Adotamos a
NOVA
ANO 6 | EDIÇÃO Nº 20 | NOVEMBRO 2009
ORTOGRAFIA
da Língua Portuguesa
a bc
JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - UFV
Estudantes de escolas públicas de Viçosa viajam fora das exigências da lei
páginas 8 e 9
Jovens começam a usar bebidas alcoólicas cada vez mais cedo
ESPORTE
Projetos sociais dão chance de melhoria de vida para viçosenses página 16
página 5
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Saiba as funções do sistema de memorização no aprendizado página 14
Estatuto da Igualdade Racial obriga ensino da cultura negra
ENTREVISTA
Enquete revela a preferência de concluintes do ensino médio página 10
Escolas da cidade afirmam que já estão usando os novos conteúdos
página 7
Rodrigues Alves
COMPORTAMENTO
Erivam de Oliveira
Transporte escolar em perigo
opinião opinião
EDITORIAL
O Jornalismo por futuros jornalistas Perspicácia, obstinação, paciência e, sobretudo, vocação e talento são algumas das virtudes básicas para ser um bom jornalista. Tudo sem contar com o perfeito domínio do idioma e um conhecimento básico de temas diversos. Contudo, um outro fator a ser observado no perfil dos aspirantes a esta apaixonante profissão é o poder de se indignar com as coisas do dia-a-dia. Coisas que, em um primeiro momento, podem parecer corriqueiras e sem a menor importância. Mas que, com um olhar mais apurado, aprofundado e responsável (o olhar jornalístico) passam a ser vistas como distorções e irregularidades que
colocam em risco a própria sociedade e seus membros. Sem a reunião desses fatores, certamente não haveria boas histórias para serem contadas ou para serem levantadas ao conhecimento e à discussão do povo. As pautas e abordagens surgiriam insossas, inodoras e incolores e ainda requentadas com a inutilidade, o que afastaria os nossos leitores de vez. O jornalismo é hoje, talvez, uma das poucas profissões desfalcadas de uma regulamentação, devido à incompetência e à irresponsabilidade dos legisladores, que apesar de ocuparem postoschave em nosso país, atuam em causa própria. Diversos setores ainda en-
caram o jornalismo como uma atividade incômoda e desnecessária aos seus interesses próprios e tentam fazer de tudo para minimizar a sua importância e desestruturar os seus membros. Mas o jornalismo não é bico e sim vocação que se molda, se lapida e melhor se prepara ainda na universidade. Nossos estudantes, antes mesmo de proporem temas para serem apurados e produzidos, são levados a conhecerem a realidade do público-alvo do jornal que produzem: estudantes adolescentes do ensino médio da rede pública de Viçosa e arredores. Depois, já na produção dos temas que serão publicados, sofrem constantes questionamentos sobre casos
relativos à fidedignidade dos fatos, à ética, à moral e aos bons costumes do que está se enfocando. Tudo em prol não só do bom produto jornalístico, mas também pela boa formação e ainda pela responsabilidade dos cargos que irão assumir, dentro em breve, no mercado de trabalho e na sociedade. Esperamos que mais esta edição do OutrOlhar esteja a contento dos nossos leitores e dos professores que, certamente, irão utilizá-la para a ampliação de conhecimento e formação crítica necessária de futuros cidadãos. Joaquim Sucena Lannes Editor
O que você faz na internet? Caroline Lomar
Orkut, MSN, Twitter, Skype, Facebook. Essas palavras são cada vez mais comuns no cotidiano de quem utiliza a internet. Os sites de relacionamento crescem diariamente e quem compõe a grande maioria dos usuários são os jovens. É algo perfeitamente aceitável – e imporante – que os jovens possuam um domínio extenso das novas tecnologias. Na sociedade atual, quem não está por dentro das novidades que surgem a cada dia não tem as mesmas chances de quem procura se atualizar. O que se questiona é a
relação que o jovem mantém com a rede. A internet é um terreno infinitamente vasto e que pode facilitar muito a vida de quem sabe utilizála. Quando usada com responsabilidade, pertinência e moderação, é o melhor dos mundos. Mas não é isso que se vê. Um estudo da Universidade de Coimbra, em Portugal, em conjunto com outras grandes instituições europeias, aponta que a maioria dos jovens que possuem acesso à internet em casa gastam entre uma e duas horas por dia navegando na rede, e que esse tempo pode aumentar no fim de semana. E o que eles faCoordenadora do Curso de Comunicação Social/Jornalismo Profª. Soraya Ferreira
Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV), sob responsabilidade da turma de 2008. Endereço: Vila Giannetti, Casa 39, Campus Universitário - 36570-000 - Viçosa, MG Tel: 3899-2878
Reitor: Prof. Luiz Cláudio Costa Diretor do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes Prof. Walmer Faroni
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Editor Prof. Joaquim Sucena Lannes Registro: MT/RJ-13173 Editor de Fotografia Erivam de Oliveira Registro: MT/SP-20193 Subeditores Rodrigo Castro (Cidade), Lucas Guerra (Ciência e Tecnologia), Andriza Andrade (Comportamento), Rodrigues Alves (Cultura), Nayara Souza (Entrevista), Sávio Lopes (Esportes), Monizy Amorim (Meio Ambiente) e Daniel Fernandes (Opinião)
zem durante este tempo, segundo o mesmo estudo? Sites de relacionamento, chats e jogos. Orkut, MSN e derivados são mesmo viciantes. A tentação de atualizar sua página pessoal a cada minuto para conferir a chegada de novas mensagens é muito mais atraente do que os livros e cadernos que eventualmente estejam esperando. Mas sabe-se muito bem que não são a melhor escolha. A rede está cheia de sites educativos, com os mais variados temas. Tem para aprender línguas, divulgar invenções, orientar sobre o vestibular, jogos on-line que abordam conteúdos estudados em sala Redação Alexandre Garcia, Andriza Andrade, Camila Caetano, Camila Campanate, Caroline Lomar, Daniel Fernandes, Diego Mendes, Diogo Rodrigues, Erik Oliveira, Felipe Pinheiro, Gustavo Paravizo, Hélio Assa-Fay, Jader Gomes, Jordana Diógenis, Kamilla Bitarães, Kelen Ribeiro, Kívia Oliveira, Lilian Lima, Lucas Gadbem, Lucas Guerra, Luiz Phillipe Souto, Luiza Sena, Marcela Sia, Maria Clara Corsino, Mayara Barbosa, Monizy Amorim, Murilo Araújo, Murilo da Luz, Nayara Souza, Olívia Miquelino, Paula Machado, Priscila Fernandes, Rayza Fontes, Rodrigo Castro, Rodrigues Alves, Samantha Dias, Sávio Lopes, Thiago Alves Revisão Final: Rodrigues Alves Diagramação: Diogo Rodrigues
de aula, obras literárias nacionais e internacionais disponíveis na íntegra e outras opções inimagináveis para quem se restringe ao mundo dos scraps e mensagens instantâneas. Opções não faltam. Não existe nada de errado em navegar na rede, nem em utilizar os recursos de interação que ela proporciona. A internet aproxima as pessoas, faz com que lugares distantes se tornem próximos, e a função de seus usuários é transformá-la numa ferramenta para o sucesso pessoal. Para começar a utilizá-la de maneira correta não é preciso abandonar os velhos hábitos. O segredo é o equilíbrio. Impressão Divisão Gráfica Universitária Tiragem 2000 Exemplares Os textos assinados não refletem a opinião da Instituição ou do Curso, sendo de inteira responsabilidade de seus autores
Estudar ou trabalhar? Hélio Assa-Fay
Estudo ou trabalho. Em um dado momento da vida, defrontamos com esse dilema. Afinal, qual será a melhor opção? O trabalho é uma condição necessária para a sobrevivência, já que através dele garantimos o nosso sustento. Mas o estudo também pode ser um fator importante para um trabalho melhor no futuro. Vários jovens, ao terminar o ensino médio, resolvem trabalhar e deixar os estudos de lado, muitas vezes não por opção própria, mas por necessidade de sustentar a família. Então, depois de alguns anos, buscam a qualificação acadêmica. A procura dos trabalhadores por nova formação tem por objetivo conseguir, no futuro, um acréscimo de renda ou um trabalho extra que possa ajudar na sobrevivência. Acredito que uma das grandes causas dos jovens abandonarem os estudos para trabalhar é a condição de vida em que se encontram, a qual não favorece o incentivo aos estudos. Com certeza, são duas tarefas difíceis, já que um trabalhador ao longo do dia se sobrecarrega com suas atividades e, ao chegar a noite, o que encontra é a desmotivação e a falta de tempo para estudar. Assim, muitas vezes é obrigado a desistir dos estudos. Para um bom desempenho profissional é preciso ter boa formação. Para se estudar, são necessários tempo e dedicação. E, para quem trabalha, é difícil fazer essa conciliação. Muitos creem que a melhor forma de se conseguir progredir na vida é fazer as duas atividades ao mesmo tempo. Particularmente, não concordo com essa opinião. Para mim, o estudo precisa de tempo, uma vez que quanto mais o indivíduo estudar, mais facilidade ele terá em entrar no mercado de trabalho. Quem tenta conciliar as duas coisas confessa que são tarefas difíceis, mas é a única forma que encontram de sustentar a família e dar continuidade a um sonho de uma vida melhor. Na realidade brasileira, conciliar é a melhor saída.
opinião opinião
Nas mãos da juventude Thiago Alves
A juventude é o fermento, a levedura dos povos. Ela reúne o entusiasmo para o estudo e a energia para a ação, que juntas fortalecem o coletivo e elevam o aprendizado. Quer sejam universitários, quer sejam secundaristas, moradores da cidade ou do campo, cada um faz parte do patrimônio da humanidade. Mas não basta ser jovem na idade, é preciso que se forme um ideal. E isso só é possível quando unem-se o estudo e o entusiamo de transformar o mundo em um lugar diferente, regido por novas relações, onde não impere a injustiça, a violência, a miséria e o desespero. Em nossa história são incontáveis os exemplos de jovens estudantes que lutaram por uma causa, muitos sacrificando suas próprias vidas. No Brasil, os universitários estão organizados desde a década de 30, com a criação da União Nacional dos Estudantes (UNE), sendo, durante vários momentos, protagonistas de importantes lutas sociais, como na resistência à ditadura militar (1964-1985), incluindo o movimento estudantil da UFV. Os secundaristas, estudantes que hoje estão entre as séries finais do ensino fundamental e o ensino médio, também tiveram grande atuação em tempos atrás. Desde 1948, com a fundação da UBES, União Brasileira de Estudantes Secundaristas, órgão representativo que na década de 60 teve ação significativa em movimentos populares, na alfabetização de adultos, em projetos culturais, nas artes plásticas, cinema e muitos outros. Durante a ditadura, eles foram duramente perseguidos. Sem deixar de lado, no entanto, a luta pela liberdade. Hoje, inúmeras leis federais garantem ao estudante o direito de se organizar e formar grêmios estudantis. Lugar de revindicar melhorias e espaços únicos de socialização, de tomada de consciência sobre o protagonismo juvenil, além de estimular a crescente democratização do espaço escolar. Toda escola deve apoiar e criar as condições para isso.
“Nas favelas, no Senado... sujeira pra todo lado” Votamos a cada dois anos e a corrupção persiste. Adianta mesmo exercer a cidadania? Diogo Rodrigues
Quando Renato Russo compôs a música “Que país é este”, em 1987, o mesmo José Sarney que hoje preside o Senado Federal era o presidente do Brasil. Por coincidência (ou não), 22 anos depois, favelas e Senado permanecem repletos de imundice, e José Sarney continua figurando no cenário político nacional. O fato é que a classe política brasileira está defasada e viciada. É necessário renovar. No entanto, com jovens que, em sua maioria, não confiam nos políticos e pouco se interessam pela política, a nação segue seu caminho, desacreditada. Para o doutor em ciências sociais e professor de Teoria Política na UFV, Jeferson Boechat, uma possível alternativa para diminuir a corrupção seria o remodelamento da Constituição brasileira. “É preciso reformular a regra do jogo, mas essa é uma questão com-
“O fato é que a classe política brasileira está defasada e viciada” plicada. Quem vai fazer isso?”, diz. Em nota oficial emitida no dia 5 de outubro, José Sarney mostrouse disposto. “Acredito que temos à frente um encontro marcado para adaptá-la aos tempos modernos e torná-la uma Constituição sem os defeitos da atual”, comentou o senador, que certamente não é pessoa das mais indicadas para realizar tal reforma. Ao se escolher um candidato, é necessário conhecer seu passado seus projetos, sua conduta - para assim potencializar o que pode ser realizado no futuro. Cada vez mais acessível à população, a internet é uma bom meio para se poder co-
nhecer sobre políticos e suas respectivas propostas. Existem sites, como o Portal da Transparência (www.portaldatransparencia.gov. br), que visam esclarecer ações políticas para a sociedade. O estudante de ensino médio Danilo Soares, de 15 anos, afirma que, apesar de não confiar na índole de nenhum político brasileiro, pretende votar mesmo antes dos 18 anos, quando o voto ainda não é obrigatório. “Penso que meu voto pode efetivamente influenciar na política do meu município e do meu país”, argumenta. Uma possível solução para a escolha de bons candidatos seria a implanta-
ção do voto facultativo no Brasil. Se votassem apenas os que têm interresses claros em seu voto, a chance de evitar maus políticos no poder aumentaria. Os jovens brasileiros estão desunidos e desmotivados para realizarem mobilizações de massa contra a corrupção. Jeferson Boechat acredita que os movimentos estudantis existentes hoje não possuem credibilidade nem mesmo entre os estudantes, algo que deveria ser fundamental. Já o estudante Danilo Soares se posiciona: “acho que os cidadãos não têm que fazer nada contra a corrupção. São os políticos que devem criar caráter e ética, para assim fazerem apenas o papel que demos a eles, sem roubos”, diz. “Mas sei que isso é utopia”, completa. A letra de Renato Russo não perderá sentido tão cedo. Pelo jeito, o Brasil vai conviver com mais alguns anos de sujeiras nas favelas, no Senado, nas prefeituras...
Ler é importante, mas é preciso cuidado Daniel Fernandes
Os avanços tecnológicos vividos pela sociedade cada vez mais alteram os hábitos de vida de todo mundo. Muito embora as novidades estejam aí para qualquer um que se interesse, os jovens são, sem dúvida, os mais afetados pelos novos “vícios digitais”, como, por exemplo, a internet e o vídeogame. Se até mesmo a televisão já não tem a mesma atratividade que teve um dia, o que dizer então do hábito da leitura, que cada vez mais é abandonado pelos mais novos? Num mundo onde tudo é entregue já materializado, a imaginação fica em segundo plano e a capacidade de se transportar através das linhas de um livro e se colocar em uma história, imaginando cenários, personagens e uma trama é muito pouco utilizada. Outro grave problema decor-
rente desse processo de abandono da leitura é a dificuldade em interpretar textos e utilizar corretamente a gramática. Pior do que desestimular a leitura, a internet criou uma linguagem própria,
zado dos conhecimentos linguísticos, a leitura auxilia a memorização e compreensão das regras gramaticais, ajudando o estudante em formação a conhecer melhor aplicações de acentos, pontua-
“Num mundo onde tudo é entregue materializado, a imaginação sempre fica em segundo plano” muito utilizada, e que foge totalmente do uso padrão da escrita. Repleta de abreviações, gírias e palavras inventadas, essa gramática própria dos adolescentes os faz, em alguns casos, retroceder, desaprendendo o conhecimento adquirido na escola. Grande auxiliar no aprendi-
ção e como escrever da maneira correta determinada palavra, por exemplo. Para tentar ressuscitar o prazer por livros, obras como os bestsellers Crepúsculo e Lua Nova, da americana Stephenie Mayer, são uma ótima porta de entrada. Com a escrita mais simples e acessível,
voltada para o público adolescente, esse tipo de romance prende a atenção e desperta curiosidade, como em um filme, e são capazes de convencer de que livros podem sim ser legais e atrativos. Porém, como trazem histórias básicas, com um enredo simples apesar de interessante, sem maiores aprofundamentos e reflexões, ater-se apenas a esse tipo de leitura também é um perigo. Clássicos da literatura mundial e nacional são obras eternas, que mesmo após muitos anos ainda servem como parâmetro de qualidade, mantendo-se como referência de leitura para qualquer geração. Personagens como o vampiro Edward, protagonista de Crepúsculo, podem ter papel significativo na formação de um novo leitor, mas não devem jamais se sobrepor a personagens nacionais, como Brás Cubas, Bentinho, Iracema e alguns outros.
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comportamento Gripe suína muda hábitos do brasileiro comportamento
Apesar do surto ter sido praticamente superado, normas de higiene continuam a ser adotadas nas escolas Andriza Andrade
Depois do surto da denominada gripe suína, novos hábitos foram incorporados ao nosso cotidiano. Escolas, igrejas e ambientes públicos tiveram que se adaptar à nova situação, para evitar o alastramento da pandemia e conscientizar a população quanto aos hábitos de higiene. Segundo a coordenadora do Colégio Equipe, Silvia Rubim, a escola se preparou durante as fé-
rias para receber os alunos, enviando cartas contendo informações sobre as medidas preventivas para os pais dos alunos. Os professores também se adaptaram e acrescentaram horários para os alunos lavarem as mãos. Também passaram a usar, nos colégios, álcool em gel e copos descartáveis. Sílvia conta que todas as medidas foram muito eficazes e ficou surpresa de como essas medidas foram importantes para os alunos mudarem os hábitos de higiene.
O que mudou O uso do álcool em gel ainda é feito em sala de aula A higienização das mãos continua a ser executada antes e depois do intervalo O bebedouro só pode ser usado com copo descartavél
O médico infectologista Alex Pinheiro explica que esses hábitos devem ser estimulados para controle da infecção, e previne: “o uso do álcool em gel é tão eficaz quanto lavar as mãos com água e sabão, porém o álcool é mais prático e, por isso, foi tão usado no combate à gripe suína”. O médico diz que os picos da doença em Viçosa foram consequência de uma despreocupação que seus habitantes tiveram com os novos hábitos. Nos hospitais, os pacientes com suspeita de contaminação pelo vírus H1N1 ficam em quartos isolados e toda a equipe trabalhava com máscaras e roupa protetora. Segundo a estudante Estela Vale, suspeita de ter sido contaminada pelo vírus, os médicos recomendaram a separação dos utensílios pessoais e o uso de máscara em ambientes comuns da sua casa. Estela acredita que esses cuidados são necessários para que o combate se torne eficiente e evite um novo surto.
Andriza Andrade
CRIANÇAS têm maior cuidado com a higienização das mãos
Sexualidade ainda é tabu para os adolescentes Mayara Barbosa
É como dizem, o sexo está na ponta da língua dos adolescentes. O assunto está sempre nas rodas de conversas e bate papos entre amigos, sejam meninos ou meninas. Essa é a tão falada fase em que os hormônios entram em ebulição. É na adolescência que se entra em um período de descoberta do corpo e do sexo. A dificuldade para falar sobre o assunto aparece apenas dentro de casa. A maioria dos adolescentes têm vergonha e não veem uma abertura e naturalidade para conversar sobre o assunto com os pais. Eles preferem simplesmente meios mais fácies ou menos embaraçosos de tirarem suas dúvidas ou apenas comentarem suas experiências com os colegas. Alunos da Escola Estadual Effie Rolfs tentaram explicar para a nossa reportagem essa dificuldade de diálogo. Eles disse-
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ram que, dentro da escola, nem sempre o assunto é abordado. É aí que entram os amigos. Essa troca de experiências entre os jovens é o meio mais comum, no qual eles compartilham e tiram dúvidas sobre sexualidade. Poucos entrevistados disseram ter dúvidas e, quando as têm, alegaram não saná-las, por acharem que as próprias experiências ensinarão. As trocas de informações ou apenas contar para um amigo as experiências vividas já bastam. A forma de con-
tar, entre meninos e meninas, é sempre diferente. Garotos aumentam suas histórias. As garotas diminuem. E as dúvidas persistem. As mais recorrentes são sobre homossexualidade, gravidez, métodos contraceptivos, questões sobre o desenvolvimento dos órgãos genitais e doenças sexualmente transmissíveis. Essas e outras dúvidas podem ser facil-
mente tiradas com os pais ou especialistas em comportamento e sexo. Segundo o psicólogo Felipe Stephan Lisboa, a procura por ajuda acontece apenas quando os casos se tornam extremos. Ele explica também que as dificuldades para haver conversas estão muito ligadas à ansiedade e afetam principalmente os garotos, pela pressão de uma sociedade com valores machistas. Com dúvida ou sem, os adolescentes iniciam sua vida sexual cada vez mais cedo. As conversas entre eles, explica o psicólogo, são importantes, mas devem ter assistência por parte de adultos responsáveis. Não para dizer o que se deve ou não se fazer. Mas pra orientar e direcionar, quando necessário. Sempre de forma agradável e sem pressões, para que o diálogo ocorra da melhor forma possível e o adolescente tenha uma vida sexual sadia.
comportamento
comportamento
Álcool atinge jovens cada vez mais cedo As influências de amigos, a curiosidade, a auto-afirmação e o glamour das comemorações estão entre as principais causas Lívia Riboli
Lilian Lima
Proibido pra menor? Será que a exigência da apresentação da carteira de identidade impede que os adolescentes menores de idade tenham acesso à bebida alcoólica? Não entrando no mérito da fiscalização da lei, o assunto é alcoolismo, e sob um outro olhar, o dos jovens de 14 a 18 anos. Ao abordar jovens nessa faixa etária, as primeiras preocupações que surgem são em relação aos pais. A reportagem ouviu que “Minha mãe me mata se souber que eu bebo”. Numa conversa com cerca de 15 jovens, garotos e garotas, a resposta mais ouvida à pergunta: “Com que frequência você bebe?” foi “Aos fins de semana”. A influência das festas sobre a ingestão de bebida alcoólica é evidente. Já a dose ingerida pode variar de festa pra festa, como definir quanto um jovem bebe numa festa de bebida liberada, uma dessas “Open Bar”?
Outras influências puderam ser percebidas. Por exemplo, a curiosa relação entre namoro e bebida. Muitos jovens afirmaram que antes bebiam, mas pararam por conta do namoro. A procura pela bebida é mais acentuada entre os solteiros, que são também os mais “baladeiros”.
Segundo o médico Drauzio Varella, formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o alcoolismo é uma doença crônica, com aspectos comportamentais e socioeconômicos, caracterizada pelo consumo compulsivo de álcool, na qual o usuário se torna progressivamente
Ansiedade observada Camila Campanate
Quando a ansiedade e o nervosismo, incontrolavelmente, sobem à cabeça, não é possível manter o raciocínio e a ação desejada em qualquer avaliação. Esse comportamento afeta milhares de pessoas na sociedade. Quanto mais nos deparamos com desafios pessoais e profissionais, a exigência se torna mais intensa. Essas preocupações e tensões se evidenciam em trabalhos, provas ou em apresentações que exijam demonstração de conhecimento. Segundo a professora de ciências Consuelo Teixeira, a ansiedade é sempre gerada quando há uma observação por uma pessoa que avalia, seja ela um professor ou mesmo o público que assiste a uma apresentação. “O olhar do outro gera insegurança”, enfatiza. Ela conta que o aluno enxerga o poder nas mãos do professor, dando a ele o direito de usufruir
da autoridade de avaliar e questionar todas as suas ações. Esse sentimento causa temor e receio aos alunos que temem os critérios usados pelo professor. As pessoas ficam naturalmente nervosas, mas, em alguns casos, esse comportamento se excede e prejudica o desempenho escolar e profissional. Para a universitária Marianne Camargos, o nervosismo foi a grande barreira para não ter passado em seu primeiro vestibular. Ela conta que estudou bastante e que sempre foi uma boa aluna, mas a ansiedade na hora da prova comprometeu seu desempenho. “Sempre me pressionei. Estudava em escola pública e, desde a quinta série, quando tive oportunidade de conseguir uma bolsa de escola privada, comecei a me cobrar constantemente”, comenta. Marianne sentia mal-estar, enjoos, dores intestinais e até falta de apetite. A ansiedade cotidiana traz
o friozinho na barriga, além de tremedeiras. Esses sintomas, no entanto, podem ser considerados normais. Porém, muitos indivíduos sofrem a ansiedade patológica, o que compromete demasiadamente suas vidas. De acordo com o psicólogo André Camacho, “essa ‘pré-ocupação’ é absolutamente normal. Chama a atenção se essa ansiedade é patológica e se manifesta em um quadro com um padrão de tempo/espaço maior, em que há uma paralisia em quem a sofre. Essa ansiedade, então, o impede de produzir, trabalhar e relacionar-se”, explica o psicólogo André Camacho. Para ele, o controle da ansiedade pode ser conseguido com atividades físicas regulares e momentos de lazer. Outra medida de prevenção é respirar fundo sempre que o nervosismo se aproximar, pois é nessa tranquilidade que buscamos o complemento para o nosso bem-estar.
tolerante à intoxicação produzida pela droga e desenvolve sinais e sintomas de abstinência, quando a mesma é retirada. Ainda assim, o limite entre o “beber socialmente” e se tornar um alcoólico é frágil. Depende de outras questões como tolerância e fatores genéticos, que não são determinantes, mas podem fazer com que o risco de se viciar aumente. Sensação de onipotência e rebeldia, características da adolescência, também são fatores influentes. A idade é mesmo de experimentar, isso não dá pra negar. O importante é saber julgar quais as consequências que certas novidades podem trazer. A primeira bebedeira, o primeiro “porre”, pode ser decisivo. Nesses momentos, a bronca dos pais ainda é o melhor remédio contra a ressaca. Uma combinação de pesquisas explica isso. Estudos da Universidade do Texas provaram que, nessa faixa etária, os adolescentes que achavam que os pais sabiam o quanto
eles bebiam e se preocupavam com isso tendiam a beber em menor quantidade e com menor frequência do que os adolescentes cujos pais pareciam não se preocupar com esse comportamento. Enquanto os pesquisadores do Instituto Central de Saúde Mental de Mannhein, na Alemanha, confirmaram que, quanto mais cedo o adolescente entra em contato com o álcool, maiores são suas chances de desenvolver dependência à bebida na vida adulta. Parece distante? Segundo a psicóloga Carmen Lúcia Gomide Costa, chefe da Divisão Psicossocial da UFV, recentemente jovens que têm sofrido com o consumo abusivo de álcool têm procurado ajuda especializada. Há 20 anos, a Universidade Federal de Viçosa conta com o “Programa de Atenção ao Uso, Abuso e Dependência de Álcool/Bem-Viver”, uma ajuda destinada aos servidores comprometidos com o uso abusivo do álccol ou com a dependência alcoólica. Camila Campanate
NERVOSISMO pode ser fulminante numa prova de vestibular
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cultura cultura
Ler pode ser uma viagem barata
Sebos vendem livros mais em conta e são excelentes para manter a leitura em dia e encontrar obras raras Rayza Fontes
Rayza Fontes
As insistentes campanhas de incentivo à leitura feitas pelo Ministério da Educação parecem ainda não ter surtido efeito nessa nova geração. Os números mostram que o Brasil ainda está longe de ser um país de leitores. De acordo com pesquisa da Toledo & Associados, o brasileiro lê em média 1,8 livros por ano; enquanto na França, a média é de sete livros. Em Viçosa, apesar da grande quantidade de escolas e institutos de ensino superior, a leitura ainda fica em segundo plano. Recente pesquisa feita com alunos de cursinhos populares da cidade mostrou que dos 30 jovens que responderam à pergunta: “por que você não lê?”, a metade afirmou que os livros são muito caros, outros 12 alegaram falta de tempo ou paciência para tal. Infelizmente, aos que fazem parte do segundo grupo, pouco
VARIEDADE de obras permite encontrar até livros raros pode ser feito, além das campanhas de incentivo e trabalho constante dos professores de Língua Portuguesa. Quanto aos custos dos livros, essa não pode ser mais uma desculpa. Existem locais de troca e venda de livros usados na cidade, onde é possível encontrar os mais variados títulos e autores
“Tambores do Buieié” valoriza raízes culturais Kelen Ribeiro
O grupo Tambores do Buieié é fruto de um projeto cultural que visa incentivar e valorizar as raízes da cultura afro-descendente através da arte, dança e música. Criado pelo professor e músico viçosense Thyaga Fernandino, o grupo atualmente conta com a participação de 26 crianças e adolescentes, todos moradores da comunidade Buieié, localizada na zona rural de Viçosa. Thyaga relata que os tambores eram feitos de materiais reciclados como latas, baldes e garrafas, mas que, mesmo com a escassez de recursos, o grupo apresentou um potencial incrível para a realização do trabalho. O desenvolvimento do projeto é apoiado pelo programa TIM ArtEducação e pela organização não-governamental Núcleo de Arte Viva - NAVI, que trouxe à comunidade do Buieié o reconhecimento como Ponto de Cul-
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tura e a assistência necessária para que novos instrumentos fossem adquiridos. Além dos tambores, os jovens também aprendem a tocar tarol, atabaque e violão. Muito além do talento musical, no grupo eles desenvolvem a cidadania e o sentimento de respeito pela individualidade do próximo, trabalhando com muita criatividade e alegria. A valorização da cultura nativa no Buieié também é responsável pela inclusão social de crianças e adolescentes marginalizados no espaço artístico atual. O grupo já se apresentou em diversos estados do país. Muitos dos participantes do projeto já veem a possibilidade de realização de suas metas profissionais e acreditam que o reconhecimento é muito importante na construção e concretização de seus sonhos. “A pessoa quando é reconhecida, quando é amada, ela adquire cidadania, sabedoria. Cresce espiritualmente!”, finaliza Thyaga.
por até R$1. Viçosa conta com três desses lugares, popularmente conhecidos como sebos, apesar de geralmente adotarem “livraria” no nome do estabelecimento. Osvaldo Viana, dono do sebo “Livraria LL Letras e Livros” conta que nem só de troca e venda de usados vive seu comércio, pois
apesar de não ter internet, possui um grande contato com editores e fornecedores novos, o que abastece o seu estoque já que antigos fregueses trocam seus livros usados por novos. Os usados geralmente são vendidos pela metade do preço de um novo, variando de acordo com o seu estado de conservação. A Livraria “Achei”, localizada no centro da cidade, conta também com revistas de todos os gêneros e discos de vinil.A vendedora Maria Aparecida, que trabalha no local desde a inauguração, há oito anos, enfatiza que as revistas são um grande chamariz, pois atraem as crianças e incentivam a leitura desde a infância. Os livros didáticos ou a literatura exigida no vestibular são sempre procurados nos sebos viçosenses. Carolina Assis, frequentadora assídua dos sebos da cidade e também dos existentes na internet, garante que até hoje só compra a literatura exigida nas provas
em sebos, pois assim economiza dinheiro e depois de lidos pode trocá-los por outros. Ela ainda ressalta que “o tratamento das obras nesses locais é muito diferente das livrarias, é tudo muito informal e o ambiente meio bagunçado é extremamente confortável”. Para os que não consideram a possibilidade de pegar livros emprestados da Biblioteca Municipal, adquirir um volume conservado por um bom preço parece mesmo a melhor alternativa. Só não vale deixar de ler.
Pontos de embarque Livraria Achei Rua José das Cruz Reis, 168 B 3891-0526 Livraria LL - Letras e Livros Av. Santa Rita, 255, Loja 3 3892-6764
E aí, já tá na hora da novela? Jader Gomes
É inegável para nós, brasileiros, que a novela seja um hábito. Ela é o produto mais consumido no Brasil e, quando chega a sua hora, há sempre alguém, se não a família inteira, que se senta em frente à TV e se transporta a um outro mundo. Diante das imagens, surge um outro mundo, com novas realidades, que dá asas a imaginação e permite um envolvimento em diferentes formas, por meio da trama e dos personagens. Nas novelas nacionais, é muito comum que os autores tragam para a telinha uma realidade distante de nós, tanto geográfica quando culturalmente. Inserem no nosso cotidiano uma pitada do estilo de vida de outros povos. Quem nunca ouviu ou saiu repetindo algum dos jargões indianos difundidos na novela
Caminho das Índias? Quantos foram os que procuraram as aulas de dança do ventre quando O Clone dominava a audiência do horário nobre na TV aberta? Segundo Lucilene Cury, professora de Comunicação da USP e especialista em psicologia cognitiva, não é tão simples entender a relação entre a novela e o telespectador, mas o envolvimento entre eles se dá a partir do momento em que a ficção, que é baseada em traços da realidade, trabalha com as expectativas, os sonhos e até mesmo a suprir as carências de quem a acompanha. É através dessa cultura diferente, transportada através de capítulos exibidos diariamente durante meses, que muitos têm o primeiro contato com essa tão falada nova realidade. São apresentados lugares, crenças, costumes, utilizados pelo autor e interpretados pelos atores, o que pode relativizar, modificar ou até mesmo estereotipar tais características.
Porém, não se pode negar que a novela possui um papel de destaque no momento em que os telespectadores constroem a imagem dessa determinada cultura. Para os noveleiros de plantão, as novelas que retratam os Estados Unidos, por exemplo, que é um país de grande influência no mundo e, por isso, mais conhecido, trazem menos novidades do que aquelas que mostram a cultura de países do Oriente Médio, mais distantes da cultura ocidental. Muitas vezes, assistir a novela é como quando se lê um livro, nos sentimos parte da história, nos tornamos personagens dela. E ao mesmo tempo, do “lado de fora”, ficamos torcendo pelo típico final feliz. Nada melhor do que aproveitar o momento para se conhecer novos mundos, que se não dessa forma, talvez nunca seriam desvendados.
cultura cultura
O outro lado da história
Escolas adaptam currículo para o ensino obrigatório de história da África e cultura negra
Rodrigues Alves
A ESCOLA EFFIE ROLFS e outros colégios afirmam ter incluído os conteúdos exigidos no Estatuto da Igualdade Racial Rodrigues Alves
O povo brasileiro se formou a partir da mistura de três grupos étnicos diferentes: índios, europeus e negros. Quase todos sabem dessa origem, mas as escolas sempre priorizaram o ensino de somente uma das matrizes culturais que formam a identidade brasileira: a branca europeia. Buscando reverter essa situação, integrantes do movimento negro conseguiram fazer com que os deputados aprovassem o Estatuto da Igualdade Racial. Ele poderá ser sancionado pelo presidente da República, caso passe pelo Senado, no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. O Estatuto, entre outras bandeiras, vem confirmar um dos artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB): todas as escolas de ensino fundamental e médio, públicas e privadas, são obrigadas a ensinar a história da África e a cultura negra na formação da sociedade nacional (tema já abordado na edição nº 14 do OutrOlhar). O objetivo é fazer
com que, ao se trabalhar a questão étnico-racial, diminua e acabe o racismo e a discriminação sobre os negros. Tanto a LDB quanto o Estatuto determinam que os conteúdos devem ser trabalhados dentro do currículo escolar, ou seja, não é preciso se criar uma disciplina específica. Eles podem ser abordados nas aulas de história, geografia, literatura e educação artística, por exemplo. Alguns professores dizem já seguirem as novas exigências. É o
caso da professora de história da Escola Municipal Dona Nanete, Giovanna Sabione. Ela afirma que há nove anos trabalha com história da África, sempre buscando reflexões acerca do racismo. Na Escola Municipal Ministro Edmundo Lins, a professora de história Sueli Saraiva Guimarães, vivenciou exemplos de como o ensino das questões africanas ajuda na diminuição do preconceito racial e na aceitação da própria identidade. Para a professora de geografia, Cássia Silva Freitas, é preciso que
O Estatuto da Igualdade Racial na sala de aula • História geral da África e cultura negra passam a ser conteúdos obrigatórios; • Não será preciso criar uma nova disciplina; • História, geografia, literatura e educação artística são exemplos de disciplinas que podem incluir os novos conteúdos • Objetivo: diminuir e acabar o racismo e a discriminação sobre os negros
os livros didáticos também acompanhem essas reformulações, além da capacitação dos professores. Uma parte dos alunos ainda considera o ensino muito superficial e não se lembra de quando tiveram aula sobre a cultura africana. As primas Jéssica e Patrícia Lopes, estudantes da 6ª série da Escola Estadual José Lourenço de Freitas, acham que seria interessante aprender sobre uma cultura diferente da brasileira, mas não sabem exatamente porque seria importante. A aluna Sirlei Cardoso, do 3º ano do ensino médio, do colégio Ágora, considera essencial estudar sobre a África porque é conteúdo para o vestibular. Mas, se pudesse escolher, ia preferir estudar a história dos EUA à do povo africano, que deu origem à diversidade étnica dos brasileiros. Em Viçosa, segundo a secretária de Educação Vera Sônia Saraiva, só no ano que vem, com a implementação do projeto político pedagógico, as 21 escolas municipais serão obrigadas a trabalhar esses temas.
Viçosenses são minoria na UFV Jordana Diógenis
As estatísticas confirmam: apenas cerca de 16% dos estudantes da Universidade Federal de Viçosa são nativos da cidade. A comunidade viçosense não está na universidade, não pode desfrutar do ensino que apresenta ótimos resultados em avaliações de peso nacional, como o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). A boa qualidade do ensino coloca a UFV entre as melhores universidades públicas do Brasil, o que a torna muito atraente para jovens de várias partes do país e de fora dele. No entanto, a falta de interesse por parte dos alunos da periferia da cidade, por viverem numa realidade muito diferente da universitária, caracteriza um marcante distanciamento entre esses jovens e o ensino superior. Flávio da Costa Júnior é estudante de História da UFV e dá aulas desde o início de 2008 para estudantes do Curso Paróquia de Santa Rita, localizado no centro, na “praça da igreja”, em cima dos Correios. O curso oferece aulas de preparação para o vestibular e é aberto à comunidade periférica da cidade. A única turma é formada por mais ou menos 35 alunos. No ano passado, como conta Flávio, alunos desse cursinho foram aprovados no vestibular da UFV. Isso mostra que, apesar da fraca formação escolar, os alunos, em sua grande parte da rede pública, estão realmente empenhados em enfrentar quaisquer obstáculos para ingressarem no ensino superior. A estudante Sandra Magda Ferreira destaca que “muitas vezes desperdiçamos as chances de crescer na vida”. Apesar de ter estudado em escola pública desde o ensino fundamental, ela sempre teve interesse em estudar em uma universidade federal. Para tornar isso concreto, Sandra buscou o reforço de um cursinho popular, o Cursinho do DCE/UFV, pois a sua base educacional se mostrou insuficiente. Neste ano, já colhendo os frutos do seu esforço, ela ingressou no curso de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa.
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cidade
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Alunos viajam sem segurança Veículos escolares, superlotados, não cumprem exigências de segurança previstas em lei, como o uso do cinto Priscila Fernandes Rodrigues Alves Nayara Souza Brincadeiras, cantorias, batepapo, muita zuação. A viagem de ida e volta para escola pode ser um momento divertido em que os alunos inventam várias coisas para passar o tempo. Mas, para chegar são e salvo em casa ou no colégio, é preciso que o busão esteja em boas condições de uso, além de garantir a segurança dos passageiros. O Código Brasileiro de Trânsito tem um artigo que trata desse tipo de transporte. Nele, são encontrados vários itens obrigatórios (veja ilustração abaixo) que servem para diminuir os riscos de acidentes durante o trajeto.
Nayara Souza
Em Viçosa, os alunos da rede municipal e estadual que precisam do transporte escolar (que é direito garantido pela Constituição Federal, leia abaixo) sabem que a realidade é diferente do que está nas leis. Mesmo recebendo uma verba do Estado de Minas Gerais, destinada a esse fim, alguns ônibus apresentam várias irregularidades: são antigos, não têm nenhuma identificação (com faixa amarela) e não possuem cintos de segurança. A nossa reportagem pegou carona no ônibus dos alunos da Escola Estadual Alice Loureiro e percebeu mais coisas do que a animação da galera. O número de passageiros é maior que o de bancos, os alunos passam a maior parte do percurso em pé, com a
O que dizem as leis
cabeça ou até mais parte do corpo para fora da janela, alguns viajam nos degraus da escada e não há nenhum adulto, além do motorista, para acompanhar os passageiros, como exigência da legislação. O ponto para pegar os ônibus escolares fica em frente à praça da Prefeitura. Os alunos saem cada um de sua escola e vão a pé, sozinhos, para lá. Enquanto esperam o ônibus, eles aproveitam para conversar ou brincar com estudantes de outros colégios. Quando o ônibus chega, todos saem em disparada para garantir a janela, passando, inclusive, na frente dos ônibus em movimento. Maiores empurram menores, todos querem entrar na mesma hora. Não há controle algum de quem entra no veículo.
NA HORA DO EMBARQUE vale até garantir um lugar junto à porta
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
Artigo 3º - O veículo destinado à condução coletiva colares, para fins de circulação nas vias abertas à circu deve satisfazer aos seguintes requisitos: II - pintura de faixa horizontal na cor amarela. V - cintos de segurança em número igual à lotação. VI - extintor de incêndio. IX - assentos com, no mínimo, para cada criança c doze anos de idade incompletos; Artigo 4º - O veículo deverá ser submetido à inspeç mestral para verificação dos equipamentos obrigatór segurança e dos estabelecidos nesta Portaria, de acord o final de placa
VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. Desenhos: Marianne Campos
Rodrigues Alves
Mãe de alunos teme pela segurança no embarque Rodrigues Alves
FALTA DE INSPETOR gera tumulto, entre os alunos, na entrada e saída dos veículos
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“Dona Dorinha”, mãe de três filhos que estudam na Escola Municipal Coronel Antônio da Silva Bernardes (CASB) diz deixar o salão de cabeleireiro onde trabalha e ir até a praça da Prefeitura para colocar os filhos no ônibus que os leva para o bairro Nova Viçosa, onde moram. “Tenho muito medo. Na hora que o ônibus chega é uma bagunça só. Saio do serviço para vir colocar ela [a filha de 9 anos]. Isso por conta dos grandes que empurram os pequenos.” Quanto às condições de segurança dos veículos, ela diz não ficar preocupada, por confiar no motorista “muito gente boa, muito atencioso”. “Dona Dorinha” já andou nos ônibus escolares, quando foi para a reunião de pais no colégio, e confirma que eles não têm cintos de segurança e que alguns são muito velhos. Ao ser questionada, porém, sobre a segurança dos alunos durante o trajeto, ela culpa eles mesmos pelos riscos que estão correndo. “Eles gostam de fazer bagunça, não têm modos. Vão em pé fazendo zueira. Precisava de uma pessoa para controlar, mas não tem, o prefeito não coloca”.
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COM A PALAVRA, A SECRETARIA DE TRÂNSITO
Em Viçosa, não há fiscalização desde janeiro Nayara Souza
Rodrigues Alves Nayara Souza
A função de fiscalizar o transporte escolar é da Secretaria Municipal de Trânsito e Segurança Pública. Na página do site oficial da Prefeitura de Viçosa (www. vicosa.mg.gov.br - veja abaixo), a população pode conferir quais as obrigações da Secretaria, de acordo com as leis municipais 1.262/98 e 1.518/2002. O secretário municipal de Trânsito, Transporte e Segurança, Reinaldo Lopes de Souza Leite, diz ter conhecimento dessa lei e de suas funções, mas não sabe se elas se estendem quando a Prefeitura contrata uma empresa privada para fazer o serviço. “Na lei que nós temos caberia à Secretaria de Trânsito estar fis-
REINALDO LEITE alega nunca ter recebido denúncias dos pais
calizando [o transporte escolar]. Agora eu não sei se isso está especificado no edital [de licitação da empresa que fornece o serviço] porque eu não sei se a Prefeitura
utiliza a lei existente”. A Prefeitura de Viçosa possui sete microônibus escolares para atender o número de alunos que precisam do transporte escolar.
Mas eles não são suficientes para cobrir as 43 rotas existentes. A Prefeitura decidiu contratar a Viação União, através de processo de licitação, para executar a tarefa. Por sua vez, a União terceirizou o serviço para outras duas companhias, a Viação Viçosa e a Viçotur. “Não sei se é permitido ou não a terceirização por parte da empresa vencedora [da licitação] porque creio eu que não seja”, afirma o secretário. Leite diz que não há fiscalização periodicamente nos ônibus escolares, nem nos da Prefeitura nem nos das empresas contratadas. Desde que ele assumiu a pasta, em janeiro deste ano, não houve nenhum tipo de vistoria nesses veículos. “Não cabe a gente adivinhar que
O
PREFEITURA DE VIÇOSA
a de esulação,
São atribuições da Secretaria de Trânsito, de acordo com a Lei 1.262/98 e a Lei 1.518/2002: Gerenciar o sistema viário de Viçosa, atendendo ao planejamento urbano e à lei 9.503. Planejar, organizar o sistema de transporte público, coletivo e individual de passageiros. Propor convênios para o exercício de suas atividades. Controlar e fiscalizar a condução coletiva de escolares, na forma instituída pelo capítulo XIII do CTB.
com até
ção serios, de do com
isso é atribuição nossa. Isso tudo é um conjunto. Se houve uma licitação por parte da administração, ela tem que ser informada ao órgão competente: ‘Oh, você vai ter que fiscalizar de seis em seis meses, de ano em ano, tem que ser feito periodicamente uma fiscalização, ver as condições do veículo’. Isso não foi passado a mim desde que assumi a Secretaria de Trânsito. Não sei se antigamente faziam esse tipo de vistoria.” O secretário diz nunca ter recebido nenhum tipo de denúncia de irregularidades no transporte escolar. “Partindo desse princípio de vocês estarem fazendo esse tipo de matéria, de ter constatado algum tipo de irregularidade, isso acabou dando um impulso para que, de repente, a gente comece a fazer algum tipo de fiscalização”.
Extraído de http://www.vicosa.mg.gov.br/?area=conteudo&secao=31
URBANIZAÇÃO
Problemas do passado ainda persistem no presente Alexandre Garcia
Dos 5.564 municípios espalhados pelo Brasil, 853 deles somente em Minas Gerais, calhou de você estar em Viçosa, uma cidade da Zona da Mata com pouco mais de 70 mil habitantes. E por que Viçosa se chama “Viçosa”? Por que isso? Por que aquilo? A história de Viçosa inicia-se no século XIX com a construção de uma pequena igreja em homenagem à Santa Rita de Cássia em um local pouco povoado. Com o aumento populacional, o vilarejo ganha o nome de Santa
Rita do Turvo, momento histórico presente até mesmo em trecho do Hino a Viçosa: “O passado teu, Viçosa! / Reverencio, e me curvo / Cantando a lira saudosa / Da Santa Rita do Turvo”. Estes primeiros povoados surgiram devido ao declínio do ciclo aurífero e à procura de terras agrícolas férteis. Já em 1871, o distrito de Santa Rita do Turvo eleva-se a categoria de município. Somente após cinco anos, pode-se usar a definição de “cidade” para o novo nome, Viçosa de Santa Rita, dado em homenagem ao bispo Antônio Ferreira Viçoso. Durante este período houve a
instalação da ferrovia Estrada de Ferro Leopoldina Railway, que, além de trazer melhorias à situação econômica da cidade, proporcionou o aparecimento de fábricas têxteis e um surto de crescimento populacional urbano. Da gradual aglomeração de trabalhadores surgiram reivindicações que clamavam pela criação de uma estação ferroviária na cidade. Ela ficou pronta apenas em 1914, três anos após a cidade passar oficialmente a se chamar Viçosa. Os habitantes logo cuidaram de formular as primeiras leis municipais. Entre elas, duas não conseguiriam resolver completamen-
te os problemas: na Viçosa antiga, proibiu-se a criação de porcos próximo ao perímetro urbano, por questão de higiene; também já se pensava na construção de calçadas. Hoje ainda encontramos problemas referentes a animais soltos no perímetro urbano (cachorros). As calçadas, se já existem, são de péssima qualidade e por vezes insuficientes para comportar o fluxo de pedestres. É a Viçosa de ontem e de hoje sofrendo com problemas semelhantes. A ascensão da figura de Arthur Bernardes de vereador viçosense à presidente da nação, em 1922, e a criação da ESAV, Escola Superior
de Agricultura e Veterinária (hoje UFV), em 1926, foram dois fatos historicamente relevantes até a década de 1930. Deste momento até 1960, a expansão urbana se caracterizou principalmente pelo adensamento das regiões anteriormente ocupadas. A população não passava de 21 mil habitantes. Da década de 1960 aos dias atuais, Viçosa sofre com os surtos desenfreados da construção civil, que ocupam lotes irregulares e engolem espaços destinados a parques e praças, transformando o centro em um grande monstro de cimento armado.
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entrevista
entrevista
Sonhar pode custar caro Mesmo com dificuldades, a maioria dos entrevistados deseja ingressar no ensino superior Nayara Souza
“Sonhar não custa nada, né?!”. É assim que o estudante João Batista de Oliveira define a chance de cursar uma faculdade. O jornal OutrOlhar realizou uma enquete com 54 alunos de 16 a 36 anos da Escola Estadual Effie Rolfs e do Cursinho Popular DCE/UFV perguntando o que eles pretendiam fazer ao concluir o ensino médio. As opções eram vestibular/faculdade, trabalhar, curso técnico ou outros. O resultado demonstrou que 72,9% deles desejam prestar vestibular e entrar na faculdade; 9,25%, além da graduação, pretendem também trabalhar parelalemente; 1,9% pretendem trabalhar e fazer curso técnico; e 1,9% apenas trabalhar. A opinião de João Batista é igual a de outros estudantes que veem a faculdade como um sonho distante. Josiane Costa, 19 anos, deseja prestar vestibular para Artes Plásticas e fez a seguinte consideração “se não conseguir vou fazer um curso técnico e trabalhar”. Ariane Aparecida, de também 19 anos, diz acreditar que “todo estudante procura a graduação, mas que é difícil dependendo da sua base escolar.” Essa percepção é um exemplo das várias questões que surgiram durante as entrevistas que foram feitas. Os alunos também demonstraram dúvidas em relação à carga de conhecimento é suficiente para o ingresso no ensino superior ou no mercado de trabalho. Também não sabem se os pais têm condições de custear as despesas de morar numa outra cidade ou se é melhor trabalhar e continuar os estudos depois. Nas entrevistas, foi evidenciado que as dificuldades e as incertezas são muitas, mas, não impedem a existência dos sonhos. Nayara Berrido contou que quer se formar na faculdade e manterse atualizada com diversos cursos para ser “uma ótima profissional”. Helenice Petrina, 28 anos, estudante do Cursinho Popular DCE/UFV, voltou a estudar para
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Fotos: Nayara Souza
Aluno do Coluni se destaca nos estudos Felipe Pinheiro
Fabrício Vilela
Walber Aquino
Nayara Mendes
Fernanda Souza
Guilherme Amorim
Caroline Galvão Antônio Gonçalves
Bárbara Elisa
Estudantes da Escola Estadual Effie Rolfs e do Cursinho Popular do DCE: segundo enquete do OutrOlhar, 73% querem ingressar exclusivamente no ensino superior após terem concluído o ensino médio
conquistar a realização completa em sua vida. “Já tenho um casamento sólido, duas filhas e quando me formar em pedagogia serei totalmente realizada.” As entrevistas mostraram diversas opções de futuro e, mesmo com diferentes objetivos, os es-
tudantes não deixam de sonhar. Alguns depoimentos revelam que essa vontade ainda existe. Nayara Mendes, 18 anos, é um exemplo: “quero muito passar no vestibular para o curso de direito este ano, depois de formada pretendo advogar e logo depois ser promotora de
justiça. Acredito que, com meus conhecimentos, vou poder ajudar muitas pessoas”. Outra característica é a perseverança de Antônio Júlio Gonçalves, 26 anos, estudante do cursinho. “Sempre trabalhei, estudei e nunca deixei de sonhar”.
Recentemente, o estudante Adnilson da Silva, 16 anos, foi qualificado em quinto lugar na Olimpíada Brasileira de Biologia. Posição de destaque que causou comoção entre os alunos de sua escola. Natural de Viçosa, Adnílson é um exemplo entre os estudantes de ensino médio. Ele veio de uma escola estadual no município de São Miguel do Anta. Atualmente no Coluni, nunca acreditou que os problemas das escolas públicas fossem empecilho para que alcançasse seus objetivos. “Se aparecer uma olimpíada, eu pego e faço. Tem que aproveitar essas oportunidades”, alega. O esforço e a dedicação foram fatores essenciais para as conquistas, segundo Adnilson. “A questão não é esperar o conhecimento cair, é ir atrás dele, mas quando o cara não quer... não tem jeito”, afirma. Mesmo com todos os recursos e alcance da internet, os livros ainda são sua maneira preferida de pesquisa. “Acostumei a pesquisar só em livros. Internet não tem muita fonte confiável”, completa. Hoje aluno de uma das melhores escolas de ensino médio do Brasil, Adnílson destacou seu empenho e a sua vontade de entrar para o colégio de aplicação da Universidade Federal de Viçosa (Coluni). Em meio a risos, confessou ter contado um pouquinho com a sorte. Em seu exame de seleção para o Coluni, enfrentou cerca de 10 candidatos por vaga. Tanta dedicação aos estudos não impedem, porém, seu tempo de descanso e diversão. “Eu gosto de assistir televisão, filmes e desenhos. Jogar um baralho. São 24 horas por dia, tem que ter tempo para tudo”, finaliza.
entrevista
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Psiu! Silêncio, por favor! Entenda como a poluição sonora gera incômodo e traz malefícios para a saúde da população Lucas Gadbem
A poluição sonora é causada pela intervenção do homem nos ruídos convencionais da natureza, ficando mais evidente nos processos de urbanização e industrialização. Devido ao crescimento, principalmente vertical, desenfreado de Viçosa, somando-se aos milhares carros que aqui transitam e, as inúmeras festas que são realizadas com bastante frequência, a cidade pode ser considerada barulhenta. Leis que regulamentam o fato existem, mas nem sempre são seguidas por aqueles que provomevem festas. Até mesmo atitudes incom-
patíveis com a boa convivência, como barulhos provenientes de reformas e obras, podem afetar o próximo e causar danos. Para explicar melhor o problema e também os malefícios que o barulho traz às pessoas, o otorrinolaringologista Sérgio Lopes concedeu entrevista ao jornal OutrOlhar. OutrOlhar: Qual o limite que o ouvido humano pode suportar em decibéis? Sérgio Lopes: O ouvido humano pode suportar sem lesões, certos níveis de ruído, dependendo do tempo de exposição. Um som de 110 dB podemos estar expostos por, no máximo, uma
hora. Para você ter uma ideia, os sons da fala normal situam-se entre 15 e 45 dB de intensidade; uma torneira gotejando é de aproximadamente 20 dB; um secador de cabelo é de 85 a 90 dB; um caminhão pode chegar a 100 dB; um show de rock 120 a 130 dB. Sons de 130 dB chegam a provocar dor. Em Viçosa, os ruídos urbanos se aproximam ou ultrapassam esse limite? Sim, pois não há rigor na fiscalização tanto no limite de emissão de ruído de veículos como das inúmeras festas que por aqui ocorrem. Você considera Viçosa uma cidade
poluída sonoramente? Sim, pois existem inúmeros veículos emitindo ruídos acima do limite, festas praticamente todas as noites em bairros residências, estabelecimentos comerciais sem tratamento acústico, entre outros. Quais tipos de problemas relacionados à saúde a poluição sonora pode causar? Zumbido, perdas auditivas temporárias ou permanentes, dor nos ouvidos, deterioração do reconhecimento da fala, intolerância a sons , nervosismo, ansiedade, dores de cabeça, tonturas, constrição dos vasos sanguíneos p eri f éri c o s , perturbações
circulatórias, taquicardia, dilatação da pupila, diminuição da mobilidade gastrointestinal (ocasionando gastrite, úlcera), alterações do apetite , liberação de noradrenalina, adrenalina (hormônios do medo, da raiva e da ansiedade) e cortisol. Você já tratou de algum paciente que sofreu algum tipo de problema causado pela poluição sonora? É rotina o tratamento de pacientes com sequelas de poluição sonora, principalmente trabalhadores que têm contato com máquinas como serras de construção civil, marcenarias, serralherias, indústria moveleira...
A arte marcial e a arte de viver Marcela Sia
O mestre de taekwnodo Lander Moreira Gonçalves pratica a modalidade há 30 anos. Já foi técnico das seleções mineira e brasileira e conta como o esporte o ajudou e pode ajudar outras pessoas a vencerem na vida. OutrOlhar: Como você descobriu essa arte marcial? Lander Gonçalves: Foi em 1978, estava com 7 anos de idade e fui assistir a uma aula de taekwondo em que meus primos praticavam, adorei a aula e em poucos dias comecei a praticar e nunca mais parei. Quais os benefícios dessa modalidade? São diversos os beneficios do taekwondo, como por exemplo, o excelente condicionamento físico, controle do peso, musculatura
rígida, combate ao stress, flexibilidade, coordenação motora, autocontrole, disciplina, formação de caráter, defesa pessoal entre outros. Quais os reflexos desse esporte na vida de quem o pratica? O esporte é um fator de grande importância para que o cidadão possa também usufruir de direitos iguais perante a sociedade. O taekwondo por ser uma arte marcial milenar tem como base em seus ensinamentos quatro pontos importantes em que dignificam o caráter de um homem, sendo eles, a disciplina, respeito, integridade e perseverança. Comente seu trabalho social com o taekwondo. Ao longo desses anos de carreira, venho inserindo em minha academia um trabalho social que permite ao aluno se destacar com
o esporte, tendo em consequência realizações tanto profissionais como pessoais. A falta de aptidão física, mental e social não fazem com que os seres humanos sejam diferentes. A falta de iniciativa de oportunidades oferecidas é o que os diferencia. Como essa arte marcial te ajudou a obter sucesso na vida? Pratico taekwondo há 31 anos, comecei a dar aula aos 14 anos de idade, inaugurei minha academia em 1986, assim, já se passaram 23 anos de dedicação e amor ao esporte. Ë com humildade que me considero um vitorioso por manter minha academia aberta por todos esses anos. Treinei a seleção mineira e brasileira de taekwondo e com isso tive a oportunidade de conhecer vários países como atleta e técnico. Portanto, sou uma pessoa que ama
Janaína Matoso
o que faço e tenho toda a dedicação para ensinar com muito carinho e profissionalismo tudo o que
eu aprendi para os meus alunos. Coloco determinação e disciplina para conquistar os meus objetivos.
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meio ambiente Saneamento é alvo da prefeitura meio ambiente
População, em conjunto com o governo municipal, aponta os problemas de lixo, esgoto e água e sugere soluções Paula Machado
A Prefeitura Municipal de Viçosa, em parceria com os moradores da cidade, está elaborando o Plano Municipal de Saneamento Básico desde o primeiro semestre de 2009. A população colabora com a ação da prefeitura participando de reuniões que acontecem em aproximadamente 23 localidades do município. Nesses encontros, os cidadãos podem apontar os problemas que afetam o lixo, o esgoto e as águas de seus bairros e proximidades, além de sugerir medidas e soluções. O auxílio dos habitantes está sendo de grande valia para a concretização do projeto, afinal nin-
Murilo da Luz
guém melhor do que aqueles que convivem diariamente com o problema para falar sobre ele. Participação dos jovens Muitos jovens aproveitam a oportunidade para exercer a sua cidadania. É o caso das estudantes Jéssica Ferreira, Marilene Verdeana e as gêmeas Emília e Maria Emília Januário, moradoras do Buieié, zona rural. “Elas me acompanham para onde eu vou [realizar o meu trabalho]. A Jéssica falou bastante na reunião sobre o saneamento”, diz a presidente da Associação dos Moradores de Buieié, Maria Aparecida Januário. O presidente da associação de São José do Triunfo, Joel Pauli-
Diagnóstico deve ficar pronto até o fim do ano
MORADORES em reunião fazem balanço dos problemas de saneamento básico da cidade no de Souza, conta que o pessoal da sua região também contribui muito nos encontros, relatando principalmente os problemas com ralação ao lixo, à limpeza de caixas de rede pluvial e à drenagem. Entretanto, reclama que a juventude de lá não é tão participativa. “Os
adultos de 25 a 30 anos ajudam bastante, mas os mais novos não costumam participar”, diz ele. O projeto já está em fase final de elaboração, provavelmente até o fim do mês já estará pronto o relatório com o diagnóstico para o saneamento da cidade. A ideia é
que o plano todo esteja concluído até o fim do ano para que Viçosa tenha prioridade ao receber verbas do Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico), do governo federal, que visa realizar melhorias no saneamento básico dos municípios brasileiros.
Viçosa sofre com aumento de temperatura Maria Clara Corsino e Diogo Rodrigues
Maria Clara Corsino
Viçosa sempre foi bem conhecida pelo seu clima frio. Mas de um tempo para cá os termômetros parecem ter se estragado. Ultimamente, eles têm registrado temperaturas médias de 28 e altas de 33 graus, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Algumas pessoas têm notado que a temperatura na cidade fica mais quente a cada ano. Pedro Advíncula, 67 anos, sempre morou em Viçosa e acha que a temperatura só tem subido. Outros mroadores, como a estudante Sandra Mendes, dizem acreditar que as altas temperaturas registradas em Viçosa são consequência do aquecimento global. Então, por que nossa cidade está tão quente? Seria por causa do aquecimento da Terra. Segundo o professor Edison Soares Fialho, do curso de geografia da UFV, não se sabe o quanto pequenas cidades iguais a Viçosa
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Fontes: INMET E DEA/UFV
podem contribuir para o aquecimento global. Ou melhor, nem se sabe ao certo se somos responsáveis pelas mudanças climáticas. Alguns pesquisadores acreditam que o fenômeno aconteça naturalmente, como já ocorreu em outras épocas. Ou seja, o aumento da temperatura na Terra seria irreversível. Por outro lado, esses pesquisadores também não têm certeza da velocidade deste processo natural. Assim, o homem poderia (prova-
velmente ele pode) ajudar a aquecer a Terra mais rápido. O professor Edison diz que o cotidiano de uma cidade pequena e pouco industrializada como a nossa pouco influencia no seu clima. De acordo com suas pesquisas, a geografia da região favorece o aumento na temperatura local. A cidade possui muitos vales e está cercada por morros que dificultam a circulação de ar e a irradiação de calor. A retirada da cobertura vegetal piora a situa-
ção, pois as plantas renovam o oxigênio do ambiente. O verde é substituído nas áreas urbanas por edifícios. Durante o dia, eles absorvem ainda mais calor. À noite, todo esse calor é liberado para o ambiente. Grandes metrópoles como Belo Horizonte ou São Paulo contribuem para a formação de ilhas de calor, pois elas são muito industrializadas e com grande circulação de veículos. No caso de
Viçosa, a área rural tem favorecido mais o aquecimento da região e do planeta do que a área urbana. O desmatamento e as queimadas lançam toneladas de gás carbônico no ar. Segundo fontes da Prefeitura, projetos realizados na área, dentro do município, não são voltados diretamente para a melhoria do clima. Mas a preservação da vegetação ajuda, e muito, na qualidade do ar.
Lembre-se! O Efeito Estufa é um processo que ocorre quando uma parte da radiação solar refletida pela superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. O calor fica retido, não sendo libertado para o espaço. É causado principalmente pelo gás carbônico (CO²), e os CFCs (presentes nos aerosóis), os gases de estufa. Ilha de Calor é o fenômeno no qual um centro urbano apresenta uma temperatura mais alta que sua periferia. Isso acontece por que há maior concentração de carros e indústrias nesta área, eliminando grande quantidade de gases de estufa.
meio ambiente Projeto de aterro sanitário
meio ambiente
não é colocado em prática Falha na execução da obra fez com que beneficios fossem nulos para o povo viçosense Murilo da Luz
O Aterro Sanitário é a melhor maneira de evitar que o lixo produzido diariamente por uma cidade polua o ar, o solo e a água da população. O problema é a dificuldade na hora de implantálo, pois é necessário possuir um bom projeto e também algumas licenças ambientais. E foi nesse quesito que a cidade de Viçosa esbarrou para consegui-lo. O projeto de engenharia do aterro já havia sido criado, a cidade possuía um local adequado - o Morro do Siriquite, na Zona Rural - e o licenciamento prévio, mas a Prefeitura falhou no momento da execução da obra. O professor Eduardo Marques, que faz projetos na área de Cartografia Geotécnica e Meio Ambiente, considera que os ganhos para a cidade foram nulos. “Após conseguir a Licença Prévia junto à Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM, a Prefeitura considerou que o problema estava resolvido em termos de licenciamento ambiental, o que não é bem assim, já que não haviam sido concedidas as licenças de instalação e de operação. Além disso, o projeto não foi cumprido,
Diego Mendes
o que acabou por transformar o aterro previsto em um lixão”, observou. Atualmente, a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Viçosa vem trabalhando para acabar com o lixo a céu aberto, que é extremamente prejudicial à população. Para tal, já conta com um Aterro Controlado - um nível intermediário entre o lixão e o Aterro Sanitário. É, então, uma espécie de remediação, em que a contaminação é menor, mas ainda existe. O Aterro Controlado funciona basicamente com a cobertura do local com terra e grama, isolando o lixo e evitando animais carniceiros, como urubus, nas proximidades. Além disso, máquinas fazem a recirculação dos resíduos, contaminando menos a água do lençol freático. Embora a Prefeitura aponte a falta de dinheiro como empecilho para criar o Aterro Sanitário, segundo o professor Eduardo Marques, Viçosa pode ganhar com o empreendimento, já que em Minas Gerais um Aterro dá direito a uma parcela da parte ecológica do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços – ICMS.
Consciência Ambiental: o caminho é cuidar Gustavo Paravizo
Muito recorrentes na atualidade, informações que tratam o meio ambiente e as questões referentes à qualidade de vida têm grande aceitação na sociedade. Quando se fala em preservação ambiental, respeito às nascentes, fauna e flora, as pessoas logo aguçam seus ouvidos com interesse no que podem e devem fazer para contribuir com as gerações seguintes e, claro, com seu próprio bem-estar. Várias tecnologias são desenvolvidas com o objetivo de diminuir os impactos causados pela
emissão de gases tóxicos, geração de resíduos plásticos e o desperdício de alimentos, por exemplo. A produção de filtros antipoluição, sacolas biodegradáveis e agora as ecobags - sacolas feitas de algodão cru -, ilustram bem a tendência, que também é explorada de modo comercial por quem as produz, o que estimula alguns cuidados. Consumir produtos desenvolvidos com materiais reciclados é uma saída atraente aos que desejam participar da construção de ecossistemas mais duradouros. Entretanto, o consumo isolado desses artigos não garante uma
utilização consciente dos recursos naturais. O professor de Ecologia da Universidade Federal de Viçosa, José Henrique Schoereder, afirma que “o que devemos fazer é construir o futuro tentando compatibilizar ao máximo o ambiente com nossas ações”, fato que ilustra o meio ambiente como responsabilidade do coletivo, fator a ser refletido quando o objetivo é comum, como é o caso. Atitudes simples devem ir ao encontro das novas tecnologias, o que pode ser representativo quando a questão é a qualidade de vida das pessoas.
“A partir do momento que há a consciência ambiental, elas [as pessoas] passam a descobrir o significado das suas ações enquanto agentes sociais”, argumenta Thamara Barros, participante da ONG Ambiente Brasil, que trabalha com educação ambiental na cidade de Viçosa. Com atenção não só na questão do meio ambiente, mas também da formação cidadã, a separação do lixo, o cuidado com o gasto excessivo de água e energia elétrica no chuveiro e a entrega de pilhas usadas nos postos de coleta são alternativas pequenas, mas de grande amplitude.
O significado de revitalização para o rio São Bartolomeu Monizy Amorim
Muito se tem falado sobre revitalização de rios e bacias hidrográficas. Talvez você já tenha escutado algo sobre o assunto e tenha pensado que isso só acontece longe da nossa realidade. Saiba que em Viçosa existe um projeto do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), para revitalização do rio São Bartolomeu. É necessário que definamos, primeiramente, o que é revitalizar. Segundo o Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, revitalizar é “fazer recuperar o grau de atividade, de eficiência”, e a revitalização seria o “conjunto de medidas que visam a criar nova vitalidade, a dar novo grau de eficiência a alguma coisa”. No caso do rio São Bartolomeu, aqui em Viçosa, o conceito utilizado pelo SAAE “consiste no ato de recuperar, conservar e preservar o ambiente através de ações que promovam o uso sustentável dos recursos naturais e o aumento da quantidade e da qualidade da água”. Esse projeto tem como objetivos recuperar as nascentes através do reflorestamento de áreas desmatadas e despoluir as águas do rio através da construção de interceptores de esgoto e de fossas sépticas. Com essas medidas a água do São Bartolomeu não vai mais se misturar com o esgoto, o que significa menos poluição do seu curso e, logo, uma quantidade menor de produtos químicos para o tratamento da água. Outra ação a ser feita é aumentar a vazão do São Bartolomeu, ou seja, a quantidade de água transportada em certo tempo, por meio da construção de minibarragens para ajudar na infiltração da água das chuvas. A revitalização do São Bartolomeu se encaixa com definições normalmente utilizadas nos dicionários, mas isso nem sempre acontece. Porém, nada significa que não esteja ocorrendo uma revitalizaçãol. É preciso, antes de tudo, que se compreenda qual definição e o que se entende por revitalização especificamente em cada projeto.
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ciência e ciência e tecnologia
Da memória ao saber Saiba como funciona o processo de memorização no aprendizado Lucas Guerra
Vestibular, provas, diversidade de conteúdos a serem estudados, junta-se a tudo isso a pressão... como o jovem ainda consegue se lembrar de tudo que estudou? A memória é um dos principais aliados de um bom estudante, e aquela, também, que sempre o deixa na mão em momentos decisivos, quando se pergunta: como era mesmo aquela fórmula? Dessa forma, quais são os caminhos tomados pelo cérebro para montar nossas recordações, e como podemos deixar nossas lembranças sempre ligadas? Nosso cérebro é composto por vários centros memoriais visual, auditivo, tátil, olfativo, afetivo. Utilizamos sempre um desses centros ou a combinação deles para memorizarmos um fato em especial. A grafia de uma palavra, o movimento das mãos quando a escrevemos, a leitura do quadro, a voz do professor, cada um possui um signi-
ficado específico para o cérebro e irão fazer parte de um dos centros memoriais. Nossa memória é associativa, o cérebro possuiu várias conexões para nos fazer lembrar os fatos que queremos. Essas associações provêm de cada um dos centros memoriais que possuímos. Por exemplo, se esquecemos de uma fórmula matemática em um instante, podemos relembrá-la por meio de várias conexões - uma música que nos faça lembrar a expressão, uma situação engraçada que possa ter ocorrido quando aprendemos a fórmula, ou até mesmo o lugar exato em que a escrevemos no caderno. A memória também está aliada ao prazer. Se gostarmos de estudar alguma matéria em especial, nossa capacidade de gravá-la é multiplicada. Por isso, muitas vezes temos dificuldade em memorizar as leis da física, alguma composição química ou o ano de um acontecimento histórico. Os desprazeres que cada um de nós possuímos com algumas disciplinas especí-
ficas nos fazem esquecer rapidamente delas quando necessitamos delas. Segundo o psicanalista e psicólogo Everardo Alberto Fonseca, o prazer e o estímulo são essenciais para que os alunos consigam aprender uma matéria, o próprio aprendizado é um exercício de memorização. De acordo com ele, para manter a memória ativa precisamos apenas de incentivo, tanto da nossa parte, como da parte dos professores. “O estudante precisa descobrir o prazer que cada matéria possui. A descoberta vem da força de vontade. O professor tem a função de ajudar o aluno a encontrar o prazer na sua matéria. O professor que busca na educação apenas o seu salário deveria mudar de profissão”, ressalta Everardo. Nossas lembranças não vivem apenas de prazeres e estímulos. Uma alimentação saudável também é fundamental para a manutenção de nossa memória. Alimentos que contenham potássio, como banana, batata, abacaxi e cereais, são ótimos estimuladores.
O psicólogo Everardo Alberto Fonseca, em conversa com o OutrOlhar, receitou um ótimo exercício para estimular a memória dos jovens. Confira: 1) Leia o texto, concentradamente, em voz alta. Dessa forma, irá ativar dois centros sensoriais, o auditivo e o visual. 2) Após a leitura, faça um resumo de tudo que leu. Ao escrever o resumo, a memória tátil (do movimento e da escrita) será ativada. O cérebro também irá criar uma associação proveniente da síntese. 3) Por fim, faça exercícios de fixação para ativar o raciocínio e memorizar o que acabou de estudar! Lembre-se: a memória necessita da nossa atenção, dedicação e leitura!
Quando o uso do celular se torna obsessão Kívia Oliveira
Kívia Oliveira
Já sentiu vibrar sem estar tocando? Já passou a noite toda trocando mensagens? Já sentiu os olhos ardendo de tanto ficar checando o visor? Já sentiu dores nos dedos por ficar horas apertando as teclinhas? Se você respondeu de maneira positiva a pelo menos três dessas perguntas, fique em alerta. Você pode desenvolver dependências ligadas ao uso excessivo de tecnologias, em especial, o celular. Boa parte da população afirma não viver sem o telefone móvel, principalmente os mais jovens. Hoje, o telefone é utilizado para consultar as horas, despertar, para comunicação instantânea, para facilitar a organização dos contatos, colocar lembretes, tirar fotos, fazer vídeos, escutar música... De fato, anualmente, aumenta o número de pessoas que usam
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DISTÚRBIOS CONTEMPORÂNEOS podem ser causados pelo uso excessivo de celulares o celular com muita frequência e a maior incidência está entre os adolescentes. Na hora do almoço ele divide o lugar na mesa, à noite está sempre ao alcance, durante o dia fica no bolso e, se ele é esqueci-
do em algum lugar, torna-se motivo de irritação ou apreensão. Tais atitudes, que mudam o comportamento das pessoas, causam dependência e, nos casos extremos, podem provocar distúrbios con-
temporâneos conhecidos como tecnoses. Dentre essas complicações estão: síndrome da vibração fantasma, insônia, cansaço ocular, dedo de celular, audição prejudicada e queimaduras de bateria.
Em relação ao motivo dessa relação íntima, a psicóloga Janaína Copello Quintes Monnerat destaca o fato de não considerar o celular como um vício e justifica: “os adolescentes usam as tecnologias para se sentirem mais bem aceitos dentro dos seus grupos e também como uma maneira de se firmarem nos círculos sociais”. A pedagoga Cláudia Venância Pimentel da Silva, chefe do departamento de Ensino Fundamental de Viçosa, conta que vários professores já reclamaram do uso do celular dentro das salas de aula. Alunos se dispersam, saem pra atender telefonemas, ouvem música e ainda têm os espertinhos que pedem e passam cola das avaliações por SMS. “Proibir não é o caso, mas sim restringir o uso. A atitude é recolher qualquer aparelho eletrônico se o aluno estiver comprometendo o andamento da aula”, afirma a pedagoga.
tecnologia ciência e tecnologia
Atividades simples são benéficas à saúde
Exercícios comuns, como pular corda, trazem boas consequências a diversos órgãos e sistemas do corpo humano Camila Caetano
Controlar o peso não é apenas uma questão de estética é um bem à saúde. Devido ao grande número de pessoas com sobrepeso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já está considerando o transtorno alimentar como uma epidemia. A OMS define como sobrepeso o Índice de massa corpórea (IMC) entre 25 e 29,5/metro quadrado; e obesidade quando ele é superior a 30/metro quadrado. Se você deseja saber a sua massa corpórea basta dividir seu peso, em quilogramas, pela sua altura ao quadrado, em metros. Em decorrência do aumento de pessoas acima do peso, há mais casos de adolescentes com Síndrome Metabólica, doença relacionada a diversos males ligados à obesidade, como problemas cardiovasculares. O controle do peso é essencial para reduzir esse risco. Em um artigo da revista Com Ciência, Lília D’Souza-Li, pro-
fessora da Unicamp, apresenta algumas mudanças que podem ser feitas diariamente para se aumentar o aumento de peso: tomar café da manhã todos os dias e evitar o jejum prolongado por mais de 4 horas; começar as refeições do almoço e do jantar comendo verduras; evitar a repetição de pratos (uma sugestão é comer uma fruta como sobremesa após terminar o prato principal para não repetir a refeição); dormir e levantar cedo; e fazer atividades físicas diárias de pelo menos 30 minutos. Uma das atividades físicas recomendadas é pular corda, exercício simples e prático. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa de Atividade Física da Universidade de Illinois comprova que pular corda torna o coração, músculos e ossos mais fortes. Também aumenta a agilidade, flexibilidade e capacidade aeróbica. Além disso, para mulheres, o baixo impacto dos pulinhos é um excelente antídoto contra osteoporose. Como pular corda é um exercício intenso, para quem está começando é
necessário intercalar a atividade com intervalos de descanso, como pular 1 a 2 minutos e descansar 30 segundos. Aos poucos você deve aumentar o tempo de atividade e, por fim, eliminar o descanso. A atividade de pular corda, como qualquer outra, exige cuidados. Segundo a professora de Educação Física da UFV, Leonice Doimo, é indispensável um aquecimento leve que faça aumentar a frequência cardíaca gradativamente. Alongamentos são ideais para serem feitos ao final da atividade, pois com o corpo aquecido os efeitos serão melhores (maior ação sobre os elementos elásticos dos músculos e ligamentos). Paulo Lanes Lobato, também professor de Educação Física da UFV, diz que é necessário mostrar que a prática da atividade física contribui para melhoria da qualidade de vida e não só para a perda de peso. “Com isso, estimula-se ao praticante entender que a perda de peso seja apenas mais uma consequência da prática da atividade física”, conclui.
Camila Caetano
PULAR CORDA é simples e prático, entretanto, como toda atividade física, ajuda para uma melhor qualidade de vida
Internet direto da tomada: mais usuários na rede Luiza Sena
Desde o surgimento da internet, em meados de 1945, novidades tecnológicas surgem com bastante frequência no ramo. Quando não se consegue pensar em mais nada a ser criado, logo algo novo chega ao mercado. A rede foi criada com objetivos militares, mas, nas décadas de 1970 e 1980, começou ser usada como importante meio de comunicação acadêmico. Apenas em 1990 a internet alcançou a população em geral. O uso dessa tecnologia modificou a vida de milhares de pessoas e algumas não conseguem mais se imaginar vivendo sem a rede. Hoje podemos acessar a internet de praticamente qualquer local, isso graças aos moldens móveis e celulares. Recentemente, uma nova maneira de acesso ganha vida
definiu critérios técnicos para o uso da PLC no Brasil. Com essa aprovação, ficou estipulado que as concessionárias de energia (Cemig, em Minas Gerais, por exemplo) seriam os provedores desse tipo de acesso à internet. A implantação do sistema necessita de um modem que extrai o sinal da internet via rede
no Brasil. Ela permite conexão diretamente da tomada de energia e recebe o nome de PLC (do inglês, Power Line Communication). Apesar desse mecanismo já estar presente no mercado em vários países, apenas em abril deste ano a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou e
elétrica, sinal esse que passa pelo cobre da fiação. A tecnologia PLC pode ser usada em redes elétricas de alta, média e baixa tensão. Quando o sistema é instalado, todas as tomadas do local passam ter conexão à rede. Em Viçosa, pesquisas na área são realizadas, desde julho de 2008, pelo estudante Fernando Ranaubo, do curso de Engenharia Elétrica da UFV. Fernando trabalha com comunicação via rede elétrica.
Para ele, as vantagens do uso dessa nova tecnologia são muitas, mas a principal é a extensão de seu alcance, sendo possível chegar em regiões onde outras alternativas de acesso rápido a internet ainda não estão disponíveis. Porém, dúvidas aparecem com relação a chegada da PLC em Viçosa. “A implantação deste sistema requer um investimento inicial alto, além disso, esta rede só é aplicada em pequenas distâncias, o que requer um aglomerado para que seja viável a implantação desta tecnologia, como em grandes condôminos, por exemplo”, declara Fernando. Apesar das contrariedades, a cidade de Viçosa ainda espera que o acesso à internet via energia elétrica se torne viável, para que a simplicidade de se conseguir uma conexão à rede por meio das tomadas de nossas casas se torne possível.
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esportes Oportunidades para jovens esportes
Anabolizantes, para quê?
viçosenses através do esporte
Diego Mendes
Conheça o Projeto Bom de nota, Bom de bola, revelador de talentos do esporte viçosense Olívia Miquelino
Olívia Miquelino
Que o verão já está chegando ninguém dúvida, afinal, os dias estão cada vez mais quentes e o que mais se ouve nas ruas são comentários do tipo “Nossa, que calor!”, “Ô sol quente esse!”. Vocês devem estar se perguntando o que isso tem a ver com esporte, e garanto que esses dias pra lá de ensolarados têm feito a festa dos alunos de natação do Projeto Bom de Nota, Bom de Bola. O programa começou oferecendo aulas gratuitas de futebol. No entanto, com o passar do tempo, tornou-se possível a inclusão de novas modalidades esportivas, como natação, basquete, handebol, vôlei, badminton, karatê, judô, entre outros. O projeto atende a cerca de 500 crianças e jovens, de 6 e 16 anos, que têm a oportunidade de escolher qual esporte desejam praticar. No caso da natação e de algumas modalidades coletivas, as aulas são realizadas na AEV (Associação Esportiva Viçosense), mas há outros lugares que atuam em parceria com o projeto, cedendo suas instalações. A UFV e o distrito de São José do
NATAÇÃO é o esporte mais procurado pelos alunos do projeto Bom de Nota, Bom de Bola Triunfo). Uma importante parceria ocorre entre o Projeto Bom de Nota, Bom de Bola e o Projeto Ajudô, realizado pela Academia Pena, conhecida pela tradição no ensino das artes marciais na cidade. Um exemplo de atleta destaque do Projeto Ajudô é Vitor Hugo, mais conhecido como “Taxinha”. Com 16 anos, o atleta conseguiu uma vaga para o próximo Mundial de jiu-jitsu, na Califórnia (EUA).
Para participar dos projetos o estudante deve estar matriculado em alguma escola pública de Viçosa. Esse vínculo é importante, pois as atividades esportivas funcionam como um complemento educacional para as crianças e adolescentes. Edison Gomes é outro exemplo de jovem beneficiado pelo projeto. Era estudante da Escola Estadual Doutor Raimundo Alves Torres (o Esedrat) quando ingres-
sou no Projeto através das aulas de basquete. No 8º ano, recebeu uma bolsa de estudos no Colégio Equipe, graças ao seu bom desempenho esportivo. Depois disso, concluiu seus estudos e passou no vestibular para Educação Física da UFV. Hoje, no sexto período do curso, agradece ao projeto, atuando nele como professor de basquete e levando aos seus alunos os valores que o fizeram não só atleta, mas também cidadão.
Alongamento deve ser prática do dia a dia Sávio Lopes
Ao fazer exercícios físicos muitas vezes sentimos dores e desconfortos musculares e, ao contrário do que se pensa, a dor não é um sinal de desenvolvimento físico. Geralmente, são sinais de tensões musculares, causadas pela falta de alongamentos, os quais são essenciais para o relaxamento do músculo após as atividades. No entanto, a questão é: como se alongar corretamente em nosso dia a dia? O professor de educação física da Escola Edmundo Lins, José Cláudio Santana, relata que sempre exige que seus alunos alonguem. “É uma atividade que eles não gostam muito, mas temos que insistir que façam, caso con-
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Sávio Lopes
ORIENTAÇÃO profissional ajuda a boa prática esportiva trário podem sentir dores no fi- vidades são: postura adequada, nal da aula”, disse. As orientações pernas semiflexionadas e o posique o professor dá aos seus alunos cionamento correto dos segmenenquanto se preparam para as ati- tos (pernas e braços) para atingir
a musculatura desejada. Segundo a personal trainer Fabiana Costa, um dos cuidados que se deve ter ao alongar é em relação à postura: “o mais importante é a coluna, pois para suportar o nosso peso, o ideal é ela permanecer ereta”. Além disso, ela destacou que o alongamento não precisa necessariamente causar dor para que ele tenha efeito, basta sentir o músculo se esticando e permanecer de 12 a 15 segundos na posição. Estudos recentes relatam que a prática no início das atividades não traz tantos efeitos. Fabiana alerta: “Alongar antes do exercício não traz muito benefício, mas no final é de extrema importância para evitar dores e diminuir a fadiga”.
Alvo de grande parte dos jovens que buscam aumentar a massa muscular sem grande esforço físico, os anabolizantes se tornaram comuns no meio dos estudantes. Na idade jovem é comum os indivíduos valorizarem a aparência física acima de tudo. Todos querem ficar bonitos, com corpos esbeltos, parecidos com o conceito de beleza que veem nas tevês, jornais, revistas e internet. Porém, para alcançar esse objetivo, eles apelam para o uso inadequado de anabolizantes, sem ter a menor noção do mal que isso pode lhes causar. Questionada sobre qual a finalidade do uso de anabolizantes, a nutricionista Mônica Saldanha, especialista em nutrição esportiva, explica que eles normalmente são usados em casos de deficiências hormonais e doenças degenerativas. A nutricionista ressalta que eles devem ser usados exclusivamente sob indicação médica, visto que o uso inadequado desses esteroides pode causar problemas paralelos de saúde que ficarão para sempre na vida dos usuários. O professor de educação física e personal trainer Eduardo Ribeiro chama a atenção para o fato de que, mesmo com orientação médica, esses remédios são perigosos e podem causar diversos efeitos colaterais. Dentre eles, o professor cita: problema no coração, impotência sexual, esterilidade, espinhas, insônia, atrofia dos testículos, tumores nos rins, agressividade e até mesmo a morte. Acostumado a vivenciar situações em que atletas se utilizam de anabolizantes para levar vantagem sobre outros saudáveis e radicalmente contra o uso desses esteróides, o faixa-preta de jiu-jitsu Paulo Alexandre aconselha qual caminho devem seguir os jovens que desejam ganhar massa muscular. “Procure uma pessoa especializada, de preferência um médico, e pratique esportes”, diz.