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O MARNOTO
DAR VOZ A...
O MARNOTO
A vida que gera vida Quando pensava estas linhas, apercebi-me que é recorrente, nestes textos, questões de “vida e de morte”. Pois… não no sentido popular ou comum da expressão, mas porque abordo estas questões com frequência. A justificação é simples: o centro da crença cristã está centrada num Homem que, acredito, morreu e ressuscitou. E como também não me canso de dizer, o Natal só é importante, porque houve a Páscoa da Ressurreição. Páscoa da Ressurreição? Claro que pode ser analisada em contraponto com a Páscoa Judaica, aquela que celebra a passagem da escravidão à liberdade, a que comemora a viagem feita por Moisés e o seu povo a caminho da Terra Prometida. A própria palavra Páscoa deriva do hebraico e significa “passagem”. Ora, se no Antigo Testamento é a passagem do Mar Vermelho e do deserto a caminho da Terra Prometida, para os Cristãos é a passagem da morte à vida plena. A esperança é uma atitude exclusiva do ser humano, através da qual procura criar uma ponte entre a realidade, o desejo e a expectativa de determinada resolução. Aliás, esta é também uma das grandes virtudes humanas, cada vez mais posta em prática nos dias que correm. Perante as dificuldades, depois de uma leve tentação ao desespero, depois de uma incursão na realidade, o nosso íntimo catapulta-nos para a “espera do expectável”, ou seja, para a concretização de determinada vontade, influenciada por um conjunto grande de fatores, alguns dos quais completamente dependentes de nós próprios, mas também de outros dos quais não temos o menor controlo. Num tempo que é de dificuldades acrescidas, fruto da conjuntura, é também o tempo de arriscar, é também o tempo de construir. Não podemos parar. Fruto disso mesmo, temos sido brindados com alguns “rebentos” na nossa comunidade educativa, que muito contribuem para renovar a esperança de que, apesar dos entraves, é possível avançar, fazer caminho, encontrar alternativas. É que, num futuro próximo, vamos começar a sentir a falta de renovação da nossa sociedade. Gerar e acolher a vida nova que surge tem de ser compromisso de todos: uns geram, outros acolhem e ajudam a crescer. Se nos voltarmos para o nosso umbigo e para o nosso mundo, então será mais difícil. Temos de partir ao encontro, temos de nos abrir aos outros, porque só assim nos sentimos vivos e mais encorajados para avançar, para sair do nosso quotidiano rotineiro e seguro. Mais, este gerar ou construir vida tem também de ajudar a ter uma nova atitude perante a própria vida, perante o ensino e perante a escola. Temos de nos olhar nos olhos, de ver no outro uma pessoa que respira, que tem sentimentos, uma história, vontades e desejos… e não uma simples imagem num monitor, um simples nome ou número que identificam alguém (quase já) sem rosto. A vida é olhar para a cruz e perceber que na imagem do Crucificado há um sentido e um caminho para a vida. Um caminho para uma vida real. Só falta conhecer a proposta e vivê-la. Feliz Páscoa! Professor Sérgio Óscar MARÇO 2012
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Colégio D. José I é o lugar,
que partilho com amor. MARÇO 2012