um espaço importante para a produção de material de divulgação ou produção.

Salas de treinamento e workshops, compreendem grande parte do quarto pavimento e foi pensando para permitir aulas ou em salas, comportando 20 pessoas cada, separadas por vedações removíveis.

Figura 39 - Disposição em planta dos ambientes da Cubo Coworking.

Fonte: http://startupi.com.br/wp-content/uploads/2015/05/cubo-espaco.jpg

Na cobertura do edifício tem-se um espaço chamado de Rooftop que é um piso aberto para a visão da paisagem, onde se cria uma área de conivência para realizar encontros casuais ou confraternizações. A intenção segundo um dos responsáveis pelo Cubo é transformar o Rooftop

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num espaço de encontro de todo o sistema, por isso este ambiente dispõe de cozinha e mobiliário como mesas, cadeiras e sofás, para engajar a permanência dos usuários. Sobre a arquitetura dos espaços internos, vale ressaltar que a escolha do mobiliários e a separação dos pavimentos, por cores, estão relacionadas à própria marca visual da Cubo empreendendo a adoção de uma estética unificada entre a identidade visual da empresa com o espaço de trabalho onde ela está. A Figura 40 abaixo, ilustram melhor os espaços de coworking e seus ambientes correlatos. Figura 40 -– Espaços do Cubo – ambiente de coworking do primeiro pavimento e ambiente do rooftop no quarto pavimento.nte do rooftop no quarto pavimento.

Fonte: http://blog.dito.com.br/2015/09/dito-aterriza-em-sao-paulo/

Além desses espaços, tem-se nos quatro pavimentos de coworking salas corporativas exclusivas para dez ou mais funcionários, sendo três destas em cada pavimento. Chamadas de “cubo estúdio” estas salas foram dispostas na região da fachada principal do edifício e são para empresas que queiram locar e ficar dentro do coworking e ao mesmo tempo reservado.

Figura 41 - Salas exclusivas de trabalho para dez ou mais funcionários.

Fonte: http://blog.dito.com.br/2015/09/dito-aterriza-em-sao-paulo/

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Figura 42 - Auditório do Cubo com capacidade para 130 pessoas.

Fonte: http://blog.dito.com.br/2015/09/dito-aterriza-em-sao-paulo/

Das ideias que podemos ressaltar do Cubo Coworking, como boas referências de organização espacial advindas deste projeto, para o uso corporativo de coworking são: 

Separação de espaços, compartilhados a semicompartilhados, através de fechamento com materiais translúcidos que permitem uma amplitude visual, ao mesmo tempo que utiliza vedações opacas, pintadas com cores da identidade visual, para proporcionar espaços mas reservados como em salas de reunião.

A organização da planta, como um anel, deixando um núcleo central para os ambientes correlatos ao uso de coworking como as salas de reunião em grupo e atendimento.

A disposição de salas exclusivas para empresas com dez ou mais funcionários que partilharão o espaço da sala apenas com os colegas de empresa.

O rooftop que é uma inserção nova para um ambiente de escritórios tradicional, proporciona aos usuários um momento de pausa e descanso durante os turnos de trabalho, e ao mesmo tempo, pode se configurar como ponto de encontro e circulação de ideias entre diferentes empresas e diferentes áreas de mercado.

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2.2.2

Campus Google Madri

Este espaço de Coworking é uma proposta da empresa Google. Foi pensado dentro de um edifício de caráter histórico, na cidade de Madri, onde funcionava uma antiga usina de central térmica para geração de energia localizada na Rua Mazarredo. O Edifício com gabarito de cinco pavimentos de altura foi originalmente construído em 1892, porém com o passar do tempo, foi usada por outras companhias até a chegada da Google e sua proposta de renovação, para abrigar um espaço estimulante de fomento à inovação e empreendedorismo, relacionados aos negócios sobre tecnologia. Com o projeto de intervenção realizado pelo escritório londrino Jump Studios, o Campus Google Madri tem capacidade para mais de 7mil membros, incluindo 50 startups residentes. Figura 43 - Imagem da antiga da usina elétrica à esquerda e imagem recente antes da chegada do Campus Google.

Fonte: http://www.rayosycentellas.net/madrid/?p=3143

Uma nova entrada foi posicionada na parte sul do edifício, que se abre a uma praça pública. A adição desta entrada que se tornou a principal entrada para usuários, incrementa a circulação e capta mais luz natural para o edifício. A partir da nova entrada, os visitantes encontram a recepção antes de chegar ao Campus Café, este que inclui um lounge com mesas, cadeiras e sofás. O pavimento acima também comporta essa região de mesas e sofás do café para reuniões casuais. Segundo o site do Campus Google Madri o programa espacial é composto por: 

Primeiro piso: Auditório e Campus Café.

Segundo piso: Campus Café e Espaço de coworking.

Terceiro piso: Espaço de coworking. 71


Quarto piso: Espaço de coworking e salas de treinamento.

Figura 44 - Fachada Sul – entrada principal de usuários.

Fonte: http://jump-studios.com/work/campus-madrid/

Dentro dos espaços de coworking também ficam separadas salas para reuniões. Estão espalhados recantos estofados para reuniões privadas e outros mobiliários que criam espaços de trabalho flexíveis. Cada sala de reunião tem uma paleta de cores, inspirada por famosos artistas espanhóis, como Picasso e JoaquínSorolla y Bastida. O terceiro piso do Campus Madri é inteiramente destinado ao espaço de coworking com muitas estações de trabalho de generosas dimensões. O quarto e último pavimento, também há espaços de coworking como também espaços mais reservados para treinamentos, workshops, etc.

Figura 45 - Pavimentos de coworking e salas correlatas.

Fonte: http://jump-studios.com/work/campus-madrid/

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Para permitir a inserção de pavimentos, em um vão livre de fábrica, foram utilizadas estruturas de aço e laje de steel-deck revestida em argamassa. A maioria das instalações que dão suporte aos ambientes fica aparente e em sua maioria pintadas uniformemente de branco ou preto. Na região norte do edifício, fica o auditório com gabarito de três pavimentos e capacidade para 200 pessoas. Neste espaço, o Jump Studios empregou um design consciente, mantendo parte da estrutura original do edifício incluindo vigas de aço e permitindo uma futura extensão para pavimentos no caso da necessidade de mais espaço de coworking. Da mesma forma que extensas cortinas ou vedações removíeis podem ser posicionadas dentro da sala do auditório criando espaços para apresentações menores. O auditório aproveita as amplas janelas voltadas para o oeste proporcionando muita luz natural quando desejada, ao mesmo tempo que amplos painéis brancos vedam a passagem da luz, sem interferir na integridade das amplas janelas de aço e vidro continuando, mantendo assim, a relação de cheios e vazios da arquitetura préexistente.

Figura 46 - Auditório com capacidade para 200 pessoas.

Fonte: http://jump-studios.com/work/campus-madrid/

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Figura 29 – Fotografia do auditório em dia de conferência.

Fonte: http://jump-studios.com/work/campus-madrid/ Das ideias que podemos ressaltar do Campus Google Madri como boas referências de organização espacial advindas deste projeto são: 

A manutenção das características históricas de fachada e da composição volumétrica de todo o edifício apesar de ser observada que houve uma espécie de “curetagem” no edifício, pois toda o espaço interno é feito com estruturas novas e adição de 4 pavimentos.

O espaço tem um programa mais simplificado, porém as bases do programa de necessidades para espaços dessa natureza continuam sendo salas de trabalho compartilhadas, salas para treinamento, salas para reunião e espaços de descompressão.

O espaço é preparado para receber mães que trabalham e podem levar seus bebês, portanto, apesar de não ilustrarmos a planta-baixa do projeto, possivelmente existe um espaço para um fraldário, dando este suporte às mães.

74


3 3.1

O METAPROJETO O IPASE como artefato patrimonial modernista – elementos do edifício a serem preservados.

Este item inicia o processo de observação para fins de intervenção projetual. Dessa maneira, partindo da leitura do edifício e seu histórico, presente no Capítulo 1, e considerando o edifício como um objeto de valor patrimonial, entende-se que a intervenção de projeto no IPASE deve procurar a preservação dos elementos característicos da arquitetura modernista. Sendo isso, parte do objetivo da requalificação de reuso para fins de preservação do artefato arquitetônico. Posto isso, a tabela abaixo elenca elementos do edifício que precisam de atenção, no momento da intervenção. São estes:

Tabela 1 – Elementos de interesse patrimonial na arquitetura modernista do IPASE.

A manutenção do “grid” estrutural existente pela presença das colunas cilíndricas que permitem a planta livre.

A intenção de preservar a leitura existente entre as lâminas horizontal e vertical que compõem o partido volumétrico da obra no terreno.

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A preservação da galeria de passeio de pedestre pré-existente com as colunatas de pé-direito duplo que permite um espaço de transição entre o meio público/privado, interno/externo.

A necessidade de preservar a leitura da fachada com as aberturas que se conectem com a ideia de uma fachada livre permitindo amplas faixas de abertura. Preservar uma relação adequada de cheios e vazios através de estudos das mudanças existentes na fachada principal.

A manutenção da empena lisa, presente na Fachada Lateral Sul e Fachada Lateral Norte do bloco vertical, a fim de continuar a relação existente entre cheios e vazios do partido arquitetônico.

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A preservação das escadas helicoidais existentes no edifício, sendo a principal presente no volume cilíndrico da circulação vertical. As escadas atraem interesse visual por conta de seu arrojo formal, estético e estrutural.

A tabela acima elenca elementos valorativos da arquitetura pré-existente que devem ser tomadas como critérios de preservação no momento da intervenção de projeto. Além disso, a intervenção, ora realizada, deve refletir como estará classificada entre as escalas de intervenção desenvolvidas por TIESDELL, OC, HEATH (1996), ressaltando também para o fato de que a escala de intervenção a ser trabalhada nesta proposta é a continuidade contextual por apresentar uma abordagem que oferece uma interpretação que evita tanto a cópia fiel quanto a ruptura completa com o pré-existente. Portanto, abordaremos mais adiante como está qualificada a intervenção feita, posicionando essa, em uma Escala de Intervenção, a fim de classificar as relações entre o novo e a arquitetura pré-existente.

3.2

Condicionantes Legais

A legislação e os instrumentos de ordenamento urbano e construtivo são presentes em todo o processo de projeto. Portanto, foram consultadas as seguintes normativas para fins de projeto: Plano Diretor de Natal (2007), o Código de Obras (2004), o Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte e a NBR 9050 de Acessibilidade, pela ABNT. Expõe-se abaixo as diretrizes indicadas pelas normativas: Iniciando com o Plano Diretor de Natal, tem-se que o edifício que tem por endereço a Rua Almino Afonso com Esplanada Silva Jardim é parte do bairro das Rocas, Natal/RN, e dentro do zoneamento urbano feito pelo Plano Diretor, essa região é uma Zona Adensável e, portanto, com Coeficiente de Aproveitamento de 2,5 do terreno, que equivale a uma densidade populacional de 650 habitantes/hectare, com a possibilidade de edificação de prédios de até 33 pavimentos. Caso o terreno ultrapasse o índice estipulado para o bairro das Rocas, apesar do índice para Zona Adensável também ser 3.5, o edifício pode ser encarregado de outorga onerosa, que seria uma contrapartida dada pela propriedade ao órgão de ordenamento urbano. 77


O índice resultante destes critérios dá a possibilidade de construção de 4.750m² no terreno de estudo. O plano diretor expõe também que os recuos frontais para Zona Adensável são de, 3,00m e 3,00m + H/10 (acima do segundo pav.) e que o recuo lateral é de 1,50 e 1,50+ H/10 (acima do segundo pav.). O que se observa no edifício do IPASE, é que por ser implantado em uma esquina o edifício possui dois recuos frontais e mesmo ele sendo projetado em um momento anterior à legislação vigente, ele está atendendo os recuos frontais exigidos. Apresentando 3,68m de recuos até o segundo pavimento e 7,00m acima do segundo pavimento, com uma altura de quase 30m a fórmula 3,00m + H/10 resulta em um recuo de 6,00m, portanto, atende ao exigido pelo Plano Diretor. Um aspecto importante para ressaltar com relação ao terreno é que este faz parte da Poligonal de Entorno ao perímetro de tombamento demarcado pelo IPHAN apontado na Figura 47 abaixo.

Figura 47 - Esquema de localização o edifício de estudo dentro da poligonal de entorno.

Fonte: Acervo do Iphan, adaptada pelo autor.

78


Essa característica tem implicações sobre aspectos de projetos e construções a serem implantadas nesta região. Seguindo o Plano Diretor de Natal, a ZEPH14 possui um gabarito máximo de 7,5m. No entanto, verificou-se que ainda não há normativas bem definidas com relação ao perímetro de entorno de tombamento e segundo coleta de informações, os estudos em projeto arquitetônicos que venham a ser aplicados tanto na área tombada quanto em seu entorno, devem receber acompanhamento do IPHAN. Pois, apesar de não existir ainda diretrizes publicadas, toda a proposta que for pensada para essa região, deve considerar a intervenção na paisagem, no tecido urbano e suas implicações para a ambiência do lugar. Outro ponto importante, consultado junto ao Código de Obras (2004), foi a questão de vagas de estacionamento para este equipamento proposto. Vamos expor aqui a quantidade de vagas necessárias e apontamos para este momento um possível terreno que seria utilizado para o estacionamento, porém não aprofundamos este assunto em nível de projeto, por acreditar que esta questão precisaria ser estudada mais a fundo com os órgãos de ordenamento e também pelo fato de estar indo além do objeto de estudo, o edifício Presidente Café Filho. Posto isso, o Código de Obras de Natal (2004) caracteriza a Rua Almino Afonso com uma rua Coletora II, como uma rua que apoia a circulação das vias estruturais. A Esplanada Silva Jardim é caracterizada como uma via local. No estudo proposto para estacionamento, temos um terreno localizado a 50 metros do edifício de estudo. Neste terreno encontra-se um edifício em ruína. A Figura 48, abaixo, demonstra o possível terreno para implantação do estacionamento. Figura 48 - Estudo de terreno para estacionamento.

Fonte: Google Maps, adaptado pelo autor.

14

Zona Especial de Patrimônio Histórico.

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O terreno é voltado à Rua Olavo Bilac, via local pelo Código de Obras e, também, tem testada com a Avenida Duque de Caxias, via Coletora II. A partir da análise das vias e com o uso ao edifício, temos que o empreendimento é caracterizado como tipo 6 – Edifício para prestação de serviço geral, ao mesmo tempo, com a previsão de um auditório no programa, tem-se o tipo 17 – Local de Reuniões, convenções. Portanto, tomando a hierarquia maior de via (Av. Duque de Caxias), temos para o tipo 6 e tipo 17: uma vaga a cada 40m². Dessa maneira, a previsão de vagas para o edifício após o estudo preliminar, a partir da área construída de aproximadamente 4,775m², é um número de 120 vagas de estacionamento. O terreno proposto para estacionamento tem uma área de 1,875m² e pode ser reformulado como edifício garagem, ao mesmo tempo que pode preservar as fachadas após análise de interesse histórico da ruína. Seguindo a exposição das normativas consultadas para o desenvolvimento do projeto temos o Código de Segurança Contra Incêndio do Estado do RN, o qual foi consultado pelo entendimento de prover ao edifício com oito pavimentos uma segurança adequada à fuga, a partir da circulação vertical. A escada helicoidal não apresenta dimensões ou espaços adjacentes que fornecem proteção ao fogo. Por isso, após a consulta tem-se os seguintes critérios a serem respeitados no projeto: 

Na seção II, Art.8 inciso V - edificações com altura entre quinze e sessenta metros: a) prevenção fixa (hidrantes); b) prevenção móvel (Extintores de incêndio); c) compartimentação vertical; d) chuveiros automáticos (sprinkler); e) alarme de incêndio; f) iluminação de emergência; g) sinalização; h) escada protegida; i) área de refúgio. j) para-raios; k) instalação de hidrante público.

Sobre a inserção de um auditório a partir do uso pensado para o edifício tem-se também as seguintes diretrizes: 

VI - ambientes com mais de 100 lugares, além das aberturas normais de entrada, deverão dispor de saídas de emergência com largura mínima de dois metros e vinte centímetros (2,20m), acrescendo-se uma unidade de passagem (cinquenta e cinco centímetros) para excedentes de 100 pessoas;

VII - edificações com mais de um pavimento terão escadas com largura mínima de um metro e sessenta centímetros (1,60m), para público de até 200 pessoas.

VIII - nos cinemas, auditórios e demais locais onde as cadeiras estejam dispostas em fileiras e colunas, os assentos obedecerão aos seguintes requisitos: a) distância mínima de 90cm (noventa centímetros) de encosto a encosto; b) número máximo de 15 assentos por fila e de 20 assentos por coluna; c) distância mínima de 1,20 m entre séries

80


de assentos; d) Não é permitido assentos junto à parede, devendo-se distanciar-se desta de, no mínimo, um metro e vinte centímetros (1,20m). Fechando e explanação sobre as normativas necessárias para o projeto de intervenção, tem-se a NBR 9050 que trata da acessibilidade universal dos usuários, na edificação e seu entorno. Dessa maneira, foram consideradas orientações desta norma com objetivo de propiciar um ambiente democrático para diferentes condições de mobilidade, num intuito de tornar o edifício ainda mais convidativo à apropriação do público. A preocupação com relação à acessibilidade é de suma importância para o desenvolvimento do projeto e, portanto, se fez presente no estudo de intervenção no edifício, no ato de projetar as portas e acessos, bem como as conexões verticais, visto que este é um prédio de oito pavimentos com um anexo.

3.3

Condicionantes do Terreno.

O sítio onde está construído o Edifício Pres. Café Filho é um terreno de lote urbano de forma retangular com porte médio situado numa esquina. Os dois lotes adjacentes também são lotes com edificações. As condições geográficas do terreno, juntamente com a implantação do edifício, fornecem as seguintes características de insolação no terreno expostas no esquema a seguir. Figura 49 - Carta solar implantada no terreno para observação da insolação.

Fonte: Google maps adaptado pelo autor.

A partir da observação da figura tem-se que as maiores fachadas do edifício recebem insolação direta por conta da implantação longitudinal Norte/Sul da lâmina vertical. De forma genérica, 81


podemos considerar que a trajetória solar é feita de forma diagonal no edifício, recebendo a insolação da manhã, na fachada frontal Leste, e a insolação da tarde na fachada posterior, Oeste. Portanto nota-se que a insolação direta fica nas fachadas que possuem grande pano de aberturas, sendo assim, estas fachadas são elementos que precisam receber uma atenção de forma a reduzir a radiação térmica direta, ao mesmo tempo que deve preservar as características e relações estéticas pré-existentes nela. Figura 50 - Esquema simplificado da trajetória solar no edifício.

Fonte: Google Maps, adaptada pelo autor.

O esquema, abaixo, demonstra uma análise mais aprofundada do comportamento solar diante das fachadas do edifício, este estudo foi realizado por MACHADO (2014) e demonstra que pela implantação em diagonal, em relação ao norte geográfico, todas as fachadas recebem insolação em algum momento do ano. No entanto, as fachadas Norte e Sul, do volume vertical, são empenas de alvenaria sem aberturas, fato que produz uma barreira para a entrada dos raios do sol.

82


Figura 51 - Análise da insolação direta nas fachadas durante em faixas do ano.

Fonte: MACHADO, 2014.

Apesar do fato de possuir a insolação direta, em boa parte da manhã, a fachada Leste, ou fachada principal do edifício, se beneficia dos ventos predominantes advindos da faixa Sudeste. Essa característica foi verificada pessoalmente, pois na visita in loco nota-se que, ao mesmo tempo que os panos de abertura permitem entrada da ventilação, a fachada principal está totalmente sombreada no período da tarde. Além dos aspectos de ventilação e insolação do sítio, podemos pontuar que este terreno, por estar próximo à região ribeirinha, apresenta um entorno de grande qualidade de paisagem natural, se beneficiando das visuais e pontos de estímulo para observação da paisagem natural e também da paisagem construída, uma vez que o edifício está situado dentro de um perímetro de valor histórico e artístico. As observações empíricas feitas através da visita, in loco, nos pavimentos ociosos que ficam acima do nível da rua demonstram que o grande pano de aberturas permite uma visualização panorâmica do ambiente construído e natural presente nos bairros da Ribeira e Rocas. As figuras, abaixo, tiradas como observador em um dos pavimentos do edifício, expõem as possibilidades visuais dos usuários de identificar e apreciar marcos urbanos da cidade e paisagens marcantes.

83


Figura 52 - Vista da cobertura para o Rio Potengi e Ponte Newton Navarro.

Fonte: Clewton Nascimento, 2014.

Figura 53 - Panorâmica do entorno na Fachada frontal do sexto pavimento.

Fonte: Acervo pessoal, março de 2016.

3.4

Programa de Necessidades.

O programa de necessidades, para o projeto de requalificação, foi desenvolvido a partir das intenções de uso do edifício, explanadas anteriormente no capítulo 1. O desenvolvimento do programa se deu a partir dos estudos de referência feitos, juntamente com a consulta a dois trabalhos de graduação que tratam do mesmo tema: são estes o Pixel Coworking (Camila Novaes, 2013, UFCE) e o QG Espaço de Coworking (Philippe Pinheiro, 2014, UFRN). O prédimensionamento, ora exposto, foi formulado pela combinação das consultas aos trabalhos citados. No entanto, vale enfatizar aqui que o processo de disposição deste programa foi feito de modo a se encaixar na arquitetura pré-existente e, consequentemente, sofre alterações quando se chega ao produto de espaços e atividades presentes nas plantas deste estudo 84


preliminar de requalificação. Portanto, ao analisar o projeto em si, pode-se notar que as áreas não necessariamente vão seguir o pré-dimensionamento, ao mesmo tempo que pode contemplar mais espaços não programados na tabela abaixo, mas que estão presentes por entender que se adequam à natureza das atividades ali desenvolvidas que foram pesquisadas através dos estudos de referência, ou pela consulta de sites e observação empírica de espaços semelhantes. Tem-se como programa espacial para a proposta a seguinte Tabela 2:

TIPO DE ESPAÇO Espaços de transição

Espaços de trabalho

Descompressão

Espaços de Apoio

Programa das Galerias

PROGRAMA DE NECESIDADES PRELIMINAR AMBIENTE ÁREA em m² Recepção 120,00 Auditório 300,00 150 pessoas Foyer e Bwcs Coworking 500 (150 estações) Coworking Coporativo 200,00 Ambiente de Reunião Informal Livre de área Salas de Reunião de Grupo 30,00 Salas de atendimento 12,00 Setor Jurídico 12,00 Sala de Brainstorm / Workshop 40,00 Setor Contábil 15,00 Terraço mirante (Chill Out) 160,00 Lavabos 3,00 Bar e Café 15,00 Ambientes de encontro Livre de área Sala de Jogos 95,00 Vestiários 50,00 Lockers 36,00 (100 pessoas) Banheiros Feminino 15,30 Banheiros Masculino 15,30 Banheiro PNE Mas. 3,00 Banheiro PNE Fem. 3,00 Almoxarifado 6,00 Depósito 6,00 Copa 25,00 Lixo 3,00 Galeria de Arte Zona livre para exposição Quiosques de serviços e vendas 12,00 Banca de Periódicos/Livros Livre de área Zona de apoio aos quiosques 35,00 Banheiros Feminino 15,30 Banheiros Masculino 15,30 Banheiro PNE Mas. 3,00 Banheiro PNE Fem. 3,00

85


A partir da exposição do programa de necessidades que compõe o reuso do edifício, temos a seguinte conformação de espaços para ser pensados no interior do edifício: O uso do tipo Galerias que se liga ao programa cultural deve ser disposto no edifício com uma comunicação imediata com o passeio e as vias, pela natureza deste uso e para possibilitar e atrair a circulação de transeuntes. Ao mesmo tempo que deve-se pensar como distribuir todo o programa de Coworking, pensando nos setores internos que este possui, pois nota-se que o conjunto do programa não contempla somente o espaço de trabalho compartilhado, como também existe ambiente correlatos que são as salas de reunião e atendimento, as salas de workshop, os espaços de descompressão, etc. Logo, o fluxograma de relações entre o programa é necessário para entender as relações espaciais existentes e por conseguinte as circulações ou acessos que necessitam existir para interligar os espaços. Os fluxogramas abaixo explanam de forma gráfica como pode ser organizada as relações do programa estipulado. Primeiramente, tem-se um fluxo de como está organizado o programa geral do edifício separado por tema dos usos propostos:

Figura 54 - Fluxograma geral para o edifício de estudo.

Fonte: Produção do autor. Em seguida, quando se inicia a trabalhar com os espaços propostos no programa de necessidade observamos que o espaço de recepção é que fornece a distribuição dos usuários no programa, ao mesmo tempo entende-se que as galerias serão o primeiro espaço de comunicação dos usuários com o edifício e, portanto, para ter acesso aos demais espaços, todos devem primeiro passar pelas Galerias.

86


Figura 55 - Fluxograma do coworking.

Fonte: Produção do autor.

Outros fluxogramas dos espaços de Coworking foram analisados de modo que possam trabalhar como grupos de espaços que pela semelhança de atividades, ao mesmo tempo que estes espaços devem estar conectados aso espaços de apoio e ao ambiente de Coworking pois é onde se concentrará grande parte dos usuários. Figura 56 - Fluxograma do grupo e Reunião e Atendimento.

Fonte: Produção do autor.

O fluxograma a seguir também expõe outro grupo de ambientes que podem funcionar para um tipo de usuário do edifício que não esteja relacionado às atividades de Coworking. Entretanto, pode fazer uso do espaço de galerias e do auditório.

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Figura 57 - Fluxograma do grupo de programa das galerias.

Fonte: Produção do autor. Outro fluxograma de um grupo de espaços de descompressão deixa o entendimento que este deve estar próximo uns dos outros ao mesmo tempo que não pode perder a conexão com o espaço de trabalho compartilhado.

Figura 58 - Fluxograma dos espaços de descompressão do Coworking.

Fonte: Produção do autor.

Com esse instrumento de distribuição espacial, a partir das relações entre setores e grupos de ambientes, fica mais claro entender as demandas de circulação e disposição do programa. Portanto, o estudo preliminar apresentado adiante, tenta correlacionar os ambientes da maneira mais adequada para os usuários, preocupando-se com os acessos, barreiras e como dispor em pavimentos o programa espacial desejado.

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4 4.1

A PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO ARQUITETÔNICA Conceito da proposta

Chegamos nesse item, o momento de explanar os caminhos que o projeto de intervenção toma considerando toda a gama de conteúdo e variáveis expostos nos itens anteriores. Esta proposta foi amadurecendo a cada passo dado, no entendimento do programa e nas relações espaciais desejadas para este edifício, que agora receba uma reformulação em seu uso a fim de promover uma “oxigenação” de suas estruturas ociosas. Conceituar a intervenção passa novamente pelo uso dado ao edifício, portanto, retomando o esquema abaixo formulado por VERHAAR (2014) o que se entende como uma requalificação das estruturas ociosas do Edifício Pres. Café Filho é a realização de uma reformulação de seu uso, a fim de assegurar a sua vitalidade como um objeto construído como espaço utilizado pela sociedade e, por conseguinte, ofereça impacto positivo no tecido urbano da cidade.

Essas quatro qualidades do gráfico acima são entendidas como elementos importantes para assegurar a vitalidade do edifício, por isso propõe-se neste exercício de intervenção projetual a inserção de duas atividades que se encaixam na arquitetura pré-existente e permitem a criação de novos espaços e novas relações do edifício com os usuários e do edifício com seu entorno urbano. Adotamos então neste processo de reflexão sobre a requalificação os usos de Galerias pelas características favoráveis de comunicação com o espaço público que o bloco horizontal do edifício tem e o uso de Coworking, através da conclusão de que este se encaixa de forma muito adequada à arquitetura pré-existente. A partir destes conceitos iniciais, foi desenvolvida uma proposta de nome para este projeto e chegamos título de Ribeira Hub: Galerias e Coworking. Este equipamento tem por objetivo ser 89


um catalisador para a área, trabalhando como um magneto de usuários do tecido da Ribeira e Rocas pelas possibilidades de usufruto que a edificação promove, pois objetiva-se que a referida intervenção, através do seu programa estabelecido, possibilite a conexão do edifício com os demais equipamentos culturais e de serviços do entorno. Além disso, tenciona ser um equipamento de destaque no tecido urbano a partir das galerias pensadas para existir como uma comunicação imediata com os usuários através dos serviços de comércio, das atividades culturais e da sociabilidade que é possível ter em ambientes de galerias. A Figura 39 abaixo demonstra uma representação do conceito de forma gráfica das relações que podem ser promovidas com os edifícios e os demais equipamentos dos bairros da Ribeira e Rocas. Figura 59 - Raios de atratividade com os equipamentos ao redor do Ribeira Hub.

Fonte: Renato Gomes, 2015 com base no IDEMA 2006 – adaptado pelo autor.

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A conexão do Ribeira Hub é pensada junto aos edifícios de serviços, de cultura, de educação e instituições públicas, além da escala residencial. Estas possíveis conexões de usuários de diferentes equipamentos ao edifício requalificado possibilita uma dinâmica urbana positiva e atrai mais pessoas circulando e investindo em uma centralidade urbana que hoje se encontra com dificuldades de ser habitada.

Figura 60 - Esquema viário de conexões com os equipamentos do entorno do edifício.

Fonte: Google Maps, adaptado pelo autor.

Assim, este conceito inicial do edifício é refletido em seu programa arquitetônico, pois além da implantação de um espaço mais dinâmico e flexível de trabalho conectado com as demandas contemporânea. Tem-se dentro do mesmo equipamento, ambientes que fazem conexões com as atividades culturais da Ribeira, uma vez que as galerias propostas e o anexo de auditório são idealizados de forma a serem mais uma opção de uso cultural para o bairro, e para os grupos e agentes que promovem a cultura e a econômica criativa.

91


4.2

Desenvolvendo as propostas.

Após a explicação do conceito dado ao edifício, demonstramos agora como vamos desenvolver estas intenções através do programa arquitetônico. O primeiro passo do processo de projeto foi a busca pela disposição do programa considerando as relações espaciais estudadas e as atividades correlatas. O croqui inicial se desenvolveu buscando a distribuição do programa entre os pavimentos do edifício em estudo, e chegou-se a proposta da Figura 61, abaixo:

Figura 61 - Esquema de distribuição dos pavimentos.

Fonte: Produção do autor.

Nesta proposta de distribuição do programa chegou-se a uma conformação de divisão de temas entre os blocos que formam o edifício, ficando assim o programa das Galerias dispostas no bloco horizontal, pela comunicação mais direta com o espaço público e o programa de Coworking dispostos no bloco vertical que conta com um circulação pré-existente ligando os pavimentos. Dentro desta disposição geral, um auditório é pensado como uma inserção nova a ser desenvolvida neste projeto. Além disso a cobertura do edifício que outrora foi ocupada por conta de problemas de impermeabilização, é repensada, nesta proposta como um terraço/mirante para os usuários. 92


Seguindo o desenvolvimento das propostas para a requalificação dos espaços, temos como um segundo passo o processo de ideias formuladas para o programa das galerias. Como este programa é distribuído no bloco horizontal, o que foi pensado para o pavimento térreo é a disposição de um espaço que promova a circulação de pessoas por conta das atividades ali implantadas. Assim sendo, os croquis de processo, abaixo, expõem que foi idealizado uma série de quiosques para o desenvolvimento da atividade comercial e de serviços.

Figura 62 - Croqui de concepção para o espaço de galerias do térreo.

Fonte: Produção do autor.

A proposta do espaço térreo pretende, a partir do desenho arredondado dos quiosques, induzir uma circulação livre e mais fluida dos usuários da galeria, fazendo com que estes descubram através do passeio por entre os acessos e barreiras, suas próprias relações com o espaço e como pretendem usá-lo. Por isso, o desenho do quiosque não segue um formato ortogonal, ou o “grid” estrutural. Ao mesmo tempo, essa proposta espacial pretende abrir toda a esquina deste térreo fazendo com que as pessoas sintam o interesse de cruzar o edifício como “corta caminho”, induzindo o usufruto do espaço.

93


Figura 63 - Esquema da relação de fluxos desejados na galeria.

Fonte: Produção do autor.

Figura 64 - Croqui da intenção espacial e volume do quiosque na galeria.

Fonte: Produção do autor.

Uma vez pensado o ambiente térreo, foram reservadas, neste mesmo espaço, as conexões/circulações previstas entre o programa de galerias e o uso de coworking, por isso a conexão vertical, no núcleo central da planta existente no edifício, foi pensado como um 94


elemento a ser preservado. Composto de dois elevadores e da escada helicoidal esta conexão está pensada como o principal elemento de acesso entre os espaços de coworking. Além desta conexão, observa-se que mais duas adicionais estão pensadas. Uma destas é para ligar os usuários do auditório a partir do térreo, este auditório figura nesta proposta como um anexo, na região posterior do terreno do edifício. A outra conexão vertical é uma escada de proteção contra incêndio e está presente no bloco vertical como uma segunda inserção, seguindo as prescrições normativas do Corpo de Bombeiros, uma vez que a escada existente não está adequada para a proteção ao fogo. Outro momento do processo de concepção de projeto foi o desenvolvimento do auditório, pensado como uma inserção dentro do conjunto existente, projetado por Raphael Galvão. A localização do auditório foi feita após uma leitura dos espaços disponíveis e enxergando a potencialidade do terraço que está sem uso no bloco horizontal segundo a Figura 65 abaixo:

Figura 65 - Terraço no segundo pavimento na fachada Sul – bloco horizontal.

Fonte: Acervo pessoal. O espaço se apresenta como um potencial de uso para o auditório é retangular com 191m², com isso poderia existir uma proposta de auditório para cerca de 110 pessoas se encaixa nessas dimensões e assim ocuparíamos todo o terraço, conformando a escala do anexo dentro dos mesmos níveis do segundo pavimento. No entanto, a proposta de auditório buscou extrapolar essa escala do terraço e proporcionar mais liberdade criativa para um novo volume. Portanto, o terraço existente passou a ser usado como parte do auditório mas as propostas de croqui levavam este espaço a ser um foyer aberto, uma transição entre o auditório e o terceiro pavimento. 95


Figura 66 - Início dos croquis de concepção formal da inserção do novo no pré-existente.

Fonte: Produção do autor.

Após essas primeiras interações em croqui chegamos a um terceiro desenho que formula o conceito deste volume do auditório apresentado a seguir:

Figura 67 - Croqui do conceito do partido desejado para o anexo do auditório.

Fonte: Produção do autor.

Este desenho foi feito como uma forma de transmitir o partido que o auditório busca ter, pois este resulta em um volume prismático que está flutuando diante do usuário situado no terraço do terceiro pavimento. Uma vez formulado este partido, um segundo momento destas ideias começou a ter mais maturação, com isso, foi utilizado no processo uma maquete física para dar uma melhor noção de como seria essa inserção dentro do conjunto existente. As Figuras 67 e

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68, abaixo, expõem este processo de projeto das duas inserções: o auditório e a escada protegida.

Figura 68 - Maquete física de concepção volumétrica.

Fonte: Produção do autor. Figura 69 - Escala entre o volume em balanço e o conjunto existente.

Fonte: Produção do autor.

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Após essa concepção de estudo, a partir da maquete física, pode-se perceber que o croqui de um partido mais horizontal do volume que flutua passou por uma adaptação, pois após exercitar as possibilidades de forma mais realista, chegou-se a uma intervenção de um volume mais alongado na direção norte/sul, mas que mantêm as mesmas ideias iniciais. O volume digital produzido das inserções, oferece agora uma percepção mais apurada destas, pois foram desenhadas segundo as dimensões reais do edifício. O anexo do auditório será melhor explicado no item a seguir. O anexo da escada, nas figuras abaixo, já se apresenta de forma como irá ficar dentro do conjunto.

Figura 70 - Volume de massa das inserções.

Fonte: Produção do autor.

Após a concepção destas inserções, finaliza-se esse primeiro momento do lançamento de ideias com a seguinte distribuição do programa de requalificação:

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Figura 71 - Esquema de distribuição do programa.

Fonte: Elaboração do autor.

Por fim, os desenvolvimentos de projeto dos espaços estão melhor expostos no item a seguir, o qual aborda o produto final da requalificação arquitetônica com a implantação do Ribeira Hub: Galerias e Coworking.

4.3

RIBEIRA HUB, galerias e coworking: um breve memorial.

Neste item expõe-se a proposta final de requalificação do edifício, após todo o processo de projeto empreendido até aqui. Vale salientar que as propostas de projeto, desenvolvidas até o momento são propostas de Estudo Preliminar, como uma espécie de lançamento de ideias dos usos e conceitos adotados para a intervenção. Algumas delas mais desenvolvidas do que outras nos aspectos de desenho técnico e materialidade da arquitetura. Após a explicação do desenvolvimento inicial sobre o partido arquitetônico do anexo, a implantação geral do conjunto, bem como a setorização dos ambientes, este item se separa em subitens, a fim de estruturar melhor a explicação das ideias de projeto formuladas. Iniciamos com a explanação dos espaços planejado as galerias e o coworking, em seguida segue o subitem de explanação sobre o anexo novo do auditório. Para entender melhor a explicação dos espaços é necessário fazer a consulta aos desenhos arquitetônicos do projeto, que estão presentes nos apêndices deste trabalho. 99


4.3.1

Sobre as Galerias

O espaço do térreo passa por uma inteira reformulação, uma vez que atualmente encontra-se no espaço uma organização ortogonal do programa, que serve às atividades anteriores à presente proposta. Portanto, a organização do espaço segue o croqui exposto anteriormente, tomando partido das curvas compostas pelos quiosques que serão implantados. Ao todo, serão 16 quiosques com área útil variável, sendo possível contemplar no espaço os usos para serviços de alimentação ou pequenas lojas de varejo, como também quiosques de apoio ao artesão. Para a construção dos quiosques, com um partido formal de curvaturas e ângulos não convencionais, a solução encontrada se inspira em um projeto de um núcleo de atividades, do Estúdio Guto Requena, para a empresa Walmart, a Figura 72, abaixo, demonstra como este espaço é feito. Figura 72 - Núcleo de escritório na empresa Walmart São Paulo.

Fonte: http://archtendencias.com.br/arquitetura/sede-walmart-com-sao-paulo-estudio-guto-requena/

Observando a figura, vemos que para conseguir formar as paredes curvas deste espaço os projetistas utilizam várias peças verticais em madeira leve, as quais se juntam em suas arestas para formatar as curvas a partir de várias peças, como uma espécie de curva multifacetada. Portanto, inspirado neste projeto já construído, a curvatura das paredes dos quiosques nas galerias do térreo pode ser feita da mesma maneira, utilizando-se da madeira espécie “Pinus”, por ser um material maleável e também utilizado no projeto de Guto Requena. As figuras abaixo, demonstram a partir destas intenções construtivas, como se conformam os quiosques no térreo e as intenções de uso deste espaço.

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Figura 73 - Imagem da galeria no térreo, entrando pela Fachada Sul.

Fonte: Elaboração do autor.

Figura 74 - Vista interna de um caminho da galeria entre quiosques em direção à Esplanada Silva Jardim.

Fonte: Elaboração do autor.

A partir das vistas, expostas acima, tem-se que para permitir a livre circulação dos pedestres no do térreo e a abertura da esquina, foi pensado a disposição de esquadria em aço de rolo que permitem grandes vãos de abertura. Estas esquadrias de rolo estão fixadas na parede logo acima dos vãos de abertura, a relação de cheios e vazios no bloco horizontal é modificada para permitir a abertura da esquina e o uso da galeria. A altura das aberturas na fachada é de 2,80m, deixando ainda, uma faixa de parede opaca acima dos vãos de 1,56m, que será revestida com um revestimento de pastilhas cerâmicas de 5x5cm de coloração branco acinzentado e rejunte branco. Pilares em concreto foram locados, de acordo com a modulação do grid de colunas pré101


existentes, a fim de vencer os vãos onde, antes, estavam paredes opacas com janelas convencionais de vidro e armação de alumínio galvanizado. 4.3.2

Sobre os Espaços de Coworking.

As propostas espaciais desenvolvidas para o bloco de Coworking, toma, como ponto de partida, a setorização vertical do programa. Os espaços de Coworking possuem espaços correlatos, observados nos estudos de referência e no programa de necessidades desenvolvido para o projeto, que não se configuram somente como uma sala de estações de trabalho. A organização da lâmina vertical do edifício toma partido da situação espacial pré-existente, pois é observado através do levantamento arquitetônico coletado para a realização do projeto que a lâmina possui uma planta tipo que vai do 2º ao 5º pavimento, composto por um núcleo de circulação vertical através da escada helicoidal de concreto armado e dos elevadores, além disso é neste núcleo que se dispõe banheiros e uma copa, para uso dos funcionários que antes trabalhavam naquela região de escritório. Além deste núcleo, todo o espaço presente é livre de vedações, ou pelo menos pode ser reconfigurado em suas vedações pois trata-se de um espaço de planta livre. Outros dois banheiros estão dispostos em cada extremidade do espaço retangular desta planta tipo. A Figura 75 abaixo demonstra a organização identificada no levantamento arquitetônico do objeto de estudo.

Figura 75 - Planta tipo, segundo levantamento arquitetônico do edifício - dados de 2009.

Fonte: Previdência Social, Setor de Engenharia – Natal/RN. Adaptada pelo autor.

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Por isso, a configuração dos espaços de coworking toma partido deste núcleo vertical e o reconfigura a fim de se adequar às necessidades. Temos então, um novo arranjo que aproveita, ainda, a escada e os elevadores como elementos de ligação entre os pavimentos, e reformula o espaço adjacente, dispondo de uma bateria de banheiros que se conforma como uma torre hidráulica em todos os pavimentos, pois esta região se repete do segundo ao sexto pavimento, onde estão dispostos os programas do bloco de coworking. Ficamos então com a configuração de uma planta-tipo, representada na Figura 76, abaixo, onde ainda se preservam os shafts existentes das extremidades, o núcleo de circulação vertical e o espaço de planta livre que recebe vedações permanentes ou temporárias de acordo com as necessidades dos ambientes. Nesta nova planta-tipo, temos também a separação de uma região da extremidade Norte para a construção da antecâmara de segurança e da escada de incêndio como exigências prescritivas já consideradas nesta intervenção de projeto. Outro aspecto reformulado foi a dimensão dos pilares que passou por uma atualização no levantamento cadastral em todos os pavimentos, pois estavam com as dimensões erradas.

Figura 76 - Planta tipo após projeto de reforma.

Fonte: Previdência Social, Setor de Engenharia – Natal/RN. Adaptada pelo autor.

Uma vez definida esta planta tipo para os pavimentos do bloco vertical, tem-se dessa maneira o aproveitamento de toda a região de planta livre para a disposição do programa. Iniciando a explicar sobre esta organização, seguimos a setorização vertical estabelecida e assim temos que no segundo pavimento estão distribuídas salas de reuniões de grupo, reuniões informais e salas 103


de atendimento. Este pavimento foi inteiramente reservado para este programa de reuniões devido à observação do estudo de referência feita no Mesa Anexa, que sofreu ampliação de suas instalações pela a demanda de pessoas procurando salas de reunião ou salas para atendimento e sublocação na cidade do Natal. O pavimento de reuniões foi pensado de maneira a dispor de ampla área de circulação, uma vez que é nele que se encontra a ligação do bloco de coworking com o auditório anexo, no terraço aberto, região posterior do terreno. Apesar de ser um espaço que exige silêncio, não será comprometido pelo movimento advindo do auditório por conta da zona de foyer ao ar livre existente antes do foyer de entrada. Ao mesmo tempo, foi pensada a existência das vedações leves, esquadrias de vidro e alumínio, que permitem mais privacidade e foi uma solução vista nos espaços da Cubo Coworking. Nos 3º e 4º pavimentos estão dispostas as salas de coworking propriamente ditas. Estas tomam partido da planta livre e se organizam de uma maneira que permite uma amplitude visual, em todo o pavimento, separado apenas por mobiliários que são as estações de trabalho. Ainda dentro destes dois pavimentos, temos a separação da região sul do espaço para dispor de salas separadas para o uso de coworking corporativo. Estas salas foram pensadas seguindo os estudos de referência como nos casos do Cubo Coworking e do Inova Metrópole e por acreditar que são espaços que potencializam a qualidade do programa proposto. As Figuras, a seguir, dão uma ideia do espaço de Coworking 2, disposto no 4º pavimento do bloco vertical. Esta é uma proposta de espaço de trabalho que promove mais interação entre os usuários, permitindo trabalhos em grupo, diferente do espaço, no 3º pavimento, que pretende ser um ambiente de trabalho mais silencioso e individual.

104


Figura 77 - Espaço de Coworking 2.

Fonte: Elaboração do autor.

Figura 78 - Recepção do Espaço de Coworking 2.

Fonte: Elaboração do autor.

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O quinto e sexto pavimentos, do bloco vertical, abrigam os programas de workshop e o programa de descompressão respectivamente. São espaços que se organizaram, permitindo uma generosidade das circulações pela ampla área útil disponível, além disso, são espaços que podem sofrer reconfigurações nos ambientes a qualquer momento com várias possibilidades de layout a partir de paredes retráteis fixadas por trilhos no forro e no piso que ampliam, diminuem ou criam novos ambientes de acordo com as necessidades. No topo deste bloco vertical fica um terraço mirante que faz parte do programa de coworking. Este pavimento se conforma atualmente com um elemento a mais na fachada do edifício, porém não é parte do projeto original e foi feito apenas por problema de impermeabilização da laje e não por demandas de uso. Por isso, neste projeto de intervenção estas estruturas físicas são demolidas recompondo a fachada original e reformulando o pavimento como um terraço ao ar livre, com um serviço de alimentação, possibilitando um ambiente de “networking” informal. Também é pensado de forma mais ampliada, visando ser um espaço que serve à cidade como um todo, sendo assim um terraço de grande potencial de visitação na região, pelas qualidades da paisagem já comentadas. Este Terraço Mirante é um espaço de permanência entre média e longa duração e por isso, foi pensada a disposição de uma cobertura para proteção da insolação direta ou chuva. A coberta é composta de uma estrutura leve, um tablado de peças metálicas triangulares, moduladas como peças de 4 por 4 metros, formando uma estrutura que não necessita de muitas colunas. A parte da coberta em si é feita através de tendas tensionadas com um bastão vertical no encontro dos módulos. As formas da cobertura e a paginação do piso tomam, como inspiração, a forma triangular da ponte estaiada Newton Navarro. Figura 79 - Vista do Terraço Mirante.

Fonte: Elaboração do autor.

106


4.3.3

Considerações sobre a fachada e aspectos de conforto térmico.

A implantação do edifício expõe as fachadas principais para uma insolação direta, como exposto na análise das condicionantes do terreno neste memorial, temos assim, uma questão de conforto térmico a ser resolvida, ainda mais por conta da intenção de reformular a fachada principal da Rua Almino Afonso, voltando às feições da primeira versão do projeto de Raphael Galvão no tempo de sua inauguração. Falando então sobre essa proposta, o projeto de atualização da Fachada Leste é formulado pela colocação de uma fachada cortina nos pavimentos do bloco vertical, a fim de proporcionar uma amplitude visual nos ambientes internos do coworking e também substituir as estruturas já desgastadas das aberturas existentes. A Figura 80, a segui,r exibe um módulo da fachada pensada como uma esquadria metálica galvanizada, com montantes de 5cm de espessura para o suporte das janelas em vidro.

Figura 80 - Módulo de aberturas da fachada cortina.

Fonte: Elaboração do autor.

Nesta esquadria é pensada a possibilidade de mover as janelas da faixa central da abertura, deixando a esquadria de baixo como um peitoril de 1,12m. Este movimento seria corrediço na vertical, fazendo a esquadria com a abertura do tipo guilhotina. A trajetória do sol permite que na parte da tarde, toda a fachada esteja sombreada e por isso, propicia a entrada de ventilação natural. No entanto, para mitigar a entrada da insolação direta, tanto na fachada Leste como na Fachada Oeste, frontal e posterior do edifício, este projeto adota as soluções anteriormente pensadas por José Júlio Machado em sua dissertação, que tem como objetivo o retrofit energético em edifícios modernistas e teve o Edifício do IPASE como um dos casos. Por isso, 107


MACHADO (2014) em seu estudo que também adota o retorno da fachada cortina para o edifício, exibe em sua análise a colocação de uma proteção externa nesse grande pano de abertura. A solução consiste na utilização de um sistema com persiana exterior em alumínio da marca Hunter Douglas Modelo EL80A, que está instalada na parte externa da edificação a 7 cm da esquadria, para garantir o isolamento térmico. A persiana é dotada de um sistema de automação, que permite a regulagem do ângulo das lâminas e abertura e fechamento das mesmas de forma pré-programada e já foi prevista na fachada o espaço do bandô para o recolhimento e proteção da persiana. Foi consultado nos catálogos técnicos da persiana do modelo citado e tem-se que para uma altura de 3 metros de abertura, que é o caso da janela projetada, a dimensão do bandô é de 31 cm de altura e um espaçamento interno mínimo de 14cm. Este bandô metálico, feito do mesmo material da esquadria, está fixado nas marquises de concreto que se projetam em 60cm na fachada principal. O bandô da fachada oeste é de 24 cm de altura por 15cm de espaçamento para abrigar o recolhimento das persianas, para aberturas de 2m de altura. A Figura 81, abaixo, representa apenas uma das simulações feitas com a persiana escolhida, é observado neste estudo que mesmo a persiana estando totalmente aberta, ainda assim proporciona um sombreamento parcial para os ambientes interno. A análise exposta abaixo é realizada com a persiana em um ângulo de 40º.

Figura 81 - Simulação do SunTool - Fachada Oeste, 40 graus.

Fonte: MACHADO (2014).

MACHADO (2014), conclui seu estudo afirmando que: “com as simulações verificou – se que existe proteção para um ângulo de 40º similar ao fechamento de 90º”, por isso adota o seguinte regime de funcionamento das proteções para Leste e Oeste. 1. Regime de operação persiana - Fachada leste: • 05:50 hs até 08:00 hs: Baixa com fechamento de 40º. • 08:00 hs até 12:30 hs: Baixa com fechamento de 0º. 108


• 12:30 até 05:50 do dia seguinte: Suspensa.

2. Regime de operação persiana - Fachada oeste: • 11:30 hs até 15:00 hs : Baixa com fechamento de 0º. • 15:00 hs até 18:00 hs: Baixa cm fechamento de 40º. • 18:00 até 11:30 do dia seguinte: Recolhida.

Figura 82 - Detalhe do sistema de automatização da persiana.

Fonte: MACHADO (2014).

A vista, abaixo, exibe a conformação final do conjunto, das intervenções feitas dando ênfase à nova estética da fachada da Rua Almino Afonso com a presença da fachada cortina de piso ao teto nos pavimentos do bloco vertical.

Figura 83 - Vista de esquina do conjunto final do Ribeira Hub.

Fonte: Elaboração do autor.

109


Consideramos então, que esta reconfiguração da fachada Leste que é a fachada principal do edifício, além de proporcionar mais qualidade ambiental para os espaços de trabalho internos, resgata também a dimensão representacional das ideias de Raphael Galvão do início do projeto.

4.3.4

Sobre o anexo novo – Auditório

Esta é a intervenção que arremata o conjunto de ideias projetuais propostas para o Ribeira Hub. O anexo do auditório consiste em um projeto de um novo elemento arquitetônico, dentro de um conjunto pré-existente, que é o edifício de Raphael Galvão composto de um partido de dois blocos horizontal e vertical, onde agora estão reformulados com o programa de galerias e coworking respectivamente. O desenvolvimento do processo de criação da inserção do auditório já foi demonstrado, no início desse capítulo, e o partido consiste em um prisma retangular, com subtrações na região Sul do terreno, a fim de conformar uma região de transição entre o foyer aberto e a entrada real no auditório. Com essa subtração da forma, temos a criação de um elemento “em balanço”, para dar uma intenção de que este volume está flutuando em relação ao bloco pré-existente.

Figura 84 - Vista do volume do anexo dentro do conjunto pré-existente.

Fonte: Elaboração do autor.

110


A locação do prisma, durante o processo de projeto fez com que todo o elemento ficasse deslocado do chão do terreno disponível. Dessa forma, o volume apenas “pousa” ou “flutua” na região posterior do sítio e por isso para manter essas intenções de composição, foi feito um estudo tomando como referência o projeto da Escola de Design de Toronto, a OCAD, tendo em vista que foi um projeto de uma inserção nova em um conjunto pré-existente que tem as mesmas intenções desenvolvidas para o auditório. A Figura 85, a seguir, expõe que um elemento novo é inserido terreno disponível de forma que todo o prisma retangular fica suspenso, por pilares circulares cilíndricos:

Figura 85 - Conjunto edificado da OCAD após intervenção.

Fonte: http://www.underconsideration.com/brandnew/archives/ocad_u_all_new.php

Tendo esse projeto como inspiração, buscamos mais detalhes sobre como este elemento prismático de grande escala poderia ser sustentado pela estrutura de pilares e como era sua estrutura interna. As buscas na internet permitiram uma página da Steel Structures Education Foundation15, que exibe detalhe sobre o projeto estrutural deste edifício. Portanto, a estrutura que suporta este elemento, flutuante em relação ao terreno, é feita inteiramente de estrutura metálica como uma espécie de quadro travado por diferentes peças da trama estrutural.

15

http://www.tboake.com/steel/ssef/ocad.html

111


Figura 86 - Estrutura metálica projetada para a OCAD.

Fonte: http://www.tboake.com/steel/ssef/ocad.html

Grandes vigas de aço fazem o desenho do quadro estrutural que é preenchido por uma trama de peças nos dois sentidos do vãos e de peças de contraventamento. Segundo dados coletados no site, a altura do prisma em relação ao nível da rua é de 27 metros e está sustentado por diferentes tubos de aço cilíndricos inclinados em seu eixo, estes pilares possuem um diâmetro de 90 cm. A vedação do prisma é feita em steel frame, com placas opacas que recebem tratamento estético uniforme em suas fachadas externas. Posto isso, e inspirando-se neste projeto, para tornar possível as relações entre o volume o auditório, dentro do terreno de estudo, foi dimensionada uma estrutura metálica, pelas maiores possibilidades de vãos que ela proporciona e pela esbelteza que se pode conseguir com os pilares, vigas e demais peças constituintes. Então, uma vez planejado o espaço que os ambientes teriam, foi lançada uma estrutura sobre este contando com a orientação da Profa. Edna Moura Pinto, vale salientar que neste quesito o projeto apenas faz apontamentos de dimensões das peças estruturais, apesar de ser necessário para um nível de detalhamento, uma definição mais apurada da estrutura. Ao mesmo tempo, este pré-dimensionamento atende aos objetivos da concepção do projeto, uma vez que fica definido o tipo de estrutura adotada e as peças que podem ser desenvolvidas em nível mais técnico. Este estudo preliminar, entende que a estrutura deve se adequar à arquitetura, fazendo valer as ideias espaciais do projetista as e relações desejadas entre pessoas/arquitetura. O espaço do auditório é composto de uma grande arquibancada, onde fica o espaço para a plateia, ele possui um fluxo descendente, formando um prisma retangular completo na

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extremidade norte do terreno, desenhando assim um edifício de pé direito duplo. Nesta extremidade norte está locada a região do palco do auditório. Esse palco ficou pensado para ter as propriedades técnicas de um espaço de apresentações artísticas, uma espécie de mini teatro, a fim de ser mais um espaço para o desenvolvimento da cultura no bairro da Ribeira, que é sempre foi um território efervescente nesse aspecto. Para sustentar estas propriedades espaciais, a orientação da Profa. Edna Moura foi adotar a equação utilizada por Aluízio Margarido em seu livro: Fundamentos das Estruturas. Essa equação diz respeito aos vãos entre os pilares, que foram locados no edifício que termina com uma estrutura em balanço, como é o caso deste projeto. Logo, partindo da equação de 0,9 x Vão/15 – 0,8 x Vão/15 – 2x Vão/15, tem-se alturas de vigas que vão crescendo a partir de 40cm, no entanto, a orientação da professora foi a adoção de um perfil metálico I uniforme para todas as peças da estrutura, uma vez que a adoção de um contraventamento na região do balanço fará com que este espaço funcione como uma viga inteiriça, além disso as amarrações feitas pelos pilares nas vigas resistem melhor ao Momento Fletor do balanço na extremidade Sul. Outro aspecto positivo da estrutura metálica é boa resistência ao esforço de tração.

Figura 87 - Exposição da solução estrutural do auditório.

Fonte: Elaboração do autor.

As fachadas do auditório também receberam um tratamento uniforme inspirada na OCAD, a fim de manter uma mesma estética no volume, e identifica-lo como uma arquitetura no seu tempo 113


contemporâneo, a fim de marcar uma separação entre o novo e o antigo, o modernista e o contemporâneo. Por isso, aplica-se às fachadas do volume uma espécie de “pele”, uma malha metálica com a coloração branca no estilo de “polka dots”, inspirada na fachada do projeto de escritório, feita pelo estúdio francês PAD, mas que recebe uma releitura para o projeto do auditório.

Figura 88 - Fachada com pele perfurada - Studio PAD.

Fonte: http://www.dezeen.com/2014/04/25/pad-creates-facade-for-boat-company-headquartersusing-hi-macs/

114


Figura 89 - Fachada do Anexo novo - Auditório.

Fonte: Elaboração do autor.

Por fim as imagens, a seguir, tentam representar a sensação dos usuários no espaço do auditório/teatro. Foi idealizada uma arquibancada em piso vinílico em tons de madeira a fim de dar uma continuidade visual, ao mesmo tempo é idealizado que as cadeiras do auditório sejam móveis, a fim de deixar a possibilidade das pessoas utilizarem o chão da arquibancada, criando um ambiente mais descontraído e com capacidade para mais usuários. Figura 90 - Vista interna do Auditório - topo da arquibancada.

Fonte: Elaboração do autor.

115


Figura 91 - Vista interna do Auditório - visão do palco.

Fonte: Elaboração do autor.

4.3.5

Sobre o conjunto edificado após as intervenções.

Com a exposição de todas as ideias espaciais de intervenção para o edifício do IPASE, faz-se necessário retomar uma análise da intervenção de projeto, conceituando esse produto final dentro das escalas de intervenção. O que podemos considerar, sobre o resultado estético/formal do conjunto edificado, é que as inserções feitas como novos elementos deste projeto objetivam o respeito ao partido volumétrico da arquitetura modernista, idealizada por Raphael Galvão. Apesar das adequações, realizadas dentro do espaço interno presentes nas plantas-baixas dessa proposta, o projeto de intervenção busca apoiar-se nas ideias defendidas por Theodore Prudon (2008), pois as atualizações espaciais existentes, ou mesmo a substituição de elementos compositivos, objetivamos manter as ideias do projetista do edifício, preservando e mantendo os elementos essenciais que caracterizam a arquitetura modernista e por consequência, o valor patrimonial que este artefato possa ter para a sociedade. Consideramos 116


que, colocando o conjunto final em uma escala de intervenção, este se encontra dentro do campo de intervenção da Continuidade Contextual:

Figura 92 - Identificando a intervenção dentro das Escalas desenvolvidas por TIESDELL. OC. HEATH. (1996).

Fonte: MACHADO, 2014 – adaptada pelo autor.

Pois, os novos elementos não atrapalham a leitura das ideias e dos elementos da arquitetura pré-existentes, ao mesmo tempo que, considerando a Fachada Sul do conjunto, a uniformidade estética entre o novo e o antigo é feita através do uso da cor branca e das formas prismáticas dos volumes. Acreditamos que as intervenções exercem seu papel funcional dentro do programa arquitetônico adotado, ao mesmo tempo que, marcam presença como produtos autorais de um projetista, separando as ideias do arquiteto da obra inicial, das ideias do discente projetista.

117


Figura 93 - Fachada Sul da proposta final de intervenção.

Fonte: Elaboração do autor.

5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, chegamos aqui ao término da explicação deste processo de projeto de intervenção. Conclui-se que os objetivos de requalificação arquitetônica do edifício do IPASE foram alcançados, a partir da formulação de um reuso do edifício que se encontra, atualmente, ocioso em suas estruturas físicas, mas, ainda, com grande potencial para o usufruto dos citadinos.

Como exposto no item anterior, acreditamos que as inserções novas respeitam a arquitetura pré-existente. Além disso, acreditamos que o novo conceito dado ao edifício a partir dos novos usos implantados, se adequam aos espaços disponíveis do Edifício Presidente Café Filho. Tais espaços deram muita liberdade projetual, pela qualidade de planta livre dos pavimentos, podendo ainda, após este estudo preliminar, receber modificações e adequações, de acordo com as necessidades sem afetar os elementos compositivos da obra. Continuando a sua identificação como um exemplar modernista.

A aproximação com o uso de Coworking, conscientizou o discente sobre as novas demandas da sociedade contemporânea, conectada em rede, como também sobre novas práticas de arquitetura para espaços de trabalho. Devido ao tema deste tipo de espaço de trabalho ser ainda 118


recente no Brasil, é com satisfação que percebemos que o projeto arquitetônico contribui para o fomento de conteúdo sobre este tipo de espaço.

O trabalho buscou realizar uma síntese entre as diferentes variáveis aqui expostas. Acreditamos no valor deste esforço como um trabalho que tentou aliar a teoria e a prática da arquitetura.

O discente termina este trabalho com satisfação, pelos objetivos alcançados e pela ampliação do conhecimento sobre intervenção de projeto arquitetônico, em um edifício, que apesar de não reconhecido de maneira oficial, é um ícone da arquitetura modernista em Natal, e por isso merece atenção e ações de preservação deste patrimônio junto às demais obras modernistas importantes na cidade. Muito Obrigado!

119


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APÊNDICES

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