Brasilidades: antologia poética

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BRASILIDADES, antologia poética. Org.: Cleyton Santos de Medeiros. Projeto gráfico: Cleyton Santos apoiado das fotografias retirada da Plataforma Pinterest Ilustração Capa: Cleyton Santos apoiado nas fotografias da Plataforma Pinterest MEDEIROS, C. S. BRASILIDADES. Na t a l/RN, UFRN:2022 .

ISBN: 0001 -001 -001 - 10

cleytonsantosm@hotmail.com


1 - Varanda suspensa 2 - Canção do exílio 3 - Um homem e seu carnaval 4 - Samba enredo 5 - Brasil 6 - Círculo vicioso 7 - São João do nordestino 8 - Abc do Nordeste 9 - Sabores do Brasil 10 - Tropicália


Descansar a vista Até onde a vista alcança De uma zona temperada Até onde o sonho te leva Uma varanda suspensa De São Sebastião Intocada, pura, em colméias Pés de manga, costela de Adão Todos sentavam pra ver Aquele quadro vivo mudar Vista para Ilhabela Eramos a tela impressionista Tropical, latinoamericana Litoral, início de janeiro Tardes de veraneio Úmidos faróis anunciando a noite neon Descansar a vista Até onde a vista alcança De uma zona temperada Até onde o sonho te leva


Minha terra tem palmeiras Onde canta o Sabiá, As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho, à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá


Deus me abandonou no meio da orgia entre uma baiana e uma egípcia. Estou perdido. Sem olhos, sem boca sem dimensões. As fitas, as cores, os barulhos passam por mim de raspão. Pobre poesia. O pandeiro bate é dentro do peito mas ninguém percebe. Estou lívido, gago. Eternas namoradas riem para mim demonstrando os corpos, os dentes. Impossível perdoá-las, sequer esquecê-las. Deus me abandonou no meio do rio. Estou me afogando peixes sulfúreos ondas de éter curvas curvas curvas bandeiras de préstitos pneus silenciosos grandes abraços largos espaços eternamente.


A sanfona anuncia uma canção A zabumba vai na batida do coração O triângulo dá seu ritmo e compasso E o forró vai surgindo no ritmo do seu passo No nordeste tem esse tal de São João Um festa de costumes e muita tradição Todo mundo dançando forró de montão Seja arrasta pé, xote, xaxado ou baião Gente de tudo quanto é canto quer comparecer O maior e melhor São João você deve conhecer Caruaru e Campina Grande será seu destino Brincar o São João do povo nordestino Tem um monte de comida milho deliciosa Difícil decidir qual é a mais gostosa Canjica, pamonha, munguzá e bolo de milho Cada uma com seu sabor e seu brilho São João no nordeste é sinônimo de alegria Uma festa de um povo que contagia Com sua hospitalidade e muita simpatia O nordestino é esse ser de muita sabedoria


Bailando sem jogar, gemia o Macalé: – Quem me dera que fosse o preto Moacir, que vive no Flamengo, estrela a reluzir! Mas a estrela, fitando em Santos o Pelé: – Pudesse eu copiar o bom praça de pré, um cobra que jamais encontrará faquir, sempre a driblar, a ir e vir, chutando a rir! Porém, Pelé, fitando o mar sem muita fé: – Ah se eu tivesse aquela bossa de tourada que faz de qualquer touro o joão de seu Mané! Mas o Mané deixando, triste, uma pelada: -Pois não troco Pau Grande por Madri, Pelé, e mesmo o Botafogo muito já me enfada… Por que não nasci eu um simples Macalé?


“Brasil, meu nego Deixa eu te contar A história que a história não conta O avesso do mesmo lugar Na luta é que a gente se encontra Brasil, meu dengo, a Mangueira chegou Com versos que o livro apagou Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento Tem sangue retinto pisado Atrás do herói emoldurado Mulheres, tamoios, mulatos Eu quero um país que não tá no retrato Brasil, o teu nome é Dandara Tua cara é de cariri Não veio do céu Nem das mãos de Isabel A liberdade é um dragão no mar de Aracati Salve os caboclos de julho Quem foi de aço nos anos de chumbo Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês” [...]


"O Brasil de norte a sul do sudeste ao nordeste passando no centro-oeste embaixo de um céu azul do chão brota um menu tão completo, tão inteiro do morango ao cajueiro sabores tão diferentes mas falta um ingrediente na mesa do brasileiro tem churrasco lá no sul tem o cuscuz do nordeste queijo minas no sudeste na Bahia sururu no centro-oeste o menu tem arroz de carreteiro e das mãos do canoeiro peixe assado e pirão quente mas falta um ingrediente

temos doce de goiaba a moqueca capixaba tem cachaça, o nosso ‘mé‘ um pãozinho com café os legumes do roceiro e do mar o jangadeiro trás mil peixes diferentes mas falta um ingrediente na mesa do brasileiro falta solidariedade temperando essa fartura mais doce que rapadura é o mel da igualdade pitadas de honestidade mudariam esse roteiro do doutor ao faxineiro do famoso ao indigente seria bem diferente à mesa do brasileiro."


A — Ai, como é duro viver nos Estados do Nordeste quando o nosso Pai Celeste não manda a nuvem chover. É bem triste a gente ver findar o mês de janeiro depois findar fevereiro e março também passar, sem o inverno começar B — Berra o gado impaciente reclamando o verde pasto, desfigurado e arrasto, com o olhar de penitente; o fazendeiro, descrente, um jeito não pode dar, o sol ardente a queimar e o vento forte soprando, a gente fica pensando

C — Caminhando pelo espaço, como os trapos de um lençol, pras bandas do pôr do sol, as nuvens vão em fracasso: aqui e ali um pedaço vagando… sempre vagando, quem estiver reparando faz logo a comparação de umas pastas de algodão que o vento vai carregando. D — De manhã, bem de manhã, vem da montanha um agouro de gargalhada e de choro da feia e triste cauã: um bando de ribançã


O Zé Pereira chegou de caravela E preguntou pro guarani de mata virgem — Sois cristão? — Não, Sou bravo, sou forte sou filho da morte Tetetê tetê Quizá Quizá Quecê! Lá de longe a onça resmungava Uu! Ua! uu! O negro zonzo saído da fornalha Tomou a palavra e respondeu — Sim pela graça de Deus Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum! E fizeram o carnaval.


Sobre a cabeça os aviões Sob os meus pés os caminhões Aponta contra os chapadões Meu nariz Eu organizo o movimento Eu oriento o carnaval Eu inauguro o monumento no planalto central Do país Viva a bossa-sa-sa Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça Viva a bossa-sa-sa Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça O monumento é de papel crepom e prata Os olhos verdes da mulata A cabeleira esconde atrás da verde mata O luar do sertão O monumento não tem porta A entrada de uma rua antiga, estreita e torta E no joelho uma criança sorridente, feia e morta Estende a mão Viva a mata-ta-ta Viva a mulata-ta-ta-ta-ta Viva a mata-ta-ta Viva a mulata-ta-ta-ta-ta No pátio interno há uma piscina Com água azul de Amaralina Coqueiro, brisa e fala nordestina e faróis Na mão direita tem uma roseira Autenticando eterna primavera

Entre os girassóis Viva Maria-ia-ia Viva a Bahia-ia-ia-ia-ia Viva Maria-ia-ia Viva a Bahia-ia-ia-ia-ia No pulso esquerdo bang-bang Em suas veias corre muito pouco sangue Mas seu coração balança a um samba de tamborim Emite acordes dissonantes Pelos cinco mil alto-falantes Senhora e senhores ele põe os olhos grandes Sobre mim Viva Iracema-ma-ma Viva Ipanema-ma-ma-ma-ma Viva Iracema-ma-ma Viva Ipanema-ma-ma-ma-ma Domingo é o Fino da Bossa Segunda-feira está na fossa Terça-feira vai à roça Porém O monumento é bem moderno Não disse nada do modelo do meu terno Que tudo mais vá pro inferno, meu bem Viva a banda-da-da Carmem Miranda-da-da-da-da Viva a banda-da-da Carmem Miranda-da-da-da-da


A Estação Primeira de Mangueira ganhou foi campeã do carnaval de 2019 no Rio de Janeiro, com o enredo “História para ninar gente grande”, exaltando personagens que fazem parte da História do Brasil e são pouco mencionados nos livros de história. Maria do Céu Whitaker Poças é uma cantora e compositora brasileira. Seu trabalho traz influências MPB, samba, hip hop, afrobeat, jazz e R&B.

Antônio Gonçalves Dias foi um poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro. Um grande expoente do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como "indianismo’’.

Carlos Drummond de Andrade foi um poeta, farmacêutico, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX.

Oswald de Andrade, foi um poeta, escritor, ensaísta e dramaturgo brasileiro. Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que ocorreu em 1922 na cidade de São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro.

Paulo Mendes Campos foi um escritor, poeta e jornalista brasileiro. Fundou uma escola em Belo Horizonte chamada Colégio Paulo Mendes Campos.

Ivanildo Sales nasceu em Caruaru-PE no ano de 1982. Formado em Eng. Química pela UFCG com Mestrado em Eng. Civil e Ambiental pela UFPE. Descobriu uma nova maneira de viver através das artes. Encontrou na poesia sua verdadeira paixão.


Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, foi um poeta popular, compositor, cantor e improvisador brasileiro.

Bráulio Bessa Uchoa é um poeta, cordelista, declamador e palestrante brasileiro. Ficou famoso após postar vídeos na internet para resgatar a tradicional literatura de cordel.

Caetano Emanoel Viana Teles Veloso é um músico e escritor brasileiro. Com uma carreira que ultrapassa cinco décadas, Caetano construiu uma obra musical marcada pela releitura e renovação e considerada amplamente como possuidora de grande valor intelectual e poético.

31 anos, geração Y, Sertanejo de raiz (Caicó/RN), Litorâneo de vivência (Natal/RN), tem formação em arquitetura pela UFRN e atualmente desvela o mundo das letras e da educação através da Licenciatura em Inglês - UFRN.


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