entrevista boletim almada 238 MAIO 2017 14
José Gonçalves Vice-presidente da Câmara Municipal de Almada
«As questões da habitação são muito importantes e complexas, e não passam só pela resposta municipal» Em discurso direto, o vice-presidente da Câmara Municipal de Almada revela os objetivos da 1.ª Semana Social e da adesão à Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis, evidencia a estratégia municipal no domínio da habitação e destaca as principais intervenções na requalificação da rede de água e saneamento do concelho. Almada (A) – De 30 de maio a 4 de junho, a autarquia promove a 1.ª Semana Social Almada Somos Nós. Em que consiste esta iniciativa e quais os seus principais objetivos? José Gonçalves (JG) – É uma iniciativa que nasceu na rede social com a ideia de promover um evento que envolvesse as nossas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). O objetivo é dar a conhecer ao concelho uma parte significativa do que já é feito pelas IPSS que integram a rede social, que é muito forte em Almada, e que tem um conjunto de projetos em desenvolvimento. Pretende-se também debater as questões sociais, apresentar e refletir sobre o trabalho que é realizado neste domínio e envolver, se possível, a população nessa informação e nesse conhecimento. Perto de uma centena de instituições estão envolvidas na dinamização da Semana Social que decorrerá no centro da cidade de Almada. A – Que outras iniciativas estão a ser desenvolvidas neste domínio? JG – Estamos a debater e a refletir sobre um conjunto de temas – a violência, a pobreza, a inserção de jovens adultos portadores de deficiência no mercado de trabalho – com vista à preparação da Semana Social. Também queremos que as nossas IPSS apresentem os seus projetos, no âmbito do projeto que designamos por “montra social”. O que se pretende é promover, com regularidade, um espaço de partilha de informação sobre interven-
ção pioneira das IPSS em determinadas áreas. A Semana Social e a Montra Social integram um grande princípio nosso que é divulgar mais e melhorar a nossa resposta social às populações.
«Queremos reforçar a organização dos moradores dos bairros cuja propriedade é municipal para que possam cumprir as suas responsabilidades e, sobretudo, defender melhor os seus direitos.» A – No que diz respeito à habitação social que intervenções estão a avançar nesta área? JG – Em primeiro lugar, surge o trabalho que estamos a desenvolver junto de quem não tem habitação digna e vive numa situação de carência. Estamos a falar dos aglomerados das Terras da Costa, do 2.º Torrão, algumas zonas do Rato e do Chegadinho, algumas bolsas de habitação precária que não têm a dignidade e as condições que nós desejamos. O nosso objetivo é trabalhar com essas comunidades, no sentido de ir encontrando soluções em conjunto. No caso das Terras da Costa houve a criação de uma associação de moradores, que permitiu avançar para um protocolo envolvendo a EDP, a Câmara e a associação, com o objetivo de levar a ligação de
eletricidade a cada uma das casas. Foi uma situação excecional e muito interessante do ponto de vista social e da qualificação das condições de habitabilidade das famílias. Estamos, neste momento, também a trabalhar com o 2.º Torrão, na Trafaria, na mesma perspetiva. A – Outro nível de intervenção da autarquia diz respeito aos arrendatários camarários… JG – A Câmara é proprietária de mais de 2300 fogos, que tem de gerir com os arrendatários que lá vivem. Queremos reforçar a organização dos moradores dos bairros, cuja propriedade é municipal para que possam cumprir as suas responsabilidades e, sobretudo, defender melhor os seus direitos. Este apelo tem estado a dar frutos. Já temos novas comissões de moradores com o objetivo de qualificarem o prédio onde residem e a sua área envolvente. A – A habitação continua a ser uma prioridade da autarquia? JG – As questões da habitação são muito importantes e complexas, e não passam só pela resposta municipal. Temos de intervir, de forma global e diversificada, junto dos que não têm habitação, junto dos arrendatários municipais, e apostando noutras soluções de promoção de habitação para segmentos da população que têm dificuldades em conseguir habitação, como é o caso dos mais jovens. Estamos preocupados em ter também alguma intervenção nessa área.