Cobaia #139 | 2015

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Itajaí, setembro de 2015

Crônica

Mês de

aniversário!

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etembro é um mês marcante para o Cobaia. Afinal, o jornal laboratório do Curso de Jornalismo da Univali comemora 22 anos de história. Uma trajetória de muito trabalho e dedicação ao fazer jornalístico. Tanto por parte dos alunos que, ao longo desses anos todos, participaram de alguma de suas edições, quanto dos docentes responsáveis pela produção de matérias, fotos, crônicas encaminhadas para divulgação. Trabalho de equipe, com certeza.

Da servidão

ao desbunde

Eduardo Gabriel Abreu de Souza 4º período de Publicidade e Propaganda

Então, nada mais justo que nesta edição, de número 139, tenha uma reportagem especial sobre essa caminhada até aqui, bem como sobre a importância do envolvimento dos acadêmicos em sua manutenção em alto estilo. Na central desta edição, temos uma reportagem especial sobre o jogador brasileiro Douglas Bacelar, que vem mostrando o melhor de seu futebol num time da Ucrânia, no leste europeu. Ele tem um apartamento em Itajaí – pois vai se casar com uma peixeira de coração, onde guarda as lembranças de suas conquistas mais recentes e conta alguns de seus planos futuros. Esta publicação também traz uma série de outras matérias como o lançamento do livro-reportagem pela ex-aluna Karine Mendonça, as críticas sobre a série Sense8 e o CD de Sergio Lamarca, as comemorações dos 200 anos do Parque Dom Bosco em Itajaí, as dicas dos chefs de renome nacional para empreendedores de foodtrucks, a festa do pirão em Barra Velha, os 70 anos do final da Segunda Guerra Mundial, o boliche em busca de espaço reconhecido nas Olimpíadas de 2020, as novidades no automobilismo e o handebol brilhante entre atletas mais velhos. Confira estas e outras matérias. Lembre-se: este jornal laboratório espera a sua participação. Boa leitura e até outubro! Abraços Vera Sommer - editora Reg. Profi./DRT-RS 5054

Erramos... Em nossa última edição, nº 138, esquecemos de colocar o nome do dono da foto da capa. As fotos são do arquivo do AECA. Também esquecemos do nome da autora da matéria “Chefs consagrados visitam Itajaí”, da página 3, que é a aluna Karine Amorim, do 4º período de Jornalismo; as fotos são da divulgação do evento. Na página 11, separamos o sobrenome de um entrevistado: é Adriano Luiz Debarba, e não “de Barba”.

Expediente:

Cobaia

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m pleno sábado, quando abro os olhos, percebo que está muito cedo para levantar. Minhas roupas ainda são as da noite anterior, que durou pouco, graças a um enjoo breve, que não deveria ter me parado. Minha cabeça está, entretanto, boa. A luz que atravessa a cortina é dura, e zanzando pelo quarto como um espectro, de certa forma, ela me cumprimenta. Os olhos ardem. Era manhã, e bastava olhar em minha volta para perceber que havia muito para ser feito. A desorganização era geral. Muito provavelmente não havia sequer um centímetro quadrado sem bagunça. Como me é propício, a preguiça reina. Recusando-me a levantar, tomei o computador ao lado da cama e abri a segunda melhor invenção do século, em minha opinião: streaming de vídeos. Minha alegria ao contemplar a infinidade de títulos produzidos

pelo homem representou o primeiro dos poucos desbundes de sábado. Porém, o acaso é vilão. A conexão com a Internet não funcionava. Primeiro, a indignação me atacou os nervos por toda aquela bagunça. Mas relutei. Juro que relutei. Eu sou fiel à rainha. Só que não tinha jeito. O vilão prosseguia relutando também. Levantei da cama, finalmente. Arrumei o quarto. Lavei a roupa. A preguiça ia se esvaindo aos poucos, enquanto o cansaço se aproximava pelas bordas. Ao fim de tudo, pode relaxar, enfim. O streaming ainda não funcionava. Considerei me abster das horas de sacrifício que é pensar. Mas, ao invés disso, pus-me na frente de uma tela para nada ter de entender, apenas visualizar, e tudo sem sentido algum, porque depois... Depois de assistir a tudo aquilo, o que se faz? Nada. Só se assiste. No

máximo, se você ainda for um pouco neurótico, considera-se o tempo que se perdeu com simulacros de emoções que ocorrem com os personagens, mas não com você. Não, não queria isso. E não voltaria a servir à preguiça, pelo menos, não naquele sábado. Eu serviria a mim. Então, li os livros iniciados há meses. Um deles até mesmo terminei! Até tomei o chá pela tarde, como fazia no passado. E ri sozinho, ouvindo MPB. Há quem diga que um sábado é melhor quando se passa na servidão à preguiça, ou quando se está com alguém, ou quando a internet funciona. Percebo que o melhor de todos os dias é pensar em si, não esquecer-se de si, viver as emoções de si. Na tela, pode haver simulacros, mas na mente há a verdade. Só, então, o desbunde foi geral.

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - Comunicação, Turismo e Lazer DIRETOR: Prof. M.Sc Renato Büchele Rodrigues CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI COORDENADOR Prof. M.Sc Carlos Roberto Praxedes dos Santos JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI

Agência Integrada de Comunicação

EDIÇÃO: Vera Lucia Sommer/Reg. Prof./DRT-RS 5024 - TIRAGEM: 2 mil exemplares PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Gabriel Elias da Silva - CAPA: Eduardo Gabriel Abreu de Souza

Você tem alguma sugestão para fazer, ou alguma matéria que gostaria de ver publicada? Conte com a gente! cobaia@univali.br

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Itajaí, setembro de 2015

Literatura

Fotos: nightecia.com.br

Jornalista de Itajaí

lança livro

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Gabriel Elias da Silva - 3º período de Jornalismo

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e abrir uma empresa é um grande passo para quem acabou de receber o diploma de graduação, imagine criar uma editora em Itajaí. Karine Mendonça, 24 anos, jornalista, deu o pontapé inicial quando publicou seu livro-reportagem, fruto do Trabalho de Conclusão de Curso. A necessidade de ter um código de barras no produto fez com que oferecesse a editora Como Era no Éden, título do primeiro livro, um ano depois da defesa do TCC, através da Lei de Incentivo à Cultura. Em três dias, mergulhei nas histórias e vidas dos persona-

Egressa da Univali publica seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre drogas

gens reais que abriram seus corações para relatar o caminho entre a vida, a morte e a ressurreição. A morte pode não ser apenas do corpo, mas também da alma. E é disso o livro. “Eu sempre gostei de assuntos sociais”, admite Karine. Ela já foi

vencedora de um Prêmio Chaplin de Comunicação (evento promovido pelo CECIESA-CTL da Univali), com uma reportagem impressa sobre a vida de um andarilho. “São pessoas que normalmente não são ouvidas, e a gente não sabe como elas foram parar naquela situação. Existe toda uma história por trás disso”. E esse outro lado é mostrado nas páginas do livro “Como Era no Éden: vozes das drogas”. Personagens reais que viram nas drogas uma alternativa para esquecer ou acabar com seus problemas. Mas o vício, nesse falso prazer, acabou destruindo famílias inteiras. A solução foi o isolamento em uma casa de recuperação em Luiz Alves. Aos poucos, os internos foram se acostumando com a presença da jornalista, e conta-

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ram os tempos em que moraram em ruas, cheiravam pó, se autodestruíam. “No começo, eles tinham um pouco de timidez. Mas, aos poucos, sem pressa, eles foram se soltando”, conta a jornalista. Foram dois meses indo até

a casa de recuperação para ouvi-los. “Em todas as histórias percebi que já havia algum problema familiar, algum histórico familiar forte”. Diferentes caminhos levaram a um mesmo local: uma casa de recuperação. E é com o as informações e revelações que Karine Mendonça preenche as páginas de seu livro. Quem não teve a oportunidade de conferir o livro, pode conhecer a autora no Opção Profissional por Área (OPA) de Jornalismo da Univali, na manhã do dia 3 de outubro, para contar sua experiência como acadêmica de Jornalismo, egressa e escritora.

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Sense8 C

Itajaí, setembro de 2015

Crítica

Irmãos Wachowski retomam a forma criativa em série com mais sentido se assistida em maratona

primeira temporada polêmica Mikael Melo - 2º período de Jornalismo

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não obteriam respostas nas primeiras semanas, o que causaria a queda gradativa da audiência – inclusive se fosse exibida pela HBO ou Showtime. Investe-se na mitologia apenas no final da temporada, de forma breve. Sem o segundo ciclo, não é possível tirar conclusões, mas, ao que parece, o primeiro ano serviu para estabelecer os personagens e introduzir a narrativa dos sensates. O programa foi feito sob medida para o streaming, talvez sendo a que melhor funciona nesse formato. Locações em sete países - Apesar de não ser cara, nos níveis da entediante Marco Polo, o programa tem uma logística de produção bem complicada. As gravações aconteceram em oito cidades diferentes, espalhadas por sete países. O trabalho de direção é extremamente complicado. É difícil saber como funcionou o cronograma das gravações. Apesar das dificuldades, o êxito nos cronogramas e na sala de edição são evidentes na tela. O trabalho dos Wachowski, se não impecável, chega muito

Fotos: Divulgação Sense8

ense8 é o clássico tipo de produção “ame ou odeie”. Dificilmente a opinião de quem assisti-la ficará no meio termo. O principal motivo é a falta de explicação nos episódios iniciais. Somos jogados no meio da narrativa da série, sem informação alguma, sabendo tanto quanto os oito protagonistas. Mesmo que poucas perguntas tenham sido respondidas, a sensação de estar perdido vai se desfazendo ao longo das 12 partes. Indo contra a maré do gênero de ficção científica, o seriado não fez questão de investir a fundo em sua mitologia no primeiro momento, preferindo desenvolver bem os personagens e preparar o terreno. Engana-se quem pensa que os créditos são todos dos irmãos Andy e Lana Wachowski. Também divide a responsabilidade pela idealização do projeto J. Michael Straczynski. A série é praticamente um filme de 12 horas de duração. Inclusive, o ideal é assistir a todos os episódios num curto espaço de tempo – fazendo a famosa maratona, ou o chamado binge-watching, assim denominado pelos americanos. Desse modo, é muito mais fácil compreender a história. Por isso, Sense8 jamais funcionaria no sistema comum de televisão. Os telespectadores

perto, funcionando como uma espécie de redenção para os irmãos. Desde a trilogia Matrix, nenhum projeto deles emplacou, sendo mal avaliados pela crítica e com fracassos de bilheteria. Para coordenar um produto desse tipo, é necessário muita sensibilidade, além de cuidados redobrados. Porém, Andy e Lana não fizeram isso sozinhos,

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e ao que tudo indica, a presença de Straczynski, na parte criativa, deu à dupla o equilíbrio que não encontravam desde o primeiro Matrix. O produtor foi convidado a participar do projeto devido a sua experiência com séries de TV – Straczynski criou e escreveu a maioria dos episódios de Babylon 5. Nenhum dos oito protagonistas é interpretado por ator conhecido. Os nomes mais famosos do elenco são o Naveen Andrews (Jonas Maliki), devido ao seu papel em Lost, e Daryl Hannah (Angelica Turing), a Elle Driver, de Kill Bill: Volume 1 e 2. Como já sabemos, rosto conhecido não é sinônimo de boa atuação, e (quase) todos os sensates provam isso. A química construída em cena é muito forte, mesmo que não contracenem juntos com frequência. Isoladamente, uns são mais interessantes que os outros, culpa do roteiro e não das representações. Através da excelente construção dos personagens, a série se sustentou, em boa parte, com as histórias individuais,

intercaladas com as diversas interferências. Sense8 é mestre em momentos catárticos. Entre eles, estão a bem coreografada orgia envolvendo Nomi (Jamie Clayton), Will (Brian J. Smith), Lito (Miguel Ángel Silvestre) e o Wolfgang (Max Riemelt); os partos sob a perspectiva de Riley (Tuppence Middleton); a luta de Capheus (Alm Ameen) para recuperar os remédios de sua mãe, com a ajuda da “possessão” de Sun (Doona Bae); além, é claro, da belíssima cena em que todos cantam “What’s Up”, da banda 4 Non Blondes. A repercussão foi gigantesca na internet, chegando perto da movimentação para a terceira temporada de Orange is the New Black. Só não houve uma rápida renovação porque o programa lida com diversos contratos com produtoras, já que é gravada em diversos países. Apesar do medo,Sense8 está renovada para um segundo ano. O que nos resta é esperar por 2016, acreditando que a qualidade será mantida.


Paisagem

Itajaí, setembro de 2015

Música

C sonora

Da Gastronomia para os palcos do Brasil, Sergio Lamarca mostra que a MPB não se perdeu na modernidade

Gabriel Elias da Silva - 3º período de Jornalismo

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tocar com os colegas. Aos 21 anos, foi para o Conservatório de Música, com profissionais. Aí passou a se dedicar seriamente ao canto e ao violão. Em 2011, Sergio conheceu os festivais de Jazz na Europa. “Lá eu me identifiquei mais como artista do que como instrumentista”. De volta ao Brasil, tocou em eventos e aberturas de shows de cantores conhecidos, mas sempre com banda. Atuou como produtor musical, gravou disco instrumental em 2012, mas não foi lançado. Flor&Ser foi gravado ao vivo, mas em estúdio. Sérgio entrou numa sala acústica com o violão e cantou como se fosse uma apresentação ao vivo. “Tem gente que vai ao show do artista e escuta uma coisa, e no CD escuta outra coisa”. Ele escolheu sete canções, das várias que já escreveu, fez um arranjo no violão e gravou. “O mercado da música popular tem muita gente boa, e o espaço é muito pequeno”, desabafa. O CD instrumental, que gravou em 2012, surgiu porque Sergio não se enxergava como um cantor e compositor, e tinha vergonha. “Na adolescência eu fiz aula de canto durante cinco anos. Quando me deparava com a minha poética, com a minha letra, eu não gostava”. Eclético, escutava desde o funk até o jazz. “Hoje me sinto feliz em subir no palco e cantar as minhas músicas. Eu tenho acreditado na sinceridade do som”. Durante a conversa, começamos a falar sobre a diversidade musical que existe no Brasil. O Sertanejo Universitário é o gênero que mais vende no país atualmente, e eu perguntei se essa pluralidade atrapalha o reconhecimento dos cantores da MPB. “Eu acho que são fases e fases da música. O rock já teve sua fase, a MPB teve sua fase, cada geração teve uma época e a MPB tem uma nova safra, ela vem sempre se renovando”. Para ele, com a internet, é mais

fácil atingir um número maior de pessoas. E a naturalidade de Flor&Ser é reflexo da fase que ele vive. A agenda de oito shows de lançamento no Nordeste do país é só o começo e está cheia até Janeiro do ano que vem. Ao término dessa primeira turnê, Sergio já tem compromisso: gravar mais um disco, desta vez pela Lei de Incentivo a Cultura, com o patrocínio da APM Terminals, de Itajaí. O próximo CD se chama Flor&Cimento. Como Sergio se vê “Sou um saco de defeitos. Tenho me visto como um cara na busca por melhorar”. Sergio sempre acaba escrevendo sobre seus erros, acertos e dúvidas, e diz até que tem certa autotortura com as coisas, numa busca por um aperfeiçoamento do seu caráter. Ele diz que não é especialista em nada, mas supercriativo. E essa criatividade está registrada nos 20 minutos do CD Flor&Ser. “Eu gosto de criar. Eu estava fritando camarão em casa e veio a letra de uma música. Eu peguei uma conta de luz e comecei a escrever”,

ri. Sergio fraturou o dedo no dia do lançamento do CD. O inchaço não saiu, mas a dor foi esquecida por causa da adrenalina que sentiu ao subir no palco. No dia da entrevista, ele estava sem a tala no dedo, porque tocaria no programa Pirão Catarina, da Rádio Univali, e no Programa Cafezinho a dois, da TV Univali: uma tarde inteira de compromissos. A novidade para Sergio são os fãs: “Eu me assusto quando vejo um”. O reconhecimento das pessoas é gratificante, e admite que muitas delas o ajudaram a recompor sua obra, pedindo para tocar em suas apresentações as músicas que de alguns anos atrás. “É como uma motivação quando um lutador de UFC vai entrar no tatame”. Graduado em Gastronomia, Sergio trabalhou como auxiliar de cozinha e como chef. Ao falar do trabalho como músico, mencionou os pratos que fazia como uma música sua: “Tu só vai levar pra mesa de alguém o prato que ficou realmente bom. O que não ficou bom você mesmo come ou joga fora. Então, as músicas que não

ficaram boas, ou não ficaram tão legais, são musicas de gaveta”. Ele está preocupado em trazer ao público apenas música de qualidade. Para terminar, perguntei por que vale a pena escutar o CD Flor&Ser. Tenho certeza que Sergio não esperava por uma pergunta como essa. “Putz, por que é bom ouvir o CD?”. Depois de alguns segundos de silêncio, respondeu: “Eu acho que é bom pra poder ouvir alguma coisa que eu tenha a dizer, que talvez tu te identifiques. O CD é muito denso, tem uma harmonia rebuscada e letras com triplo sentido. A pessoa que ouvir esse disco não vai ouvir uma vez só, vai ouvir três vezes seguida”. Concordo com ele. Passei uma tarde inteira de trabalho ao som de Sergio Lamarca. Meu som favorito é Ego de Boutique. O violão, a voz, as melodias e as letras se encaixam perfeitamente, trazendo uma paisagem sonora aos ouvidos de quem busca algo sincero. E pra quem acha que MPB é coisa do passado, se engana: o álbum traz sete faixas completamente atuais.

Foto: Gabriel Silveira “GABERA”

combinação de um instrumento e voz gera resultados magníficos, se bem aproveitados. O talento de um cantor, compositor e instrumentista de 30 anos de idade, pai, egresso de Gastronomia na Univali, saiu da cidade de Itajaí para conquistar o Brasil. Sergio Lamarca contou porque sua vida fez a volta, retomando o violão largado tantos anos atrás. “De graça vou eu, cheio de graça. O pobre plebeu tomou na taça chique. E todo o seu eu só se passa, eu disse ‘tá, deu’, um ego de boutique”. Letras assim, reflexivas, marcam a Música Popular Brasileira, mesmo num país de elevado consumo de mídia estrangeira. O produto nacional mantémse de pé com novos nomes que surgem. Sergio Lamarca lançou, em julho deste ano, o CD Flor&Ser, com sete músicas próprias, acompanhadas apenas pelo violão. É aquele tipo de álbum que você coloca pra tocar e se esquece da vida. E escuta quantas vezes quiser, porque não enjoa. Sergio já está com a agenda cheia, mas encontrou tempo para o Cobaia, e mostrou simplicidade e simpatia de um cozinheiro com graduação e músico por paixão. Iniciei a conversa sobre a carreira musical. “Acho que estou começando agora”. Ele tocou o primeiro instrumento aos oito anos de idade. Pediu um skate no aniversário, mas acabou ganhando um violão. “Meus pais concordaram que um violão seria melhor que um skate”, lembra. Depois de um ano, largou o violão, e só foi treinar os acordes outra vez aos 12 anos de idade, sozinho. Seu interesse pela MPB remete aos 15 anos de idade. Com 17, começou a acompanhar outros cantores e dava aula de violão no Projeto Arte em Movimento, aqui na Univali. Filho de engenheiro, cursou Engenharia durante um semestre, sempre acompanhado do violão para

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Cobaia


Itajaí,setembro de 2015

Trajetória

Espaço nobre

C para os alunos

Setembro marca os 22 anos do Cobaia, o jornal laboratório do Curso de Jornalismo

Primeira equipe de alunos e professores

Cobaia

e relacionadas ao curso. Os alunos realmente ousavam em assuntos polêmicos: entrevistas com assassinos, garotas de programa, travestis e até com o ex-governador Luiz Henrique da Silveira (já falecido). Os futuros jornalistas não se intimidavam no exercício do seu faro jornalístico. Assim como o tempo, o Cobaia também mudou. As edições coloridas começaram a aparecer e uma redação, como extensão do curso, foi criada, sob a responsabilidade de um professor especialista na área. O que era exclusivo de uma turma logo se tornou um espaço para que qualquer estudante pudesse enviar o seu texto. Junto com essa nova oportunidade, veio também a oferta de estágio para os acadêmicos de qualquer período participarem na produção do jornal. Praxedes ressalta a importância dessa oportunidade para alunos do primeiro ao sétimo períodos, egressos ou até acadêmicos de outros cursos produzirem conteúdo. “Nunca fechamos a porta para ninguém”. É isso que o Cobaia quer propiciar aos alunos: espaço para que divulguem aquilo que aprendem e produzem em sala de aula. A professora Vera Lucia Sommer, atual responsável pelo jornal laboratório, acompanha o envio dos textos, seleciona o que vai ser publicado e ainda sugere pautas aos aspirantes a jornalistas. Dentro do projeto, ainda há o estagiário-bolsista Gabriel Elias Silva que, além da produção de conteúdo,

Primeira edição do Jornal Cobaia, com oito páginas

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setembro é o mês para celebrar o aniversário do jornal laboratório Cobaia. São 22 anos de história, marcados por inúmeras entrevistas, reportagens especiais, fotos. E o mais importante: tudo produzido pelos próprios alunos que passaram e continuam passando pelo curso de Jornalismo, da Univali, ao longo de mais de duas décadas. No começo, o Cobaia era produzido numa disciplina do quinto período do curso de Jornalismo. Era uma chance para os aspirantes a jornalistas experimentarem suas próprias produções para um veículo impresso. E o nome surgiu através de simples votação: uma urna foi colocada nos corredores do curso para que os alunos deixassem sugestões. Três nomes apareceram como preferidos, sendo “Cobaia” o vencedor. “Muita gente dizia que o nome era horrível e que não ia ter continuidade”, conta o coordenador de Jornalismo, Carlos Praxedes. Já naquela na época eram raras as oportunidades de estágio para os acadêmicos, como conta a egressa e hoje professora do curso, Valquíria Michela John. Durante muito tempo, o jornal era o único canal de comunicação dos estudantes dentro do curso, pois, quando foi criado, a internet ainda era uma novidade e poucas pessoas tinham acesso. Mas engana-se quem acha que era algo apenas sobre coisas leves

Luana Amorim - 2º período de Jornalismo

também atua na diagramação. Além disso, os alunos podem participar do trabalho junto ao Cobaia como voluntário. Um exemplo disso é Bruna Costa, do 2º Período de Jornalismo, que, durante quatro meses, auxiliou o jornal junto com a professora Jane Cardozo. Nesse período, a estudante acompanhou a correção das matérias e teve noções de diagramação. Segundo ela, todos que passarem um tempo no Cobaia devem aproveitar essa chance, por ser mais uma forma de aprendizagem dentro da faculdade para atuar o mercado depois. Mas, afinal, o que os alunos têm a dizer sobre isso? A resposta é uma unanimidade: oportunidade de expor seus trabalhos. “Uma forma de praticar o jornalismo além da sala de aula”, conta o

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estudante do 2º Período, Mikael Mello. A dificuldade para publicar aquilo que se produziu em algum veículo, fora do ambiente universitário, é algo complicado, e os alunos estão fazendo do Cobaia o lugar certo para praticarem o dom da apuração e da escrita. Porém, ainda é muito importante que tenham a iniciativa de procurar a pauta, investigar e enviar sua matéria. O coordenador do curso reforça o quanto os professores devem cobrar a participação dos alunos nesta produção e no envio deste material para publicação. Engana-se quem acha que o jornal laboratório está restrito aos muros da universidade. Várias outras instituições de ensino, não só do estado, mas também do país, recebem os exemplares produzidos. Além

de, desde 2010, estar acessível online através da plataforma do Issu, em versão 100% colorida. Um alcance ainda maior de reconhecimento do trabalho realizado pelos acadêmicos que participam do Cobaia. “Um jornal construído pelos alunos”, como diz Renato Buchele Rodrigues, diretor do Centro das Ciências Sociais e Aplicadas –Comunicação, Turismo e Lazer. Apesar de já terem passado 22 anos, essa frase do diretor resume aquilo que define o lema desta publicação. Há muito tempo, o Cobaia deixou de ser um simples jornal-laboratório para se tornar um espaço nobre, muitas vezes concorrido, para o aluno realmente mostrar aos seus leitores sua paixão por essa profissão contagiante que é ser Jornalista, com maiúsculo mesmo. Parabéns, Cobaia!


Itajaí, setembro de 2015

Comemorações no parque

Dom Bosco Fernanda Justino e Jéssica Mattana Habovski - 2º e 4º períodos de Relações Públicas

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erca de 840 pessoas entre crianças, adolescentes e jovens adultos – são beneficiados com os projetos desenvolvidos pelo Parque Dom Bosco junto às comunidades carentes de Itajaí. O trabalho conta com apoio da Prefeitura de Itajaí, Secretaria da Educação e da Criança e do Adolescente, bem como doações de empresas e pessoas físicas do município. No dia 16 de agosto, houve comemoração especial pela passagem do bicentenário de nascimento de São João Bosco, criador do sistema e inspirador da congregação. O Parque Dom Bosco é uma obra social da rede salesiana, que atua em Itajaí há 54 anos no contra turno escolar, oferecendo oficinas alternativas para as crianças e adolescentes de 6 a 13 anos. Eles participam de atividades como dança, música e artesanato, enquanto os jovens, a partir de 14 anos, começam o curso na iniciação profissional. Após seis meses de curso, são encaminhados para a fila de espera no Jovem Aprendiz. Os cursos oferecidos são de panificação, assistente administrativo e logística portuária. São João Bosco nasceu em

Piemonte, na Itália, em uma família de origem simples e humilde. Estudou Teologia e, em 1841, realizou o sonho de ser ordenado sacerdote. Quatro anos mais tarde, em Turim, ele fundou o Oratório São Francisco de Sales, junto a uma escola profissional e posteriormente um ginásio e internato. Em 1855, ele denominou de Salesianos os seus colaboradores e, mais tarde, fundou junto aos jovens a Congregação Salesiana. Na cidade de Itajaí, Irmão Aquilino Minella foi um dos fundadores do Parque Dom Bosco, em 1961, juntamente com o Padre Pedro Baron, que prestava serviços de assistência social no Parque Dom Bosco. Maiara Moura, Relações Públicas do Parque Dom Bosco, explica que a família salesiana, a qual o Parque pertence, é muito voltada para a comemoração do Santo Pai Mestre da Juventude, como Dom Bosco é chamado. “Esse ano é especial para nós porque temos como objetivo comemorar e celebrar aquele que olhou pelos jovens’’. Houve todo um planejamento desde o ano passado para a realização da comemoração e, em Itajaí, foi o Grand Finale do evento

com a festa no dia 16 de agosto. “Mas, antes, a imagem peregrinou pelo estado. Ela veio de Joinville para Itajaí. Foi um momento marcante porque veio uma peregrinação pela BR com carros, onde nós a recebemos. Chegamos até o Parque Dom Bosco, onde tivemos um momento celebrativo”, conta Maiara. Durante os 11 dias em que a imagem de Dom Bosco ficou na instituição, foi aclamada em comemoração à vida de Dom Bosco. “O administrador, o Padre Edvaldo Nogueira da Silva, costuma dizer que não é venerar a imagem, mas o que ela representa, quem foi Dom Bosco, e o papel dele na vida de jovens. Desde quando viveu em Turim, na Itália, ele já percebia que tinham a necessidade de aprender um ofício”, observa a RP. Dom Bosco teve uma escola gráfica com a intenção de ensiná-los e encaminhá-los para o mercado de trabalho. “Para serem, como diria Dom Bosco, ´bons cristãos e honestos cidadãos`’, ressalva Maiara. A celebração preparada pela rede Salesiana envolveu o Parque Dom Bosco, Paróquia Dom Bosco, Colégio Salesiano e Lar Padre Jacó. Essas quatro instituições se reuniam a cada 15 dias, pensavam

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em estratégias e dividiam as atividades. E Maiara encerra: “O Parque Dom Bosco e o Colégio Salesiano possuem assessoria de imprensa e trabalhamos em equipe. Desde a recepção de mais de duas mil

Ação social

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Há 200 anos ajudando a formar jovens bons cristãos e cidadãos honestos

pessoas até o encerramento da comemoração. Houve um processo de comunicação e de união da família Salesiana para receber a todos mundo nessa grande festa’’.

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Itajaí, setembro de 2015

Esporte

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Douglas Silva Bacelar guarda, no apartamento em Itajaí, lembranças de seu melhor futebol no leste europeu

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m quarto do apartamento, no centro de Itajaí, guarda as lembranças do jogo mais importante da carreira. Na parede, a camisa usada contra o Sevilla (Espanha). As medalhas de vice-campeão ucraniano e vice-campeão da Uefa Europa League e uma réplica da bola da final. Douglas mandou emoldurar a camisa e ainda tem a credencial da partida. Com um olhar orgulhoso e um semblante de satisfação, o zagueiro observa os itens e lembra os momentos marcantes da competição. “Ninguém acreditava muito”, diz Douglas. Nem mesmo o Dnipro esperava tanto. A cada fase, os comentários eram os mesmos: “Ficaremos no meio do caminho”. O cruzamento do também brasileiro Matheus encontra o croata Kalinić livre na área

para testar a bola e abrir o placar diante do Sevilla. Até então, a temporada se encerrava de forma perfeita: título inédito, coroando a trajetória surpreendente dos ucranianos. Entre os jogadores do time azul, Douglas Silva Bacelar, defensor brasileiro que encontrou seu melhor futebol no leste europeu. O quase centenário Dnipro, equipe da cidade de Dnipropetrovsk, nunca teve destaque no cenário europeu e chegou pela primeira vez à final de uma competição continental. A campanha é ainda mais surpreendente pelos gigantes que caíram no percurso: Ajax (HOL), tetracampeão europeu e Napoli (ITA), time de Maradona e Careca na década de 90, não fizeram frente aos Guerreiros da Luz. No Estádio Nacional de Varsóvia, na vizinha Polônia, 45 mil torcedores acompanharam

Jogador bra

na Ucrâ a partida, que terminou em 3 a 2 para o Sevilla. Além do gol de Kalinić, aos 6 minutos, o capitão Ruslan Rotan cobrou falta por cima da barreira e estufou as redes do goleiro Beto. Pelo lado espanhol, Grzegorz Krychowiak e Carlos Bacca, duas vezes, garantiram o bicampeonato rojiblanco. Juras de amor Ao abrir a porta, Douglas sorri. Apesar de tímido com os visitantes, logo mostra o caminho para o quarto. Nas paredes da sala, fotos de momentos importantes da carreira, como a época em que vestiu as cores do Vasco da Gama. Com as duas medalhas de prata na mão, ele brinca: “Quem vai ver vai falar: pô, vascaíno, né? Só é vice mesmo”. O motivo de uma casa no Brasil ser em Itajaí é o amor. Sua

noiva é da cidade, mas, durante maior parte do ano, enfrenta o frio e as adversidades da vida na Ucrânia junto do atleta. Durante a conversa, Camila está na sala cuidando dos preparativos do casamento. Douglas conheceu a noiva quando ainda estava no Brasil. E, após visitar Itajaí, apaixonouse também pela cidade. É muito diferente de sua terra natal, São Paulo, e da cidade em que mora na Ucrânia, pela paisagem e qualidade de vida. “Pretendo ficar aqui pelo resto da minha vida”, planeja o zagueiro com a aposentadoria como jogador. A carreira profissional começou em 2008, no Juventude (RS). Dois anos depois, jogou a Série B pelo América de Natal (RN). Boas atuações levaram o jovem jogador ao cruzmaltino em 2010, por indicação do técnico PC Gusmão, responsável por

Bruno Golembiewski e

sua promoção nas categorias de base do clube gaúcho. Seu reconhecimento no Brasil aconteceu no clube carioca, onde foi campeão da Copa do Brasil em 2011 e chegou às quartas-de-final da Copa Libertadores da América de 2012. Na época, fazia parte de uma das melhores defesas do país, ao lado de Dedé. No último dia da janela de transferências de inverno, Douglas assinou um contrato de cinco anos com o Dnipro. O clube ucraniano pagou cerca de 11 milhões de reais pelo jogador. “Prefiro o nosso calor do Brasil, mas já estou um pouco melhor”. Douglas deixou as praias cariocas para conhecer a neve e a paisagem industrial de Dnipropetrovsk, quarta maior cidade do país. Além Fotos: Bruno Golembiewski

Cobaia

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asileiro

ânia

e Elyson Gums - 6º e 4º períodos de Jornalismo dos jogadores, o frio é mais um adversário: no inverno, as temperaturas ultrapassam os -10°C. O fuso-horário em relação ao país é de 6 horas durante o ano, e 4 horas em horário de verão. Até para acompanhar o futebol brasileiro fica complicado, pois as partidas das 22h no Brasil são transmitidas às 4h da manhã na Ucrânia. No século passado, Dnipropetrovsk era ocupada pela União Soviética e foi usada como polo industrial e militar. A cidade se desenvolveu às margens do rio Dnipro, que corta todo o território nacional. Dois brasileiros foram essenciais para a adaptação de Douglas na Europa: Giuliano (hoje do Grêmio), e Matheus. O tradutor da equipe, um ucraniano que fala português, também ajudou o zagueiro no be-a-bá do idioma local, que ainda hoje não é dominado por completo. Embora a maioria do elenco do Dnipro seja composta por ucranianos, outras equipes do país recebem atletas da latinos. São os casos dos rivais Shakhtar, clube europeu com mais jogadores brasileiros no elenco, e o Metalist, com argentinos e brasileiros no plantel. O futebol sul-americano é bem visto na Ucrânia, e alguns clubes têm olheiros nos principais campeonatos do continente para descobrir novos talentos. Durante a temporada

14/15, a Premier League ucraniana sofreu os impactos de um conflito geopolítico. De acordo com a Folha de São Paulo, em novembro de 2013, manifestantes em Kiev pressionaram o, então, presidente Viktor Yanukovich para que aceitasse um acordo comercial com a União Europeia. O governo reagiu violentamente aos protestos, gerando uma tensão entre o Oeste (pró-União Europeia) e Leste (pró-Russia). Confrontos entre separatistas pró-Russia e o Exército Ucraniano causaram danos e mortes em Donetsk. Um portavoz da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) informou que mais de cinco mil pessoas morreram nestes conflitos. O estádio do Shakhtar, principal clube da cidade, foi bombardeado duas vezes, em agosto e em outubro de 2014, e teve sua estrutura abalada. Eles disputaram alguns jogos em Kiev, no outro lado do país. Outros times da região também jogaram longe de casa. “As equipes de menor porte ainda não se recuperaram”, lamenta Douglas, que acompanhou a situação atentamente. Em fevereiro de 2014, Yanukovich foi destituído pelo parlamento ucraniano. As autoridades da Crimeia, região ao sul e de maioria russa, convocaram um referendo

Itajaí, setembro de 2015 para que o território fosse anexado à Rússia. A maioria da população aprovou a medida, aumentando ainda mais o desgaste entre os grupos. A votação foi contestada por EUA e União Europeia, que se recusaram a reconhecer o plebiscito. Vladmir Putin, presidente russo, afirmou que “a Crimeia sempre foi parte da Rússia nos corações e mentes das pessoas“. A tensão política da Ucrânia em 2013 e 2014 também testou os brasileiros. O campeonato seguia, e o Dnipro tinha de jogar contra Sevastopol e Tavriya Simferopol, representantes da Crimeia na Série A. Numa das partidas, Douglas viveu momentos bem difíceis. A Rússia já ocupava o território na época, e a equipe não sabia o que esperar. O espaço aéreo estava fechado devido aos conflitos e a delegação viajou de ônibus. Normalmente seriam alguns minutos, mas a viagem durou nove horas. Cruzar a fronteira foi assustador, conta Douglas. “Você via alguns atiradores apontando metralhadoras pra você. Dava pra ver também alguns tanques de guerra. Cenário bem de guerra mesmo. Os soldados tinham que entrar no nosso ônibus, verificar lista com nomes das pessoas, se os documentos estavam ok”. Apesar do susto, a partida e a volta para casa foram tranquilos. “Acho que o susto maior foi porque não sabíamos o que esperar. Jamais imaginei que poderia passar por essa situação”. As duas equipes não existem mais. Os

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times da Crimeia tentaram se anexar ao Campeonato Russo, mas segundo o zagueiro, isso não possível. Integrante do dream team tem os pés no chão “Sem dúvidas, foi o melhor ano da minha carreira”, diz. Apesar de não ter encerrado a temporada passada com o título europeu, Douglas terminou o ano como parte do dream team da competição. “Quando eu saio na rua, torcedores param, comentam, elogiam”. Ele foi o terceiro melhor jogador da equipe no ano e praticamente dobrou seu valor de mercado. Hoje, o passe do paulistano de 1,90m está avaliado em quase

15 milhões de reais. Mesmo contente e valorizado no Dnipro, ele planeja disputar uma liga mais forte nos próximos anos, como a inglesa ou espanhola. A imprensa internacional dá conta de que Douglas vem sendo especulado em outros clubes, mas, até o fechamento desta reportagem, nenhum acordo foi firmado. A ótima temporada de Douglas elevou-o para outro patamar no futebol mundial, mas o atleta mantém os pés no chão. A meta para a temporada 2015/2016, que começou em julho, é sagrar-se campeão nacional. “A expectativa é sempre de vencer”, admite Douglas.

Cobaia


Itajaí,setembro de 2015

Fotos: ARQUIVO/ Robert Capa in memorian

História

Setenta anos após o fim da

2ª Guerra Mundial

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Alguns dos vestígios deixados pelo conflito em Santa Catarina vieram à tona a partir de uma tese de doutorado da professora Marlene de Fáveri

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á exatamente 70 anos, chegava ao fim o mais cruel dos conflitos bélicos mundiais. O Japão assinava a sua rendição, que encerraria definitivamente a Segunda Guerra Mundial. Com duração de quase seis anos, o episódio trágico praticamente envolveu todos os continentes do planeta e ceifou a vida de mais de 60 milhões de pessoas. A maior parte das

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mortes, aproximadamente 25 milhões, ocorreu na antiga União Soviética que, junto com Grã-Bretanha e Estados Unidos, lideraram as forças aliadas. O Brasil era governado por Getúlio Vargas, e, a princípio, havia se posicionado com neutralidade. Depois de alguns ataques a navios brasileiros, Vargas decidiu entrar em acordo com o presidente americano Roosevelt para

Katyanne Karinne Krull – 2º período de Jornalismo

a participação do país na Guerra. Segundo dados da Revista Escola, o primeiro grupo de militares brasileiros chegou à Itália em julho de 1944. O país enviou cerca de 25 mil homens da Força Expedicionária Brasileira (FEB), e 42 pilotos e 400 homens de apoio da Força Aérea Brasileira (FAB). Além das vidas que se perderam no decorrer do combate, muitas foram as consequências danosas da Segunda Guerra Mundial. Nesse período de conflitos, diversos descendentes de

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alemães e italianos, residentes em Santa Catarina, sentiram na pele as sequelas de tamanha crueldade. A convocação dos homens para a guerra, prisões, humilhações, o medo de

circular em espaços públicos e a proibição do uso de qualquer outra língua que não o português. A legítima e drástica transformação do que era fala em silêncio.


Itajaí, setembro de 2015 tempo, não tinha tensões dentro do clube. As pessoas ali dentro não podiam brigar, não podiam se insultar, por conta de questões políticas referentes à guerra, e aos preconceitos.” Depois de algum tempo, o tema passou de um mero relato coadjuvante para protagonista do estudo. “Foi muito curioso porque, até então, não havia nenhuma obra a nível nacional que tivesse pensado a Segunda Guerra a partir da experiência das pessoas que viviam no Estado e como essa guerra tinha incidido no cotidiano dessas pessoas.” Desenvolver um relato tão aprofundado requereu empenho e dedicação. “Foi muito incitante buscar fontes nos arquivos históricos e nas memórias.” Ela entrevistou quase 100 pessoas na época, e procurou informações nos documentos dos ministérios, nas correspondências das prefeituras municipais. Santa Catarina possuía dois campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial: um em Joinville; e outro, em Florianópolis, o que fortaleceu o registro dos momentos difíceis pelos quais o Estado passou. “Todas as fontes possíveis que pude buscar sobre a Segunda Guerra me davam conta que esse Estado foi efetivamente um lugar de muita tensão, de brigas, intrigas, denúncia e prisões”, explica Marlene. A professora destaca que as pesquisas sobre o conflito ainda não terminaram. Para ela, ainda há muito a ser pesquisado. “No Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, por exemplo, nós temos processos judiciários nunca pesquisados. Estou voltando lá e pesquisando agora, continuo a pesquisa, não como tese, mas porque gosto.” Marlene pretende ainda publicar uma nova edição do livro, baseado em pesquisas mais atualizadas, com revisão e inclusões de outras tantas coisas que ela tem descoberto. A segunda parte da pesquisa permeia diversos enfoques, temas e possibilidades. “São questões que estão muito diretamente relacionadas com o poder político da época e como que esses poderes se espraiavam sobre as pessoas.” Depois de 11 anos da primeira edição de `Memórias de uma (outra) guerra: Cotidiano e

Estudos sobre a apologia ao turismo sexual na mídia em SC A professora e pesquisadora Marlene de Fáveri esteve no Campus Itajaí no dia 28 de agosto passado proferindo palestra para aproximadamente 150 pessoas, entre alunos dos cursos de História, Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas. Na oportunidade, falou a respeito de um de seus mais recentes artigos intitulado: “Welcome to Floripa – A Copa do Mundo na Ilha da Magia: apologia ao turismo sexual”, em que analisou o uso de imagens femininas pela mídia em Santa Catarina durante os preparativos da Copa do Mundo de 2014. A pesquisa realizada desde 2005 diz respeito ao mercado prostitucional diurno contemporâneo na cidade de Florianópolis. Para Marlene, essa é uma luta antiga dos estudiosos de gênero. “O objetivo foi mostrar para as pessoas e especialmente aos alunos, como que as mídias contemporâneas tem constantemente reforçado preconceitos e estereótipos no que tange os corpos das mulheres e ao uso desses corpos como propaganda turística. Evidentemente isso leva a outras práticas relacionadas ao turismo sexual e o comércio do sexo.” Organizado pela Coordenação do curso de História da Univali, a palestra atendeu as expectativas. Segundo a coordenadora, Ilisabet Pradi Krames, a medo durante a Segunda Guerra em Santa Catarina`, Marlene ainda sente a repercussão de sua pesquisa. Esse “revigorar de memórias”, como ela mesmo denomina, é considerado como uma recuperação da cidadania das pessoas, o que faz com que as elas se sintam valorizadas. “Ainda recebo e-mails, pessoas que dizem: — Nossa que bom que você escreveu, porque até então ninguém na minha casa

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Foto: Katyanne Karinne Krull

Foram quase 50 anos sem tocar no assunto, com medo de repressão. Muitas pessoas perderam sua língua materna. O italiano e o alemão, nos seus respectivos dialetos, foram esquecidos. Descendentes sequer aprenderam a falar essas línguas justamente por serem proibidas durante a Era Vargas. Decretos e portarias proibiam a fala, o canto, cumprimentos, rezas, inclusive colocar inscrições em lápides tumulares com frases ítalogermânicas. Diferentemente do que constava nos livros didáticos sobre a história de Santa Catarina, a Guerra foi marcada por outras questões além de vitória e heroísmo. O saldo negativo deixado pelo cotidiano da Guerra em Santa Catarina era, até 2002, “poeira jogada para debaixo do tapete”. Todas essas implicações estavam camufladas até a professora Dra. Marlene de Fáveri utilizar dessa temática como tese de doutorado. Depois de alguns anos de pesquisa e aprofundamento, foi publicado o livro “Memórias de uma (outra) guerra: Cotidiano e medo durante a Segunda Guerra em Santa Catarina”. A obra, lançada em 2004, foi uma busca incessante pela história das sensibilidades. De acordo com Marlene: “É uma história do subjetivo, do medo. Esse medo permeia meu trabalho do início ao fim”. Para pesquisadores e professores, o livro constitui uma das principais obras sobre as memórias da Segunda Guerra Mundial em Santa Catarina. É o caso do professor do curso de Jornalismo da Univali, José Isaias Venera, para quem, com o passar do tempo, fica cada vez mais difícil encontrar pessoas que viveram esse período histórico. “O livro da Marlene tece, com brilhantismo, memórias de pessoas que viveram o difícil período da guerra e do período do Estado Novo (1937-1945).” Além dessas memórias carregadas de afetos, dores e ausências, a pesquisadora mostra como o discurso nacionalista construiu heróis da nação e um modelo padrão de cidadão, enquanto outros eram excluídos, presos, torturados, etc. A escolha da temática para a pesquisa relatada no livro surgiu durante o mestrado. “Quando estava em Itajaí, pesquisei um Clube chamado Bloco dos Vinte, que durou de 1929 a 1960, e se chama `Moços e moças para um bom partido: a formação das elites em Itajaí`, também publicada em livro. A partir disso, ela acabou ouvindo diversos depoimentos relacionados ao tempo da guerra. “Ao entrevistar essas pessoas, elas me falavam do tempo da guerra que, naquele

importância da palestra está diretamente interligada a importância dos debates sobre gênero. “Os discursos a respeito do sexo e da sexualidade construídos em torno da copa do mundo, se descontrói à medida que a gente dialoga, pensa, reflete e trás elementos que nos ajudam a descontruir os diálogos que se instalam.” Para o acadêmico do curso de História da Univali, Silas José Tibincoski Teixeira, de 20 anos, a palestra deixou uma lição voltada para a percepção. “O conhecimento adquirido acerca da influência das mídias no tempo presente possibilita a percepção de quão necessário é estarmos atualizados, buscando um aperfeiçoamento contínuo e complementar, aplicando-os no exercício da docência.

falava sobre o assunto. Agora meu avô fala, meu pai fala, as memórias vieram à tona.” Para esta pesquisadora e professora de História, a Segunda Guerra é o produto de exacerbações políticas e ideológicas de alguns partidos. “Nós sabemos o quão isso foi desastroso para a humanidade, todas essas mortes, os genocídios que aconteceram.” O cenário atual de

algumas ideologias constitui uma herança do período de combates. Exemplo disso são pessoas insistirem em profetizar o nazismo de uma forma intolerante. “Além de outras intolerâncias ideológicas, podemos acrescentar o sexismo, o racismo, a homofobia, pois uma serie de intolerâncias presentes na sociedade hoje são fruto dos conservadorismos de governos reacionários.”

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Itajaí, setembro de 2015

Esporte

Em busca de espaço

C no pódium

Apesar de considerado um hobby, o boliche é um dos oito candidatos às Olimpíadas de Tóquio, em 2020

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exercícios específicos e preparação mental. Detentor da medalha de ouro na modalidade do boliche, nos Jogos Pan-Amercianos de 2015, em Toronto, Canadá, ele se declara uma das pessoas mais bem preparadas na competição. “O fator decisivo para eu ganhar a medalha de ouro foi a mental”. O atleta revela que um dos principais itens dentro desse esporte é a bola. “Você tem que conhecer bem seu material, assim como nós temos RG e CPF, a bola também tem sua identidade, cada bola é diferente da outra.” E a dica que Marcelo dá, para quem deseja investir nesse esporte, é que procure um instrutor, compre uma bola e fure na medida de suas mãos. “Quando for jogar, se você for jogar reto, mire na seta do meio e jogue o mais rápido que você conseguir, com direção e elevando a mão para frente”. Em contrapartida, João Vitor Dartora, de 14 anos, iniciou no esporte com apenas nove anos de idade, e sonha em investir no futuro. “As pessoas veem o boliche como um lazer. Pra mim, é um esporte”. Ele aprendeu a jogar por influência da família, donos de um boliche, constru-

ído com o intuito de promover lazer. “É uma união muito boa estar perto de quem você ama e, cada dia que passa, aprendo mais com eles”. Para provar que no boliche não existe idade, Pedro Amorim, atleta com 66 anos de idade e integrante da Federação Catarinense de Boliche (FCBOL), que passou a jogar há aproximadamente cinco anos. “Comecei por hobby, mas vi

que isso era uma forma de praticar esporte. Então, fui me aproximando cada vez mais do boliche e hoje não vivo sem.” Ele já obteve 30 medalhas e nove troféus. E acrescenta: “O boliche me possibilitou uma vida saudável com a prática de um esporte e me provou que posso ir muito além, independentemente da idade”. Amorim pretende praticar o esporte por muito tempo,

tanto que vai participar de um campeonato no próximo mês em Salvador- Bahia. “O boliche mudou minha vida e ainda pode mudar a vida de muitos.” Hoje ele joga com sua bola de 15 libras, que são 6,5 quilos. “É muito peso para uma pessoa da minha idade e confesso que, se não tivesse uma preparação, não conseguiria. Sou uma pessoa renovada de corpo e fé, e isso é incrível”.

Fotos: Nagib de Pierre

ocê alguma vez já ouvir falar em expressões como “Canaleta”, “Spare” e “João e Maria” dentro do esporte? Esses são apenas alguns dos termos usados dentro de um esporte que exige muita técnica e dedicação. Ainda não descobriu qual é o esporte? Lá vai outra dica, a bola usada nesse jogo é uma muito pesada e você precisa mirar em uma seta no meio da pista para fazer pontos. Agora está fácil, né? Trata-se do boliche, aquele em que jogamos a bola de qualquer jeito e fazemos pontos, certo? Bom, essa seria a teoria de quem aprecia o esporte apenas por hobby, e não funciona com os “bolicheiros”. Um esporte pouco difundido e divulgado no país, mas que sonha em conquistar um lugar nas Olímpiadas de Tóquio em 2020. O boliche integra o quadro dos oito esportes candidatos a fazerem parte das Olimpíadas. A decisão ocorrerá em 2016, quando apenas duas modalidades terão chance de serem olímpicos. O profissional de boliche, Marcelo Suartz, detentor de duas únicas medalhas na história do Brasil dentro da modalidade individual, assegura que o esporte tem condições de ascender às Olimpíadas. “O boliche teve sua participação nas Olímpiadas apenas em 1988 e, por isso, estamos torcendo para essa realidade mudar e ele voltar a fazer parte desses jogos.” Ele assegura que várias Instituições do mundo investem e deixam esse esporte mais descontraído para interagir com o público e atrair novos adeptos. Marcelo fala do preconceito que existe por parte daqueles que não consideram o boliche um esporte. “Não é simplesmente jogar uma bola na pista e ver no que vai dar”, garante o atleta. Há uma série de músculos que precisam ser trabalhados com ajuda de um médico osteopata, além de sessões de fisioterapia,

Karine Amorim - 4º período de Jornalismo

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Muito além da

Fórmula 1 Fotos: Divulgação ACO

Fernando Rhenius – 5º período de Jornalismo

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ob intenso calor, o trio formado por Mark Webber, Timo Bernhard e Brendon Hartley venceu a quinta etapa do Mundial de Endurance (WEC) no último sábado (19) no circuito das Américas em Austin no Texas. Após seis horas de prova, que começou na tarde e terminou sob a luz da lua, a equipe Porsche não encontrou adversários, tanto que os rivais diretos das equipes Audi e Toyota tiveram que assistir o desempenho surpreendente do fabricante alemão. Com um calendário composto de nove eventos em 2015 (vai ter 10 em 2016), o

mundial de Endurance desponta para roubar o lugar da F1 como principal categoria automobilística do mundo. Mas o que é este “Mundial de Endurance”? Quase desconhecido no Brasil, o World Endurance Championship, que surgiu em 1953 como “World Sportscar Championship”, teve várias temporadas, nem todas em sequência. Seu ápice foi nos anos 80 e 90 como o Mundial de Marcas. Com provas de seis, 12 e 24 horas de duração, tem como principal evento as 24 horas de Le Mans, prova realizada na França desde 1923. Por conta de questões polí-

ticas e por pressão da F1, que vinha perdendo pilotos, audiência e principalmente construtores, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) impôs regras à direção de modalidade que acabaram inviabilizando novos carros. Assim, o campeonato teve sua última edição em 1992. Desde então a Automobile Club de l’Ouest (ACO), entidade francesa que organiza as 24 horas de Le Mans vem promovendo campeonatos na Europa, EUA e Ásia que leva o nome da grande prova para manter viva as corridas de longa duração. Com regras abertas a qualquer motorização, pneus e qualquer inovação, a Audi estreou na modalidade em 1999 conquistou 13 vitórias em Le Mans, muitas delas com motores diesel. Depois de 1923, a Porsche é a maior vencedora da prova com 17 triunfos. Fabricantes como Peugeot, Aston Martin, Porsche, Nissan, Ferrari, Corvette e Toyota começaram a competir de forma oficial na prova. Por conta desta quantidade de fabricantes, a FIA firmou uma parceria com a ACO e, em 2012, o World Endurance Championship foi novamente apresentado com

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Itajaí, setembro de 2015

Esporte

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Mundial de Endurance desponta como um dos principais campeonatos automobilísticos do mundo e pode tirar o “reinado” da F1

corridas nos cinco continentes. As provas com seis horas de duração, além das 24 horas de Le Mans, conta com um campeonato dividido em quatro categorias, dois de protótipos (LMP1 e LMP2), as principais e duas de carros GT (GTE-PRO e GTE-AM). Cada carro pode ser dividido com até três pilotos, e, ao contrário da F1, que enaltece o piloto, aqui o astro é o carro. Outro diferencial que tem atraído fãs e fabricantes são os regulamentos livres. As principais equipes (Audi, Toyota e Porsche), que competem na classe LMP1, possuem protótipos híbridos. São tanto motores a combustão, alimentados por gasolina e diesel no caso da Audi, quanto elétricos, são alimentados pela energia oriunda dos gases de escapamento e sistema de frios. Um dos principais objetivos, e uma das tradições de Le Mans, é transferir para os carros de corrida a tecnologia oriunda das pistas. Freios a disco, faixas laterais das estradas, faróis com uma melhor performance (os faróis de LED, hoje usado em larga escala foram aperfeiçoados na corrida), além de motores com compressor. Atualmente três pilotos brasileiros estão competindo. Na principal classe, a LMP1, Lucas di Grassi, que já teve passagem pela Fórmula 1, e é piloto oficial da Audi desde 2012, quando substituiu o maior vencedor de Le Mans o Dinamarquês Tom Kristensen, com sete vitórias em Le Mans. Desde então, di Grassi tem conquistado vitórias e foi

o estreante do ano na edição de 2013 em Le Mans. Já Fernando Rees compete pela equipe oficial da Aston Martin, e participa de provas de longa duração desde 2007. Já disputou por marcas como Corvette, Sallen e Barazi-Epsilon. Tem como melhor resultado um sexto lugar em Le Mans neste ano na classe GTE-AM com Aston Martin. O último a entrar na competição foi Luís Felipe “Pipo” Derani, que estreou no Mundial em 2015 e atualmente é o vice-líder na classe LMP2 com um protótipo Ligier na classe LMP2. Faltando três etapas para o término da temporada 2015, os pilotos do Audi #7 André Lotterer, Benoit Tréluyer e Marcel Fassler lideram na classe LMP1 com 113 pontos. Os vencedores da etapa de Austin seguem em segundo com 103. Lucas di Grassi está na quarta posição na classe com 67 pontos. Na classe LMP2, Pipo Derani está em quarto no campeonato com 104 pontos, apenas quatro a menos que os vice-líderes Julien Canal, Sam Bird e Roman Rusinov, companheiros na equipe G-Drive Racing e que venceram a prova deste sábado com o #26 Ligier JS P2. Pela classe GTE-PRO, Fernando Rees está em quinto na classificação com 62 pontos. O líder Richard Lietz que compete pela Porsche está com 98. A próxima etapa será nos dias 10 e 11 de Outubro no circuito de Fuji/Japão.

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Itajaí, setembro de 2015

Esporte

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Atletas mais velhos competem em modalidade adaptada para sua idade e capacidade física

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om a chegada da terceira idade, a capacidade física do corpo sofre alterações, físicas e psicológicas. O saber envelhecer é aceitar as novas limitações que o tempo traz e adotar um novo estilo de vida, com prazer e saúde. Nesse sentido, surgiu o Projeto Maturidade Saudável, que atualmente conta com 400 praticantes em Santa Catarina, dos quais 100 em Itajaí, não só no handebol, mas no vôlei também. Em 2014, teve início o torneio estadual, uma etapa em cada cidade do estado. A Segunda Etapa do Campeonato Estadual de Handebol da Terceira Idade aconteceu no final de semana, dias 29 e 30 de agosto, no Ginásio Sérgio Lorenzatto (G2), no Bairro das Nações, em Balneário Camboriú. O torneio é composto por três categorias de 50-59 (Máster), 60-69 (Sênior) e mais de 70 anos (Bisos) e disputam nos dois naipes. Na Sênior, a Fundação Municipal de Esportes de Balneário Camboriú (FME-

Idosos de BC brilham no

Estadual de Handebol Carolina Voltolini – 4º período de Jornalismo

BC) conquistou o primeiro lugar com a equipe feminina; e o segundo, com a masculina. A categoria Bisas Feminina, de Navegantes e Itajaí, registrou empate técnico em todos os critérios, levando então as duas para o prêmio de primeiro lugar. “Temos pessoas aqui de quase 80 anos e, isso é tão gratificante. Eu me emociono!”. Comenta Roseli Storino, 52, jogadora do Time Máster de Itajaí. A FMEBC, por meio do Projeto Maturidade Saudável, conquistou três medalhas. “Na verdade, superou as nossas expectativas. Nós não tínhamos tanta pretensão de ganhar medalhas com o handebol e ainda assim conquistamos três”, comenta o professor André Boscatto. Esta é a segunda etapa de um total de três, sendo que cada uma delas acumula ponto para a classificação geral do Campeonato. Prioridade é a saúde “O Jogo de Handebol para a Terceira Idade é adaptado para a realidade física deles”,

relata o criador do Projeto Maturidade Saudável, Maicon Guedes. Nessa faixa etária, a cabeça ainda quer fazer, mas o corpo não aguenta. “O primeiro critério é a proteção da saúde”. As mudanças são poucas, mas servem para melhorar a jogabilidade dos idosos. Como por exemplo, a quantidade de jogadores e o tempo de jogo. Em um jogo de handebol oficial tem seis jogadores na linha e um no gol, em dois tempos de 20 minutos. Já com os idosos, as partidas são realizados com três jogadores na linha, divididos em ataque e defesa, em quatro tempos de 7 minutos, para que eles tenham mais intervalos de descanso e ter uma troca mais tranquila. De acordo com Maicon, essas adaptações são feitas justamente para evitar o contato o contato entre os jogadores. “Uma queda ou algo semelhante pode levar a uma lesão maior. Então, com um número reduzido, você evita essa situação, onde fica mais tranquilo para eles estarem jogando”. Todos jogam com atestado mé-

dico, e são acompanhados por fisioterapeutas e pela secretária de saúde do município onde acontecem os jogos. O Projeto Maturidade Saudável promove, entre o público da terceira idade, a prática esportiva de forma abrangente em modalidades como jogos de mesa, ginástica, vôlei, grupos de dança e as modalidades coletivas como handebol (adaptados à idade), além dos núcleos de atividades especiais destinados a grupos como hi-

pertensos, diabéticos, deficientes físicos e outros. O ideal é que o idoso encontre uma atividade que goste de realizar, dentro daquelas que o projeto oferece, e que ele se considere em condição de realiza-la. “A principal dessa brincadeira é a saúde e não a vitória. A vitória vai ser a consequência da saúde deles”. O encerramento da etapa final acontece em Itajaí, que, por enquanto, está com data e local indefinidos.

Fotos: Bruna Horvath

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Cozinha como fonte de renda Victor Marques Loja – 2º período de Jornalismo

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mico: usar ingredientes simples, mas com toque especial e qualidade. Marcelo Farias, de 46 anos, era bancário e largou o emprego para entrar no mercado de foodtrucks, criando o Lombada e vendendo sanduíches de pernil assado. Como truckeiro, destaca que a limpeza é sempre necessária, já que as pessoas veem diretamente a sua cozinha, seu ambiente de trabalho. Marcelo entende que a palestra do Ravioli foi muito útil para poder renovar e aperfeiçoar seu foodtruck. Para a proprietária do Bistrô Poesia, Gabriela de Alencar, de 38 anos, a palestra foi fantástica por trazer à tona a realidade do trabalho em restaurantes e ainda auxiliar a melhorar o empreendimento. Por outro lado, algumas pessoas reclamaram de organização do evento, preços elevados e falta de informações sobre como seriam as pales-

Farinha pouca,

meu pirão primeiro Maiume Elisabete Ignacio – 2º período de Jornalismo tória e de lá pra cá muita coisa mudou. Orlando Nogaroli, responsável pela primeira festa, relatou o fato de no início, a comunidade e o comércio participarem bem mais das atividades, e sugeriu gastar-se mais com a cultura e menos com os shows. Nogaroli era prefeito na época e a prefeitura tinha que cobrir todos os gastos do evento. Hoje o processo mudou. É realizada uma licitação onde se escolhe uma empresa para por em prática o cronograma previsto. A área gastronômica foi ampliada, ganhando inclusive um palco para o tradicional concurso do melhor comedor de pirão. Nesta competição os inscritos devem duelar para mostrar quem come o pirão mais rápido. Um Minuto foi o tempo necessário para Humberto Goulart levar o prêmio de mil reais pela segunda vez. Notaram-se alguns proble-

mas como a chuva que caiu durante praticamente todos os todos os dias e prejudicou a estrutura da festa. Os banheiros químicos não supriram a demanda de pessoas e tornaram-se o alvo das reclamações. Lucinéia Rodrigues, moradora da região metropolitana de Curitiba, visitou a festa pela primeira vez e parabenizou a organização e a diversidade de atrações. Disse que apesar dos erros a tendência é sempre melhorar. No Palco Cultural bandas locais como a Rock 50 e a Setor 5 animaram os visitantes enquanto aguardavam os shows nacionais. Teve ainda apresentações de danças típicas da cultura açoriana como a Dança de São Gonssalo e o Bumba Meu Boi. A Vila Açoriana

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surpreendeu a todos com pela primeira vez, a presença de uma Fira do Livro. Exposição de fotos da cidade, artesanatos e barraquinhas vendendo uma infinidade de produtos, trouxe-

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Chefs de renome nacional dão dicas para empreendedores de foodtrucks

tras. Mas a variedade de foodtrucks e cervejas artesanais, em conjunto com palestras dos chefs da gastronomia brasileira, formou uma ótima combinação para um final de semana bem ensolarado, deixando muitos na espera de mais uma edição do evento, talvez com preços mais acessíveis, melhor organização e muita comida e bebida.

ram novos ares a cidade. A alegria das crianças por sua vez, ficou por conta de um parque de diversão, instalado atrás da Vila Açoriana. Contraste foi a palavra marcante na edição deste ano. Todos os públicos puderam se sentir inseridos na esfera da festa. A organização acredita ter atendido as expectativas, pois, superou o número de visitantes das duas últimas edições.

Foto: Maiume Elisabete Ignacio

ock, pagode, reggae, sertanejo, musica gospel, cultura e gastronomia variada. Pegue tudo isso e misture com caldo de peixe e farinha de mandioca. O resultado desta mistura foi a 19ª Festa Nacional do Pirão. De 4 a 7 de setembro o balneário de Barra Velha fez essa a receita para atrair 120 mil pessoas na baixa temporada. Este ano, o destaque foi para a variedade das atrações. A festa contou com shows nacionais, exposições de artesanato local, feira do livro, danças típicas açorianas, shows de bandas locais e o concurso de melhor comedor de pirão. Outro ponto importante foi a divulgação da festa. Thiago Henrique Pinheiro, secretário de Turismo, credita o sucesso do evento ao antes da festa. A escolha das princesas e da rainha, a definição do mascote da festa, e de seu nome, as visitas a 40 cidades para entregar de porta em porta o convite aos prefeitos, tudo isso foi essencial para o resultado final da 19ª Festa Nacional do Pirão. São quase 20 anos de his-

do mundo, e a tendência dos foodtrucks gourmets deve levar isso em conta. Afinal, cada vez mais as pessoas têm menos e tempo e acabam comendo na rua, o que pode transformar os foodtrucks na democratização da alta gastronomia. Outro palestrante de destaque no GastroCity foi Roberto Ravioli, chef paulistano descendente de família italiana e atual proprietário e cozinheiro de três restaurantes italianos na grande São Paulo, com o Empório Ravioli como seu maior sucesso. Ravioli contou um pouco de sua história e como ascendeu em um dos cozinheiros de maior renome. Com relação ao foodtrucks, disse não acreditar diretamente neles justamente por ser um investimento muito alto - são necessários no mínimo três foodtrucks para sobreviver com esse estilo de serviço – sem considerar o risco. Sua dica àqueles que querem investir no mercado gastronô-

Gastronomia

Fotos: Victor Marques Loja

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ente sempre o impossível, tem menos concorrência. O fácil, todos fazem’’. Foi com essa dica que Guga Rocha, chef, empresário, professor e apresentador do Homens Gourmet, iniciou sua palestra no GastroCity, evento de foodtrucks e cervejas artesanais que aconteceu nos dias 28, 29 e 30 de agosto, no Centreventos de Itajaí. Com foco no empreen-

dedorismo dentro do mundo da gastronomia, Guga Rocha contou sua história e experiências de vida em conjunto com uma série de dicas que o levaram até onde está hoje. Ele é apresentador do programa Homens Gourmet, da FOX Life, proprietário do restaurante Supergourmet, líder em pesquisa sobre a gastronomia quilombola e professor no Le Cordon Bleu, um programa de ensino internacional com o mais alto nível culinário. Após viajar para mais de 35 países a fim de descobrir a si mesmo e novas formas de cozinhar, outra dica do chef: ‘’Valorize a sua cultura e sua região. Só você conhece ela e pode aproveita-la ao máximo. Leve sua riqueza para o mundo’’. Destaca que italianos e franceses são considerados os melhores chefs por valorizarem sua região ao máximo. Para ele, o Brasil tem a culinária mais completa e diversificada

Itajaí, setembro de 2015

Cobaia


Itajaí, setembro de 2015

Seppá,

Coletivo Fotográfico

dá foto!

Fernando de Borba, atleta de basquete sobre rodas da Associação de Apoio as Famílias de Deficientes Físicos - Afadefi

O

som da bola contra o chão, enquanto a velocidade o abraça, mesmo com o auxilio de uma cadeira. O suor e o cansaço como resultado de um trabalho bem feito. A competição, o desejo da vitória, mas, principalmente, o indescritível sentimento de fazer parte de algo. Parte de um time em que todos são iguais, embora diferentes. Compartilhar a batalha, o desafio, a superação. Tudo isso faz parte de quem Fernando de Borba é, que esboça, no rosto, um sorriso vencedor. Acadêmicos: Amanda Macuglia, Evandro Ritzel, Patrícia Barbosa, Pedro Henrique e Samara Michele. seppadafoto.tumblr.com

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Cobaia


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