JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Lara Marqes
VIÇOSA • SETEMBRO DE 2007 • ANO 04 • NÚMERO 12
Perigo Perigo fora fora Perigo fora da tela da tela da tela
cidade O que esconde a túnica azul do Profeta? página 5
cultura Colecionar: um hábito além da diversão página 7
cidadania Como vencer as dificuldades do primeiro emprego? página 10
entrevista
Saiba como os jogos violentos interferem no seu corpo e na sua mente página 8
O sucesso profissional na voz do cantor mineiro Vander Lee
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Talento, fé e desejo real de fazer o melhor para todos
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OUTR (( O LHAR Jornal Laboratório da Turma de 2005 do Curso de Comunicação Social Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa
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Os bodes de hoje No Antigo Testamento da Bíblia, encontram-se narrações de diversos sacrifícios feitos pelo povo israelita. Um deles era o sacrifício de expiação, que reparava os pecados e as faltas involuntárias contra as leis. Para que os pecados fossem redimidos por Deus, um bode era oferecido e sacrificado para que aquele santuário, aquele altar e aquele povo ficassem livres de seus pecados. Percebe alguma semelhança com os dias de hoje? Apesar de o tempo ter se passado, a prática continua. É certo que os bodes são outros, os deuses também, e a intenção não é mais redimir pecados, mas desviar atenções dos pecadores. Vários são os casos em que uns pagaram pelo erro dos outros, como Tiradentes na Inconfidência Mineira, que foi o mais prejudicado dos condenados. Não se sabe ainda o porquê dessa prática, o motivo para atribuir a outrem uma responsabilidade que não lhe cabe, mas a verdade é que ela acontece. A professora de História da UFV Stella Franco nos ajuda a lembrar alguns casos: “Na história geral, o exemplo mais evidente é o do nazismo, que atribuiu ao povo judeu uma série de responsabilidades, de problemas e de culpas e daí simplesmente o decreto do seu extermínio. Mas isso também acontece com outras minorias étnicas e sociais. Já chegou a se atribuir o atraso da América Latina ao fato de ser um continente povoado por
mestiços, por indígenas, por negros. É algo que foge da explicação histórica”. Costuma-se associar também a figura do bode expiatório ao “laranja”, aquele que cede sua conta para os desvios de verba. Dessa forma, as acusações começam sempre por ele, para depois se chegar ao verdadeiro articulador. Por trás desse desvirtuamento de fatos e de personalidades encontramos sempre alguma intenção política, algumas representações sociais, além da centralização de poder e atenções para determinadas áreas do país. A questão ambiental por si só faz muito barulho na mídia, mas nenhum veículo se preocupou em aprofundar esse fato. Ficam sempre na ponta do iceberg e não explicam os procedimentos políticos necessários para melhorar a situação ecológica no país. O PT também foi colocado em sacrifício dos pecados partidários. Apesar de muitos praticarem o caixa 2, o alvo maior foi Lula e seus aliados. O PT foi visto como precursor dessa prática no cenário brasileiro. Como se fosse algo inédito! No nosso dia-a-dia não é difícil encontrar alguém que seja colocado em foco, sem ao menos verificar a profundidade do fato. Um irmão mais novo que leva a culpa, o roubo de uma melancia mais alardeado que os milhões perdidos por aí, e assim vai... Muitos nomes são colocados na berlinda, muitos casos vêm à tona. Escolhem alguém para justificar os erros alheios: há sempre alguém a ser ofertado em sacrifício.
Chefe do Departamento de Artes e Humanidades Profª. Ana Carolina Beer F. Simas
Dias, Lara Marques, Oswaldo Botrel, Priscilla Souza, Rebeca Morato, Thiara Klein, Victor Godoi
Coordenador do Curso Comunicação Social - Jornalismo Prof. Ricardo Duarte
Revisão Cristiano Sávio, Felipe Luchete, Gerlice Rosa, Tiago Agostinho, Vinicius Wagner
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Endereço: Vila Giannetti, casa 39, Campus Universitário. CEP 36570-000. Viçosa - MG
Jornalista Responsável Joaquim Sucena Lannes - MT/RJ 13173
Reitor Prof. Carlos Sigueyuki Sediyama
Editores de Páginas Ábdon Júnior, Amanda Oliveira, Camila Pena, Clarice Machado, Elisa França, Gabriel Miranda, Rodrigo Resende, Vinicius Wagner
Diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Prof. Walmer Faroni
crítica à mídia
GERLICE ROSA
Victor Godoi e Elisa França
Com mais esta edição circulando, conquistamos um grande marco na vida do jornal Outro Olhar. Aos poucos, em um ano, a atual equipe que produz o veículo buscou fórmulas próprias, dentro, é claro, do modelo jornalístico aprendido em nossas salas de aula, concedendo a este veículo laboratorial uma identidade bastante particular que alia a leveza a um estilo bem agradável e útil ao se manusear. De certa forma, um caminho de experimentações, no tocante aos objetivos fins do Projeto e também aos seus propósitos de estimular a leitura, provocou a interpretação dos textos e levou ao conhecimento geral do nosso público-leitor a discussão e fatos do campo cultural e da cidadania. Tudo, é claro, sob um Outro Olhar. Por meio de pautas criativas e bem direcionadas, pensadas com muito critério, a cada edição, o corpo redacional retratou fatos cuidadosamente apurados e angulados de acordo com uma Linha Editorial que contempla, do princípio ao fim, os objetivos da publicação. O processo de edição igualmente criativo teve os objetivos de atender e cativar um público-alvo exigente e carente de bom material de leitura e informação dirigida, que sempre nos deu a todos uma grande satisfação em fazê-lo. Em breve, uma outra equipe assumirá a linha de produção do nosso jornal. É que a atual tem novos desafios em sua trajetória acadêmica. Por isso, rendemos a eles a nossa homenagem, uma vez que ao longo de quatro edições o grupo soube tomar para si os desafios, responsabilidades e o profissionalismo necessário, incorporando as técnicas e a ética, elementos fundamentais para se fazer um jornal. A esse grupo desejamos sorte e temos a convicção de que muitas conquistas virão. Que consigam muito êxito em sua trajetória até o mercado de trabalho e, quando lá, muito sucesso. Ao grupo a nossa gratidão por ter se empenhado e levado a sério os fatores fundamentais que devem existir na prática jornalística: a competência, o “faro” jornalístico, a pertinácia, a determinação, a perspicácia, a criatividade e, sobretudo, a ética. Prof. Joaquim Sucena Lannes
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Ao leitor
Editoria de Artes Ana Paula Camelo, Carolina Rocha, Devalnir
Redação Ábdon Júnior, Amanda Oliveira, Ana Maria Amorim, Ana Paula Camelo, Beatriz Mascari, Bruno Lima, Camila Pena, Carolina Rocha, Clarice Machado, Cristiano Sávio, Devalnir Dias, Elaine Nascimento, Elga Mól, Elisa França, Ellen Araujo, Felipe Luchete, Gabriel Miranda, Gerlice Rosa, Gisele Gonçalves, Izabel Pompermayer, Jihana Silva, Lara Marques, Larissa Lacerda, Marcos Alves,
Michelle Bastos, Oswaldo Botrel, Patrícia Castro, Priscilla Souza, Rebeca Morato, Renata Amaral, Renata Loures, Rodrigo Resende, Simony Ávila, Tania Rosim, Tarciane Vasconcelos, Thiara Klein, Tiago Agostinho, Victor Tancredo, Victor Godoi, Vinicius Wagner Impressão Divisão de Gráfica Universitária Tiragem 1500 exemplares
Os textos assinados não refletem a opinião da Instituição ou do Curso e são de inteira responsabilidade de seus autores.
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(( opinião
“Jeitinho” brasileiro quase ganha feriado Consumo... TARCIANE VASCONCELOS
Victor Godoi e Izabel pompermayer
Dessa vez, a prática corrente no legislativo federal foi bem vinda. Por atraso no processo de votação conclusiva pelas comissões da Câmara e pela falta de parecer do relator, ficou suspensa a lei que instituía o dia 11 de maio como feriado nacional de Antônio de Sant’Anna Galvão (1739 – 1822), o frei Galvão, recentemente canonizado pelo Vaticano na visita do Papa Bento XVI ao país. A CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) temia a aprovação do feriado, e considerava o mesmo desnecessário.
Segundo o governo, mais um feriado provocaria prejuízos a vários setores, principalmente o financeiro. Graças aos santos do Senado, os brasileiros perdem mais um dia de descanso. Não se pode afirmar com falso moralismo que a nossa sociedade é fundamentada na valorização do trabalho. Aqui tudo se resolve na base da “esperteza”, no “deixa pra depois”. O jeitinho brasileiro sempre fala mais alto. Mas dessa vez, perdeu um forte aliado. Provavelmente, o calendário seguido no Brasil bate recorde em número de feriados. Além dos fixos, pelo menos um a cada
mês, como carnaval e datas históricas, ainda se tem a licença poética para aniversário da cidade e, claro, da padroeira do lugar. É inegável que o país concentra a maior população católica do mundo, mas também é um caldeirão de religiões, todas fruto das diferentes culturas aqui instaladas. E ainda não existe mais a coerção social contra a filiação a uma ou outra doutrina. Que sentido faz, então, mais um feriado de fundo católico no Brasil? Apesar da forte influência dessa religião, as relações se transformaram de tal forma que muitos preceitos se diluíram ou simplesmente desapareceram. De modo geral, as pessoas não depositam mais tanta devoção e zelo por essas crenças, e perdeu-se o real sentido dos dias santos. As tradições passam por um processo de perda de valor cultural, o que representa um fluxo natural de transformações nas sociedades, mas no Brasil a cultura do jeitinho tornou as relações sociais uma simples troca de favores, na defesa da vantagem de um sobre os outros. Ou seja, daqui há alguns meses, ninguém se lembra do santo, só do feriado.
IZABEL POMPERMAYER Com a dinamicidade das relações comerciais, de comunicação e com a influência que exercem sobre o consumo e sobre a busca por prazeres, o sentido cultural das datas comemorativas do calendário brasileiro vem sendo esquecido. Na maioria das vezes em que lembramos de uma data comemorativa, logo pensamos em presentes e festas. Quem se aproveita disso são os comerciantes, que investem em propagandas e idéias inovadoras e atrativas para seduzir clientes e garantir sucesso nos lucros. Dessa forma, os meios de comunicação ganham destaque como aliados do desvirtuamento do real significado das datas comemorativas. Eles atendem às vontades do mercado em aumentar o número de pessoas interessadas em seus produtos, pressionando-as e condicionando-as, cada vez mais, a pensar que serão felizes se adquirirem maior quantidade de produtos, ou que farão outras pessoas felizes se presenteá-las com algo de valor monetário. A sociedade passa a pensar que presentear é mais significativo do que a demonstração de sentimentos.
E vamos respeitar as diferenças VICTOR TANCREDO Prezado leitor, veja se esses termos lhe são familiares e remetem você a determinado período da sua vida: “cabeção”, “quatro-olhos”, “rolha de poço”, “tampinha”, “varapau”... Lembrou da época de escola? Pois bem, meu caro, esse tipo de “brincadeirinha” é uma prática comum há bastante tempo em escolas, porém não é tão inofensivo como parece. Essa violência moral tem um nome. É um termo de origem inglesa, o bullying. Compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudan-
tes contra outros. É uma violência não física feita através de insultos, apelidos cruéis e gozações. A prática do bullying gera conseqüências graves aos envolvidos. Essas atitudes magoam profundamente os afetados, levando alguns à exclusão. Eles podem demonstrar desinteresse, medo ou falta de vontade de ir a escola ou ainda alterações no rendimento escolar, dispersão e notas baixas. Além disso, podem ter sintomas de depressão, perda de sono e pesadelos. Os autores poderão continuar a ter um comportamento anti-social na vida adulta, com atitudes agressivas tanto na família quanto no trabalho.
Estudos em vários países mostram uma maior possibilidade de pessoas que cometiam o bullying na época da escola se envolverem em atos de delinqüência e criminalidade. Beleza, foi explicado o que é o bullying e que ele é uma realidade mundial. É necessário então se fazer uma reflexão sobre os motivos que levam crianças e jovens a cometerem este ato de desrespeito ao próximo. O fator determinante é a visão individualista da sociedade moderna, que estimula sempre a competitividade entre as pessoas. Desde cedo, seja nas palavras da mãe: “Você tem que ser alguém na vida!”, seja assistindo alguma falcatrua de
novela na televisão, a criança já vai se acostumando com a idéia de superação do próximo. Dessa forma, há um certo esquecimento de que nós, os seres humanos, independente das diferenças físicas, de classes sociais, ideologias, religiões, somos todos iguais na essência: possuímos um corpo e a capacidade de pensar. Então, seria de muito mais utilidade e importância que valores como solidariedade, ética, amizade e companheirismo fossem ensinados para a criança desde seu nascimento e sempre praticados junto com ela. Deixo aqui um ensinamento que aprendi com meu querido pai: “Trate o outro como você gostaria de ser tratado!”.
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O que fazer depois que acaba a escola? Para alguns, vestibular é sinônimo de infinitas horas de estudo, noites em claro e pressão de entrar em uma universidade. Porém, para muitas pessoas, o fim do ensino médio não é exatamente o início de grandes expectativas. Seja por medo de não conseguir vaga em uma faculdade, seja por não querer entrar em uma ou por questões financeiras, os jovens estão cada vez mais procurando meios de ganhar a vida sem um curso superior no currículo. Optar por ajudar nos serviços de casa e procurar empregos no comércio da cidade são as alternativas que a maioria dos jovens escolhe após resolver não dar continuidade aos estudos. Para Letícia Araújo, trabalhar em uma loja de roupas foi a solução que encontrou. “Desde quando estudava não queria saber de faculdade. Estudar muito não é pra mim, nunca foi. Pre-
firo poder ajudar em casa”, diz. Entretanto, parar os estudos não é a melhor opção. Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e exigente, possuir algum tipo de formação profissional tem contado muitos pontos para um futuro promissor. Uma boa opção são os cursos técnicos e profissionalizantes. Em Viçosa, existem escolas que oferecem cursos técnicos de secretariado, informática, administração e enfermagem, entre outros. Foi essa a escolha de Márcio José Corrêa após tentar quatro anos o vestibular de Arquitetura na UFV. “Foi a melhor coisa que fiz. Daqui a um tempo vou poder trabalhar, ganhar meu dinheiro. E não vou parar por aqui. A Administração me abriu um leque de enormes possibilidades”. As escolas emitem certificados na conclusão e, apesar de não serem gratuitas, estão entre as mais procuradas por quem não quer entrar em uma Universidade, seja ela pública ou não. Uma outra saída são os cur-
sos oferecidos pelo SEBRAE. Embora não sejam substitutos do ensino superior ou técnico, cursos como o “Empretec” e o “Saber Empreender” visam estimular o lado empreendedor do aluno e fazem com que características como competitividade de mercado, autocontrole, independência e espírito de liderança sejam aprimoradas e bem exploradas. Os cursos variam em preço e duração, mas todos dão certificado e é necessário ter apenas segundo grau completo.
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Para quem tem interesse em áreas agrárias e da terra, o Senar, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, localizado no campus da UFV, oferece cursos gratuitos que organizam em todo território nacional a Formação Profissional Rural de jovens e adultos, homens e mulheres que exerçam atividades no meio rural. Cursos técnicos, profissionalizantes, faculdade. Seja como for, o melhor caminho é continuar estudando.
Se você se interessou por alguns dos cursos citados e quer mais informações, ligue: ·SEBRAE Viçosa – 3891 4759 ·Senar – 3891 3138 ·ETEV – Escola Técnica de Viçosa – 3891 0404 ·Escola Técnica José Rodrigues da Silva – 3891 9137
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RENATA AMARAL
Gravidez na adolescência tem crescido em Viçosa saem para beber e se divertir, e têm muito mais liberdade do que teriam São cinco e meia da manhã e ainda em casa”. Em geral, jovens que não amanheceu. Camila acorda desanimada pelo frio de Viçosa, toma engravidam podem apresentar prouma xícara de café e esquenta o leite blemas de crescimento e desenvoldo seu filho de sete meses. Com cui- vimento, tanto emocionais como dado, embrulha o bebê em um co- comportamentais, além de estarem sujeitas a casos de depressão se bertor e sai de casa não receberem o apoio necespara começar mais um sário dos fadia de trabalho, mas miliares e antes deixa o filho na Jovens que amigos. casa da avó. Camila engravidam podem Ditem apenas 16 anos. apresentar probleversos fatos Histórias de mas de crescimento semelhanadolescentes como e desenvolvimento, tes poderiCamila são mais cotanto emocionais am ser evitamuns do que parecomo dos se houcem. A nutricionista comportamentais vesse mais Simone Mazzoni, debates e que acompanha gráconscienvidas no Centro de tização soSaúde da Criança, observa que o bre sexualiíndice de gravidez na adolescência em Viçosa tem crescido muito dade para jovens da faixa etária de nos últimos anos. Para ela, o fato Camila. É necessário também mede se tratar de uma cidade univer- lhor divulgação sobre a importânsitária propicia este aumento. “Sem cia dos métodos contraceptivos, os pais por perto, os adolescentes para prevenir não só a gravidez – ELISA FRANÇA
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Na época, segundo ela, foi muito difícil se separar das amigas para assumir uma responsabilidade que só esperava ter muitos anos depois. Ainda assim, a jovem não desistiu de estudar: “Ano que vem pretendo fazer um supletivo à noite para eu me formar no segundo grau”. Elisa França
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como é o caso dos anticoncepcionais – mas também as doenças sexualmente transmissíveis, que podem ser minimizadas através do uso de camisinha. Quando soube que estava grávida, Camila foi obrigada pelos pais a largar os estudos para ter condições de sustentar o filho.
Isabela, de 17 anos, mesmo grávida continua estudando
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A Identidade do Profeta BRUNO LIMA
Bruno Lima
Embora não aceite posar para fotos, seu Izolino permitiu que fosse fotografada sua casa, onde é possível comprovar sua fé
sa F ranç a
Arte : Eli
Cabelo branco, barba branca e longa, túnica azul e uma carroça. Com certeza você já viu esse senhor que, freqüentemente, atravessa a reta que corta a Universidade Federal de Viçosa. Muitos o chamam de “O Profeta”, querem saber quem é ele, o que faz, de onde vem, para onde vai. O jornal Outro Olhar investigou e descobriu a identidade desse cidadão que tanto desperta a curiosidade naqueles que já o viram ou simplesmente ouviram falar dele. O nome do “profeta” é Izolino Lopes de Assis, um senhor simpático de 93 anos. Izolino é membro da Casa de Oração Para Todos os Povos e, para cumprir os rituais da igreja, usa a túnica como vestimenta diária e não pode cortar a barba. Atualmente, ele está aposentado e vive ao lado da esposa, Joana Rosa, 85, em uma casa no bairro Bom Jesus. Izolino é natural da cidade de Araponga, Minas Gerais, e veio para Viçosa quando tinha 16 anos. Durante toda a sua vida, ele trabalhou como pedreiro. Teve sete filhos, no entanto apenas três estão vivos: Adão, Efigênio e Lúcia. “Eu guardo o sétimo dia, e tive sete filhos”, comenta Izolino, sorridente. Quando perguntado por que decidiu seguir o estilo de vida que leva, ele respondeu: “Foi por causa de uma tentação”. Segundo Izolino, quando ele morava na Rua dos Passos, localizada no centro de Viçosa, uma série de fenômenos estranhos começou a acontecer em sua casa. Ele conta que, em determinadas horas da noite, a sua família era acordada por sons fortes, como se alguém estivesse batendo com muita força na porta e nas paredes de sua casa. Porém, quando se levantava para olhar o que estava acontecendo, não via ninguém. Outro fato que o incomodou foi que seu filho começou a ter visões estranhas. Nas palavras de seu Izolino, “era o demônio”. A partir desses acontecimentos, ele se converteu, passou a seguir o evagelho e a freqüentar a Casa de Oração. Seu Izolino vive uma vida tranquila. Acorda cedo, por volta das seis da manhã, e também dorme cedo, segundo a sua esposa Joana: “Quando está frio, sete da noite a gente já está deitado; quando está mais quente, a gente dorme às oito ou às nove”. Montado em sua carroça, ele sai durante o dia para fazer visitas ou para cortar capim próximo ao Departamento de Veterinária da UFV. O capim serve para alimentar os cabritos que cria. A popularidade de Izolino, “O Profeta”, rendeu-lhe uma comunidade no site Orkut, com mais de 600 membros, intitulada de Seguidores do Profeta. Na descrição da comunidade, há o seguinte texto: “Esta comunidade foi criada para todos aqueles que algum dia já viram o profeta passar pelo menos uma vez. Mesmo que ele desapareça aos seus olhos ao passar por trás de uma simples árvore”. Nos tópicos de discussão da comunidade existem perguntas como: quem é ele, será que ele é o Papai Noel, será que ele é Deus. Há também depoimentos de pessoas que já pegaram carona em sua carroça e de outras que já conversaram com ele. Por mais chocante que a informação seja para os Seguidores do Profeta, seu Izolino não é profeta. Ele é um senhor comum, mas que tem crença e estilo de vida um pouco diferentes dos ditos normais. É um leitor assíduo da Bíblia e não gosta de ser fotografado. Assim sendo, as únicas fotos dele são as capturadas pelas pessoas na rua quando passa com sua carroça.
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(( cultura
Ágora Viçosense Grécia Antiga, cerca de 500 anos antes do nascimento de Jesus. O filósofo Sócrates ia às ruas para discutir suas idéias, nas famosas ágoras gregas. Era um hábito naqueles tempos a discussão em praça pública. Desde essa época, o mundo conheceu muitas mudanças, até chegar aos dias de hoje. Continentes foram descobertos com as grandes navegações, duas guerras mundiais ocorreram, revoluções aconteceram, novos inventos foram desenvolvidos...
Viçosa, século XXI. Enganam-se os que acham que esses debates filosóficos ficaram esquecidos 26 séculos atrás. O Café com Papo, projeto de extensão idealizado pelos alunos do curso de Comunicação Social – Jornalismo Rafael Munduruca, Priscila Martins e Kamila Bebber, foi baseado nos cafés filosóficos que acontecem nas grandes cidades brasileiras. A idéia ganhou uma roupagem ‘bairrista’, segundo Munduruca. “Tive a idéia de transformar o café filosófico em um bate papo, algo bem mineiro, uma conversinha e um café”. Criado a partir de uma idéia dos alunos, no segundo semestre de 2005, o projeto de extensão trabalha com variados tipos de mídia nos eventos, o que facilita a integração do público com os temas a serem discutidos. “Trabalhamos com revista, rádio, internet e ainda, timidamente, com televisão, além, é claro, do deba-
te em praça pública”, concluiu o estudante. Esse debate visa preencher uma lacuna existente na cidade de Viçosa, que é o distanciamento entre a comunidade viçosense e universitária. Os encontros, realizados na Praça Silviano Brandão, abrem espaço para que a comunidade seja retratada nos debates e para que possa mostrar suas produções artísticas. Para a segunda temporada, uma importante mudança foi implementada: a montagem de uma estrutura radiofônica. A aluna Carolina Rocha, integrante do núcleo radiofônico, comentou sobre a importância dessa novidade: “A estrutura radiofônica vai aumentar a divulgação do Café com Papo e fará com que as pessoas conheçam os debatedores antes do evento, pois são feitas entrevistas anteriores ao debate na praça”. A revista continuará entre uma edição e outra.
O som do Metal RODRIGO RESENDE Os solos de guitarra se multiplicam, os refrões marcantes trazem versos, ora com mensagens engajadas, políticas, contra guerras, ora trazendo tristes histórias de amor. Letras muito bem trabalhadas que
Permitidas para maiores FELIPE LUCHETE
cenas musicais e passaram a se preocupar com roteiros criativos e críticos da sociedade. Segundo Daniele Rocha Guimarães, que trabalha em uma locadora de Viçosa, as animações estão entre os filmes mais procurados. Na maioria são adultos procurando novidades para os filhos, “mas que no fundo também querem assistir”. Idosos e adolescentes geralmente perguntam se há algum desenho novo para se descontrair. “Todo mundo volta a ser criança”, diz ela.
Arte: Lara Marques
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No dia 17 de dezembro de 1989, nos Estados Unidos, mais um desenho animado estreou na televisão. Era sobre uma família amarela, com quatro dedos, que causava confusões. Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie, porém, não eram novos rostinhos bonitos na TV. Faziam piada de tudo: desde o presidente norte-americano até algumas religiões. Os Simpsons ganharam prêmios, foram transmitidos em mais de 70 países e completam 18 anos. Protagonistas de um longametragem que estreou em agosto no Brasil, provam que animação não é somente para crianças. Os grandes estúdios de cinema estão investindo muito nesse gênero, sendo recompensados com recordes de bilheteria e sucessos de crítica. Filmes como Shrek, Os Incríveis e Happy Feet – O Pingüim agradam pessoas de todas as idades. Há também produções voltadas ao público mais crescido, como
O Estranho Mundo de Jack, do diretor Tim Burton, e Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock n´Roll, do gaúcho Otto Guerra. O brasileiro Carlos Saldanha, diretor de A Era do Gelo 2, já defendeu em entrevistas que a qualidade tecnológica das animações atuais é responsável pela atração de adolescentes e adultos. O jornalista e crítico de cinema Sérgio Rizzo, entretanto, acredita que esse interesse tem “menos a ver com tecnologia e mais com personagens, tramas e, sobretudo, referências irônicas a elementos que o público adulto reconhece de imediato”. O jornalista Juliano Pires de Oliveira, professor de Comunicação Social – Jornalismo da UFV, passou a adolescência assistindo a desenhos como Caverna do Dragão e ainda adora todo tipo de animação: assiste Os Simpsons e South Park. Para ele, as produções deixaram de lado excessivas
associadas à melodia perfeitamente sincronizada levam os fãs ao delírio. O Metal, estilo derivado da mistura entre o Rock tradicional e o Hard rock, começou a formar seus primeiros grupos no final da década de 60 e assistiu a uma verdadeira explosão no começo da década de 80 com o surgimento e a consolidação de bandas como Black Sabbath, Deep Purple e Iron Maiden. A influência familiar é marca da propagação do Metal. O estudante Cayo Luis Andrade, de 15 anos, afirma que ouve as músicas desde que nasceu: “minha tia ouvia, meu pai e minha mãe também gostam”. Ele conta hoje com uma coleção de 50 CDs de bandas “metaleiras” e tem preferência por Mettalica, Iron Maiden e Sepultura, “por ser uma banda brasileira que nessa classe representa bem o país no exterior”. Cercado por símbolos, fanatismo e mercado, o Metal continua a mostrar sua força, com shows concorridos e grandes públicos. Os seguidores, assim como os adeptos de outros estilos, querem o respeito às suas práticas e a seu modo de vida, pois como afirma Tiago Antônio, gerente de projetos na área de telecomunicações, “o Metal é algo além de um simples hobby, pois abrange gosto, opinião e isso nem sempre é compreendido”. Arte: Cristiano Sávio
Arte: Oswal do Botrel
OSWALDO BOTREL
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CRISTIANO SÁVIO
Cristiano Sávio
Desde que homens das cavernas coletavam conchas, o milenar hábito de colecionar ganhou adeptos em todo mundo. Pessoas procuram por objetos para completar ou aumentar a coleção, e fazem disso um passatempo prazeroso ou um negócio que pode
Além de colecionar, Cícero pesquisa sobre a dos relógios antigos
reunir valiosas peças. Artigos variam entre figurinhas de chicletes, bonecas, cartões, até os mais requintados como jóias e antigüidades, passando pelas excêntricas pontas de lápis ou chaves quebradas. Algumas atividades de colecionadores recebem nomes próprios como a Telecartofilia, para cartões telefônicos, e a Numismática, quando o assunto envolve cédulas e moedas. O Filatelista José Paulo Martins começou a reunir selos em 1964, quando ainda estava no colégio, e conseguiu agrupar todos os que circularam no Brasil entre 1948 e 1969. “Eu tinha um tio que era dono de cartório, ele recebia muitas correspondências e isso deu uma alavancada muito grande na minha coleção”. Também fazem parte da coleção algumas raridades do tempo do história Império Brasileiro e
Cristiano Sávio
Quanto mais, melhor os que vieram da Inglaterra, Romênia, Madagascar. O hobby do Engenheiro Agrônomo Cícero Fonte- A coleção de joaninhas foi formada por presentes dos nele envolve clientes.“Eu não compro, a graça toda é o pessoal trazendo” a coleção de nha há quase 12 anos. “É o bichirelógios antigos que faz há pouco nho da sorte na maioria dos paímais de três anos. “Depois que coses da Europa, principalmente na mecei, fiquei entusiasmado. É um Itália. Significa um carinho enorpassatempo muito bom”, diz me dos clientes”. Além dos exemCícero, que iniciou com a réplica plares europeus, podem ser conde um exemplar britânico e já posferidos alguns da Índia, Nova sui 80 peças. Para a psicóloga Zelândia e Estados Unidos. Grasiela Gomide, um hobby é uma Segundo Grasiela, na atividade necessária pois “a gente adolescência, colecionar pode ser precisa muito de um tempo nosso, importante para socialização e o uma atividade de lazer, uma coisa desenvolvimento do jovem. “Ele que dê prazer”. cria uma rede de amizades, isso “Começou com o primeipode auxiliar na organização, tem ro presente que nós ganhamos, o sentido de perseverar, buscar depois alguém viu e trouxe outra, estratégias para se chegar a um outra e daí foi crescendo”. A coleresultado”. Ela considera uma atição de Maria Regina cresceu tanvidade saudável, desde que não to que atualmente decora todo o “passe a afetar a vida social da ambiente do seu restaurante com pessoa”. as mais de 500 joaninhas que ga-
Eu compro sua Idéia! Para quem se acha criativo e cheio de idéias novas, o mecenato cultural, popularmente conhecido como patrocínio, é uma das maneiras mais fáceis de se ter condições para colocar em prática suas idéias. Boa parte da cultura brasileira sobrevive em função da oportunidade que algumas empresas ou instituições proporcionam ao bancarem iniciativas culturais. O patrocínio é uma das melhores maneiras da indústria e do comércio verem sua marca divulgada. Além disso, algumas dessas empresas conseguem inúmeras vantagens fiscais, como a redução de impostos. Em Viçosa, uma das maio-
res apoiadoras culturais é a DAC – Divisão de Assuntos Culturais, órgão da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFV. Segundo Maria Geralda Medeiros, funcionária da DAC, são abertos duas vezes por ano editais para proposição de eventos. Qualquer pessoa que tenha em mente uma atividade cultural pode fazer sua sugestão e participar da seleção. Os pedidos são analisados por uma comissão que seleciona os mais criativos e interessantes. Ela garante que dessa forma toda a comunidade tem condições estruturais e apoio financeiro para realizar um evento cultural. Mas não vá achando que todos os estabelecimentos comerciais financiam esse tipo de atividade. De acordo com Eliana Coelho, gerente de uma loja de arti-
gos fotográficos, não compensa buscar a divulgação de seus produtos através do patrocínio. Ela afirma que quem adquire produtos na loja em que trabalha já é cliente há vários anos e que a publicidade é feita boca-a-boca. Além da DAC, os maiores apoiadores culturais em Viçosa
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são escolas de idiomas, supermercados, lojas de celulares, restaurantes, academias e copiadoras. A dica está dada. Então não perca tempo, monte um pequeno projeto apresentando suas idéias, coloque os objetivos, recursos necessários e mãos à obra. Quem agradece é a cultura!
O mecenato, prática comum na Roma Antiga, foi fundamental para o desenvolvimento da produção intelectual e artística. O mecenas era quem dava as condições financeiras para a produção cultural, sendo considerado como o patrocinador, o financiador. O investimento do mecenas era recuperado com o prestígio social obtido, fato que contribuía com a divulgação das atividades da empresa ou instituição que representava. Mesmo fato que acontece atualmente.
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TIAGO AGOSTINHO
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Violência virtual: dano real CAROLINA ROCHA Triple-X empunha sua arma em direção ao terrorista que aparece de súbito no fim do corredor. Com a ajuda do laser, dispara duas vezes na cabeça de seu inimigo. Pedaços de corpo voam pelo cenário. Atrás da tela que abriga essa cena, está um garoto de 11 anos, controlando cada movimento do atirador. O jogo é um dos mais acessados em todos os lugares que disponibilizam jogos em rede na cidade. Às vezes, a simulação é tão real que provoca a ira de jogadores que estão se combatendo no mundo virtual. Pedromar Silveira trabalha em uma Lan house no centro de Viçosa e conta que já teve que separar briga de jovens que se agrediam fisicamente e estragavam equipamen-
tos, tudo por causa do jogo no computador. O comportamento agressivo relacionado com jogos violentos tem sido estudado nesses últimos anos por pesquisadores de diversas partes do mundo. No Brasil, o professor da Universidade de São Paulo Valdemar Setzer é um dos principais estudiosos das conseqüências do uso excessivo de jogos virtuais. Para ele, o esforço mental necessário para essa atividade é mínimo, pois os movimentos físicos para animar o personagem na tela têm de ser sempre muito rápidos. Isso acaba por eliminar a consciência e aumentar o nível de carga emocional, o que, segundo Setzer, iguala o jogador a um animal diante da tela, movido por impulsos. A história da violência nos
jogos remonta ao treinamento militar de soldados para a Guerra do Vietnã. Um historiador americano chamado Samuel Marshall relatou que na II Guerra Mundial apenas 15% de soldados disparavam contra o inimigo. Já no Vietnã, esse número subiu para 95%. A diferença foi no último treinamento, quando video games de guerra foram usados para acostumar os soldados norte-americanos a atirarem em figuras humanas. No caso dos jovens, esse estímulo de violência é ainda mais prejudicial, visto que os caminhos mentais estão ainda em profunda transformação, alerta o professor Setzer. Quanto a isso, Pedromar informa que 60% dos jogadores que freqüentam a Lan house em que trabalha têm entre 11 e 18 anos. Alguns chegam a
O herói ganha e você perde: Veja outros danos causados pelo uso excessivo de computador e video game
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cha Ro ina l o ar e: C Art
passar três horas por dia, todos os dias da semana, como confirma uma jovem de 14 anos, que tem entre seus jogos preferidos os de ação e tiro. Para ela, jogar é um lazer necessário: “Se eu não jogar, eu não consigo concentrar em outras coisas”. O vício em video games também é um alerta aos jogadores. Na Holanda já existe um centro especializado em tratar esse transtorno, que chega a ser comparado com outros tipos de vício como drogas. Para Setzer, o sentimento de bem-estar provocado pela exaltação emocional seria uma possível causa de dependência. Ele alerta que não conseguir parar de jogar é um indício claro de vício, cujo único tratamento é o afastamento completo dessa atividade.
(( ciência )
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A cura pela doença Carolina Rocha
Quebrando a palavra em duas, homeopatia mostra o latim escondido: homeo (semelhante) e pathos (sofrimento). É também o latim que vai dar o caminho da homeopatia: simila similibus curentur, ou seja, semelhantes curam semelhantes. Trata-se da Lei dos Semelhantes, que acredita na cura de uma doença a partir de um medicamento que apresente justamente os mesmos sintomas que a doença em questão. A experimentação dos medicamentos é sempre feita em pessoas sadias, desenvolvendo nestas os sintomas da doença nas doses homeopáticas a que são submetidas. Além de se obter os recursos para a cura, serve como
Os críticos à homeopatia alegam que falta comprovação do método, que a intensa diluição da substância seria o mesmo que ingerir água, atribuindo o resultado da prática a uma questão psicológica, assemelhando-se ao placebo As bolinhas homeopáticas ainda geram muitas dúvidas (ver quadro). Mas argumento de eficácia do método, o fato é que a homeopatia é recocapaz de provocar mudanças no nhecida em diversos países, senorganismo. O descrédito à prática do um campo de estudo constanhomeopática se dá quanto ao te. No Brasil, é uma prática legal, modo como se constrói o medica- regulada por lei federal. As discórdias sobre a efimento: trata-se da diluição infinicácia não interferiram no tratamenta da substância.
to de Dândara Moraes. Segundo a paciente, a homeopatia representou uma melhora significativa no tratamento da asma. Independente da polêmica sobre o assunto, o Sistema Único de Saúde tem a homeopatia como forma de assistência desde maio de 2006, via portaria do Ministério da Saúde.
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Placebo: do latim placere, significa agradarei agradarei. Se refere ao tratamento baseado na crença do paciente em ser tratado, mesmo que o fármaco em questão não seja efetivamente um remédio.
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ANA MARIA AMORIM
Para entender o inexplicável LARA MARQUES Não é doença, bruxaria, nem “coisa de outro mundo”. Quando a Ciência passou a estudar acontecimentos incomuns e ainda sem explicação lógica, dons como a telepatia e a clarividência foram classificados como fenômenos paranormais. Hoje, dentre as três escolas que estudam o assunto, a Científica Independente tenta explicar os fenômenos como se eles tivessem origem na mente humana. Assim, qualquer pessoa pode desenvolver a paranormalidade. A parapsicóloga Teresinha Ramos, do Instituto de Parapsicologia e Potencial Psíquico, explica que todos os grandes nomes da história foram paranormais que realizaram um grande ideal. Joana D’Arc, que tinha visões e foi acusada de bruxaria, São Francisco de Assis, que conversa-
va com animais, e Hitler eram paranormais. Isso significa que praticavam atos além do normal e não explicados pela medicina. Teresinha diz que “o parapsicólogo ajuda a entender de onde vem [o fenômeno] e direcionar a ação para o bem”. Os paranormais podem inverter previsões ruins, por exemplo, pois têm “potenciais fantásticos para atrair coisas boas para a vida”. Ela conta que atende pessoas com medo de viagens por causa de soes qu nhos prer a aM r vendo acidenLa te: r tes. Nesses caA sos, busca entender a origem do medo para inverter o resultado da premonição. A Paranormalidade pode ser encarada como a energia elétrica: o benefício depende do uso. A função do parapsicólogo é trabalhar a energia da mente para libertar as pessoas de traumas, medos, e doenças.
Entenda a ciência da Paranormalidade Imagine a mente humana como um computador. Ela é dividida entre o que conseguimos acessar – o consciente – e o que normalmente está escondido – o subconsciente, que guarda, por exemplo, detalhes da infância. É através da mente que acontece a percepção extra-sensorial das coisas (sem o uso da visão e da audição, por exemplo). Através dela, as pessoas poderiam conseguir informações de forma diferente da fala, da escrita ou de sinais. Esses fenômenos são divididos em:
PSI-GAMA: Previsões e adivinhações. Telepatia · Quando se compartilham sensações ou informações de cérebro para cérebro. Clarividência · É a visão de fatos do passado ou a previsão do que acontecerá com as pessoas. PSI-KAPA: A mente atua sobre a matéria. Psicocinética · Quando o exercício do poder da mente faz algo em organismos vivos (curar doenças e fazer uma flor murchar, por exemplo). Telecinética · Deslocar e movimentar objetos sem contato físico com eles. PSI-THETA: Sobre seres sem corpo. Mediunidade · É a comunicação com espíritos. Segundo a doutrina espírita, todos os indivíduos podem praticá-la, sendo que alguns manifestam com mais facilidade que outros. Pode se desenvolver naturalmente ou com orientação.
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Em busca do primeiro emprego MICHELLE BASTOS Ingressar no mercado de trabalho é começar uma nova etapa da vida, entrar em um mundo de oportunidades e obstáculos, até então desconhecido. Nele, o caminho para o futuro promissor não é ensinado por professores nem auxiliado por amigos, só você pode traçar. “Andar com as próprias pernas” gera preocupação e insegurança em muitos jovens. Por diversos motivos, alguns adolescentes brasileiros não esperam a conclusão escolar para começar a trabalhar. Uma pesquisa mostra que 19% da população entre 15 e 24 anos estuda e trabalha, 32% só trabalha, enquanto 30% só estuda, comprovando que uma parcela abandona os estudos para trabalhar. Porém essa mesma pesquisa identifica que, quanto mais novo, maior a probabilidade de estar desempregado. Sabe por quê? O principal motivo é a desqualificação desses profissionais. Eles começam a trabalhar sem definir a área em que querem atuar e sem se preparar para isso.
Deixar a escola em busca de emprego só apresenta resultado financeiro em curto prazo. Conciliar as duas coisas ou abrir mão do pequeno salário por um tempo é a melhor opção, pois assim estará se preparando para atender ao que os empregadores esperam, e conseguirá maiores salários. Ao contrário do primeiro caso, que começará a ganhar dinheiro mais cedo, mas o salário tenderá a permanecer sempre baixo. Alessandro Souza, que trabalha no comércio de Viçosa, parou de estudar no segundo ano do ensino médio para trabalhar. Após seis anos, reconheceu a importância do estudo e concluiu o 3º ano. Hoje, pretende fazer um curso superior, pois para ele só assim se consegue trilhar o caminho desejado e não depender das pequenas oportunidades que aparecem. “Estudar proporciona cultura, sabedoria, novos horizontes e caminhos de vida”.
Segundo o Gerente do SINE (Sistema Nacional de Emprego) – Viçosa, Geraldo César Queiroz, a maior exigência das empresas hoje é o conhecimento de informática e a experiência profissional, o que evidencia que esperam pessoas habilitadas para cargos específicos. O município de Viçosa vem se preparando para dar suporte a esses jovens, investindo nos programas de capacitação profissional. “No momento a oferta é modesta, porém estamos batalhando para ampliar o ensino técnico”, explica o Secretário municipal de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Carlos Floriano. Atualmente já é realidade o Centro de Capacitação Tecnológico (CVT), que
tem programas de inclusão digital e qualificação profissional gratuitos. Mais de mil jovens e adultos se beneficiaram dos cursos de inclusão digital, instalações elétricas residenciais e eletricidade básica, que podem ser feitos a partir dos 12 anos. Há também a Escola Técnica de Informática, a partir dos 18 anos, na qual se pode freqüentar um curso junto ou após o 3º ano do ensino médio. As previsões para novos cursos técnicos são promissoras. Para quem está procurando um emprego, o SINE oferece a intermediação com as empresas da cidade. É necessário currículo, carteira de identidade, CPF e carteira de trabalho, e as inscrições podem ser feitas na Praça Silviano Brandão, 48, segundo andar. Também são disponibilizadas vagas pelo site www.vicosa.mg.gov.br. Para apresentação e entrevista, Carlos Floriano e Geraldo César Queiroz dão três dicas: ser autêntico, comportar-se de maneira adequada e controlar a ansiedade.
Arte: Rebeca Morato
Lanches escolares... você sabe o que consome? PATRÍCIA DE CASTRO
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De olho nas cantinas e lanchonetes escolares de Viçosa, o Outro Olhar foi visitá-las para verificar a influência e a atuação da fiscalização sanitária, que é responsável
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pela garantia do direito à proteção e à promoção da saúde dos cidadãos. Por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde, atuando juntamente com os órgãos estaduais e federais, a vigilância sanitária é responsável por fiscalizar locais, produtos, equipamentos e estabelecimentos que, direta ou indiretamente, interferem nas condições de saúde da população, e emitir o “Alvará Sanitário”, renovável anualmente, que deve estar exposto em local visível dentro das cantinas e lanchonetes. Os fiscais da vigilância sanitária
Cristiano Faria e Maria Aparecida Gomes aconselham os estudantes para que sejam mais exigentes quanto à fiscalização de alimentos e bebidas e recomendam comprar em locais seguros. Alertam para que seja observado o rótulo, o prazo de validade e se os alimentos perecíveis estão conservados sob refrigeração e em embalagens adequadas, a exemplo da maionese, que só deve ser consumida em sachê. Quanto à preparação dos alimentos, devem ser verificados se os funcionários têm as unhas limpas e cortadas, sem esmalte ou feridas nas mãos e se usam uniformes adequados (toucas, luvas descartáveis, jaleco, etc.). É fundamental que os alunos saibam que a contaminação dos alimentos nas cantinas e lan-
chonetes pode se dar por fragmentos de insetos, pêlos de animais, cabelo, brinco, anel, inseticidas, metais pesados, desinfetantes, microorganismos, parasitas e outros. Ao se conscientizarem e se tornarem atuantes fiscais em benefício da sua saúde, os estudantes evitam problemas como enjôos, vômitos, febre, dor de barriga, diarréia, tontura, mal estar e desidratação. Viçosa dispõe de pessoas, serviços e instrumentos que atendem aos padrões e normas estabelecidos no Código de Saúde do Município (Lei nº 1.476, de dezembro de 2001), cabendo ao público estudantil uma parceria-cidadã na fiscalização, para o bom funcionamento das cantinas e lanchonetes, correspondendo à política de saúde do município.
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REBECA MORATO Ser voluntário é ajudar. É prestar auxílio sem esperar nada em troca. É um ato de carinho, de solidariedade e de amor ao próximo. Se no seu dia-a-dia você se depara com pessoas que cada vez mais se individualizam e que só pensam no seu lado, deve se lembrar que ainda existem pessoas de bem, que valorizam os atos em favor da alegria dos seus semelhantes. Estas pessoas com certeza são voluntárias. Tudo bem, você não tem tempo. Trabalha o dia inteiro, estuda à noite. E ainda tem que se divertir, claro, porque ninguém é de ferro. Ou então passa o dia em outros afazeres, e diz que, se pudesse, faria algo em benefício dos outros. O que acontece com grande parte das pessoas que gostariam de ajudar, mas não o fazem por falta de tempo e disponibilidade, é a subestimação do termo “voluntário”. Mais do que oferecer um suporte emocional, visitas a pacientes e trabalhos que consumam tempo, há muitas outras formas de
ajudar. Atualmente a atividade vem incorporando às suas perspectivas um caráter mais amplo, mais maleável. Um exemplo disso é o trabalho exercido no Hospital São Sebastião, em Viçosa. Cleonice Magnólia, coordenadora dos voluntários, explica que entre eles há alguns que nem precisam sair de casa. Muitos se encarregam de fazer um link com as fontes de recursos, como por exemplo, mandando e-mails para empresas que possam ajudar o hospital. Recentemente, Cleonice começou a desenvolver o projeto Oficina de Costura, que precisa de voluntários em diversas áreas, desde a captação de doações até a confecção de colchas e roupinhas para bebês. Ela conta que muitos pacientes chegam ao hospital sem nem mesmo roupas íntimas, fraldas ou objetos de higiene pessoal, e que esses itens não são assegurados pelo SUS – por isso a importância da captação desses recursos. Um exemplo de voluntariado é Silvia Maura Leite
Rebeca Morato
Mais que dispor de tempo, o voluntário doa sorrisos
O Hospital São Sebastião recebe a ajuda voluntários, mas não é o suficiente
Moreira, de 46 anos, funcionária do próprio hospital. Como trabalha durante o dia no banco de leite, Silvia utiliza seu tempo livre para ajudar nos projetos. Já participou de campanhas para arrecadar roupas e livros infantis, além de ajudar mães que chegam ao hospital e não têm onde ficar. Para ela o trabalho não é fácil, principalmente porque a maioria das pessoas que estão ali têm problemas sérios, o que acaba deixando o ambiente “carregado”.
Mas mesmo assim Silvia, voluntária há mais de 2 anos, diz que é um serviço gratificante e que a cada dia gosta mais do que faz. Realmente não é uma atividade fácil. Dede cerca de 20 pende de sacrifício, de força interior, muito espírito de grupo e principalmente uma alma humilde. Mas depois que ultrapassamos as barreiras que nós mesmos colocamos à nossa volta, conseguimos enxergar o mundo, e vemos que existem pessoas ao redor que precisam de apoio. A partir disso é possível perceber como é fácil ajudar alguém e ver que não há nada mais bonito do que o sorriso espontâneo no rosto de alguém que teve a vida mudada por um ato de solidariedade!
Porque você precisa saber sobre doação de sangue
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MARCOS ALVES
Se você não sabia de tudo isso, agora terá a oportunidade de enVocê sabia que, a cada dois se- tender um pouco mais sobre esse gundos, um paciente necessita de gesto tão simples e ao mesmo sangue no Brasil? Que três é o tempo tão importante. número de vidas que são salvas Diariamente, milhares de a cada doação de sangue? E que brasileiros necessitam de transtodo o processo de doação de fusões de sangue. Além disso, sangue dura cerca de uma hora? praticamente todos os bancos de sangue do país passam por problemas de abastecimento, e a falta de informação das pessoas contribui para que esse quadro não se altere. São conhecimentos simples, mas que podem influenciar muito a decisão de um potencial doador. A doação é um processo rápido e simples: são coletados em média 450 ml de sangue do doador, que podem Quando você terminar de ler esta reportagem, ajudar pacientes hemato10 bolsas como esta terão se esvaziado
lógicos, com câncer ou outras doenças que necessitam de transfusões freqüentes. O material coletado também pode ajudar pessoas queimadas, acidentadas ou que vão se submeter a cirurgias. Ao contrário do que muitos pensam, a doação de sangue pode até mesmo trazer alguns benefícios à saúde. Segundo o médico Guilherme Deucher, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Ortomolecular (Sobramo), “um estudo realizado na Finlândia mostrou que a doação pode diminuir em 86% os riscos de problemas cardiovasculares numa pessoa do sexo masculino”. Você pode fazer a diferença Em Viçosa não é realizada a coleta de sangue. Os hospitais São Sebastião e São João Batista trabalham apenas com transfusões.
Quem mora aqui e tem interesse em fazer a doação precisa se dirigir até Ponte Nova, onde fica o posto de coleta mais próximo. Talvez esse fato somado a outros, como a desinformação, seja responsável pelo número tão baixo de doadores da cidade. Segundo dados do Hemominas de Ponte Nova, dos mais de 74 mil habitantes que compõem a população viçosense, apenas uma média de 62 pessoas daqui procuram essa instituição mensalmente para fazer a doação. Entretanto, para aqueles que têm interesse em ser um doador, mas encontram dificuldades para se deslocar até Ponte Nova, vale lembrar que a Prefeitura de Viçosa oferece transporte gratuito todas as quartas-feiras. Basta que o interessado procure a Secretaria Municipal de Ação Social e agende a sua viagem.
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Diversão e apredizagem no Parque da Ciência
Thiara Klein
Aprender brincando ou brincar aprendendo? O Centro de Referência do Professor, mais conhecido
como Parque da Ciência é um espaço para entender melhor os fenômenos naturais de um jeitinho bem fácil e descontraído. Localizado próximo a agência do Banco do Brasil, no campus da Universidade Federal de Viçosa, o Centro é um lugar aberto à visitação onde você pode aprender, na prática, matérias que muitas vezes são difíceis de entender na escola, como física, química e biologia. Lá você encontra brinquedos como o “cochichódromo”, que transmite sua voz à distância, sem fio, por mais baixinho que você fale. O aparelho é composto por dois discos côncavos, de frente um para o outro, a 20 metros. Quan-
do você cochicha no centro de um dos discos, a outra pessoa que está perto do disco oposto escuta sua voz perfeitamente! Existem também outros brinquedos como a cadeira de pregos que não machuca quando você senta. O Parque também possui borboletário, infoteca, biblioteca, videoteca, experimentoteca (local destinado a elaborações de experiências científicas simples), além de um observatório que abriga o telescópio e serve como oficina de astronomia, que é coordenada pelos alunos do curso de Física da UFV. Todas as quartas-feiras o CAVI – Clube de Astronomia de Viçosa promove a observação do céu pelo telescópio a partir da 19
O cochichódromo, aparelho que transmite som por meio destes círculos.
horas. Em ocasiões de passagem de cometas e eclipses eles também ficam disponíveis para observação. O Centro de Referência ao Professor foi criado em 2002 com o objetivo de oferecer formação continuada aos professores que trabalham nas rede pública, como forma de melhorar a qualidade da educação do ensino básico.
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As visitas podem ser marcadas gratuitamente pelo telefone 3899-2499, e são acompanhadas pelos monitores do Parque.
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THIARA KLEIN
Culturas, danças e paixão
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“A arte de mover o corpo segundo certa relação entre tempo e espaço, com ritmo e composição coreográfica” ou mesmo “conjunto de movimentos ritmados do corpo através da música”, são algumas das muitas definições utilizadas para descrever uma prática que ganha muita adesão em nosso país: a dança. Nascida de rituais ancestrais, a dança, igualmente ao sentimento que inspira seus adeptos, está relacionada à paixão, à vida, à conquista amorosa e é segundo autores um instrumento de adoração das forças superiores nas culturas mais primitivas. Ontem ou hoje, ela é uma manifestação instintiva do ser humano. Para realizá-la só se depende do corpo e da vitalidade a fim de cumprir sua função enquanto instrumento de afirmação dos sentimentos e experiências subjetivas do homem. A arte da dança não é apenas o ato em si, ou os diversos estilos que ela possui, mas sim, tudo o que está vinculado a ela. No Brasil, por exemplo, esta prática é comum em festas,
folguetos e outras manifestações arquétipos universais. Kamilla repopulares trazidas como o jongo, força a importância deste retorno carimbo e o cururu, entre outros. às origens “Nas pequenas coisas, Através desta miscelânea de hábi- nos adereços ou mesmo no ato de tos, ritmos e culturas a professora vestir a saia, tão difícil hoje em dia, Kamilla Oliveira, pesquisadora de é que existe o contato com o ancestral, danças de cunho como étnico, desenvolve nossos o curso intitulado ante“Danças Feminipassanas – Sincretismo dos e nas Danças Étnifaz com cas”. Kamilla criou que a mulher uma nova linguagem se sinta mais unindo as semelhanças mulher”. Pois de diversos c o s elas, nos tempos tumes, mais remotos, eram como por consideradas repreexemplo, sentantes terrenas a dança das deusas e do ventre, danças mensageiras que carregavam no venbrasileiras tre o mistério da e o flamenco. Essa mistura de vida. Movimenestilos tem tar-se faz bem e como objetivo o pode trazer todos os tipos de benefícios, resgate como o equilíbrio do “feminino” enentre o corpo e a mente, o físico e o contraKamila Martins em apresentação na Praça da Matriz emocional. A aluna Sílvia do nos Pr
TANIA ROSIM
Leão de Carvalho, 22 anos, praticante do curso, revela seu prazer em dançar: “Eu me sinto bem, mais equilibrada. Minha auto-estima melhora e me sinto mais feliz”. A psicóloga, Meire Rodrigues, afirma que ao olharem para si próprias,elas se reconhecem e se valorizam, proporcionando uma reflexão e um conhecimento de si mesmas: “As mulheres precisam dar mais importância ao corpo que tem. O ato de dançar mexe com a auto-estima”, ressalta a profissional. As mulheres dançando tornam-se mais belas, inspiradas e alegres. E sabendo usar esta força poderão se tornar mais sábias. Considerada a mais antiga das artes, a dança é também a única que dispensa materiais e equipamentos para a sua prática. “Não importa o estilo ou o ritmo, o importante é dançar”, conforme deixa entender a professora ao falar sobre o seu curso. O curso de “Danças Femininas” é oferecido gratuitamente para todas as idades e funciona às quartas-feiras, a partir das 18h30min, na Sede do curso de Dança da UFV.
lazer
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Blog-se CAMILA PENA O século 20 pode ser considerado como a Era do Rádio e da Televisão. Primeiramente o Rádio e depois a TV surgiram como campeões de audiência que marcaram a comunicação. A Internet terá sua vez no século 21? Ela é uma mídia em que todos podem participar, publicar e serem notados. O que começa a tornar esse fato realidade são os diários virtuais, conhecidos como blogs. O blog é um diário ou registro, mantido na Internet. Através destes espaços, as pessoas têm a oportunidade de criar, expor suas idéias e receber críticas. Seu conteúdo abrange uma infinidade de assuntos como piadas, links, notícias, poesia, idéias, fotografias, enfim, tudo o que a imaginação do usuário permitir. Segundo o site Technorati, que cataloga e faz buscas em blogs no mundo todo, são cria-
dos 75 mil blogs por dia. Isso dá uma média de um blog novo a cada segundo. Esse interesse se deve à facilidade de uso. Com poucos cliques, qualquer internauta pode fazer seu próprio diário virtual. Mas não são só os blogs que estão em evidência na internet. Os flogs também vêm ganhando seu espaço. Flog é um diário de fotos na forma de site, em que diferentes pessoas podem ter acesso e comentar. A estudante Daniele Ferreira, 16, criou um blog para postar suas fotos preferidas. “Minha
intenção, no início, era colocar minhas fotos, mas depois fui divulgando meu blog para minhas amigas, então não teve jeito, virou febre entre a galera. Usamos meu blog para trocarmos idéias, além de ser um diário das amigas”, explica. São oferecidos vários serviços gratuitos que permitem criar diários virtuais. Um deles é o Blogger Brasil, cujo endereço é “www.blogger.globo.com”. Ele é bastante organizado, oferecendo uma grande coleção de templates (modelos visuais). Depois de criado, como fazer com que seu blog fique famoso e decole na internet? Primeiramente, capriche no visual e no texto, pois quanto mais atraentes forem, mais chances você terá de conquistar a audiência virtual. Não deixe de sempre atualizar seu blog. Além disso, ajude os mecanismos de busca a encontrá-lo. Use muitos links e principalmente abuse de sua criatividade. Vamos lá, blog-se!
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OS MAIS ACESSADOS Kibe Loco O Kibe Loco é famoso pelas fotomontagens com políticos e celebridades. Quem faz: O publicitário Antonio Tabet http://kibeloco.blogspot.com/
Interney O Interney é o blog mais visitado do Brasil. Com um slogan “(In)formação e (In)utilidade”, aborda uma variedade de assuntos. Quem faz: O programador Edney Souza http://www.interney.net/
Contraditorium Artigos sobre cultura digital e internet, voltado para blogueiros profissionais e desenvolvedores que queiram conhecer mais sobre blogs. Quem faz: Fábio Seixas Cardoso www.contraditorium.com
Amigos e diversão, uma dupla perfeita Falta de dinheiro ou opções são fatores que acabam inviabilizando o final de semana de qualquer um. Principalmente em cidades do interior como Viçosa, onde não existe muita diversificação de atividades. Por vezes, o orçamento do mês está curto e as pessoas são obrigadas a ficarem em casa. Ver televisão? Procurar coisas para se fazer na Internet? Definitivamente não! Como ninguém é de ferro, é necessário uma atividade diferente para se desligar das obrigações semanais e “recarregar as baterias” para uma outra semana de atividades. Outras opções existem e, através de depoimentos de pessoas semelhantes a nós, podemos ver como elas se divertem, mesmo morando em cidade do interior. Nem só as noitadas em festas, bares, boates e restaurantes se constituem oportunidades para um bom bate-papo, reunião de amigos ou diversão. Muitas vezes,
de simplórias e domésticas atividades tira-se melhor proveito do que na rua. Atrativos simples, baratos e até tradicionais, mas que acabaram esquecidos ao longo dos tempos devido aos fortes apelos consumistas e modistas ditados pela mídia e propagados entre nós com grande velocidade. Você duvida? Pois então prepare o seu caderno de endereços. É hora de pensar em pessoas agradáveis, amigas e divertidas para chamar e programar atividades que não necessitam de grandes deslocamentos ou investimentos extras. Um bom começo é reunir a galera em uma seção caseira de cinema temperada com muita pipoca, sucos ou refrigerantes, além da tradicional “bagunça” entre amigos. Só tome cuidado para não incomodar o vizinho, pois sua liberdade termina no ponto em que a dele começa. Gabriela Maciel, 16, diz que mesmo não parecendo, dá para fazer ótimos programas sem dinhei-
ro: “Reunimos todo mundo e vamos passear pelo calçadão, conversamos e ainda encontramos novas pessoas. Dá até para paquerar”, afirma a estudante com um sorriso no rosto. Outra dica é “fazer uma vaquinha” e preparar uma pizza em Passeio ciclístico: uma ótima opção parao fim de casa. Renan de Oliveisemana ra,16, afirma que o programa é impagável: “Cada um com- ce a brincadeira, forma-se um círpra um ingrediente, a gente cozi- culo de pessoas e um dos intenha, ouve música e se diverte de- grantes roda uma garrafa. A ponmais. Só sai risada”, completa o ta da garrafa indica quem faz a garoto ao redor de sua turma. pergunta indiscreta para quem Para aqueles que curtem o está do lado oposto responder. contato com a natureza, nada me- Ainda para os que preferem omilhor que um piquenique à beira tir as respostas, são propostos da lagoa ou no Recanto das Ci- desafios engraçados. garras, ambos localizados no Não tem erro, mesmo em campus da Universidade Federal atividades simples é possível de Viçosa. O programa piegas reunir os amigos para aproveitar pode se tornar muito interessan- os dias de descanso. Afinal são te se alguém propuser o “jogo da eles que, na realidade, garantem verdade”. Para quem não conhe- toda a diversão. Jihana Silva
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Viçosenses no Pan 2007 LARISSA LACERDA Disciplina, coragem, força e determinação. Essas são algumas das características dos atletas de Viçosa que defenderam o halterofilismo brasileiro nos Jogos Pan-Americanos, realizados no Rio de JaneiDivulgação ro entre os dias 13 e 29 de julho. Wellinson Rosa da Silva, Valdirene Aparecida da Silva Laia e Júlio César Santiago competiram com cerca de quase 125 atletas de todo o continente americano. Júlio César Santiago, que competiu na categoria 94 kg, pratica levantamento de peso há cinco anos e acredita que o esporte melhorou bastante seu condicionamento físico, fortale-
ceu sua musculatura e melhorou seu sistema respiratório. Ao longo de mais de 50 anos, os Jogos Pan-Americanos cresceram e adquiriram maior importância. Desde sua primeira edição, dobrou em número de países, atletas e modalidades, tornando-se uma das principais competições do calendário esportivo mundial. Participar de um evento dessa magnitude é uma boa oportunidade para valorizar o esporte e os halterofilistas de Viçosa. Para Valdirene Aparecida, da categoria 53 kg, sua participação no Pan do Rio 2007 comprova que, através do esporte, é possível superar dificuldades. “Representar Viçosa e o Brasil em uma competi-
ção tão importante é uma satisfação imensa. Através da prática do levantamento de peso fui capaz de superar vários obstáculos. Eu me sinto mais respeitada. E sei que minha classificação para o Pan é uma chance de divulgar mais esse esporte na nossa cidade”. Os halterofilistas viçosenses são treinados por Maria Elizabete Jorge, que representou o Brasil nas Olimpíadas de Sidney, no ano 2000. Com o levantamento de peso, Bete, como é conhecida, conquistou importantes títulos, sendo tetracampeã sul americana. Atualmente, em Viçosa, existem cerca de 50 praticantes do halterofilismo. Mas Bete espera ampliar esse número cada vez mais, e deseja construir um centro especializado de levantamento de peso na cidade. “Minha vontade é essa. E eu vou lutar para con-
seguir!”. A treinadora, que descobriu sua paixão pelas atividades esportivas quando estava no colégio, busca o apoio dos professores de educação física das escolas para divulgar e reforçar a prática do levantamento de peso na cidade. Segundo Bete, os alunos do ensino médio e fundamental, de 13 a 19 anos, estão na faixa etária ideal para iniciarem no esporte. Os testes para quem deseja praticar halterofilismo são feitos no pavilhão de levantamento de peso, no Departamento de Educação Física da UFV, e os treinos são gratuitos.
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Como funciona o jogo de “betes” SIMONY ÁVILA Se você perguntar para o seu pai do que ele brincava quando era criança, ele certamente responderá que possuía bolinhas de gude, adorava jogar pelada no campinho ou se divertia com o esconde-esconde. Porém se ele possui entre 40 e 55 anos hoje em dia e se você ajudá-lo a puxar na memória certo jogo com tacos em que o objetivo principal era proteger duas latinhas ou garrafas, ele fará uma cara de contente e dirá: bete! O jogo de betes (ou tacos como também é conhecido dependendo da região do país) foi uma verdadeira febre nos anos 70 e 80. Surgiu em Brasília, mas se espalhou pelo Brasil, fazendo parte das brincadeiras de rua de muitos garotos. 14 O jogo imita o beisebol
americano e funciona assim: são duas duplas adversárias. A primeira está segurando os tacos em posição de defesa enquanto um integrante da outra dupla arremessa uma bola, geralmente de tênis, procurando acertar a latinha que o adversário protege. Como é costume se jogar na rua, basta colocar as latinhas numa distância de mais ou menos 15 metros, definir quem serão os batedores e quem serão os arremessadores. O número de pontos varia, podendo ser combinado antes da partida começar. Para começar, o jogador da dupla que não tem o bete ou o taco na mão arremessa a bolinha de tênis. O batedor da outra dupla deve bater a bolinha para frente, correndo até a área do outro e batendo o bete no chão para marcar pontos. Para quem arremessa, os pontos são ganhos
quando a latinha é acertada. Ganha quem fizer mais pontos. É claro que o jogo de bete não ficou esquecido e não é exclusividade dos papais, pode ser que seu irmão mais velho também tenha jogado e até mesmo você ainda pratique na rua da sua casa, afinal se trata de uma brincadeira simples e divertida. Só tem que tomar cuidado para não atingir janelas
ou vidros e prestar atenção no movimento dos carros da rua em que você mora para não provocar acidentes. Vale lembrar também que, apesar de ser mais comum entre os garotos, as meninas também podem praticar.
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A mais nova sensação das mesas Uma das grandes sensações do momento nas mesas de baralho, que está fazendo a cabeça das pessoas de todas as idades, é o truco. Há diversas variações, como Truco Cego ou Truco Espanhol (popular no sul do Brasil, Argentina e outros países), o Truco Uruguaio (ou Truco de Amostra), o Truco Paulista, Capixaba ou Mineiro (variações populares no Brasil), o Truco Índio e o Truco Eteviano. O jogo pode ser disputado por 2, 3, 4 ou 6 pessoas e, em geral, possui rodadas (em melhor de três) para ver quem tem as cartas de valores simbólicos mais altos. No Brasil há até uma associação para os truqueiros. “A Associação Truco Brasil (ATB) é uma entidade desportiva e cultural sem fins lucrativos, registrada no quinto Cartório de Registro
Civil de Pessoa Jurídica da Capital do Estado de São Paulo e registrado no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), tendo em sua diretoria e quadro de associados cidadãos sérios e respeitados amantes do Truco”. Há vários torneios independentes realizados por todo o país. Em 16 de maio de 2004, aconteceu a primeira Copa de Truco da ATB em Água Branca, na cidade de São Paulo. Em Viçosa, é comum se deparar com vários jogadores amadores praticando o esporte em suas “happy hours”, como é o caso de Grégori Alexandre, estudante de Física da Universidade Federal de Viçosa, que diz “trucar uns patos” (expressão usada no jogo, semelhante ao “freguês” no futebol) quase sempre no horário do almoço antes das aulas. Na internet você também encontra a diversão on-line e interage com outros jogadores no
site bananagames.uol.com.br. Mas o importante é se divertir com a “pataiada” e “truco ladrão”.
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As maiores cartas do jogo 4 de paus (Zap) 7 de copas (copeta) A de espadas (Espadilha) sete de ouros (pica fumo)
E na sequência, cartas de qualquer naipe: 3, 2, A, K, J, Q, 7, 6, 5, 4
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DEVALNIR DIAS
Do ping-pong ao tênis de mesa ÁBDON JÚNIOR Uma bolinha, duas raquetes, uma mesa e uma rede. Tudo pronto para uma partida de tênis de mesa. Ou seria de ping-pong? Surgido na Inglaterra em meados do século XIX com o nome de ping-pong, o esporte logo se popularizou e mudou o nome para tênis de mesa. Atualmente o nome ping-pong representa uma brincadeira, um lazer, um jogo mais descontraído. Já o nome tênis de mesa é o correto quando queremos nos referir a torneios e competições mais organizados e jogos competitivos. Poucos sabem, mas o tênis de mesa alcança uma popularidade semelhante a do futebol. O esporte é praticado em 141 países e ganhou projeção mundial quando figurou pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Seul (capital da Coréia do Sul), em 1988. Hoje em dia a modalidade
é dominada pelos asiáticos, sobretudo os chineses. No Brasil, o tênis de mesa goza de certa popularidade, mas ainda carece de uma maior divulgação, como atesta o exmesatenista profissional André Balbi: “Possuímos muitos atletas de alto nível, mas as competições têm pouco espaço na mídia e não
atraem tanto o público quanto os esportes mais populares”, diz. “Além do mais poucos atletas são federados. A maioria ainda joga de forma amadora”, completa. Em Viçosa não existem torneios profissionais de tênis de mesa. O esporte é praticado por amadores e por estudantes nos jogos escolares.
Por dentro do tênis de mesa Mesa: Possui 2,74m de comprimento, por 1,525m de largura e 76cm de altura. Rede: Mede 1,83m de comprimento e 15,25cm de altura. Deve ter a cor escura. Raquete: Pode ser de qualquer tamanho, forma e peso. Mas deve conter um dos lados coberto por borracha e o outro de madeira natural. Bola: Tem de ser feita de celulóide. Peso: 2,5g. Diâmetro: 38mm.
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Partida: Sets de 21 pontos. Pode ser disputada em um único set, em melhor de três ou de cinco sets.
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Uma revelação da MPB ELLEN ARAUJO PRISCILLA SOUZA “Cronista e cancioneiro”, assim se define Vander Lee, mineiro de Belo Horizonte, que há vinte anos canta suas músicas pelos bares e palcos do Brasil. Dos tempos de menino, quando o pai tocava no violão as músicas caipiras de Tonico e Tinoco e do Trio Rapadura, vem a influência musical de um artista que nunca imaginou fazer outra coisa na vida. Mas fez. Foi faxineiro, office-boy, entregador, auxiliar de jardinagem, almoxarife, vendedor ambulante, até estrear, em 1986, no bar Vila Velha da capital mineira. De lá para cá, Vander Lee não parou mais. Em 1997, lançou de forma independente seu primeiro CD, Vanderly. Em dez anos, mais quatros álbuns foram lançados, sendo que em 2006 gravou seu primeiro DVD, Pensei que fosse o Céu. Na última apresentação que fez em Viçosa, dia 15 de junho, Vander Lee falou ao Outro Olhar sobre as dificuldades e conquistas de sua carreira. Lara Marques
turnês consecutivas que você possa viajar um mês, dois, pegar um ônibus e sair. Não tem público, espaço, estrutura e nem gente para produzir. Como não tem gente para patrocinar. E tem artista “pra caramba”. Gente cantando em barzinho. É um país musical. Aqui no Brasil tem artista demais e pouca coisa acontecendo. Mas eu só vivi de música porque eu sou uma pessoa muito modesta também. Eu vivo com pouca “grana”. Saber que você não vai ficar rico com aquilo, já é uma coisa que separa os que têm vocação e os aventureiros. OO – Você se considera um exemplo de alguém que superou as dificuldades e venceu na vida? VL - Minha mãe era faxineira. Eu comia o que sobrava dos funcionários da empresa que ela trabalhava. Mas se você pegar esse capítulo isolado, todo mundo vai falar “nossa esse cara é um herói”, mas não é. Isso é um momento. Quem é que nunca passou uma dificuldade na vida?
Vander Lee em seu último show em Viçosa
Outro Olhar - Quais foram as principais dificuldades pela qual passou antes de se firmar como um artista reconhecido pelo público brasileiro?
Vander Lee - A dificuldade maior é que a gente vive em um país que não existe um mercado formado ainda. Com exceção do sertanejo e do pop rock, não há como fazer
OO - Ser cantor sempre foi um ideal em sua vida? VL – Sempre fui focado nisso. Nunca quis outra coisa. Era o que eu sabia fazer com mais facilidade. Parecia natural sonhar com isso. Eu nunca imaginei as coisas dando errado, mas não tive pressa, nem
www.vanderlee.com.br
quis voar muito alto, por timidez e medo. OO - O que acha indispensável na construção de uma carreira? VL – Talento, fé e desejo real de fazer o melhor pra todos. OO - O que acha fundamental para que os jovens possam obter sucesso em suas carreiras profissionais? VL- Terem a noção de que estão começando todos os dias. Aqui nessa entrevista, tenho a clara sensação de que estou abrindo uma frente nova, estou falando com alguém que não me conhecia. Isso me dá forças para reinventar e buscar o novo em mim. OO- Que conselho daria aos jovens que lêem o nosso jornal? VL- Buscarem sempre ler o mundo com “OUTRO OLHAR”, se possível mais generoso. A vida é cheia de significados, vale a pena decifrá-la. (risos)
Talento: lazer ou profissão? AMANDA OLIVEIRA ELAINE NASCIMENTO
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Escolher uma carreira, explorar suas aptidões e torná-las meio de vida. Esses são passos buscados pelos jovens, mas nem
sempre os objetivos são alcançados. Há quem tenha talento para música, mas não tenha oportunidade de praticá-la profissionalmente. Há quem goste de futebol, mas apenas jogue aos fins de semana. Definir uma carreira que também
traga prazer não é fácil. O Outro Olhar entrevistou jovens em Viçosa para saber se eles já descobriram os seus talentos. Dos entrevistados, 38% disseram que ainda não descobriram suas aptidões. Entre os 62% que já
conhecem seus talentos, 42% afirmam que não pretendem seguir carreira dentro de suas habilidades. Os motivos vão desde a falta de oportunidades até encarar seus talentos apenas como lazer.
Willian do Carmo, 18 anos “Eu pratico música. Se eu tiver oportunidade pretendo seguir carreira. Mas é muito difícil conseguir.”
Washington do Carmo, 23 anos “Eu tenhotalento para teatro. Se estiver ao meu alcance, pretendo seguir carreira. Vai depender das oportunidades.”
Érika Estefani, 19 anos “Eu gosto muito de jogar futebol. Com certeza quero seguir carreira, porque eu jogo desde pequena e a família me incentiva.”
Viviane Aparecida, 14 anos “Ainda não descobri aptidão nenhuma.”
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