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Carolina Sotto Aires Maldita Cidade Grande
Carolina Sotto Aires
Maldita Cidade Grande
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Fabiano, Sinhá Vitória, o Menino mais velho e o Menino mais novo haviam acabado de chegar a São Paulo. Fora uma viagem longa, durara meses, por conta das longas caminhadas, paradas e das caronas que conseguiam de vez em quando.
A família estranhava a imensidão da cidade, era cinza e escura, totalmente diferente da caatinga; era repleta de gente, nunca tinham visto tantas pessoas no mesmo lugar. Sinha Vitória era a mais calma dali, de certa forma já teve que lidar com este tipo de situação; morou, quando pequena, em uma cidade relativamente grande. Pegaram suas malas, que eram poucas, e foram caminhando pela cidade sem nenhum rumo.
O Menino mais novo olhava encantado para os carros e motos que vagavam pelas ruas, via as grandes e iluminadas vitrines, nunca tinha visto algo assim na vida! Fabiano encarava mal o menino, não queria que ele ficasse mimado, imagina se ele se acostuma com este tipo de coisa? No entanto, de certa forma, Fabiano também olhava tudo interessado, tudo era cativante e diferente do que já vira antes.
Já era tarde, as nuvens estavam tão pretas; cansados e famintos, encontraram um lugar coberto, embaixo de uma grande ponte, e abrigaram-se por lá. No meio da noite, uma grande tempestade começou, ouviamse grandes trovoadas, o vento estava forte e a família morria de frio. A água começou a aceitá-los, por conta das grandes rajadas de vento. Nunca tinham passado por algo assim, a família não esperava que chovesse em São Paulo naquelas proporções. Em terríveis condições, tiveram que ficar no mesmo local, pois já estava escuro, não sabiam para onde ir. Passaram frio até o amanhecer.
O dia amanheceu sem chuva, a família mal dormira. A cidade barulhenta cercava-os, lhe davam uma impressão de prisão e de estarem encurralados. sabiam para onde ir. Fabiano e Sinha Vitória teriam que achar um emprego logo. No entanto, Fabiano estava receoso, tudo que aprendera em sua vida não servia de nada em São Paulo. Os adultos logo caminharam por perto de onde ficaram à noite, Sinhá Vitória apenas disse aos meninos:
– Fiquem aqui por perto.
Isso já bastaria para os dois irmãos ficarem observando o enorme lugar que os cercava, não queriam de forma alguma, se perderem ou levarem uns tabefes de sua mãe.
Fabiano e Sinha Vitória caminhavam pelas ruas extensas de São Paulo, as pessoas os encaravam mal. Talvez por suas roupas? Eles achavam que sim. O homem estava confuso, não sabia que tipo de empregos aquele lugar tinha a oferecer, apenas ficava caminhando pelos lugares em busca de alguma coisa que lhe daria dinheiro.
Fabiano caminhava lentamente pela calçada
desgastado e irregular, até que um homem veio até ele, parecia ter uns 50 anos de idade, era muito branco e não tinha cabelo algum, segurava alguns papéis na mão.
– E aí meu amigo? Vi você andando por aí, dando umas voltas. Você é novo na cidade, né? Parece que precisa de um emprego.
Fabiano apenas acena com a cabeça.
– Ótimo! – disse o calvo – se você ficar entregando esse papel pras pessoas eu te dou uma boa grana. Você só precisa ficar por aqui e quando acabaremse todos os papéis, eu te pago. Toma aqui – disse o homem, dando os papéis para Fabiano – Qualquer coisa estarei naquela casa ali – apontando para um local aparentemente velho, com uma pintura rosa desgastada, do outro lado da rua.
Fabiano ficou pasmo, olhando para os panfletos, não sabia ler, queria que Sinhá Vitória estivesse ali, mas a mulher acabou indo procurar algo para fazer e sumiu de sua visão. O homem estava pasmo, se soubesse o quão era fácil ganhar dinheiro na cidade grande teria vindo para São Paulo há tempos. Logo, Fabiano começou a entregar os papéis para qualquer um que passava na rua, a maioria o encarava feio, até ameaçavam bater nele, ele não sabia o porquê!
Sinha Vitória, cansada de tanto andar, sentou-se em um banco de madeira, ficara lá por algum tempo, até que um homem calvo, branco até demais e meio velho foi em sua direção.
– Ei moça, vi você aqui vagando pelas ruas, você está precisando de dinheiro? Sinhá Vitória encarava-o estranhada, esse homem era bem esquisito e feio para falar a verdade, no entanto, acenou com a cabeça, precisava de dinheiro, afinal.
– Ótimo! Se você for para aquela casa – diz o homem apontando para um local pintado com um rosa desgastado – garanto que ganhará bastante dinheiro!
Sinhá Vitória encarou mal o local, aquilo parecia estranho demais, sabia que não se achava um bom emprego do dia pra noite. Quando criança viu a dificuldade de sua mãe para achar um emprego válido na cidade grande. A mulher levantou-se do banco e foi embora apressada, sem olhar para trás. Sabia que se arrependeria de certa forma, mas tinha um pressentimento de que fazia o certo.
Os dois irmãos brincavam de pega pega, faziam algum tempo que seus pais tinham saído e eles não sabiam o que fazer. O lugar era muito diferente do usual, não tinha poças de lama para brincarem, galinhas para atazanar e nem a cadela Baleia para conversar. O menino mais velho sentou-se no chão duro de cimento, cansado de brincar, encarava o irmão mais novo, que olhava para as diferentes pessoas que por cima da ponte passavam, estava encantado por cada um que andava por ali, todas tão diferentes. O menino mais velho, quando ficava cansado ou entediado, sempre pensava em Baleia, sentia muita saudade dela, desejava suas antigas conversas, às vezes fantasiava que ela ainda estava lá, ao seu lado.
Já estava anoitecendo quando Sinhá Vitória voltara para baixo da ponte, confessava que tinha se perdido, mas conseguiu localizar-se assim que viu a enorme