OutrOlhar - Edição 40

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OPINIÃO Papa Francisco representa um novo olhar sobre os velhos muros do Vaticano página 3

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO ● ANO 12 - EDIÇÃO Nº 40 ● MAIO DE 2015 Shayene Martins/ Taiane Souza

Esporte que convida a encarar os desafios, superar os limites e ultrapassar as barreiras página 15

SOM ALTO, NÃO! Falta de cuidado com volume causa perda precoce de audição página 14

LE PAR KOUR COMPRAR É A NOVA REGRA

Entenda como os aterros sanitários funcionam e suas vantagens em relação ao lixão página 10

QUANTAS CALORIAS VOCÊ CONSUMIU? Jonathan Fagundes

Jovens de diferentes classes são responsáveis por movimentar comércio local e se transformam nos ditadores da moda ao saírem das lojas com mãos cheias página 6

E O NOSSO LIXO?

MAIS OU MENOS FÉ? Evento tradicional de Viçosa, a “Procissão do Encontro” tem público modificado com passar dos anos página 12

Thalison Oliveira

DONA CORA CONTA HISTÓRIA

Preservação de construções antigas mantém viva a história da cidade para as próximas gerações e rendem incentivos do governo página 8

Benefícios de um aplicativo que ajuda a não perder controle na hora da refeição página 4


OPINIÃO

OUTROLHAR MAIO DE 2015

AO LEITOR O presente semestre é marcado pela experimentação e pela compreensão da operacionalidade oriunda dos procedimentos editoriais utilizados no jornalismo e que são colocados em prática pelo corpo redacional do jornal OutrOlhar. A disciplina Jornal-Laboratório II, oferecida sempre no primeiro semestre dos anos letivos, é a responsável pela produção e edição deste veículo e de seus produtos correlatos, como o jornal esportivo, o fotográfico e os “macarrões” que encartam as edições. Nela, tentamos preencher as lacunas da reflexão sobre as técni-

MEU CORPO, EU DECIDO Poder fazer algo não significa que isso deva ser feito, muito menos que irá. Mas é muito válido defender que o direito de escolha exista, e que cabe a cada um fazê-la. Legalizar o aborto nada mais é que defender esse direito. Dar às mulheres o poder sobre o seu próprio corpo, oferecer a elas o direito de ter uma criança ou não, de terminar uma gravidez indesejada com segurança e sem colocar sua vida e saúde em risco. Defender que a legalização causará abortos em massa é um equívoco enorme. Se pararmos de ser hipócritas e analisarmos a situação tal como ela realmente é, vamos perceber que o fato do aborto ser proibido não impede ninguém de fazê-lo. Uma mulher que não quer realmente uma gravidez vai dar seus jeitos, e das formas mais bizarras e insalubres possíveis. Partindo desse ponto, por que não propor-

cionar à essas mulheres um mínimo de segurança? Legalizar não é fazer com que o aborto se torne mais um método contraceptivo e chega a ser idiotice pensar algo assim. Uma mulher que tem um mínimo de condição de criar um filho e tenha algum senso de humanidade jamais verá o aborto como opção. Mas uma mulher que esteja desamparada, em uma gravidez indesejada, muitas vezes abandonada pelo pai da criança, vai procurar uma forma de se livrar dessa gravidez, o que em muitos casos acaba resultando na morte não só do bebê mas da mãe também. E o pai sai ileso nessa. Mas um filho não é responsabilidade de ambos os pais? Então por que dar a um deles a possibilidade de negar essa responsabilidade e obrigar o outro a assumi-la sozinho? Para o homem é muito simples fugir das suas responsabilidades e jogá-las todas em cima

da mulher, e a sociedade vai cobrar é dela, a vida que vai ser virada de cabeça para baixo é a dela. Mas ela não tem o direito de escolher que isso não aconteça. E volto a dizer, não é o fato de ser ilegal que impede alguém de abortar. Dizer isso seria o mesmo que dizer que o consumo de drogas é impedido por ser ilegal, e todos sabemos que definitivamente não é o que acontece. Partindo da mesma lógica, posso afirmar que não acredito que legalizar o aborto vá fazer com que o número aumente, tampouco vai diminuí-lo. Mas acredito que muitas mortes maternas poderão ser impedidas. Também não sou a favor do aborto, mas acho mais do que justo garantir a todas as mulheres um mínimo de dignidade e respeito às suas escolhas em relação ao seu corpo. “Meu corpo, minhas regras”.

1958, na Suécia, os brasileiros tinham pudor de acreditarem no próprio futebol. O sentimento de inferioridade aos demais países foi batizado por Nelson Rodrigues como “Complexo de Vira-latas”. O termo, criado na ocasião do mundial esportivo, relata uma questão que se estende muito além do universo futebolístico. Apesar do nome “Complexo de Vira-latas” ter apenas algumas décadas, a síndrome tem origens desde os tempos coloniais. A Europa não era vista apenas como um lugar mais desenvolvido, mas algo que devia ser imitado, mesmo que para isso as pesadas roupas da aristocra-

cia europeia devessem ser usadas no forte calor tropical, como fazemos ainda hoje com o terno e a gravata. O Brasil cresceu, se desenvolveu, mas ainda hoje ouvimos coisas como: “se é importado é melhor”, “brasileiro não tem cultura”, “em país de primeiro mundo a coisa é diferente”. Aí eu pergunto: importado de onde? Algum lugar sem leis trabalhistas? Dizer que brasileiro não tem cultura é confessar que não é culto o suficiente para conhecer o próprio país, que dirá dos outros. E “a coisa” é diferente sim no primeiro mundo, ou em qualquer outro país do terceiro também, mas quem disse que isso significa que no Brasil é sempre pior? O Brasil, como qualquer outra nação, enfrenta problemas e tem muito a desenvolver. No entanto, acreditar

que a “República das Bananas” deve desesperadamente se espelhar nas culturas que conhecemos apenas pela TV é pura ignorância. O Brasil foi o primeiro país a erradicar o sarampo em 2000, e os Estados Unidos sofreram uma epidemia da doença em 2013. Após uma jazida de petróleo ser descoberta são necessários 15 anos, em média, para o início da produção. Brasileiros iniciaram a produção no pré-sal em apenas seis. E os exemplos se estendem em diversas áreas. Repetir o estigma de que o Brasil é atrasado é se negar a enxergar o panorama todo. Talvez devêssemos adotar a atitude dos verdadeiros vi-

ra-latas, sendo mais livres e felizes por conta própria, ao invés de ficarmos presos a coleira de aprovação alheia como cachorrinhos de madame. Leonardo Gonçalves

DIAGRAMAÇÃO Cleomar Marin, Jésus Dias, Mateus Dias, Núbya Fontes, Robson Filho e Ronan dos Santos, Taiane Souza

DIRETORA DO CCH Prof.ª Maria das Graças Floresta

outrolharufvmg@gmail.com

cas de edição ainda existentes no Brasil. Editar jornais impressos é uma tarefa que exige atenção e dedicação dos responsáveis para detectarem e impedirem as armadilhas contrárias ao jornalismo de qualidade. Dos editores são exigidas, entre outras habilidades, a administrativa, o planejamento editorial e a capacidade de estabelecer e obedecer critérios que tornem a leitura agradável, informativa, atraente e fácil. Uma boa leitura para todos. Joaquim Lannes Editor

ERRAMOS:

Na última edição do OutrOlhar, na matéria “Era uma vez”, o nome da professora Maria Lígia Rodrigues, idealizadora do projeto Contação de Histórias, foi grafado erroneamente, assim como o nome da atual coordenadora Márcia Onísia. E na matéria sobre a dança do ventre, a professora entrevistada foi Marcela Oliveira e não Roberta Ladeira, que, na verdade, é dona da academia mostrada na foto.

Patrícia Freitas

Reprodução

Após a derrota na final da Copa de 1950 para o Uruguai, em um Maracanã lotado, uma onda de baixa estima cobriu o Brasil. Apesar de vice-campeões, nos sentíamos os piores do mundo. Até conquistarem o campeonato em

O jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV - MG) é produzido para os estudantes do Ensino Médio das escolas públicas do município e adjacências. Atualmente o jornal encontra-se sob a responsabilidade da turma 2013, na disciplina COM 452 - Jornal- Laboratório II. EDITOR Prof.º Joaquim Sucena Lannes

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MONITORIA Ana Cláudia Richardelli

REVISORES Ingrid Carraro e Karina Mendes

APOIO Centro de Ciências Humanas Letras e Artes CCH

REITORA Prof.ª Nilda de Fátima Ferreira CHEFE DO DCM Prof.º Joaquim Sucena Lannes

COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO Prof. Henrique Mazetti (suplente) ENDEREÇO Vila Giannetti, casa 39

Campus Universitário 36570-000 Viçosa - MG Tel.: 3899-2879 www.com.ufv.br

Os textos assinados não refletem necessariamente a opinião da instituição ou do Curso, sendo da responsabilidade de seus autores e fontes. Cópias são autorizadas, desde que o conteúdo não seja modificado e que sejam citados o veículo e o(s) autor(es).

Patrícia Freiats/Cleomar Marin

VIRA-LATAS OU CACHORRINHOS DE MADAME


OPINIÃO

OUTROLHAR MAIO DE 2015

CORRUPÇÃO, MORALISMO E HIPOCRISIA O PAPA É POP E ATUAL Não existe oposição ao ato de manifestação contra a corrupção. Óbvio. O que existe é um recorrente fortalecimento do ato com nossas próprias ações. A corrupção é associada, na maioria das vezes, apenas aos feitos dos governantes. Estamos excluindo aquelas “pequenas corrupções” que praticamos no nosso dia-a-dia. E com isso, sem perceber, nos tornando hipócritas ao debater o tema e acabando por fortalecer aquilo que tanto lutamos contra. Falsificar carteira de identidade, atestado médico, diploma, assinatura; furar filas; estacionar em locais proibidos ou em vagas de deficientes; fazer ‘gatos’ em instalações públicas; sonegar impostos ou alegar falsamente uma doença para justificar uma falta ao trabalho ou a aula são algumas poucas das inúmeras atitudes que nos fazem corruptos. Atitude que para muitos é definida como uma maneira de facilitar as coisas, e para os olhos do exterior é o famoso “jeitinho

brasileiro”. Mas que na definição correta é desonestidade, desvirtuamento, devassidão de costumes mesmo. Não tem problema nenhum ir ali manifestar contra a corrupção e na volta entrar em um carro com carteira comprada, estacionado em uma vaga para deficiente se estava fazendo uma boa ação, lutando pelo país. A não ser que você queira ser considerado um corrupto, moralista e hipócrita, tem problema sim, e muito! A corrupção e a hipocrisia caminham lado a lado na história do nosso país, e vai ser assim por muito tempo se não mudarmos nossas atitudes. A luta contra a corrupção começa dentro de nós mesmos. Ou mudamos nossas atitudes ou seremos apenas mais uns moralistas por aí, lutando por algo que nunca terá fim. Ana Leão

Eleito após uma situação atípica na Igreja Católica, o Papa Francisco completou em março de 2015 dois anos no governo do Vaticano. Neste curto período, Jorge Mario Bergoglio, nome de batismo de Sua Santidade de 78 anos, fez mais do que pregar dogmas e transmitir sermões aos milhões de fiéis. O primeiro papa latino-americano, e primeiro não-europeu em 1200 anos, conquistou imensa popularidade e aceitação graças às suas atitudes desde o início: se apresentando de maneira humilde (Francisco dispensou o luxo excessivo que se costumava atribuir ao seu cargo), carismática, sorrindo mais e ficando mais perto de seus seguidores. Para além dos muros do Vaticano, Francisco tem sua representatividade e liderança política reconhecida e respeitada mesmo em territórios que não são de maioria católica. Seus posicionamentos já trataram de questões como o casamento gay, o programa nuclear do Irã, os conflitos arma-

Nesta edição, o OutrOlhar traz você, leitor, para dentro do j o r n a l ! We n d e l Leal, 18, é estudante do Esedrat e foi convidado a conhecer a nossa redação e bater um papo com nossos repórteres sobre diversos assuntos da atualidade, como maioridade penal, segurança, política, educação e cultura. Confira no ping-pong a seguir: OutroOlhar: O que você sabe sobre a redução da maioridade penal? O que você acha sobre? Wendel Leal: Eu sou contra porque eu acho que isso não seria a forma de resolver o problema, basicamente. Acho que deve investir em educação, cultura... Se a redução da maioridade acontecer, a criança vai ter sempre um professor dentro da prisão que só vai ensinar sobre crime. OO: Você disse que uma

dos na Síria e Iraque, entre outros muitos assuntos de interesse global. Suas falas frequentemente condenam o “silêncio cúmplice” e a indiferença dos governantes diante de problemas econômicos e sociais: - Endurecer penas não leva à diminuição da delinquência e pode levar a graves problemas para as sociedades, como prisões superlotadas - escreveu o papa em carta à Associação Latino-americana de Direito Penal e Criminologia. Tais posturas revelam que Francisco tem se mostrado como o sopro de modernidade de que a Igreja Católica precisava para se adaptar às realidades do mundo globalizado e atrair a juventude para o rebanho, o que aparentemente tem funcionado: ele foi eleito a Pessoa do Ano de 2013 pela revista Time, foi capa da edição de janeiro de 2014 da Rolling Stone (revista sobre cultura popular) e até tira selfies com seus fiéis. Mais do que nunca, o Papa é Pop e atual. Cleomar Marin Ricardo Almeida/Cleomar Marin

Muitas vezes já foi dito por aí que o povo brasileiro é um povo corrupto. Não sejamos hipócritas de negar isso. Mas não apenas no Brasil, ela está presente em todo o mundo. Corrupção não é coisa de nacionalidade, é coisa de ser humano! Talvez seja por causa dessa frequente afirmação sobre o nosso país, e das presentes “descobertas” dos atos dos nossos eleitos governantes, que a população brasileira está cada vez mais falando do assunto. Sair por aí carregando faixas nas quais o principal foco é o fim da corrupção se tornou um ato frequente da população brasileira nos últimos anos. Uma população que anos atrás lutou pelo fim da ditadura militar vai às ruas pedir a volta dela, a palavra impeachment caiu no gosto e na boca do povo. Mas será que esse mesmo povo, que diz ser totalmente contra a corrupção, não acaba esquecendo de suas próprias ações e se tornando hipócrita ou falso moralista?

solução, ou pelo menos uma tentativa de melhorar a situação, seria investir em educação. Você acha que o que tem hoje ainda não é o suficiente? WL: Eu, por exemplo, almejo Engenharia de Ali-

mentos e no caso só com a base do meu colégio eu não consigo, entendeu? Acho que desde o 1º ano eu não sei o que que é Física. Eu não tenho base nenhuma de Física porque a gente não tinha professor. Eu acho

que falta investimento, sim, na educação. OO: Essa educação que você fala é somente a formal ou, por exemplo, deveria ter outros tipos de atividades fora matemática, português, etc?

WL: Acho que devia ter um maior investimento para os salários dos professores e para cultura. Acho que no Peru ou na Colômbia, junto com o Ensino Médio tem atividade de malabarismo, tem criança desde cedo fazendo malabarismo como atividade extra, é bem bacana. Você desenvolve uma personalidade, você conhece, evolui como pessoa. Eu enxergo isso, a função dessas atividades culturais e tal. OO: Se tivesse alguma atividade pra você escolher, qual escolheria? WL: Cara, como eu falei, malabarismo, novos esportes, atividades ou por exemplo o professor usar a criatividade também na hora de passar a aula, tipo mini gincanas ou campeonatos e tal, eu imagino isso.

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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

OUTROLHAR MAIO DE 2015

O ALARME TOCA, ESTÁ NA HORA DE COMER Everton Marques (Mamãe)

Aplicativos para celulares auxiliam usuários no controle de calorias ingeridas na hora de se alimentar

Por Jonathan Fagundes

Você sabia que uma pessoa deve consumir até 3000 calorias diariamente? Essa é a quantidade recomendada por alguns nutricionistas, mas muitas pessoas têm dificuldade para controlar a ingestão diária de alimentos. Pensando nisso, recursos tecnológicos fáceis de serem carregados em qualquer lugar podem ajudar em sua dieta alimentar. Diversos aplicativos desenvolvidos para celulares

e tablet’s prometem ajudar no controle do peso. Basta regular quantos quilos se deseja perder, depois é feito um calculo informando quantas calorias você pode ingerir diariamente. Eles funcionam como um diário alimentar, no qual fica registrada cada refeição feita pelo usuário. A nutricionista Camila Neves destaca que os aplicativos podem auxiliar na perda de peso como prometem, porém é preciso que estajam aliados a uma die-

ta alimentar e à prática de exercícios físicos. O objetivo de cada usuário pode ser tanto perder peso quanto ganhar massa muscular. A cada refeição o celular apita como se fosse um despertador avisando que é hora de se alimentar. Depois disso, é só selecionar os alimentos que vão ser ingeridos e esperar o aplicativo exibir as calorias contidas. A estudante Tábhata Valentin utiliza o aplicativo Boa Forma há um ano. Ela realiza atividades

físicas diariamente e afirma que ele é um complemento, já que exercício físico não é nada sem dieta. A estudante do Ensino Médio, Bárbara Sampaio, utilizou o aplicativo por pouco tempo e não ficou feliz com o resultado: - Fiquei motivada a usar por achar que seria um jeito fácil de regular o que comia e assim perder peso. Mas não notei diferenças no meu corpo, e se eu comia uma maça o nível de açúcar já estourava. Como não pratica-

va atividades físicas, acabei interrompendo o uso - afirma a estudante. Os aplicativos não substituem o acompanhamento especializado feito por um nutricionista: - Toda dieta precisa ser prescrita por pessoas aptas a acompanhar cada paciente. Além disso, há a necessidade de fazer atividades físicas, sempre sob orientação de um profissional da área, e o risco de ignorar o alarme depois de um tempo - finaliza a nutricionista.

tros fornecem o volume da lâmina de água gerada pela chuva em um metro quadrado (1m2). Assim, se o equipamento registrou 100 mm de lâmina d’água em seu interior, significa que houve uma precipitação de 100 litros em 1m2. Todos esses dados e medidas são observados por serviços de monitoramento climático e de prevenção de desastres ambientais e socioeconômicos (deslizamentos de terras e enchentes), como faz a

Defesa Civil, com o objetivo de orientar seus trabalhos. Em Viçosa (MG), cujo relevo, segundo o site da Prefeitura, é do tipo acidentado, sendo 85% montanhoso, 12% ondulado e apenas 3% plano, saber a quantidade de chuva que cai na cidade é ainda mais importante em função de sua ocupação territorial. Para isso, a região possui cinco pluviômetros automáticos, sendo um de responsabilidade da Universidade Federal de Viçosa

(UFV) e os demais da Prefeitura. Eles foram instalados, além do centro, nos bairros Laranjal, Cachoeira de Santa Cruz (Fundão) e Nova Viçosa. Segundo o chefe do Departamento da Defesa Civil de Viçosa, Rodrigo de Souza, os pluviômetros automáticos utilizam uma bateria recarregável com energia solar, e enviam via mensagens de texto (SMS), a cada dez minutos, as informações captadas para o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemadem), em Brasília (DF). O serviço, disponível em diversas cidades do Brasil, passou a funcionar em janeiro de 2015 em Viçosa.

O diretor técnico do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Viçosa (SAAE), Edson Bhering, explica que os aparelhos são importantes para saber a quantidade exata de chuva que alimenta a bacia do Rio São Bartolomeu. E, assim, melhorar a administração do uso da água. Se você tem curiosidade e deseja entender mais sobre essa ferramenta, dados atualizados, gráficos e históricos de chuvas, orientações e informações de cada pluviômetro ficam disponíveis por meio do site cemaden.gov.br/pluviometrosautomaticos/

EQUIPAMENTOS MEDEM CHUVA EM VIÇOSA

Mateus Dias

Por Mateus Dias

Você já ouviu falar em pluviômetro? Imagina para o que ele serve e como funciona este aparelho? Este nome diferente ao nosso dia-a-dia é dado ao equipamento que faz o recolhimento e a medição, em milímetros (mm), da quantidade de chuva que caiu em uma determinada região e período de tempo. Usando de uma escala matemática, os pluviôme-

A cada 10 minutos, os pluviômetros enviam as informações da quantidade de chuva para a central de dados em Brasília, via SMS. Eles são equipados com dois chips de operadoras de celular diferentes, para caso alguma delas fique indisponível no momento. Mesmo que não esteja chovendo, o registro desta condição climática pelos aparelhos é importante para compor o histórico de chuva de cada região de Viçosa

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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

OUTROLHAR MAIO DE 2015

ENTENDER A TEMPERATURA DO NOSSO CORPO AJUDA NA PREVENÇÃO DE LESÕES Por Lucas Moura

Uma câmera digital que registra toda a temperatura da sua pele. Parece coisa de filme de ficção científica, não é mesmo? Mas já existe! Com uma maior precisão na imagem, a chamada câmera termográfica dispõe de uma lente infravermelha especial que consegue captar as ondas de calor emitidas pelo nosso corpo, esteja ele parado ou em movimento. A esta técnica de captação da temperatura nós atribuímos o nome de termografia. A fim de facilitar a visão noturna dos soldados, a tecnologia foi criada a partir de sua aplicação na área militar e há aproximadamente 15 anos vêm sendo utilizada na área médica esportiva. De acordo com o professor do Departamento de Educação Física da UFV e especialista no assunto, João Carlos Bouzas Marins, sua aplicação pode evitar o aparecimento

de lesões musculares ou articulares em atletas: - Os dois lados do nosso corpo, esquerdo e direito, têm a mesma temperatura em condições normais. Quando ocorre um processo inflamatório em um desses lados, há uma geração de calor, e a câmera termográfica é tão sensível que consegue captar exatamente o ponto onde esse calor está sendo gerado. Há um desequilíbrio na temperatura dos dois lados. É nele que a lesão pode vir a se desenvolver – explica. A palavra de ordem aqui é a prevenção. Antes que o problema se alastre e impeça o atleta de jogar por muito tempo, o ideal é tratar o quanto antes a região apontada pela câmera. Em grandes clubes de futebol, tais como o Botafogo e o Cruzeiro, em linhas gerais, as pesquisas apontam que

este procedimento já ajudou a prevenir mais de 80% das lesões dos jogadores. Além disso, vale lembrar que a termografia também pode ser utilizada em outros espaços, como no desenvolvimento de roupas mais adequadas a cada clima especifico ou mesmo para quantificar e verificar as diferenças na temperatura corporal sob diversos aspectos e esportes. A pesquisa de mestrado do estudante Alisson Gomes da Silva, do Curso de Educação Física da UFV, por exemplo, investiga as mudanças de temperatura após exercícios de remo só com o braço, só com a perna ou com ambos juntos. - É uma área de pesquisa relativamente nova, existem poucos trabalhos publicados sobre o assunto. A experiência está sendo muito boa. Já tenho até ideia do que fazer para o doutorado – encerrou.

Arquivo Pessoal

Departamento de Educação Física da UFV lidera pesquisas sobre a aplicação da termografia em atletas

Câmera termográfica registra calor corporal de voluntário

DREAM:ON – TECNOLOGIA PARA SONHAR

Se sonhar ainda é um dos poucos prazeres que não custam nada, já imaginou poder controlar os seus sonhos? Pois é quase isso que pretende o aplicativo para smartphone Dream:ON. Pensado pelo psicólogo inglês Richard Wiseman, e lançado em 2012, o aplicativo promete influenciar os sonhos do usuário, por meio de sons que reproduzem ambientes e cenários enquanto ele dorme. Dentre os vários estímulos sonoros disponíveis, pode-se escolher entre sons de praia, chuva, restaurante, florestas e outros que até mesmo remetem a pesadelos. Baseado nos movimentos do usuário na cama, o aplicativo identifica em que fase do sono o mesmo se encontra. Ao entrar na fase REM (Movimento Rápido dos Olhos), etapa em que a maior parte dos sonhos ocorre, o aplicativo emite sons relacionados à escolha pré-programada do usuário, isso geraria um processo de indução em seu cérebro. Para a psicóloga Luciana Lopes, mais

Karina Mendes

Por Karina Mendes

Aplicativo Dream:ON promete estimular o subconsciente por meio de sons e influenciar sonhos do usuário do que induzir de maneira fisiológica ao sonho, o aplicativo pode funcionar por meio da expectativa criada ao ser usado: - Quando você deita pensando em alguma coisa, às vezes sonha com aquilo. Então, se você programou para ouvir sons de praia, por exemplo, já foi estimulado pensando na praia, e aquilo pode

aparecer como um desejo de fato. Você entra na expectativa, que pode gerar o sonho, e ela interfere. O sonho é uma transformação da realidade, no qual o objetivo é trabalhar com o que acontece no nosso dia a dia. – explica a psicóloga. Segundo as pesquisas realizadas pelos desenvolvedores, pelo menos 30% das pessoas que usam o

aplicativo conseguem controlar seus sonhos. O professor de inglês Gabriel Matos testou o Dream:ON por uma semana. Para ele, a ideia do aplicativo é boa principalmente por auxiliar no sono: - Não chegou a funcionar todas as noites que testei. Os sons mais complexos, como os que tentam fazer você sonhar com

cheiros de campos de flores, por exemplo, são mais difíceis de acertar. Acho que o mais legal é que os sons parecem fazer você relaxar mais profundamente. - declarou. Ficou curioso para testar o aplicativo? Ele pode ser baixado gratuitamente pela internet. Mas, por enquanto, só está disponível para Iphone e em inglês.

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COMPORTAMENTO

OUTROLHAR MAIO DE 2015

ELES VIVEM COM O BOLSO CHEIO Jovens têm maior poder aquisitivo e movimentam lojas em Viçosa Por Guilherme Pimenta

um preço acessível tem atraído os clientes desse nicho. É o que explica a vendedora Joice Ferreira Teixeira, que trabalha em uma loja de roupas na cidade. Segundo ela, as meninas compram mais que os meninos e possuem

maior interesse em calçados e blusas mais básicas, para o dia a dia. Essa característica ajuda a definir o ritmo dos vendedores que garantem, de acordo com Joice, vendas médias de 35 mil reais mensais para o estabelecimento.

Todo esse poder nas mãos dos mais jovens permite que eles ditem a moda e faz com que o mercado se renda aos seus caprichos. Afinal de contas, a regra para o comércio é arrecadar com os gastos de quem está disposto a pagar.

Entre os jovens, elas são as que consomem mais e saem cheias de sacolas, inclusive quando é para comprar para eles

ANDAR E DIGITAR AO MESMO TEMPO PODE SER PERIGOSO

Por Laryssa Cristina

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considerado vicioso, já que o usuário passa a não ter controle do seu uso ao ponto de arriscar a própria vida em um acidente. Tudo por-

que vivemos em uma sociedade que sempre tem pressa. As pessoas acabam não notando a importância de parar e analisar que estão

É comum encontrar pessoas andando enquanto utilizam seus aparelhos celulares

Joaquim Lannes

Estamos vivendo em uma era tecnológica. A cada semana nos é apresentado um novo tipo de aplicativo e celulares mais modernos. Em um único aparelho obtemos diversas funções antes atribuídas a outros meios tecnológicos. Com isso, a recorrência de estarmos conectados fica maior, atitude esta que notamos principalmente entre os jovens. O uso excessivo dos celulares, além de prejudicá-los em seus estudos, também vem lhes trazendo riscos de vida, segundo a psicóloga Andreza Lopes. Andar digitando virou um hábito e o tempo todo que estamos nas ruas nos deparamos ou trombamos com alguém manuseando seu celular. Muitos até preferem se arriscar mais, quando utilizam de forma

incorreta este aparelho em seus veículos, como em automóveis e bicicletas. De acordo com Andreza, “este é um hábito que pode ser

sendo levadas por esse vício que, além de riscos, pode lhes distanciar dos contatos sociais que na juventude são de suma importância”. Segundo o jornal Folha de São Paulo, apesar do valor da tecnologia e de ser um meio que facilita cada vez mais nossas vidas, ela pode se tornar preocupante. Isso porque o foco passa a ser os aparelhos que carregamos e acabamos nos esquecendo de olhar o que está ao redor. O correto a se fazer é parar para usar o seu celular e, após o uso guardá-lo para prosseguir seu trajeto. Minutos em que paramos para fazer uma ligação, mandar uma mensagem, baixar um aplicativo, tirar fotos, curtir o perfil do amigo, adicionar alguém no facebook dá mais tempo do que se gastaria em um hospital ou pedindo desculpas a todas as pessoas com as quais se esbarra.

Guilherme Pimenta

Em tempos de crise, eles seriam a esperança de muitos dos comerciantes. Com a movimentação de mais de 30 bilhões de reais por ano em renda própria, os jovens brasileiros ainda podem exercer influência no consumo dos pais, aumentando esse valor para mais de 94 bilhões de reais por ano só em produtos que os agradam. E se engana quem imagina que nessa amostra estão apenas os jovens de classe média. Uma pesquisa realizada recentemente pelo Instituto Data Favela (RJ) em parceria com o Data Popular (SP) e a Central Única das Favelas (Cufa-RJ) divulgou que, aproximadamente, 12,3 milhões de pessoas vivem nas comunidades brasileiras e que eles são responsáveis por 68,6 bilhões de reais gastos anualmente. Os jovens entre 14 e 29 anos que moram em favelas formam um dos grupos responsáveis por esse consumo, que está ligado ao aumento da escolaridade: 73% deles estudaram mais que os próprios pais. Viçosa se torna um cenário interessante, já que é uma cidade voltada para o público de estudantes. A

maioria vive condições independentes. Por isso, a região possui segmentos comerciais especializados. A revolução das marcas, o aumento do poder aquisitivo do brasileiro nos últimos anos e a garantia de qualidade por


COMPORTAMENTO

OUTROLHAR MAIO DE 2015

‘PAVÃO’ É CENTRO DAS ATENÇÕES NA ESCOLA Ser “aparecido” é característica existente em todo colégio, o que pode ter relação com mudanças psicológicas Por Gustavo Pires

Ilustração: Everton Marques (Mamãe)

Popular, nerd, falante, quietinho, piadista, bagunceiro. Esses são alguns dos adjetivos utilizados para alunos, desde o Ensino Fundamental até o Ensino Superior. Porém, é no Ensino Médio que as características pessoais se completam e aparecem com mais clareza. Luciana Oliveira é psicóloga e afirma que, apesar da personalidade ser formada desde quando se está na barriga da mãe, a adolescência é um período importante para essa formação: - Como na adolescência existe a busca pela interação, a necessidade de estar com o outro, essa fase acaba sendo um momento importante para se afirmar como pessoa, perceber sua identidade pessoal e social, como ela gostaria de ser de fato – explica. Mesmo existindo características que são imutáveis, como as genéticas, Luciana entende que “o ambiente

Todos as salas têm alunos com características distintas. Apesar disso, muitos tipos de comportamentos se repetem nas escolas.

pode favorecer questões para um lado ou para o outro, ficando mais ou menos evidentes”. E esse ambiente geralmente é o colégio, que tem um papel muito importante ao dar refe-

rências de comportamento, de normas e condutas. Buscando autoafirmação e passando por mudanças na autoestima, surgem os que Luciana define como “pavão, que gosta de apare-

cer”. Quando essa atenção é forçada acaba sendo algo negativo. Porém, quando vem naturalmente é positivo, pois isso prepara o jovem para o que virá no mundo, já que sempre existem pes-

soas diferentes, que podem se destacar mais ou menos em determinadas áreas. Para completar, a estudante do Colégio de Aplicação da UFV (Coluni), Iasminn Gomes (16) concorda que a sala de aula acaba sendo uma forma de preparo para o que será vivido pelos alunos, pois além de toda educação e aprendizado transmitido pelos professores, é lá que “aparecem os primeiros conflitos, onde temos a primeira experiência com a responsabilidade. Acho que a forma que lidamos com isso e conciliamos com o restante da nossa vida (família, amigos) é um grande reflexo de como lidaremos com os conflitos no futuro, seja no trabalho ou na nossa vida pessoal”.

QUANDO A GRAMA DO VIZINHO

NÃO É TÃO VERDE

Por Robson Filho

“As normas dos prédios e condomínios são tiradas do Código Civil, que rege a relação entre vizinhos quanto ao uso de suas propriedades, que devem se adequar à finalidade social.”

do ele, muitas das normas de prédios e condomínios são tiradas desse código, comum a todo o território nacional, e que, em Viçosa, estão presentes no Código de Posturas do município, que, determina, inclusive, até que horas são permitidos barulhos. No caso das residências, o limite é 22h, embora haja níveis permi-

tidos de ruídos de acordo com os horários e que variam no decorrer do dia. Segundo Glauco, a lei existe, mas o problema é que em Viçosa há apenas cinco fiscais, número insuficiente para atender a demanda. Ele conta ainda que, além dessa fiscalização da prefeitura, pode-se recorrer a outras medidas,

como acionamento da polícia, em caso de perturbação coletiva, e ação judicial, em um caso mais drástico, para obrigar a propriedade a se adequar às regras e cumprir a multa. No caso policial, muitas vezes a polícia não consegue atender a ocorrência em razão de outros acontecimentos considerados por eles prioritários.

Mariana Balduci

O cachorro que late sem parar e a goteira pingando na casa ao lado, o arrastar de móveis e o salto alto que perturbam no apartamento de baixo, as músicas e as conversas exageradas. São vários os barulhos que podem incomodar a vizinhança e até causar conflitos. José Luciano dos Santos é porteiro há quase dez anos em um residencial localizado na Avenida Santa Rita, em Viçosa – MG, e conta que recebe, com frequência, várias chamadas de moradores reclamando de seus vizinhos. Segundo ele, as

reclamações são principalmente referentes a barulhos provocados por moradores que voltam bêbados de madrugada e ficam batendo portas. Outros ficam gritando, sem pudor, em momentos de suas intimidades. Luciano explica que a cada reclamação é feita uma notificação e, quando um morador acumula três advertências, o caso é passado para a administradora do condomínio, que faz uma carta de ocorrência e aplica uma multa. Entretanto, o porteiro adverte que, no tempo em que trabalha no prédio, jamais ficou sabendo de alguém que tenha sido multado realmente. De acordo com o defensor público Glauco Rodrigues de Paula, a relação entre vizinhos é regulada pelo Código Civil, pensando na função social de cada propriedade, ou seja, no uso que dela é feito respeitando os direitos dos demais, como o do sossego. Segun-

Placas, como essa no hall de um prédio de Viçosa, são usadas como aviso aos moradores

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CIDADE

OUTROLHAR MAIO DE 2015

PASSADO E PRESENTE SE ENCONTRAM NO EDIFÍCIO DONA CORA arquivo

Construções antigas agregam grande valor histórico para a cidade e embelezam as ruas

Em destaque, a farmcêutica e poetisa Dona Cora e o poeta Carlos Drummond de Andrade aparecem juntos em foto de turma da faculdade Por Thalison Oliveira

Uma casa antiga em contraste com um moderno edifício. Essa é a visão de quem passa pela travessa Dr. João Carlos Bello Lisboa, também conhecida como balaústre, centro da cidade de Viçosa (MG). O Residencial Dona Cora foi construído entre os anos de 2005 e 2010, e entre suas paredes guarda uma informação curiosa: o hall de entrada é uma casa antiga, datada de 1917, construída pelo então deputado Emílio Jardim de Rezende e que, mais tarde, serviu de mora-

dia para o médico Sebastião Ferreira da Silva. Juntamente com seus nove filhos e esposa, viveu a farmacêutica e poetisa Cora de Araújo Moreira Ferreira da Silva, que dá nome ao edifício. A arquiteta Denise Bittencourt foi a responsável pelo projeto do prédio. Ela ressalta a importância de se preservar as construções antigas como forma de manter viva a história para as próximas gerações, mas adverte: -Não podemos, entretanto, impedir novas construções, nem inibir o potencial construtivo comercial do

local. É uma atitude contemporânea estabelecer uma interface entre a memória histórica e as necessidades atuais advindas do crescimento natural das cidades. Edificações como a Casa Dona Cora são, em sua maioria, bens tombados. A chefe do Departamento de Cultura e Patrimônio Cintia Fontes Ferraz explica “que a partir de um decreto municipal, tudo que for feito em relação a este bem, tanto material ou imaterial, precisa ser autorizado pelo poder municipal”. Cintia diz não ver desvantagens em se manter

estes bens, que, além da preservação histórica da cidade, rendem incentivos vindos do governo. Cora Ferreira da Silva Castro, uma das filhas do casal, conta que a casa não está exatamente como era antes e que é muito triste ver as mudanças que o imóvel sofreu. Mas ela também se emociona ao falar de sua infância no local. Segundo ela, muitos amigos frequentavam a residência, entre eles P.H Rolfs e Arthur Bernardes, figuras ilustres e conhecidas da cidade. Cora Castro ainda diz que sua mãe foi amiga de Carlos

Drummond de Andrade durante a faculdade, com o qual, anos depois, dividiu o mesmo amor pela poesia, chegou a publicar um livro intitulado Nostalgia, que, como relata a arquiteta Denise Bittencourt “contou em versos o solar verde onde sempre viveu”.

como se não bastasse a barulheira produzida por elas, um helicóptero vem de brinde. Então traficantes são presos, drogas e armas são apreendidas e a cidade vive, mais uma vez, um período de “paz”. Esse ano Viçosa contabilizou 12 assassinatos, até o presente momento. Não todos, mas a maioria deles, oriunda do conflito entre as quadrilhas. A população, como era de se esperar, fica assustada e boatos começam a surgir. Uma suposta carta de recomendação na qual a Polícia Militar orientava à população que evitasse sair à noite, circulou entre as rodas de conversa da cidade,

até chegar às redes sociais. Ivone Barbosa Sargento da Polícia Militar de Viçosa confirma que essa carta não passa de um boato. Segundo ela, a PM afirma que Viçosa está segura e que não há motivos pra temer sair de casa. Entretanto, para os moradores a situação é vista de outra forma. Walesca Rodrigues, estudante de biologia e viçosense, diz que mesmo sendo boato a recomendação da polícia, ela tem evitado sair à noite. Segundo a estudante, a insegurança e o medo falam mais alto, ultimamente, prefere ficar em casa e quando sai, tenta voltar o mais cedo possível. Assim como Walesca, ou-

tras pessoas têm medo de circular pela cidade no período noturno. O famoso Bar do Leão, ponto de encontro de diversos estudantes e viçosenses, principalmente na

madrugada de quinta pra sexta-feira, tem ficado muito mais vazio do que o habitual. Reflexo do medo e insegurança causados pela onda de assassinatos na cidade.

Quer saber mais sobre a Dona Cora?

Use o QR Code acima ou entre no link http://j.mp/DonaCora e confira tudo na íntegra!

Por Ricardo Almeida

Os moradores mais antigos sabem que não é a primeira vez que Viçosa é assolada por uma onda de violência. Gangues, que durante certos períodos, conseguem coexistir pacificamente, entram em confronto, e a partir daí, vários assassinatos acontecem. Basta um atrito pra reascender a chama do ódio entre elas, que é alimentada pela morte de seus integrantes. Após esses acontecimentos, a rotina é a mesma: Policiais de outras cidades vêm em comboio. Várias viaturas com suas sirenes ligadas chamando a atenção de todos, desfilam pelas ruas, e

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Ricardo Almeida

polícia indiscreta, ruas desertas

No lugar onde antes era quase impossível andar, hoje os carros circulam com facilidade


CIDADE

OUTROLHAR MAIO DE 2015

PREFEITURA ESTUDA REVISÃO DO PLANO DIRETOR Grupo de especialistas se reúne em diversas regiões da cidade para consultar a população sobre propostas para nova versão do plano que define políticas para o desenvolvimento do município

Por Érick Coelho

que delineia como será o crescimento e define as diretrizes que orientarão o desenvolvimento socioeconômico da cidade. O atual plano e primeiro, que entrou em vigor em 2000, é consi-

derado defasado pelo arquiteto e professor da UFV Ítalo Stephan, que lidera a elaboração da revisão: - Desde 2005 já há a necessidade de se atualizar o Plano Diretor - explica.

Calçadas em desnível, degraus, buracos e obstáculos como lixo, postes e bueiros são alguns dos desafios que o pedestre tem que enfrentar em Viçosa hoje

Érick Coelho

Cidades democráticas que permitam a convivência de todos os grupos sociais em harmonia, e totalmente sustentáveis, ainda podem ser consideradas uma utopia - especialmente distante de nós, no nosso país com tantos problemas a serem resolvidos. Um fato que é de se espantar porém, é que Viçosa (MG), cidade que abriga uma universidade com um campus impecável em tantos aspectos – incluindo o urbanístico - sofra na sua área comum de problemas tão básicos a qualquer cidade brasileira. Uma situação grave que desagrada a nativos, a quem veio de fora, de ciclistas a pedestres, passando ainda pelos motoristas. É pensando no longo prazo que a prefeitura e o Instituto de Planejamento do Município (IPLAM), em parceria com a Universidade Federal de Viçosa por meio do Departamento de Arquite-

tura, vem promovendo uma série de reuniões públicas com o objetivo de revisar o atual Plano Diretor da cidade. Plano Diretor é um instrumento de planejamento

As reuniões, que ocorreram por setores da cidade, buscaram ouvir as queixas e sugestões da população de cada bairro. Elas serão analisadas e após isso apresentadas a câmara junto a propostas de correções que serão votadas no plenário. Entretanto, aprovar um novo Plano Diretor não é garantia da resolução de problemas. Colocá-lo em prática exigirá vontade política e verbas por parte do poder executivo. As reuniões públicas já ocorreram, mas o processo de revisão seguirá pelos próximos meses e o esforço em tornar nossa cidade melhor não tem data para acabar. Informações sobre a realização das próximas reuniões podem ser obtidas com a prefeitura. Se esclareça, participe das próximas reuniões, procure saber o que foi discutido sobre o seu bairro. Sua ajuda é essencial.

LEI ALTERA DINÂMICA DO COMÉRCIO DE VIÇOSA Por João Negrelli

Alteração no horário de funcionamento impede supermercados de abrirem aos domingos e feriados

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João Negrelli

Desde o início do ano de 2015, uma alteração na lei municipal proíbe mercados, açougues, mercearias e demais varejistas de funcionar aos domingos e feriados. A salvo disso estão os estabelecimentos que funcionam em regime de economia familiar, ou seja, sem a contratação formal de empregados. Aprovada na câmara dos vereadores no final do ano passado, essa nova conduta do comércio viçosense tem refletido em vários setores da sociedade de maneira diferente. Nos pequenos comércios das periferias, onde o número de familiares trabalhando é maior, os clientes que deixam para fazer suas compras nesses dias continuam bem amparados. José Antônio é o gerente do Sacolão Center, hortifrúti do centro de Viçosa, e afirma que essa mudança no código de postura era uma tendência já esperada para a cidade. Não foi por isso, no entanto, que os donos de comércio a receberam bem. Segundo ele, o sentimento geral é de descontentamento. Apesar de ser relativo,

houve grande mobilização por parte dos representantes dessa categoria para que continuem funcionando aos domingos e feriados, movendo ações e conseguindo liminares. Porém, desde janeiro essas liminares venceram, e aqueles que entraram com a ação foram obrigados a acatar a mudança e dispensar funcionários nos dias estabelecidos. Antes da alteração, alguns empregados não ganhavam nada extra aos domingos, trocando apenas esse dia de trabalho por uma folga semanal. Abilene e Vanúsia, que são caixas do supermercado Escola, comemoram rindo a decisão. Segundo elas, o novo código possibilitou um maior convívio familiar, regulamentando o dia de folga, que agora pode ser aproveitado com descanso e lazer. Para a população nativa em geral, também foi notícia boa. Carmem Lúcia (67) diz ser mais justo para os trabalhadores, além de defender que “mercado não é pra ser feito em dia de domingo”, pois seria um dia reservado para o descanso. A medida é certamente conflitiva, e gera atritos de interesse. Para o universitário, por exemplo, a notícia não é bem vinda. Talvez a camada social mais contrária ao fechamento aos domingos e feriados, o estudante tem um horário diferenciado. Cleiton Gomes cursa Engenharia Civil na UFV, e para ele essa é uma medida sem visão de mercado, pois não defende de maneira concreta melhorias para o trabalhador. Ao mesmo tempo, seria responsável por prejudicar quem emprega e quem compra, que agora fica obrigado a fazer mercado em dia de semana, que seria justamente quando o estudante tem menos tempo.


MEIO AMBIENTE

OUTROLHAR MAIO DE 2015

ATERRO É IMPORTANTE PARA MEIO AMBIENTE reprodução

Por poluirem os solos, lixões não são as formas mais eficazes de tratamento do lixo que descartamos

Infográfico: Everton Marques (Mamãe)

O SAAE possui lagoas que reservam o chorume, líquido composto por elementos tóxicos liberados pelo lixo, e o trata. Também é liberado um gás tóxico, que é capturado por tubos. Estes fazem a drenagem e liberam um ar mais puro.

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Por Ana Prates

A lei nacional de nº12.305, vigente desde 2010, determina o fim dos lixões a céu aberto e solicita a implantação de aterros sanitários. Apesar disso, muitos municípios ainda não os operam. Viçosa não está entre eles, o município cumpre a lei desde 2011. Os lixões a céu aberto são espaços em que se depositam o lixo gerado pelo ser humano de qualquer parte. Estes contaminam facilmente o solo por não possuir nenhuma estrutura de proteção. Se tornam, também, um ambiente de trabalho para muitas pessoas carentes que ficam vulneráveis a adquirirem alguma doença ou a se ferirem. Por esta razão, a lei foi criada. Para evitar que pessoas se machuquem ou adoeçam e para preservação do meio ambiente: - O aterro sanitário é um espaço destinado ao depósito final de resíduos sólidos gerados pelas pessoas. Esses resíduos vêm de residências, indústrias, hospitais, construções e são dispostos em camadas alternadas de lixo e terra que

evitam mau cheiro e a proliferação de animais. Além de evitar que o chorume contamine os lençóis freáticos. São colocadas, também, saídas para que o gás gerado na decomposição seja liberado. - explica Mariana Filder, engenheira civil. O chorume é um líquido gerado pelo lixo e possui componentes tóxicos que prejudicam o meio ambiente. Existem regras que obrigam a impermeabilidade dos aterros, não permitindo que ele contamine o solo. Segundo o jornal Folha de São Paulo, “45% das cidades brasileiras ainda não possuíam aterro sanitário em 2014.” O órgão responsável pela destinação e manutenção do aterro é o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto). Ele faz o dreno do gás que é liberado da reação química do lixo e possui lagoas que armazenam, tratam o chorume e fazem a sua triagem. Mas para que o SAAE trabalhe bem, precisa do auxílio dos viçosenses, que devem separar o orgânico do reciclável, supervisionar a coleta e ficarem atentos com o consumo exagerado, que gera mais lixo.


MEIO AMBIENTE

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PRECISAMOS FALAR SOBRE AGROTÓXICOS A substância essencial para o desenvolvimento em larga escala da agricultura pode ser um risco Por Núbya Fontes

PLANTANDO ORGÂNICOS, COLHENDO SAÚDE Por Ingrid Carraro

Ingrid Carraro

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, segundo o site do Ministério do Meio Ambiente. Essas substâncias são consideradas extremamente relevantes no modelo de desenvolvimento da agricultura no país. É difícil acreditar que antes da década de 50, com a chamada Revolução Verde, nós nem usávamos essa palavra. Os agrotóxicos, também conhecidos como defensivos agrícolas, pesticidas, praguicidas, desinfestantes, biocidas ou agroquímicos, são produtos utilizados na agricultura para controlar insetos, doenças, ou plantas daninhas que causam danos às plantações. Ou seja, esse produto possui grande importância no quesito rendimento e aproveitamento da produção agrícola brasileira, possibilitando a produção de alimentos em grande escala a um custo mais baixo: - Nosso país é um dos maiores exportadores agroindustriais. Se não fosse pelo uso de agroquímicos para controlar pragas ou doenças, seriam inviáveis as plantações, afetando assim o suprimento de alimento das grandes populações urbanas. Mas é importante lembrar que o uso dessas substâncias deve ocorrer somente sob a supervisão de um agrônomo - afirma o estudante de agronomia Arthur Fontes. Então, onde estão os danos? O pecado está no excesso. A média em litros de veneno utilizado por ano está na casa do bilhão. O uso intenso de agroquímicos leva à degradação de longa duração dos recursos naturais (como o solo, água, flora e fauna), irreversível em alguns casos, levando a desequilíbrios biológicos e ecológicos. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a utilização de agrotóxicos é a 2ª maior causa de contaminação dos rios no Brasil, perdendo apenas para o esgoto doméstico.

Frutas fresquinhas, verduras e legumes sem agrotóxicos e que passaram longe dos conservantes realmente são muito melhores para a saúde e para o meio ambiente. Porém, muitas vezes não sabemos onde encontrá-las e acabamos continuando a comprar em lugares tradicionais. Acabou essa desculpa! Aqui em Viçosa há lugares muito agradáveis e bem localizados que oferecem esses produtos. Um deles é a sede do projeto Raízes da Mata . O outro é a feira de Viçosa, que ocorre há 30 anos e hoje é realizada na Rua Gomes Barbosa, ao lado do Colégio Viçosa nas manhãs de sábado. O agricultor Raimundo Lopes, o Dico, trabalha lá vendendo produtos sem agrotóxicos há tantos anos que já até perdeu a conta. Ele explica que planta mais para a subsistência da família, mas vende o excedente e consegue um bom dinheirinho com isso: - Planto com carinho e vendo com carinho também. Por ser um tipo de produto específico, sem agrotóxico, tenho uns clientes fixos. Alguns já foram até lá na minha horta conhecer como eu faço tudo – conta Dico sorrindo. Seu cliente, o aposentado Marcos Lima, que procura consumir apenas alimentos orgânicos no dia a dia, confirma a qualidade dos produtos encontrados na feira. Além disso, destaca que “não há grande diferença de preço entre os produtos com agrotóxicos e os sem. É mito pensar que os naturais são mais caros, pelo contrário, às vezes na feira o preço é mais baixo que nos grandes supermercados.”. Mais que um lugar para a venda de produtos, a feira é um espaço característico de Viçosa e, por isso, tem grande valor cultural para a cidade. Além de frutas, verduras e legumes, podemos encontrar por lá diversos doces, roupas, bijuterias, lembrancinhas e, para finalizar, o típico pastel com caldo de cana.

É dia de feira quarta-feira, sexta-feira não importa a feira. É dia de feira quem quiser pode chegar.

2015 É O ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS Eles nos sustentam, nos fornecem água, alimentos e materiais de construção. Filtram e armazenam a água e o ar e guardam vestígios da nossa história. Por isso e muito mais, os solos exercem um importante papel em nossas vidas. Mas, como muitas vezes são esquecidos, a Organização das Nações Unidas instituiu 2015 como o Ano Internacional do Solo, para destacar a importância desse recurso. - Os solos são essenciais para a vida porque garantem a biodiversidade, que é responsável pela decomposição de materiais. Tem mais vida abaixo da superfície do que acima, mas a maior parte dela é microscópica - explica Cris-

tine Muggler, professora do Departamento de Solos e curadora do museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef. Apesar de sua importância, a saúde do solos enfrenta constantes e crescentes desafios. De acordo com a

Logomarca da companha

Por Camila Santos

Organização para Alimentação e Agricultura (FAO), 33% das terras do planeta são degradadas por razões físicas, químicas ou biológicas. Por não ser um recurso renovável, a deterioração tem um impacto negativo em muitas de suas funções,

como a produção de alimentos e a manutenção de serviços ecossistêmicos. Essa degradação está diretamente associada com a fome, já que 40% das terras mais degradas do mundo estão em zonas com altos índices de pobreza. Por

isso, o cuidado e a preservação dos solos são fundamentais para a erradicação da fome no mundo. Com a implantação do ano internacional do solo, a ONU trabalhará com os governos, organizações, setor privado e toda a sociedade para divulgar e reconhecer as importantes contribuições dos solos para toda a sociedade. O Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef, da Universidade Federal de Viçosa, também terá uma programação especial para tratar desse tema. Durante a campanha O Solo é vivo! Investigando a vida nos solos, que tem como foco os colégios públicos de Viçosa, serão distribuídos, gratuitamente, kits e cartilhas com orientações que estimularão o estudo e observação dos solos

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CULTURA

OUTROLHAR MAIO DE 2015

‘PROCISSÃO DO ENCONTRO’ MOVIMENTA RELIGIOSOS Ronan dos Santos

Festividade da terça-feira santa reúne pessoas de todas as idades e diferentes religiões

Público enche a Travessa Tancredo Neves para acompanhar o sermão do encontro que encerra a procissão Por Ronan dos Santos

No calendário religioso cristão há várias datas importantes, como o Natal, Corpus Christi e a Semana Santa. Essa última marca o final do período chamado de quaresma, onde Jesus foi crucificado e posteriormente ressuscitou. Em viçosa, na terça-feira da Semana Santa, acontece a procissão do encontro, movimento religioso que reúne vários fiéis do Cristianismo, principalmente os católi-

cos. Esse evento tem como abertura duas missas. Uma acontece na Igreja de Nossa Senhora de Fátima (situada no bairro de Fátima) e a outra na Igreja de São João Batista (localizada no bairro Nova Era), posteriormente acontece a procissão que tem como símbolo o encontro entre a imagem de Nossa Senhora e seu filho Jesus Cristo. A primeira parte da Igreja de Fátima e a segunda da Igreja de São João Batista, ambas encontram-se na Travessa Tancredo Neves,

onde acontece o sermão do encontro. A Procissão do Encontro, ao longo dos anos, aparenta diminuir o número de participantes. Isso é creditado um pouco à violência, mas o principal motivo segundo a pedagoga, catequista e coordenador da catequese do Santuário da Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia, Madalena Jacovine, é a pouca importância que as famílias dão ao movimento religioso. Mesmo que, segundo Madalena. Os

jovens estejam procurando mais a Igreja. Já os ‘’Irmãos do Santíssimo’’(Pessoas que carregam os estandartes da procissão) Antônio Estevão, Sebastião Daniel e José do Rosário, afirmam que houve aumento no acompanhamento da procissão, porém nas missas que antecedem a mesma, houve decréscimo, muito por causa da criação de novas paróquias. Padre Paulo Dione Quintão é paróco da Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia

e participa da Procissão do Encontro desde 2004 de forma ininterrupta. Padre Paulo retifica as opiniões dos ‘‘Irmãos do Santíssimo’’ que a participação no evento aumentou, isso se deve a outras Procissões que acontecem em paralelo no bairro de Nova Viçosa e no distrito de São José do Triunfo. O Paróco afirma que a situação tende a melhorar, pois vê cada vez maior a participação dos jovens na Igreja.

tem procurado expandir cada vez mais os produtos de seus associados, um exemplo disso é a recente inauguração de um ateliê na cidade que dá mais uma opção de compra de produtos artesanais regionais. A Ativarte expõe produtos como vasos de flores, abajures, esculturas e móbiles feitos a partir do aproveitamento de lixo, fibras de árvores e sementes, além de usar terra para a produção de tinta, o que é benéfico se tratando de meio ambiente.

Além do ateliê, a cidade ainda conta com a tradicional Feira Artesanal, que acontece nas manhãs de sábado na Praça Silviano Brandão. A estudante Lívia Leal (18) destaca da feira os assessórios feitos para meninas, como os chinelos coloridos e confeccionados, e explica “Dão um destaque diferente para os pés”. Ela exalta, ainda, o preço acessível, pois segundo a estudante, sai mais em conta que produtos de grandes lojas. Cléia Firmino, uma das

integrantes da associação e vendedora na feira, evidencia que o artesanato é uma importante atividade da cidade porque pode contar com pessoas de todas as idades, apesar da maioria adulta. Além disso é um serviço prazeroso que ajuda famílias do município e privilegia muitos clientes com produtos de ótima qualidade. A Ativarte foi criada em 2012 e tem atualmente cerca de 20 artesãos. Com o intuito de incentivar a produção e

aumentar essa prática artesanal, a associação oferece, ainda, cursos em Viçosa para quem tiver interesse nesse tipo de atividade. Nele desenvolve técnicas que ensinam, por exemplo, a produção de puff com garrafa pet, que além de ser muito prática e útil, ajuda no reaproveitamento do lixo. Exposições e visitas técnicas também são outras iniciativas feitas com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável e a comercialização justa e solidária.

ARTE E CULTURA AO ALCANCE DAS MÃOS

Jorge Oliveira

Por Jorge Oliveira

Toda cidade tem sua história, o que muda são apenas os personagens. Em Viçosa não é diferente, e uma das atividades que vem ganhando mais espaço no município é o artesanato. Seja como forma de terapia, hobby ou trabalho o artesanato além de proporcionar produtos atrativos, só traz benefícios para quem produz e também para própria natureza. A Associação dos Artesãos de Viçosa (Ativarte)

Chamada de cidade universitária Viçosa abre espaço para o artesanato regional com variados produtos, gostos e tudo com um bom preço

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CULTURA

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‘RODA DA LUA CHEIA’ É ATRAÇÃO NA UFV Uma mistura de cultura e lazer na dança circular que acontece no gramado universitário

Weliton Pereira

Por Weliton Pereira

Ao longo dos anos, várias atividades fora do âmbito acadêmico são oferecidas dentro da universidade Federal de Viçosa (UFV). E uma delas é roda da lua cheia. Essa dança circular tem a intenção de promover a integração e alegria interna nas pessoas. Várias músicas de diversos ramos culturais, como dança escocesa e sertanejo de raiz,

são praticadas por dezenas de crianças, jovens, adultos e idosos nas noites de lua cheia. Os encontros são oferecidos gratuitamente ao público e acontecem uma vez por mês na praça de Vivência (Gramado do Restaurante Universitário - RU) no campus da universidade. Rubens Calegari é focalizador de danças circulares.

Ele é quem media a roda. Rubens explica que a manifestação faz parte do movimento de danças circulares e folclóricas que surgiu na década de 70, com o coreografo e bailarino alemão Bernard Wosien. Segundo Rubens, Bernard fez uma pesquisa com os seus alunos em alguns países da Europa e percebeu que as pessoas que dançavam em

grupo nas suas comunidades eram muito felizes, elas dançavam nos nascimentos, colheitas, aniversários, casamentos, plantio e demais acontecimentos da localidade. O focalizador expressa da sua realização pessoal e profissional ao fazer esse tipo de trabalho na cidade de Viçosa: -A gente tem que servir, grandes mestres que passa-

A dança ajuda a interação entre as pessoas que as vezes não têm tempo para descontrair devido ao dia corrido

ram aqui na terra já diziam isso ‘ Ame a todos e sirva a todos’. Laura Pronsato é professora e coordenadora do curso de dança da UFV. Ela acredita que essa é uma ótima iniciativa, ainda mais por ser gratuita. A professora afirma que o departamento de artes e humanidades também oferece vários cursos de extensão que se relacionam com as danças circulares e, respectivamente, com dança brasileira, alvo de estudo do curso. A estudante Débora Rodrigues participa sempre da dança. Ela revela sua satisfação de estar ali: _É mágico, é um momento em que as pessoas estão prontas para receber e doar energias positivas. ‘’A correria do dia a dia não deixa você se aproximar das pessoas e aqui isso acontece naturalmente, de uma maneira muito pura”.

ACAMPAR É UMA BOA PEDIDA NOS FERIADOS O ano de 2015 está perfeito para quem curte um feriado. Pode conferir aí no calendário: são sete datas, de maio até dezembro, para poder relaxar. E o melhor: só um desses feriados vai cair num domingo. Para quem está a fim de aproveitar um feriadão prolongado – como corpus Christi , no dia 04 de junho, que cai numa quinta-feira – uma ótima opção pode ser acampar. Pertinho de Viçosa (60 km de distância para ser mais exato), na Serra do Brigadeiro, o que não falta são belas paisagens, trilhas, cachoeiras, e o sossego que só o contato com a natureza pode oferecer. Para quem já fez o roteiro, como o estudante Fabrício Souza, 22, cada folga no calendário é uma oportunidade de voltar lá. O jovem quase sempre está na companhia dos amigos quando está acampando, e garante: alguns dias junto à natureza, sem nenhuma tecnologia por perto, não fazem mal a ninguém: -Nós vivemos numa época em que todo mundo depende de tecnologia. Mas ir para o meio do mato na companhia de alguns amigos, e esquecer de tudo, ao menos por alguns dias, é essencial.

Vinícius Sant’Anna

Por Vinícius Sant’Anna

Em meio a belas paisagens a Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, é uma alternativa boa e barata para uma reunião de amigos Acampar, para ele, é a oportunidade perfeita para juntar a companhia divertida dos amigos, com a oportunidade de estar em contato com belas paisagens naturais, e também um momento de descanso para fu-

gir do stress do dia a dia: -Sempre que eu volto de uma trilha, ou de um mergulho na cachoeira eu sinto como se minhas energias estivessem recarregadas. Para mim, o contato com a natureza, na companhia de bons

amigos, sempre foi algo prazeroso. Se você se interessou pelo passeio, mas a ideia de dormir em uma barraca não te agrada, há opções de pousadas que oferecem chalés com camas, televisão, frigo-

bar e banheiro com chuveiro. No site do Circuito Turístico Serras de Minas (www.serrasdeminas.org.br) há várias opções de roteiro e hospedagem, além de guias com os principais pontos turísticos da região.

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VIDA E SAÚDE

OUTROLHAR MAIO DE 2015

PREVINA-SE! MÚSICA ALTA É PREJUDICIAL À SAÚDE Perda auditiva tardia faz com que cuidados com o volume sejam ignorados na adolescência Conforme divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em fevereiro deste ano, mais de 43 milhões de jovens entre 12 e 35 anos possuem deficiências auditivas causadas por exposição a barulho excessivo. Principalmente aqueles que usam fones de ouvido, prática corriqueira entre os jovens. Neste momento, uma pergunta deve surgir: como saber qual o volume adequado? Para o Dr. Eduardo José Ferreira Lopes, otorrinolaringologista na Clínica Otorrino Viçosa, “ao colocar fones de ouvido, você os está usando para escutar algo do seu interesse, mas lembre-se: a pessoa ao lado não precisa saber o que você está ouvindo. Esse parâmetro costuma funcionar. Se alguém ao seu lado ouve o que está no seu fone, saiba que o som está muito alto e que isso não é saudável”. Para evitar maiores danos, a OMS sugere que sejam tomadas medidas preventivas, como limitar o tempo de exposição ao barulho, estar atento a sinais de perda au-

ditiva, como zumbidos, e baixar o volume dos dispositivos, deixando-os a um máximo de 60% de sua capacidade. Dr. Eduardo Ferrera ressalta que se deve evitar contato repetitivo com ruído: - Quando você estiver animado, ponha música mais alta. Mas no outro dia pegue mais leve e deixe o som baixo – explica. O padrão de ruído que começa a ser lesivo é a partir de 85 decibéis (dB). Nesse ponto já se sente o incômodo. O limiar de desconforto deve ser visto com cuidado: se estiver incomodando um pouquinho, abaixe o som antes que cause perdas auditivas, conforme informa o Dr. Eduardo Ferreira. Essa perda de audição é proporcional à intensidade do som e ao tempo de exposição. À medida que sobe a intensidade, diminui o tempo que se pode ficar exposto. Um paciente poderia escutar um som de até 85 dB por 8 horas (veja tabela). Acima disso começa a prejudicá-lo, e, uma vez que se tem a lesão, ela é IRREVERSÍVEL, afirma o Dr. Flávio Cassemiro, da Otoclínica Cassemiro.

reprodução

Por Matheus Filipe

Indicativo de tempo máximo de exposição de acordo com níveis de ruído

OBESIDADE INFANTIL PREOCUPA ESPECIALISTAS Por Júlia Moreira

Desde 1998 a Obesidade Infantil e a adulta já são consideradas pela Organização Mundial da Saúde um problema de saúde pública. As consequências do aparecimento dessa doença logo cedo podem trazer distúrbios mais sérios como depressão, hipertensão, diabetes, trombose e outros. Os especialistas alertam que várias podem ser as causas que influenciam o aparecimento dessa doença em crianças. As mais comuns, porém, são a falta de exercícios físicos e de alimentação equilibrada. O IBGE divulgou que quase metade das crianças brasileiras de 5 a 9 anos (47,6%) tem obesidade ou sobrepeso. Para que essa doença seja evitada, basta que algumas medidas simples sejam tomadas pelos pais e familiares. Medidas como estimular a prática de esportes, diminuir o tempo na televisão, vídeo game e compu-

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tador, oferecer alimentos saudáveis para a criança e servir de exemplo para ela. Ainda segundo especialistas, a obesidade infantil, se não for bem tratada, tende a se estender para a idade adulta em 40 a 70% dos casos. O que não aconteceu com M.G., que já está em sua fase adulta: - Durante a infância minha mãe me levou em um especialista que passou um regime. Quando cheguei à minha adolescência meu peso foi diminuindo. Talvez estivesse ligado ao meu metabolismo – disse. Para que isso seja evitado, deve-se procurar o quanto antes um acompanhamento médico, pois a obesidade infantil pode levar a um comprometimento maior não somente à saúde física do menor. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, apontou que crianças obesas tem 60% mais chances de sofrer bullying. Nesses casos, ele pode

Júlia Moreira

Uma em cada três crianças sofre dessa doença, que deve ser tratada como problema de Saúde Pública

Números da Última Pesquisa Realizada Pelo Ministério da Saúde acarretar isolamento social, depressão e dificuldade de enfrentar brincadeiras com seu peso corporal. M.G conta que sofreu bullying, mas não ligava para as zoações: - Naquele tempo as pes-

soas levavam mais na esportiva. Se eu fosse levar a sério tudo o que me falavam poderia ter tido um problema de saúde maior – finalizou. Em muitos casos a obesidade, quando diagnosticada

logo no início, pode ser reversível. A procura por ajuda de um especialista se faz necessária tão logo a doença se manifeste. Vida saudável e equilibrada é necessária desde cedo.


OUTROLHAR MAIO DE 2015

PULA SAI DO CHÃO

DIFERENÇA EM QUADRA

Parkour vem conquistando as ruas de Viçosa Por Shayene Martins

Correr, saltar, escalar. Esses movimentos, que são utilizados desde o início da humanidade, viraram arte nos anos 80 em Lisses, na França, onde um grupo de crianças brincando resolveu levar a sério o “estilo militar” de cruzar obstáculos, dando origem ao Le Parkour. Desde então, o esporte vem sendo propagado e praticado em diversos lugares do mundo e Viçosa não ficou fora dessa. O Parkour, que além de esporte é considerado um método de treinamento físico e mental, começou a ser praticado na cidade em 2007 com o grupo Parkour Viçosa. Danilo Brustolini, que faz parte do grupo há 7 anos, se empolga ao contar: - Conheci o esporte numa aula no ensino médio, me interessei muito pela prática e o Parkour foi uma das principais coisas que me incentivaram a cursar Educação Física. Atualmente, o grupo Parkour Viçosa, além dos treinos, também oferece aulas para interessados acima de 10 anos de idade. Danilo, que hoje é um dos instrutores, também teve a oportunidade de fazer um curso específico na Academia de Londres Parkour Generation, o que o deixou mais apto para direcionar essas aulas. Elas acontecem na UFV, às 19h, segundas e quartas, entre o espaço dos prédios no Centro de Vivência e o Bernardão. A aluna Thaís Cabral, de 16 anos, vem toda semana de Paula Cândido, distrito próximo a Viçosa, participar das aulas e mostrar que esporte radical também é lugar para mulher: - Estou gostando muito, além de me sentir mais ágil e forte no dia a dia estou mais saudável – conta ela. O grupo não cobra pelos treinos, tendo apenas o intuito de passar a prática do Parkour de forma saudável e correta. Então, se você se interessa ou gostaria de saber mais sobre esse esporte, não perca a oportunidade de dar uma passadinha por lá.

EXERCITE-SE EM CASA Mariana Diniz

Por Mariana Diniz

A onda fitness está cada vez mais forte. Afinal, que exercícios fazem bem para a saúde todo mundo já sabe. Apenas 15 minutos de exercícios diários são capazes de melhorar a disposição e o condicionamento físico. Algumas pessoas relutam em iniciar e manter um treino, com desculpas variadas girando em torno da falta de paciência para academias tradicionais. Uma solução para esse público é fazer seus exercícios em espaços abertos ou em casa. Segundo Ana Luiza Margon, personal trainer, nesse caso podemos aderir às atividades livres ou funcionais: subir e descer escadas, correr, fazer abdominais, agachamentos e flexões em casa. A profissional afirma que: - Esse tipo de atividade é uma tendência hoje em dia, nelas não são utilizados pesos e por isso não apresentam um grau de dificuldade, usando somente o peso do corpo. É ideal para manter o corpo em movimento. É possível usar alguns acessórios que aumentem o grau de intensidade dos exercícios. Podemos achar facilmente em lojas esportivas materiais para ginastica, como elásticos e bolas plásticas. Caso não queira comprar, alguns materiais que temos em casa podem muito bem ser usados no lugar dos tradicionais, como: cabo de vassoura, garrafas d’agua, pneus velhos de carro e, até mesmo, pacotes de açúcar e arroz. Ana Luiza reforça que para o treino ter resultado é necessário ter muita disciplina e persistência. Não adianta esperar que o sucesso seja imediato. Reforça ainda que para atividades que envolvam um grau maior de dificuldade, como as que utilizam uma maior carga de peso, é necessária orientação de um profissional.

Educador físico inova em suas aulas Por Mariana Balducci

As aulas de Educação Física estão sendo chatas? Não para os alunos da Escola Municipal Raul de Leoni. Lá o professor Carlos Antônio dos Santos, mais conhecido como professor Carlão, ministra as aulas de Educação Física de um jeito bem diferente do que conhecemos. Peteca, ginástica rítmica, tênis de mesa e badminton são alguns dos exemplos de atividades diferenciadas que o professor aplica aos seus alunos. As atividades físicas são importantes para o desenvolvimento do jovem porque o ensina a trabalhar em equipe e desenvolver uma lógica de grupo. O espaço da Educação Física é fundamental para a formação estudantil, pois trabalha esses valores com o aluno. O problema dos dias de hoje é que as aulas ficaram monótonas com a divisão usual entre futebol para os meninos e vôlei para as meninas. Existem inúmeras maneiras de aproveitar a aula de uma forma diferente, mas sem deixar de se exercitar. O professor Carlos é um exemplo de como podemos colocar esta ideia em prática. Usando a criatividade e um pouco de improviso ele transformou a quadra de esportes em um ambiente completamente inusitado. Na a antiga árvore do pátio o professor fez uma gangorra de corda com um pneu velho, comprou materiais para usar na ginástica rítmica e já gastou o equivalente a cinco salários mínimos em raquetes de tênis

Mariana Balducci

ESPORTE

para oferecer novas modalidades aos alunos. Tudo sem o auxílio do município, ou seja, tudo com o dinheiro do próprio bolso. Segundo Carlos, o importante de suas aulas é resgatar o interesse de seus alunos pelos esportes, mostrando que é possível sair do básico feijão com arroz. Os desafios da inclusão social estão presentes em sua rotina de trabalho, pois os alunos com necessidades especiais são atendidos da mesma forma nas suas aulas de Educação Física. João Paulo Sabino Ferreira tem 11 anos e está cursando o sexto ano no Colégio Nossa Senhora do Carmo. O esporte que ele mais gosta de praticar nas aulas de Educação Física é o vôlei, mas confessa que se praticassem outros esportes, iria demonstrar mais interesse pelas aulas. João Paulo diz que praticar esportes na escola faz com que aprenda de maneira correta as modalidades esportivas que já conhece, por isso é tão apaixonado pelo horário de Educação Física. Carlão é um exemplo inspirador pois, mesmo sem incentivo, continua acreditando na educação pública e no poder transformador da educação. Muitos professores brasileiros vivem em situações precárias e mantém sua luta dando o melhor que podem para seus alunos. Esses são exemplos concebidos no anonimato do dia a dia, mas que, com certeza, são geradores de muita esperança.

Tênis de mesa é um dos esportes dados pelo prof. Carlão

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ESPORTE

OUTROLHAR MAIO DE 2015

SUBINDO OS MUROS DE MINAS GERAIS Escalada ganha novos adeptos e exige garra e determinação Minas Gerais é um estado muito conhecido por suas belas paisagens, cachoeiras, montanhas e rochas. E não é à toa que em uma cidade mineira como Viçosa esportes radicais ligados à natureza, sejam praticados. É o caso da escalada. Escalar, segundo o dicionário Michaelis, consiste em “entrar por cima de muros ou janelas em espaço vedado”. O esporte, então, é a arte de subir tanto em muros artificiais como naturais. É pura aventura para quem o pratica. Em Viçosa, a escalada ganhou maior visibilidade a partir do analista de técnica informática da empresa Plamhuv, Bruno Monteiro. Há quinze anos, ele conheceu e passou a praticá-la com o irmão em um muro da academia Núcleo, na cidade. Mas, com a desistência de algumas pessoas, a academia abandonou o

exercício e, então, um muro foi instalado na casa de Bruno. Desde esse acontecimento, o analista oferece o espaço residencial para qualquer interessado. - Quando fizemos o muro não era com intuito comercial; era pra não perder a

Taiane Souza

Por Taiane Souza

galera da escalada, que é a turma que a gente sempre teve – diz Bruno. O grupo foi crescendo com a frequente participação tanto de viçosenses e estudantes como de estrangeiros mestrandos da UFV. A colombiana Karen Sala-

zar conta que já conhecia o esporte antes de vir para o Brasil. Depois de quatro meses estudando em Viçosa, estabeleceu contato com Bruno e chamou vários amigos para escalar no muro. Ela já está envolvida há quatro anos.

Mesmo dentro do apartamento, o esporte continua sendo uma aventura para Bruno

O esporte possui duas categorias: a escalada indoor, feita na rocha, e a bolder, que consiste em pequenas rotas criadas numa rocha, feitas geralmente sem proteção de corda e com segurança só na mão e colchões em baixo. Bruno reforça que não é um esporte perigoso quando praticado com os equipamentos corretos e, principalmente, acompanhado. Mas como o treino exige muita coragem e audácia, os escaladores de Viçosa não ficam presos a um só muro. Eles saem quase todos os finais de semana para cidades próximas, como Muriaé e Guiricema, e depois de muito preparo, participam também de competições nacionais. Ao som de muito rock n’ roll, as reuniões acontecem todas as noites de segunda à quinta feira. Para participar, basta entrar no grupo do Facebook “Escalada Viçosa” e aparecer por lá.

TORCIDA É UM DOS PRINCIPAIS INFLUENTES NO ESPORTE Por Laira Carnelós

Laira Carnelós

Quem nunca se pegou torcendo pela vitória, seja dos amigos em uma pelada no bairro, do filho num campeonato de natação, ou mesmo ao ligar a TV e notar algum time brasileiro enfrentando um internacional, em qualquer modalidade que seja? O esporte está cercado por

uma mística e esse instinto de defesa e apoio já vem no sangue dos brasileiros. Praticamente todos nós, com algumas exceções, temos um time e torcemos. No futebol isso fica bastante visível, graças a esse status de esporte nacional. Apaixonada por esportes, Letícia Miranda (19), estudante de Engenharia

de Alimentos, é fundadora da equipe de torcida da Associação Atlética Acadêmica das Engenharias da UFV (AAAE-UFV): - Eu fui ao campeonato Engenharíadas ano passado e me identifiquei. Ser Cheerleader, daquelas americanas, sempre foi um sonho! Logo, trouxe essa ideia para a AAAE-UFV - conta a estudante.

Ponderadas as diferenças entre as duas realidades (EUA e Brasil), não deixa de ser inspirador. Letícia acredita muito no incentivo que a torcida representa para o atleta, especificando sua função: - Eu faço com que o time flua, correndo atrás de tudo que precisamos, como visibilidade, crescimento, pessoas qualificadas, ginástica, eventos e afins. Mas nada disso seria possível se não fosse pela ajuda do time. Somos muito unidos! – explicou a líder de torcida. O diretor de esportes da AAAE-UFV, Íkaro Tosatti (23), estudante de Engenharia Agrícola e Ambiental, afirma como a relação com as “Cheers” é ótima e destaca a importância da presença da torcida. - A torcida com certeza é um combustível, um estimulante. Jogar com a torcida a favor é muito melhor, sentir que a vitória em quadra não é importante somente pra quem joga - diz Íkaro. Um fator muito importante é saber lidar com essa torcida, principalmente em relação aos adversários. Íkaro comenta que cada atleta reage de uma maneira: - Quando o time em campo não corresponde e a torcida cobra, pode ser complicado. Cabe ao jogador saber absorver as críticas. Sem falar que existem tipos de atletas que até preferem jogar com torcida contra, se sentem mais motivados dessa forma – comenta o diretor. Para ele, o atleta deve ter a consciência de que na torcida estão pessoas que querem ganhar tanto quanto ele e ainda assim não se abater, eles devem estar preparados para este tipo de situação.

Composto por 21 pessoas, os treinos das Cheerleaders são baseadas em 2 fatores: ginástica artística e coreografia

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