Jornal OutrOlhar | Edição 15 | Maio de 2008

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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA VIÇOSA - MAIO DE 2008 - ANO 05 - NÚMERO 15

(( ciência ))

Gandhi

A alma gigante

Alimentos industrializados levam problemas à mesa

pág. 10

(( comportamento ))

Pesquisa mostra o desinteresse do jovem viçosence por proteção solar

pág. 06

(( esportes ))

A Ginástica Rítmica presente nas Olimpíadas e em Viçosa

pág. 14

(( cidade ))

Fotografia: Reprodução/Arte: Pato Domingues

Conheça as vacinas que devem ser tomadas depois que se cresce

pág. 04

Ele venceu um exército inteiro, libertou milhões e mudou a humanidade apenas com sua paz pág. 03

(( entrevista ))

Por quê é tão difícil ver a beleza do arco-íris quando ele é uma bandeira? pág. 12


(( opinião ))

“Ninguém merece”

Ao Leitor

TATIANA DUARTE

Apresentado como atividade laboratorial em prol da formação profissional, no mês de abril, durante o 11º Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ), em São Paulo, o Jornal Laboratório OutrOlhar foi apontado pelos presentes como um projeto inovador e uma atividade de grande relevância para a formação voltada para a área impressa. Para nós, tal fato se constitui em motivo de orgulho, uma vez que o OutrOlhar obteve distinção frente a outros seis veículos com objetivos semelhantes de diversas Instituições de Ensino brasileiras, igualmente expostos no Grupo de Trabalho Produção Laboratorial – Impressos. Durante os debates sobre a Produção Laboratorial Impressa, o OutrOlhar foi citado e apontado por diversas vezes como modelo de atividade laboratorial mais próxima do ideal. A curiosidade a respeito da trajetória do veículo, bem como sobre detalhes da sua produção foi geral. Na ocasião, recebemos ainda sugestões que certamente serão expostas e analisadas pelo grupo que produz e edita o jornal. Fatos como estes contribuem para uma renovação de ânimos e para a busca de inovações que possam aprimorar o ensino da prática impressa no Curso e, principalmente, atender ao nosso público-alvo. Prof. Joaquim Sucena Lannes

OUTR ((O)) LHAR Jornal Laboratório produzido pela turma de 2006 do Curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa Endereço: Vila Giannetti, casa 39, campus universitário CEP 36570-000 – Viçosa MG Tel: 3899-2878 – outroolhar@ufv.br Reitor Prof. Carlos Sigueyuki Sediyama Diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Prof. Walmer Faroni

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Chefe do Departamento de Artes e Humanidades Prof. Fábio Faria Mendes

Somos influenciados diariamente pelos comportamentos ditados pela televisão. Certas palavras ou frases exaustivamente ditas na TV, quando menos se espera, entram no nosso vocabulário. Programas como os reality shows são responsáveis por uma respeitável porcentagem de jargões acrescentados ao nosso cotidiano, também devido ao tempo de “contato” com o grupo de participantes. Baseados na série americana Survivor, o primeiro reality show realizado no Brasil foi o No Limite, lançado em 2000. Após o sucesso do programa, várias emissoras do país apostaram nessa idéia. A partir daí, surgiram programas no estilo de séries televisivas, apoiadas na vida real, como Casa dos Artistas,

crítica à mídia

O aprendiz, Fama, Ídolos e o considerado de maior sucesso, Big Brother Brasil, exibido pela Rede Globo. Entre brigas, amores, conversas e devaneios, milhares de pessoas se espelham nos

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participantes a respeito de seu modo de vestir, agir, comer e, principalmente, de falar. Assim, procuram seguir os “confinados”, atendendo aos dois principais estímulos subconscientes do homem: buscar prazer e evitar a dor. A heterogeneidade dos personagens dessa série, sem

enredo pré-determinado, traz uma série de expressões novas. Os jargões repetidos diariamente acabam incorporados na fala de cada telespectador. Assim, do ponto de vista artístico, as gírias repetidas soam como sinônimo de medidor de audiência do programa. Tipo assim, por mais que tentemos nos manter distantes dessas expressões, os meios de comunicação causam muita força sobre nosso inconsciente. Sem noção. Não há quem não esteja a mercê dos modismos, percebe? Ah, fala sério! É notável que boa parte do nosso linguajar é reflexo do que vemos na televisão e, conseqüentemente, usamos, pra caraca, no nosso cotidiano. Não tem hora e nem lugar para usarmos as gírias, tá ligado? E a tendência é as utilizarmos cada vez mais. Ninguém merece.

Estado democrático + Religião? DÉBORA BRAVO Estado Laico. Alguém já ouviu falar? A primeira pergunta que pode surgir na sua cabeça é: o que seria um Estado Laico? Para quem ainda nunca escutou essa expressão ela pode ser substituída por Estado Leigo, ou seja, quando o governo é totalmente desprovido da influência de qualquer religião. No Brasil, o Estado se tornou Laico, em 1889, quando o abandonou a monarquia católica e tornou-se uma república laica. E qual é a importância de um Estado ser Laico? Primeiramente, é importante, pois

serve para a maior liberdade da sociedade, tendo como finalidade a preservação dos direitos e a garantia individual do cidadão. Outro fator importante é a separação do Estado e Religião, que evita a intromissão de certa religião nas decisões políticas e judiciárias do governo. Porém, o brasileiro não aprendeu a conviver em um Estado que não tem uma religião oficial. Por termos uma maioria religiosa católica a população acredita que o Estado deve ser tendencioso para o lado da maioria. Será? O padre Paulo Dione Quintão, estudioso e especialista

Coordenador do Curso de Comunicação Social Profª. Kátia Fraga

Revisão de texto Agnaldo Montesso, Gabriele Maciel, Inês Amorim, Talita Aquino, Murilo Alves (1º Período)

Jornalista-responsável Joaquim Sucena Lannes – MT/RJ 13173

Diagramação, arte e revisão final Felipe Menicucci, Pato Domingues, Tatiana Duarte, Tim Gouveia

Editores Ana Maria Pereira, Debora Antunes, Pablo Pereira, Gabriele Maciel, Gisele Nishiyama, Inês Amorim, Mário Vítor Filho, Tatiana Duarte

Redação Agnaldo Montesso, Ana Maria Pereira, Ana Paula Nunes, Aramis Assis, Bárbara Gegenheimer, Carolina Reis, Débora Antunes, Débora Bravo, Diego Alves,

em religião, afirma que o Estado deve realmente ser Laico, no sentido de ser aberto à participação de todos os cidadãos. Ele ainda comenta que essa laicidade permite que o Estado não seja defensor de nenhuma bandeira específica. Agora que você já sabe o que é um Estado Laico deve ter em mente que essa definição não quer dizer que o mesmo seja ateu (que nega a existência de Deus), mas sim ser insento de uma religião fixa para todos. E que fique bem claro que a sociedade deve sim ser religiosa, mas cada um com a religião que lhe for conveniente.

Diego Tarlis, Eloah Monteiro, Felipe Menicucci, Felipe Pedroza, Fernanda Couto, Fernanda Mendes, Fernanda Torquato, Gabriele Maciel, Gisele Nishiyama, Inês Amorim, José Tarcísio Filho, Joséllio Carvalho, Kirna Nascimento, Luciana Melo, Lúcio Érico, Manuella Rezende, Marcela Sia, Mariana Azevedo, Mário Vítor Filho, Maristella Paiva, Mônica Bento, Pablo Pereira, Pato Domingues, Paula Chaves, Sabrina Areias, Samira Calais, Saulo Rios, Savana Brito, Talita Aquino, Tatiana

Duarte, Tim Gouveia, Vagner Ribeiro, Zana Ferreira. Impressão Divisão de Gráfica Universitária Tiragem 1500 exemplares Os textos assinados não refletem a opinião da Instituição ou do Curso e são de inteira responsabilidade de seus autores.


(( opinião ))

O amor de um homem pára o ódio de milhões PATO DOMINGUES Aos 18 anos, quando aquele jovem franzino abandonou as batas, indianas como ele, para vestir os ternos de aluno da Faculdade de Direito em Londres, apenas queria ser aceito como igual aos demais, o que é comum à idade. Essas desobediências aos rigorosos princípios religiosos de seu povo talvez já fossem os primeiros sinais de sua grande espiritualidade, que logo o faria perceber que nem os ternos ou as leis humanas pertenciam à sua natureza. Porém, foi no sul da África e na Índia, reivindicando o direito das minorias, auxiliando feridos e liderando seu povo em um movimento pacífico de independência, que, durante mais de 50 anos, pôde satisfazer sua vontade de servir aos semelhantes. Acreditando que só

mesmo a poderosa violência espiritual do amor poderia vencer a violência material do ódio, conseguiu libertar milhões através de seu sacrifícios individuais, sempre norteando-se pelos princípios sagrados da ahimsa (não-violência; benevolência) e satyagraha (apego à verdade). Julgando que o amor de um único homem pode neutralizar o rancor de todo um povo, soube conciliar com sabedoria as coisas do mundo espiritual de Deus e as do mundo material dos homens. Assim, Mohandas Karamchand Gandhi, tornouse não apenas o líder místico e político de seu povo, mas um símbolo de esperança para toda humanidade, então atormentada

pelo horror da recém terminada Segunda Guerra Mundial. Um atentado, motivado pelo fato dele aceitar a divisão de seu país entre hindus e

Pa

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Do

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in muçulmanos, gu es tirou-lhe a vida em janeiro de 1948. Não por mero acaso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos – que, ironicamente, materializa os ideais espirituais de

respeito e fraternidade em leis, que ele acreditava serem insuficientes para servir à humanidade – foi adotada no mesmo ano, alguns meses depois. O desconforto que tomou conta do mundo com a perda do Mahatma (do sânscrito, Grande Alma) é considerado um dos sinais de que sua pacífica e incansável luta foi um dos fatores responsáveis por selar os ideais de preservação do ser humano que pairavam no ar. A Declaração, que assim como sua morte completa 60 anos em 2008, é tida como a resposta concreta do planeta a esse sentimento de congregação em torno de um ideal único, limitando a soberania dos Estados nacionais sobre o indivíduo.

Certas coisas não têm preço Para falar sobre dinheiro e felicidade, é preciso ter em mente que os dois são coisas muito diferentes, enquanto que o dinheiro é concreto, a felicidade é abstrata, não é palpável, é sensível. Diante disso, o que é a felicidade para você? Hoje, o conceito está um pouco equivocado na mente de algumas pessoas, mede-se a felicidade pelo que o outro tem e não pelo que você mesmo alcançou. Partindo do pressuposto de que felicidade não é isso, e sim o nível de satisfação que as pessoas podem alcançar na vida, e difere de alegrias ou contentamentos momentâneos, podemos relacioná-la com várias coisas, inclusive com o dinheiro.

A vida das pessoas é uma busca constante pela felicidade e muitas acreditam que é impossível ser feliz sem dinheiro no bolso. Mas, existe outra corrente que abomina esse fato. Para essas pessoas, a felicidade está nas pequenas coisas, nas mais simples. Por exemplo: a felicidade não está em ter dinheiro para comprar um presente legal pra namorada, mas sim no sorriso que ela esboça, independente de ser um presente caro ou uma lembrancinha feita de palitos de sorvete...

É claro que não podemos negar que o dinheiro é útil e que ele facilita a vida, mas existe um limite, ou seja, uma quantia que permita a você viver confortavelmente; mais que isso, é desnecessário. Além disso, a sensação de poder comprar pode ser confundida com felicidade, mas até mesmo, as propagandas,

Tim Gouveia e Pato Domingues

FERNANDA TORQUATO

vilãs de muitos estudos comportamentais, já admitem, em seus slogans, que “certas coisas não têm preço”. Como passear de mãos dadas na beira da praia ou passar a tarde brincando com os filhos. Além disso, correr atrás de dinheiro significa trabalhar mais e mais e implica também em ter menos tempo para usufruir o que todo esse capital pode proporcionar. É preciso ter um tempo para a família, ir ao salão de beleza ou jogar futebol com os amigos. E o pior é quando esse dinheiro deixa de ser um meio para que você conquiste as coisas e se torna apenas um fim. Aí, está tudo perdido!

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(( cidade� ))

A História de Viçosa contada através dos casarões GABRIELE MACIEL

Porém, apesar de haver uma certa pressão por parte das construtoras, imobiliárias e dos próprios donos dessas antigas construções, elas devem ser pre-

pela historia”, ressalta Ricardo. Um dos meios mais eficazes de proteção e conservação do patrimônio histórico é por tombamento, ou seja, quando o Poder Gabriele Maciel

Você já percebeu como se compõe a paisagem urbana da cidade de Viçosa? Pois então, em meio a inúmeros prédios que se erguem aos montes e se apertam uns aos outros, deparamos também com aqueles casarões antigos que nos remetem ao passado, não é? Viçosa, com seus 136 anos de história, é hoje uma cidade em expansão devido às universidades que crescem e atraem cada vez mais pessoas. Assim, hoje, é um grande desafio manter essas construções mais antigas, pois muitas vezes elas ocupam um espaço que seria favorável a construções de centros comerciais ou mesmo de prédios urbanos.

servadas, como garante Ricardo dos Santos Teixeira, chefe do Departamento de Patrimônio Histórico de Viçosa. “Essas construções fazem parte da memória da cida-

Tombamento evita que a história dos antigos casarões transforme-se em ruína com o tempo

de, e, de certo modo, a história fica cristalizada naquele ponto. A cidade continua se desenvolvendo, mas a paisagem vai estar marcada

Público, através do Decreto de Lei Federal nº. 25, de 30 de novembro de 1937, impõe ao proprietário do bem de valor histórico-cultural

restrições administrativas visando a sua preservação. O proprietário não perde o imóvel, mas fica impossibilitado de demolir ou transformar o patrimônio sem permissão do órgão responsável pelo seu tombamento, que no caso de Viçosa é representado pelo Conselho Municipal de Cultura e do Patrimônio Cultural e Ambiental. Todos os anos, o Conselho faz projetos visando conscientizar os cidadãos da importância desses bens tombados. O projeto de 2008, que teve suas atividades iniciadas em abril, tem como público alvo alunos que estudam em imóveis que são tombados, como os do Edmundo Lins. Por meio de oficinas, o Conselho espera despertar nos jovens a percepção do patrimônio não só como fator importante na composição do cenário da cidade, mas também como elemento que traduz a história de um povo.

Do Zé Gotinha à idade adulta: vacinar é preciso MARISTELLA PAIVA

do Brasil vêm para cá. “Porque aqui na verdade não é uma região que tenha casos. Você tem que ter o mosquito transmissor que aqui em Viçosa tem, mas deve ter uma pessoa contaminada também”, diz o médico. Além dessa vacina, você também deve tomar, de 10 em 10 anos, a dupla adulto que é a de tétano e de difteria. E para aqueles que não tomaram quando criança a tríplice, que é a vacina contra rubéola, sarampo e caxumba, podem tomá-la, agora, quando adultos. Algumas profissões também exigem um cuidado

Maristella Paiva

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“Hoje é dia do Zé Gotinha”. Quantas vezes você já não escutou esta frase quando era pequeno? Muitas, com certeza, se você tomou as vacinas necessárias. Crianças até os seus cinco anos de idade devem ser vacinadas contra uma série de doenças, para que essas não sejam contraídas mais tarde. Mas ainda existem outros tipos de doenças que devem ser prevenidas inclusive depois da infância. Então, quem pensa que não precisa mais ir a um posto de saúde tomar uma injeção, muito se engana. Existem vacinas que devem ser tomadas de 10 em 10 anos. Uma delas é a de febre amarela que foi muito noticiada na mídia no início deste ano, devido ao surto que ocorreu no país. Aqui em Viçosa, o controle teve de ser ainda mais rigoroso. De acordo com o médico Júlio Cota, a cidade se tornou uma área de risco, já que pessoas de todos os lugares

Estudante vai ao posto para colocar em dia sua carteira de vacinação

especial, como no caso dos médicos veterinários. “Tanto os alunos quanto os profissionais que tem esse risco ocupacional de sofrer um acidente de trabalho com os animais, vão tomar além das demais vacinas, a de hepatite B e a anti-rábica”, afirma a técnica de enfermagem Janaína Setto. Todas as pessoas podem se vacinar gratuitamente, de segunda a sexta em Viçosa, nos seguintes lugares: na Divisão de Saúde da Universidade, no horário de 8h as 11h30 e de 14h as 18h ou no Centro de Saúde da Mulher e da Criança, localizado no centro, das 7h30 às 16h30. E não se esqueça de levar sua carteira de vacinação.


(( cidade� ))

Nem todo dia é para se comemorar MARIANA AZEVEDO

Mariana Azevedo

pela maioÀs vezes, mesmo tendo ria, já que, ao nascido e morado a vida contrário das inteira em uma cidade, outras, não sabemos pouco sobre ela, é feriado. É não é? Em Viçosa, por o chamado exemplo, muitos não codia da Demonhecem bem o que chacracia, que é mamos de datas oficiais. celebrado em Segundo a secretária de Viçosa no dia Cultura e Lazer da cida8 de agosto. A de, Virgínia Bittencourt data foi escoMoura, comemoramos lhida em hooficialmente três datas. menagem ao O dia 22 de maio ex-presidente é o destinado à padroeira O ex-presidente Arthur Bernardes recebe homenagens em seu dia, 08 de agosto Arthur da Silde Viçosa. Santa Rita de Cássia já ção, esse é o motivo de comemo- va Bernardes, que nasceu nesse estava presente na primeira capela ração de outra data oficial, 30 de dia, no ano de 1875. erguida, em 1800, nas terras que setembro, mais conhecida como Cada uma dessas datas viriam a se tornar o município de aniversário, ou dia da cidade. Nes- tem um estilo próprio de comemoViçosa. A santa, inclusive, deu sa data, em 1871, o povoado de ração, e todos podem participar. nome à cidade, que já foi “Santa “Santa Rita do Rio Turvo” é ele- Então, seja na procissão do dia 22, Rita do Rio Turvo” e passou a ser vado à categoria de vila, e ganha nos shows do dia 30 ou na entrega “Viçosa de Santa Rita”, após ser autonomia administrativa. de condecorações (comendas) do A terceira comemoração dia 08, o importante é conhecer a emancipada. Por falar em emancipa- municipal é a menos conhecida história do lugar em que se vive.

Rodoviária de Viçosa necessita de melhorias ANA PAULA NUNES

Ana Paula Nunes

falta é uma O Terminal Rodopadronização viário de Viçosa foi no comércio inaugurado no final interno do loda década de 70 pelo cal. “Os bares então prefeito da cisão todos redade César Sant’anna petidos e não Filho. Nos primeiros existe uma anos de funcionabanca de jormento, a rodoviária nal aqui denfoi administrada pela tro”. Muitos prefeitura. No enconcordam tanto, em 1995, uma com essa falempresa passou a ta de padrão gerenciar o estabeleno comérA última reforma no prédio da rodoviária foi a aproximadamente 11 anos atrás cimento. cio, porém, a Segundo Ernani Souza, para a segurança dos passageiros. administração da rodoviária não Apesar dessas melhorias, membro da atual empresa que pode estabelecer parâmetros para gerencia o terminal, um dos pro- ainda é comum encontrar usuários as lojas, uma vez que todas são blemas enfrentados pelos usuários que reivindicam mudanças no lo- alugadas. durante a antiga administração cal. É o que comenta um funcioná- Por dia passam cerca de era a falta de segurança no local. rio do guichê da empresa Unida. mil pessoas pelo terminal. Para Não havia portões ou câmeras, o Segundo o atendente, as pessoas muitos deles, não importa se a consumo de drogas e a prostitui- costumam reclamar sobre o preço rodoviária é bonita ou não. Mas, ção eram fatos corriqueiros dentro do banheiro, a limpeza do estabe- para os que chegam à cidade, a da rodoviária. Por isso, em 1997, lecimento, dentre outras coisas. primeira impressão não é tão boa Já para a funcionária da assim. E, como a primeira impreshouve um projeto de revitalização, que implantou câmeras e portões rodoviária Leci das Graças, o que são é a que fica...

Comércio movimenta a economia da cidade MÔNICA BENTO Cada dia é uma coisa diferente para comprar. No começo do ano, é o material escolar, depois uma roupa nova, um presente para o seu amigo aniversariante, a pizza para comemorar o aniversário... E por aí vai. O que você faz cada vez que compra alguma dessas coisas em Viçosa? Movimenta o comércio da cidade! De acordo com dados de pesquisa do CENSUS de 2003, o comércio responde por, aproximadamente, 50% das atividades do setor urbano viçosense. Ainda segundo essa pesquisa, só o setor de vestuário, calçados e acessórios corresponde a cerca de 200 estabelecimentos comerciais na cidade. “Falta dar mais oportunidades para as pessoas sem experiência”, é a reclamação feita por Liliane Duarte, de 23 anos. Há quatro anos ela trabalha em uma loja de roupas, e diz que arranjar o primeiro emprego no comércio não foi fácil. Para ela, apesar de ser dos setores que mais empregam na cidade, ainda faltam muitos postos de trabalho para absorver a mão de obra excedente e que aumenta a cada ano. Uma das principais características para se conseguir um emprego, em qualquer área, e principalmente para quem lida diretamente com clientes, é a facilidade em se comunicar. Porém, não basta gostar de lidar com o público para garantir seu emprego. Quanto mais conhecimento você tiver, maior a chance de você crescer, em qualquer situação. Saiba mais sobre a pesquisa do CENSUS no site da Prefeitura Municipal de Viçosa: www.vicosa.mg.gov.br

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(( comportamento� ))

Alunos viçosenses negam o uso de protetor solar TIM GOUVEIA Montagem: Tim Gouveia

Uma pesquisa realizada entre os dias 25 e 26 de março deste ano mostra que você, caro leitor do OutrOlhar, não está tomando os devidos cuidados com a sua pele. Dentre os alunos da Escola Estadual Effie Rolfs, 84 estudantes do segundo ano responderam a uma pergunta simples: Você usa protetor solar? E os resultados são, segundo o dermatologista Guilherme de Almeida, no mínimo, preocupantes. Doutor Guilherme conta que a pele é o órgão que faz a mediação entre o corpo e o meio externo, ela corresponde a 16% do peso corporal, e tem diversas funções, como regulação térmica, controle do fluxo sanguíneo, defesa orgânica, proteção contra diversos agentes do meio ambiente e funções sensoriais (pelo sentido do tato). “A pele é um órgão vital e, sem ela, a sobrevivência seria

impossível”, diz o dermatologista. Quanto aos resultados

da pesquisa, de todos os alunos envolvidos, apenas 8 disseram ter

o hábito de usar o protetor solar, 61 afirmaram usar raramente e o restante respondeu que não usa a proteção. Este resultado vem reforçar um levantamento feito em 4 farmácias de Viçosa, onde os gerentes afirmaram vender uma média de 16 frascos de protetor solar ao mês, uma quantidade pequena considerando uma cidade com a população de Viçosa. E não adianta pensar que é apenas a exposição direta ao sol que traz danos à saúde da pele. Dermatologistas alertam que tanto em dias nublados, quanto em sombras, os raios solares são refletidos e nos atingem. Você, leitor, que optou por ler esta matéria, deve avaliar se seu comportamento previne problemas de pele. Para constar: segundo a Organização Mundial de Saúde, todo ano são registrados cerca de 2 milhões e 132 mil casos de câncer de pele no mundo.

Tempo de escolha, de descoberta, de incertezas AGNALDO MONTESSO

países do “Terceiro Mundo”. O professor da UFV, após se formar, aos 20 anos, passou dois anos de sua vida no México em comuni-

naldo Muniz viveu em Cuba em um período denominado por ele de parte idealista da Revolução Cubana. Reinaldo ressaltou a sua

dades carentes, aumentando ainda mais seu interesse pela cultura latino americana, que ele descobriu quando era jovem no bairro do Brooklin, com os imigrantes costa-riquenhos. Já o coreógrafo Rei-

educação, que naquela época era feita com os melhores professores do mundo em cada área. A mãe de Muniz ficou sabendo da recém lançada Escola de Artes de Cuba e o fez estudar Dança, mesmo contra a vontade do filho, que hoje sente saudades dos seis anos que

Reprodução

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Há momentos da vida de cada pessoa que são pontos de parada e reflexão. Uns desses primeiros pontos é a juventude, a passagem da infância para a chamada “maioridade”, que implica em muitos deveres. Os jovens, muitas vezes, têm que escolher um caminho. A série de transformações e conflitos é enorme. Os hormônios estão à flor da pele. Quem não passou ou está passando por essa fase? E como ela acontece se vivêssemos em um país diferente, como cultura completamente distinta, em outra época? O sociólogo Franklin Rothman viveu a infância e juventude em Nova York, nos EUA, em um grande ambiente de idealismo em seu país devido à Guerra do Vietnã. Por isso, participou do Peace Corps, que foi idealizado pelo então presidente John Kennedy, para solucionar os problemas dos

passou naquela escola e que o ajudaram a quebrar o seu preconceito e o alheio em relação a essa arte. Viny Chen, dona de uma pastelaria em Viçosa, nasceu em Hong Kong na China. Deixou seu país há 9 anos, para fugir da pobreza que assola o seu povo, mesmo com o grande crescimento econômico, que se verifica principalmente na capital, Pequim. Seu maior sonho é fazer Direito, mas que ainda não foi realizado por causa do sistema muito fechado do seu antigo país, que não permite que a maioria das pessoas escolha seus rumos, e pelo ritmo de trabalho que ela enfrenta no Brasil. Os traços da cultura de cada país e da geração que cada um viveu estão marcados no destino de cada um. Marcas que cada um de nós leva, pelas oportunidades e experiências que vivemos e que ainda vamos viver.


(( comportamento ))

O Desafio do relacionamento entre Pais e Filhos Adriene Madureira Pires “essa geração de novos pais pósditadura nem sempre consegue

desvios de comportamento pela grande flexibilidade dos pais na educação. Chico Cavalcante

acertar os trilhos no equilíbrio entre liberdade e autoridade”. O que mais acontece são

Mas ainda existem resquícios da autoridade do passado. Será mesmo que essa

Gêmeos – a questão da individualidade ANA MARIA PEREIRA Os gêmeos são muitas vezes retratados como antagonistas. Se um é bom, o outro é mau; se um constrói, o outro destrói. Para aqueles que nascem de um mesmo óvulo e, portanto, com características físicas externas muito semelhantes, a afirmação da individualidade fica ainda mais

difícil, principalmente quando os pais e a sociedade que os cerca sobrecarregam esta semelhança, vestindo-os com roupas idênticas e criando expectativas de comportamento. “Irmãs Michele” ou “Micheline e Michele”, assim são chamadas por aquelas pessoas que não conseguem notar nenhuma Montagem: Ana Maria Pereira

diferença física nas gêmeas. Michele é estudante de História, mesmo curso pretendido pela irmã, mas afirma que “compartilhar idéias é uma coisa que não me faz igual a minha irmã, somos ligadas sim, mas cada uma sabe o que deseja”.Assim é a maioria dos irmãos gêmeos. Parecidos por fora, mas, bem diferentes por dentro. Para essas pessoas é fundamental que sejam vistas como pessoas únicas com personalidades e atitudes diferentes. A psicóloga Grasiela Gomide diz que “a família tem que trabalhar no desenvolvimento da personalidade da criança separadamente”. Ela afirma também que “pelo fato de essas crianças serem muito ligadas, elas acabam gerando expectativas umas sobre a outra, o que pode gerar um grande conflito”.

relação está aberta ao dialogo? Para o estudante Lucas Oliveira sua relação com os pais é boa. Ele acha o dialogo importante, apesar de não conversar com os pais sobre os assuntos polêmicos e ter se informado sobre eles com a internet, amigos e televisão. Adriene Pires ressalta a importância do dialogo nas relações entre pais e filhos, mesmo que seja difícil. A abertura na relação para os filhos é algo saudável para a sociedade e aos poucos as famílias encontrarão a melhor maneira de educar as crianças, entre erros e acertos.

Sinal verde para as escolas SABRINA AREIAS

Ilustração: Pato Domingues

FERNANDA COUTO A dificuldade que existe no relacionamento entre pais e filhos é algo que acontece em todas as famílias, por mais abertos que os pais sejam. É o novo convivendo com o velho. Esse conflito já foi mais difícil de resolver, quando a sociedade era mais rígida. Agora é a vez do dialogo, de maior liberdade e cumplicidade. No entanto, com essa liberdade vem a falta de limites. Atualmente o maior desafio dos pais é encontrar o equilíbrio. Para o pai Milton Mendes “tem que haver o bom senso. Reconhecer quando está errado como eu mesmo já reconheci em várias ocasiões”. Ele conta que quando era mais jovem havia restrições do tipo “homem de cabelo grande não pode”. Milton passou pela fase de transição entre a educação autoritária e maior liberdade para os filhos. Segundo a psicóloga

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicou, no início do ano, uma resolução permitindo que as escolas públicas ou particulares do ensino médio possam oferecer aulas teóricas de trânsito para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O curso deverá ter 90 horas-aula e ser dado na forma de atividade extracurricular para os alunos que se interessarem. As aulas terão que ser ministradas por instrutores cadastrados no Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), sendo oferecidas durante todo o ensino médio ou apenas nos dois últimos anos. Para o Denatran, essa resolução irá garantir para você, estudante, um maior conhecimento sobre comportamentos éticos e seguros no trânsito. Além disso, as aulas em escolas públicas serão gratuitas. Como um dos problemas para se tirar a carteira é o dinheiro, com a medida do Contran será possível economizar em torno de R$ 70,00, valor pago pelas aulas de legislação nas auto-escolas de Viçosa.

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(( meio ambiente� ))

Alternativas valorizam saúde e bolso de agricultores JOSÉ TARCÍSIO Você sabe qual a semelhança entre a agricultura, a mineração, a construção e a pesca comercial? Apesar de serem atividades importantes para o homem, estamos falando das quatro atividades que mais matam no mundo, segundo a Organização Internacional do Trabalho. Na agricultura, o agrotóxico é um dos principais responsáveis por essa situação. Conscientes da importância de novas maneiras de cultivo, alguns órgãos se dedicam a estudar métodos que possam diminuir os efeitos desses produtos. Localizado no bairro Violeira, o Centro de Tecnologias Alternativas (CTA) se dedica a pesquisar e ampliar o conhecimento de atividades realizadas através da agroecologia. Os benefícios desses métodos alternativos são

explicados pelo engenheiro agrônomo Breno de Melo, que faz parte dessa associação: “Além de não comprar estes produtos na

loja, que são um veneno, evitando o uso de agrotóxicos, o meio ambiente será beneficiado. Então você estará favorecendo os recursos naturais”, garante. Como exemplo de recurso alternativo, Bruno cita a importância da integração do sistema. Esse sistema se daria pela inclusão, no mesmo local da cultura a qual se deseja plantar, de animais e do próprio homem. Deste modo, se afeta também o meio social, pois a família do agricultor atuará como mão-de-obra, e a inclusão de animais irá ajudar a prevenir a invasão de pragas no sistema produtivo. Assim, haverá uma redução nos gastos destinados aos defensivos agrícolas, um aumento na qualidade da plantação, além do ganho na saúde dos agricultores e futuros consumidores. Uma das regiões que adaptaram seus cultivos para métodos

alternativos faz parte do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Araponga, que tem um grande destaque na produção cafeeira nacional. Neide Leal, agricultora e membro do sindicato, já conseguiu ver na prática o resultado das medidas defendidas pelo CTA: “O pessoal daqui que cultivou o café sem uso de agrotóxicos conseguiu vender para cooperativas do sul de Minas por um preço bem mais caro que o normal. Acaba tendo um avanço até no valor da produção” diz ela com orgulho.

Separando o lixo que não é lixo MANUELLA REZENDE

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Vermelho, azul, verde e amarelo. Não, eu não estou falando sobre a bandeira de nenhum país. Na verdade, essas são as cores que representam a coleta seletiva: vermelho para plástico, azul para papel, verde para vidro e amarelo para metal. Coleta seletiva é o recolhimento, em separado, de materiais que podem ser reutilizados. Papéis, vidros, latinhas e garrafas pet são alguns dos produtos que devem ser separados do chamado lixo orgânico (restos de carnes, verduras etc., que são levados para os aterros sanitários). Tendo em vista a enorme e ainda crescente quantidade de lixo produzido pelo homem, a coleta seletiva surge como um processo extremamente importante cujos ganhos

vão além do ambiental, sendo também econômicos e sociais. Conservação do solo, manutenção da cidade limpa, prevenção de enchentes e geração de renda pela venda dos recicláveis são exemplos dos benefícios proporcionados pela coleta seletiva. Em Viçosa, desde 1995 existe o projeto Reciclar que conta com a participação voluntária de alunos, professores e funcionários da UFV. A área de atuação é o campus da Universidade, mas a coleta também é feita em outros pontos da cidade quando solicitada. Em agosto do ano passado, entrou em vigor uma lei que estabelece a coleta seletiva dentro das Escolas Municipais, e agora existe um projeto, ainda em fase de estruturação, de implantar a coleta seletiva em todo o município.

Segundo Edivânia Evangelista, funcionária da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o projeto será realizado em uma parceria entre a prefeitura e a UFV, e inicialmente atingirá três bairros, ainda não definidos. Depois se estenderá para os demais bairros. Essas iniciativas, no entanto, acabam esbarrando em um mesmo problema: a falta de consciência da população. A cultura do desperdício está mesmo atrelada à sociedade. Para ten-

tar minimizar esse fator, todos os projetos mencionados buscam promover a educação, mas isso também tem que partir de cada um. A coleta seletiva é assim, uma lição de cidadania.


(( meio ambiente))

Cresce preocupação com o uso de sacolas plásticas FELIPE MENICUCCI É muito comum ir ao mercado, padaria ou verdurão e voltar cheio de sacolas. A maioria delas vai para o “Puxa-saco”, outras servem de forro para as lixeiras da casa, e muitas são desperdiçadas. As sacolinhas plásticas, inventadas no século XIX, chegaram ao Brasil na década de 80, mas só agora as pessoas começam

a perceber que o excesso delas causa danos ao Meio Ambiente. Num grande supermercado da cidade, por exemplo, são consumidas cerca de 15 mil sacolinhas por dia. Mas de que essas sacolas são feitas, e por que elas são prejudiciais à natureza? Para começar, o material utilizado na confecção das sacolas é o petróleo, substância não renovável e que já falta no planeta. E ainda, a decomposição dos saquinhos é lenta. Um

parente seu, daqui a 300 anos, vai se deparar com a sacola que você usou hoje. No Brasil, são jogadas no lixo cerca de 100 bilhões de sacolas plásticas por ano. Isso corresponde a 9,7% de todo o lixo produzido no país. Para tentar diminuir esse número e colaborar com a preservação ambiental, vários supermercados da cidade começam a fazer sua parte. Em um deles, as sacolas serão substituídas em breve por outras feitas com material biodegradável e que demora menos para se decompor. A Chefe do Departamento de Meio Ambiente de Vi-

çosa, Edivânia Rosa, dá algumas dicas simples para evitar o uso dos saquinhos. Ela sugere que cada um leve sua própria sacola quando for fazer compras, ou então pedir caixas de papelão para transportar os produtos. “É possível continuar tendo conforto e minimizar ao máximo a agressão ao Meio Ambiente. É só cada um fazer a sua parte”, explica. As sacolinhas plásticas são, realmente, muito práticas. Mas é preciso ter consciência dos danos que elas causam e da importância em se cuidar do Meio Ambiente. Do contrário, aquele parente seu, de daqui a 300 anos, vai ter problemas.

Rede de esgoto não é lata de lixo

SAVANA BRITO

Ilustração: Tim Gouveia

Entre o mar e o sertão DÉBORA ANTUNES Fortes tempestades ou a terra seca, rachada pelo sol. Os dois fenômenos parecem até opostos, no entanto, ambos podem ser efeitos de uma mesma causa: o aquecimento global. Ao contrário dos filmes de ficção que profetizam o fim do mundo, o aumento da temperatura da Terra é algo real e suas conseqüências chegam a ser tão drásticas quanto nos filmes.

O aquecimento global tem a sua origem nas atividades humanas que liberam gases poluentes na atmosfera terrestre. Estas emissões acabam por reforçar o efeito estufa (que por si só é natural) fazendo com que ele se torne nocivo já que os poluentes prendem o calor na Terra, aumentando sua temperatura. Como efeitos desse aumento temos o derretimento das geleiras e a conseqüente elevação

Onde você jogou o papel da bala que consumiu hoje? Era tão pequeno que não ia fazer diferença se você o jogasse em qualquer lugar não é? ERRADO! É exatamente esse tipo de atitude que provoca grandes problemas nas redes de esgotos municipais. Essas redes são projetadas para receber apenas o volume dos esgotos e conduzir somente substâncias líquidas. O papel da sua bala, somado ao de tantas outras pessoas que pensam da mesma maneira, é o grande inimigo da sua cidade e pode estar provocando enormes transtornos como alagamentos e mau cheiro. O lixo e a água da chuva são os maiores inimigos de esgotos. Cada vez que se deposita algum tipo de material sólido nos

esgotos acaba-se por comprometer o bom funcionamento das redes. Os materiais sólidos entopem a rede, jogando os dejetos na superfície e trazendo riscos de doenças. O chefe do Serviço de Água e Esgoto do município de Viçosa (SAAE), Engenheiro Sânzio Borges, alerta que o uso correto da rede depende realmente de que as pessoas não depositem nenhum tipo de lixo sólido nos encanamentos domésticos, vias públicas e bueiros. Viu como é fácil usar corretamente a rede de esgotos? Seu bom funcionamento está relacionado, em grande parte, ao uso correto. Portanto, não jogue lixo sólido no esgoto, para isso existem latas de lixo. Lembre-se: no esgoto, só líquidos!

dos oceanos. Assim, de um lado, cidades inteiras poderão ser alagadas e, por outro lado, algumas regiões sofrerão com a escassez de água, impossibilitando a produção de alimentos. Além das mudanças climáticas, o aquecimento global ainda pode fazer com que doenças já controladas voltem a surgir, é o que alerta o pesquisador Luís Cláudio Costa. Porém, ele também afirma que o processo é reversível, basta

uma mudança da postura humana diante dos problemas ecológicos. Agora que você sabe dos efeitos do aquecimento global pode contribuir para a sua redução tomando algumas medidas muito simples: economize energia elétrica, evite a utilização de produtos feitos a partir do petróleo, como as sacolas plásticas, recicle o seu lixo e, principalmente, ajude na conscientização das pessoas para este problema.

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(( ciência e tecnologia ))

Os riscos da alimentação artificial VAGNER RIBEIRO

Montagem: Vagner Ribeiro

Antiumectante, acidulante, flavorizante, antioxidante, edulcorante, estabilizante. Você faz idéia do que sejam esses termos? Saiba que toda vez que você chupa uma bala, masca chiclete ou toma um refrigerante, acaba ingerindo grande parte desses produtos de nomes esquisitos. Essas substâncias são os aditivos sintéticos. Elas são produzidas em laboratórios pelas indústrias de alimentos. Sua função é a de alterar odor, sabor, coloração entre outras características, sem que isso altere seu valor nutritivo; além de serem fundamentais para o armazenamento de determinados produtos. Alguns aditivos são tão comuns em nossa alimentação que nem mesmo se percebe o risco que se corre ao consumi-los em excesso. É o caso dos adoçantes artificiais e açúcares que podem

provocar, entre outros problemas, a diabetes, a obesidade e algumas mudanças bruscas de comportamento. “Estudos apontam para a possibilidade de que o uso regular de certos aditivos, poderia contribuir, a longo prazo, para o surgimento ou agravamento de hipertensão arterial, alergias, problemas cardíacos, hiperatividade em crianças e até mesmo câncer”, explica a nutricionista Carla Regina da Silva. O gosto e a aparência, na maioria das vezes, são tentadores, mas nesse caso vale a velha máxima que diz que “é a dose que faz o veneno”. Então, dê preferência aos alimentos in natura e se não resistir às guloseimas, aprecie com moderação. Consulte a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (Taco) no site do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br

A evolução que anda no seu bolso JOSÉLLIO CARVALHO era fácil de arranhar ou danificar, e a cobertura magnética desbotava quando o cassete era usado. A primeira versão dos atuais MP3 players surgiu em 1997 e sua capacidade de armazenamento de dados era o equivalente a dois CDs. De acordo com o comerciante Venceslau Barbosa, esses aparelhos são os mais vendidos em sua loja. “As pessoas compram os players porque eles são muito fáceis de carregar e usar. Na nova geração, os MP5 têm tela para assistir vídeos e já tiram fotos”, explica Venceslau. Os principais usuários dessa tecnologia são os jovens. “Todos os meus arquivos de escola eu coloco neles. Porque se meu computador falhar, eu tenho cópia de tudo. E como eu viajo muito, gosto de escutar várias músicas para passar o tempo”, comenta Mariana de Santis, estudante do 3º ano do

Joséllio Carvalho

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Se hoje você guarda seus arquivos de computador em um aparelho que cabe na palma de sua mão e ainda ouve suas músicas preferidas, saiba que isso era impossível há 30 anos. Naquela época, não havia nem computador. Seu pai escutava músicas em um walkman, que era um tocador portátil de fitas cassetes. Se você não sabe o que é uma fita cassete, vamos te explicar o que é isso. É um tipo de gravação de áudio lançado em 1963. Ela armazenava sons em um rolo de fita magnética e todo seu mecanismo de movimento se encontrava numa caixa plástica de 10 cm X 7 cm, facilitando o manuseio e a utilização. Esse sistema permitia escutar qualquer parte de uma determinada música, sem ter de rebobinar a fita por completo. Porém, não eram muito confiáveis: a superfície da fita

Os mais novos aparelhos de MP3 chegam até 4 gigabytes, os MP4 já passam de 60 Gb

ensino médio do Colégio Carmo. O antigo walkman já saiu de linha há muito tempo. O que ficou foram as idéias de liberdade e versatilidade, muito

bem incorporadas pelos modernos aparelhos de MP3 players. Venceslau afirma que “isso é uma coisa que nunca vai parar de evoluir”. O walkman que o diga.


(( ciência e tecnologia))

Nintendo revoluciona tratamentos médicos PABLO PEREIRA

tas vezes dificulta a reabilitação. “O conceito social sempre foi a de um garoto em um quarto escuro jogando sozinho por horas. Agora, ao invés de apertar botões de forma viciada e repetitiva, pessoas de todas as idades são convidadas a se levantar do sofá e jogar de uma maneira mais fácil e intuitiva”, explica o fisioterapeuta Daniel Feisar. Ele alerta apenas para o tempo de jogo, que pode causar algumas dores e inflamações se realizado de maneira exagerada. Um estudo feito por pesquisadores na Inglaterra comprovou que o uso regular do Nintendo Wii pode queimar até 1.830 calorias por semana (o equivalente a quase 4 Big Mac’s). Chegou a oportunidade que você esperava de provar para sua mãe que jogar videogame também pode ser algo bem saudável e produtivo. E aí, vai perder essa chance? Pablo Pereira

tudo mais verdadeiro. “A gente terapêuticos em pacientes com Provavelmente sua mãe já cha- se sente tão preso ao jogo que age derrames e lesões cerebrais, com mou sua atenção porque você fica como se estivesse lá dentro. Pa- a função de estimular a fisioterao dia todo jogando videogame rece que tudo está ocorrendo na pia dos pacientes. sem praticar nenhuma ativida- sala da sua casa”, afirma Valdir. De acordo com os méde física. Em alguns países, já dicos, os processos de tratamento Pois essa idéia de se- existem alguns experimentos que dessas doenças são muito descondentarismo ligado aos games utilizam o Nintendo Wii para fins fortáveis e dolorosos, o que muiestá com os dias contados e o culpado disso tem nome e sobrenome: Nintendo Wii. O mais novo produto da Nintendo combina a diversão dos jogos com a prática de exercícios e vem revolucionando o ramo dos games pela sua interatividade. Com controles sem fio, o jogo faz com que o usuário se movimente durante os jogos e reproduz na tela todas as ações do jogador. Para Valdir Neto, proprietário do Nintendo Wii, trata-se de um jogo extremamente real, pois além de captar os seus movimentos, ele conta com um sistema de vibração e alto-falantes que tornam O Wii Sports exige muita movimentação dos membros, são várias modalidades, como a luta de boxe

O que só a genética explica DIEGO ALVES

vore genealógica de uma família, além de possibilitar muitos avanços em testes de DNA, inseminação artificial e clonagem humana. Todos esses atrativos fizeram com que Gabriel Medeiros, estudante do ensino médio no Colégio Equipe, se interessasse pelo tema: “O ramo da Genética me desperta muita curiosidade por conseguir esclarecer muitas coisas que grande parte das pessoas gostaria de saber, como a herança genética vinda de nossos pais, além de contribuir em muitas outras áreas”. No Brasil, o campo da Genética já atinge bons níveis em termos de avanços e descobertas, e há muito ainda a ser explorado. Com certeza vale a pena, caro leitor, ler e se interar sobre esse tema. Ilustração: Tim Gouveia

A Genética é um ramo da Biologia que nos últimos anos ganhou espaço nas pesquisas e estudos por todo o mundo, devido às inúmeras descobertas proporcionadas por ela. O Projeto “Genoma Humano”, que possibilitou o mapeamento de todos os genes do ser humano, e o Projeto “Proteoma”, responsável pela identificação de todas as proteínas existentes em nosso organismo, são exemplos de evolução da Engenharia Genética. Apesar de parecer algo muito complexo, a Genética também está ligada a outros assuntos muito mais próximos de nós. É através dela que podemos descobrir as origens e as explicações para as nossas características físicas e mentais. A professora de Ciências da Escola Estadual Effie Rolfs, Lindayane Cardoso, explica que muitas das características do ser humano são hereditárias, ou seja, vindas dos pais. Mas não se pode generalizar, pois todos

possuem as suas particularidades. “Todos nós herdamos muitas coisas de nossos pais e familiares, como cor dos olhos, pele e cabelos, estatura, peso,

além de pré-disposição para doenças como câncer, diabetes e colesterol alto. Mas, além disso, existem as características que são produto da interação entre genótipo, que é a herança genética, e o fenótipo, que sofre influência do meio. É isso que proporciona as particularidades do ser humano”, afirmou Lindayane. A professora ainda relatou que através dos estudos genéticos é possível descobrir a ár-

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(( entrevista� ))

Simples assim TALITA AQUINO

também que, apesar de todos esses conflitos, M.T. não acredita que não ser heterossexual seja causa de infelicidade. “As pessoas sofrem opressões por vários outros motivos, se eu fosse mulher também seria oprimido de uma

que seria mais feliz só por não ser homossexual. Uma coisa não tem a ver com a outra”, afirma. “Apesar de soar utópico, não acredito que a desconstrução dessa opressão seja impossível. Mas eu acho que, primeiramente, as pessoas precisam ter acesso a essa discussão e ao debate que se tem a respeito da homossexualidade. Existe um projeto em Juiz de Fora que visa instruir professores para lidar com alunos adolescentes homossexuais. No ensino, o professor tem que ser preparado para lidar com isso, porque ele não pode ignorar o preconceito e nem fomentá-lo. Antes de qualquer embate contra o preconceito, é preciso preparar a sociedade para desconstruí-lo”, finaliza. Talita Aquino

Não é fácil compreender, aceitar, viver ou discursar sobre ser homossexual. Mas, não porque seja delicado, deixa de ser normal. Assim, com o tom sereno de quem procura entender sinceramente todas as vertentes da questão, M.T., de 20 anos, definiu a homossexualidade como “uma construção natural, como simplesmente ser”. Ele nos conta que, assumidamente homossexual desde os 14 anos, o início de sua compreensão em relação à sua orientação sexual aconteceu da seguinte forma: “Existia a atração, e foi em uma época que eu me relacionava com um círculo de pessoas que questionavam esses tabus, que se permitiam, e eu me senti à vontade, protegido para ver se esta era realmente a minha orientação. Convivendo com essas pessoas eu pude parar e perguntar a mim mesmo: se eu sinto atração, por que eu não posso?”.

Segundo M.T, uma dificuldade grande para os homossexuais é se assumir, mesmo que não tenha sido nenhum bicho-desete-cabeças para ele. “Eu acho que assumir é algo muito mais interior do que como você vai explicitar isso para as pessoas. A partir do momento que eu assumo pra mim que eu sou, a forma como as pessoas vão ficar sabendo disso não é relevante. Por exemplo, algumas pessoas da minha família sabem explicitamente e outras não, mas eu também nunca escondi. Elas simplesmente nunca me perguntaram, então eu nunca falei. Eu não mudo meu comportamento por elas, continuo me comportando como com qualquer outra pessoa”, explica ele. É interessante perceber

outra maneira. Colocar a felicidade como algo que possa estar atrelada à minha orientação sexual é algo que não existe. Não acho

Informação sexual e retrocesso GISELE NISHIYAMA

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OutrOlhar: Você sente algum retrocesso no comportamento dos jovens com a “liberação sexual”? Bouer: O de confundir autonomia com irresponsabilidade. Autonomia é se cuidar e não falta de

limite e responsabilidade. Sinto nos jovens uma ansiedade de experimentar demais. Como podem tudo, é comum irem para uma festa e ficarem com dez pessoas. Isso é muito over (ultrapassado). Estão valorizando a questão da experiência pela ansiedade, pelo físico e se esquecendo de olhar para eles mesmos e saber se vale à pena: será que eu quero? Será que eu gosto? OutrOlhar: Nesses dez anos de experiência, o que evoluiu no adolescente? Bouer: Eles são uma geração mais informada. Não tem aquele tabu de que a menina não podia lavar a cabeça porque estava menstruada, não podia se masturbar porque ia crescer espinha e pêlo na mão. Embora um ou outro adolescente ainda tenha essa dúvida... OutrOlhar: Qual o maior risco

da precocidade sexual? Bouer: Não ter maturidade. Às vezes, você tem acesso à informação, mas não consegue utilizá-la porque é muito novo ou não sabe lidar com ela. É a garota de 15 anos que fica sem graça de falar para o cara de 18 que ela quer que ele use camisinha. Isso ocorre muito por falta de maturidade, insegurança e uma questão de auto-estima. Essas coisas todas dificultam a pessoa de bater o pé e conseguir fazer o que ela que deveria fazer. OutrOlhar: Quais são os principais “segredos” para que um jovem tenha uma boa educação sexual? Bouer: Os “pulos de gato” para trabalhar com eles são dois: au-

tonomia com responsabilidade e redução de danos, que também dá para ser usado em sexualidade. Fez bobagem? Acontece! Bobagem todo mundo faz, de vez em quando rola mesmo. O importante é não continuar a fazer bobagem. Está tudo beleza? Então vamos começar a se cuidar. Reprodução

Jairo Bouer é um psiquiatra muito referenciado no Brasil quando o assunto é sexo, saúde e comportamento. Já passou pela TV Cultura e MTV Brasil. Atualmente tem quadros esporádicos no Fantástico, no Canal Futura, e em diversas rádios brasileiras. Jairo escreve há 12 anos para a Folha de S.Paulo. Seus livros mais famosos são: Álcool, Cigarro e Drogas, Sexo & Cia e O Guia dos Curiosos em parceria com o Jornalista Marcelo Duarte. Leia a seguir, trechos da entrevista concedida por Bauer ao OutrOlhar:

OutrOlhar: Que dica você daria aos pais que querem dar uma boa educação sexual para os filhos? Bouer: A dica para os pais é estarem abertos para a discussão, entender que a sexualidade dos filhos não começa na adolescência. Começa muito atrás. Se os filhos percebem desde cedo que os pais estão abertos, quando chegarem à adolescência, os pais vão conseguir falar melhor.


(( entrevista� ))

O Conto de Dona Chiquinha

LÚCIO ÉRICO

Em um dia de uma semana qualquer, mas com um lindo sol, me perguntava: “Isso não poderia ser o começo de uma das histórias de Dona Chiquinha?”. Uma célebre contadora de história de Viçosa, homenageada pela UNESCO, entrevistada pelo Jô Soares. Dona Chiquinha em seus mais de 65 anos, diz que encontrou nas histórias a alegria de sua vida. Em um bate-papo a nossa contadora falou um pouco mais sobre seus causos, reflexões e opiniões sobre como a leitura é importante na vida de todos.

OutrOlhar: Por quê a Senhora começou a contar histórias? Dona Chiquinha: Eu tinha uma salão de massagem que quando fechou cheguei ao fundo do poço. Até que por sorte em 1994, fiz um curso da Biblioteca Nacional para contar histórias. Minha vida mudou fez um giro de 180 graus. A história me deu uma nova vida, cheia de alegria. OutrOlhar: Você cria as suas histórias? Dona Chiquinha: Não, o que eu conto são histórias que eu leio de autores de livros. Eu não conto nenhuma história

que eu ouvi, porque não é interessante contar algo que alguém já falou. Eu procuro algo que nunca foi narrado, por isso eu leio, para trazer algo novo aos ouvidos. O negócio é chamar a atenção e incentivar o jovem que me ouviu a ir à biblioteca e procurar novas histórias lá. OutrOlhar: Por quê as pessoas gostam das suas histórias? Dona Chiquinha: Eu acho que transmito alegria e ilusão, deixando uma ótima recordação para vida. Acho que é por isso que as pessoas gostam quando eu conto histórias. OutrOlhar: A senhora já pensou em escrever um livro? Dona Chiquinha: Vontade eu tenho, mas o que me falta é

tempo, mal consigo me sentar (risos). OutrOlhar: Qual mensagem que você tem aos nossos jovens leitores? Dona Chiquinha: Não há outro caminho se não for a leitura. Teve um dia que ouvi um amigo falar que é mais importante ler do que estudar. Eu assustei, mas depois ele me explicou que quem não lê não estuda. Hoje eu concordo com ele. Quem não estuda não tem mais espaço no mercado de trabalho, não tem cultura, e não sabe o que conversar. O jovem que lê ocupa mais o tempo, consegue escolher melhor entre o certo e o errado. A leitura é uma ferramenta que traz para a sociedade sabedoria, paz e consciência do nosso país.

A importância das avaliações no ensino brasileiro BÁRBARA GEGENHEIMER

OutrOlhar: O que é o Sistema de Ciclos de Aprendizagem e o que ele modifica no processo da educação? Roseli: O Sistema de Ciclos de Aprendizagem, previsto pela LDBEN, propõe a partir da 1ª até a

4ª série uma nova metodologia de avaliação, que se baseia em diagnósticos dos alunos feitos pelos professores. No caso, o professor avalia se o aluno alcançou o objetivo da série a partir de conceitos A, B, C ou D. Por mais que o aluno não tenha alcançado o objetivo, ele é aprovado automaticamente. Somente a partir da 5ª série existe o que chamamos de “dependência”, que é uma chance de o aluno repetir uma matéria da série anterior, o qual ele não alcançou o objetivo estabelecido pela disciplina. OutrOlhar: Como procedeu a adoção dessas mudanças educacionais aqui em Voçosa? Roseli: Em Viçosa houve resistência na adoção desse sistema, optamos por não aceitar, mas em outros municípios de Minas e na rede Estadual a adoção aconteceu de “cima para baixo”, pois houve

uma preocupação em eliminar a se transformando numa “bola de reprovação escolar, mas não hou- neve”, tendendo a piorar a cada ve uma estrutura mínima de ensi- avanço de conteúdo da turma no viável para a aplicação desse que o aluno com problemas de novo sisdependência tema sem não consegue prejudicar acompanhar. o aprendiIsso gera uma zado. Por série de proisso, houblemas tanto ve várias psicológicos, críticas por por exemplo, parte dos a rebeldia, o professo- Roseli: Acúmulo de dúvidas vira uma bola de neve complexo de res e diretores, que contestaram inferioridade etc., quanto famia visão da aprovação automática liares. A partir da 5ª série vários dos alunos. professores ministram as aulas, modificando a relação de interOutrOlhar: Quais são as princi- disciplinaridade e a atenção que pais dificuldades de adaptação existia até então com apenas um encontradas pelo aluno quando professor para todas as matérias. há a modificação no sistema de A relação aluno-professor acaba avaliação e passa a se cobrar o se tornando mais complicada e seu rendimento? distante, o que implica num maior Roseli: O acúmulo de dúvidas e desinteresse dos alunos numa redefasagens no aprendizado acaba cuperação do aprendizado. Bárbara Gegenheimer

Já parou para pensar como funciona a sua escola? Ou melhor, já se perguntou por que você é avaliado? Muitos alunos não gostam de provas, trabalhos, notas vermelhas e muito menos ter que repetir o ano. A pedagoga Roseli de Castro é formada pela Universidade Federal de Viçosa e trabalha na Secretaria Municipal de Educação. Ela nos contou um pouco mais sobre como funcionam as nossas escolas. E mais, como a exigência de um bom rendimento do aluno pode ser essencial para uma melhor qualidade de ensino.

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(( esporte� ))

Movimentos harmônicos que encantam Brincando com os pés na rua PAULA CHAVES

algo desconhecido foi mágico, achávamos lindo”, afirma. Para as meninas que se interessam pelo esporte, saibam que ele pode ser praticado gratuitamente aqui em Viçosa. O projeto social, “Bom de nota, bom de bola”, em parceria com a Prefeitura, inclui a modalidade Ginástica Rítmica. As aulas acontecem na Praça de Esporte Municipal, nas segundas, terças e quartasfeiras, pela manhã e pela tarde. Podem participar as alunas de escola pública que tiverem entre 10 e 17 anos. As inscrições devem ser feitas pelos pais ou pelo responsável na Secretaria de Cultura. Ilustração: Tim Gouveia

As Olimpíadas de Pequim estão chegando e é um bom momento para se informar sobre aqueles esportes que muitas vezes só vemos pela TV. Um desses esportes, de pouca projeção no país, é a Ginástica Rítmica. O esporte envolve arte e ritmo e é praticado somente por mulheres. Tem como base um conjunto de movimentos corporais, executados com expressividade. Alguns deles são obrigatórios, como por exemplo, saltar, equilibrar e girar. Também podem ser utilizados objetos nas apresentações, como bola, arco e corda. Para praticar a Ginástica Rítmica é necessário que a esportista tenha flexibilidade, equilíbrio, coordenação, agilidade, ritmo e resistência muscular. Em uma competição as ginastas podem concorrer individualmente ou em conjunto. Os exercícios são feitos em um espaço de tamanho predeterminado para que possam

ser vistos, apreciados e avaliados. Essa avaliação é feita por árbitros licenciados de acordo com o Código de Pontuação. A Ginástica Rítmica exige muita dedicação das atletas, mas todo esse esforço compensa, pois proporciona ao público um espetáculo com muita graciosidade e harmonia entre movimento e música. A aluna de Educação Física da UFV, Gizele Arruda, faz parte de um grupo de Ginástica Rítmica formado por ela e mais duas amigas, que juntas montam coreografias e fazem as apresentações artísticas. Ela se maravilhou com o esporte desde o início: “O primeiro contato com

Corpo sentado, circulação parada ZANA FERREIRA

Zana Ferreira

Para A estudante do COLUos alunos NI Samara Andrade não preguiçosos consegue correr 100 mede Marli e tros sem ficar ofegante e de tantos sentir dor nos músculos. outros pro A razão dessa fessores, dificuldade se encontra o médico na falta do hábito de praJúlio Cota ticar exercícios físicos. adverte: Se, assim como Samara, sedentarisvocê também não possui mo faz mal o costume de se exercià saúde. tar, é melhor ficar atento Exercícios para possíveis prejuízos freqüentes que isso pode causar. têm o poder Samara pratica educação de melhorar Pessoas sedentárias perdem sua saúde e oportunidades de se divertirem física uma vez por semana, a atividade mas que fique bem claro que faz ou de ficar sujas e suadas. Atual- circulatória, levando mais oxigêmente, Marli não só coordena as nio ao coração, cérebro e múscuisso porque é obrigada. Da mesma forma que atividades do corpo, mas também los. Além disso, previnem o apaela, muitos outros adolescentes da mente. Em aulas teóricas, ela recimento de hipertensão arterial, não gostam e evitam ao máximo debate com os alunos a importân- diabetes e osteoporose e combaesses exercícios. A professora da cia das atividades corporais e seus tem a obesidade e a asma. “Os disciplina na escola Effie Rolfs, benefícios. “Mas essa conscienti- jovens de hoje ficam muito tempo Marli Júlio, explica que geral- zação não é imediata, alguns alu- sentados em frente à televisão e mente são as meninas que mais nos até entendem a importância de ao computador. É preciso gastar escapam, usando como descul- praticar exercícios, mas não estão calorias”, lembra ele. Então, se pas o medo de quebrar as unhas dispostos a praticá-los”, admite. você ainda está sentado, mexa-se!

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FERNANDA MENDES Ladrão de um lado, polícia de outro e uma cadeia no meio. O que você acabou de ler não é uma notícia policial, mas sim uma brincadeira infantil chamada polícia e ladrão. Pique-esconde, queimada, amarelinha e rouba-bandeira são outros exemplos desse tipo de diversão. Na era do vídeo-game, do computador e da violência, esses jogos estão perdendo espaço para a segurança do lar. Além de divertir, as brincadeiras de rua ajudam no aprendizado das crianças. Estes jogos representam um fenômeno da cultura brasileira indispensável para que a criança conheça e reconheça a realidade em que vive com suas relações sociais, sua simbologia e seus valores.

Na era do vídeo-game, do computador e da violência, os jogos de rua estão perdendo espaço para a segurança do lar

Vale lembrar que é importante não confundir esporte com brincadeira de rua, pois cada um tem seu valor e nenhum é melhor do que o outro. No entanto, é muito mais fácil para uma criança ativa que participa de jogos de rua se interessar por esportes no futuro. É o caso da estudante do 2º ano do Colégio Anglo, Danielle Ramos, que quando criança brincava na rua e isso a fez se interessar por esportes. Agora ela participa do time de basquete em campeonatos interescolares. Jogar vídeo game ou brincar no computador também é muito divertido, mas tudo tem sua hora e seu lugar. O melhor é conciliar os jogos eletrônicos com as brincadeiras de rua, sem deixar que a tecnologia acabe com as tradições.


(( esporte� ))

Apito final: o dono do jogo SAMIRA CALAIS

fazendo com que os atletas respeitem sua posição. Arbitrar não é

só ter conhecimento de regra, mas também habilidade e atitude. Samira Calais

Quem nunca xingou o juiz enquanto assistia ao final do campeonato em que seu time lutava pelo título? Mas por trás da paixão do torcedor pelo clube do coração, há um profissional sério e preparado, que tem como função mediar um jogo de futebol. O árbitro é popularmente conhecido como juiz justamente por “comandar” o jogo e ele, assim como um juiz de tribunal, tem que tomar decisões sobre determinadas situações. Só há uma diferença: essa decisão deve ser tomada em apenas alguns segundos. O professor Próspero Paoli, especialista em futebol e arbitragem, conta que a boa partida do juiz acontece quando ele não aparece: “Diferente dos jogadores, o árbitro é bom quando não tenta ser o foco, se destacar mais que os atletas”. Muitas vezes esses pro-

fissionais passam por situações inusitadas. O formador e preparador de árbitros da Associação de Árbitros de Viçosa, Flávio Roberto, afirma que situações sérias e polêmicas sempre acontecem nos jogos em que ele apita no município e região. Certa vez, Flávio deixou de aplicar cartão vermelho em um jogador porque sabia que corria o risco de ser agredido, pois o jogo acontecia em um lugar muito violento. “Eu tomei uma decisão a favor da minha segurança. Tenho que aceitar as críticas que vieram devido essa escolha”. Em compensação, sempre ocorrem fatos engraçados durante as partidas: “Um jogador veio me falar: olha o tempo seu juiz! Então eu olhei para o céu, olhei para ele e respondi: é, parece que vai chover, né?”. O importante para exercer a ocupação de juiz de futebol é saber se impor dentro do jogo,

O árbitro deve se impor em campo: ser juiz requer muita preparação e disciplina

Disputas nas escolas levam à prática do esporte CAROLINA REIS

sora.

Outra escola que tem torneio interclasse é o COLUNI. A competição recebe o nome de TICO. Os alunos podem participar de mais de uma modalidade e são nos treinos que os titulares são escolhidos. A diferença desse torneio é que as disputas são apenas entre as séries, o que só aumenta a competitividade: “As rivalidades entre as séries é que nos estimulam!”, diz o aluno Vinício Perusso, do 2° ano. Se na sua escola tem torneio interclasse, procure sempre participar. Se não tem, fale com seu professor de Educação Física e, junto com ele, organize um. Exercitar-se é saudável e pode lhe trazer muitas conquistas. Mas atenção! Briga não combina com esporte! Carolina Reis

as premiações. cuidado para que eles sejam estiQue jovem atleta não sonha em A professora do colégio, mulados: “Sempre existe a figura ir para as Olimpíadas, como o Rita Maria Lopes Moreira, vê es- do ídolo, aquele que se destaca nadador Kaio Márcio e a judoca sas competições como uma ma- mais. E é preciso tomar cuidado Edinanci Silva? Mas o que eles neira dos alunos se inspirarem a para que isso não desanime os não sabem é que esses vencedo- praticar esportes. Ela sempre toma outros alunos”, ressalta a profesres começaram nas disputas escolares, como os interclasses. Todo ano, os alunos de alguns colégios esperam ansiosos por essas competições, já que é nesse momento que eles podem mostrar o seu potencial para a prática de um esporte. O colégio ESEDRAT realiza todo ano o interclasse. Os professores dão toda assistência para a realização dos torneios, mas a iniciativa é mesmo dos alunos. Eles próprios se organizam e compram seus uniformes, além de contribuírem com a escola na compra das medalhas para Alunos treinam para garantir um bom desempenho nos jogos interclasses, que acontecem anualmente

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(( entretenimento ))

Aprenda como se virar nos 20 MÁRIO VÍTOR FILHO

assunto em dia, é o que diz Adilson Silva, bibliotecário e professor de Português da escola. Já no Coluni, os alunos aproveitam o horário do recreio de um jeito diferente, mas é claro, “sem abrir mão da diversão”,

Mário Vítor Filho

“Contagem regressiva: 5,4,3,2,1! Bora, já bateu o sinal!” É quase um grito de guerra nas salas de aulas, pois ali começa o esperado horário do intervalo, ou recreio. Tanto faz o nome, pois o que interessa mesmo é o que fazer nesses 20 minutos. Marcelo Gomes, aluno do 1º ano do Ensino Médio da E. E. Effie Rolfs, aproveita o tempo livre para jogar vôlei com os amigos na quadra do colégio. Outro lugar movimentado durante o recreio nessa escola é a biblioteca. Ali, dezenas de alunos lêem revistas em quadrinhos, folheiam livros variados, colocam o Alunos se divertem durante o projeto Quinta Cultural

como eles mesmos fazem questão de dizer. No colégio os alunos podem entrar e sair na hora que quiserem. Mais da metade dos estudantes sai da escola durante o intervalo. “Lanchar, sair com os amigos, ficar andando pela UFV, descontrair” é um hábito confirmado pelos alunos Yasmim de Paiva e Tiago Paoli. A h , mas não é todo dia que o Tiago sai do colégio no intervalo não! Tiago já se apresentou duas vezes na

Quinta Cultural. Esse é o nome do projeto desenvolvido no Coluni em que os alunos fazem apresentações artísticas e culturais nos intervalos às quintas-feiras, como explica Catarina Greco, orientadora educacional da escola. E a galera gosta e participa do projeto. A arena do pátio do Coluni, onde acontecem as apresentações, fica sempre cheia e os shows são sucesso de público. “Com a Quinta Cultural deixamos de ficar andando pela UFV para divertir e prestigiar nossos colegas, quase ninguém sai do colégio” é o que dizem as alunas do 3º ano, Vanessa Nogueira e Thaís Rocha. Elas lamentam o fato de nas escolas em que estudaram anteriormente não haver iniciativas semelhantes.

Tragam a pipoca, a aula vai começar LUCIANA MELO

Ficou para trás o tempo em que era difícil aprender História. Para aqueles que acham que a única forma acessível de aprendizado é a dedicação de várias horas a livros didáticos, saibam que estão muito enganados. Uma das mais interessantes alternativas está nos filmes que narram o passado histórico da humanidade. Fatos importantes e que marcaram épocas, agora se eternizam nos modernos DVD’s: Lutero, Joana D’arc, Carlota Joaquina, Olga, Os Inconfidentes, entre outros grandes sucessos, trazem para as nossas telas muito mais do que

“Não posso, está chovendo” ELOAH MONTEIRO

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Em Viçosa, além de escassas, as opções de lazer geralmente são pagas e voltadas apenas para o público adulto. Entretanto, existem muitas alternativas desconhecidas

lazer, transmitem a história de um modo particular e nem um pouco tediosa.

prática de assistir filmes prazerosa e informativa ao

A abordagem despretensiosa de muitos autores fez com entretenimento e aprendizado se completassem, tornando a

mesmo tempo. A iniciativa de transformar História em filme valoriza nossa cultura e deixa para a posteridade uma herança valiosa, além da certeza de que muitos aconte-

cimentos não se perderão com o tempo. Segundo a professora e pedagoga Ludmylla Bitencourt, ao usarem esse recurso em salas de aula os educadores têm percebido que, ao assistirem os filmes, os estudantes compreendem a história de uma forma natural, tendo assim um complemento atrativo para os livros didáticos que ainda são indispensáveis ao aprendizado. Aos alunos agora sobram alternativas para se sair bem em História, afinal de contas, na era da imagem não é nada mal estudar de forma tão descontraída.

pela maioria dos jovens. Optar pelo lúdico pode representar uma das melhores escapatórias para o ócio que uma chuva indesejada pode causar. Para movimentar um aguaceiro qualquer que possa aparecer e se divertir, o jornal OutrOlhar selecionou uma opção interessante de lazer e entretenimento para você.

PORTA-LÁPIS Quando acaba um rolo de papel higiênico na sua casa, ao invés de jogá-lo fora, você pode confeccionar um porta-lápis. Primeiro enfeite o lado externo do rolo de papelão e um dos lados de uma folha de papel da maneira que quiser e com o material que bem entender. Feito isso, basta colar o lado enfeitado

do recorte em uma das aberturas e terá um porta-lápis belíssimo! Um dia ruim para atividades externas pode ser uma oportunidade e tanto para se divertir num espaço familiar e aconchegante. Então, quando cair a próxima chuva, não se desespere! Abuse da criatividade, da imaginação e aproveite.

veia

u Tim Go


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