Ellen Ramos
JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO ● ANO 12 - EDIÇÃO Nº 44 ● DEZEMBRO DE 2015
Água: até quando? Crise hídrica deixa Viçosa em estado de emergência; nível dos reservatórios continua abaixo do normal
Expansão da UFV contribuiu para o crescimento vertical do município
Lucas Alves
Luana Mota
pág. 6
pág. 4
População cobra medidas de segurança mais efetivas por parte da PM pág. 8
Informe-se sobre os serviços de saúde gratuitos oferecidos na cidade pág. 10
Projetos sociais promovem cultura e ensino para a comunidade pág. 5
Leonardo Pereira
OUTROLHAR DEZEMBRO DE 2015
Ao leitor
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Kelly Scoralick Editora
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Terra, planeta água?
EDITORA Profª. Kelly Scoralick EDITORA DE FOTOGRAFIA Profª. Laene Mucci DIAGRAMAÇÃO André Luiz Carvalho, Bianka Rodrigues, Carla Teixeira, Larissa Abreu, Malena Stariolo DIAGRAMAÇÃO FINAL Diogo Rodrigues
REVISÃO Ana Eduarda Ferreira, Ellen Ramos, Guilherme Queiroz, Isac Godinho, Larissa Martins, Luana Mota, Mariana Barbosa, Sayonara Ribeiro, Tábatha Valentim
Os textos assinados não refletem necessariamente a opinião da instituição ou do Curso, sendo da responsabilidade de seus autores e fontes. Cópias são autorizadas, desde que o conteúdo não seja modificado e que sejam citados o veículo e o(s) autor(es).
APOIO Centro de Ciências Humanas Letras e Artes REITORA Profª. Nilda de Fátima Ferreira DIRETORA DO CCH Profª. Maria das Graças Floresta CHEFE DO DCM Prof. Ricardo Duarte COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Prof. Henrique Mazetti (suplente) ENDEREÇO Prédio Prof. Fábio Ribeiro Gomes, 2º andar Campus Universitário, CEP 36570-900 Viçosa - MG. Tel.: 3899-4502 www.com.ufv.br || outrolharufvmg@gmail.com
AL
O jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV - MG) é produzido para os estudantes do Ensino Médio das escolas públicas do município e adjacências. Atualmente o jornal encontra-se sob a responsabilidade da turma de 2014, na disciplina COM 252 - Jornal- Laboratório I.
vê mobilização para combater o altíssimo gasto de água com o agronegócio ou com as grandes indústrias, que são os responsáveis pela grande maioria do consumo de água no nosso país. Em um país de desigualdades, podemos constatar que a crise hídrica é fruto de problemas políticos, econômicos e sociais e ela acaba agravando ainda mais essa realidade. Enquanto isso o brasileiro vai dando seu jeitinho de sempre, contando com a solidariedade de amigos, vizinhos e familiares e torcendo para que chova, para que essa crise passe e o que nós torcemos mesmo é que pelo menos nosso povo consiga aprender algo de positivo com tudo isso quando a água voltar a sair normalmente pelas torneiras.
ÇÃ OS OC I
Atualmente não se fala em outra coisa que não seja a falta de chuvas e a crise hídrica que afeta principalmente a região sudeste do Brasil desde o ano passado. O assunto está presente nos jornais, no papo das mesas de bar, nas igrejas, nas reuniões de condomínio e em todo lugar que se possa imaginar. Em Viçosa, economizar água virou o foco número um dos moradores. Tem racionamento, multa para conter o desperdício, festas canceladas e mais um milhão de dicas de economia de água. O que as pessoas não podem esquecer é que uma chuvinha de trinta minutos não é suficiente para encher os reservatórios ou que
mesmo depois de um ano do início das ações para economia de água e do racionamento, a crise hídrica perdura e os níveis de água não conseguiram normalizar durante todo esse ano. O grande problema da nossa sociedade é que estamos acostumados a deixar tudo para depois, deixar para resolver os problemas quando eles já chegaram a um estado crítico, seria muito mais fácil se as pessoas aprendessem a gastar menos água, ao invés de ter que economizar quando a crise aperta. Seria bom se as obras para melhoria e ampliação dos reservatórios não fossem lembradas só quando falta água na torneira das nossas casas. Nós nos acostumamos com as diversas campanhas pedindo às pessoas que economizem água, mas ninguém
UN IC A
Isac Godinho
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hegamos a mais uma edição do Jornal-Laboratório. Mais um exemplar elaborado pelos alunos do 4º período do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa, em uma atividade conjunta das disciplinas Jornal-Laboratório e Fotojornalismo. Sem chuvas e sem água em alguns bairros de Viçosa, o tema principal deste Jornal-Laboratório não poderia ser outro. Apesentamos como está a situação do abastecimento de água na cidade e as ações adotadas pelas autoridades como forma de tentar controlar a situação, assim como medidas de economia que a população pode adotar. A quantidade de assaltos na cidade e também no campus da Universidade Federal de Viçosa é outro tema de destaque. Procuramos algumas vítimas que relataram suas experiências traumáticas, assim como a Polícia Militar que afirma que medidas de identificação de criminosos já estão em ação. A equipe do OutrOlhar elaborou também uma reportagem com uma série de serviços de saúde que são oferecidos de graça para a população, assim como atividades e atendimentos que são realizados pelo Centro de Referência de Assistência Social, o CRAS. O Castramóvel é outro serviço apresentado nesta edição do Jornal-Laboratório como uma das formas de diminuir a superpopulação de cães e gatos abandonados nas ruas de Viçosa. O OutrOlhar apresenta ainda como ocorrem as mudanças na construção civil na cidade de Viçosa. Há também a divulgação de algumas pesquisas inovadoras desenvolvidas por pesquisadores da UV e de que forma elas chegam ao mercado e à população. Por fim, projetos sociais desenvolvidos na cidade, como o Programa Municipal da Terceira Idade e o Instituto Vida, são apresentados como meio de oferta de educação e lazer para públicos variados. O esporte também está nas páginas do Jornal OutrOlhar. A prática esportiva torna-se uma ferramenta de inclusão social para crianças e adolescentes atendidos em projetos sociais, além de permitir a descoberta de novos talentos na comunidade viçosense. Esperamos que a leitura desta edição, com temas variados e atuais, seja rica e agradável.
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OUTROLHAR DEZEMBRO DE 2015
Número de animais abandonados nas ruas de de Viçosa é preocupante Larissa Abreu
Segundo a OMS, no Brasil são mais de 30 milhões de animais abandonados. Desses, 80% já tiveram um lar
Medida tomada para controlar a superpopulação de cães e gatos de rua, o trailer do Castramóvel funciona no Hospital Veterinário da UFV Amanda Rivelli
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s pessoas já estão acostumadas a verem cachorros pelas ruas das cidades. Além dos animais de estimação passeando com os donos, ainda há os animaizinhos abandonados ou os que já nasceram por ali. Em Viçosa, cada dia que passa a impressão é que o número de cães nas ruas só aumenta, deixando a população da cidade intrigada pela falta de controle da situação. A Sociedade Viçosense de Proteção aos Animais (Sovipa) é uma entidade sem fins lucrativos que se dedica ao bem-estar desses animais, através de voluntários e parcerias públicas ou privadas. Também são realizadas várias campanhas e projetos. Um deles é o Castramóvel, colocado em prática desde outubro de 2015 - um trailer equipado que tem como objetivo a castração de cães abandonados. A castração dos animais acontece sempre às quintas-feiras no período da
manhã. Porém, a divulgação desse projeto não é feita e a circulação do trailer não acontece nas ruas da cidade por falta de materiais essenciais para o andamento, segundo a ex-coordenadora da Feira de Adoção e simpatizante da causa Fernanda Marisa. A voluntária da Sovipa Lívia Comastri, de 23 anos, estudante de Medicina Veterinária, diz que a situação é de difícil controle, mas que ainda há uma solução. - Se muita gente unir, promover castrações em massa e feiras de adoção, talvez a situação melhore. Mas é algo a longo prazo, não dá para mudar essa situação da noite para o dia. Os hospitais têm que ajudar com as castrações e os alunos de veterinária poderiam promover feiras de adoção. Viçosa tem duas faculdades de Veterinária, e se todo mundo fizer sua parte, a chance de resolução do problema se torna muito mais próxima - afirma Lívia Comastri. O professor do curso de
Medicina Veterinária da UFV Tarcísio de Paula era o antigo responsável pelo Canil Municipal e é também voluntário da Sovipa. Hoje responsável pelo Castramóvel, pondera que a falta de controle populacional dos cachorros de rua não consegue ser solucionada apenas com a castração e feiras. Ele aponta os três principais pontos que o seu próprio projeto atacaria, enquanto ainda era chefe do canil: - Fazer a castração, educar a população para não soltar os animais aqui na cidade e entrar com umas ações junto do Ministério Público para formar leis para impedir que os animais de outras cidades venham para cá, fornecendo uma assessoria para eles serem tratados como seriam tratados aqui. - disse Recentemente em Viçosa ficou comum achar vasilhas com ração e água espalhadas pelas ruas da cidade. Muitas pessoas discordam do ato, dizendo que os animais ficariam saudáveis e mais férteis, dificultando ainda
mais o controle. Uma enquete feita pela equipe do OutrOlhar no grupo da UFV no Facebook, recolheu opiniões sobre a atitude de alimentar os cães, em que 85% das pessoas foram a favor da ação; 8,5% concordam desde que seja tomada alguma medida à longo prazo e 6,5% discordam totalmente. Para o professor Tarcísio, a questão da alimentação nas ruas está diretamente ligada ao controle de animais abandonados. Ele diz se encaixar nos 8,5% das pessoas que concordam parcialmente. - Eu concordo em número, gênero e grau, desde que sejam naquelas situações (...) os animais castrados, vermifugados e vacinados voltam a ser soltos na rua. Se eles fidelizam um local, um território, é a melhor coisa que pode acontecer para a população em geral. Já para Fernanda Marisa, a solução é realmente a castração, sendo totalmente a favor da alimentação. Para ela, alimentação nas ruas e controle popu-
lacional não se relacionam. - Dos filhotes que nascem nas ruas, poucos sobrevivem, pois são atropelados ou a mãe não tem leite o suficiente para todos. Então eu sou a favor de alimentar e de dar de beber. O antigo responsável pelo canil municipal, Tarcísio de Paula, explicou que o Ministério Público se uniu com a Prefeitura e a Universidade e fizeram um Termo de Ajustamento de Conduta, em que regem obrigações a cada uma das partes. A participação da Prefeitura com os animais de Viçosa é feita através de doações de alimentos, medicamentos, limpeza e todo o aparato logístico de manutenção do canil. A Universidade se apropria das funções técnicas: castrações, cirurgias, exames clínicos, etc. A reportagem do OutrOlhar procurou a Prefeitura para obter mais informações sobre a atual gestão do Canil Municipal, mas até o fechamento desta edição não teve retorno para esclarecimento.
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Como construir um conjunto habitacional
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o município de Viçosa, para a construção em um loteamento, é preciso ir ao Instituto de Planejamento do Município de Viçosa (Iplam), conseguir a autorização e assim dar início a construção. Desta forma, o empreendedor precisa levar duas cópias do projeto, uma carta de viabilidade do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Viçosa (SAAE) e da Compahia Energética de Minas Gerais S.A (Cemig) para obter o abastecimento de água e luz no lote, além da documentação do profissional que realizou o projeto. Para mais, o interessado em construir precisa estar ciente da Legislação de Ocupação e Uso do Solo em que há regras especificando, por exemplo, o tamanho mínimo e máximo do terreno. Quando a documentação é entregue, o processo de aprovação é iniciado e passa pelo Departamento de Agrimensura e Parcelamento do Solo que tem a competência de analisar, vistoriar e aprovar os projetos de parcelamento de solo referentes a projetos geométricos de loteamento e desmembramentos de área e o Departamento de Extensão
HORIZONTAL
Edifício de apartamentos no formato de prédio, que pode ser formado por apenas um ou vários. Normalmente existem áreas comuns como garagem, salão de festa, hall. Características que variam de um prédio para outro.
RESIDENCIAL
e Meio Ambiente, este tem como função garantir a execução integrada da Política Municipal de Meio Ambiente como projetos que visam à educação ambiental. Depois do processo pronto, é emitido um parecer do Iplam com as informações que precisam ser obtidas. O professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Viçosa e Mestre em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental José Carlos Bohnenberger, fala a respeito da construção de condomínios no municí-
Destinado à moradia de uma família e geralmente não é permitido construções de prédios comerciais destinados a exploração de atividades comerciais e circulação de pessoas. Uma área restrita para so’mente seus moradores.
pio de Viçosa: - Os condomínios deveriam ter um zoneamento melhor delineado, já que se multiplicaram para todos os vetores de crescimento de Viçosa, com prejuízos para os sistemas de abastecimento de água, coleta e tratamento dos esgotos, coleta de lixo, trânsito, drenagem, dentre outros- explica o professor. Para ele, o tamanho dos lotes e a densidade demográfica do empreendimento devem receber atenção especial, pois todos precisarão de água e gerarão resíduos. A respeito
Viktor Maforte
VERTICAL
São casas construídas no plano horizontal, que partilham de áreas comuns. Esse tipo de condomínio deve ficar cada vez mais restrito, pois ele exige um terreno maior para a sua construção.
COMERCIAL Tem como finalidade a construção de prédios para a atividade comercial ou industrial. Em muitos casos eles são fomentados pelas prefeituras que visam atrair empresas, em outros casos são criados por iniciativa privada para exploração comercial do setor. Luana Mota
Alice Martins Weslei Ferreira Thomás Ottoni Viktor Maforte
TIPOS DE CONDOMÍNIOS
Inúmeros fatores devem ser levados em consideração antes de um projeto sair do papel
da legislação, José Carlos enfatizou que a lei é bem branda no que tange a construção de condomínios. Para o auxiliar administrativo de uma imobiliária, Luciano Fontes, quando o assunto é sobre condomínios horizontais, o assunto se torna um pouco mais complicado. Segundo ele, a compra desses imóveis teve seu auge há uns três anos. Porém, hoje se tornou um ramo completamente estagnado. A procura na área de compra está muito abaixo do esperado, então os investidores desse empreendimen-
to estão mais cautelosos antes de efetuar compras. Sobre as configurações desses conjuntos habitacionais, ele ainda completa: -Raramente se loca esse tipo de imóvel, do ponto de vista das vantagens de investir nestes, é construir o sonho, construir a própria casa. Porém, isso pode se tornar um pesadelo se a pessoa quiser vender depois, já que a maioria desses imóveis são para a venda e hoje essas vendas estão mais difíceis porque os imóveis são mais caros – acrescenta.
Mudanças no cenário da construção civil André Barbalho Luana Mota
Com a implantação da Universidade Federal de Viçosa (UFV) à cidade, e o consequente crescimento populacional, vieram também as mudanças na arquitetura do município. A equipe do OutrOlhar conversou com o aposentado José Estanislau de 86 anos, morador de cidade há 52 anos. O entrevistado conta que na década de 60 em Viçosa havia muita área verde, a maioria das ruas não eram calçadas. O bairro Ramos e
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o Morro do Café, por exemplo, eram todos arborizados e sem construções. E os poucos prédios que existiam na época possuíam no máximo quatro andares. Segundo José, a PH Rolfs tinha até um campo que ele costumava jogar futebol. Por outro lado, Estanislau explica que isso é normal para uma cidade se desenvolver: - Por causa da Universidade, naturalmente a cidade desenvolveu muito, construiu mais prédios, calçou as ruas, também atraiu mais empresas para cá. Esse processo é normal para a cidade ficar melhor e mais poderosa - completa José.
Viktor Maforte
Atual configuração das construções verticais em Viçosa desaceleram devido a crise econômica
Expansão da UFV provocou aumento populacional e mudanças arquitetônicas
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Envelhecendo com dignidade e respeito Programa municipal da terceira idade promove a valorização da cidadania dos idosos de Viçosa Sérgio Félix
Sérgio Felix
O número de pessoas que hoje chegam à terceira idade, tem crescido cada vez mais no Brasil. De acordo com o Censo de 2010 realizado pelo IBGE, existem atualmente no país 14,9 milhões de idosos. Por conta da maior expectativa de vida, o número de brasileiros acima de 60 anos deve praticamente quadruplicar até 2060. Em Viçosa, os dados do Censo revelam que o total de habitantes era de 72.220, sendo que destes 7.976 eram pessoas idosas, o que representava 11,05% da população do município. Considerando isso, programas sociais voltados para a “melhor idade” são essenciais para garantir uma melhor qualidade de vida. A Secretaria de Ação social de Viçosa no ano de 1994 criou o Clube da Terceira Idade, atendendo inicialmente 86 idosos. Para ampliar o atendimento de idosos foi criado o Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI), um serviço de Proteção Social Básica ofertado pelo Centro de
Idosos do PMTI marcham contra o preconceito no dia 7 de setembro Referência da Assistência Social (CRAS) em parceria entre a Prefeitura Municipal de Viçosa (PMV) e Universidade Federal de Viçosa (UFV). Atualmente, o programa conta com aproximadamente 3.000 idosos cadastrados. Desenvolvido na casa 6 da Vila Gianetti, o objetivo geral do PMTI é estimular a sociali-
zação e a valorização da pessoa idosa através da realização de atividades recreativas de acordo com as orientações do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), Política Nacional da Assistência Social (PNAS) e da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Assim, o PMTI visa reduzir, através de atividades
educativas, a ocorrência de complicações causadas por doenças; promover a educação sanitária e nutricional através de reuniões e discussões com temas diversos. Além disso, desenvolver dietas para grupos específicos e realizar visitas domiciliares, quando for necessário, para acompanhar o dia a dia dos idosos.
O trabalho é desenvolvido por meio de oficinas de dança e artesanato, coral, passeios, atividades esportivas como, ginástica, hidroginástica, caminhada, além de palestras e avaliações médicas periódicas, acompanhamento nutricional, enfermagem, jurídico, fisioterapia, entre outras. “Infelizmente as pessoas de hoje pensam que não irão envelhecer. As pesquisas mostram que a cada ano que passa a população idosa de Viçosa está crescendo. Por isso, acredito que o PMTI deveria ser mais valorizado pelos viçosenses e até mesmo dos próprios estudantes da UFV que só lembram da existência do programa quando precisam de fazer algum trabalho” afirmou a coordenadora do PMTI, Ivones Oliveira. Para participar do projeto é simples: basta ter acima de 60 anos apresentar cópia da carteira de identidade e do comprovante de residência na casa 6 da Vila Gianetti. O horário de funcionamento é de 7h às 17h. Telefone de contato: 3899-2695.
Maria Clara Epifania Leticia Gusmão
Um trabalho voluntário que beneficia Viçosa é o Instituto Vida localizado no bairro Laranjal. Ele é uma associação civil sem fins lucrativos, fundado na Paróquia de São João Batista em 2010. O objetvo é atender as necessidades das comunidades nas áreas de cidadania, ética, responsabilidade social, educação, cultura, meio ambiente e esporte. O Instituto Vida de Viçosa tem características que o diferencia de muitas organizações com atuações similares: foi criado na comunidade, pela comunidade que o dirige, define e implementa todas suas ações. Muitas reuniões foram feitas, num primeiro momento, para se conhecer as pessoas da comunidade e a realidade por elas enfrentada. À partir disso, as dinâmicas e aulas que vão da matemática até o treinamento para garçons foram desenvolvidas. Hoje, as atividades idealizadas pelos fundadores do Instituto abrangem esporte e lazer,
formação profissional, meio ambiente, promoção social, nutrição e saúde, arte e cultura. O projeto social envolve crianças, adolescentes e adultos. O professor de informática Victor Santos conheceu o projeto por meio de um aluno, logo se interessou pelo objetivo de tirar as crianças da rua e oferecer um desenvolvimento de habilidades para o futuro profissional. Assim que soube que precisavam de um colaborador nas aulas de informática, Victor se dispôs. “Pensei assim que eu não ia gostar inicialmente só que agora apaixonei. Lá onde que eu trabalho, eles tentam arrumar pra mim um horário na terça e na quinta só que eu falo: neste horário não pego, porque eu já tô focado no objetivo que é aqui com os meninos que eu adoro essas crianças aqui. Por isso que eu vim pra cá”, diz o professor voluntário. Outra iniciativa oferecida pelo Instituto é o Cine-eco que integra o cinema, meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Ele tem como objetivo principal a exibição gratuita de filmes com temas rela-
Equipe O Expresso
Instituto Vida auxilia na educação com trabalhos voluntários
Oficinas e aulas são oferecidas para adolescente e crianças da comunidade cionados ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável para as comunidades atendidas pelo Instituto, envolvendo principalmente as crianças. A intenção é promover debates sobre o assunto e conscientizar a população envolvida acerca dos problemas relacionados à degradação ambiental. Para Sônia Leite, uma das fundadoras e também colaboradora técnica do projeto, “sempre que anunciam a sessão
logo nos primeiros minutos o salão fica cheio de crianças. O número começou a crescer de tal maneira que foi necessário alugar o espaço de um clube para atender à criançada”. As ações sociais cada vez mais chamam a atenção da comunidade, e a aceitação do projeto Instituto Vida faz com que os voluntários sintam orgulho e vontade de continuar o trabalho, fazendo planos cada vez mais ambiciosos
para beneficiar a comunidade. O Instituto faz tanta diferença na vida dos moradores que a adolescente Érika Cristina afirma que sempre convida seus vizinhos e colegas para também participarem do projeto, “eu convidei eles para vir porque é bom. Às vezes você não sabe muitas coisas e aqui você aprende, faz novas amizades. Você também ocupa o seu tempo em vez de ficar andando na rua fazendo bagunça”.
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Crise hídrica gera preocupação nos gover Prefeito decreta estado de emergência e cria comissão especial para acompanhar o abastecimento de água no município Ellen Ramos Isac Godinho Sayonara Ribeiro Larissa Martins André Carvalho Bianka Rodrigues
A
ssim como várias cidades do Brasil, Viçosa passa por uma crise no abastecimento de água. Apesar das recentes chuvas, até o fechamento desta reportagem, o índice pluviométrico não foi suficiente para melhorar os níveis dos reservatórios da cidade. Diante deste cenário no abastecimento de água no município, a Prefeitura da cidade decretou Estado de Emergência e instituiu um plano de contingência e criou uma comissão de acompanhamento da crise hídrica. Além disso, foi aprovada uma lei que torna mais severa a punição para pessoas que cometem uso indevido ou desperdício de água. Atualmente, o Decreto nº 4891/2015 determina restrições para o uso da água no município de Viçosa. Entre as medidas destacam-se a proibição do uso de água potável para lavagem de veículos, inclusive em postos de gasolina, lava-jatos ou similares; lavar calçadas, frentes de imóveis e ruas; para encher piscinas; bem como para qualquer outro uso que não seja o consumo humano e que caracterize desperdício. O decreto também prevê punição para quem for pego desperdiçando. Até então o infrator era
apenas orientado verbalmente no primeiro flagrante, notificado no segundo flagrante e multado somente na terceira vez. Agora ele será multado desde a primeira notificação e a multa passou de 2 UFM (Unidade Financeiro Municipal) para 10 UFM, o que corresponde atualmente a R$ 402,00. Em caso de reincidência, a multa terá valor dobrado e o infrator terá a ligação de água imediatamente cortada. Para denunciar pessoas e estabelecimentos que cometem o uso indevido e desperdício de água a população deve ligar para (31) 3899-5600. Ainda durante a vigência do Decreto, “ficam proibidas as festas ou eventos independentemente da quantidade de público, que tenham como qualquer espécie de atrativo
Plano de contingência A Comissão Especial de Acompanhamento da Crise Hídrica tem por finalidade verificar o andamento das ações dispostas no Plano de Contingência. De acordo com o prefeito da cidade, Ângelo Chequer, nesse plano foram estabelecidas algumas medidas para tentar controlar a situação: - A curto prazo destaca a possibilidade de suspensão das aulas nas instituições de ensino municipais, estaduais,
federais e privadas; a liberação de água de barragens privadas, a aquisição de bomba para captação do volume morto na represa do Ribeirão São Bartolomeu, na UFV e a ampliação da locação do número de caminhões-pipa para atendimento às regiões críticas de abastecimento. Ainda segundo o prefeito, no médio prazo está a ampliação da capacidade de captação e distribuição da ETA II, a instalação de um reservatório de 200 mil litros de capacidade no bairro Santa Clara e a implementação da área de proteção ambiental das bacias do Ribeirão São Bartolomeu e Rio Turvo Limpo. No longo prazo está prevista a construção de uma terceira estação de tratamento de água no município e a construção de reEllen Ramos
Iniciativa popular oferece auxilio para pessoas que enfrentam a falta de água
Curiosidades O município possui 18 regiões críticas de abastecimento, que juntas somam 4.639 economias (residências, salas comerciais e indústrias). Segundo levantamento realizado pelo SAAE, seriam necessários 2.435.474 (dois milhões, quatrocentos e trinta e cinco mil e quatrocentos e setenta e quatro) litros de água por dia para abastecimento regular desse total de economias. Considerando o abastecimento três vezes por semana de 1000 (mil) litro de água por residencia, seriam necessários o uso de 39 caminhões-pipa, trabalhando 8 horas diárias e realizando em média 6 viagens por dia.
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banho de lama, espuma, tintas e similares que tenham o condão de aumentar o consumo de água durante ou após as festividades. Também estão proibidas todas as festas, de qualquer natureza, com público superior a 600 pessoas”.
Alguns fatos e dicas sobre a água
presas na Bacia do Rio Turvo Limpo. UFV A administração da universidade também vem trabalhando na adoção de medidas que minimizem os efeitos da crise hídrica que afeta o município. Os objetivos são diminuir o consumo e promover o aumento da oferta de água nos mananciais que abastecem Viçosa e o campus universitário. De acordo com o engenheiro ambiental da Divisão de Água e Esgoto, João Pimenta, as ações começaram a ser adotadas no ano passado e já resultaram na redução do consumo de água: - Dentre as medidas usadas pela instituição estão a implementação de hidrômetros novos nos prédios, para assim conferir a quantidade de água que é gasta nessas edificações, o uso de água não tratada em atividades de construção e manutenção de imóveis e a substituição de destiladores por purificadores nos laboratórios. Recentemente a Universidade também aumentou a capacidade de reserva de água em cerca 12% para o fornecimento da cidade e do campus, promoveu a perfuração de três poços artesianos, alterou o cardápio no Restaurante Universitário, reduziu o horário de funcionamento da biblioteca central, suspendeu as reservas no Hotel do Centro de Ensino de Extensão (CEE) e as atividades na piscina do Diretório Central dos Estudantes (DCE), além de ampliar o rodízio de abastecimento de
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rnantes e moradores da cidade de Viçosa
Represa para captação está abaixo do nível normal e moradores da cidade enfrentam falta de abastecimento de água água em setores do campus. Segundo João Pimenta, com essas medidas a UFV conseguiu reduzir em 20% o consumo de água. Problema já afeta bairros altos Nas redes sociais é comum encontrar reclamações de moradores sem água em casa, mesmo quando não é dia de racionamento. Um desses casos é a da estudante Miriam Grossi, moradora do bairro Clélia Bernardes. A jovem conta que ela e os pais chegaram a ficar três dias seguidos sem água no apartamento onde moram, e que em algu-
mas vezes conseguiam pegar água em uma torneira na garagem, pois a pouca quantidade que o prédio recebia não chegava ao apartamento deles, no terceiro andar. Segundo a estudante, o mais difícil era não ter água para beber, ou mesmo para cozinhar. Outra dificuldade enfrentada foi em relação à higiene pessoal. Muitas vezes tiveram que recorrer ao auxílio de outros familiares e amigos para que pudessem tomar banho. Miriam Grossi diz que é uma sensação muito ruim abrir a torneira e não sair uma única gota de água. Além dis-
so, há um sentimento grande de que essa situação pode se repetir se não chover o suficiente. Para evitar ficar sem água novamente, a jovem mantém baldes e galões de água estocados, para eventuais necessidades. E para evitar que a crise se agrave, Miriam fala que a família se empenhou ainda mais na economia de água desde que sentiu o que é realmente a falta de água em casa. Eles também reaproveitam água da máquina de lavar, utilizam garrafas pet para ocupar a caixa de armazenamento do vaso sanitário, fazendo com que o desper-
dício seja menor durante a descarga. Além disso se conscientizaram da importância de tomar banhos mais rápidos e evitar qualquer forma de desperdício de água. A solidariedade na seca Uma ação inusitada chamou a atenção das pessoas que têm o costume de circular pela rua Doutor Horta, no centro da cidade. O morador Márcio Santana colocou no portão de sua casa uma mangueira e uma placa com os seguintes dizeres: “Essa água é do nosso poço, pode pegar”. Márcio Santana disse que optou por compartilhar a água
por ver que muitas pessoas estavam reclamando da falta de água. Ele acrescentou que desde criança seu pai tinha um poço artesiano em casa e quando a situação ficava crítica, era comum os moradores das redondezas pegarem água da sua casa, que ficava na Avenida Santa Rita. - Até então não veio muita gente pegar água. Acredito que isso se deve à distância entre os lugares que faltam mais água e onde moro – afirmou Márcio Santana. A equipe procurou o SAAE mas os responsáveis não foram encontrados para dar mais onformações sobre o assunto.
A vazão atual de entrada do Ribeirão São Bartolomeu é de 30 litros por segundo. O SAAE capta desta bacia 35 litros por segundo e a UFV capta para abastecimento próprio cerca de 10 litros por segundo. A soma das duas captações e a ausência de chuvas gera um déficit diário de 15 litros por segundo na represa. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o ser humano vive bem utilizando apenas 150 litros de água por dia. Segundo o relatório apresentado pelo SAAE em Viçosa e população gasta em média 180 litros por dia por pessoa.
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Onda de violência toma conta da cidade Mariana Barbosa
Moradores e estudantes andam pelas ruas amedrontados pela possibilidade de sofrerem algum tipo de violência
Policiamento nas vias públicas de Viçosa se intensificou nos últimos meses por conta do aumento significativo na criminalidade Aline Soares Lucas Alves Malena Stariolo Mariana Barbosa Tábatha Valentim
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ano de 2015 vai ficar marcado na história de Viçosa e de quem passou por aqui, e não de uma forma positiva. Uma onda de assaltos tem assustado a população nas últimas semanas. Gibran Brumano, estudante do curso de Secretariado Executivo da UFV, foi assaltado na Rua dos Passos logo após ter saído da aula. Eram dois assaltantes que o cercaram e o jogaram contra a porta de uma loja, acabaram levando seu celular. O estudante conta que sua mochila só não foi levada por conter apenas livros. Ele não procurou a polícia e nem fez o Boletim de Ocorrência (BO), pois já tinha bloqueado o celular através da operadora e os policiais não poderiam rastreá-lo. Além disso, relata já ter presenciado outros assaltos onde a polícia foi chamada, mas também não apareceu. - Ando muito desacreditado na ação dos policiais, porque essa situação é cíclica, tem horas que aumentam e
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outras que diminuem. Não é raro encontrar notícias de roubos até mesmo nos lugares mais movimentados e na própria universidade. Junto com esses casos, aumenta também a insatisfação de quem mora por aqui, já que é difícil ver casos solucionados, onde os pertences são recuperados e, além disso, os processos para manter os assaltantes detidos não dependem apenas dos policiais. Um desses casos é o de Cláudia, que já foi assaltada duas vezes em Viçosa. O último episódio aconteceu na rua Floriano Peixoto, em frente a um restaurante movimentado. Ela e uma amiga foram abordadas por dois indivíduos que levaram 2 celulares e dinheiro. Ela conta que a polícia prontamente chegou ao local e realizou o boletim de ocorrência. A falta de uma delegacia regional na cidade faz com que policiais e viaturas, das 18h até as 6h, se deslocarem até Ubá para que os delitos sejam prescrevidos. E é nesse período que a maioria dos assaltos ocorrem, segundo relatos das vítimas. Além disso, de acordo com o tenente Leonardo José Campos, da Polícia Militar, responsável pela segurança no centro da
cidade e, mais recentemente, no campus da UFV, o contingente de policiais é muito baixo para cobrir a cidade e a universidade, deixando as pessoas mais vulneráveis a esse tipo de violência. O resultado disso são os inúmeros assaltos que ocorrem todos os dias na cidade, o que gera revolta dos moradores que, em meio a tantas situações sem solução, encontram nas redes sociais (grupos do Facebook) uma alternativa para expressarem sua indignação com o problema. A universitária Maria (nome fictício), residente do bairro de Lourdes conta que teve sua moto roubada na porta de casa. Maria relata que, após ligar para a polícia, foi instruída para esperar em sua casa por uma viatura, passada uma hora e meia de aguardo nenhuma unidade foi até sua residência, fazendo que Maria fosse até a delegacia reportar o crime. - Para me prevenir de novos assaltos pedi ao meu namorado que comprasse um spray de pimenta e uma arma de choque, que carrego na bolsa. Quando estou sozinha na rua, principalmente à noite, levo na mão mesmo. Mesmo que a intenção seja se proteger, a compra de um
spray de pimenta não é algo que deve ou possa ser feito de maneira simples. Ainda este ano foi aprovado o Projeto de Lei 7785/14, que autoriza a comercialização de spray para uso exclusivo de defesa pessoal, mas para realização da compra os estabelecimentos devem demonstrar a forma correta e segura de usar o produto. Além disso, o cliente que tiver sua compra aprovada deverá ter em mãos o certificado sempre que andar com o spray na rua. Caso algum policial peça o certificado de autorização e a pessoa não o tenha, o produto será confiscado. Esse projeto ainda será analisado pelas comissões de Segurança Pública. Por enquanto, o spray de pimenta é controlado pelo Exército e só pode ser usado por forças de seurança. Apesar de carregar esses objetos, Maria conta que ainda não se sente segura e por isso passou a estudar sobre o funcionamento do aparato de segurança do Estado. De acordo com ela “os bandidos estão confortáveis em assaltar a população a qualquer hora do dia ou da noite”. Outra estudante vítima desses assaltos é Angélica (nome fictício). O fato ocorreu na entrada do bairro
Clélia Bernardes por uma dupla adolescentes, armados e em uma moto, que levaram seu celular. Após o ocorrido Angélica menciona que viu outras publicações nas redes sociais de pessoas que foram assaltadas pelos mesmos jovens, na mesma rua. Assim como no caso de Maria, a polícia não foi até o local. - Fui à delegacia para acompanhar o BO e os ‘meninos’ já foram identificados e liberados pelo juiz. Os objetos não foram encontrados e segue a onda de assaltos em Viçosa no mesmo estilo. Por mais que a Polícia Militar se esforce para atender essas ocorrências e coibir o crime na cidade, a situação ainda é crítica e a maioria dos casos não foram solucionados. A certeza da impunidade acaba provocando a reincidência dos crimes. O tenente Leonardo José Campos diz que medidas de levantamento, identificação e recolhimento de criminosos já estão em ação. A situação é ainda mais agravada por fatores como o baixo contingente policial, segundo o tenente “talvez o mais baixo do Estado”, e o fato de que os criminosos têm de ser transportados para a delegacia de Ubá pela equipe que atendeu a ocorrência.
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E a violência dentro do campus da UFV? Mariana Barbosa
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pesar de acontecer com mais frequência na cidade, a UFV não está de fora desse cenário de violência. Segundo o diretor de Segurança Patrimonial e Comunitária da Universidade Federal de Viçosa, José Otávio Monteiro, a universidade já está articulando medidas para coibir essas ações criminosas. O vídeomonitoramento de pontos estratégicos no campus, em conjunto com a ronda dos vigilantes da instituição, parceria com a Polícia Militar, e a avaliação de um plano de segurança para orientar essas ações já estão em funcionamento. - A gente tem o vídeomonitoramento que assessora bem na atuação dos vigilantes e vigias, muito embora os vigias tenham uma função mais limitada, como vigias-porteiros ficam mais na guarda patrimonial e no controle de acesso aos prédios. Porém, algumas questões prejudicam o andamento do trabalho como, por exemplo, os cortes orçamentários, a grande extensão territorial do campus e a dificuldade de controle dos pontos de entrada e saída da Universidade. Apesar disso, José Otávio afirma que a segurança dentro da UFV é imprescindível. - A gente tem que ter a certeza de que o campus universitário da UFV é um ponto em que é utilizado não só por professores e alunos, que são os atores principais [...], mas a população de Viçosa utiliza o campus para a prestação de serviços. Aqui nós temos supermercado, rede bancária, Correios, então, é uma cidade dentro da outra e com isso tem os problemas de uma cidade. Ainda assim, os casos de assalto dentro do campus continuam constantes. O diretor ainda afirma que a falta de mercado de trabalho na cidade e o tráfico de drogas, especialmente o que ocorre por meio do escambo (troca de mercadorias por drogas), são fatores na onda de violência que corre por Viçosa, onde a desigualdade social e o vício de uma parcela específica da população estimulam o surgimento de novos casos e
Parceria entre Polícia Militar do município e vigilância da UFV busca aumentar a segurança no campus reincidência dos já existentes. E em caso de ocorrência dentro do campus? A estudante Bruna Santos foi uma das vítimas de uma abordagem feita por dois adolescentes, que estavam armados. Ela diz que não era possível saber se a arma era verdadeira, mas foi suficiente para deixar ela e o namorado assustados. Bruna voltava de uma caminhada e só não teve os pertences levados porque estava sem nada. Segundo ela, ainda eram 20:30 horas, que é um horário de movimentação em que vários alunos estão retornando das aulas. - “Um deles mostrou um revólver e falou: “Perdeu, perdeu, passa tudo!” Foi agonizante. (...) Eles viram que realmen-
te a gente só estava com a roupa de ginástica, aí falaram para gente correr rápido e não chamar a polícia. Mas e se o assalto realmente ocorresse, como Bruna deveria reagir? Segundo José Otávio, o mais indicado é procurar a própria vigilância da UFV ou a Polícia Militar dentro do próprio campus. A gente dá todo suporte necessário nesse início, inclusive o amparo que a vítima precisa, para ir até uma delegacia se for o caso, para formalizar esses dois Bos [Boletim de Ocorrência]. Quando ocorre um fato, um delito, normalmente a pessoa, ela vem por livre e espontânea vontade ou através do contato com o vigilante. Eles trazem a pessoa até aqui para verificar as imagens dis-
poníveis ou mesmo apresentar as características físicas do autor para que possa auxiliar de pronto na investigação e na autoria do delito. O diretor de Segurança Patrimonial e Comunitária da UFV afirma que a presença da Polícia Militar dentro da área do campus é legal
e essencial para inibir, coibir e atuar com mais agilidade nos casos de delito: É uma falácia quando se fala em território federal que a Polícia Militar não possa entrar, isso não é verdade, não tem nenhum impedimento legal – declara José Otávio.
TELEFONES ÚTEIS Vigilância UFV (31) 38992176 Polícia Civil 197 Polícia Militar 190 9
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Serviços de Saúde são oferecidos de graça Entenda os benefícios do SUS e saiba como funcionam os atendimentos nos hospitais e postos de saúde Leonardo Fonseca
Ana Eduarda Ferreira Leonardo Fonseca Marina Gontijo
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artigo 196 da Constituição Federal assegura a todos os cidadãos o direito à saúde e compete ao Estado o dever de assegurá-lo. O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. O SUS foi criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira com a intenção de abranger desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. Nos municípios, as Secretarias de Saúde locais são os órgãos do governo responsáveis pela administração desses recursos, empregando-os em serviços a serem prestados à população. A população de Viçosa conta com serviços que vão desde atendimentos básicos e preventivos, até emergências e outros procedimentos mais complexos. De acordo com o Chefe do Departamento de Redes de Atenção à Saúde, Cléverson Coutinho, para serviços ligados à prevenção e promoção da saúde, Viçosa possui 17 unidades de atendimento do Programa Saúde da Família (PSF). Estas unidades
A distribuição gratuita de medicamentos é um dos serviços oferecidos pelo SUS para a população viçosense foram alocadas nos bairros segundo critérios geográficos e dão 65% de cobertura à população da cidade. Os outros 35% ocorrem por meio de atendimentos na policlínica. As pessoas devem buscar suporte nos postos de saúde de acordo com o bairro onde moram e aqueles cujos bairros não possuem PSF devem procurar a Policlínica.
Os hospitais São Sebastião e São João Batista também prestam atendimento pelo SUS. O primeiro tem recursos para atendimentos de obstetrícia, ginecologia e pediatria. Já o segundo, presta serviços ligados a casos de emergência. É importante que a população usuária do SUS saiba que casos de emergência não são especialidade dos postos de saúde
Assistência Social e saúde pública O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é um órgão da Secretaria Municipal de Assistência Social de Viçosa que funciona no município há 11 anos. Atualmente, o CRAS se divide em duas repartições: o CRAS sul, responsável pelos bairros localizados ao sul do rio da cidade, e o CRAS norte, que engloba os bairros ao norte do rio. Ambos realizam os mesmos programas e atendimentos. A Secretaria Municipal de Assistência Social oferece proteção social básica e especial através de seus Centros de referência. O trabalho realizado por estes Centros ocorre basicamente na forma de acompanhamento às famílias e através dos programas sociais oferecidos. Os principais objetivos são atender às necessidades psicológicas e sociais das pes-
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soas e trabalhar as relações nas famílias e comunidades. De acordo com a coordenadora do CRAS Norte de Viçosa, Maria José Pena, apesar dos vários anos de trabalho, os serviços prestados pelo órgão ainda são muito desconhecidos pela população. No que diz respeito aos serviços ligados à saúde pública, o CRAS atua em parceria com o Programa de Saúde da Família (PSF) oferecendo serviços de acompanhamento às famílias atendidas nos postos de saúde: - Os PSF’s identificam as famílias que estão em vulnerabilidade, encaminham para o CRAS e nós prestamos o atendimento ou fazemos a intermediação com o órgão que vai auxiliar essa família. Também conversamos com os agentes do SUS para eles saberem o
que nós podemos oferecer e encaminhar. - explica Maria José. O acompanhamento se dá através de visitas domiciliares feitas por psicólogos do órgão e encaminhamento de benefícios eventuais. Logo, aqueles que precisam de declaração de hipossuficiência (carência parcial ou total de algo) para ter acesso a benefícios como cesta básica, passagens para realização de consultas, exames e cirurgias, podem procurar atendimento no CRAS. Além dos serviços básicos oferecidos pelo Centro, frequentemente são promovidas oficinas, palestras e grupos de reflexão para toda a comunidade. Mais informações sobre o órgão e os serviços prestados por ele podem ser adquiridas pelos telefones: 3892-4494 ou 3891-7769.
e que estes estão voltados para atendimentos de prevenção. Postos de Saúde Cada PSF possui seis agentes de saúde que têm contato direto com as famílias e são responsáveis por orientar os usuários para a utilização adequada dos serviços de saúde. Além das consultas e procedimentos iniciais, todos os encaminhamentos posteriores ao atendimento nos PSF’s são oferecidos gratuitamente pelo SUS. De acordo com Cléverson Coutinho, aqueles que precisam de exames, consultas com especialistas, cirurgias e outros serviços que não são oferecidos em Viçosa têm direito ao transporte gratuito para outras cidades: - Chamamos esses serviços de TFD, Tratamento Fora de Domicílio. Quase todo dia temos carros que levam pacientes de oncologia e outros tratamentos especializados que não
estão disponíveis em Viçosa, para outras cidades. O acesso ao serviço acontece através do sistema SUS Fácil, que com os dados do Cartão SUS do paciente, permite o agendamento para tratamento em outras cidades. A demora acontece de acordo com a demanda e com a especialidade médica procurada - explica Cléverson Coutinho. Todas as pessoas têm direito a atendimento pelo SUS, mas para usufruir dos serviços executados por ele, os usuários devem possuir o Cartão Nacional de Saúde, que é identidade do usuário no Sistema. Em Viçosa, a Secretaria de Saúde realiza todos os dias o cadastramentos e emissões dos cartões. Os interessados podem obter mais informações pelo telefone 3892-6662 ou na Secretaria de Saúde, localizada na Rua Gomes Barbosa, nº 803, Centro, nos fundos do antigo Colégio Viçosa.
VOCÊ SABIA? Além dos atendimentos, o SUS também disponibiliza medicamentos gratuitamente em farmácias públicas. A lista desses medicamentos é a Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) e pode ser encontrada no portal do Ministério da Saúde (portalsaude.saude.gov.br). Em Viçosa, a Farmácia do SUS fica na Rua Francisco Machado, nº 47, Centro.
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Inovação é marca em pesquisas na UFV Luciano Moura
Pesquisadores têm laboratórios de ponta para suas pesquisas e querem chegar a nível industrial
Laser é utilizado para se ter a identidade de amostras em estudos ópticos e se baseia no espalhamento inelástico das cores
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Universidade Federal de Viçosa (UFV) se destaca dentre as outras universidades não só no Brasil, mas também internacionalmente quando o quesito é pesquisa, tendo ao decorrer dos anos ganhado prêmios que confirmam o potencial dos pesquisadores da instituição. As pesquisas que vão desde Iniciação Científica à Pós-Graduação se dão em vários casos a partir de grupos de estudos oferecidos nos departamentos da universidade. Na UFV o órgão que apoia os pesquisadores é a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG). Esta, por sua vez, procura incentivar a pesquisa em diversos âmbitos para que assim a Universidade tenha uma participação ainda maior no desenvolvimento científico e tecnológico do país. Para que isso aconteça, ela conta com um corpo de 21 trabalhadores. Dentre os projetos há sempre aqueles que possuem um caráter inovador. É o caso da pesquisa desenvolvida pela professora Valéria Monteze, do Departamento de Bioquímica. - A minha pesquisa é sobre
o etanol de segunda geração, extraído do bagaço da cana. Ele é produzido da fermentação que é o mesmo processo biológico utilizado para fazer a cerveja e o vinho - explica. Porém, esse tipo de etanol não compete igualmente com o de primeira geração, apesar de possuir a mesma eficiência. De acordo com a professora, isso acontece porque o etanol de 1ª geração é produzido a partir do caldo de cana, onde os açúcares estão livres. Já o de 2ª geração exige um processo com mais etapas pela maior dificuldade na obtenção destes açucares, que estão alojados no bagaço da cana. O processo de produção desse etanol se dá a partir de uma enzima que até então é importada. - Nossa pesquisa ainda está em andamento, porém um dos nossos objetivos é produzir a enzima a um preço muito mais baixo do que pagamos ao importar, proporcionando uma grande economia. Espalhamento da luz Outro exemplo de inovação em pesquisa é a “ Espectroscopia de Raman” desenvolvida pelo professor de Física da UFV, Luciano Moura. A pesquisa se baseia no espalhamento inelástico da luz, e a partir dessa técnica se obtém
a identidade da amostra analisada, podendo ser aplicada tanto em estudos com objetos de arte como na área da saúde, por exemplo. A identidade própria de cada material está nas frequências luminosas refletidas pelo laser. Os dados colhidos são transformados em gráficos após a análise. Com isso, podemos observar que amostras que, até então, pareciam idênticas, na verdade carregam uma identidade diferenciadas uma da outra. - Através dessa técnica podemos, por exemplo, saber se uma obra de arte é verdadeira ou não. Lançamos o laser sobre a obra e a partir das variações de cores captadas no processo é possível saber o material que a tinta é feita. Ao analisar os pigmentos presentes na tinta sabemos de qual época ela édiz Luciano Moura. Um diferencial desse projeto é não se limitar a uma área específica, ou seja, essa técnica não se adequa somente à física, abrangendo assim, estudos relacionados também à biologia. O uso dessa técnica associado ao trabalho de pesquisadores da área da biologia pode permitir um estudo mais aprofundado das moléculas. Estudando cada uma indivi-
dualmente permite então um maior conhecimento destas em diversos aspectos que influenciam na saúde. Então, a Espectroscopia de Raman pode auxiliar também no tratamento de doenças. O professor destaca os recursos existentes que permitem o desenvolvimento do trabalho. - Hoje os laboratórios estão mais equipados e as tecnologias mais evoluídas. Na época que eu era graduando não era assim, os equipamentos eram maiores e eu não tinha essa
estrutura- lembra Luciano Moura, que atualmente conta com um laboratório equipado para seu trabalho na pesquisa. As pesquisas inovadoras realizadas na UFV gerarão grandes resultados a longo prazo. Até o momento, se encontram voltadas para o meio acadêmico. Isso acontece porque ainda estão em fase de teste e os pesquisadores ainda estão na expectativa de levar seu trabalho a nível industrial, ou seja, espera-se que o produto ou técnica sejam reconhecidos no mercado. Gustavo Sobrinho
Jéssica Alana Tiago Sacramento Gustavo Sobrinho
Professor Luciano Moura, especialista em física óptica, utiliza espectômetro em seu experimento
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Esporte como ferramenta de inclusão Carla Teixeira
Projetos sociais buscam encontrar talentos e melhorar a qualidade de vida das crianças através do esporte Carla Teixeira Mariana Barbosa Marina Gontijo Tábatha Valentim
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prática esportiva é benéfica em vários sentidos, tanto para corpo quanto para a mente. Além de proporcionar uma vida mais saudável fisicamente, os esportes são poderosas ferramentas de inclusão social e possuem um papel transformador na vida de muitas crianças e adolescentes, estimulando a superação de barreiras e ensinando noções de solidariedade, respeito às diferenças e disciplina. Visando uma maior inclusão social, a Lei de Incentivo ao Esporte de dezembro de 2006 permite que empresas e até mesmo pessoas físicas invistam parte do que pagariam como imposto de renda em projetos esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte. Ou seja, a lei representa um incentivo do governo para a criação de projetos que coloquem o esporte na realidade de diversas crianças em condições adversas. Um dos projetos gratuitos desenvolvidos em Viçosa é o Fábrica de Campeões. O trabalho teve início em março
O projeto Fábrica de Campeões oferece aulas de jiu-jitsu e submission de graça para crianças e adolescentes deste ano e tem como objetivo principal tirar as crianças das ruas e descobrir novos talentos. Podem participar estudantes de 10 a 17 anos, de escola pública e com renda familiar máxima de 1,5 salário. Wagner Gomes, conhecido como Wagnão, é lutador de MMA e faz parte da coordenação do
Fábrica de Campeões. - O objetivo do projeto é tentar descobrir talentos, tirar a molecada da rua, mostrar disciplina, mostrar a hierarquia, toda a questão de graduação que a luta tem. Então tem que respeitar o mais graduado. Se ficar sabendo que brigou na rua ou no colégio é
Marina Gontijo
Projeto social oferece aulas de dança
As crianças do projeto podem fazer ballet, danças contemporâneas e urbanas O Projeto Voar, da Academia Núcleo de Arte e Dança em parceria com o Instituto Asas, de Viçosa, existe há 8 anos e é um exemplo de que a dança também pode ser uma grande aliada da inclusão social. O projeto, que hoje atende 70 alunos, objetiva encontrar crianças com talento e aptidão física para dançar e são oferecidas aulas gratuitas de ballet, danças contemporâneas
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e urbanas. A coordenadora do projeto, Kátia Vitalino, percebe os resultados das aulas na melhoria do comportamento das crianças: - Nós temos muitos relatos de professores e diretores de escola que falam pra gente ‘gente, que coisa boa que foi essa criança estar participando’. Eles nos procuram e dizem que o comportamento das crianças mudou e que elas
estão mais interessadas em estudar. – diz a coordenadora. Para fazer parte do Projeto Voar é necessário participar das pré-seleções que são feitas em algumas escolas públicas. As crianças entram com idade entre 8 e 9 anos e podem permanecer durante o tempo que desejarem. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone da Academia Núcleo de Arte e Dança 3891-2374.
expulsão na hora – diz Wagnão. O treinador das crianças do projeto Fábrica de Campeões, Robert Rodrigues, o Bochecha, fala que a relação dele com as crianças é muito boa, que elas o veem como amigo e o respeitam como treinador. Ele também se orgulha por conseguir perceber a evolução dos alunos: - Dá pra perceber uma melhora dos alunos não só na luta como também na escola. Uma mãe de um aluno veio conversar com a gente para agradecer e falar que as notas do boletim do filho aumentaram – conta Robert Rodrigues. O projeto Fábrica de Campeões é gratuito e oferece aulas de jiu-jitsu e submission. Os interessados podem se informar pelo telefone 3891-5800. Esporte e educação Outro projeto esportivo de cunho social é o “Bom de nota, bom de bola”, ele existe em Viçosa desde 1997 e teve início através de uma parceria entre o Governo Federal e a Prefeitura Municipal de Viçosa. Realizado pelo Departamento de Programas Sociais Esportivos. Mariana Calabria Lopes é a atual coordenadora do projeto e afirma que o objetivo comum de todas as modalidades esportivas envolvidas é promover a prática esportiva, e através disso melhorar o rendimento dos alunos, por isso
ele leva esse nome. - A ideia inicial era tentar melhorar o rendimento dos alunos dentro da escola com a prática de atividade física, porque ela traz melhorias para a parte cognitiva de concentração e beneficia os alunos na escola. Então o nome do projeto seria nesse sentido, e não e no sentido de o aluno ter que tirar boas notas para participar - esclarece Mariana Lopes. Desde 2014 o projeto da Prefeitura Municipal conta com a parceria da Universidade Federal de Viçosa. São oferecidas as modalidades esportivas: futebol de campo, futsal, handball, judô e jiu-jtsu. Para as crianças de 6 a 10 anos, é oferecida a “iniciação esportiva geral” que engloba diversas atividades motoras e físicas destinadas à formação de uma base cognitiva e motora. Todas as atividades são trabalhadas por 6 monitores, graduandos de Educação Física, que passaram por um processo de capacitação. Para participar do projeto “Bom de nota, bom de bola”, é necessário procurar o Departamento de Esportes e Lazer da Prefeitura Municipal de Viçosa e ter em mãos um comprovante de matrícula de alguma escola pública da cidade. O Departamento de Esportes e Lazer está funcionando provisoriamente na rua Domiciliano Lopes de Faria, 294, no bairro João Braz.