Jornal
Cobaia
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI Itajaí, setembro de 2012 Edição 116 Distribuição Gratuita
Camila Laís
OPA 2012 sem dúvidas
Evento oferece palestras a mais de 20 mil estudantes do Ensino Médio das redes pública e privada
08 Especial
Esporte
Entretenimento
Desafio de natação em Bombinhas
Encontro traz jornalistas de renome
Série encena jornalismo utópico
Superação e belas paisagens na travessia a nado entre ilha e continente
Debate sobre a profissão marca a Semana de Jornalismo na UFSC
The Newsroom critica forma como os Estados Unidos encaram a sua soberania
Márcia Regina Ferreira
Monike Furtado
Divulgação
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Ombudsman
No Jornalismo não há uma regra fixa
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Ombudsman
Editorial
Carlos Golembiewski*
OPA, colaboradores e outras histórias interessantes Jane Cardozo da Silveira*
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scolher uma profissão. Eis aí um momento decisivo e difícil na vida. O que fazer para torná-lo menos angustiante e até – por que não – prazeroso? A Univali responde a essa pergunta com uma grande festa : a Opção Profissional por Área, ou OPA, como é conhecido o evento que uma vez ao ano revela os bastidores dos cursos de graduação a gente de todas as idades e interesses. Mas, principalmente, àqueles jovens em fase de definição profissional. Porque mobiliza os alunos, promove interação com a comunidade e dá um gás ao ambiente acadêmico, OPA é destaque nesta edição do Cobaia, em reportagem assinada por Monike Furtado. É ela quem assina também as matérias especiais sobre a Semana de Jornalismo da UFSC, atuando como uma espécie de enviada especial. Monike se apresentou para um estágio voluntário em nosso jornal-laboratório e agora se junta
à estagiária Gabriela Florêncio na tarefa de elaborar cada edição. É um importante reforço porque vai atuar de maneira sistemática em vez de fazer participações eventuais. Também se junta a equipe, como Ombudsman, o colega Carlos Golembiewski. Bem vindo! Esperamos ter mais adesões, iguais a essa ou em forma de colaborações fixas, como a que é feita por Rodrigo Ramos. Nosso
OPA revela os bastidores dos cursos de graduação a gente de todas as idades e interesses
autor de resenhas televisivas e cinematográficas aborda neste número a nova série da HBO – The Newsroom. Tudo a ver com a imprensa, os jornalistas e os aprendizes do jornalismo. E por falar em aprendizado, lições de superação encontram-se estampadas nas páginas 12 e 13, espaço dedicado à maior travessia de natação em mar aberto da América Latina. A acadêmica Márcia Cristina Ferreira, outra frequentadora assídua das nossas edições, conta tudo sobre o desafio e a capacidade de resistência dos atletas. Resistência tem a ver com saúde e bem estar, dois assuntos que também fazem parte das nossas pautas em matérias sobre acupuntura e sexo. E tem mais: comportamento, internet, radiojornalismo, ... Vá em frente. Tomara que você goste. *Editora - Reg. Prof. SC 00187/JP
Fica esperto! Cine RI
Encontro de Jornais-laboratório de SC
Para incentivar a conversa entre Cinema e Relações Internacionais acontece toda quarta feira o Cine RI. As sessões tem início às 15 horas, na sala 309 do bloco de Direito. Os filmes veiculados envolvem temas políticos, sociais, internacionais e questionam sistemas de valores e tradições conservadoras. Com o professor Paulo Melo à frente do projeto, neste ano os filmes são escolhidos conforme os países: um ciclo de filmes chineses, depois, do Oriente Médio, Espanha e Portugal, África, e assim sucessivamente. Para Melo, “O Cine RI oferece aos estudantes elementos teórico-metodológicos que possibilitem leituras de filmes a partir de determinados contextos internacionais”. Após a exibição do filme, o professor levanta questões e possibilita o debate e a troca de informações, fundamentais para a formação acadêmica e a extensão do conhecimento de mundo por meio do cinema.
A 6ª edição do Encontro de Jornais-laboratório de SC se realiza na Universidade do Vale do Itajaí pela primeira vez. Na pauta está o processo de elaboração, produção e divulgação dos jornais-experimentais. O encontro será no dia 24 de outubro, na sala 201 do Bloco C2. Como todos os cursos de Jornalismo de Santa Catarina estão convidados a participar, a ideia é promover melhorias através do diálogo. A troca de experiências entre alunos e professores é fundamental para o aperfeiçoamento da prática jornalística mediante reflexões e mudanças de atitude no modo de fazer jornalismo experimental.
Leve o livro Sabe aquele livro que você já leu 3 vezes, e agora está parado juntando poeira na estante da sala? Chegou a hora de passá-lo adiante e incentivar a democratização da leitura. Basta abandoná-lo em um local público para que ele corra o mundo. Esse é o esquema do bookcrossing (“cruzamento de livros” – sem tradução em português). Qualquer pessoa que se interessar pelo livro pode levá-lo, inclusive você. Mas, depois de lido ele tem que ser passado novamente adiante. Antes de largá-lo para outro leitor você cadastra a obra no site do bookcrossing para rastreá-la e põe uma dedicatória carinhosa para que quem pegue o livro tome conhecimento do projeto, possibilitando conhecer pessoas de todo o mundo. No Brasil, o projeto existe desde 2003, mas ainda tem poucos adeptos. A Univali apoia a ideia, você pode começar a participar doando o livro nos pontos de arrecadação espalhados por toda a universidade.
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Música na Biblioteca Para fugir um pouco da correria da semana e relaxar, rola na bilbioteca, toda terça-feira, um sonzinho ambiente. Trata-se de uma parceria entre a Biblioteca Central Comunitária e o Setor de Música da Univali para promover a arte e a cultura dentro do campus. As canções são de boa qualidade e executadas por acadêmicos do Curso de Música e demais participantes dos diversos grupos musicais da Univali.
Acervo do Setor de Arte e Cultura
Criticar um jornal é tarefa difícil A professora Jane me convidou para fazer a crítica do jornal Cobaia de agosto – a edição de número 115 que tem como manchete principal COSPLAY: UMA NOVA MANIA? Quero dizer que fiquei muito feliz com o convite, afinal, há 18 anos faço parte desse grupo chamado Curso de Jornalismo da Univali. Ao longo desse tempo vivi muitas histórias, a maioria alegres e algumas tristes. Todas, entretanto, foram de muito aprendizado. O que mais me orgulha hoje é ver a quantidade de profissionais que legamos ao mercado profissional e acadêmico. São quase mil jornalistas que atuam nas mais diferentes funções e veículos de Comunicação em Santa Catarina e no Brasil. Fizemos parte também da formação de pessoas que hoje são Mestres e Doutores, e lecionam em faculdades e universidades. Em relação ao jornal Cobaia, considero a função de criticá-lo algo extremamente difícil. Isso porque um periódico nada mais é do que uma grande representação da realidade. E que por si só pode ser feita de várias maneiras. É como se fosse um desenho. Cada pessoa faria do seu jeito. Além do mais, no Jornalismo não existem regras fixas. As coisas mudam a cada momento. Além disso, cada pessoa que lê o jornal, o faz da sua maneira. A apropriação de cada mensagem é única como nos alerta Dominique Wolton. Dito isso, quero dizer que gostei muito dessa última edição, principalmente da foto de capa. Entretanto, acho que a foto não representa o que tem de mais importante no jornal. Talvez a foto principal e a manchete de destaque pudessem ser sobre o escritor Mario Prata. Afinal, ele ganhou cinco páginas no periódico, contra uma para a matéria do COSPLAY. E a foto do escritor poderia ser maior e não do mesmo tamanho da de outras matérias. Em relação à fonte usada nas submanchetes: todas poderiam ser maiores, dando mais destaque aos assuntos chamados. A linha de apoio da manchete principal também ficou pouco chamativa. Letras pequenas e de cor preta. Por enquanto era isso. Espero encontrá-los numa próxima edição. Bom trabalho a todos!
*Carlos Golembiewski, jornalista formado há 24 anos pela Unisinos, Doutor em Comunicação Social pela PUC do Rio Grande do Sul.
Espaço do Leitor
Tem algum assunto que você gostaria de ler nas próximas edições? Conte-nos! E-mail: cobaia@univali.br
Expediente JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI IN - Agência Integrada de Comunicação Itajaí, setembro de 2012. Distribuição gratuita EDIÇÃO Jane Cardozo da Silveira Reg. Prof. SC 00187/JP FOTO PRINCIPAL DE CAPA Camila Laís PROJETO GRÁFICO Raquel Cruz DIAGRAMAÇÃO Gabriela Florêncio GRÁFICA Grafinorte TIRAGEM 2 mil exemplares DISTRIBUIÇÃO Nacional
JORNAL COBAIA
Itajaí, setembro de 2012
Campus
Cartão traz benefícios para Artigo a comunidade acadêmica Os serviços já podem ser utlizados para o estacionamento e a retirada de livros na biblioteca Gabriela Florêncio*
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o mês de setembro foi implantado na Univali o cartão universitário. A ferramenta faz parte do programa de cooperação acadêmica firmado entre a Universidade e o Grupo Santander em 2002. O cartão começou a ser projetado no ano passado, e visa à praticidade e segurança para a comunidade acadêmica, estendendo suas utilidades a acadêmicos, professores e funcionários. Este é um serviço global presente em 10 países e mais de 200 universidades. O processo de implantação mudará aos poucos o dia a dia da Universidade, começando pelo atendimento na biblioteca.
O usuário poderá liberar a saída de livros e renovar empréstimos. Futuramente possibiltará o pagamento na tesouraria, controle de frequência, integração com transporte, identificação em computadores, assinatura digital e funções financeiras. Para o reitor da Univali, Mario Cesar dos Santos, a universidade tem tomado decisões a fim de “reiterar a comunidade univaliana, e essa parceria abre novas perspectivas, formando, cada vez mais, cidadãos capazes de mudar o mundo”. A universitária de Logistica, Ethieny do Amaral, lamenta não pegar a mudança completa, porque irá se formar
no próximo semestre. Mas acredita que a primeira mudança, de autoatendimento na biblioteca, irá agilizar o processo evitando as grandes filas que se formam nos balcões de retirada em horários de pico. A acadêmica ainda ressalta que: “O cartão facilitará a vida daqueles que usam o estacionamento e, se bem usado, poderá ser uma boa ferramenta para as chamadas em sala de aula”. A entrega do cartão continua sendo feita na Biblioteca Central Comunitária - Campus de Itajaí, no horário das 7h30 às 22h.
*Jornalismo, 6º período
Convergência midiática é tema de debate Ana Maria Cordeiro e Marcia Peixe*
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internet está mudando os hábitos e as formas de interação das pessoas e, em decorrência disso, os meios de comunicação são obrigados a se adaptar à era digital. Cresce o questionamento acerca da sobrevivência das mídias convencionais, sobretudo do rádio. Partindo dessa temática, alunos do 4º período do curso de Jornalismo, orientados pela professora Liza Lopes Corrêa, promoveram em setembro um Rádio Debate. Para a conversa, convidaram dois profissionais da área: a jornalista Liliane Peres, da Transamérica de Balneário Camboriú e Luiz Junnior, proprietário do portal Vip Social do município de Tijucas. Acadêmicos do 6º período juntaram-se à plateia no laboratório de produção de áudio da Univali e também participaram da discussão. O bate papo teve como ponto de partida a convergência do rádio para a internet. Durante muitas décadas, o rádio foi o meio mais utilizado como fonte de informação e entretenimento. Como ouvintes fiéis, as pessoas seguiam sua rotina sempre em companhia do radinho. Agora, com a internet, o rádio se reinventa, como fez quando do surgimento da televisão. Afinal, a
Itajaí, setembro de 2012
interação maior entre o comunicador e o público possibilitada pela rede mundial de computadores é ao mesmo tempo um ganho e um desafio. Liliane Peres defende a perspectiva de que o rádio não perdeu espaço e continua tendo sua relevância para a comunidade, agora aliado à internet. “O rádio nunca vai perder o charme, nem sua função”. Liliane lembra que antes se usava a máquina de escrever e o telefone, hoje trocam-se ideias com o ouvinte o tempo todo. As web rádios fazem com que a programação chegue a muito mais ouvintes e ampliam a área de abrangência do veículo. Assim, estreitam a relação com o público. “A internet só veio acrescentar”, afirma Liliane. Entretanto, essa interatividade pode ser desfavorável, principalmente quando o assunto é a credibilidade e o aprofundamento da informação. Luiz Junior, que trabalha com a produção de notícias para um portal na internet, alerta para os riscos da participação ativa da comunidade sem os devidos cuidados, principalmente quando se está ao vivo. “O problema é que qualquer pessoa pode ser o repórter, sem embasamento, sem formação necessária.” Além disso, a produção jorna-
lística pode se prender ao conteúdo veiculado na rede. O radiojornalismo vem sofrendo com essa interferência que leva locutores a se limitarem a repassar informações da web – sem confirmá-las e, muitas vezes, lendo notícias sem dar crédito a quem produziu o conteúdo. “Nós sofremos muito com isso no Vip, muitas vezes as rádios dão as notícias como se fossem em primeira mão, mas não dizem que a notícia foi publicada primeiro no site, acrescenta Luiz.” Ele complementa dizendo que vê nas rádios uma oportunidade de investimento, por meio da venda de conteúdo informativo local para as emissoras, o que garante a qualidade da informação e o interesse dos ouvintes. “É um nicho de mercado para a produção de reportagens não factuais. As pessoas querem saber o que está acontecendo na sua cidade. Assim conseguimos a fidelidade do público tanto para o rádio como para a internet.” Ao fim do debate, o que se pode concluir é que o rádio mais uma vez sobreviverá, e se anos atrás foi em muitas casas substituído pela televisão, hoje ele ganha uma aliada, a plataforma online.
*Jornalismo, 6º período
JORNAL COBAIA
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Apesar de tantos benefícios, o surf quando não praticado com as devidas precauções pode gerar grande desconforto para quem o pratica
Demis Pantoja, Jéssica Canez e Luiza Dutra Garcia*
Entrando na onda do corpo
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urfar é ótimo!”. Essa frase é dita com muita frequência pelos praticantes deste esporte tão radical e de tanto contato com a natureza. Os surfistas dizem que quando estão na água esquecem os problemas, e relatam que o esporte é uma verdadeira terapia. Ainda de origem desconhecida, o surf tem seus primeiros relatos na literatura no século XVIII, quando o navegador James Cook descobriu que no arquipélago do Havaí já existiam surfistas. O esporte ganhou fama no começo do século XX e foi trazido para o Brasil em meados de 1938, hoje o surf é praticado por crianças, jovens, adultos e até idosos! Sabe-se que o surf é um esporte que melhora as condições cardiovasculares, o equilíbrio motor, e a força muscular, além de proporcionar aos seus praticantes um ótimo contato com a natureza. Mas apesar de tantos benefícios o surf quando não praticado com as devidas precauções pode gerar grande desconforto para quem o pratica. Frequentemente os surfistas reclamam de dores na coluna lombar e cervical. Elas se devem ao tempo que o surfista fica deitado em cima da prancha, que recruta os músculos posteriores da coluna, gerando assim hiperlordoses cervical e lombar. Outra grande queixa dos praticantes do surf são as dores no ombro, que acontecem pelo movimento de rotação repetitivo da remada. Além destes problemas, os surfistas sentem fortes dores nos joelhos e no quadril, que são causadas pela força de impacto gerada durante as manobras. Os joelhos sofrem repetidas rotações para que o surfista possa fazer esses movimentos, isso gera o que chamamos de joelho em valgo, ou seja o joelho “vira” para dentro. Para melhorar o desempenho do surfista é recomendado aquecimento antes de entrar na água. O aquecimento aumenta o fluxo sanguíneo para os músculos, acelera a frequência cardíaca preparando o sistema cardiovascular para o exercício e melhora a velocidade de reação no exercício. Após a prática do surf, também é indicado alongamento de aproximadamente 20 segundos. Estes são importantes pois aumentam a flexibilidade muscular. Deve-se alongar a coluna, pernas, pescoço e braços tomando cuidado para que o alongamento seja na direção contrária a do movimento que será feito durante o surf. Não existe uma postura certa para a prática deste esporte, mas os exercícios de alongamento podem ajudar muito o surfista a melhorar seu rendimento e ter uma vida mais saudável. Além destes cuidados, os praticantes deste esporte devem se preocupar com a exposição ao sol. Com estas precauções não terá onda ruim.
*Acadêmicos de Fisioterapia
Você escreve e quer participar deste espaço? Entre em contato com a gente! E-mail: cobaia@univali.br
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Jornalismo
Camaleão é aquele que se camufla
Monike Furtado
Na Semana de Jornalismo da UFSC, tem que entender o clima para se adaptar ao ambiente e curtir as palestras Monike Furtado*
S
ão exatamente 15 horas e três minutos, dia 20 de setembro. Ao meu lado uma moça de uns 23 anos está debruçada sobre os braços. Ela ronca. O ronco tem uns 50 decibéis. À minha frente está o auditório Henrique da Silva Fontes, da Universidade Federal de Santa Catarina, e mesmo com um telão de 15x20m, somente três pessoas assistem ao documentário lá exibido. Tenho a sensação de que só eu tenho interesse nas palestras que viriam a seguir. Há alguns minutos havia pedido informações para um rapaz de óculos. Ele estava sentado no chão: - Você estuda jornalismo? - Sim – O garoto não olha para mim. - Você sabe onde vão ser as palestras da Semana de Jornalismo da UFSC? - Ah... Então, a gente tá encaminhando todo mundo pra perguntar ali no xerox, sabe onde é o xerox? – Respondo que sim com a cabeça. Ele volta a se deliciar com as atualizações de seu Facebook. E resolvo não encarar a fila do xerox, porque não quero nenhuma fotocópia. Limito-me a procurar um dos tantos bancos e continuo minha leitura, já iniciada no ônibus. Sempre quando venho ao Centro de Comunicação e Expressão da UFSC, chamado pelos descontraídos acadêmicos de CCE, sinto-me como um morador da cidade grande que chega à selva. No meio das árvores dispostas pelo campus, dezenas de alunos deitam-se no gramado curtindo o vento sul. Não falta uma rodinha de música e violão. Há sempre a galera do shortinho curto e celular na mão. Uma garota de vestido comprido e cabelos enrolados abre uma torneira atrás de mim. Eu nem sequer havia dado conta da existência da torneira, mas a moça eu já tinha avistado e tivemos uma conversa minutos atrás: - Oi, você sabe onde posso me informar sobre a Semana de Jornalismo? - Ah, poxa... Foi mal, não sei não. Faço Artes. – Não sei direito se ela falou artes, mas das opções que existem suponho que tenha sido isso. Ela agora lavava uma caixa de morangos com a água corrente. Aqueles morangos deviam ter
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muito agrotóxico. A garota ficou lavando as frutas por mais de dez minutos. Aproveito quando ela sai e me levanto. Mas aí presto atenção em uma senhora que recolhe garrafinhas de refrigerante. - Olha só! – Ela diz, contente. – Óculos de sol. – Finjo surpresa levantando as sobrancelhas. Ela continua: - Não tem nenhum arranhão. E é bonitinho, não é filha? - É sim. – Eu respondo. Eram uns óculos com lentes redondas lembrando a década de 1980. - Vou ver se acho alguém para devolver, né? - Pode ser. – Respondo enquanto ela coloca os óculos no bolso. Fecho o livro e decido-me a procurar o auditório. A palestra mais esperada por mim é a das 17h30.
Os alunos organizam, produzem e divulgam a Semana de Jornalismo, que está na 12ª edição Monike Furtado
Apáticos por natureza
O site da Semana de Jornalismo dizia que Thales de Menezes, da Folha de São Paulo, e Lucio Ribeiro, do Popload, iriam conduzir o debate sobre Crítica Cultural. A princípio a palestra seria às 20h. Mudaram e só fui entender o porquê depois. Meu relógio marcava 17h35. No auditório do CCE e contando comigo, 19 pessoas ocupavam o grande salão. Ouço as meninas da organização saudando uma mulher: - Olá! Desculpe ter te convidado assim em cima da hora. A mulher é Daniele Pastinarti, editora do caderno Plural do jornal Notícias do Dia – ela é um dos palestrantes. Os outros são Marcos Espíndola, colunista da contracapa do Diário Catarinense (formado pela Univali), e Fifo Lima, ex repórter de jornais da RBS e agora conselheiro de cinema. Eles substituíram os nomes anunciados, que desmarcaram o compromisso por questões pessoais, informou Samia Smith, da organização. O trio de palestrantes faz uma breve apresentação, bem no estilo currículo falado e abre a sessão de perguntas. Daniele explica a situação do caderno Plural. São duas repórteres mais ela como editora, fotógrafo, diagramador para produzir oito paginas diárias sobre cultura. - Às vezes é inevitável colocar a agenda. Mas nós nos esforçamos para tentar fazer algo que possa abranger do pop ao erudito, do brega ao Cult. Ainda não
Todos os anos, as mesas de discussão trazem jornalistas de renome para interagir com o público
Iniciativa é dos alunos da graduação A Semana de Jornalismo da UFSC começou em 2000. São os alunos da graduação em Jornalismo que realizam o evento - eles se encarregam de buscar parcerias, patrocínios e convidados. É de praxe que palestras, cursos e oficinas sejam organizados pelos acadêmicos dos sextos períodos. Em edições anteriores eles já contaram com profissionais como Marcelo Tas, Ricardo Kotscho, Marcos Uchôa, Xico Sá, Ruy Castro, Rubens Valente, Marcos Sá Corrêa, Clóvis Rossi, Eliane Cantanhêde, Marcelo Canellas, Sônia Bridi, Fred Melo Paiva, Cassiano Machado, Eliane Brum, entre outros. Mais de 70 oficinas e 40 palestras foram registradas na história da Semana do Jornalismo da UFSC. Por causa de greves, em 2001 e 2005 a Semana foi cancelada. Em 2012, o movimento de paralisação dos professores federais atingiu o evento, restringindo a programação. Mesmo assim houve espaço para muita gente boa como Frederico Vasconcelos, Vanessa Aguiar e André Trigueiro.
é uma publicação exemplar, mas estamos trabalhando. Marquinhos Espíndola fala da RBS, de como surgiu a coluna regida por ele e um pouco da sua trajetória no Diário Catarinense. - Estou desde 2006 na coluna. Antes eu era subeditor do caderno Variedade e do Donna DC. Agora posso dizer que 80 a 90% do material são do estado e 60% sobre Florianópolis. - Alô!? – Tenta contato com o microfone o assessor Fifo Lima. – Olha, vou ser bem sincero. – E começa a elencar as faculda-
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des em que havia ingressado e nunca terminado. – Estava trabalhando há muito tempo n’A Notícia, no caderno de Variedades, até que fui demitido. Aí eu comecei a trabalhar em assessoria. Não sei se assessoria é uma coisa boa ou ruim. Só que como as redações estão encolhidas, não tem muito jeito. E agora sou conselheiro de cinema. – Fifo espanta pela sinceridade escancarada: - Quando alguém falar que é conselheiro de alguma coisa, vocês podem dizer: ‘Tu não faz nada, tu não interfere em nada, tu não representa nada!’ A gen-
te só tem sorte quando algum chefe realmente se preocupa com a cultura. Se não... Fifo, segundo os alunos da UFSC, é super famoso em Floripa. Ele prossegue: – Godard [o cineasta franco-suíço] uma vez falou: ‘Cultura é regra, arte é exceção’. Gosto de olhar para os jornais e encontrar arte. – O assessor é crítico quanto ao jornalismo. – O DC e o Noticias do Dia são bons nisso. Mas é claro que eu tô falando isso porque a Daniele e o Marquinhos tão aqui, senão estaria falando mal, né? O riso ecoa no auditório.
Itajaí, setembro de 2012
Jornalismo
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Como se conta esta história? Em debate sobre a construção de perfis, estrelas da mídia revelam os recursos do jornalismo literário
“V
ou embora, tá? Ai, tô achando um saco isso aqui!” – Ana fica somente 20 minutos na palestra. Ela foi empurrada pela irmã para a Semana de Jornalismo da UFSC. – É que a gente mora aqui perto, né? Daí acabei vindo. – Ana Carolina de Oliveira Faria se formou em Jornalismo na Unisul em 2005, mas não atua na área. Apesar de a mesa de discussão trazer figurões do jornalismo literário, Ana não se contenta e sai apressada. A nossa frente, estão sentados – sim, são de carne e osso! - Dorrit Harazim e Sérgio Vilas-Boas. Ela, cofundadora da Revista Piauí, especializada em jornalismo literário e ele, pesquisador consagrado com premiações Brasil afora. Está na mesa também Adriana Negreiros, editora da Revista Cláudia. - Quero agradecer a organização do evento. Nunca tinha visto os próprios alunos irem atrás de tudo desse jeito. Parabéns. – Vindo de Dorrit o elogio tem mais amplitude, já que ela tem uma trajetória marcada pela crítica e pela seriedade em 50 anos de profissão. Depois do breve elogio, vêm as lições: - Falar demais de um assunto não é bem o caso da Piauí, até porque dar um relato minucioso é muito chato. A dificuldade do jornalista é que temos montanhas de informação, demora até pegar a confiança da fonte e depois saber filtrar. No perfil, por exemplo, muitas vezes acabam ficando sem nexo. Até o cardápio do sujeito no restaurante é descrito quando não tem necessidade.
O perfil
Uma voz rouca irrompe no salão. Adriana Negreiros pega o microfone: - O perfil é maravilhoso de ser feito. Mas requer muito cuidado. O envolvimento com a fonte é complicado, é que abre muita possibilidade para ambivalência. E essa convivência não pode ser promíscua, né? Tem de haver um respeito. E outra coisa que sempre pontuo é haver um certo preconceito com os entrevistados. Eu mesma, para dar exemplo, fui uma vez fazer um perfil da Banda Calipso. Quando cheguei na casa da Joelma e notei as paredes coloridas, foi a primeira impressão colocada no texto. Eu achei que aquilo podia denotar o status social, descrito por
Itajaí, setembro de 2012
Tom Wolfe. Mas aquilo era desnecessário naquele momento. - É. E, além disso, existem muitos jeitos de se fazer perfis e reportagens. Temos que cuidar com as sobras quando queremos fazer jornalismo literário. E em como lidar com as fontes, o exemplo que acho plausível é o mais famoso. – Dorrit completa a fala de Adriana e prefere a versão em inglês: - “Frank Sinatra has a cold” mostra que não há a obrigatoriedade da entrevista com o personagem central, mas que são raros os casos a dar certo como esse de Gay Talese.
Equipe da organização junto ao jornalista Frederico Vasconcelos da Folha de São Paulo
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Jornalista em 1º plano
Sérgio se pronuncia desta vez: - Todos os perfis que fiz não vieram de minhas ideias. Eu não me interesso pela vida de ninguém. Talvez nem pela minha. É uma coisa louca. – Para, pensa e faz uma careta trazendo a boca para baixo. A expressão logo se desfaz e ele continua: - Eu comparo a produção de um perfil com pintores de retrato, só temos que trabalhar para desenvolver isso melhor. Os três declinam de falar sobre como fazer entrevistas e retornam ao entrevistador. – Eu prefiro assumir que sou um personagem. – Diz Sérgio, enquanto cita histórias envolvendo entrevistas feitas por ele para a produção de seus livros. Dorrit e Adriana, contrariando a opinião do estudioso, concordam ao dizer que acham desconfortável o jornalista aparecer excessivamente. – Acho desnecessário. Claro que às vezes isso pode acontecer de uma forma muito boa. Mas eu não costumo usar nem quando os acontecimentos pedem muito. No golpe militar no Chile, em 11 de setembro de 1973, e na queda das torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001, Dorrit optou por não intervir na notícia. O jornalismo não precisa ser tão autoral. A notícia é mais importante. - Ela defende que a credibilidade aparece mais desse jeito e brinca: – Não andem comigo em dias 11 de setembro. Vocês viram os exemplos que dei. - Acho que temos essa visão porque a maioria dos “eus” são ruins no Brasil. Meus alunos sempre me perguntam quanto a isso e, poxa, não tem obrigação ou regra. - Finaliza Sérgio.
*Jornalismo, 6º período
Trazendo tecnologia para a Semana, Vanessa Aguiar ministra o minicurso de Mídias Socias
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André Trigueiro, editor-chefe do programa Cidades e Soluções da Globo News, falando sobre Jornalismo Ambiental
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Trânsito
Carroça: um passado presente reclama espaço Benefício para uns, transtorno para outros, meios de transporte com tração animal são úteis para muita gente Patrícia Dias*
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iariamente às 5h30, Pingo começa a receber seus aparatos para mais um dia de trabalho. Ele e João Carlos dos Santos são companheiros, pois juntos passam, no mínimo, 8 horas por dia a percorrer as ruas de Itajaí. João, 38, casado e com três filhos, é catador de reciclável e realiza fretes pequenos, como transporte de areia, móvel e outros. Pingo, o cavalo, é fundamental para o bom resultado financeiro que garante o alimento de cada dia no lar de seu dono. Para a família, não há dúvida da importância do animal e do trabalho desempenhado por ele junto de João. “Eu não tenho estudo, por isso encontrei no reciclável e nos fretes o sustento. É um trabalho que nem todo dia garante um bom dinheiro, mas, com o que ganho, consigo dar à minha esposa e aos meus filhos uma vida digna”, admite o carroceiro. Carlinhos, 13, o filho mais velho de João, enfrenta preconceito por causa do trabalho realizado pelo pai. Na escola, ele é conhecido como “o filho do carroceiro”. Porém, o que para muitos é motivo de deboche, para o garoto é sinônimo de orgulho. “Eu não tenho nenhuma vergonha. Pelo contrário, sou orgulhoso da profissão do meu pai. Quando alguém de-
bocha de mim ou solta alguma gracinha, falo com muita firmeza: graças à carroça do meu pai e do cavalo, um trabalho honesto, não me falta alimento, estudo e roupa para vestir”. Carlinhos reforça que, sempre que pode, trabalha junto com o pai. O preconceito é fato na vida de João e de seus familiares, e vem das pessoas mais próximas até às mais distantes, de modo especial, dos que dividem o mesmo espaço urbano com um carroceiro. Quem já não passou, pelo menos uma vez, pela situação de estar no trânsito, e de repente, parar em uma filha provocada por uma carroça? Situação como essa, muitas vezes, revolta os motoristas. Há inclusive pessoas que reclamam e insultam o trabalhador. Isso acontece porque a maioria da população não sabe que a carroça é um meio de transporte que tem o direito de ocupar o mesmo espaço de um carro. A diferença é que a carroça tem tração animal. Em uma das avenidas mais movimentadas de Itajaí, popularmente conhecida como Contorno Sul, alguns motoristas, após serem questionados sobre o tema, manifestam-se contra por ter de dividir espaço com o meio de transporte de tração animal. “É horrível! O trânsito de Itajaí já é ruim, ainda eles se metem para
Patrícia Dias
Carroças e veículos automotores nem sempre têm uma convivência pacífica nas estradas brasileiras Banco de imagens
O transporte de tração animal tem direito de ocupar o mesmo espaço que os carros, desde que tenha documento
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piorar”, reclama Lucia Fernandes. Já para Ronaldo Casas, o problema é a sujeira: “Eles catam os papelões, colocam na carroça e saem deixando rastro. Nem se dão o trabalho de parar e coletar novamente o que caiu. Sem contar a sujeira das fezes do cavalo que é algo insuportável”. De acordo com Emerson Luís Gama, coordenador de Trânsito de Itajaí, o Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 24, deixa claro que a carroça é um meio de transporte de tração animal e o documento dá direito a ocupar o mesmo espaço que os demais. Porém, também deve respeitar as regras de trânsito, está sujeita à multa e a outras penalidades. A dúvida é a seguinte: como autuar em caso de descumprimento da lei? Afinal, não possui placa ou outro tipo de controle. Ainda de acordo com Gama, já existiu um projeto elaborado pela prefeitura, que visava ao cadastramento de todos os carroceiros do município e à identificação em suas respectivas carroças. Ainda obrigava ao uso de fraldões nos cavalos para evitar sujeira nas vias. Seria um método diferente de controle, uma forma de, pelo menos, organizar. No en-
tanto, esse documento ficou apenas na intenção, e, por diferentes motivos, não pegou. Hoje até se pensa em reavaliar o projeto, mas nada está certo ainda. Enquanto isso, conta-se apenas com a responsabilidade e a consciência de cada carroceiro, que depende do meio de transporte direta ou indiretamente. É importante que este saiba sua obrigação e dever como condutor. Respeitar as placas de trânsito, como PARE; PROIBIDO VIRAR, é o mínimo. Precisa permanecer na pista da direita (já que sua velocidade é bem inferior à dos demais); manter-se atento com o animal, que é imprevisível e pode surpreender o dono e demais ocupantes da via. Enfim, necessita de bom senso. Para motoristas e motociclistas, fica o alerta de cuidado redobrado com as carroças. Como diz o ditado, “a pressa é inimiga da perfeição”. Quando o trânsito embola por causa de uma carroça que tal lembrar que esta ocupa o mesmo lugar de um carro? Quem sabe a irritação diminua se você pensar que o carroceiro é mais um trabalhador tentando ganhar a vida com dignidade.
*Jornalismo, 7º período
Itajaí, setembro de 2012
Entretenimento
Nova série da HBO contesta imprensa dos EUA The Newsroom mistura ficção e realidade para questionar a política e os modelos de jornalismo convencionais Rodrigo Ramos* Divulgação
Resenha - A tragédia do World
Trade Center, nos Estados Unidos, comoveu o mundo. No entanto, o ato terrorista serviu para outro propósito: dar desculpas para o governo estadunidense fazer o que bem entender em território muçulmano. The Newsroom, criada por Aaron Sorkin, vem para cutucar diversas feridas dos norte-americanos. Não há críticas ou ideias conspiratórias sobre o que houve no atentado, mas é evidente que a existência desta produção reflete a forma como os americanos resolveram se portar diante de diversas situações depois do atentado, já que o ataque moldou o estadunidense de forma irreversível. Sorkin começa o seu próprio ataque nos primeiros minutos da série, quando um dos principais âncoras do jornalismo no país, Will McAvoy (Jeff Daniels), durante uma entrevista em um programa de televisão, surta e responde a uma pergunta que resulta sempre em respostas a la Miss Universo: por que os Estados Unidos são o melhor país do mundo? Will tenta se esquivar, porém ele não se segura e dispara todos os motivos pelo quais o território em que vive não é mais a maior nação do globo. Só o discurso já é o suficiente para se entender porque muitos críticos e jornalistas de lá desceram a lenha na série, sentindo-se ofendidos pelas afirmações do episódio piloto. O discurso de Will é resultado dos anos em que ele se mantém como um jornalista que não critica ninguém, ficando sempre em cima do muro. As coisas mudam quando o chefe de jornalismo da ACN, Charlie Skinner (Sam Waterston) resolve chamar para ser o produtor executivo do News Night (programa em que Will é o âncora) a ex-namorada de McAvoy, MacKenzie McHale (Emily Mortimer). Jornalista competente, sendo repórter de guerra nos últimos anos, MacKenzie surge para dar nova cara ao programa e transformar Will novamente no juiz da verdade. E o protagonista faz exatamente isso. O jornalismo praticado em The Newsroom é como deveria ser, entretanto ele soa um tanto utópico. É como querer que o comunismo praticado em países como Cuba, por exemplo, fosse aquele idealizado por Marx e Engels. Contudo, isso não é um defeito da série. Afinal de contas, a polícia (especialmente a investigativa) é tão competente assim como mostram os filmes e séries? Cada produto com a sua ideia de perfeição. The Newsroom, portanto, serve como um exemplo para os jornalistas e estudantes de jornalismo.
Itajaí, setembro de 2012
Will McAvoy (Jeff Daniels) como âncora em programa de TV: um soco no estômago dos conservadores Divulgação
Dupla dinâmica: McAvoy (Daniels) e McHale (Emily Mortimer) lutam contra a corrupção e o sensacionalismo Divulgação
Pose de galã, coragem de Paladino: Daniels encarna o jornalista destemido com que todos sonham
JORNAL COBAIA
A série mostra a beleza que há por trás dessa profissão tão importante no cotidiano e que, de fato, pode destruir vidas. Will não perde tempo e está sempre batendo nos políticos e empresários. A equipe que trabalha na produção do programa, formada por Jim Harper (John Gallagher Jr.), Maggie (Alison Pill), Sloan (Olivia Munn), Neal (Dev Patel), Don (Thomas Sadoski), além de MacKenzie, busca todas as informações possíveis para achar furos nos discursos dos entrevistados e apontar a mentira, prezando sempre a verdade, por mais indigesta que ela possa ser. A principal crítica é em relação à forma como a política nos Estados Unidos é feita, sendo o principal golpe no Tea Party, um movimento social e político populista, altamente conservador, de extrema-direita. Além de jornalismo e política, The Newsroom também critica outros setores, como é o caso dos interesses privados e das revistas de fofoca. Sorkin não poupa esforços ao destroçar essas revistas que vendem a vida alheia com sensacionalismo e até mesmo invenção. A forma como Will luta para desmoralizar os falsos moralistas acaba atingindo a proprietária do canal, Leona Lansing (Jane Fonda), que não fica nem um pouco feliz em saber que o apresentador está batendo nas pessoas que ajudam a financiar a empresa dela. Interesses acima da notícia? Não em The Newsroom. Mas, infelizmente, sabemos que a realidade é outra. Quem costuma dizer a verdade, como no famoso caso da jornalista Salete Lemos na TV Cultura, costuma ir pra rua. A série também tem momentos mais leves, pautando relacionamentos, mas o seriado é melhor quando não o faz. No entanto, lá pela metade da temporada, o elenco e o roteiro atingem o timing perfeito. Outra particularidade é a inserção de acontecimentos verídicos no roteiro. A trama se mistura com o real desde o primeiro episódio, onde eventos como o vazamento de óleo no Golfo do México e a captura de Osama Bin Laden estão presentes e são peças fundamentais no desenvolvimento da série, já que os personagens trabalham em cima desses fatos. The Newsroom é uma das melhores séries da temporada. Imperdível, especialmente para quem pratica e admira o jornalismo. A série vai ao ar todo domingo, às 21h, na HBO Brasil.
*Jornalismo, 6º período
OPA 2012
Rotas para quem procura caminhos Evento realizado pela Univali uma vez por ano oferece 50 opções de carreira e atraí milhares de jovens Monike Furtado*
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ara ela a pergunta “o que vou ser quando crescer?” nunca foi tão abstrata. Ela simplesmente se dá por vencida na situação: – Eu não sei. Tô com medo. – Isadora Dick, estuda no segundo ano do Ensino Médio, é de Blumenau. Ela veio ao OPA procurar uma profissão. – Vou ver se me encaixo. – Sua amiga, ao lado, tem o olhar decidido e nem presta atenção no que os apresentadores da palestra de jornalismo dizem. Ela tinha, apenas, uma pequena dúvida quanto à área de atuação, mas ao setor de jeito nenhum. – Quero ciências biológicas, com certeza. – De manhã, Anna Cecília Roncalho, também do segundo ano, fora a duas palestras: a de biologia e de biomedicina. – Agora me decidi de vez. Biomedicina. Quero estar em uma profissão em que eu possa salvar vidas. – Sorriu com um olhar tímido que anunciava a esperança de transformação. Muitos deles querem mesmo mudar o mundo. Outros têm aspirações mais singelas. Ser a Fátima Bernardes. Alguns não pensam muito no que querem. Bocejam durante a palestra e satirizaram alguma coisa. Outros têm o olhar brilhante fixo na busca da profissão e tentam se espelhar em quem vem ali palestrar.
Na cena
Eles o chamaram. De terno e calça jeans sorriu olhando firme para o público. Pegou o microfone e não esperou a apresentadora perguntar. – Toda vez que eu venho aqui, conto uma história engraçada. Eu estava fazendo uma reportagem na Festa do Colono, em Cam-
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boriú, num link ao vivo para o Jornal do Meio-dia, no alto de um morro onde tinha uma pastagem de gado. O Graciliano (Rodrigues, apresentador do jornal) me chamou e quando eu ia começar a falar, um quero-quero passou na minha frente me desequilibrando. – A plateia riu. Douglas Marcio é repórter na Ric Record e está formado há um ano. Há três ele participa das apresentações do OPA. E a história do quero-quero já é quase marca registrada do evento. – Isso ajuda a mostrar os percalços da profissão. O jornalismo com imprevistos... Cada convidado contou suas experiências profissionais e explicaram superficialmente as diferenças entras as áreas dentro do jornalismo. Mary Junkes, Patrícia Auth, Jéssica Feller e outros egressos ficaram disponíveis às perguntas astutas dos espectadores. Com passagens de Tiago Scheuer, repórter do Jornal Bom Dia São Paulo, da Rede Globo, Luís Gustavo Garcia, redator do site Terra e Ivana Ebel, da empresa estatal de comunicação alemã Deutsche Welle. Apresentadores incitam os alunos a escolher a profissão. E, em um sábado nublado, as paredes de tijolos laranja abrigaram sonhos e esperanças sobre a futura profissão. - Eu fico muito ligado em notícias, gosto de ser bem informado. E tenho vontade de fazer minhas próprias notícias, minhas críticas. – Joelson Smith está saindo do Ensino Médio. O terceiro ano tem essa mania de deixar os adolescentes desesperados. – Só que eu ainda não consegui escolher. Tô meio louco, na dúvida entre jornalismo, psicologia e filosofia.
Um espetáculo
Dúvidas, que no julgamento dos alunos de Ensino Médio são cruciais, se diluem aos poucos quando procuram mais informações. O OPA, Opção Profissional por Área, evento organizado pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali) promete orientar estudantes sobre as profissões e cursos. – Este ano o OPA me sur-
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Em um sábado
nublado as paredes de tijolos laranja abrigam sonhos e esperanças sobre a futura profissão
preendeu bastante, porque em cima da hora o muita gente se mobilizou. – Carlos Praxedes, o coordenador do curso de Jornalismo, gerencia há três anos o curso. Ele comemora o sucesso das palestras: – Sempre lotam as apresentações de Jornalismo. Acho que é por causa do formato, que procuramos fazer diferente: não é o coordenador
ministrando as palestras. São os alunos que chamam os egressos e tem essa coisa da notícia, de ser tudo bem imediato e audiovisual. – Os alunos acostumados com a web à vivacidade das horas no computador suplicam por palestras dinâmicas. Eles avaliam as palestras de jornalismo como ‘ótimas’, reflexo de que o show dá resultado. O próprio OPA tem a frase do ano mencionando a interação, a internet e, assim, esta nova geração: “O melhor da universidade para você compartilhar”. - Ah, eu adorei e me decidi realmente. Eu quis isto desde criança, mas agora tenho certeza absoluta. – Irradiava um sorriso de emoção Mayara Maestre. A estudante do segundo ano do Ensino Médio assistiu à palestra do Curso de Jornalismo.
Atrás das cochias
– O meu primeiro contato verdadeiro com o jornalismo foi aqui no OPA. Eu estava no segundo ano, tinha muitas dúvidas e a palestra me ajudou a tirar o estereótipo da profissão. – Jonas Augusto da Rosa está no fim da graduação de Jornalismo. Ele foi um dos convidados especiais na apresentação do OPA do curso deste ano. Ele acaba de voltar de intercâmbio de estudos na Espanha, viabilizado pela universidade. Como exemplo Jonas foi uma peça do mosaico que pode ser a graduação. Cada convidado dos cursos tem a intenção de ilustrar um ponto importante daquela profissão. Em quase 20.000 inscrições e 50 cursos oferecidos, alguns deles sempre chamam mais atenção. Seja pelo campo de
atuação ou aptidões. – Esta é a oportunidade de abrir as portas para quem quiser conhecer a universidade, os cursos, as profissões. E, de os alunos verem a prática e a teoria nas profissões. – Carlos Tomelin, o diretor do Centro de Ciências ..... (Cesiesa) considera o evento como uma das principais causas de ingresso na Unvali. Nesta edição Administração, Engenharia Civil, Psicologia e Medicina foram as mais procuradas. Na palestra de futuros médicos, Fernando Chong, do 7º período, apresentou o curso juntamente com coordenador. Ele tentou deixar um curso de aparência dura, de título de ciências exatas, com uma cara mais descontraída. – Eu falei das minhas experiências, do jornalzinho acadêmico que os alunos da medicina fazem, quais as opções para depois da graduação. Por trás das cores alegres que preenchem o slogan do OPA está o suor de muito trabalho voluntário. Uma semana antes do sábado oficial de exposição no OPA, os grupos de alunos já se reuniam para programar as apresentações e pensar nos enfeites para o grande dia. As reuniões de voluntários exigiam minutos retirados das aulas e algumas horas de sono perdido na noite de sexta-feira. Mas o bicho pegou mesmo no sábado de manhã. – Vamos galera! Daqui a pouco a palestra vai começar. – As palavras de Marcia Ferreira soaram por cada segundo dos preparativos do evento e, no sábado, com a ansiedade do tic-tac do relógio, equipe de organização do OPA de Jornalismo terminava os acertos nos corredores.
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Sheila Gastardi
JORNAL COBAIA
Itajaí, setembro de 2012
Sheila Gastardi
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Recursos mu ltimídia na s apresentaç ões
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Alunos decidem seu futuro profissional
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OPA: uma trajetória de sucesso iniciada com o Dia da Visita
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uem só conhece o OPA recentemente, como quase todos os alunos da graduação, talvez nem imagine que o evento começou com um propósito bem diferenciado: abrir as portas para a comunidade conhecer a universidade, sem foco nos futuros acadêmicos. Tinha uma data especial para isso, mas era num dia de semana, enquanto os funcionários e acadêmicos realizavam suas funções normalmente. - Não havia uma paralisação para o “Dia da Visita”. - Diz Lígia Najdzion, professora de Relações Públicas na Univali, que participou do evento. - Apesar de o “Dia da Visita” ter o objetivo de abrir as portas da universidade para a comunidade, as escolas avaliavam que
o evento era muito geral para os alunos que estavam no Ensino Médio. Eles tinham necessidades mais específicas de interagir com os cursos de graduação no processo de escolha da profissão. – A psicóloga Claudia Schiessl trabalha no setor de Processo Seletivo e ajudou a pensar na construção do OPA. – Eu trabalhava na Pró Reitoria de Ensino, com projetos de informação profissional e precisava pensar em algo que complementasse as diversas ações, algo como uma “grande feira das profissões”.
11 anos de histórias
E aí o OPA começou a ganhar forma. Em paralelo às reinvindicações da comunidade, o Colégio de Aplicação da Univali (CAU) começou a pensar em algo que
suprisse a falta de informação sobre carreiras. – Na época, eu perguntei à diretora do CAU se ela encarava comigo um desafio na área de orientação profissional. Na busca de parceiros chegamos, então, à seção de Processo Seletivo. A partir daí a ideia chegou ao conhecimento da Reitoria e da Pró-reitoria, que incentivaram a iniciativa. – As metas iniciais da diretora do CAU, professora Arlete Steil Kumm, eram ousadas para um primeiro teste: - Queríamos 500 jovens no primeiro sábado de realização do evento. Lembro que, após fixarmos os painéis indicativos dos locais das palestras, feitos manualmente, nossas dúvidas apareceram: ‘Será que esses jovens virão?’, ‘Meu Deus, se eles não virem nós estamos “fritos”’. ‘Caso eles não
apareçam, os coordenadores da graduação vão ficar “uma fera”’. Um anseio e o friozinho na barriga vieram e logo foram substituídos quando as salas começaram a se encher. - Após alguns encontros, entre ideias e sonhos, estruturou-se um “Mini OPA” com objetivo de unir um workshop à feira das profissões. Foi então que em outubro de 2001 nasceu o OPA. – Claudia e os outros organizadores se espantaram com a primeira edição: - Nós contamos com mais de mil inscritos! O evento ainda era pequeno, divulgado apenas entre as escolas de Itajaí e Balneário Camboriú, e era muito difícil mostrar ao corpo administrativo e docente da universidade a importância de eventos como o OPA para a instituição.
A cada ano, a partir de 2001, uma nova característica foi atribuída a programação e mais pessoas aderiram às palestras. Em 2003, passou a fazer parte da agenda anual da universidade, que tinha interesse na manutenção e no crescimento do evento. Foi nesse ano que as atividades se expandiram para os campi de Biguaçu e São José. Depois foi decidido que somente Itajaí seguiria na organização e realização do evento para centralizar o OPA. Quando já conseguia chamar um público significativo na região, o OPA começou a fazer parcerias com meios de comunicação e a incluir atrativos culturais como peças de teatro e shows de bandas.
*Jornalismo, 6º período
Camila
Camila
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Sheila Gastardi
Laís
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Laís
Saúde
Medicina ampliada oferece terapias alternativas Segmento vê ser humano na íntegra, prescreve tratamento individualizado e altera a proposta da medicina tradicional Luciano Pinheiro da Silva Neto* Banco de Imagens
cas as técnicas alternativas) explica que para ter acesso ao tratamento homeopático ou acupuntura, o paciente precisa apresentar um encaminhamento de qualquer profissional de saúde da rede pública ou particular, o cartão do SUS e um comprovante de residência no município de Itajaí. A partir daí, entra na fila de espera, que para a acupuntura pode chegar a três meses e para a homeopatia, a vinte dias. Também há uma fila de pacientes preferenciais de acupuntura que acolhe idosos, gestantes, crianças e pessoas com pedido de urgência em seu encaminhamento. Para estes, o tempo de espera máximo é de trinta dias. Suzana garante que não há qualquer restrição ao nível social do paciente nem limite de sessões ou consultas. No caso da acupuntura, a cada dez sessões é necessário um novo encaminhamento.
Redutor de ansiedade
O tratamento com acupuntura exige agulhas esterilizadas para segurança do paciente
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oi a última alternativa para quem já havia tentado diversos tratamentos mal sucedidos. A aposentada Odília Fransozi, 65, apresentava um quadro de obesidade que extravaza as questões estéticas. Visitou nutricionista, nutrólogos e endocrinologista, porém, a dieta e o tratamento prescritos por eles tiveram resultados irrisórios. Foi aí que a dona de casa resolveu experimentar uma terapia que uma nora havia recebido e lhe recomendara: a acupuntura. Depois de quatro sessões da terapia das agulhas em uma clínica particular, a aposentada relata que já começou a sentir os primeiros resultados. Porém, sem condições financeiras de prosseguir com o tratamento, interrompeu as sessões. Mas, o que fez a acupuntura ser mais eficiente que os tratamentos tradicionais neste caso? A resposta está na natureza dessa prática. A acupuntura, técnica terapêutica da medicina chinesa, está no rol de terapias ligadas à chamada Medicina Alternativa. Incluem-se nesse ramo a homeopatia, a fitoterapia, a aromaterapia entre outras. Essas práticas medicinais consideradas alternativas buscam soluções de tratamentos complementares aos da medicina tradicional ou,
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em alguns casos, são a terapia principal do paciente. Entretanto, a nomenclatura “alternativa” que popularizou esse segmento já é considerada obsoleta. Segundo Juarez Furtado, médico especialista em Medicina Antroposófica e Homeopatia, o termo “alternativa” vem da forma peculiar que essas práticas médicas têm de ver e tratar os seres humanos. Atualmente, o segmento recebe uma classificação mais adequada à sua proposta: Medicina Ampliada. “A medicina tradicional vê os órgãos e as doenças de maneira setorizada.
Aspectos espirituais
A proposta do tratamento alopático (o tradicional) é tratar as doenças isoladamente enquanto na Medicina Ampliada, o paciente é entendido e estudado na sua íntegra considerando inclusive aspectos espirituais. Portanto, nos propomos a tratar doentes e não doenças”, explica Juarez Furtado. Um exemplo disso é o paciente que procura um tratamento tradicional para dores estomacais. Em uma terapia alopática, seriam prescritos a ele medicamentos que aliviassem especificamente os sintomas no estômago. Na medicina antroposófica, um segmento em ascensão da medicina ampliada, o terapeuta investigaria toda a vida do paciente já que a dor do
estômago pode ter ligação com outros aspectos físicos, psíquicos e espirituais da pessoa e aí traçaria um tratamento personalizado baseado em medicações naturais que reequilibrassem completamente o organismo do paciente e resultasse assim na cura do estômago e de quaisquer outras disfunções que o indivíduo pudesse apresentar. O médico explica ainda que como a homeopatia, terapia médica reconhecida pela OMS que se utiliza dessa leitura antroposófica do paciente, não tem contraindicações e apresenta raríssimos efeitos colaterais, obtêm-se sucesso especial em tratamentos psiquiátricos, endocrinológicos e pediátricos os quais costumam gerar reações adversas quando tratados alopaticamente.
Andreia Tribeck Ferreira, médica acupunturista do SUS em Itajaí, relata que o paciente que chega até ela passa por uma avaliação inicial para determinar qual técnica de acupuntura será aplicada nele. Nos casos em que se verifica a impertinência do tratamento com as agulhas, a médica o encaminha ao especialista da área afetada. Os pacientes, que têm o pedido para terapia das agu-
lhas deferido pela médica, costumam apresentar algum receio pelo desconhecimento da técnica. Porém, logo após a primeira sessão, as pessoas normalmente se adaptam às agulhadas por perceberem a ausência de dor e constatarem que as agulhas são descartáveis. Andreia conta que nos três anos que atende pela rede pública, houve apenas dois casos de pacientes que não se adaptaram ao tratamento e o abandonaram. A terapeuta revela que dores nos ombros e coluna estão entre as queixas mais frequentes. Outra área de grande procura é a psiquiátrica, já que as agulhas têm um considerável efeito redutor de ansiedade. Ainda há na cidade uma clínica particular que atende pacientes do SUS encaminhados pelo CRESCEM. No caso da homeopatia, o principal obstáculo que os profissionais enfrentam com os pacientes do SUS é o fato de eles não revelarem detalhes de sua vida que seriam essenciais para traçar o tratamento. Os profissionais de homeopatia e acupuntura lamentam que, embora sendo reconhecidas pela OMS, essas práticas ainda sofram com o preconceito e o desconhecimento no próprio meio médico e isso explica a falta de indicação das terapias da Medicina Ampliada a grande parte da sociedade.
*Jornalismo, 4º período Luciano Pinheiro da Silva Neto
Homepatia e acupuntura
A cidade de Itajaí conta com uma vasta gama de opções de tratamentos de Medicina Ampliada na rede particular, porém, muitas delas não são cobertas por planos de saúde. Entretanto, os itajaienses têm uma opção que destaca o município na região: o SUS oferece tratamentos gratuitos e ilimitados de homeopatia e acupuntura aos moradores da cidade. A enfermeira Suzana Cordeiro, coordenadora do CRESCEM (unidade de saúde que apli-
JORNAL COBAIA
CRESCEM–Unidade de Saúde do estado que funciona no centro de Itajaí
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Saúde
Sexo, saúde e bem-estar formam um trio vital Estudos comprovam que manter uma vida sexual ativa e saudável traz benefícios para o corpo e para a mente Letícia Gonçalves e Cristóvão Vieira*
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elaxada e bem humorada. É assim que se sente Angelita Poffo, de 45 anos, após uma relação sexual. Ela gosta de ser acordada com beijos, e de receber mensagens de carinho. Para Angelita, é importante que o marido a conquiste a cada dia, logo pela manhã. “Se não, de noite não ganha”, brinca. De acordo com Jair Ferracioli, psicanalista Mestre em Psicologia Social e da Personalidade, é necessário preservar o companheirismo e a cumplicidade para que haja saúde em um relacionamento. “Uma relação sexual saudável é construída ao longo do dia. Já começa no amanhecer com um bom dia, um almoço diferente, uma mensagem durante a tarde”, afirma. Angelita tem uma vida sexual ativa e, segundo ela, satisfatória. “A cabeça do homem é sexo 24 horas por dia. A mulher que souber lidar com isso, tem ele nas mãos”, diz. Ela acredita que a preocupação com a família e a participação do homem na vida da companheira são fatores fundamentais para que a vida sexual do casal seja ativa. “Quando o homem critica demais a mulher, ela começa a se fechar sexualmente”, opina. Segundo a psicóloga Caroline da Costa, outros motivos podem explicar um bloqueio sexual. É o caso de mulheres agredidas
ou molestadas sexualmente na infância, por exemplo. A questão cultural dos tabus, para ela, também influencia no receio da mulher em se entregar ao companheiro. Caroline é especialista em psicologia sistêmica, conhecida como psicoterapia familiar e de casal. De acordo com ela, o sexo funciona como o termômetro da relação.
tante para a relação. A psicóloga Caroline explica que o sexo libera serotonina, e quem não libera essa substância de forma periódica tem características de depressão e estresse. “Se você não está com o nível adequado, nem terá vontade de transar. É uma das nossas necessidades fisiológicas. Não há como ser feliz sem sexo”, enfatiza.
Intimidade e emoção
Falar sobre sexo em casa
Para Angelita, o sexo pode ser dividido entre “sexo da paixão”, no início da relação, e “sexo do conhecimento”. “Quando é paixão, é só encostar que pega fogo! Não importa se está com dor de cabeça”, exemplifica. “Depois tem o sexo do conhecimento, quando você tem um envolvimento emocional e ele passa a ser um momento de intimidade”, complementa. Ela conta que o marido percebe quando não está num bom momento para o sexo, e respeita sua vontade. “Ele nem chega perto quando sabe que não estou bem”, afirma. Esse tipo de atitude é fundamental para o equilíbrio em um relacionamento. Segundo o psicanalista Jair, existem três pilares que constroem uma relação sólida: o apelo (amor, compaixão, paixão), tesão (sexo) e diálogo. Jair diz que o casal precisa ser uma “dupla fértil”. Ou seja: quando o homem e a mulher são desencontrados psiquicamente, o sexo não é impor-
Angelita tem consciência sobre os benefícios que o sexo traz para a saúde, e sempre procurou conversar com seus filhos sobre o assunto. “Foram orientados desde a própria sexualidade, pra ter entendimento sobre o crescimento do corpo e tudo que ia acontecer com eles. Quanto à atividade sexual, sobre o que a mulher gosta, e sobre os cuidados que precisam”. Para a psicóloga Caroline, é fundamental educar os filhos para que preservem seu corpo, e consigam falar naturalmente sobre o tema. “Crianças perguntam como nasceram, e os pais precisam contar que foi num ato de amor”. O ideal, de acordo com ela, é liberar informações conforme a maturidade dos filhos. Assim, é possível também alertá-los sobre os riscos de uma relação sexual desprotegida quando já estiverem preparados para compreender o assunto. A preocupação de Angelita Ricardo de Oliveira
Quer saber mais? Altos papos sobre sexo Laura Muller
Quando o assunto é sexo, falta informação e sobram interrogações, seja para homens ou mulheres. Nesse livro, Laura concretiza a possibilidade de organizar o conhecimento de tal forma que dê conta da heterogeneidade de interesses do público. *R$29,90, em média
Um caso de histéria. Três ensaios sobre sexualidade e outros trabalhos Sigmund Freud O livro traz os métodos psicanaliticos de Freud para exemplicar a sexualidade e suas relações com outras questões da natureza humana. *R$29,90, em média Fonte: Livrarias Cultura e Catarinense
no que se refere à vida sexual de seus filhos é baseada na relação entre precaução, confiança e amor. Isto porque sexo pode ser sinônimo de saúde, mas também um meio de contração de graves doenças. No início de um namoro, segundo Angelita, os casais têm a preocupação de usar camisinha. Mas se a menina toma anticoncepcional, o envolvimento amoroso traz à tona a questão da confiança. “Aí acaba a precaução da camisinha”, lamenta.
DST’s em jovens
Falar com os filhos sobre sexo é essencial para que preservem seu corpo e tratem naturalmente o assunto
Itajaí, setembro de 2012
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A questão problemática, para Angelita, é que não só a gravidez deve ser evitada. “É difícil colocar na cabeça do jovem a necessidade da prevenção constante”, afirma. No consultório de Alexandra de Souza, ginecologista e obstetra, as pacientes mais novas são maioria entre as que contraem doenças sexualmente transmissíveis. Esse tipo de patologia pode ser causado por diferentes tipos de germes, incluindo bactérias, vírus, parasitas e protozoários. Entre as DSTs mais comuns, estão cancro mole (cancroide), chato (pediculose pubiana), clamídia, gonorreia, hepatite B, hepatite C, herpes genital, HIV (AIDS), HPV, sífilis e tricomoníase. Angelita busca alertar seus filhos sobre os riscos de doenças sexualmente transmissíveis. E apesar de falar a respeito de sexo com tanta naturalidade com eles,
nem sempre foi fácil para ela falar sobre o assunto. Angelita saiu de casa com apenas 17 anos, e sua mãe temia que a filha fosse engravidar cedo. “Eu tinha medo de ter uma relação sexual por causa disso”, lembra. “Perdi a virgindade quando já estava noiva do meu ex-marido. Não foi planejado porque eu queria casar virgem”, conta.
Elas também querem
Apesar dos tabus, segundo a psicóloga Caroline, sexo é um assunto igualmente importante para homens e mulheres. De acordo com ela, é comum que se diga que homens precisam de sexo, mas mulheres não. “Sexo é uma necessidade fisiológica para ambos”, afirma. Sexo saudável ajuda a regular o sono, e evita problemas como a depressão. Ele melhora a circulação, alivia o estresse e pode queimar até 300 calorias em uma hora. Além disso, estimula o organismo a produzir substâncias que ajudam a melhorar a aparência. O aumento do nível de estrógenio no sangue no momento da relação deixa a pele mais bonita e os cabelos mais brilhantes. Apesar dos tabus, portanto, o sexo é uma atividade importante para o bem estar físico e para a saúde da mente. Uma vida sexual saudável aumenta a probabilidade de vida longa para o casal, e de prosperidade na família.
*Jornalismo, 4º período
Esporte
Desafio Ilha do Arvoredo agita Bombinhas
Superação, treinamento e vivência fazem a diferença na maior travessia de natação em mar aberto da América Latina
Márcia Cristina Ferreira* Marcia Regina Ferreira
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a madrugada fria de domingo, 23 de setembro, apesar de ser o segundo dia da primavera de 2012, o vento sul cortava a pele e embaraçava os cabelos no trapiche da Prainha, no Centro de Bombinhas. Vinte e seis embarcações, a maioria barcos de pesca coloridos e algumas lanchas, aguardavam sua vez de embarcar os participantes do “Desafio Ilha do Arvoredo”, uma travessia de 25 quilômetros a nado entre o Arvoredo e a praia de Bombinhas. Cada barco levou pelo menos um salva vidas e um fiscal de prova, naturalmente a exceção foi a equipe Admiradores do Seu Vital, formada por salva vidas. Ainda acompanharam a competição um barco dos Bombeiros e dois da Marinha. A partir das 4 horas da manhã começaram a viagem de, aproximadamente, duas horas até a ilha do Arvoredo. Todo mundo ria, brincava e tremia. Salvo alguns corajo-
sos como o Capitão da Polícia Militar Éder Jaciel de Souza Oliveira, que ostentava uma bermuda floral, uma malha de surf fininha e chinelos nos pés, e ainda zombava do povo que reclamava do frio no trapiche. Ele não nadou os 25 quilômetros, mas acompanhou de Stand Up Paddle Surf (surf praticado em pé e com o uso de remos) uma boa parte do percurso com a equipe Admiradores do Seu Vital, única prata da casa na competição. Ao todo, participaram 60 atletas com idade variando entre 15 e 70 anos, nesta que é a 3ª edição da travessia. Do total que largou, 57 completaram a prova.
Um pouco da história
Quando começou, em 2009, tinha poucos nadadores para cumprir o percurso, da ilha do Arvoredo, na reserva ambiental que fica no território de Florianópolis, até a praia de Bombinhas. Cássio Ricci, de Curiti-
ba, foi o pioneiro. Num desafio pessoal, ele reuniu uma equipe e mais o amigo Carlão, o Carlos Trautwein Bergamaschi, de Joinville - Santa Catarina, para realizar a prova e conquistar o
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Participaram 60 atletas de 15 a 70 anos e 57 completaram a prova de 25 Km
JORNAL COBAIA
título pela primeira vez. Ano passado, cumpriu o objetivo de chegar à praia de Bombinhas em 7 horas e 52 minutos. Este ano superou a si mesmo e mais, testemunhou a consolidação de uma prova que entra para a história e o calendário das grandes competições de natação de todo o mundo.
O maior desafio
A Travessia de Natação Ilha do Arvoredo/Bombinhas é a maior de mar aberto das Américas. Perde em grau de dificuldade, mundialmente falando, apenas para o Canal da Mancha, cuja travessia é de 32 quilômetros. É considerada por participantes e organizadores como o maior desafio de natação do Brasil. Desta 3ª edição da prova participaram atletas de todo o país nas categorias individual, duplas e revezamento de três, quatro e cinco nadadores. A organização é de responsabilida-
de de Doutel de Oliveira, o Tio Teco, nadador que desde 2009 está envolvido na organização de competições de natação e surf. Ao ver o desafio proposto pelo amigo Cássio Ricci e também acostumado a conviver com uma nadadora brasileira famosa já falecida, Dailza Damas, ele puxou para si a responsabilidade de encabeçar essa história. A premiação abrange os três primeiros colocados em todas as categorias, que recebem troféus. Independentemente da ordem de chegada, todos os nadadores que completam a prova recebem medalhas de participação e um certificado de conclusão do percurso. Os tempos conquistados não constam como oficiais para as competições de natação mundo afora, pois segundo o Tio Teco, não existem competições com essa metragem. “Essa prova é um desafio”, diz ele, lembrando que se trata de uma competição de caráter amador.
Itajaí, setembro de 2012
Esporte
Marcia Regina Ferreira
A competição na voz dos campeões
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o fim da tarde de sábado, início da noite anterior ao desafio, todos os competidores foram reunidos em um restaurante à beira mar para que fosse explicado o regulamento, além de cuidados específicos numa disputa como esta. Além do próprio Tio Teco, que explicou as regras, também Cássio Ricci, veterano na competição e na vida, fez seu depoimento sobre o percurso. E ainda um jovem nadador da Puc de Curitiba, doutorando em medicina, deu algumas dicas quanto à preservação do organismo no mar. Foi dele o lembrete de que em competições assim, faz-se necessário que as equipes tenham vinagre a bordo dos barcos, para uso em caso de queimaduras por águas vivas. E justamente este jovem nadador, Matheus Andraus, 20 anos, e os companheiros Giovanni Vertematti, 19, Cesar Kramas, 15 e Victor Cardoso, 20, sagraram-se campeões no reve-
zamento quatro atletas, com o tempo de 5 horas e 24 minutos. Eles são treinados por Jeferson Matias. A equipe está junta profissionalmente há quatro anos e apesar da pouca idade são nadadores experientes, acostumados a provas difíceis e a vencer. Já participaram da travessia dos Fortes, do circuito Mercosul e de Bombinhas, portanto já conheciam o mar daqui destes lados. Giovanni Vertematti conta que a prova realmente é uma das mais difíceis que já nadaram, além de muito emocionante. Ele nada desde os quatro anos de idade e como a equipe está junta há muito tempo, existe uma harmonia fácil de ser observada no grupo.”Não podemos dizer que sempre vencemos, mas estamos sempre treinando para buscar o melhor.” Outra equipe a chegar entre os primeiros no revezamento quatro atletas foi a WQL Multisports de Brasília/DF, com o tem-
po de 6 horas e 50 minutos. Já no seminário da noite de sábado eles estavam confiantes, mesmo reclamando do frio intenso que fazia na beira da praia. Um fato interessante é que muitas equipes eram mistas, justamente o caso da WQL com os atletas Marcel Huthmacher, nadador e técnico, Marcos Bauch, Alejandro Barrios e Marília Cristina dos Santos. Eles chegaram em terceiro lugar . Antes da competição, falaram que o objetivo era se divertir, aproveitar ao máximo o desafio em grupo e, naturalmente, sofrer um pouquinho. Também são nadadores experientes, acostumados a nadar pelo mundo afora e com muita superação no currículo. Quando chegaram, abraçados e cansados, Huthmacher quase sem fôlego, mais de emoção que propriamente de fadiga, disse que foi uma experiência maravilhosa e paradisíaca. “Aconselho a participar e ano que vem estamos aqui de novo”.
Surfistas de Bombinhas apoiaram a prova com stand up paddle Marcia Regina Ferreira
Os vitoriosos no individual
Dos 16 atletas do individual, apenas um era mulher, mas, por problemas técnicos, ela não completou a prova. Os demais foram até o fim. A prova reuniu nomes famosos e vitoriosos no contexto nacional. Um dos nomes mais festejados e comentados foi o de André Roger Henri Boutique, com 73 anos, do Lira Tênis Clube de Florianópolis. O mais veloz foi um jovem de Campinas/SP, da equipe Elo Consultoria I e II, Samir Botelho Barel, com o tempo de 5 horas e 02 minutos. Barel é um dos nadadores mais vitoriosos do país e ainda encontra tempo para treinar a equipe Elo Consultoria, formada por nadadores de renome. Além do primeiro colocado no individual, levaram também a segunda colocação individual com o atleta Flavio Minoru Toi chegando em 5
horas e 36 minutos. E o segundo e terceiro lugar no revezamento 3 nadadores, com o tempo de 5 horas e 41 minutos e 5 horas e 58 minutos respectivamente. Vieram com 11 nadadores para a competição. Barel é professor de educação física. Com humildade e expressão serena, sem deixar transparecer o tamanho do esforço efetuado, relatou que a prova foi fantástica e agradeceu a organização, parabenizando-a pelo trabalho realizado. Disse que no início da prova pegaram muito vento, mas que isso é normal em provas de mar aberto. Depois o tempo ajudou e fez um dia maravilhoso de sol. “A vitória é geral, de todos que participaram. De todas as equipes. Não apenas dos primeiros colocados. Mas todos que completaram a prova são vencedores”.
Resultados Individual
1º Samir Botelho Barel (Campinas) - Tempo 5:02 2º Flavio Minoru Toi (Campinas) - Tempo 5:36 3º Norton Fremse Nicolazzi Jr. (Curitiba) - Tempo 5:56
Revezamento de 5 nadadores
1º Equipe Umidade 10 / Abasc (Brasilia) - Tempo: 5:29 2º Equipe Gladiadores do Luiz Lima (Rio de Janeiro) - Tempo 5:58 3º Bombeiros Bombinhas (Bombinhas) - Tempo 6:14
Revezamento de 4 nadadores
1º Equipe PUC Maratonas Aquáticas MAN (Curitiba) - Tempo 5:24 2º Equipe Cassio Ricci Gowyll (Curitiba) - Tempo 5:58 3º Equipe WQL Multisports (Brasilia) - Tempo 6:50
Revezamento de 3 nadadores
1º Equipe Cassio Sá / Paula Ramos (Florianópolis) - Tempo 5:12 2º Equipe Trio Elo 1 (Campinas) - Tempo 5:41 3º Equipe Trio Elo 2 (Campinas) - Tempo 5:58
Revezamento de 2 nadadores O nadador de Florianópolis André Roger Henri Boutique, aos 73 anos, foi destaque entre os veteranos
Itajaí, setembro de 2012
JORNAL COBAIA
1º Equipe Dupla Mista (Florianópolis) - Tempo 5:43
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Esporte Lucas Coppi
Paixão edificada
Vascaíno fanático constrói casa em homenagem ao time em Camboriú e vira atração na cidade Lucas Coppi*
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paixão começou há mais de 30 anos. Pelo rádio, sem sequer saber como era o uniforme do time do coração. Hoje, porém, está escancarada. Nas roupas, na fala e, principalmente, na casa. Davenir Henkel, morador do bairro Monte Alegre, em Camboriú, não se contentou em mostrar sua paixão pelo Vasco da Gama, clube de futebol do Rio de Janeiro, através de cartazes ou camisetas. Construiu uma casa em homenagem ao time. Ao chegar à casa de Davenir, conhecida como “a casa do Vasco”, é fácil se impressionar. Já de fora, é possível perceber as várias cópias da Cruz de Malta espalhadas pela parede, e uma janela no formato do escudo do clube. No entanto, são os detalhes que mais chamam a atenção. Até o portão tem os ferros soldados em forma de cruz. Nem o ventilador de teto escapa. A ideia da casa, porém, veio muito depois do início da relação de amor com o Vasco da Gama. Davenir conta que a paixão pelo Vasco começou nos anos 70, na sua cidade natal, Rio do Campo (SC). “Meu pai era palmeirense, mas a gente não tinha eletricidade e eu escutava no rádio que um tal de Roberto Dinamite estava começando, fazendo gols”, lembra ele. Logo, decidiu que torceria por aquele clube do qual, até então, “não sabia nem como era a camisa”. Mais tarde, o pai tentou convencê-lo a torcer pelo
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Palmeiras, mas não dava mais tempo. “O Vasco foi Campeão Brasileiro em cima do Cruzeiro, em 74. Não adiantou ele forçar”, diz Davenir. Em 1977, a família se mudou para Balneário Camboriú. No litoral, o vascaíno, então com 11 anos, alimentava sua paixão vendendo picolés para poder comprar revistas que falassem do clube. “Também comprei um radinho para poder ouvir os jogos”, conta. Foi o rádio, inclusive, o maior influenciador no crescimento do amor pelo clube. No final dos anos 70, Davenir anotou, durante cinco anos, todos os resultados, escalações, arbitragens e públicos dos jogos do Vasco. “Teve um jogo contra o Rio Branco-AC, que por causa do horário diferente era às 11 da noite aqui. Acabou a luz lá e, quando o jogo começou, já era uma da manhã. Fiquei até as 3 horas escutando rádio. O jogo foi 1x1, gol do Pedrinho, lateral esquerdo”, lembra o torcedor, impressionando com sua memória. Davenir, aliás, não perde um jogo do Vasco há muito tempo. “Desde 1978 eu não perco nenhum jogo. Seja pelo rádio ou pela Tv”. A paixão pelo cruzmaltino não terminou, mas outra apareceu na vida do torcedor. A mulher, Alessandra, com quem vive há 12 anos, já aprendeu a conviver com o outro amor do marido. “A gente sempre acompanha. Não sou de torcer, mas nem penso em ir contra. Acabo
querendo o bem do time”. Customizar a casa com os símbolos do time carioca foi uma vontade recente. “Faz uns seis anos. O Vasco estava passando por uma fase ruim, aí pensei: ‘Vou fazer algo para melhorar a imagem do time’”, conta o apaixonado. Uma provocação também o impulsionou a construir a “casa do Vasco”. “Eu já tinha uma Cruz de Malta no muro, aí passou um flamenguista e disse ‘Não acredito’. E eu respondi: ‘Não acredita? Agora você vai ver’”, relembra Davenir. Há dois anos, a casa ganhou uma piscina, também customizada, com um mosaico em formato de Cruz de Malta no fundo. O próximo passo, “talvez”, será uma nova sala. Também customizada? “Quero colocar uma estátua do Dinamite”, brinca o torcedor. Tanto trabalho elimina qualquer possibilidade de venda da casa. “Já veio um vascaíno de Joinville querer comprar. Mas não tem dinheiro que pague. Daria muito trabalho para fazer outra”, afirma. Feliz com a casa, o vascaíno agora desfruta da “fama” que ela trás. Já foi assunto no Lance!, jornal carioca, e até na página oficial do Vasco na internet. Para ele, no entanto, isso não muda nada. “O pessoal vem ver a casa. Eu deixo entrar, sei que é algo diferente, mas para mim não muda nada. Continuo o mesmo”, finaliza o torcedor.
*Jornalismo, 6º período
JORNAL COBAIA
Lucas Coppi
Casa customizada do torcedor chama atenção de moradores e visitantes Lucas Coppi
Devanir homenageia seu time do coração e ganha fama
Itajaí, setembro de 2012
Comportamento
Feche os olhos, abra a mente e descubra-se Ciência, desejos reprimidos e vidas passadas. A psicologia existencial explica o que os sonhos revelam sobre você Mariana Feitosa e Pietra Paola Garcia*
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madrugada estava silenciosa quando o choro desesperado tomou conta do cenário. Joãozinho* havia tido um pesadelo amedrontador demais para os seus 4 anos de vida. O menino sonhou que se vira com o rosto deformado e sem boca em uma foto, e isso, é claro, causou pânico o bastante para uma noite em claro e um desejo de não dormir nunca mais. Mas afinal, porque um sonho impressiona tanto? Na verdade, o que é um sonho? A neurociência explica o sono como um momento de descanso que o corpo e a mente têm para repor as energias de um dia. O neurologista e neuropediatra Léo Ricardo Honnicke esclarece que o sono é dividido em cinco estágios. O primeiro é um sono bem leve e fácil de acordar, como aqueles cochilos ao assistir a um filme, que apesar de durar segundos, parece ser uma eternidade. O segundo estágio é um intermediário, e os estágios 3 e 4 representam o sono mais profundo. Nos últimos, a atividade cerebral é reduzida e são realizadas funções metabólicas, como a produção do hormônio do crescimento. O quinto estágio é chamado de REM, do inglês “Rapid Eyes Moviment”. O sono REM é atingido 90 minutos depois do primeiro estágio. Nele a atividade cerebral é extremamente lenta e os movimentos oculares são rápidos; neste momento acontece também a maior parte dos sonhos. Durante a noite este ciclo se repete várias vezes, em média 25% do tempo em sono REM e o restante em sono NREM (qualquer um dos outros estágios), e isso é importante para o descanso efetivo. A região do cérebro responsável pela formação dos sonhos é chamada de Tronco Cerebral, e fica na parte de trás, acima da medula espinhal. Para que o sonho aconteça entra em ação o mecanismo “Formação Reticular Ativador Ascendente”, que influencia no sistema nervoso central fazendo a regulação do sono para que o ciclo (NREM e REM) se complete, e assim as lembranças dão origem aos sonhos. Honnicke diz que os sonhos funcionam como uma válvula de escape para o cérebro, ajudando a se livrar de coisas que não foram resolvidas e memórias inúteis.
Wiliam Koester
Espiritismo
Sonhos são válvulas de escape para o cérebro e ajudam a eliminar memórias inúteis gem que só pode ter significados e sentidos no contexto de vida do “sonhador”, por isso qualquer um dos “manuais prontos” não passam de ilusão. Aurino Ramos Filho, Mestre em Psicologia Social e da Personalidade, define o humano como um ser quaternário. Ele diz que ao mesmo tempo o homem é Bio (pela existência do corpo físico), Psico (um conjunto de pensamentos, memórias, e emoção), Sócio (pela necessidade de interagir) e Noético (espiritual). O lado noético pergunta constantemente “Para que existir?”, e a busca por esta resposta é o desejo nomeado autotranscendência. Neste processo, o sonho é então a experiência espiritual
inconsciente que vem ajudar o indivíduo a responder esta dúvida existencial. Sobre o sonho (quase pesadelo) do personagem desta história, Aurino diz que a boca é sempre o primeiro contato que se tem com as novas descobertas do mundo, a alimentação e a comunicação; por isso o sonho de estar sem boca pode representar um medo de não se revelar por meio da palavra, ou de ter suas necessidades básicas reprimidas.
Psicanálise, psica, quem?
“O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”, esta é a frase chave escrita pelo pai da psicanálise Sigmund Freud em sua obra “A Interpretação
dos Sonhos”. Foi neste livro que Freud edificou os principais fundamentos da teoria psicanalítica, constituindo o ponto de apoio para todo o desenvolvimento posterior. A conclusão é: a essência do sonho é a realização de um desejo reprimido. O psicanalista e professor Jair Ferracioli usa uma metáfora interessante: “Assim como o estômago faz a digestão dos alimentos, a mente faz a digestão das emoções; e os sonhos são uma maneira de a mente digerir o que foi vivido”. Daí vem a explicação para os “desejos reprimidos” de Freud. Quando queremos viver uma situação e não podemos, projetamos em nosso subconsciente um recalque, uma repressão, e como no
Para esta filosofia todo ser humano é composto de corpo físico e espírito. O mesmo espírito reencarna na Terra várias vezes, em vários corpos diferentes, mas apesar de formar várias almas, o espírito nunca morre. O espiritismo crê que nós temos missões a cumprir e lições para aprender, até nos tornarmos espíritos desenvolvidos; e por isso, recebemos a orientação de mestres e das experiências nas vidas passadas. Quando o corpo repousa, o espírito tem mais condições de exercer seus dons, do que quando estamos acordados, em vigília. E neste estado de pseudo morte é possível conversar com guias e mestres superiores, assim como com outros espíritos. Pedro Ferrari, trabalhador do centro espírita Alan Kardec, explica que os sonhos são momentos de integração entre mente e espírito e trazem mensagens de nossas vidas passadas, em geral, para mostrar o que somos ou os caminhos por onde não devemos mais seguir. Para Pedro, o significado de um sonho não é uma “matemática exata”, isto porque nenhuma mensagem é fechada. Sempre haverá ligação com o estado do espírito naquele dia, e principalmente com as vivências humanas. Ele completa dizendo que todos os problemas da combinação “vidas passadas + encarnação atual + futuro” podem sim ser resolvidos nos sonhos, basta estudar e estar atento.
E a mitologia?
Segundo a mitologia grega, Morfeu era o deus do sonho. O nome “Morfeu” quer dizer “a forma” e representa o dom desse deus: viajar ao redor da Terra para assumir feições humanas e, dessa maneira, se apresentar aos adormecidos durante os seus sonhos. Segundo o mito, Morfeu usava uma papoula - a flor - para acariciar quem dormia, a fim de lhe propiciar sonhos. É por isso que se costuma dizer que quem cai nos braços de Morfeu tem um sono tranquilo e revigorante.
Várias faces de um sonho
Para a psicologia existencial, o sonho é fenomenologia, algo que é vivido e sentido somente pela pessoa envolvida, e cuja realidade é incontestável. Ele se estabelece então como uma lingua-
Itajaí, setembro de 2012
sono o estado “comandante” é o subconsciente, é natural que sonhemos com estas vontades. “O sonho é um divã gratuito, ele organiza todo o sistema emocional durante a noite e o prepara para o próximo dia. Tanto é que um sono barulhento e agitado te faz acordar de mau-humor, e com aquela sensação de ser atropelado por um caminhão”, completa Ferracioli.
*O nome do personagem foi alterado
*Jornalismo, 4º período
JORNAL COBAIA
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Ensaio Fotográfico
s e r o d i t s a B o OPA d
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Fotos de Camila Laís JORNAL COBAIA
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