SAÚDE Adolescentes precisam de atenção e cuidado extra para ter uma pele saudável e livre de cravos e espinhas PÁGINA 5 BRUNA HONORATO
RA T X E O Ã Ç I D E JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO - UFV n ANO 8 n EDIÇÃO EXTRA n ABRIL DE 2011
RAÇA, AMOR, PAIXÃO E UMA DOSE DE EXAGERO Quando o fanatismo pelo time encontra a exaltação da torcida organizada PÁGINA 10
Quem vigia os vigilantes?
Filmes e séries de ficção-científica atuam como mediador entre a sociedade e a ciência e costumam antecipar, de forma exagerada, os avanços que a humanidade viverá em um futuro próximo. PÁGINA 5
Policiais devem zelar pela segurança pública, mas o que acontece quando são eles a ameaça? PÁGINA 3
Crianças pedintes são alvo preferencial do tráfico de drogas
PÁGINA 9
PÁGINA 4
CRISTIANO SILVEIRA
Proposta une o conhecimento científico e a experiência do agricultor para promover a sustentabilidade na agricultura.
As drogas, um problema que já atinge substancialmente a sociedade, agora se volta para um alvo mais vulnerável: menores de rua. O problema normalmente surge como consequência de conflitos no ambiente familiar. Projetos foram criados para dar a assistência necessária a esses jovens e aos dependentes em geral. Enquanto isso, outros programas sofrem problemas burocráticos e são impossibilitados de funcionar.
Agroecologia muda a agricultura em pról do meio ambiente
Xeque-Mate FERNANDO PRIMO
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REPRODUÇÃO
THAMARA PEREIRA
Neurologista Gustavo Osório explica os perigos que a má qualidade do sono pode trazer a vida das pessoas, principalmente a dos jovens.
Cinema e Ciência LAURA FONTES
Conheça os males das noites mal dormidas
Xadrez é utilizado em sala de aula como ferramenta pedagógica para estimular a lógica, atenção e organização. PÁGINA 7
2 OPINIÃO
OUTROLHAR ABRIL DE 2011
EDITORIAL
Realengo nunca mais...
Neste ano de 2011, o curso de Jornalismo da UFV comemora 10 anos. Ao longo desta jornada é possível notar as diversas transformações pelas quais passaram a sua estrutura. A modernização dos equipamentos dos nossos laboratórios possibilitaram uma mudança da postura da nossa linha editorial, que cada vez mais procura atender aos interesses do seu público alvo. Iniciado em 2003, diferentes turmas e editores, passaram pelo jornal deixando significativas contribuições para a sua evolução. Características como a diagramação, o tipo de papel e o conteúdo das matérias foram os que mais sofreram mudanças durante este processo e são as marcas da nova linha. Apesar de, em situações pontuais, nossas matérias terem sido a causa de certas controvérsias, sentimos que cumprimos com a função social do verdadeiro jornalismo: a de reportar os acontecimentos, apresentando a realidade dos fatos e diferentes versões e opiniões para o público. Este tipo de jornalismo permite uma proximidade maior entre o público e o repórter, nos dando a experiência necessária para aprimorarmos nossa formação acadêmica. No Rio de Janeiro, durante o episódio da ocupação de favelas pelas forças militares, foi registrado a relevância deste tipo de jornalismo: O informativo Voz da Comunidade, produzido por adolescentes que possuíam idade entre 12 e 17 anos, retratou de modo fiel os fatos que os veículos da grande mídia não tiveram acesso. Os “meninos” mobilizaram o Brasil utilizando uma rede social (Twitter), com relatos sobre os marcantes acontecimentos ali ocorridos. Nosso objetivo não é diferente. Além de aprender desejamos apresentar um outro olhar, mais próximo e fiel, sobre os fatos e sobre a realidade da cidade de Viçosa.
Dificilmente nós brasileiros nos esqueceremos do ato frio e insano cometido por um psicopata que, em abril último, invadiu uma escola no bairro carioca de Realengo e acabou ceifando a vida de 12 jovens que ali se encontravam estudando. A barbárie estarreceu a todos (brasileiros e estrangeiros). Atônitos com tamanha violência gratuita e sem sentido, todos tentamos, sem sucesso, encontrar razões para a injustificável corvardia cometida contra meninos e meninas que, no momento da chacina buscavam na escola um pouco mais de cultura para as
Patrícia Santos, Fred Cabala, e Giuliano Sales
suas formações. Passado o calor e a indignação para o inexplicável ato, as manchetes e coberturas dos veículos de comunicação começam a rarear. Os grandes espaços sobre o assunto já não “vendem” como antes. Por isso, passam a ocupar páginas menos nobres e espaços menores nesta mídia que costuma trabalhar com os “produtos sensacionais” e que gerem boa vendagem e lucros a seus proprietários. Esperamos que, pelo menos a população e as “nossas” autoridades saiam um pouco do seu conforto e não se esqueçam
deste vergonhoso acontecimento. Muito embora seja impossível prever tais tragédias, uma vez que elas se iniciam nas mentes doentias de pessoas mentalmente perturbadas. Um pouco mais de atenção com a formação de nossos jovens e com as nossas escolas certamente evitaria o ato selvagem que fomos obrigados a vivenciar. Torcemos para que nossas autoridades e políticos comecem a pensar menos nos lucros pessoais e dêem mais atenção aos nossos meninos e meninas que buscam na educação novas oportunidades e tempos futuros
melhores. Nós do OutrOlhar abrimos este espaço especial para solidarizarmos com as famílias dessas vítimas tão frágeis. Afinal, um ato insano como este poderia acontecer em qualquer escola do país. Assim sendo, propomos aos nossos leitores, na mesma faixa etária das vítimas de Realengo, uma reflexão sobre as relações humanas que de tão fragilizadas originam atos tão repugnantes como o vivido pelos jovens da Zona Oeste do Rio. Joaquim Lannes Editor
Para conviver bem, é preciso fazer também Você já furou fila? Se sua resposta for não, considere-se uma exceção à regra. É muito comum nos dias atuais ver situações como as de motoristas estacionando em locais proibidos, pedestres atravessando fora da faixa, pessoas furando fila nos caixas de banco, além de outros tantos maus costumes, que se tornaram hábitos para a maioria dos cidadãos. Furar fila é uma falta de consideração e de educação. É desrespeitar o direito alheio e deveria merecer mais atenção das pessoas para que isso deixasse de ocorrer. O famoso “jeitinho brasileiro”, de tentar “levar vantagem em tudo” (a famosa “Lei do Gerson”), se tornou a marca da malandragem no Brasil. “Pra quê cumprir as leis, se há sempre uma maneira mais fácil para viver?”, pensam os “espertos”. Nesse caso, a lei passa a ser considerada some ara benefício próprio. Contudo, se o fato
lhe “prejudica”, as regras são ignoradas e passam a não valer para si próprio. Uma outra prática habitual entre os jovens é a de se falsificar carteiras de estudantes para poder entrar em
“ O famoso jeitinho brasileiro, de tentar levar vantagem em tudo se tornou a marca da malandragem no Brasil. cinemas ou em eventos, nos quais se paga meia entrada com o documento. Outra prática é com a alteração da idade na carteira de identidade, quando se necessita comprovar ser maior de 18 anos para ter a entrada franqueada e certos ambientes. Os delitos são considerados pela lei como graves, uma vez que se constituem falsificações.
Reitora em exercício: Profª Nilda de Fátima Ferreira Soares
Universidade Federal de Viçosa 85 anos
Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Apoio: Centro de Ciências Humanas Letras e Artes - CCH Endereço: Vila Giannetti, Casa 39, Campus Universitário - 35670-000 - Viçosa, MG. Tel: 3899-2878
Contudo, hoje, fatos como os citados se tornaram “banais” recebendo “vista grossa” das autoridades e responsáveis, o que dá ainda mais força para que eles continuem a ocorrer. As punições para os
Diretor do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes: Prof. Walmer Faroni Chefe do Departamento de Comunicação Social (DCM): Prof. Ernane Corrêa Rabelo Coordenador do Curso de Comunicação Social/Jornalismo: Prof. Erivam de Oliveira Registro: MT/ SP-20193 Editor Prof. Joaquim Sucena Lannes Registro: MT-RJ-13173
casos inexistem o que contribui para a continuidade dos maus atos. Os mais velhos também tratam, muitas das vezes de darem as suas contribuições para proporcionar maus exemplos. Assim, uma pessoa adulta quando faz algo errado, cria nos mais novos a ilusão de que o ato é lícito ou apropriado se fazer. Os maus
Editor de Fotografia Prof. Erivam de Oliveira Monitoria Kívia Oliveira Redação Bruna Honorato, Camila Barros, Clara Júlio, Cristiano Silveira, Daniel Fardin, Fernanda Castro, Fred Cabala, Giuliano Sales, Karinna Matozinhos, Luan Santos, Lucas Constantino, Lucas Lucena, Luiza Quintão, Marden Chaves, Patrícia Santos, Pedro Augusto, Rafaela Mello, Raul Gondim, Thaíssa Vaz, Thamara Pereira, Thiago Penna e Wanessa Marinho. Chefia de Redação Frederico Cabala, Lucas Lucena e Thamara Pereira
exemplos dos adultos mais próximos, como os pais, são incontáveis. O fato se agrava ainda mais quando eles vêm dos parentes ou professores, que, em princípio, deveriam desempenhar um papel de educadores. Respeitar o direito do próximo deveria ser uma regra geral respeitada por todos, para que a convivência de cidadãos e cidadãs se tornasse mais agradável e possível na sociedade. Se todos agíssemos dessa forma, certamente a vida em comunidade seria bem melhor e a cidade, por exemplo, adquiriria um status de bom local para se viver, com menos conflitos e confusões entre os seus componentes. Como diz um famoso ditado: “Faça aos outros aquilo que você gostaria que fizessem pra você”. E assim, quem sabe, esse negócio de furar fila possa se tornar algo muito careta. Patrícia Santos
Diagramação Daniel Fardin, Frederico Cabala, Lucas Lucena e Thamara Pereira Impressão: Divisão Gráfica Universitária Tiragem: 2 mil exemplares Os textos assinados não refletem a opinião da Instituição ou do Curso, sendo da inteira responsabilidade de seus autores e fontes.
10 ANOS
OUTROLHAR ABRIL DE 2011
OPINIÃO 3
Quem vigia os vigilantes? A chegada do filme Tropa de Elite 2 aos cinemas certamente propagou o debate sobre milícia, tráfico e violência como realidade fomentada por uma gama de policiais corruptos (ou bandidos fardados) que abusam da posição de autoridade e poder de violência para colocar em perigo o que prega a profissão: a segurança pública. Triste é saber que, ao mesmo passo que a corrupção policial vira moda nas telas, a vida real também não deixa o tema cair em desuso. Somente recortando-se o último ano da Região Sudeste, dados das Secretarias de Segurança Pública dos estados registram que aproximadamente 600 policiais militares foram expulsos das corporações, após terem praticado crimes como
corrupção, roubo e assassinato. De origem remota, o termo corrupção possui raízes na palavra latina corruptio, que pode significar tanto degradação como decomposição, diferentemente da palavra polícia, que provém do grego politeia e remonta à segurança e bem-estar coletivos. Apesar de há muito terem surgido, o resultado da união dos vocábulos é o que melhor descreve a atual situação do país, a degradação do bem-estar social. A mola mestra do desvio de conduta é a impunidade. E na prática o que se vê são poucas denúncias contra policiais que se efetivam em penalidades. O corporativismo da categoria, por vezes, se revela em parcialidade na
“Suas ideias não correspondem aos fatos” Embora as pessoas não percebam, a política se faz presente em todos os momentos de nossas vidas. Isto acontece porque o ser humano é um ser político, que necessita viver em sociedade. Dentro dessas sociedades a prática está presente em vários momentos. Através dela ponderamos sobre um assunto, raciocinamos sobre o mesmo e decidimos de uma maneira que beneficie a todos ou a maioria, quando possível. Entretanto, política é mal vista dentro do nosso país, muito por a associarmos com a corrupção exercida pelos nossos governantes. Aqui, a prática é “deles”, o cidadão comum não se vê participante ativo, pois não estão dentro das câmaras, prefeituras, senado e presidência. Os representantes que, por senso comum, subtraem o dinheiro público. Esse pensamento é uma tentativa do cidadão de se isentar de culpa. Vivendo em um país democrático o representante político é definido pela maioria, por meio do voto. Faltando ao cidadão brasileiro uma melhor consciência política, a opção é poucas vezes baseada em uma comprometida análise dos candidatos, segue-se apenas preceitos, um tanto quanto ingênuos, como o nível de fama do candidato, o que ajuda a explicar as vitórias de nomes sem tradição política como Clodovil Hernandes e Tiririca. Ou a constante eleição de políticos, no mínimo, questionáveis como Paulo Maluf e José Sarney. O senso comum abrange também os jovens, que seguindo o discurso “político = ladrão” se omitem na participação política. Entretanto, existem ambientes onde esse pensamento é quase banalizado, como, por exemplo, o “Parlamento jovem” que será mais bem explicado ainda em matéria na presente edição do OutrOulhar. Apresentar a importância da política para os jovens é essencial para modificar a postura do futuro eleitor brasileiro, tornando-os um eleitorado consciente, capaz de raciocinar sobre sua escolha em ano de eleitoral. Além de respeitar a escolha dos outros, evitando medidas inaceitáveis como a xenofobia vista no Twitter após a vitória de Dilma Rousseff. A política deve ser entendida como uma ação de todos, e não unicamente “deles”. Para uma escolha ideal não se pode pensar: “Todo político é ladrão”, deve-se procurar por aquele que defenda seus interesses, aquele que se aproxime de seus pensamentos, lembrando-se sempre do famoso ditado: “toda generalização é burra”. Outro ponto essencial para uma melhora da política é o respeito à diversidade de pensamentos, porém este é outro problema a ser discutido. Giuliano Sales
apuração das acusações e, em geral, os inquéritos contra colegas de profissão não cumprem a função de punir aqueles que habitualmente punem, ainda que evidências demonstrem o abuso de poder da autoridade. A importante marca apresentada pelas produções recentes que abordam o tema, como o próprio Tropa de Elite 2 e o seriado global Força Tarefa, demonstra que o principal adversário da segurança das cidades é a própria política de segurança pública. Sendo assim, a corrupção ocupa terreno cada vez maior na vida brasileira e a urgente questão apresentada por Sócrates há mais de 2 mil anos, e que deu título a esta matéria, continua sem resposta. Fred Cabala
Da sala de aula para a tela do computador A relação entre professor e aluno dentro da sala de aula sempre foi motivo de grande controvérsia. Desde a utilização da palmatória até aos corriqueiros sermões professorais, o sistema de ensino brasileiro sempre soube se utilizar de ferramentas que estabelecessem a distância adequada entre os dois sujeitos desse diálogo. De alguns anos para cá, contudo, uma nova ferramenta vem sendo utilizada, desta vez pelos alunos, na tentativa de romper com algumas barreiras impostas pelo ambiente escolar: a Internet. A Internet possui, hoje, estreita relação com a população jovem no Brasil, dadas algumas de suas características. As comunidades virtuais compõem uma nova forma de sociabilidade, garantindo a interação de indivíduos que se unem através de gostos e idéias em comum. Isso é possível primeiramente pela construção coletiva a qual a web está sujeita e pela adap-
tabilidade da rede a humores e identidades individuais. Por exemplo, no Orkut, a rede social mais utilizada em terras tupiniquins, é possível encontrar comunidades virtuais de alunos unidos pelo fato de odiar matemática, adorar história ou pelo fato de já terem tido aula com o professor fulano de tal. São
nos, não. A Internet possui sim potencial para grandes transformações. Contudo, tais transformações necessitam, para sua plena realização, uma maior apropriação do uso das tecnologias disponíveis na Internet e uma reflexão sobre seus objetivos. Numa situação em que as redes sociais se apresentam como arena composta em sua grande maioria por alunos, com mínima participação de professores, em que os objetivos pretendidos na Internet são mais difamatórios do que reivindicatórios, se torna difícil visualizar o campo virtual conseguindo superar uma relação historicamente construída no mundo real. É preciso repensar a relação professor-aluno e a Internet pode ser uma grande ajuda nesse processo, mas não restam dúvidas de que a mudança só se tornará efetiva quando ela chegar às salas de aula.
“ É preciso repensar a relação professor-aluno e a Internet pode ser uma grande ajuda nesse processo principalmente nestes espaços, tratados pelo comunicólogo Alex Primo como “verdadeiras praças públicas de conversação”, que alunos e alunas se sentem à vontade para, longe da supervisão da “palmatória” e do sermão, colocarem suas reclamações, anseios e dúvidas referentes à escola e aos professores. Uma questão que se coloca diante do tema é: seria a Internet capaz de modificar a relação professor-aluno construída dentro de sala de aula? A meu ver, sozinha, pelo me-
Raul Gondim
4 CIDADE
OUTROLHAR ABRIL DE 2011
Situação dos meninos de rua de Viçosa preocupa autoridades CRISTIANO SILVEIRA
Menores estão entre os principais alvos do tráfico de drogas Thiago Penna Cristiano Silveira O crack tem ganhado destaque pelos estragos causados na juventude brasileira desde a década de 90. Trata-se de uma droga caracterizada pelo alto poder de vício e pelo preço reduzido, fazendo com que ela seja a favorita dos jovens que vivem nas ruas. O consumo de crack em Viçosa é considerado um fenômeno um tanto quanto recente, tendo em vista que foi disseminado há menos de dez anos. Um dos principais consumidores desse tipo de entorpecente na cidade são justamente os jovens. O jovem que vai para as ruas em busca de drogas, muitas vezes evidencia um problema que, em muitos dos casos, começa dentro da própria casa. A desunião entre as famílias e principalmente a falta de diálogo e respeito entre pais e filhos são problemas que podem ser evidenciados nessas circunstâncias. Para
Questão do tráfico e consumo de drogas nas ruas da cidade muitas vezes está intimamente atrelada ao problema dos menores pedintes a conselheira tutelar Lúcia Aparecida os pais precisam assumir efetivamente a educação de seuss filhos. “Precisava dar um conselho aos pais, pois muitas vezes eles desejam terceirizar a educação dos fi-
lhos”, relata. Ainda segundo ela, por falta de políticas assistenciais a situação já virou caso de segurança pública. A nova gestão da prefeitura, junto à Secretaria de Ação Social criou novas
medidas para tirar essas crianças das ruas e tomar as devidas providências para um acompanhamento no tratamento das drogas (vide matériaabaixo). O problema no âmbito político é gerado também por
uma falta de cooperação entre os diversos setores da sociedade, o que leva a uma ineficiência do sistema como um todo. Órgãos existem, mas enfrentam poproblemas e não cumprem sua função.
CRISTIANO SILVEIRA
Ações preventivas ainda estão no papel
Programas da prefeitrura são insuficientes no apoio aos menores infratores
Responsável por lidar com esse tipo de situação na cidade, o Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS) conta com uma equipe de assistentes sociais e psicólogos que fazem um acompanhamento dessas crianças. Apesar disso, ele ainda não funciona da forma como deveria, graças à inexistência de educadores de rua que teriam a função de detectar e encaminhar essas crianças para projetos existentes. Segundo o Secretário de Ação Social, Ângelo Chequer, em primeiro lugar é preciso fazer um retrato social de Viçosa, um diagnostico da situação em que as crianças se encontram. O uso de parcerias da secretaria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e com faculdades particulares da cidade para
realizar um mapeamento social e, posteriormente uma estratégia de trabalho, pode ser utilizada pelo Conselho Tutelar. O Secretário falou ainda de um sítio de propriedade do estado, próximo ao córrego São João, onde será criada uma clínica de reabilitação, mas ressalta que o processo burocrático é complicado. A parceria de uma Organização Não Governamental com a prefeitura seria mais fácil para arrecadar recursos, assim poderia ser feita a transferência do local para a administração municipal. O Conselho Antidrogas de Viçosa (COMAD) tem como um dos principais objetivos a arrecadação de verbas para projetos ligados a área do combate às drogas. Ele busca, por meio do convênio com a Sub-secretaria
de Saúde de Minas Gerais, conhecer a realidade da cidade a fim de criar os melhores programas de atendimento a usuários de drogas, utilizando dinheiro do estado. O órgão já solicitou ao governo do estado o credenciamento do conselho, na tentativa de obter verbas necessárias para o funcionamento pleno do mesmo. A mobilização de parte do sistema público viçosense mostra o quanto o problema com o jovem nas ruas e, principalmente, com os envolvidos com drogas, tem preocupado os moradores devido à capacidade que as mesmas têm de destruir famílias por meio do vício. A conselheira tutelar Lúcia Aparecida ressalva que o preço a ser pago para o consumo das drogas vai além do dinheiro, atinge também a vida.
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VIDA, CIÊNCIA E SAÚDE 5
Filmes de ficção-científica impulsionam o debate sobre ciência Gênero atua como mediador entre cientistas e a sociedade Luan Santos A ciência está presente em nossa vida de diversas formas. Na culinária, na música, na arte e também no cinema. Os filmes de ficção-científica sempre foram um importante veículo pré-meditador do futuro e, por diversas vezes abriu discussões para questões polêmicas da ciência. O professor Maurício Caleiro, diz que desde o início da história do cinema tentou-se divulgar futuros experimentos científicos por meio dos filmes de ficção. Na televisão, um exemplo foi a série Flash Gordon, exibida de 1936 a 1940 e que abordava a questão das viagens espaciais, mostrando foguetes e aparelhos tecnologicamente a frente do seu tempo. Caleiro explica ainda que os grandes estúdios tinham em suas folhas de pagamento consultores científicos e pesquisadores, com o intuito de manter uma verossimilhança em seus filmes. Se pensarmos
Flash Gordon, série americana exibida entre 1936 e 1940, tratava de viagens espaciais anos antes da primeira viagem do homem ao espaço nas holografias eletrônicas e aparelhos touchscreen (telas sensíveis aos toques) que fazem parte do nosso dia-a-dia, tudo isso já havia sido retratado em filmes como Minority Report (2002). Muitos desses filmes, no entanto, são extremamente exagerados e não condizem com a realidade atual ou futura. O estudante de Física Erik Fissicaro Procópio diz que contanto que haja um
estudo a respeito do que está sendo falado, os filmes de ficção-científica podem ser um importante mediador na discussão da ciência para pessoas que não entendem do assunto. A ética científica, no entanto, é um assunto que conquistou atenção com o passar dos anos. No filme futurista Gattaca (1997), personagem Vincent Freeman, interpretado por Ethan Hawke, é um
jovem que sonha em viajar pelo espaço. No entanto, exames médicos que foram realizados antes mesmo do seu nascimento constataram que ele não viveria por muitos anos, não sendo aceito pela comunidade espacial na qual desejava trabalhar. O professor Mauricio aponta que essa seleção para certos empregos, avaliando a futura saúde de um candidato já é uma realidade, o que bate de
frente com a ética (ou a falta dela) no uso da ciência em determinadas situações. Assuntos como clonagem, uso de células tronco e os futuros impactos ambientais ainda estão em voga no meio cientifico e são discutidos constantemente em produções cinematográficas milionárias. Tudo isso possibilita o debate dentro e fora do meio científico por pessoa interessada em filmes ou ciência.
Pele saudável exige maiores cuidados na adolescência Camila Barros Se você é adolescente e possui cravos ou espinhas, não precisa se preocupar. Segundo pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologistas, mais de 80% dos jovens sofrem com a acne. Os efeitos, causas e o tratamento variam de acordo com cada indivíduo e os fatores tanto externos – alimentação, idade, sexo –
como internos – hormônios e estresse – influenciam no aparecimento. A acne é conhecida internacionalmente como doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e ocorre principalmente devido a fatores genéticos, ou seja, se o seu pai ou sua mãe tiveram espinha na adolescência é provável que você também venha a ter. Isso porque, é nessa fase de puberdade que
os hormônios estão em constante produção. Além disso, o estresse comum no dia a dia, e a exacerbação dos efeitos emocionais agravam o aparecimento da doença. O problema é que nesse ambiente escolar, a acne pode causar baixa auto-estima e depressão, já que a questão estética é, na maioria das vezes, muito valorizada entre os jovens, que temem uma situação constrangedora entre os colegas. O aparecimento da acne ocorre devido ao aumento da glândula sebácea que inflama e geram as erupções cutâneas, principalmente nas áreas dos ombros, costas e rosto. A doença pode alcançar nível cinco, comum em peles extremamente oleosas predispostas a causarem cicatrizes. Em todos os casos, mas principalmente nesse, deve
haver um acompanhamento médico adequado, no qual a indicação de um tratamento específico para cada tipo de pessoa irá auxiliar na redução e minimização do reaparecimento da doença. A estudante de Arquitetura e Urbanismo da UFV, Rita Loureiro, diz que se esforça para cuidar da saúde de sua pele. Ela conta que, como tem pele oleosa, branca e sensível utiliza sabonete de enxofre, além de máscaras faciais, pomadas secativas e cremes para se proteger do sol. O dermatologista, Evandro de Oliveira, afirma que não há casos que comprovam as lendas que culpa chocolate, doces e derivados pelo surgimento da acne. O que realmente influi é a alimentação que deve ser saudável, evitando frituras e “abusan-
do” de verduras, legumes e muita água. Tratamento Para quem tem pele oleosa propensa a acne, o principal segundo Evandro, é utilizar produtos como maquiagem e filtro solar oil free (sem óleo) e, além disso é importante limpar o rosto três vezes ao dia, com sabonete líquido específico para pele oleosa. Pomadas, antibióticos e anticoncepcionais para as mulheres- quando o problema é hormonal- também são utilizados durante o tratamento, que chega a durar, dependendo do grau, de 2dois meses a quatro anos. Tratamentos complementares como esfoliação e pellings faciais são muito procurados para melhorar a qualidade da pele e reduzir marcas e cicatrizes.
6 COMPORTAMENTO
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Estudantes entram na política com o Parlamento Jovem A primeira edição viçosense do Parlamento Jovem, com o tema resíduos sólidos, contou com a participação de cerca de 40 estudantes do ensino médio do colégio Carmo e da Escola Estadual Raul de Leoni. O Parlamento Jovem é um projeto de formação política de jovens que existe desde 2004, mas, até 2009, foi realizado somente em Belo Horizonte em parceria da Pontifícia UniversidadeCatólica (PUC-MG) com a Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A partir de 2010, o projeto foi ampliado para doze municípios mineiros, incluindo Viçosa, que participa em parceria com o Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Sob a orientação de estudantes de Ciências Sociais, os adolescentes aprendem fundamentos da política, para, em um segundo momento, discutir os resíduos sólidos e elaborar propostas para sub-
DIVULGAÇÃO
Lucas Lucena
Plenária Final contou com 114 estudantes de doze municípios mineiros para votar propostas que subsidiarão a criação de leis sobre resíduos sólidos
sidiar a criação de leis sobre o tema. Essas propostas foram levadas pelos próprios alunos à ALMG, em Belo Horizonte, onde se reuniram com colégios participantes de outros municípios para a Plenária final. Nesta reunião foram apresentadas e votadas as nove propostas priorizadas por cada grupo. Ao fim, foi produzido um documento
com todas propostas aprovadas na Plenária final, divididas em três subtemas: produção, destinação e reaproveitamento de resíduos sólidos. Segundo a presidente da Câmara Municipal de Viçosa, Cristina Fontes, os estudantes da cidade se destacaram no projeto. “Viçosa se destacou e a própria direção
da Escola do Legislativo ficou muito empolgada com a forma que foi conduzido o trabalho aqui,” orgulha-se. A professora Daniela Rezende, do curso de Ciência Sociais da UFV, acha que o objetivo de formar cidadãos foi atingido. “Eles conseguiram entender o que estava sendo discutido ali, era uma questão que afetava o município
e muito importante que deveria superar interesses particulares,” explica. Em 2011, o Parlamento Jovem, que continuará em Viçosa, discute a questão das drogas. O documento final com todas propostas aprovadas pode ser lido no site do projeto: http://migre.me/2AzLc
Longe de casa, jovens aprendem a lidar com desafios da vida adulta A chegada do jovem a Universidade traz consigo uma série de questionamentos referentes ao seu processo de adaptação na nova cidade, sobre a realização de novas amizades e a forma com que ele irá lidar com a liberdade recém-adquirida. Porém, pouco se fala dos desafios daqueles que chegam, não como novos universitários, mas ainda como estudantes de Ensino Médio. A estudante Thaiane Bueno (17), aluna do terceiro ano do COLUNI, chegou a Viçosa aos 14 para cursar a primeira série do Ensino Médio. Segundo ela, no começo houve muita dificuldade na adaptação. “No início foi bem difícil, porque eu não conhecia praticamente ninguém, eu só tinha con-
versado com algumas pessoas via interne”, explica. Contudo, ela acredita que o processo é semelhante com todos os outros que entram no COLUNI e que a saída prematura da casa dos pais pode se tornar algo benéfico posteriormente. “Todos acabam passando por um processo de amadurecimento de certa forma precoce, devido ao fato de que adquirimos certas responsabilidades um pouco mais cedo do que o convencional, o que, a meu ver, pode trazer vantagens no futuro”, pondera. O psicólogo da Divisão Psicossocial da UFV, Felipe Stephan Lisboa, acredita que as reações dos que vivem tal situação são muito variadas e não se pode generalizar. Para ele, entre os jovens que sonham em sair de casa e ter maior liberdade, não há
FRED CABALA
Marden Chaves
Alunos do Colégio de Aplicação da UFV (COLUNI) passam por processo de amadurecimento acelarado transtornos tão grandes, ainda que, na maioria dos casos, sair do conforto de casa continue sendo algo difícil. Segundo ele, a idade do jovem não é a questão central. “É difícil em qualquer momento. Depende muito de como é a relação com a família, se é uma relação boa. Se você tem
independência mesmo dentro de casa, será um pouco mais fácil, mas se você é muito dependente pra tudo, será difícil. Pode ser aos 14 ou aos 25 anos.” Ainda segunndo ele, “talvez, por ser muito jovem, existe uma dificuldade de se fazer escolhas por conta própria. Está muito condi-
cionado à escolha dos pais.” Felipe Lisboa conclui que qualquer que seja a idade com a qual se chega a Viçosa, o jovem é forçado a se tornar independente e a ter responsabilidade, tendo que aprender a arcar com as consequências de suas decisões, sejam elas certas ou erradas.
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COMPORTAMENTO 7
A bagunça ainda é o maior desafio do professor
LUCAS CONSTANTINO
Indisciplina é a grande dificuldade na hora de ensinar Lucas Constantino Os comentários da festa do final de semana, a roupa do professor, a novela das oito, os términos de namoros, os problemas na família, um novo aplicativo no celular, uma música no MP3, uma noite mal dormida. Quaisquer desses fatores podem levar à desconcentração do aluno na sala de aula. A partir daí aparecem os primeiros casos de indisciplina, desde a bolinha de papel até a falta nas aulas. A aluna do 2º ano do ensino médio Bianca Cordeiro Valente já aponta uma das principais dificuldades para o controle disciplinar de sua turma. “Minha sala é toda dividida por grupos”. A pedagoga Marta de Souza, explica que essa divisão torna a comunicação entre o professor e os alunos bem mais complexa. “O professor deve ter uma habilidade quase que diplomática para manter o ambiente saudável”, aponta. Prender a atenção e mos-
Professores utilizam todo tipo de recursos para manter a disciplina e conseguir a atenção dos estudantes dentro das salas de aula trar a importância da matéria é o maior desafio do professor. “Isso por que a partir do momento que o aluno não quer aprender, não tem como ensinar” declarou o professor de Português e Literatura da Escola Estadual Effie Rolfs Lucas Peter Alves da Costa. Seguindo nesse mesmo sentido, uma pesquisa realizada pelo Ibope em 2007 com 500 professores de todo o país, apontou que 69% dos pro-
fessores acreditam que a indisciplina e a falta de atenção dos alunos são os principais
de pedagogos, as soluções tomadas para punir alunos seguem certo protocolo. “Aqui
“
O professor deve ter uma habilidade quase que diplomática para manter o ambiente saudável problemas das aulas. Apesar de a indisciplina ser objeto de um estudo muito complexo
na Effie Rolfs o aluno que ultrapassar três ocorrências é encaminhado ao Conselho
Tutelar. Mas cada escola tem seu regimento.” afirmou a supervisora Fernanda Aparecida Fonseca. Em geral, os alunos mais bagunceiros são chamados pela supervisão da escola para que possíveis medidas sejam tomadas, mas o importante mesmo é procurar obter um diálogo entre os dois lados, corpo docente e estudantes, a fim de diminuir os problemas de uma forma educativa e amigável.
Xadrez pode auxiliar o desempenho dos alunos na sala de aula Em um mundo cada vez mais dinâmico, é preciso estar sempre preparado para pensar em soluções para problemas urgentes e complicados. Raciocínio rápido, organização de ideias, imaginação, espírito de decisão, autocontrole e disciplina são umas das habilidades exigidas atualmente, não é mesmo? Mas existe um modo simples de desenvolver todas elas: praticando xadrez. O xadrez é um jogo de raciocínio lógico e cada peça tem uma função e uma maneira diferente de ser jogada, possibilitando uma infinidade de combinações de movimentos e estratégias para cada situação do jogo. O en-
FERNANDO PRIMO
Daniel Fardin
Xadrez vem sendo utilizado como atividade pedagógica escolar para desenvolver múltiplas habilidades xadrista Roberto Duarte, que começou a jogar bem novo e dá aulas de xadrez há 9 anos, diz que não é difícil aprender, “para começar a jogar xadrez,
não tem idade. É um ótimo exercício para a mente, só é preciso um pouco de paciência, pois o jogo tem muitas regras e não dá para pegar to-
das da noite para dia”. O fato é que esse jogo está sendo aplicado em várias escolas do país como uma ferramenta pedagógica
para ajudar o desempenho dos alunos dentro das salas de aula. Porém estas habilidades não se restringem somente às atividades escolares, “o xadrez possibilita o desenvolvimento de uma habilidade, muito interessante, de antecipação do raciocínio. Essa capacidade para prever o impacto de ações futuras não é usada só dentro do jogo, ela pode e deve ser aplicada em várias situações da nossa vida”, afirma Roberto. Em Viçosa ainda não há iniciativas de aplicação da prática do xadrez nas escolas públicas, mas caso haja interesse, é só juntar com um amigo, arrumar o tabuleiro e começar a jogar. Uma pesquisa na internet pode tirar muitas dúvidas.
8 MEIO AMBIENTE
OUTROLHAR ABRIL DE 2011
Tratamento de água em Viçosa não beneficia 100% da população GIULIANO SALES
Parte da cidade ainda se utiliza de poços artesianos para ter água limpa Luiza Quintão A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE de 2010 apontou que 37,4% dos domicílios do Brasil não possuem saneamento básico. Em 10 anos, a porcentagem de casas que recebem abastecimento de água, rede coletora de esgoto e coleta de lixo direta, subiu 5,4 pontos. De acordo com a pesquisa, o índice ainda é baixo, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Dentre os pontos analisados pela pesquisa nos municípios, está o tratamento de água. Em Viçosa, 98% da população recebe água tratada em sua residência. São cerca de 16 milhões de litros por dia abastecendo o município por meio de aproximadamente 260 mil quilômetros de tubulações. Mas onde estão e como ficam os outros dois por cento
Estação de tratamento do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Viçosa atende a 98% da cidade da população que não recebe água tratada? De acordo com o Diretor Adjunto do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Viçosa, Irineu Cassani Franco, algumas comunidades do município não têm ligação para receber água tratada porque os moradores utilizam-se de poços artesianos (domésticos). Esse método de abastecimento é usado na comunidade dos Cristais, mas está sendo substituído
aos poucos, segundo informações do SAAE. Em outubro, foi inaugurada naquela comunidade uma rede de distribuição de água tratada que agora poderá ser solicitada pelos moradores que estiverem interessados em adquirir um novo sistema de recebimento. Segundo Irineu Franco. outros bairros como o Barrinha e Cidade Nova, ainda possuem residências que não são abastecidas com água potável,
mas esse assunto já está na lista de prioridades do SAAE para 2011. Segundo Irineu Franco, as águas não tratadas, utilizadas para efeito de abastecimento público, usualmente não satisfazem os padrões de potabilidade. Tal fato pode ser um problema para propagação de doenças. A importância do tratamento de água é fato constantemente divulgado em Viçosa, segundo Irineu.
“Até em bairros que já têm sistema próprio de distribuição”, acrescenta. Por meio de projetos da Secretaria de Meio Ambiente da cidade, a população tem recebido educação ambiental para ter cuidados quanto à utilização de poços domésticos e também sobre a contaminação de ribeirões e nascentes, outro grande problema verificado em Viçosa. Devido a necessidade de conscientizar sobre o tema, o OutrOlhar. tem aberto espaço sobre a utilização de água potável na cidade. A chefe do Departamento de Extensão e Meio Ambiente do município, Edivânia Rosa Evangelista, diz que o órgão promove palestras pela cidade com a intenção de que a população se conscientize quanto à necessidade do saneamento básico para a saúde. Segundo ela, o enfoque principal de tais palestras é a lembrança de que a água tratada é peça importante do desenvolvimento de toda a cidade.
Problema com os bueiros são agravados pela má utilização da população Toda vez que se aproxima a temporada de chuvas a população de Viçosa toma-se de sobressalto já que, nessas épocas, uma série de problemas se agrava, entre eles o dos bueiros. Na área central da cidade, por exemplo, a situação é mais sentida. Basta uma pancada de chuvas mais forte para que as ruas sejam tomadas pela água e pelo barro. Isso mostra que as galerias de águas pluviais encontram-se entupidas, denotando um certo desleixo da própria população, que contribui descartando papéis e outros objetos que acabam entupindo essas vias de escoamento, causando os transtornos. Por outro lado, a falta de manutenção, por parte das autoridades responsáveis pelo setor, acaba agravando a situação. Tudo indica, porém, que tal problema poderá ser ame-
nizado. Uma parceria firmada recentemente entre a Prefeitura de Viçosa e o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) tem o objetivo de solucionar, em parte, o problema do entupimento dos bueiros na área central do município. No convênio, o órgão vai disponibilizar um caminhão de hidrojateamento que é utilizado para desobstruir e retirar toda a sujeira das galerias. Atualmente, esse processo só é realizado quando solicitado pela Secretaria de Obras da cidade, mas ainda é bastante lento e trabalhoso, podendo uma área de 100 metros levar um dia inteiro para ser totalmente higienizada. Viçosa, com seu relevo acidentado e de significativos desnivelamentos, passa por diversos problemas com os bueiros entupidos em épocas de chuvas mais intensas. A rede pluvial não suporta o aumento do volume das águas que é impedido de escoar de-
vido a incidência de objetos que entopem as galerias. Segundo o Secretário de Obras da prefeitura, Edson Bhering, os bairros mais afetados são aqueles situados nas regiões baixas da cidade, como Fátima e o centro. Ele ressalta que no caso do bairro Boa Vista os problemas ocorrem na parte alta, porque não há uma rede pluvial instalada no local. A Rua Bernardes Filho é dos locais que sofre muito com os efeitos das chuvas e dos entupimentos. O Secretário explica que, nesse caso, a rua está no mesmo nível do córrego que banha a região. Assim, quando ocorrem as chuvas, há o transbordamento das águas que inunda a rua. Edson ressalta também que o processo pode ser minimizado, em muito, pela própria população: “Em nosso entender, não existe uma medida radical, contudo, a conscientização deve ser a base de tudo. O público, entre outras providên-
THAÍSSA VAZ
Thaissa Vaz
Bueiros abertos e com lixo prejudicam o escoamento das águas das chuvas
cias, pode colaborar muito não descartando lixo nas vias públicas de forma inadequada, não deixando material de construção (areia cimento e brita) fora do limite dos ter-
renos onde estão sendo efetuadas as obras, fato este que agrava a situação, uma vez que as águas das chuvas acabam levando esses materiais para os bueiros”, finalizou.
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MEIO AMBIENTE 9
Agroecologia, uma alternativa socioambiental CAROLINA ROCHA
Saber do agricultor + conhecimento cientifico = sustentabilidade Wanessa Marinho Com todos os problemas socioambientais que o nosso planeta tem sofrido nos últimos anos, fica cada vez mais difícil continuar com as práticas tradicionais de agricultura (como o uso de agrotóxicos, por exemplo). É dessa forma que surge a Agroecologia, trazendo uma série de princípios ambientais, sociais, econômicos, culturais, políticos e éticos que vão apoiar a transição da agricultura tradicional para práticas agrícolas de base ecológica e sustentável. A Agroecologia se baseia na junção de conhecimentos científicos (através de profissionais formados) e o conhecimento dos agricultores (que apesar de não terem o diploma tem muita experiência com a terra), buscando a melhor forma de integração entre o homem, a agricultura e o meio ambiente – através do uso sustentável do solo, plantas, animais, água e tudo o que está à nossa volta. A
Adubação verde técnica na qual planta-se espécies que servirão de adubo proposta agroecológica tenta melhorar os problemas socioambientais do presente, pensando também no futuro, para que as próximas gerações possam viver e trabalhar com dignidade. É preciso deixar claro que a Agroecologia não oferece um modelo pronto, que vai ser seguido rigorosamente, pois cada propriedade tem
as suas particularidades e cada agricultor tem as suas próprias experiências e conhecimentos acumulados. Por isso, para transformar os princípios agroecológicos em tecnologias específicas para cada realidade, é necessário fazer um estudo da propriedade e também da rotina do produtor. A mudança não acontece da noite para o dia,
Agricultura sustentável, do ponto de vista ecológico, é a que consegue atender os seguintes critérios:
é um processo de evolução contínua. Para citar um exemplo, a UFV (Universidade Federal de Viçosa) juntamente com a Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais) vem desenvolvendo, desde 2008, um trabalho de transição agroecológica na nossa região. A pesquisa coordenada pelo professor Ricardo Santos, do Departamento de Solos da UFV, procura aumentar a sustentabilidade da cafeicultura familiar da região através de práticas agroecológicas, trazendo propostas de mudanças que respeitem as atividades habituais dos agricultores. De acordo com a engenheira agrônoma Luiza Monteiro, que também participa do projeto, cabe aos agricultores decidir se aceitam ou não as propostas. “O projeto, na verdade, é uma adaptação para a realidade do produtor. Nós queremos que com o tempo, eles passem a usar os recursos disponíveis na propriedade. Não existe uma idéia fechada, cada caso é um caso”, conclui.
Baixa dependência de insumos comerciais; l
Uso de recursos renováveis locais; l
Utilização dos impactos benéficos do meio ambiente local; l
l Aceitação
das condições do meio ambiente, sem tentar controlá-lo; Manutenção a longo prazo da capacidade produtiva; l
Preservação da diversidade biológica e cultural; l
Utilização do conhecimento e da cultura da população local; l
Produção de mercadorias para o consumo interno; l
Construções irregulares prejudicam população e o meio ambiente O descaso com a estrutura urbana prejudica o meio ambiente e a qualidade de vida em Viçosa. Questões como trânsito desordenado e construções irregulares são alguns dos problemas mais graves que o município enfrenta. Inúmeras são as obras erguidas de modo irregular na cidade. Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Luis Eugênio de Moura, a maior parte delas se localiza no centro da cidade e no bairro Santo Antônio. O grande crescimento populacional, ocasionado principalmente pela atração de estudantes para a Universidade Federal de Viçosa, implica uma crescente demanda por imóveis. Em razão disso, o mercado imobiliário muitas
AGUINALDO PACHECO
Thamara Pereira
Obras no centro de Viçosa, apesar de regulares, ferem leis ambientais e ameaçam o rio São Bartolomeu vezes atropela leis ambientais visando exclusivamente o lucro dos empreendimentos. Um dos casos mais preocupantes são as construções
nas margens do Rio São Bartolomeu que não obedecem ao Código Florestal (Lei nº 4.771/65), o qual tornou obrigatório o afastamento
de 30 metros dos cursos dos rios, fato já tratdo em edições anteriores do OutrOlhar. Segundo o Código, essas são Áreas de Preservação Perma-
nente (APP), zonas protegidas com a função de preservar recursos naturais. A foto ao lado mostra uma obra na Rua dos Estudantes que apesar de se encontrar em uma APP foi aprovada pelo Instituto de Planejamente do Município (IPLAM), pelo Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente (CODEMA) e demais instâncias municipais. A assessora de planejamento do IPLAM, Medelin Silva, afirma que foi permitida a construção da obra em função de seu interesse social. Luiz Eugênio acrescentou que o poder municipal entrou em acordo com o Ministério Público para a permissão de construções com afastamento mínimo de 15 metros das margens de rios.
10 ESPORTE
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Torcida Organizada: raça, amor, paixão e uma dose de exagero B R UNA HONOR ATO
Respeito às diferenças é a garantia do espetáculo no futebol Bruna Honorato Torcida organizada é o nome que recebe uma associação de torcedores de um determinado clube esportivo no Brasil. Essas torcidas são uniformizadas, os membros adotam um mascote próprio e a partir daí desenvolvem roupas e produtos com a sua marca. Durante a realização dos jogos, algumas dessas associações usam bandeiras, faixas, fogos de artifícios e outros materiais, que juntamente com os gritos de guerras e algumas músicas, exaltam um time em rivalidade ao outro. Hoje em dia, são várias as ligações das torcidas organizadas com ações de vandalismo, violência e discriminação. É notória a presença de adolescentes nesse meio se envolvendo em confusões em nome de seu time. Pessoas
Torcedores de diversos times se reúnem em vários pontos da cidade para assistir aos jogos dos principais campeonatos de futebol do mundo
que no dia a dia são tranquilas, se transformam em nome da paixão pelo seu clube e fazem absurdos quando assumem o status de torcedor. A Raça Rubro-Negra (Flamengo), a Fúria Jovem do Botafogo, Gaviões da Fiel (Corinthians), Máfia Azul (Cruzeiro) e Galoucura (Atlético-MG) são exemplos de torcidas organizadas de grandes times que destacam em seus nomes raça, força,
coragem e energia, e que já tiveram em seu histórico, problemas parecidos, por contarem com alguns torcedores mais exaltados. Nesse contexto, de acordo com o psicólogo Gilson Porto Miranda, o poder de coerção e influência de massas no comportamento individual das pessoas, em especial do adolescente que ainda não tem sua personalidade consolidada e busca aceitação
social, colabora para que o mesmo siga o comportamento de um determinado grupo. Assim, a paixão por um clube, por vezes, acaba levando o jovem ao consumo de bebidas, drogas e a atos de violência contra a torcida adversária, antes e depois dos jogos. “A euforia é muito intensa quando ganha e a tristeza acentuada quando perde”, disse ele. No entanto, muitos en-
contram no esporte um estímulo para interagir com os amigos, independente das suas escolhas. corinthianos e palmeirenses, flamenguistas e vascaínos e outras torcidas rivais, são capazes de conviver em harmonia. Portanto, torcer e vibrar pelo time do seu coração, respeitando as diferenças e os gostos de cada um, é uma maneira muito mais saudável de se divertir e mostrar amor pela camisa.
Campeonato de futebol agrega comunidades da zona rural viçosense Rafaela Mello Há mais de doze anos, acontece em Viçosa um campeonato de futebol que proporciona entretenimento e oportunidade de integração e socialização para os moradores da zona rural. Surgido no Campo do Arruda, o Campeonato Rural de Futebol de Viçosa, popularmente conhecido como “Ruralzão”, é destaque no calendário esportivo da cidade, mexendo com a expectativa de torce-
dores e movimentando atletas e árbitros amadores. A competição atualmente é organizada pela Secretaria Municipal de Esportes, juntamente com a Liga Esportiva de Viçosa (LEV). O presidente da Liga, Pedro Rodrigues Saraiva Filho, explica que o campeonato foi desenvolvido com a intenção de colocar produtores e filhos de produtores rurais em atividade, já que eles não tinham oportunidade nos campeonatos realizados no
meio urbano. Pedro ainda reforça a importância do público, que sempre comparece aos jogos e apóia as equipes participantes: “É um campeonato que o pessoal vai a cavalo, de bicicleta, a pé, de charrete, de moto, de qualquer forma eles chegam ao campo de futebol”. Walmir de Almeida, mais conhecido como “Pança”, é radialista e já cobriu vários torneios do “Ruralzão”. Ele conta que são muitas as equipes de tradição presentes
na disputa, algumas delas já deixaram o evento, como é o caso da Estiva, detentora do maior número de títulos. Hoje, as equipes mais representativas são Estação Velha, Paraíso e Piuna, atual campeã. Marcelo Alves Celso, estudante de ensino médio, participa do Ruralzão a cinco anos, tendo jogado três edições pelo Buieié e duas pelo Tsunami, sua atual equipe. Ele comenta que a integração e respeito entre os participan-
tes é ponto fundamental para o sucesso do campeonato. “É uma competição saudável, o pessoal é disciplinado, não existem confusões, mesmo nas finais. Acho muito legal.”. A competição acontece todos os anos entre março e setembro. Para se inscrever o interessado deve se atentar a alguns critérios: morar ou trabalhar na zona rural ou ser filho ou neto de produtores rurais. O campeonato é ainda, aberto a todas as idades. REPRODUÇÃO / FOLHA DA MATA
Equipes formadas por moradores e trabalhores da zona rural da cidade se encontram no Campo da Arruda para o jogo final do Campeonato Rural de Futebol de Viçosa, o famoso “Ruralzão”
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ESPORTE 11
O jornalismo esportivo fora da televisão Nem só de futebol vivem os jornalistas esportivos Pedro Augusto Bruna Honorato O Brasil é o país do futebol, mas a cobertura desse esporte é comprometida para os novos jornalistas. Hoje quem pensa em fazer jornalismo esportivo deve ter a mente aberta para qualquer modalidade de esporte e mais ainda para a maneira de realizar a cobertura desses eventos. Desde a época áurea do rádio, os esportes pouco mudaram, porém o jornalismo esportivo teve uma completa repaginação. Essa mudança ocorreu principalmente pela adequação aos novos meios. O jornalista esportivo Léo Gomide, que atualmente trabalha como Repórter Esportivo setorista do São Paulo Futebol Clube pela Rádio Tupi AM1150 conta que sempre teve vontade de atuar
na área esportiva, começando como repórter nessa área no jornal A Tribuna, da cidade São Carlos, no interior de São Paulo, sendo responsável por produzir as matérias locais, incluindo esportes como futebol, handebol, basquete e tênis. Ele argumenta que um bom jornalista esportivo deve sempre procurar passar informações coerentes, apuradas e corretas, visto que, segundo ele, a ânsia por um “furo” não deve sobrepor a existência de algo concreto. De acordo com o jornalista é fundamental estar antenado não só ao que está acontecendo na editoria esportiva, mas também conhecer as regras das modalidades de uma maneira geral. Separar o fanatismo por um clube ou atleta do que será produzido também é um fator importante. “Lembre-se sempre que está se dirigindo para um público geral, na maioria das vezes, apelos emocionais podem ser
prejudiciais”, finalizou. Ari Vicentini, editor de fotografia do Lance!, importante jornal de esportes no cenário nacional, também acredita que é necessário deixar um pouco a paixão de lado e ser pelo menos um pouco imparcial, sabendo reconhecer boas histórias, identificando o que é e o que não é notícia. “O mercado para o jornalismo esportivo está aquecido e para entrar nele é só procurar os veículos apropriados e gastar sola de sapato”, destacou Ari. Para os mais jovens, como é o caso de Leonardo Velasco, 25 anos, a facilidade é poder cobrir esportes como beisebol e futebol americano sem sair de casa. O blogueiro atualmente tem um site no portal da Globo.com sobre esportes populares nos Estados Unidos. Nesse caso a cobertura é feita através da mídia internacional e portais dos times. O motivo pelo
qual ele optou por essas modalidades também é um dos indicadores de como o perfil do jornalista esportivo tem mudado com o tempo. “Meu interesse veio muito por cau-
sa de videogames que eu jogava quando era bem garoto. Mais tarde voltei a acompanhar melhor e fui gostando dos detalhes dos jogos.” explica Leonardo.
Tai Chi Chuan, arte chinesa incorporada pelos ocidentais O Tai Chi Chuan, arte marcial milenar que leva a ganho em força, coordenação e flexibilidade se originou na China há mais de 1.200 anos com o monge Chang San-feng. Criado com o objetivo de melhorar o desenvolvimento da mente e da habilidade física, também foi utilizado como uma forma de combate e, ultimamente, é visto como uma das melhores opções para alcançar a longevidade. Existem cinco estilos de Tai Chi Chuan: Chen, Yang, Wu/Hao, Wu e Sun. Atualmente o mais popular entre eles é o estilo Yang. O Tai Chi também é reconhecido como uma forma de meditação em movimento, tendo seus benefícios comprovados cientificamente. A professora Luciana Maia é praticante desta arte marcial há mais de 15 anos e afirma que existem benefícios tanto físicos como psicológicos na
KARINNA MATOZINHOS
Karinna Matozinhos
Tai Chi Chuan, arte marcial chinesa milenar e forma de meditação, traz diversos benefícios para a saúde do praticante e faz parte da vida de viçosenses
prática regular da arte marcial. Segunda ela, o Tai Chi auda no fortalecimento dos tendões, musculatura e órgãos internos, na melhora da circulação sanguínea, no combate aos males do estresse como insônia, ansiedade e
depressão, dentre muito outros. Os movimentos são circulares e devem ser feitos com muita concentração e equilíbrio, sendo estes exercícios comparados com uma agulha oculta em algodão, interna-
mente forte e externamente flexível, coordenado juntos. Depois de tantos anos, cada vez mais pessoas de diversas partes do mundo estão aderindo a essa prática. Em Viçosa, são realizados seminários regionais semes-
tralmente que contam com a presença de instrutores de outras cidades. Nestes seminários ocorrem iniciações visando ampliar a prática de Tai Chi e também são trabalhados o aperfeiçoamento dos que já são praticantes.
12 ENTREVISTA
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Dormir bem é essencial para um bom aprendizado Clara Júlio Um sono saudável, com as horas necessárias, faz toda a diferença. Dormir bem não só é importante, como crucial – e influencia diretamente na vida escolar do jovem, sendo possível perceber os primeiros sintomas da queda de rendimento quando pouco se dorme. O neurologista Gustavo Osório, em entrevista concedida ao OutrOlhar, discutiu o tema e explicou como a rotina e a saúde podem ser afetadas pela insuficiência do sono. Ter uma boa noite de sono é mesmo essencial em qualquer idade. Para o adolescente, que normalmente estuda e tem uma rotina agitada, esta importância se acentua. Gustavo diz que há uma ligação direta com o aprendizado, uma vez que a memória e a capacidade de
concentração são prejudicadas se a mente não descansa. Sintomas como hipersonolência diurna, irritabilidade e letargia são conseqüências comuns de poucas horas de sono e indicadores de desânimo e baixo rendimento na sala de aula. Em casos extremos, com privação intensa do sono, os efeitos no organismo se tornam bem mais assustadores, sintomas psicóticos e crises convulsivas são possíveis reações. O uso do computador à noite, hábito muito comum aos jovens, também pode prejudicar a qualidade do sono. De acordo com o neurologista, na noite devese começar a ter uma menos exposição à luz, numa forma de preparação do corpo para dormir. Ficar diante de uma tela luminosa durante um tempo excessivo interfere no ciclo circadiano (que é o ciclo sono-vigília) de uma pessoa, impedindo-a de dormir facilmente e levando-a a um
inevitável desgaste no dia seguinte. Deste modo, fica mesmo difícil desenvolver satisfatoriamente qualquer atividade intelectual. Não é à toa que a escola é um dos primeiros lugares onde os sinais da falta de sono são percebidos. Neste sentido, é bom que se fique atento a algumas dicas para dormir melhor. Evitar atividades físicas muito intensas à noite, assim como refeições pesadas, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas e o tabagismo são medidas simples e importantes. Não é aconselhável, ainda, o uso constante de estimulantes de modo geral, como a tão comum cafeína. Como enfatizado pelo neurologista, deve ser feita uma redução gradual das atividades com o passar do dia. Tomar banho com temperatura moderada também é indicado. A adolescência é uma fase que exige uma quantidade maior de horas de sono. À
THAMARA PEREIRA
Qualidade do sono pode influenciar muito na vida escolar
Adolescentes estão entre os que mais precisam ter boas noites de sono
medida que a idade avança, esta necessidade pode diminuir, embora varie de organismo para organismo. De todo modo, como lembrado pelo especialista, “o fato é
que o sono tem que ser satisfatório e cumprir suas funções, ou seja, a pessoa tem que estar bem-disposta no dia seguinte, sem a sonolência diurna”.
A era das Redes sociais e as novas formas de se relacionar Fernanda Castro O mundo está ficando cada vez mais informatizado. Para alguns, as relações sociais estariam sendo prejudicadas, enquanto para outros, é só uma forma nova e benéfica de socialização. Segundo estudos, figuras populares na web, como os vloggers Felipe Neto e PC Siqueira, podem ser formadores de opinião. A internet tem o poder de seguir direções diversas, ao contrário de outros veículos de comunicação. Daniela Alves, socióloga, cita exemplos como o Orkut e o Youtube, casos em que seus criadores dificilmente tinham idéia da dimensão que tomariam e foram mudando seu formato de acordo com o que era mais ou menos popular. Para ela, o mais interessante na internet é a sua capacidade de liberdade. Muitos jovens estão deixando de ter uma vida
social real para se dedicarem quase que completamente ao mundo virtual, o que, para muitos, pode ser extremamente prejudicial. Para Daniela, no entanto, esse uso pode, na verdade, ampliar os contatos de pessoas tímidas ou manter contato com amigos distantes. “Jovens tímidos apelam para o uso de rede sociais para conhecerem pessoas, mas não deixariam de ser tímidos caso não usassem a internet”, diz Daniela. O que deve ser pensado é a forma do uso. Quando se deixa de lado atividades necessárias, como estudar, apenas para ficar na internet, há sim um prejuízo. Torna-se um vício e precisa ser controlado. As relações virtuais também possuem regras. Não é adequado sair sem se despedir da sala de bate-papo, a pressa ao enviar uma mensagem pode fazer com que ela seja mal interpretada, entre outros cuidados que se deve
Felipe Neto, com canal de vídeos visto por milhões, o “vlogger” já é visto como formador de opinião na internet
tomar no mundo virtual. Daniela acredita que a internet é só uma nova forma de se comunicar, não eliminando as outras. Ela cita como exemplo a invenção da
máquina de lavar e do aspirador de pó no início do século. Na época, pensava-se que reduziria o tempo da mulher como dona-de-casa, mas, na verdade, apenas modificou.
Vale lembrar que, se usada com moderação, a internet pode estimular talentos, já que sua ampla liberdade possibilita o desenvolvimento da criatividade.