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João Dorin Baptista Cabra da cidade

João Dorin Baptista

Cabra da cidade

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As suas estradas de terra se estendiam como uma serpente, atrativa, a ‘’cidade sem nome’’, confortava os pobres viajantes em sua imensidão de luzes.

Duas semanas após as ‘’mudanças’’, num outono chuvoso, os meninos brincavam de carregar em seus braços esguios algumas barras de madeira, seus dedos já estavam acostumados a farpas. O dia a dia era desse jeito, sem ócio, já fazia 5 dias. Fabiano e os meninos arrumaram ofício em uma construção e contagiaram o chão de barro com seu esforço, esquecido pela incessante chuva. Enquanto isso, as sandálias de Sinha Vitória maculavam o chão da igreja com barro em uma grande fila, a fim de catar as roupas dos fiéis doadores, os outros da fila a olhavam com o desprezo da inveja, os olhares dos que não tianham almoço e nem janta garantidos a invadiam como um corpo putrefato, um incômodo. Sua estadia ‘’na cidade’’ não seria segura, recolheu as roupas e foi-se embora.

Na chegada da noite o lençol do silêncio cobria ‘’a cidade’’, povo trabalhador, no barraco da família morava a insatisfação, ‘’na cama de Fabiano’’, já é meu terceiro patrão e o pior dos três, as coisas pioram cada vez mais, depois de terminar de levantar esse barraco…(Goteira cai). A visão embaraçada lhe remetia ao futuro, o sono lhe confundia os pensamentos. A noite é longa para aqueles que herdam o peso do escuro.

No frio da calada, uma vida é tirada próximo ao barraco da família. De manhã, um amontoado de gente pensando sabe-se lá o que, num calor de sabe-se lá quanto, homem morto cagueta. Era o que se passava no subúrbio, a família desentendida amanhece com o relincho dos cavalos da milícia local, chegando ocultados pelo sol, os homens apontam um na multidão e o executam como culpado. Sinha Vitória encobre com as mãos os olhinhos dos meninos, acabada a tarefa, os olhos dos meninos se abriram lentamente com a luz descendente do sol tentando silenciar os diversos e apavorados gritos da multidão. Antes que pudessem esboçar qualquer reação, Fabiano os pega, arrastando os meninos para o oficio com as mãos cheias de calos, o sol havia de deixar alguns rastros.

Com o sol desaparecendo do céu, o Menino mais novo, voltando para casa tropeça no caminho, já havia sido deixado para trás por seu irmão, apressado, todo sujo de terra sabia que ia tomar uma surra voltando pra casa, já estava cansado, ao longe quase tanto quanto o sol se pondo, ele vê dois moleques cheirando cola de sapato, o grande negócio da área, chega seu irmão e o leva de volta. Os males ‘’da cidade’’ eram quase tão grandes quanto seu extenso tamanho, ao chegar em casa, o Menino mais velho disse que foi ele que derrubou o mais novo, Sinha vitória porém, entendeu toda a situação, e não ficou

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