JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA VIÇOSA • JANEIRO DE 2007 • ANO 04 • NÚMERO 09
cidadania O olho da rua a importância de se vigiar (e cuidar) do patrimônio público. página 8
entrevista A vida de um cartunista: um batepapo com Laerte página 12
“
Como toda criança, desenhei bastante. Apenas não parei quando chegou o momento. Laerte
”
cidade No ar, uma nova forma de expressão: a Rádio Escola página 5
Devalnir Dias
lazer Escotismo - lazer e educação em sintonia. página 9
Sem violência e poluição visual, a arte do grafitti é expressada em Viçosa
RAP + BREAK + GRAFITTI Viaje pelo universo do HIP HOP e saiba o que ele tem de especial página 6
A prática laboratorial no Curso de Jornalismo é fundamental para ajudar a mostrar ao estudante a realidade que ele vai encontrar no mercado. Aliar essa atividade a algo útil de grande importância social contribui para valorizar o projeto e cumprir o verdadeiro papel da universidade. O preparo, a sensibilidade e a competência da turma ajudaram a colocar em prática a inovação do Projeto Editorial do Jornal. Os estudantes acolheram a idéia e passaram a trabalhá-la com vistas a atender a um público específico: alunos da rede estadual do Ensino Médio de Viçosa. O projeto mexe com cidadania, estímulo à leitura, interpretação de textos, cultura e lazer com um Outro Olhar jornalístico. A conferir. JOAQUIM SUCENA LANNES
( ( opinião
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Um Projeto Cidadão
A ditadura da beleza AMANDA CASTRO CAMILA PENA
crítica à mídia
O Profeta, transmitida pela Rede Globo. Carola é uma moça que não consegue arrumar um namorado e sua família vive dizendo que ela tem que fazer regime, chegando até a trancar a geladeira para ela não comer sem parar. A novela sugere que o comportamento de Carola é errado, e que ela deve ficar magra para ser feliz, seguindo um padrão estipulado. As revistas reforçam esses valores utilizando-se de frases como “Guerra à Gordura”, trazendo uma dieta nova a cada edição em vez de estimularem a auto estima independente da forma física. Mas por que elas fazem isso? Seria porque seus patrocinadores são empresas de produtos para emagrecimento? A morte de uma modelo em São Paulo, em conseqüência
de anorexia nervosa, reavivou discussões em torno de medidas voltadas a evitar os efeitos trágicos da chamada ‘ditadura da moda’. A anorexia nervosa é um distúrbio alimentar caracterizado pela busca obsessiva do paciente em reduzir seu peso corporal. Mesmo não estando acima do peso, privam-se da alimentação, exercitam-se exageradamente, jejuam e, quando comem, ingerem laxantes e diuréticos ou vomitam. Por tudo isso é que as pessoas devem sempre questionar o que é transmitido na televisão, no jornal, na revista, enfim, na mídia; devem saber o que é certo ou errado sem deixar que outras pessoas influenciem no seu modo de ser e agir.
As palavras foram abreviadas até o ponto de se transformarem em uma única expressão (que=q, também=tb e cadê=kd, por exemplo). Além dessa redução na palavra, houve a eliminação da pontuação e da acentuação (é=eh, não=naum). A grande utilização da internet pelos jovens está transformando a linguagem abreviada dos chats, Orkut e blogs numa espécie de código que nada tem a ver com a gramática e
ortografia. Contudo, não é condenável usar abreviações, escrever como se fala, esquecer os acentos na internet, devido à instantaneidade do veículo, mas essa linguagem não deve se estender aos trabalhos escolares, às provas, muito menos às redações. A escola deve reforçar ao aluno a grafia correta segundo as normas da língua portuguesa. Esse impedimento deve ser amplamente discutido com os alunos, mostrando as razões, pelas
quais cada linguagem deve ser usada em seu lugar social, em determinadas situações. Não podemos nos esquecer, no entanto, de que os modos de ver e interagir com o mundo são sempre orientados pelos meios de comunicação e servem de modelo de vida. A sedução da linguagem da internet é constante, proporcionando ao público muita informação, que, mesmo sem tratamento pedagógico, transforma-se em formação.
Jornalista Responsável Joaquim Sucena Lannes MT/RJ 13173
Redação Abdon Junior, Amanda Castro, Amanda Oliveira, Ana Maria Amorim, Ana Paula Camelo, Ariádine Marques, Beatriz Mascari, Bruno Lima, Camila Pena, Carolina Rocha, Clarice Machado, Cristiano Sávio, Devalnir Dias, Elaine Nascimento, Elga Mól, Elisa França, Ellen Araujo, Felipe Luchete, Fellipe Assis, Gerlice Rosa, Izabel Pompermayer, Lara Marques, Larissa Lacerda, Priscilla Souza, Rebeca Morato, Renata Bragagnolo, Renata Loures, Rodrigo Resende, Saulo Rios, Simony Castro, Tânia Rosim, Tarciane Vasconcelos, Thiara Klein, Tiago Agostinho, Victor Tancreto, Victor Godoi, Vinicius Wagner.
Impressão Divisão de Gráfica Universitária
Vivemos em uma sociedade na qual a mídia controla e manipula o modo de vida e a decisão das pessoas. Hoje a mídia impõe um padrão de beleza inatingível e muitas mulheres e adolescentes sofrem por nunca conseguirem alcançá-lo. É comum vermos nas novelas as protagonistas serem magras, dificilmente encontramos uma “gordinha” fazendo par romântico com o galã. As “gordinhas” ficam restritas a personagens humorísticos ou que mostram que elas são infelizes, precisando emagrecer para alcançarem a felicidade. A exemplo disso temos Carola, personagem vivida por Fernanda Souza na novela das seis,
A moda do internetês AMANDA CASTRO CAMILA PENA Com a Internet surgiram novas palavras e expressões, muitas delas sem significado em nossa língua. A preocupação de muitos é que esta nova linguagem da Internet (Internetês) acabe interferindo na língua portuguesa, pois até verbos foram criados, como deletar e resetar, derivados dos termos utilizados originalmente em inglês, como “delete” e “reset”. Outro Olhar Jornal Laboratório da Turma de 2005 do Curso de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa Reitor Prof. Carlos Sigueyuki Sediyama Diretor do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Prof. Walmer Faroni Chefe do Departamento de Artes e Humanidades Prof. Ronan Eustáquio Borges
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Coordenadora do Curso de Comunicação Social Prof. Mariana Lopes Bretas
Editores Ana Maria Amorim, Devalnir Dias, Elaine Nascimento, Elga Mól, Priscilla Souza, Rebeca Morato, Tiago Agostinho, Tarciane Vasconcelos Diagramação Ana Maria Amorim, Ana Paula Camelo, Izabel Pompermayer, Rebeca Morato, Victor Godoi, Wellington Gonzaga Revisão Cristiano Sávio, Felipe Luchete, Vinicius Wagner
Endereço Vila Giannetti, casa 39, campus universitário CEP 36570-000 – Viçosa MG Tiragem 1500 exemplares. Os textos assinados não refletem a opinião da Instituição ou do Curso e são de inteira responsabilidade de seus autores.
ciência
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Transgênicos
Nem todo chá é milagroso
FELLIPE ASSIS ARIÁDINE MARQUES Quem não tem uma avó, tia ou mãe que quando a gente começa a sentir qualquer dorzinha aparece com um chazinho, que atire a primeira pedra! Toda menina não esquece: quando a cólica menstrual chega, a avó passa no quintal das vizinhas e faz “aquele chá”. Porém, todo o cuidado é pouco: existem plantas utilizadas como remédio que podem ser prejudiciais a nossa saúde. Apesar do grande uso das plantas medicinais, há pouco conhecimento sobre seus efeitos colaterais. De acordo com a otorrinolaringologista, Marta Feio, o grande problema dos fitoterápicos é que existem poucos estudos, do ponto de vista científico, a respeito deles. “Por que nós médicos receitamos dipirona e penicilina? Porque nós temos 30 anos de pesquisa em cima disso. Eu não posso receitar um fitoterápico, cuja ação eu
não conheça”, diz a médica. Ela ainda explica que, por exemplo, a buchinha do norte, usada para o tratamento de sinusite, pode destruir a mucosa nasal do paciente, lhe causar lesões gravíssimas e até levar a morte. A farmacêutica Silvia Ribeiro Sousa e Silva explica que existem várias plantas que possuem comprovação científica, mas também aquelas que ainda não tem seu efeito confirmado e comércio proibido pela Anvisa ( A g ê n c i a Nacional de Vigilância Sanitária). “As pessoas acham que por ser planta não faz mal. Isso é errado. Por exemplo, o capimlimão em altas doses pode causar aborto e o confrei é tóxico ao fígado”, comenta a farmacêutica. De acordo com o Ibama, os Estados
Unidos e a Alemanha estão entre os maiores consumidores dos produtos naturais brasileiros. Algumas curiosidades se destacam nesse meio fitoterápico. Como exemplo: o único tratamento de vitiligo é através de plantas medicinais. Beber dez xícaras de chá por dia pode ter o mesmo efeito que o uso de protetor solar na prevenção do câncer de pele. E, ainda, são contra-indicadas 103 plantas medicinais a mulheres grávidas ou em fase de amamentação.
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Biocombustível de mamona já é realidade REBECA MORATO
Quem é que nunca viu um terreno baldio dominado por aquelas bolinhas cheias de espinhos, as chamadas mamonas? Pois é, essa planta que comumente é rebaixada a praga subiu de status: agora é matéria prima para o Biodiesel, um combustível renovável. O plantio da mamona, mais barato que a plantação de milho, dura de 180 a 210 dias. Possui 48% de teor de óleo, e, além do biodiesel, também dá origem à torta fertilizante, um subproduto que é excelente adubo e maticida (acaba com vermes do solo). Como se não bastasse aumenta a geração de empregos, pois o trabalho é todo manual e traz benefícios ao meio ambiente por diminuir
a emissão de gás carbônico na atmosfera. De acordo com o gerente da Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento em Belo Horizonte, Ricardo de Oliveira, o governo estipulou metas para tornar o B-2, que é a mistura de 2% de biodiesel com 98% de diesel comum obrigatória em 2008. Além dessas vantagens o governo tem outro bom motivo para investir nesse combustível: grande parte do Diesel utilizado no Brasil ainda é importado. O sul de Minas Gerais possui uma usina que utiliza a mamona como matéria-prima, situada em Varginha. Mas não é apenas a mamona que desperta o interesse dos produtores. Segundo informações de Oliveira,
existem mais duas usinas de Biodiesel no Estado. Uma delas está em Cássia, sudoeste de Minas, que produz óleo a partir d e s o j a . A o u t r a está em Barbacena, onde são realizados, junto à Universidade Federal de Viçosa, estudos sobre o pinhão manso, uma planta pouco conhecida que possui um alto potencial oléico. Os recursos minerais não são infinitos, e ultimamente geram polêmica não só pelo seu fim, mas também por agravarem o efeito estufa e a concentração de gás carbônico na atmosfera. É nesse cenário que plantas tão insignificantes como a mamona ganham importância como a forma mais inteligente de se produzir combustível, através de recursos 100% renováveis que não agridem o meio ambiente.
Os pesquisadores sobre alimentos transgênicos ainda não chegaram a um acordo sobre seus risco à saúde humana. Acontece que nem todas as pessoas sabem o que eles são, ou o que mudará em nossas vidas com a sua produção. Os alimentos transgênicos são obtidos através de alterações genéticas nas plantas que lhes deram origem. O processo consiste basicamente em acrescentar um gene qualquer no DNA da planta para que esta possa desenvolver características diferentes, com o propósito de torná-las mais resistentes às pragas e aumentar sua capacidade de produção.
“Bons ou ruins, transgênicos já são parte do nosso dia a dia” Viçosa, através da UFV, é um ponto de referência em transgênicos no país. Segundo o profes-sor do Departamento de Fitotecnia da Universidade, Aluízio Borém, isso se deve ao prestígio e à qualificação dos pesquisadores e professores no meio acadêmico. O professor afirma que hoje tudo que possui soja, como o óleo de cozinha, é feito de transgênicos, pois cerca de 30% da produção deste grão no país é gerada com sementes modificadas geneticamente. O aumento da produção a partir desse processo diminuiria a fome mundial, mas riscos como novas alergias já foram comprovados. Apesar de divididos, os pesquisadores sabem que as alterações do homem no meio ambiente devem ser conscientes.
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( ( cidade
Suas ruas, sua história Organizadores: CRISTIANO SÁVIO TIAGO AGOSTINHO
Muitas pessoas que andam por Viçosa não sabem quem são e como são escolhidas as personalidades que dão nome às ruas da cidade. Pessoas importantes podem ser homenageadas com o título de ‘Patrono da Rua’, que permite a ela ser identificada. A seguir, detalhes sobre os personagens que nomeiam algumas das mais famosas ruas viçosenses:
Milton Bandeira Nasceu em 13 de Abril de 1907, na cidade de Guarabira, estado da Paraíba. Formou-se médico pela Universidade de Medicina do Rio de Janeiro e, recém formado, isntalou-se na cidade de Coimbra,
onde abriu seu primeiro consultório. Casou-se em 1934 com Leda Gandra Bittencourt, com quem teve seis filhos. Mudou-se para Viçosa em 1937, montou um consultório na Praça do Rosário e assumiu a chefia do serviço médico da UFV. A rua se localiza no centro de Viçosa. Arthur Bernardes O Calçadão do centro da cidade homenageia o viçosense Arthur Bernardes. Nascido em 1875, ele iniciou sua carreira política como vereador e presidente da Câmara Municipal de Viçosa no ano de 1906. Bernardes tornou-se Presidente da República em 1922. Quatro anos depois, criou em sua cidade natal a Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV), hoje denomi-nada Universidade Federal de Viçosa.
Arte: Tiago Agostinho
Gomes Barbosa Nascido em Alto Rio Doce, chegou em Viçosa e realizou vários feitos. Foi presidente da câmara de vereadores por 25 anos, deputado estadual e federal. Também viabilizou obras para a cidade como a pavimentação da praça Silviano Brandão e a abertura das avenidas Santa Rita (a da feira) e Gomes Barbosa (que leva o seu nome). Foi casado com Carmem Graça Barbosa (sobrinha de Arthur Bernardes) e teve quatro filhos. Morreu em 1945. A Rua com seu nome se localiza na região Central de Viçosa.
Vaz de Melo Dr. José Norberto Vaz de Melo nasceu em Itajubá, MG, em 1926. Foi juiz da comarca de Itamogi, MG, onde começou sua carreira na magistratura. Chegou a ser, em 1994, governador substituto do Estado de Minas Gerais. A rua que homenageia o juiz fica no centro da cidade, paralela ao Calçadão. P. H. Rolfs Nascido nos Estados Unidos, Peter Henry Rolfs bacharelou-se
em agricultura no “Yawa State University”. A convite de Arthur Bernardes, deixou a direção da Universidade da Flórida e veio para Viçosa dirigir a ESAV, permanecendo por oito anos e sendo diretor da mesma por dois. Ajudou a consolidar a trilogia de sustentação da UFV: Ensino, Pesquisa e Extensão. P.H. Rolfs é sempre lembrado, com seu nome na principal rua de Viçosa, a Avenida P.H.Rolfs.
Viagem literária na estação da leitura RODRIGO RESENDE TIAGO AGOSTINHO
Tiago Agostinho
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amplia o vocabulário de quem a pratica. Além das bibliotecas existentes nas escolas, existe em Viçosa a Biblioteca Pública MuA leitura é um fator essencial para nicipal. um bom desenvolvimento da vida Localizada no centro da estudantil. Ela traz maior capacicidade, ela funciona na antiga estadade de raciocínio, novas idéias e ção ferroviária, popularmente conhecida como “Estaçãozinha”. Com um acervo estimado de 8 mil livros, adquiridos, principalmente, através de doações da comunidade ou de empresas, A Biblioteca Pública está localizada na “Estaçãozinha” a Biblioteca
Municipal está a dis- Tiago Agostinho posição de toda a população viçosense. No local também são encontradas mesas e cadeiras, criando um ambiente propício para o estudo. Estão a disposição livros de literatura nacional (inclusive os que são exigidos A Biblioteca também apresenta estrutura para o estudo nos vestibulares), literatura estrangeira e obras de local sua carteira de identidade e caráter didático. um comprovante de residência, no Segundo a bibliotecária período das 8 às 18 horas. Daniele Silva, para fazer emprésO prazo para a devolução timos de livros é necessária a dos livros locados é de uma seabertura de uma ficha de contromana, podendo ser renovado por le. O interessado deve levar ao duas vezes.
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( ( cidade
Rádio Escola - formando comunicadores Em várias escolas públicas de Viçosa, o intervalo não é apenas um descanso entre as aulas, mas o espaço de transmissão de notícias, recados e músicas. No ar, a Rádio Escola é um meio de comunicação que promove maior interação entre os estudantes e possibilita a ampliação do que é aprendido na sala de aula. Entre as instituições que adotam o projeto estão as escolas Santa Rita de Cássia e Effie Rolfs. Na Santa Rita, o trabalho da Rádio Escola é coordenado pelo voluntário José Afonso Karibé. Profissional do rádio e ex-correspondente da Rádio Itatiaia de Belo Horizonte, ele pretende passar aos alunos do Ensino Fundamental e Médio sua paixão por este veículo. Segundo Karibé, diferentemente do que acontece em outras escolas, o projeto ali desenvolvido preocupa-se com a capacitação dos alunos. “O objetivo central é
formar comunicadores populares”, e não um simples “serviço de altofalante durante o intervalo”, afirma. Em agosto, foram iniciadas na escola 14 oficinas de preparação para os estudantes, como História do rádio no Brasil, Funções no rádio e Produção de programas e roteiro radiofônico. Karibé propôs pesquisas, ensinou como cuidar da voz e se empenhou principalmente em fazer com que os jovens ouvissem rádio. A partir de então, os alunos fizeram apresentações em feiras do conhecimento promovidas pela instituição e foram convidados para fazer outros trabalhos na comunidade. Para o futuro, ele pretende fazer mais oficinas na área radiofônica e iniciar o trabalho com o Jornal Escola e o Vídeo Escola, formando assim um conglomerado de comunicação. A supervisora do Ensino Médio da Escola Estadual Effie Rolfs, Júlia Santana, explica que a Rádio Escola, que funciona toda sexta-feira, proporciona vários
benefícios para a comunidade escolar. Os estudantes do 3º ano, por exemplo, utilizam o projeto como forma de conseguir recursos para a formatura. A Escola Estadual Raul de Leoni também conhece os benefícios de possuir uma rádio própria. O projeto era desenvolvido todos os dias na hora do intervalo, até
que os equipamentos foram roubados. A supervisora do Ensino Médio, Miriam Aparecida Tibúrcio Fiário, defende que as notícias e músicas transmitidas pelos alunos ajudavam no andamento das disciplinas e tornavam o intervalo menos violento. Ela acredita que a Rádio Escola vai fazer falta na instituição.
Arte: Rodrigo Resende
FELIPE LUCHETE RODRIGO RESENDE
Projetos buscam democratizar a informática na cidade No mês de novembro, o Ministério das Comunicações abriu inscrições para as cidades interessadas em implantar telecentros, locais que disponibilizam gratuitamente acesso à internet para a população. Tal possibilidade evidencia a preocupação em tornar o computador mais próximo das pessoas. Em Viçosa, já existem projetos que buscam realizar a inclusão digital. O Centro Vocacional Tecnológico (CVT) desenvolve cursos gratuitos de informática e qualificação profissional na cidade. Localizado no Bairro Novo Silvestre, o CVT possui dois laboratórios com computadores para o programa de inclusão, onde acontecem aulas durante todos os turnos do dia. De acordo com o Secre-
tário Municipal de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Carlos Floriano de Moraes, todos os interessados podem se inscrever no CVT. As matrículas são gratuitas e os horários são escolhidos pelo alu-
no. O Secretário afirma que os resultados têm sido satisfatórios e que pretende instalar dois novos centros como esse, nos bairros Santo Antônio e Nova Viçosa, “de modo a democratizar o atendimento”.
Divulgação/CVT
CRISTIANO SÁVIO FELIPE LUCHETE
O CVT oferece gratuitamente cursos de informática, no bairro Novo Silvestre
Segundo a coordenadora geral do CVT, Vera Lúcia de Sousa Rodrigues, muitos concluintes dos cursos conseguiram emprego ou foram promovidos onde trabalham. “Finalizar o curso e encaminhar alguém é nosso maior objetivo”, diz. A Câmara Municipal também desenvolve um trabalho que vai além de cursos de computação. “Não seria propriamente um projeto de inclusão digital; na verdade é um projeto de inclusão social através da informática”, define o Assessor de Comunicação da Câmara, Jacks Andrade. Os textos trabalhados nas aulas de digitação, por exemplo, tratam de temas como cidadania e participação política. Em 2007, o programa vai oferecer 100 vagas para turmas de até 16 pessoas. Os cursos têm duração de três meses e serão realizados no antigo Fórum Municipal.
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( ( cultura
Um mergulho no Hip Hop ÁBDON JR. Black Eyed Peas, 50 Cent, Ja Rule, Eminem e Racionais Mc’s. Exemplos de grupos musicais e cantores de Hip Hop que fazem atualmente a cabeça dos adolescentes não faltam. Esse tipo de música vem cada vez mais influenciando jovens de todas as classes, seja no jeito de vestir, de falar ou de enxergar o mundo. Mas engana-se quem pensa que o Hip Hop é apenas um estilo musical. Ele vai muito além disso. Origem Surgido nos subúrbios e guetos de Nova York, na década de 70, o Hip Hop chegou ao Brasil no final dos anos 80. Trata-se de um conjunto de elementos que, juntos, formam um grande movimento cultural. Esse movimento possui várias tendências internas, mas procura ressaltar, sobretudo, a exclusão social e as questões relativas à história e à identidade dos negros. Quanto aos elementos formadores da cultura Hip Hop, eles são três: O Rap (DJ e Mc), o Break e o Grafitti.
Divulgação
Rap Rhythm and poetry, ou seja, ritmo e poesia. Trata-se da expressão musical-verbal da cultura Hip Hop. Dentro do Rap encontramos ainda a figura do DJ (Disc Jockey) - o operador de discos -, e do Mc (Mestre de Cerimônia) - porta voz que relata, através de rimas os problemas, carências e experiências do gueto.
Break É o nome que a dança leva na cultura Hip Hop. Os dançarinos executam com o corpo uma série de movimentos, na batida do Rap.
Grafitti É uma expressão plástica ou pintura feita com sprays, em muros. É considerado uma arte, uma forma de expressão e denúncia, ao contrário da pichação, que é um ato de vandalismo. Vale dizer que sem a interação dos três elementos não
A pichação, muitas vezes confundida com o Graffiti, provoca poluição visual e depredação do patrimônio público.
existe Hip Hop. O Rap não será Rap se não houver Grafitti; o DJ não será DJ (de Hip Hop) se não houver alguém dançando e assim por diante. Só a título de curiosidade, o nome Hip Hop vem do inglês Hip (quadril) Hop (balançar).
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Não deixe de ouvir: Diário de um Detento RacionaisMc´s My Name Is - Eminem In Da Club - 50 Cent
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parece que foi ontem
Morre um guerreiro, nasce um mito: Zumbi dos Palmares VICTOR TANCREDO
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Morreu na tarde de ontem o maior líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, que estava foragido desde o ano passado e assumiu a liderança do quilombo com a morte do antigo chefe, Ganga Zumba. O antecessor havia aceitado um acordo com a Coroa Portuguesa, no qual Palmares iria se submeter aos imperadores, mas ganharia liberdade administrativa, tornando-se uma vila. Essa decisão desagradava Zumbi, que se constituindo no poder, desfez o acordo. Zumbi revelou-se um corajoso estrategista militar no
comando dos quilombolas. À frente do grupo, derrotou todas as expedições governistas que tentaram derrubar Palmares entre 1680 a 1691. Com as vitórias, ele tornou-se temido e respeitado pelos adversários. Até ano passado, todas as investidas do exército foram duramente repelidas. Mas, em fevereiro, as tropas do governo lideradas pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, considerado pela opinião pública como sanguinário, e contando com reforços redobrados, conseguiu derrotar os quilombolas de Palmares. Muitos sobreviventes conseguiram fugir, porém as
tropas não desistiram e estão perseguindo e matando um a um. O líder Zumbi só foi capturado devido à delação premiada concedida ao quilombola preso Antônio Soares, que revelou o esconderijo do líder. Sua morte foi trágica. Brutalmente esquartejado, sua cabeça se encontra exposta na Praça Central de Olinda, “servindo de exemplo para outros escravos”, conforme afirmativa de porta-vozes portugueses. Fontes do Quilombo dos Palmares pretendem trabalhar para fazer do 20 de novembro de 1695 um marco na luta pela igualdade racial.
Zumbi dos Palmares, sobrinho de Ganga Zumba, nasceu em Alagoas em 1655. É reconhecido como um herói nacional.
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(( cultura
A oração na Universidade SIMONY CASTRO
conhecido como Mococa, entrou na universidade em 1994.
Sentindo que faltava religiosidade Você sabe o que é “Universidades no campus e com a ajuda de outras Renovadas?” O MUR (Ministério pessoas, promoveu encontros que Universidades Renovadas) é uma se espalharam por todo o país, iniciativa dos universitários sempre com o mesmo para reunir estudantes de objetivo: evangelizar. todas as idades e religiões Mas o projeto não é e aproximá-los do contato só para universitários. com Deus. Hoje em dia ele Todo ano é realizado o está em todo o Brasil, SEARA, onde mais de além de México, Peru e 600 grupos carismáticos Argentina. Viçosa foi o de oração se reúnem berço desse durante o carnaval. movimento, quando o Outro evento é calouro de a “Expeveterinária riência de Fernando Oração” Galvani, realizada m a i s Arte: Devalnir Dias geralmente uma vez
a cada seis meses e que funciona como uma espécie de retiro para rezar e refletir. Muitas vezes é onde a pessoa tem o primeiro contato com a religião. Organizado por voluntários do projeto, eles se dividem em doze equipes, providenciam o local, ônibus e alimentação por um preço de inscrição bem acessível. De acordo com os coordenadores, para cada encontro há uma média de 70 inscrições. A maioria dos participantes é jovem, mas qualquer pessoa pode se juntar ao grupo, como seu José, de 80 anos, morador da cidade de
Além Paraíba, que sempre acompanha os eventos e diz ser mais bem tratado ali do que por seus próprios netos. A estudante Letícia, de 19 anos, afirma se sentir de alma renovada para voltar à rotina. Além destes, os carismáticos realizam a “Perseverança”, todo sábado às 18h, na capela da UFV, onde as pessoas são convidadas a dar continuidade ao trabalho iniciado na “Experiência de Oração”, e o “Semente”, encontros para estudos bíblicos que acontecem de segunda a quinta, de 13h às 13h50, no PVA 310.
Mistério e terror na dose certa Suspense, ação, terror, e principalmente muita emoção. Esses são os ingredientes que o escritor Pedro Bandeira utiliza nos seus mais de 70 livros publicados. Ele nasceu em Santos, em 1942, e mudou-se para São Paulo com 19 anos para estudar Ciências Sociais. Foi ator, professor e publicitário. Dedicou-se também ao jornalismo, trabalhando no jornal Última Hora e na Editora Abril, onde escreveu para diversas revistas e foi convidado a participar de uma coleção de livrinhos infantis. O primeiro livro, O Dinossauro que Fazia au-au, fez um grande sucesso. Mas foi com A Droga da Obediência, de 1984, que ele se consagrou. Neste livro uma organização secreta de estudantes, denominada Karas, teria que investigar o desaparecimento de jovens e de várias escolas importantes de São Paulo. O suspense percorre todas as páginas desse emocionante livro. Ele escreveu seis obras com as aventuras desse grupo. Em julho de 2005, A Droga da Obediência
atingiu a marca de 1 milhão de exemplares vendidos em todo o país. O mistério da morte e do terror está em outro famoso trabalho: Descanse em Paz, Meu Amor. Nele seis jovens se encontram em uma casa abandonada à noite, e começam a contar histórias sobrenaturais. Esse clima se desenrola em toda a brilhante obra de suspense e tensão. Entre os livros de grande sucesso do autor estão Anjo da Morte, A Marca de Uma Lágrima, Alice no País da Mentira e Brincadeira Mortal. Aos 64 anos, além dos livros, Pedro Bandeira escreveu três peças de teatro e nove contos. Recebeu entre outros o prêmio Jabuti. Vendeu, até 2004, 20 milhões de exemplares em todo o Brasil. Do mesmo autor Pântano de sangue, O fantástico mistério de feiurinha, O mistério da fábrica de livros e Na colméia do inferno.
Arte: Victor Godoi
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(( cidadania
O olho da rua – porque preservar o espaço público Não se espante! Mas o fato é que a rua tem dono. Ou melhor, tem vários donos! As ruas, assim como os demais bens móveis e imóveis do ambiente urbano, são pertencentes a um grupo, do qual eu, você e todas as outras pessoas fazemos parte – a população local. Isso mesmo! A cidade é uma obra coletiva que é construída por todos nós ao longo de várias gerações. Tudo o que faz parte da cidade constitui o patrimônio público, que tem como proprietária natural a sua população, e como tal, ela deve cuidar da sua preservação. Neste sentido, é necessária a adoção de algumas medidas que visam à conservação do espaço coletivo, já que nem todas as pessoas são conscientes de sua participação na construção da cidade. A cidade de Viçosa possui, desde 2003, um Código de Posturas. Promulgado pela Lei Municipal nº 1.574/2003, ele contém normas destinadas a promover a harmonia e o
Elaine Nascimento
ELAINE NASCIMENTO
Depredação do patrimônio público é problema em Viçosa
equilíbrio no espaço urbano, por meio do disciplinamento dos comportamentos, condutas e procedimentos dos cidadãos no Município, bem como a aplicação do seu processo de execução, e das penalidades e imposições legais. Entretanto, a existência do Código não garante a plena conservação do patrimônio público.
Segundo dados do Departamento de Limpeza Pública, no mês de setembro foram colocadas 80 lixeiras nos postes da região central de Viçosa. Em menos de noventa dias, foram queimadas duas lixeiras (uma na Rua Beijamin Araújo e outra próxima ao Terminal Rodoviário). Outras duas foram roubadas (no Calçadão e na Travessa Simonini). Além de algumas que tiveram parafusos retirados. A partir do mês de fevereiro, serão colocadas mais cem peças nos demais bairros da cidade. Fato que, de acordo com o Chefe do Departamento de Limpeza, Júlio Márcio de Freitas, implica em “fazer um alto investimento que fica vulnerável à ação de vândalos”. Para o Chefe de Planejamento do IPLAM (Instituto de Planejamento Municipal), José Luiz de Freitas, esse tipo de problema seria evitado se acontecessem campanhas educativas contínuas junto à população, que “esclarecessem
como as lixeiras foram colocadas ali. Pois às vezes parece que foi por mágica. As pessoas não sabem que houve toda uma operação, que houve custos para a sua colocação. É preciso fazer com que a população entenda que ela pagou por isso”. Ainda segundo José Luiz, é preciso despertar os cidadãos para a necessidade de vigilância do patrimônio público, criando o chamado “olho da rua”, que observa e protege. Devem ser realizadas campanhas, sobretudo, nas escolas, que “são pontos essenciais de qualquer conscientização. Crianças e adolescentes são mais altruístas que os adultos, porque estão livres dos conflitos pessoais. Conscientizar as pessoas de que toda a população participa da construção da cidade é um desafio que deve ser enfrentado pelo Poder Público”. Conheça o Código de Posturas do Município de Viçosa, disponível no site: www.iplamvicosa.ubbiph.com.br.
administrar as contas públicas e de decidir como serão gastos os recursos. Não podemos esquecer de que os membros do poder Legislativo são responsáveis pela criação das leis que regem a vida social e pela fiscalização dos atos dos chefes do Executivo. Para agir e votar é preciso saber quem está sendo eleito e por quanto tempo irá exercer suas funções, ter a noção de que presidente, governadores e prefeitos são escolhidos para governarem num período de quatro anos, podendo ser reeleitos apenas uma vez, diferentemente dos 81 senadores que têm mandato de oito anos. Os 513 deputados da Câmara Federal, e os 77 da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que também exercem o poder por quatro anos, podem se reeleger inúmeras vezes.
Para reclamar, mas também propor soluções, é necessário saber aonde ir, ter a ciência de que o poder Legislativo municipal, representado pela Câmara dos Vereadores, é o órgão mais próximo dos cidadãos. Em Viçosa, essa Câmara, que é composta por dez membros, se reúne uma vez por semana, sempre às terças-feiras, às sete da noite. Lá, você poderá subir à Tribuna e manifestar suas opiniões e reclamações. Participe!
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Governo, república, executivo, presidente Lula, estado, governador Aécio Neves, município, prefeito Raimundo Nonato, legislativo, câmara dos deputados, câmara dos vereadores, políticos, política e poder! Isso lhe interessa!? Não!? Então está na hora de pensar melhor no assunto. Pois quando os cidadãos participam da vida política, fiscalizam, cobram, apresentam os problemas e pensam as soluções junto com os governantes, eles podem ser considerados verdadeiramente livres. A democracia não garante a liberdade simplesmente pelo direito de votar, mas também pelo direito (e o dever) de agir que todos possuem. Mas para
participar é fundamental conhecer a estruturação política do país, saber que o Brasil é uma República Federativa, dividida em União (Governo Federal), estados e municípios e que o sistema de governo é a democracia representativa, na qual há a separação de três poderes, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. E que a eleição para escolher os membros do poder Executivo e os do Legislativo é feita através do voto direto, secreto, universal, periódico e obrigatório. Para cobrar e fiscalizar é indispensável ter a ciência das funções dos governantes eleitos, se conscientizar de que os chefes do poder Executivo, como o presidente da República, governadores de estado e prefeitos, são encarregados de
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ELLEN ARAUJO
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Política e participação
Escotismo: lazer e educação em sintonia ANA PAULA CAMELO
Ana Paula Camelo
Fazer uma boa ação ajudando uma velhinha a atravessar a rua, ir para o “mato” acampar, ser “bobinho”... Se você acha que ser escoteiro se resume a isso está bastante enganado. O escotismo vai muito além da preparação de uma pessoa para uma vida ao ar livre. É, sobretudo, um movimento educacional que auxilia na formação dos jovens. Além da possibilidade de lazer, os escoteiros são procurados por muitas pessoas que buscam a oportunidade de convivência em equipe, acampamentos e jogos. Os grupos desenvolvem diversas
atividades, desde excursões até recolhimento de alimentos e campanhas de trânsito, em um trabalho conjunto com a sociedade. Questões de liderança, cidadania, respeito ao próximo e à natureza são também bastante trabalhadas dentro do grupo escoteiro. Não é à toa que ele pode ser considerado um dos primeiros movimentos ecológicos da história.Fundado pelo general inglês Robert Stephenson Smith Baden Powell, o escotismo surgiu em 1907, na Inglaterra, com o propósito de complementar a educação que os jovens recebem em casa, na escola e na igreja; jamais substituindo estas
Civismo e liderança também são os focos do movimento escoteiro em Viçosa
instituições. No Brasil, chegou em 1910 e, em Viçosa, surgiu por volta de 1972, quando dois amigos, ao se encontrarem, descobriram que tinham sido escoteiros quando crianças. Eles decidiram então montar um grupo na cidade. Além de crianças, jovens e adultos também podem participar, mesmo que nunca tenham sido escoteiros. O atual presidente do grupo de Viçosa, Cristiano Cabral, destaca que quanto mais adultos participam, maior é o número de jovens que podem ser atendidos. As crianças de 7 a 10 anos que ingressam são separadas em um ramo chamado Lobinho. Para aqueles que têm de 11 a 14 anos, existe o ramo Escoteiro; de 15 a 17 anos, o ramo Sênior e para os jovens de 18 a 21 anos, o ramo Pioneiro. Essa subdivisão existe para facilitar o trabalho, já que os objetivos educacionais são diferentes para cada faixa etária. A secretaria do Grupo Escoteiro de Viçosa (30º GECON) fica na UFV, casa 27 da Vila Giannetti, e está aberta das terças às quintas-feiras, na parte da tarde, ou aos sábados pela manhã, entre 9 e 11 horas.
lazer
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Faça arte! IZABEL POMPERMAYER
Há mais de dez anos, o Centro Experimental de Artes, criado pela Secretaria de Cultura de Viçosa, oferece aulas gratuitas de arte para alunos de escolas municipais e estaduais. É fácil participar; basta escolher uma das atividades e querer aprender. O Centro foi criado com o objetivo de ajudar na aprendizagem e permitir a integração de estudantes na comunidade. A preferência de vagas é dada aos alunos das escolas municipais, e caso estas não sejam preenchidas, os estudantes das escolas estaduais podem participar. Seguindo o calendário escolar, acontecem oficinas de circo, capoeira, dança, instrumentos musicais e desenho. As inscrições são feitas na Rua Gomes Barbosa nº 658, no centro de Viçosa. Os alunos devem apresentar uma declaração de freqüência escolar. Quem quiser mais informações, pode ir ao Centro em horário comercial, ou ligar para (31) 3891-6674 e falar com o secretário Leandro Gomes.
Educação ambiental em um verdadeiro paraíso natural Natureza, ar puro, aventuras e 194 hectares de muito verde... Se para você tudo isso era um sonho distante, prepare as malas! E a viagem não será muito longa! Nosso destino está a 7 Km de Viçosa, no bairro Paraíso, na estrada em direção à Paula Cândido (nada que um ônibus não nos ajude). A placa indica Mata do Paraíso. Lá encontramos trilhas abertas que são monitoradas pelo grupo de Educação e Interpretação Ambiental, formado por 11 alunos de cursos diversos da UFV. Seja pelo Caminho das águas ou pela
trilha dos Gigantes, a diversão e o aprendizado são garantidos. A natureza está disponível para observação e análise. É uma boa oportunidade de ver e entender tudo aquilo que se ouve falar na sala de aula. A estudante do 10º período de Engenharia Florestal Ana Carolina de Oliveira, estagiária da Estação de Pesquisa, afirma que a Mata fala por si só: “É um fragmento de Mata
Atlântica extenso e ainda preservado, com árvores centenárias que só de olhar temos o desejo de preservar, querer cuidar do que a natureza oferece”. Não é só um lugar para descansar e se maravilhar também é oportunidade de aprender. Djavan já dizia que precisava de “um bom lugar para ler um livro e o pensamento lá em você”, e na Mata a gente encontra um pouco de tudo isso. Lagoas, Ana Paula Camelo
GERLICE ROSA
riachos, espaço para piquenique, a sede da estação de pesquisas, trilhas e muito verde! A mata do Paraíso está aberta a visitações nos horários de 8 às 11 e de 14 às 17 horas. Para conhecer esse atrativo lugar, basta marcar um horário com os funcionários e contar com o acompanhamento dos estudantes. As escolas também podem agendar visitas, que serão acompanhadas pelos estagiários. Assim o ambiente favorece discussões sobre educação ambiental, recursos naturais e ainda o diálogo do ser humano com a natureza. O telefone da sede da Mata do Paraíso é 3899-3390. Convide sua turma e pé na trilha...
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esportes
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Muito mais que lutas sangrentas CAROLINA ROCHA CLARICE MACHADO
divulgação
As artes marciais viajaram o mundo inteiro desde que surgiram na China, há mais de 5 mil anos. No Brasil é comum a prática de diversas modalidades, tão variadas quanto seus participantes, que vão desde crianças de 5 anos a anciões de 80, de ambos os sexos. Em Viçosa, não é diferente. Tai-chichuan, Tae-kwon-do, Jiu-jitsu,
Judô, Muay thai e capoeira são algumas das modalidades oferecidas na cidade. Os principais difusores dessas práticas no ocidente têm sido o cinema e a televisão. Nos filmes de domingo à noite, as artes marciais são caracterizadas por golpes sangrentos que o mocinho aplica no vilão para se vingar ou fazer justiça. Mas quem vai às academias para aprender a brigar, surpreende-se com o caráter filosófico d e s s e s esportes. Ao invés de agredir, os praticantes aprendem a importância de manter a paz e de lutar só em casos extremos, para se defender.
As regras de conduta são levadas muito a sério pelos mestres. Devalnir Dias, faixa preta em Tae-kwon-do e campeão regional em 2001, é um dos lutadores que adotaram a filosofia das artes marciais para a vida: “Não só o Tae-kwon-do, como todas demais matérias visam disciplina, educação e respeito”. Ele conta que entrou para o esporte para aprender a brigar, mas saiu com a consciência de que é melhor se machucar do que machucar alguém. “Você aprende muita coisa boa, passa a conhecer melhor seu corpo e a ter domínio sobre ele, pois o condicionamento físico é intenso. Além de se divertir, a gente também alivia o stress”, diz Devalnir. Mente, corpo e espírito se unem nas Artes Marciais. Seus ensinamentos ultrapassam os limites da luta na busca do equilíbrio em todas as partes da vida.
Como tudo começou... A China é considerada o berço das artes marciais. Há mais de 5 mil anos já se praticavam sistemas e tradições para treinamento de combate no país. Mas foi através do monge budista Badhidharma que as técnicas se caracterizaram como prática física e mental. Em viagem à China, o indiano orientou monges chineses na prática do Ioga e rudimentos da arte marcial indiana,já que eles possuíam condições físicas ruins. Posteriormente, esse novo conjunto de desenvolvimento físico e mental originou o Kung Fu. Da China, esses conhecimentos se expandiram por quase toda a Ásia, influenciando na criação de novas modalidades de luta, inclusive no ocidente.
Projeto Nadar: saúde, esporte e lazer
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Carolina Rocha
A natação é um dos exercícios físicos mais completos que existem. Aprender a se locomover embaixo da água melhora a
respiração, a resistência muscular e o desenvolvimento motor de pessoas de todas as idades. Em Viçosa, já faz 12 anos que o projeto NADAR oferece aulas gratuitas para quem deseja aperfeiçoar suas habilidades na natação e participar de campeonatos. No entanto,
devido ao grande interesse da comunidade, o projeto passou a oferecer também aulas de iniciação para quem tem pouca ou nenhuma prática no esporte. Os treinamentos acontecem na piscina olímpica da UFV, por estudantes do curso de Educação Física.
No total são cerca de 150 alunos divididos em quatro turmas, dentre elas a seleção para participação em campeonatos, que conta com nadadores dos 9 aos 55 anos. Os atletas do NADAR vêm conseguindo bons resultados nos campeonatos mineiros organizados por instituições como a Federação Aquática Mineira. Túlio Yutaka, ex-participante do projeto, conquistou recentemente o recorde mineiro nos 50 metros borboleta.
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Para participar do projeto, procure informações com o Departamento de Educação Física da UFV, através dos telefones: 3899-2258 ou 3899-3249.
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CAROLINA ROCHA
esportes
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“Bom de escola, skate rola” Nada pior para um surfista do que mar sem ondas. Na Califórnia, Estados Unidos, a solução para esse problema foi juntar as rodinhas dos patins com pranchas. Surge assim, no início da década de 60, um esporte que iria agradar a muitos jovens: o Skate. Ele é baseado na realização de manobras com equilíbrio, deslizando pelo asfalto e contornando obstáculos. O Brasil é o segundo país de maior desempenho no Skate, perdendo apenas para o criador, os Estados Unidos. Apesar das dificuldades, possui competidores de grau equivalente ao americano, garantindo títulos importantes em diversas modalidades do esporte. No final de 2006, Sandro Dias conquistou o tetracampeonato do Circuito Mundial do Skate Vertical. O quarto colocado foi Bob Burnquist, campeão de 2000. Já na categoria feminina, Karen Jones trouxe o título inédito para
o nosso país. A prática do skate contou com o apoio da mídia, com a recente divulgação na novela juvenil “Malhação”. Isso pode não agradar alguns pelo fato do mesmo se tornar um modismo, mas o ajuda a crescer, incentivando novos adeptos. Ainda visto como uma atividade de marginais e exclusivamente masculina, afirmase no cenário nacional como um esporte aberto a todos. Enquadrado como radical, a prática do skate precisa de cuidados especiais, como a utilização de equipamentos que evitam contusões e machucados sérios, além da escolha devida do local. Na falta de rampas apropriadas, o asfalto torna-se o palco desse esporte, exigindo a atenção do skatista para perigos como o trânsito de carros. No Brasil, a Confederação Brasileira de Skate estabelece normas como o uso de capacetes e a duração de cada bateria nas competições.
Arte: Ana Maria Amorim
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Em Viçosa, não há rampas para a prática do esporte. Em 2006, um indicação de construção de pista de skate foi registrada na Câmara Municipal e há uma emenda no orçamento 2007 solicitando a construção de uma pista de skate. Os praticantes locais podem se cadastrar na Associação dos Skatistas de Viçosa, que existe há três anos e possui 100 incritos. A ASV reivindica áreas públicas para a prática do esporte e pretende promover torneios de skatistas em Viçosa. Além disso, apóiam o projeto “Bom de Escola, Skate Rola”, que inclui o esporte nas aulas de Educação Física.
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ANA MARIA AMORIM
Peteca, do pátio para as quadras LARA MARQUES
Arte: Lara Marques
Uma pequena almofada feita com palha e enfeitada com penas: assim surgiu a peteca, objeto usado pelos índios antes da chegada dos portugueses ao Brasil. Fácil de se praticar, a brincadeira espalhou-se rapidamente pelo país e servia de aquecimento para as equipes mineiras
de remo e vôlei. Durante as Olimpíadas da Bélgica, em 1920, a novidade chamou a atenção de atletas estrangeiros. A partir do sucesso do jogo praticado por recreação surgiu um movimento para oficializar a peteca como esporte e torná-la mais uma manifestação da cultura desportiva brasileira. Passados 50 anos, Minas Gerais tornou-se pionei-
ro na elaboração de regras e organização de campeonatos, sendo atual campeão brasileiro na modalidade. A peteca tem vantagens do ponto de vista físico e também social. Tanto homens quanto mulheres podem jogar juntos e não há limite de idade para a prática. É um esporte que melhora os
reflexos, diminui o nervosismo, a ansiedade e aumenta a capacitação física, o raciocínio e a agilidade. Denis Salles, estudante de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Viçosa, pratica o esporte há cerca de dois anos e é formado em arbitragem. Para ele, o mais importante da peteca é a amizade que o esporte proporciona, já que todos têm oportunidade de jogar e trocar experiências. Mas o jogo de peteca ainda é pouco praticado. “Acho que precisamos ir além dos muros dos clubes. Seria muito saudável que fosse para as praças públicas de esporte, para as escolas, para as universidades”, disse o Presidente da Confederação Brasileira de Peteca, Claudionor de Mattos, durante o último campeonato nacional. Na UFV há quadras com medidas oficiais, onde os atletas iniciantes são bem recebidos pelos praticantes assíduos do jogo.
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BRUNO LIMA RENATA AMARAL Apesar de Viçosa ser uma cidade de pequeno porte, sofre de um problema típico das grandes cidades: o trânsito congestionado. Principalmente nos horários de pico – almoço e fim de tarde –, o fluxo de veículos nos principais cruzamentos e vias da cidade é muito lento e desorganizado. De acordo com o secretário de trânsito, Ramon Fernandes, em 2007, a prefeitura vai contratar uma empresa especializada para fazer uma pesquisa sobre a viabilidade dos semáforos. Diante disso, o Outro Olhar realizou uma enquete para saber a opinião da população a respeito do assunto. O resultado mostrou que 52% dos entrevistados acham que resolveria, enquanto 25% acham que não resolveria ou até mesmo pioraria. E 19% se mostraram indecisos. Você acha que a colocação de semáforos resolveria os problemas de trânsito de Viçosa? SIM: “Resolve sim, porque os pedestres ficariam mais organizados, e o trânsito ficaria melhor”. Antônio Barros, auxiliar de Serviços Gerais TALVEZ: “Talvez. Já ouvi estudos nesse sentido que dizem que o trânsito vai ficar mais seguro, porém mais lento. Têm muitas faixas de pedestres”. Cícero Filho, agente de trânsito
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NÃO: “Acho que pode piorar, porque as ruas de Viçosa são muito estreitas e o número de veículos tende a crescer cada vez mais. Eu vejo isso quando os ‘guardinhas’ tentam monitorar o trânsito, e quando isso acontece, sempre fica pior”. Roberto Figueiredo, carteiro
( ( entrevista
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Semáforos: ter ou não ter?
Uma vida desenhada ELGA MÓL ELISA FRANÇA
Laerte Coutinho, como toda criança, adorava desenhar. Criou os seus primeiros quadrinhos quando tinha nove ou dez anos e não parou mais. Na faculdade, publicou suas tiras em jornais do centro acadêmico e em fanzines. Hoje, é um dos cartunistas mais conhecidos do país; criador das tiras Piratas do Tietê, Hugo, Gato e Gata, Condomínio, Fagundes, Overman e Los 3 Amigos. Em entrevista por e-mail, Laerte nos falou sobre o seu trabalho e deu dicas para aqueles que desejam seguir a carreira de desenhista. Seus trabalhos são publicados na Folha de São Paulo e na revista italiana Internazionale. Além disso, os fãs podem acessar o seu site (www.uol.com.br/laerte) para ler tirinhas e saber mais sobre a sua vida e obra. O que o fez começar a desenhar? Alguém o influenciou ou você descobriu essa paixão sozinho? Desenhar não é bem uma paixão, é mais uma opção única (quer dizer, única numas; eu poderia vender pneu ou trabalhar em banco, ocupações igualmente dignas). Acho que descobri sozinho. Como toda criança, desenhei bastante. Apenas não parei, quando chegou o momento em que as crianças param de desenhar e vão trabalhar em banco ou vender pneu.
Quais são os principais obstáculos na carreira de um cartunista? Acho que os mesmos na carreira de qualquer pessoa aluguel, impostos, convênio médico, essas ... Fazer quadrinho, desenhos de humor etc., depende principalmente do que a pessoa consegue, a sós com seu material e no trato com as publicações, empresas de remunerado.
“ Desenhar
não é bem uma paixão, é mais uma opçãoúnica.
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Como é o dia-a-dia de um cartunista no que diz respeito ao processo de criação das tirinhas e os prazos de entrega? Bom, minha rotina tem sido meio diferente de uns 2 anos pra cá, mas pode ser resumida numa fase matinal pra atender a tira diária, e a parte da tarde pra outras coisas, frilas etc. Preciso entregar 7 tiras Piratas do Tietê, mais uma semanal para o caderno de Informática, mais uma história mensal para a Folhinha e outra para o Folhateen. E os frilas etc.
Não tenho mais um tempo médio para as tiras, do jeito como as faço hoje; mas vamos dizer que leva umas 2 horas em média - às vezes muito menos e às vezes muito mais. Você recebe muitos quadrinhos de amadores pedindo a sua opinião? Sim, não tanto quanto na época da revista, mas bastante. Dou palpites e conselhos conforme cada caso. Que dicas você dá para aqueles que querem trabalhar com desenho? Minhas dicas, palpites e conselhos são apenas para casos individuais. Assim no genérico só tenho generalidades a dizer. Faça um portfólio, monte um zine, leia isso, leia aquilo, viaje, faça exercícios e não coma carne, de nenhum tipo. GLOSSÁRIO Frilas: Cartunista, jornalista, fotógrafo, eletricista que presta serviços à pessoa ou empresa sem trabalhar para ela. Portfólio: Pasta ou álbum utilizado para guardar papéis. Zine: Diminutivo de Fanzine. Espécie de coletânea de história em quadrinhos.