Revista Farroupilha - Edição de Julho a Setembro de 2015

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ANO XXIII | Nº 118 | JULHO A SETEMBRO 2015

A EXPERIENCIA NA APRENDIZAGEM Empreendedorismo na escola

Movimento #daescolapravida

Professores Inquietos

Programa traz aprendizados na área de economia e negócios

Guia virtual aborda como o que se aprende na escola é aplicado na vida

Vídeo-manifesto instiga a transformação na educação


EXPEDIENTE

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EDITORIAL

Nº 118 - Edição de Julho a Setembro de 2015 da Revista Farroupilha Presidente da Associação Beneficente e Educacional de 1858 – ABE 1858 Fernando Carlos Becker Diretora Pedagógica Marícia Ferri Diretor de Administração e Finanças Milton Fattore Jornalista Responsável Cláudia Oliveira MTB 8138 Textos Cláudia Oliveira Manoela Scroferneker

A CONCRETIZAÇÃO DO CONHECIMENTO Algumas pessoas acreditam que grandes conquistas nascem de pessoas talentosas e habilidosas por natureza. Em determinados casos, é mais cômodo acreditar na predestinação do que reconhecer a importância do esforço nas trajetórias intelectuais. Carol Dweck, renomada psicóloga da Universidade de Stanford, especialista

Coordenação Geral Tiago Schmitz

em estudos sobre motivação, acredita que a inteligência

Assessor de Criação e Design Marcelo Diehl

ela pode – e deve – ser desenvolvida, constituindo-se

Comunicação e Marketing comunicacao@colegiofarroupilha.com.br

Compartilhamos da mesma filosofia. Acreditamos que a in-

Diagramação e Projeto Gráfico Design de Maria www.designdemaria.com.br

assumir e empreender o esforço que o desafio nos exigir.

Revisão Textual Laboratório de Português Capa Pais Maria Cláudia e Lucas Braga Eichenberg com os filhos, Maria Eduarda e José Fernando, alunos do 1º e 3º anos do Ensino Fundamental, durante a Ciranda de Ideias. Crédito: Mauro Schaefer

não é um traço imutável de personalidade. Pelo contrário, em um dos pontos-chave para o sucesso.

teligência trabalhada nos proporciona mais facilidade para Daí a importância de valorizarmos a aprendizagem experiencial ou ativa, tema desta edição. A partir do momento em que estimulamos o aluno a buscar o conhecimento, a se esforçar para alcançar esse objetivo, ao invés do professor apresentá-lo de forma tradicional – via aula expositiva, estamos contribuindo para que esse conhecimento se consolide na memória do aluno, fazendo com que ele obtenha mais confiança, sinta-se mais envolvido e engajado e seja protagonista do seu processo de aprendizagem.

Ouvidoria Farroupilha ouvidoria@colegiofarroupilha.com.br (51) 3455-1889

Em contrapartida, temos um professor mais motivado,

Tiragem 1.000 exemplares

e interagindo melhor com os alunos.

Versão Online www.colegiofarroupilha.com.br

A construção de uma escola que respira e transpira co-

COMO INSTALAR O LEITOR DE QR CODE NO SEU CELULAR Inventado no Japão em 1994, o QR Code foi criado para facilitar o acesso à informação por parte de usuários de celulares, podendo ler qualquer coisa de qualquer lugar. Para ler um QR Code ou Quick Response Code é preciso instalar um software em seu celular. Ele será responsável por decodificar a imagem capturada. Na internet, há muitos softwares gratuitos disponíveis. É preciso que se baixe um de acordo com o modelo do celular. Em português, o http://reader.kaywa.com é um dos melhores sites para baixar leitores de QR Code. Para aqueles que quiserem criar seus próprios QR Codes, em http://qrcoder.kaywa.com, é possível gerá-los facilmente.

as páginas dessa edição, você perceberá que estamos

que passa a ter maior reconhecimento do seu trabalho, percebendo o progresso dos seus esforços, conhecendo

nhecimento é um processo lento e gradual. Em todas permanentemente em busca dessa meta. E que são muitas as práticas baseadas em experiências ativas, que deixa o Colégio Farroupilha orgulhoso de seus alunos, professores e das famílias que nos ajudam a construir uma educação de qualidade.

Fernando Carlos Becker Presidente da Associação Beneficente e Educacional de 1858


SUMÁRIO 3

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NESTA EDIÇÃO | #118 5

Experiência internacional com o ballet

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Mais gentileza no trânsito

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“Não somos pai e mãe, nós nos tornamos pais”

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O que se aprende na escola faz sentido na vida?

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Múltiplos olhares para transformar a educação

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Do céu para o celular

22

Caminhos de experiências que conduzem ao conhecimento

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Soltando a imaginação para aprender


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OPINIÃO

A IMPORTÂNCIA DA EXPERIÊNCIA NA APRENDIZAGEM Por Luciane Jordan e Nadine Cabral, orientadoras da Educação Infantil No Colégio Farroupilha, os estudantes vivenciam o conhecimento de diferentes maneiras. Para darem sentido às competências e habilidades contempladas na matriz curricular, crianças e adolescentes são instigados a unir teoria e prática, através de experiências que tornam possível justificar os saberes adquiridos. Dessa forma, a metodologia utilizada nos diferentes Níveis de Ensino visa tornar a aprendizagem significativa para a formação integral dos educandos. Essas vivências oportunizam que as crianças, desde a Educação Infantil, conheçam o mundo através das explorações sensoriais, incorporando tudo o que é visto, tocado, cheirado, degustado e percebido às suas aprendizagens, ampliando o seu conhecimento. Cada nova experiência é integrada às aprendizagens anteriores, construindo novos saberes. Um exemplo disso foi quando uma professora do Nível 5 da Educação Infantil promoveu uma saída com sua turma ao mercado para comprar frutas. Através dessa atividade, foi possível trabalhar a educação financeira, exercitando o uso do dinheiro, bem como perceber as propriedades das diferentes frutas, seus aromas, texturas, gostos e ainda fazer uma culinária, descobrindo a importância desses alimentos para a saúde. Para John Dewey, filósofo norte-americano, a experiência envolve uma troca ativa e alerta com o mundo; em seu auge significa uma interpretação completa entre o eu e o mundo dos objetos e dos acontecimentos. Pesquisas indicam que crianças e adolescentes aprendem quando vivenciam aquilo que estão estudando, quando o conhecimento se volta em ação. Para isso, o papel do professor é fundamental, pois é um mediador atento, que, a partir das curiosidades e necessidades dos estudantes, cria situações que promovam a vinculação do saber aos desafios do mundo atual. Dessa forma, o professor propõe uma prática em que a educação que é conferida ao estudante contribua na sua formação como protagonista de um processo contínuo de aprimoramento.

“[...] a experiência, para ser educativa, deve conduzir a um mundo expansivo de matérias de estudo, constituídas por fatos ou informações, e de ideias. Esta condição somente é satisfeita quando o educador considera o ensino e a aprendizagem como um processo contínuo de reconstrução da experiência”. John Dewey


OLHOS PARA O MUNDO

EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL COM O BALLET Francesca Fogaça, da 2ª série do Ensino Médio, participou do Rieti Danza Festival, na Itália Desde os sete anos de idade, o ballet clássico faz parte da vida de Francesca Fogaça. Durante este tempo, foram muitas apresentações com a Escola de Ballet Vera Bublitz. Em abril de 2015, porém, a aluna da 2ª série do Ensino Médio teve a sua primeira experiência internacional ao viajar com mais quatro bailarinas para o Rieti Danza Festival, na Itália. Nos 14 dias de viagem, Francesca conheceu pessoas da Rússia, Espanha, França e Itália. No Teatro Flavio Vespasiano, local do festival, ela teve aulas de ballet clássico com uma professora da Academia de Roma. Além de se apresentar no festival, a estudante participou de oficinas da Scuola di Danza del Teatro dell’Opera di Roma. As aulas aconteciam no turno da manhã, com todos os participantes do nível avançado da competição. Depois do almoço, todos retornavam ao teatro para se maquiarem e se prepararem para dançar para os jurados. “Aprendi muito sobre a história da arte e da humanidade nessa viagem”, disse Francesca. Foi por influência da mãe que Francesca começou a dançar ballet clássico, há oito anos. Com o passar do tempo, a aluna se apaixonou pela dança e percebeu o quanto ela mudou. “O ballet simplesmente me ensina de tudo: comportamento social, dedicação e esforço são as principais lições”, destaca. A estudante explica que o ballet é uma das atividades físicas mais completas que existem, pois “mexe com a alma e com cada músculo do corpo”. O bom desempenho no festival fez com que Francesca ganhasse uma bolsa de estudo de 100% para a segunda edição do International Ballet Seminar Fouetté, na Estônia. Ela pretende participar do workshop em 2016 e aperfeiçoar, ainda mais, as técnicas do ballet clássico.

Ballet clássico faz parte da vida de Francesca desde os sete anos

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OLHOS PARA O MUNDO

A ESCOLA COMO ESPAÇO DE CULTURA Farroupilha recebeu o XIV Festival de Teatro e Música em Língua Alemã É com o auxílio das artes que estudantes de Porto Alegre, Nova Petrópolis e Ivoti encontram uma maneira de aperfeiçoar o aprendizado no idioma de alemão. No mês de junho, o Colégio Farroupilha recebeu o XIV Festival de Teatro e Música em Língua Alemã, evento coordenado pela Associação Riograndense dos Professores de Língua Alemã (ARPA), em parceria com as coordenações do Ensino da Língua Alemã do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (Zfa) e o Instituto Goethe. No total, oito peças em Língua Alemã foram apresentadas, nas categorias Ensino Fundamental – Anos Iniciais, Ensino Fundamental – Anos Finais e Ensino Médio. O Grupo de Teatro do Farroupilha, “Tomara que Caia”, formado por alunos do Ensino Médio, apresentou o espetáculo “Schnell”, no evento. A peça é uma adaptação do conto “Rápido”, de Luís Fernando Veríssimo. Para a aluna da 3ª série, Eduarda Mello, a experiência foi enriquecedora por permitir contato com estudantes de outras instituições e cidades. “O festival é a oportunidade que temos de melhorar o idioma através da interpretação de textos orais de um modo divertido e didático”, destaca. Para a professora de Língua Alemã do Colégio, Luciane Gewehr, os temas atuais das peças propiciaram a reflexão e mostraram o compromisso dos alunos, sem se preocuparem com avaliação ou competição. “Gosto muito do intercâmbio entre escolas. A convivência e o respeito pelo outro que é diferente são essenciais para a formação do aluno e para o cultivo da Língua Alemã”.

Alunos do Ensino Médio apresentaram a peça “Schnell”


ENTREVISTA

O ESTUDANTE EM BUSCA DO CONHECIMENTO Aprendizagem Ativa ou Experencial é uma das técnicas inovadoras defendidas pelo pioneiro e especialista, professor Ricardo Gudwin, durante as suas aulas na Unicamp Membro do Board of Governors do Semiotics Evolution Energy (SEE) Virtual Institute, em Toronto, Canadá, o professor Ricardo Gudwin é um dos pioneiros especialistas no país quando o assunto é Aprendizagem Experencial ou Ativa. Durante as suas aulas, no Departamento de Engenharia de Computação e Automação Industrial da Faculdade de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação da Universidade Estadual de Campinas, Gudwin aplica um conjunto de práticas pedagógicas que abordam a questão da aprendizagem de uma forma diferente, na qual o aluno vai em busca de conhecimento com foco em seus objetivos de aprendizagem. Como resultado, tem-se estudantes engajados e proativos dentro e fora da sala de aula. Na entrevista exclusiva concedida à Revista Farroupilha, o doutor em Engenharia Elétrica fala sobre essa prática inovadora, os métodos e os desafios impostos pela Aprendizagem Ativa, e aproveita a conversa para repassar dicas aos professores de como colocar o aluno como protagonista do seu próprio processo de educação.

Para Gudwin, aluno proativo e mais comprometido com seus aprendizados são resultados da Aprendizagem Ativa

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ENTREVISTA

Como funciona a Aprendizagem Ativa? Ricardo Gudwin: Como professores, devemos nos perguntar quais são os itens de aprendizagem que queremos que nossos alunos tenham, e focar na elaboração de perguntas, tarefas, exercícios, projetos ou desafios, que motivem os estudantes a correrem atrás do conhecimento necessário para atingir esses objetivos. A prática da aprendizagem ativa consiste em fazer com que o aluno busque o conhecimento, ao invés do professor apresentá-lo diretamente ao aluno. Isso faz com que o conhecimento se consolide na memória do aluno de maneira mais perene, pois o cérebro dele atribui importância maior, relevância maior ao conhecimento que vem do esforço.

Quais os métodos utilizados nessa prática? Ricardo Gudwin: Grandes universidades norte-americanas e europeias estão gradativamente migrando muitos dos seus cursos para aprendizagem ativa. Estudos científicos foram feitos e os ganhos na aprendizagem dos alunos são efetivos e evidenciados por análises. Dentre os métodos de aprendizagem ativa estão o Peer Instruction (ou aprendizado entre pares), o Problem Based Learning (PBL ou aprendizagem baseada na resolução de problemas), o Evidence Based Teaching (EBT ou o ensino baseado em evidências) e diversos outros métodos que têm em comum a busca da aprendizagem por parte do aluno. De uma maneira bem simples, o Peer Instruction acontece quando os alunos aprendem exatamente por meio da interação com outros alunos. Por diversas razões, muitos alunos conseguem adquirir um melhor entendimento de alguma técnica ou conceito quando quem está lhes passando a informação não é o professor, mas um colega, ou monitor da disciplina. Uma possível explicação para a efetividade dessa técnica está no que os estudiosos de aprendizagem ativa chamam de “cegueira da dificuldade”. Um professor treinado, que já domina um determinado conhecimento há muito tempo, muitas vezes não consegue entender quais as dificuldades que um aluno tem em compreender um ou outro tópico, pois se encontra tão distante da situação de aprendizagem do aluno, que não consegue transmitir de maneira efetiva o conhecimento que domina.

“Alunos mais desinibidos têm maior oportunidade de interagir com os colegas. Estudantes mais reservados passam a perceber que seu engajamento nas práticas de aprendizagem ativa resultam em progresso efetivo”, analisa Ricardo Gudwin


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“No passado, como as fontes de informação eram escassas, era mais difícil para os alunos buscar o conhecimento necessário. Hoje, com a Internet, ficou muito mais fácil aplicarmos estratégias de aprendizagem ativa”, diz o especialista

O PBL, por sua vez, inverte a lógica da educação tradicional, quando muitas vezes apresentam-se aos alunos soluções de situações que eles ainda nem sabem que existem. Busca-se primeiro a compreensão de quais são os problemas e, em seguida, passa-se a pensar em uma solução para esses problemas. Com isso, quando o aluno se vê diante de um problema, ele passa a compreender a relevância de um ou outro conhecimento. Isso elimina essa sensação de inutilidade que alguns têm para com certos conhecimentos. Todo conhecimento acaba ficando útil, pois ele acaba sendo associado a um problema real que surge. O Evidence Based Teaching (EBT) guarda algumas semelhanças com o PBL, mas é sutilmente diferente deste. No EBT, o conhecimento é descoberto passo a passo, à medida que evidências vão sendo adquiridas para a compreensão de um conhecimento, e este é paulatinamente construído, como que se juntando as diversas peças de um quebra-cabeças. Além desses métodos, diversas práticas podem ser identificadas como de aprendizagem ativa: discussões em classe, estudo em grupos pequenos, debates, etc.

De que forma o professor pode se preparar para aplicá-la em sala de aula? Ricardo Gudwin: É necessário muita preparação, bom domínio dos temas sendo estudados por parte do professor, pois as perguntas costumam ser mais elaboradas e complexas do que as que surgem em aulas convencionais. É necessário também, desde o início, que os alunos compreendam muito bem como são elas e qual a postura que precisarão ter durante o curso para que elas sejam efetivas. Em muitas situações, é preciso que o aluno venha para as aulas com uma leitura prévia de um texto ou capítulo de livro direcionado pelo professor. É fundamental muito diálogo com a turma para que todas as dúvidas sejam dirimidas e os alunos se sintam confortáveis com a proposta pedagógica. Impor o uso das técnicas, sem um bom diálogo com a turma pode ser bastante contraproducente.


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LIDERANÇA

MUDANDO PADRÕES DE PENSAMENTO E DE COMPORTAMENTO Através do programa “O Líder em Mim”, alunos do Ensino Fundamental da sede e da Unidade Correia Lima aprendem importantes lições de liderança e empreendedorismo

Além de ser responsável pela organização do quarto, Kaio também recolhe e separa o lixo produzido pela família

Saber escolher o que é mais importante para se realizar em primeiro lugar e pensar em atitudes que beneficiem a coletividade e não apenas o bem-estar próprio implicam mudanças de padrões de pensamento e de comportamento. São hábitos, valores e competências fundamentais para o sucesso na escola e na vida que os alunos do Ensino Fundamental estão praticando com o programa “O Líder em Mim”. O Farroupilha é o primeiro Colégio de Porto Alegre a adotar essa iniciativa inovadora desenvolvida pela Franklin Covey Co., empresa americana especializada em treinamento de liderança. Praticar o gerenciamento pessoal eficaz, tendo capacidade para tomar decisões e fazer escolhas agindo de acordo com elas, constitui o 3º hábito do programa. Ao trabalhar esse hábito, os alunos aprendem a organizar e executar prioridades, identificando papéis, estabelecendo metas, planejando-se e adaptando-se diariamente. Aspectos emocionais, como compreender o indivíduo, prestar atenção às pequenas coisas, honrar os compromissos, esclarecer as expectativas, demonstrar integridade pessoal e pedir desculpas sinceras também são abordados durante as atividades. Os resultados desse programa iniciado em março são notados pelas famílias. Proatividade, confiança ao fazer as escolhas e mais responsabilidade são as principais mudanças observadas em Maria Eduarda pela mãe Liliane Dias Felizardo. “Antes, eu tinha sempre que mandar ela fazer as coisas e ficar expli-


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cando para que ela entendesse o porquê das tarefas. Hoje, a Maria Eduarda tem autonomia para escolher o que é mais importante e o que ela deve priorizar. Ela criou uma rotina de estudos, sabe os horários de determinados compromissos, como as aulas de balé. Ela entende que tem responsabilidades e tem poder de decisão de escolha porque sabe que nem sempre vai poder executar dois compromissos ao mesmo tempo”, exemplifica Liliane ao comentar que ao invés de ir para a aula de inglês, como faz todos os sábados, a estudante do 3º ano B da Unidade Correia Lima decidiu comparecer à Mostra de Saberes acompanhada pela mãe. No novo apartamento da família, o aluno Kaio Henrique, do 1º ano B do Correia Lima, ganhou uma nova tarefa: retirar diariamente o lixo seco e o orgânico e depositá-los adequadamente nos containers do prédio. A responsabilidade de Kaio aumentou depois que a mãe percebeu que o filho estava apto a gerenciar um novo compromisso. “Além de me ajudar a cuidar do irmão de dois aninhos e de organizar diariamente o quarto deles, o Kaio executa com muito esmero essa nova função”, conta orgulhosa a mãe Kécia Andrade. O programa “O Líder em Mim” tem por base os sete hábitos de pessoas altamente eficazes, relatados por Stephen R. Covey, no livro homônimo. Na próxima edição, abordaremos o quarto hábito: Pense Ganha-Ganha.

CONHEÇA OS SETE HÁBITOS QUE ESTÃO SENDO TRABALHADOS COM OS ALUNOS: • Hábito 1 - Seja proativo • Hábito 2 - Comece com o objetivo em mente • Hábito 3 - Faça primeiro o mais importante • Hábito 4 - Pense Ganha-ganha • Hábito 5 - Procure primeiro compreender, depois ser compreendido • Hábito 6 - Crie sinergia • Hábito 7 - Afine o instrumento

Maria Eduarda organiza sua rotina de estudos e prioriza as atividades mais importantes do seu dia


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LIDERANÇA

EMPREENDEDORISMO SE PRATICA NA ESCOLA Programa Miniempresa possibilita aprendizado na área de economia e negócios, proporcionando experiências para além da sala de aula

Diretora pedagógica, Marícia Ferri, recebeu os alunos que foram para Córdoba

É no Ensino Médio que muitos alunos optam por ter a

Para definir o produto a ser comercializado, os estudan-

sua primeira experiência na organização e na opera-

tes realizam um brainstorming (“tempestade de ideias”,

ção de uma empresa. Há 17 anos, o Colégio Farroupilha

na tradução para o português). A partir da definição do

promove o Programa Miniempresa Junior Achievement.

produto, é escolhido o nome da miniempresa e as de-

Durante 15 semanas, sendo através de jornadas sema-

mais etapas do processo da criação de uma empresa

nais com duração de 3h30, os estudantes aprendem

– determinação do capital inicial, escolha da diretoria,

conceitos de livre iniciativa, mercado, comercialização

custos operacionais, etc. Além de estimular a liderança

e produção. O método “aprender-fazendo” permite que

e o empreendedorismo, participar do Programa Miniem-

cada participante se torne um miniempresário, com uma

presa possibilita trocar experiências nacionais e inter-

função e responsabilidades dentro da miniempresa,

nacionais, como foi o caso de um grupo de alunos da

sendo acompanhados por profissionais voluntários das

Sabumbaê, miniempresa de 2014 do Colégio Farroupilha,

áreas de Marketing, Finanças, Recursos Humanos e Pro-

que viajou para Córdoba, na Argentina, para represen-

dução. Autonomia, pró-atividade e espírito de trabalho

tar a delegação brasileira na 17ª edição do Fórum In-

em equipe são alguns dos pontos desenvolvidos pelos

ternacional de Empreendedores (FIE), juntamente com

jovens que participam do programa, de acordo com o

outras escolas.

coordenador do Ensino Médio, Rubem Corso. “Os alunos amadurecem bastante, e passam a entender melhor o funcionamento de empresas e outras instituições, inclusive a própria escola. Eles se tornam mais responsáveis e mais comprometidos com as atividades escolares e com o seu próprio futuro”, analisa.

A Sabumbaê conquistou o primeiro lugar na Feira de Compañias, exposição de miniempresas onde cada país apresenta a sua melhor miniempresa e os resultados dela para uma banca de jurados. André Ricardo e Maria Augusta Galbinski, da 3ª série do Ensino Médio, mostraram o “Sabumbaê”, um sabonete feito com massinha


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“A miniempresa te faz passar por situações que requerem próatividade, saber lidar com pessoas, organização e criatividade. Conhecimentos extremamente necessários para ser bem-sucedido em qualquer área”. André Ricardo, aluno da 3ª série do Ensino Médio

de modelar, com diferentes cores e aromas. Gabriel Car-

organiza uma mesa de café da manhã com comidas típi-

dozo, Laura Vinholes, Lucas Santos Kroeff e Pedro Luís

cas. No café brasileiro, havia sucos, frutas, pão de queijo,

Mattos, da 2ª série do Ensino Médio, também estiveram

tapioca e cuca. Na competição “Mi Pais es asi”, em que

presentes no evento onde puderam, durante uma sema-

os estudantes apresentaram a cultura e as tradições do

na, participar, com mais de 400 jovens de nove países,

Brasil, com um stand inspirado na Floresta Amazônica,

de conferências, palestras, workshops e dinâmicas de

a delegação foi a terceira colocada. O terceiro lugar do

integração culturais e em grupos. O dia começava bem

evento “Expressarte” foi da aluna Laura Vinholes. A ati-

cedo e, logo após o café da manhã, havia uma palestra e

vidade é realizada por quartos, onde cada participante

um workshop. Depois do almoço, os estudantes tinham

deve se expressar em grupo, por meio de redações. “O FIE

tempo livre para interagir com as delegações de outros

é aquele tipo de experiência que muda a vida das pesso-

países, antes de seguirem para outras palestras e tarefas

as. Lá, ficamos o tempo todo interagindo com jovens de

em grupo. Todos os dias, a janta era acompanhada por

toda a América Latina e fazendo amigos. Os palestrantes

uma festa temática.

do evento são pessoas geniais que não só contavam as

A delegação brasileira conquistou, ainda, o segundo lugar no “Desayuno Internacional”, competição onde cada país

suas experiências, mas também nos inspiravam a seguir nossos sonhos e a fazer a diferença”, contou André.

Produto inovador criado pelos alunos ganhou reconhecimento dentro e fora do país


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LIDERANÇA

“Melhorei a minha habilidade de trabalhar em equipe e de ser uma liderança. É muito difícil motivar um grupo, e a miniempresa me ensinou isso”. Júlia Jacociunas, ex-aluna e presidente da Bamboom

Amplificador de som ecológico ficou em terceiro lugar em concurso que contou com cerca de 40 projetos

MINIEMPRESAS RECONHECIDAS Além do destaque no FIE 2015, a Sabumbaê já havia conquistado o prêmio de Melhor Produto na cerimônia de formatura das Miniempresas de Porto Alegre, em agosto de 2014. Em 2013, a miniempresa Bamboom foi a segunda colocada no Prêmio SEBRAE de Melhor Miniempresa do Brasil e, além disso, foi eleita a Melhor Miniempresa de Porto Alegre e a miniempresa com o Melhor Relacionamento do Programa Miniempresa. Formada em 2014 pelo Farroupilha, a ex-aluna Júlia Pletsch Borba representou a Bamboom no Findinexa Brasil, evento organizado pela Associação Junior Achievement com jovens da Argentina, México e Guatemala. O amplificador de som 100% ecológico concorreu com cerca de 40 projetos e ficou em terceiro lugar na escolha dos jurados. “Somos todos os dias consumidores, e quando vamos para ‘atrás do balcão’, aprendemos quanto esforço e dedicação são necessários para conquistar os clientes”, analisa. No ano passado, a Bamboom esteve no FIE e classificou-se em segundo lugar na Feira de Compañias. A ex-aluna Júlia Jacociunas, que presidiu a Bamboom, acredita que a experiência em participar do Programa Miniempresa auxiliou na organização do seu tempo e no trabalho em equipe. “Estou indo estudar no exterior e a miniempresa não só me ajudou a entrar na faculdade, como também influenciou a área que quero seguir na carreira profissional: negócios”, explica.


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NIQUELEIRA MULTIUSO Em 2015, a miniempresa do Colégio Farroupilha é a ZipBag SA/E. O produto consiste em uma niqueleira, onde é possível fixar o celular ou, ainda, colocá-la no braço ou na perna. O diretor de marketing da miniempresa, o aluno da 2ª série, Marco Antonio Dall’Agnese, explica que o objetivo é ajudar as pessoas a se organizarem melhor. “Dá para colocar chave, o crachá, moedas, dinheiro e o cartão de crédito. As pessoas podem sair de casa e levar somente o necessário”, conta. Antes de confeccionarem o produto, o grupo de estudantes realizou uma pesquisa de mercado, para avaliar a aceitação da ZipBag. No Colégio, os estudantes separam e cortam os tecidos e os elásticos do produto e, depois, encaminham o material para uma costureira terceirizada, que faz o acabamento. Para Júlia Fontoura, poder participar da miniempresa do Colégio é a oportunidade de ter contato direto em como é administrar uma empresa de verdade, convivendo com as dificuldades e as pequenas conquistas. “Nós estamos aprendendo a conviver em conjunto, onde todos visam um único objetivo: o sucesso empresarial. Além disso, enfrentar suas dificuldades pessoais, no que diz respeito a deixar de ter medo de falar com o consumidor que não faz parte do seu cotidiano, faz com que se tenha uma evolução tanto pessoal quanto emotiva”, avalia. Recentemente, a miniempresa ZipBag SA/E recebeu dois prêmios entre as escolas de Porto Alegre: Melhor Recursos Humanos e Maior Rentabilidade


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CUIDAR É BÁSICO

“NÃO SOMOS PAI E MÃE, NÓS NOS TORNAMOS PAIS” Escritor e psiquiatra Celso Gutfreind falou sobre o tema em palestra especial do Cuidar é Básico na XXX Feira do Livro do Colégio Farroupilha “São os filhos que fazem os pais”. Foi com essa afirmação que o escritor e psiquiatra Celso Gutfreind abriu o encontro do programa Cuidar é Básico especial na XXX Feira do Livro do Colégio Farroupilha, no mês de julho, que teve como tema “Narrar, ser mãe, ser pai”. Para Celso, que foi escolhido o patrono do evento, na parentalidade, ninguém é pai e mãe. “Isso é feito pelos filhos, que são únicos e diferentes. Na parentalidade, somos tudo: pai, mãe, filho e educador”, afirmou. Na relação entre pais e filhos, é importante que se construa o vínculo e o apego. Porém, é preciso que as famílias entendam que o processo de separação – seja quando a criança se prepara para ir à escola, ou mais tarde, quando o jovem decide sair de casa para morar sozinho ou viajar, por exemplo – também é necessário. “Se educamos a criança com um apego seguro, rico e qualificado, dificilmente ela não será alguém saudável psicologicamente. A capacidade dela sentir-se bem depende da qualidade do apego, do vínculo, da relação que construímos ainda na infância”, destaca. Celso frisa que a parenMuitos são os desafios na parentalidade, de acordo com Celso

talidade é um processo consciente e inconsciente de se tornar pais. “É uma construção permanente, que começa, possivelmente, quando ainda somos filhos, na nossa infância”.


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Ter acesso às histórias da infância é um caminho essencial para se pensar no tipo de pai e mãe que nos tornaremos. “Na parentalização, estamos realçando a possibilidade de transmitirmos essas experiências. Os cuidados biológicos são importantes, mas é preciso que também tenhamos tido esse cuidado quando crianças. Não podemos ser pai ou mãe se não tivermos sido banhados por histórias, se não sabemos de onde viemos. Contar histórias não é arte pela arte, não é diversão, é muito mais. Eu preciso ter ideia de quem sou eu para viver este ‘personagem’ que é ser mãe e pai”, salienta. Celso trouxe aos pais presentes na palestra o conceito de matriz de apoio, ou seja, no processo de criação de um filho, somente os pais não basta. “O colégio, assim como a família, os amigos e os vizinhos vão compor essa matriz de apoio que vão dar mais segurança aos pais. Se não contarmos com essa ajuda, a criação se torna muito mais difícil do que já é”.

OS DESAFIOS DE SE TORNAR PAI E MÃE Embora as pessoas falem sobre os mais diferentes motivos que as levaram a se tornar pai e mãe, Celso acredita que ninguém, efetivamente, está preparado para a parentalidade. “Talvez, hoje em dia, esteja mais difícil ainda porque as famílias estão mais isoladas. O mundo tem colocado as pessoas para dentro de suas casas, daí a importância de contarmos com pessoas que nos transmitam confiança na hora de educarmos os nossos filhos”, sugere. Para o escritor, ainda é complicado para algumas pessoas fazer a transição de passar do papel de filho para o de pai e mãe. “A gente tem que sair de uma posição que nos alcançavam, nos amparavam, cuidavam da gente. Nós, seres humanos, conseguimos fazer isso, mas temos muita dificuldade em renunciar, e a parentalidade tem algo de renúncia, um dos elementos que nos ajuda a entender um dos desafios de se tornar pai e mãe nos dias atuais”.

SOBRE O LIVRO “Narrar, ser mãe, ser pai”, de Celso Gutfreind, analisa o processo psicológico de se tornar mãe e pai - a parentalidade -, ao sublinhar a importância do aspecto narrativo. Para o autor, não há pais à vontade se não contarem histórias: as suas próprias, de preferência, ou as alheias que, ao serem escolhidas, também lhes dizem respeito. Segundo Gutfreind, ‘narrar é mais que um instrumento que colabora no processo de parentalidade: é indispensável, confunde-se com ele’. Assim, encontros em torno de histórias são sagrados. Isso inclui qualquer narrativa, como contos, cantos, relatos de vida, conversa-fiada. Qualquer trama que faça a ponte entre pais e filhos, e promova essa interação com gesto, toque e olhar. Fonte: Grupo Editorial Record


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MOVIMENTO

Projeto com as turmas de 3º, 4º e 5º anos ensina Artes de forma descontraída

INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS AMPLIAM APRENDIZAGENS Projetos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental – Anos Iniciais usam a arte como complemento do ensino

Laura Figueiredo, do Nível 3 da Educação Infantil, já mostra, desde pequena, muitas habilidades na área das artes. Tanto na pintura como em outras atividades ligadas à criação, seus trabalhos são ricos em detalhes. A mãe, Solange Amaral Antunes Figueiredo, credita o talento da filha ao irmão mais velho, Pedro, de sete anos, que é muito bom no desenho. “Ele a estimula e a ensina a desenhar em casa. Ela sempre gostou, está sempre com papel e lápis na mão”, conta. No Colégio Farroupilha, as Artes Visuais desempenham um papel importante na formação dos alunos, ampliando as aprendizagens ainda na Educação Infantil, com a realização da Oficina de Criação, evento que expõe os trabalhos dos alunos do Berçário ao Nível 5. A professora de Artes da Educação Infantil, Cláudia Costa, explica que, em cada nível, um processo de criação é utilizado, mas com o mesmo objetivo: atrair a atenção das crianças. “São muitas linguagens artísticas, mas, em todos os níveis da Educação Infantil, eles passam pelas etapas de desenho, pintura, iniciação ao recorte, amassamento de papel etc. É uma gama de materiais que eles podem vivenciar”, destaca. Além disso, ela enfatiza que, dentro do processo artístico, é necessário acompanhar a criança em todos os momentos. “Se trabalharmos de forma correta, em parceria com a professora da turma, ela sai com uma vivência maravilhosa. É tudo muito mágico, mas cuidamos para que esse processo seja adequado, sempre respeitando a capacidade do aluno”, afirma. Cláudia salienta, ainda, a importância que as artes têm como complemento no conteúdo de outras disciplinas. “Nos projetos das turmas, eles trazem as dúvidas, e eu, muitas vezes, consigo desenvolver a parte artística. Eles entendem processos químicos e físicos, por exemplo, em uma colagem, já que envolve um processo de secagem. No processo artístico, nada é instantâneo”.


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CONTATO COM A ARTE CONTEMPORÂNEA As turmas de 3º, 4º e 5º anos do Ensino Fundamental – Anos Iniciais participam, desde junho, do projeto “Artista na Escola”, que tem como objetivo aproximar os estudantes da arte contemporânea, a partir de um bate-papo com jovens artistas gaúchos de destaque no cenário das artes visuais. Primeiramente, os alunos são apresentados às obras do artista. A próxima etapa é a elaboração de perguntas sobre a trajetória artística do convidado. Passado o bate-papo, a professora de Artes Visuais, Alice Wapler, realiza atividades de releitura, que vão ao encontro do conteúdo que o nível de ensino está desenvolvendo, assim como as habilidades previstas para o trimestre. “A disciplina de Artes possui uma gama imensa de abordagens, pois ela não fala apenas de si, mas reflete e questiona a sociedade. Reduzir o ensino da Arte a técnicas é desperdiçar todo o potencial formador que ela possui”, destaca Alice. Para a professora, o aprendizado e a experiência estão interligados, daí a importância do estreitamento entre os diferentes campos artísticos e os demais componentes curriculares. “Quando os estudantes são criadores e não apenas receptores, o interesse pelo aprendizado ganha destaque. Mais rico que transformar a sala de aula em um ambiente de experimentações é refletir sobre as práticas junto aos alunos. O educador necessita diversificar sua didática com propostas relevantes ao grupo que visem não só um aprendizado específico na sua disciplina, mas que agregue na formação do aluno enquanto sujeito criativo e crítico”, analisa. E colocar a mão na massa, para os alunos, influencia significativamente no processo de aprendizagem. “Aprender fica muito mais divertido quando temos contato com atividades práticas, que têm relação com o conteúdo que estamos estudando”, opinou Carolina Ruiz Lima, do 5º ano A. Para a colega Catarina Montagna, tais experiências devem ser estimuladas sempre. “É mais legal aprender assim, quando tu tens liberdade em criar. Tu consegues ver o significado que o conteúdo tem nas nossas vidas”.

Laura gosta de desenhar por influência do irmão mais velho, Pedro


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INQUIETOS

MÚLTIPLOS OLHARES PARA TRANSFORMAR A EDUCAÇÃO Escola de Professores Inquietos lança vídeo-manifesto com o objetivo de despertar os educadores para os desafios da sala de aula no século 21 Desde que foi lançada, em abril de 2014, a Escola de Pro-

terceira edição do evento Inteligência Coletiva e, por fim,

fessores Inquietos procura discutir novos modelos de

tornou-se um dos mediadores dos cursos e dos workshops.

educação. Nos cursos e workshops, os docentes são es-

Ele conta que os colegas o apelidaram de “professor in-

timulados a pensar na aprendizagem pela experiência e a

quieto”. “Essa inquietação tem origem justamente neste

buscar formas que transformem as suas práticas em sala

descompasso que há entre a escola e a vida. Na minha

de aula. Das trocas e dos múltiplos olhares de educadores

dissertação de mestrado, pesquisei os jovens da geração

das mais diversas áreas da educação, surgiu uma rede de

digital e percebi que a cada geração mudam as formas de

Inquietos, cujo resultado está em um vídeo-manifesto, lan-

relacionamento e aprendizagem. E isso está se refletindo no

çado no mês de agosto, com depoimentos de mediadores

mercado de trabalho, nas relações familiares e na produtivi-

da Escola, “professores-alunos”, profissionais que coloca-

dade das empresas”, destaca.

ram a “mão na massa” para tirar o projeto do papel, além de imagens com práticas pedagógicas diferenciadas. “Procuramos, com esse vídeo-manifesto, mostrar profissionais que estão conectados com o propósito da Escola de Professores Inquietos”, contou uma das idealizadoras do projeto, Gabriela Malafaia.

Alice Wapler, professora de Artes Visuais do Ensino Fundamental – Anos Iniciais do Colégio Farroupilha, é outra inquieta que contou a sua experiência no vídeo-manifesto. “Fico contente pela iniciativa do projeto surgir de dentro da escola [Farroupilha], afinal, não há lugar mais propício para se debater a educação, dilatar as possibilidades didáticas,

O professor de Administração no Instituto Federal – Cam-

pluralizar percepções e inquietar-se”, comenta. Questionar

pus Viamão, Nilo Barcelos, começou como aluno da Escola.

e pensar em outras formas de contribuir para melhorar a

Depois, foi convidado a fazer um relato de experiência na

educação é o que faz de Ana Rauta, pedagoga especialista


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em Tecnologia na Educação, uma inquieta. “A rede dos Pro-

xergar meu aluno, na importância do afeto e da confiança

fessores Inquietos promove o encontro entre pessoas para

nessa relação, na necessidade de nos colocarmos como

troca de experiências, criando um movimento motivador

alunos mesmo quando assumimos o papel de professor”,

que capacita o professor a criar mais, a pensar estratégias

complementa Alice. Já Ana reafirmou o trabalho que vem

de modificar nossas práticas docentes e divulgar isso, valo-

realizando na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ir-

rizando o nosso trabalho”, afirma.

mão Weibert, em São Leopoldo. “Quero fazer diferente e fa-

Para Veronica Torres, professora da Escola de Educação Infantil Yellow Kids, o que a levou a buscar a rede dos Inquietos foram a responsabilidade com o outro e a necessidade de novos olhares. “Os inquietos são pessoas humanas, que têm sensibilidade para perceber as mudanças, e são apaixonadas pela educação, dispostas a criar, recriar e co-criar um novo jeito de ser escola”, avalia.

zer a diferença. Compartilhar. Unir educadores que querem transformar a educação criando outras formas de ensinar e aprender, trocando ideias, valorizando as diferenças e anunciando práticas inovadoras”. Nilo admite que foi se acostumando com a ideia de compartilhar com os seus estudantes a responsabilidade pelo aprendizado e que, aos poucos, tem conseguido deixar de ser o dono do saber na sala de aula e ajuda a turma a decidir o que será construído em conjunto. “Faço atividades fora da sala de aula e

MUDANÇA NA PRÁTICA EM SALA DE AULA

uso o design thinking para concatenar as ideias da turma nesta busca do que vamos estudar juntos”, conta. Para

Muito mais do que a troca de experiências, a Escola de Professores Inquietos tem mudado a realidade na dinâmica da sala de aula, garantem os educadores. “A minha postura diante das crianças é outra, inteiramente focada nas inspirações delas. O meu movimento como educadora ultrapassou o limite da sala de aula; tudo o que eu vejo, ouço e faço se transforma em matéria que enriquece a

Gabriela, a diversidade de educadores é o que faz deste projeto ser inovador. “Quando temos diferentes públicos, de realidades distintas, um sempre complementa o olhar do outro. Muitas vezes, por exemplo, o que falta para um professor do Ensino Médio é a sensibilidade do professor da Educação Infantil. Então, quando eles trabalham juntos, eles conseguem fazer essa troca”, avalia.

interação, as ideias e a prática”, garante Veronica. “Fre-

Acesse o QR Code ao lado para assistir

quentar a Escola de Professores Inquietos e estar inserida

ao vídeo-manifesto da Escola de Profes-

neste projeto propiciou a reflexão na maneira de como en-

sores Inquietos.

No vídeo-manifesto, docentes lançam o desafio de transformar a educação


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ESPECIAL

CAMINHOS DE EXPERIENCIAS

QUE CONDUZEM AO CONHECIMENTO A educação ganha sentido quando alunos compartilham entre si, com as famílias e com a comunidade aprendizados que os acompanharão ao longo de suas vidas

Corredores e salas de aula decorados com trabalhos, nos quais estão expostas as percepções de alunos sobre as mais diversas temáticas, evidenciam o quanto o processo de ensino-aprendizagem baseado em experiências é capaz de instigar no aluno o desejo pelos estudos, estimulando-o a sair em busca de soluções para situações-problema que podem o acompanhar pelo resto da vida. Ao tornar o aluno protagonista, ele aprende a fazer uma leitura diferente e crítica do mundo e passa a compreendê-lo em seus variados contextos. A aprendizagem é um eterno exercício e o segredo para esse exercício ser bem sucedido, já dizia Albert Einstein, é dedicarmo-nos a uma vocação ou realizarmos algo que nos dê tanta satisfação que nem notamos o tempo passar. Ao transitarem por esse mundo de descobertas, revelado pelos filhos nas mais diversas atividades do Colégio, seja em mostras, exposições, feiras, atividades e em qualquer outro evento pedagógico, pais e familiares sentem-se orgulhosos de fazer parte desse processo de construção de múltiplos aprendizados liderados por crianças e jovens. A proatividade dos filhos na aquisição da aprendizagem e a curiosidade aguçada, típica daqueles que estão em busca de conhecimento, são as diferenças de comportamento mais notadas pelas famílias. “Nós, pais, estamos sempre aprendendo com os filhos. É muito bom comprovar na prática o quanto eles evoluem, ganham experiência e aprimoram a sua criatividade com atividades tão diversificadas”, diz a mãe Nádia Suzana James Almeida ao assistir, junto com a filha Mariana, a um vídeo feito pela aluna do 5º ano A da Unidade Correia Lima, em parceria com os colegas, durante a Mostra de Saberes.


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O encontro entre alunos e familiares, na avaliação da professora dos Anos Iniciais, Rosane De Camillis Dalla Valle, na Ciranda de Ideias, na Mostra de Saberes, em sala de aula ou em qualquer outro momento, demonstra que essa sintonia entre a Escola e as famílias reverte-se em ganho para os estudantes e para toda a comunidade educativa. “A participação entre familiares e instituição de ensino é concretizada quando ambos estão unidos em um único objetivo, formar cidadãos conscientes da sociedade da qual fazem parte, com valores éticos e morais, visando um futuro promissor. Tal parceria pode ainda incentivar um melhor desempenho no processo de aprendizagem e facilitar a educação dos alunos”, analisa a docente.

ALUNO PROTAGONISTA, PROFESSOR SATISFEITO Incorporada a um currículo flexível e personalizado, a aprendizagem experiencial ou ativa traz um conjunto de práticas que põe o estudante no papel de protagonista do seu processo de aprendizagem, no qual o aluno e as suas necessidades de conhecimento ocupam o papel central. Como resultado, temos um estudante mais engajado, participativo, que constrói o saber através da participação ativa, responsabiliza-se pelo estudo prévio e pelo trabalho em sala de aula, faz perguntas voltadas a uma interpretação conceitual de diferentes situações, colabora para a construção de respostas a problemas propostos, em lugar da imitação de técnicas usuais de resolução de problemas. Esse novo cenário contribui para que o professor conheça melhor os seus alunos, interaja muito mais com eles, já que as aulas passam a ser momentos prazerosos ou, no mínimo, mais interessantes.

Giuliano Ferronato, pai do aluno Vicenzo, do 2º ano do Ensino Fundamental, apresentou à turma e ao público slides sobre vários tipos de sementes e a sua germinação durante a Ciranda de Ideias


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ESPECIAL

MÉTODOS DA APRENDIZAGEM ATIVA Aprendizagem por pares A educação entre pares ou Peer Instruction consiste em uma metodologia do ensino ativo (active learning) que coloca o aluno como foco da aprendizagem. Os estudantes deixam de receber lições expositivas e passam a ler as matérias em casa, enquanto, nas aulas, respondem perguntas sobre as lições e discutem seus conhecimentos com os colegas. No momento das respostas, o professor identifica se os alunos compreenderam ou não a matéria e quais as suas possíveis dificuldades em relação ao assunto colocado em pauta. Esse método foi criado pelo professor Eric Mazur, do Departamento de Física da Universidade Harvard, e vem ganhando cada vez mais espaço em instituições, como o Colégio Farroupilha, que almejam se tornar referência em educação. “Essa metodologia pode ser usada para ensinar qualquer disciplina que envolva principalmente o pensamento crítico”, explica o professor Mazur. Problem Based Learning Essa proposta para a atividade pedagógica é direcionada para a apresentação de problemas aos alunos, que devem procurar ativamente métodos para a sua resolução. É particularmente interessante em disciplinas que envolvem ciências e/ou engenharia.

Evidence Based Teaching O conhecimento é descoberto passo a passo, à medida que evidências vão sendo adquiridas para a compreensão do saber, que é gradativamente construído, como se os alunos juntassem as diversas peças de um quebra-cabeça.

Reflexão sobre o uso da água e a adoção de novas posturas diárias foram divididas com alunos dos Anos Iniciais por estudantes do Ensino Médio


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PRÁTICAS QUE VÃO ALÉM DOS LIMITES DO FARROUPILHA Várias são as práticas adotadas pelos professores e, por vezes, pelos próprios alunos do Colégio Farroupilha que evidenciam os métodos mencionados anteriormente. Faltaria espaço para citarmos todas as que acontecem ao longo do ano letivo. Nos cases a seguir, selecionamos uma iniciativa por nível de ensino para que você possa conhecer um pouquinho do que é produzido dentro da Instituição e que, em muitas situações, ultrapassa o limite demográfico da própria escola, envolvendo a sociedade e também outras instituições de ensino.

Aprender fazendo É na Educação Infantil que a aprendizagem experiencial ou ativa pode ser reconhecida com mais facilidade, já que as crianças aprendem “fazendo e brincando” e não assistindo a uma aula expositiva. A partir das inquietações dos alunos do Nível 5D sobre questões de valores e de sustentabilidade, a professora Anelize Malmann propôs uma atividade de liderança e proatividade com o projeto “Clube do Mundinho”. A proposta colocou os alunos de cinco e seis anos como protagonistas do próprio aprendizado, estimulando-os a atuar de modo ativo em situações de ensino-aprendizagem, bem como na construção de habilidades e competências que visam formar sujeitos preparados para a vida. “Reforçamos o quanto o pensamento, a reflexão e a tomada de atitudes desde pequenos pode contribuir para que o mundo seja um lugar melhor para se viver: no trânsito, na cidade, na natureza, nas atitudes diárias”, analisou Anelize.

Questões envolvendo valores e sustentabilidade foram trabalhadas a partir das inquietações relatadas pelos próprios alunos da Educação Infantil


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ESPECIAL

Maior consciência na utilização de

ras em sala de aula. A proposta foi

recursos naturais

realizada pelas alunas em quatro

Quanta água você gasta para tomar um banho de 15 minutos? Em busca de respostas para a pergunta, um grupo de alunas da 2ª série do Ensino Médio resolveu realizar um trabalho interdis-

encontros, nos quais foram aplicados questionários com perguntas sobre economia de água, curiosidades sobre a água, gincanas, dinâmicas, vídeos, oficinas e jogos.

ciplinar, envolvendo os próprios cole-

Em uma das atividades, no corredor

gas da turma, sobre o uso de recursos

do 2º andar, as estudantes colocaram

hídricos. Os resultados, obtidos atra-

lado a lado 68 garrafas pet cheias

vés de um questionário aplicado com

de água. “Essa quantidade é a que

os colegas, deixaram preocupadas as

usamos para tomar um banho de

estudantes Gabrielle Pimentel, Fer-

aproximadamente 15 minutos”, disse

nanda Fragomeni e Francine Breunig,

Fernanda. Ao mostrar, de forma prá-

mobilizando-as para tentar reverter

tica, durante a oficina o quanto cada

o quadro através da conscientização

um de nós gasta ao tomar um banho

da própria comunidade escolar. “Des-

demorado, as crianças se deram con-

cobrimos que o Rio Grande do Sul

ta do quanto a falta de consciência

está prestes a passar por uma crise

gerada pelo desperdício pode com-

de água semelhante à enfrentada por

prometer o futuro de todos. “Agora

São Paulo”, contou Gabrielle.

que eu vi a quantidade de água, vou

Como a adoção de hábitos conscientes se inicia quando ainda somos pequenos, as jovens resolveram não só compartilhar os resultados da pesquisa com os alunos do 4º e 6º anos do Ensino Fundamental, como também planejar uma atividade diferenciada de aprendizagem ativa, complementar ao trabalho realizado pelas professo-

me esforçar para usar, no máximo, 45 garrafas de água, o que resultaria em uns 10 minutos de banho”, argumentou Lauren Rigotti, do 4º ano, enquanto confeccionava um cartaz sobre a água, em parceria com as colegas Paula Scaletzky e Maria Clara Bittencourt, todas alunas do 4º ano do Ensino Fundamental.

“Sonhamos em levar o nosso trabalho sobre a água para outras turmas. Se nos unirmos, seremos capazes de contribuir para melhorar o meio ambiente e a nossa própria qualidade de vida. É muito compensador ver o quanto os alunos interagem conosco e o quanto eles nos inspiram”, conta a aluna Gabrielle Pimentel, da 2ª série do Ensino Médio


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Resultados de pesquisa sobre o preconceito e as diferenças, realizada por alunos do Ensino Médio foram compartilhados com o público do TEDx Laçador, realizado em maio, na UniRitter Menos preconceito Curiosos para conhecer a percepção de como os jovens se revelam, se comportam e se colocam diante de temas relacionados ao preconceito e às diferenças, um grupo de professores do Ensino Médio lançou um desafio aos alunos da 3ª série: montar um instrumento de pesquisa que pudesse ser aplicado em outras turmas do Ensino Médio. Após listarem os principais preconceitos percebidos por eles na sociedade, os alunos dividiram-se em grupos. Cada grupo criou várias situações envolvendo um ou dois tema(s) escolhido(s) por eles. Uma comissão, formada por professores, selecionou 20 questões que contemplavam situações cotidianas envolvendo diferenças de etnia, classe, gênero e faixa etária, todas apontadas pelos estudantes, para que, a partir daí, eles pudessem abordar a presença do preconceito e estimular a reflexão sobre as desigualdades que se encontram na sociedade. Ao todo, 183 alunos de 14 a 17 anos, da 1ª e 2ª séries, participaram da pesquisa “Você tem algum tipo de preconceito?”, aplicada de forma digital. Os dados foram analisados e tabulados pelos alunos da 3ª série. “A partir dos resultados da pesquisa, nota-se uma diferença de mentalidade muito grande dessa nova geração, que está mais aberta em relação a esses preconceitos apesar de percebermos uma influência muito grande do grupo social e da família nos quais os jovens estão inseridos”, analisa a professora Maria Aparecida Almeida, ao lembrar que a pesquisa foi elogiada durante a abertura do TEDx Laçador, evento realizado em maio, na UniRitter, aonde os alunos compartilharam com o público os resultados do trabalho.


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ESPECIAL

“Busca-se o desenvolvimento de mais leis contra o preconceito, para que se torne verdadeira a promoção do bem. Todavia, é evidente que somente a criação de leis não é suficiente para a erradicação das variadas formas de descriminação. É fundamental que haja a conscientização social e que isso seja difundido a todos, a partir da infância; moldando, aos poucos, uma sociedade igualitária e harmoniosa”, alerta Julia Silveira Fontoura, aluna do Ensino Médio

Para os alunos do Farroupilha, a etnia não é o fator mais importante em um relacionamento

A percepção da docente entra em sintonia com a do aluno Vinícius Geovani de Azambuja Nunes, da 2ª série. “O filho é o legado, a continuação do pai. Se o pai tem preconceito, provavelmente o filho também terá. O Colégio precisa trazer esse debate para os pais. Como irmão do meio, já sofri influência do meu irmão mais velho. Hoje, vejo como a minha irmã mais nova me copia”, comenta Vinícius. Além da inserção das famílias nesse debate, o aluno aproveita para dar outra dica. “A pesquisa é importante porque é no Colégio que temos a nossa base de formação como pessoa na sociedade. Acredito que esse ponto deve ser trabalhado principalmente com as crianças, porque elas são menos críticas, aceitam melhor as coisas, são inocentes e muito criativas”, sugere. Quer conhecer os resultados da pesquisa “Você tem algum tipo de preconceito?” Faça a leitura do Qr-Code ao lado (veja mais informações na página 02) e confira os dados na íntegra.


#DAESCOLAPRAVIDA 29

MAIS GENTILEZA NO TRÂNSITO Durante a ação “Corretor Automático”, alunos levaram mensagens de conscientização e distribuíram adesivos nos principais pontos da cidade Você acha que os motoristas andam estressados demais no trânsito? Preocupados com o assunto, os alunos do Ensino Médio do Colégio Farroupilha desenvolveram a ação “Corretor Automático”, atividade que integra o Movimento #daescolapravida, em parceria com o coletivo urbano Shoot the Shit. Cerca de 30 estudantes percorreram no dia 07 de agosto alguns dos principais cruzamentos de Porto Alegre para conscientizar motoristas sobre a importância de ser gentil no trânsito. Nas sinaleiras, foram exibidas três faixas perguntando qual era a maneira correta de se agradecer (“De nada” ou “Por nada”), de pedir um favor (“Por favor” ou “Faz favor”) e de desculpar-se (“Desculpa” ou “Desculpe”). A verdade é que qualquer uma das formas está correta, e o importante é usá-las, mostrando que a gentileza está presente em todos os momentos do nosso dia a dia. Enquanto as faixas eram exibidas, alunos entregavam aos motoristas adesivos com os dizeres “+Gentileza –Buzina”.

“Torna-se mais divertido porque te dá a sensação de estar ajudando, de alguma forma, no trânsito as pessoas refletirem antes de buzinarem”, complementa Isadora Mayer

Alunos pediram aos motoristas menos buzina e mais atos de gentileza


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#DAESCOLAPRAVIDA

O QUE SE APRENDE NA ESCOLA FAZ SENTIDO NA VIDA? Cartilha virtual lançada pelo Colégio Farroupilha mostra que a educação para a cidadania transforma alunos em líderes comprometidos com um mundo melhor O que se aprende na escola é aplica-

qualquer cidadão. Lançado durante a

do na sua vida? Através do Guia #da-

IV Feira Verde do Colégio Farroupilha,

escolapravida, o Colégio Farroupilha

o Guia contém dicas e informações

aborda conexões entre o que apren-

sobre diversas temáticas, como edu-

demos na escola e em nosso dia a

cação financeira, sustentabilidade,

dia. Através do Guia, o Colégio tam-

empreendedorismo e alimentação

bém mostra para a sociedade que a

saudável, que são atualizadas pe-

educação para a cidadania é capaz

riodicamente via Tumblr. Ao final do

de transformar estudantes em líde-

ano letivo, todas essas informações

res comprometidos com um mundo

integrarão a versão impressa do Guia

melhor. Composta por ações sugeri-

#daescolapravida.

das e executadas pela comunidade escolar e por organizações parceiras, a cartilha traz iniciativas que podem ser incorporadas ao cotidiano por

A cartilha integra o Movimento #daescolapravida, que conta com a parceria de coletivos urbanos e busca resgatar valores, como o respeito ao

Tapume com dicas sobre educação financeira, feito por alunos do 7º ano do Ensino Fundamental, está exposto no bairro Bom Fim


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Organizar e planejar a vida financeira está mais fácil com as dicas repassadas pelos alunos dos Anos Finais durante a ação Jogo da Vida Financeira

outro e ao bem público, e a formação para a cidadania. O Guia será alimentado de forma periódica, durante o ano letivo, a partir de projetos e iniciativas dos alunos e dos professores. Faça a leitura do Qr-Code ao lado (veja mais instruções na página 02) e conheça a Cartilha Virtual.

CONHEÇA ALGUMAS AÇÕES SUGERIDAS PELO GUIA #DAESCOLAPRAVIDA: O JOGO DA VIDA FINANCEIRA Um tabuleiro virtual que pode ser impresso e ajudar as pessoas na organização das finanças pessoais. De uma maneira divertida, o Jogo da Vida Financeira traz ensinamentos sobre como dividir melhor os gastos e, ainda, ter uma quantia para investir e guardar em algum plano futuro. Além de estar disponível para download no Tumblr, o tabuleiro pode ser conferido pelo público no Tapume do Empreendimento Independência 925, localizado na Avenida Independência, esquina com a Rua General João Telles. Com a presença de uma professora de matemática, o Jogo da Vida Financeira foi grafitado no muro por artistas, com apoio de alunos do 7º ano do Ensino Fundamental. Divididos em dois grupos – um que possuía a casa própria e outro que vivia de aluguel, os estudantes participaram da primeira atividade com o tabuleiro. A professora de Matemática dos Anos Finais, Renata Rosa, distribuiu os principais gastos de cada família com alimentação, contas, despesas pessoais, educação, entre outros, e pediu que os estudantes pensassem se o orçamento estava positivo ou negativo. Essa é uma maneira eficaz para descobrir como anda a situação financeira de cada grupo e saber se é preciso reorganizar as finanças.


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#DAESCOLAPRAVIDA

Gráficos dinâmicos e divertidos integram fundo de bandejas usados pelo Saúde no Copo (unidades Farroupilha e Bom Fim) e pela Oficina do Açaí TROCA SAUDÁVEL Escolher um lanche saudável nem sempre é uma tarefa fácil. Para derrubar mitos e fortalecer verdades quando o assunto é alimentação, as turmas da 2ª série do Ensino Médio, orientadas pelo professor de Biologia, Luís André Martins, elaboraram uma pesquisa. Divididos em grupos, os alunos fotografaram os lanches dos colegas e analisaram as propriedades nutritivas dos alimentos escolhidos por eles. O resultado mostrou que alimentos que parecem saudáveis, como sanduíches, sucos e barrinhas de cereais, escondem algumas informações importantes. Esses dados coletados compõem gráficos explicativos com orientações para garantir uma alimentação mais saudável. As principais descobertas dos alunos deram origem à ação “Troca Saudável”, que integra o Guia #daescolapravida. Foram produzidos banners e fundos de bandeja para serem distribuídos em alguns estabelecimentos de Porto Alegre. No dia 10 de agosto, as estudantes da 2ª série Giovana de Oliveira e Roberta Madeira entregaram o material nas unidade Saúde no Copo – Colégio Farroupilha e Bom Fim; na Academia Meister; na Academia Três Figueiras e na Oficina do Açaí, localizada dentro da Academia Body Tech.


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Representantes da 2ª série do Ensino Médio, as alunas Giovana de Oliveira e Roberta Madeira, lembraram a importância de mantermos hábitos para uma alimentação saudável durante a ação “Troca Saudável” EMPREENDEDORISMO Experiências empreendedoras bem sucedidas das miniempresas criadas por alunos do Ensino Médio do Colégio Farroupilha e que conquistaram reconhecimento internacional e nacional, como a Bamboom (2013), Sabumbaê (2014) e a ZipBag S/A (2015), serão mostradas no Guia #daescolapravida com o intuito de inspirar o empreendedorismo e o desenvolvimento de soluções de negócios criativos, sustentáveis e viáveis para problemas do cotidiano.

Amplificador de som ecológico foi criado pelos alunos que fundaram a miniempresa Bamboom em 2013


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CONECTADOS

NOVOS TIPOS DE APRENDIZAGENS ATRAVÉS DA EDUCOMUNICAÇÃO Equipe da Tecnologia Educacional trabalha para inserir, na Escola e na educação, conteúdos comunicativos que contemplem experiências culturais heterogêneas, através das novas tecnologias da informação e da comunicação Tendência mundial, a Educomuni-

que trabalham em cima de atitudes,

cação é um conceito novo que vem

comportamentos, valores e relações

ganhando cada vez mais espaço e

com o mundo contemporâneo e com

adeptos no Colégio Farroupilha. Ao

os fatores sociais, políticos, culturais

interrelacionar Educação e Comuni-

e econômicos, destinados a criar e a

cação, estamos propiciando novos

reforçar ecossistemas comunicativos

tipos de aprendizagem, reforçando a

através da tecnologia.

pesquisa no espaço escolar, através de mídias digitais, e estabelecendo novas relações sobre o campo da educação e comunicação, menos hierarquizadas e mais democráticas e igualitárias. O Setor de Tecnologia Educacional tem o desafio de incorporar de forma gradativa, ao cotidiano educativo, esse conjunto de processos, programas, produtos e ações,

Recentemente, a supervisora de Tecnologia Educacional, retornou de uma conferência mundial de tecnologia educacional, que reúne anualmente mais de 20 mil participantes do mundo todo. “Constatei que muitas das atividades e projetos educativos associados à gamificação estão sendo realizadas com os alunos desde o


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ano passado como, os Workshops de Digital Storytelling e a criação de jogos por meio do Scratch. Há muitas possibilidades e facilidades de se utilizar a tecnologia de forma lúdica e significativa. As melhores escolas do mundo investem na formação do aluno-pesquisador outra característica do trabalho educativo desenvolvido no Colégio” conta Débora. No Farroupilha, o incentivo à pesquisa acontece desde a Educação Infantil, quando os alunos iniciam atividades com e-books e aplicativos que potencializam habilidades de comunicação e criatividade. Os projetos focam principalmente no uso consciente dos meios digitais.

E-books e aplicativos potencializam habilidades de comunicação desde a Educação Infantil

PLATAFORMAS USADAS NO FARROUPILHA:

• Britannica ImageQuest (um site com mais de duas milhões de imagens que podem ser utilizadas para trabalhos, projetos, planos de aula e pesquisas por toda a comunidade escolar). • Britannica School (destinada aos professores de Cambridge). • Moodle (ambiente virtual de ensino e aprendizagem, utilizado como instrumento de apoio pedagógico, que contribui para a construção do conhecimento. Permite ao professor o uso de metodologias inovadoras, como a “flipped classroom” – sala de aula invertida). • Mangahigh (jogos matemáticos usados principalmente por alunos do Ensino Fundamental). • Ferramentas colaborativas do Google, da Apple (iBooks Author, Book Creator e outros aplicativos). ALGUNS APLICATIVOS/SOFTWARES:

• Scratch (ensino de programação, lógica, histórias e criação de jogos). • Toontastic, Halftone2, Guten News, Yakit Jr!, (são usados para digital storytelling, pois trabalham com criatividade e noções de lógica). • Stop Motion: Studio StopMotion e LegoMovie. FUTUROS PROJETOS ENVOLVENDO CONTEÚDOS COMUNICATIVOS:

• WebQuest: metodologia de pesquisa orientada pela Internet; • Ferramentas de colaboração; • Minecraft; • Atividades voltadas para o desenho em 3D; • Jornal Digital.


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CONECTADOS

CLUBE DE ROBÓTICA NO FARROUPILHA Criação e desenvolvimento de um robô por alunos serão estimulados no novo espaço de pesquisa Em breve, os alunos do Farroupilha terão à disposição uma inovadora ferramenta educacional. Trata-se do Clube de Robótica, que funcionará no Laboratório de Física e atenderá inicialmente estudantes do 6º ano. A partir de 2016, alunos de outros anos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ser convidados para integrarem o grupo. Através da Robótica Educacional, os estudantes vão aprender brincando conceitos dessa ciência multidisciplinar, na qual são aplicados conhecimentos diversos para a resolução de problemas concretos relacionados à microeletrônica (peças eletrônicas do robô), a noções de computação (softwares) e de lógica de programação, à engenharia mecânica (projeto de peças mecânicas do robô), física cinemática (movimentos e articulações do robô), matemática, inteligência artificial e a outros saberes. Paralelamente, os alunos do Clube de Robótica terão desenvolvidas, de forma prática, habilidades pessoais, como organização, raciocínio lógico, cooperativismo, senso de liderança e a criatividade na resolução de problemas. “Vamos incentivar a criação, o desenho, o desenvolvimento, a programação e a utilização de um robô, que está intimamente interligado com a solução de problemas do ‘mundo real’, podendo dar a cada um dos alunos um embasamento sólido para o desenvolvimento de seus próprios projetos” explica o professor Gentil Cesar Bruscato ao comentar que, nos próximos dias, a escola deve receber vários kits de montagem para robótica livre que serão usados pelo Clube.

A equipe “The Brazilian Trail Blazers”, de Gravataí, responsável pela fabricação do robô Gabiru, fará apresentação para a comunidade educativa durante Torneio de Robótica para alunos do 6º ano do Ensino Fundamental


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DO CÉU PARA O CELULAR Sugerido por aluno do Clube de Astronomia, o aplicativo Cubo Estelar é uma ferramenta inovadora que pode ser utilizada por quem tem interesse em saber mais sobre as estrelas Uma ideia e muitas informações so-

aula um Cubo, disponibilizado pelo

bre 16 estrelas que estão a até 44

Clube de Astronomia, que possui 80

anos-luz de distância do sol, mas ao

centímetros em cada aresta, com-

alcance de quem quiser usar o Cubo

posto pelas mesmas 16 estrelas que

Estelar, um aplicativo criado e abas-

estão no aplicativo, para facilitar a

tecido por alunos do Clube de Astro-

compreensão por parte dos alunos

nomia e que disponibiliza conteúdo

em relação ao conteúdo que está

via celular e computadores. Sugerido

sendo visto.

pelo estudante Guilherme Doering, o Cubo Estelar levou um ano para ficar pronto e, hoje, é uma importante ferramenta para tornar a aula mais interativa e atrativa. O aplicativo pode ser usado em atividades interdisciplinares, como para calcular a distância, a escala e o plano cartesiano durante uma aula de Matemática ou para trabalhar conceitos de Geografia e Física. O professor e/ou o aluno pode manipular durante a apresentação da

“Buscamos traduzir, de uma forma acessível e simplificada, informação em apropriação de conhecimento. Todas as informações contidas no aplicativo são reais e repassadas por fontes confiáveis. O aplicativo possui dados em aberto e que estão sendo abastecidos aos poucos pelos alunos justamente pelo fato de termos dificuldades em encontrar informações exatas”, explica o professor Gentil Cesar Bruscato, coordenador do Clube.

Cubo Estelar confeccionado pelos alunos do Clube de Astronomia está reproduzido também em forma de aplicativo para celulares e computadores


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DESTAQUES

DESEMPENHO ACADÊMICO RECONHECIDO Menções-honrosas são entregues a estudantes que obtiveram média anual igual ou superior a 8,0

Dar valor ao que se aprende na escola é reconhecer a dedicação dos estudantes. No Colégio Farroupilha, alunos do Ensino Fundamental – Anos Finais – e do Ensino Médio, que obtêm média anual igual ou superior a 8,0, em todos os componentes curriculares, recebem menções-honrosas. Essa iniciativa visa estimular o desenvolvimento de hábitos de estudo para uma formação acadêmica consolidada. No primeiro semestre deste ano, 338 alunos do Ensino Fundamental e 87 estudantes do Ensino Médio foram condecorados com menções-honrosas pelo desempenho obtido em 2014.

ENSINO FUNDAMENTAL

ENSINO MÉDIO

6º ano: 137

1ª série: 43

7º ano: 115

2ª série: 19

8º ano: 86

3ª série: 25

“Certificar os estudantes pelo mérito obtido significa valorizar não só o esforço e o desempenho individual, mas estimular nossos alunos, conscientizando-os para a importância de uma formação calcada em pilares de excelência. Ao final de cada trimestre, são entregues cartões de elogios àqueles que, até então, têm alcançado êxito na busca desse objetivo. Essa iniciativa surge como incentivo para que, ao final do ano, os alunos possam alcançar reconhecimento por sua dedicação aos estudos, lembrando que o domínio do conhecimento a partir de aprendizagens significativas é parte integrante de uma educação para a vida”, analisa a diretora pedagógica, Marícia Ferri


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TALENTOSOS E HABILIDOSOS EM RACIOCÍNIO LÓGICO Grupo formado por quatro alunos do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental representou, pela primeira vez na história, o Farroupilha na OBI A capacidade para ler e interpretar situ-

de projetos relacionados à lógica e

ações e a habilidade para desenvolver

às noções de programação aplicadas

o raciocínio lógico fizeram com que um

desde o ano passado, com o uso de

grupo de quatro alunos do 4º e 5º anos

plataformas, aplicativos e softwares

do Ensino Fundamental entrasse para

sintonizados com a proposta pedagó-

a história do Colégio Farroupilha como

gica”, analisa Débora.

os primeiros participantes da Olimpíada Brasileira de Informática (OBI). No dia 15 de agosto passado, os estudantes inscritos na modalidade iniciação passaram pela segunda fase da OBI, quando resolveram questões de lógica voltadas para a programação.

Ao saber pela mãe que estava inscrito para a OBI, a primeira coisa que o aluno João Speranza Pastorello, do 5º ano B, fez foi correr para a internet em busca de informações sobre as provas e de exercícios para se preparar melhor. “As questões foram bem can-

Na primeira fase, as provas foram apli-

sativas, exigia muito raciocínio e aten-

cadas e corrigidas no próprio Colégio

ção”, comentou João. Orgulhoso pela

pela professora responsável, Débora

conquista do grupo, o colega Mário

Valletta, a partir de gabaritos forne-

Gaudie Ley Martins Costa diz que a ex-

cidos pela organização da OBI. “Essa

periência deixou muitas lições. “A OBI

conquista é fruto da parceria entre a

abriu novos horizontes, aprendi coisas

equipe de Tecnologia Educacional e os

novas e treinei minha coordenação”,

professores para o desenvolvimento

conta o aluno do 5º ano D.

Mário (à esquerda) e João, alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, integram grupo que representa o Colégio Farroupilha na Olimpíada Brasileira de Informática


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DESTAQUES

CONCEITOS FÍSICOS PARA DESMITIFICAR FENÔMENOS Brincadeiras consideradas popularmente como “sobrenaturais” podem ser explicadas pela Ciência

Professor Bruscato explicou, através da Ciência, fenômenos considerados popularmente como “sobrenaturais”

Uma brincadeira virou um dos passatempos preferidos pelos alunos na hora do recreio: o Charlie Charlie Challenge. O jogo consiste em escrever, em uma folha de papel, as palavras “sim” e “não” e colocar dois lápis ou canetas em forma de cruz no meio do papel. Os participantes dizem em voz alta: “Charlie, Charlie! Você está aqui?” para que Charlie se manifeste, movendo os lápis para um dos lados. Sensibilizadas com a repercussão do jogo, que causou medo entre os estudantes dos 4º e 5º anos, as orientadoras e professoras do Ensino Fundamental – Anos Iniciais prepararam uma atividade com as turmas. No Laboratório de Física, o professor Gentil Bruscato “criou” diferentes personagens para explicar os conceitos físicos por trás desses “jogos sobrenaturais”. Hernandez, por exemplo, era um demônio responsável por um prego encostar-se a um imã. Na verdade, o que acontece entre o prego e o imã é um fenômeno de magnetismo. E o fantasma “Margarita” que era uma caneta que parava misteriosamente na parede? “Não existe nada de sobrenatural aqui. O que acontece é o atrito entre a parede e a caneta”, explicou Bruscato. Os estudantes aprenderam, ainda, os fenômenos da bobina de Tesla, que permite que uma luz acenda “sozinha”, e da eletrização por atrito, onde o atrito de um cano com um papel toalha possibilita que a água se mexa. No caso do jogo Charlie Charlie, o que acontece é que como a base de contato entre os lápis é pequena, e o atrito entre as peças é mínimo, basta apenas um assopro no lápis ou uma pequena vibração na mesa para que ele se mova. “Não há nada sobrenatural. Tudo é natural em função dos conceitos físicos. Quando não conhecemos, tendemos a levar para o lado da fantasia e nos assustamos”, ensinou Bruscato.


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COMPARTILHANDO PRÁTICAS COM ESCOLAS-REFERÊNCIA Grupo liderado pela direção pedagógica foi a Belo Horizonte para interagir com três escolas que, nos últimos anos, têm sido referência nos resultados do Enem Para compartilhar práticas pedagógicas mais modernas, com resultados efetivos para a formação integral de um aluno com mais autonomia e responsabilidade por suas ações, uma comissão do Colégio Farroupilha visitou, em junho passado, três escolas que nos últimos anos têm se destacado com relação ao desempenho acadêmico de seus estudantes no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Liderado pela diretora pedagógica, Marícia Ferri, o grupo formado pela coordenadora dos Anos Iniciais, Letícia Bastos, pela coordenadora dos Anos Finais, Rafaella Perrone, e pelo coordenador do Ensino Médio, Rubem Corso, interagiu com representantes dos Colégios Magnum, Santo Agostinho e Bernoulli, todos em Belo Horizonte. “Conhecemos os portfólios e aproveitamos para compartilhar experiências e soluções inovadoras. Estamos sempre em busca de um melhor ensino e de uma melhor formação para os nossos estudantes”, destacou Marícia Ferri, diretora pedagógica do Farroupilha.

Cláudia Novaes (ao centro de amarelo), assessora pedagógica do Colégio Magnum, recepcionou o grupo do Colégio Farroupilha, liderado por Marícia Ferri (de vermelho), diretora pedagógica


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+ CULTURA

SOLTANDO A IMAGINAÇÃO PARA APRENDER Da Educação Infantil ao Ensino Médio, alunos participam de projetos que estimulam a leitura e a escrita Ler e criar histórias são a oportunidade que os estudantes têm de embarcar no mundo imaginário e despertar a criatividade. É no Berçário que os alunos do Colégio têm o seu primeiro contato com o mundo das letras e dos livros. Anualmente, as crianças participam do projeto “Também somos autores”, onde criam e desenham histórias. A coordenadora da Educação Infantil, Cleusa Beckel, explica que, dependendo do nível, os livros são elaborados de forma coletiva ou individual: nas turmas de Berçário e dos Níveis 1 e 2, é feito um livro coletivo, no Nível 3, a história é coletiva, mas cada estudante tem o seu livro individual, no Nível 4, os contos são criados em grupos e ilustrados individualmente, por fim, no Nível 5, cada um faz a sua história. No encerramento de cada edição da Feira do Livro, as turmas realizam uma sessão de autógrafos com as famílias. “O projeto é mais um espaço para o desenvolvimento do letramento, da criatividade, da socialização e da interação. Produzir e ler os textos das suas histórias está associado à ação simbólica sobre o mundo, onde a criança consegue constituir-se como um sujeito que pensa, sente e dialoga”, explica.

Marina (à direita) é estimulada em casa a ler gibis e a ver imagens de livros


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Antes de criar os livros, os alunos participam de audição de histórias, leitura de imagens e atividades relacionadas aos projetos das turmas. Os temas são os mais variados, mas sempre chamando a atenção sobre a adoção de bons hábitos e sobre a importância de valores, como amizade, respeito ao próximo, amor à natureza e aos animais, entre outros. O projeto, para Carine Bajerski, professora do Ensino Fundamental – Anos Finais do Farroupilha e mãe de Marina Bajerski Kullmann, do Nível 5B, é muito importante para que as crianças passem as vivências para os demais colegas. “A iniciativa contribui muito para o aprendizado. Além de estimular a leitura, eles podem ver o livro dos amigos, e assim vão aprendendo as letras. A leitura é o que faz a gente aprender”, garante.

PRÁTICA DIÁRIA DA LEITURA NA SALA DE AULA Foi na Ciranda de Leitura, atividade que compõe o currículo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, que a professora do 3º ano G, Évelin Albert, viu a oportunidade de incentivar a leitura diária entre os estudantes, com o projeto “Formando leitores competentes”. Em pouco tempo, Évelin percebeu mudanças significativas no aprendizado da turma. “Foi perceptível que o vocabulário das crianças aumentou e, com o aumento da aptidão para a linguagem, surgiu o aumento da capacidade de raciocinar, pois, conforme o andamento do projeto, quanto mais liam, mais utilizavam a linguagem para fazer perguntas e explorar ideias com os outros”, destaca. Para Julia Brasil Mittmann, o projeto permitiu que ela passasse a gostar de outras formas de leitura. “Sempre gostava de ler, mas antes eu só lia gibis, não lia livros mais longos, e agora comecei a gostar”, contou a aluna. O colega Bernardo Ebeling Hahn aprendeu muitas palavras novas com a leitura diária. “Antes, eu lia e, se não entendia, perguntava para minha mãe”, disse. O projeto segue até o final do ano letivo com as leituras diárias, e o próximo passo é montar um livro com histórias elaboradas pelos estudantes.


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+ CULTURA

ENCONTROS DE LEITURA E ESCRITA Alunos do Ensino Fundamental – Anos Finais e Ensino Médio podem participar do Projeto Enlivrescer, desenvolvido pela Biblioteca e pelo Laboratório de Português do Farroupilha. Nos encontros, eles assistem a vídeos, esquetes e performances, leem textos, ouvem histórias narradas e realizam atividades que misturam escrita, leitura e arte. Leia, abaixo, o texto da aluna Isadora Hausen, do 6º ano, escrito durante um dos encontros do projeto.

MINHA INSPIRAÇÃO Um belo dia, fui procurar um livro que tinha perdido. Então, remexendo na biblioteca de casa, encontrei um livro vermelho com capa dura, com uma aparência de velho, folhas já amareladas. Eu achei muito estranho, pois estava escrito o nome da minha mãe na capa! Eu, muito curiosa, fui perguntar para ela sobre aquele livro. Ela me contou que tinha escrito um romance quando tinha a minha idade, a pedido de sua professora. Até então, nenhuma história havia me encantado, e geralmente fazia um esforço para ler os livros até o final. Como adorava histórias de amor e sou muito sonhadora, fiquei louca para ler. Foi o único livro que li mais de uma vez, para ser sincera, li mais de dez vezes. Resolvi que não ia ficar parada, pois tinha que mostrar o talento dela para alguém. Minha mãe dizia que eu gostava tanto assim, pois era sua filha, a amava e a admirava. Mostrei para uma superamiga, que leu duas vezes, e depois para algumas colegas. Concluindo, todos amaram. Então resolvi dar para a minha professora de Produção Textual. No momento, ela estava planejando a abertura de um trabalho que teríamos que fazer. Também escreveríamos um livro! Foi aí que teve a ideia! Convidou a minha mãe para dar uma palestra, dividindo com todos a sua experiência e contando a sua história. Todo mundo elogiou o carisma e a forma de ver e imaginar as coisas que ela tinha, pois só quem sonha consegue ter a capacidade de produzir um livro tão elaborado e criativo! No fim, o romance da minha mãe me impulsionou para outras leituras encantadoras. Fiquei viciada em histórias de amor.

Grupo se encontra semanalmente para debater arte e literatura



O que se aprende na escola faz sentido na vida!


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