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Sophia Coutinho Camargo A desigualdade vai além da educação
Sophia Coutinho Camargo
A desigualdade vai além da educação
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O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Um relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento aponta que o Brasil é o sétimo país mais desigual do mundo. Essa posição é sustentada pela má distribuição de renda, em que os ricos ficam cada vez mais ricos enquanto os pobres continuam na mesma posição. Uma das soluções frequentemente discutidas para a resolução de diversas questões enfrentadas pelo país, como a desigualdade, é a educação da população, uma vez que ela é vista como a raiz de todos esses transtornos, no entanto, segundo especialistas, o problema vai muito além e há diversos fatores a serem enfrentados para a diminuição dessas diferenças.
O ensino precário é realmente algo que deve ser discutido e enfrentado no brasil, porém, não é apenas isso que irá fazer com que a desigualdade desapareça, uma vez que ela é desencadeada pela união de diversos outros problemas. O Brasil está entre os países com o maior número de habitantes que não terminaram o ensino médio. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 52% dos adultos entre 25 e 64 anos possuem essa formação. Os principais motivos dessa evasão escolar são a falta de interesse e a necessidade de trabalhar.A desigualdade econômica e social também é uma dura realidade a ser enfrentada no país. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, no Brasil, os 10% mais ricos possuíam cerca de 43% da renda nacional em 2019.
Enquanto isso, outro estudo feito pelo IBGE aponta que o contingente de pessoas, no Brasil, com renda domiciliar per capita de até R$497 mensais chegou a 62,9 milhões em 2021, representando um total de 29,6% da população.
A falta de estudo é quase sempre indicada como o principal fator que desencadeia essa desigualdade, porém, uma pesquisa feita pelos sociólogos Marcelo Medeiros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Rogério Barbosa, da Universidade de São Paulo (USP), e Flávio Carvalhes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), indica que se todos os alunos, desde 1994, tivessem no mínimo terminado o ensino médio e saído para o mercado de trabalho, a desigualdade recuaria em apenas 2%.
Os principais fatores a serem combatidos para a diminuição da desigualdade no Brasil são o racismo, a desigualdade de gênero e a tributação de impostos, diz Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.
A baixa escolaridade é sim um problema no Brasil e devemos estar cientes de que ela existe, no entanto, não deve ser considerada o único fator a ser combatido para a diminuição da desigualdade. Mesmo que pudéssemos garantir que todos conseguissem finalizar o ensino médio, não haveria uma grande diminuição da disparidade econômica, por isso, devemos ficar atentos a outros fatores que também contribuem para ela, como o preconceito e a má distribuição de renda no país.