Dar voz a...
A missão da escola
Professor Sérgio Óscar
“A missão da escola é desenvolver o sentido do verdadeiro, o sentido do bem e o sentido do belo.” in Discurso do Papa Francisco aos estudantes e professores das escolas italianas, Roma, 10.05.2014
Já por mais que uma vez, dei conta, neste humilde espaço que me concedem, das palavras do Papa. E, desta vez, não resisti a trazê-las novamente. Isto, porque aquilo que o Sumo Pontífice disse aos alunos e professores das escolas de Roma também se aplica a cada um de nós, membros desta comunidade educativa. E somos membros de pleno direito, porque a marcamos e influenciamos tantas e tantas vezes. O Papa Francisco começa por revelar neste texto que tem grande amor à escola, pois foi lá que iniciou a sua preparação para a vida. Mas destaca a importância de todos os que o rodearam e nos rodeiam a nós: na escola não se cresce sozinhos e há sempre um olhar que te ajuda a crescer. E esse olhar pode ser de um professor, de um colega, de um funcionário… A escola ensina-nos a compreender a realidade, começando por aquilo que nos rodeia, aprofundando, pouco a pouco, algumas áreas e no final a especializar-se… é o aprender a aprender. A missão da escola passa por desenvolver o sentido do verdadeiro, do bem e do belo através de um caminho rico, feito de muitos ingredientes: as diferentes disciplinas e atividades que estimulam diversos elementos que agem juntos e estimulam a inteligência, a consciência, a afetividade, o corpo, etc. Cultivamos o verdadeiro, o bem e o belo sempre que olhamos em volta e somos capazes de perceber que um monumento, por exemplo, não são só pedras colocadas ali há muito tempo, mas uma obra de arte, de engenharia, de arquitetura, de história(s), de pessoas… e sempre entrelaçadas umas nas outras, de tal
Sociedade típica do século XXI A sociedade moderna, a suposta fase final máxima da Democracia. Mas, na verdade, a democracia não existe, o que existe é um conjunto de ideais oriundos do Capitalismo, Comunismo, Nacionalismo, Absolutismo, etc…, cobertos por um pano a que chamam de Democracia. Na minha opinião, uma sociedade rentável, mas acima de tudo feliz, apenas poderá surgir se as necessidades básicas também surgirem por quem lidera as sociedades, o Governo. Quando me refiro a necessidades básicas, refiro-me a sistemas de educação, saúde, transporte, rendimentos, etc… Sistemas que no meu país se encontram em declínio! Atualmente, presenciamos uma sociedade em que se desvalo12 | junho 2014
modo que não podem ser separadas ou dissociadas. Mais para o final do seu discurso, o Papa Francisco reforça que a escola não é só aprendermos conhecimentos, conteúdos, mas aprendermos hábitos, valores. O amor ao conhecimento, à razão (o uso da inteligência e do ato de pensar!) não é inato. Como humanos que somos, estamos predispostos ao uso da capacidade racional. Mas muito daquilo que somos é fruto do que vivemos, fruto das nossas experiências e vivências… daquilo que nos deram e daquilo que absorvemos. Somos seres socias, sem dúvida. Mas marcados por aqueles que nos rodeiam… para o bem e para o mal. Se esta é uma imagem construtiva de escola, se esta é uma imagem que queremos para os elementos da nossa comunidade educativa, em particular dos nossos alunos, então temos de lhes abrir as portas ao verdadeiro, ao bem e ao belo. São vários os “ingredientes”: cada professor, cada funcionário, cada aluno… todos ajudamos os outros a “saber ser, saber estar, com verdade e com rigor”, como diz o hino da nossa escola. Mas nestes ingredientes, há alguns mais vocacionados para isso. E é aqui que a Educação Moral e Religiosa Católica pode ser uma porta, um caminho, uma chave de interpretação onde se entrelaçam tantas e tantas coisas, tantos e tantos saberes e experiências. “Vem e vê” é o desfio para este ano que coloca a disciplina de EMRC à comunidade, tal como Jesus desafiou os apóstolos a verem onde Ele morava (Cf. Evangelho de S. João 1, 38-39. Será que está aqui o “ingrediente secreto”? Alexandre Barreto, Curso Profissional de Técnico de Manutenção Industrial (Mecatrónica Automóvel), 3.º ano
rizam, não só os idosos, mas também os jovens qualificados. Uma sociedade em que as pessoas morrem nas salas de urgência, porque não existem condições nos hospitais. Uma sociedade que permite a manipulação da opinião pública (não deixa de ser censura se apenas mostrarem uma versão da história). Uma sociedade que não entende que um produto mais barato não é pior do que um de marca, apenas porque os anos em frente a uma televisão e os media fizeram as pessoas pensar assim. Até porque o dono das duas marcas é o mesmo, quase de certeza! Atualmente vivo e presencio uma sociedade conformada com a desigualdade. Vou emigrar!
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