ANO 5 | EDIÇÃO Nº 17 | NOVEMBRO 2008 Pedro Nunes
JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - UFV
Campo do Atlético Viçosa perde o maior palco do seu futebol
página 10
Michelly Oda
A redenção pelo trabalho Mãos que constroem, fazem arte e mudam vidas
página 14
Pedro Nunes
A feira é livre
Uma opção de lazer aos sábados na cidade
opinião
meio ambiente
O que muda com a Copa no Brasil página 3
página 5
ciência e tecnologia
Permacultura integra homem e natureza página 9
Quando beijar pode ser perigoso página 7
cultura “Chega de saudade”: a bossa nova está aí! página 13
opinião WWW opinião
AO LEITOR
Um OutrOlhar jornalístico
Um mercado editorial em constante mutação. Um veículo cuja “morte” se anuncia a todo o momento. Por isso, nada mais normal do que a tentativa de renovação e adaptação às novas realidades. Este é um desafio constante para quem escreve para jornal impresso. Conhecer o público, seus gostos, seus anseios e suas expectativas, em termos de informação é um dos caminhos para que se possa pensar em melhorar um produto jornalístico e moldá-lo às preferências do leitor. Com isso, além de atraí-lo, ainda podemos tornar a sua leitura muito mais agradável. Com os adventos da TV (de agora em diante com pretensões interativas), da internet e, com as tendências convergentes de todas as mídias, nada mais importante do que pesquisar, inovar e interagir para atrair e manter-se no gosto do público. Dentro de todos esses detalhes técnicos e constatações, o jornal OutrOlhar circula novamente com a “cara” nova. Está edição está cheia de novidades, inclusive a equipe que o produz. Esperamos que seja do seu gosto, seja do seu agrado. Boa leitura! Joaquim Sucena Lannes Editor
Jornal-laboratório produzido pela turma de 2007 do curso de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa. Endereço: Vila Giannetti, Casa 39, Campus Universitário - 36570-000 Viçosa, MG | Tel: 3899-2878 Reitor: Prof. Luiz Cláudio Costa Diretor do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes Prof. Walmer Faroni
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Entre blogueiros e jornalistas Thiago Araújo
Muitos discutem se a blogosfera exerce ou não um papel jornalístico de qualidade. Para quem ainda não a conhece, ela é o conjunto de todos os blogs existentes na internet. Estima-se que a cada segundo nasce um novo “diário virtual” em algum lugar do planeta. Essa definição de “diário” causa certa confusão na cabeça de algumas pessoas sobre o que realmente é um weblog. Fato: Ele pode – e deve! – ser atualizado diariamente. No entanto, isso não significa que seu conteúdo deve ser restrito a pensamentos ou relatos pessoais. Há mais no mundo dos blogs do que simples “achismos”. Conversei com Edney Souza, dono da rede de blogs mais linkada do país - o Interney Blogs, sobre a credibilidade. Para ele, no jor-
nalismo tradicional ela está ligada ao lugar em que as matérias são publicadas e às pessoas que foram consultadas para escrevê-las. Já a credibilidade de um blog é acumulada pelo tempo que ele existe, pelas pessoas que linka e por aqueles que o linkam. Perceba que não há muita diferença! Uma revista como a Época, mesmo tendo pouco tempo de vida em comparação à Veja, construiu sua credibilidade em paralelo a sua ligação com as Organizações Globo, com a qual está diretamente linkada (a revista é publicada pela Editora Globo). O que falta aos críticos é perceber que a diferença entre o jornalismo tradicional e o bloguístico está muitas vezes no formato de apresentação e não na forma de apuração das informações. O professor de novas mídias da UFV e tam-
bém jornalista, Carlos D’Andréa, concorda comigo. Existem alguns blogs sobre política na internet, como o NovaCorja.org, que são exemplos de práticas jornalísticas (investigação e uma apuração séria dos fatos), coisas que alguns jornais locais aqui da cidade nem se preocupam em fazer. Entretanto, é necessário algo mais, tanto para fazer um bom blog, como qualquer outro veículo de informação. É preciso também ter relevância. É o que defendemos: eu e Tiago Dória, jornalista e consultor de novas mídias, que desde 2003 mantém um site pessoal. Seu blog hoje é leitura obrigatória para outros profissionais da área de comunicação, justamente porque tem sempre algo novo a acrescentar. Para alcançar a tal relevância é necessário fazer um trabalho sério para assim construir o que há
de mais importante para o público: conteúdo inédito e exclusivo. Quem me deu esse toque foi o Alexandre Fugita, um não-jornalista, blogueiro profissional e dono do Techbits, o mais influente blog de tecnologia do país. Escreve bem, com relevância, produzindo seus textos com conteúdo único e sempre com uma qualidade mais alta que vários dos mais celebrados “jornalistas especializados” na área. A possibilidade que qualquer pessoa com acesso regular a rede mundial de computadores tem de criar o seu próprio canal de informação, nunca foi tão real e assusta os jornalistas mais ”puritanos”, que insistem em “achar” argumentos que rapidamente se esvaziam. Não precisamos de “achismos”, precisamos é de mais Fugitas!
Sim, o ranking das universidades vale a pena! Dênny Siviero Como divulgado por grande propaganda em cartazes e placas pela cidade, a Universidade Federal de Viçosa foi considerada esse ano a terceira melhor universidade do Brasil e a primeira de Minas Gerais. Isso é motivo de orgulho para os viçosenses, por terem o nome do município levado para todo o país e também para os universitários que integram a Instituição. Apesar da boa classificação da UFV, temos que levantar uma questão: quais seriam os problemas na avaliação que é feita para a classificação das universidades? Só para esclarecer, essa avaliação é feita com algumas provas para alunos de determinados cursos, ou seja, uma parcela que funciona como uma amostra. Além disso, leva-se em consideração a estrutura física da universidade, os professores e
a qualidade dos recursos didáticos da instituição.
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‘dar nota’ às
universidades pode
servir para extinguir as instituições de baixa qualidade, que só funcionam como ‘lojas de diplomas’. Será que os critérios de avaliação citados são os que devem ser postos em prática mesmo? Em conversa com Layza Queiroz Santos, integrante do DCE (Diretório Central dos Estudantes que representa os alunos na univer-
Coordenadora do Curso de Comuni- Redação cação Social Profª. Soraya Ferreira Alisson Paiva, André Pacheco, André Vince, Bárbara França, Daniel Leite, Editor Chefe Daniela Araújo, Daniela Silva, Dênny Prof. Joaquim Sucena Lannes Sivieiro, Diego Oliveira, Elder BarboMT/RJ-13173 sa, Eloah Monteiro, Éverton Oliveira, Felipe Cardoso, Fernanda Monteiro, Prof. Ernane Rabelo (Interino) Fernanda Pônzio, Fernanda Reis, Fernanda Viegas, Fernando Nardy, Editores Geanini Hackbardt, Jéssica Marçal, André Vince (Entrevista), Daniela Lara Carlette, Lívia Alcântara, Lorena Araújo (Cidade), Dênny Siviero (Opi- Tolomelli, Luan Henriques, Luciana nião), Éverton Oliveira (Esportes), Melo, Luciana Pereira, Luiz de MoraFernanda Viegas (Cultura), Geanini es, Luiz Nemer Neto, Maísa Oliveira, Hackbardt (Comportamento), Maris- Marília Cabral, Mateus dos Santos, Nítela Leão (Fotografia), Nízea Coelho zea Coelho, Oswaldo Botrel, Roselly (Ciência & Tecnologia) e Titina Maia Rodrigues, Samanta Nogueira, Thaís (Meio Ambiente) Castro, Thiago Araújo e Titina Maia
sidade), um ponto que foi levantado é que essa avaliação deveria, no mínimo, levar em conta a questão de instituições públicas de ensino superior ajudar a resolver os problemas que a sociedade à sua volta mais precisa. Carlos Sediyama, ex-reitor da UFV, concorda com isso. Ele pensa que tem que ser avaliado como a instituição atua na comunidade e o que ela faz pela sociedade. Sediyama acredita que deveriam ser analisados os ex-alunos e também os projetos de extensão que são feitos na universidade e realizados na comunidade. É notável que tanto o ex-reitor quanto estudantes pensam que os critérios podem ser diferentes, porém o fato é que eles precisam existir. Como saber se a universidade onde você pretende estudar é boa, sem ter uma resposta? Apesar de
ser no mínimo estranha a idéia de se “dar nota” às universidades, o fato pode servir para extinguir as instituições de baixa qualidade, que só funcionam como “lojas de diplomas”. Os critérios podem até ser modificados com o tempo, já que é um atraso de mentalidade só pensar na universidade como um prédio e um conjunto de professores. Porém o fato principal que precisa ser levado em conta é se a universidade atua em seu meio de forma eficiente e verdadeira, se ela melhora a vida dos seus alunos e da comunidade à sua volta. Por isso as universidades brasileiras deveriam ser avaliadas de forma diferente, mas o importante é que elas sejam avaliadas ao menos de alguma forma, para que, como eu já disse e reforço, as que são ruins desapareçam e as boas melhorem cada vez mais.
Revisão: Daniel Leite, Fernanda Mon- Impressão teiro, Fernanda Viegas, Luan Henri- Divisão Gráfica Universitária ques e Mateus dos Santos Tiragem Fotografia 1500 Exemplares Prof. Responsável: Rodrigo Vaz
Os textos assinados não refletem a opinião da Instituição ou do Curso, Editoria: Maristela Leão, Michelly sendo de inteira responsabilidade de Oda, Pâmera Mattos e Pedro Nunes. seus autores Diagramação: André Pacheco (Comportamento), Daniela Araújo (Opinião e Cultura), Dênny Sivieiro (Ciência e Tecnologia), Fernanda Reis (Entrevista e Esportes) e Thiago Araújo (Cidade e Meio Ambiente)
opinião
opinião A pressão do vestibular Seu Zé vai à Copa do Mundo tes, não está muito preocupada se não passar, e afirma Ouço todos os anos muitas que se isso acontecer, tentará pessoas festejando a conquista mais uma vez no próximo ano. de alguns estudantes por pasAo contrário de Waléria, sarem no vestibular. Claro, é Alexandre Lúcio Soares de um acontecimento marcante Assunção, 21 anos, sabe qual na vida de qualquer um que curso tentar: o de medicina. consegue passar pelo com- Depois de fazer três vestibupetitivo processo de seleção lares, ainda não conseguiu endas universidades brasilei- trar no ensino superior. Para ras, que dispõem poucas va- Alexandre, essa é a carreira gas para muitos concorrentes. que combina com ele e por Não discordo da festividade isso, não vai desistir enquandos familiares e dos amigos to não conseguir sua vaga. quando vêem que o vestibuPor ser um momento muito lando conseguiu um espaço importante para o futuro dos no ensino superior, mas re- estudantes, é normal que haja provo o peso que a sociedade cobranças. Mas como disse, coloca sobre os ombros dos não se pode criar inseguranalunos que prestarão a prova. ça no vestibulando. Se ele se A cobransentir pressioça, que devenado na hora ria funcionar A cobran- da prova, o como um inresultado final que deveria pode ir além centivo, pode ça, acabar se torda reprovação. nando uma funcionar como um Alexandre me forma de pres- incentivo, pode contou o que são que deixa aconteceu com o estudante acabar se tornan- ele: “a primais despreomeira vez que cupado numa do uma forma de não passei no pilha de nerpressão que deixa vestibular foi vos na hora de traumatizante, fazer a prova. o estudante mais o sentimento Isso desestabide incompeliza seu estado d e s p r e o c u p a d o tência apagou psicológico e numa pilha de todos os traleva ao famoços de minha so “branco” na nervos na hora de personalidade, hora de responaté pensei em der a questão fazer a prova. desistir e fazer mais simples. um curso técÉ no período do vestibular nico e ou mudar de carreira”. que muitos adolescentes pasRealmente estudar para os sam por várias dúvidas e di- vestibulares é muito imporficuldades, como qual curso e tante, afinal, eles podem deuniversidade são o melhor para cidir a profissão da sua vida. eles. Dessa forma, é importan- Mesmo assim, devemos ter em te que tanto a família quanto mente que não ser aprovado os próprios amigos tragam não é o fim do mundo, e que tranqüilidade, e não exigên- existem várias outras maneicias por um resultado positivo. ras para se construir um futuA estudante do terceiro ano ro. O medo que os estudantes da Escola Estadual Effie Rol- criam em torno dos procesfs, Waléria Roldão Niquini, 18 sos seletivos das universianos, me disse que não está dades acaba atrapalhando a preparada para enfrentar o eles mesmos. Por isso, tanto vestibular, que ainda não de- o vestibulando, quanto as cidiu qual curso tentar e que pessoas próximas a ele dena hora de fazer as provas, vem tomar c uidado para não sempre fica nervosa. Ela, ao tratarem essa prova como contrário de muitos estudan- “um bicho de sete cabeças”. Luiz Nemer
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André Pacheco
O dono da padaria, a professora de religião, a sua mãe e todo o resto do Brasil já estão carecas de saber que em 2014 nosso país sediará a Copa do Mundo, mas é bem provável que poucos já tenham parado para refletir quais sãos as vantagens e desvantagens do nosso país sediar algo tão grande e importante. Afinal, uma Copa do Mundo não é uma pelada de domingo, e sim um dos eventos esportivos mais badalados e caros do planeta. Você já parou para pensar se realmente é importante montar toda uma estrutura, torrar muito dinheiro e receber milhares de turistas de uma única vez só para carregar o título de “donos da casa”? Você acha que sua vida vai mudar de verdade? De forma franca, tudo vai continuar na mesmice de sem-
pre. Exceto durante a realização do evento, que como de costume, o Brasil vai parar e ficar de olho em cada lance, gol, cartão... Mas depois que os turistas forem embora? O mundo esquecer-se do futebol e todos voltarem a viver suas vidas medíocres? Você vai sentir todas as mudanças feitas? Para muitos, sim. Um monte de gente defende que a Copa do Mundo traz benefícios para o país que a realiza, principalmente em estrutura; um bom exemplo é o Maracanã no Rio de Janeiro. Construído para a Copa de 1950, o estádio (que já ostentou o título de maior do mundo) ficou como um presente para o Brasil e já está em nosso folclore. Mas, não é só de estádios que vive uma Copa. Teremos que investir pesado em uma rede de transportes eficiente; além de serviços básicos
como hospitais, hotéis, áreas de lazer e mais qualquer coisa que você puder imaginar. E de onde vai vir toda essa grana? Parte virá do Governo Federal e outra de empresas privadas, assim como nos PanAmericanos do ano passado. Porém, o Brasil deixou muito a desejar gastando dinheiro em obras desnecessárias e sem nada que fizesse diferença para a cidade do Rio de Janeiro; apenas um amontoado de estádios vazios, obras superfaturadas e um espírito esportivo que não combinam em nada com as verdadeiras necessidades de nosso país. Temos que ter ciência da importância de deixar um pouco de lado aquela euforia instantânea. O Brasil tem sim que investir em tudo que foi citado acima, porém, de forma que realmente valha à pena, independente de usar ou não a camisa da seleção como pretexto.
Novos rumos para o futuro senão o ingresso na universidade Luciana Melo Os cursos técnicos estão se tornando cada vez mais uma boa opção de ingresso no mercado de trabalho. Além de exigir um tempo mais curto para a formação que os cursos de nível superior, o mercado de trabalho vêm se mostrado cada vez mais aberto a estes novos profissionais. A demanda de jovens recém formados saindo das universidades está saturando o mercado, o que já não acontece com aqueles que tem ensino técnico concluído, pois neste caso sobram vagas e faltam candidatos qualificados nas empresas. André Luis Carvalho Mendes é professor de uma escola pública de ensino técnico e ressalta que está se tornando cada vez mais importante a formação diferenciada para aqueles que estão ingressando na vida profissional. Ele acredita que
a tendência desse mercado é crescer ainda mais. Os jovens estão percebendo as vantagens dessa nova oportunidade que vem surgindo e estão começando a se informarem mais sobre o assunto e a demanda nesses cursos já vêm aumentando. Na área de informática, por exemplo, as vagas estão sobrando, Flávia Faria sempre acreditou que cursaria um curso superior, mas assim que completou sua formação no curso técnico de informática foi contratada por uma grande empresa e agora pensa em se especializar na sua área, porém sem seguir os rumos acadêmicos. Já é hora de desmistificarmos afirmações que só o curso superior pode oferecer um bom futuro, novos caminhos estão se formando e quem seguir pelo rumo certo com certeza pode chegar aonde quiser.
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cidade cidade
Diferentes maneiras de ir e vir em Viçosa Maristela Leão
Atenção é a melhor maneira de evitar acidentes em momento de alto tráfego.
Mudanças no trânsito Luan Henriques Andar pelas ruas de Viçosa, de carro ou mesmo a pé, nem sempre é a coisa mais simples. O engarrafamento diário no centro da cidade, a dificuldade em atravessar na faixa, tudo isso é causado por uma má distribuição do fluxo automotivo. É para reparar esses erros estruturais que a Secretaria Municipal de Trânsito trabalha. Uma rua que passa a ser mão única, outra que proíbe o trânsito de veículos de grande porte são exemplos dessas mudanças que auxiliam para uma maior fluidez nas ruas da cidade. E não é pensando apenas nos veículos, para o chefe do Departamento de Segurança, Operação e Fiscalização de Trânsito, Eônio Paulo Pinto, os pedestres também são beneficiados. Até o ato de atravessar a rua é levado em consideração. “É mais fácil atravessar uma rua de mão única.”, afirma Eônio. As mudanças não acontecem de uma hora para a outra. É necessário que um engenheiro de tráfego faça um projeto e que ele seja apresentado e aprovado pelo Conselho Municipal de Trânsito. A função do secretário é o apoio nessa comissão e a apresentação para a Câmara Municipal. É necessário estar atento a tudo isso. Donides Caifa, instrutora em uma auto-escola, dá a dica: é preciso
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ficar atento à sinalização, não só a vertical, que são as placas, mas também a horizontal, que são os canteiros e as faixas pintadas no chão. Embora cause uma certa confusão de início, ela também afirma que essas mudanças auxiliam o trânsito, que é difícil nos horários de pico. O que já mudou? _ A Avenida Bueno Brandão (Balaustre) passou a ser mão única da Praça Emílio Jardim (Mercado Central) até a Praça Mário del Giudice (em frente ao Bradesco) _ Para ir da Praça Mário del Giudice (em frente ao Bradesco) até o Hospital São Sebastião será necessário passar pela rua Prof. Sebastião Lopes Carvalho (Rua dos Bancos) seguida da Praça Marechal Deodoro, da rua Benedito Valadares até a pça. Alice Vaz de Melo Loureiro.
O que vai mudar? _ Rua Conceição será mão única da rua das Estrelas até a esquina com a rua Prefeito Moacir Andrade
Maísa Oliveira
Grande número de bicicletas, motocicletas, ônibus e automóveis movimentam as ruas de Viçosa, carregando significativa parcela da população. Aderir a um desses meios de transporte, ponderando suas vantagens e desvantagens, facilita a vida de pessoas que têm que se deslocar pela cidade diariamente. Uma peculiaridade de Viçosa é o fato de suas ruas não possuírem semáforos, a regra que vale na cidade é o bom senso do motorista que, na maioria das vezes, respeita a faixa de pedestres. Aqueles que se deslocam a pé apontam como pontos positivos o fato da cidade ser pequena, sendo possível ir a diferentes lugares caminhando. Outro benefício é que esta atividade não inclui gastos, o que é de grande relevância para os estudantes. No entanto, a ineficiência da infra-estrutura para pedestres, tais como calçadas estreitas e faixas apagadas, faz com que algumas pessoas optem por outras formas de se locomover.
Com custos de aquisição e manutenção bem inferiores aos de uma moto ou carro, a bicicleta tornou-se a melhor alternativa para os estudantes. Segundo eles, a agilidade desse meio é também um bom motivo para a sua aderência. Mas, ser ciclista em Viçosa não é tão simples quanto parece, “dividir espaço com ônibus, carros e motos às vezes é perigoso”, afirma o estudante Rafael Cunha. Usuários de moto afirmam que esta é uma ótima opção para quem deseja evitar congestionamentos, deslocar-se com maior rapidez e ainda ter gastos com manutenção e gasolina inferiores aos do carro, entretanto alertam para o elevado risco de acidentes que este veículo oferece. Para os que realizam grandes deslocamentos todos os dias e, não sabem dirigir ou não têm acesso a outros tipos de transporte o ônibus é aparentemente o meio mais viável. Porém, o usuário deve se sujeitar às superlotações e às limitações de horários típicos do transporte público.
Embora o carro seja o veículo mais caro, desde a compra até a manutenção, é também o mais confortável. O motorista não tem que enfrentar os problemas do transporte público, não corre riscos tão grandes quanto os ciclistas e motoqueiros e nunca é pego de surpresa por uma chuva inesperada. Motivações como essas fazem com que o número de automóveis da cidade aumente cada vez mais. Segundo informações do site www.brasiliavirtual.info, Viçosa encontrase em quarto lugar no ranking das cidades mineiras com maior relação veículo/habitante, a média é de 4 hab/veículo, bem inferior à estadual que é 7,79 hab/ veículo. Ser pedestre, ciclista, passageiro de ônibus, motoqueiro ou motorista, todas essas são alternativas possíveis na cidade. Limitações e facilidades a parte, nenhum meio de transporte é melhor ou pior que outro, é apenas mais adequado às necessidades do usuário no momento.
Um lugar a mais para contar História
Maristela Leão
Fernando Nardy Viçosa é conhecida por abrigar importantes construções históricas. Entre as mais famosas, estão os museus localizados na Vila Gianetti da UFV e a casa que pertenceu ao ex-presidente da República, Arthur Bernardes. Mantendo essa tradição, a cidade acaba de ganhar mais um espaço interessante. Instalado no último mês de julho no Bairro Vereda do Bosque, o Mosteiro Mãe de Deus abriga sete monjas da Ordem de São Bento. Além de representar um espaço de oração e reflexão, o local pode gerar consideráveis benefícios, do ponto de vista turístico, para o município. “É possível que o mosteiro integre o roteiro de atrações turísticas da cidade por ser um lugar que pode atrair grande número de visitantes”, explica a Madre Rosalina Silva, prioresa do Mosteiro Mãe de Deus. Historicamente, os mosteiros são conhecidos como espaços onde vivem enclausurados os monges. Esses templos existem desde a passagem do terceiro para o quarto século depois de Cristo e tiveram sua origem no Egito. O que muita gente não sabe é que a importância dos mosteiros vai
Mosteiro “Mãe de Deus” é espaço de oração e alternativa de turismo na cidade
muito além do âmbito religioso. Diversas descobertas científicas ocorreram a partir de pesquisas realizadas nesses locais. A contribuição cultural também é imensa, já que muitos mosteiros abrigam bibliotecas históricas contendo grande diversidade de obras. Os acervos são abertos ao público e as pessoas podem consultá-los. Ainda vale ressaltar a importância político-social, pois vários mosteiros investem na formação cultural e política dos cidadãos. O objetivo não é apenas ensinar
Nota da Redação | Prioresa: superior de ordem religiosa; abadessa
Álgebra, Gramática, Filosofia ou outras disciplinas ditas convencionais, mas também politizar as pessoas a fim de torná-las mais conscientes para a vida social. Em Viçosa, o Mosteiro Mãe de Deus está localizado à Rua Roystonea, n° 45, no bairro Vereda do Bosque, no local antigamente conhecido como Castelo da Família Chequer. O espaço é aberto à visitação do público e quem quiser pode participar das missas, grupos de oração e demais atividades realizadas ali diariamente.
cidade
cidade Feira livre viçosense é lazer para todas as idades Lorena Tolomelli Em várias cidades do país, ir a feira livre significa comprar frutas, verduras,legumes e produtos artesanais. Em viçosa, ela acontece na Avenida Santa Rita e além de ser um local de comércio, se apresenta como uma opção de lazer, diversão e turismo. Isso porque é neste local que pessoas de todas as idades se reúnem para conversar e relaxar, depois de uma longa semana. Para quem vê na feira uma oportunidade de trabalho, os lucros obtidos nas vendas podem servir como complementação da renda, permitindo que a economia doméstica não seja comprometida. Com 73 anos, Manoel Iglesias comercializa seus produtos todos os fins de semana. Ele mesmo produz o que levará pra vender, ocupando parte do tempo ocioso deixado pela aposentadoria. Na visão de boa parte dos feirantes, a participação deles vai além do compromisso, é uma satisfação. Rita de Cássia, de 29 anos, adora trabalhar vendendo suas mercadorias e ressalta que fica com saudades caso haja algum problema que a impeça de comparecer aos sábados.
Está em discussão na prefeitura de Viçosa a possibilidade da transferência da feira para a Rua Gomes Barbosa, atrás do Colégio Viçosa. Tal mudança permitiria uma maior organização das barracas e mais conforto a população em geral. Mas com toda a tradição em volta desse costume, é bem provável que a população continue freqüentando-a assiduamente, mesmo estando um pouco mais afastada do centro da cidade. Adélia Campos, vendedora de laticínios e artesanatos, acredita que a feira é um ponto turístico de Viçosa, independente se houver a mudança de local. Ela acredita que quem sempre comparece ao evento pode conhecer pessoas diferentes, além de encontrar e rever velhos amigos. A idéia de que a feira livre de Viçosa é ponto de encontro para pessoas de todas as idades é confirmada por jovens que a freqüentam. Paula Lobato, de 16 anos, afirma que sem sua realização o pós-festa é bem menos divertido – “Se não fosse ela, onde iríamos comer pastel depois das festas?”. Além dos estudantes do ensino médio das várias escolas viçosenses, os universitários também marcam presença, seja comprando frutas e legumes ou simplesmente apreciando um pastel com caldo de cana.
Pâmera Mattos
Feira livre movimenta o comércio nas manhãs de sábado na Avenida Santa Rita com preços competitivos e produtos saborosos
E se os jovens apreciam, os mais experientes gostam ainda mais. Dona Zélia Maria, que vai ao local desde quando era bem jovem, encontra suas amigas para comprarem juntas os alimentos para casa. Muito alegre, a senhora
de 60 anos passeia pela avenida Santa Rita e cumprimenta a todos que conhece, pessoas de todas as idades. A feira livre de Viçosa realmente se destaca como uma forma de entretenimento, já que
a cidade traz poucas opções de lazer. O importante é que a tradição histórica ainda perdura entre as pessoas, que tão cedo não perderão o hábito de passear e jogar conversa fora nas manhãs de sábado.
Mitos e assombrações que sustentam a Fortaleza Daniela Araújo Casas simples com portas e janelas de madeira, cercadas por construções modernas de cores vivas, marcam o caminho que leva até a Fazenda Fortaleza, a 500 metros de Cachoeirinha, distrito de Viçosa. O prédio, que tem mais de cem anos, guarda a história de famílias que ali viveram, as tradições do interior de Minas e, como muitos acreditam, as assombrações que assustam ou protegem o local. O seu fundador, Antonelli Bhering, não poderia prever quantos mitos surgiriam ao redor da fazenda e por quanto tempo se estenderiam. Dizem a boca pequena, que ele próprio foi afastado dali sob tapas e pontapés de alguém invisível, que só poderia ser explicado pela crendice popular. Alguns detalhes da história se perderam como as cores das paredes, mas segundo relatos dos mais antigos, tudo começou quando na disputa entre dois herdeiros, há mais de 70 anos atrás, um deles cedeu parte de suas terras ao diabo, ou como os moradores locais costumam chama-lo, o “Inimigo”.
A partir daí, as pessoas da região contam que eventos estranhos acontecem. Quando existiam plantações de café no local, moradores afirmam que à meia noite podiam ver quatro homens de branco que carregavam em um caixão os grãos roubados. Também à meia noite, um viajante que passava pela estrada relatou que havia uma grande festa na fazenda e ele podia ouvir músicas e gargalhadas e ver mulheres que dançavam. Entretanto, os donos da casa afirmam que naquele dia não houve festa alguma. O senhor Antônio Caetano, com seus 65 anos, dos quais 40 trabalhou e viveu na Fazenda Fortaleza, diz que além de humanos, só existiam na casa as corujas que habitam o telhado e
os morcegos no porão, e que o ruído desses animais amedronta muita gente. Mas ao fim da conversa admite, ouvia vozes tocando o gado, mas nunca via ninguém no local. Hoje a propriedade pertence à família Salim, originária do Líbano. O patriarca, Aziz Salim comprou as terras de Moacir Dias de Andrade em 1951 e a administrou até 1993 quando veio a falecer. Mas, assim como os outros proprietários, acompanhava tudo a distância, porque precisava administrar seus negócios na cidade de São Miguel do Anta. Isso sempre alimentou as lendas, já que os proprietários não residiam na fazenda durante muito tempo. Aziz nunca acreditou nos mitos que cercam o local e brincava “A assombração aqui sou eu”. O caçula dos herdeiros, Marcelino Aziz Salim, conserva carinho especial pelo lugar, pois é ali que estão as lembranças de sua infância, das lendas que ouvia e principalmente, ali estão preservadas as tradições de sua família e de sua época.
Fazenda em Cachoeirinha preserva mitos e tradições do interior de Minas Arte: Thiago Araújo | Foto: Maristela Leão
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ciência e ciência e tecnologia
Brasil diz sim à ciência Alisson Paiva
As pesquisas com células-tronco são hoje uma grande esperança para o tratamento de diversas doenças que até então não se tem cura. Males como o câncer, a Aids e até mesmo casos de deficiências físicas podem ser tratados com o avanço de pesquisas com célulastronco embrionárias. O Brasil acabou de passar por um processo que representou, na verdade, um importante passo em pesquisas nas áreas da genética, biotecnologia e da saúde em geral. O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou no último mês de abril a aprovação da Lei de Biossegurança, proposta em 2005, autorizando pesquisas com células-tronco embrionárias no país, sob certas condições, no sentido de contribuir para a Ciência. Mas afinal, o que são célulastronco? Para que elas servem? Parece complicado, mas é muito fácil de entender! Na realidade, são células primitivas produzidas no desenvolvimento dos organismos, e que são capazes de dar origem a qualquer outro tipo de células ou tecidos do corpo – são por isso chamadas de pluripotentes. Uma importante função em seu uso terapêutico é a recuperação de tecidos danificados, como no caso do diabetes, doenças no cérebro, leucemia, medula espinhal, entre outras. As células-mãe, como também são chamadas, podem ser encon-
tradas no cordão umbilical, na medula óssea, no sangue, no fígado, na placenta e no líquido amniótico. Com relação ao diabetes, resultados mostraram que as células embrionárias poderiam ser utilizadas em seu tratamento, ou até mesmo em sua cura. As células-tronco podem servir de fontes produtoras de insulina, hormônio insuficiente no organismo do paciente diabético, e combater assim a doença. Ramon é doutorando em Biologia na Universidade Federal de Viçosa (UFV) e acredita nos benefícios que a sociedade tem com as melhorias da biotecnologia. Segundo ele, é válido investir-se na área de pesquisas com células-tronco, dada sua importância na contribuição para a medicina em geral. Também na UFV, o professor Ricardo Junqueira realiza pesquisas que demonstram a otimização (o processo de melhoramento) do tratamento de reparação óssea com o uso de células-tronco. Os resultados são surpreendentes, e ele ainda ressalta a necessidade deste progresso para a sociedade. “É muito importante que todos conheçam o trabalho da Ciência. Existe muito preconceito e rejeição, e a falta de informação prejudica muito o andamento das pesquisas.” Essas pesquisas também podem ser utilizadas para testes de certos medicamentos, reparação de tecidos e células, cicatrização e recuperação de traumas. Há até a possibilidade da criação de novos órgãos, como um coração, para
Na palma da mão
substituir outro defeituoso. Para os cientistas, o valor ético da Ciência ultrapassa os limites da sociedade, em uma profissão na qual a cura torna-se uma forma de dar a vida a milhares de pessoas. o que são CÉLULAS-TRONCO? São células que possuem a capacidade de se transformar em qualquer outro tipo de célula. O que diz a lei de Biossegurança? Permite o uso de células-tronco feitas em laboratórios somente para pesquisas, e sua comercialização é proibida. O que já foi feito no Brasil? O INCA - Instituto Nacional do Câncer - tem um projeto de implantação de uma Rede de Bancos Públicos para transplante de Células terapêuticas. Atualmente conta com uma unidade no Rio de Janeiro.
Cuidado na escolha Oswaldo Botrel Nos últimos anos, aumentou muito a oferta de alimentos dos tipos diet e light em supermercados e afins. Os dois tipos são mostrados, em peças publicitárias, como sinônimo de uma alimentação saudável e como solução para vários problemas. A indústria alimentícia vem investindo muito pesado em tecnologia e em propaganda. Apesar da excessiva exposição, muitas dúvidas ainda pairam sobre o consumidor, quando o assunto são esses produtos. O estudante Luiz Pedro Gonçalves, por exemplo, tem dúvidas quanto às “diferenças entre diet e light, as contraindicações e se é recomendável uma dieta à base desses produtos”. Para que esses alimentos sejam realmente eficazes em uma ali-
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mentação, são necessários alguns cuidados. Para começar, muita atenção na hora de escolher as mercadorias nas prateleiras, especialmente quem sofre com distúrbios alimentares ou algum tipo de restrição a ingredientes. “Um diabético está sujeito a uma hiperglicemia caso opte por um produto light e não diet. O alimento pode contar com uma quantidade significativa de açúcar”, explica a nutricionista Daniela Fávaro. O mesmo pode ocorrer se o diabético consumir produtos diet em excesso, caso ele possua açúcar. “Um alimento diet é restrito de um nutriente específico, que normalmente é açúcar, mas que também pode ser carboidratos ou proteínas”, complementa Karina Chaves, mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Já em uma dieta de emagrecimento, os produtos mais recomendados são os light, desde que tenham menos açúcar e/ou gordura, o que diminui o seu valor calórico. Segundo a nutricionista, os produtos diet podem não ser muito eficazes nesse caso: “para melhorar o sabor, muitas vezes, é acrescida gordura aos produtos diet, o que eleva o seu valor calórico”, conclui Daniela. Para que problemas não ocorram, a melhor dica é verificar os rótulos dos produtos, principalmente a tabela de informação nutricional. Lembrando que, antes de começar qualquer espécie de dieta e para consumir o tipo de alimento adequado à sua necessidade, é de suma importância consultar um nutricionista.
Elder Barbosa
“A minha vida inteira está dentro do meu pendrive”, diz o estudante de Engenharia Elétrica Carlos Castelano. A frase revela a importância atual desse pequeno dispositivo no cotidiano de várias pessoas. Ele se tornou um objeto extremamente usado para o armazenamento de inúmeros tipos de arquivos pessoais, que vão desde trabalhos escolares até fotografias com familiares e amigos.
“
O pendrive
funciona como um HD móvel com grande capacidade de armazenamento. O pendrive funciona como um HD móvel com grande capacidade de armazenamento. Um dos principais motivos para a sua crescente popularização é a queda nos preços do produto, que despencam mês após mês. De acordo com o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Viçosa, Denílson Eduardo, isso acontece por causa do aponderamento da tecnologia necessária para a fabricação dos pendrives,
utilizando a microeletrônica. Esse constante avanço tecnológico torna o produto facilmente obsoleto dentro de pouco tempo. Segundo o vendedor de produtos de informática, Fábio Ferreira, esse sucesso se deve a praticidade dos pendrives: “Acabou aquela época de torcer pro disquete funcionar ou de tomar cuidado com os arranhões do CD ou DVD, o pendrive é prático e de fácil manuseio”. Fábio ainda revela que o perfil dos compradores do produto é de pessoas jovens com acesso a computadores Para as pessoas que não possuem computador ou internet em casa, o pendrive se mostra ainda mais necessário, pois a solução é baixar arquivos em Lan House’s e salvá-los no dispositivo. O já citado estudante Carlos recorre a esse método para a realização de trabalhos acadêmicos, o que gera um sentimento de “ciúmes” em relação ao objeto. “Deixo todos meus arquivos organizados, não gosto que outras pessoas mexam neles” afirma. Mesmo tendo em vista todos esses benefícios, o pendrive está sendo protagonista de um fenômeno indesejável a todos os usuários: o alastramento mais fácil de arquivos com vírus de um computador para o outro. Hoje em dia, praticamente todos os computadores possuem vírus vindos desse tipo de dispositivo. Resta então apelar aos programas de antivírus e à sorte ao plugar seu pendrive por aí.
Diet Diferença para o alimento comum: é 100% restrito de algum nutriente. Normalmente açúcar. Recomendado: Diabéticos (desde que não possua açúcar). Contra-indicado: Em alguns casos de dietas de emagrecimento, pode não ser eficiente. Alguns produtos têm alto teor de gordura.
Light Diferença para o alimento comum: é restrito de, no mínimo, 25% de algum nutriente. Normalmente gorduras, açúcar e/ou sódio. Recomendado: Para redução do percentual de gordura, ou para quem tem problemas com colesterol alto, triglicérides e hipertensão arterial. Contra-indicado: Diabéticos, pois não é livre de açúcar, o que pode causar hiperglicemia.
tecnologia
ciência e tecnologia Os “vilões” ocultos entre dois lábios Nízea Coelho
O beijo é uma prática bastante popular entre os jovens do mundo todo. Sucessos brasileiros como “Já sei namorar”, dos Tribalistas, e “Ela só pensa em beijar”, interpretado por MC Leozinho surgiram para comprovar esta realidade. No entanto, grande parte da população não tem conhecimento sobre as conseqüências desse ato tão simples e comum. A graduanda em Direito Polyana de Jesus conta que sua primeira experiência foi trágica: “Fiquei com um garoto que gostava de mim, mas o beijo não combinou. Foi péssimo. Nunca mais fiquei com ele”. Estudando casos como o de Polyana, a Universidade de Nova Iorque constatou que o primeiro beijo pode realmente definir o futuro da relação. Em pesquisa realizada com 1041 pessoas, os resultados mostraram que 59% dos homens e 66% das mulheres declararam já terem perdido o interesse por alguém que antes se sentiam atraídos. Quanto à higiene do beijo, a estudante de Enfermagem, Juliana Souza, recomenda precaução. “A boca é uma das partes mais contaminadas do corpo, possuindo, por exemplo, mais microorganismos
que a mão”, relata. Há ainda diversas doenças que podem ser transmitidas pelo contato entre bocas. As mais comuns são cárie dental, gengivite, herpes labial e mononucleose, também conhecida como doença do beijo. Porém, o que poucos sabem é que existe o risco de se contrair infecções mais graves, como meningite (infecção cerebral potencialmente fatal), hepatites A, B e C, sífilis, gonorréia e até mesmo a temida Aids. Nestas últimas é necessário o contato direto com o sangue do parceiro. O perigo, portanto, é maior em pessoas com piercing na língua ou nos lábios, pois pode haver sangramento devido a um beijo mais intenso. A especialista em odontopediatria, Catarina Soares de Souza, alerta ainda para a transmissão de cáries entre mãe e filho. “É muito comum a mãe beijar a criança na boca, mas numa demonstração de carinho ela acaba prejudicando o bebê”, diz. Fica, portanto, o aviso a todos os jovens que costumam trocar regularmente de parceiros. Beijar pode ser muito bom, mas precisa ser feito com responsabilidade. Além disso, saber sobre saúde é sempre fundamental. No mais, é só esperar o momento certo e caprichar na performance.
Foto e Arte Maristela Leão
Mesmo sendo prazeroso, o beijo pode representar muitos riscos desconhecidos para a saúde
Cresce o número de jovens diabéticos Samanta Nogueira
Antes de sair dando beijo por aí, veja estas curiosidades: - 97% das mulheres fecham os olhos quando beijam, mas só 30% dos homens fazem o mesmo Uma pessoa mexe 12 músculos dos lábios e 17 da língua em um beijo - Ao longo da vida, um ser humano dá em média 24 mil beijos de todos os tipos filemafobia é o nome da doença de quem tem medo de beijar - A saliva de um beijo fica por 3 dias na boca e pode passar 250 vírus e bactérias diferentes um beijo eleva os batimentos cardíacos de 70 para 150 batidas por segundo - a ciência que estuda o beijo é chamada de filematologia
As irmãs e estudantes do segundo período de pedagogia, Mariana e Paula de Souza Faria, 19 e 20 anos respectivamente, descobriram logo na infância que possuíam uma doença crônica e sem cura: o diabetes. Essa doença se caracteriza pela ausência total ou parcial de insulina ou pela diminuição de sua ação, que provoca um excesso de glicose – açúcar – no sangue. A insulina, que é um hormônio produzido pelo pâncreas, faz o transporte da glicose do sangue para o interior das células para gerar energia. Paula e Mariana fazem parte dos cerca de quatro mil e quinhentos habitantes de Viçosa que possuem diabetes, de acordo com o relatório de 2007 do Departamento de Saúde Coletiva, da Secretaria Municipal de Saúde da cidade. As duas irmãs desenvolveram o diabetes Tipo 1, que tem início principalmente na infância ou adolescência e é causado pela destruição das células do pâncreas, que
deixa de produzir a insulina. Outra forma de diabetes bastante comum é o Tipo 2, caracterizado pela produção diminuída de insulina ou a dificuldade de ação da mesma, possuindo grande relação com o sedentarismo e a obesidade.
“
Estamos presen-
ciando uma geração de crianças obesas, sedentárias e consumidoras de alimentos ricos em gorduras saturadas com conseqüente aumento do diabetes Tipo 2 em adolescentes” Apesar de ocorrer principalmente em maiores de 40 anos, está havendo um aumento desse último tipo em adolescentes. “Estamos presenciando uma geração
de crianças obesas, sedentárias e consumidoras de alimentos ricos em gorduras saturadas com conseqüente aumento do diabetes Tipo 2 em adolescentes”, destaca a especialista em endocrinologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Gisele Milagres. Além da obesidade e do sedentarismo, outra causa possível para o desenvolvimento do diabetes é o fator genético. Segundo a endocrinologista, a prevenção pode evitar o desenvolvimento da doença. “Não há como eliminar a tendência genética, mas podemos manter o peso normal e uma dieta balanceada, além de realizarmos atividades físicas regulares”, afirma. Mariana e Paula, que fazem acompanhamento com um endocrinologista e um nutricionista, possuem uma rotina normal obtida através da alimentação adequada, aplicação da insulina três vezes ao dia e apoio da família. E mesmo com a doença, possuem uma ótima qualidade de vida.
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meio ambie meio ambiente
Agindo no presente, pensando no futuro Mateus dos Santos
“É o desenvolvimento capaz de utilizar racionalmente os recursos naturais a fim de atender às necessidades presentes sem comprometer o atendimento das necessidades das futuras gerações”. A definição de desenvolvimento sustentável é bastante simples e fácil de ser entendida. Colocar isso em prática, porém, tem sido algo extremamente complicado desde que a expressão surgiu, em 1972 , na primeira conferência ambiental da ONU, Organização das Nações Unidas. Naquela época, a contaminação de rios e de solos e a poluição atmosférica já representavam graves problemas em diversas regiões do planeta.
Em 1987 , o documento “Nosso Futuro Comum” oficializa o termo e, durante a ECO-92 (1992), o conceito de desenvolvimento sustentável é definitivamente incorporado como um princípio a ser alcançado, especialmente através de uma legislação ambiental que fiscalizasse a atuação das indústrias, conforme explica o professor André Luiz Lopes de Faria, do curso de Geografia da UFV. “Quando a lei começou a ser implementada, as empresas se viram obrigadas a tomar uma atitude e aquilo era incorporado como despesa, como problema, e não como uma solução. A empresa sempre socializou o prejuízo e capitalizou o lucro”, diz ele. Enquanto há indústrias que ainda hoje tentam fugir do que de-
finem as leis ambientais, existem também aquelas que vão além do mínimo estabelecido. É a chamada responsabilidade sócio-ambiental. “Não é simplesmente mostrar, ao final do ano, o lucro que a empresa obteve, mas apresentar o balanço de ações que ela não era obrigada a fazer, mas fez, como projetos na área de educação e de cultura. Essa prestação de contas não é somente aos seus donos e clientes, mas inclusive para a população que vive no local no qual ela está inserida”, afirma o professor Luiz Eduardo Ferreira Fontes, do Departamento de Solos da UFV. Em 2002, a Rio + 10 foi outro grande encontro da ONU com o objetivo de estudar o progresso na utilização dos re-
1972
1978
Primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em Estocolmo (Suécia)
Na Austrália é criada a Permacultura pelos pesquisadores Bill Mollison e David Holmgren
cursos naturais sem ferir o meio ambiente, dez anos após a realização da ECO-92. A conferência definiu que devem ser levados em conta os desenvolvimentos econômico, social e cultural e a proteção ambiental para haver um pleno desenvolvimento sustentável em determinada região. Segundo os professores, a redução do uso de produtos descartáveis, o consumo mais racional da água e da energia elétrica, a separação entre o lixo seco e o lixo úmido e a participação em ONGs que se preocupam e atuam em defesa do meio ambiente são algumas das escolhas que podemos fazer em nosso diaa-dia a fim de contribuir para o bem da natureza.
Olho no Vestibular!
Existem quatro requisitos
básicos para que um empreendimento humano seja considerado sustentável. Ele deve ser: Ecologicamente Correto Economicamente Viável Socialmente Justo Culturalmente Aceito
1987
1992
Publicação do documento “Nosso Futuro Comum” (Relatório Brundtland), pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Conferência das Nações Un Meio Ambiente e o Desenvolv conhecida como ECO-92 ou zada no Rio de Janeiro
Colorindo a consciência das crianças de Viçosa Bárbara França Ensinar brincando. É assim que o projeto de extensão Cantos e Contos, da Universidade Federal de Viçosa, trabalha a educação ambiental. De acordo com a lei sobre a Política Nacional de Educação Ambiental, esta é caracterizada como “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, (...) e competências voltadas para a conservação do meio ambiente (...)”. A educação ambiental não deve ser uma disciplina específica, e sim “integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal”. Atuando de forma a complementar o ensino formal, o Cantos e Contos tem como instrumento de trabalho as artes, música e literatura. Através de atividades realizadas semanalmente, como brincadeiras, jogos, dinâmicas e
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até a produção de uma peça teatral, as crianças da terceira série da Escola Estadual Effie Rolfs vão construindo uma conscientização a favor da natureza e da vida. Além destas atividades, o Cantos e Contos proporciona visitas à Mata do Paraíso, reserva de Mata Atlântica a 6 km da UFV, para que as crianças vejam na prática o que aprendem em sala de aula. Segundo a coordenadora do projeto, Manuela Isadora Aguilar Mello, é melhor trabalhar primeiro os temas na escola para depois visitar a Mata porque os alunos vão conhecendo pouco a pouco como funciona o ecossistema, “depois seria para mostrar para a criança que isso tudo que eles viram existe e é possível”. E os resultados já estão aparecendo. Nilza Aparecida, professora de uma das turmas participantes do projeto, diz que os alunos estão mais curiosos e criativos
Pedro Nunes
Alunos do projeto “Cantos e Contos” realizado na Escola Estadual Effie Rolfs, coordenado por Manuela Isadora Mello
devido à forma de trabalho e já colocam em prática o que aprenderam. Um exemplo é a limpeza da sala de aula que, segundo a professora, melhorou muito. Para a estagiária do projeto, Cássia Silva, os principais resultados foram o maior interesse que eles passa-
ram a ter com relação às questões ambientais e também o cuidado com o ambiente no qual vivem. Segundo as participantes, um dos principais motivos de terem escolhido crianças como alvo de trabalho é a possibilidade de desenvolver uma responsabilidade
ambiental que cresça junto com elas. A inserção desta consciência no dia-a-dia faz com que ela seja significativa e importante em si mesma, pois segundo Isadora “a educação ambiental presa por isso, despertar um amor pela natureza”.
ente
Permacultura harmoniza relação homem-natureza Fernanda Pônzio
A crescente preocupação com o meio ambiente acende discussões sobre novas formas de se preservar o planeta. Uma delas é a permacultura, ciência criada na década de 70 pelos australianos Bill Mollison e David Holmgren. Seu objetivo é a criação de uma cultura permanente (vindo daí seu nome) baseada na solidariedade e em projetos sustentáveis que convivam de forma harmoniosa com o ecossistema. Para tanto, guia-se por três princípios: o cuidado com o ambiente, com o homem e a distribuição de excedentes (como água e compostagem). Em Viçosa, funciona desde 2005 o CEP, Centro de Estudo em Permacultura dos Cristais, com a finalidade de divulgar e pôr em prática essa ciência. A casa onde
nidas para o vimento (mais Rio-92), reali-
funciona é uma amostra de seus princípios: é feita com telhas fabricadas a partir de tubos de pasta de dente e possui fogão de barro, banheiro seco, sistema de captação de água da chuva e composteira para lixos orgânicos.
“
A permacutlura vem reorientando a educação ambiental (...) Kyvia Caon O coordenador e um dos fundadores do CEP, Tiago Vargas, destaca que a essa ciência busca uma integração entre homem e natureza:
Pedro Nunes
“A natureza tem os seus processos naturais perfeitos, então cabe a nós tentarmos nos adaptar a ela”. Tiago Também ressalta que ela envolve diferentes temas como cultura e educação, economia e finanças, saúde e bem-estar espiritual. “Ela surgiu com um caráter transdiciplinar”, lembra ele. A também integrante do CEP, Kyvia Caon, destaca sua importância no atual contexto de degradação do meio ambiente “A permacultura vem reorientando a educação ambiental e trazendo alternativas”. Algumas de suas medidas podem ser adotadas facilmente no dia-a-dia. Tiago e Kyvia lembram que reutilizar embalagens, economizar água e trocar as sacolas plásticas por bolsas de pano são medidas simples, Banheiro seco da casa experimental no Centro de Estudos em Permacultura mas de efeito positivo sobre o ambiente.
2002
2007
2008
Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Rio + 10), realizada em Joanesburgo (África do Sul)
Projeto “Cantos e Contos” é aprovado e inicia suas atividades na Escola Estadual Effie Rolfs
Pela prmeira vez a China ultrapassa os Estados Unidos em emissões de gás carbônico (Co2)
A sujeira do crescimento Titina Maia Muita gente que assistiu aos Jogos Olímpicos de Pequim, este ano, não sabe que algumas atividades industriais foram suspensas na área em torno dos parques esportivos para diminuir a poluição. Essa poluição do ar, que já chega a incomodar países vizinhos como as Coréias do Sul e do Norte, é responsável pela classificação da China como o novo grande emissor mundial de gás carbônico, ultrapassando até mesmo os EUA. Essa é a realidade de outros países, entre eles Brasil, Rússia e Índia que, juntamente com a China, formam o BRIC, conjunto das principais economias emergentes do mundo (nações subdesenvolvidas com grande potencial de crescimento). Esses países já estão ocupando os primeiros lugares entre os maiores emissores de CO2 (gás carbônico).
O CO2 é um gás de efeito estufa. Isso quer dizer que ele auxilia na retenção de calor na atmosfera. Assim, o famoso “buraco” da camada de ozônio que, na verdade, não é um buraco e, sim, uma redução na espessura dessa camada, deixa que os raios solares atinjam a atmosfera com mais facilidade. Esse calor chega à superfície e é reemitido para a atmosfera que, com uma grande quantidade de CO2, prende esse calor por mais tempo, intensificando o aquecimento do planeta. O efeito estufa não é ruim, a intensificação do efeito estufa que é prejudicial. Se a gente fala que o efeito estufa é ruim, a gente fala que a vida na Terra é ruim, porque sem o efeito estufa natural não haveria vida no planeta”, disse o professor Edson Fialho, do curso de Geografia da UFV, que atua na área de Geociências, com ênfase em Climatologia Geográfica. “A questão das mudanças climáticas
exige que os países se comprometam, pelo menos, na redução da emissão de gás carbônico, mas esses países [Bric] alegam que não contribuíram para o atual estágio de aquecimento. Então, eles teriam uma responsabilidade menor”, completou. No Brasil, a maior parte das emissões está relacionada às práticas agrícolas, principalmente devido aos desmatamentos e queimadas, mas não podemos desconsiderar a atividade industrial da região Sudeste.
Olho no Vestibular! Segundo o professor Edson, questões sobre a degradação ambiental provocada pelo crescimento econômico mundial são cobradas dentro de uma perspectiva de identificação do problema. Nas questões objetivas, por exemplo, pode-se descrever e contextualizar um problema ambiental e perguntar ao aluno que problema é esse. Por outro lado, as questões discursivas baseiamse muito na identificação e explicação de causas e conseqüências desses fenômenos. Fique atento!
Emissões de CO2 per capita
Emissões de CO2
Austrália EUA Alemanha Rússia China Índia Brasil
China EUA Índia Rússia Alemanha Austrália Brasil
(dados aproximados):
10,8 t/hab. 9,24 t/hab. 5,2 t/hab. 3,36 t/hab. 2,35 t/hab. 0,56 t/hab. 0,13 t/hab. Fonte: Revista Istoé
(em toneladas por ano):
3,1 bilhões 2,8 bilhões 638 milhões 478 milhões 429 milhões 224 milhões 23, 8 milhões Fonte: Revista Istoé
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esportes
esportes Quando o preço da tradição se torna caro demais Éverton Oliveira
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A demolição do Estádio Carlos Barbosa, mais conhecido por Campo do Atlético, provocou grande polêmica na cidade. O estádio localizado no centro, na Rua Capitão José Maria Santana, nº 370, é de propriedade do Viçosa Atlético Clube e agora dará lugar a três quadras societys e a uma piscina com tobogã. O local foi construído entre 1930 e 1940, e desde então, foi sede das principais partidas de futebol viçosense. O clube dono do campo esportivo manteve um dos mais tradicionais times de futebol amador da região, também chamado de Viçosa Atlético Clube, que não participa de competições desde 2005. O presidente do Viçosa Atlético Clube, Antônio Zaharâm, vê com naturalidade a decisão da instituição em demolir o Campo do Atlético. Ele afirmou que “a prioridade do clube é atender aos associados e como o futebol amador de Viçosa perdeu muito de sua força, a receita obtida com os aluguéis do estádio já não supria a manutenção do campo há alguns anos”. O presidente acredita que “a decisão irá incentivar o futebol de Viçosa já que os demais campos da cidade terão que ser melhorados e as autoridades irão se engajar na construção de um estádio municipal”. Entretanto, a renúncia do clube em manter o estádio foi lamentada pelos admiradores do futebol amador da cidade. “Todos os grandes jogos de Viçosa aconteceram lá e os grandes jogadores que passaram pela cidade, inclusive Mané Garrincha, atuaram no Estádio Carlos Barbosa. A gente pode dizer que o futebol de Viçosa perdeu o seu Maracanã”, afirmou o apresentador do programa Montanhesa Esportes da Rádio Montanhesa, Pança Sete Cordas. Além disso, várias autoridades se manifestaram preocupadas com a nova necessidade que o município tem de possuir um local que ofereça condições básicas para sediar partidas importantes. O vereador Luís Eduardo Salgado, o Cebolinha, chegou a apresentar a Câmara dos Vereadores de Vi-
Pedro Nunes
O estádio, que foi palco do futebol amador da cidade, agora dará lugar a quadras e a uma piscina que já tiveram suas obras iniciadas
çosa um projeto de lei que propunha o tombamento do estádio como patrimônio histórico da cidade. Apesar de até o ano passado, o Carlos Barbosa ter sido o campo mais adequado para receber jogos de importância regional, “o estádio não se enquadrava em uma série de exigências do Estatuto do Torcedor”, como afirmou o chefe do Departamento de Esportes de Viçosa, Adaílson Abranches Monteiro. A prefeitura agora estuda a possibilidade de se construir um estádio municipal, mas reconhece que a grande dificuldade é a obtenção de um terreno. A última partida oficial no Estádio Carlos Barbosa foi o amistoso entre o VEL (Viçosa Esporte e Lazer) e a equipe do Viçosa Atlético Clube. O jogo foi vencido pelo time do VEL por 4 a 0. Nessa partida, foi marcado o último gol no estádio. O autor do gol foi José Arlindo Bertolino, o Dé.
Esporte está sem espaço na cidade Daniela Fonseca É notória a falta de espaços públicos para o lazer e a prática de esportes em Viçosa. A deficiência é sentida, principalmente, por moradores dos bairros periféricos, que reclamam da falta de opções. O município não oferece quadras e nem campo de futebol para a população. O secretário do Departamento de Esportes, Edson Rocha, declarou que existem projetos para a construção dessas estruturas esportivas. Segundo ele, as verbas das quadras já estão garantidas. As primeiras, com inauguração prevista para o próximo ano, vão ser implantadas nos bairros Nova Viçosa, Carlos Dias e Laranjal. As obras de um campo de futebol também deverão ser iniciadas em 2009.
Enquanto os projetos dos governantes viçosenses não se concretizam, os cidadãos precisam se adequar às condições existentes. O jogador veterano do Futebol Clube Redenção, Erli Antônio Araújo, disse que os times precisam pagar 70 reais para disputar uma partida no campo da Rua Nova, onde nem sequer existem vestiários. Outros campos, como o “Miguel Umbelino Magalhães”, na Violeira; o “Gigante Azul da Colina”; o “Prefeito João Francisco da Silva”, no Silvestre, e o “Paulo Mário” são alugados pelas equipes amadoras para a realização de jogos amistosos e treinamentos. Crianças e adolescentes têm outras possibilidades para praticar esportes. Os de idade entre 10 e 16 anos que estiverem fre-
qüentando a rede pública de ensino podem participar do “Bom de nota, bom de bola”. Este é um projeto realizado pela Prefeitura de Viçosa em parceria com a UFV, que oferece diversas modalidades de esportes aos seus participantes. A administração municipal também proporciona apoio às escolinhas de futebol para crianças carentes. Outra opção é a VEL (Viçosa Esporte e Lazer), projeto coordenado por José Maria Barbosa, que propicia a prática de futebol a garotos com idade inferior a 13 anos e a garotas de qualquer faixa etária. Segundo o coordenador, se houvesse mais espaços gratuitos para a prática esportiva, outras iniciativas como esta poderiam ser oferecidas à comunidade viçosense.
esportes esportes
Mesmos esportes, práticas diferentes Lara Carlette
Como diria Howard Cosell, antigo jornalista esportivo norteamericano: “O esporte é a seção de brinquedos da vida.” Melhor que ninguém, os deficientes físicos e mentais vem mostrando ao mundo a verdadeira essência da atividade esportiva: a diversão. Perdendo ou ganhando, saltando e aprendendo assim segue cada “pessoa especial” desenvolvendo os seus “dons”. Criado na Inglaterra e nos EUA ao final da Segunda Guerra Mundial, o esporte adaptado chegou ao Brasil em 1958. Em Viçosa, o colégio Anglo, a APAE e o Departamento de Educação Física da UFV já desenvolvem programas esportivos com deficientes de todas as faixas etárias da cidade. Um aprendizado divertido, com “brincadeiras da cadeira” e “jogar bola” como diz o aluno da APAE, Wendelll, de oito anos, representa o procedimento das aulas. Atividades recreativas visando desenvolver o equilíbrio e a coordenação, aliadas às atividades lúdicas, trabalhando noções de higiene, alimentação e comportamento, representam a linha educacional de ambas as escolas. Apesar dos esforços, o desenvolvimento individual dos alunos pode ser comprometido pela distribuição por idade. A formação de salas como portadores de diferentes deficiências torna difícil o aproveitamento das aulas. Segundo a professora de Educação Física da APAE, Elisângela Fernandes, trabalhar dentro de um mesmo grupo com diferentes potencialidades
é difícil. Cada aula deve procurar atender um grupo de alunos em especial, o que torna um pouco mais lento o progresso de cada um deles. Contudo, a validade permanece à medida que a inserção social e a solidariedade tornam-se perceptíveis no convívio com cada um deles.
Michelly Oda
Roselly Gonçalves
O atletismo de alta performance Estrelas olímpicas como Terence Parkin, da natação, ou Loretta Claiborne, do atletismo, são resultados do desenvolvimento dos treinamentos para alta performance. Na cidade, esse treinamento é desenvolvido pela APAE nas modalidades de atletismo, futsal, basquete e natação. O grupo, selecionado, é composto por 30 alunos que disputam os campeonatos da delegação em níveis local e regional. Outras modalidades esportivas ainda não puderam ser desenvolvidas devido ao baixo número de participantes, que na maioria das vezes não compõem um time O Departamento de Educação Física da UFV é mais um exemplo de apoio ao esporte adaptado na cidade. Segundo o chefe do Departamento, Paulo Lobato, há mais de vinte anos são implementados projetos, torneios e aperfeiçoamento de profissionais da área, seja em parceria com instituições privadas ou com a Prefeitura Municipal. O projeto Interagir é um deles. Em um torneio, os alunos da APAE puderam participar de provas de corrida de 100 metros, caminhadas para down, para cadeirante e ainda arremesso de peso.
Esporte adaptado e educação física ajudam deficientes físicos e mentais
Balanço geral De acordo com Associação Desportiva Brasileira, o esporte auxilia no desenvolvimento da auto-estima, no estímulo à independência, no aprimoramento da coordenação motora, no equilí-
brio, na promoção da saúde e na condição física do deficiente. Além destas melhorias, os sorrisos, os abraços, cada rostinho motivado e curioso reflete o maior e mais eficaz resultado: a satisfação. O esporte torna-se assim, via de aprendizado, de exemplo e de alegria.
Pioneirismo em projeto de desenvolvimento esportivo Felipe Mendes O Departamento de Educação Física da UFV tem desenvolvido, desde o ano passado, um projeto que visa aprimorar a capacidade técnica de atletas e treinadores de diversas modalidades esportivas. Trata-se do NUESBA, Núcleo de Esportes de Base. A iniciativa, desenvolvida em parceria com o Ministério dos Esportes, abrange oito modalidades: atletismo, basquete, ciclismo, handebol, judô, tênis de mesa, futebol e levantamento de peso. A UFV foi escolhida devido a sua qualidade na infra-estrutura para práticas esportivas, já que
seu campus conta com alojamento e locais de treinamento em boas condições de uso. A idéia do projeto é criar um centro de treinamento como a Granja Comari (local onde é feita a preparação dos times da Seleção Brasileira de Futebol). O empreendimento disponibilizará as instalações esportivas da UFV para que as seleções estaduais e nacionais das modalidades citadas possam usufruir um acompanhamento técnico de alto nível e, até mesmo, de ordem nutricional, já que o Departamento de Nutrição e Saúde também auxilia o projeto. Este tipo de iniciativa, que não visa apenas à avaliação, mas também o desenvolvimento técnico
Atividade física traz benefícios para os jovens
de atletas e treinadores, é uma ação pioneira no país. Vale ressaltar que o NUESBA destinase a atletas sem patrocínio. Outro objetivo do projeto será realizar competições locais com o intuito de descobrir e dar suporte a novos talentos do esporte local. Prova disso é o atleta Welisson Silva – viçosense e único representante brasileiro no levantamento de peso nos últimos jogos olímpicos – que tem usado as instalações do Laboratório de Força, que foi construído com verba do NUESBA. O financiamento do empreendimento se deu com um investimento inicial de 100 mil reais, usados na construção do Laboratório de Força. Segundo
as expectativas do coordenador da iniciativa, João Carlos Bouzas, o NUESBA poderá contar com mais 3 milhões de reais em investimentos através da Lei de Incentivo ao Esporte, aprovada em 2006, na qual há um desconto em impostos para empresas privadas que façam investimentos em projetos esportivos. A concretização desses investimentos ainda depende de uma autorização ainda não realizada pelo Ministério dos Esportes. Dentre as atividades já realizadas como apoio do NUESBA, temos a Prova Ciclística da Inconfidência, realizada em Viçosa no meio do ano e que contou com a participação da Seleção Brasileira Feminina de Ciclismo.
A atividade física, desde uma mera caminhada com seu animal de estimação até um exercício que se alonga por horas, proporciona diversos benefícios aos seus praticantes. Para isso, é necessária uma regularidade. O professor de educação física, Daniel Augusto Raposo Pinto, confirma a freqüência de três vezes por semana como suficiente. O exercício físico apresenta-se como uma prática preventiva. Segundo a psicóloga, Meire Rodrigues, que atende um grupo de jogadoras de voleibol em uma escola pública em Canaã, o esporte transforma o comportamento. Isso acontece porque a prática esportiva fortalece a auto-estima. Além disso, á a maneira mais acessível de se livrar do estresse e da timidez, principalmente em esportes coletivos. “Estou a pouco tempo trabalhando com esse grupo, mas já observei melhorias no comportamento das meninas nas quadras e com certeza essas melhorias atingirão também o desempenho em sala de aula. O esporte aumenta a concentração e cria uma maior responsabilidade e compromisso”, afirma Meire. A estudante Valquíria Lima Sarpa pratica esportes desde criança e também confirma as melhorias em sua vida. Ela diz que o estresse e a ansiedade que vêm à tona na época de provas são facilmente derrotados quando entra em quadra e joga com suas colegas. As mudanças comportamentais, psíquicas, físicas e relacionadas à socialização, são vantagens que uma rotina nãosedentária oferece. Mais animador que todos esses benefícios é o fato de que, para os jovens, as “contra-indicações” são mínimas. Segundo o professor Daniel, a única atividade que exige uma maior cautela é a musculação, já que um excesso de peso pode prejudicar o crescimento.
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cultura cultura
O Mágico Mundo Mangá As histórias em quadrinho (HQ) possuem um grande público que se entretém e se envolve com os mais variados temas narrados e seus personagens. Os mangás, histórias em quadrinho japonesas, que ficaram mais conhecidos no Brasil com o anime (versão animada do mangá) Cavaleiros do Zodíaco, também têm conquistado os brasileiros por seus personagens terem características muito próximas às humanas. Os mangás têm suas raízes no Japão no século VIII d.C. com a aparição dos primeiros rolos de pergaminho de pinturas japonesas: os emakimono, com pinturas e textos que contavam histórias. Com o tempo, os pergaminhos foram substituídos por livros. Mas só no início do século XX com influência das revistas provenientes dos Estados Unidos é que os mangás assumiram as características verificadas hoje. Osamu Tezuka foi o desenhista japonês que mais influenciou o estilo mangá com o seu enquadramento cinematográfico e destaque para o humor. Ele é autor de Kima, o Leão Branco e Nova Ilha do Tesouro, que com sua técnica e criatividade transformou as histórias em quadrinhos no Japão.
As revistas de mangás são produzidas especificamente de acordo com a idade e com o gênero. Para as crianças são as Yonenshi, para os adolescentes Shonenshi, para os adultos até 30 anos Yangushi ou Seinnenshi e para os adultos mais velhos, há as revistas Otonashi. Os mangás que possuem histórias com mais ação e aventura são as Shonen voltadas para os meninos, e para as meninas a Shojo, que são histórias mais romanceadas. Ao contrário do que muitos acreditam os mangás não abordam só as lutas e situações “violentas”. Existem mangás sobre ficção, casos policiais, carros, super-heróis, deuses, casos de família, fantasia, fatos históricos e terror. “Mesmo aqueles em que a história principal gira em torno de lutas, ou coisa do gênero, eles focalizam a disciplina, fidelidade e a perseverança”, disse Valéria Yukari Abe, professora de japonês e apreciadora da arte mangá. As histórias nos mangás possuem começo, meio e fim, muitas vezes permitem ao leitor imaginar uma nova realidade e trazem lições de vida. A estrutura das histórias é divida em capítulos assemelhando-se as novelas. Outra particularidade dos mangás é quanto ao detalhe dos traços dos
O que significa Mangá?
A palavra Mangá é a união de dois ideogramas (símbolos japoneses): “Man” (irrisório) e “Ga” (imagem). É um termo cunhado pelo desenhista Katsuhika Hokusai em 1914 para definir cartoons, caricaturas e impressos de histórias em quadrinhos.
Cosplay
Kira
Fernanda Viegas
desenhos. Os personagens possuem olhos grandes e arregalados e cabelos pontudos. A difusão desse gênero literário também ocorre pelos games que se baseiam em mangás, como o Role Play Game (RPG), que é um jogo em que os jogadores assumem os papéis de personagens e criam narrativas em conjunto. Além disso, há a disseminação pelos mangakas, desenhistas do estilo mangá. Os interessados podem procurar por títulos como Naruto, Death Note, Bleach, One Piece, Fushigi yuugi nas bancas de revistas ou pela internet.
Abreviação de costume play (“roupa de brincar”). É o termo usado para as fantasias de personagens (seja de mangás, animes ou games) usadas por fãs. No Japão, movimenta uma indústria milionária e já existem concursos em diversos eventos espalhados pelo Brasil.
Kira mangaka O desenho que ilustra essa matéria possue os traços do mangá e o personagem foi idealizado pela autora.
Educação por meio da arte Michelly Oda
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Crianças têm por meio da música contato com educação e cultura
Fernanda Reis Em toda turma de escola tem sempre aquele aluno que nunca consegue se concentrar na aula. Ou então, aquele aluno bagunceiro que a toda hora o professor tem que chamar a atenção. Tem também aquele que já desanimou com os estudos e não tem grandes planos para o futuro. Diante disso, é comum acharmos que esses tipos de alunos nunca vão mudar. Mas, às vezes, podemos nos surpreender com maneiras que conseguem modificar situações como as dos exemplos acima e isso pode acontecer através da arte. Ou, melhor explicando, através de oficinas de artes. Em Viçosa, existem oficinas de dança, capoeira, teatro, artes plásticas, música e literatura, que são oferecidas a crianças e adolescentes de escolas da rede pública de ensino da cidade. O objetivo dessas oficinas é, através da arte, auxiliar no desenvolvimento intelectual desses jovens, fazer com
eles tenham mais acesso aos bens culturais, reduzir a violência, evitar o abandono dos estudos e, por conseqüência, diminuir a exclusão social. Essas oficinas começaram em 1993, no Centro Experimental de Artes, e desde 2001 fazem parte do programa TIM ArtEducAção. Segundo a secretária de Cultura, Esporte, Lazer e Patrimônio de Viçosa, Virgínia Bittencourt Moura, o trabalho realizado nessas oficinas é de transformação social na comunidade, em que as mudanças atingem não só os alunos, mas também as famílias desses jovens e as escolas onde estudam. Como exemplo, ela cita a oficina de dança: “os alunos ficam envolvidos nos ensaios e ali aprendem a respeitar o outro, o espaço do outro, entrando em contato com diferentes pessoas. Isso leva também a um olhar mais positivo do futuro. A pessoa passa a acreditar que ela pode, que ela é capaz e que ela pode sonhar.” O músico e professor da oficina de percussão, Thomas Medeiros conhecido como Bulldog - fala de
mais benefícios das atividades realizadas nas oficinas: “depois que esses alunos começam nas oficinas, há uma melhora da auto-estima, do desenvolvimento escolar, os alunos desenvolvem a sensibilidade, o comportamento muda, eles começam a ter novas visões e perspectivas e um pensamento crítico diante dos problemas de sua comunidade e da sociedade em geral”. Ele ainda diz que vários de seus ex-alunos montaram seus próprios grupos (de rap, por exemplo), continuando na área musical. O jovem que quer fazer alguma dessas oficinas (como a de dança, por exemplo) pode deixar o nome na escola onde estuda e dizer que tem interesse em participar. Já em outras oficinas, como a de música, o aluno pode procurar o Centro Experimental de Artes e deixar o nome. Para participar de qualquer uma das oficinas oferecidas, é necessário que o jovem esteja matriculado em alguma escola da rede pública e que esteja freqüentando as aulas.
cultura
cultura Chega de saudade, bossa nova ainda é realidade Marília Cabral Década de 50, Rio de Janeiro, Brasil...Jovens em efervescência (assim como estava o país), filhos da burguesia carioca chegavam com um novo jeito de tocar e cantar música. O samba era o ritmo do momento. Genuinamente brasileiro, foi base para aqueles meninos de ouvido musical educado criarem, com acordes e batidas vindas do jazz americano, uma coisa totalmente nova que revolucionou a musica brasileira e mundial. A tal da bossa nova. Dizem que o termo vem de uma gíria carioca. Bossa quer dizer coisa, jeito. E a grande mudança estava na utilização de acordes dissonantes, no jeito de cantar baixinho e na batida do violão inventada pelo baiano João Gilberto, que imortalizou uns versos de Tom Jobim e Vinicius de Moraes que diziam assim: “chega de saudade/ a realidade é que/ sem ela não pode ser...”
O maestro Rogério Campos, regente do Coral da UFV, conta que como morava no interior, aprendeu a tocar violão com violonistas mais antigos e que, ao ouvir a bossa nova, ficou fascinado por aquele mistério: “que acordes são esses que os caras tão tocando que a gente não consegue fazer, que ninguém sabe fazer?” Ele esclarece que dissonância é tudo aquilo que soa mal, e que a bossa nova traz esses acordes tornando-os consonantes (fazendo-os soar bem). Meio século depois ... A nova bossa
O tempo passou mas podemos dizer que o estilo continua inovando. Há quem critique, há quem adore. Iniciativas como as do grupo Bossa Cuca Nova, que faz remixagens de antigas gravações da bossa nova, começou como brincadeira. Três rapazes engenheiros de som começaram a criar com as gravações do acervo da gravadora
onde trabalhavam no Rio e a coisa ficou séria. Agradaram até mesmo a grandes nomes da bossa, como Carlos Lyra e Roberto Menescal, que deram autorização e bênção para o projeto do DJ Marcelinho da Lua, Alexandre Moreira e Marcio Menescal, (filho de Menescal, autor de O barquinho). Outra novidade veio do pianista Sergio Mendes, que lançou em 2006 o CD Timeless em parceria com Will.i.am, líder da banda estadunidense de hip hop Black Eyed Peas, trazendo nesse disco várias releituras de clássicos da MPB, tendo entre os convidados S t e v i e Wo n d e r, Marcelo D2 e Justin Timberlake. Uma canção desse disco que fez muito sucesso foi a regravação de Mas que nada, de Jorge Ben. Esse ano Sergio repetiu a dose lançando o cd Encanto, que tem regravações de Água de Beber e O morro não Tem Vez. O cd traz participações de Vanessa da Mata e, novamente, do Black Eyed Peas.
Lívia Alcântara “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas”; “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”. Estas são duas frases famosas do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, a primeira e a última respectivamente. O autor, Machado de Assis, escreveu vários outros livros, contos, e peças de teatro. É famoso também pelo seu livro Dom Casmurro que tem como temática um caso de traição. O autor é sempre cobrado em vestibulares e para muitos permanece atual mesmo quando se está completando cem anos de sua morte. A estudante do primeiro ano do colégio Coluni, Christina de Castro, diz que apesar de achar que a leitura de Machado de Assis exige bastante atenção, ele é um autor que “retrata problemas sociais que são comuns até hoje”. Carlos Molina, professor de literatura do Colégio e Cursinho Anglo, explica que o autor pode ser considerado difícil por alguns devido às suas características, como a não linearidade (contar a história em tempo não cronológico) e o uso da ironia.
A literatura só existe a partir da leitura. Mas o habito da leitura pode ser estimulado de diversas formas. De acordo com o professor Carlos, para ensinar literatura “é sempre importante desafiar o estudante e chamar atenção para os detalhes da obra que são engraçados e interessantes, mas que às vezes passam despercebidos”. Ele cita como exemplo uma passagem no final do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, em que Brás Cubas, o autor defunto, está sendo velado e seu amigo, faz o discurso do enterro relembrando as suas qualidades. Então, Brás Cubas, ironicamente, diz que não se arrependia das apólices que tinha deixado para o amigo. “Uma forma de prender a atenção do aluno é chamar a atenção para passagens como esta”, afirma o professor. Ler Machado de Assis é um desafio, como é um desafio ler qualquer grande autor. Mas as opções são muitas. O leitor iniciante pode começar pelos contos, narrativas menos extensas e de desenvolvimento rápido, lendo, por exemplo, o livro “Várias Histórias”, cobrado recentemente no vestibular da UFV ou se preferir, optar pelas poesias do mais comentado autor brasileiro.
Soneto à Carolina Machado de Assis (1906) Querida, ao pé do leito derradeiro Em que descansas dessa longa vida, Aqui venho e virei, pobre querida, Trazer-te o coração do companheiro. Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro Que, a despeito de toda a humana lida, Fez a nossa existência apetecida E num recanto pôs o mundo inteiro. Trago-te flores – restos arrancados Da terra que nos viu passar unidos E ora mortos nos deixa e separados. Que eu, se tenho nos olhos malferidos Pensamentos de vida formulados, São pensamentos idos e vividos.
Bossa Nova. Os acordes dissonantes, o cantar baixinho e a batida de violão.
4 discos para conhecer a bossa nova e a nova bossa: 1958 - João Gilberto “Chega de Saudade”
2004 - Bossacucanova “Uma batida diferente”
1964 - João Gilberto, Stan Getz e Tom Jobim “Getz/Gilberto”
2006 - Sergio Mendes “Timeless”
Arte ao alcance de todos André Pacheco
Aos vermes que vão roer as frias páginas dos meus livros
Maristela Leão
Luiz de Moraes O Projeto “Circuito de Museus” da Divisão de Assuntos Culturais da UFV pretende incentivar a visitação aos museus existentes na universidade, inclusive à Pinacoteca. Ele está sendo divulgado por uma equipe no campus e também no centro de Viçosa. Um dos objetivos do projeto é formar nas pessoas o gosto pela arte, segundo a coordenadora do projeto e diretora da Pinacoteca, Sandra Taranto Galhardo. Ela conta que há 20 anos está em funcionamento na casa número cinco da Vila Gianneti, na UFV, a Pinacoteca da Universidade. O nome “pinacoteca” que vem do grego pinakothéke, quer dizer “coleção de pinturas”. Designa geralmente um espaço físico onde são expostas as obras de pintores, escultores, desenhistas e artistas plásticos em geral. No caso da Pinacoteca da UFV, além das exposições temporárias que passam pela galeria, também há um acervo permanente, próprio da Pinacoteca, formado por obras doadas por artistas ou apreciadores da arte. Sandra acredita que despertar nas pessoas um olhar mais sensível à arte é fundamental para a formação humana delas. Desenvolver o senso artístico do público comum seria o primeiro passo
para popularizar as artes plásticas. No entanto, como muitas pessoas, ao se depararem com uma pintura em estilo contemporâneo, por exemplo, não conseguem interpretá-la e “senti-la”, isto já se torna um obstáculo entre elas e as artes plásticas. Seria preciso levá-las a experimentar este tipo de arte, justamente para que ela deixe de ser uma coisa elitista. A responsável pela Pinacoteca da UFV também disse que as exposições são sempre diversificadas, no sentido de variar o tipo de arte exibido a cada tempo, oferecendo, assim, uma variedade artística ao visitante. A estudante Ana Clara Salvador, do curso de Bioquímica da UFV, que freqüenta a Pinacoteca desde o começo do semestre, pensa “que a arte ajuda a termos visões diferentes do mundo, a expandir os nossos horizontes.” A última exposição aconteceu no dia 5 de novembro, dia da Cultura, e exibiu gravuras digitalizadas de artistas espanhóis que já estiveram expostas em São Paulo e Recife. A exposição Suite Europa contou com a colaboração da Embaixada da Espanha e esteve no Hall da Biblioteca Central da UFV. A Pinacoteca é aberta ao público de segunda a sexta, das 8 às 12 horas e das 14 às 18 horas.
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entrevista
entrevista Construindo o futuro pelas próprias mãos Michelly Oda
Daniel Leite
O trabalho em construções e o artesanato são atividades dos recuperandos
“Todo homem é maior que seu erro”. A afirmação é do advogado Mário Ottoboni, fundador da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC). A entidade, criada na década de 70, tem por objetivo preparar quem foi preso para o retorno à sociedade através de meios diferentes dos praticados em presídios convencionais. A idéia surgiu no município paulista de São José dos Campos. Curiosamente, a APAC é fruto de uma rebelião ocorrida em um presídio da cidade. Diante das dificuldades, não havia, a princípio, quem quisesse assumir o controle administrativo da prisão. No entanto, um grupo religioso propôs uma nova metodologia de recuperação dos detentos, tendo como foco o ser humano. A Associação obteve resultados consideráveis, diminuindo os índices de reincidência criminal de maneira significativa. Depois do modelo bem sucedido, a entidade se espalhou por vários lugares do Brasil e do mundo. Em Minas Gerais, a iniciativa con-
seguiu maior sucesso em Itaúna, município próximo a Belo Horizonte. Foi baseada nesse exemplo a criação da APAC - Viçosa, em funcionamento desde 2005. Por aqui, assim como nas outras unidades da organização, o trabalho de recuperação dos condenados é fundamentado na ação de voluntários. O coordenador jurídico da instituição, Luciano Machado, é um deles.
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mem é maior que seu erro. Mário Ottoboni
Luciano, que também é estudante de Direito pela Universidade Federal de Viçosa, acredita que o tratamento dado pela APAC aos recuperandos, como são chamados os condenados, não é importante somente para o indivíduo, mas também para a sociedade. “Se uma pessoa retorna à comunidade pronta para o convívio social, nós conseguimos reduzir os índices
de criminalidade e, conseqüentemente, viver de uma maneira mais tranqüila. Assim, todos são favorecidos”, observou. A respeito do número de pessoas que voltam a cometer crimes, o coordenador jurídico da associação explicou por que o índice é menor entre os recuperandos da APAC do que entre os presidiários comuns. “Aqui, o tratamento é diferenciado. Nós buscamos a recuperação do indivíduo por meio da valorização humana, possibilitando o retorno da pessoa à sociedade com uma profissão digna e um bom relacionamento familiar. Nos presídios convencionais, isso não acontece, já que os detentos não recebem qualquer tipo de educação e nem sequer são tratados pelo nome”, declarou o voluntário. No entanto, Luciano fez questão de ressaltar que deve partir dos recuperandos a vontade de mudança e que são eles que determinam o sucesso do projeto. “A APAC não impõe, apenas propõe, cabendo à pessoa aceitar a nossa filosofia. Nesse sentido, eles (os recuperandos) também são responsáveis por várias ocupações,
como a manutenção do próprio espaço e atividades artesanais. Além disso, em breve teremos diversos cursos profissionalizantes na entidade, como os que serão ministrados na marcenaria e na padaria, atualmente em construção através do trabalho dos próprios recuperandos”, afirmou. Sobre o ambiente na instituição, ele definiu o relacionamento como “cordial e respeitoso”, uma vez que todos, colaboradores e beneficiários, são incentivados ao respeito mútuo. Quanto à sensação de ser voluntário da APAC, Luciano se mostrou muito satisfeito. “É muito gratificante. Principalmente para mim, que sou jovem, estou na faculdade e tenho a visão idealizada de querer mudar o mundo, mesmo não podendo fazer isso da noite para o dia. No entanto, nós podemos mudar as pessoas, o que representa o objetivo da organização”, contou. Ainda segundo o estudante, todos os cidadãos podem colaborar com a APAC, existindo apenas um pré-requisito para quem quer ser voluntário: a vontade de ajudar os outros.
Morcego de estimação vivia em gaiola Jéssica Marçal Animal de estimação todo mundo tem, seja ele gato, cachorro ou morcego. Isso mesmo, morcego. É o caso da estudante Alexandra Saraiva, de 22 anos, atual residente de Porto Firme-MG e que, aos 14 anos, criou um morcego em uma gaiola por sete meses, dentro de seu quarto, como seu animal de estimação. Alexandra se diz encantada por morcegos e acha que ele é um bicho como os outros, além de ser inofensivo. A estudante falou sobre sua experiência de convívio com este animal.
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OO: Onde e em que situação você encontrou o seu morcego de estimação? Aliás, ele tem nome?
Pâmera Mattos
AS: Meu avô decidiu trocar o forro da casa da minha avó porque ele achou que lá tinha rato, devido a uns odores e barulhos que se faziam presentes. Na hora em que a obra terminou, caiu um bicho e eu quis ver, porque achei estranho. Quando fui ver, era um morcego. Ele estava com mais medo da gente do que a gente dele e, como eu percebi que minha avó ficou irritada com o morcego, decidi pegá-lo e colocá-lo na gaiola. Eu nunca dei um nome pra ele, mas minha avó o chamava de “Coisa Feia”.
OutrOlhar: Como e quando surgiu seu interesse por morcegos?
OO: Como você fazia para alimentá-lo? Como era sua relação diária com ele?
Alexandra Saraiva: Eu estava num momento bem dramático da minha vida. Fui criada com meus avós e o pessoal pegava no pé; fui criada com avó, que tem um estilo muito diferente e que é um pessoal mais antigo em que tudo tinha que ser dentro da Igreja. Isso começou a me sufocar e a paixão por morcego, no início, foi mais pra irritar a minha avó, além de representar uma forma de fuga pra mim, já que eu estava em um momento difícil da minha vida.
AS: Eu perguntei para um professor da minha escola, o João Lúcio, que até é professor de biologia aqui em Viçosa, o que eu daria para o morcego. Aí ele falou que era pra eu dar fruta. Então, eu dava banana, amora, porque esses bichos adoram frutas vermelhas e também colocava restos de folhas, mas era mais fruta. Eu nunca coloquei bicho morto, sempre colocava fruta. O contato que eu tinha de pegada com ele era só com luva de pedreiro, que é bem grossa e resistente e, então, não tinha problema se ele me mordesse, o que nunca aconteceu.
Eles sempre colocavam a culpa em alguém e não pensavam que poderia ser uma opção eu não ter um gato ou um cachorro e sim um morcego. OO: Você cria o seu morcego até hoje? Se não, o que aconteceu com ele?
Estudante relembra momentos com morcego
OO: O que sua família e amigos acharam de você ter um morcego de estimação? AS: Meus amigos adoraram, mas meus tios acharam que eu estava ficando doida. Levaram-me em psicólogo, falaram que era revolta, colocaram a culpa nos meus pais.
AS: Não. Ele ficou só sete meses comigo e aí o João me aconselhou a soltar, dizendo que o morcego não é um animal de cativeiro. Eu nem soltei na cidade, e sim num sítio. Foi normal, como se pegasse um passarinho e soltasse. Lógico que eu fiquei “meio assim”. Depois que você solta você sente falta, tanto que a gaiola ainda ficou no meu quarto por uns meses e eu pensei até em pegar outro. Eu já tinha pegado carinho com ele e só soltei mesmo porque o João Lúcio falou que esse seria o ideal. OO: Você pensa em voltar a ter um morcego um dia? AS: No momento não, porque tenho três crianças pequenas e a gente ouve falar que morcego transmite doença, a raiva. Quem sabe depois, quando as crianças crescerem, eu tenha coragem sim.
entrevista entrevista
A arte em ensinar cantando Luciana Castro
O projeto “Música construindo gente,” idealizado pela aluna de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa, Jule Pires Amaral, está em vigor desde o início de 2007. Tem como objetivo difundir o conhecimento artístico musical entre crianças, visando desenvolver nestas a familiarização com a música brasileira através do canto, juntamente com o aprendizado que este é capaz de trazer em suas letras. O público alvo é composto por alunos de 1ª e 3ª séries do ensino fundamental da escola Effie Rolfs. Jule vem trabalhando com eles desde o ano passado, quando inicialmente tinha uma Bolsa de Extensão concedida pela UFV. Através dela ganhou o prêmio Arthur Bernardes - Mérito em Extensão. Durante esse mesmo período, trabalhou na Associação Assistência e Promoção da Pastoral de Viçosa (APOV). No entanto, hoje atua como voluntária somente na
primeira entidade. Aos alunos da 1ª série apenas é apresentado o canto, sem maiores teorias, diferentemente do que acontece na 3ª série, onde é possível a introdução de alguns conceitos musicais, tais como nota, escala e som. Fica evidente que depois de algum tempo de aula os alunos despertam o gosto pelo cantar, “passam a entender a música como história e estória e aprendem fazendo um paralelo com a educação. Intercalam o conhecimento da sala de aula com o conhecimento adquirido dentro do conteúdo musical”, conta. A estudante, que também cursa Música em Barbacena, deixa claro sua paixão pela música brasileira e o gosto em levá-la aos seus alunos, os quais passam a conhecer desde cedo grandes ícones do cenário musical como Nara Leão, Elis Regina e Toquinho. O projeto, além de seu caráter educativo e cultural, é capaz de promover a interação social de seus participantes, já que o coral composto por eles sempre faz
apresentações ao público em dias comemorativos, como é o caso do dia das crianças, do professor, das mães ou em feiras de ciência. Segundo Jule, pode-se observar, em longo prazo, um processo de diminuição da timidez da criança e sua interação com a sociedade, assim como acontecia na APOV, onde “a música era um processo para uma ferramenta maior”, referindo-se ao lado social de inserção que as aulas possuem.
Ao ser questionada sobre a nova lei que tornará obrigatório aulas de música nas escolas de ensino fundamental e médio, a nossa entrevistada vê com cautela, pois teme que a cobrança possa confrontar com o aprendizado prazeroso e afirma que “a arte não pode ser sistematizada”, a fim de que não perca seu valor. E valorizar a música e principalmente o ser humano é o grande objetivo de Jule. Maristela Leão
Jule Amaral, idealizadora do projeto “Música construindo gente”
Mineiro une trabalho e arte em praça de Viçosa André Vince
OutrOlhar: Onde você nasceu e há quanto tempo veio para Viçosa?
Em diversas partes do país existem personagens e artistas que estão presentes na vida das pessoas, mas que mesmo assim são desconhecidos. Um exemplo desses é Cláudio Carlos Dias, que trabalha talhando madeira e vende suas obras na Praça Silviano Brandão, em Viçosa. A arte e os artistas fazem parte do dia-a-dia de todos e devem ser divulgados e valorizados. Por isso, Cláudio falou sobre o seu trabalho e a cidade de Viçosa, além de fazer referência à necessidade de apoio do governo aos artistas brasileiros.
Cláudio Dias: Sou de Belo Horizonte e vim de lá para Viçosa há oito meses. OO: Porque escolheu essa cidade? CD: Porque acho que aqui é um lugar bom para o meu artesanato, que é o trabalho que faço manualmente. Descobri que aqui é um lugar bom para minha arte e tem o material necessário e adequado para que eu possa fazer meu trabalho. Pedro Nunes
OO: Há quanto tempo faz esse tipo de trabalho e como foi seu primeiro contato com essa arte? CD: Comecei aos 17 e faço esse trabalho há 28 anos. Meu primeiro contato foi fazendo outros tipos de artesanato e pensei em fazer esculturas manualmente. Depois peguei uma faquinha e comecei a trabalhar. Fui me aperfeiçoando, continuei e não pretendo parar. OO: Qual o diferencial do seu trabalho? CD: O diferencial é que ele é feito na hora. Eu sou rápido no que faço, nunca vi alguém fazer rápido como eu. Pego uma peça de dois ou três metros e faço em duas horas. Quanto mais faço meu trabalho, melhor eu fico. OO: Você acha que a arte é valorizada no Brasil? CD: Aqui no Brasil, não. Se tivesse no exterior, seria muito valorizada, mas aqui no Brasil não é. OO: O que acha que é preciso para a arte ser valorizada no país?
Artista mineiro traz seu artesanato para a praça Silviano Brandão
CD: Está precisando é de uma política de apoio para a arte e a cultura, principalmente ao artesanato feito manualmente, que está precisando e não tem apoio de ninguém.
O papel do Hip Hop em Viçosa Thaís Faria
No espaço descontraído da rua, a arte como manifestação de opiniões e evidenciando opressões e preconceitos sociais proporcionaram o nascimento de uma das culturas mais ricas existentes, a cultura Hip Hop. O movimento Hip Hop nasceu em Nova Iorque na década de 70, em guetos de jovens negros e hispânicos, caracterizando um movimento social da juventude pobre e excluída. Os três elementos formadores dessa cultura são o Rap - ritmo e poesia, expressão verbal - o Break - dança - e o Grafite - representante das artes plásticas. Atualmente esse movimento vem sofrendo com uma popularização e deixando de ter um discurso tão engajado como antes. Em Viçosa, o movimento começa a se manifestar nos bairros periféricos da cidade, como Nova Viçosa, em 1999, através do grupo NV Rap, extinto desde 2007, que realizava trabalhos sociais como oficinas gratuitas de Grafite, Break, Rap e espetáculos beneficentes, buscando incentivar a participação da comunidade, demonstrando o caráter educativo do movimento. Porém, pela falta de incentivo e inúmeras dificuldades, essas intervenções tornaram-se raras na cidade. José Francisco, mais conhecido como Teté, foi um dos membros do NV Rap e conta que entrou para o movimento através de um projeto da Igreja Presbiteriana de Viçosa, que proporcionava a jovens carentes oficinas e a partir disso foram se formando grupos até chegar na formação do NV Rap. Com o término do grupo, José seguiu produzindo letras e acabou por se aproximar de Ramon, amigo que freqüentava as apresentações, formando uma dupla. A dupla se tornou mais conhecida nas escolas das periferias por realizar apresentações nestes espaços, levantando temas sociais e tentando despertar o interesse de mais jovens a participarem do movimento, suas participações acontecem mais eventos em datas comemorativas e beneficentes, contudo pela falta de incentivo, eles não conseguem preparar suas apresentações e declaram que tudo que realizam é por amor ao movimento. Atualmente, Teté e Ramon participam de um grupo que realiza atividades todos os domingos às 14h no Porão do Centro de Vivência no Campus da UFV, em que busca aproximar a cultura Hip Hop de toda a comunidade.
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comportamento comportamento
Eloah Monteiro Caracterizada pela modificação permanente ou semi-permanente do corpo, a body modification (modificação corporal) é cada vez mais freqüente. Em Viçosa, são muitos os adeptos da prática. A bodymod, como é conhecida, abraça vários tipos de mudança. Existem alterações como tatuagens, piercings, implante de silicone nos seios e muitas outras, até nos lugares mais inusitados, todas pertencentes à mesma tendência. Antônio Carlos Giori, conhecido como Tony, trabalha há doze anos com tatuagem. Em seu estúdio, relata não fugir tanto do convencional nos seus trabalhos. “As tatuagens também seguem a moda, tatuo sempre borboletas, dragões, tribais. Poucos são os clientes que fogem à moda”, afirma. Mas, o que aparenta ser apenas mudança física, pode significar mais. O estudante de Letras, Rodolpho Monteiro, tatuou no braço uma imagem que diz retratar sua personalidade. “A carta de tarô que trago no meu braço (a carta do Louco, imagem tatuada), tem vários significados. Pra mim, significa que sempre vou tirar algo de bom da minha vida, inclusive dos meus erros. Aprendo, tentando acertar” diz Rodolpho. Seja qual for a transformação que desejar fazer, tão importante quanto a decisão, é a escolha certa do profissional que fará a alteração desejada. Além do bem-estar estético, deve existir também o cuidado com a própria saúde que, muitas vezes, pode estar em risco.
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Atrás da solução na prática Diego Tacaroli
O que você, jovem, pode fazer para melhorar sua escola? Como participar dos debates e ainda se preparar para o exercício da cidadania? A resposta pode estar bem mais perto do que se imagina. É através dos grêmios estudantis que os estudantes buscam representatividade nas escolas e fazem suas reivindicações serem ouvidas. Apesar de toda seriedade que os grêmios estudantis buscam ter, é muito fácil se integrar um montar uma representação. A formação de uma grêmio ocorre através de eleições organizadas pelas escolas. Se a sua ainda não tem, busque dialogar com a direção para a formação da sua chapa. É um direito seu de debater e conversar
com a direção sobre assuntos cívicos, culturais, desportivos e sociais. Para o estudante do terceiro ano do Coluni Paulo Antônio, que participa ativamente do grêmio, atuando pelo segundo ano consecutivo na entidade de sua escola, a participação nos grêmios propicia uma maior aproximação com a direção escolar e a inserção dos alunos na esfera política. Para Paulo, os estudantes que participam das chapas obtém um amadurecimento político, experiência de como se portar em reuniões e entendimento do funcionamento da parte burocrática. Os benefícios não são somente para quem se inscreve, todos os estudantes poderão participar com ajuda em projetos e debates, buscando, na prática, a defesa de seus interesses de forma ética.
De acordo com o estudante da UFV, Daniel Paula dos Santos, a atuação do grêmio estudantil dentro das escolas é de suma importância. Apesar de não ter participado ativamente, ele considera o funcionamento da entidade bastante atuante e que seu papel estava sendo cumprido, que é o de reivindicar melhorias e não deixar que os direitos dos estudantes sejam lesados. A cena mais lembrada da atuação de movimentos estudantis são os “caras pintadas” no impeachment de Collor, que retrata que os estudantes vêm participando ativamente dos debates políticos. Citando Friederich Hebbel, “viver significa tomar partido” e os estudantes através dos grêmios estão seguindo o caminho da cidadania e ajudando na construção da sociedade em que vivem.
Mãe, eu sou gay! Geanini Hackbardt A homossexualidade é um assunto freqüentemente discutido pela mídia e tem uma melhor recepção a cada dia, em vários setores da sociedade civil, entretanto, ainda se configura como um tabu. Para jovens que possuem esta orientação sexual, o relacionamento com a família é um desafio. O medo de decepcionar, de ser rejeitado e discriminado dentro de casa muitas vezes os inibe de ter um diálogo sincero com os pais. Existem relatos sobre relacionamento de homens com homens e de mulheres com mulheres desde a Grécia Antiga, mas a disseminação dos dogmas cristãos e a instituição da família como base da sociedade predominante levou à rejeição deste costume característico do ser humano. Por isso, dizer “mãe, eu sou gay” é quebrar
uma barreira construída historicamente, é desafiar um padrão de comportamento imposto a todos. “Chorei muito quando conversei com a minha mãe sobre isso”, disse Fred, jovem viçosense que assumiu sua homossexualidade aos 18 anos. Ele também relatou que primeiro sua mãe ameaçou se matar e depois concluiu “então eu nunca vou ter netos”. Mas agora, após o susto, a aceitação é muito maior. “Ela até compra camisinha pra mim, meu último namoro foi em casa, ele dormia na minha cama sem problemas.” Apesar da dificuldade “até chegar lá”, nem toda reação inicial é tão negativa. Eminy, outra entrevistada, contou aos pais quando tinha 17 anos: “sempre fui meio diferente. Quando comecei a sair mais para festas, minha mãe disse – filha, acho que você está um pouco confusa sobre sua se-
xualidade. Eu respondi que não, que era homossexual. Depois, conversamos sobre as minhas experiências sexuais e hoje é muito melhor”. Ambos deixaram claro que foi complicado, tanto para eles quanto para os pais, porém a via do diálogo e da franqueza é a melhor. “Depois que você conta, não precisa ter medo de mais nada. Perde a vergonha de se assumir, pois nossa preocupação é com a família. Fora isso, tem o problema da homofobia, e este é um medo que a minha mãe tem”, conclui Fred. As pessoas têm buscado perceber a realidade de maneira diferente, deixando um pouco do conservadorismo de lado. Enfrentar o preconceito faz parte de um processo e mostrar que ser homossexual é normal assim como ser heterossexual, é uma atitude que começa em casa.
Desenho Eloah Monteiro Arte André Pacheco
Um furinho aqui, uma tatoo ali...