Relatos e reflex천es
www.comkids.com.br
Realização
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Apoio
Parceria
Índice Apresentação – apoiadores e parceiros - ComKids Green 5 - Sesc São Paulo 8 - Goethe-Institut São Paulo 9 Colheitas e achados: meio ambiente sobre a perspectiva infantil 11 - Para a infância, o ambiente é meio, Gabriela Romeu 13 - Produção regional para crianças e meio ambiente, a série Senha Verde 15 - Povos Indígenas no Brasil Mirim, Instituto Socioambiental 17 - Meio ambiente em foco: o imaginário de alunos em pesquisas educativas de opinião, Instituto Paulo Montenegro 20 - Fans del planeta, Mariana Cano e Barbara Mancilla 23 - O que significa aprender com a natureza? Rita Mendonça 25 Formação de público e iniciativas de meio ambiente 27 - Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, Chico Guariba 29 - Formação de público: um relato, Patrícia Durães 31 - Meio Ambiente, audiovisual e infância, Liliana de la Quintana 33 Meio ambiente na tela: produções audiovisuais para a infância 39 - Sustentabilidade e a série Peixonauta, Célia Catunda 40 - Audiovisual e Infância no Brasil, Glauber Piva 42 - Tainá – Um desafio nacional, Virginia Limberger 47 Como encantar as crianças para temas de meio ambiente? 51 - Como encantar as crianças para as questões do meio ambiente? Heloísa Prieto 52 - A cachoeira de lágrimas, Ilan Brenman 55 - Um avô no meio do caminho, Daniel Munduruku 59 Galeria de fotos 63 Programação do evento ComKids Green 74 Créditos 75 Agradecimentos 75
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ComKids Green
O ComKids acredita em iniciativas e produções criativas para a infância que apoiem e estimulem as crianças a serem crianças em toda potência de sua individualidade, apoiando-as em seu desenvolvimento, na construção de significados, afetos e conexões sociais. Acreditamos que a criatividade dedicada à infância tem a ver com o estímulo à criação e a interpretação infantis em toda sua graça e naturalidade. E como profissionais dedicados a este público, é nosso desafio (e inspiração) desenvolver interações e conexões com o universo infantil para criar conteúdos e plataformas de qualidade. Criar mundos, personagens e histórias. Produzir um momento para estimular e mapear produções que tivessem conexão com o meio ambiente nos foi muito especial. Partindo do pressuposto de que as questões ambientais estão cada vez mais em pauta e em crescente importância, o ComKids tornase Verde para mostrar uma série de iniciativas e produções que exploram diversas temáticas relacionadas a esse tema (de maneira mais ou menos literal). A diversidade de projetos nos deu a certeza de que esta é uma questão que não se esgota fácil e que pode ter muitas tonalidades e abordagens. Esta publicação é um registro desta reunião que, principalmente, tem a intenção de inspirar novas produções e reflexões. Aqui oferecemos textos de alguns dos produtores, escritores e gestores que estiveram no ComKids Green evento e de outros profissionais que representam projetos realizados no Brasil e na América Latina. Os textos estão organizados em editoriais: “Colheitas e achados”, “Formação de público”, “Meio ambiente na tela” e “Como encantar as crianças para temas de meio ambiente?”. No evento ComKids Green, realizado no dia 22 de novembro de 2012, ainda contamos com a presença da Luiza Lins (diretora da Mostra Internacional de Cinema de Florianópolis), Aida Queiroz
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(diretora do ANIMAMUNDI), Denise Baena (Gerência Socioeducativa do Sesc-SP), Paula Taborda (Gerente de Conteúdo e Programação do Canal Gloob) e Rosane Svartman (diretora do Tainá 3). Antes de cada uma das mesas, foram exibidas animações do VJ Suave, produzidas especialmente para o ComKids Green. Esperamos que todos aproveitem muito este material! O que é ComKids?
ComKids é uma marca de referência para todos aqueles que se interessam ou trabalham com as crianças e os adolescentes. Baseado em pressupostos de responsabilidade social, desenvolvimento cultural, qualidade e inovação, o ComKids se caracteriza como uma plataforma que reúne profissionais (criativos, produtores, artistas, realizadores, educadores) proporcionando um espaço de intercâmbio, atualização, formação e especialização, além de valorização e premiação, por meio de seminários, debates, pesquisas, publicações e um festival. O Comkids também é um espaço aberto a todas as linguagens artísticas e, por isso, com naturalidade, se relaciona com o teatro, a música, as artes plásticas, o circo, a literatura e, é claro, com os conteúdos audiovisuais, digitais e interativos. Acreditamos que estas são ferramentas potentes para a formação ética e estética das crianças, e para a consolidação da identidade e o exercício saudável da cidadania. Todos os temas são importantes para as crianças e, por isso, merecem uma abordagem que respeite e estimule a sua inteligência. É por isso que o meio ambiente (visto não apenas como tema) se encaixou tão bem no quadro de iniciativas do Comkids.
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Mais informações:
Como uma de nossas principais frentes de ação, o Festival Prix Jeunesse Iberoamericano (www.comkids.com.br/prix-jeunesse-iberoamericano) premia conteúdos audiovisuais, digitais e interativos com a chancela da Fundação Prix Jeunesse (Alemanha). Destacamos ainda o Portal ComKids (www.comkids.com.br), centro que, a cada dia, se prepara para oferecer mais conteúdos e informações sobre o universo de mídia e infância. Convidamos todos a nos visitar!
Beth Carmona
Vanessa Fort
Diretora do ComKids
Coordenadora do ComKids
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Sesc São Paulo
O ComKids Green é um evento que incentiva a discussão sobre o universo audiovisual e digital voltado a crianças e jovens no enfoque de temáticas relacionadas com o meio ambiente. Essa discussão é premente e coloca inúmeras perguntas. Como aprofundar conceitos e sensibilizar crianças e jovens para questões ambientais, abordando a relação do homem com a natureza? Como encantar o público para a temática, garantindo interesse e ampliação do conhecimento sem abrir mão da poética da linguagem? Como tratar do tema da sustentabilidade de maneira lúdica, inteligente e atraente? Ciente de que não há respostas diretas e fáceis, o Sesc procura contribuir para a discussão e a reflexão por meio de ações educativas, tendo como ferramenta as variadas linguagens artísticas, muitas delas inusitadas, mas pensadas e desenvolvidas a partir de um olhar que envolve diversos profissionais, focados no fazer artístico e, ao mesmo tempo, voltados para os públicos. Discutir a produção audiovisual e digital, seus temas e enfoques, os valores que transmite e as leituras de mundo que apresenta, bem como os preconceitos que podem trazer implícitos, é também abrir caminhos para a produção e programação de boa qualidade, que respeite a criança e o jovem como cidadãos, e não como meros espectadores. Para o Sesc São Paulo, o apoio a esse seminário visa contribuir para o surgimento de novos trabalhos nesse setor, de maneira a que o público infantil e juvenil tenha acesso cada vez maior a mídias de qualidade. Essa perspectiva está imbuída da dimensão formadora de novos apreciadores, mais observadores e atentos quanto ao que lhes é oferecido, assim como quanto ao que esperam ver. www.sescsp.org.br
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Goethe-Institut São Paulo
Vivemos uma época em que a cultura digital predomina. Desde a tenra idade, as crianças passam muitas horas na frente da televisão e de diferentes telas. Uma produção responsável para estes meios deve considerar o impacto que gera nas novas gerações. Reconhecendo os espaços da televisão e da web como excelentes meios promotores de informação e conhecimento, a América Latina tem nesses meios a possibilidade de desenvolver seus processos de educação e cultura, a partir da produção de conteúdos próprios. As mídias são parte da vida cultural de um país. As crianças são os futuros atores das sociedades e serão confrontadas com desafios que hoje não podemos nem imaginar. Sustentabilidade é um dos temas com os quais nos ocuparemos massivamente nas próximas décadas. Como Goethe-Institut e enquanto organização mediadora de cultura nos vemos, portanto, responsáveis e obrigados a nos envolver, especialmente nesses campos. Com o projeto ComKids Green encontramos no Brasil um parceiro e uma plataforma para esse engajamento. Num esforço conjunto pretendemos criar uma rede para, com os parceiros certos, efetivar as ideias mais interessantes. Um primeiro passo foi dado nos últimos dois anos: com o projeto Senha Verde geramos uma rede de produtores e emissoras comprometidas com programas infantis de qualidade sobre o tema do meio ambiente. A série Senha Verde tem como objetivo geral a consolidação de uma rede latino-americana de canais públicos, que trabalham na realização de projetos audiovisuais para a infância. Desta maneira, a série tem a intenção de incentivar o desenvolvimento de produções locais, através da formação contínua de profissionais e, ao mesmo tempo, fomentar o intercâmbio entre os países da região e otimizar recursos, caracterizando-se como um trabalho em parceria. Por outro lado, o projeto busca mobilizar as crianças, através dos meios de comunicação, para serem ativos no cuidado com o 9
meio ambiente e reforçar a ideia de que eles podem e devem ser atores deste processo. A partir da iniciativa do Goethe-Institut e de sua coordenação, a metodologia, que envolveu a concepção e a realização da série, incluiu momentos de encontro e formação entre os produtores. Com a parceria dos canais e com a participação de reconhecidos profissionais internacionais (especialistas em mídia, infância e ecologia) desenvolveu-se o formato da série e seu plano de trabalho. Os canais assumiram a responsabilidade de produção das eco-histórias a partir dos seus respectivos países. O Goethe-Institut criou mecanismos para garantir um diálogo fluído com um intercâmbio permanente entre todos os envolvidos. O instituto ainda assumiu funções específicas de tradução, dublagem e transcodificação. Aldana Duhalde (Argentina) e Beth Carmona (Brasil), reconhecidas especialistas latino-americanas, acompanharam e supervisionaram o projeto desde o seu princípio, garantindo coerência e identidade, em apoio permanente aos produtores. A produção de Senha Verde foi patrocinada pelo Goethe-Institut, com o valor aproximado de 300 mil reais. Nos últimos cinco meses, a programação foi ao ar em cinco países sul-americanos, com grande sucesso. Ficamos felizes em poder fazer parte desse objetivo que a iniciativa ComKids Green persegue com grande engajamento.
Dra. Jana Binder www.goethe.de/ins/br/sap/ptindex.htm
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os:
il chad ea infant itas nte e va h i ect Col ambie p io pers me a e br o s
Coletar experiências nas realidades infantis é uma postura que cada vez mais criadores vêm tendo quando querem buscar referências para fazer suas obras. Neste sentido, o lugar onde as crianças vivem é visto como um ambiente perfeito para o seu desenvolvimento. Como fazer com que essas diversas realidades estejam representadas nas telas?
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Samuel Macedo
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Para a infância, o ambiente é meio Gabriela Romeu, Projeto infâncias www.projetoinfancias.com.br
Pelos quintais Brasis afora, a relação da criança com a natureza não é de preservação. É de simbiose. Para as muitas infâncias brasileiras, o ambiente é meio. É o meio fundamental para o exercício de ser criança. Em quintais de cidadezinhas mineiras onde os pequizeiros se espalham sem medo, meninos e meninas perdem-se entre seus galhos. Do pequizeiro pulam para o jatobá em busca do fruto saboroso que tinge os dentes de verde. Quem passa desavisado por ali pode nem avistar os meninos-galhos, tamanha é a simbiose entre árvore e criança. São muitos os exemplos da árvore-brinquedo. As mangueiras dão a sombra para brincar de roda nos quintais. E, se coquinhos caem do pé, eles viram munição para uma guerrinha pelas ruas. Também caídas, as sementes de uma das espécies do jacarandá têm um formato de faquinha e vão parar nas brincadeiras de casinha das meninas. A água, a terra, a areia, as sementes, os caroços, as folhas e as plantas também são matéria-prima usada nos brinquedos feitos pelas crianças, que os misturam com pneus, chinelos de borracha, tampas de achocolatado, aros de bicicleta e outros restos do cotidiano encontrados pelos quintais. A natureza e a vida dão a liga, são a essência para meninos e meninas entenderem o mundo à sua volta. Quando essas crianças chegam às escolas, até naquelas das zonas rurais, o discurso do educador é de preservação, soando de modo dissonante da realidade da infância que vive a urgência do hoje – quem inventou essa história de que “criança é o amanhã”? Claro que o planeta requer ações conscientes que projetem o seu (nosso) futuro, mas as crianças deixam claro que a sintonia com o futuro tem que começar já. E de verdade. Não vale o professor
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apenas inventar uma oficina para fazer “coisas com garrafa PET” como se isso fosse despertar um sentimento de cuidado com o planeta. Acompanhada da jornalista Marlene Peret e do fotógrafo Samuel Macedo, meus parceiros do projeto Infâncias, vi algo parecido lá no Vale do Jequitinhonha. Nas ruas e nos quintais, as crianças vinham ávidas apresentar seus brinquedos feitos de natureza quando perguntadas sobre o assunto. Logo surgiam petecas de bananeira, pernas de pau, bodoques, papagaios de bambu. No ambiente escolar, o mesmo chamado obtinha resultado muito diferente: os brinquedos não tinham a força da vida que nascia dos quintais. De certa forma, os brinquedos feitos na escola lembravam trabalhos das aulas de artes dadas à reprodução (sem espaço para a criação), anunciando que a escola estava desconectada da vida – da vida nos quintais. Nesse diálogo com as crianças pelos quintais do Brasil, ficam muitas lições. Uma delas é que as crianças têm muito que nos ensinar quando o assunto é natureza. Basta permitir que o ambiente seja de fato o meio para a infância.
Gabriela Romeu é jornalista e documentarista. Há 12 anos escreve sobre e para crianças no jornal Folha de São Paulo, onde editou o caderno Folhinha e coordenou o projeto Mapa do Brincar, vencedor do Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo. É produtora e corroteirista do documentário Disque Quilombola. É uma das idealizadoras do projeto Infâncias, que está documentando a vida de crianças em diferentes lugares do país.
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Arquivo pessoal
Gabriela Romeu
Produção regional para crianças e meio ambiente: a série Senha Verde www.senhaverde.com.br
Episódio: Aderley apresenta - Caranguejo tem que crescer - Rio de Janeiro, Brasil (TV BRASIL)
Episódio: Carmen apresenta - um ciclo incrível, Bueno Aires, Argentina (PAKAPAKA)
A presença predominante de séries e animações importadas de outros continentes tende a limitar a possibilidade de que as crianças latino-americanas recebam mensagens diversas, tanto em suas estéticas como em suas concepções de mundo. Além disso, deixam de refletir sua própria região. Desta maneira, perde-se uma boa oportunidade para incentivá-las a colaborar na construção de uma identidade mais rica e real, já que sempre os modelos e paisagens, são os de “outras sociedades”. A ausência de produções regionais para crianças impedem que a indústria e o profissionalismo nos meios de comunicação se desenvolvam plenamente em cada região. Convocados pelo Goethe-Institut, cinco canais latino-americanos de televisão desenvolveram uma série televisiva para crianças entre oito e doze anos. Um mosaico representativo da região, com eco-histórias de crianças e duração de três a quatro minutos. Os capítulos produzidos podem conviver na dinâmica das grades de televisão, assim como nos sites dos canais. Neles, a perspectiva da criança é posta em primeiro plano. Todos os capítulos produzidos serão exibidos nos cinco canais envolvidos na sua produção. Ao retratar essas realidades, estamos incentivando os processos educativos e culturais, proporcionando espaços de legitimação e divulgação, e contribuindo para este desenvolvimento. Quais são os problemas ecológicos que mobilizam as crianças? Quais são as grandes e pequenas soluções que podem melhorar a vida no planeta? Senha Verde brinda a oportunidade de crianças se posicionarem sobre os temas do meio ambiente, a partir dos seus próprios pontos de vista. O futuro de nossa sociedade e a convivência em grupo, depende das novas gerações. E é por isso que a série cria este espaço 15
para poder escutá-las e retratá-las como pessoas engajadas e que, à suas maneiras, expressam opiniões e criam ideias e soluções de convivência saudável. Através das suas eco-histórias, inseridas em suas realidades cotidianas, as crianças vão dialogar com seus pares latino-americanos não desde o drama e a visão apocalíptica de um mundo que acaba, mas, sim, a partir do jogo e do prazer da descoberta de possíveis saídas, protagonizadas por eles mesmos. Países participantes: Colômbia, Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela Canais coprodutores: Señal Colombia (www.senalcolombia.tv), Pakapaka (www.pakapaka.gob.ar), Tevé Ciudad (www.teveciudad. montevideo.gub.uy), TV Brasil (www.tvbrasil.ebc.com.br) e Vale TV (www.valetv.com) Coordenação: Aldana Duhalde e Beth Carmona Coordenação institucional: Goethe-Institut Apoio: ComKids e Prix Jeunesse Iberoamericano Todos os episódios da série (1ª temporada) estão disponíveis na íntegra no site.
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Povos Indígenas no Brasil Mirim Instituto Socioambiental http://pibmirim.socioambiental.org
Página de abertura
Foi a partir da curiosidade das crianças que escreviam à equipe do site Povos Indígenas no Brasil1 que se iniciou o projeto Povos Indígenas no Brasil Mirim, o primeiro e único portal brasileiro sobre a diversidade cultural indígena voltado a crianças e adolescentes. Para viabilizar esse projeto tínhamos em mente alguns princípios: mostrar a diversidade dos povos indígenas de forma educativa e lúdica; romper com os estereótipos amplamente difundidos; e despertar o interesse e o respeito das crianças pelas culturas indígenas existentes no Brasil. Assim, o site é atualmente estruturado em torno de cinco grandes temas que apresentam ao público os modos de vida e as histórias indígenas: Antes de Cabral, Quem são, Onde estão, Como vivem e Línguas. Cada um deles se subdivide em seções, cujos assuntos se desdobram em uma série de perguntas e respostas encadeadas, em uma linguagem acessível ao público. A elaboração dos conteúdos do site foi baseada em inúmeras pesquisas bibliográficas - aliadas a conversas com especialistas em Antropologia, Arqueologia, Educação, entre outras áreas de conhecimento - e em parceria com instituições que já possuíam materiais especializados na temática indígena. Procuramos também dar destaque aos conteúdos produzidos pelos próprios indígenas ou em parceria com eles, como é o caso do mini-jogo Ligue os Pontos que conta com desenhos de animais que habitam a região do Xingu, criados pelos alunos do professor Maiau Ikpeng. Além dos textos sobre temática indígena, o site está repleto de fotos, mapas, desenhos e vídeos, que despertam ainda mais o interesse das crianças. Desde que foi criado, em 2009, o site já recebeu 1. Com o objetivo de divulgar informações de qualidade sobre as populações indígenas, o ISA criou o tema Povos Indígenas no Brasil (PIB), que vem disponibilizando, há mais de uma década, dados atualizados sobre os índios e suas terras. O site da Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil é nossa principal porta de entrada para o tema.
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678.006 visitas, e tem mais de 9.500 usuários cadastrados. Junto ao trabalho de construção dos conteúdos temáticos, a equipe do PIB Mirim criou também a Aldeia Virtual, em parceria com uma empresa especializada em jogos e interação digital.
Meio ambiente sob diferentes perspectivas
A Aldeia Virtual é um espaço interativo desenvolvido a partir de referências reais sobre alguns dos povos indígenas que vivem no Brasil - e que coloca os usuários em contato com diferentes modos de ocupar o ambiente. Ali, a criança se depara com um mapa dos biomas brasileiros e com as duas aldeias que compõem atualmente esse espaço interativo: a aldeia circular, no Cerrado, e a aldeia yanomami, na Amazônia. Cada uma delas possui características visuais e sonoras particulares, além de jogos diferentes. Entre os usuários cadastrados encontramos também crianças indígenas, como é o caso de Tirima Yawanawa, que está vivendo em Guarulhos (SP) para estudar: “A Aldeia Virtual é muito legal porque me faz lembrar da minha Aldeia”, testemunha a menina. Navegando no PIB Mirim, a criança é convidada o tempo todo a refletir sobre as relações que os povos indígenas estabelecem com o ambiente, e também sobre a forma como os não indígenas ocupam seu ambiente. Na seção “Onde estão”, por exemplo, elas conhecem a importância da demarcação das terras indígenas e também os desafios enfrentados por esses povos por conta da restrição de seus territórios. Se antes do contato com os não indígenas os povos indígenas viviam em intensa circulação, agora eles se deparam com fronteiras. Conteúdos como “Cuidando das sementes no Parque Indígena do Xingu” e “Manejo de tartarugas - Comunidade Ashaninka do rio
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Aldeia virtual
Amônia” deixam claro como as populações indígenas transformam seus modos de ocupar o território e o ambiente. Entre os vídeos mais acessados do site está “Pajerama”, uma animação que fala justamente sobre as diferentes percepções de meio ambiente, contrapondo o espaço da floresta com o da cidade. E os jogos não ficam atrás: “Os joguinhos das plantas do Xingu, além de ser divertido, ficamos conhecendo a árvore”, comenta um usuário. Com apenas três anos de existência, o PIBMirim vem incitando a curiosidade do público infantil, trabalhando para formar novos conhecedores das realidades indígenas e produzindo informações que são hoje incorporadas aos currículos escolares. Mas há ainda muito a ser feito e os nossos usuários mirins não se cansam de pedir novos conteúdos!
Instituto Socioambiental (ISA) www.socioambiental.org
Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Fundado em 1994, incorporou o patrimônio material e imaterial de 15 anos de experiência do Programa Povos Indígenas no Brasil do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (PIB/CEDI) e do Núcleo de Direitos Indígenas (NDI) de Brasília. ISA foi criado para propor soluções que integrem questões sociais e ambientais e tem como objetivo principal defender bens e direitos coletivos e difusos relativos ao meio ambiente, ao patrimônio cultural e às populações indígenas e tradicionais.
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Meio Ambiente em foco: o imaginário de alunos em pesquisas educativas de opinião Instituto Paulo Montenegro www.ipm.org.br
O programa Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião, Nepso (www.nepso.net), que há 12 anos utiliza pesquisas de opinião como ferramenta pedagógica, está presente hoje em oito estados brasileiros, quatro países da América Latina e também em Portugal. Até 2011, o tema meio ambiente foi abordado em 286 projetos de pesquisa educativa de opinião2, o que significa que aproximadamente dois em cada 10 projetos desde o início do Nepso abordaram a temática. A escolha do tema se dá de formas variadas, não existindo, na grande maioria dos casos, uma orientação específica para uma determinada temática. Em boa parte dos casos, a escolha é feita pelos próprios alunos, já que os objetivos do uso pedagógico da pesquisa são: • Motivação, tornando o processo de ensino mais interessante para o aluno. • Protagonismo, fazendo do aluno autor de seu próprio aprendizado. • Contextualização, utilizando o universo do aluno para a construção do conhecimento. O programa tem caráter diverso e interdisciplinar na realização das pesquisas sobre meio ambiente: a Matemática é a disciplina que mais abarca projetos sobre o tema, mas matérias ligadas à 2. O material de referência utilizado para esta análise é o banco de projetos do Nepso, que é construído a partir de informações fornecidas pelos professores e alunos vinculados ao programa. Assim, os dados sobre os projetos estão algumas vezes incompletos ou inconsistentes, o que pode explicar variações entre um ano e outro. Já a quantidade de projetos por Estado está relacionada com o tamanho e tempo de existência do programa em cada um de seus polos ou núcleos. Todos os projetos cadastrados estão disponíveis para visualização no link: www.nepso.net/ busca/projeto
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Núcleo Bahia
área de humanas também acabam aparecendo com grande frequência, seguidas pela área de biológicas. A transversalidade trazida pela metodologia do programa permite a integração entre diferentes áreas de conhecimento, e tem seu caráter transdisciplinar favorecido quando aliada a um tema universal, como o meio ambiente. Mas o que esses alunos querem investigar sobre o meio ambiente e quem eles querem ouvir? Recortes sobre meio ambiente
Polo México
A criatividade dos alunos que compõem a rede Nepso se faz notar quando analisamos os diversos subtemas que os motivaram a sair aos quatro cantos fazendo entrevistas com outros alunos, pais e mães, professores, funcionários das escolas, moradores dos bairros e comunidades onde está a escola, moradores de suas cidades. Nota-se que os subtemas de maior repercussão têm ligação direta entre o interesse dos alunos e as temáticas relacionadas ao cotidiano. “Água”, “Sociedade” e “Lixo” são muito mais pesquisados do que temas globais, como “Sustentabilidade” e “Desmatamento”, o que revela uma vontade maior de investigar aquilo que está próximo da sua realidade. Veja alguns exemplos de títulos dos projetos: • Lixo é luxo • Uso y percepción de las plantas medicinales en la comuna de Nueva Imperial • Tom do Sertão • El viaje del Agua • A Lagoa e a região da Pampulha: preservação, turismo e envolvimento da comunidade • O uso da sacola plástica: consumidor x comerciante • Flora Nativa de la vereda la pinuela y sus conservacios • Vinieron sin valija y nos desvalijaron • Desmatamento é crime • Cómo influye la segregación de residuos sólidos en el medio 21
ambiente • Tamanduateí, patrimônio cultural de Mauá • Los niños contra la basura, al rescate de nuestra comunidad • Um zoom no zôo • ¿Qué pasaria si nevara en Colombia? • O papel socio-cultural-ambiental do catador – como somos vistos • O ambiente: desenvolvimento sustentável • Energia: Consciência Universal • A merenda nossa de cada dia • Bicho-de-pé: quem você é? A singularidade de cada projeto compõe um leque de visões e entendimentos de mundo de alunos em escolas da América Latina, que partem para a busca de informações para compreender de forma investigativa aquilo que lhes despertou curiosidade. O conhecimento, no Nepso, é construído a partir do universo dos próprios alunos. Dessa forma, os dados apresentados trazem em si o imaginário dessas crianças, adolescentes e jovens a respeito do conceito de meio ambiente.
Instituto Paulo Montenegro
Organização sem fins lucrativos que coordena o investimento social do Grupo IBOPE. Criado no ano 2000, o instituto emprega o conhecimento acumulado na área de pesquisas para conceber e implantar iniciativas que buscam contribuir com a sociedade de forma relevante e transformadora em todos os países em que o IBOPE atua, tendo como foco a educação e a mobilização social.
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Fans del planeta Mariana Cano (Diretora Naokids) e Bárbara Mancilla (Produtora Naokids) www.fansdelplaneta.gob.mx
Fans del Planeta / NAO
A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais do México (SEMARNAT, www.semarnat.gob.mx) precisava criar um site que promovesse o cuidado ambiental em meninas e meninos de 6 a 12 anos. A Nao assumiu a tarefa de pesquisar todas as páginas web e materiais didáticos sobre meio ambiente no México e no mundo, com o intuito de detectar pontos fortes e áreas de oportunidade neste tipo de projetos. Com a finalização das pesquisas, foram realizados encontros criativos para explorar ideias, determinar público-alvo, fixar os interesses das crianças no tema do meio ambiente e encontrar o conceito que poderia suprir as suas necessidades de informação e entretenimento. Após cinco sessões, chegamos ao conceito Fans del Planeta. Partimos do positivo: a ideia de que os meninos são apaixonados pela natureza, curiosos, que querem fazer coisas pelo seu planeta, e de que são ativos e comprometidos. Também foram estabelecidos os objetivos, de acordo com a linha de promoção e difusão dos cuidados com o meio ambiente estabelecida pela SEMARNAT, sempre levando em consideração o fato de que teriam que estar próximos à vida das crianças. Antes de se desenvolver os conteúdos, foi elaborado um conceito que estabelecia o modo como os temas seriam abordados: o tom, a linguagem, a extensão dos conteúdos e os valores do projeto. Também foi determinado que o site partiria das experiências reais que as crianças vivem, e que se manteria distante dos âmbitos escolares. Para poder estabelecer um vínculo mais aproximado e divertido com as crianças, foram criados personagens. Dois irmãos 23
gêmeos: Rox e Leo, que abriram um site sobre aquilo que os apaixona: cuidar e explorar o planeta. O site seria como um blog, em que os irmãos publicariam informações úteis, sob as premissas de que amam o planeta e de que querem compartilhar informação. As seções do site abarcariam os interesses de todos os apaixonados da natureza e foram criadas algumas delas nas que era possível abordar todas as possibilidades. Eis algumas das seções: • Fã dos animais: Tudo sobre as espécies mexicanas. • Fã do verde: Tudo para aplicar o cuidado com o entorno à vida diária. • Fã da aventura: Tudo para explorar e cuidar habitats de todo o país. • Votafan: Seção de votação sobre temas ecológicos. • ¡Guau! Baja esto: Downloads divertidos como postais, banners e emoticons. • ¡Juega!: Seção com jogos: cada jogo tem um objetivo pedagógico relacionado com temas do site. Fans del planeta é um site que foi publicado pela primeira vez em outubro de 2008, e a cada ano se atualiza, explorando uma de suas maiores virtudes: falar às crianças de igual para igual, sem tentar doutriná-los e apresentando os conteúdos com base em uma ampla variedade de recursos, sem sair da simplicidade... Nós te convidamos a visitá-lo. Fans del Planeta foi ganhador da categoria Digital e Interativa do Prix Jeunesse Iberoamericano 2011. NAO www.nao.mx
Somos uma produtora com a capacidade de produzir e desenvolver conceitos e conteúdos. Nossa especialidade é contar histórias e produzi-las. Temos anos de experiência com televisão, cinema e web. Se o assunto é criança, somos uma equipe especializada, com ampla experiência de produção. 24
Angélica del Nery
O que significa aprender com a natureza? Rita Mendonça, Instituto Romã www.institutoroma.com.br
Aprender com a Natureza, da maneira como temos trabalhado no Instituto Romã - iniciativa voltada para o desenvolvimento humano - é seguir caminho educacional que busca a integração dos aspectos sensoriais, cognitivos, psicológicos e culturais de cada participante. Ao aprender com a natureza, aprendemos não só o que os cientistas das áreas naturais vêm descobrindo ao longo dos últimos séculos, mas também sobre como nos relacionamos, como aprendemos, como lidamos com nossas emoções e sobre nossa conexão profunda com os seres não humanos com quem compartilhamos a vida na Terra. Nesse caminho pedagógico não nos contentamos com o conhecimento abstrato, não ficamos no mundo das ideias mas, a partir dele, caminhamos em direção à experiência direta do tema que vamos tratar, seja ele o bem-estar, a ecologia e seus desdobramentos, a sustentabilidade, o consumo responsável, a formação de equipes, a educação ambiental, a cidadania, a criatividade, a inovação. Ao aprender sobre uma biorregião, um rio, uma planta ou animal aprendemos sobre o que nos é essencial, sobre nossos limites e potências, de forma que possamos fazer escolhas conscientes em todos os âmbitos de nossas vidas. Pode parecer que todo esse aprendizado seja apenas para adultos. Muito pelo contrário, as crianças são nossas grandes parceiras e nos ensinam, enquanto adultos e educadores, o quanto o convívio sensível com a natureza é importante para manter sempre vivo o entusiasmo em relação à vida e a transformar as tarefas cotidianas em jornadas de aprendizagem. Hoje em dia é muito preocupante o fato de nossas crianças estarem cada vez mais afastadas do contato direto com a natureza. Sem isso elas perdem a oportunidade de um desenvolvimento integral, de conhecerem suas sensações, de desfrutarem de sua 25
Consultora em desenvolvimento humano por meio de processos de aprendizagem com a natureza e do diálogo. É bióloga, socióloga e escritora. Coordena as atividades da Sharing Nature Worldwide (www.sharingnature.com/index.php) no Brasil, é membro titular do Conselho da Umapaz e sócia do Instituto Romã.
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Arquivo pessoal
Rita Mendonça
Angélica del Nery
abertura em relação ao diferente, de ter prazer no frescor das folhas, da terra, da água, de fazer descobertas por si mesmas e aprender. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos têm alertado sobre a relação entre diversas enfermidades infantis modernas – tais como o déficit de atenção, pressão alta, oscilações de humor, depressão, ansiedade – e a falta de contato com a natureza, que denominam de “Síndrome de Déficit de Natureza”. No Brasil, um dos países com a maior riqueza e beleza natural do mundo, não é estranho que nossas crianças tenham medo de se sujar, de pisar na terra, de observar os animais, de se expor ao imprevisível? De que os pais sintam-se inseguros para viajar para áreas naturais em família? Não temos pesquisas importantes sobre esta relação em nosso país, mas temos relatos de inúmeros pais e educadores que participaram de nossas atividades, sobre as transformações que observaram em suas crianças após uma vivência com a natureza, mesmo que seja curta, e em um parque urbano. As crianças ficam mais centradas, tolerantes, abertas, afetuosas, calmas porém despertas. Não são estas as características básicas para que elas possam desenvolver um saudável aprendizado da vida? Para saber mais sobre os programas oferecidos pelo Instituto Romã, acesse: www.institutoroma.com.br
Forma ção de públic e iniciat o ivas de meio amb
iente
Quais são as experiências de audiovisual, cultura e meio ambiente que se destacam no país atualmente? Na perspectiva da formação de público, mostras e projetos educativos desempenham o importante papel de preparar as audiências para receber conteúdos audiovisuais ou digitais. Também dão as diretrizes da sua aplicação em salas de aula.
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Acervo Ecofalante
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Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental Chico Guariba, Diretor www.ecofalante.org.br/mostra
A Ecofalante, organização sem fins lucrativos, nasceu em 2003, da ação de um grupo de educadores, comunicadores, cineastas e profissionais de diversas áreas do conhecimento científico preocupados com as questões culturais e socioambientais. Promove o conhecimento e a educação para o desenvolvimento sustentável. A Ecofalante vem produzindo uma série de audiovisuais, que procuram documentar rigorosamente as questões ambientais e a divulgar temas e problemas da nossa realidade social e histórica. Produziu documentários em parceria com a Cinematográfica Superfilmes e a Guariba Filmes, entre outras. Produções independentes como a série Histórias da Mata Atlântica, e coproduções com a TV Cultura, como a série Metrópoles - Os desafios para o Desenvolvimento Sustentável, em execução. Os documentários da Ecofalante são exibidos em emissoras publicas e educativas e distribuídos para escolas e universidades Seus filmes já participaram de dezenas mostras e festivais nacionais e internacionais, recebendo diversos prêmios. Desde o inicio de 2011, a Ecofalante ampliou o seu campo de atuação para a difusão de audiovisuais através da realização da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental - Ecofalante Environmental Film Festival, que reúne produções audiovisuais nacionais e internacionais. São exibidos filmes de longa-metragem, produções televisivas, animações, curtas-metragens, documentários e os mais diversos audiovisuais multiplataformas. A Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental organiza programas sempre com retrospectivas históricas de realizações marcantes do cinema ambiental, apresentando um balanço das principais produções contemporâneas e uma intrigante programação infantil. A Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental pretende mobilizar um público de interessados em cinema e na temática ambiental 29
e ser um espaço para a formação de audiência adulta e infantil. Divulgar uma informação de alta qualidade com impacto na cultura e no entretenimento e possibilitar uma reflexão rigorosa sobre os problemas e alternativas para um mundo mais sustentável. Debates entre cineastas, profissionais especializados na área ambiental, com a participação de estudantes universitários e o público, aprofundam as questões propostas pelos filmes. Objetiva ainda incentivar a incipiente produção de cinema ambiental no Brasil, oferecendo um novo canal de trocas informação e divulgação das principais produções nacionais e internacionais.
Documentarista, produtor e consultor na área de audiovisual. Há mais de 25 anos vem atuando nas áreas de cultura, educação, meio ambiente e políticas públicas. É presidente da ONG Ecofalante, Diretor da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental e SócioProprietário das produtoras cinematográficas Guariba Filmes e Lira Filmes e Vídeo. Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental
Um dos grandes desafios estratégicos da Mostra é o do desenvolvimento da programação e a realização da Mostra Infantil. Com uma pesquisa diferenciada, uma curadoria que envolve um projeto pedagógico e uma logística que permita a sua democratização e acessibilidade, a Mostra Infantil está criando uma identidade própria para 2013.
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Acervo pessoal Chico Guariba
Chico Guariba
Jo Capusso
Um caminho e muitas histórias
Patrícia Durães, Escola no Cinema www.escolanocinema.com.br
Jo Capusso
O cinema entrou de forma definitiva em minha vida quando comecei a desenvolver um trabalho de coordenação cultural em escolas. Procurava integrar as expressões artísticas nas atividades diárias dos alunos. Música, teatro, artes plásticas eram de fácil acesso, mas o cinema era mais complicado. Falo de um tempo em que não havia nem vídeo cassete; utilizávamos como equipamentos um projetor 16mm e uma televisão, selecionando alguns conteúdos da programação diária dos canais abertos. Hoje, com o avanço tecnológico, o acesso à produção audiovisual é muito mais fácil, mas, naquela época, para obter filmes em 16mm e exibi-los na escola, buscávamos os filmes estrangeiros junto às filmotecas de consulados. E não havia um acervo de filmes brasileiros com que pudéssemos trabalhar. Pensar em levar os alunos ao cinema era quase impossível, pois as salas de cinema não aceitavam receber grupos de estudantes fora do horário comercial. E foi nessa busca por um repertório cinematográfico para os alunos junto à vontade de redimensionar o universo escolar com uma ação “extramuros” da escola, que nasceu o projeto Escola no Cinema. Com o objetivo de facilitar o acesso dos estudantes à Sétima Arte e à utilização do cinema pelas escolas como elemento de formação pedagógica e curricular, o projeto investiu na idéia da educação permanente. A ida dos grupos ao cinema é, em si, um ato de socialização e, portanto, de cultura. Nesse momento, 1985, o encontro com Adhemar Oliveira tornou possível essa idéia. Liderada por ele, nascia, no Rio de Janeiro, uma nova proposta de sala de cinema com um perfil de programação diferente e com a intenção de trabalhar cinema e educação. Fui, então, convidada a fazer parte dessa aventura. O trabalho criou força e se expandiu para outras cidades do país, com a criação de novas salas e plateias. 31
Com a consolidação do Escola no Cinema surgiu a necessidade de um convívio maior com os professores, e criamos, em 2001, o Clube do Professor: atividade permanente de inclusão dos professores no mundo do cinema, investindo na elevação e diversificação de seu consumo cultural, com reflexo sobre sua atividade pedagógica. Nosso desafio constante é buscar uma diversidade de programação e fazê-la chegar às telas de todo o país. O cinema tem o poder de transcender tempo e espaço, fazer o espectador viajar grandes distâncias, ir ao passado e vislumbrar futuros. Para nós, todos os temas são relevantes. Trabalhamos com filmes que passam por meio ambiente, inclusão social, saúde, migração, família... Acredito ser essa a nossa contribuição para o país. Através dos filmes, nossas crianças e mestres podem ampliar sua visão de mundo e seus conhecimentos, e assim dispor de novos instrumentos para lutar por melhoras do bem-estar coletivo e da qualidade de vida do planeta. A consciência do momento presente é a semente essencial para grandes transformações futuras.
Educadora e musicista. Desenvolve projetos com cinema e educação na formação de platéia. É sócia do Grupo Espaço de Cinema com salas de exibição em 14 cidades do país. Foi responsável pelo lançamento de vários filmes infantis no Brasil como: Línea no Jardim de Monet, de Lena Anderson e Christina Björk; Kiriku e A Feiticeira e Príncipes e Princesas, de Michel Ocelot.
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Ivete Beraldi
Patricia Durães
Meio ambiente, audiovisual e infância
Liliana de la Quintana Festival Kolibri / Produtora Nicobis www.festivalkolibri.org Nunca antes na história da humanidade as novas gerações se encontraram tão intimamente ligadas ao seu futuro. E cada dia conta a favor ou contra a construção de uma vida digna para todos, em todos os sentidos. Quase todos os países incorporaram o tema do meio ambiente como ponto central das suas propostas, mas ainda há muita distância entre a teoria e a prática; muitos interesses históricos ainda dividem o presente e o futuro; contradições ainda nos conduzem ao extermínio. Que papel a comunicação e a informação vêm realizando neste sentido? Ao mesmo tempo, encontramo-nos com uma escola defasada de seu tempo, que não pôde seguir o ritmo e as necessidades de seus integrantes. O acesso e o uso da tecnologia por parte das novas gerações supera em muito o que tiveram seus pais e professores, mas, ao mesmo tempo, isso lhes trouxe o encontro com uma quantidade de informação que não conseguem assimilar e compreender em sua ampla dimensão. À nossa frente não está mais somente a televisão: extensões suas como a internet, o celular, os jogos eletrônicos e outros nos saturam, e não deixam espaço nem tempo ao encontro com o outro, com a natureza e com a vida. A Bolívia lançou uma proposta altamente questionadora à sociedade: como conseguir viver bem (Vivir bien)? Isso se inicia com a valorização de cada um dos elementos que constitui o ser humano, como sua identidade, sua cultura, idioma, vestimenta, história, música, comida, sua própria organização familiar, social, recursos naturais em uma relação equilibrada com a natureza e com a vida. Sob essa proposta, reuniu-se uma série de livros sobre mitologia indígena boliviana para meninos e meninas, buscando recuperar 33
seres, histórias, identidades, tempos e concepções diferentes, mas bastante próprias dos povos indígenas, tão próximos quanto pouco conhecidos e valorizados em nossas sociedades. Um dos livros se dedica à mitologia dos Ayoreo, povo indígena que nos dias de hoje vive na Bolívia e no Paraguai, em condições de vulnerabilidade. A simplicidade de sua vida contrasta com a complexa mitologia que desenvolveram, em que encontramos um personagem cativante, a Abuela Grillo (“Avó Grilo”). Os Ayoreo dizem que, nos tempos antigos, quando os seres humanos tinham algo dos animais, e estes algo dos humanos, eles davam o nome de Abuela Grillo ou Direjná ao grande grilo, que era o dono das águas e que não podia com o calor. Certa vez, a avó fez chover tanto sobre o povoado Ayoreo que ele se inundou. Então seus habitantes pediram à Abuela que abandonasse o lugar. Com muita tristeza, ela deixou a comunidade e seguiu caminhando, sem destino. Por onde passava, deixava o seu rastro e os rios se formavam. Quando se sentava para descansar, se formavam as lagoas. Enquanto isso, os Ayoreo começaram a padecer pela grande seca e pela falta de alimentos. A água era vital nas suas vidas e eles chegaram à conclusão de que tinha sido um erro ter expulsado a Abuela Grillo da comunidade. Por isso decidiram ir buscá-la seguindo seu rastro. Caminharam muito, e, por fim, encontraram-na no centro de um pântano, onde se refrescava. Seus netos, os Ayoreo, se desculparam diante da avó, e lhe pediram que voltasse à comunidade. Ela não resistiu ao convite e voltou junto com eles, mas algumas coisas já não eram as mesmas, como a presença do fogo e o uso deste no cozimento dos alimentos. Esse estranho calor a afetava muito, a ponto de torná-la mais grilo. Então decidiu buscar outro lugar para viver e assim foi visitar os oito céus que os Ayoreo têm. Nessa aventura, encontrou-se com os seres que habitam cada céu e, vendo as oportunidades que havia em cada lugar, decidiu morar no quarto céu, onde havia muita
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Abuella Grillo sentada / Il. Antonieta Medeiros
humidade. Lá ela se sentia muito bem e também podia mandar chuva a seus netos, quando eles precisassem. Para os Ayoreo, a palavra tem poder, e este mito só deve ser contado nos períodos de seca, para convocar a chuva. Cada mito desempenha um papel importante, de acordo com o clima e com a situação em que vive a comunidade. Por isso o mito da Abuela
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Grillo não pode ser narrado em épocas de chuva e inundações. Baseados no livro e no argumento da Avó Grilo realizaram-se um teatro de bonecos, uma peça teatral para crianças e um curtametragem de animação, realizado no contexto de um projeto boliviano-dinamarquês encabeçado pela produtora Nicobis. O vídeo, que mantém o nome de Abuela Grillo e está baseado no livro de mitologia, tem o objetivo de mostrar o valor que a água tem em nossas vidas3. No roteiro, o tema da água foi atualizado, com a incorporação de um fato histórico da Bolívia, a Guerra da Água (la Guerra del Água), que ocorreu em Cochabamba no ano 20 entre os povoadores e uma empresa francesa que era responsável pela administração da água e que decidiu elevar os preços, impedindo o acesso da população a esse líquido vital. No vídeo se adicionaram outros personagens, que exploram financeiramente à Abuela Grillo, que, quando canta, é a principal fonte de água. Eles venderão o líquido à população cobrando preços absurdos e inacessíveis. A Avó Grilo, quando se dá conta de que não só estão usando e abusando dela, como também comercializando a água, se rebela com tanta força que faz com que irrompam tormentas que põem fim à situação. Volta o equilibro, o consumo de água é um direito do ser humano, e ninguém pode precificar este elemento vital para a vida. O processo, dentro das peças de comunicação que a Abuela Grillo gerou, é muito singular, pois começou com um relato oral dos Ayoreo, passando a um livro, logo a um teatro de bonecos, uma peça teatral e então a uma animação. Diferentes formatos e suportes, mas uma só intenção: dar valor à água enquanto bem comum. E que isso fique claro aos meninos, meninas, adolescentes e jovens. O vídeo não tem diálogos e dispõe do excepcional aporte do canto de Luzmila Carpio, sublime cantora e compositora indígena, que alcança uma grande trilha sonora, trabalhada com instrumentos 3. Animação disponível na internet em: www.youtube.com/watch?v=AXz4XPuB_BM&feature=relmfu
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musicais andinos. Essa característica permitiu que o vídeo fosse exibido em muitos países, transpondo a barreira do idioma e chegando às crianças, adolescentes e jovens das mais diversas culturas e, sobretudo, chegando a sensibilizar e iniciar o debate sobre a importância da água. A experiência dos diversos caminhos que recorreu a Avó Grilo nos convoca a reestabelecer certa ordem e equilíbrio mediante o conhecimento mais organizado. Se os pontos centrais de nossos problemas têm raízes na falta de uma relação coerente entre meio ambiente, audiovisual e infância, quais são as pontes que devemos construir entre eles? Os temas sobre meio ambiente deverão ser tratados de modo aberto e sincero, baseados na profunda relação com o ser humano e o futuro, desligados do poder e à serviço de uma educação que esteja além dos recintos escolares. O audiovisual comprometido com essas propostas estará coordenado com as novas formas de educação, informação, formação e entretenimento de novos cidadãos que tenham a capacidade de responder a este momento crucial. Não será apenas um audiovisual divertido, será profundamente recreativo. A construção de uma infância sólida e crítica acontecerá, com o apoio da família, da escola, dos meios audiovisuais e de todos coordenados com um discurso e uma prática coerente e comprometida com os princípios da vida. A Avó Grilo e os mil seres mitológicos deste continente fecundo estão à nossa frente, temos um grande material que espera as mãos, a cabeça e o coração dos comunicadores para saltar e curar as feridas de nosso presente e verdadeiramente construir um futuro do viver bem.
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www.festivalkolibri.org Comunicadora, consultora, produtora audiovisual, roteirista, organizadora de festivais e de mostras de vídeos, além de escritora premiada de literatura infantil, Liliana trabalha há 31 anos na produção para o público infantil, com documentários sobre povos indígenas e sobre gênero, animações e vídeos de ficção. Escreveu 33 livros para crianças, entre eles: La abuela grillo. Mito ayoreo, Los hijos del sol. Mito inca, Soy jalqa e Soy aymara. É fundadora e diretora do Festival Internacional de audiovisual para la niñez y adolescencia Kolibrí.
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Emiliano Longo
Liliana De la Quintana de Ovando
tela: na e ient isuais Meio amb v o i ções aud du o r p ia nfânc i a para
Produções audiovisuais infanto-juvenis sobre meio ambiente têm sido realizadas dentro do âmbito nacional. Políticas públicas trazem recursos aos produtores e canais privados demonstram realizar produtos interessantes. Cinema, televisão e novas mídias: como tratar ecologia e infância em cada um desses segmentos?
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A Sustentabilidade e a Série Peixonauta Célia Catunda, criadora, TV Pinguim www.peixonauta.com.br www.tvpinguim.com.br
Ao desenhar o Peixonauta imediatamente percebi que ele seria um descobridor, um peixe que inventa um traje especial para viajar mundo afora, não poderia ter outro perfil. E naturalmente surgiu o tema da sustentabilidade: Peixonauta estava na sua origem ligado à natureza e ao bem-estar da pequena coletividade animal que vive com ele no parque. Mas como falar de sustentabilidade e meio ambiente para crianças de 4 a 7 anos? A grande fascinação que o mundo animal exerce sobre as crianças desta idade já jogava a nosso favor, mas ainda assim havia o desafio de abordar conteúdos complexos de forma natural, sem interromper a narrativa. Para compreender melhor o nosso público, contamos com a consultoria pedagógica de Izabel Galvão. Segundo ela, nesta fase, “o pensamento lúdico, fantasioso e poético que marca a criança em idade pré-escolar vai cedendo lugar a um modo mais lógico de pensar e ver o mundo”. Ou seja, o público da série Peixonauta se encontra num cruzamento entre dois modos de pensar diferentes. Desta forma, no universo de histórias da série podemos propor elementos que se enraízam num mundo da fantasia, do faz-de-conta, do maravilhoso, do expressivo e do cotidiano próximo ao mesmo tempo em que podem ser propostos elementos do universo científico, pertencentes a um mundo mais distante do que o cotidiano próximo, um modo de pensar mais conceitual. Nos episódios procuramos jogar com esta dualidade, onde a fantasia e a imaginação se aliam ao conteúdo científico, de forma muito natural. O “Parque das Árvores Felizes”, onde vive nosso herói, reúne animais de diversas partes do globo, além de uma grande variedade de biomas: floresta tropical, mangues, praias, montanhas, rios e até mesmo um pequeno deserto. No grupo de personagens da 40
divulgação TV PinGuim
série, cada um teria sua contribuição: Peixonauta: reciclagem, equilíbrio ambiental, vivência natural; Marina: interesse científico, biodiversidade, trazendo ao grupo informações adquiridas na escola; Dr Jardim: representante de outra geração que transmite à geração mais nova, Marina e Peixonauta, sabedoria, memória de uma outra época e preocupação com a preservação da vida das gerações futuras; Juca e Pedro: alimentação, lixo, através do exemplo negativo, mostram que a falta de informação é, muitas vezes a grande vilã; Zico: alegria de viver, desfruta tudo o que a natureza nos dá, aprende muito com Peixonauta e Marina, e ensina como a vida pode ser simples; outros animais: troca de experiência e de conhecimento entre os moradores do parque que são originários de diferentes regiões e culturas. Todos estes elementos, a fantasia, o conteúdo científico, personagens divertidos em um universo rico como o “Parque das Árvores Felizes”, encadeados por roteiros interessantes, resultaram em uma série que encantou o público infantil e seus pais, mostrando que é possível abordar conteúdos importantes e complexos e ainda assim cair no gosto das crianças.
divulgação TV PinGuim divulgação TV PinGuim
Celia Catunda Serra
Sócia fundadora da TV PinGuim com Kiko Mistrorigo, criou, produziu e dirigiu mais de 400 horas de animação para a TV, entre elas, a série De Onde Vem?, no ar desde 2001. Autora dos livros infantis, Célia é criadora e diretora da série Peixonauta, que está sendo veiculada na Discovery Kids. Formada em Comunicação Social – Rádio & TV pela ECA- USP.
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Audiovisual e Infância no Brasil Glauber Piva Diretor da ANCINE www.ancine.gov.br “A questão fundamental que decidirá o futuro do Brasil se dá no plano dos valores.” Emir Sader
O Brasil se vê crescentemente convocado a elaborar um pacto pela infância e articular uma série de políticas com objetivos e motivações múltiplas, desde as que se referem a índices educacionais, sanitários e de moradia, até os mais substantivos, neste caso, referentes à ampliação da cidadania e reconhecendo as crianças como sujeitos de direito. Na articulação entre essas duas dimensões abre-se a possibilidade de efetivarmos políticas que reconheçam vozes e necessidades das crianças e a perspectiva de, ao menos por uma fresta no paredão no qual se constitui a lógica consumista, estimularmos algum sentido libertário com força para orientar novas práticas sociais e oferecer o contato efetivo com a diversidade cultural que pulula no mundo. A infância é um tema relevante em debate no Brasil há, pelo menos, trinta anos. Desde os anos 1980 que as preocupações com a escolaridade e o abandono de crianças nas grandes cidades ganharam visibilidade e passaram a ocupar discursos, alimentar projetos governamentais e não-governamentais e ocupar milhares de páginas de planejamentos de vários tipos. O problema é que essa relevância foi sendo traduzida em políticas públicas de maneira muito irregular. Talvez não seja muito arriscado dizer que o tema “infância” ganhou espaço considerável nas mídias sociais à medida que passou a ser correlato dos debates no país sobre desenvolvimento. Crianças não escolarizadas que se tornariam mão-de-obra analfabeta e 42
despreparada não podiam ser aceitas no país do futuro. Infantes abandonados aos olhos dos passantes eram poluição aos olhos do mundo. No Brasil, as crianças cumpriram por muito tempo um papel análogo à fama do próprio país: um eterno vir-a-ser, metáforas de uma nação inconclusa. Nos últimos anos o tema da infância ganhou novos contornos e, necessariamente, passou a alimentar discursos e políticas sob novas perspectivas. Se no início do século passado criança era o que se chamava ‘crias’ da casa, de responsabilidade da família ou da vizinhança, agora aparece no centro do debate e sua fragilidade doméstica é substituída por sua visibilidade pública. Mesmo sabendo que a centralidade do tema da infância ainda é alimentada pelos debates e interesses referentes ao “desenvolvimento econômico”, também é preciso destacar os avanços provocados pela tríade “educação, cultura e direitos humanos” no que diz respeito ao tema. Numa sociedade que fragmentou o conhecimento e também o exercício do poder, educação, cultura e direitos humanos se acercam da infância brasileira de maneiras distintas. Educação, mais estruturada, é a única que está representada em todos os municípios do Brasil - talvez apenas acompanhada das igrejas -: em cada cidade há, ao menos, uma escola, o que garante seu público. Além do corpo físico, a educação também é a de maior orçamento e claros instrumentos de gestão. Já os Direitos Humanos, com presença recente nas estruturas de governo, se relacionam com a infância brasileira a partir de uma pauta negativa: trabalho infantil, escravidão, violência. É a partir daí que se impõem sobre orçamentos e jornais e se insinuam no debate social. A cultura, por outro lado, profundamente sedimentada como território do lúdico e do afetivo – aquilo que nos afeta sem coerção – talvez seja, entre as três, a que tenha a maior dívida com a infância. Historicamente, sua aproximação com o tema se deu por via indireta, por meio de políticas de fomento, de incentivo fiscal ou de editais públicos. Raras foram as políticas públicas de cultura – e aqui se inclui o audiovisual, claro – que se propuseram a dialogar 43
com ele a partir do reconhecimento de seus direitos, suas carências e sua diversidade. Mesmo reconhecendo a existência rarefeita de políticas de cultura para a infância e, principalmente, da boa experiência da literatura infantil que, mesmo via educação, consolidou-se como política pública com criação de bibliotecas abertas ao público, qualificação das bibliotecas escolares e publicações regulares, não se sedimentou no país um arranjo sistêmico. As políticas de cultura voltadas às infâncias – uso aqui o plural para marcar a potencialização de uma diversidade que vai além do regional, mas envolve distintas fases, condições econômicas, tipos de escolas que freqüentam, se rural ou urbanos etc. – têm de estar, obrigatoriamente, articuladas com as políticas de educação, sobretudo por sua capilaridade e inteligência acumuladas, e com as políticas de direitos humanos, porque a cultura, quando vocacionada às crianças, está tratando de valores. O mesmo deve acontecer com outras áreas de governo, como saúde e ocupação do espaço urbano, por exemplo, ainda que o eixo principal deva se dar com Educação e Direitos Humanos. Acredito que devamos repensar nossas políticas culturais para que as buscas imaginativas para a transformação da sociedade estejam relacionadas não apenas a empreendimentos econômicos, mas a formas de solidariedade nutridas em uma visão mais complexa do mundo e em diálogo com as novas tecnologias. Não podemos pensar em políticas para a infância se não considerarmos que não vivemos mais em um mundo restrito, analógico e fraturado em culturas nacionais. Embora antigos conceitos ainda tenham valor e utilidade – como etnias, identidades, países e nações –, estamos todos sujeitos à participação em uma série de circuitos comunicacionais que nos põem em contato com muitas maneiras de viver. É nesse mundo multiconectado no qual vivem nossos filhos e netos e, portanto, é sob esta perspectiva que deve se estabelecer um novo diálogo. Quando Emir Sader nos diz que o futuro do Brasil vai se definir 44
no plano dos valores, não está negando os aspectos mais duros da labuta econômica, mas nos alertando para um embate ainda mais relevante: o dos valores que vivenciamos e cultivamos e, portanto, do futuro que praticamos. E cultura é, antes de tudo, cultivo. Talvez por isso devamos nos lembrar que a dimensão dos direitos culturais antecede à dimensão econômica da cultura, ainda que não se contraponha nem se subordine a ela. A relação entre infância e mídia, portanto, pode ser chave para aquela disputa de valores, tanto por seu valor simbólico e cultural como por seu importantíssimo impacto sócio-econômico. Um pacto pela infância no Brasil deve considerar o papel do audiovisual para a sua efetivação. Estamos falando de uma ferramenta que é muito útil e oportuna a políticas de formação e de garantia de direitos, mas, também absolutamente adequada para entretenimento e explicitação dos vários mundos com os quais podemos estar conectados. Com tais funcionalidades, torna-se vetor para a consolidação de mercados e para o dinamismo cultural. Na prática, há mecanismos que devem ser acionados para dar concretude ao discurso. O Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), sob a coordenação do Ministério da Cultura/Ancine, é um deles, devendo criar linhas específicas de desenvolvimento de projetos, produção e distribuição de conteúdos dirigidos às crianças. A Educação, com a incorporação crescente do audiovisual como ferramenta pedagógica e de conhecimento, é outro. Os organismos de Direitos Humanos, com sua capacidade de articulação com os diversos órgãos e sedução do público, têm de ser linha de frente, estimulando, talvez, a aprovação de uma lei de responsabilidade com as crianças brasileiras. Na mesma linha, vale retomar um bom debate sobre o modelo urbano que temos no Brasil, onde, muitas vezes, os espaços (físicos) de sociabilidade são substituídos pela sanha imobiliária. Fundamental, porém, é que um pacto pela infância se constitua num grande pacto federativo no qual todos os entes se comprometam com metas e políticas específicas e articuladas, consolidando, assim, uma nova hegemonia. 45
É muito importante que consideremos que o universo da cultura é o encontro de muitas éticas e estéticas, e isto, por si só, já deve nos estimular à busca de um ambiente mais libertário e disposto à superação de preconceitos: à negação, portanto, da cotidiana castração infantil. Para tanto, é preciso fazer com que nos multipliquemos por meio de buscas imaginativas, isto é, por meio de um diálogo que não se restrinja à mera conversação, mas se estabeleça quando tivermos algo a dizer, disposição a escutar e o respeito pelo dissenso. São muitas as infâncias: tantas quantas forem as idéias, práticas e discursos sobre elas. Assim, quando propomos que haja um Pacto pela Infância no Brasil, propomos que haja políticas públicas de audiovisual para a infância e que estas sejam ferramentas à disposição de uma nova lógica, na qual as infâncias brasileiras não sejam tratadas pelo Estado e pela sociedade como períodos de transição ou mero mercado consumidor, mas, na sua plenitude, exercitem a multiplicidade de idéias, práticas e discursos elaborados socialmente. Com este pacto, ao mesmo tempo em que implementaremos políticas e estimularemos novas práticas em torno das infâncias, estaremos conformando um campo a partir do qual se negociarão novos direitos, novos modos e novos territórios de ser infância. Glauber Piva
www.ancine.gov.br Diretor da Ancine – Agência Nacional do Cinema, Glauber é formado em Sociologia pela USP com Master em Estudios Politicos Aplicados pela Fundacion Internacional y para Iberoamerica de Administracion y Políticas Publicas. Na área pública, foi secretário municipal de Cultura da cidade de Votorantim (SP). Acompanha as atividades da Conferência das Autoridades Audiovisuais e Cinematográficas Iberoamericanas (CACI) e do Fundo Iberoamericano de Apoio Ibermedia.
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Estevam Avellar
TAINÁ – um Desafio Nacional Virgínia Limberger www.taina3.com.br
Acho que não é um erro afirmar que Tainá – Uma Aventura na Amazônia, o primeiro filme da trilogia, é um marco no cinema infantil brasileiro. As produções anteriores eram muito mais voltadas ao entretenimento, que focadas no conteúdo. Tainá é uma personagem genuinamente brasileira, que apresenta a Amazônia para seu próprio povo e para os estrangeiros, de uma forma lúdica, cheia de aventura e poesia e sem efeitos especiais importantes. A ideia surgiu quando Pedro Rovai, o criador da personagem, viu que as crianças ribeirinhas das margens do Rio Negro tinham também como bichinhos de estimação animais silvestres como macacos, jacarés e cobras. Tainá é nascida no cinema e para o cinema. E daí decorre a primeira dificuldade quando se fala em lançamento comercial. Para levantar o primeiro título na mídia tínhamos um grande desafio. Para alcançar seu público, partindo diretamente da apresentação em salas de cinema fizemos um grande esforço de divulgação na forma tradicional, o famoso lançamento by the book. Mas também tivemos que ter estratégias do tipo guerrilha. E, nessa hora, o conteúdo do filme e seu formato, foram os fatores determinantes e propulsores do sucesso no lançamento. Logo nas primeiras exibições de teste de montagem, que é um recurso que utilizamos para garantir que o filme está sendo compreendido por seu público, o filme conquistou os educadores, que viram no produto uma forma de apresentar conteúdos criativos em sala de aula e em trabalhos extra classe. Foram eles os grandes agentes do sucesso de Tainá nas telas. Montamos o projeto Tainá – Cinema na Escola e, em parceria com as maiores cadeias de exibidores do Brasil, mantivemos o filme em cartaz em todo o país, durante 52 semanas. A garra do Marco Aurélio Marcondes, que distribuiu o Tainá um, foi fundamental 47
Estevam Avellar
nesse momento. Até hoje ele faz parte da turma e ajuda Tainá a encontrar seu público. Tainá trata da preservação do meio ambiente. Na forma de aventura e poesia consegue transmitir conceitos e valores às novas gerações, em tempo de aquecimento global. Creio ser esse o foco que facilitou também a venda dos filmes para o exterior. Os dois primeiros títulos estão nas TVs, abertas ou pagas, de 41 países. São filmes voltados para crianças de quatro a 11 anos, que, pela qualidade, agradam também aos pais. São filmes para a toda a família, o que é um aspecto fundamental quando se está empenhado em formar plateias para o cinema nacional. Agora, estamos prestes a enfrentar mais um desafio: a etapa de lançamento, em âmbito nacional, do Tainá – a Origem, que fecha a trilogia e deve entrar em cartaz nos cinemas, entre o Carnaval e a Páscoa de 2013. Queremos manter nossa estratégia e contar com os educadores em mais essa empreitada, agora de uma forma bem mais eletrônica que nos lançamentos anteriores, criando uma rede afetiva em torno da personagem. 48
Estevam Avellar
Tainá e laurinha
Também faz parte da estratégia de guerrilha, a produção de um livro ilustrado que se chama “O mundo de Tainá – Uma aventura em Tupituguês”, onde listamos 90 verbetes com origem na língua tupi que foram absorvidas pela língua portuguesa no Brasil e fazem parte do vocabulário infantil como: pipoca, peteca, mingau... Nossa sorte foi termos encontrado Wiranu Tembé, entre 2.200 meninas da Região Amazônica, para estrelar Tainá – a Origem. Wiranu é uma menina índia, legítima representante do Povo Tembé, da Aldeia Tekohaw (leste do Pará) e foi quem nos inspirou a desenvolver a campanha de lançamento do filme: “Cada dois ingressos = uma árvore plantada na Amazônia”. Cheios de esperança, estamos nos preparando para o plantio de um milhão de árvores. Dessa forma estaremos criando a Reserva Tainá, nos limites da Terra Indígena do Povo Tembé, terra natal de Wiranu e em áreas de passivo ambiental nas propriedades rurais do Município de Paragominas, onde a aldeia está localizada. Para obtermos esse resultado, várias parcerias já foram formadas. As sementes das árvores nativas serão coletadas pelos Tembé, diretamente da floresta. Depois, serão preparadas as mudas em 49
viveiros especiais e, a partir do lançamento, começam a ser introduzidas na área destacada para o plantio definitivo. Assim, estaremos ampliando as possibilidades para o público de Tainá agir como ela, participando do plantio e contribuindo para um futuro melhor para todas as gerações. Também estaremos criando sinergia com outras ações derivadas da marca, como o site, onde podemos plantar e cuidar de árvores que são plantadas pela produção, na natureza, em Reservas Tainá, de conservação permanente, nos cenários do filme: FLONA Tapajós e Alter do Chão (PA). O próximo desafio será o de mostrar Tainá – a Origem nas salas de cinema fora do Brasil. Quando fomos a Suécia, indicados pelo Itamaraty como representantes do cinema infantil brasileiro, a diretora Rosane Svartman e eu tivemos a oportunidade de falar sobre esse lançamento multiplataforma e lá surgiu a idéia de estendermos o lançamento nesses moldes para a Noruega, revertendo o plantio para Amazônia. Essa ação poderia viabilizar um lançamento nos cinemas lá fora, coisa praticamente impossível para os filmes infantis em outra circunstâncias. O caminho de Tainá contra os blockbusters ainda é árduo, mas ela é guerreira e nos faz encarar todos os desafios como sendo nossa missão. Certeza, só uma: Tainá é um projeto fora da curva.
Sócia-Diretora da Sincrocine Produções Cinematográficas, Virgínia também é Produtora-Executiva de As Tranças de Maria, Qualquer Gato Vira-lata, Tainá - uma Aventura na Amazônia e Tainá 2 – a Aventura Continua (as duas últimas com 22 prêmios em festivais de cinema para crianças ao redor do mundo). Formada em Arquitetura, atuou nesta área por 20 anos.
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Acervo pessoal V. Limberger
Virgínia Limberger
ianças r c as nte? e i antar c en o amb e mei Como d temas para
Para encantar as crianças ou para criar um conteúdo infantil uma boa história de meio ambiente basta? Ou será necessário algo mais?... Alguns nomes da literatura infantojuvenil da atualidade respondem essa questão, trazendo as suas visões.
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Como encantar as crianças para as questões do meio ambiente Heloísa Prieto
Em todas as culturas, surgem os mitos fundadores. Na tradição celta, que justamente originou vários seres mágicos que até hoje encantam as crianças, vale a pena destacar a lenda de Midhir e Etaine. Segundo essa narrativa, nos primórdios do mundo, fadas, elfos e seres humanos conviviam harmoniosamente. Havia apenas um interdito: o casamento entre seres de espécie diferente. Pois bem, como em praticamente todos os mitos de origem, a proibição é desobedecida. Midhir, rei dos elfos, apaixona-se pela princesa Etaine e a rapta. Imediatamente o marido dela decreta a devastação das florestas. Por que? Já desde aqueles tempos se dizia que a força das criaturas mágicas residia nas árvores, rios e montanhas. A intenção do rei, em sua tentativa de sobrepor sua soberania, era esvaziar Midhir de seus poderes. No entanto, um elfo, senhor da natureza e do imaginário, jamais seria vencido por um ser humano. Midhir decretou palavras mágicas e determinou que os elfos, fadas e duendes ficassem invisíveis ao olhos humanos. Apenas durante a infância, poderia-se vislumbrar o mundo tal como nascera: real e imaginário formando um só tecido existencial. Na tradição oral de São Luis do Maranhão, encantar-se, no entanto, significa não morrer. Os encantados seriam os espíritos entre mundos, que desejam permanecer de forma etérea para alegrar a vida dos humanos. É desta tradição que Jorge Amado bebe quando cria, por exemplo, o alegre fantasma de Vadinho, amante de Dona Flor, em dona Flor e seus dois maridos. Em ambos os casos, o termo encantar designa a capacidade de perceber a força do invisível, a presença onipotente do imaginário quando este se entrelaça às forças da natureza. Ver além das interdições, responder à alegria inata de estar vivo. Todo educador sabe que o humor das crianças é impagável. Bem como sua perspicácia, muitas vezes impiedosa em sua sinceridade. 52
Na verdade, não há necessidade de encantar crianças para tudo o que naturalmente as fascina. Como não amar os botos, os pássaros, os campos livres e mares? A pergunta que não quer calar, nesse caso, talvez fosse, como não afastar as crianças de sua própria natureza. Pensando, nesse caso, na natureza que as habita. Crianças dizem o que pensam, dormem quando sentem cansaço, correm e riem quando estão felizes, brincam como uma maneira de estar no mundo. Crianças são ecológicas. Para que elas preservem seu percurso natural em direção ao meio ambiente, basta instrumentá-las para respeitar a própria realidade biológica em sua interação com o universo. Permitir os pés descalços, por exemplo, falar dos animais como eles realmente são. Cobras são perigosas? Pois o perigo faz parte da vida. Gatos necessitam de liberdade? Nada como amar um animal incondicionalmente. A natureza é a mais sábia de todas as mestras. Além disso, o universo natural vai muito além da família urbana, nuclear, as criaturas de shopping center. Há necessidade de solidariedade, respeito pelos limites que um mar bravio impõe, por exemplo, o decifrar a linguagem das ondas, as pegadas dos pássaros na areia. Natureza é poesia de risco. Como amar a natureza, se os pais e educadores optam pelo controle, pela falta de movimento, pelo livro dos bichinhos engraçadinhos e inócuos, de piada fácil, corriqueira? Livros descartáveis são ecológicos? Toda literatura tem seu espaço e lugar, mas quando se quer realmente iniciar crianças para essa passagem pelo planeta, não há como omitir a coragem, os grandes mistérios, a importância dos ritos de passagem. Ursinhos de pelúcia são encantadores? Que tal promover a descoberta da vida dos ursos polares? As lendas inuit, do Polo Norte, são férteis em narrativas poéticas que se reportam aos ursos dos céus. Thor é um super herói? Mas antes disso ele foi uma divindade viking, responsável pelo comando dos trovões. 53
E quando uma criança cismar que viu um duende no meio da mata, mesmo que seja apenas uma arvorezinha faminta no meio da floresta da cidade, vale respeitar esse olhar imaginário que remonta aos tempos edênicos. Sentir luto pela perda de um animal querido ajuda a perceber a finitude da vida. Quantas crianças urbanas não são privadas do convívio com animais segundo a alegação de que sofrerão quando estes se forem? Sofrimento pela perda de um bicho querido mata ou amadurece? Saturno, na mitologia grega, a divindade que rege as dificuldades é também o maior de todos os sábios. Não por acaso, o senhor do tempo. Pois esse Deus tão menosprezado pela vida moderna em sua busca incessante e, muitas vezes fatal, do prazer imediato, talvez seja o mais poderoso de todos os símbolos da existência humana. Idade cronológica, vida biológica, o tempo dos afetos profundos, estes são fatores que precisam ser ressaltados. Há um tempo interno, íntimo, que se apresenta como um desafio à prática dos instantâneos, do prazer imediatamente saciado, apenas para abrir a fenda do quero mais e mais. Conhecer e aceitar o tempo primordial também é ser ecológico. Como encantar as crianças para os temas do meio ambiente? Talvez nomeá-los, simplesmente. Meio ambiente é natureza. E natureza é bicho, natureza é risco, natureza é acolhimento, natureza é desafio. Natureza é vida.
pt-br.facebook.com/heloisaprieto Autora de 51 livros, alguns deles premiados e adaptados para cinema, teatro e televisão. Doutora com estudos em literatura, comunicação e semiótica; é também tradutora, intérprete e coordenadora editorial, além de desenvolver oficinas de criação literária. Passou grande parte da infância em áreas rurais e considera-se a segunda geração “Prieto” a defender o meio ambiente e cultura indígena. Atualmente, Heloisa participa de iniciativas em prol dos saberes indígenas lideradas por Daniel Munduruku. 54
Priscila Nemeth
Heloísa Prieto
A cachoeira de lágrimas Ilan Brenman www.ilan.com.br
Essa história foi livremente adaptada de uma lenda atribuída aos índios kaingang. Ela conta a origem das Cataratas do Iguaçu de uma forma poética, mas ao mesmo tempo narra uma fantástica história de amor. A cultura do povo indígena kaingang desenvolveu-se sobretudo no interior dos estados do sul do Brasil, e está ligada àquela paisagem. Falantes da língua jê, os kaingang formam atualmente um dos grupos indígenas mais populosos do território brasileiro. O início de tudo Fazia sol de manhã, era o início da primavera. O povo estava preparando uma grande festa, para agradecer aos deuses. O ano inteiro, os céus enviaram caça farta, encheram o rio caudaloso com muitos peixes e presentearam a tribo com frutas, raízes e grãos em abundância. Iriam celebrar com cantos e danças. Tarobá era um jovem guerreiro. Trazia um arco nas costas e o cesto com três tipos de flecha. Andava com passo firme, rápido e arrastando os pés, como era uso entre os kaingang. De repente, Tarobá parou. Viu Naípi se banhando nas águas do rio, esfregando argila no corpo. Ela deixava a água escorrer pelos longos cabelos negros, que trazia aparados, em linha reta. Ele pôde ver que ela tinha os dentes muito brancos e os seios bem eretos. Quando ela ouviu o barulho dos passos, girou o corpo. Então viu o moço na frente dela, e atrás dele o caule de uma palmeira. Ele lançou um olhar firme para a moça. Zupt! Alguma coisa se passou entre os dois. Alguma coisa muito forte, que não podiam explicar, mas podiam sentir. Os dois se apaixonaram. Naquela mesma hora, uma revoada de araras passou pelo céu, em vôo rasante. Mas os namorados nem viram. 55
A noiva prometida Naípi estava prometida a um deus poderoso – M’boy. M’boy era filho de Tupã, o Todo Poderoso. Tupã era um deus bom. Quando Tupã, deus da Concórdia, se ausentava, o chefe da tribo e os xamãs tinham de acertar contas com M’boy. E M’boy era dotado de fúrias e rancores. Causava danos e chuvas, mandava pragas e ventos, destruía plantações, semeava guerras. Por esse motivo, todos os anos, o chefe da tribo – no dia da festa – destinava uma das moças a esse deus, como grande honraria. Esse ano era a vez de Naípi. Naípi se lavava no rio, quando a revoada de araras passou pelo céu, em voo rasante. No instante em que Naípi e Tarobá se apaixonaram, M’boy estava por perto, escondido na mata. M’boy ficou com ciúmes de Naípi, a sua noiva prometida, e com inveja mortal de Tarobá. Passou a espionar os dois namorados. Onde é possível esconder o amor? Depois do encontro na beira do rio, o coração de Tarobá passou a bater descompassado. Ele era um moço alto, com as feições lisas e compridas. Tarobá sumiu pela mata, e tentou esconder seu amor nos peixes. Atirou flechas e pescou com laços, no meio do rio. De nada adiantou. Tentou também prender o amor nas varas do moquém. Mas os peixes se desprendiam, inconvenientes. Fez armadilhas para prender o amor junto com os pássaros, mas eles também se soltavam. Naípi voltou para o roçado. Tinha as ancas arredondadas, e afundava a cabeça nos cestos que trançava, olhando para baixo, junto de suas companheiras. As tranças dos cestos se desfaziam, se esgarçavam sozinhas. Tentou então esconder o amor nos potes que moldava, no barro que alisava, com a água que cuspia. Mas o amor escorregava entre os dedos. As aflições dos dois amantes duraram três dias. No fim do terceiro dia, sem se despedir de ninguém, levaram mel e araçás e sumiram. 56
Fizeram um tapete de folhas de palmas, e se deitaram, à vista das arapongas. Ficaram às margens do rio, com o barulho da água batendo. Só um braseiro alumiava seus rostos. Não tinham o que falar, mas falavam. Antes de amanhecer, antes da gritaria dos macacos, partiram numa canoa, rio abaixo. Nenhuma estrela no céu E foi assim que tudo aconteceu. M’boy, que a tudo assistira, encomendou ao céu uma grande tempestade. E tomando a forma de uma cobra gigante, afundou no rio Iguaçu. As águas claras e calmas se agitaram. Formaram ondas enormes. M’boy, furioso, escavava buracos imensos no leito do rio. Sua raiva era tão grande, que começou a abrir fendas no meio do Iguaçu. Conforme o deus furioso fustigava o fundo do rio com a cauda, o curso das águas se modificava, formando valas e abismos cada vez maiores. Os animais corriam em fuga para dentro da floresta. Os peixes se atropelavam e se debatiam nas pedras. Troncos partidos de pinheiros e timbós inteiros eram arrastados pela fúria de M’boy. A canoa que levava os namorados não conseguiu resistir por muito tempo. Vagas cada vez maiores fizeram a canoa oscilar, jogando os amantes para cá e para lá. Tarobá e Naípi se abraçaram com força. Os dois ficaram de olhos fechados: ele com as mãos na cintura da moça de ancas arredondadas e ela colada no peito do moço alto, de feições lisas e compridas como um rio. O amor é grande como uma palmeira, e forte como uma rocha – eles sabiam do fundo do coração. Talhada na casca da árvore, a canoa finalmente cedeu à fúria do rio, remexido pela ira de M’boy. Com uma onda mais forte, o barco se partiu ao meio, e foi atirado para as margens do Iguaçu. Tarobá enroscou-se nas raízes de uma palmeira, enrodilhado pelas pernas e não conseguiu mais se mover. Naípi foi ao fundo do rio e ficou presa junto de um rochedo. 57
Uma nova manhã Na manhã seguinte, quando o sol brilhou, as Cataratas estavam formadas. As águas tinham se espalhado por atalhos e corredeiras, empurrando para longe galhos e ramos. Centenas de quedas e saltos tinham brotado no meio do rio, fazendo jorrar lágrimas pelo destino infeliz de Tarobá e Naípi. Ninguém em toda a região voltou a ver os corpos dos namorados, que jamais reapareceram na forma humana. M’boy vive na mata fechada, escondido. Não tem coragem de contemplar o que fez. Dizem que M’boy está sempre vigilante. De vez em quando se ouve um ruído, como se fosse de cobra. Os jovens se afastam, temerosos. Já se passou muito tempo. Quando o vento sopra mais forte, as flores das palmeiras se desprendem lá do alto dos caules, e se arrastam pelas corredeiras do rio. Algumas delas despencam nas cachoeiras e, levadas pela força dos torvelinhos, afundam nas águas doces do rio, para encontrar as pedras depositadas no leito do Iguaçu. Conto extraído do livro Silêncio, Companhia da Letras, Ilan Brenman e Heidi Strecker
Autor de literatura infanto-juvenil, com mais de 50 livros publicados (alguns premiados e traduzidos no exterior), Ilan Brenman também atua com consultorias, palestras e cursos nas áreas educativas e culturais (trabalhos já desenvolvidos para a Fundação Abrinq e a Fundação Orsa). Colunista da Revista Crescer, Ilan é Mestre e Doutor pela faculdade de Educação da USP e bacharel em psicologia pela PUC de São Paulo.
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Kiko Ferrite
Ilan Brenman
Um avô no meio do caminho Daniel Munduruku www.danielmunduruku.blogspot.com.br
Gosto de contar a história de quando era criança e não gostava de ser índio porque as pessoas tinham idéias muito erradas sobre nossa gente e costumavam, por isso, dizer que o índio é preguiçoso, selvagem, mau. Isso me deixava muito abalado porque não era isso que eu vivia. Para mim, criança ainda, eu vivia no melhor dos mundos. Minha pouca idade, porém, fazia que eu acreditasse naquelas inverdades e me fazia sofrer. Acontece que foi justamente por isso tudo que entrou na minha vida meu velho avô. Foi por causa dele que eu aprendi a gostar de quem eu era e a descobrir os mistérios da natureza. A partir dessa época comecei a perceber que tudo está ligado a tudo como uma grande teia. E o início disso foi assim. Um dia cheguei à aldeia com o espírito muito abalado: tinha acabado de levar o primeiro “pé na bunda” de uma cunhantã branca da escola. Ela havia me dito horrores para não aceitar namorar comigo. Entre as pérolas disse que eu era índio e junto com este conceito apareceram todos os outros adjetivos colados a ele. Na minha ingenuidade infantil pensei que bastava gostar de alguém para dizer sem ter que ouvir impropérios de todas as ordens. Isso não era verdade. Minha volta para a aldeia foi melancólica e dentro de mim o desejo de deixar de ser índio foi a mola propulsora para voltar para lá e provar que eu poderia ser igual aos pariwat da cidade. Não foi isso, no entanto, que estava escrito para mim. No meio do caminho – entre o ser e o não-ser – teve um avô. Ele era um homem muito simples. Nada conhecia da cidade, nada havia estudado, nada sabia segundo os parâmetros urbanos. No entanto, era um sábio curtido nos saberes da floresta. Era ele quem curava o corpo e a alma dos meus parentes. Era ele que anunciava acontecimentos vindouros. Era ele quem trazia as notícias do tempo. E foi ele quem topei de pé à minha frente fazendo convite para tomar banho. Estranhei. Incomum convite não se faz para uma criança, 59
ou um quase homem. Natural é adultos se convidarem, jovens se convidarem, adolescentes se convidarem, mas um homem velho convidar uma criança era coisa muito estranha. Ainda assim, é preciso obedecer. O velho me levou para um lugar que eu não conhecia, pois minha pouca idade não permita adentrar-me na floresta. No máximo tínhamos que ficar próximos dos adultos. Andamos até toparmos uma cascata de águas límpidas que formava um belo lago verdeesmeralda. Fiquei feliz com aquela visão. Achava que seria um banho maravilhoso. Vovô, no entanto, olhou para mim e disse, sem cerimônias: - Senta naquele tronco de arvore caído ali no alto. Fica lá. Sua tarefa vai ser ouvir o rio. Ouça o que ele tem para te dizer. Fica lá, quietinho. Achei que o velho tinha enlouquecido. Eu já tinha ouvido falar muitas vezes que a natureza tem vozes, mas eu nunca havia ouvido nenhuma delas e tudo aquilo parecia bobagem. Não discuti. Sentei no tronco e simplesmente me deixei ficar por ali. Vez em quando o velho fazia um gesto para mim como se a lembrar que eu deveria ouvir o rio. Sabem de uma coisa, meus caros, o rio não falou. Confesso que me esforcei para ouvi-lo, mas ele não disse uma única palavra que me fizesse ter a mínima convicção de que falara comigo. Meu avô, por outro lado, insistia para que eu me concentrasse. E o rio, nada. Passado algum tempo, já cansado por causa da incômoda posição – enquanto isso o avô mergulhava deliciosamente nas águas claras – o velho me chamou. – Diga, meu neto, o que as águas do rio falaram para você? Fiquei atônito com o questionamento. Tentei disfarçar dizendo que não havia entendido a pergunta. Ele a repetiu com toda paciência. - O que o rio falou para você? - Não falou nada, vovô. Disse isso e fiquei no meu canto aguardando a bronca. Ela não veio. Ouvi apenas uma voz doce sussurrando. 60
- Ele falou sim, meu neto. Você é que não ouviu. O rio sempre fala. Hoje seu espírito está fechado, mas ele contou uma bela fábula para lembrar que precisamos aprender com ele. - Como assim, vovô? Não estou entendendo direito o que o senhor está falando. Ele entendeu meu embaraço. Achegou-se perto de mim e balançou sua mão sobre minha cabeça e mandou que eu mergulhasse naquela água. Fiz isso imediatamente. O calor estava insuportável e era o que eu mais queria naquele momento. Minutos depois ele me chamou e sentou-se à minha frente. - Seu coração está inquieto. Coisas estão acontecendo dentro de você com muita força e não está sabendo como entendê-las, não é mesmo? Fiz que sim com a cabeça. Ele continuou. - O rio ensina que é preciso ser perseverante. Ele diz que é preciso encontrar um motivo para seguir adiante. Meu neto já viu o rio parar diante de um obstáculo e ficar chorando, lamentando? Ele nem me deixou responder e logo retomou a idéia. - Ele não faz isso. Sabe por quê? Porque dentro dele tem uma voz que repete sem cessar que se ele parar jamais irá se encontrar com o grande rio, lugar de onde vieram nossos ancestrais e para onde voltaremos depois de passarmos dessa vida. O grande desejo do rio é ser Rio. Ele não quer ser outra coisa. E ele só não poderá sê-lo se resolver abandonar sua verdadeira vocação. Acontecerá com ele o que acontece com todos aqueles e aquelas que abandonam sua missão: ficará doente, podre, fedido. Água parada cria lodo e a vida vai embora. Ninguém quer tomar banho num rio com água parada, pois sabe que ali não há alegria. Ali estará um ser que desistiu. Você compreendeu as palavras do rio, meu neto? Disse a ele que sim. Pensei comigo mesmo que aquelas palavras haviam sido de meu avô que já era quase um rio de sabedoria. Na verdade eu sabia que o que ele havia feito era abrir um canal dentro de mim que tornaria atento às palavras que ainda ouviria dali em diante, pois o velho avô passou a ser uma presença 61
constante em minha formação. Ele mesmo se incumbiu de ir nos oferecendo um caminho. Digo nós porque formamos um grupo que foi especialmente educado pela sabedoria do velho avô. Foi ele quem ensinou a ler as estrelas, ouvir o canto dos pássaros, recitar longas histórias para treinar nossa memória, cantar cantigas ancestrais para aprender a língua dos espíritos. Foi ele quem nos introduziu no coração de nossa gente e ofereceu a dignidade de estarmos unidos com o universo. Isso durou algo em torno de três anos. Um dia, meu pai entrou em sala de aula e foi me dar a mais triste notícia de minha curta vida: meu avô havia morrido. Fui ao velório dele como manda a tradição. Chorei por ele como rezam os velhos. Lembrei os bons momentos juntos. Fiz o luto. E também disse orgulhosamente a ele: - Sim, meu Vovô, já não sou índio. Sou Munduruku e é assim que pretendo mostrar a todo mundo o que o senhor me ensinou. Irei dizer suas palavras. Irei contar suas histórias, irei falar da tradição. Daquele dia em diante entendi as palavras do rio e nunca mais deixei de escutá-las.
Escritor indígena premiado no Brasil e exterior, com 43 livros publicados, Daniel é graduado em Filosofia, licenciatura em História e Psicologia e Doutor em Educação pela USP. Diretor-Presidente do Instituto UKA - Casa dos Saberes Ancestrais e Diretor do Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual – INBRAPI. É também Comendador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República desde 2008.
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rafael pieroni
Daniel Munduruku
DE FOTOS IA R GALE GREEN COMKIDS 12 20 ro de
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vemb de no
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Sala de leitura do Sesc Vila Mariana, onde ocorreu o credenciamento 64
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C茅sar Obeid, escritor e contador de hist贸rias
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Dra. Jana Binder, Diretora de Cultura em São Paulo e para a América do Sul do Goethe-Institut 66
Rafael Pieroni
Colheitas e achados: meio ambiente sob a perspectiva infantil. Da esquerda para a direita: Marisa Villi (IPM), Gabriela Romeu (Projeto Infâncias), Rita Mendonça (Instituto Romã), Tatiane Klein (PIB-mirim), Simone Molitor (Goethe-Institut) 67
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Audit贸rio do Sesc Vila Mariana, onde ocorreu o ComKids Green 68
Rafael Pieroni
Formação de público e iniciativas de meio ambiente. Da esquerda para a direita: Chico Guariba (Mostra Ecofalante), Denise Baena (Sesc SP), Fabio Vasconcelos (Sesc SP), Aida Queiroz (Animamundi), Luiza Lins (Mostra Internacional de Cinema Infantil de Florianópolis)
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Intervalo, Sesc Vila Mariana 70
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Meio ambiente na tela: produções audiovisuais para a infância. Da esquerda para a direita: Glauber Piva (Ancine), Célia Catunda (Peixonauta), Beth Carmona (Midiativa), Paula Taborda (Gloob), Rosane Svartman (Tainá 3)
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Como encantar as crianças para temas de meio ambiente? Da esquerda para a direita Ilan Brenman, Beth Carmona, HeloĂsa Prieto e Daniel Munduruku
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Rising Hope (Alemanha), curta-metragem de animação exibido no evento ComKids Green. Diretor e Diretor de Arte: Milen Vitanov Roteiro: Milen Vitanov e Vera Trajanova Trilha sonora: Michal Krajczok Música: Marian Mentrup e Stefan Maria Schneider Supervisor de Animação: Dennis Rettkowski Coprodução: ZDF / HFF / Talking Animals 73
Confira abaixo a programação ComKids Green, que aconteceu dia 22 de novembro de 2012, no Sesc Vila Mariana: Horário
Programação
10h às 10h10 10h10 às 10h30
Apresentação institucional Contação de história Cesar Obeid Gabriela Romeu – Projeto Infâncias Simone Molitor – Senha Verde – Goethe-Institut Mesa 1: Colheitas e achados: meio ambiente Tatiane Klein – PIB Mirim – Instituto Socioambiental sob a perspectiva infantil Marisa Villi – Programa NEPSO – Instituto Paulo Montenegro Moderadora: Rita Mendonça - Instituto Romã Luiza Lins - Mostra Internacional de Cinema Infantil de Florianópolis Chico Guariba - Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental Mesa 2: Formação de Aida Queiroz - ANIMUNDI público e iniciativas de meio ambiente Denise Baena - Sesc SP Moderador: Fábio Luiz Vasconcelos Almoço Glauber Piva - ANCINE Celia Catunda - Peixonauta Mesa 3: Meio ambiente na tela: produções e Paula Taborda - Gloob iniciativas para a infância Rosane Svartman - Tainá 3 Moderadora: Beth Carmona Intervalo Daniel Munduruku Mesa 4: Como encantar Ilan Brenman as crianças para temas Heloisa Prieto de meio ambiente? Moderadora: Beth Carmona Exibição do curta de animação: Rising Hope
10h30 às 12h
12h às 130h
13h às 14h30
14:30h às 16h
16h às 16h30
16h30 às 18h
18h às 18h10
Participantes
Antes de cada uma das mesas foram exibidas animações do VJ Suave, produzidas especialmente para o ComKids Green.
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ComKids Green Direção Geral: Beth Carmona Coordenação de Comunicação: Geraldo Leite Coordenação Editorial e de Produção: Vanessa Fort Coordenação Administrativa: Sandra Alves Tradução e edição de texto: Daniel Leite Produção: Amanda Villani e Thaís Ozzetti Assistente de Produção: Bárbara Bruna e Paula de Oliveira Programação Visual e design: Thereza Almeida Programação: Tereza Loparic Animações: VJ Suave Contação de histórias: César Obeid
Agradecimentos Acácio Luiz Costa Aldana Duhalde Andrea Schnitzler André Mermelstein Annick Hillger Barbara Mancilla Cecilia Soloaga Cristina Padiglione Cristina Fongaro Peres Danila Bustamante Danilo Dilettoso Denise Baena Denise de Lacroix Fábio Luiz Vasconcelos Igor Cruz Jana Binder Leila Baesso Liliana de La Quintana Lucy Mary Marcos Antonio Cordiolli Marla de Andrade Cortes Maria Alice Oieno de Oliveira Nassif Mariana Cano Milen Vitanov Oscar Rodrigues Filho Regina Gambini Rosaura Pessetti Sara Centofante Sônia Penteado Simone Molitor Ygor Marotta
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Relatos e reflexões. São Paulo: Midiativa - Centro Brasileiro de Mídia para Crianças e Adolescentes - 2012
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