OutrOlhar 43 - Novembro 2015

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JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO ● ANO 12 - EDIÇÃO Nº 43 ● OUTUBRO DE 2015

Em tempos de crise Como sobrevier em meio a tantos aumentos e cortes orçamentários?


Leonardo Pereira

OUTROLHAR NOVEMBRO DE 2015

Ao leitor

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Boa leitura!

Kelly Scoralick Editora

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Crise que chega aos poucos

EDITORA Profª. Kelly Scoralick EDITORA DE FOTOGRAFIA Profº. Laene Mucci DIAGRAMAÇÃO André Luiz Carvalho, Carla Teixeira, Lucas Alves, Malena Stariolo DIAGRAMAÇÃO FINAL Diogo Rodrigues

REVISÃO Kelly Scoralick, Aline Soares, Ana Eduarda Ferreira, Isac Godinho, Mariana Barbosa, Marina Gontijo, Tábatha Valentim

Os textos assinados não refletem necessariamente a opinião da instituição ou do Curso, sendo da responsabilidade de seus autores e fontes. Cópias são autorizadas, desde que o conteúdo não seja modificado e que sejam citados o veículo e o(s) autor(es).

APOIO Centro de Ciências Humanas Letras e Artes REITORA Profª. Nilda de Fátima Ferreira DIRETORA DO CCH Profª. Maria das Graças Floresta CHEFE DO DCM Prof. Ricardo Duarte COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Prof. Henrique Mazetti (suplente) ENDEREÇO Prédio Prof. Fábio Ribeiro Gomes, 2º andar Campus Universitário, CEP 36570-900 Viçosa - MG. Tel.: 3899-4502 www.com.ufv.br || outrolharufvmg@gmail.com

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O jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV - MG) é produzido para os estudantes do Ensino Médio das escolas públicas do município e adjacências. Atualmente o jornal encontra-se sob a responsabilidade da turma de 2014, na disciplina COM 252 - Jornal- Laboratório I.

como o Rio de Janeiro e São Paulo também. Falta dinheiro no bolso, mas a Rua 25 de março na capital paulista, por exemplo, continua abarrotada de gente querendo comprar alguma mercadoria para revender e aumentar os lucros. O que falta também é espaço nos bares da Lapa, no Rio, do mesmo jeito que falta na Avenida Santa Rita, em Viçosa, nos fins de semana. E é assim que dá pra entender que a crise não está passando despercebida exclusivamente por aqui, por se tratar de uma cidade universitária. O curioso é que reclamar da falta de dinheiro já faz parte do repertório de todo mundo, e mesmo assim ninguém para de gastar. Por isso, há quem diga que tudo continua caminhando da mesma forma porque essa é a única saída para se esquecer esse problema, que, com certeza, não é só exclusividade minha ou sua.

ÇÃ OS OC I

O Brasil vive uma crise econômica e o assunto tem sido o foco do brasileiro desde os noticiários até a conversa com o vizinho. Os olhos do país então todos voltados para o posicionamento do Governo (que está sendo duramente criticado, diga-se de passagem) e também para os preços no supermercado, lojas, bares e até assinatura de aplicativos de celular. Ao contrário desse cenário, muitas cidades do país, e Viçosa se inclui nelas, parecem estar escapando ilesas da crise. Os vendedores e empresários podem até dizer que não, em alguns momentos. Os dados podem apontar uma dura realidade. Mas o que explica os bares sempre cheios, as festas com ingressos esgotados e até mesmo os grupos de bazar com alguém sem-

pre procurando alguma coisa supérflua para comprar? O fato é que, para nós estudantes, a crise chega mais devagar. Claro, existem exceções. A gente sente no bolso quando vai para tomar uma cerveja e com aquele mesmo dinheiro que se tomava duas, mal dá para tomar uma. Ou nem sente. Vai ao mercado fazer as compras da semana, pensando em um tanto de prova e trabalho que tem pela frente, passa o cartão e nem vê que dessa vez ficou bem mais caro do que das outras. Além disso, o que mais faz diferença é quando o fim do mês chega antes do esperado e a mesada dá só para pagar as contas da casa, que estão cada vez mais altas. O que dificulta um pouco mais essa percepção da situação é que estamos em um lugar onde a oferta de consumo e entretenimento é muito grande. Não só aqui, mas em cidades

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Tábatha Valentim

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ão tantas as notícias sobre a crise econômica que afeta o Brasil. Com tanta informação, as dúvidas também não deixem de surgir. Assim, esse foi o tema escolhido para mais uma edição do jornal-laboratório, elaborado pelos alunos do 4º período do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em uma atividade conjunta das disciplinas Jornal-Laboratório, Fotojornalismo e Radiojornalismo. Buscamos trazer, de forma simples e objetiva, quais são as causas desse período de instabilidade econômica – e também política, reflexo do período de insegurança. A realidade do cenário nacional já é presente em Viçosa? Nossos repórteres foram às ruas para saber como anda o comércio da cidade em meio a tantos aumentos – de produtos, serviços e impostos. E o trabalhador, já sente o reflexo de demissões e de desemprego? Como sobreviver diante dos cortes na educação e manter os estudos e pesquisas em dia? Mas será que o setor cultural está abalado diante desse período de crise? Essas e outras discussões estão nas próximas páginas. Localizamos um “Retrato Social de Viçosa”, com dados sobre a população economicamente ativa da cidade. Conversamos com estudantes de pós-graduação e de cursinho para concursos públicos para entender as angústias que vivem em meio às mudanças do cenário que enfrentamos. Desempregados e trabalhadores que aderiram ao comércio alternativo relatam o que fazem para tentar driblar a crise, assim como micro e pequenos empresários que lutam para manter a porta do comércio aberta. Os trabalhadores ligados à área de entretenimento, lazer e cultura explicam quais as ações adotadas para encarar uma possível baixa na procura para este setor, atrelado ao consumo e que, por sua vez, está comprometido diante dos aumentos. Buscamos apresentar quais são os principais problemas enfrentados pelos brasileiros nesse cenário, mas também trazemos boas alternativas para enfrentar os altos e baixos da economia.

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Crise econômica traz instabilidade política Larissa Martins

Entenda quais as causas e os impactos provocados por esse momento crítico no Brasil e também em Viçosa Alice Martins Larissa Martins Weslei Ferreira

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Internet, a televisão e o rádio divulgam o tempo todo: o Brasil está passando por dificuldades econômicas. Para compreender o motivo disso é preciso entender antes o significado de crise. No dicionário encontramos diversos significados, entre eles, momento crítico ou decisivo, situação aflitiva e conjuntura perigosa, situação anormal e grave que vivemos hoje. Houve o aumento da inflação e os impostos também estão crescendo, causando desconforto à população, que paga mais caro em produtos e serviços e espera governo uma ação efetiva para resolver essa situação. Assim, a crise no campo econômico fez com que empresas deixassem de investir no Brasil, gerando insegurança para a população e revelando uma instabilidade política. Consequentemente, o índice de rejeição do Governo Dilma, segundo a pesquisa do grupo Datafolha, dos dias 4 e 5 de agosto, era de 71%. Entenda a crise Uma das causas para a atual crise econômica brasileira é o desequilíbrio das contas públicas. O governo gasta mais dinheiro do que arrecada em impostos. Com isso, a dívida do país aumentou, e, consequentemente, diminuiu o ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o crescimento do PIB foi de 0,1% em 2014, o pior índice registrado desde 2009 quando houve queda de 0,2% no auge da crise que também era acontecia nessa época. Há ainda a falta de uma política eficiente para o combate da inflação. O aumento da inflação foi influenciado pela elevação dos preços dos combustíveis, luz, água e transportes públicos que foram diminuídos em época de eleições e depois tiveram a sua alta autorizada. No caso específico da energia, houve a implantação das bandeiras tarifárias por conta da falta

Alta dos impostos, dos preços dos combustíveis, luz, água e transporte público esvazia bolso dos brasileiros de chuvas e o uso da energia termelétrica, que possui alto custo de produção. A inflação também foi influenciada pelo aumento da taxa de câmbio. Com o aumento do preço do dólar, os exportadores vendem mais para o mercado externo e passa a ocorrer menos importação de outros países. Mesmo com o aumento na exportação, o preço de um produto no mercado nacional pode sair mais

caro, pois haverá poucas mercadorias disponíveis. No dia 22 de setembro deste ano, o dólar chegou a R$ 4, a maior alta já registrada desde 10 de outubro de 2002. Para conseguir equilibrar as contas públicas, o Governo Federal anunciou um pacote de medidas que visa combater a crise, incluindo o corte de gastos e o aumento de impostos. Além da suspensão de concursos públicos em 2016,

corte de salários de servidores que recebiam acima do teto, o aumento do Imposto de Renda e a proposta do retorno da CPMF. Além disso, os Ministérios tiveram seus gastos reduzidos. Entre os que tiveram o maior corte estão o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, o que gerou diversas críticas ao governo. Reflexos em Viçosa Essas consequências em

Carla Teixeira

nível nacional também estão acontecendo na cidade de Viçosa. Com os cortes na educação, menos recursos são destinados às universidades federais, inclusive a Universidade Federal de Viçosa. - A quantidade de recursos que estão vindo caiu muito e a Universidade e a cidade dependem desses recursos. Projetos foram cortados e alunos falam que estão passando dificuldade por conta de corte nas bolsas. Isso é dinheiro que deixa de ser gasto - comenta a professora do Departamento de Economia da UFV, Sílvia Harumi Toyoshima. Com a instabilidade instaurada, diminuiu ainda a confiança dos empresários e alguns postos de trabalho estão sendo fechados, o que provoca aumento do desemprego. Para o psicólogo e assessor especial de Assistência Estudantil e Comunitária, Felipe Lisboa, os momentos de crise trazem uma insegurança muito grande em relação ao psicológico. - A pessoa desempregada não deve se culpar pelo momento de tensão, já que a crise é contextualizada em vários fatores. A pessoa é uma vítima da crise, que diminui as possibilidades de emprego e qualquer geração de renda – afirma.

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Governo faz corte de gastos e suspende a realização de concursos públicos em 2016 Larissa Abreu

Enquanto muitos sonham com uma vaga, outros já passaram e estão com carreira e salários garantidos

Crise econômica e queda na arrecadação foram os fatores determinantes na medida do governo de suspender as futuras vagas Marina Wan Der Maas

Cargos públicos são culturalmente vistos como uma possibilidade de crescimento profissional, que alia estabilidade financeira e diversos benefícios indiretos que se acumulam ao longo dos anos. Ano após ano, diversos profissionais sentem-se interessados a inserir-se no mercado profissional dessa maneira, tornando a concorrência acirrada, e elevando assim cada vez mais o nível de estudos e solicitação de títulos que possibilitam a entrada de novos profissionais para esse mercado. A oficial de Justiça Edilaine Nara já tem seu futuro profissional e carreira formados e garantidos: – Quando me interessei por fazer a prova do concurso público, pensei muito na estabilidade financeira que esse emprego ia me trazer. Queria um emprego que pagasse bem e que fosse me garantir uma carreira mais longa.” – diz Edilaine. Mas em tempos de crise econômica, o que se pode esperar do Estado? Uma diminuição da oferta e um aumento da demanda? O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

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(MPOG) informou no dia 14 de setembro haverá suspensão dos concursos públicos em 2016 e que irá abranger até 40.389 cargos reservados para provimento, admissão ou contratação, no que se refere a todos os poderes, ao Ministério Público da União (MPU) e ao Conselho Nacional do Ministério Público. Já as nomeações referentes ao ano de 2015 não estão suspensas. O coordenador de escola preparatória para concursos públicos, Carlos Roberto Lopes Campos, afirma que a demanda de alunos interessados em concursos públicos teve queda: - A demanda de alunos diminuiu. Pela programação que tinha de 2015, haveria concursos do Banco do Brasil para a região Sudeste, porém

abriu apenas para a região Nordeste. E agora, saiu o pacote de cortes do Governo que barrou os concursos. Ou seja, com essa atitude, iremos ter menos turmas. – Afirma Carlos Roberto Os profissionais que se encontram à espera de um cargo público, comumente conhecidos como concurseiros, tem demonstrado uma ponta de preocupação com as vagas que poderão sofrer alteração com o corte de verbas, é o que demonstra o estudante Fábio Armond: - Eu que sou concurseiro, estou de olho nos concursos desse ano como o do INSS e IBGE por exemplo. Esses de 2015 não foram prejudicados pela crise e vão acontecer normalmente. Mas caso eu não passe esse ano, ai sim a crise pode “quebrar minhas

PRINCIPAIS CONCURSOS CANCELADOS EM 2016 Banco Central

Abin

Aeronáutica

Pré-Sal

Serviço Geológico do Brasil

Funai

Ministério da Educação

INSS

Ministério da Fazenda

BNDES

Câmara dos Deputados

IBGE

pernas”, porque muitos concursos de nível federal foram suspensos para 2016. Declara Fábio Armond. A UFV é uma instituição que recebe todos os anos, diversos possíveis candidatos da cidade e região, interessados em ingressar profissionalmente em um de seus campi através do concurso público. A Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PGP) da UFV acredita que a crise econômica não interfere na oferta de concursos públicos, uma vez que a legislação vigente desde 2010 permite que eles sejam realizados através de reposição. O chefe do serviço de provimento da PGP, Ricardo Gandini Lugão, esclarece que quando um funcionário público é desligado da instituição por meio de desoneração, aposentadoria ou quando ocorre qualquer outro tipo de vacância, a UFV automaticamente está autorizada e promover a reposição dessa vaga existente através de um novo concurso. Concursos já prestados não são afetados pelos cortes Os concursos que já foram autorizados em 2015 não são afetados pela medida. Dessa forma, as seleções para o Instituto Nacional

do Seguro Social (INSS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Agência da Saúde Suplementar (ANS), que já tiveram suas autorizações publicadas, devem acontecer dentro do prazo esperado. O quantitativo de cargos informado pelo ministério é o total que estava previsto no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2016. Não existe uma lista com os concursos que estavam previstos, já que no PLOA só são divulgados os órgãos, o número de vagas e o valor que seria gasto. Com a medida, o governo pretende fazer uma economia de R$ 1,5 bilhão. Na segunda, 12 de setembro, os ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, e da Fazenda, Joaquim Levy, anunciaram medidas fiscais de R$ 64,9 bilhões para garantir a meta de superávit primário de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016. Desse total, R$ 26 bilhões referem-se a corte de gastos num total de 9 medidas – entre elas, a suspensão de concursos.


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Trabalho alternativo é saída para a crise Aline Soares Tábatha Valentim

A crise econômica brasileira teve seu auge em abril de 2015, quando 97,8mil empregos formais foram extintos, segundo dados coletados pelo Ministério do Trabalho. O desemprego, aliado à alta da inflação, obrigou as pessoas a procurarem novas formas de se sustentarem. É nesse cenário que surgem os trabalhos alternativos: fontes de renda que fogem do padrão tradicional, com o objetivo de se conseguir um dinheiro extra. Normalmente, a escolha dessas atividades está ligada a algum hobby ou a algum afazer com que já estejam acostumados, devido a familiaridade e a facilidade de envolvimento. Entre as iniciativas mais comuns estão as relacionadas à venda de doces, tortas, salgados, roupas e cosméticos, além das do ramo estético, como manicure e designer de sobrancelhas. Em Viçosa, um exemplo de trabalho alternativo e que deu certo mesmo em tempos de crise é o da doceira Doriane Rafael Silva (Dóris). Em 2011,

devido a um problema financeiro, ela começou a vender doces em uma barraquinha na entrada de um dos pavilhões de aula na UFV. No entanto, essa alternativa não foi o suficiente para fazê-la sair da crise, o que fez com que procurasse uma sócia para que juntas abrissem uma loja física. O risco empreendedor foi a solução para aumentar a renda que não era suficiente só com a barraquinha no pavilhão. - Na universidade trabalhava apenas 8 meses do ano, nos outros 4 ficava parada devido às férias. Durante esse tempo, tinha que pagar todas as contas e guardar para os outros meses sem trabalho – lembra. Hoje ela é a única proprietária do empreendimento que teve início já na época de crise e na expectativa de lidar com o choque econômico que se aproximava. Porém percebe que a situação financeira está cada vez mais difícil. - Aqui foi mais um grito de socorro na minha vida. Se eu conseguisse suportar a crise, eu ficaria bem depois. Se eu tivesse continuado na UFV, não iria aguentar – afirma a microempresária Doriane Rafael Silva.

Aline Soares

A microempresária Doriane Rafael Silva (Dóris) apostou na venda de doces e hoje tem negócio próprio

Há quatro anos, Dóris faz da fabricação de bombons sua principal fonte de renda

Serviços freelancer são opção para conseguir dinheiro extra Malena Stariolo Mariana Barbosa

O número de pessoas que buscam diferentes formas de ganhar dinheiro extra ou de ter mais controle sobre suas vidas financeiras têm aumentado. Para os mais variados perfis e áreas, ser freelancer pode ser um bom negócio. Esse é o profissional autônomo que trabalha em diferentes empresas ou que guia seus projetos e consegue seus clientes de forma independente. Segundo dados levantados por sites que fornecem trabalhos para freelancers, como Trampos, Pto de Contato e Cranes, a expectativa é que os ganhos para quem opta por essa forma de trabalho aumentem em 5% ou mais para 68% dos freelancers. Essa é uma área que atinge principalmente os jovens, já que a principal maneira de encontrar trabalhos é por meio da internet, meio ao qual eles estão mais conectados e têm mais intimidade.

Segundo dados dos mesmos sites, atualmente 55% dos freelancers têm apenas essa atividade como sua fonte de renda. Camila Souza, de 26 anos, é graduada em administração e pós-graduada em gestão de marcas e trabalha como gerente de marketing numa em-

presa de tecnologia de Belo Horizonte e também como freelancer produzindo a identidade visual de marcas, empresas e pessoas em Viçosa. No começo, fazia pequenos serviços para seus amigos e família, mas com o desenrolar da atividade hoje ela desenvol-

ve trabalhos de maneira profissional, mesmo não tendo formação em Design Gráfico. -Posso escolher para quem vou trabalhar, por isso posso recusar aquele cliente que quer se “inspirar” numa arte já feita – conta Camila Souza. Ela ressalta que é preciso ter Malena Stariolo

Para Camila, poder ser original é um dos melhores aspectos da vida freelancer

muito cuidado ao optar pela profissão, pois a sazonalidade de clientes é algo notório. Mas Camila Souza garante que seu emprego de carteira assinada como gerente foi mais prejudicado pelos efeitos da crise do que a atividade de freelancer. – Na empresa fui obrigada a buscar alternativas para conseguir novos clientes, já que muitos contratos foram encerrados. Como freelancer, por ser procurada por meus clientes diretamente, graças às indicações, eu não vou atrás da demanda do mercado – diz. No entanto, Camila Souza se considera uma exceção, já que muitas de suas amigas que também são freelancers estão em busca de emprego. Uma das clientes de Camila Souza é a proprietária de um estúdio de beleza na cidade, Denise do Val Gomide Viana. – Vale muito a pena contratar esse tipo de profissional, pois é um trabalho de muita qualidade a um preço menor que o cobrado por empresas especializadas nesses trabalhos.

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Cortes na educação afetam as atividades dos estudantes de pós-graduação da UFV Leonardo Pereira

Em meio à crise econômica, Capes anunciou diminuição de 10% do orçamento previsto para 2015 no país Isabela Lopes Leonardo Pereira Maria Clara Epifania Sérgio Felix

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Trabalho de pesquisa de campo e viagens para congressos são prejudicados pela falta de verba do Proap passe de verbas prejudica diretamente as atividades de pesquisadores, a divulgação dos resultados científicos, e outras demandas de responsabilidade dos programas de pós-graduação que visam melhorias nas condições de pesquisa feitas pelos alunos. Manutenção do auxílio De acordo com o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal de Viçosa, Luiz Alexandre Peternelli, 2819 alunos da UFV

são beneficiados com verbas do governo por meio das bolsas de pesquisa. São 1249 bolsistas em mestrado acadêmico, 129 em mestrado profissional e 1441 doutorandos. Apesar dos cortes na Educação, não há a possibilidade de retirar a bolsa dos estudantes, segundo o pró- reitor de Planejamento e Orçamento da UFV, Sebastião Rezende. Todas aquelas prometidas ou pactuadas estão sendo praticadas. No entanto, não há previsão de aumento no nú-

Sérgio Felix

s cortes no orçamento adotados pelo governo federal levam à redução de recursos nas universidades federais e causam preocupação na comunidade acadêmica. Isso porque entre os Ministérios mais atingidos pela diminuição de gastos está o Ministério da Educação, com um corte equivalente a R$ 9,42 bilhões. Os programas de pós-graduação nas instituições públicas sentiram os efeitos do corte bilionário. Em julho, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), instituição ligada ao Ministério da Educação (MEC), determinou o repasse de verbas no valor de R$1,65 bilhões para o Programa de Apoio à Pós-Graduação (Proap), com redução de 10% do orçamento previsto para 2015. Os recursos do Proap são destinados à manutenção de equipamentos utilizadas em pesquisas, realização de trabalhos de campo, fornecimento de passagens à professores de outras universidades para compor bancas de mestrado e doutorado, viagens de alunos e docentes para participar de congressos, entre outras atividades. A redução no re-

Sem recursos, não existe previsão de aumento no número de bolsas ofertadas

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mero de bolsas a serem ofertadas. - O cenário econômico não está bom e isso exige esforço e compreensão por parte de todos – reforça o pró-reitor de Planejamento e Orçamento. A doutoranda em Meteorologia Agrícola, Vágna da Costa Pereira, de 26 anos, começou a pós-graduação na UFV em 2012. Com o corte provocado nas atividades acadêmicas, Vágna Pereira teve alguns benefícios suspensos, como a participação em congressos, devido ao alto preço de inscrição, e o valor das passagens aéreas. Vágna Pereira acredita que os estudantes que tiveram seus projetos aprovados neste ano foram os mais prejudicados, pois os antigos projetos foram aprovados seguindo a verba dos anos anteriores. Com isso, os estudantes terão maior dificuldade para exercer suas atividades, devido à falta de insumos, compra e manutenção de equipamentos em laboratórios, e nos casos mais graves, falta de papel e tinta para impressoras. A estudante disse ainda que o corte não vai prejudicá-la na produção de seus estudos, mas teme pelos es-

tudantes que iniciaram seus projetos ou desejam a sua aprovação nos próximos anos. A mestranda Laura Ribeiro, 26 anos, formada em Engenharia Florestal e especialista em Geotecnia na UFV, também teme pelos cortes. Desde abril de 2011 ela é beneficiada com uma bolsa pelo mestrado que realiza e afirma que com os recentes cortes a possibilidade de ajudas financeiras para congressos, artigos e convites de bancas é praticamente impossível. No entanto, Laura Riberio está tranquila porque o projeto de pesquisa que desenvolve não foi afetado com os cortes. A estudante já realizou a coleta de dados no início do ano e acredita que aqueles que começarão a parte prática agora poderão enfrentar alguns obstáculos. Diante do cenário de crise, Laura Ribeiro pensa sobre a necessidade de ter um “plano B”. - Até o fim do ano sairá o resultado do doutorado para ingresso no primeiro semestre de 2016, no qual estou participando. E se por um acaso eu passe no programa e não consiga a bolsa, irei em busca de faculdades em que eu possa dar aulas – afirma a mestranda.


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Desemprego no Brasil já atinge 8,3% da população economicamente ativa Em Viçosa, pesquisas do Census mostraram que 65% dos desempregados não possuíam formação superior

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m conceito importante para a compreensão do que é desemprego é o de população economicamente ativa (PEA). Esta parcela refere-se às pessoas com idade entre 14 e 65 anos que estão aptas a trabalhar. No Brasil, o número de habitantes é de quase 205 milhões de pessoas, destes, aproximadamente 100 milhões fazem parte do que chamamos de população economicamente ativa. De acordo com o economista Orlando Monteiro, é preciso considerar que existe uma taxa natural de desemprego em todos os países. Essa taxa inclui aquelas pessoas que estão estudando, mudando de região ou ainda as que por algum motivo resolveram não trabalhar por um período. - A taxa natural de desemprego é de 5% da população economicamente ativa. Quando esse valor é ultrapassado significa que pessoas que querem trabalhar não estão encontrando emprego - explica o economista. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil chegou a 8,3% no segundo trimestre deste ano, sendo a maior desde 2012. O

valor já ultrapassa mais de 3% da taxa natural de desemprego e reflete o cenário de crise que o país enfrenta atualmente. Em Viçosa, o Centro de Promoção do Desenvolvimento Sustentável (Census), em parceria com o Instituto de Pesquisas de Mercado e Opinião Projetos e Consultoria (Empec), divulgou em 2014 o último “Retrato Social de Viçosa”. De acordo com o coordenador geral do Census, Tancredo Cruz, os últimos levantamentos foram feitos no ano de 2013. Os dados desta última pesquisa indicam que 5,8% da população economicamente ativa de Viçosa estava desempregada, totalizando 2483 pessoas. A maioria delas, cerca de 65%, tinha formação fundamental e média. Crise em Viçosa Um dos parâmetros que permite perceber como a crise tem afetado Viçosa é o Índice de Preços ao Consumidor (IPC). A pesquisa é realizada mensalmente pelo Departamento de Economia da Universidade Federal de Viçosa e calcula a evolução dos preços dos bens e serviços pagos pelos consumidores viçosenses. O IPC do mês de agosto registrou uma inflação de 0,44% em Viçosa, valor muito próximo ao registrado nacionalmente pelo IBGE (0,43%). De acordo com o

Marina Gontijo

Ana Eduarda Ferreira Carla Teixeira Marina Gontijo

Seguro-desemprego é um dos principais serviços prestados pelo Sine em Viçosa economista e coordenador geral do IPC, Jader Cirino, esses dados mostram que Viçosa segue o cenário econômico nacional: - O emprego está ligado diretamente à atividade eco-

nômica, ou seja, se as empresas estão vendendo e produzindo pouco, elas precisam de menos funcionários. Assim, a crise, além de não gerar novos empregos, aumenta o número de demissões. É possível per-

ceber o impacto da crise em Viçosa através dos preços dos produtos que sobem, levando a população a comprar menos e os comércios a fecharem esclarece o coordenador geral do IPC.

O Sistema Nacional de Emprego (Sine) é o órgão ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego designado à prestação de auxílio aos desempregados. Dentre as principais funções do Sine destacam-se a organização de um sistema de informações sobre o mercado de trabalho e o fornecimento de suporte àqueles que procuram emprego, objetivando a inserção dessas pessoas no mercado. Os serviços prestados por este órgão podem variar de acordo com a cidade em que ele se insere. A coordenadora do Sine de Viçosa, Carolina Fernandes, explica as funções

Diogo Rodrigues

Vagas de emprego podem ser encontradas no Sine TAXA DE DESEMPREGO (%) 2º tri 2015

8,3 6,8

2º tri 2014

7,5

2º tri 2013

7,3

2º tri 2012 Fonte: IBGE

6,5

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desta unidade: - O Sine de Viçosa oferece intermediação de mão de obra, ou seja, direciona os trabalhadores para as vagas que os empregadores abrem com a agência. Ele atende a mais de 10 cidades da região e o serviço mais prestado é o auxílio ao

7.5

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8.5

seguro-desemprego. Diferentemente de outras unidades do país, em Viçosa o Sine não oferece cursos por que isso depende da demanda do número de habitantes - informa a coordenadora. Michele Martins tem 21 anos e é moradora do bairro

Santa Clara em Viçosa, além dela, a mãe, Neusa Martins, de 54 anos, e a irmã mais velha, Marcela Martins, de 28 anos, enfrentam a situação do desemprego. O último trabalho de Michele Martins foi há 7 meses, mas desde que recusou a proposta de ser recontratada por um salário menor, ela está a procura de um novo emprego. A partir de então, a situação da família não tem sido fácil: - Os preços dos produtos no supermercado subiram muito e a conta de luz também fica cada vez mais cara diz Michele Martins. Ela possui cadastro no Sine

e já buscou auxílio para voltar ao mercado de trabalho. Porém, o fato de não ter ensino médio completo representa um empecilho, já que a maioria das vagas ofertadas pelo órgão se destinam à pessoas com um grau de formação mais elevado. A dificuldade em conseguir um emprego formal tem levado Michele Martins à procura de formas alternativas de trabalho, mas ainda assim, esses últimos 7 meses não lhe trouxeram boas oportunidades. - A gente tem buscado serviços como faxina nas casas, mas nem isso estamos conseguido – desabafa.

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Produtores culturais de Viçosa buscam meios de se manter no mercado em crise Sayonara Rbeiro

Adaptação vai desde maior procura por patrocínio até negociação de cachê com os artistas e bandas

Mesmo com o aumento do custo de produção, ingressos se mantiveram na mesma faixa de preço e as vendas não foram afetadas André Carvalho Ellen Ramos Isac Godinho Sayonara Ribeiro

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rantando-se de crise econômica, muitos já falam dela como uma realidade, enquanto outros ainda não perceberam seus impactos. Alguns setores avaliam os reflexos da crise, como por exemplo, o de produção cultural. Em Viçosa, reconhecida por ser uma cidade universitária, é comum a realização de festas, sejam elas universitárias ou não. Existem casas de show, eventos que já são tradição pelo próprio nome, formaturas, eventos de stand up, ou mesmo festas realizadas por repúblicas. E nesse tempo de crise, será que alguma coisa mudou na realização desses eventos? Depois de uma semana estudando quase que integralmente, com provas, estágio, relatórios e estresse, no fim de semana os universitários procuram por algum tipo de entretenimento. E foi para levar

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um pouco mais de diversão para esse público que o também estudante Wilton Filho fundou uma empresa de produção de eventos. Nos anos anteriores o empreendimento decolou no ramo de festas universitárias, mas segundo Wilton Filho nesse ano houve uma estagnação por causa da crise. - A crise vem para o mercado de produção cultural de algumas formas, sendo as áreas mais afetadas o custo do evento versus a participação das pessoas, que no momento está começando a despencar – destaca. Apesar do aumento do preço da cerveja, da locação de espaços para eventos e a elevação dos impostos, as empresas tendem a não aumentar o preço dos ingressos para que a participação do público continue satisfatória. - Agora existe um aumento significativo do custo de produção do evento e é possível sentir que o público não tem as mesmas condições de tempos atrás. Então a solução é

manter o preço do ingresso estável para que os produtores alcancem seus objetivos - destaca Wilton Filho. Apesar da crise Se as festas universitárias passam por alguns problemas, alguns bares mantêm sua qualidade e freguesia. Sávio Silva é proprietário de um bar onde normalmente há música ao vivo. Ele explica que seu estabelecimento passa por altos e baixos, mas que o ano de 2015 está melhor que 2014. - Eu não acredito que estamos nessa crise toda que vemos nos noticiários. Os eventos mais caros, com produção mais elaborada que eu cobro R$ 20 para entrar, costumam encher mais que os shows que não cobro entrada. Se estivéssemos em crise a pessoa não ia gastar R$ 20 na entrada, além dos R$ 30 gastos, em média, com consumo. Sávio Silva explica que é preciso ter cautela na produção dos eventos, uma vez que em tempos de recessão as pessoas ficam mais seletivas e cor-

tam os itens supérfluos para manter a qualidade de vida. Além de dificuldades na produção do evento, aqueles locais que servem comida durante os shows têm uma preocupação ainda maior, pois há um aumento no preço dos alimentos em função da crise hídrica, mas o reajuste é ínfimo. - O aumento maior é nas bebidas alcoólicas, geralmente o reajuste das bebidas é repassado ao consumidor, diferentemente dos alimentos - ressalta Sávio Silva. A estudante Mariana Rodrigues é uma das que está sempre frequentando esses locais. Mas conta que após ficar um ano em intercâmbio em Budapeste, na Hungria, tem percebido muitas diferenças aqui. - Lá as saídas são muito baratas porque você tem opções de vários ambientes, vários lugares com diferentes tipos de música e normalmente a gente não paga entrada, além de sempre fazerem promoção com cerveja. Uma long neck costumava custar R$ 1 en-

quanto aqui custa R$ 5. Mesmo assim, a estudante afirma que não deixa de frequentar os eventos desde que chegou ao país, porque acredita que a diversão é um dos fatores essenciais após tanta dedicação aos estudos. Superação Já as agências produtoras de eventos teatrais, como stand up, buscam se readaptar às mudanças do mercado. As principais delas têm sido em relação à busca de patrocínio e divulgação, como conta a produtora de eventos Maria Inez Oliveira. - Para vender R$ 5 mil de patrocínio a gente tinha que ir em 20 lugares, e agora temos de percorrer 80 locais diferentes. Muitas vezes até conseguimos o valor, mas temos que andar muito mais. A produtora afirma que a agência está recorrendo a outras alternativas como promoções, produção de shows em outras cidades, e até mesmo negociação de cachê com os artistas para tentar driblar a crise.


OUTROLHAR NOVEMBRO DE 2015

Setores de entretenimento sofrem por não serem prioridade para consumidor Leonardo Fonseca

Casamentos, formaturas, aniversários e celebrações de debutantes ganham toque de simplicidade

Festas mais simples, em ambientes como salas de aula, são alternativas procuradas por clientes que tentam contornar a crise Leonardo Fonseca Letícia Gusmão Lucas Alves

Entretenimento é uma forma de recrear, divertir as pessoas. Segundo o dicionário, divertir alguém é “proporcionar-lhe uma mudança de direção na sua rotina”. De acordo com um estudo conduzido pelo Data Popular a pedido da Associação Brasileira de Eventos Sociais (Abrafesta), em 2014 os brasileiros gastaram cerca de R$ 16,4 bilhões com festas, número que inclui casamentos, formaturas, aniversários e celebrações de debutantes. Com o agravamento da crise econômica, os dados do setor de entretenimento começam a mudar. Isso acontece devido à sua ligação com a capacidade de consumo das famílias. Levando em conta que os consumidores estão preocupados em pagar impostos e lidar com a inflação, é de se esperar que esse tipo de comércio tenha uma queda de rendimento neste ano. Segundo o professor de Economia da UFV, Pedro Henrique Pontes, na crise, quem está ganhando dinheiro começa a perder, e quem po-

deria ganhar dinheiro tem mais dificuldade com isso. Por conta da queda dos salários, os bens considerados normais ou de luxo, são deixados de lado para dar prioridade aos essenciais. A empresária Valquíria Santos está no ramo de organização de festas há mais de 10 anos. Ela conta que, desde

o início do ano, os clientes não estão mais dispostos a fazer grandes eventos. As pessoas fogem dos aluguéis de salões e das festas com muitos convidados. Uma nova demanda se amplifica, em que clientes procuram os bolinhos servidos apenas para familiares, “parabéns” na escola da crian-

ça e festas no quintal de casa, numa “moda” que volta dos anos 90 para 2015. Uma das adeptas a essa ideia é a cliente Ivone Barbosa. A festa de aniversário de cinco anos de seu filho com o tema do Homem Aranha foi feita na sala de aula da escola onde ele estuda.

- Fica bem mais barato, acriança fica satisfeita e a gente economiza - comenta Ivone. É nessa nova perspectiva econômica que a maneira de comemorar os aniversários e festividades anuais retorna aos tempos em que toda a família se juntava para enrolar os brigadeiros e encher os balões.

Eventos culturais programados pela UFV em 2015 não devem ser afetados por crise Reprodução / CSS

Letícia Gusmão

Os eventos culturais promovidos pela UFV já são conhecidos e esperados pela cidade. Alguns desses são anuais, como a Semana do Fazendeiro, que nesse ano recebeu três mil participantes, trazendo lucro para o comércio local e visibilidade para a universidade. Outros eventos de extensão promovem a cultura e lazer, como shows no gramado das Quatro Pilastras e palestras abertas ao público. Porém, com os cortes na verba das instituições públicas, a UFV tem o

Cantata de Natal ainda não sofrerá com os cortes desafio de administrar uma redução de quase R$30 milhões. De acordo com o Pró-Reitor de Planejamento e Orçamento, Sebastião Rezen-

de, a prioridade é evitar que a restrição do orçamento recaia sobre as bolsas de estudantes. Em relação às atividades culturais programadas para

2015, o prejuízo foi pequeno, já que a maioria delas têm alguma fonte de recursos contratada previamente. O Pró-Reitor de Planejamento e Orçamento diz que não houve nenhuma atividade já programada pela UFV que foi ou será cancelada em função da crise, porém afirma que ainda é possível que a dimensão dos eventos diminua. A apresentção da Cantata de Natal, por exemplo, pode ter um de seus dois dias eliminado do evento. Apesar dessa afirmação, a própria UFV declarou em um e-mail para alunos que o evento “A Graduação na UFV” desse ano será cancelado.

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OUTROLHAR NOVEMBRO DE 2015

Medidas simples podem fazer diferença Viktor Maforte

Eliminar os gastos com o que é supérfluo é uma das saídas para tentar economizar e guardar o dinheiro Guilherme Nunes Luana Mota

Quando falamos de inflação no Brasil, nos referimos principalmente à inflação baseada no Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Em agosto de 2006 o IPC era de 3,842%. Em agosto de 2014 foi de 6,513%. Já no período de agosto de 2015 atingiu 9,525%. O índice que havia aumentado quase 3% de 2006 a 2014 aumentou mais de 3% nos últimos meses. De acordo com o pesquisador do Instituto Assaf e matemático Fabiano Guasti Lima, um produto que custava R$ 1 em 1994, hoje custa R$ 4,60. Segundo ele, R$ 100 compram hoje o equivalente a 22 reais na mesma época. A atual situação econômica do país faz com que todos tenham um objetivo em comum: economizar. E isso não é diferente para os estudantes, que apesar de na maioria dos casos não possuírem renda fixa, têm gastos fixos, como aluguel, luz, água, alimentação. Por isso, sempre que possível, é muito importante para um estudante poupar

Atual crise força população a economizar para se manter com pouco dinheiro dinheiro. O professor de Economia da Universidade Federal de Viçosa, Pedro Henrique Pontes, conversou com a equipe do OutrOlhar e deu dicas de como tentar não gastar todo o orçamento, agora provavelmente menor, antes do fim do mês: Uma dica muito boa é procurar consumir menos alimentos que não são tão essenciais, por exemplo, cerveja, refrigerantes, doces, salgados,

lanches fora. Como o subsídio “alimentação básica” está funcionando relativamente bem, que é o Restaurante Universitário, o estudante ainda tem certo alívio – comenta. Além de eliminar os gastos com o que é supérfluo, ele também afirma que algumas ações mínimas, como manter um controle sobre a forma e os locais onde se gasta, podem fazer muita diferença no

fim do mês. Afinal, economia consiste em saber como empregar melhor os seus recursos. Além disso, a renda do estudante pode ficar mais apertada, já que pode ser difícil para a família, provedor mais comum nos casos de alunos sem renda, continuar enviando a mesma quantidade de dinheiro. Os estudantes que não moram na Universidade, e precisam pagar por moradia

fora do Campus, também precisam ficar atentos. Se o estudante mora fora da Universidade, ou seja, se ele tem que pagar aluguel, água, luz, ele vai ter outra surpresa porque esses preços estão aumentando. Então é bom ficar atento para economizar energia elétrica, e os demais gastos – orienta o professor de Economia Pedro Henrique Pontes. Assim como os estudantes, as donas de casa também possuem um papel central na economia dentro de um lar. As atividades vão desde comparar preços em supermercados até em medidas de economia de energia. A aposentada Zaíra Pires também está de olho em como economizar para não estourar o orçamento: Primeiro de tudo é pesquisar antes de comprar, só assim eu já economizo muito. Também faço coisinhas bobas, mas que no final fazem toda a diferença. Tomo banho bem rápido, não deixo luz acessa sem necessidade para minha conta de luz não vir tão cara. Além de reaproveitar tudo que eu posso, como por exemplo, a água da máquina para lavar banheiro - conta.

Como economizar dinheiro na vida universitária Alguns dos principais gastos diários podem ser trocados por alternativas mais baratas que fazem diferença

Sendo uma cidade universitária, Viçosa conta com uma população flutuante estimada em 15 mil habitantes, ou seja, várias pessoas, em sua maioria estudantes, não têm residência fixa no município, mas sim até o momento em que tiverem o vínculo acadêmico com a instituição local. Como a passagem é temporária pela cidade, essas pessoas procuram meios mais econômicos para viver, pois há opções de custo de vida com preço reduzido para atender a uma alta demanda. A estudante escolhida foi Ariane Silveira de 23 anos, cursando zootecnia na UFV. Assim como grande parte dos estudantes que vêem de outra ci-

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dade, Ariane Silveira faz parte dos que irão residir em Viçosa apenas temporariamente. Ela mora em uma república com mais cinco universitárias.

Baseando-se nisso, a equipe do OutrOlhar acompanhou os gastos diários da estudante para tomar como exemplo as opções escolhi-

das e, em seguida, recorreu à análise de um especialista no assunto. Foram tabelados seus gastos no período de 21 a 27

Viktor Maforte

Thomás Ottoni Viktor Maforte

de setembro, levando-se em conta os seguintes itens: alimentação; transporte; entretenimento; pessoal; educação e moradia. Após a análise dos dados coletados, a economista doméstica Élia Rodrigues constatou que certas alterações na rotina da estudante poderiam levar a uma considerável economia. Destas substituições foi aconselhado trocar o lanche da tarde (salgado e suco) por uma alternativa mais saudável e em conta, como uma fruta, por exemplo. Já o curso de inglês poderia ser substituído por aulas particulares, que apresentam gastos menores. A economista doméstica ainda completa: A academia pode ser substituída por exercícios alternativos feitos em casa ou até mesmo academias ao ar livre.


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