Jornal
Cobaia
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI Itajaí, junho/julho de 2012 Edição 114 Distribuição Gratuita
Exposição de antigos
Centreventos de Itajaí sediou o oitavo encontro regional, onde brilharam modelos como este Cadillac
14 Eliza Doré
Olhares Múltiplos
Cultura indígena
Seriado
Guaranis lutam por seus direitos
No universo mágico da fotografia
2ª temporada de Game of Thrones
Presença constante em Balneário Camboriú, índios sobrevivem da venda de artesanato
Matthew Shirts fez com que cada um desejasse viver um pouco da revista National Geographic
Traições, alianças, mentiras e sexo esquentam a trama, mas não convencem telespectador
Júlia Paniz
Divulgação
Fotomontagem
Ombudsman
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Diversidade garantida ou seu dinheiro de volta
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Ombudsman
Editorial
Especial sobre Olhares Múltiplos e Rio+20 Vera Sommer*
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emorou, mas saiu o Cobaia de junho/julho. E com uma edição especial sobre Olhares Múltiplos 2012, que mobilizou os cursos do Ceciesa - Comunicação, Turismo e Lazer, nos campi de Itajaí, Balneário Camboriú e Florianópolis – Unidade Ilha. As palestras, os minicursos e as oficinas, realizados nos dias 29, 30 e 31 de maio, renderam inúmeras matérias jornalísticas, produzidas por alunos do sétimo período de jornalismo, sob a coordenação da professora Jane Cardozo da Silveira, presentes nas páginas centrais. Esta edição também conta com uma matéria especial sobre a conferência Rio+20, com direito a uma contracapa só de imagens do evento que, durante quase duas semanas, reuniu representantes de centenas de países. Enquanto dentro das salas de convenção, havia discussões em torno de problemas am-
bientais urgentes relacionados a água, energia, lixo etc, fora delas, jovens manifestantes chamavam a atenção da mídia e dos demais participantes para outras questões envolvendo o destino do planeta Terra. Há ainda uma reportagem sobre a exposição de carros antigos, ocorrida no Centreventos
Há espaço para alunos de outros cursos integrarem as páginas deste jornallaboratório
de Itajaí, reunindo aficionados por modelos raros e praticamente originais; uma crítica sobre a temporada de Game of Thrones e uma coluna sobre Netnografia. Além disso, esta edição traz algumas produções realizadas por alunos do primeiro período de jornalismo, na disciplina de Técnica de Reportagem (sob minha responsabilidade), sobre a cultura indígena. Vale lembrar que o principal objetivo desta publicação é dar visibilidade ao texto dos acadêmicos de jornalismo. Contudo, há espaço para alunos de outros cursos integrarem as páginas deste jornallaboratório, como exercício de sua produção textual e diversificação dos olhares da realidade que nos rodeia. Boa leitura!
*Editora Reg. Prof. 5054 MTb/RS
Fica esperto! Prêmios Santander Universidades
Curtir para entender
Estão abertas as inscrições para a terceira edição do Prêmio Destaques do Ano – Guia do Estudante, que faz parte dos Prêmios Santander Universidades – Edição 2012. Tem como objetivo reconhecer as instituições de ensino superior (IES) que mais se destacaram nos últimos doze meses – de julho de 2011 a junho de 2012 – em quatro aspectos do mundo acadêmico. Essas áreas são definidas, em cada edição, de acordo com os temas mais relevantes para o desenvolvimento da educação superior em nosso país. Para este ano, as categorias são: Sustentabilidade: Integração entre graduação e pós-graduação: Internacionalização: e Combate à evasão. A premiação é aberta a todas as IES brasileiras, e a inscrição se dá por meio do preenchimento e envio de um formulário eletrônico e o prazo para preenchimento do questionário vai até o dia 16 de setembro de 2012. Os projetos ou iniciativas descritos deverão, necessariamente, ter sido implementados. Serão considerados aqueles realizados ou que estavam em vigor entre julho de 2011 e junho de 2012. Mais informações no premiodestaquesdoanoge@abril.com.br.
Em meio a “curtidas” e compartilhadas, há muitos “experts” em redes sociais. Mas como utilizá-las como ferramenta eficiente na comunicação? As turmas do 3º período de Relações Públicas e Publicidade e Propaganda pesquisaram algumas dicas e produziram conteúdos relacionados ao tema. O material está exposto, em bânneres, no terceiro andar do bloco C3 e hospedado na página da internet projetomidiassociais.blogspot.com.br. Essas atividades fizeram parte da disciplina Projeto Interdisciplinar, sob a responsabilidade da professora Lígia Najdzion.
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Diversidade garantida ou seu dinheiro de volta
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auta diversificada na edição anterior: ponto para o Cobaia, que quase conseguiu sintetizar a movimentada agenda cultural e esportiva que chacoalhou a região num período atípico do ano. A inclusão de Itajaí na rota da Volvo Ocean Race explica essa agenda inflada e justifica o amplo espaço dedicado à cobertura da regata nas páginas 06, 07, 10 e 11 do jornal de maio. Pelo mesmo motivo (a grande regata, claro), o Festival de Música foi antecipado e não faltou voluntário para acompanhar bem de perto os shows pop. Assim, Nando Reis e banda ganharam destaque na capa e dividiram com o Paralamas as páginas centrais, onde se abriu espaço também à nobreza de Sir McCartney em memorável passagem por Florianópolis. Tudo muito justo e apropriado. Contudo, é preciso explicar o “quase” lá da abertura: uma pena o Cobaia não ter registrado a emocionante, refinada e preciosa apresentação da Família Caymmi durante o Festival de Música de Itajaí: ver os irmãos Dori, Nana e Danilo nas páginas deste jornal laboratório seria confortante nestes tempos de gostos musicais tão duvidosos. Enfim, quem sabe numa próxima vez ... Frustração à parte, a edição passada trouxe Luís Nachbin e Fernando Morais (viva!). Ainda teve o mérito de antecipar atrações dos “Olhares Múltiplos”, que é alvo de cobertura especial neste número, editado em meio ao ritmo nervoso e alucinante das bancas de TCC - sigla para Trabalho de Conclusão de Curso e assunto para muita pauta, com certeza. Voltando ao número anterior, relevante a reportagem sobre abandono de animais. Faz pensar em responsabilidade compartilhada: não vale cobrar atitudes só dos poderes públicos, tampouco aplacar a consciência diante do “bom samaritano” que sempre dá jeito de acolher mais um enjeitado. Nada disso. Espera-se que a matéria tenha levado cada um a refletir sobre o papel que lhe cabe nessa história. Será que conseguiu? Tomara. Outros temas também estamparam aquela edição: moda, comportamento, cinema. Nossos acadêmicos são corajosos, não temem correr riscos. Imagine escrever sobre um filme de Almodóvar, é mole? Bacana, muito bacana esse experimento. Se podemos melhorar? Claro que sim. Em alguns momentos, repetimos palavras em dois títulos muito próximos um do outro, ou recorremos a um chavão (transformar sonho em realidade, no box da 07). O termo “evento”, coitado, foi empregado à exaustão. E as fotos poderiam trazer ângulos menos convencionais, com focos mais ajustados. Enfim, temos muito chão pela frente. Ainda bem. Sem essa de dinheiro de volta!
*Jane Cardozo da Silveira é jornalista. Formada há 28 anos, está no Curso de Jornalismo da Univali desde 1994.
Camila Castro
Espaço do Leitor
Tem algum assunto que você gostaria de ler nas próximas edições? Conte-nos! E-mail: cobaia@univali.br
Expediente
Formaturas da Comunicação Social
Será realizada, no dia 28 de julho, a formatura dos acadêmicos de Comunicação Social - Habilitação e Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas, 2012/1. A solenidade de colação de grau terá início às 17h, no Clube Ariribá, localizado na avenida das Arapongas, 700, no bairro Ariribá, em Balneário Camboriú. No Jornalismo, a professora Valquíria Michela John será a paraninfa; o professor Carlos Praxedes, nome de turma; e o patrono, o jornalista Robson Souza. Em Relações Públicas, a paraninfa será a professora Cristiane Maria Riffel; a patronesse, Eni Maria Ranzan; e Ediene do Amaral Ferreira, nome de turma. Em Publicidade e Propaganda, os professores Robson Freire e Cleiton Marcos serão, respectivamente, patrono e nome de turma; e o publicitário Hans Peder Bering, o paraninfo. O culto ecumênico será no dia 27, às 21h, na Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento, em frente à praça Governador Irineu Bornhausen, no Centro de Itajaí.
Jane Cardozo da Silveira*
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALI XXVI Prêmio Jovem Cientista Estudante ou pesquisador, se você desenvolve pesquisa em Inovação Tecnológica no Esporte, participe. As inscrições estão abertas até o dia 31 de agosto, no site do concurso. A pesquisa desenvolvida deve propor soluções capazes de promover a inclusão social e o avanço na saúde por meio dos esportes. Os vencedores concorrem a bolsas de Iniciação Cientifica, Mestrado, Doutorado ou Pós-Doutorado Júnior, além de dinheiro e viagens. Professores, que atuarem como orientadores na metodologia de pesquisa, serão premiados com um laptop. Mais informações: jovemcientista.cnpq.br.
JORNAL COBAIA
IN - Agência Integrada de Comunicação Itajaí, junho/julho de 2012. Distribuição gratuita EDIÇÃO Vera Sommer Reg. Prof. 5054 MTb/RS FOTO PRINCIPAL DE CAPA Eliza Doré PROJETO GRÁFICO Raquel da Cruz DIAGRAMAÇÃO Raquel da Cruz GRÁFICA Grafinorte TIRAGEM 2 mil exemplares DISTRIBUIÇÃO Nacional
Itajaí, junho/julho de 2012
Enade
MEC convoca universitários Internet de diversos cursos no país Governo promete divulgar, em setembro, a lista dos selecionados para realizar o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes Raquel da Cruz*
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i, você aí! Responda rápido: o que é o Enade? Sabe dar, pelo menos, três motivos sobre o que você tem a ver com isso? Alunos, professores e outros envolvidos com a comunidade universitária, de alguma forma, têm a ver com o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), é a forma de o Ministério da Educação (MEC) acompanhar o processo de aprendizagem nas instituições de ensino superior do país. A gerente de Ensino e Avaliação da Pró-reitoria de Ensino da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Blaise Keniel da Cruz Duarte, explica: “o MEC precisa de parâmetros para conseguir acompanhar a educação em cada cidade do país”. E o Enade é essa ferramenta. Para fazer essa análise, os cursos participantes recebem uma nota de zero a cinco, conforme o desempenho e a avaliação dos estudantes. No Enade de 2011, os cursos de Medicina, Odontologia, Fonoaudiologia e Nutrição, da Univali, tiveram nota quatro. E os cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia e Serviço Social, três. Embora seja atribuída uma pontuação, Blaise afirma que “o Enade não tem função de ranquear, mas de analisar a situação da educação superior”. Esclarece que, quando um curso tem nota dois, a instituição precisa justificar o desempenho e traçar um plano de melhorias. Além disso, o MEC passa a acompanhar a execução desse plano até o próximo Enade. Os escolhidos para fazer a prova são os bacharelados em Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Comunicação Social, Design, Direito, Psicologia, Relações Internacio-
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Para os profissionais de Netnografia, são verdadeiras “minas de ouro”, porque, nos perfis dos usuários, encontramse os seus hábitos de consumo.
Camila Castro
Vanderlei Maria*
Netnografia
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Acadêmicos de Comunicação Social da Univali serão convocados nais, Secretariado Executivo e Turismo. Enquanto que, entre os cursos técnicos, estão Gestão Comercial, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Financeira, Logística, Marketing e Processos Gerenciais.
Quem faz o Enade?
Engana-se quem pensa que só alunos dos últimos períodos devem fazer o Enade. O MEC convoca calouros, formandos, estudantes que tenham completado mais de 80% da carga horária do curso e aqueles que foram selecionados, em anos anteriores, mas, por qualquer razão, não participaram. “Fiquei surpresa. Achei que os acadêmicos mais experientes seriam os escolhidos”, conta Mayara Cristina Bail, 20, acadêmica do Curso de Relações Públicas. Ela fez a prova em 2009, quando estava no primeiro período. “Participamos de um simulado, promovido pela instituição, para testar nossos conhecimentos e ‘termos
uma noção’ do que seria a prova”. Ela acredita ter sido o suficiente, mas acha que só os veteranos deveriam fazer o Enade. No dia 20 de setembro, será divulgada a lista dos alunos selecionados para participar do Enade 2012. Quem for convocado deverá responder um cadastro socioeconômico, na página da internet portal.inep.gov.br. Esse questionário estará disponível entre os dias 15 de outubro e 18 de novembro. Nele, o aluno informa ao MEC situação social, renda, endereço, recursos para pagar a faculdade e avaliação da qualidade de ensino na instituição em que estuda. Ao completar esses dados, poderá imprimir o Cartão de Informação do Estudante, que contém informações sobre o horário e o local de prova. O segundo passo é comparecer, munido de documento de identidade com foto, no dia 18 de novembro e responder ao exame.
*Jornalismo, 3º período
o início, por não ter interação com o usuário, a internet era chamada de 1.0. Com a chegada da internet 2.0, o usuário pode interagir com outras pessoas por meio de postagens e compartilhamentos de informações, havendo a possibilidade de interação. Com isso, começou a surgir várias plataformas sociais, como o blog, facebook, Orkut e outras. Com o surgimento das mesmas, surge a netnografia. Segundo Christine Hine, a Netnografia é a transposição da etnografia, a etnografia, em sua forma básica, consiste em que o pesquisador submerja no mundo que estuda por um tempo determinado e leve em consideração as relações que se formam entre quem participa dos processos sociais deste recorte de mundo, com objetivo de dar sentido às pessoas, que esse sentido seja por suposição ou pela maneira implícita em que as próprias pessoas dão sentido às suas vidas, para o ambiente virtual. As plataformas sociais reúnem milhões de pessoas do mundo todo, e algumas permitem a criação de comunidades onde se encontram pessoas com os mesmos gostos e trocam informações sobre os mais variados assuntos e produtos. Claro que para as pessoas “normais” não passam de mídias sociais, mas para os profissionais de Netnografia são verdadeiras “minas de ouro”, porque nos perfis dos usuários, encontram-se os seus hábitos de consumo. Antes de começar uma pesquisa, deve-se ter em mente o que se pretende conseguir com a mesma, também é indicado seguir três passos básicos. Segundo Robert V. Kozinets, a primeira são os dados coletados e copiados diretamente dos membros das comunidades on-line de interesse, onde, devido ao grande número de informações coletadas e às dúvidas que estas possam causar, é prudente o pesquisador se utilizar de vários tipos filtros para que sobrem apenas informações de relevância para o contorno da pesquisa. A segunda coleta referese às informações que o pesquisador observou das práticas comunicacionais dos membros das comunidades, das interações, simbologias e de sua própria participação. A terceira, finalmente, são os dados levantados em entrevistas com os indivíduos, através da troca de e-mails ou em conversas em chats, mensagens instantâneas ou outras ferramentas. Ao iniciar uma pesquisa, pode-se encontrar algumas limitações, como estarmos pesquisando um perfil falso, ou um usuário que coloca informações falsas para fazer parte de comunidades diferentes, ou o usuário, na terceira parte da pesquisa, pode não querer passar mais informações. A criação de plataformas sociais possibilitou o surgimento da Netnografia, que é a transposição da etnografia para o ambiente virtual. As informações coletadas para análises vêm dos perfis cadastrados nessas plataformas. Para dar início a uma pesquisa desse porte, é preciso ter em mente o que se pretende pesquisar, e conhecer os três passos para uma coleta de dados eficiente.
*Publicidade e Propaganda, 4º período
Você escreve e quer participar deste espaço? Entre em contato com a gente! E-mail: cobaia@univali.br
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JORNAL COBAIA
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Seriado
Segunda temporada de Game of Thrones
Traições, alianças, mentiras e sexo movimentam a trama da série exibida para o Brasil e os EUA, mas não convence
Rodrigo Ramos*
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adorada série Game of Thrones foi exibida pelo canal pago HBO, entre abril e junho, com transmissão simultânea no Brasil e nos Estados Unidos. Neste segundo ano, o canal mostra que, em termos de qualidade, o seriado é impecável. Com produção tão grandiosa quanto qualquer filme da trilogia O Senhor dos Aneis, com takes, fotografia, direção de arte, figurino magníficos. Criada e produzida por David Benioff e D.B. Weiss, a segunda temporada desenvolve-se sob a sombra da rápida aproximação do inverno – a estação do corvo branco. Em Porto Real, o desejado Trono de Ferro está ocupado pelo jovem e cruel Joffrey (Jack Gleeson), que recebe conselhos da conspiradora mãe Cersei (Lena Headey) e do tio Tyrion (Peter Dinklage), nomeado como a Mão do Rei. O domínio dos Lannister sobre o Trono, no entanto, está sob ataque de várias frentes. Robb Stark (Richard Madden), filho de Ned Stark (Sean Bean), o Senhor de Winterfell, busca autonomia no Norte, e tomou o irmão de Cersei, Jaime (Nikolaj CosterWaldau), como prisioneiro na batalha. Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) procura manter seu combalido poder no Leste com a ajuda de seus três dragões recém-nascidos. Stannis Baratheon (Stephen Dillane), irmão do falecido Rei Robert, rejeita a legitimidade de Joffrey e faz uma aliança com uma poderosa sacerdotisa para orquestrar um ataque naval. E Renly (Gethin Anthony), o carismático irmão de Stannis, mantém sua ideia de tomar o trono depois de fugir de Porto Real. No meio disso tudo, um novo líder começa a se erguer no selvagem norte da Muralha, acrescentando novas ameaças para Jon Snow (Kit Harington) e a ordem da Patrulha da Noite. A essência de Game of Thrones mantém-se a mesma, com muitas traições, alianças, mentiras e sexo. E, se o elenco da primeira temporada já era grande, o da segunda não fica pra trás. Há mais de 20 novos personagens, com alguma relevância para a trama. É justamente nesse acréscimo que o seriado acaba escorregando. Como não li a obra literária, não posso julgar a partir dela. Posso falar apenas sobre a série e os dez episódios, com quase uma hora de duração cada, não conseguem dar prestigiar devidamente cada personagem. São tantos na tela que fica difícil dar a devida atenção e profundidade para todos. É um trabalho árduo man-
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Apesar de ser uma superprodução, explora pouco seus personagens (centenas) e peca em ação e trama
ter o interesse em tantas tramas paralelas. Talvez, no futuro, elas façam mais sentido juntas (acredito que a intenção seja juntar as pontas nas próximas temporadas). Entretanto, da forma como foram entregues nesta temporada, não conseguem aproximar o espectador da série, a não ser que já saiba o rumo dos personagens por causa dos livros. Há tantos núcleos distintos que a dinâmica parece com a de uma novela. Além disso, os papéis não são carismáticos, salvo uma ou outra exceção, dificultando a identificação do público com os personagens. Às vezes, tem-se a impressão de que nada acontece. É muito falatório, pouco desenvolvimento e quase nenhuma ação. Muitos episódios sofrem com isso. Está truncada demais. Com exceção
Divulgação
Precisa de algo mais. O segundo ano é confuso, não consegue desenvolver seus personagens e perece em ação e boas tramas
De perfil, o ator Peter Hayden Dinklage como Tyrion Lannister, mais uma vez numa atuação impecável Divulgação
Arya Stark está presente novamente na segunda temporada da série de Game of Thrones (Jogo dos tronos)
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da batalha de Blackwater – ápice tanto do seriado como do livro –, não há grande movimentação. Quanto ao elenco, vale ressaltar a atuação de Peter Dinklage, mais uma vez impecável como Tyrion, o melhor personagem da série, e que lhe rendeu o Emmy de melhor ator coadjuvante no ano passado. Como espectador, quero entreter-me e assistir a uma boa história, com bons personagens. Diferente da ótima primeira, a segunda temporada de Game of Thrones peca nisso. Uma produção caprichada conta bastante, mas não é o suficiente. Precisa de algo mais. O segundo ano é confuso, não consegue desenvolver seus personagens e perece em ação e boas tramas.
*Jornalismo, 5º período
Itajaí, junho/julho de 2012
ESPECIAL
Olhares Múltiplos Conhecer para transformar, inovar e diversificar-se: a proposta em 2012 Roberto Dávila
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lhares Múltiplos é um encontro acadêmico profissional que desde 2011 oferece conferências, palestras, oficinas, workshops e minicursos. Em 2012, a segunda edição do evento promovido pelo Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Comunicação, Turismo e Lazer veio recheada
de boas opções. Palestrantes como Caco Barcellos, Christian Barbosa e João Paulo Cavalcanti compartilharam experiências com a moçada ávida por aprender. O evento se realizou entre 29 e 31 de maio, simultaneamente, nos campi da Univali em Itajaí, Balneário Camboriú e Unidade Ilha, com o objeti-
vo de promover intercâmbio científico e tecnológico. A borboleta sintetizou o tema deste ano - Transformação Social dividido em cinco áreas temáticas: criatividade, tecnologia, tendências, mercado e social. Quem viveu a aventura do conhecimento proporcionada por essa multiplicidade de olhares
com certeza experimentou alguma metamorfose. E, é claro, teve quem encarasse tudo isso como pauta. A tarefa coube à turma do 7º período, desafiada a fazer o trabalho pela professora Jane Cardozo na disciplina Reportagem Especial. O resultado está aqui, revelado entre as páginas 05 a 11 .
Trabalho de formigas para o voo da borboleta Realizar o evento mobilizou equipe de 300 pessoas, entre acadêmicos, professores e funcionários do Ceciesa-CTL Gabriela Piske e Morgana Bressiani
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la caminhou junto dele até o palco principal do Teatro Adelaide Konder da Univali, em Itajaí. Observada pelos olhos atentos da plateia que lotou o espaço, deixou-o em frente aos poucos degraus que levam até o tablado e retornou para seu lugar nas cadeiras da primeira fila. Camila Uberto, acadêmica do 7º período de Publicidade e Propaganda, ainda ouviu seu nome ser pronunciado pela voz dele duas vezes. A noite de Caco Barcellos, um símbolo do telejornalismo brasileiro, então começou.
Logo no início da palestra mais esperada da segunda edição do Olhares Múltiplos, Caco cumprimentou, com um jeito informal, autoridades presentes e agradeceu a receptividade dos anfitriões. Camila estava entre eles. Ele também pediu ajuda a ela para exibir os vídeos que trouxe. Além de Camila, dezenas de pessoas trabalharam voluntariamente no Olhares Múltiplos 2012. Para que as palestras, oficinas e workshops se realizassem, foi preciso muito mais que a partici-
Morgana Bressiani
A palavra de ordem estava em todas as camisetas
Itajaí, junho/julho de 2012
pação de convidados renomados e dos acadêmicos da instituição: uma força tarefa composta por funcionários e voluntários se mobilizou. De acordo com a coordenadora do evento, Emiliana da Silva Campos Souza, cerca de 300 pessoas, entre monitores, estagiários, voluntários, funcionários e professores se envolveram na organização. A segunda-feira, 28, que antecedeu ao primeiro dia do Olhares, foi um agito só nos blocos da Comunicação. Durante a noite, na sala da IN - Agência de Comunicação Integrada, o entra e sai de pessoas demonstrava que faltavam menos de 24 horas para tudo começar. Num canto, para entregar as credenciais da imprensa, estavam Patrícia Lopes de Jesus e Geisyani Cristina, do 1º semestre de Cosmetologia e Estética. Em outro espaço, Helisa Rosa e Luiza Marques, calouras de Relações Públicas, eram as responsáveis por fazer inscrições. Na sala ao lado, encontravam-se as voluntárias que recebiam os estudantes para buscar as credenciais de participação. De manhã, à tarde ou à noite, nos três campi - Itajaí, Balneário Camboriú e Unidade Ilha - era possível se deparar com voluntários auxiliando para que tudo desse certo. No corre-corre eles estavam lá, para montar e desmontar salas, receber palestrantes, controlar entrada e saída de estudantes e trabalhar no que fosse preciso. A camiseta branca, estampada com a borboleta, já identificava: organização. Maiara Moura, estudante do 7º período de Relações Públicas, participou da grande
JORNAL COBAIA
equipe e se diz satisfeita com o resultado final. “Um evento que se realiza nos três campi simultaneamente é um desafio, mas,
na minha avaliação, foi muito organizado”. Para ela, depois de todo o trabalho, veio a sensação do dever cumprido.
Morgana Bressiani
Fazer parte da comissão organizadora foi gratificante para os alunos
Olhares Múltiplos
Uma hora no universo mágico da fotografia
Júlia Paniz
Matthew Shirts fez com que cada um desejasse viver um pouco da National Geographic Júlia Dourado
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rosto tem traços estrangeiros e o sotaque carregado entrega a origem estadunidense de Matthew Shirts. Logo se vê que o editor-chefe da National Geographic Brasil – que também mantém o site Planeta Sustentável e é colunista da Veja São Paulo - é daqueles “gringos” que tem um pedaço do coração pintado de verde e amarelo. Em meio às paredes brancas do auditório do bloco de Farmácia, Matthew, a quem se pode chamar de Mateus,
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O contador de histórias fotográficas tem que ser excepcional
palestrou no dia 29 de maio, primeira noite do Olhares Múltiplos. Ele veio à Univali para contar a história da National Geographic e encantou os acadêmicos com o universo da revista e da sociedade que a mantém.
A fotografia é a protagonista de todas as histórias impressas nas páginas da National Geographic e faz a ponte entre o conhecimento científico e os leitores. Para tanto, o time de fotógrafos não deixa a desejar em criatividade nem em coragem. “O contador de histórias fotográficas tem que ser excepcional, só pensar em fotografia. E tem que ser meio louco. Tem fotógrafo que nada entre tubarões. Não sei como a mãe deixa”, destacou, arrancando risos da plateia. As fotografias projetadas para todo o auditório provocaram desde suspiros de vontade de poder fazer um trabalho como aquele até comentários de espanto, que tentavam adivinhar como a imagem foi obtida em meio a tubarões ou próximo a uma montanha em que um menino escalava sem proteção. Com um jeito brincalhão e único de contar histórias, Matthew fez com que toda a plateia tivesse o desejo de participar da publicação, nem que fosse por apenas um dia. Logo todos se mostravam animados para o momento de ter seus questionamentos respondidos e os dedos começaram a apontar, como forma de mostrar que havia muito fervilhando na cabeça dos presentes. Já nas primeiras perguntas, pode-se perceber que alguns aspirantes a foca e outros já profissionais de mercado sonham em ver seu nome estampado na importante publicação. O processo
O experiente Matthew acredita que a leitura é um dos melhores caminhos para se voar alto em jornalismo produtivo da revista (deadlines, sugestões de pauta, principais enfoques, porcentagem de matérias feitas no Brasil ou enviadas pela matriz americana, tratamento das imagens, entre outros) foi
o assunto da maior parte das perguntas. Em uma hora Matthew apresentou os detalhes desconhecidos do mundo da National Geographic. Os questionamentos e respostas se alongaram por
um tempo maior que o da própria palestra. Muitos aproveitaram a oportunidade, pois não é todo o dia que se consegue dar um rápido mergulho no mundo de Matthew Shirts. Júlia Paniz
Atentos, acadêmicos acompanham a descrição do processo produtivo da revista e as histórias de Matthew Shirts, jornalista norteamericano, editor-chefe da National Geographic Brasil
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Itajaí, junho/julho de 2012
Olhares Múltiplos
Retrato do mundo em moldura amarela
Júlia Paniz
Camila Maurer
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ode me chamar de Mateus”, explica o jornalista que, nos anos 70, via-se em apuros para explicar aos brasileiros a pronúncia do seu nome, Matthew. Dono de uma simpatia desconcertante e de um humor quase ingênuo, Matthew Shirts é responsável pela edição brasileira de uma das revistas mais importantes do mundo. Do aeroporto à universidade – com uma balsa no meio –, o homem de sorriso largo e aperto de mão suave contou histórias da revista que retrata o mundo em uma moldura amarela.
Cobaia - Como surgiu o convite para editar a National Geographic no Brasil?
Matthew Shirts - Eu já era conhecido como jornalista gringo em português, tinha uma coluna no Estado de São Paulo desde 94. Em 99, O Ricardo Setti foi encarregado de trazer a National [para o Brasil] e achava que precisava de um jornalista muito bilíngue. E se tem uma coisa que eu sou é bilíngue. Bilíngue, bicultural, bipolar... (Risos). Ele me chamou e eu levei mais ou menos dois segundos para aceitar, nem perguntei o salário, nem nada, coisa que me arrependo um pouco... (Risos). Mas é um trabalho muito bom.
Cobaia - Como foi o processo de trazer a National Geographic para o Brasil?
Matthew Shirts O Roberto Civita queria publi-
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car a National desde os anos 70, mas eles não quiseram, nunca tinham feito nenhuma edição fora. Em 95, resolveram globalizar. Quando eles abriram, o Roberto Civita foi atrás. No começo, a revista era bem mais americana do que hoje. Com o tempo ela foi se abrasileirando, mas a ideia ainda é que ela seja 80% americana. Por quê? Porque nenhuma revista no mundo investe no editorial como a National. Nenhuma revista tem os mesmos valores de produção de uma reportagem. Chega-se a gastar, só para dar ideia, meio milhão de dólares numa única reportagem. Tem os melhores fotógrafos, os melhores escritores, e a gente tenta aproveitar isso ao máximo.
Cobaia - Como funciona o processo de produção da edição brasileira da revista?
Matthew Shirts - O material internacional vem pronto para a gente com mais ou menos dois meses de antecedência, aí a gente tem um mês para traduzir, editar e colocar na página. Quando você traduz para o português ou qualquer língua latina, o texto tende a crescer, de 10 a 20%, então a gente acaba cortando o texto.
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A National é pautada pelas imagens. Ela tem uma narrativa visual
Júlia Paniz
Matthew Shirts - Exato. A National é pautada pelas imagens. Ela é muito diferente de qualquer outra revista que eu conheço, porque tem uma narrativa visual. A ideia é que as fotos contam uma história e que essa história é autoral, o fotógrafo conta a sua versão. Depois, o repórter faz, no texto, a versão dele. As fotos são ligadas ao texto através da legenda. A legenda na National Geographic é tão importante que existe o cargo de editor de legendas lá [na matriz americana]. As legendas são pequenos textos que devem ligar a narrativa principal com a narrativa das fotos.
Chega-se a gastar, só para dar ideia, meio milhão de
dólares numa única reportagem
Itajaí, junho/julho de 2012
Cobaia - O texto acaba sendo sacrificado porque a foto é o prato principal...
JORNAL COBAIA
Eu posso dizer, inclusive, que quando a gente corta o texto principal, eu não acho difícil. Muitas vezes, eu acho que melhora o texto porque a gente corta umas “gordurinhas” e ele fica tão bom ou melhor do que o texto que veio, em inglês. Na legenda, é tanta informação tão bem colocada que a gente tem que cortar no osso.
Cobaia - A transição entre a fotografia analógica e a fotografia digital gerou impacto entre os fotógrafos?
Matthew Shirts - Imagina... Gerou uma crise existencial gigantesca! A National Geographic era a maior cliente da Kodak. Os fotógrafos chegam a fazer, para uma única reportagem, 20 mil fotos. Muita gente dizia, naquele tempo, que qualquer bom fotógrafo seria tão bom quanto os caras da National se tivesse a mesma quantidade de filme. Mas isso se provou falso. Os mesmo fotógrafos que eram bons no filme continuam bons no digital. Mas alguns fotógrafos resistiram muito, alguns tiveram retrocessos psicológicos e voltaram para máquinas de grande formato. Enfim, teve todo tipo de reação.
Olhares Múltiplos Núcleo de Fotografia - Univali
Noite quente
na plateia e no palco
Jornalista Caco Barcellos mostrou sob vários ângulos como é a reportagem de rua, onde a notícia acontece Miriany Farias e Neuseli Bastos
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om o livro “Abusado” nas mãos, adquirido ali mesmo no balcão improvisado na entrada do teatro Adelaide Konder, a acadêmica de jornalismo Tatiana Sandri, 19 anos, tinha pressa para escolher o melhor lugar e ter uma visão privilegiada do palestrante Caco Barcellos. Esperava ansiosa pelo autógrafo do livro. Cerca de 800 pessoas também aguardavam o jornalista na quarta-feira, 30, no campus da Univali em Itajaí. Ele chegou com voz mansa e deu seu recado com sabedoria. Em dado momento falou: “Sou herdeiro, filhinho de papai mesmo”. Um silêncio tomou con-
ta da plateia. Todos na expectativa do que viria a seguir. E ele concluiu: “Sou herdeiro da boa educação, de humildade, de ser trabalhador. Meu pai me deixou de herança uma lição: Um homem tem que ter vergonha na cara. Já o meu avô dizia: O homem deve ter dinheiro no bolso”. Caco juntou as duas lições para ganhar dinheiro de maneira honrada. E revelou como fez isso: sendo perseverante nos ideais e tendo coragem de ir em frente. Ele descreveu os caminhos trilhados por um profissional que quer chegar ao ápice: “Os jovens de hoje, acadêmicos de jornalismo, devem escrever sobre a ‘Etiópia brasileira’.
“
Meu pai me deixou de herança uma lição: Um homem tem que ter vergonha na cara
Ou seja, mostrar outros lados. Tem muito anônimo que precisa de voz”. A jornalista Dirleni Dalbosco, 28 anos, formada pela Univali desde dezembro de 2006 e pós-graduada pela mesma universidade no curso de Gestão em Comunicação Empresarial, prestigiou a conferência por admirar o trabalho realizado pelo jornalista. “A palestra superou todas as minhas expectativas. Hoje o admiro mais, pois além de ótimo profissional, sabe lidar com as pessoas. Ao mesmo tempo em que é um homem elegante, é também um “abusado”. Ouvi-lo representou um combustível para seguir adiante na
prática de um jornalismo que seja voz de quem não a tem. “E o mais legal é saber que se pode fazer isso em qualquer veículo de comunicação, não precisa estar na Globo”. O acadêmico de Gastronomia do campus Balneário Camboriú, Oliver Gandini Silveira, 20, fez questão de assistir ao jornalista. “Além de fã, o que mais me impressionou é o carisma que ele tem e, quando ele disse que quase desistiu da carreira me fez ver que devemos sempre batalhar por aquilo que queremos e sonhamos. Agora, levo uma frase dele: “Desconfie dos arrogantes, quase sempre eles são desonestos”.
Roberto Dávila
“
Os jovens de hoje, acadêmicos de jornalismo, devem escrever sobre a ‘Etiópia brasileira’. Ou seja, mostrar outros lados. Tem muito anônimo que precisa de voz
JORNAL COBAIA
Itajaí, junho/julho de 2012
Caco Barcellos de mala e cuia Em palestra que atraiu múltiplos olhares, o premiado repórter exibiu itens básicos para a grande viagem do jornalismo Núcleo de Fotografia - Univali
Kufner, da TV Univali, enquanto gravava o evento, também queria aproveitar o conteúdo da palestra, que tem tudo a ver com sua profissão. Conversas paralelas na plateia, antes do início, mostravam que a expectativa era comum. Tatiana Sandri da Silva (20 anos / Jornalismo) e Gabriela Seara (17 anos / Designer de Interiores), esperavam agregar conhecimento e, se possível, interagir com o palestrante. Além dos alunos, os professores também queriam compartilhar a experiência, como no caso de Leonardo Stuepp Jr. (Marketing Digital). Durante quase duas horas, Caco segurou a atenção do público contando episódios da sua vida pessoal e profissional, ilustrados com objetos que o acompanham sempre: um taxímetro – “lembrança dos tempos de taxista em Porto Alegre”, a bandeira do Brasil – “para proteção em territórios de conflito internacional”, uma bala de fuzil – “resquícios de uma cobertura no Oriente Médio”. Tudo isso faz parte do seu “kit de sobrevivência”. Podese ver que a “profissão repórter” também é “profissão perigo”.
Neuseli Bastos
Polêmica
Caco Barcellos trouxe o seu inseparável e curioso kit de sobrevivência
Antônio Sabará e Luís Costa
E
le tem um currículo almejado por todo profissional de jornalismo. Reúne na bagagem importantes serviços prestados, experiências ousadas, vontade de transformar a sociedade. Caco Barcellos foi destaque na edição 2012 do “Olhares Múltiplos”, atraindo acadêmicos de diversas áreas. Ao contrário
Itajaí, junho/julho de 2012
do que se poderia esperar, o perfil do público foi bem variado, sem a predominância de estudantes de jornalismo. Para Daniele Ramos, que faz Publicidade, a palestra permitiu o intercâmbio entre os acadêmicos. Até para quem estava trabalhando o momento era de ansiedade: o cinegrafista Emerson Luiz
Caco fez duras críticas, tanto à cobertura da imprensa frente às ações da Polícia Militar, quanto a própria polícia, pauta que lhe rendeu o livro “Rota 66” (2003). Para ele, as estratégias policiais em geral pecam pela violência exacerbada, com a conivência de parte da imprensa. A plateia reagiu: uma acadêmica interpelou o palestrante para dizer que, na opinião dela, a mídia atribui à polícia a responsabilidade pela violência. Caco seguiu discordando, enquanto contava a saga de repórter investigativo nos morros cariocas. Ao fim do encontro, a lição que deixou pode ser resumida em duas frases: “Um homem deve ter vergonha na cara”, ensinamento recebido do pai; “Um homem tem de ter dinheiro no bolso” – lição deixada pelo avô. Ele diz ter juntado as duas máximas de modo que a segunda fosse decorrência da primeira e conseguiu fazê-lo sendo um jornalista que assume a condição de “defensor dos fracos e oprimidos”, sem medo de ser tachado de “demagogo”. Houve, sim, um momento de tietagem depois da palestra. Fotos e autógrafos precederam uma breve entrevista com a participação de alunos repórteres. Caco demonstrou que a fama e o relativo poder do jornalista não são motivos para que a humildade deixe de fazer parte da bagagem – ou do “kit de sobrevivência”. Quem sabe seja esse um dos segredos do sucesso.
JORNAL COBAIA
Voz da experiência: histórias e lições de um apaixonado pela reportagem
Morgana Bressiani
Público fez fila para conseguir autógrafo num momento de tietagem
Olhares Múltiplos
Apenas dois minutos e vinte e cinco segundos
É o tempo que você leva para ler essa reportagem. Será que estamos sabendo como gastar esse bem tão precioso?
Pitter Hurmann e Bárbara Bianchi
“C
om organização e tempo, acha-se o segredo de fazer tudo e bem feito”. Essa citação, que parece tão atual, é datada antes mesmo de Cristo por Pitágoras. Isso nos permite refletir sobre como o bom uso do tempo atravessa milênios. Gestão do tempo foi o tema da palestra de Christian Barbosa, considerado na atualidade um dos maiores especialistas na área. Nerd declarado, Barbosa iniciou sua carreira aos 15 anos quando passou em uma prova da Microsoft e abriu uma empresa de Tecnologia da Informação. Um dos pioneiros no Brasil, foi responsável por desenvolver sites e tecnologia para grandes empresas. Os negócios prosperaram e aos 18 anos Christian viu-se refém do trabalho. Acabou adoecendo. Surgia aí seu interesse pela gestão do tempo. Em uma pesquisa global, Christian percebeu que o assunto estava desatualizado, aprimorou as ideias e escreveu seu primeiro livro, “A Tríade do Tempo”. Em seguida, fundou a TriadPS, especializada em consultoria para
grandes empresas, treinamento sobre produtividade e desenvolvimento de softwares para organização e gestão de equipes. Líder do mercado atualmente, atende 50% das mil maiores empresas do Brasil, além disso, possui uma filial nos Estados Unidos e clientes no mundo inteiro. “Jovens de resultado” foi um dos principais tópicos da conversa. Segundo Christian, pessoas que aprendem a usar bem o seu tempo desde cedo terão uma carreira de maior sucesso, resultado e principalmente qualidade de vida. Com bom humor, ele cativou a plateia e buscou incentivá-la a sonhar. Com exemplos práticos, ensinou métodos que ajudam a reconhecer como estamos lidando com tarefas diárias. A acadêmica de Publicidade e Propaganda Cíntia Pacheco, 21, saiu aliviada após ouvir as experiências de vida do palestrante. A estudante fez uma escolha recente, quando largou um emprego para se dedicar a um estágio na área. Agora sente que fez o certo, seguindo seu sonho. De acordo com Christian, 70% dos formandos não atuam na área,
totalizando 3500 horas desperdiçadas na vida de um universitário. “Devemos amar a segundafeira”, disse o palestrante, surpreendendo o público. Ele frisou que não devemos desprezar o primeiro dia da semana. É hora de criar, começar algo novo e dar continuidade ao trabalho. Jean Marques, de 18 anos, estudante de Gastronomia, acompanhou atentamente cada detalhe do discurso. “Sem dúvida foi um aprendizado que vou levar por toda a vida. Tentarei administrar uma agenda, para me ligar mais no que devo fazer e evitar a perda de tempo”.
Conheça a Tríade do Tempo Esta teoria ensina as pessoas a classificarem seu tempo em três esferas.
Importante: É aquilo que você tem tempo pra fazer, traz resultado para sua vida a curto, médio ou longo prazo. Exemplo: reuniões focadas, planejamento pessoal, relacionamentos, lazer, etc. Urgente: Tarefas para as quais o tempo está curto ou terminou, qualquer atividade que você realiza em cima da hora, com pressa, sem tempo, em geral traz estresse, pressão e preocupação. Exemplo: acidentes, relatórios de última hora, problemas imprevistos com clientes, esquecimentos. Circunstancial: Aquilo que gasta seu tempo à toa, que você faz sem querer ou em excesso. Exemplo: bate-papos sem sentido, excesso de lazer, algumas festas, mau uso da internet.
Algumas dicas de Christian Barbosa:
1ª
Utilize uma ferramenta e não a cabeça para lembrar tudo. Use uma agenda ou smartphone, por exemplo, para organizar suas tarefas.
2ª
Procure planejar suas tarefas não para o dia de hoje. Antecipe-as pelo menos em três dias.
3ª
Defina uma ordem sequencial para o que vai fazer em cada dia, se surgir algo novo, você deve reorganizar e priorizar a ordem novamente.
BOX 1824 apresenta projeto e partilha experiência inédita
Jéssica Eufrazio de Oliveira
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os Estados Unidos é muito difundida a expressão “sonho americano” e tudo que ela evoca. E qual seria o sonho brasileiro? Responder a essa pergunta é um dos desafios propostos pela agência BOX1824, que esteve representada no Olhares Múltiplos pelo publicitário e sócio-fundador, João Paulo Cavalcanti. Fundada há oito anos em Porto Alegre, a BOX1824 é um empreendimento inovador que pesquisa o comportamento dos jovens entre 18 e 24 anos. Daí o nome da agência, que não quer ser reconhecida como grande; quer sim, compartilhar conhecimento: “Não queremos divulgar a BOX, só precisamos ser reconhecidos pelo bom trabalho”, afirma João Paulo. Hoje, no Brasil, há 25 milhões de jovens entre 18 e 24 anos. Saber o que eles pensam é a pretensão da pesquisa intitulada Sonho Brasileiro, que já levantou dados em quase todos os estados. E fez algumas descobertas: o jovem não pensa mais individualmente, ele ainda quer ter sua liberdade como nos anos
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80, mas está mais consciente. A internet tem colaborado para isso com as redes sociais que criam grupos e ajudam a difundir ideias. A pesquisa também aponta que 70% dos jovens querem fazer parte de um projeto de transformação social, principalmente por meio do esporte e da cultura. A palavra com que os jovens mais se definiram foi “sonhador”. João Paulo avalia que a troca de informações pela internet resulta em mudanças sociais - embora de maneira lenta, a sociedade vai evoluindo.
Morgana Bressiani
Entenda como foi feita a pesquisa
O estudo tem três dimensões: o sonho individual - revelou que 55% dos jovens querem ter uma formação profissional e ser felizes. Ter uma casa própria está em segundo lugar na lista de desejos, com 15%. A segunda dimensão é o sonho coletivo: mostrou que 31% desejam viver em um país onde o respeito e a cidadania prevaleça; 18% dizem querer um país não violento e 13 %
J. P. Cavalcanti: jovem e inovador
sonham com menos corrupção. A terceira é o futuro do sonho, como esse sonho vai ser expandido. Nesta parte da pesquisa a BOX1824 adota uma pirâmide em que figuram pessoas alpha, as mais influenciadoras,
JORNAL COBAIA
inovadoras; os beta, pessoas com muita informação e que irão traduzir as tendências e inovações para os grupos, os chamados mainstream. João acredita que nenhum destes jovens quer banir o sistema, até porque já estamos todos dentro do sistema; apenas estão criando suas microrrevoluções sem a ajuda de grandes entidades. A Box intitula estes jovens que fazem projetos sociais e microrrevoluções como jovem ponte. André Gravatá é um deles e conta que sempre gostou desta convergência na internet. Está sempre conhecendo pessoas e fazendo conexões. Tanto que destas conexões conseguiu uma bolsa de estudos na PUC para o curso de jornalismo. Hoje, formado, ele trabalha em duas revistas da editora Abril, uma delas é a Superinteressante. Além disso, tem vários projetos, como eventos em países tão díspares quanto Estados Unidos e Zâmbia. Sem modéstia, ele acredita que isso está mudando o mundo. Ri ao lembrar que todos o chamam de louco, sua mãe e
amigos, mas não dá importância. Acredita estar fazendo sua parte e é isso que importa. Um outro projeto de André chama-se Jogo de Cinema: feito em escolas, mostra para os alunos que eles podem se expressar tendo uma idéia e um celular. E ele tem mais ações: às vezes, vai até o centro de São Paulo e levanta um cartaz com a palavra “sorria”. Para João Paulo, esse tipo de jovem, o jovem ponte, é a resposta aos desafios do futuro, pois nas ações que realizam e espalham existe a semente da mudança coletiva. Por causa do nome, muitos pensam que a BOX só se dedica à faixa entre 18 e 24 anos, mas a agência também pesquisa tendências em outras idades, embora não seja esse o seu principal foco. A equipe da BOX acredita que os jovens entre 18 e 24 anos estão numa posição estratégica e influenciam tanto crianças e adolescentes quanto pessoas mais velhas. Mas a 1824 pretende expandir seu nicho de pesquisa – quando encontrar tempo na agenda movimentada.
Itajaí, junho/julho de 2012
Olhares Múltiplos
Como falar em público sem ter medo de errar Oficina de oratória ensina método para melhorar comunicação verbal e reforçar imagem do profissional no mercado Miriany Farias
A
bra bem a boca para pronunciar Pa-Ta-Ka, Pla-TlaKla, Pra-Tra-Kra. Faça isso trocando as vogais. Não, isso não é brincadeira de criança, nem maluquice, mas um dos exercícios realizados no workshop de oratória durante o Olhares Múltiplos. Cerca de 25 pessoas seguiram as instruções de Raquel Dias, mestra em psicolinguística pela Universidade Federal de Santa Catarina. Uma das primeiras dicas de Raquel: “Olhe as pessoas nos olhos. Pergunte o nome e o grave”. A mestra descreve a oratória como um conjunto de habilidades, comportamentos e aptidões que favorecem o sucesso. “Qualquer profissão precisa de técnicas de persuasão. Por isso, em um discurso, é importante buscar as pessoas, olhar em seus olhos e não olhar para o horizonte”, explica. Ela lembra que em todo o Brasil os sons e fonemas são iguais. Independentemente do sotaque de cada região, é fundamental pronunciar corretamente todas as palavras. Para começar a cor-
“
Qualquer profissão precisa de técnicas de persuasão.
Por isso, em um discurso, é
importante buscar as pessoas, olhar em seus olhos
rigir a oratória, Raquel ressalta a importância da respiração. “Começar a respirar pelo diafragma é uma das maneiras de melhorar a comunicação”. A acadêmica do 5º período
de Relações Públicas, Patrícia Ventura, 22 anos, participou do workshop e acredita que a oratória seja muito importante para a imagem pessoal e profissional. “É a maneira de vender nossas ideias e conquistar parcerias. Se relacionar é preciso e vital para o ser humano”. Para Patrícia, a oficina trouxe boas dicas contra os maus hábitos linguísticos e alertou para o impacto que causam. “Foi pouco tempo, mas valeram as dicas repassadas pela instrutora. Meu objetivo é desenvolver uma boa dicção e mais poder de persuasão para conseguir maior visibilidade profissional. Assim, perder os medos de falar e expor minhas ideias em público”. A acadêmica de Cosmetologia e Estética do campus Balneário Camboriú, Lurdes Freitas, também aproveitou todos os momentos do evento. “Minha primeira atitude a partir da oficina é que terei mais calma, vou respirar mais para falar pausadamente e ter controle emocional para não interferir no jeito que irei me articular”, garante.
Neuseli Bastos
Mestra Raquel Dias orienta acadêmicos sobre correções na oratória
Oficina sobre marketing dos sentidos inspira criatividade Fernanda de Freitas Pereira
J
asmim, Capim Limão, Patchouli, aromas que reinventaram o contexto da sala de aula e envolveram os alunos em um ambiente descontraído para a palestra de Marketing Sensorial, ministrada pelos professores Robson Freire, Mestre em Administração de Empresas e Marcela Carolina Machado, graduada em Farmácia e Acupunturista. Áreas distintas, mas a paixão pela comunicação inspirou a oficina que foi preparada com exclusividade para o Olhares Múltiplos, na Univali de Itajaí. Marketing Sensorial, Marketing Experiencial ou Marketing dos cincos sentidos, definições que podem ser utilizadas quando nos referimos à aplicação deste conceito inserido no Brasil desde 1979. Em uma apresentação didática e bem-humorada, o professor Robson ministrou a primeira parte da palestra, discorrendo sobre estratégias de Marketing e explicando como se aplica o conceito de Marketing sensorial nas empresas. Ele citou companhias brasileiras de grande porte, como Melissa, Havaianas e Cacau Show, que já uti-
Itajaí, junho/julho de 2012
Roberto Dávila
Numa sala perfumada, Robson Freire e Marcela Machado orientaram sobre o uso mercadológico dos aromas lizam entre suas estratégias de venda as teorias sensoriais. Estímulos olfativos podem desencadear nos clientes sensações que os façam preferir um estabelecimento em lugar de outro. Ou, ao contrário, provocar algum tipo de aversão ao local. De acordo com a professo-
ra Marcela Carolina, pesquisas indicam que o olfato é o sentido mais eficaz em termos de Marketing Sensorial. Por isso mesmo, durante a oficina, ela trabalhou com diferentes aromas de modo que os participantes pudessem confirmar a teoria. Conhecer os aromas é fundamental, conforme
JORNAL COBAIA
a professora, para adaptá-los ao mercado de acordo com a proposta de cada empreendimento: entreter, seduzir, envolver públicos específicos. Essa área de pesquisa engloba Aromaterapia, Aromacologia, Aromatologia e Osnologia, com objetos de estudo distintos, mas
um ponto em comum - entender os efeitos que os aromas provocam no indivíduo. Enquanto diversos óleos voláteis ou “essências”, como popularmente são conhecidos, circulavam pela sala, a professora Marcela, com o suporte de slides e uma fala sucinta, trouxe informações que abrangeram desde a história dos aromas, no antigo Egito, até as mais recentes experiências científicas em torno do tema. E, para finalizar, um exercício instigante: distinguir combinações de aromas e ambientes. Isso exigiu do pessoal um “faro” apurado pelas orientações da dupla de especialistas no assunto. Três misturas foram jogadas ao ar, uma após a outra, e os participantes tiveram de requisitar a memória olfativa para identificar em qual ambiente aquele aroma ficaria mais adequado. A maioria acertou. Estudos dos aromas ainda não compõem uma disciplina no currículo acadêmico, mas segundo os professores, já está na hora de saber mais sobre este assunto nas academias. Afinal, novas ferramentas de venda são sempre bem vindas.
Cultura indígena
Mais de 500 anos de abandono e exclusão Cacique Hiral Moreira, formando em Direito, reconhece a importâcia de garantir os direitos civis dos índios Alberto Mergen Neto, Francielle Mianes, Frank Riquelme, Gabriel Oliveira e Guilherme Amorim*
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ãos ao alto! É um assalto. Não vou roubar seu dinheiro, tirar sua vida ou qualquer coisa do tipo. O que estou para fazer é algo muito pior e cruel. A partir de agora, você e toda sua cultura serão ignorados por completo, passando ao papel de meros coadjuvantes no teatro da vida. Você não tem escapatória, estamos em maior número e viemos para ficar. Invadimos, literalmente, sua praia. Triste, não? Essa foi a realidade enfrentada pelos nativos brasileiros. Domados por portugueses, alemães, espanhóis e italianos. Cheios de tradição e cultura, os índios viram no descobrimento das terras brasileiras, sua maior tristeza. Sem forças e sem saída, tiveram que se adaptar ao novo, ao intruso, ao ladrão. Infelizmente, os anos se passaram e nada mudou. Na cidade de Balneário Camboriú, tristes histórias se repetem. Inara, 42, é uma entre os vários. Descendente indígena, ela se vê pressionada com a nova realidade. Para sua subsistência, sua única saída são os calçadões a beira da estrada, a qual sentada junto aos seus filhos tenta vender seus artesanatos. “Eu venho aqui quase sempre e sei que muita gente não me quer por aqui”. A condição humana em casos assim é justificada em uma só palavra: abandono.Uma realidade sentida não só pelos turistas que
Francielle Mianes
rodeiam a cidade em época de temporada, mas também pelos moradores. Edilson Ribeiro, 31, morador do Bairro das Nações, ressalta o quão constrangedor é a maneira como os indígenas ficam expostos nas calçadas. A situação, sem dúvidas, é mais crítica do que se imagina, pois se trata de um sentimento de difícil compreensão para alguém de fora deste circulo, a qual não se importa. Todavia, existem entidades que tentam estagnar essa tristeza, entretanto, as doses são homeopáticas. As ONGs especializadas, o Serviço de Proteção ao Índio, SPI, e a Fundação Nacional do Indio, Funai,fazem o que podem, mas, uma história de mais de 500 anos de abandono e exclusão, não consegue ser remediada tão facilmente e por um grupo de tão poucos.
Entrelaçamento de culturas
E quanto à escolaridade indígena? Em 1988, os povos indígenas conseguiram, através da Constituição Federal, o poder da educação diferenciada, isto é, uma forma com que as escolas respeitassem as culturas e as crenças dos índios ao escolarizálos. A Funai, afirma que no Brasil vivem cerca de 820 mil índios, que estão entre 215 grupos indígenas. Nas aulas, os ensinamentos vão além de sua própria língua. Aprendem a história do país, as suas histórias, suas culturas,
Descendentes aprendem a sua história e cultura na escola da Aldeia de Biguaçu, próxima de Florianópolis como por exemplo, o significado de suas danças, como salienta Jonas Vidal Monteiro, gestor da escola indígena da Aldeia Kassawá, em entrevista para o Canal Futura. O cacique da Aldeia de Biguaçu, Florianópolis, Hiral Moreira, formando em Direito, afirma: “Hoje a gente precisa muito ter o conhecimento na parte ju-
rídica. É uma garantia constitucional desses direitos, tendo que ser exercida por alguém que tenha conhecimento da realidade do povo indígena sabendo assim defender”. Desse modo, através do ensino, eles vão aos poucos se adaptando à sociedade. Algo que para alguns cidadãos é visto como negativo, pois enxergam nisso
a disseminação de uma cultura, para outros, é importante devido ao mundo globalizado a qual se vive hoje. “O jeito seria um meio de equilibrar as duas coisas”, conclui Diego Bernardi, 25, estudante de psicologia da Universidade do Vale do Itajaí, Univali.
*Jornalismo, 1º período.
Prefeitura faz o possível para auxiliar famílias Luiz Fernando da Silva, Pricila Baade, Rafaela Dalago e Samia Abreu*
A
cultura indígena vem sumindo em meio a tantas novidades e tecnologia encontrada no mundo. Poucas pessoas ainda lembram e reconhecem a importância do índio para a história brasileira. Comemorado no dia 19 de abril, o Dia do Índio é uma iniciativa do ex-presidente Getúlio Vargas, que buscava preservar um pouco da essência cultural desta raça. Atualmente é comemorada por escolas, fundações e secretarias da cultura. Entretanto, é notável a falta de conhecimento das crianças sobre a cultura e a maioria ainda idealiza a figura de cara pintada, vivendo em matas e caçando. A coordenadora do Núcleo de Educação Infantil (NEI)
Pequeno Mundo, Fabiana Pinheiro, diz que as atividades realizadas durante essa semana no NEI tem objetivo de fazer com que as crianças entendam a importância de resgatar uma tradição que permanece influenciando diversas áreas da atualidade. O sociólogo Victor Gallardoafirma que o povoado traz em sua trajetória muito sofrimento, sendo eles alvo de baixa autoestima e pouca motivação. Victor comenta: “Por mais que sua cultura esteja presente em nosso cotidiano, este povo vem perdendo sua identidade ao passar dos dias e cada vez mais adota características do chamado homem branco, mas, não entendo o porquê de apenas um dia ser reservado
a eles”. Em Balneário Camboriú, indígenas são encontrados em calçadas de determinados pontos de grande fluxo comercial, onde tentam comercializar seus artesanatos. Durante conversa com uma das índias, a mesma afirmou que parte da população a olha com cara de reprovação. A mesma transmite nas palavras o desconforto que sente em estar ali e comenta que, infelizmente, essa vem sendo sua única opção. Luiz Maraschin, secretário de Desenvolvimento e Inclusão Social de Balneário Camboriú, diz ter consciência das condições precárias deste povoado e que a prefeitura tem feito o possível ao seu alcance para auxiliar estas
JORNAL COBAIA
famílias e retirá-las das vias públicas. Maraschin comenta que o projeto da prefeitura é a construção de um lugar adequado para que os mesmos comercializem seus produtos. Para o superintendente da Fundação Cultural de Balneário Camboriú (FCBC), Eduardo Meneghelli Junior, é essencial que este povoado tenha sim seu espaço na cidade para a venda do artesanato. Ressalta ainda a extrema importância de que a atual geração conheça a raça fundamental em todo processo de criação da cultura e identidade brasileira.
Trajetória indígena
Acredita-se que antes da che-
gada dos europeus à América, 100 milhões de índios viviam no continente, sendo que em território brasileiro o número se aproximava dos cinco milhões. Hoje se calcula que em torno de 400 mil índios habitem terras brasileiras, a maioria em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São cerca de 200 etnias e 170 línguas. É estimado que cerca de 150 mil índios brasileiros estejam em idade escolar, atendidos em escolas de ensino médio e fundamental em suas aldeias e municípios próximos. Há também um total de dois mil jovens indígenas que frequentam faculdades.
*Jornalismo, 1º período.
Itajaí, junho/julho de 2012
Cultura indígena
Índios guaranis lutam pelo direito de ir e vir Presença constante em Balneário Camboriú, eles sobrevivem da venda do próprio artesanato para os turistas Juliana Glaba, Juliana da Silva e Patrícia S. Schmitz*
A
rcos, flechas, tacapes e chocalhos de pajés são uma constante nas calçadas da área central de Balneário Camboriú. Pertencem aos índios, de várias idades, que vendem seus produtos pelas ruas e avenidas, onde há intenso fluxo de turistas. Eles estão acampados às margens da BR-101, bem próximo ao parque da Santa Catarina Turismo S/A, Santur, e sobrevivem com precariedade. Muitas vezes, os índios podem ser encontrados na Avenida Brasil, na altura da loja das Havaianas, sobre um pedaço de pano, com listras coloridas, esticado na calçada. O tecido parece ser fabricado por eles mesmos, pois tem características marcantes da tribo Guarani. Sobre o tecido, vários objetos de fabricação indígena. No cantinho, um tigre entalhado em madeira,. Se olhar bem de perto, pode-se ver uma expressão triste no rosto do animal, descrevendo, talvez, o sentimento das mãos que o fizeram. Mais adiante, um bicho que se parece com tamanduá, na cor de madeira com pintinhas em marrom escuro. Entre esses artefatos, uma criança, entre seis a sete anos de idade. Tem olhar cabisbaixo, como quem pede, silenciosamente, ajuda. Olhos tristes, rosto sujo, e roupas também. Parece estar implorando por uma vida mais digna, pois quer apenas uma chance de ser alguém na vida. Mais adiante, outra criança, entre chocalhos à venda, brinca
com uma peteca. Também tem olhar triste, rosto e roupa sujos. Levanta os braços e logo os abaixa, mas não produz sons. Raramente dá um sorriso. De repente, larga o brinquedo e corre para o colo da mãe. Está com fome e chora para mamar no peito. Além de ficarem o dia todo na calcada, a maioria das vezes por não tem como voltar para casa. Dormem ali mesmo, sejam adultos, sejam crianças, muitos bebês de colo. O que ganham durante o dia gastam para se alimentar, pois não trazem comida de casa e vêm apenas com o dinheiro da passagem. Segundo o atual secretário de Inclusão Social de BC, Luiz Ferreira dos Santos, esse é um velho problema no município. Ele conta que já tentaram todos os recursos para resolver a situação, mas os índios se recusam a aceitar ajuda. O espaço da Praça Higino Pio está aberto para eles venderem suas mercadorias, mas não querem ir para lá. “O principal motivo dos índios estarem na cidade é por causa da temporada, quando Balneário chega a ter um fluxo de 80 a 90 índios”. Os índios presentes em Balneário Camboriú são da tribo Guarani, que tem suas casas na cidade de Palhoça, 80 quilômetros de onde estão agora. O atual secretário relata que vai recorrer à Justiça para tentar resolver a situação. Esclarece que o Ministério Público entrará com ação impedindo que os índios venham para BC.
Fotomontagem
“Eles vem para cá para pedir dinheiro. Não vão para a praça porque lá não vendem nada... Aliás, o negocio deles não é vender, e sim pedir. Pode ver que nunca tem um homem vendendo os artesanatos. É sempre uma mulher com filhos junto, para comover os turistas. Isso, se Deus quiser, vai ter uma solução”, conclui o secretário.
Mudança cultural via escola Fotomontagem
Itajaí, junho/julho de 2012
JORNAL COBAIA
Essa situação dos índios, perceida em BC, é comum em várias cidades do país. Será que ess realizada pode ser revertida de alguma forma? Talvez, sim, a começar pela educação formal na escola. Você consegue imaginar, num futuro próximo, o estudo da cultura indígena como parte da grande curricular na educação infantil? Saber quem são, onde eles vivem e o que eles fazem? E ainda descobrir a importância de estudar essa cultura desde cedo? Essa é a proposta da professora Maristela T. da Silva, que trabalha há mais de doze anos na rede municipal de ensino. No dia 10 de março de 2008, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei N°11.645, que institui o ensino da cultura indígena nas escolas. O objetivo é fazer com que as culturas indígena e afro-brasileira sejam abordadas em disciplinas como literatura e história do Brasil. Mas será que essa lei esta sendo cumprida? Ou só está valendo para os estudantes do ensino fundamental? E porque não trabalhar a cultura indígena desde a educação infantil? Segundoa professora Maristela, na educação infantil, a cultura indígena não é trabalhada corretamente. “Acaba sendo só lembrada no dia 19 de abril, o que não acrescenta em nada na educação cultural das crianças. A cultura indígena deve estar dentro de uma grade curricular e ser trabalhada durante todo o ano, não só no dia 19 de abril pintando as crianças”, relata.
O cumprimento da lei é de suma importância, pois ajuda na construção da identidade brasileira, além de combater o preconceito, o racismo e a discriminação. a professora entende como essencial lutar contra as desigualdades e trabalhar isso desde cedo, para, em um futuro próximo, existirem cidadãos mais conscientes de sua identidade e valorizarem suas raízes étnicas e culturais. A professora Maristela lembra que a formação do povo brasileiro é uma mistura de negros, índios e brancos. “Trabalhar isso em sala de aula é uma forma de firmar o lugar histórico dos povos indígenas, rompendo o preconceito. Não se pode esquecer que a cultura indígena é um mundo cheio de informações. Então, cabe ao professor se informar para trabalhar os conceitos e principalmente os preconceitos que os alunos trazem consigo”. A data comemorativa do dia do índio, 19 de abril, foi criada em 1943, pelo presidente Getúlio Vargas, que assinou o decreto-lei. Foi escolhido porque, em 1940, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México, reuniu líderes indígenas Vale salientar o conteúdo do site mundowalmart.com.br: “O dia do índio celebra a importância cultural dos povos indígenas, fundamentais na consolidação de hábitos da sociedade brasileira, da alimentação aos utensílios, da língua ao comportamento”.
*Jornalismo, 1º período
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Exposição
Amantes de carros antigos reunidos em Itajaí Eliza Doré
Quatrocentos automóveis, de diferentes estilos, marcas e ano de fabricação, à mostra no Centreventos
Eliza Doré*
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untar o útil ao agradável. Foi o que motivou um grupo de amigos a montar, em 2000, o Clube de Veículos Antigos de Balneário Camboriú e Itajaí. Em todas as quartas-feiras, o clube se reúne com o objetivo de trocar ideias e reunir os amigos, que dividem a mesma paixão por carros antigos. Essa quase ´obsessão` trouxe, neste ano, o 8° Encontro Regional de Veículos Antigos em Itajaí. Realizado no Centreventos, integrou as comemorações dos 152 anos da cidade. Considerado um dos mais importantes no calendário estadual, contou com a exposição de
400 automóveis, dentre os mais diversos estilos, marcas e anos de fabricação. O entretenimento ficou por conta do que existe de melhor em matéria de automóveis antigos, nacionais, importados, muscle cars, hot rods, hood ride e rat rods. Foi possível apreciar uma infinidade de veículos originais, como Mercedes, Volvo, Mercury, Ford e Chevrolet, todos com placa preta, o que indica 90% de originalidade do carro. Também chamaram a atenção modelos como Corcel GT de 1969, Cadillac, MGA Conversível, Triumph modelo Mayflower,
A paixão pelos veículos é evidente, desde a sua conservação até a quantidade colecionada.
até a quantidade colecionada. Alguns chegam a ter 70 carros na garagem. E, junto de tantos carros, surgem histórias, como a do colecionador Tarcio, que possui um Ford Mercury Cougar 1968. Na necessidade de restauração, o proprietário desmontou o carro e encontrou moedas, cédulas e embalagens de chicletes americanas. Intrigado foi em busca do antigo dono, e descobriu que o ele havia entrado no país via Embaixada dos Estados Unidos no Rio de Janeiro.
*Jornalismo, 1º período
Eliza Doré
Ford modelo Galaxie 500 foi um dos destaques do encontro regional em Itajaí
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o Chevrolet Impala adaptado para o estilo Rat Rod e o carro da funerária Semente, um Ford modelo Galaxie 500. Quem vive de passado são os expositores do mercado de pulgas do evento, onde os colecionadores e restauradores puderam encontrar peças automobilísticas originais. Uma das atrações a presença de Ana Maria Buarque, de Blumenau, uma colecionadora obsessiva por antiguidades. Seu estande contava com peças raras, como um Gramofone de 1887 e uma vitrola de 1920. A paixão pelos veículos é evidente, desde a sua conservação
Eliza Doré
Ford modelo Phaeton - 1929 EUA chamou a atenção dos visitantes
JORNAL COBAIA
Itajaí, junho/julho de 2012
Meio ambiente
Guarim de Lorena
As diversas faces da Rio+20
Foram quase duas semanas de debates sobre economia, alimento, água e energia na cidade maravilhosa Ana Paula Keller*
A
Rio+20 foi um evento completamente dinâmico. No Rio Centro, na Barra da Tijuca, foram realizados os debates formais da Conferência. Local de decisão dos acordos mundiais. Para ter acesso, era preciso passar por um sistema muito complicado de segurança e três revistas, além da necessidade de estar credenciado. Foi o local, onde a imprensa concentrou a cobertura como se o documento fosse a coisa mais importante, e denominado de espaço internacional da ONU. No Rio Centro, a cada dia, a discussão focou em um assun-
to. Discutiram a desertificação, oceanos, florestas, alimentos. Há dias dedicados ao debate sobre economia verde, alimentos, água, cidades sustentáveis, energia, desenvolvimento sustentável e social. Uma pauta distinta e longa que iniciou pela manhã e encerra a noite. No Parque dos Atletas, também na Barra da Tijuca, houve inúmeros pavilhões com exposições dos trabalhos ambientais realizados em todo o país. Estados e capitais estiveram com estandes montados. Do Sul, estão o Paraná e Rio Grande do Sul. Santa Catarina não teve
Estados e capitais estiveram com estandes montados. Do Sul, estiveram o Paraná e Rio Grande do Sul. Santa Catarina não teve estande
Ana Paula Keller
Na Confererência das Nações Unidas, a língua oficial dos debates foi a inglesa
Itajaí, junho/julho de 2012
estande. É um local que reuniu também discussões formais do Major Groups, mas já é possível ter acesso sem credenciais em alguns espaços. Paralelamente, no Forte de Copacabana, outras ações da Rio+20: uma exposição denominado Humanidades. Foi o local mais concorrido. Para ter acesso, a média de espera chegou a duas horas. Entrada gratuita e sem formalidades. Outro espaço da Rio+20 se concentrou no Píer Mauá. Houve discussões sobre religião, comunicação e questões sociais. O deslocamento para todos esses
“eventos” podia ser feito com ônibus de transporte oficial de delegações. Você se deslocava, embora precisasse de paciência, de uma área para outra com ônibus colocados à disposição de todos. Na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, localizavase a participação popular. É de fato o espaço que representou a realidade do povo, onde todo cidadão podia ter acesso e participar. Não foi preciso nenhum tipo de inscrição. Bastava escolher o que ver ou de qual diálogo participar.
*Jornalismo, 1º período
Ana Paula Keller
Eventos paralelos dinamizaram o encontro de representantes vindos de vários continentes
JORNAL COBAIA
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ENSAIO FOTOGRテ:ICO
Rio + 20
Fernan d
a Stori
a Terra
da Terr Fernan
Stori
a Stori
Fernanda Terr
Sabrina
Schneid
Fernan d
er
a Terra
Juliana Adriano
a Stori
da Terr Fernan
Sabrina
Schneid
er
Stori