OutrOlhar 46 - Junho 2016

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Sayonara Ribeiro

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO ● ANO 13 - EDIÇÃO Nº 46 ● JUNHO DE 2016

Educação para o trânsito

Alto número de acidentes na cidade mobiliza campanha de segurança no trânsito

pág. 6

Disseminação do discurso de ódio na web pág. 3

Leonardo Pereira

Reprodução

A liberdade de expressão por vezes é confundida em certos discursos praticados na internet |

Festa de Santa Rita movimenta a cidade

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Fiéis homenagearam a padroeira de Viços no dia 22 de maio

Remédios sofrem reajuste de 12,5% em Viçosa pág. 10 Inflação no preço dos remédios superou a média do período

Professores da UFV falam sobre a crise político-econômica do Brasil

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OPINIÃO theodysseyonline.com

JUNHO DE 2016

Sobre o jornalismo que eu quero ver, fazer e representar Por Raíra Saloméa Sem obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista, os cursos de graduação precisam repensar sua grade curricular e sua função formadora para o mercado. Num período crítico para o jornalismo brasileiro, a construção dessa mudança atinge pontos mais densos do que academia esperava chegar. Não é sobre a necessidade ou não de diploma que o cursos de Jornalismo precisam debater. É sobre como se tem dado o exercício da profissão nos últimos anos, sobre quais interesses tem se estruturado, sobre a função do jornalismo e do jornalista nos nosso dias. Com a web 2.0 e o domínio popular dos meios de comu-

nicação online, os modos de se fazer jornalismo mudaram, assim como a quais perguntas a informação tem agora que responder. Se o furo de reportagem não pertence mais ao repórter, cabe a ele o cuidado da apuração, o tempo da elaboração e, consequentemente, a fuga dos meios tradicionais de se fazer comunicação. É tempo de superar o básico e não ser repetidor de discursos. E, para isso, é preciso que a academia os reconheça primeiramente. Os antigos manuais da Folha de São Paulo e outros grandes jornais terão sempre seu valor mas, outros manuais tem sido lançados para auxiliar o jornalista a modificar discursos amplamente difundidos pela mídia, consciente ou inscons-

O jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV - MG) é produzido para os estudantes do Ensino Médio das escolas públicas do município e adjacências. Atualmente o jornal encontra-se sob a responsabilidade da turma de 2014, na disciplina COM 452 - Jornal-Laboratório II. EDITOR GERAL Prof. Ricardo Duarte Gomes da Silva EDITOR DE ARTE Diogo Rodrigues PRÉ-DIAGRAMAÇÃO Carla Teixeira, Tiago Sacramento, André Luiz Bernardes e Larissa Abreu

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cientemente. São manuais que estrapolam a técnica e partem para os sentidos. Por exemplo, a ONG Think Olga lançou este ano o Minimanual do Jornalismo Humanizado, que reúne um conjunto de regras básicas para evitar erros clássicos em notícias que envolvem as mulheres, o racismo e a transfobia. Também este ano o Instituto Patrícia Galvão Mídia e Direitos lançou o Dossiê Violência contra as mulheres que visa contribuir para uma cobertura jornalística contextualizada, crítica e aprofundada sobre esse problema no Brasil. Em 2013, segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo, 43% da população não se reconhecia na programação que assistia pela TV. Cerca de 25% dos entrevistados se dizia

retratado negativamente pela mídia. Entender a crise de representatividade que tem feito movimentos sociais de toda ordem reagirem é um dos grandes desafios para os pesquisadores, professores e profissionais de jornalismo. As mulheres, os negros, a comunidade LGBTS tem lutado pela voz e pela visibilidade midiática e contra os padrões econômicos, sociais, sexuais e corporais impostos pela mídia. Na contramão de tudo isso o debate amplo dessas barreiras e a prática das soluções estão longe dos cursos e da grande maioria dos veículos de imprensa. A não democratização dos meios de comunicação também costuma ser discurso raso nas grades curriculares, que passa pela identificação

EDITORES E REDATORES Alice Martins, André Bernardes, Bianka Rodrigues, Carla Teixeira, Ellen Ramos, Gustavo Sobrinho, Isabela Lopes, Isac Godinho, Jéssica Alana, Larissa Abreu, Larissa Martins, Leonardo Ferraz, Leonardo Pereira, Letícia Gusmão Luana Mota, Lucas Alves, Malena Stariolo, Marina Gontijo, Marina Wan-derMaas, Maria Clara Epifania Mariana Barbosa, Raíra Saloméa, Sayonara Ribeiro, Sérgio Félix, Tábatha Valentim, Tiago Sacramento e Wesley Vieira

COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO Profª. Mariana Ramalho Procópio

REITORA Profª. Nilda de Fátima Ferreira

Os textos assinados não refletem necessariamente a opinião da instituição ou do Curso, sendo da responsabilidade de seus autores e fontes. Cópias são autorizadas, desde que o conteúdo não seja modificado e que sejam citados o veículo e o(s) autor(es).

DIRETORA DO CCH Profª. Maria das Graças Floresta CHEFE DO DCM Prof. Ricardo Duarte Gomes da Silva

ENDEREÇO Prédio Prof. Fábio Ribeiro Gomes, 2º andar Campus Universitário, CEP 36570-900 Viçosa - MG. Tel.: 3899-4502 www.com.ufv.br || outrolharufvmg@gmail.com

do problema mas nunca pela legitimidade do jornalismo alternativo que a contrapõe ou quiçá pelo reconhecimento das mídias públicas e comunitárias. Quão distantes ainda estamos da extensão prática. Saímos da unviversidade com a ilusão de sermos profissionais sem moldes, dispostos a fazer o novo. Mas só estamos enquadrados no mesmo formato do que já deu certo, mas não dá mais, sob o viés do repaginado. É urgente se falar de um jornalismo humanizado. E é urgente praticá-lo, dentro e fora da academia. E que ninguém se esqueça que o ensino vem antes da prática, e as práticas se dão por todos os meios, sejam posts do Facebook ou grandes reportagens.


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CIDADES

Sinal verde para a segurança no trânsito ‘Maio Amarelo’: campanha de conscientização de motoristas e pedestres foi realizada pelo DETRA de Viçosa A mobilização em relação ao trânsito ganhou muita força quando a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou o período de 2011 a 2020 como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”. A partir disso, no ano de 2014, surgiu um movimento conhecido como “Maio Amarelo”, cujo objetivo era promover ações conjuntas entre o poder público e a sociedade civil, com foco de conscientização sobre segurança no trânsito e respeito às leis. O “Maio Amarelo”, em Viçosa, não passou despercebido. Coordenado pela Divisão de Educação de Trânsito do Departamento de Trânsito (Detra) da Prefeitura Municipal de Viçosa, o movimento foi marcado pela sensibilização de motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres. Foram espalhadas faixas em pontos estratégicos da cidade, além de uma divulgação massiva pelas redes sociais da Prefeitura. A principal ação desenvolvida aconteceu na Praça Silviano Brandão, onde foram exibidos vídeos e animações para adultos e crianças, além da distri-

buição de materiais educativos e de conscientização. Em parceira com o Corpo de Bombeiros, também foi realizada a simulação de um resgate em caso de acidente de trânsito. Segundo a psicóloga Juliana Ladeira, Chefe da Divisão de Educação de Trânsito do DETRA, o objetivo das ações é fazer com que as pessoas pensem sobre trânsito e sempre discutam sobre o assunto, pois só assim começarão a mudar de atitude em relação ao trânsito. Conscientização Além das ações realizadas no “Maio Amarelo”, o Detra realiza muitas outras atividades durante o ano. Vários projetos são realizados, sempre respeitando a demanda da cidade. “Quando observamos um alto número de acidentes com motociclistas na cidade, elaboramos campanhas onde o foco seja esse público. E dessa maneira, planejamos nossas ações”, comenta o Chefe do Departamento de Trânsito, Pedro Henrique Pinheiro Neves. Dentre as ações contínuas realizadas, está o Programa de Educação para o Trânsito (PETRA), cujo objetivo é

Sayonara Ribeiro

Isac Godinho

Ação da Prefeitura e Corpo de Bombeiros foi promovida na Praça Silviano Brandão trabalhar com estudantes das escolas municipais. As crianças aprendem sobre segurança, leis e maneiras adequadas de se comportar no trânsito, através de aulas semanais, durante seis meses. O projeto utiliza vários métodos de ensino e aprendizagem, como vídeos educativos, dinâmicas de grupo, jo-

gos, livros, atividades em sala, tarefas para casa, aulas práticas nas ruas e aulas teóricas em sala. Além desse programa, foi criado em 2016 o Petravam (Programa de Educação para o Trânsito e Valorização ao Motorista), onde as atividades são realizadas uma vez ao

mês e o foco são os motoristas e funcionários do transporte público. “O curso busca alertar esses trabalhadores para os fatores de risco no trânsito e valorizar o trabalho deles, para que dessa maneira, eles passem a valorizar os passageiros do transporte público”, conta Juliana Ladeira.

Construção de ciclovia é prevista em projeto do IPLAM O trajeto vai atravessar a cidade passando pelas principais ruas e fazendo ligação entre centro e periferia Diogo Rodrigues

Lucas Alves

A ciclovia é uma faixa no asfalto, paralela à via dos carros, reservada para os ciclistas. Viçosa tem uma população mista, composta em grande parte por universitários. Morando fora de casa e tendo que pagar despesas extras, os estudantes muitas vezes não têm dinheiro sobrando para adquirir um carro para se locomover no sentido cidade-universidade, tendo de optar por meios de transporte alternativos caso não queiram ir a pé. A bicicleta, por ter baixo custo de compra e manutenção, é uma das opções mais adotadas pelos jovens da universidade, assim como muitos dos habitantes naturais da cidade. É possível ver por toda a cidade bicicletas em tráfego ou acorrentadas aos postes, reflexo dessa popularidade. Por conta dessa difusão da bicicleta em Viçosa, a implantação

de uma ciclovia pode ser vista como um passo natural para o trânsito de uma cidade desse porte. Um projeto de ciclovia, aliás, já pode ser observado na Rua dos Estudantes. Separado da via principal por baixos blocos de concreto, um trecho da rua é, em teoria, destinado aos ciclistas. Porém a falta de sinalização e o espaço apertado da via fazem com que o espaço reservado para as bicicle-

tas seja sempre invadido por carros. Apesar disso, a rua já vem sido reformada de forma a integrar o projeto de ciclovia desenvolvido pela Prefeitura. Segundo o diretor do Instituto de Planejamento Municipal (Iplam) de Viçosa, Romeu Souza da Paixão um dos planos da atual gestão do Instituto é de completar o projeto de uma grande ciclovia, interligando o centro do município

com a periferia, seguindo os antigos trilhos de trem que atravessavam a cidade. Uma base para a ciclovia inclusive já está sendo implantada na Rua dos Estudantes como parte da reforma pela qual a rua vem passando. Segundo o diretor, essa medida vai trazer impactos positivos, tanto para os ciclistas quanto para os usuários de carros, incentivando a atividade física para a população e diminuindo o trânsito, evitando acidentes em geral. Apesar disso, o projeto ainda pode encontrar contratempos. Romeu diz que é um processo demorado e que passa por várias fases. “Primeiro se dá a criação do projeto arquitetônico, onde se analisa

a viabilidade técnica, o espaço físico e a adequação do espaço onde vai ser implantada a ciclovia. Em seguida se faz a orçamentação, que tem de ser aprovada antes da execução da obra”, conta. A obra pode ainda ficar parada por falta de verba ou até mesmo com a mudança de gestão que vem com as eleições municipais no segundo semestre, que pode simplesmente escolher deixar o projeto “de molho”. Ciclovia na UFV? Ao ser questionado quanto a possibilidade da construção de uma ciclovia na reta da UFV, Romeu não a descarta. “Até pode, mas a iniciativa tem que vir da UFV, não da gente”, afirma. Segundo ele há um embate entre as legislações do munícipio e da Universidade, mas com um projeto vindo da UFV e apoio de mão de obra técnica, isso pode vir a se tornar realidade.

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JUNHO DE 2016

CIDADES

Medicamentos sofrem reajuste de 12,5% Índice de Preços ao Consumidor constata que a inflação no preço dos remédios superou a média do período Leonardo Fonseca

Marina Gontijo Tábatha Valentim

N

ão é novidade que o Brasil passa por uma grave crise que afeta diversos setores da economia. A população tem sentido na pele as consequências da instabilidade política e econômica do país e para piorar, no dia 1º de abril deste ano, o governo autorizou um reajuste que parecia mentira. Mais de 9 mil medicamentos controlados pelo governo tiveram seus preços reajustados em até 12,5%. É a primeira vez em mais de 10 anos que o valor do reajuste ultrapassa o próprio índice de inflação, calculado em 10,6% para o período de março de 2015 à fevereiro de 2016. Em Viçosa, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) é um dos parâmetros que permite perceber como a inflação tem afetado a cidade. A pesquisa é realizada mensalmente pelo Departamento de Economia da UFV e calcula a evolução dos preços dos bens e serviços pagos pelos consumidores viçosenses. De acordo com o IPC do mês de abril, dos sete grupos que compõem a pesquisa, três apresentaram inflação (Saúde e Cuidados Pessoais, Alimentação e Artigos de Residência) e o destaque realmente ocorreu no subgrupo Remédios e no item Higiene e Cuidados Pessoais. O resultado da pesquisa mostra que os viçosenses, além de arcarem com o aumento no preço dos medicamentos, ainda vão sentir no bolso o reajuste em produtos de higiene pessoal tais como creme dental, shampoo, condicionador, aparelho para barbear, papel higiênico e absorvente. O cenário é ruim tanto para os estudantes, quanto para o

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Segundo os farmacêuticos, apesar do aumento relevante no preço dos remédios, não houve redução nas vendas restante da população, já que ambos continuam contando com a mesma renda e agora precisam diminuir seus gastos extras para arcar com o aumento das despesas essenciais. Há um ano, a dona de casa Fabrícia Magalhães faz uso do medicamento Venlafaxina, um antidepressivo que não está disponível pelo SUS nem pela Farmácia Popular e o reajuste de preço dos medicamentos já afetou o orçamento da família. “Antes eu comprava o Ven-

lafaxina por R$ 40 a caixa, agora o preço é R$ 67,45 e por mês, o meu gasto só com esse medicamento é de aproximadamente 135 reais. Meu marido é que se vira nos trinta para me ajudar, porque esse gasto é significativo para mim.”, conta Fabrícia. Apesar da alta nos preços dos remédios, diversos balconistas de farmácias da cidade são unânimes em dizer que não houve queda no volume de vendas e a justificativa é coerente: as pessoas continuam precisando dos medicamentos. São itens necessários à saúde e por isso o que acontece é que mesmo com grande

dificuldade, compram-se os remédios. O SUS também disponibiliza medicamentos gratuitamente em farmácias públicas e essa pode ser uma alternativa para fugir do aumento nos preços dos medicamentos. A lista desses remédios é a Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) e pode ser encontrada no portal do Ministério da Saúde: portalsaude.saude.gov.br. Outra forma de conseguir auxílio para a compra de medicamentos é através de processos administrativos. Para isso, é necessário que um médico conceda um laudo soli-

citando o medicamento e detalhando aspectos da doença e do tratamento do paciente, de forma a evidenciar a necessidade de uso do mesmo. Esse laudo deve ser apresentado na sede da Farmácia do SUS juntamente com uma cópia do RG, comprovante de residência e com o cartão do SUS. O subsidio para reduzir ou oferecer de graça esses remédios vem do Governo de Minas e a aprovação desses processos depende da Secretaria Estadual de Saúde. A redução dos preços pode variar de 70 a 90%. A Farmácia do SUS fica na Rua Francisco Machado, nº 47, Centro.


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CIDADES

Gripe H1N1 deixa população em alerta Secretaria Municipal de Saúde diz que suspeita de morte pelo vírus Influenza A permanece em investigação Carla Teixeira

A população deve abrir o olho com a queda de temperatura provocada pela chegada do inverno. Isso porque, nessa época, sempre há aumento nos casos de doenças respiratórias, uma vez que vários fatores favorecem para a circulação e transmissão do vírus da gripe. A gripe é uma doença respiratória aguda causada pelo vírus influenza que tem como sintomas: febre, congestão nasal, tosse, dor de garganta, dores musculares, dores nas articulações e coriza. A gripe H1N1, causada pelo vírus influenza A, tem preocupado a população em geral devido sua alta capacidade de mutação especialmente nessa época do ano. Os sintomas da gripe H1N1 são semelhantes ao de uma gripe comum e, geralmente, o vírus é transmitido por gotículas respiratórias em suspensão no ar (ex: tosse), saliva ou pelo contato com alguma superfície contaminada. Por isso, ter o hábito de lavar as mãos com mais frequência, usar álcool em gel e até mesmo evitar contato das mãos com a boca são formas de prevenção diárias. Com a notificação de casos, o país tem ficado em alerta e

o número de pacientes só tem aumentado. Segundo dados do Ministério da Saúde, até o meio de maio, foram registrados 3.501 casos de influenza A em todo país, dentre esses casos foram 630 óbitos. Em Viçosa, essas estatísticas também começaram a aparecer e assustar a população. De acordo com Ronilson da Silva Vieira, do setor de vigilância em saúde, até o dia 18 de maio, haviam 6 casos confirmados e 1 em investigação. Segundo ele, foi confirmada a morte desse paciente em investigação, mas ainda não se sabe se a causa foi a gripe H1N1. Com o aparecimento de casos, a Secretaria de Saúde do estado de Minas Gerais tentou antecipar a campanha de vacinação do dia 30 para o dia 25 de abril, porém as doses enviadas para Viçosa não foram suficientes e se esgotaram logo nos primeiros dias. A gestante Caroline Novais Rocha foi uma das várias pessoas que tentaram se vacinar nos primeiros dias e não conseguiu, “só consegui vacinar quando chegaram mais doses. Estava lotado, tinham 76 pessoas na minha frente”, conta. Segundo a coordenadora do setor de Imunizações e Campanhas, Dayana Alves, durante os dias

da vacinação, passavam, em média, 1000 pessoas por dia na Policlínica Municipal de Viçosa. “A procura esse ano foi muito grande e os casos suspeitos na cidade também contribuíram para isso”, diz Dayana Alves.

Para prevenir e evitar o aumento no número de casos, o Ministério da Saúde promoveu essa campanha nacional de vacinação contra a gripe H1N1 buscando abranger os grupos da zona de risco, ou seja, idosos, gestantes, crianças meno-

res de 5 anos, doentes crônicos, indígenas e trabalhadores da área da saúde. O secretário de saúde da Prefeitura de Viçosa, José Aparecido Souza, disse que a meta da cidade era vacinar 13.840 pessoas dentro dessa zona de risco.

FARMÁCIA POPULAR A Farmácia Popular é um programa do Governo Federal que objetiva ampliar o acesso da população a medicamentos essenciais, evitando que as pessoas interrompam ou deixem de iniciar um tratamento por não terem condições de arcar com o custo dos remédios. O programa facilita o acesso a uma lista de 97 medicamentos que atendem cerca de 80% das doenças que atingem a população. Também é oferecido um convênio com farmácias particulares, que disponibilizam remédios para hipertensão e diabetes a preços mais baixos que o do mercado. De acordo com o Secretário de Saúde, José Aparecido de Souza, a Farmácia Popular teve início em Viçosa no ano de 2005 e desde então os preços dos medicamentos oferecidos não sofreram alterações.

“Os remédios oferecidos pela Farmácia Popular vêm direto do Ministério da Saúde, que adquire medicamentos de laboratórios farmacêuticos públicos ou privados e disponibiliza nas farmácias populares a preço de custo. Por isso os preços não sofrem alteração como os remédios que vêm laboratórios farmacêuticos encontrados nas drogarias particulares.”, explica o Secretário. A única condição para a aquisição destes medicamentos é a apresentação de uma receita médica ou odontológica juntamente com um documento de identidade. A Farmácia Popular de Viçosa fica na Avenida Santa Rita, número 506, centro. De segunda a sexta feira a farmácia funciona das 8h às 18h e aos sábados de 8h à 12h.

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CIDADES

Reforma de móveis poupa dinheiro público Maria Clara Epifania

Parceria entre Prefeitura e Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) gera bons resultados

Móveis recuperados voltaram para as escolas de origem: representantes da APAC e do executivo de Viçosa marcaram presença na entrega Ellen Ramos Sayonara Ribeiro

A

Prefeitura Municipal de Viçosa e a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) promovem parcerias há muitos anos. Mas, foi no ano de 2015 que o principal projeto foi firmado. Este projeto consiste na reforma de móveis do patrimônio público da cidade. A escolha de móveis a serem reformados é feita pelo Setor de Patrimônio da Prefeitura. Entre os móveis estão presentes cadeiras, mesas e carteiras escolares, que antes eram inutilizados pelas escolas e realocados para leilões ou doações. Além disso, o projeto otimiza os gastos da Prefeitura em relação a compra de móveis novos para as escolas. Atualmente, o executivo é responsável pelas compras de materiais necessários para a recuperação dos móveis e também pagam o valor de R$17,00 por peça reformada. Segundo o Secretário de Governo, Luciano Piovesan, ainda não se sabe quanto foi poupado dos cofres públicos, mas a expectativa é de que se economize cerca de 60% do valor de um móvel novo. Esta parceria, segundos os

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dois órgãos, é benéfica para ambos pois capacita os recuperandos, tirando-os da ociosidade e permitindo-lhes a reintegração social. E, além disso, a Prefeitura economiza recursos podendo distribuí-los em outras áreas. Desde o começo do projeto mais de 250 itens foram reformados, entre mesas, cadeiras e carteiras escolares. “Quando as escolas recebem os itens, a Prefeitura não informa que o móvel foi recuperado. E, as escolas, sem saber de nada, acham que são materiais novos. Quando contamos que eles foram reformados, as pessoas ficam surpresas, aprovam a qualidade e parabenizam os serviços da Apac”, afirma Luciano. Sobre a Associação A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Viçosa foi inaugurada em 4 de abril de 2002, por um grupo de voluntários que tinham como intuito promover a recuperação e ressocialização de condenados do sistema prisional da cidade. Desde sua criação a Associação vêm prestando serviços à comunidade. A Apac é uma instituição sem fins lucrativos que recebe auxílio do governo estadual e subvenção da Prefeitura Mu-

nicipal, além de doações de terceiros. A instituição tem capacidade para atender 44 presos e trabalha com o regime fechado e semi-aberto. Segundo o encarregado administrativo da Associação, Ederaldo Monteiro, é importante que a população viçosense conheça mais

os trabalhos prestados pela Apac afim de extinguir os preconceitos que ainda são existentes no meio. A associação também tem parcerias com o Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Sistema Federação das Indústrias

do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Esses órgãos são responsáveis por ministrar cursos de capacitação para os recuperandos. A estrutura da Apac conta com padaria, marcenaria e outras oficinas de trabalho que geram aprendizado, ressocialização e renda aos recuperandos.

oportunidade

Rede Uaitec oferece cursos gratuitos na cidade Trabalhar exige competência e, muitas das vezes, qualificação na tarefa que se desempenha. Na cidade, qualificações gratuitas estão mais acessíveis do que se possa imaginar, já que contamos com uma unidade da Rede Uaitec (Universidade Aberta e Integrada de Minas Gerais), projeto criado pelo governo do estado. O objetivo da Uaitec é oferecer, de forma gratuita, qualificação profissional por meio da implantação de uma rede de polos de educação à distância. O Programa visa ampliar, democratizar e interiorizar o acesso a conteúdos que sirvam para formação profissional. Atualmente cerca de 70 cursos de capacitação profis-

sional estão disponíveis. Eles são nas modalidades online ou semipresenciais, todos gratuitos e com certificado. Ainda estão previstos para 2016, cursos de graduação, extensão universitária e pós-graduação voltados à tecnologia, além de cursos de idiomas e cursos livres. A Uaitec Viçosa foi reinaugurada em dezembro de 2015 e conta com: duas salas de Educação a Distância, conectadas através de um sistema de videoconferência, dois laboratórios de Informática e um laboratório de Eletroeletrônica. Segundo a coordenadora, Rita de Cássia Martins, o público alvo da Rede Uaitec é a comunidade em geral que busca o acesso às tecnologias

da informação, da comunicação e de qualificação profissional em busca do primeiro emprego, de aperfeiçoamento para retorno ao mercado de trabalho e melhoria da qualidade de vida. Os interessados em participar de um dos cursos oferecidos pela Uaitec devem se inscrever pelo site www. uaitec.mg.gov.br. No caso dos cursos semipresenciais, o candidato deve fazer o cadastro online e depois comparecer no Pólo Uaitec Viçosa, portando original e cópias do CPF, RG, e comprovante de escolaridade. A Uaitec Viçosa fica localizada no CenTev (Avenida Oraida Mendes de Castro nº 6000 – Novo Silvestre).


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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Periscope: vendo o mundo através dos olhos dos outros

Reprodução

Aplicativo fornece serviço de transmissão de vídeo ao vivo, possibilitando interação em tempo real

O aplicativo também possui uma versão para PC, em que o perfil do usuário pode ser acessado, com dados sobre os seus seguidores Larissa Abreu Marina Wan der Maas

O avanço tecnológico já rendeu muito assunto para outras matérias do jornal OutrOlhar, especificamente na seção de desenvolvimento de novos aplicativos. A expansão da possibilidade de estar em contato com o que ocorre em outros lugares do mundo é evidenciada através de possíveis serviços de streaming e transmissão de vídeos em tempo real. O vídeo é um formato altamente dinâmico. A informação é passada para o público de forma humanizada, simples e chamativa. Com o crescimento do acesso à internet, os serviços que abrangem o formato do vídeo ganharam muitos adeptos em um curto espaço de tempo. O aplicativo Periscope, que pertence ao Twitter, permite fazer transmissão ao vivo de vídeo, qualquer que seja o local em que você esteja conectado. O usuário da ferramenta pode assistir e também ser assis-

tido por quem o segue, assim como pode acompanhar qualquer pessoa, amigo, personalidade famosa, empresas e até mesmo veículos grandes de comunicação que estão explorando o aplicativo para alcançar um maior número de pessoas com o seu conteúdo. Diferente de outros aplicativos, o Periscope pode ser utilizado no seu smartphone, mas possui vantagens ao escolher acessá-lo pelo seu computador. Os usuários recebem notificações sobre quem está fazendo a transmissão ao vivo. Dentre as suas funcionalidades, está também a possibilidade de interação com os usuários no momento em que você faz a sua transmissão. É possível que os seus seguidores se comuniquem com você através de mensagens curtas e através de corações, a ferramenta do site que funciona com a mesma lógica que o like no Facebook. A fotógrafa Maíra Guimarães se interessou pelo aplicativo porque desejava acompanhar profissionais

que são referência no mercado e que usam a ferramenta para transmitir um conteúdo didático. A fotógrafa chegou a baixá-lo em seu smartphone, mas essa experimentação não durou por muito tempo. Ela deletou o aplicativo quando percebeu que por mais que o aplicativo fosse inovador e interessante, também existem os contras: “Já usei o Periscope, mas ele consome muito a bateria do meu smartphone. Além disso, você precisa estar conectado à uma rede de internet de alta velocidade para poder assistir as transmissões sem outros problemas”. Maíra diz que o aplicativo tem uma finalidade bem próxima à plataforma do YouTube por permitir a interação dos usuários com vídeos. Por outro lado, também se assemelha ao aplicativo Snapchat por ter seu conteúdo expirado após a transmissão ao vivo. A fotógrafa conta que profissionais do seu ramo de atuação possuem dia e horário marcado para transmitirem ao

vivo algumas dicas, responder dúvidas dos seguidores e promover sorteios combinados com suas parcerias. Maíra compara o aplicativo com um canal de televisão. Existe, inclusive, um espaço onde os usuários possam ficar por dentro da programação desses profissionais:

“Através de um grupo no Facebook eu ficava por dentro dos horários das transmissões. Existe um grupo chamado “Periscope para Fotógrafos” onde nós, os seguidores, podemos conferir o horário que os profissionais estarão online transmitindo suas informações.”

Maíra Guimarães, fotógrafa, usou o Periscope para conhecer o trabalho de profissionais da sua área que transmitiam conteúdos altamente didáticos.

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JUNHO DE 2016

ENTREVISTA

Maria Clara Epifania

Brasil

um paí de ince

Em meio a um momento de crise política um processo de impedimento contra a p população brasileira se vê perplexa com rapidamente e coloca o país nas incerte vão marcar 2016. Grupos sentem a perda acreditam nos rumos atuais do país. Na diferentes, incompreensões, conflitos de o o confuso cenário, o OutroOlhar deu espa GeoPolítica da UFV, Leonardo Civale, é ge Geográfico pela UFRJ e fala em contra o i Brasileira da UFV, Evonir Pontes, que é e em Economia Aplicada pela UFV, fala a Professor Leonardo Civale, doutor em História do Pensamento Geográfico OO: A que ponto está a democracia brasileira? LC: Podemos dizer que vivemos em uma jovem democracia. É preciso lembrar que, se levarmos em consideração o fim da ditadura militar em 1985 ou a promulgação da Constituição em 1988, cerca de trinta anos de normalidade democrática. Esse é o maior período de liberdades democráticas desde a instauração da República em 1889. Aliás, não custa lembrar que essa República se originou de um golpe militar. Qual sua posição quanto à discussão se é “golpe” ou não? É evidente que se trata de um golpe. Um golpe urdido dentro do Congresso Nacional, hoje composto por uma maioria de políticos corruptos e reacionários. Basta dizer que não existe uma acusação formal contra a presidenta. As chamadas pedaladas fiscais que serviu de base para o processo de afastamento foi praticada por quase todos os governos, inclusive os atuais governos estaduais. Um fato bastante curioso é que o relator do processo no Senado Federal, o senador por Minas Gerais, Anastasia usou do mesmo expediente quanto era governador de Minas Gerais. Eu também queria lembrar que o deputado Eduardo Cunha só aceitou o pedido de impeachment quando o Parti-

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do dos Trabalhadores apoiou as investigações contra ele no Congresso. Quais os efeitos da crise democrática para a história da sociedade brasileira? Nesse momento os sentimentos se dividem entre a indignação, a perplexidade e a revolta. No entanto, eu estou vendo e tenho participado de inúmeros atos pela volta da democracia. Eu vejo uma grande parcela da população se mo-

poder colaborou, direta ou indiretamente, com o golpe. Um poder judiciário composto por homens vaidosos e hipócritas que afirmam que ninguém está acima da lei, mas agem se colocando acima desta. Outra questão cuja urgência e vital para a jovem democracia brasileira é a atuação das empresas de comunicação. No Brasil, essas corporações são controladas por meia dúzia de famílias. Elas não têm compromisso com o jornalismo, apenas

ções, agem como os capitães do mato. Eles defendem apenas os seus interesses escusos. O pior é fazer esse espetáculo dantesco de manipulação de informação que eles qualificam de jornalismo. Entre essas honrosas exceções figuram vários jornalistas que atacam e denunciam a grande mídia golpista. Existe até aqueles jornalistas que já apelidaram esses grupos empresariais da mídia nacional de PIG, o Partido da Imprensa Golpista, outros,

“O cidadão brasileiro deve ir para a rua e lutar pelos direitos sociais, civis e trabalhistas, duramente conquistados e que agora estão sob o ataque de uma minoria golpista e reacionária”. Leonardo Civale bilizando contra os golpistas. Sinceramente, embora o golpe seja um retrocesso de décadas, eu acredito na reação da população. Talvez essa subtração das liberdades democráticas sirva para a sociedade brasileira encarar suas históricas mazelas. Temos um poder legislativo que não responde aos anseios da população. Além disso, a maneira como se estrutura a democracia brasileira obriga ao estabelecimento de alianças. Essas, quase sempre espúrias. Temos um poder judiciário extremamente conservador e com uma estrutura nada democrática. Vimos como esse

manifestam os seus interesses corporativos. Não me refiro a fazer um jornalismo opinativo, pois ainda que assim o fizessem sistematicamente contra as forças progressistas, seria muito menos perverso do que fazem ao afirmarem a neutralidade com a informação. O jornalismo de fachada praticado pelas grandes empresas mídia é atualmente uma das maiores ameaças a democracia brasileira. Estamos presenciando uma “mídia golpista”? Certamente. As redes de TV, os jornais e as revistas semanais, salvo raríssimas exce-

qualificam essa parcela da impressa de jornalismo à serviço da Casa Grande. A maior rede de televisão do país, além de prestar um enorme desserviço à educação, com programas de qualidade duvidosa, diariamente veiculados em canal aberto, tenta passar uma imagem de um jornalismo sério. Certamente, qualquer pessoal minimamente esclarecida percebe a manipulação das notícias. Deveriam ter sido convocadas novas eleições? No meu ponto de vista não. O sensato é se respeitar o resultado das eleições. Esse

resultado é o que não está sendo respeitado. Esse Congresso esta desrespeitando a vontade de quase 54 milhões de brasileiros. Sobre o governo do agora presidente Temer, o que o Brasil pode esperar? Queria lembrar, de maneira enfática, que essa figura não é e, jamais será, presidente da República. Para ser presidente da República é preciso que se tenha a maioria dos votos depois das urnas apuradas. O tempo que ele ficar como interino. Particularmente, eu creio que ele não vai ficar muito tempo, porque cresce a indignação das ruas. No caso de ele ficar os seis meses regimentais, podemos esperar cortes brutais nas instituições públicas, privatizações, redução drástica de todos os programas sociais implantados nos governos Lula e Dilma, um ataque sem precedentes aos direitos dos trabalhadores, uma paralisação nas conquistas sociais e freio nos direitos civis e um retrocesso gigantesco nos direitos das minorias. Aliás, tudo isso pode ser constatadas nas primeiras medidas anunciadas. Além disso, em minha opinião, o interino que, por enquanto ocupa o cargo da presidência vai enfrentar uma forte e sistemática oposição por parte dos trabalhadores, dos estudantes e do movimento social como ninguém jamais enfrentou.


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ENTREVISTA Maria Clara Epifania

l:

ís ertezas

a e econômica, desemprego, juros altos e presidente da República, grande parte da os acontecimentos que mudam o cenário zas. Movimentos pró e contra certamente a de direitos democráticos enquanto outros a crise proliferam muitas ideias e opiniões opiniões. Para ao menos tentar esclarecer aço às opiniões contrárias. O professor de eógrafo, doutor em História do Pensamento impeachment. Já o professor de Economia economista, bacharel em direito e mestre favor do processo. Professor Evonir Pontes, bacharel em direito e mestre em Economia Aplicada OO: A que ponto está a democracia brasileira? EP: Eu acho que a democracia brasileira em termos da solidez das suas instituições está perfeita. Estamos vendo todo esse procedimento acontecendo e as instituições permanecem fortes, diferentemente dos países vizinhos onde as instituições democráticas não estão sendo adequadamente respeitadas como atividades desde o descaso para com o equivalente ao Supremo Tribunal Federal. Qual sua posição quanto à discussão se é “golpe” ou não? A palavra golpe está sendo muito mal utilizada. O golpe acontece quando você vai pela via forçada como pode ser visto na história, mais recentemente em 1964. Atualmente nós estamos num processo do Impeachment que é um processo extremamente oneroso e penoso para a sociedade, mas que dentro do procedimento institucional está sendo feito com a maior lisura, com abertura da possibilidade de defesa, ou seja, todo um instrumental dentro do funcionamento das instituições. Portanto, na minha opinião, falar em golpe é um pouco de incoerência com o que vem a ser o processo de golpe, como já vimos em outras economias, principalmente na América do Sul. Como que pode haver golpe se está tudo funcionando? Precisamos

deixar uma coisa bem clara: essa questão do Impeachment é uma decisão política – econômica. Quando se fala nessa questão do crime de responsabilidade fiscal, a Constituição é clara ao destacar que o comportamento do Governo em termos de não cumprir um preceito institucional. A questão de não apresentar ao Congresso suplementação orçamentária, ou seja, você não pode simplesmente aumentar seus gastos sem ter a autoriza-

você gasta no que quiser e não informa sobre isso. Não, as coisas não funcionam assim. Estamos presenciando uma “mídia golpista”? A mídia tem uma participação fundamental no atual estado democrático que nós estamos vivendo. Sem a liberdade que a mídia tem de emitir opiniões, nós não estaríamos tão evoluídos. Quando se fala em mídia golpista, é interessante observar que alguns anos atrás, a mídia era criticada pela Di-

noticia as questões e está cumprindo muito bem sua função de informar, não vejo em hipótese alguma essa “mídia golpista”. Ter uma mídia golpista seria cercear o direito de informação, mas a informação está aberta, cada um pode falar o que quer. Acredito que isso seja choro pelo leite derramado. Deveriam ter sido convocadas novas eleições? É um processo inconstitucional. Você tem novas eleições definidas pela Constitui-

“O posicionamento agora é esperar ver as medidas e os efeitos delas. Mas do jeito que foi montado eu duvido que as coisas vão dar errado. Não tem espaço para dar errado.”

Evonir Pontes

ção do Congresso. O que aconteceu é que não houve essa solicitação em 2014. O Governo foi alertado sobre o fato de não poder trabalhar dessa maneira. Em 2015, continuou-se com o mesmo tipo de procedimento, ou seja, continuou descumprindo. Não foi feita nenhuma solicitação ao Congresso de suplementação orçamentária. Em função disso, segundo os artigos 85 e 86 da Carta Magna bem como na Lei 1.079/50, você está cometendo um crime de responsabilidade fiscal. Essa questão orçamentária tem que passar pelo Legislativo, senão acaba ficando ao seu critério,

reita por estarem dando uma excessiva divulgação para a Esquerda, ou seja, enaltecendo os feitos do Lula, etc. Essa mesma imprensa está sendo crucificada pela esquerda no sentido de estar sendo golpista por apoiar a situação atual. Eu acredito que não, a mídia está muito isenta. A grande questão desse procedimento é que se justifica os erros que foram cometidos ali e a defesa que deveria ser apresentada não conseguiu ser demonstrada, não conseguiu sensibilizar o STF, não sensibilizou o Tribunal de Contas, o Senado e nem Câmara dos Deputados. Acho que a mídia

ção de quatro em quatro anos. Essa ideia de novas eleições, isso sim é ilegítimo, é tentar fazer tudo agora de novo simplesmente por estar ateado ou descontente com o poder. Sobre o governo do agora presidente Temer, o que o Brasil pode esperar? Ao contrário do que as pessoas estão esperando, acredito que seja um governo de transição e que ele vai conseguir fazer uma excelente transição. O que quero dizer é que o Temer tem uma coisa que só o Lula teve no seu tempo áureo, que é ter a grande parte dos representantes no Senado e

na Câmara dos Deputados do seu lado, isso já é uma condição fundamental para fazer as coisas darem certo. A questão da previdência, dos impostos, de equilibrar o déficit público e a questão trabalhista são tópicos que já passam da hora de ser discutidos. Acredito que o Temer não vai perder a oportunidade de colocar seu nome na história como o Presidente que deu início a discussões de procedimentos da economia brasileira que precisam há muito serem discutidos, embora dificilmente ele vá colher os frutos ainda como presidente. Temer pode sair por pressão popular? Não, pressão popular não tira ninguém. Isso aí foi um momento histórico muito interessante na época do Collor, mas em outro contexto e situação. Hoje não há essa pressão popular. Você conta com 54 milhões de votos, mas esquece da outra parcela representativa e essa outra parcela nunca vai se juntar a essa questão de golpe, etc. Acredito que o momento agora não tem nada de pressão popular para tirar. O time que tá se montando, segundo a mídia, é o time dos sonhos para a economia. Montaram uma equipe especialista em contas públicas. Grande parte desse pessoal já trabalhou para o governo Dilma, mas o qual não deu nenhuma autonomia para o trabalho.

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ESPORTES

Os benefícios da arte milenar do Kung Fu André Bernardes

A palavra Kung Fu não era muito popular até a segunda metade do século XX e por isso raramente é encontrada em textos antigos fora da China. Uma antiga lenda local diz que Ta Mo, monge chinês, ficava observando o movimento dos animais para se defender de predadores, sempre atento em como eles atacavam e como se defendiam. Após observar tais movimentos, ele desenvolveu uma técnica de adaptação deles para os homens. Muito por conta disso o Kung Fu geralmente é praticado ao ar livre e em contato com a natureza. As informações disponíveis dizem que, no Ocidente, a palavra foi usada pela primeira vez no século XVIII, pelo missionário jesuíta francês Marie Jean Joseph Marie Amiot. Com a imigração de chineses para a América, o termo começou a se espalhar. No entanto,

a palavra ganhou popularidade de fato a partir do final dos anos 60, graças aos filmes de arte marcial (especialmente os de Bruce Lee e Jackie Chan), e aos seriados para televisão que levavam-na como título. Em Viçosa esse esporte não é muito popular no que diz respeito a sua prática, conta com o professor, Jô Massay, praticante do Kung Fu há 33 anos. Massay, que pratica o esporte desde os 13 anos, leciona aulas dessa arte marcial durante a semana em um clube da cidade e nos finais de semana no gramado da UFV. O Kung Fu em sua filosofia cobra bastante respeito e disciplina: os alunos devem obedecer a uma série de regras para que possam praticá-lo. A chegada pontual nas aulas, o desempenho escolar exemplar, além do bom relacionamento e o respeito com os familiares em casa são fundamentais para que haja uma progressão dentro do Kung Fu. Todos esses

Foto: Facebook Jô Massay

Arte marcial é pouco conhecida e difundida mas atrai praticantes de diversas idades e grupos sociais

ensinamentos são constantemente cobrados nas conversas de Jô e seus alunos. Ele conta que são quase 10 anos de aulas, e os praticantes variam de crianças a adultos e idosos. Além da disciplina pregada pelo Kung Fu, outros benefícios são quanto a atividade física gerada por ele. Trata-se de um esporte de muita movimentação, equilíbrio, concentração, e alguns alunos o pro-

curam justamente por esses benefícios, como é o caso da pedagoga Leila Silva, que sempre teve a vontade de praticar alguma atividade física e viu no Kung Fu uma janela para começar a se exercitar. Segundo ela, ajuda a manter o corpo em forma e melhora o equilíbrio. Leila começou a participar das aulas de Kung Fu em Outubro de 2015 junto com os dois filhos e, desde então,

continua firme nas lições. Esse esporte ainda pouco conhecido do público geral, no que diz espeito a suas regras e práticas, sempre ganha espaço na mídia como uma luta brutal e cheia de golpes mirabolantes. Mas o Kung Fu ensina muito mais que uma simples luta; une corpo e mente a fim de fazer com que as angustias, ansiedades e estresses sejam melhor administrados.

A idade ideal para ter uma saúde melhor

A prática de atividades físicas e musculação é um assunto que gera muitas dúvidas; quando é melhor começar? Bianka Rodrigues

Arte: Bianka Rodrigues

Todo mundo sabe que a prática de atividade física aliada a uma boa alimentação faz bem para a saúde. Porém, sendo um conceito amplo que engloba desde a uma simples caminhada ao redor do quarteirão até a musculação, a atividade física, às vezes, gera algumas dúvidas sobre o seu real benefício em relação à forma

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com que é praticada. “O que se sabe é que a realização regular de atividade física gera um melhora no quadro de aptidão física, que levam a benefícios à saúde quando acompanhada por um profissional de Educação Física.”, diz o Educador Físico Esteferson Duarte. Mas será que é possível dar início a atividades mais sistematizadas, como a musculação, desde a adolescência? “Não existe uma

idade própria para começar a prática da musculação, sabe-se que quando acompanhada de perto por um bom profissional de Educação Física, acrescenta significativamente no desenvolvimento físico, morfológico e social de seus praticantes.”, diz o Educador. Para quem está interessado em começar a praticar musculação, mas ainda tem dúvida se está na idade certa, a Educado-

ra Bárbara Ramos explica: “A recomendação que eu uso é: meninas - pelo menos 6 meses da menarca; meninos - pelo menos 6 meses de final da fase de estirão (quando você cresce muito em pouco tempo). Isso me garante que o sistema ósseo e articular está quase que totalmente formado. No geral, minha opinião é que, se bem orientado, não precisamos ter restrições de idade, já que é uma atividade extremamente segura (apesar de que muitos tem a ideia contrária)” Porém, claro, é sempre preciso ficar atento a algumas questões físicas relacionadas ao desenvolvimento corporal, como explica a Fisioterapeuta Rayana Mota “A preocupação dos fisioterapeutas na musculação são as cargas, porque as crianças ainda estão com estruturas em formação, onde o certo seria não ter carga também, apenas execução de movimentos ou com uma carga mínima preservando o desenvolvimento”, pontua. “As consequências desses exercícios não serem orientados são lesões no joelho, devido a uma sobrecarga, que pode gerar uma futura hérnia de disco, escoliose de

grau elevado na coluna devido a muita carga no agachamento”, atenta a fisioterapeuta. Esteferson também deixa claro: “a prática da musculação sem o acompanhamento de um profissional pode trazer riscos a saúde de seu praticante, independente de sua idade. Principalmente os jovens, que acabam por entrar na musculação e tentar alcançar resultados rápidos. Sem o acompanhamento de um educador físico isso pode fazer com que os alunos executem os exercícios de forma errada, seja por excesso de peso ou da forma a ser executado, gerando assim desvios posturais, problemas articulares e musculares.” Agora você já sabe que não existe idade ideal para iniciar uma vida saudável. Só não vale cometer excessos e acabar tornando algo que era pra ser positivo em negativo em sua vida. Qualquer dúvida que tiver, não hesite em procurar um profissional, pois como afirma Bárbara: “Atividade física é saúde sim, porém somente quando bem orientado, se não, pode ocorrer o efeito contrário”. E isso ninguém quer, não é mesmo!?


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FALA, JOVEM!

Empreendendo tecnologia e arte Na edição deste mês, o “Fala, Jovem” traz uma conversa com o jovem empreendedor Igor Miranda, 18 anos, que teve a coragem de trabalhar apostando no seu talento, e também o artista plástico Ulisses Gomide, 18 anos, que já tem em seu currículo exposições de sua arte

Coragem para empreender por Bianka Rodrigues

“Tudo começou quando eu tinha 12 anos mais ou menos. Era um adolescente que vivia vendo vídeos, sempre tentava aprender a fazer uma coisa ou outra. Certo dia apareceu uma sugestão de vídeo de animação 3D. Como sou muito curioso, abri o vídeo e surgiu a vontade de aprender a fazer aquilo. Com o passar dos anos, trabalhando com 3D e design gráfico, as pessoas começaram a solicitar meus serviços. Até que um dia conheci meu grande amigo Jomar, que depois da insistência dos meus pais, resolveu me dar uma chance na empresa dele, a Super Estúdio. Em 2014, com meus 17 anos e um pouco mais de conhecimento, mas ainda inexperiente, pois era o meu primeiro emprego, não apenas a oportunidade de trabalhar com design surgiu, mas também a minha grande paixão por 3D foi sendo reconhecida. Novos clientes e parceiros foram surgindo, deixando ser apenas uma brincadeira e passando a ser trabalho profissional. Passado mais um ano, mais precisamente no final de 2015, depois de várias conversas, várias propostas,

surgiu uma ideia juntamente com Jomar, Mateus e Lucas (sócios) de criarmos uma nova empresa. Nessa nova empresa iriamos acrescentar mais serviços ao nosso mix de serviços e, acima de tudo, de uma forma melhor e com um foco maior na área de marketing digital. Foi assim que surgiu a Logan Marketing Digital. Para mim, tudo muito novo, pois com 18 anos já estaria entrando em uma sociedade para abrirmos uma empresa. As ideias foram tomando forma e sendo amadurecidas. Até que neste ano surgiu então o escritório físico da Logan, um espaço onde pensamos com todo carinho para que pudéssemos prestar um serviço de qualidade para nossos clientes. Enfim, são muitas responsabilidades, muitos desafios, o desgaste e o cansaço e grande, mas que são gratificantes, pois o reconhecimento é muito maior. Minha área de atuação na empresa é a criação de projetos 3D (voltados para a arquitetura e também para a publicidade) e também a criação de vídeos, sejam eles institucionais, promocionais, etc.

Além do autista, um artista por Tiago Sacramento

Um artista perfeccionista, exigente com sua própria produção, de extensas horas de dedicação, que escolhe a dedo cada tom de cor usado nas folhas, e caso não encontre no momento, mantém a obra suspensa até tê-lo em mãos. Ulisses Gomide é um jovem de 18 anos apaixonado pelos lápis, papéis e canetas que usa para passar o tempo, mas Ulisses nem sempre foi dessa forma, e é até difícil acreditar que um dia teve rejeição ao lápis, como conta Tereza, mãe do artista viçosense. Tanto Ulisses quanto o irmão mais velho Gustavo têm sensibilidade artística desde pequenos, principalmente com a música, que os deixa muito empolgados. Músicas como ‘Te Amo Espanhola’ de Flávio Venturini e ‘Chuva de Prata’ do Roupa Nova são algumas das que marcaram o jovem artista. O caçula da família desenvolveu suas habilidades manuais como uma forma de se comunicar, pois tanto ele quanto Gustavo possuem autismo, distúrbio que impossibilita a interação social. A mãe, Tereza, estimulou seu filho mais novo a desenhar, vendo nele o potencial a ser desenvolvido, utilizando de sua afinidade por objetos como os trens, aviões, metrôs, mas especificamente nesse caso foi pelos helicópteros. Ela iniciava desenhando o corpo da aeronave, deixando para que ele terminasse o desenho justamente na parte que mais lhe agrada, a hélice. Com o tempo Ulisses se apega à prática do desenho e se torna um incansável aficionado pela atividade, repetição excessiva característica do portador do autismo. Tamanha é essa fixação pelos traços que o garoto sozinho é capaz de consumir um lápis inteiro em uma única noite, como nos esclarece Tereza. Esta atividade o ajudou muito também durante a adolescência, pois nesse período o autista sofre com cri-

ses de ansiedade, o que o impedia de dormir muitas vezes. Nesse tempo o lápis e a folha foram bons ajudantes no alívio da tensão. Atualmente, o jovem usa mais a caneta e lápis de cor para a realização dos trabalhos, além disso, ele não gosta de tela, não tendo afinidade com a pintura. Sempre perfeccionista, se Ulisses achar que houve um erro em sua folha, passa logo para a próxima. O talento do jovem garantiu sua primeira colocação no evento ‘Nossa Arte’, da região do Vale do Piranga, além disso suas obras sempre rendem exposições. Seus trabalhos já foram apresentados na Biblioteca Central da UFV, em 2013, compondo a exposição ‘O Mundo aos Olhos do Ulisses’ onde foram mostrados mais de 20 de seus trabalhos. No mês de abril, no qual acontece a Semana Viçosense da Pessoa com Espectro Autista, Ulisses expôs seus trabalhos no Hotel Príncipe. Segundo Lígia Santana, dona da galeria do hotel, a iniciativa foi de José Geraldo de Souza Castro, conhecido popularmente como Zé do Pedal. Durante o mês de exposição, turmas do Colégio Equipe visitaram o hotel para um momento com o artista. Cerca de 60 alunos da escola tiveram contato com Ulisses e ouviram o depoimento de Tereza sobre a vida de seu filho e sobre o autismo. Hoje Ulisses tem sua própria rotina, de manhã vai a APAE, a tarde tem aulas de violão. Além das aulas de música, aulas de desenho, nas quais o rapaz tem aprendido a desenhar pessoas, Ulisses também tira fotos e grava vídeos. Ele usa duas câmeras, uma pequena câmera fotográfica e um celular. Tereza guarda todos os gigabytes de arquivos em seu computador pessoal. Com tanto potencial assim, uma coisa sobre Ulisses é certa: o que não falta pra esse garoto é talento.

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COMPORTAMENTO

Aprenda a não dizer discurso de ódio Sérgio Félix

Existem diferenças entre liberdade de expressão e o discurso praticado na Internet

Polarização política mostra lado intolerante do brasileiro Sérgio Félix

A crise econômica e política no país fez com que os meios de comunicação de massa, como TV, rádio e jornais, e até mesmo redes sociais, como o Facebook, se transformassem frequentemente em palco de discussões exaltadas e muitas vezes violentas entre pessoas ditas de “esquerda” e “direita”. A equipe do OutrOlhar conversou com o cientista político Diogo Tourino sobre a forte polarização política no contexto atual.

Comentários de usuários do Facebook disseminam o discurso ódio a um grupo de pessoas na Internet Alice Martins

A Constituição Federal garante o direito da livre expressão de ideias e opiniões através do artigo 5,° desde que estas não firam a liberdade de outras pessoas. Com o acesso mais fácil a Internet e a popularização das redes sociais, tornou-se cada vez mais fácil de emitir opinião sobre os assuntos que cercam a sociedade, porém algumas pessoas usam dessa facilidade para emitir mensagens preconceituosas e de caráter criminoso e isso se intensificou com as discussões políticas que circularam nas redes sociais sobre a validade ou não do processo de impeachment. Essas manifestações reais ou virtuais que procuram inferiorizar pessoas ou incitar o ódio a um grupo por conta da orientação sexual, raça, prática religiosa e outras características que identificam um grupo são consideradas discurso de ódio. Este é utilizado para justificar

a privação dos direitos humanos, perseguições, insultos e até a homicídios. Um exemplo marcante foi o Holocausto na Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial que preocupou a população mundial por conta dos efeitos nocivos provocados pelos discursos de intolerância a minorias. A estudante de mestrado em Educação, Bárbara Gregório, foi várias vezes vítima de discurso de ódio na Internet desde que entrou na militância negra e feminista. Já foi ameaçada de morte e foi alvo de ataques racistas. “Teve caso que fui chamada de macaco em uma discussão racial e uma mulher, por eu entender alguns pontos do feminismo radical, desejou que eu fosse estuprada” comenta Bárbara. Ela não chegou a denunciar esses casos que aconteceram Internet, por considerar que há muita burocracia no processo. Outro exemplo é do estudante do Ensino Médio

Caíque Faustino que recebeu diversas mensagens homofóbicas depois de ter publicado em uma rede social uma imagem com dois homens de mãos dadas. “Comentaram coisas como Deus te mandará para o Inferno, quero que você morra e prefiro que o meu filho esteja morto. Não cheguei a denunciar, porque não sabia como fazer isso em casos na Internet.” relembra Caíque. No Brasil, não há uma punição específica para quem pratica esse tipo de discurso, mas a Constituição garante a igualdade dos indivíduos perante a lei e a proteção contra qualquer forma de discriminação. Um ano depois de promulgação, foi criada a lei 7.716/89 que define os crimes resultantes de preconceito contra a religião, etnia e raça de um indivíduo. Atualmente, não há punição para casos de homofobia e, por conta disso, a comunidade LGBT pressiona o governo para que esses crimes sejam incluídos

com essa lei. Para a professora do departamento de Direito da UFV, Débora Fernandes, o discurso de ódio está bastante relacionado ao fato do brasileiro, por questões culturais, não conseguir se colocar no lugar da outra pessoa e consequentemente há mais dificuldade de procurar estabelecer um diálogo que leve a compreensão das partes. “A pessoa não consegue enxergar que o outro é igual a ela pelo fato de ser um ser humano. O diálogo ele precisa de ser incentivado tanto coletivamente quanto individualmente e essa falta é percebida em várias situações como na política.” disse Débora. Em casos em que há a abertura de processo, a professora explica que a espera para a conclusão do caso pode durar três anos. Porém estão sendo feitas reformas no sistema processual para que haja diálogo entre as partes e processo caminhar de maneira mais rápida.

O que fazer para denunciar crime de ódio na Internet? Polícia Federal denuncia.pf.gov.br. Preencha um formulário que será aberto em cada uma das categorias com o link da página e um comentário justificando a denúncia. Caso o crime não tenha sido cometido por uma página, utilize o disque 100 ou envie um e-mail para denuncia.ddh@dpf.gov.br.

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Safernet new.safernet.org.br/denuncie No site, basta escolher uma das categorias apresentadas, colocar o link da página e escrever um comentário. A denúncia é feita de forma anônima e é possível acompanhar o andamento do processo.

OO: Quando a polarização política se torna um problema na sociedade? DT: É comum as pessoas enxergarem a polarização e o conflito com olhos muito receosos. A política é justamente algo que criamos para lidar com os conflitos. A falta de conflitos ideológicos é característica dos regimes totalitários, onde há ausência de políticas. Política e conflito não é propriamente o problema. Quando vou para um debate político democrático e saudável tento acreditar que o embate com ideias contrárias às que eu penso podem fazer com que eu reveja minhas ideias. A reflexão parece estar ausente nos dias de hoje. As pessoas estão associando os seus pontos de vista a uma ideia de verdade absoluta, ao ponto que o outro passa a ser um oponente que deve ser expulso e silenciado. Você acredita que o afastamento da presidenta sinaliza uma diminuição da radicalização e intolerância? Não creio que há uma perspectiva de pacificação. Talvez faltem figuras à altura da conjuntura. Não que eu esteja clamando um líder messiânico, mas se lembrarmos a transição democrática que houve na década de 80, havia o Ulysses Guimarães e o Tancredo Neves que foram políticos capazes de construir mediações, campos de diálogo e caminhos a serem seguidos. Hoje o que vemos é a ausência desses intelectuais, políticos e partidos e os movimentos sociais tendem a se acirrar fazendo o conflito crescer.


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COMPORTAMENTO

Um novo idioma na palma da mão: Duolingo Luana Mota

Falar outras línguas nunca foi tão fácil e prático como agora, com o poderoso mundo dos smartphones

Luana Mota

O avanço da tecnologia somado à correria do mundo moderno faz com que inúmeras empresas criem opções cada vez mais práticas para facilitar a vida da sociedade. Diversos aplicativos são criados todos os dias com essa finalidade, é o caso do Duolingo, um app (aplicativo) que ensina idiomas gratuitamente. Nele, o usuário aprende desde o nível básico ao avançado, subindo nível por nível até que as lições sejam memorizadas. Os idiomas oferecidos são língua inglesa, espanhola e francesa. Além de ser uma ótima opção para quem está na correria do dia a dia, o aplicativo ensina de maneira leve e descontraída, com um design similar a um jogo. É um ótimo exemplo de que é possível aprender brincando. Falta de tempo para frequentar aulas de outras línguas, mais a falta de dinheiro e a necessidade de aprender, motivos suficientes para o Duolingo ser um dos aplicativos mais baixados no mundo. Segundo o desenvolvedor de softwares de aplicativos, Hériclis Martins, a praticidade trazida por esses apps, faz com que o conhecimento con-

O aplicativo Duolingo fornece aos seus usuários o ensino e a opção de prática de idiomas de forma gratuita siga alcançar cada vez mais, um maior número de pessoas: “Talvez a palavra chave disto tudo seja inclusão, já que é muito fácil, hoje em dia, possuir um aparelho que permita te inserir num mundo antes muito distante. As empresas que os desenvolvem querem isso, facilitar a vida de quem usa um smartphone, afinal, esse é uma das suas principais

funções”. A estudante de Medicina Veterinária e usuária do Duolingo, Vanessa do Carmo, conta como aprendeu rapidamen-te . E, além disso, aconselha à todos os interessados em conhecer novos idiomas, a importância que a internet tem nisso: “Na maioria das vezes a gente coloca muitos empecilhos para ir buscar o

conhecimento. No meu caso era falta de grana, de tempo e o acúmulo de atividades que tenho durante o dia. Quando eu percebi que poderia aprender inglês enquanto brincava, ali, pelo meu celular mesmo, vi que não tinha mais desculpa. Agora eu vou – to speak english (falar inglês)– e ninguém me segura”. Os custos totais em aulas-

de idiomas, muitas vezes não cabem no orçamento de qualquer pessoa. Para facilitar ainda mais a vida da sociedade, os aplicativos tomam o espaço da internet justamente com essa finalidade principal: Descomplicar. É a partir daí que o avanço da tecnologia vem como um agente muito forte na área de aprendizagem.

A triste realidade do desperdício de alimentos Mais de 40 toneladas de alimentos são desperdiçadas todos os dias no Brasil, segundo a Embrapa Weslei Vieira

De acordo com um estudo realizado pela FAO – a Agência da Organização das Nações Unidas que se dedica à Alimentação e à Agricultura - um estudo feito em 2013 apontou que um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado. Ao passo que milhões de pessoas ao redor do mundo passam fome ou necessidades alimentares mínimas. No caso do Brasil, o desperdício chega a 40 toneladas por dia, conforme dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa. O estudo da FAO mostra que mais da metade dos alimentos desperdiçados são perdidos em uma dessas fases produtivas: na própria produção, na manipulação após a colheita e na armazena-

gem. O que sobra se perde no processamento, na distribuição e no consumo. Isso se evidencia quando se olha o custo inicial da produção: o que é soma dos custos de processamento, transporte e armazenamento. A Embrapa estima que a quantidade desperdiçada de alimentos por ano no país seja suficiente para saciar a fome de aproximadamente 19 milhões de habitantes. Dezenove milhões de pessoas que poderiam ser alimentadas diariamente. Quando olhamos para Viçosa, sabemos que o desperdício na cidade é alto e gerado pelos restaurantes, supermercados, açougues, feiras, além do desperdício dentro de nossas casas. A maior parte do desperdício de alimentos em Viçosa vem dos restaurantes, pois as

Weslei Vieira

O desperdício de alimentos na feira municipal vezes falta treinamento e utensílios adequados para o manejo dos produtos, tais como as hortaliças, que é o item mais desperdiçado. Os supermercados geram desperdício através de produ-

tos vencidos, tirando estes de circulação devido ao risco de intoxicação alimentar, o que é o mesmo caso dos açougues. As feiras municipais geram desperdício, e todos os sábados são encontradas

uma grande quantidade de hortaliças jogadas pelo chão. Algumas pessoas recorrem a aquele alimento, tentando reaproveitar o que é possível de ser reaproveitado e o destino do restante é o lixo. O desperdício também é encontrado dentro das casas. Às vezes aquele alimento que ficou esquecido dentro da geladeira, ou que caiu no chão, até mesmo o que sobrou do prato, somam para todas aquelas toneladas. Uma família média brasileira gasta 478 reais mensais para comprar comida. Se o desperdício de 20% de alimentos deixasse de existir em casa, 90 reais deixariam de ir para o ralo. Guardando esses 90 reais todos os meses, depois de 70 anos (expectativa média de vida) a família teria uma poupança de 1,1 milhão de reais.

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CULTURA

Artesãos valorizam e divulgam trabalho local Ativarte e Adav atuam no mercado de artesanato com apoio do departamento de turismo da prefeitura

Ser um artesão associado possui algumas vantagens em relação ao artesão que trabalha e divulga sua arte por conta própria. Um associado, por exemplo, pode expor em espaço público de forma gratuita; qualquer evento que aconteça na cidade englobando esse tipo de trabalho é obrigado a ceder um espaço de exposição ao artesão que tem vínculo com associações; tanto a Adav, quanto a Ativarte procuram participar de exposições e eventos de artesanato a nível nacional que acontecem em outras cidades. Para o artesão acaba sendo mais vantajoso financeiramente a participação quando se está em grupo. Além disso muitos direitos previstos em legislação para o artesão acabam tendo validade apenas se este faz parte de uma associação.

seja garantido que se trata de um trabalho realizado pela própria pessoas e não algo que está sendo comprado e revendido. Sempre tomando cuidado para que não seja ultrapassado o limite máximo de cinco artesãos trabalhando com o mesmo material. Embora possui muitas pessoas trabalhando com artesanato, Viçosa ainda é uma cidade que enfrenta muitos problemas para fornecimento de matéria prima, o que acaba obrigando essas pessoas a se deslocarem para outras cidades em busca de material para realização de seu trabalho. Porém, apesar de todas as dificuldades enfrentadas pela classe, os artistas artesãos viçosenses mantêm-se forte e unidos para preservação e divulgação da cultura e arte local.

ADAV

mento da feira que ocorre sábados e feriados, de nove horas da manhã à uma da tarde, na praça Silviano Brandão em frente a matriz de Santa Rita. Sendo assim, a maior parte das vendas dos produtos se dá através de encomendas que os associados recebem.

Ambas associações estão sempre recebendo novos artesãos, a Adav abre todos os anos no primeiro e no segundo semestre o processo de adesão, e a Ativarte está aberta durante todo ano a receber novos associados. Porém, em ambas, é preciso fazer uma seleção do tipo de artesanato para que a concorrência entre os próprios artesãos não se torne desleal, já que Viçosa é uma cidade pequena e com o mercado um pouco mais restrito que cidades maiores. “Não posso ter dez artesãos trabalhando com fibra de bananeira, porque um vai começar a atrapalhar o outro. Aqui nós temos uma noção de limite de três”, explica Tânia Mara. Segundo as associadas da Adav, Tatiana Maciel e Flaviana Pontes, o artesão que está se associando passa por um processo de análise do artesanato, especialmente para que

Isabela Lopes

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Isabela Lopes

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Artesanato viçosense é exposto na Praça Silviano Brandão, centro da cidade e apenas um da comunidade de Cachoeirinha. Os trabalhos de todos ficam expostos na sede que funciona na Rua Virgílio Val, número 39 Centro. A loja fica aberta de segunda-feira à sábado, recebendo visitantes que podem além de conhecer e adquirir os artesanatos produzidos, saborear alguns alimentos que também são produzidos e vendidos pelos associados. Durante a noite a sede funciona como espaço para eventos pequenos e privados, realizados a partir de uma parceria com uma produtora local, o que acaba ajudando os artesãos, já que as pessoas ali presentes têm acesso a seus trabalhos, podendo comprar artesanatos e alimentos. Apesar de ser totalmente independente financeiramente, a associação conta com

uma parceria com a prefeitura de Viçosa em especial com o departamento de turismo, sendo considerada oficialmente ponto de informações turísticas da cidade. Já a Adav foi fundada anos antes da Ativarte, em 1993, já são vinte e três anos atuando no mercado. A instituição teve sua criação com o objetivo preservar e principalmente incentivar as técnicas tradicionais de artesanato, unir os artesãos locais e assim dar mais força a classe. São, hoje em dia, aproximadamente 35 artesãos associados, sendo que entre esses existe um movimento muito forte de pessoas que estão constantemente entrando e outras saindo. Na maioria dos casos o trabalho com artesanato é um complemento na renda familiar, porém existem os artesãos que trabalham exclusivamente com essa atividade, fazendo dela renda principal de sua família. Viçosa não é uma cidade turística, mas o maior número de visitantes de fora que acabam tendo acesso e conhecendo a Ativarte são paulistas e cariocas. A população viçosense em si frequenta a associação, porém muitas vezes acaba não reconhecendo o valor do trabalho do artesão, como diz Tânia Mara. “A população de Viçosa precisa começar a reconhecer mais, principalmente o valor das peças, as pessoas costumam falar que as coisas são caras, mas não reconhecem o trabalho e o amor que o artesão dedica. ” Já a Adav, acaba tendo um público maior de moradores da cidade, são poucos os turistas que tomam conheci-

Isabela Lopes

tualmente, Viçosa conta com a presença de duas associações de artesãos que atuam de maneira mais incisiva no mercado de artesanatos dentro da cidade, são elas a Adav e a Ativarte. Apesar de existirem mais associações nas comunidades próximas, quando fala-se em artesanato viçosense logo se pensa nas duas. A Ativarte foi fundada em setembro de 2012 nas comunidades do Zig-zag, Buieié e Quilombolas, onde acabou sendo deixada de lado e parando de funcionar por um certo tempo. A atual presidente da Ativarte, Tânia Mara, recebeu o convite para assumir a associação e reinaugura-la. No dia 1 de janeiro de 2014, já no local atual de funcionamento, foi feita a reinauguração. A loja onde funciona hoje era alugada por Tânia e alguns outros artesãos, de forma independente, para exporem e venderem seus trabalhoas. Com a ideia de recuperar as atividades da Ativarte, o espaço foi se transformando com o tempo até tornar-se a sede oficial da associação. A mudança de local e da presidência, fez com que os vínculos existentes com as comunidades em que funcionava anteriormente fossem desfeitos, tornando-se então exclusivamente viçosense. No total são 19 artesãos associados, todos viçosenses


OUTROLHAR JUNHO DE 2016

CULTURA

Fé e religiosidade marcam as festas do dia de Santa Rita em Viçosa Leonardo Pereira

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Missa campal festiva em honra a Padroeira foi celebrada no Santuário anos, e frequentadora assídua da Paróquia, a Padroeira é um modelo de vida e inspiração a ser seguida. “Quando entra no mês de maio eu mudo até meu jeito, fico muito mais alegre. A Santa Rita é a minha paixão! Para quem tem fé nela, ela é poderosa! A gente consegue graça através dela, eu mesma já consegui”, revela. A devoção a Santa Rita de

Cássia não é exclusiva das mulheres. Quem deixa isso claro é o Senhor Agnelo Gomes Filho, de 90 anos de idade. O Senhor Nelo é responsável pela ornamentação do andor de Santa Rita há mais de 50 anos. “São muitas lembranças de tantas festas que fica até difícil escolher. Eu tenho a preocupação em preparar o andor, a ansiedade e o mais imporLeonardo Pereira

Maria Clara Epifania

esde as cidades, até as vilas e as aldeias, o povo mobiliza-se na promoção de festividades em honra aos padroeiros das suas terras e comunidades, expressando a sua cultura e a sua religiosidade. A organização das festas religiosas inclui normalmente as comunidades paroquiais, constituídas pelos seus párocos, em colaboração com os fiéis e a sociedade. Nestas circunstâncias, as festas religiosas impõem-se como uma herança tradicional, como lugar de encontro e de convívio, uma vez que os costumes perpassam gerações. A devoção a Santa Rita de Cássia sempre foi parte integrante da vida e da identidade dos viçosenses. Com a ocupação de Viçosa no século XIX, mais precisamente em 1800, o Padre Francisco José da Silva conseguiu através do bispo de Mariana, Frei Cipriano, a permissão para construir uma capela em homenagem a Santa. Com o aumento da população, foi autorizada a mudança da capela para a atual Praça Silvano Brandão sendo assim fundada a Paróquia de Santa Rita de Cássia, que desde então vem sendo o local em que a comunidade de fiéis se reúnem em orações e festejos. As narrativas biográficas

que narram sobre Santa Rita de Cássia, contam a história de uma mulher que viveu de forma resignada sob o signo da obediência e vivenciando o sofrimento em vários momentos de sua trajetória humana. Conhecer a história de Santa Rita, mesmo que imprecisa - uma vez que os primeiros registros sobre sua vida foram escritos após 150 anos de sua morte - revela uma característica primordial para compreender o apelo que os fiéis possuem com a Padroeira. Conhecida como a “Santa das causas impossíveis”, a reputação milagreira da Santa se difundiu por todo o mundo e relatos de curas obtidas por sua intercessão foram registrados ganhando enorme popularização. No dia 30 de Setembro de 2015, o Papa Francisco abençoou na Praça São Pedro, em Roma, uma imagem de Santa Rita e relembrou o testemunho de vida e santidade da mesma: “Convido a todos, no Jubileu da Misericórdia, a reler sua extraordinária experiência humana e espiritual como sinal da potência da misericórdia de Deus”. Pautando-se na fala do Papa Francisco, a Paróquia de Viçosa organizou o Jubileu de Santa Rita de Cássia, em preparação para a grande festa da Padroeira do dia 14 a 22 de Maio. Para a viçosense Maria Gamarano Jacó de 67

Maria Clara Epifania

Fiéis prestam homenagens à Padroeira de Viçosa durante o Jubileu preparado pela Igreja

Senhor Nelo e Júlio do Vale reafirmam a fé em Santa Rita por meio dos trabalhos realizados na Igreja

Imagem de Santa Rita é símbolo de fé e esperança para os fiéis

tante é fazer a Santa Rita ser vista por todo mundo”, diz ele. Quem também participa ativamente da preparação da festa da Santa é o construtor Júlio Marcos Do Vale, de 64 anos. Funcionário da Igreja, ele trabalha não só na Matriz mas em todas as outras igrejas que pertencem a Paróquia. “Já tem trinta e nove anos que eu monto o palco da cerimônia e dou a manutenção em toda a Igreja”, conta orgulhoso. Ele ainda completa, “Mas o que vem em primeiro lugar é a fé, sem ela a gente não vai a lugar nenhum. E a Santa Rita tá aí, para ajudar a gente sempre no que precisar.” O grande dia festivo de Santa Rita foi marcado pela celebração solene da missa e a tradicional benção das rosas e dos cavaleiros em frente ao Santuário. Também houve a procissão com a imagem da Padroeira que percorreu as ruas da cidade e contou com a participação do Tiro de Guerra e da Corporação Musical Lira Santa Rita. Para o Padre Paulo Dionê Quintão, o Jubileu deste ano foi importante para convidar os fiéis a viver uma vida ancorada na misericórdia divina assim como Santa Rita. “Recordamos a história deste ícone da fé cristã que é Santa Rita, para usar seu testemunho como uma referência de consolo e esperança, motivando-nos a acolher a vida como dom absoluto de Deus”, finaliza ele.

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OUTROLHAR

CULTURA

Fotos: Carla Teixeira

JUNHO DE 2016

Congado é tradição na região de Viçosa Com 78 anos de idade, Seu Dola é o congadeiro mais antigo da comunidade de São José do Triunfo Leonardo Ferraz

O Congado é também conhecido como Congada ou Congo, sendo uma manifestação cultural e religiosa com influência africana, celebrada em algumas regiões do Brasil. Trazido pelos escravos de Angola e do Congo, o festejo, que representa a coroação do Rei do Congo, envolve danças, cantos e mistura aspectos africanos com o catolicismo trazido pelos portugueses, inclusive a devoção a Nossa Senhora do Rosário. Na região rural de Viçosa existem alguns grupos que ainda mantém vivos esses ritos. No distrito de São José do Triunfo, essa tradição é mantida pela Banda de Congo Nossa Senhora do Rosário. O grupo, de cerca de 80 pessoas, tem como líder Geraldo Virgílio, o Seu Dola, que também representa a figura do Rei Congo.

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Com 78 anos de idade, 65 deles no Congado, Seu Dola é o congadeiro mais antigo da comunidade. Ele diz que a tradição vem de família e faz questão de repassar os costumes aos mais novos. “Tenho um sobrinho que entrou no Congo ainda menino, com 4 anos, mais ou menos. Hoje em dia ele continua dançando e o filho dele também dança”, comenta Seu Dola. E não para por aí. Thiago de Miranda, de 24 anos, é neto do líder do grupo e participa do festejo desde os 6. Hoje ele ocupa o posto de Rei do Meio, responsável por conduzir as cantorias durante as procissões. Durante todo o ano o grupo realiza reuniões e ensaios preparativos para a festa de Nossa Senhora do Rosário, que acontece em outubro, depois de nove dias de reza. Seu Dola explica que as cores das roupas usadas pelo grupo

tem ligação com a santa. De acordo com ele, o rosa representa as vestes, enquanto o azul representa o manto dela. De acordo o líder, quem se interessar pela manifestação

cultural e quiser participar do grupo, basta conversar com ele. O grupo se reúne em São José do Triunfo, ao lado da casa do Seu Dola. Encontrá-lo é bem fácil. É só falar no apelido dele que todos o conhecem. Este ano a festa de Nossa Senhora do Rosário em São José do Triunfo acontece no terceiro domingo de outubro (16). Existem vários Congados no Estado e quem quiser saber

mais é só acessar no Facebook a comunidade da Federação dos Congados de Minas Gerais. Mas o Congado é apenas um dos diversos folguedos de Minas. Existe a Folia de Reis ou Reisado, as Pastorinhas, o Boi de Reis (ou Boi de Janeiro, Bumba-Meu-Boi), a Festa do Divino, a Cavalhada, a Mulinha de ouro, a Dança de São Gonçalo, o Caxambu, o Maneiro o Pau e a Quadrilha Junina ou Julina. Para saber mais acesso portal mg.gov.br.


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