Dar voz a...
"Natal é abrir o coração para receber Jesus" (Papa Francisco) Neste ano civil que se acerca do fim, vêm-me à memória pessoas e factos que marcaram, em especial, estes últimos tempos. Celebrações de morte e de vida, de passado e de projeção para o futuro. A Diocese de Aveiro, após um ano de comemorações encerrou a Missão Jubilar, a comemoração dos 75 anos da sua restauração. Como qualquer celebração, ajuda-nos a refletir o passado e a projetar o futuro, a desenvolver estruturas e mecanismos, não para ficar na “festa” em si, mas para aprender com o passado e caminhar em direção a um futuro renovado. A Missão Jubilar fica por aqui, mas a missão da Igreja aveirense vai seguramente perdurar. Outro facto histórico prende-se com o falecimento de Nelson Mandela. Recordo o dia 11 de fevereiro de 1990. Era um domingo, como outros, em que eu, após o almoço, via o noticiário quando percebi, pelas informações que iam surgindo, que iam libertar Nelson Mandela. Creio que não sabia muito sobre essa figura, sobre o que tinha feito, mas tomei consciência que estava a testemunhar um momento histórico, um daqueles momentos que se vão inscrever nos arautos da história e do qual se vai falar muitas vezes. E este testemunho deu-me a confiança que aquele era um acontecimento bom. Mais, compreendi que seria algo que queria conhecer melhor. E assim foi. Das muitas figuras públicas do século XX, Mandela é para mim uma das muito importantes. Não que saiba tudo sobre a sua vida ou feitos, mas é alguém que transmite uma esperança, uma visão profunda e serena, quer da sua realidade, quer das suas perspetivas. Dos testemunhos dados após a sua morte, guardei uma das suas características, um dos perfis da sua personalidade: devemos ouvir as duas partes com calma e decidir depois, para não correr o risco de decidir de forma impulsiva, egoísta ou, mais importante ainda, de forma injusta. A figura que mais se destacou nos últimos meses, com direito a
ser eleito a figura do ano de 2013 pela revista Times é o Papa Francisco. Já escrevi nesta página sobre este homem que conduz a Igreja Católica e que eleva ao mais alto significado o primado unificador que desempenha. Desde a sua simplicidade de discurso (não confundir com pobre ou simplório) ao mais simples gesto de se aproximar e beijar pessoas que “ninguém” quer beijar, de ser incómodo para os seus, criticando-os de forma construtiva, alertando para uma Igreja que acolhe e não que se refugia no poder ou nas riquezas, que deve estar próxima das pessoas e não fechada nos “seus castelos”.
Sinal da missão que o Papa quer para a (sua) Igreja é a publicação da sua primeira Exultação Apostólica, como quem diz, um ensinamento papal para a Igreja a respeito de um determinado assunto, com o objetivo de animar os fiéis na vivência do mesmo. Neste caso, desenvolve o tema do anúncio do Evangelho no mundo de hoje, recolhendo por outro lado a contribuição dos trabalhos do Sínodo que se realizou no Vaticano de 7 a 28 de outubro de 2012, com o tema "A nova evangelização para a transmissão da fé". Diz o Santo Padre, no primeiro número do documento, que "Desejo dirigir-me aos fiéis cristãos para os convidar a uma nova etapa de evangelização marcada por esta alegria e indicar direções para o caminho da Igreja nos próximos anos". Anunciar o Evangelho é viver os seus momentos, os seus tempos. Viver o Natal é renovar a esperança neste Deus que se aproxima de nós: primeiro, na figura do Deus Menino, Jesus Cristo; mas, também, em todos aqueles que nos rodeiam, daqueles que estão ao nosso lado e nos apontam para a vida real, para os problemas, mas também para a esperança… Abramos o nosso coração. Abramo-lo a Cristo, abramo-lo aos outros! Feliz Natal! Bom ano de 2014!
16 | dezembro 2013
Professor Sérgio Óscar
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FELIZ NATAL BOM ANO DE 2014