Cobaia JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI Itajaí, abril de 2016 - Edição 143 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Profissão: repórter Foto: Joana Fonseca
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Caderno Especial A RAINHA DO RÁDIO
Itajaí, abril de 2016
Utopia no palco Editorial
Crônica
A vida
Lucas Filus – 5º período de Jornalismo
Caros leitores, alunos e professores, o Cobaia de abril apresenta um caderno especial – de quatro páginas – sobre a passagem da peça “A Rainha do Rádio” no Teatro Municipal de Itajaí. As matérias e as fotografias foram produzidas pelos acadêmicos do terceiro período de Jornalismo, para a professora Laura Seligman. Vale a pena conferir um retorno ao passado recente de nossa história, ainda mais porque fala de um período conturbado, principalmente, para os meios de comunicação no país – a ditadura militar dos anos 60, 70 e 80. Entre as vá rias polêmicas desta edição, você encontra as ideias do humorista Marcos Piangers sobre paternidade em palestra proferida no Centreventos de Itajaí. Ele adianta que, por causa do sucesso, vai lançar a continuação de sua obra “O Papai é Pop”, e a sua mulher “Mamãe é Pop”, em que o casal conta histórias tragicômicas sobre a relação de pais e filhos. Em seguida, trazemos matéria sobre uma viagem técnica realizada pelos alunos do primeiro e do sexto períodos de Jornalismo ao jornal Diário Catarinense e aos estúdios da RBS TV em Florianópolis. A visita foi promovida pelos professores Carlos Praxedes, também coordenador do curso, e Gustavo Zonta, e a reportagem conta com a assinatura de uma caloura e uma veterana. Depois, mostramos a recepção e os bastidores da peça infantil “O rapto das cebolinhas”, também encenada no Teatro Municipal de Itajaí e que envolve alguns dos nossos acadêmicos. Diversão para toda a família que pode ser conferida nas apresentações agendadas em maio na Casa da Cultura Dide Brandão. Ainda temos críticas ao filme “Batman vs Superman”, à série “Black Mirror” e ao show de Cícero em Florianópolis. Sem falar das matérias sobre uma espécie de hibiscus que ajuda no tratamento do câncer de intestino, as consequências da separação e do divórcio para pais e filhos e, na contracapa, a vida de quem mora no Quilombo do Morro do Boi, em Balneário Camboriú. Leia e participe. Até junho! Vera Sommer - editora Reg. Prof./DRT-RS 5054
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uita gente procura estudar, dissecar e explicar o futebol. Sou um deles, parcialmente. Sem o olhar crítico dos analistas de primeira linha que ensinam milhares ao redor do mundo, mas faço a minha parte na tentativa de abordar o beautiful game como algo próximo da ciência e de números, treinamentos, repetições e estratégias. Desde minha infância - não que eu já tenha passado dessa fase -, todo santo dia era dia de futebol. Como se não bastasse, as manhãs de sono cortadas ao meio e as aulas vespertinas deixadas de lado por causa do esporte, a noite era regada do mesmo alimento. O consumo da mesma maneira que faço com pão e água. Até mais, diria. Não que isso seja nutricionalmente recomendado. Emocionalmente, porém, vale a pena - vai por mim. Sempre tive interesse pela parte tática do negócio; por que aquele Atlético Paranaense de 2004 era tão bom e efetivo na parte ofensiva? Muito pela modernidade do treinador Levir Culpi, que estava um patamar acima de seus colegas de profissão e aplicava métodos que só foram se tornar comuns no Brasil depois de uns sete anos. O que dizer da fascinante Internazionale do também fascinante José Mourinho? A coesão e a compactação da equipe em todas as fases do jogo - transição ofensiva, transição defensiva, ataque consolidado
e defesa consolidada - foi o elemento chave para a consistência que culminou na taça da Liga dos Campeões em 2010. Já li, assisti, reli e redigi sobre posturas estruturais de muitos times. Pressão alta, counterpressing (ou gegenpressing, fazendo jus ao mecanismo elevado a níveis inimagináveis por Jurgen Klopp), halfspace, marcação zonal, individual, média, baixa. Mais do que termos jogados ao alto sem fundamentação teórica e embasamento prático, mas sim ferramentas organizacionais criadas, desenvolvidas e utilizadas por técnicos de classe e inteligência mundial. Todas integradas a filosofias detalhadas e apuradas, mas que diferem entre si; o jogo de contra-ataque da Juventus, a posse exaustiva do Manchester United, a verticalidade do Bayer Leverkusen. Trabalho, mérito, resultados mistos. Nisso, não há certo ou errado. Uma equipe, por outro lado, passou por cima de todos os supracitados conceitos e entrou para a história. Podem contestar o posto do conjunto entre os maiores que agraciaram os gramados planetários, mas na minha não tão longa, porém viva memória, a primeira posição pertence a Ele: o Barcelona de Pep Guardiola. Porque aquele time não jogava. Encantava. De julho de 2008 a junho de 2012, aqueles que não são cegos ou não fingem ser em nome da ignorância, antipatia e gosto pela con-
trariedade, puderam observar um amontoado de peças se completar como um quebra-cabeça dentro de campo. Valdés; Dani Alves, Puyol, Piqué, Abidal; Busquets, Xavi, Iniesta; e Messi, Villa, Pedro. Creio que todos nós devemos agradecer a esses nomes pela fantasia que vivemos no período em que estiveram juntos no Camp Nou ou em qualquer outra cancha que lhes recebia com aplausos. Até o Santiago Bernabéu reverenciou, de pé, o selecionado culé. Por que eu, você, eles, nós, não deveríamos? Afinal de contas, como a arte nos mostra, o espetáculo não faz mal a ninguém; julgue, desgoste, mas aprecie. Se um quadro de Picasso vale 600 milhões, 20 minutos de futebol do Barça tem preço incalculável. Os triângulos e losangos que se formavam e representavam troca intrínseca de passes e fluidez de jogo entre as linhas dos adversários eram deleite para qualquer um com mínimo senso de beleza. Porque essa é a palavra certa. Adjetivos de desempenho - efetivo, apurado, preciso, etc. - são importantes, mas chegam a ser rasos quando o que acompanhamos por aqueles espanhóis - e certo hermano que se tornou no maior de todos - foi algo belo, bonito, atraente, elegante, harmonioso, brilhante. Se o futebol um dia alcançou a sua utopia, o palco foi Barcelona. O compositor? Pep. O maestro? Leo. Os ganhadores? Nós.
UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí
Expediente:
Cobaia
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - COMUNICAÇÃO, TURISMO E LAZER Diretor: Prof. M.Sc Renato Büchele Rodrigues CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI Rua Uruguai, 458 - Bloco C3 Sala 306 | Centro, Itajaí - SC - CEP: 88302-202 Coordenador: Prof. M.Sc Carlos Roberto Praxedes dos Santos Agência Integrada de Comunicação
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI Edição: Vera Lucia Sommer/Reg. Prof./DRT-RS 5024 Tiragem: 2 mil exemplares | Distribuição Nacional PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Gabriel Elias da Silva
Todas as edições do Jornal Cobaia estão disponíveis online. Acesse: issuu.com/cobaia! Você tem alguma sugestão para fazer, ou alguma matéria que gostaria de ver publicada? Conte com a gente! cobaia@univali.br
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Itajaí, abril de 2016
Leitura
Histórias de um
papai pop
Jéssica Matanna e Gabriel Elias da Silva - 3º período de RP e 4º de Jornalismo
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ais de primeira viagem preparem-se para uma descoberta incrível: não adianta pagar a melhor creche para o seu filho, se você for o último a ir buscá-lo na escola. Essa afirmação faz parte do livro “O Papai é Pop”, do humorista Marcos Piangers. Um dos componentes do programa de rádio “Pretinho Básico”, de sucesso no país, esteve em Itajaí na última sexta-feira, dia 22, no Centreventos. O autor, além de trabalhar como repórter no programa Encontro com
Fátima Bernardes, da Rede Globo, é pai em tempo integral das filhas Aurora e Anita. Na palestra, Pianges trata sobre a importância de criar filhos num mundo que está cada vez mais caótico e corrido. Aliás, ele destaca as marcas da ausência de um pai na sua própria vida: “Poderia ter sido qualquer tipo de pai, mas que fosse um pai”. O livro “O Papai é Pop” começou com alguns desenhos que Marcos fazia das filhas. Ele via que aquilo não estava dizendo tudo o
que queria, então, começou a escrever alguns textos publicados no jornal. Foi aí que notou como a repercussão de suas histórias. A partir daí, passou a postar alguns desses desenhos em sua página no Facebook. O convite para lançar um livro veio de uma gráfica de Caxias do Sul. Os trabalhadores viram as fotos na rede social e entraram em contato com o humorista. Ele topou o projeto, pensando que venderia no máximo 300 exemplares. Para sua surpresa, o livro vendeu mais de 60 mil exemplares, ficando entre os 10 livros mais vendidos do Brasil.
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O humorista Marcos Piangers fala sobre paternidade para itajaienses
como o livro tem ajudado na relação com seus filhos. Uma mulher, emocionada, contou que mandou a obra de Piangers para seu pai, que retornou pedindo desculpas pela falta que fez e que quer ser um avô muito melhor do que foi como pai. Piangers também contou que, em geral, a mulher se prepara muito mais que o homem para ter um filho. Ele só percebeu que tinha se tornado pai quando a sua primeira filha começou a chorar no hospital e a en-
fermeira disse: “É contigo”. Foi nesse susto que ele entendeu a proporção gigante do amor que tinha pela criança. Daí por diante se preocupou muito mais com ela do que com qualquer outra pessoa no mundo. O escritor e repórter disse que essa foi sua primeira palestra sobre paternidade e seu livro, pois geralmente faz palestras ligadas a tendências e a comunicação. O humorista também deu um show, fazendo seu público rir e chorar falando sobre filhos.
Impacto social
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Fotos: DIVULGAÇÃO
Marcos Piangers adiantou para o público que lançará “O Papai é Pop 2” e que sua mulher está escrevendo o “Mamãe é Pop”. O dinheiro obtido com a venda dessas obras é revertido em benefício de para crianças em situação de fragilidade social. O autor também fala que ser pai não é ter um apartamento melhor, não é ter um carro com seis airbags, mas saber dar atenção, amor, carinho e respeito. “A responsabilidade de um mundo melhor está com os pais, que estão criando seus filhos”, ressalta. Além da versão impressa, Marcos tem o livro todo em áudio no soundcloud, adaptado para crianças com deficiência visual. Na palestra em Itajaí, foi possível perceber que o livro atinge os mais diferentes públicos e várias pessoas contaram
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Formação
Profissão: repórter Juliane Ferreira e Joana Fonseca - 1º e 6º períodos de Jornalismo
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parecido. Deu pra ter uma noção de como é a prática do jornalismo na televisão e no jornal impresso”, observa a aluna do primeiro período, Djeniffer Ribeiro Anjos. Para Karine Gonçalves Amorim, do sexto, foi uma experiência muito boa e produtiva. “Aprendi coisas que, mesmo fazendo a faculdade, não aprenderia em sala de aula”, afirma. Sobre os locais visitados, Karine não pensou duas vezes em responder qual foi o seu preferido: “Gostei muito, principalmente, do Diário Catarinense, pois pretendo seguir no jornalismo impresso ou em assessoria”. Os acadêmicos também ouviram a opinião de alguns jornalistas formados sobre a profissão como, por exem-
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Acadêmicos de Jornalismo da Univali visitam o jornal Diário Catarinense e os estúdios da RBS TV em Florianópolis
plo, o apresentador e editor do RBS Notícias, Fabian Londero. Ele contou sua trajetória até a RBSTV e disse que a melhor parte de trabalhar com jornalismo na televisão é ir para rua dar voz e tentar ajudar a comunidade. Na redação do Diário Catarinense, souberam detalhes sobre a última reformulação gráfica do jornal e como a equipe de diagramação cria no baixamento do material impresso e do portal online. “O trabalho do diagramador
Foto: Juliane Ferreira
cadêmicos do primeiro e sexto períodos do curso de Jornalismo da Univali conheceram de perto a rotina de produção do jornal Diário Catarinense e da RBS TV em Florianópolis, dois veículos de comunicação que atuam diariamente nas mais diversas plataformas midiáticas. Também estiveram nos estúdios das emissoras de rádio Atlântida e Itapema FM e do canal fechado TVCOM. Essa experiência fora da sala de aula ocorreu dia 26 de abril sob a supervisão dos professores Carlos Praxedes e Gustavo Zonta. “Essa visita foi muito importante porque nunca tínhamos vivenciado nada
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é sempre junto com o editor, tem que ter conhecimento da parte de texto e da imagem. Tem que estar por dentro do assunto e a capa de um jornal na verdade é uma hierarquia de assuntos. O mais importante para o leitor”, explica Aline Fialho, editora do Diário Catarinense. Para o professor Praxedes, também coordenador do curso de Jornalismo da Univali, o contato direto com o mercado, como o vivenciado pelos alunos nas duas redações
em Florianópolis, faz toda a diferença. “Visitas técnicas são imprescindíveis para a formação dos acadêmicos de Jornalismo. É uma espécie de imersão no campo profissional. Nosso curso, por meio do projeto Jornalismo e Mercado, desenvolve esse tipo de atividade periodicamente para fortalecer nossa presença na grande mídia catarinense e aprimorar nossas parcerias com essas empresas de comunicação’, finaliza Praxedes.
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Palestra
É preciso rever
Foto: Renan Munhoz
a forma de ensinar
Kevin Pires Tavares e Lorena Polli - 2º Período de Jornalismo
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omento de grande aprendizado e de exposição de trabalhos acadêmicos. Assim pode-se resumir o Fórum Integrado de Extensão 2016, realizado nos dias 14 e 15 de abril, no Campus de Balneário Camboriú da Univali. O principal tema abordado foi a inserção curricular da extensão e a articulação com o ensino e a pesquisa, em palestra ministrada pela professora Bernadete Dalmolin, vice-reitora de extensão da Universidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Com o auditório lotado, a professora foi logo ao ponto e disse que não estava trazendo nenhuma receita pronta para ajudar alunos, professores e demais pessoas da comunidade, que ali estavam presentes. Ela não queria ficar num discurso maçante, que se dispersaria ao decorrer da palestra e sim manter o interesse do público, levantando questionamentos a respeito da inclusão curricular nos cur-
sos universitários. A inclusão destes currículos só pode ser feita se envolver o ensino com a pesquisa, pois tudo deve estar amarrado. Porém, a professora Bernadete explica que é necessário rever a forma como se ensina. “Está repetitivo! As aulas estão chatas e conteudistas. Mas não são só os professores. Os alunos também precisam rever seus conceitos. Eles estão acomodados. Adoram um slide pronto.” A falta de interesse do estudante acaba formando profissionais incapacitados, quando saem da universidade e entram diretamente no mercado de trabalho. Bernadete exalta a falta de comprometimento no estudo, e desafio os acadêmicos a saírem da zona de conforto em busca de novos conhecimentos. Mas admite ser um erro “lavar as mãos” quando um aluno chega à universidade, pois é responsabilidade dos professores ajudá-lo a trilhar seu caminho. Os projetos de extensão
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Fórum Integrado de Extensão serve para expor trabalhos e socializar alunos e professores
em exposição no evento foram citados pela professora, salientado que não deveriam ser responsabilidade de apenas um professor. Bernadete insiste em defender que todos necessitam rever seus conceitos tanto de aluno quanto de professor, principalmente nas práticas coletivas. A organizadora do evento, a professora Cristiane Riffel, de 39 anos, reforçou o tema abordado com os trabalhos acadêmicos desenvolvidos na extensão. Ela explica a importância dos projetos e do modo coletivo com que eles foram
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apresentados. Cada stand juntava três trabalhos, mas não como forma de economizar espaço, e sim de promover maior interação entre os acadêmicos e seus próprios projetos. Também é docente dos cursos de Relações Públicas e Jornalismo da Univali, Cris vê isso como forma de aproximar os alunos, que muitas vezes desconhecem o projeto dos colegas e, assim, acabam tendo um vínculo maior entre eles. Segundo a organizadora, o fórum teve 543 inscritos e incentivou a socialização das atividades desen-
volvidas pelos Projetos de Extensão, integrando professores e acadêmicos que atuam na área de extensão na Universidade do Vale do Itajaí. No final da sua palestra, a professora Bernadete enfatizou que todos somos sujeitos e qualquer forma de relação deve ser dialogada. A extensão deve ser algo que integre a comunidade, que se integre ao ensino e à pesquisa, sem fazer os famosos “puxadinhos”. E finaliza: “Não podemos esquecer que o nosso objetivo é formar um sujeito crítico e transformador”.
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Teatro
Cebolinhas Foto: Valentim Schmoeler
da Índia Gabriel Elias da Silva - 4º período de Jornalismo
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Peça infantil traz alguns heróis e um vilão para deleite de toda a família. Novas apresentações agora em maio
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cena, desesperado ao perceber que um de seus pés de cebolinhas desapareceu. “Socorro, socorro”, ele grita. Gaspar aparece, arrancando gargalhadas de todas as crianças e até dos adultos presentes. Quem também entra em cena, os pilares de toda a peça, são os netos: Lucia e Maneco - Amanda Vieira e Raphael Cunha. Maneco tinha seus suspeitos e até um plano para pegar o ladrão,
mas, antes de colocá-lo em prática, ele precisa interrogar os suspeitos. Então, entram em cena os bichos: Florípedes, a gata - Ivana Guarezi, e Simeão, o burro - interpretado por mim. A dupla dinâmica deixa as crianças eufóricas e os pais tão interessados no espetáculo que as palavras “peça infantil” parecem não existir mais naquele ambiente. Para completar o mistério das cebolinhas, o de-
Foto: João Celante
trás do palco, a partir das 16 horas do dia 10 de abril, é possível ouvir conversas de crianças sentadas nas cadeiras do Teatro Municipal de Itajaí. Entre risadas, elas se perguntam quem é o ladrão de cebolinhas. Seria Gaspar, o cão de guarda da horta - Lucas Viana, capaz de encontrar o malandro? Quando as luzes se acendem, vovô Felício entra em
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tetive Camaleão Alface - Matheus Delfino, surge em cena, com uma lupa, o medalhão de detetive e duas pistolas. Em seguida, o médico - João Oldenburg, também aparece para integrar a equipe. Agora, com os atores no palco, é hora de iniciar as buscas pelas cebolinhas desaparecidas. “Todos aqui são suspeitos”, diz o detetive Camaleão Alface, apontando para todos os atores e até para a plateia. Quando a peça termina, o aplauso das crianças e dos pais é o presente de quem se dedicou para que tudo desse certo. Equipe de maquiagem - Camila Jacques, iluminação - Felipe Laurêncio, e sonoplastia - João Celante, compõem a parte técnica do espetáculo que encheu o Teatro Municipal de Itajaí. E tem mais A magia do teatro nunca termina, mas é sempre bom lembrar que “O Rapto das Cebolinhas” será apresentado nos dias 21 e 22 de maio, na Casa da Cultura Dide Brandão. Na semana seguinte, os Alunos do
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Exercício Cênico Anchieta estreiam mas uma peça: “As Bruxas de Salém”. Quem se interessa por teatro encontra em Itajaí um local com capacidade para 500 pessoas, com entrada e acentos para cadeirantes. Todo final de semana há algo diferente acontecendo lá, desde apresentações de stand up até shows musicais. O teatro é mais que um momento de lazer, é também uma oportunidade para quem quer aprender, aumentar sua cultura e conhecer histórias de romance aos crimes nazistas, das bruxas aos chás de cebolinhas da longa vida. Foram três meses de ensaios, trocas de personagens e diversão. A amizade e a sintonia que fluiu entre os oito atores em cena, 7 em sua estreia em cima de um palco, trouxe mais do que um grupo com intimidade, mas um grupo com amizade, companheirismo e respeito. O diretor da peça e vovô Felício, o experimente Valentim Schmoeler, não mediu esforços para ensinar aos novatos tudo o que sabe sobre o prazer que é atuar.
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espetáculo “A Rainha do Rádio” está passando por Santa Catarina pela primeira vez e, no dia 18 de março, fez sua única apresentação em Itajaí. No monólogo escrito, em 1976, por José Saffioti Filho, a atriz Mariane Feil interpreta a radialista Adelaide Fontana que, demitida após 25 anos de trabalho em seu programa diário de poesias, invade a emissora na qual trabalhava para um último programa. Completam a equipe, o diretor geral Gil Guzzo, o figurinista José Henrique Beirão e Régius Brandão com a voz de apoio. A peça, apresentada no Teatro Municipal da cidade, abordou a discriminação da mulher no ambiente de trabalho e a corrupção no meio do regime militar. Camila Gonçalves, produtora cultural da peça, acredita na força dos movimentos feministas nas redes sociais. Para ela, o tema ainda é recente, mesmo tendo passado 40 anos da criação do texto. ‘’O público pode levar como uma crítica, uma forma de refletir e repensar sobre as nossas atitudes’’, completa a também jornalista. Ao contrário de sua personagem, a intérprete Mariane Feil jamais trabalharia mais de 20 anos num lugar que não se sentisse bem. Mesmo nascendo noutra época, a atriz também foi criada numa cidade pequena sob um olhar de submissão em relação ao homem. Mariane relata que na escola era passado para as meninas o dever de cuidar do marido, mas ela acabou não seguindo esse tipo de educação. Na década de 70, quando “A Rainha do Rádio” começou a ser representada, o texto sofreu censura da
ditadura militar e, com isso, teve os trechos que falavam de política cortados. O médico Oswaldo Octaviano Mendes Carneiro, que assistiu à peça, não acredita numa nova intervenção dos militares. Porém, na opinião do espectador, a repressão dos meios de comunicação e de produtos culturais voltaria se houvesse uma interferência. A psicóloga Maria Regina dos Reis Gomes de Castro, que também assistiu à apresentação, lembrou dessa passagem na história do Brasil ‘’Eu estava no começo da adolescência, mas lembro de muitas peças censuradas, muitos autores e principalmente músicas. Tudo isso só empobreceu a nossa cultura’’. Para a divulgação de espetáculos teatrais, a produtora cultural Karoline Gonçalves acredita que falta apoio da mídia, tanto em âmbito municipal quanto estadual. Segundo Karoline, o que interessa para os meios de comunicação é o factual, assim, pautas mais leves não ganham destaque. Mas a culpa não é só dos jornais, rádios e canais de TV, a produtora entende haver um falta de interesse do público. ‘’Precisa-se formar um público de teatro. O teatro é mais difícil de entender, ele é mais reflexivo. A pessoa que está assistindo tem que parar e pensar para fazer sentido. A internet não exige tanta atenção. Entrega tudo mastigado’’, conclui. Texto de Beatriz Ferreira, Gabriel Fidelis e Mikael Melo Fotos de Daniele Sousa, Katyanne Krull, Roberta Ribeiro e Tayana de Souza
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Rádio no Brasil:
21 anos de ondas silenciadas
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rimeiro de abril marca os 52 anos da implantação da Ditadura Militar no Brasil, acompanhada da censura à imprensa. Iniciada no dia 31 de março de 1964, com um golpe de estado que depôs o presidente atuante João Goulart, a Ditadura entregou o governo do país nas mãos dos militares, que fizeram questão de aumentar seu poder e desfrutar da liberdade plena de sua soberania. Anos de repressão e domínio, mestrados por quem um dia jurou agir a favor do povo, e não contra ele. Durante esse período, principalmente até os anos 70, o principal meio de transmissão e obtenção de informações era o rádio. O também conhecido “radinho de pilha” usado pelos trabalhadores. Desde o início do regime, as 24 horas que estavam envolvidas na publicação de um jornal, na grade de televisão ou na programação das rádios seria comandado por militares. Atualmente, muitas formas de comunicação demonstram a crueldade repetitiva do período, como no monólogo “A Rainha da Rádio”. Logo no início do regime, uma série de Atos Institucionais (AI) tomou conta do país, com o intuito de retirar o poder dos políticos e seus partidos, com pena de banimento para todo aquele que fosse
nocivo à segurança nacional, dentre outros atos que influenciaram a vida em sociedade. Quanto à mídia, os jornalistas foram impedidos de informar à população a maioria dos acontecimentos do país, principalmente os contrários ao sistema militar imposto. No rádio, a manipulação da informação foi mais agressiva. Os radialistas tinham suas pautas canceladas ou modificadas e suas falas controladas. O assunto do dia passava longe de torturas, desaparecimentos e perseguições. Antes de ir ao ar, os scripts deveriam ser levados aos agentes de censura dos militares. Caso contivessem algo de cunho ideológico ou que pudesse prejudicar a imagem e honra dos militares, seria cortado. Se fosse veiculado, o veículo receberia uma advertência e, em caso de reincidência, uma punição. Censores O Departamento Nacional de Telecomunicações (Dentel) enviava ao responsável da rádio as orientações do que não seria permitido. Eram específicos nas notícias que poderiam ser repassadas e nas músicas tocadas, por exemplo. Outro órgão criado pelo governo federal para vistoriar as informações fornecidas à população foi o Serviço Nacional de Informações
(SNI), servindo de filtro para todas as informações que passavam pelo sistema midiático brasileiro. Perto do fim dessa era negra para o Brasil, na década de 80, Vera Sommer trabalhou nas emissoras de rádio Globo e Guaíba, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ela conta que trabalhar com o jornalismo naquela época não era tarefa fácil. Só em 1988 que os profissionais começaram a sentir o benefício da aprovação da nova Constituição Brasileira. Vera relata o clima tenso e o medo que pairava no ambiente de trabalho até as Diretas Já, que pôs um fim à censura e possibilitou a convocação de eleições diretas para presidente da República. Na escola, ela passou pela ditadura, tendo que cantar diariamente o Hino Nacional antes do início das aulas, fazer reverência à bandeira e sendo obrigada a participar do desfile cívico no dia 7 de setembro. Ela conta que, certa vez, até teve de cantar em alemão para o chefe de estado da nação, o General Ernesto Geisel. Tanto no ensino fundamental e médio quanto no superior, a política praticamente não era discutida. Era um assunto proibido e até temido, pois os estudantes podiam ser dedurados e, depois, punidos. Durante o período de repressão e dominação militar, obter infor-
mações verdadeiras através da mídia era uma tentativa falha. Neste contexto, rádios internacionais de ondas curtas tiveram importante papel para a disseminação de informações opostas ao governo ditatorial, pois não podiam ser censuradas. Transmitiam aos brasileiros informações a respeito da ditadura. O clima de medo pairava nas redações e com as delações de opositores ao regime. Muitos jornalistas foram exilados e tiveram seus direitos políticos cassados. A situação chegou num ponto que ninguém mais sabia dizer ao certo se o seu vizinho ou amigo era na verdade era um informante do governo. Com implantação do Ato Institucional V, a repressão tornou-se ainda mais violenta, com a demissão de professores universitários, de funcionários públicos ou aposentados, prisão e tortura de líderes políticos e um fortalecimento da censura de todos os meios de comunicação, como livros e espetáculos teatrais. Texto de Matheus Petter, Isabela Correa, Natália Souza e Gabriela Lickfeld Foto de Thiago Ávila e Victor Loja
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Ditadura militar:
entre facas e microfones ‘’
De muito usada, a faca já não corta. Como é difícil, pai, abrir a porta’’. O trecho da música Cálice, composição e interpretação do cantor Chico Buarque durante a Ditadura Militar, traduz com fidelidade a peça teatral “A Rainha do Rádio”. O espetáculo conta a história de uma mulher que quer calar algumas facas e falar algumas verdades. Mas, você sabe o que é uma faca? A faca é um objeto cortante. Uma das suas finalidades é servir como arma, e as armas ferem. Elas feriram Adelaide Fontana, “A Rainha do Rádio”. Ficamos curiosos porque as facas estavam presentes por todo o cenário. Algumas estavam penduradas com a ponta afiada apontando para Adelaide, outras substituíam os microfones, calando a personagem. Ela encarava as facas, ora com raiva, ora com medo. O problema é que, depois de 25 anos trabalhando todos os dias no mesmo local, ser demitida pode causar revolta. Adelaide revoltouse. Queria denunciar todos os que tentaram calar a sua voz, e naquela noite em que entrou e sequestrou a rádio, avisou: ‘’Hoje a rádio é só minha!’’. O problema é que, entre os anos de 1964 e 1985, período ditatorial no Brasil, as rádios ou qualquer veículo de comunicação não eram de ninguém. O Governo decretara o Ato Institucional 5, o AI-5, lim-
itando a imprensa brasileira, além de instituir o medo por todo o território nacional. Ou seja, se você fosse contra o regime e tentasse expressar a sua opinião, seria preso. E depois da prisão? Torturas, desaparecimentos e mortes. Mariana Feil, atriz que interpreta o monólogo “A Rainha do Rádio”, conta sua experiência ao interpretar uma mulher que encarou os opressores. ‘’Eu estudei, procurei por locutoras que viveram o período, e principalmente, me deixei envolver pela história’’. Mariana também destaca a situação na qual os jornalistas viveram nesse período, sendo que muitos deles desaparecerem e foram presos, e até assassinados. Ao ouvirmos as histórias que aconteceram durante a Ditadura, e não conseguimos imaginar como seria viver numa época em que não existia democracia e liberdade de expressão. O fundador do jornal A Razão, de Tijucas, Leopoldo Barentin, conta um pouco de sua experiência quando entrou na Rádio Vale, em 1987. Mesmo o Brasil não estando mais sob domínio militar, ele lembra que a censura ainda existia, principalmente em relação às músicas que poderiam ser tocadas ao longo da programação da emissora. Carimbo da Polícia Federal O homem de 50 anos iniciou sua carreira como sonoplasta e discotecário. Discotecário? Era al-
guém que redigia diariamente, em três vias, toda a programação musical que tocaria na rádio, como se fosse uma prestação de contas para a Polícia Federal. Lá, autenticavam o documento e, em seguida, encaminhavam para o órgão responsável em fazer uma análise para ver se havia irregularidade. ‘’Com o passar do tempo, o diretor da rádio, Valmor Telles, verificou que na PF carimbavam a folha da rádio e as outras duas jogavam no lixo. Dali em diante, deixamos de fazer o controle’’, admite Barentin. Muitas vezes, os militares iam até a emissora de rádio “de surpresa”. Eles levavam notícias para veiculação ou iam reclamar de algo que a emissora, supostamente, estava fazendo de errado. Barentin fala com propriedade sobre o assunto, pois, antes de iniciar sua carreira no rádio, fez parte das Forças Armadas Brasileiras, como aluno da Marinha de Guerra, entre 1982 e 1984. ‘’Na época, eu, como militar, vi gente da imprensa ser presa só por contrariar o governo’’, destaca. O radialista Aderbal Machado trabalha no rádio há 50 anos. ‘’O profissional que não quisesse enfrentar um depoimento para se explicar, tinha que se manter na linha ´água-com-açúcar´’’. Atualmente, ele trabalha na Rádio Cidade, 104.1, de Meia-Praia, em Itapema. Ele recorda de um acon-
tecimento vivenciado por um colega de profissão, em Criciúma. Clécio Búrigo, locutor da Rádio Eldorado, falou em tom de brincadeira: ‘’Tomara que o avião caia’’, ao saber da chegada do presidente Figueiredo à cidade. A colocação de Búrigo foi o suficiente para ser chamado a prestar esclarecimentos antes mesmo de o programa terminar. O jornalista Francisco Carlos da Silva também vivenciou essa fase marcante da história brasileira. Para trabalhar, todos os profissionais passavam por um treinamento que os instruía sobre o que era permitido e o que era proibido. Se o radialista cumprisse com o que fora determinado pela direção da emissora, não teria nenhum problema. Mas, caso contrário... As ações dos jornalistas eram supervisionadas por censores. Entre os limites estabelecidos estava a proibição de ofensas ao sistema político. Além disso, falar que o governo era corrupto ou que certo político prejudicou os cofres públicos da cidade seria censurado. Hoje, Chico é jornalista na Radio Cidade, de Brusque, e ressalta: “Jamais, em minha adolescência ou parte da juventude, fui abordado por um militar do Exército”. Texto de Juny Hugen e Eliz Haacke Foto de Bruna Costa Silva
III
O último suspiro de Adelaide Fontana O palco tem pouca iluminação, mas é possível enxergar os poucos elementos que compõem o cenário, tão importantes para o desenvolvimento da peça. Há no centro um microfone, de modelo antigo e é onde está o holofote principal. Atrás, uma cadeira de madeira, e, depois de olhar um pouco mais atentamente, percebe-se facas penduradas pouco acima de onde a cabeça da atriz fica quando entra em cena. Também há facas nos quatro pedestais, um em cada canto do palco. Assim que entra, Adelaide Fontana acende um cigarro. A expressão da atriz é de desgosto: Adelaide é demitida do trabalho na emissora de rádio e prestes a apresentar seu último programa, “Suspiros ao Meio Dia”, que, diferente dos outros, irá ao ar à meia-noite. No decorrer do monólogo intitulado “A Rainha do Rádio”, nos deparamos com duas problemáticas: censura e preconceito. Censura porque, sendo uma emissora de rádio numa cidade pequena, em 1974, ano em que o espetáculo se ambienta, Adelaide não tem liberdade para dizer certas coisas que iam contra os costumes da época. No meio do monólogo, percebemos o quanto Adelaide era censurada ao gritar palavrões e falar sobre questões sexuais abertamente. E preconceito, porque Adelaide
é uma mulher, a única que trabalha na rádio em um programa de poesias e o gênero possuía o lado sentimental aflorado. Durante o espetáculo, fica evidente a razão dela não apresentar o jornal. Adelaide é uma solteirona, que teve um caso com um garoto de 18 anos. “Se fosse um velhote e uma garotinha, ninguém falava nada”, ela diz ao contar sobre o caso. E ser solteira é o pior dos males, ainda mais numa cidade pequena, já que, com 40 anos, todas as mulheres que cresceram com Adelaide já estavam casadas, criando filhos e cuidando de suas casas. Como a única mulher da emissora de rádio, a personagem teve que lutar até pelo direito de ter um banheiro feminino. Depois de muito brigar, pedir e bater o pé, ela conseguiu o que pleiteava. Não sem antes ser atacada pelo chefe e pelos colegas, dizendo que tudo aquilo era um drama desnecessário. Afinal, quem precisa de um banheiro? “A maioria das mulheres tem uma força e uma garra maior que a da maioria dos homens”, é o que o amigo da atriz diz ao prestigiá-la pela primeira vez no palco como Adelaide Fontana. Ela ressalta o quanto o cenário de mercado de trabalho mudou, desde a década de 1970 até os dias atuais. Diz que há mais mulheres desempenhando cargos que antes eram majoritari-
amente masculinos. Mesmo assim, ainda recebem salários menores que seus colegas homens apesar de desempenharem a mesma função que eles, sendo subestimadas e deslegitimadas. Aline Silva, de Itajaí, que veio assistir à peça, diz que o papel da mulher se intensificou com o passar do tempo. Devido a isso, aumentaram, na mesma proporção, as responsabilidades. Sem contar a jornada tripla da maioria das mulheres: trabalho, casa e filhos. Isso quando não estudam também. Trazer questões de gênero para o teatro é uma das maneiras de fazer o público pensar sobre o assunto. Adelaide Fontana é uma personagem que representa milhares de mulheres censuradas, atacadas, marginalizadas e até torturadas nos 21 anos de ditadura militar no Brasil e até hoje, seja na diferença salarial ou na agressão física. Afinal, seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica no Brasil, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Avon em parceria com o Ibope, em 2011. A visibilidade das mulheres é tão importante quanto a união delas por uma sociedade mais igualitária. Texto de Kassia Sales, Maiume Ignacio e Bianca Goulart Foto de Julia Scaranello, Eduarda Pontaldi e Grazielle Guimarães
Sucessos musicais
nos anos 60 R
etratada em 1974, a peça traz aos ouvidos dos espectadores músicas e artistas destaques naquela época. A música, por mais que possuísse um papel importantíssimo, também era censurada, e uma das canções que sofreu com os cortes foi “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré. Durante a ditadura militar e sua censura, artistas encontravam na música uma forma de expressão artística nesse tempo regrado e aprisionado. Durante o espetáculo “A Rainha do Rádio”, a personagem cita vários sucessos de artistas que tinham a canção
como rota de fuga. Roberto Carlos, Chico Buarque e Maysa são alguns deles. Em determinada cena, é possível ouvir “’Ne me quitte pas”, um dos maiores sucessos da música francesa composta, escrita e cantada pelo cantor e compositor belga Jacques Brel, na voz da cantora. Aquele foi um ano forte para a música brasileira. Sucessos eram anunciados e bandas se encaminhavam para a extinção. Rita Lee e sua banda Tutti Frutti, por exemplo, lançavam “Atrás do porto tem uma cidade”. Já Chico Buarque, por conta da censura, lança seu disco “Sinal Fechado” com apenas
uma música de sua autoria. “Secos e Molhados” anunciam o término da segunda formação do grupo e Jorge Ben gravava seu décimo primeiro disco, “A Tábua de Esmeralda”. No geral, o que pode se notar é o fato de música ter um propósito, além de acalmar ou divertir. Sofreu com melodias censuradas e letras distorcidas, mas foi objeto de manifestação na época em que se expressar era proibido. Texto de Matheus Neves Foto de Bruna Ferreira
IV
Itajaí, abril de 2016
Cinema
Mais do que “Marta” Moisés Evaristo – 5º período de Relações Públicas
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minam com a guerra entre o Batman e o Superman. Entretanto, o motivo mais relevante vem do princípio de que o Superman tem poderes quase divinos e sem restrições, e que, para o Batman, é extremamente perigoso que exista um ser tão poderoso sem controle. O grande amargor é que a estória tinha um bom argumento e uma boa profundidade para justificar a guerra, mas o motivo pelo qual Batman e Superman se tornam aliados, ou melhor “best friends forever”, é raso e sem justificativa plausível. No grosso, largaram um “Martha” para justificar a reconciliação entre o homem morcego e o extraterrestre, e, ao meu ver, contemplaram muito “o
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Duelo entre Batman e Superman nas telonas deixa muitas dúvidas
porquê” e esqueceram do “como isso termina”. Porém, somados os “erros”, as adaptações, as escorregadas, o uso precoce do vilão Apocalypse, as mancadas e o sentimento de insatisfação, “Batman vs Superman” me deixou estupefato. Afinal, não é todo dia que vemos um mortal lutando contra um “Deus”.
Foto: DIVULGAÇÃO
Batman vs Superman” estreou nos cinemas e me deixou insatisfeito. Não sou um amante declarado das HQ’s da DC Comics, mas sou fã de George R. R. Martin, e vão precisar mais do que um simples “Martha” para me convencer. A estória como um todo tem seus “erros”, ou melhor, suas adaptações de uma plataforma para outra, nesse caso dos quadrinhos para o cinema. Porém, “o prego que se destaca é fadado a ser pregado”, e a épica luta do homem morcego contra o kryptoniano não haveria de ser diferente. O desenrolar da trama começa com a construção dos motivos que cul-
Black Mirror Luis Vinícius Martins Fonseca – 2º período de Publicidade e Propaganda
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lack Mirror é uma série de televisão britânica criada por Charlie Brooker, produzida pela Zeppotron para a Endemol. Considerada por muitos como uma série complexa e pertubadora. Talvez algumas pessoas acharão exagero, mas sensações são coisas pessoais. Black Mirror foi a série mais pesada em que já vi, no sentido de que parece que a cada episódio é um soco no estômago frequente que você leva ao ver o ‘dark side’ da sociedade sendo explorado de modo tão aberto. É realmente a sensação de olhar num espelho e ver apenas o seu lado sombrio. É algo único na tv, não tem nada parecido. E isso
não é exagero. A série usa um formato que ficou bastante conhecido nos anos 50 com The Twilight Zone, onde cada episódio era um conto fechado. Aqui o criador Charlie Brooker usa o estilo para colocar o dedo na maior ferida de nossa geração: o uso excessivo da tecnologia, como ela afeta nossas vidas e até onde somos dependentes dela. Usando de um humor cínico, suspenses e situações extremamente desagradáveis, Black Mirror é um soco forte no estômago por, infelizmente, ser tão real. Em apenas seis episódios, exibidos em duas temporadas, e mais um especial de Natal, Black Mirror criou uma aura de culto em seu entorno e angariou fãs
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A série de TV britânica tem duas temporadas curtas, mas já acumula fãs no mundo inteiro
que vão de Stephen King a Robert Downey Jr. Em entrevista ao Channel 4, emissora que transmitiu a série na Inglaterra, Brooker afirmou: “Há muitos programas que reafirmam coisas, eu quis fazer um que desestabilizasse as pessoas”. As estranhezas da série começam por sua estrutura: as primeiras duas temporadas têm apenas três episódios cada. Com duração de 45 minutos, em média, não há uma relação entre eles. São independentes,
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com elenco, roteirista, diretor e cenários totalmente diferentes entre si — a única semelhança perceptível é a reflexão sobre o impacto da tecnologia em nossas vidas (o que, às vezes, nem é tão claro assim). Caso estejam se perguntando sobre o título da série, o próprio criador, Charlie Brooker, explicou: “Se a tecnologia é como uma droga – e ela parece com uma droga – quais são precisamente os efeitos colaterais? Essa área entre o pra-
zer e o desconforto é onde Black Mirror, minha nova série dramática, está situada. O “espelho negro” do título é aquele que você irá encontrar em cada parede, em cada mesa, na palma de cada mão: a fria e brilhante tela de uma TV, monitor, smartphone”. Seu formato, sua coragem, seus roteiros inteligentes que sufocam. Assista a Black Mirror. Agora. Fique perturbado.
Cobaia
Itajaí, abril de 2016
Show
A música
de Cícero
Bruno Golembiewski – 6º período de Jornalismo
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Quem é ele? Para quem não o conhece, Cícero Rosa Lins é carioca e largou o Direito para se dedicar à música. Lançou seu primeiro álbum, “Canções de Apartamento”, em
Cobaia
2011. Um dia antes da apresentação em Florianópolis, no dia 7 de abril, o músico completou 30 anos de idade. Com suas canções ganhou o coração de muita gente. Primeiramente disponível somente online e de maneira gratuita, o disco chamou atenção dos críticos que já o classificaram como um expoente na “Nova MPB”. Cícero disse, em algumas entrevistas, que não concorda tanto com o rótulo. Deixou claro que não tem compromisso com o som que faz. Depois do sucesso, o disco ganhou versão física. Foi uma fase solitária do músico, que passou a morar sozinho em um apartamento em Botafogo, no Rio de Janeiro. O disco, com influências da Bossa Nova, do Samba e de clássicos da MPB, trazia canções leves e calmas, com um ar romântico, mas sem clichês. Em entrevista ao Diário Catarinense, ele afirmou que o disco revelou esse momento de ficar sozinho e, por isso, criou familiaridade de tanta gente, que também passa ou já passou por isso. A música de abertura do disco “Tempo de Pipa” tem mais de 3 milhões de visualizações no YouTube e “Vagalumes Cegos”, outro sucesso desse primeiro trabalho, faz parte da trilha sonora do longa brasileiro Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de 2014. Em entrevista ao jornal Público, de Portugal, Cícero comparou o momento de Caetano Veloso no álbum
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As canções deste carioca ganharam o coração de muita gente, principalmente de quem gosta de experimentações sonoras
Primeiro CD
uma tarde de outono, sábado, uma brisa leve entrando pela janela do apartamento. O barulho das árvores, mexendo com o vento. Som dos carros lá embaixo, a cidade pulsando ao longe. Alguém sozinho, no sofá da sala, com o violão, caneta e papel. Este parece o cenário do som de Cícero. Este espaço, um tanto sozinho, mesmo dentro de uma grande cidade, faz lembrar as metáforas do filme argentino Medianeras, que fala sobre os apartamentos que nos confinam e os fios elétricos que, ao invés de nos aproximar, nos afastam. Ao lado dos “melhores amigos”, como ele mesmo faz questão de afirmar sobre os companheiros de banda, ele nos convida para entrar neste apartamento e ficar encantado com suas músicas. Isto mesmo que ele fez no último dia 8, em Florianópolis. No lugar no apartamento, o Teatro Pedro Ivo, e do sofá, as cadeiras confortáveis e o ambiente chique e elegante de um teatro. Cícero convidou a todos para conhecer seu mais novo álbum, “A Praia”, lançado no início de 2015, e relembrar, claro, os dois outros trabalhos de sua carreira.
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Itajaí, abril de 2016 tro. Novamente se ensaia o quarto de apartamento. “Vocês estão gostando?”, pergunta frequentemente de Cícero para a plateia. O show corre muito bem. Passa pelos três álbuns, misturando-os em alguns momentos e, em outros, fazendo várias de um mesmo, como quando tudo fica azul e seguem algumas músicas de “Sábado” em sequência. Ele passa até por uma situação delicada: uma das cordas de sua guitarra amarela arrebenta e ele, como toda a calma desse mundo, troca-a por uma nova ao som de “Lindo”, “Te amo”, entre outros. Depois disso, segue o show. No que era para ser a última música, Cícero se senta à beira do palco, com o microfone na mão, cantando “Terminal Alvorada”, canção que encerra “A Praia”, e que também finaliza sua apresentação no Pedro Ivo. Logo uma menina se levanta e senta-se ao lado dele. Segundos depois, já está cercado de outros fãs. Depois de sair do palco, todos pedem por mais uma. Um tempo depois, Cícero e sua banda retornam para o bis. As pessoas que tinham ido para muito frente do palco ali permanecem e acompanham as últimas músicas bem de perto. Sorridentes e realizados, cantam junto do ídolo mais uma canção. O convite para entrar no apartamento se concretiza. Estão todos na sala, no sofá, a ver Cícero tocar ao seu lado.
Segundo CD
de entrada figurava mesmo entre a idade dela e pouco mais que a minha. Como curiosidade, fiquei à procura de alguém que aparentasse ter 30 anos, por exemplo. Se somassem uma dúzia, era muito. Rostos ansiosos e cheios de expectativas – afinal, era a primeira vez de Cícero em Santa Catarina – este era o semblante da maioria desses jovens à espera da abertura das portas. Ainda faltavam 45 minutos para o início e quase não cabia mais ninguém naquele espaço. Abertas as portas, as cadeiras do Pedro Ivo foram logo tomadas. Começa o show. Os gritos são muitos, algo mágico acontecia. Para mim, também um fã da música de Cícero, vê-lo ao vivo foi uma sensação única. Apesar de já ter visto vídeos dele em shows, pensava minutos antes “Como será a execução dessas músicas cheias de sons eletrônicos ao vivo?”. Nada de decepção, pouco se perde do que se ouve no disco. E mais, deu pra ver o quão bem acompanhado ele está em relação aos músicos da sua banda. “Será que vocês podem ligar a luz para eu ver se está cheio?”, pede Cícero à alguém da produção. Ele não se decepciona, o teatro lotado o aplaude. Voltando ao início do texto, para o apartamento. Sentia-me nele. Olhava ao lado e via várias pessoas em pé, dançando, descalças, sem este ar formal do tea-
Terceiro CD
“Araçá Azul”, considerado experimental, ao que viveu na criação de “Sábado” (2013), segundo disco de sua carreira. Confinamento dentro de um estúdio, (no caso de Cícero, no apartamento), cheio de instrumentos e equipamentos, fazendo experimentações. Ele gravava no celular e em fitas cassete suas novas criações. Tanto se pode criar arranjos e brincar com os acordes quanto criar muito na parte eletrônica foi o que fez Cícero, que experimentou muito. Muita gente não entendeu o ele queria. Outros gostaram do resultado. Já em 2015, Cícero voltou com mais um álbum. A praia parece que pegou um pouco de “Canções” e de “Sábado”, trazendo músicas compostas no Rio e em São Paulo, onde tinha ido morar. Ele explicou que as composições feitas no Rio tendem a ter a cadência do mar, já as de SP são mais duras, agressivas e aceleradas. Cícero fez as pazes com quem tinha se apaixonado por “Canções”, mas não decepcionou quem gostou da ousadia de “Sábado”. O álbum mistura a pegada da MPB, do Samba e Bossa do primeiro e as misturas com as experimentações do segundo, fazendo de A Praia, uma obra-prima. Show na Ilha - Na chegada ao Teatro Pedro Ivo, acompanhado de minha irmã de 15 anos, eu, de 20, percebo que a maioria do público já presente no Hall
Foto: DIVULGAÇÃO
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Cobaia
Itajaí, abril de 2016
Fotos: Mariana Vieira
Pesquisa
Futuro do
câncer
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Bruna Bertoletti, Mariana Ricardo e Thamiriz Garcia – 7º período de Jornalismo
m experimento pode mudar o futuro de tratamentos de câncer. Uma pesquisa realizada recentemente na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em parceria com a Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), apresentou resultados positivos na utilização do extrato bruto da flor Hibiscus cannabinus no tratamento em ratos com câncer de cólon (intestino). No segundo semestre de 2015, um grupo de acadêmicos do curso de Nutrição, coordenado pela professora pesquisadora Sandra Soares Melo, doutora em Ciência dos Alimentos pela Universidade de São Paulo (USP), e com a participação da professora Dra Adriana Bramorski, observou 18 ratos da linhagem Wistar divididos em três grupos. Dois grupos foram induzidos ao câncer através de uma droga, sendo que apenas um foi tratado com o Hibiscus, o outro grupo permaneceu sem a alteração das células, como forma de controle. Em semanas, foi possível
Cobaia
observar a progressão da doença, e consequentemente o efeito da pesquisa. A professora Sandra conta que o extrato do Hibiscus cannabinus “preveniu e evitou a progressão de células intestinais alteradas em animais induzidos ao câncer de cólon”. Próximos passos A pesquisa ainda não está concluída. Além de o experimento ter sido testado apenas em animais, é necessário realizar testes de toxicidade da planta – para saber quais os possíveis efeitos do seu uso –, um estudo sobre a forma ideal e também a dosagem adequada para o uso humano. Os próximos passos envolvem um estudo já iniciado, “utilizando o Hibiscus cannabinus na forma de chá, extrato aquoso, maneira mais simples de utilização da planta e que facilitaria seu uso pela população”. Por esse motivo, a coordenadora do projeto alerta sobre o uso da espécie antes da conclusão da pesquisa. “É importante informar a população de que esta não
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é a espécie de Hibiscus comercializada pelas casas de Pesquisa pioneira com Hibiscus produtos naturais. Somente envolve estudantes e professores após estas etapas finalizadas é que poderemos informar da Univali com segurança que as flores de Hibiscus cannabinus podem ser utilizadas pela população no tratamento ra científica ainda é escas- é o Hibiscus sabdariffa, incoadjuvante do câncer de sa com relação à espécie. troduzido nas dietas como intestino”. “Este trabalho foi pioneiro alimento funcional. em avaliar o efeito do exEssa espécie, origináPor que o Hibiscus? trato bruto de flores do Hi- ria da Ásia e da África, fibiscus cannabinus em ratos cou conhecida por ser uma O Hibiscus cannabinus, induzidos ao câncer de có- planta com propriedades espécie estudada pela Uni- lon. Além disso, o Hibiscus medicinais. Recomendado versidade e fornecida pela contém diversos compostos por nutricionistas, o chá Epagri, é uma planta pouco bioativos, entre eles os fla- tornou-se uma das princiestudada, segundo os pes- vonoides, que atuam redu- pais formas de ingestão da quisadores. As acadêmicas zindo os efeitos dos radicais espécie. A bebida é rica em de Nutrição contam que livres (substâncias respon- substâncias antioxidantes escolheram trabalhar com sáveis por causar doenças como flavonoides e ácidos a flor porque a quantidade crônicas) no organismo.” orgânicos. de antioxidantes chamou a De acordo com a nuatenção. “A pesquisa comeA família dos Hibiscus tricionista Aline Ogata, a çou em outro laboratório, e seus benefícios melhor forma de consumir com a dosagem de antioxio chá da flor de hibisco, dantes e substâncias eficaO Hibiscus é um gênero tirando benefício de suas zes na prevenção de doen- botânico com mais de 300 principais propriedades, é ças. A gente viu que tinha espécies entre folhas e flo- preparando-o em infusão, uma grande quantidade des- res. O Hibiscus Rosa-Sinen- evitando a adição de açúcar. sa substância presente no sis é uma das espécies mais A bebida deve ser preparaHibiscus, até mesmo com- conhecidas no mundo, usa- da de acordo com a quanparando com outros traba- da como flor ornamental. tidade a ser consumida em lhos. Nós achamos que ele É encontrado em jardins e um dia, para que não perca seria muito poderoso!” muito utilizada para a deco- suas propriedades mediciPara a professora San- ração. Mas, no Brasil, a flor nais. dra Soares Melo, a literatu- de hibisco mais conhecida
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Muito além da pensão Fernando Rhenius – 4º período de Jornalismo
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mãe prepara o café da manhã. Leite. Queijo. Pão quentinho. A mesa está posta. Os talheres simetricamente alinhados junto ao prato e a xícara. Neste momento, as crianças descem correndo do quarto, felizes prontas para mais um dia de aula. O pai aparece arrumando a gravata e senta para ler o jornal. Este é apenas mais um começo de dia ideal de uma propaganda de margarina. Afinal, a realidade de muitas famílias brasileiras está bem longe disso. Na maioria das vezes, o pai sai correndo sem se despedir dos filhos. A mãe mal cumprimenta o cônjuge. A rotina aliada à crise financeira e à falta de amor só faz aumentar o índice de divórcios no Brasil. Os números do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE) são incontestáveis. Foram 341,1 mil divórcios em 2014, ano do último levantamento. O registro anterior, de 2004, indicava um número menor, embora preocupante, de “apenas” 130,5 mil. O percentual de elevação gira e torno de 161% em dez anos. A facilidade de obter o divórcio também corroborou para uma taxa tão alta. Instituída em 1977, a lei do divórcio teve um salto de 30,8 casos em 1984 para 130,5 mil em 2014. No meio de disputas judiciais, muitas acabando em longos processos litigiosos, estão os filhos, as verdadeiras vítimas das escolhas
erradas dos pais. Na grande parte das decisões judiciais, as mães ficam com a guarda dos filhos. Pode parecer óbvio, mas a afigura do pai deve estar presente, sim, na educação e no dia a dia do filho. “Mãe é mãe”, mostrando certa indignação, questiona Sílvia Mara sobre com quem os filhos devem ficar após uma separação. Hoje com 41 anos de idade, Sílvia casou-se aos 16 teve três filhos. Separada há três anos, sofreu com as dificuldades consequentes da separação, mas admite ter sido a melhor decisão. “Não me arrependo, e meus filhos sempre me apoiaram.” Na faixa dos 20 anos, os filhos têm contato quase que diário com o pai que nunca se ausentou ou negligenciou a educação deles. “Mesmo estando separados é dever do pai participar de todas as fases dos filhos, mas eles sempre deveriam ficar com a mãe”, ressalta Sílvia. Contrariando a lógica da máxima popular de que “mãe é padecer no paraíso”, Anderson Dalsochio, de 35 anos, educa e cria suas duas filhas de nove e seis anos de idade. Separado há três, viveu um casamento de nove, mas que também não deu certo. “Foram muitas brigas e desilusões”, comenta. Anderson trabalha numa transportadora e conta com a ajuda dos pais, que moram no mesmo terreno, para os cuidados das meninas. “No começo, era meio complicado, mas agora tiro de letra. Meus pais são meus vizinhos, então, me ajudam
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Itajaí, abril de 2016
Família
Com o crescente aumento no número de separações, os filhos são os mais prejudicados numa disputa em que não há vencedores
quando preciso.” A ausência da figura materna na idade em que começa a se moldar a personalidade da criança não é encarada por Anderson como um empecilho. “Elas sentem saudades, mas não querem morar com ela. Como está, está bom pra elas. Por determinação do juiz, ela fica com as filhas a cada 15 dias.” Alienação Parental Decidir-se pela separação é algo complexo. Para muitas pessoas, a decisão vem depois de anos de relacionamento desgastado, como, por exemplo, após a descoberta de uma trai-
ção ou simplesmente por que não “dá mais”. Nesta hora, os filhos, além de se tornarem vítimas da situação, acabam se transformando em armas nas mãos de quem quer punir seu ex-cônjuge. Segundo o Código Civil, “a separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos”, (art. 1.632). Muitas atitudes podem ser acabar classificadas como alienação parental, quando as ações dos pais sobre seus filhos são praticadas de
forma negativa e interferem negativamente na sua formação psicológica deles. Para a advogada Cristina Vivam, um advogado pode orientar os pais durante e depois da separação para evitar danos ainda maiores no dia a dia dos filhos. Cristina afirma que o modelo jurídico de guarda é antigo e deveria ser revisto. Hoje o pai tem condições de arcar com a tutela do filho. “Mesmo com a guarda compartilhada, o modelo ainda é antigo, os costumes estão impregnados na sociedade. No entanto, está mudando, lentamente, mas está mudando”.
SAIBA MAIS SOBRE A ALIENAÇÃO PARENTAL O que é alienação parental? A lei 12.318/2010 considera alienação parental a “interferência na formação psicológica “ para que a criança “repudie o genitor” ou “que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos”. O que a lei cita como exemplos de alienação parental? - realizar campanha de desqualificação do genitor; - dificultar o exercício da autoridade parental; - dificultar o contato da criança ou adolescente com o genitor; - dificultar a convivência familiar; - omitir ao genitor informações relevantes sobre a criança ou adolescente (questões escolares ou endereço, por exemplo); - apresentar falsa denúncia contra o genitor para dificultar a convivência; - mudar de domicílio sem justificativa para dificultar a convivência; O que muda caso haja constatação de alienação parental? Se o juiz declarar indício de alienação parental a ação passa a ter tramitação prioritária e o juiz determinará medidas para preservação da integridade psicológica da criança. É preciso laudo de perito judicial ou equipe multidisciplinar que constate a alienação parental. Quais as medidas que podem ser adotadas pelo juiz? - advertir o alienador; - ampliar a convivência familiar em favor do genitor prejudicado; - estipular multa ao alienador; - determinar a alteração para guarda compartilhada ou inverter a guarda; - determinar a fixação do domicílio da criança ou adolescente;
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Cobaia
Coletivo Fotográfico PLANO DE FOCO
A cad ê m i c o s : B e r na r d o M a r u cc o , E d u a r d o O l s c h o w s k y , E r i c k s o n S t o c k e r , L u ca s F i l s , M a r i a M a l l m ann
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nquanto milhares de veículos passam todos os dias na BR-101, famílias vizinhas da grande via levam a vida de uma maneira diferente. Longe da pressa e do caos cotidiano, a comunidade quilombola do Morro do Boi luta para sobreviver e resgatar as culturas africana e brasileira. Principais responsáveis pelo desenvolvimento econômico de Santa Catarina nos primeiro cinquenta anos do século XX, as famílias descendentes de escravos encontraram no Morro do Boi o seu porto seguro. Ali, a família Leodoro trabalha com o seu artesanato típico, comercializando bonequinhas de pano em Balneário Camboriú e em Camboriú. No entanto, a maior riqueza produzida pelos Leodoro são suas memórias e acervo histórico, com um valor cultural inestimável.
e
Onoél Neves
Líder da comunidade, Margarida Jorge Leodoro é um dos maiores tesouros do Morro do Boi. Aos 83 anos, Dona Guida é mãe de 10 filhos e a principal matriarca dos Leodoro. Viúva, ela lembra das lutas de seu marido no passado, pela terra em que a casa da família está construída hoje. Infelizmente, Altamiro não viveu pra ver o trabalho antropológico do Incra, que em 2011 reconheceu definitivamente o local como Comunidade Quilombola. Uma vitória merecida que ainda não pode ser comemorada absolutamente, já que os habitantes deste pedaço de chão ainda batalham à favor do seu espaço na sociedade e contra o preconceito sofrido pelos negros, diariamente.
Q Morro uilombo do Boi
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