Caderno de Metodologia | Disciplina de Design e Diagnóstico Social

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1 caderno de metodologia DESIGN DIAGNÓSTICOE SOCIAL disciplina

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caderno de metodologia DISCIPLINA DESIGN E DIAGNÓSTICO SOCIAL

ficha técnica

Ana LaísMarioBelaBrunoClaúdiaGalvãoNevesPratiMorais REDAÇÃO Amanda Alves Bela Neves Marina Mergulhão referência dodesecretariatransLAB.URBcomunitáriaexecutivaInovaçãoUrbanaRecife GRÁFICOPROJETO Bela AmandaNevesAlves Marina Mergulhão Tatalina OliveiraCOLABORADORESPEDAGÓGICAEQUIPE ESTUDANTES Ana LuizaGiovanaDuaneArturVivianRamosAraújoLeãoBacelar Matheus Penedo Milena NoelleMorenaLeimigNavarroVanderlei Ruthy Rayane Victor Costa ficha técnica

apresentação

OLÁ!

Nas próximas páginas você vai encontrar a metodologia desenvolvida ao longo da disciplina de Design e Diagnóstico Social, ministrada pela professora Tatalina Oliveira em parceria com o Coletivo Massapê, na instituição de ensino Cesar School. A disciplina debateu e explorou diferentes possibilidades de construção de fer ramentas de diagnóstico social e urbano e, para isso, teve como estudo de caso a Comunidade do Pilar, localizada na cidade do Recife.

Esperamos que esse documento impulsione e inspire iniciativas pedagógicas em contato com a realidade local, no intuito de fortalecer o exercício cidadão e a inteligência coletiva, a partir de ações conjuntas entre as instituições de ensino e a sociedade civil. apresentação

sumário

osmetodologiaintroduçãodiagnósticos

sociais considerações finais sumário 38321612

Ao operar com a construção do conhecimento, em ambientes institucionalizados ou não, é de suma importância aproximar-se da realidade complexa das cidades, de forma a experimentar novas composições de aprendizado, compartilhamento e trocas em contato com a realidade local e com experiências e saberes diversos. Partindo desse entendimento, a facilitação na disciplina de Design e Diagnóstico Social buscou expandir a perspectiva do ensino, indo além do desenvolvimento de habilidades específicas, mas também enxergando esse como meio de formação dos(as) participantes como cidadãos e cidadãs.

Realizada na instituição de ensino Cesar Scho ol, uma escola de inovação inserida no Porto Digital, um dos principais parques tecnológicos de inovação do Brasil localizado na cidade do Recife, a disciplina provocou os(as) estudantes a se conectarem com as demandas e necessida des da comunidade do Pilar, situada no entorno da instituição, bem como pensar em estratégias e ações a partir da construção de ferramentas de Design para Diagnóstico Social tendo como público-alvo os moradores e as moradoras da comunidade. Surgida na década de 1970, entre as ruínas do Forte de São Batista do Brum, de prédios de gradados, de uma antiga fábrica de biscoito e de uma igreja secular que deu seu nome, a comunidade do Pilar foi fruto de muita luta para permanecer em uma região de extremo valor histórico, cultural e mobiliário na área central da cidade do Recife. Desde 2008 a comunidade passa por uma requalificação urbana permeada de entraves e, em 2018, com a nova proposta do Plano Diretor da cidade do Recife, foi elevada à categoria de Zona Especial de Interesse Social (ZEIS). Hoje, a comunidade continua lutando para a finalização das obras, para a construção de equipamentos públicos comunitários, para a sua permanência no território e sua inclusão socioespacial no processo de revitalização do Bairro do Recife.

12introdução

INTRODUÇÃO

BOA LEITURA! O que são são ZEIS? São zonas instituídas pelo plano diretor ou por leis municipais sujeitas a regras específicas de parcela mento, uso e ocupação do solo, onde haja possibili dade de urbanização e regularização fundiária. São áreas ocupadas preponderamente por assentamentos precários e por população de baixa renda.

13Éintroduçãodentro

desse contexto que a disciplina de Design e Diagnóstico Social buscou se aprofun dar e envolver seus participantes, na tentativa de aproximar os(as) estudantes de casos reais e impulsionar o questionamento da realidade e da reflexão crítica acerca do papel dos cidadãos e cidadãs na cidade.

Moradoras da comunidade do Pilar conversando enfrente as suas casas.

16 capítulo 01 metodologia METODOLOGIA

Ametodologiadisciplina

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foi construída em conjunto com a professora de Design Tatalina Oliveira e o Cole tivo Massapê, sendo planejada para acontecer em formato híbrido, com aulas onlines e presen ciais, durante os meses de março, abril e maio de 2022. Ao longo da disciplina os(as) estudantes foram instigados a construir, aplicar e avaliar ferramen tas para o mapeamento de demandas urbanas da comunidade do Pilar para 4 grupos específi cos, sendo eles: as crianças (0 a 12 anos) 2. os jovens/jovens adultos (13 a 29 anos) 3. adultos (30 a 59 anos) 4. idosos (+60 anos) Levando em consideração tanto as características intrínsecas da comunidade, quanto às especificidades de cada grupo de atores que compõem a cidade.

1.

ENCONTROS10 12PARTICIPANTESESTUDANTES+50 ENVOLVIDASEMORADORESMORADORAS

Com essa aproximação facilitada por Ana Claú dia, ao longo da disciplina os(as) estudantes puderam entrar em contato com o entorno da instituição de ensino, seus moradores e mora doras e suas demandas reais, estimulando a construção do conhecimento de maneira crítica e reflexiva, através da aproximação da realidade dos moradores e moradoras do Pilar, comunida de tão próximas geograficamente do local ondemetodologiaestudam.

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A disciplina contou com participantes do séti mo e oitavo período do curso de Design e, ao longo dos encontros participaram convidados e convidadas que compartilharam experiências de diagnósticos participativos e da moradora e referência da comunidade do Pilar, Ana Cláudia que fez a ponte da disciplina com a comunida de, acompanhando de perto todo o processo.

“Não existe tal coisa como um proces so de educação neutra. Educação ou funciona como um instrumento que é usado para facilitar a integração das gerações na lógica do atual sistema e trazer conformidade com ele, ou ela se torna a ‘prática da liberdade’, o meio pelo qual homens e mulheres lidam de forma crítica com a realidade e desco brem como participar na transformação do seu mundo.” (Paulo Freire)

DASPLANEJAMENTOAULAS

DIA 01: APROXIMAÇÃO

Este primeiro encontro foi destinado para aproximação entre o Massapê e os(as) estudantes da disciplina. Neste dia foi realizada a dinâmica “co criando narrati vas coletivas, um passeio pela calçada” em que as pessoas presentes foram divididas em grupos para criarem conjuntamente a calçada que desejavam, a partir de uma história. Também foi realizada uma apre sentação sobre o Massapê, sua metodolo gia e algumas experiências.

DIA 02: CONHECENDO O PILAR

A fim de aproximar os estudantes da co munidade do Pilar e sua história, esse dia foi dividido em dois momentos: um inicial de contextualização sobre a comunidade, suas disputas e inserção na cidade feito pela moradora Ana Claúdia e o momento seguinte aconteceu em campo para leitura do território, conversa com a comunidade e conhecimento da sua história a partir das próprias pessoas que vivem no local.

A disciplina se guiou a partir da aprendizagem significativa, tendo o planejamento destrinchado da seguinte forma:

Após os amadurecimentos das ideias, foi realizada outra visita em campo, mediada por Ana Cláudia, para aproximação dos estudantes com a população local, bem como mapeamento e identificação de pessoas interessadas em contribuir com o processo da pesquisa.

DIA 05: VISITA EM CAMPO

DIA 03: CONSTRUINDO AS FERRAMENTAS Momento para introdução sobre a construção das ferramentas de diagnóstico. Nesse dia, o Massapê contou com a participação do grupo TransLAB.URB e da arquiteta e ur banista Laís Morais da Secretaria de Inova ção urbana do Recife para compartilharem experiências de diagnóstico participativo.

DIA 04: MENTORIA Espaço para que os estudantes possam compartilhar suas ideias, dúvidas, sugestões e alinhar esses pontos juntos à equipe do Massapê e aos mentores convidados (na ocasião Mario Prati, representando o grupo TransLAB.URB). A atividade acon teceu em uma apresentação online e foi utilizada a plataforma Miro para que os próprios estudantes desenvolvessem comentários e identificação de pontos de destaque e de adaptação na apresenta ção dos colegas de sala, somado às contri buições do Massapê e do TransLAB.URB.

DIA 06: COMPARTILHANDO AS SOLUÇÕES Espaço para os estudantes dos diferentes grupos possam apresentar suas propostas de ferramentas a serem aplicadas e, além disso, que possam comentar e enriquecer os trabalhos uns dos outros. Esse momento também serviu como avaliação parcial da disciplina.

DIA 10: SEMINÁRIO FINAL DE APRESENTAÇÃO Este dia marca o final das atividades da disciplina e teve como objetivo apresentar os resultados obtidos durante o curso, já com os ajustes e correções necessárias, a todas e todos participantes da pesquisa.

DIA 09: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Momento de apresentação das ferramentas implementadas, de sua aplicação e dos resultados obtidos, com a participação dos(das) estudantes e do corpo docente e da equipe do Massapê. A apresentação foi feita de forma livre, deixando em aberto o formato e plataformas que pudessem ser utilizadas. Esse momento também serviu como parte avaliativa da disciplina.

DIA 07: APLICANDO AS FERRAMENTAS Após validadas as soluções de ferramentas para mapeamento das demandas, os estudantes foram a campo aplicá-las. Para isso, contamos com a presença de Ana Claúdia para acompanhamento e apoio geral aos(as) estudantes.

Para a saída em campo, foi disponibilizado um guia de orientações para os(as) estudantes, disponível aqui.

DIA 08: APLICANDO AS FERRAMENTAS Segundo dia para aplicação das ferramen tas de mapeamento de demandas, para os grupos que não concluíram a aplicação no primeiro dia.

Primeira visita de campo pela comunidade do Pilar guiada pela moradora Ana Claúdia para leitura do território

Momento de compartilhamento entre os estudantes das ferramentas para o mapeamento de demandas

Momento de compartilhamento entre os estudantes das ferramentas para o mapeamento de demandas

Primeira visita de campo pela comunidade do Pilar guiada pela moradora Ana Claúdia para aproximação com a população local

Aplicação das ferramentas desenvolvidas pelos estudantes com os moradores e moradoras da comunidade

32 capítulo 02 os diagnótiscos sociais OS DIAGNÓSTICOS SOCIAIS

GRUPO 01 - CRIANÇAS (0 a 12 anos)

O processo para a construção do plano de ata que que se conformou como o trabalho final da disciplina aconteceu ao longo da mesma, como mostrado anteriormente no planejamento. Levan do em consideração a quantidade de estudantes inscritos na disciplina, foi proposto a divisão da turma em quatro grupos, cada um composto por três pessoas. Com o objetivo de diversificar e dinamizar a atividade, cada grupo formado teve um público específico para estudar e mapear suas demandas características. As ferramen tas a serem construídas e aplicadas deveriam adequar-se às características e particularidades de cada público-alvo, tendo em vista às relações das pessoas com o espaço em que vivem e suas dinâmicas urbanas. Portanto, as soluções para o mapeamento das demandas desses públicos foram distintas de um grupo para o outro.

Mapeamento das demandas espaciais para crianças de 0 a 12 anos de idade. Atentar-se para os grupos específicos de cada faixa etária (ex: primeira infância e suas cuidado ras e cuidadores, crianças com algum tipo de deficiência, etc.).

Perguntas norteadoras: Como é a relação das crianças com a rua? Existe algum espaço apropriado na comunidade para as crianças brincarem? Como é o caminho que elas fazem para ir à escola? Ele é agradável e seguro?

GRUPO 02 - JOVENS/JOVENS ADULTOS (13 a 29 anos)

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Mapeamento das demandas espaciais para jovens de 13 a 29 anos de idade. Perguntas norteadoras: Onde estão esses jovens no dia a dia da comunidade? Que espaços eles ocupam? Há espaços que pro piciam o encontro e o lazer desses jovens? os diagnótiscos sociais

Apresentação do seminário final da disciplina pelos(as) estudantes

Como o espaço que esses jovens frequentam diariamente influenciam as suas escolhas diá rias? Para os que estudam, o caminho para a escola é convidativo?

Perguntas norteadoras: Os caminhos da comu nidade são adequados para a circulação das pessoas dessa faixa etária? Há locais de apoio e descanso ao longo dos trajetos mais realizados (ex: caminho para o posto de saúde da comunidade)? Existem oportunidades para os idosos desenvolverem seus interesses e suas habilida des nos espaços públicos?

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GRUPO 03 - ADULTOS (30 a 59 anos) Mapeamento das demandas espaciais para adultos de 30 a 59 anos de idade.

Perguntas norteadoras: Para que finalidade as pessoas dessa faixa etária utilizam o espa ço público? Algumas dessas pessoas utilizam o espaço público para questões relativas ao seu trabalho? (exemplos: estender roupas, guardar sua carroça, montar sua barraquinha de venda na calçada, etc). Qual é o lazer que essas pessoas poderiam aproveitar nesses espaços?

GRUPO 04 - IDOSOS (+ 60 anos) Mapeamento das demandas espaciais para idosos com mais de 60 anos de idade.

Sendo assim, foram construídos 4 diagnósticos sociais com aplicação de diversas ferramentas, como visita de campo, porta a porta, entrevistas semiestruturadas, grupos focais e diário de cam po e a utilização de uma série de plataformas digitais que foram utilizadas como estratégias pelos(as) participantes da disciplina na constru ção dos diagnósticos. os diagnótiscos sociais

CESAR SCHOOL Relatório de Diagnóstico Social Adultos do Pilar(30 a 59 anos) 2 0 2 2

Os

materiais desenvolvidos pelo(as) estudantes onde contém, de maneira destrinchada, as ferramentas utilizadas por cada grupo, o relato de suas pesquisas e suas propostas de ações estão disponíveis aqui.

38 capítulo 03 considerações finais CONSIDERAÇÕS FINAIS

Entendemos a educação, desde da origem dessa do latim (educare - derivado de “ex”, que signi fica “exterior” e “ducere”, que tem o significado de “conduzir”), como uma ação de guiar para o mundo exterior e de fomentar o desenvolvimento intelectual e cultural do indivíduo não apenas em conformidade com a realidade que o cerca, mas também com outras formas de ver e pensar o mundo e, consequentemente, nossas cidades.

É nesse contexto de questionamento da realida de e de construção do conhecimento coletivo que buscamos facilitar os processos pedagógi cos que fazemos parte. O intuito deste caderno, além de relatar uma experiência de compartilha mento e troca inserida em uma disciplina de gra duação e de expor uma coletânea de diagnósti cos desenvolvidos nesta, busca inspirar formas de ensino e aprendizado guiados por experiências reais que se mantenham por toda a vida do indivíduo e que façam esse se reconhecer como parte importante das cidades. Esperamos que os diagnósticos aqui sejam o pontapé de diálo gos e compartilhamento de conhecimento mais profundos entre os(as) estudantes da instituição de ensino Cesar School e os moradores e mo radoras da comunidade do Pilar, de maneira a impulsionar trocas baseadas no compromisso com a comunidade. A PRÓXIMA FELIZES QUE VOCÊ CHEGOU

:) FICAMOS

ATÉ AQUI!

considerações finais

ATÉ

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42

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