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PELÉ, O REI UMA CURTA HOMENAGEM DE
Um Indiscreto
ANTÓNIO F. LOBO
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A maior parte do que escrevo é ficcional Ainda que lhe de suporte alguma realidade: acontecimentos, personagens e outros É o caso deste escrito
Não é menos verdade que a conjuntura do tempo e da mediatização dos eventos, tenham um forte impacto no despertar do subconsciente para ocorrências passadas e impactantes
Como sempre um esboço para que a ideia não morra e que possa ser trabalhada, se a vontade não atraiçoar
Todas estas reminiscências estão prenhes de inefável nostalgia, mas também dos encantos pueris, silvestres e primaveris, onde o eco da juventude e da madurez produtiva já lá vão, deixando memórias irreversíveis que nos sussurram aos ouvidos da alma coisas secretas e indivisíveis, enquanto o dia se põe e soam as santíssimas trindades
Rei, s m Pequeno chouriço feito com fragmentos de tripa que, pela festa dos Reis, os padrinhos costumavam dar aos afilhados
Algumas expressões: O Rei vai nu; Sem rei nem Roque; Aqui del rei!
Se a ordem de valores fosse a casta social, estávamos perante a figura incontornável do ano, Rei Charles À lembrança vem o resignado J Carlos de Espanha, figura simpática que fez e faz correr lágrimas de saudade a quem o conheceu, pessoal ou remotamente pelo culto da imagem multimédia.
Um caloroso cumprimento aos veniais Rei das gravatas, dos frangos, das farturas, reis do baralho, etc tantos quantos os chapéus: e chapéus há muitos!
Mas, o nosso rei é, por força do êxito, o nº10, o canarinho Pelé: Edson Arantes do Nascimento. Figura querida do público futebolístico, e não só: o seu talento inefável para o futebol e a sua bonomia, simpatia e educação, fizeram dele o brasileiro mais famoso do planeta, o jogador mais completo e admirado do “desporto mais popular do mundo, praticado actualmente por 265 milhões de jogadores em diferentes categorias, a mando global da FIFA, uma entidade que reúne 211 organizações desportivas,18 membros mais que a ONU!” Até os padres jogam a bola!
Pois bem, não sou aficionado do futebol, abomino os clubes, as claques, os contratos obscenos dos jogadores / mercado e todo o ambiente mafioso que suporta, nutre e faz deste labirinto nefasto a sua casa e pasto Mas, fique claro, encanta-me um bom jogo de futebol com a nata dos jogadores dentro do relvado, e das quatro linhas; com som off Como toda a gente sabe, o Brasil arrecadou um par de vezes o título de campeão do mundo nesta modalidade desportiva Merecidamente, anos atrás (situem-se num tempo e num espaço), a final disputava-se no Brasil contra a França, em casa, portanto O jogo mantinha-se empatado, outorgando zero golos à França e zero golaços ao Brasil A bandeira do país do samba e do carnaval, e dos grandes poetas (sim, Jorge Amado, duvidam?), já nem flamejava A segunda parte do jogo estava a chegar ao fim e o iminente recurso ao tempo de desconto, antes do derradeiro passo na decisão da vitória Fácil é imaginar a pressão que os jogadores recebiam quer dos adeptos quer do mister (treinador), quer do prémio, para conseguirem o golo da glória o mais rapidamente possível Todas as artimanhas que possamos imaginar estavam ao alcance e postas em prática pelos “players” Até então e em crescendo, nenhuma destas tácticas, “dribles”, sevícias ou fintas tinha produzido alguma eficácia na marcha para o golo
Eis se não quando surge a ideia peregrina praticada por um colega meu de liceu, já falecido, que muito ajudou nos empates de andebol: as vitórias foram estatisticamente escassas.
Esta táctica, a seguir descrita, é social e desportivamente reprovável Presumo que o árbitro ainda hoje, infelizmente, não tem poderes sancionatórios sobre esta forma de conduta que foi levada para o Brasil por um outro colega nosso, arquitecto no Rio de Janeiro (que me disse ter um filho a trabalhar na barra – por mim interpretado como piloto da barra na Baía, que me deu alegrias, mas que afinal não era assim: a barra era dos tribunais )
Trago aqui estas notas porque a táctica aplicada pode ler-se, também, em Já podeis da pátria filhos de João Ubaldo Ribeiro Claro que Ubaldo só a conheceu posteriormente à invenção do nosso colega do Liceu Fernão de Magalhães.
Vejam o filme, como dizem os trolhas! De repente o defesa central inclinou a cabeça para trás e deu um murro nela! Pensou em silencio: sejamos breves e pragmáticos, ars longa, vita brevis, rumo à vitória!
Prepara a armadilha e a táctica, para a ignomínia, para a desonra de lesa-pátria Convenhamos, salvífica!
O central apanha a bola, leva-a até à linha de defesa francesa, embrulha-se na forte e impenetrável defesa gala, procura a posição inteligente de Pelé e faz o cruzamento Salta o jogador galo juntamente com Pelé Tudo aponta para que o galo sacuda a bola com a cabeça, porque mais alto, aliviando o perigo ameaçador do nº10 canarino
No momento em que Pelé se eleva para cabecear a bola, o central canarino puxa os calções ao galo e põe-lhe o rabo (vulgo nalgas) ao léu para gáudio e hilaridade incontida da assistência. O galo cai como que fulminado pela perda de privacidade íntima (partes vergonhosas) e atordoado pelo despudorado atentado ao pudor deixa cabecear Pelé que fura a baliza gala até às malhas, soltando-se um clamor ébrio de alegria, prolongado e rouco:
goooooooooolooooo!
O rei canarino, Pelé, dá uma pirueta, faz surf de joelhos até à bancada dos adeptos e diz: já podeis da pátria filhos
TONIDRILL investigador, historiador, comentador GOF
Este título não é um erro, mas sim, pretende ser, um trocadilho referente, como é evidente, de histórias que metem água Os personagens que poderão estar envolvidos têm nomes fictícios e algumas das histórias poderão até terem sido inventadas
Esta vida de marinheiro
Vida de marinheiro de “tramping” é mesmo assim, quem lá “bateu com os costados” sabe-o bem, mala quase sempre pronta para geralmente longas viagens aéreas, qual comando das forças armadas, tipo agente secreto a quem lhe destinam uma nova missão, muitas vezes do outro lado do mundo, também com os seus riscos aumentados e condições de vida, principalmente familiares, bastante prejudicadas, não era pelos lindos olhos dos “trampistas” que lhes eram concedidos mais uns poucos dias de férias (folgas) por cada mês de embarque
O embarque no “Silva Porto” (nome fictício do meu navio), desta vez estava apontado para o distante Japão, Yokohama mais precisamente, porto que serve a capital, a cosmopolita Tóquio, onde cheguei a 18 de Agosto de 1979. As 9 horas de diferença horária arrasam qualquer mortal que se desloque por via aérea, no espaço de 24/48 horas, o fato de passar a jantar à mesma hora em que dois dias antes estava ainda a