Cobaia | #104 | 2010

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Eleições 2010

Cobaia #104 | Agosto | 2010 | Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo - Univali

Voz e vez para elas

Mulheres ganham espaço na política global e conquistam eleitorado

Jovens eleitores Voto facultativo para menores de 18 anos gera discussão

Redes sociais ampliam disputa pelo voto Canditatos precisam aprender a lidar com boatos durante a campanha eleitoral | 6


E

dditorial itorial

O desafio da política direcionou as principais reportagens desta edição, cujo maior desafio foi equilibrar e não chocar fontes, dados, abordagem. Sandro Lauri Galarça Assim, nasceram as primeiras expesandro.galarca@univali.br riências jornalísticas de uma turma que saiu às ruas ao final do primeiro semesEncontrar um bom jornalista que cubra tre de 2010 com o espírito da aventura e a editoria de política, não é tarefa das mais da descoberta. A professora Vera Sommer fáceis. Trata-se de função bastante delica- auxiliou na concepção e elaboração das da dentro do jornalismo, uma vez que há pautas, assim como foi um apoio fundaa necessidade de um conhecimento maior mental no período de apuração das inforsobre o tema em si, sobre o funcionamento mações. Com os primeiros levantamentos da vida pública e também sobre os mean- em mãos, coube às duplas de repórteres complementarem as notas iniciais e transdros da cena política brasileira. Talvez por isso, a intenção dos próprios formar tudo em notícia. O próximo passo foi a elaboração da alunos de primeiro período do curso de Jornalismo da Univali soa menos pedan- primeira versão do texto, nas aulas de Jornalismo te: como este Informativo, é um processo nas noites de de constante quarta-feira. A aprendizaversão inicial do – e todos a primeira encontram-se A turma saiu às ruas ao final deu forma ao texto num momento inicial – a do primeiro semestre de 2010 jornalístico, que depois de alguelaboração de com o espírito da aventura e da mas correções e um jornal tealterações volmático tendo descoberta tou aos alunos como assunpara o acabato principal a mento. No final política serdesta etapa, as viria ao tema, matérias estaemergente, e vam prontas para serem editadas. Comeao processo de ensino-aprendizagem. Definida a pauta, coube aos três pro- çavam a nascer as primeiras experiências fessores e às três disciplinas envolvidas jornalísticas da turma. Por fim, na aula da professora Jane – Técnicas de Reportagem, Jornalismo Informativo e Introdução ao Jornalismo – Cardozo da Silveira, o processo de edição viabilizar as pautas, os textos e a edição do deu a forma acabada aos textos jornalísticos. Títulos, linhas de apoio, correção e material produzido pelos alunos. Assunto obrigatório depois que a Copa edição finalizam o Cobaia Especial Eleido Mundo acabou para os brasileiros, as ções. Para ter a cara da turma, entretanto, eleições mexem com a vida de todos, com o jornal preservou estilos, respeitou escoa pauta nos jornais, com os programas de lhas e mexeu o mínimo possível na criação TV e com o cotidiano da população em dos acadêmicos. Boa leitura. geral. E justamente esse foi o motor que

Charge sobre a aprovação do Projeto Ficha Limpa

Cobaia Editor Sandro Lauri Galarça Reg. Prof. 8357 MTb/RS Projeto Gráfico/Capa Sandro Lauri Galarça Estagiários Ariana Russi Deschamps Rafael Huppes Piassini Participaram desta Edição Alan Vignoli, Ana Carolina Maykot, Ana Maria, Antoninho Junior Fritzen Cota, Bárbara Caroline Bernardo, Bruna Haut, Bruna Osmari, Cynthia Badlhuk, Dayane Bueno Canha, Felipe Adam, Fernanda Silveira Pinto,

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da UNIVALI

Gabriela Florêncio, Gabriela de Godoy, Guilherme Altvater da Luz, Guilherme F. F. Soares, Ingrid Caroline Coelho, Jéssica Aparecida Gamba, Jéssica Eufrazio de Oliveira, Karine Rosane Mendonça, Leonardo José Costa, Manuella Perrone Marques, Márcia Peixe, Mariana Dutra, Marli Ap. Alves, Mauricio Hennemann, Monike Furtado, Nicholas Lyra, Patrícia Fernandes dos Santos, Paulo Alves, Raphaely Lopes Gouvêa Ribeiro, Rodrigo Ramos, Stéphanie Wrubleski da Rocha, Suelen Aline de Figueiredo, Tamiris Sibele Schlegel, Tatiana Sandri, Thaylan Werner.

Domingo à noite

FICÇÃO Narrativas em profundidade LITERATURA DE NÃO FICÇÃO Jornalismo Literário CONTO Crônica NARRATIVA FICÇÃO Narrativas em profundidade LITERATURA DE NÃO FICÇÃO Jornalismo Literário CONTO Crônica N LONGA Jornalismo de Profundidade NOVO JORNALISMO Jornalismo Gonzo NAMOROS COM A LITERATURA Conto LONGA Jornalismo de Profundidade NOVO JORNALISMO Jornalismo Gonzo NAMOROS COM A LITERAT CRÔNICA Narrativas em Profundidade Jornalismo Literário CONTO Crônica NARRATIVA LONGA Novo Jornalismo CRÔNICA Narrativas em Profundidade Jornalismo Literário CONTO Crônica NARRATIVA LONGA Novo J

Wellington Nardes wellington_nardes@yahoo.com.br

Domingo à noite. Pais isolados no quarto, discutindo. Filhos em seus quartos, isolados. Cômodos vazios e o áudio da TV ecoando pelos corredores da casa. A voz de Milton Neves é quase um pesadelo ao pai que ouve a notícia da derrota do Flamengo e causa um ambiente desagradável na família porque o time perdeu mais uma. O humor do patriarca está diretamente li-

gado ao desempenho do time no jogo da tarde. Cenário perfeito para justificar porque pessoas teoricamente comuns e inseridas num círculo social defendam tão arduamente a camisa de um time de futebol ao ponto de brigar intensamente quebrando um bocado de dentes cada vez que encontra um torcedor adversário. Claro, é obvio, por um lar agradável faz-se tudo, então que o time vença até porque os dentes nem são tão importantes assim. A selvageria nos estádios

de futebol causada por torcidas rivais que se degladiam numa guerra quase que incessante existe porque no Brasil a lei é branda e a sensação de impunidade é imensa. Quando criança era comum que o clima estivesse de acordo com o rendimento do time e isso se transfere para a vida. É uma questão de identidade. É uma questão dos traços culturais que permeiam a sua infância. Há violência desenfreada nos estádios de futebol no Brasil, enquanto em outros, mais desen-

volvidos, há um pouco mais de controle e isso quase não ocorre. “Cheguei a uma conclusão: a violência, pelo menos aqui, não tem data para acabar, tampouco diminuir” diz Paulo Castilho, promotor do Ministério Público, que investiga casos de violência nos estádios. É como se nada que houvesse no Brasil pudesse causar satisfação aos brasileiros, apenas o futebol. É como se as injustiças sociais fossem supridas pela felicidade de uma goleada. É como se as brigas entre o casal fossem deixadas de lado

por uma simples vitória do time. Portanto, a criança cresce num ambiente de “patriotismo flamenguista” demasiado e ai de alguém se puser em cheque certezas da torcida como a de que em 87 o campeão foi o Flamengo e não o Sport. Prefere brigar, ou mesmo assassinar, a ter a condição de um ambiente agradável em casa posta em dúvida. E no outro domingo quando o sol se põe, todos riem sentados à mesa jantando numa fraternal comunhão. O Flamengo vence por três a zero.


Donos do poder e da mídia

Candidatos que possuem veículos de comunicação levam vantagem sobre os concorrentes Fernanda Silveira Pinto fidoraisnotdead@hotmail.com

Ingrid Caroline Coelho ingridccoelho@gmail.com

Com a aproximação das eleições, candidatos começam a correria para aparecer. Alguns con-

tam com uma vantagem: ter seu próprio veículo de comunicação. Segundo Ademir Brito, assessor de Comunicação do Ministério das Comunicações, conforme a LGT – Lei 9472, políticos não são proibidos de ter sociedade em emissoras de rádio e televisão, mas sim de serem dirigentes desses veículos. De acordo com o artigo 45 da lei 9504, a partir do resultado da convenção é vedado, ainda, às emissoras transmitir programa apresentado ou

Concessões devem ser renovadas a cada 10 anos

comentado por candidato escolhido em convenção. De acordo com reportagem de Elvira Lobato, publicada em 17 de dezembro de 2009 pela Folha online, a primeira Conferência Nacional de Comunicação aprovou, por consenso, proposta que proíbe políticos (governadores, senadores, deputados) e seus familiares em até segundo grau de possuir emissoras de rádio e televisão. Mas a Conferência não tem o poder de impor a

Segundo o Fórum Nacional de Democratização da Informação, Santa Catarina aparece em 13° lugar na lista de estados que mais tem políticos como sócios de veículos de comunicação. O site Monitor de Mídia publicou em 6/10/2008 a lista desses políticos: o vice-govWernador Leonel Pavan (PSDB), o senador Neuto de Conto (PMDB), o senador João Raimundo Colombo (DEM), o deputado estadual César Souza Júnior (DEM) e mais cinco ex-prefeitos.

mudança, apenas recomendá-la. “A luta é desigual”, relata Valmir Coelho Ludvig, vereador da cidade de Brusque, pré-candidato do PT a Deputado Federal, professor, músico e poeta. “Esses políticos ficam em evidência não só no período eleitoral, mas o tempo todo”. Valmir diz que a legislação é dúbia. Nos meios de comunicação, sempre se dá um jeito de driblar as regras, por exemplo, colocando na rádio uma música que lembra a cam-

Segundo o site Os Donos da Mídia, as concessões de televisão tem que ser renovadas a cada dez anos e as de rádio a cada quinze anos. Oito das nove concessões acima estão vencidas. Esses números tendem a estar subestimados, pois é conhecido o método do uso de laranjas para esconder os verdadeiros proprietários. “O dono do poder é o dono da comunicação”, diz Pedro Luis Schilindwein, que se aposentou como Chefe do

panha do candidato. “Conversei com um técnico, é possível colocar mais de 100 rádios FM em Brusque, sem que uma interfira na outra. Isso não acontece porque desmonta o poder. A radiodifusão é mais lucrativa do que a política, porém a autoridade de fazer a lei é o que interessa, assegura o domínio sobre os meios de comunicação”. Para Valmir, a liberdade de imprensa é uma mentira, “ninguém é totalmente neutro”.

Setor de Patrimônio da Fundação Cultural de Curitiba. “O único interesse dos políticos nos meios de comunicação é fazer com que o próprio político seja conhecido. É campanha eleitoral 365 dias por ano.” Segundo Pedro, o povo tem a tendência a votar no candidato do vizinho ou naquele que está na frente para não ‘desperdiçar’ o voto. “Agora com o Ficha Limpa, acredito que mudará um pouco, veja o exemplo do Sarney, fez do Senado seu ninho e dali não sai.”


De Cabral a Lula

O caminho da democracia no Brasil é marcado por golpes, luta e resistência Márcia Peixe marcia-ma-alice@hotmail.com

Antoninho Jr. Fritzen Cota emnomedapaixao@hotmail.com

O país vive mais uma vez um momento importante para a consolidação da democracia. É a hora de escolher novos representantes nas esferas estadual e nacional para os próximos quatro anos. A população vai eleger deputados, governadores, senadores e o presidente da República. Para entender melhor o processo eleitoral, é preciso conhecer a história do Brasil. De 1500 a 1822 fomos colônia. Nessa condição, o país viveu 322 anos e apenas188 anos como nação independente. A partir daí, o modo de governo passou por muitas transições. O regime ditatorial de Vargas, de 1930 a 1937, impulsionou a organização, o fortalecimento da indústria de base e o surgimento das leis trabalhistas.

Em 1944, era reinstituída a democracia. Getúlio Vargas voltou ao governo em 1951, quando foi eleito pelo voto direto e permaneceu até a sua morte em agosto de 1954. Entre os anos de 1964 e 1984, o país voltou a viver um período de ditadura, agora sob o regime militar. Muitas lutas, torturas e lágrimas se acumularam até que milhões de brasileiros foram às ruas e participaram do movimento das Diretas Já, em 1984. Contudo, seriam necessários mais cinco anos para que Fernando Collor de Melo fosse o primeiro presidente eleito pelo voto popular, em 1989.

Relações perigosas A relação entre a democracia e os cidadãos é vivida no dia-adia e não só nos períodos eleitorais. Aprende-se a ser democrático em casa, com os amigos, nos diversos grupos sociais, e não apenas no ato das eleições. Nesta época, os canditados utilizam a campanha eleitoral para se aproximar da população e pedir votos. ”Entram nas casas dos eleitores, sabendo que eles não vão exigir nada durante todo o seu mandato, porque agem como se lhes pertencesse

realmente. Por isso as pessoas aproveitam esta rara visita para trocar interesses, valendo isso apenas no período eleitoral,” comenta Sérgio Saturnino Januário, mestre em Ciências Políticas e professor da Univali. Atitudes assim são praticadas com frequência em todo o território brasileiro. As trocas de favores vão desde cestas básicas até negociatas por privilégios no espaço público. Para Adriana Marques Rossetto, coordenadora do Mestrado em Políticas Públicas da Univali, o povo brasileiro tem uma cultura de se eximir do direito de cobrar. As pessoas não acompanham regularmente as ações dos representantes, há pouca reflexão sobre a importância do voto. A democracia no Brasil hoje é a do patrimonialismo, já que o mandato é utilizado como posse, ao invés de representar os interesses públicos. “Eles defendem seus interesses particulares, e pouco se preocupam com a sociedade”, comenta Robson Henrique Parno, 23 anos, segurança. Segundo pesquisa divulgada pela Folha on-line em 2006,sete em cada dez brasileiros não lembram em quem votaram para

deputado, tanto federal como estadual.Na mesma reportagem, o cientista político Alberto Carlos Almeida observa que quem não se lembra em quem votou não pode fiscalizar seu representante. Almeida revela que 71% dos eleitores esqueceram em quem votaram para deputado federal quatro anos antes, e outros 3%

citam nomes inexistentes. Essa amnésia começa cedo: dois meses após a eleição, 28% já não se recordam de seu candidato a deputado federal, e 30%, em quem votaram para deputado estadual. Os dados constam no Estudo Eleitoral Brasileiro conduzido pela UFF e pelo Cesop/ Unicamp.

Arte: Rafael Huppes

78 anos de obrigatoriedade

Mesmo com toda a informação disponível, eleitores não acreditam que sua participação vai mudar a política do país

Guilherme Altvater da Luz guilherme.a.luz@uol.com.br

Tamiris Sibele Schlegel

http://blog.jangadeiroonline.com.br

tamiris.sibele@hotmail.com

As eleições estão chegando e a preocupação de enfrentar filas e decidir o futuro de um país pesa na mente de jovens e adultos. Ao votar em um indivíduo, o cidadão fará muito mais do que exercer sua cidadania: mudará completamente o cenário político do Brasil. Conforme o tempo passa, percebe-se que o povo tem uma grande dificuldade em escolher

políticos honestos e competentes para que defendam seus interesses. Uma das teorias do por que isto ocorre é o fato de que a maioria da população vota obrigatoriamente, e sem consciência. Como exemplo, vários parlamentares já discutiram a ideia do voto facultativo. Nos relatórios expostos pelo Senado, aparece o posicionamento de que vivemos uma ficção, pensando que o voto tem que ser obrigatório. Até hoje ninguém foi punido por não votar. Sobre o assunto, jovens e adultos têm opiniões divergentes. Caroline Maurina, 18 anos e eleitora de primeira viagem, afirma que votaria mesmo que não fosse obrigada. “Acredito que a política de nosso país é feita por nós, e quem não vota não pode dizer que o governo está ruim”, opinou.

Já sua mãe, Gema Maurina, pensa diferente. “Não digo que o voto não é importante, afinal não vivemos mais na época da ditadura, mas acredito que o voto obrigatório faz com que muitas pessoas que não tenham noção do que é melhor para o país elejam um candidato desonesto. Lembro-me que o presidente Collor só foi eleito porque muitas mulheres o achavam bonito”, criticou. Tarciso Polo Pires, 25 anos e corretor de imóveis, chama a atenção para o fato de que independente do voto ser facultativo ou não, a situação do país acabará sendo a mesma. Cabe ao político ouvir seus eleitores e exercer a profissão corretamente. Eleitores faltantes começaram a ser punidos em 1824. Esta lei caiu em 1891, mas foi restituída em 1932, pelo presidente

Getúlio Vargas. Desde então, são 78 anos de obrigatoriedade. Muitos especialistas concordam que a situação é prejudicial para o país, estimulando a impunidade e omissão dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, em 2010, 55% da população brasileira, entre 18 e 70 anos, votariam mesmo que não fossem obrigados. A taxa tende a crescer conforme o grau de escolaridade aumenta. A região Sul é líder quando se trata de indivíduos que gostariam de exercer sua cidadania, com 59%. Tudo indica que, apesar da alta taxa de corrupção na política, as pessoas ainda acreditam que podem fazer a diferença, visando um país melhor, no qual participar das eleições é muito mais que uma dívida com o estado, é uma obrigação moral.


Follow me Cada vez com mais seguidores, os candidatos às eleições 2010 se tornaram populares no twitter e buscam votos pela rede sxc.hu

Leonardo José Costa leo.anacronico@hotmail.com

O twitter se tornou este ano uma poderosa ferramenta de campanha para os políticos.Um levantamento feito no último dia 3 pela E-Life, uma empresa especializada em redes sociais, revelou que o número de usuários que emitiram mensagens sobre candidatos a presidência foi de 5 milhões. Como uma forma de disseminação rápida de informações, o twitter se tornou uma ferramenta poderosa na obtenção de votos para os candidatos a cargos do

sxc.hu

governo nas eleições 2010. Através da rede social, muitos deles estão conseguindo convencer quem ainda estava indeciso e mudar a opinião de quem já havia se decidido. Esse é o caso de Marco Antônio Bernieri, 21, que decidiu seu voto baseado nas campanhas eleitorais transmitidas pelos canais de TV aberta e foi motivado a mudar. – É diferente quando você pode acompanhar os candidatos de perto e ficar sempre atualizado. No twitter é assim, tudo está à disposição, aponta Marcos. O bom resultado das campanhas americanas de Barack Obama no twitter incentivou os candidatos brasileiros a recorrer a este recurso, já que Obama

conseguiu a maioria dos votos dos eleitores indecisos em 2008. Recentemente, uma pesquisa do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação (Cetic), revelou que 67% dos brasileiros utilizam redes sociais; e o número só tende a aumentar, fator que faz com que recorrer ao twitter para conseguir votos seja algo inevitável em um futuro bem próximo. Pensando nisso, um grupo de profissionais com experiência em política e marketing digital preparou um curso para políticos e assessores aprenderem a montar suas estratégias em redes

sociais. O curso foi intitulado “Campanha política na Web-O que considerar na hora de montar sua plataforma digital”. As eleições 2010 podem ser acompanhadas pelo twitter do site Terra que montou uma cobertura especial sobre a escolha dos próximos governantes. Basta seguir @terra_eleicoes.

http://sacolaecologica. wordpress.com

Internet aproxima eleitor e candidato Novas tecnologias propiciam o contato direto pela rede mundial de computadores

Gabriela Florêncio gabii.florencio@gmail.com

Monike Furtado monikeluize_@hotmail.com

Apesar de recente, o uso da internet já resulta em 19% da preferência do eleitor ao colher dados sobre as campanhas políticas. Isso se deve à ampla possibilidade de troca de informações. É na rede que acontece a livre interação entre eleitor-eleitor e eleitor-candidato. Uma pesquisa da DataSenado de 2009 mostra que apesar da supremacia da televisão, é na internet que os brasileiros vão discutir a próxima eleição.

sxc.hu

Grande parte dos internautas tem entre 16 a 19 anos. Protagonista da geração on-line, o estudante Jonas Augusto da Rosa, 18 anos, utiliza várias redes sociais. Seu primeiro voto será nas eleições deste ano. “A campanha política através da internet é mais direcionada. Não se fala para uma sala vazia, como num horário político na TV”, confessa Jonas. São jovens como ele que procuram a internet como ferramenta de orientação. Surge, então, o interesse dos candidatos em utilizar as redes sociais como disseminadoras de suas ideias, fermentando as campanhas. O assessor de imprensa Bonifácio Thiesen, 59 anos, comenta que já nas eleições de 2000 usou a internet. De lá para cá, a i n t e r a ç ã o com os eleitores foi cada vez mais ins- t a n t â n e a . “Facilita o trabalho do candidato e do eleitor. Deixa mais transparente o processo”, diz Boni-

fácio, assessor da deputada Angela Amin. De acordo com a pesquisa da Internet World Stats de 2009, 67,5 milhões de brasileiros têm acesso à rede. O trabalho de conclusão de curso, da acadêmica Fabiana Pitt, “Marketing político digital made in Brazil”, sugere que as estratégias de propaganda mostram um diferencial. A rede é capaz de transformar o espaço cibernético em uma das maiores bases de apoio às campanhas eleitorais. Utilizada como um instrumento facilitador e menos burocrático, a internet serve de isca para possíveis votos. Os candidatos têm seus próprios sites e páginas em rede sociais. O processo funciona como uma forma de “prestação de contas”, onde se disponibilizam a atender e responder os eleitores e também divulgar seu trabalho. Em seus quatro anos de política, o deputado estadual Sargento Soares, 43 anos, concorda que a rede sociabiliza o processo político, pois a interação com os eleitores é permanente. A senadora Ideli Salvatti, 58 anos, também acredita que no modo on-line

tudo acontece de forma rápida, estabelecendo a democracia. Usar a internet tornou-se tão comum na política, que até os protestos eleitorais do Irã em 2009 tiveram a ajuda da web

através de redes sociais. Em veículos da mídia tradicional, esse tipo de informação sofreria censura, mas o fluxo de informações na internet possibilita eleições mais democráticas.

Eleições no twitter

Arte : Rafael Huppes


Fotos: Maria Eduarda Müller

Entre fatos e boatos Informação falsa pode abalar imagem de uma candidatura Stéphanie W. da Rocha stephanie.wr@hotmail.com

Mauricio Hennemann mauriciohennemann@uol.com.br

Informação suspeita, blefe, maldade ou fofoca são alguns sinônimos para o famoso boato. A definição do dicionário Aurélio: notícia novidade que circula na boca do povo, sem origem conhecida que a autentique. Notícia falsa. Em um cenário de pré-campanha política, no qual a empreitada propriamente dita só inicia no dia 6 de julho, os rumores surgem mesmo ofuscados pela Copa do Mundo, tímidos e pouco agressivos. Para o pré candidato a deputado estadual e ex-delegado da Policia Geral de Santa Catarina e conselheiro da instituição a nível nacional, Maurício José Eskudlark, 52 anos, muitas vezes informações verdadeiras são distorcidas por candidatos rivais que procuram sempre atacar

o adversário de forma covarde. Maurício acredita que existem dois tipos de boatos: um com maldade que surge para denegrir a imagem do candidato e o que ajuda na criação de uma figura positiva. Segundo ele, o ruim é quando o boato surge de um adversário para agredir o outro, porque a população conhece a trajetória política dos candidatos. O boato incomoda porque pode se revelar verdadeiro, conforme afirma Jean-Noël Kapferer, renome em estudos sobre branding - construção e gerenciamento de uma marca junto ao mercado – em seu livro Boatos: o mais antigo mídia do mundo. Pela possibilidade de se revelar verdadeiro, a estratégia de manter o político na mídia através de rumores que o deixem sobre um holofote é questionável. O boato é parte do mesmo principio que autentica o sonho ou a realidade de ação dos autores, como explica o artigo “O boato como estratégia folkcomunicacional” de Sergio Luiz Gadini. O jornalista Jefferson Douglas, 37 anos, da RBS TV de Blumenau, analisou um boato que circulou durante a campanha de 1996 para prefeito do muni-

http://to.quebarato.com.br

Sobre o livro De acordo com o livro escrito por Jean-Noël Kapferer, o boato sempre existiu em todos os aspectos de nossa vida. O autor diz que este tipo de comunicação não é controlada pela administração, é fonte mais credível do que os comunicados oficiais, são utilizados para atender interesses pessoais dos que o praticam. Fonte:comunicacaoorg.blogspot.com

cípio. A informação pode ter ajudado a mudar o quadro eleitoral da cidade. Eram três candidatos: Dalírio Beber (candidato da situação, apoiado pelo prefeito Renato Vianna), Wilson WanDall (PFL, atual DEM e deputado estadual) e Décio Lima (PT e vereador). Na véspera da eleição um panfleto inautêntico circulou pela cidade comentando que o Dalírio estaria desistindo da eleição, e apoiando Décio Lima que aparecia em terceiro lugar. Uma forma de impedir o WanDall, primeiro nas pesquisas, de vencer a eleição. O fato é que a desistência nunca

ocorreu. O impacto que isso teve na eleição é difícil de definir. No entanto Décio Lima, último nas pesquisas, acabou eleito. Um terço das intenções de voto nas eleições presidenciais de outubro deste ano será decidido após a realização da Copa do Mundo, como afirma o presidente do Ibope Carlos Augusto

Montenegro para a agência O Globo. Portanto, apesar das campanhas não terem começado oficialmente, na prática o que se vê são boatos e discursos para a promoção da visibilidade pública. Como ocorreu com as denúncias de campanha eleitoral antecipada da candidata a presidência Dilma Roussef, do Partido dos Tr a b a l h a d o res, pela 5º vez, quando discursou na comemoração no Dia do Tr a b a lhador.


O sexo frágil encara a luta Por que as mulheres serão o foco das eleições em 2010 Divulgação

Paulo Alves pasaitj@hotmail.com

Tatiana Sandri tati_sandri@hotmail.com

As mulheres serão protagonistas das eleições 2010 por dois motivos: são maioria do eleitorado e duas candidatas importantes concorrerão ao maior cargo político do país. Desde 2000, o número de mulheres votantes ultrapassou o de homens, e no dia 3 de outubro elas poderão decidir por uma mudança histórica no Brasil: reduzir a desigualdade dos sexos na política. Não é novidade que as mulheres estão se destacando no mercado e merecendo admiração em todos os cargos que ocupam, mas o país nunca foi comandado por uma delas. Segundo a pesquisa Mulher na Política, do Ibope e do Instituto Patrícia Galvão, realizada em 2009, cerca de 80% das pessoas pensam que a presença feminina vai melhorar a democracia e a política. Elas acreditam que honestidade e competência são características que seriam reforçadas se mais mulheres fossem eleitas. O que pouca gente sabe é

que nas eleições também existe uma Lei de Cotas. Aprovada desde o fim de 2009, ela começa a valer para a votação deste ano. A lei assegura que nenhum dos sexos pode ocupar mais do que 70% das candidaturas, ou seja, pelo menos 30% dos candidatos a todos os cargos devem ser mulheres. Na disputa presidencial deste ano, há duas candidatas: Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). O Brasil já teve duas mulheres concorrendo em 2006, com Heloisa Helena (PSOL) e Ana Maria Rangel (PRP), mas 2010 é o primeiro ano em que pelo menos uma delas têm força eleitoral, favoritismo e reais chances de chegar à presidência. Dilma defende a força econômica do Estado e deve dar continuidade às ações de governo do seu companheiro de partido e atual presidente, Luís Inácio, enquanto Marina se mostra mais esquerdista e disposta a aprimorar as atuais políticas sociais do país. Seja qual for a intenção, terá que ser muito bem apresentada: “Não é só porque é mulher que nós (mulheres) vamos votar nelas. Quem vai nos representar tem que prezar por um governo cada vez melhor”, adverte Jaqueline da Silva, 45 anos, eleitora há 24.

Espaço Feminino Não é preciso olhar para Brasília para enxergar o poder feminino na política. Em nível estadual é esperada a candidatura de centenas de mulheres a deputadas e de pelo menos uma ao governo de Santa Catarina: Ângela Amin. Ângela foi eleita deputada federal com o maior número de votos em 2006 e é précandidata ao governo do estado pelo PP. Mas tem outro exemplo mais próximo: Susi Bellini, única vereadora em atividade em Itajaí e pré-candidata pelo PP a deputada estadual. “Sinceramente, eu torço muito pelas mulheres, para que tenham credibilidade e sejam eleitas, mas acima de tudo que tenham competência. Porque não basta se eleger. Nós, como qualquer outro candidato eleito, temos que mostrar porque viemos e buscar engajar cada vez mais todos e todas na política, para que reconheçam nosso trabalho. E mais ainda, colaborem e cobrem o que devemos realizar”, assegura Susi. Portanto, 2010 será o ano eleitoral das mulheres. O Brasil tem três governadoras, dez senadoras, 45 deputadas federais, 106 deputadas estaduais, 505 prefeitas e 6.512 vereadoras em atividade. O país ocupa o 142º lugar em representação femi-

nina no mundo e a nova lei de cotas garantirá a participação de

mais mulheres nas disputas eleitorais.

Elas na política Confira algumas das mulheres que compõem o atual cenário político do Brasil, de Santa Catarina e de Itajaí.

Marina Silva Candidata à presidência da república

Dilma Rousseff Candidata à presidência da república

Ideli Salvatti Senadora

Susi Bellini Vereadora em Itajaí

Angela Amin Candidata ao governo de Santa Catarina

Fotos de divulgação


http://expressomt.com.br

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Voto aos 16 divide opiniões Alan Vignoli alan_noli@hotmail.com

Maioridade penal e voto a partir dos dezesseis são temas que sempre geram discussão e confrontam opiniões. Autoridades afirmam que reduzir a idade penal não é a solução para diminuir o número de infrações cometidas por menores, e ainda poderá acarretar outros problemas. A polêmica em cima de menores terem direito ao voto põe em julgamento a capacidade de cada indivíduo na hora de escolher seu candidato. Para o delegado Fábio Osório, da delegacia de Camboriú, reduzir a imputabilidade penal geraria outro problema,

a superpopulação das cadeias. Ele afirma que o sistema carcerário brasileiro é punitivo, não reeducativo e grande parte das pessoas saem muito pior do que entraram. Osório diz que a estruturação familiar é uma das soluções para a diminuição de infrações cometidas por menores. “Atacar a consequência não é o foco, e sim a causa,” conclui. Na opinião da advogada criminal Micheli Simas, o direito ao voto e a idade em que o indivíduo pode responder perante a lei por infrações ou atos criminosos deveriam ser medidos pela capacidade intelectual de cada um e não pela idade biológica. A psicóloga Hortência Bardales Pezo explica que aos dezesseis anos a pessoa já tem maturidade para responder le g almente por seus atos, mas

essa não seria a solução para o problema. Para Hortência, o voto aos dezesseis é precoce, pois os jovens não tratam do assunto com a devida seriedade. O conselheiro tutelar Adriano Gervásio declara que a questão é relativa, depende da maturidade de cada um. Gervásio aponta a falta de informação como uma das causas de os jovens cometerem atos ilícitos. Afirma que muitos adolescentes entram para o mundo do crime por acharem que não serão punidos, ou pelo aliciamento de adultos. Hortência complementa dizendo que o fato de o jovem saber que não irá responder como um maior de idade pode influenciá-lo a cometer crimes, pela ideia de que ele terá o amparo da lei. Já Micheli Simas acredita que o menor não leva em conta a maioridade penal na hora de cometer crimes. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de fevereiro deste ano, pouco mais de 2,2 milhões de jovens entre 16 e 17 anos estão aptos a votar nessas eleições. Esse número equivale a 32,33% da população dessa idade. Na opinião do cientista político Gustavo Venturi, em entrevista ao site Instituto de Juventude Contemporânea, esse índice não pode ser considerado baixo, levando-se em conta que um estudo recente realizado com a população acima de dezoito anos concluiu que se o voto fosse facultativo metade desses adultos não votariam.

Foto: Alan Vignoli

No Brasil, critérios diferentes para definir idade eleitoral e idade penal geram controvérsia

http://geocities. ws/alysonhannigan


ecial

http://sabetudo.net

Com vez e sem voto Embora ocupem espaço cada vez maior na sociedade, é baixa a participação dos menores de 18 nas urnas

Jéssica A. Gamba apjessy@hotmail.com

Segundo dados do Cartório Eleitoral de Brusque, até 8 de junho os eleitores menores de dezoito anos aptos a votar nas eleições de 2010 no município somavam 1.224 pessoas, de um total de 72.964 eleitores. Assim como acontece em Brusque, em outros municípios de Santa Catarina o número de eleitores entre os jovens que não são obrigados a votar é baixo, apesar de ter aumentado em relação às últimas eleições presidenciais, conforme dados publicados pelo Tribunal Regional Eleitoral – TRE/SC. O chefe do cartório da 86ª Zona Eleitoral, Guilherme Capistrano Benedet, aponta como motivos para esse baixo índice a falta de

consciência dos jovens e a despreocupação com a política e com os destinos do país. O estudante Helton Wisbeck, 17, não vai votar. Ele se justifica dizendo que, além de não ser obrigado, sente-se despreparado. Não quer se decepcionar caso o candidato em que votar seja eleito e não cumprir suas promessas, ou não usar o dinheiro dos impostos para tomar as decisões corretas em favor do povo. Por isso, prefere esperar e tomar uma decisão mais madura. O prazo para inscrições, transferência e alteração do título de eleitor terminou no dia 5 de maio. Em 8 de junho, encerrou-se o prazo para os municípios mandarem seus dados ao Tribunal Superior Eleitoral. Após computar os dados, o TSE, vai divulgar o total de eleitores que irão às urnas em 2010. Os que não votam neste ano, mas quiserem providenciar o título, só poderão fazer o documento a partir do mês de novembro.

Eleitores com menos de 18 anos Menores de 18 anos Local

2010

Bal. Camboriú

-

Total de eleitores

2006

2010

1.207

1.069

80.376

71.442

Blumenau

3.060

2.100

222.490

202.657

Brusque

1.224

641

72.994

63.577

Itajaí

2.087

1.559

125.461

113.062

Santa Catarina

98.511

4.541.200

4.169.422

103.924

-

2006

Fonte: TRE/SC Jéssica A. Gamba

A ida às urnas pouco atrai os menores de 18 anos, que preferem adiar o primeiro voto.

Campanha incentiva jovem Quem ainda não fez 18 precisa de um empurrãozinho para exercer o direito de participar dos destinos do país Ana Maba

Bárbara C. Bernardo barbara-bernardo@hotmail.com

Manuella P. Marques manuella_pm@hotmail.com

“Desde cedo aprendi o valor de um voto, o apoio dos meus pais foi de grande importância. É motivador saber que meu primeiro voto será para presidente”. A declaração entusiasmada é de Renata Sacuno das Neves Norte, estudante do ensino médio. Renata tirou seu título logo após completar 16 anos. Mas, esse

entusiasmo não é regra entre os eleitores menores de 18 anos. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 43% desse eleitorado tirou o titulo em 2008 e quase três milhões de menores de 18 anos votaram em todo o Brasil. Porém, o número de eleitores com 16 e 17 anos diminuiu cerca de 25 %, segundo dados do TSE. Em março de 2010, o número de menores que estão aptos a votar caiu para pouco mais de 1 milhão e 792 mil eleitores. Por causa disso, uma campanha do TSE no rádio e na televisão divulgou a importância do alistamento eleitoral para os jovens que completaram 16 anos. E conseguiu a adesão de outras instituições, como a Escola Professor Honório Miranda, de Gaspar, que cedeu dois dias letivos

para que seus alunos tirassem o título dentro da própria escola. A procura foi grande. “Esta campanha foi fundamental para oportunizar o jovem a fazer o documento e para que ele crie desde já um maior senso crítico”, destaca Maria de Lurdes Becker, assistente técnica pedagógica. O direito de voto aos 16 anos, instituído pela Constituição de 1988, foi resultado da mobilização de estudantes e jovens que demonstraram interesse na vida política nacional e desejo de se manifestar. Chamada de Constituição “Cidadã”, por Ulysses Guimarães, foi ela que assegurou garantias sociais e representou um avanço em direção à democracia.


Eles não querem ficar de fora A cada eleição, cresce a participação de votantes com mais de 70 anos, que não são obrigados a comparecer às urnas

Ana Maria Cordeiro anamariacordeiiro@hotmail.com

Gabriela de Godoy gabriela.godoy20@hotmail.com

A cada eleição o número de idosos com 70 anos que saem de suas casas com destino as urnas está crescendo: 6,4% dos eleitores brasileiros desta faixa etária ainda comparecem no dia de eleger seu candidato. Um número alto se comparado com o 1,34% que representa os eleitores entre 16 e 18 anos que também podem escolher entre votar ou não. Segundo a Constituição Federal em seu artigo 14, eleitores maiores de 70 anos têm voto facultativo, ou seja, podem ou não exercer este direito. Prova disto é

que muitos candidatos apresentam em sua campanha eleitoral programas específicos para esta faixa etária, geralmente relacionada à saúde, aposentadoria e lazer. Um idoso na hora de emitir seu voto procura saber mais sobre o candidato. Aos 70 anos, o eleitor já vivenciou guerras e conflitos, sobreviveu à ditadura , e sabe que o voto errado, pode por em crise, todo um país. Izaul Neves Guerreiro, que aos 85 anos nunca deixou de comparecer as zonas eleitorais, nos dá sua opinião sobre o voto dos que já não tem obrigação de eleger: “Não é por que ficamos velhos, que não vamos participar das decisões do nosso país” afirma. Ele alega que quanto mais velha a pessoa fica, mais experiência de vida ela obtém, o que é de grande utilidade na hora de escolher o candidato que irá governar o país.

Neuza Carolina, 72, assumiu ir contra a maioria, ela não vota há muito tempo e completa: “Não lembro qual foi à última vez que votei, e não costumava justificar ”. Ela avalia os candidatos como corruptos em sua maioria, o que não a motiva em elegê-los. A decisão de votar ou não, valese daquelas pessoas em que acreditam no comprometimento com a eleição, da contribuição que ela pode oferecer para a sociedade. sxc.hu

Segundo a Constituição Capítulo IV - Dos Direitos Políticos Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. § 1 O alistamento eleitoral e o voto são: I - Obrigatório para maiores de 18 anos II - Facultativo para a) os analfabetos; b) os maiores de 70 anos; c) os maiores de 16 e menores de 18 anos.


sxc.hu

Uma pedra no caminho Pessoas com necessidades especiais enfrentam dificuldades, mas têm direito de votar em local adaptado

Cynthia Badlhuk bela-012_012@hotmail.com

Suelen A. de Figueiredo suelenkloch@gmail.com

Jossoel Nascimento, 56, entra no carro com a ajuda de seu irmão para chegar ao local de votação. Ao sair, abre sua bengala de locomoção e descobre os obstáculos que se apresentam em seu caminho até a seção eleitoral. Logo na entrada, se depara com as escadarias: ele posiciona sua bengala a 20 centímetros do chão tocando o degrau a sua frente. Em aproximadamente cinco minutos sobe dois lances de escada e lá está a fila de eleitores. Um mesário vai ao seu encontro e o conduz à sala de votação. Por um momento, todas as pessoas se impressionam ao observar um deficiente visual assinando o nome. Jossoel se aproxima da urna eletrônica, tateia os botões e lê as escritas em Braille. Ao terminar, recebe um equipamento de áudio – fones de ouvido que permitem que o leitor confira por voz sintetizada o conteúdo do voto sem receio de erro. São 451 urnas com sof-

tware e fone de ouvido, para uso de deficientes visuais. Ivonete de Fátima Antunes de Moraes, 38, professora de deficientes visuais há mais de oito anos, diz que todos os deficientes que conseguem ler e escrever estão aptos a votar. E os que não puderem assinar, podem carimbar o polegar. Os deficientes intelectuais severos não votam, acrescenta. Ela evidencia que a maioria dos deficientes desconhece que têm o direito de poder exigir uma urna com acessibilidade e revela também que muitos políticos aproveitam de seus recursos para persuadir os deficientes, obtendo assim, mais votos. De acordo com os dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há hoje, no Brasil, 24,6 milhões de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, incluindo física e mental, o que representava 4,5% da população em 2000. Destas, mais de nove milhões são portadoras de algum tipo de deficiência física. A maior dificuldade encontrada por eles são as escadarias, os obstáculos, a falta de apoio e de rampas. Conforme Clodoaldo Vitório Zimmerman, 65, que vota na cidade de Balneário Camboriú, o Tribunal Regional Eleitoral

(TRE) fornece uma adequada estrutura de acessibilidade para deficientes físicos e visuais, que além de facilitar a votação e o acesso aos locais das urnas, prioriza, inclusive, pessoas que tem problemas de saúde. Clodoaldo afirma também haver cédulas em Braille que permitem que o deficiente possa fazer uma escolha individualizada. A estudante Grazielli Zimmer, do quinto período de direito da Universidade do Vale do Itajaí, 19 anos, ajuda seu avô, Gari Zimmer, a votar em épo-

cas eleitorais. Ele tem sequelas de um derrame e dificuldades para se locomover. Grazi alega que há muito para melhorar na infra-estrutura da região. Em Itapema, onde ela e seu avô votam, a infra-estrutura é precária: não há rampas nem corrimões, dificultando o deslocamento das pessoas com deficiência. As instruções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições deste ano prevêem a criação de seções especiais para portadores de deficiência, em local de fácil acesso, com estacio-

namento próximo e instalações, inclusive sanitárias, que atendam às normas da ABNT NBR 9050. Para exercer o voto nessas instalações, os eleitores portadores de deficiência deverão ter solicitado sua transferência até a data de fechamento do cadastro eleitoral. Os eleitores que votam em seções especiais podem comunicar ao juiz eleitoral, por escrito, suas restrições e necessidades, de forma a permitir à Justiça Eleitoral providenciar os meios e recursos destinados a facilitar-lhes o exercício do voto.

http://www.diariodepetropolis.com.br


Voto nulo ou branco ? Entenda o que pensam os eleitores que já declararam seu voto, sem escolher qualquer candidato http:\\agencia.tse.gov.br

No Brasil, existem três tipos de voto. Os válidos são aqueles Jéssica E. de Oliveira em que os eleitores têm um candidato e registram sua decisão. jeh___789@hotmail.com O nulo acontece quando o eleitor expressa sua vontade em não escolher nenhum dos represenKarine Rosane Mendonça tantes. Por fim, o voto em branco se dá quando o eleitor quer mendoncakarine@hotmail.com participar do processo, mas não escolheu qualquer das opções disponíveis. Paulo Márcio Cruz, pósPatrícia F. dos Santos doutorado em Teoria do Estado pati-o.o@hotmail.com pela Universidade de Alicante, na Espanha e professor da Univali, diferencia as modalidades Na hora de eleger um can- de eleição. As proporcionais são didato, muitos eleitores optam aquelas que têm ligação direta entre o voto nulo ou branco, mas com partidos políticos e elegem não sabem a real finalidade de os deputados federais, estaduais cada um. A falta de esclareci- e vereadores. Aqui, os eleitores mento de boa parte da popula- podem escolher coligações partição acaba por dificultar a com- dárias sem definir um candidato específico. Já as eleições majoripreensão do processo eleitoral.

tárias definem o presidente da República, senadores, governadores e prefeitos. É eleito o candidato mais votado, independente de partidos. O voto branco é contabilizado somente nas eleições proporcionais, com a função de estabelecer o coeficiente eleitoral, ou seja, o número de votos válidos em determinada eleição. Com este resultado, fica definida a quantidade mínima de votos para os partidos elegerem um candidato de sua coligação. Os nulos, por sua vez, não têm aplicabilidade em nenhuma das

eleições, o eleitor apenas cumpre seu papel, sem influenciar candidatos ou partidos. Portanto, caso um eleitor vote em branco para presidente, por exemplo, sua escolha terá o mesmo efeito que o nulo, pois sendo uma eleição majoritária, não depende da quantidade de votos válidos para o candidato ganhar. Paulo Cruz explica que quando a pessoa vota em branco, significa que ela, manifestou a sua vontade de participar da eleição, mas não escolheu um candidato. Em contrapartida, o nulo “é uma não-participação, o sujeito que

"Os brasileiros ainda são como crianças na hora de escolher um candidato"

anula está revoltado com alguma coisa, ele faz questão de não participar do processo, que é um direito dele”, afirma. Esclarecidas as dúvidas sobre o processo eleitoral, agora o eleitor pode ter mais consciência na hora de decidir. Se acredita que todo político é corrupto e que o sistema não funciona, uma boa opção neste caso, é anular como forma de protesto. No entanto, se a vontade é participar e se o eleitor acredita no processo, mas não tem um candidato escolhido, vota em branco. Apesar disso tudo, os brasileiros ainda são como crianças na hora de escolher um candidato. Precisam ser estimulados à prática e amadurecer, para quem sabe um dia atingir a fase adulta e votar não mais por obrigação, mas por espontâneo interesse na vida política do país.

Mesários atuam pela democracia

Sem o trabalho destes profissionais, eleições se transformariam num problema para o TSE Bruna Osmari bruosmari@hotmail.com

Bruna Haut dunoka@hotmail.com

Os mesários atuam na realização dos trabalhos na mesa receptora de votos do início ao fim da votação. Recebem o eleitor, colhem e conferem os seus documentos, e então liberam a urna para que o eleitor possa votar. Como autoridade máxima dentro da Seção Eleitoral, é ele que garante o sigilo do voto e que zela pela segurança de todo o processo da votação. Não há remuneração pelo serviço prestado. O mesário recebe, pelos dias de atuação e de treinamento, o dobro em folga no trabalho, além de auxílio-alimentação no dia da eleição. Os

Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) possuem parcerias com universidades, oferecendo vantagens como incluir as horas de trabalho na carga horária extracurricular. A convocação é obrigatória e, caso o convocado falte, poderá responder por crime de desobediência e fica sujeito ainda, a processo criminal e multa a ser arbitrada pelo juiz eleitoral. Os convocados têm um prazo máximo de cinco dias para alegar as razões de seu impedimento, e caso isso ocorra, deverão enviar um pedido ao juiz, alegando os motivos da ausência, não ficando isentos da convocação. Para Leonardo Marcelino de Godoy, técnico judiciário do TRE de Balneário Camboriú, os mesários são importantes colaboradores para que o processo eleitoral ocorra de maneira justa e democrática, atuando como representantes do povo e legitimando a atuação da Justiça. De acordo com o TRE, as eleições precisarão de 300 mil pessoas para trabalhar. Aces-

sando o site ou comparecendo ao cartório eleitoral de sua cidade, aqueles que não receberam a convocação também têm a possibilidade de participar, por meio do programa Mesário Voluntário. O comparecimento tem seus benefícios, porém “o exercício da cidadania com certeza é o mais importante, pois atuando como colaboradores, garantimos eleições democráticas”, ressalta Fernanda Sell, 23 anos, mesária pela terceira vez em eleições. Edson José Schneider, mesário em duas eleições, conta com orgulho que a experiência como foi proveitosa, pelo fato de participar diretamente de um momento importante na vida dos brasileiros. “Além disso, o fato de ter cumprido com minha obrigação de brasileiro me fez sentir importante neste processo”, avalia. O incentivo à participação cresce em nosso país e o TRE acredita que atuar como mesário é dar uma pequena colaboração à festa da democracia que é a realização de uma eleição.

http://www.tre-ro.gov.br


Combatida por quem reconhece a importância da democracia, a corrupção eleitoral ainda preocupa Nicholas Lyra nicholaslyra@hotmail.com

Rodrigo Ramos xtraga_69@hotmail.com

Nos primeiros anos da República, o voto de cabresto era um dos principais mecanismos de controle político no Brasil. Nas últimas décadas, desde que as eleições diretas foram reinstituídas, em 1989, a prática da compra de votos tornou-se um problema constante em períodos eleitorais. Promessas de cargos, botijões de gás, cesta básica, sacos de cimento, dinheiro vivo, tudo vale como objeto de troca dos políticos para conseguir votações mais expressivas. A tentação pode ser grande. Apesar de ser um recurso conhecido da população e também praticado atualmente em regiões humildes, as pessoas acreditam que seja um hábito mais rotineiro em cidades do interior. A comerciante Maria Elizabeth de Oliveira é uma das que defende essa teoria, e acrescenta que nunca foi abordada, pois acredita que “os políticos sabem em quem chegar”. Para o taxista Ademir Poleza, o voto deve ser depositado em quem vai demonstrar resultado, e não em quem se utiliza de qualquer meio ilícito para ser bem sucedido nas urnas. No entanto, alguns eleitores aceitam a malandragem. O advogado e professor de Direito, Claiton Vargas, conta que um cidadão pediu ma-

teriais de construção para diversos candidatos na eleição de 2008. Com as doações, conseguiu construir uma casa no bairro Limeira, na cidade de Brusque. Mas, ele não votou em ninguém, pois seu colégio eleitoral ficava em outra cidade. Portanto, usou os políticos. Na cidade de Itajaí, porém, esta não parece ser uma prática tão recorrente. Todos os entrevistados pela reportagem do “Cobaia”disseram que nunca foram procurados por políticos com intenção de comprar votos. O soldado Edson Carvalho, Policial Militar do 1° Batalhão do município, relatou que nunca recebeu um chamado por causa deste tipo de delito. Porém, o acadêmico de Ciências da Computação da Univali, Hiago Flores, afirma ter recebido uma proposta ainda no tempo do colégio. Durante a eleição para o grêmio estudantil da escola, ofereceram-lhe entradas para uma festa em troca do seu voto. Ele recusou e ainda disse que numa eleição de cargos públicos também não o venderia. O professor Claiton Vargas defende a tese de que o maior problema no Brasil não é o político, e sim o eleitor. Ele acredita que o problema é cultural, já que desde o início da história brasileira a corrupção acontecia deliberadamente e, de lá pra cá, modificou-se, mas nunca deixou de existir e ser praticada. “A legislação eleitoral é rígida, porém não adianta ela ser consistente, se nenhuma das outras duas pontas – eleitor e político – colaborarem”. Entre os 17 entrevistados pelo “Cobaia”, 13 defenderam com orgulho o valor do voto e disseram que escolhem o melhor candidato e não quem paga mais. A exceção foi a estudante de Publicidade e Propaganda Bruna Pias: ela afirmou que, dependendo da proposta, aceitaria vender seu voto. Como, por exemplo, se pagassem sua faculdade inteira, que custa cerca de trinta e cinco mil reais.

Rodrigo Ramos

Rafael Huppes

Quanto vale o voto?

Votar para um bem que está próximo A importância de votar para um deputado estadual e federal da cidade ou região Mariana Dutra

Thaylan Werner thaylanrw@gmail.com

Você vai votar nessas eleições? “Eu queria, porque sei que é importante, mas não estou com cabeça e disposição pra pensa nisso agora”, declara Amanda D’ávila da Silva, 16, natural de Itajaí. Se nessas eleições é esperada maior participação dos jovens em função do fluxo de informações nas redes sociais, nem todos seguem a tendência. A estudante tem perfil no Twitter, no Facebook, Orkut, Formspring, We heart it e no Tumblr. Segue 626 pessoas no twitter e , entre elas, nenhum candidato a cargo político. Desconhece qualquer candidato na cidade, exceto por nomes como o do ex-prefeito e do atual. Amanda tem contato direto com diversas redes sociais, provedoras constantes de informação. Questionada sobre o meio ideal para conhecer mais e decidir em quem votar, responde: a televisão. Ela não se informaria sobre os candidatos através da internet. Prefere assistir à televisão e conversar com a mãe. “Acho que seguiria o meu candidato favorito no twitter, e só isso. Porque ali ele falaria o que vai fazer, como estão as coisas”. Amanda confessa não conhecer nenhum candidato a governador, senador ou deputado. Caso tivesse de votar, não saberia escolher alguém da cidade ou não, nunca pensou nisso. Não raro, o jovem não entende a importância de uma eleição, Falta, para ele, acreditar que precisa se informar e participar. Falta entender que as melhorias em sua cidade dependem direta

e indiretamente do desempenho dos políticos eleitos. É o voto que define o grupo de pessoas que fará a gestão dos recursos públicos. É deste grupo que partem as iniciativas de projetos e emendas que definem a distribuição da verba pública a ser investida, Suas ações influenciam no projeto e execução de obras de infraestrutura, na geração de empregos e em todo o desenvolvimento e assistência social. Em seu artigo “ A importância de ter um deputado estadual e federal da cidade ou região”, o economista e psicopedagogo Welinton dos Santos afirma: “quanto maior a representatividade política de uma cidade ou região, maiores as oportunidades de recursos estaduais e federais destinados àquela localidade. Gabriela Guimarães Kuss, 24, é aluna de Medicina na Furb. Votou pela primeira vez aos dezesseis anos, em Ijuí, Rio Grande do Sul. Oito anos depois, a princípio, não lembra de seu primeiro voto para deputado federal. Após pensar, declara: “Eu acho que votei para (Paulo) Paim. Porque um amigo do meu pai era suplente dele e meu pai pediu. Tenho essa impressão. Se bem que ele é senador”. Quanto ao voto para deputado estadual, a estudante diz ter escolhido o candidato de acordo com as propostas que “pareciam mais realistas”. Apesar disso, conta que ele não era de sua cidade, mas de Porto Alegre, capital que fica há cerca de seis horas de Ijuí. Segundo Gabriela, à época não foram concebidos ou executados muitos projetos de lei em favor de sua cidade. Questões muito sérias estão sob a responsabilidade de deputados estaduais e federais, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, por exemplo. Em seu artigo, Welinton define as Câmaras como “órgãos de consulta superior que atendem na instância estadual aos Governadores e Secretários, na instância federal

ao Presidente da República, Vice-Presidente e seus Ministros, bem como são estes os representantes da população que podem estabelecer instauração de inquérito contra qualquer tipo de irregularidade do Executivo”. Dentro da Câmara dos deputados federais há também as Comissões Permanentes, que discutem temas de relevância nacional, com alicerce nas opiniões de suas bases estaduais, formada pelos deputados estaduais. “Eu gosto daquele vereador, acho que ele é duro o bastante para ‘arrumar’ aquela bagunça lá na Câmara dos deputados”, afirma R., 22 anos, natural de Itajaí e estudante universitário (que não quer ser identificado), referindose ao vereador petista Nikolas Reis. Entrementes, basta observar suas roupas e bolsa para saber que é militante do partido. Nesses casos, quando a militância política está acima do bem e do mal, a tendência da escolha dos candidatos não recai no trabalho, na ética e no cumprimento do cargo, mas na opção partidária. É essencial que se escolha de forma crítica e consciente os candidatos a deputado federal e estadual. A influência do poder Legislativo na vida de cada um é muito grande, apesar de ser menos aparente que a do Executivo. A qualidade de vida de um sociedade depende do conjunto dos poderes agindo em favor da sua cidade ou região. Nessas eleições, Itajaí deve ter vários candidatos dispostos a representar a região na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Os nomes ainda não estão confirmados. Após a confirmação dos nomes, avalie. Conheça as propostas, pesquise a trajetória política dos candidatos, veja de onde eles são e o pretendem. Sua cidade depende de sua participação ativa e inteligente.


Direito ou Dever Obrigatoriedade do voto divide opiniões em Blumenau

Fotos: Felipe Adam

Felipe Adam mister_fefo@hotmail.com

Guilherme F. F. Soares gffsoares@gmail.com

Em uma sala ampla, com um imenso quadro da cidade-jardim, João Paulo Kleinubing despacha atrás de uma longa mesa retangular. Os quadros e homenagens organizados em uma estante combinam com a mobília antiga do gabinete e revelam um pouco da trajetória de quem está no segundo mandato como prefeito de Blumenau

e, diferentemente de outros políticos, é contra o voto facultativo. Para Kleinubing, o voto op-

cional não vai aproximar o eleitor do político e ainda pode diminuir a aprovação do candidato, aumentando a possibilidade do voto de cabresto – aquele imposto ao eleitor por força de pressões de todo tipo. A questão é polêmica: o professor Odair José Groh, que leciona geografia no colégio Energia, analisa o assunto recorrendo à história do país: ele lembra que a década de 80 foi dedicada à educação e acha que está por vir a década da politização. Para o professor, a família e o educandário são instituições que fazem com que o indivíduo aprenda a formar opiniões. “A escola é um reflexo da sociedade”, ensina. Outro professor de geografia, Silvio Macagnan, servidor do Senai, vê a questão de outra forma. Para ele, a democracia no Brasil não é real. A população vota em um dos candidatos escolhidos pelos partidos mais poderosos, porque falta organização e participação por parte do povo. E o vereador blumenauense Marco Antônio Wanrowsky lembra que “A democracia só sobrevive com a

participação das pessoas”. Segundo uma pesquisa encomendada pelo instituto Datafolha, 48% dos entrevistados são favoráveis ao voto obrigatório e 48% ao facultativo. É o que informa o jornalista Ricardo Noblat em seu blog no dia 29 de maio de 2010. A pesquisa representa uma grande divisão de opiniões entre o eleitorado brasileiro, já que a pesquisa anterior, encomendada em dezembro de 2008, apontava 53% dos cidadãos favoráveis ao sufrágio obrigatório. Para saber mais sobre isso, a reportagem do “Cobaia” ouviu eleitores e registrou muita reclamação em torno do atual cenário da política nacional. Edna da Rosa, de 42 anos, há dez trabalhando como bibliotecária, afirma que “muitas pessoas não fazem nada em Brasília”. E ainda enfatiza que se fosse opcional, não iria votar: “Eles não passam confiança”. Contrastando com essa ideia, a assistente administrativa Bianca Barros, 35 anos, garante que, apesar de não suportar as propagandas eleitorais, iria comparecer às urnas se a escolha fosse opcional: “Todo mundo tem o direito ao voto. Dou a minha opinião e isso é importante”. O contador Edgard Macedo, 50, enfatiza a importância do voto facultativo, pois “com a obrigação não há democracia.” Segundo ele, adolescentes de 16 anos não deveriam votar, porque se não tem responsabilidade para dirigir e responder por seus próprios atos, também não tem maturidade para escolher os comandantes do Brasil.


Excluídos da cidadania

Por desconhecer o valor do voto, uma parcela da população descumpre dever e perde direitos Ana Carolina Maykot aninha.maykot@hotmail.com

Dayane Bueno Canha dayane_canha@hotmail.com

O dia 3 de outubro de 2010 vai ser uma data diferente para muitos brasileiros, afinal, é dia de eleição. Evilane Vieira Cota, 33 anos, é uma exceção. Para ela, esse será um domingo como qualquer outro, pois fará seus afazeres domésticos antes de aproveitar para brincar com os cinco filhos. Afinal, uma dura rotina diária não permite que realize essas atividades. Ela trabalha todos os dias como empregada doméstica – pela manhã, deixa dois de seus filhos na creche, enquanto os outros três ficam na casa de Dona Vilce, uma senhora de 55 anos que cuida das crianças da vizinhança enquanto os

pais trabalham. Há exatamente 19 anos, a doméstica não enfrenta as filas de votação durante as eleições. Os motivos pelos quais ela não vota são os mais diversos: falta de tempo, indisponibilidade de ir ao local onde é feita a votação, situação financeira difícil para quitar a dívida de R$54,00 que contraiu com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, principalmente, o fato de que Evilane não acredita que mais um voto vá fazer diferença em meio a tantos, e que possa mudar o modo como vive. Com salário de R$580,00 e um auxílio de R$190,00 de seu exmarido, a mãe de família, doméstica e dona de casa sustenta as crianças, paga as contas de água e luz e ainda o financiamento de R$ 300,00 da casa de apenas dois cômodos, localizada em um bairro simples de Itajaí, que sempre alaga quando chove muito. Eugênia de Souza, chefe em exercício do cartório eleitoral de Itajaí, explica que os eleitores que não votarem, não justificarem a ausência dentro do prazo

legal e não pagarem a multa, perdem vários direitos: tirar passaporte e carteira de identidade, inscrever-se em concurso público, tomar posse ou assumir cargo público, obter empréstimos em bancos estatais, renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo e praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de renda. Essa é a teoria. Na prática, Evilane e os cinco filhos tem carteira de identidade, feita mediante a apresentação daquele título de eleitor que ela fez há dezenove anos e só usou uma vez. Agora, nem esse ela tem, pois já o rasgou. Evilane faz parte de um grupo que, segundo o analista político Hélio Floriano dos Santos, o Estado não atinge e só vai começar a atingir quando a fiscalização dos órgãos públicos for mais intensa. Ele ainda afirma que a necessidade é a mãe de todas as coisas. Ou seja, as pessoas vão procurar resolver suas pendências quando o problema estiver batendo à porta.

Ana Carolina Maykot

Evilane, a filha caçula e alguns documentos feitos mesmo sem o título eleitoral em dia.

O poder do seu voto

Exercer a cidadania e colaborar com a democracia são as principais armas dos eleitores

Marli Aparecida Alves maarli.aalves@hotmail.com

Raphaely L. Gouvêa Ribeiro r-igo@hotmail.com

Edilson

Apesar de a cada dois anos termos eleições no país, boa parte da população não acredita no

poder do seu voto, acha que se votar não fará a mínima diferença, não irá proporcionar qualquer mudança. É através do voto temos o importante direito de pôr no poder quem realmente poderá mudar a nação. É com ele que o cidadão manifesta sua vontade ou opinião. Salienta sua raiva, seus dissabores ou suas desilusões. E derivado dele, pode no futuro alcançar alegria e objetivos, melhorando o nosso país. O voto trata-se, pois, de uma verdadeira arma que deve ser utili-

zada pelo cidadão, não apenas para cumprir um dever cívico, mas, sobretudo bradar toda sua indignação com o estado das coisas. Para Pedro Cardoso Silveira, 28 anos, formado e pós-graduado em direito, o voto realmente é importante, senão ele não seria obrigatório. Ele diz também que se todos acreditassem nessa importância, talvez pudessem ter pessoas melhores governando o local onde vivemos. Já Luciana Maria de Melo, de 34 anos, formada e pós-graduada em me-

dicina, diz que o voto não é importante e não acredita que seu voto tenha poder, pois afinal na política sempre houve corrupção e isso nunca vai mudar ou ter alguma solução. Então, acha que o seu voto é inútil. Por isso, sempre opta pelo voto nulo. O vereador Marcos Paulo da Silva Marquinhos do Bairro São Paulo, em Navegantes, acredita que seu “objetivo de vida” é mudar a realidade da política na medida do possível. Então ele diz: “Não venda seu voto, pois quando você for cobrar do candi-

dato ele irá dizer que seu voto já foi pago!” Essa é uma frase que era usada na sua campanha de conscientização. Segundo estatísticas do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina o número de pessoas aptas ao voto na cidade de Itajaí é de 125.561. Em 2008, na última eleição, este número era de 120.324 pessoas. Já na cidade de Navegantes, este ano o eleitorado chega a 36.921. O TRE ainda aponta que o número de títulos cancelados chega a 8.541 na cidade de Itajaí e Navegantes.


Ensaio Fotogrรกfico

Olhar na multidรฃo Por Rafael Huppes Piassini


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