Jornal-Laboratório OutrOlhar - Edição 25 - Maio/2011

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CIDADE Fundo Municipal de Turismo trás investimentos ao setor priorizando festas da cidade ao invés de pontos turísticos PÁGINA 5

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO - UFV n ANO 8 n EDIÇÃO N°25 n MAIO DE 2011 FÁBIO MOURA

Apreensões de cocaína, pasta base e pedras de crack crescem na região, após intensificação de combate às drogas por parte da Polícia Civil

Alto consumo de crack preocupa Viçosa Cinco vezes mais potente que a cocaína, o crack é uma droga perigosa e devastadora. O problema que ocupa as atenções das autoridades de diversos

centros brasileiros chega a Viçosa e preocupa as autoridades locais. Na matéria principal desta edição, um neurologista e um ex-dependente explicou os

As capivaras e a febre maculosa

caminhos do vício no corpo do usuário e as dificuldades em lidar com o vício devastador. PÁGINA 11

Um projeto que socializa e diverte

LUCAS LUCENA

I����������������������� dealizado pelo Departamento de Educação Física da UFV, o Projeto Arte Circense também contribui para a integração de crianças e jovens de Viçosa e região. As atividades são oferecidas em horários diversificados e com inscrições inteiramente grátis.

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Medo de quê? Fobias se manifestam em situações particulares. Crianças e adolescentes são vítimas mais frequentes. A busca de ajuda especializada, segundo especialistas é o primeiro passo para a cura. PÁGINA 9

Artesanato

“Cidade tem baixo índice de poluição”

DANIEL FARDIN

Animais podem hospedar carrapato transmissor. PÁGINA 3

Chocolate Amargo Estudos mostram que o chocolate oferecem benefícios à saúde. A prevenção de problemas cardíacos, melhoria do humor e a ajuda no emagrecimento são alguns deles. PÁGINA 6

Ar em Viçosa não foi afetado pela frota de veículos. PÁGINA 12

Artesanato pode ser uma fonte de renda para estudantes universitários.

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2 OPINIÃO

OUTROLHAR MAIO DE 2011

AO LEITOR Durante o fechamento da presente edição fomos brindados com a informação de que, pelo segundo ano consecutivo, OutrOlhar arrebata o prêmio de melhor jornal-laboratório da Região Sudeste. Desta feita, a conquista foi em São Paulo, durante a realização da Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom) – Etapa Sudeste, na Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP). O Evento faz parte das atividades preliminares do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, que vai ocorrer em Recife, em setembro próximo, quando automaticamente, estaremos disputando o mesmo título, em nível nacional, com instituições de todas as regiões brasileiras.

No mesmo evento, o Curso de Jornalismo da UFV marcou uma significativa presença: nossos estudantes tiveram aprovados e apresentaram 31 trabalhos nas diversas modalidades lá oferecidas, entre as quais a Expocom. Além da distinção de Melhor Jornal-Laboratório Impresso (conjunto/Série) - Região Sudeste, projeto brilhantemente defendido pelo formando Murilo Rodrigues Alves (que conquistou título semelhante em 2010, em Vitória – ES), também foram premiados os seguintes trabalhos: Programa Laboratorial de Radiojornalismo (Conjunto/Série) “Coisas de Minas”, série radiofônica sobre as particularidades de ser mineiro, defendido pela aluna líder Nayara Luiza de Souza; Fotografia Artística (avulso) “Dança em Foco”, pela aluna Kívia Oliveira, (também

agraciada no mesmo evento em 2010 com foto para o jornal OutrOlhar); e o Website (avulso) Fotografia Artística (avulsa), pelo também formando André Pacheco. Em dois anos o Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa conquistou - por duas vezes – quatro estrelas no Guia do Estudante da Editora Abril (SP), termômetro da qualidade dos Cursos de Jornalismo do País. Da mesma forma, nossos alunos se destacaram nas provas do ENEM, do ano passado, tirando a maior nota entre todos os cursos brasileiros. Ainda em 2010, projetos do Curso foram agraciados com o Prêmio Arthur Bernanrdes – uma das maiores distinções internas outorgadas pela UFV – nas modalidades “Mérito em Extensão” e “Mérito em Pesquisa”, entre outros mais.

A conquista de reconhecimentos externos e internos como estes nos enche de orgulho e satisfação. Ficamos felizes não só pertencermos aos quadros de um curso que ao longo de sua existência vem ganhando notoriedade e reconhecimento, nos mais diversos âmbitos acadêmicos. Da mesma forma, esse orgulho é extensivo a oportunidade de liderar o grande Projeto OutrOlhar, que une o ensino em prol da melhor formação profissional para o campo jornalístico e a prestação de um serviço para a comunidade, com a produção de um produto jornalístico de qualidade voltado para os estudantes do ensino médio da rede pública de Viçosa. Joaquim Lannes

Nenhum homem é uma ilha É verdade que, muitas vezes, nos sentimos isolados e encapsulados em nós mesmos. As coisas que nos tocam diretamente - que vão desde mudanças climáticas locais a influências psicológicas provocadas por conhecidos – tendem, como é natural, a nos atingir com mais força. O “eu” como centro e ponto de partida para tudo é, de fato, um velho e comum hábito humano. Às vezes, no entanto, acontecimentos exteriores (e que, pela lógica mais simples, não deveriam nos afetar) têm o poder de dissipar esta tênue bolha que nos individualiza e –por que não dizer? – por vezes nos simplifica. Este ano de 2011, tal como foi e ainda é alardeado pela mídia, já se iniciou marcado pelas revoluções no Oriente Médio. Não é mesmo preciso ir tão longe para exemplificar, mas o caráter de importância

destes fatos recentes os trazem à tona. Primeiro Tunísia, depois Egito, e logo esta onda se espalhou pelo norte da África, pelos outros continentes, pelas conversas de bar e de esquina. Além do fator óbvio de interesse do evento – um

essencialmente diferente. Muito além de apenas constituírem um provável tema de vestibular, estes fatos de alcance mundial podem nos levar a refletir sobre a nossa condição inevitável de seres do globo. Afinal de con-

e deixam de segregar. A natureza complexa desta diferença deve ser lembrada, mas no ponto em que tudo converge, o simples “estar no mundo” já é a chave para a compreensão Saber-se fragmento de um grande todo não significa renunciar ao que cada um traz em si e o identifica em meio aos outros. O pertencimento a uma realidade comum pode parecer evidente, mas não é sempre reconhecido com facilidade. A despeito de traços próprios que particularizam cada região, o mundo é uno, mais que nunca interconectas, por que a luta dos povos tado pela tecnologia e, o que árabes pela democracia deve- é mais importante, passível ria nos interessar? Como res- de se comover e influenciar posta simples e imediata, eu com as próprias mudanças diria apenas que somos con- Ter uma visão ampla desta temporâneos da mesma reali- realidade, além de expandir dade e interligados pelo mes- a mente, ainda torna visímo contexto, de uma forma vel nosso potencial atuante, em que distâncias, oceanos, e não apenas espectador, na diferenças religiosas e abis- história. Clara Júlio mos culturais se relativizam

“ Além de se constituírem um

provável tema de vestibular, fatos de alcance mundial podem nos levar a refletir sobre a nossa condição inevitável de seres do globo. mundo em convulsão – estas notícias que nos chegam pela televisão, pela internet e pelas pessoas na rua também trazem, em si, uma centelha de elemento humano. A tal centelha capaz de perpassar a bolha, as barreiras geográficas, as velhas verdades individuais: aquilo que nos faz identificar com o outro distante e

Endereço: Vila Giannetti, Casa 39, Campus Universitário35670-000- Viçosa. MG Tel: 3899-2878 Reitora: Prof ª. Nilda de Fátima Ferreira Soares Universidade Federal de Viçosa

Edição nº 25 – Maio de 2011 é jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa(UFV), atualmente sob a responsabilidade da turma de 2009, na disciplina COM 380 – Edição. Apoio: Centro de Ciências Humanas Letras e Artes - CCH

Diretor do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes: Prof. Walmer Faroni Chefe do Departamento de Comunicação Social (DCM): Prof. Ernane Corrêa Rabelo Coordenador do Curso de Jornalismo Prof. Erivam de Oliveira Registro: MT-SP-20193 Editor Geral Prof. Joaquim Sucena Lannes Registro: MT-RJ-13173

EDITORIAL A edição 25 do OutrOlhar traz, mais uma vez, assuntos que são de grande interesse ao público jovem e aos professores que utilizam este jornal de forma didática entre seus alunos. Oportunidades, dicas de atividades e informações fazem a diversidade de matérias que recheiam as páginas do jornal-laboratório. Trazemos detalhes sobre produção e venda de artesanatos, aprendizagem de artes circenses e os motivos que permitem que Viçosa possua baixa poluição no ar. Alguns assuntos de grande interesse público atual também estão presentes, como os numerosos vídeos virais que estão se multiplicando na Internet, a influência da mídia sobre as preferências dos jovens e os efeitos dos 85 anos de presença da Universidade na cidade de Viçosa. Uma das preferências dos leitores, a seção de esportes, vem com um direcionamento diferente: dessa vez, vamos dar espaço a algumas modalidades pouco conhecidas pelo público em geral. A matéria sobre os Jogos dos Povos Indígenas traz detalhes sobre alguns esportes sem muita fama entre nós. O frisbee, que igualmente não é muito popular, tem também o seu espaço nas páginas a seguir. Então, boa leitura a todos vocês! Jader Elisei e Diego Abreu

Orientação Fotográfica Prof. Erivam de Oliveira Registro: MT-SP-20193

Impressão: Divisão Gráfica Universitária

Turma 2009 Ana Fontes, Bianca Pereira, Bruna Honorato, Bruno Guimarães, Camila Barros, Carolina Pavanelli, Clara Freitas, Cristiane Cândido, Cristiano Pires, Daniel Fardin, Diana Espinal, Diego Abreu, Eduardo Júnior, Fábio Moura, Fernanda Oliveira, Flávea Gomes, Frederico Cabala, Giuliano Sales, Jader Elisei, Juliana Corrêa, Karinna Faria, Laio Brandão, Luan Souza, Lucas Constantino, Lucas Lucena, Luiza Quintão, Marco Câmara, Marden Chaves, Pâmera Mattos, Patrícia Freitas, Patrícia Santos, Pedro Augusto, Rachel Barroso, Rafaela Santos, Thaíssa Vaz, Thamara Pereira, Thiago Penna, Thiago Soares, Virgílio Júnior e Wanessa Assunção.

Os textos assinados não refletem necessariamente a opinião da Instituição ou do Curso, sendo da responsabilidade de seus autores e fontes.

Diagramação Bruno Guimarães, Daniel Fardin e Lucas Lucena

Tiragem: 2 mil exemplares

Cópias são autorizadas, desde que o conteúdo não seja modificado e que sejam citados o veículo e o(s) autor(es).


OPINIÃO 3

OUTROLHAR MAIO DE 2011

Vídeos virais, os novos ‘King Size’s da Internet revistas e jornais. Em primeiro lugar, eles geralmente são caseiros ou, quando muito, mal-produzidos. Em segundo lugar, não são patrocinados por ninguém. E, por último, possuem um humor diferente do que estamos acostumados: quase sempre o atrativo dos vídeos virais é um fato surpreendente, fora do comum. Ou seja: essas três caracte- Jovem cantora americana Rebecca Black rísticas garantem que eles sejam um virais. Por isso, ainda temos fenômeno midiático imune a um espaço realmente livre interesses. para podermos assistir, proPode não parecer à pri- duzir e consumir – de graça meira vista, mas isso é uma – outra raridade nos dias de coisa muito rara nos dias hoje. atuais. Tudo que é mostrado Entretanto, produzir um na televisão, no rádio ou na vídeo viral não é uma caracinternet passa por critérios teristica necessariamente boa. de interesses, como dinheiro, A jovem cantora americana política, religião, entre ou- Rebecca Black conseguiu que tros. Tudo, menos os vídeos o péssimo clipe de “Friday”,

REPRODUÇÃO

Não deve ser difícil ter ouvido recentemente em alguma roda de conversa o assunto sobre o vídeo em que dois garotos brigam numa escola até que um arremessa o outro contra o chão. O video ficou conhecido na internet por “Zangief Kid”. Também não deve ser difícil conhecer alguém que já tenha visto as famosas cenas de uma entrevistada se atrapalhando e dizendo repetidas vezes “sanduíche-íche”. Apesar do conteúdo dos vídeos ser bem diferente, eles tem uma característica em comum: o sucesso rápido e uma imensa visibilidade entre os jovens. Por se espalharem rapidamente, esses vídeos ganharam o curioso nome de “vídeos virais”. O estranho dessas produções é que elas fazem sucesso por causas diferentes daquelas que, geralmente, são sucessos na mídia convencional, que é formada por aqueles programas, bandas e filmes que você assiste na TV, ouve no rádio ou vê em

e seu clipe para a música “Friday” é o mais novo hit da internet sua música de estréia, fosse vista 46 milhões de vezes em 10 dias enquanto a séria Lady Gaga conseguia 21 milhões de exibições a menos com o lançamento de sua nova música no mesmo período. Vitinho “Avassalador” também conseguiu uma boa audiência com uma pérola da música nacional que, infelizmente, não pode ter seu

nome publicado aqui mas é facilmente encontrada como “24 Avassaladores.wmv” no YouTube. Como a mídia tradicional conseguirá fisgar a audiência dos vídeos virais é impossível saber. Mas, por enquanto, é muito difícil imaginar um meio de se controlar esse fenômeno virtual. Jader Elisei

Do you speak english? Eu quero mais espaço! Você já deve estar cansado de ouvir que para ser um bom profissional e se dar bem na vida, é preciso saber falar uma língua estrangeira, não é mesmo? E, por isso, seus pais lhe cobram notas maiores nessas disciplinas e até mesmo lhe matriculam em um cursinho de línguas. Com a globalização e o crescimento da internet, dominar outra língua é fundamental, já que o inglês é considerado a língua universal e mais presente no mundo online. Você pode tentar se esconder atrás de desculpas como “mas eu não penso em viajar pra fora do país” ou “na minha profissão eu mal vou falar, quanto mais em outra língua”. E é aí que você, assim como a maioria dos adolescentes, engana-se. Se quiser seguir estudando e entrar em uma universidade, vai acabar se deparando com algum texto em inglês e vai sentir falta da oportunidade que deixou escapar. Ou seguindo um exemplo simples: aquela música que está na moda e que você

gosta é em inglês e é bom saber do que ela fala. Uma pesquisa informal realizada pelo OutrOlhar em alguns cursos particulares de língua estrangeira mostrou que cerca de 70% dos alunos tem entre 14 e 18 anos de idade. Por experiência própria, nessa idade não damos tanto valor a aprendizados do tipo, fazemos por imposição dos pais ou algo parecido. Mas uma coisa é certa: essa oportunidade é única e só damos valor a ela depois, quando sentimos falta de ter um maior domínio sobre essas línguas que nos relutamos a não aprender. Ter conhecimento de outra língua não é mais diferencial, é regra. O especial é ter domínio sobre ela e aproximando-se cada vez mais da fluência no novo idioma. A adolescência é a fase em que mais se assimila conhecimento e com mais tempo livre para esse tipo de aprendizado. Você pode achar que isso tudo é besteira, mas depois não diga que não avisei... Túlio Câmara

Não há nada mais natural em um adolescente do que a sua vontade de experimentar. É algo marcante em sua vida o querer sair e conhecer o mundo à sua volta. Escolher o caminho a tomar, o que assistir, a música a escutar, o que sentir. Portanto, o que esperar das proibições impostas a eles? A negação de um comportamento, comum nessa fase, pode gerar protestos, ou em alguns casos, atos rebeldes. Por isso, o jovem está saindo da vida de criança e procura ter menos dependência dos pais, ele não aceita mais comida na boca, nem mesmo que escolham o que tem de vestir. Agora, pela busca do interesse próprio, vale discordar e até desobedecer. Este interesse, ou a vontade do adolescente, muitas das vezes está ligado a uma busca por identificação. Sejam elas

relacionadas ao modo de se vestir, as músicas que escutam, ou o uso de gírias em seu vocabulário. Todas indicam que é preciso fazer parte de grupos, que podem ser caracterizados por uma escolha

É uma fase difícil que é marcada por questões como educação e sexualidade. musical, filosofia, cultura, etc. No entanto, é bom ficar atento a esses tais grupos, até mesmo porque eles também podem ser difíceis de desvinculação. Pense em como é difícil dizer que não gosta de certo estilo musical, ou não adotar certo comportamento, quando se está falando das preferências de seus colegas. Existem os que optam por seguir a “modinha” e entender o que os amigos conversam simplesmente pelo receio de

serem excluídos do círculo de amizades. Uma situação bem complicada, uma vez que, ao passo que diminui a dependência dos pais, aumenta o temor do isolamento e coibição social em relação ao círculo de amizades . É uma fase difícil, de dúvidas e descobertas, e que também é marcada por outras questões, como educação, sexualidade e identidade. Então o que esperar de um adolescente? Essa é uma pergunta que pode ser feita por eles próprios, como prática de auto-análise. O que cabe aos outros é tratá-los como o adulto que gostaríamos que se tornassem, e não como meras crianças. Assim sendo, encorajar o jovem a evoluir ao passo que concede a ele responsabilidades é, a meu ver, melhor opção do que permitir que viva em fuga de uma vida infantil. Diego Abreu


4 CIDADE

OUTROLHAR MAIO DE 2011

Capivaras podem hospedar carrapato transmissor de doenças LUCAS LUCENA

Animais representam risco para frequentadores do campus da UFV. Bruna Honorato Presentes no dia-a-dia do campus da UFV, as capivaras podem ser vistas próximo ao Centro de Vivência, Supermercado Escola, ou até mesmo nas imediações das Quatro Pilastras (entrada da Universidade Federal de Viçosa). Animais semi-aquáticos, as capivaras podem ser sexualmente ativas já com um ano de idade, ocorrendo à primeira “parição” com 18 a 20 meses. Elas se reproduzem com muita facilidade, pois possuem um ciclo estral espontâneo a cada sete dias. O tempo de gestação é de 150 dias, podendo uma fêmea ter dois partos em um ano, com uma média de quatro filhotes por parição. A capivara é um dos animais silvestres hospedeiros do carrapato-estrela (Amblyomma cajennense), que se estiver contaminado pode transmitir a Febre Maculosa, uma infecção aguda causada pela bactéria, Rickettsia rickettsii. De acordo com o professor Cláudio Lísias Ma-

Animais que habitam o campus da UFV podem ser hospedeiros do carrapato-estrela transmissor da febre maculosa. fra, professor da UFV especialista em febre maculosa, a doença tem um curso consideravelmente rápido, em um período de 2 à 14 dias, período este de incubação, após a inoculação do agente. Depois da inoculação da bactéria, uma pessoa pode vir a desenvolver um quadro caso tenha sido picado pelo carrapato que estiver infectado. O período de infecção também será rápido. Em questão de uma semana, o infectado pode apresentar hemorragias devido à lesão da parede de

capilares. — A enfermidade pode atingir altos índices de fatalidade, de óbito em casos não tratados. — Salientou ele. Diante do risco existente, o OutrOlhar ouviu o veterinário e coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), Tarcízio Antônio Rêgo de Paula, que informou a existência de um projeto da universidade para controlar o excesso populacional desses animais. O projeto prevê a determinação da área que cada grupo de ca-

pivaras (macho dominante, machos sub-adultos, fêmeas e alguns filhotes) vai ocupar dentro do campus. Estabelecidos os grupos, terão outros “indivíduos” que vão tentar entrar no bando, porém serão repudiados pelo próprio grupo, que em número controlado, contribui para evitar esse aumento de população. Além disso, Tarcízio destacou que uma técnica também será utilizada nesse controle. — Nós vamos tentar uma inovação, que é fazer uma vasectomia e a ligadura de

trompa nas fêmeas. — Explicou. O biólogo Marcos Vinícius Rodrigues avalia que foram os humanos que invadiram o habitat da capivara, logo, têm que saber conviver com isso da melhor forma. Ele acredita também que seria interessante uma parceria com a Secretária de Saúde, para que assim cidade e universidade pudessem trabalhar juntos em prol desse projeto, ou seja, plano de manejo que contribuirá para o controle desses animais na natureza.

Donos de lotes vagos na cidade são intimados a fazer conservação Sempre presentes nas paisagens urbanas, os lotes vagos, quando não são devidamente cuidados, podem se tornar um problema. O matagal cresce, o lixo, ali colocado indevidamente, se acumula e o local pode se tornar um foco de doenças. Em Viçosa, segundo dados de 2010 da Prefeitura Municipal, existem mais de 6600 imóveis não-edificados. No entanto, uma lei de 2003 que diz respeito a esses terrenos foi intensificada nos últimos meses. De acordo com ela, o proprietário deve providenciar a limpeza e a conservação sistemática do terreno, sem permitir a proliferação ou acúmulo de mato, lixo ou qualquer detrito que coloque

em risco a saúde e a segurança da população. Quem não respeita esses dispositivos é notificado pela Prefeitura. Segundo o secretário da Fazenda de Viçosa, Waldir Batalha, caso nada seja feito por parte do proprietário, a Prefeitura realiza a limpeza. — A Prefeitura faz o serviço e depois cobra com multa. — Afirma ele. A multa é de 20% do valor do custo do serviço realizado. Ainda segundo Waldir, os bairros Santa Clara, João Brás e Fátima são alguns dos que mais possuem terrenos baldios na cidade. Os terrenos abandonados também podem ser ameaças à saúde pública. O mosquito transmissor da dengue, o aedes aegypti, por exemplo, muitas vezes nasce nesses lo-

MARDEN CHAVES

Marden Chaves

Falta de cuidados com a limpeza dos lotes vagos são perigo para a saúde pública da cidade cais. O funcionário da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) em Viçosa, Roberto Rivelino, explica que o maior problema da dengue na cidade não são os terrenos baldios e, sim, as próprias residências vizinhas desses lotes. Segundo ele, essas pessoas devem se conscientizar e

não jogar lixos e outros detritos nesses locais. De acordo com Roberto, quando um lote vago é um foco de dengue, eles entram em contato com os vizinhos e procuram localizar o proprietário para controlar a situação. Além dos benefícios para a saúde pública e para a pai-

sagem urbana do município, o proprietário que cuidar de seu lote pode receber vantagens no pagamento do IPTU do imóvel. Assim, os motivos para a boa manutenção de terrenos vagos são muitos. A lei já existe e foi intensificada. Resta o bom senso do proprietário.


OUTROLHAR MAIO DE 2011

CIDADE 5

De ESAV à UFV, Viçosa completa 85 anos de universidade federal Giuliano Sales No próximo dia 28 de agosto, a cidade de Viçosa completa 85 anos abrigando a Universidade Federal de Viçosa (UFV). Inaugurada como Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV), possuía a área da Agrária como principal espaço acadêmico, atraindo estudantes, sobretudo, do sexo masculino. Com o passar dos anos e, principalmente, depois da federalização, em 1969, a UFV expandiu-se para as outras áreas do conhecimento. Atualmente disponibiliza 48 cursos mobilizando aproximadamente 11200 estudantes. O grande crescimento populacional de Viçosa, porém, não foi acompanhando pelo desenvolvimento de sua infra-estrutura, pelo contrário, enquanto a população dobrou de 1980 (aproximadamente 30 mil habitantes) para agora, o investimento na estrutura da cidade foi próximo dos 8%, segundo pesquisa realizada por mem-

bros do departamento de Ciências Sociais da UFV. O antropólogo, Douglas Mansur, integrante deste estudo, chama atenção para outro dado alarmante, o alto índice de analfabetismo na cidade (10%), superior ao do Estado do Rio de Janeiro (3%) e da média nacional. Entretanto, comprovando a existência de um antagonismo latente na cidade, outro índice que supera a média nacional é o de escolaridade, criando um fosso social. Mansur percebeu, embora ainda esteja no princípio de suas análises, um sentimento de ”nativismo”, ainda não determinada especificamente em qual escala. Em seus estudos, o professor Douglas pode perceber a utilização de termos como “nativo”, “forasteiro” e “de fora” para classificação de qualquer morador. Na UFV, segundo dados do Registro Escolar, 17,4% (1.946 em 11.189) estudantes de graduação são nascidos em Viçosa. Esta porcentagem cai para 9,7% (264 em 2.731) quando analisamos estudantes de pós-graduação. O funcionário técnico ad-

GIULIANO SALES

Integração total movimenta setores municipais e acadêmicos

Universidade promove a integração com a cidade por meio da realização de projetos de extensão ministrativo Edson Souza espera um dia ver seus filhos dentro dessas estatísticas. Perguntado se utiliza a UFV como incentivo para seus filhos, Edson respondeu: — Sim, mas tudo dependerá da vontade deles, se tiver o curso que eles quiserem aqui. Segundo a Pró-reitoria de

extensão, a UFV possui 245 projetos de extensão espalhados pela cidade. Estes trabalhos procuram interagir com aproximadamente 381 mil pessoas, entre estudantes das escolas públicas, municipais e outros moradores de Viçosa. Embora algumas pessoas afirmem existir uma barrei-

ra invisível entre as quatro pilastras e a cidade, ainda é comum encontrarmos moradores nascidos em Viçosa aproveitando o campus para correr, caminhar ou passear. Afinal o nome deste espaço não é simplesmente “Universidade Federal”, existe um importante e determinativo “de Viçosa” para finalizar.

Fundo Municipal de Turismo prioriza festas da cidade Patrícia Santos A instituição do Fundo Municipal de Turismo em Viçosa foi mais uma conquista para a cidade, trazendo investimentos ao setor. Ele funcionará juntamente com o Conselho Municipal de Turismo, que possui 28 conselheiros e tem por objetivo regulamentar e explorar o turismo no município. A criação deste Fundo era extremamente necessária para a captação de verba, via ICMS turístico (Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação), garantindo os investimentos futuros que serão realizados. Além da

participação do Conselho e da obtenção de um Fundo, o município precisa estar incluído no SETUR - Programa de Regionalização do Turismo da Secretaria de Turismo e integrado no Circuito Turístico Serras de Minas para se integrar no critério Turismo no Estado de Minas Gerais. Com o cumprimento destas exigências, a Chefe do Departamento de Turismo de Viçosa, Jussileide Magalhães, acredita que um valor razoável foi alcançado para melhorias em diversos segmentos do turismo na cidade. Ela afirma que o dinheiro obtido será destinado para uma melhoria no calendário de festas na cidade, pois ela ainda carece de pontos turísticos que possam atrair

a pessoas de fora da região. Assim, a idéia é explorar os principais eventos que aqui ocorrem e criar outras festas que despertem o interesse de pessoas em nível nacional e até internacional. Além disso, existe a intenção de criação de segmentos dentro do Conselho Municipal de Turismo como forma de ajudar na organização da cidade em épocas de grandes eventos. Por exemplo, na Semana do Fazendeiro, que recebe pessoas até de fora do país, na Festa dos ex-alunos da UFV, do Coluni e nas Formaturas, que promovem a vinda de milhares de parentes e amigos dos homenageados e até na época do vestibular, quando os pais acompanham os filhos para a realização das provas.

Na rede de hotelaria, a membro do Conselho e proprietária do Hotel Príncipe, Lídia Santana, afirma que Viçosa possui plenas condições de abrigar um grande contingente de turistas em épocas de eventos, pois há bastantes hotéis na cidade para o número de turistas que a visitam normalmente. O grande problema é a disposição de importantes eventos numa mesma semana, levando à superpopulação da cidade e região. Ela ressalta também que um dos principais objetivos do Conselho é a realização de um trabalho de divulgação de fazendas rurais da cidade, incentivando também o turismo de campo. Apesar de Viçosa possuir belezas e patrimônios capa-

zes de chamar a atenção e incentivar o turismo na cidade, esses setores ainda são muito pouco explorados pela Prefeitura e não são prioridade nos planos de desenvolvimento turístico vislumbrado pelo Conselho. Regiões como o Parque Municipal Cristo Redentor, que atualmente está sem preservação e em estado de abandono, a Serra do Brigadeiro, patrimônio natural com riquíssima biodiversidade, e até mesmo, a Casa Arthur Bernardes, um museu do ex-presidente que retrata a sua história de vida, são locais pouco explorados e que se encaixariam perfeitamente como pontos turísticos capazes de chamarem a atenção de diversas pessoas do país, se fossem devidamente investidos e divulgados.


6 VIDA, CIÊNCIA E SAÚDE

OUTROLHAR MAIO DE 2011

Quando tudo perde a graça Thiago Soares — Eu me sentia mal. Até a relação com a minha família era complicada. Resolvi buscar ajuda psicológica por sentir que havia algo de errado e que as coisas não podiam continuar assim. Me disseram que eu tinha depressão. A terapia me ajudou a lidar melhor com meus problemas. Por mais que ainda não me sinta 100% bem, sei que as coisas poderiam estar piores. Minha relação com meus pais e irmãos, hoje, é bem melhor. Acho que agora eu estou bem. O depoimento acima é da estudante Patrícia Andrade*, hoje com 20 anos. Desde a adolescência, Patrícia procura no tratamento psicoterapêutico a sustentação para lidar com suas angústias. Quase 10% dos adolescentes

brasileiros sofre algum tipo de transtorno depressivo, segundo estimativas do Ministério da Saúde. O núme-

típicos “deSinais depressão

como irritabilidade, baixa autoestima ou a busca por isolamento; são confundidos como sendo comportamentos comuns da adolescência ro pode ser maior se levado em conta que muitos outros jovens, por preconceito ou desinformação, sequer procuram ajuda profissional e por isso não aparecem nas estatísticas. Comumente, sinais típi-

cos de depressão como irritabilidade, baixa autoestima ou a busca por isolamento, dentre outros, são confundidos por familiares como sendo um comportamento típico da adolescência. O psicólogo Felipe Lisboa acredita que está no dialogo a chave para que os pais saibam distinguir entre os sintomas de um estado de simples abatimento, comum a todos em determinado momento da vida, com sinais claros de transtorno depressivo. — É preciso que os pais fiquem atentos. Não vigilantes, mas atentos. É preciso que eles despertem a confiança dos filhos. E que mantenham um dialogo frequente, franco e aberto para se perceber os sinais que há algo de errado — Explica. Para a supervisora pedagógica, Luciana Marques, é

exatamente na relação pais e filhos que se encontra o maior problema. — Os pais muitas vezes transferem para outras instituições, como a escola, o papel de educar. De conversar. A família muitas vezes acha que dá tudo ao jovem. Mas se esquece de oferecer o diálogo, o afeto. — Relata Luciana. Uma vez percebidos esses sinais, os pais devem buscar orientar os filhos rumo ao tratamento adequado. Patrícia, que procurou ajuda por conta própria, explica que ninguém deve se envergonhar em procurar ajuda. E que cabe a cada um descobrir a forma de lidar com o problema. — Cada um tem

sua forma de enfrentar suas angústias. O importante é saber como lidar com isso. E se tratar. Ninguém fica bom sozinho. — Finaliza a supervisora.

Pseudônimo criado para preservar a identidade de nossa entrevistada.

Chocolate, quanto mais amargo, mais saudável Daniel Fardin

tina Santana alerta que, se tratando dos benefícios do chocolate, não vale apena investir nas versões ao leite e, principalmente, no chocolate branco. — Quanto mais amargo é o chocolate, maior é a quantidade de cacau e consequentemente maior também é a concentração de flavonoides, que são substâncias antioxidantes presentes no cacau responsáveis pela proteção contra doenças. Já a versão branca é feita basicamente de manteiga de cacau, que preserva o aroma do chocolate, mas não suas importantes propriedades antioxidantes. — Afirma Cristina. Ainda segundo a nutricionista Marcia, para ter os mesmo benefícios de uma barrinha amarga, seria necessário consumir quase o triplo da quantidade de chocolate ao leite. Mas, dessa forma também viriam triplicados os índices de açúcar, gorduras e as calorias. Chocolate amargo, não é uma preferência nacional, mas é reconhecidamente o mais saudável dos tipos de chocolate.

A “guloseima” em datas 1500 a.C.: Segundo análises de DNA, o cacau surgiu na América Central. Provavelmente na região onde hoje é o México. 400: Resíduos em vasos de cerâmica dos Maias, na Guatemala, indicam que o chocolate já era usado como bebida, nessa época. 1829: Inventada a primeira máquina que separa as amêndoas do cacau em manteiga e pó. Surgem os primeiros chocolates em barra. 1891: A primeira fábrica de chocolates do Brasil é instalada em Porto Alegre, chamada Neugebauer Irmãos & Gerhardt. 1990: Surgem nessa década os primeiros estudos relacionados os benefícios para a saúde proporcionados pelo chocolate amargo. 2011: Brasil é o 4º maior mercado consumidor de chocolates do mundo.

DANIEL FARDIN

Conta a lenda que muito tempo atrás um deus Asteca, chamado Quetzcoalt, roubou dos céus uma árvore e a ofereceu aos homens. Ele queria dar aos mortais algo que lhes enchesse de energia e prazer, então, Quetzcoalt roubou dos “campos luminosos do Reino dos Filhos do Sol” as sementes da árvore sagrada. Essa árvore era o Cacaueiro! Seu fruto - o cacau - foi usado por muito tempo em rituais sagrados e séculos depois se transformou em um produto por muitos considerado como “divino”: o chocolate. Afinal, além do sabor inquestionável, se consumido com moderação o chocolate pode fazer bem à saúde como poucos alimentos podem fazer. Foi-se o tempo em que o chocolate não fazia parte de um cardápio saudável. Estudos recentes, comprovam que “consumindo apenas 6 gramas por dia, já é o suficiente para melhorar a saúde”, afirma a Nutricionista Márcia Vieira. Essa quantidade equivale a um quadradinho de uma barra comum.

O horário em que se come também faz diferença em alguns casos: — No início da manhã e no final da tarde são os horários em que o corpo libera a maior quantidade de cortisol no organismo, que é hormônio do estresse e para se livrar desse hormônio que causa o estresse e o mau humor, basta uma pequena dose de chocolate amargo — Recomenda. Além de combater o mau humor, o chocolate também pode diminuir a pressão arterial, retardar danos no coração, prevenir derrames e até favorecer o emagrecimento. — Comer um tablete pequeno de chocolate amargo, pela manhã, ainda em jejum, aumenta a saciedade, propiciando uma perda de peso, já que você come menos, por se sentir naturalmente mais satisfeito, durante o dia — Informa Marcia Vieira. A estudante Júlia Almeida, de 16 anos, se considera uma chocólatra e afirma que não consegue viver sem chocolate “principalmente o branco, meu preferido”, conta ela. Porém, a Engenheira de Alimentos Simone Cris-


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VIDA, CIÊNCIA E SAÚDE 7

Uso de suplementos alimentares torna-se comum Thiago Penna

especializadas somente na venda desses produtos, em cidades de menor porte eles acabam sendo vendidos em farmácias. O que muitos não sabem, no entanto é que antes de se procurar qualquer tipo de suplemento é necessário o acompanhamento de profissionais da área de nutrição e de um médico. Segundo o professor de Recursos Ergogenicos da Universidade Federal de Viçosa, Luiz Carlos Bouzas os suplementos só devem ser usados sob recomendação de profissionais, o professor também ressalta: — Quem tem que fazer o julgamento de qual é a quantidade e que tipo de suplemento deve ser tomado deve ser a nutricionista ou a endocrinologista. (...) A gente já sabe que quanto uma pessoa faz uma dieta equilibrada na grande maioria dos casos não tem necessidade de tomar suplemento.

xar de sair de casa por isso. Muito menos largar a escola por medo dessas criaturinhas que mal podemos ver. Regina Célia Santos, especialista em higiene, explica que nosso corpo está habituado a conviver em harmonia com essa infinidade de seres que nos cerca. — É muito difícil garantir um ambiente livre de microrganismos no nosso cotidiano, além disso, uma assepsia total (criar um ambiente parecido ao de um hospital) pode favorecer o desenvolvimento de agentes patológicos, (causadores de doenças) eles não conseguem

competir com bactérias mais rústicas que existem por ai, inclusive no nosso corpo. Um bom exemplo de como essa interação é indispensável é a Helycobacter pylori, ela vive no estômago humano e funciona como uma vacina natural, ou seja, faz o corpo produzir antígenos que o protegem de infecções. Quando essa bactéria por algum motivo não está presente no organismo o sistema digestório, para se proteger, antecipa a digestão para o esôfago que é um órgão muito mais vulnerável a doenças graves. O hábito de lavar as mãos

Afinal, o que são essas substânicas? Suplementos são substancias que auxiliam no fornecimento de nutrientes e podem ser usados tanto para um possível aumento de desempenho quanto para fins estéticos. Esse tipo de substancia é comumente vendida em farmácias e lojas especializadas em produtos de academia e o preço pode variar entre R$20,00 e R$100,00 dependendo da marca, do tamanho e do tipo de suplemento. Vale ressaltar que o consumo desse tipo de substância deve ser acompanhado por um nutricionista, além de ser necessário um grande gasto físico para se obter resultados. LAIO BRANDÃO

Ao assistirmos programas, filmes ou mesmo anúncios publicitários é possível notarmos referencias a um modelo universal de beleza, que vai desde os traços naturais, até a um padrão físico ideal. A idealização de um modelo estético parte do princípio de que as mulheres têm que ser magras (como as modelos) e os homens devem possuir um corpo com músculos bem definidos (como atores de Hollywood). Nesse contexto o uso de suplementos alimentares que prometem ajudar a ganhar massa muscular e definir o corpo, tem se tornado cada vez mais recorrente entre os adolescentes, que buscam alcançar um padrão estético idealizado, em um curto espaço de tempo. É comum que o jovem procure usar esses aditivos por indicação de amigos ou de conhecidos, sem antes consultar um médico ou um nutricionista. Na

Internet, existe material farto em sites que recomendam ou buscam “ajudar” o jovem nessa procura. O estudante de comunicação Mateus Leão, fez uso de suplementos há mais ou menos um ano. Ele admite sofrido influência de amigos, mas ressalta que usou da maneira correta, sempre procurando aliar com uma alta dose de exercícios diários e de descanso, cujo lema era representado pela frase “treino intenso descanso extenso”. O estudante relata que nunca teve qualquer problema com o uso de suplementos e que sempre teve uma alimentação saudável, o que também ajudou na realização de seus objetivos. A facilidade para se obter esses estimulantes físicos e a alta variação de preço dos mesmos, foram fatores que contribuíram para a disseminação da venda desses produtos entre os jovens e adolescentes. Em grandes capitais é comum encontrarmos lojas

Suplementos: usados para conseguir resultados rápidos na academia

Higiene das mãos ajuda a combater doenças

Pedro Augusto Tente reparar quantas coisas você toca nas primeiras horas do dia. Agora conte quais você tem certeza que estão limpas, livres de bactérias, fungos, vírus ou protozoários. Você deve imaginar que estamos rodeados por um mundo de formas de vida invisíveis e que alguns podem causar doenças. Mesmo em casa é impossível saber o que é estéril. Na escola, onde dividimos os bebedouros e os banheiros isso se torna ainda mais difícil. É claro, não devemos dei-

(como mostra o infográfico abaixo), pode evitar que microrganismos indesejados entrem em contato com você. Mas existe um detalhe. O certo é lavá-las antes e depois de ir ao banheiro. Quando lavamos depois de ir ao banheiro evitamos que os outros entrem em contato com os micróbio que habitam nosso corpo, mas quando essa higienização é feita antes também, ai sim, evitamos expor nossas partes íntimas, região bastante vulnerável do corpo, a sujeira de lugares que geralmente encostamos, como explicou Bruno David Henriquez, especialista em

saúde do adolescente. O bebedouro, por exemplo, é um lugar muito frequentado e por isso acaba se tornando um grande propagador de doenças. Bruno Henriquez lembra o auge da gripe suína, quando foram retirados os bebedouros de vários locais públicos. O problema é que muitas vezes cai saliva do usuário ou alguém encosta a boca na saída de água. A saída apontada pelo sanitarista é usar uma garrafinha. Assim, além de se livrar de uma gripe você não vai precisar sair no meio daquela aula de matemática para beber água.

Friccione as unhas na palma de cada mão.

Pressione a parte interna com os dedos entrelaçados.

Aprenda os movimentos corretos para lavar as mãos de forma mais eficaz ARTE: PEDRO AUGUSTO

Esfregue bem as mão molhadas e ensaboadas.

Movimente a parte de trás dos dedos nas palmas opostas.

Limpe a parte de fora com a parte interna nas duas mãos.


8 COMPORTAMENTO Enfrentando os tiques nervosos Rafaela Mello

Piscar os olhos, mexer no cabelo, estalar os dedos, contrair o abdômen. Esses movimentos podem até parecer normais e rotineiros, porém, quando feitos de maneira exagerada e repetitiva são classificados como “Síndrome de Tourette”, os populares tiques nervosos. Os tiques são movimentos ou vocalizações involuntários, rápidos, não rítmicos, bruscos e aparentemente sem finalidade.De acordo com o psiquiatra Lairton Andrade, ainda não se sabe a causa do transtorno, mas as pesquisas apontam para fatores genéticos, traumas durante o parto, infecções bacterianas, além de componentes emocionais. Os movimentos podem incomodar quem os possui, principalmente quando se tornam motivos de piada e alvo de apelidos. Essas situações acabam afetando a autoestima, levando a um aumento na ansiedade e acarretando o isolamento das pessoas que sofrem com o problema. Quem já passou por isso, garante que sentir vergonha e se afastar não são a melhor das opções. O universitário Victor Hugo Recife, conta que fazia movimentos aleatórios com a cabeça e o ombro, o que lhe causava um grande desconforto. Hoje, depois de se submeter a tratamentos com psiquiatras e homeopatia, os gestos se tornaram praticamente imperceptíveis. — Era muito ruim, incomodava e o pessoal fazia muita piada na escola. Mas o importante é não ficar ansioso para achar uma solução, os tratamentos existem e a melhora pode vir naturalmente — Explica. Um conselho é observar as origens desses movimentos, buscando classificar suas causas e motivos. E se essa condição começar a atrapalhar e causar incômodo, a saída é procurar ajuda psiquiátrica para uma análise mais precisa. O apoio dos amigos e da família também é sempre importante.

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Big Brother da vida real Jovem e a internet: uma relação que exige muitos cuidados. Fred Cabala Experimente preencher o campo de busca do site Google com seu nome completo. É bem possível que a pesquisa revele muitas informações sobre você a todos que têm acesso à grande rede de computadores. E esse exemplo é só uma pequena fatia do quanto atualmente nossa privacidade é violada, exposta (muito por nós mesmos) e projetada todo o tempo sem que a gente perceba. É sabido que o desenvolvimento tecnológico, principalmente da informática e da Internet, trouxe consigo novas possibilidades para o homem, facilitando o acesso

ao conhecimento e informações importantes para o dia-a-dia. Além disso, o pacote de vantagens da web permite que você realize diversas atividades da sua própria casa, como conhecer pessoas, conversar com amigos, se entreter e até efetuar compras e pagamentos. Mas há um detalhe: o que é dito e feito fica registrado. Aí reside o perigo. Poucos internautas se dão conta de que o conjunto de informações postadas se transforma, paulatinamente, em uma espécie de mapa do próprio comportamento. O que pode parecer insignificante em uma primeira análise, como preferências de lazer, atividades do fim de semana, número de telefone e escola em que estuda, significa, de fato, oportunidade

para mal intencionados tirarem proveito. Com o objetivo de identificar o comportamento dos jovens na internet, a empresa McAfee, especializada em soluções de segurança online, mapeou as principais atividades realizadas pelo público adolescente na web. De acordo com este estudo, o uso redes sociais, como Twitter, Facebook e Orkut, está presente no cotidiano de 83% dos jovens entre 13 e 17 anos. A pesquisa ainda indica que os internautas, por vezes, revelam dados importantes, como o número de telefone, 9%, endereço de casa, 7% , e o CPF , 4%. As estudantes do Colégio de Aplicação (Coluni), da Universidade Federal de Viçosa, Matheusa Barbosa

e Clara Alvim, ambas com idade de 15 anos, admitem que algumas vezes deixam escapar informações particulares, sobretudo em recados na rede social Orkut, mas contam que, em geral, agem com cautela para evitar divulgação de informações. — Com número de telefone e endereço eu sempre tomo cuidado, mas o que fazer e horário eu acabo às vezes falando — Completa Matheusa. A chave para um comportamento na internet sem prejuízo se encontra justamente na precaução. O cuidado e atenção nas atividades realizadas por meio do computador são a melhor forma de se conciliar os benefícios da internet com a preservação da privacidade.

Mal posso esperar para acorda às 7h para ter uma consulta às 11h e ficar andando no shopping e pegar ônibus carregando uma pasta A8. Eba. 4 hours ago via web

E a partir de amanhã vou sozinha para a escola. muito bad isso :( 12 minutos ago via web

sergiO manda meu numero ae para os Rapazes 9839-3515 e 8659-5783 serginhoO se Ligar alguma Boyzinha é só amizade MermoO pow 12 hours ago via web

(números fictícios)

Agora estou indo para a casa da minha vó. volto logo! 36 seconds ago via web

Lidar com o tempo é o desafio das novas gerações Thamara Pereira Controlar o próprio tempo não é uma habilidade que nasce com você. A maneira de lidar com o relógio é influenciada por questões culturais, geográficas e econômicas. O lugar onde você vive e seus objetivos de vida determinam sua forma de utilizar o tempo. Mas, independente das influências externas, todos sofremos de um mal comum: deixar para amanhã. A pressão para realizar muitas atividades em pouco tempo acaba por nos sobrecarregar e comprometer o bom desempenho nas tarefas. O resultado disso é que vamos adiando compromissos e acabamos

frustrados pela impossibilidade de realizar tudo que planejamos. Os estudantes do Coluni Glauber Machado (16) e Otávio Lacerda (15), dizem que a cobrança maior não vem da família, e sim deles mesmos, principalmente por causa do vestibular e da constante competição na vida escolar: — A gente está no meio de todo mundo que está vivendo isso também, tem que se pressionar senão não adianta nada estar aqui — Afirma Otávio. A psicóloga Carmem Gomide, diz que a sobrecarga vem desde a infância: — São mini-adultos, a escola vem com uma série de

demandas muito precoces e é cobrado que a criança e o adolescente ajam como adultos. Ela ressalta ainda que a relação familiar, a qual deveria servir de respaldo, acaba muitas vezes agravando a pressão que o adolescente sofre, por meio de um discurso materialista:

— Hoje o valor está no campo material. É preciso abrir mão de certas coisas no entendimento de que a minha humanidade é mais importante do que isso. A gente não tem tido tempo de ser gente, e não sabemos mais ficar sem fazer nada, é o mal dos nossos tempos — Finaliza a psicóloga.


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De geração para geração... Comportamento dos jovens mudam a cada decáda Laura Fontes “Ah, no meu tempo não era assim. Se depender dessa nova geração, o mundo tá perdido. A juventude de hoje em dia não tem mais jeito.” Quantas vezes você já escutou essa frase de seus avós, tios e até mesmo dos pais? A questão é que os anos se passaram e o comportamento dos adolescentes muda a cada geração. A década de 1950 ficou marcada pela “rebeldia ingênua”, sintonizada com ídolos como James Dean, Marlon Brando e Elvis Presley, e, no Brasil, com o surgimento da Bossa Nova. Os jovens dos anos 60 ou “anos rebeldes” foram influenciados pelas ideias de

liberdade “On the Road” (título do livro de Jack Keurouac), o que causou novas mudanças no comportamento jovem, como a contracultura e o pacifismo do final da década, caracterizado no Brasil pelo movimento Tropicália. A geração de 1970 viveu o desejo de mudar o mundo, foi a época “underground”, a década da radicalização de experiências comportamentais. A “geração Coca-Cola” de 1980 teve o primeiro contato com walkman e a fita cassete. E agora, a nova geração impressiona pela adaptação ao uso de novas tecnologias. O surgimento de inovações, as transformações no mundo da moda, da música, do cinema, da literatura e dos esportes, são fatores que influenciam no comportamento dos jovens. A psicóloga

Rita de Cássia de Souza cita, como exemplo, a Teoria Sociocultural de Vygotski, que diz que nós somos o produto do nosso meio. — Quem você é, está extremamente relacionado, ao seu meio, por exemplo, a língua que você fala, depende da comunidade em que você é criado. Você aprende determinados valores, a se vestir de determinadas formas, a ter determinados comportamentos e hábitos — Explica. O acesso aos meios de comunicação e principalmente à internet, influi diretamente no comportamento dos jovens, pois nas gerações passadas o acesso a essas tecnologias eram restritos. Hoje, o uso da internet e das redes sociais, permitem os adolescentes a se relacionarem com culturas diferenciadas, e isso muda a perspec-

COMPORTAMENTO 9 que a mudança de comportamento é uma decorrência natural do tempo: — Assim como a moda, a mídia, o jeito de pensar muda, o jeito de interagir muda também. Então quer dizer que se a geração deles pensava uma coisa, a gente não vai pensar a mesma coisa — Explica. Pode-se perceber que o modo de pensar e principalmente de agir dos jovens de hoje, é completamente diferente dos de gerações passadas, isso é decorrência dos avanços tecnológicos e fatores históricos que geraram questionamentos. No entanto, apesar das modificações ocorridas no decorrer do tempo com a juventude, o certo é que uma atitude sempre permanece de geração para geração: a necessidade da inovação.

este deve ser encorajado a procurar ajuda especializada. O importante é não transfor-

mar em piada e brincadeira o que deve ser encarado com seriedade.

IMAGENS REPRODUÇÃO / ARTE: DANIEL FARDIN

tiva de visão de mundo dos jovens. — Diferente de jovens de geração passada, que viviam em um ‘mundinho’, hoje é possível perceber que existem, modos de vida, religiões, hábitos alimentícios, vestuários, completamente diferente dos nossos e isso leva os jovens a questionar seus hábitos, seus valores, seu comportamento — Afirma à psicóloga. Nesse sentido pensa José Casemiro, 68 anos, aposentado que viveu sua juventude na década de 1960. Ele conta que em sua época de jovem gostava de ir a bailes e festas. Para ele a diferença da nova geração é a curiosidade. — Os jovens de hoje são muito curiosos, eles estão arriscando demais. Já o estudante Otacílio Oliveira, 16 anos, acredita

Você tem medo de quê? Virgílio Amaral Quem é que nunca se sentiu sem jeito em algum lugar, aborrecido perante a uma situação, incomodado na presença de algum objeto ou animal? Estes sentimentos são normais para a grande maioria das pessoas, mas algumas vezes se manifestam de maneira exagerada, fugindo ao nosso controle. Nestes casos, estas sensações são classificadas como fobias. As fobias se manifestam em situações bem particulares, e estão ligadas a transtornos na nossa ansiedade. Elas atingem pelo menos uma a cada dez pessoas e são mais frequentes em crianças e ado-

lescentes, podendo persistir por toda a vida adulta se não tratadas corretamente. As fobias são classificadas em três tipos: agorofobia, fobia social e fobias específicas. A agorafobia se caracteriza pelo medo de multidões e espaços públicos lotados. Nestes casos, a pessoa fica aterrorizada por não conseguir se retirar de forma rápida, e acaba quase sempre se refugiando em casa. Na fobia social, o indivíduo não suporta a sensação de ser exposto à observação dos outros, se sente vítima de comentários e medo de sofrer humilhações em público. A saída encontrada é o isolamento. As fobias específicas, como o próprio

nome diz, se restringem a objetos ou situações particulares, como animais, altura, doenças, espaços fechados e muitas outras. Para o psicólogo Felipe Lisboa, o medo é uma sensação necessária para proporcionar cautela e prudência ao ser humano, e nem sempre deve ser considerado como algo negativo. No entanto, ele ressalta que os efeitos podem ser exagerados a ponto de incomodar o jovem. Neste caso,


10 ENTREVISTA

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Uma conquista de todas as mulheres Eduardo Nascimento, Fernanda Castro e Laio Brandão “Mulheres no poder!” Se há alguns anos essa frase pa-

recia apenas um sonho distante hoje é uma realidade. É notável a conquista de espaço na sociedade: direito ao voto, o mercado de trabalho e até mesmo o uso de calças! Os

preconceitos e restrições em torno da realidade da mulher eram grandes, embora hoje, aos olhos de uma jovem, as coisas pareçam normais. Apesar das mudança, a re-

alidade da condição feminina na sociedade ainda preocupa. Para discutir o tema, o OutrOlhar entrevistou três destaques no cenário viçosense: a vereadora Cristina Fontes;

a reitora da UFV, Nilda Soares; e a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Marisa Barleto, relatando suas respectivas experiências.

Cristina Fontes: a maior votação da história de Viçosa Você sabia que Viçosa já teve uma mulher presidindo a Câmara de Vereadores? Seu nome: Cristina Fontes. O OutrOlhar procurou

a vereadora Cristina Fontes Araújo Viana (44) para conhecer sua trajetória pessoal e ouvir seus conselhos paras as jovens . LAIO BRANDÃO

Cristina Fontes vereadora e ex-presidente da Câmara de Viçosa

Cristina nasceu em Viçosa e formou-se em Zootecnia. Foi eleita vereadora pela primeira vez em 2004, com a maior votação da história do município. Sua vida na política começou cedo, participando de grêmios estudantis. De família repleta de políticos, Cristina não viu dificuldades por ser mulher: — Eu disse: vou entrar [na política] para contribuir... e para ganhar! — Relembra. Para a vereadora, o machismo ainda existe. Entretanto, exemplos como o da reitora Nilda Soares servem

de espelho para as jovens que querem um lugar de destaque. E quem é que protege as conquistas femininas? Cristina Fontes tem a resposta na ponta da língua: — O poder público municipal, é claro: defender e assegurar, através das políticas públicas, os direitos e deveres dos cidadãos. Esse é seu papel. Ressalto a importância, em Viçosa, do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM) — Esclarece. Cristina vê com entusiasmo o futuro das viçosenses:

— Viçosa é uma cidade promissora. Vivemos da educação. E esse é, seguramente, o melhor caminho — Explica. Para as jovens que queiram crescer em suas carreiras, Cristina tem um recado: — Tenham coragem e persistência. É difícil conciliar o lado mãe, mulher e profissional com perfeição. Nós, somos guerreiras e vencedoras por natureza! Sempre levantarei a bandeira da luta pelas mulheres. O lugar de mulher é em todo lugar, inclusive na política!, finaliza.

Nilda, atualmente a única reitora em federais de Minas nos estudos — Conta. Formou-se em 1984 , em Engenharia de Alimentos, fez mestrado e doutorado. Casada, mãe de duas filhas, Nilda diz que a vida pessoal interferiu pouco na profissional, pois sempre teve as filhas como prioridade. Seu interesse na política? Ela conta que surgiu através do seu convívio nesse meio. Sempre foi participativa e isso a ajudou muito na carreira. Não descarta a possibilidade de continuar na política, mas

não faz planos. Pretende, por enquanto, cumprir seu mandato como reitora e depois a função para a qual foi contratada: professora. Ela diz que houve certa desconfiança quando foi a eleita primeira mulher vice-reitora. Mas a UFV já vinha num processo em que as mulheres estavam conquistando cargos melhores. Disse ainda que a posição alcançada não é um movimento recente: — É um reflexo de um trabalho longo das mulheres,

em que elas vêm se capacitando cada vez mais, mas que ainda falta muito. Nilda disse ter planos para as mulheres, mas quer o apoio delas nesse processo, participando, dando ideias, contribuindo para que as mudanças aconteçam. Pretende abrir espaço para discussões e espera participação das jovens para que elas não se acomodem com situações ruins, mas que discutam suas necessidades e lutem por mais mudanças.

LAIO BRANDÃO

Nascida em um sítio, ninguém imaginaria aonde ela chegou. A professora Nilda de Fátima Ferreira Soares, eleita reitora da Universidade Federal de Viçosa, conta ao OutrOlhar sua trajetória e o que pensa das novas conquistas femininas. Quando criança, se mudou para Viçosa. Estudiosa, aos 11 anos começou a dar aulas particulares para filhos de professores. — Sempre achei que minha chance de vencer estava

Nilda Soares, reitora da UFV

Denunciar a violência também é um ato de liberdade Criado em 2003, o Conselho Municipal da Mulher é hoje o porta-voz da ala feminina de Viçosa, mas nem

sempre foi assim. O que hoje representa um órgão de assistência, voltado para melhorias na condição da mulher, FÁBIO MOURA

Marisa Barleto preside o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher

era até pouco tempo um grupo “minguado”. É o que relata Marisa Barleto, presidente do Conselho e professora da UFV. A líder das discussões femininas na cidade contou ao OutrOlhar sua trajetória ativa a serviço da mulher. Carioca, formada em Psicologia Social, chegou a Viçosa em 1995, e já trazia o empenho em debater a tão desejada igualdade feminina. No cargo desde 2008, para ela, foi nessa época que o conselho se fortaleceu; atra-

vés da cooperação de diversas instituições unidas por uma causa: o combate a violência contra a mulher. - Centramos “fogo” na pauta do enfrentamento da violência, desde então, o número de denúncias só tem crescido”, contando ainda que a população tem visto no conselho uma saída para os problemas. Para ela, o mais importante é “conseguir construir caminhos para uma política de enfretamento, uma política

que discuta especificamente gêneros”. E se você acha que a violência atinge somente aos casados, Marisa alerta: — As meninas acreditam que não há problema, que é por amor, e aceitam desde cedo. Ela deixa um recado: — Mesmo nas situações mais bobas, é necessário prestar atenção. O telefone o é 3891-8105 e o anonimato é garantido.


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ENTREVISTA 11

Crack: o vício que afeta a saúde pública Cristiano Silveira e Fábio Moura Crack! Esse é o barulho produzido pela mistura de pasta base de coca com bicarbonato de sódio e água ao ser exposta a altas temperaturas. O crack pode conter, ainda, outras substâncias tóxicas como: cal, querosene, soda cáustica, acetona, entre outros. Apesar de ser uma droga “antiga” (relatos mostram

que na década de 70 já havia exemplares da substância, que se tornou popular nos anos 80 e 90), o crack só ganhou notoriedade entre as preocupações sociais nos últimos anos. A saúde pública começava a ser afetada pelo número, cada vez maior, de dependentes. De acordo com IBGE, já no fim do ano passado havia mais de um milhão de usuários em todo o Brasil. A idade média para experimentar

Da brincadeira à dependência E aquela facilidade para fazer uma conta matemática? Onde foi? Quem usa crack tem o desenvolvimento cerebral comprometido, dificuldades para aprender, memorizar e pensar. Mas, mesmo no “fundo do poço”, ainda é possível buscar ajuda. É o que nos mostra F.M.F., 33 anos, ex-dependente de crack. Ele relata as experiências relacionadas ao uso da droga, as dificuldades do tratamento e os caminhos que devem ser evitados pelos jovens. Descreva a sua vida em três etapas: antes, durante e depois do crack? F.M.F.: “Antes de usar eu tinha uma vida normal. Comecei a beber e a usar droga após meus vinte anos. Usei cocaína durante 8 anos. Por curiosidade, depois que um amigo ofereceu, eu experimentei o crack. Passei a usar diariamente, onde eu vivia pra usar e usava pra viver, até procurar tratamento. Hoje, ainda é comum uma certa vontade de usar quando estou muito eufórico ou depressivo. Mas, tenho tido força. Pensam que não, mas isso é uma doença.” Você procurou ajuda em que momento? F.M.F.: “Me ofereceram ajuda antes, mas só aceitei quando não tinha mais saída. A minha família já tinham tentado muito. Desistiu. Então, entrei em depressão e decidi procurar ajuda.” O que dizer para os adolescentes? F.M.F.: “Nunca experimente, pois o vício é imediato. Se algum “amigo” oferecer não aceite. Eu consegui parar, mas muito amigos meus não conseguiram e morreram, pois tiveram várias recaídas. Quem sofre é a família e você próprio, pois sua vida acaba ao experimentar.”

FÁBIO MOURA

o crack também é um dado preocupante: 13 anos. Diante deste quadro, o que o governo federal fará para combater o uso dessa droga na cidade? Para a Polícia Civil, as iniciativas devem ser tomadas rapidamente, pois a situação é preocupante. A reportagem do OutrOlhar entrevistou, ainda, quem já conseguiu se livrar do vício e um especialista que esclarecerá os efeitos do entorpecente no organismo.

Pedra de crack apreendida em ação da Polícia no município de Viçosa

O consumo da droga em Viçosa Em dezenove meses (maio/2009 a dezembro/2010), a Polícia Civil registrou 474 ocorrências relacionadas ao consumo ou tráfico de drogas na cidade de Viçosa. E, não só os bairros periféricos como: Bom Jesus, Bela Vista, Santa Clara foram alvos das operações. Grande parte da atuação da Polícia foi na região central e, até mesmo, dentro do campus da UFV. Preocupada, a UFV, através da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas, irá capacitar profissionais dos 36 municípios da região no combate ao crack. Serão quatro cusrsos até o fim do ano. A reportagem do OutrOlhar procurou três autoridades no assunto a fim de esclarecer o que o crack representa para a comunidade Viçosense. Qual o contexto viçosense em relação ao uso de crack?

Qual o papel da UFV no combate ao crack e outras drogas?

Como deve ser um programa de combate ao crack?

“Nas áreas de maior necessidade social o maior consumo é de crack. Os dados, em relação ao restante do estado, são preocupantes e continuam crescendo. A apreensão da droga é muito grande.”

“Á partir de junho a UFV iniciará as ações do Centro Regional de Referência no Enfretamento ao Crack e Outras Drogas. Profissionais da saúde pública serão capacitados para o tratamento de usuários.”

“O governo deveria dificultar o acesso as drogas, diminuindo o incentivo àquelas que são licitas e oferecer atendimento às familias dos adolescentes já nos primeiros contatos com o crack.”

Marcelo Mascarenhas Investigador da Polícia Civil de Minas Gerais

Poty Colaço Coordenadora do Centro de combate ao crack

Lairton Andrade Psiquiatra da Divisão Psicossocial da UFV

Etapas, efeitos e prejuízos no cérebro do usuário cias químicas e as libera na corrente sanguínea. Logo a droga estará em atividade no cérebro. Todo o processo leva cerca de dez segundos e provoca um efeito no usuário de

pouco mais de dez minutos. — Durante esse tempo, o jovem se sente eufórico e tem, consequentetemente, um aumento nos batimentos cardíacos bem como a perda CRISTIANO SILVEIRA

“Só vou fumar essa vez”. Daí em diante: euforia, depressão e “fissura”. Se há uma forma de descrever os estágios do efeito do crack no dependente, sem dúvida, é essa. É o que diz o neurologista Emerson Mauro que, além de apontar o percurso das substâncias químicas do entorpecente até o cérebro, vai esclarecer os fatores que levam à dependência, as doenças neurológicas e uma questão chave: os neurotrasmissores. Depois de inalada, a fumaça do crack inunda o pulmão, que absorve as substân-

Emerson Mauro explica os prejuízos do consumo desse entorpecente

de apetite — Relata Emerson Mauro. As doenças neurológicas ocasionadas pelo uso do crack não se manifestam apenas em dependentes químicos. A convulsão, por exemplo, já foi percebida em novos usuários. Porém, o uso contínuo da droga pode trazer danos irreversíveis ao jovem. — O adolescente pode sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) causando uma sequela motora — Alerta Emerson. Ao ser absorvido, o crack proporciona uma descarga de neurotransmissores no cére-

bro do usuário ocasionando a já explicitada euforia. Com o fim do efeito, o indivíduo entra em um estágio de depressão, onde há um esgotamento dos neurotransmissores no Sistema Nervoso Central (SNC), causando uma certa “fissura” por mais droga. — O crack precisa de neurotransmissores para fazer efeito e, uma vez parcialmente esgotados, as doses seguintes terão um efeito menor. Isso fará com que o usuário busque uma dosagem cada vez maior, a fim de alcançar o efeito da primeira vez — Explica o médico.


12 MEIO AMBIENTE

OUTROLHAR MAIO DE 2011

Índice de poluição do ar em Viçosa é considerado baixo Carolina Pavanelli Você se sente bem com o ar que respira todos os dias em Viçosa? Se a resposta for negativa, saiba que, apesar dos incômodos, a cidade tecnicamente não apresenta nenhum quadro grave de poluição. Apesar de não existirem centrais de monitoramento da qualidade do ar na cidade, devido ao seu alto custo de implantação e manutenção, ele pode ser considerado bom. E só não é melhor devido à localização geográfica do município. — Aqui estamos no fundo de um vale, o que dificulta a dispersão de poluentes, como aconteceria numa região mais plana — Explica o professor

Jadir Nogueira da Silva, do Departamento de Engenharia Agrícola da UFV, especialista no assunto. Ele completa afirmando que, em Viçosa, os pontos mais críticos de poluição do ar estão em regiões localizadas, como ambientes fechados com fumantes, fumaças ou até mesmo locais com poluição biológica do ar, como é o caso de hospitais. Essa constatação se dá, principalmente, por meio da saúde da população, uma vez que um dos primeiros sinais de alerta em um centro poluído é o aumento do número de indivíduos com doenças respiratórias, especialmente crianças e idoso, o que não ocorre em Viçosa. Apesar dessa realidade, especialistas confirmam que, se há um agente poluidor que tenha impacto no ar viçosense, são os carros os protagonistas

CAROLINA PAVANELLI

Apesar do excesso de veículos, cidade tem ar limpo.

Devido a ausência de indústrias em Viçosa, frota de carro é a reposável pela taxa de poluição do ar da cidade dessa situação. O secretário municipal de Meio Ambiente, Luís Eugênio de Moura, enfatiza que o crescimento da frota na cidade

Bromeliário é espaço diferenciado Camila Barros Inaugurado em junho de 2003, o Bromeliário, localizado na Vila Gianetti - campus Universidade Federal de Viçosa (UFV), é um espaço de 1200m² dedicado a pesquisa e preservação de bromélias. O local se divide em três ambientes: o primeiro é a coleção de botânica - que abriga mais de mil espécies de plantas -, o segundo é o jardim temático nos ecossistemas (que reproduz a mata atlântica, cerrado, restinga e caatinga) e o terceiro é a área de conservação de plantas, onde é feito o cultivo para que posteriormente se readaptem a natureza. As bromélias são plantas floríferas, nativas das Américas, e a mais popular é o abacaxi. Existe uma grande diversidade da espécie em toda extensão brasileira, principalmente na Mata Atlântica, que é o principal pólo, seguido dos campos rupestres e da região Amazônica, em menor incidência. Para sua conservação as bromélias necessitam de

pouca luminosidade e de pequenas cascas de árvores nos vasos. Além do papel de auxiliar no equilíbrio ecológico, as bromélias são utilizadas, para outros fins como ornamento na decoração de ambientes. O Bromeliário na UFV foi criado inicialmente com objetivo de conservar as bromélias para mantê-las vivas fora de seu local de origem, já que muitas delas estão em extinção devido as práticas inadequadas de desmatamento. Já sua coleção foi montada a partir da doação de outros colecionadores e das pesquisas de coleta autorizada que serve, principalmente, de material específico para os estudantes de pós-graduação. Segundo o coordenador do espaço e professor de Biologia Vegetal, Cláudio Coelho, a pesquisa no setor é extremamente importante porque explora as descobertas de novas espécies, o cultivo, a clonagem, a anatomia da planta e a taxonomia - ciência que classifica as bromélias, no caso. Hoje, o Bromeliário abriga o Projeto Gravatá, nome

popular tupi-guarani que designa a bromélia. Ele trabalha com estudantes do ensino fundamental de escolas públicas da região, que conhecem o local e desenvolvem junto aos monitores oficinas de biomas brasileiros, maquetes, cultivos de plantas e observação da fauna. Esse ano o projeto tende a crescer levando um espaço de ciência e implantando um mini-jardim temático nas escolas. Ainda sim, está previsto para julho do ano que vem a inauguração de um Parque Interativo de Botânica dentro do Bromeliário. Com a finalidade de educar de modo interativo, o parque vai proporcionar aos estudantes do ensino fundamental e médio um museu interativo, túnel evolutivo das plantas, além de viagens itinerantes que levarão parte do acervo as escolas. — Espaços assim na UFV, são de extrema importância para que divulguemos o potencial agrário da universidade — Diz o estagiário e amante por plantas, Diego Vasconcelos.

está acontecendo em um ritmo acelerado. — Como aqui não há nenhuma grande indústria, os veículos são os maiores res-

ponsáveis pela poluição, explica. Afirma também que o plantio de árvores é uma boa solução, uma vez que ajudariam na renovação do ar.

O verde da Praça Silviano Brandão Luan Santos

A revitalização da Praça Silviano Brandão em Viçosa tem gerado polêmicas tanto pela parte estrutural quanto pela ambiental. Ao longo do século XX, a praça sofreu diversas reformas e praticamente nada do projeto inicial sobreviveu. Hoje a população luta pela preservação dos jardins e arvoredos, que conta com o histórico Ipê Amarelo. O secretário de meio ambiente, Luiz Eugênio de Moura, explica que no próximo projeto a ser elaborado serão preservadas as árvores, que já fazem parte da história de Viçosa. Ele lamenta a poda trágica feita em três arvores no começo do ano; elas estavam atrapalhando o monitoramento do projeto ‘Olho Vivo’ feito pela policia no local onde estaria ocorrendo atos de prostituição e consumo de drogas. Apesar do secretário de Trânsito e Segurança Publica Luiz Carlos D’Antonino dizer que não está ciente do projeto de revitalização da praça, ele diz que já sugeriu um estacionamento subterrâneo para o local, no entanto, a ideia, segundo ele foi duramente criticada por parte de alguns setores da comunidade. O secretário de Meio Ambiente explica que há vários projetos menores que envolvem a praça e que as prioridades destes são totalmente divergentes. — Uns priorizam o comércio, outros o lazer e alguns o estacionamento — Diz. Ele conta que, no entanto, que sua secretaria não irá definir nada sobre a nova reforma sem antes consultar todos os envolvidos, e isso inclui a população, os comerciantes e os taxistas. Uma das histórias mais interesses que envolvem a praça se remete ao Ipê Amarelo, única árvore sobrevivente a todas as reformas que o local já passou. Na década de 80, após cortarem dois dos três Ipês que havia na praça, uma estudante da universidade subiu na árvore e impediu que a moto-serra a cortasse. Ela conseguiu o apoio da opinião pública e assim preservou uma parte da história da cidade. O próprio secretário afirma que “o Ipê só será cortado” quando ele morrer. No dia da cidade de Viçosa, 30 de setembro, será definido e apresentado o projeto escolhido para a revitalização da praça. Espera-se a proteção das áreas verdes. Uma legislação vigente impõe que para cada árvore cortada dez mudas sejam replantadas em forma de compensação. Essa lei vale tanto para moradores quanto para a prefeitura.


OUTROLHAR MAIO DE 2011

MEIO AMBIENTE 13

Projeto integra estudantes à Mata do Paraíso Bruno Menezes Você sabe onde fica a Mata do Paraíso? Esse espaço com aproximadamente 400 hectares de natureza preservada, equivalente a cerca de 560 campos de futebol, é preparado para receber visitantes de idades variadas, localizado em Viçosa, pouco depois do bairro Acamari. Pensando nisso, um grupo de jovens interessados em integrar estudantes e a Mata do Paraíso promove desde 2003 atividades guiadas ao local. Trata-se do Grupo de Educação e Interpretação Ambiental (GEIA), formado por universitários que acreditam na importância do

contato do adolescente com a natureza. Marcos Vinicius Resende, membro do GEIA, explica a forma como os trabalhados são realizados. Segundo ele, “estagiários são preparados para guiar os visitantes de acordo com o foco dado para a visita”. Ainda de acordo com Marcos, o projeto é direcionado para alunos da rede pública de Viçosa e de municípios da região. No início de cada semestre os coordenadores do GEIA enviam cartas para as escolas convidando professores e alunos. O passeio é planejado de acordo com os interesses dos educadores. Assuntos como solo, água, fauna e flora são explorados na prática, com orientação de monitores que di-

BRUNO MENEZES

Assuntos como solo, água, fauna e flora são explorados na visita.

Mata do Paraíso é o caminho para conhecer particularidades da natureza e características da Mata Atlântica recionam de acordo com os pedidos da escola. Para o acompanhamento dos monitores, é necessário que a escola agende a visita com, no mínimo, três dias de antecedência.

Se você é professor da rede pública de ensino, não perca essa oportunidade de levar a sua classe para fora da sala e proporcionar um contato direto dos alunos com a natureza. E se você é aluno,

incentive seus professores a participarem desse projeto. A Mata do Paraíso é aberta para visitação de segunda a sexta-feira, de 8 às 17 horas. Diariamente ônibus fazem o transporte para o local.

Educação ambiental pode ser a solução para um futuro melhor Desenvolver com sustentabilidade é crescer conscientemente. Pensar no agora é importante para um futuro melhor. São essas duas máximas que compõe a definição de desenvolvimento sustentável, mas muitas pessoas gostariam de saber o que significa realmente essa expressão. Na verdade, é a busca da progressão da sociedade na educação, saúde, economia, e outros setores de forma eficiente, preservando os recursos naturais para as gerações futuras. Para que isso aconteça são necessárias iniciativas do poder público e de cada cidadão. Há um consenso de que a educação é onde tudo pode começar. Viçosa não para de crescer, a cada ano chegam novos moradores e a cidade precisa atender com qualidade as necessidades da população. Segundo o secretário do meio ambiente, Luiz Eugênio de Moura, o problema maior é a topografia acidentada da cidade que gera movimentação de terra. Mesmo assim, as obras são realizadas em locais proibidos, pois não há

CAROLINA PAVANELLI

Bianca Damas

Crescimento desordenado vai de encontro a proposta de desenvolvimento sustentável da cidade, que pode ser efetivado com a educação mais espaço para construir e os resultado são impactos ambientais negativos. A professora do Departamento de Economia da Universidade Federal de Viçosa, Elaine Aparecida Fernades destaca um ponto interessante em torno do debate do desenvolvimento sustentável. Para ela, utilizar alternativas como as energias limpas e reciclagem,

apesar de terem sua importância apenas retardam a degradação direta do meio ambiente. Na verdade, o problema é que somos uma sociedade capitalista, em que consumo e a produção são grandes e geram resíduos e graves impactos ambientais. Dessa forma, a professora acredita também que a consciência ecológica deve ser adquirida

enquanto crianças, nas escolas, na educação formal. A secretaria municipal do meio ambiente desenvolve o projeto “Ação Verde Novo”. Neles as escolas urbanas e rurais participam de oficinas, palestras, passeios e teatros sobre a questão ambiental, conservação dos recursos naturais e reciclagem. A educação ambiental deve passar por crianças e

adolescentes, mas todos devem participar da conservação do município. Não é só jogar o lixo na lixeira, nem muito menos separá-lo. É preciso um esforço diário para conservar os recursos naturais, como a água e o solo. A iniciativa vai desde a economia dos gastos dos recursos até ações concretas, como o plantio de uma árvore.


14 ESPORTE

OUTROLHAR MAIO DE 2011

Aprender técnicas de circo é possível com projeto Arte Circense

Rachel Monteiro Se você deseja aprender as artes do circo tais como, malabares, acrobacias, trapézio, perna-de-pau, tecido, monociclo, cama elástica e prato chinês, estas são apenas algumas das quais você pode praticar ao fazer parte do Projeto Arte Circense. E o melhor, sem pagar nada por isso. O Projeto é uma ótima opção para quem deseja fazer uma atividade física alternativa. Qualquer estudante pode participar. Basta apresentar um documento que comprove sua matrícula na escola que estuda e pronto, já pode participar do Projeto. Apesar de priorizar estudantes carentes das escolas públicas de Viçosa, outras crianças e jovens também se integram ao Projeto, como é o caso do estudante Uelton da Silva Pereira, de 15 anos. Ele mora e estuda no município de Cajuri, na Escola Estadual Capitão Arnaldo Dias de Andrade e faz parte

do Arte Circense há 1 ano e meio. Sua especialidade são os malabares. Uelton afirmou que o Projeto é uma opção para manter o estudante longe das drogas, da prostituição, e do álcool. — Aconselho a vir fazer. O tempo que a gente passa aqui é muito bom. Gosto do Projeto porque ele tem mais a minha cara e é uma coisa saudável. Além disso, a gente conhece muita gente boa e que fala nossa língua — Explica. A estudante Raquel Aparecida Secundino Lourenço, 14, que também mora e estuda em Cajuri, na Escola Municipal Arnaldo Dias de Andrade Filho, faz parte do Projeto desde que ele começou. Sua especialidade nos treinamentos é o “mortal”. Os motivos pelos quais resolveu aprender as artes do circo foram o bom desempenho e a saúde que as atividades proporcionam. — Gosto muito de treinar aqui, e recomendo a quem quiser aprender a vir pra cá — Afirmou a estudante. O Arte Circense existe desde agosto de 2009. O

Projeto, que tem como objetivo socializar e divertir crianças e jovens, foi idealizado pelo Departamento de Educação Física da UFV e tem o apoio da ONG HumanizArte. Os monitores são estudantes de Educação Física e Dança da UFV. Durante as aulas, os professores fazem dinâmica de grupo, alongamentos e as atividades de circo. Os treinamentos ocorrem no PVG (Pavilhão de Ginástica), localizado no Departamento de Educação Física. Os dias e horários das aulas são: segundas e quartas, de 16h às 18h, no PVG; terças e quintas, de 18h às 20h, no PVG; quartas, de 9h às 11h, na escola do bairro Paraíso. Os treinamentos também são feitos dentro da Escola Effie Rolfs: na quinta-feira, o horário é de 13h50min às 15h30min, para crianças de 2 a 4 anos. E na sextafeira em dois horários: de 14h40min às 16h40min, e de 14h40min às 15h30min. O grupo sempre realiza apresentações de espetáculos com os alunos para a comunidade, tanto na UFV quanto na Praça Silviano

A R QUIVO

Iniciativa socializa e diverte crianças e jovens viçosenses

Integrantes do projeto Arte Circense em apresentação com tecido Brandão. A coordenadora do curso de Educação Física e do Projeto, Cláudia Patrocínio, informou que as inscrições, que são gratuitas, já estão abertas e podem ser realizadas no horário das aulas, no PVG, ou no próprio Departamento. Qualquer dúvida,

basta ligar no seguinte número: (31) 3899-4389. O projeto está dividido em três turmas oferecidas à comunidade: uma voltada para as crianças e adolescentes, outra que é específica para os universitários e uma para adultos que já estão mais avançados nos treinos.

Esporte para praticar com amigos e com animais de estimação Já imaginou um esporte que você pudesse praticar junto com seu cachorro e, além disso, quando jogado entre pessoas não possuísse árbitro para controlar as regras? Pois é, ele existe! Trata-se do frisbee, esporte praticado com um disco que leva o mesmo nome. Este, geralmente, é feito de plástico e deve ser arremessado e capturado ainda no ar. O praticante de frisbee e estudante de Ciências Contábeis, Derik Pessoa, esclarece: — Quem joga o disco com cachorro é só o dono mesmo. As partidas são disputadas por duas equipes de sete pessoas cada. O objetivo do jogo é fazer gol, o que acontece quando um jogador recebe o disco na área do adversário. O placar vai geralmente até 17 pon-

tos (cada gol vale um ponto), o jogo dura cerca de 1h30 e ocorre em uma área retangular com um gol em cada extremidade, pode ser em uma quadra, campo gramado ou areia. O disco deve ficar no máximo dez segundos com cada jogador e pode ser lançado em todas as direções. Não é permitido correr com o frisbee nas mãos nem encostar-se a outro jogador. Do jogo podem participar tanto homens quanto mulheres. A estudante de Ciências Econômicas, Bethânia Souza, aconselha todas as garotas a jogarem: — É muito bom, além de ser um esporte diferente, tem pouco contato físico e não é violento, também funciona como uma corrida descontraída, não é ritmada — Afirma. Você deve estar se perguntando como funciona uma prática esportiva sem árbitro. Tudo

FLÁVEA GOMES

Flávea Gomes

Estudantes da UFV se encontram semanalmente para jogar frisbee, principlamente em dias ensolarados se baseia no “espírito de jogo”, se há duvida em relação a um lance ou se ocorre uma falta, os próprios jogadores conversam para chegar a uma conclusão. Se os times não conseguirem resolver, o lance anterior é retomado. Ou seja, apesar de ser

uma competição, o mais importante é a integração entre os jogadores, como explica o angolano William Alberto: — Principalmente por não ter árbitro o jogo contribui para fazer amigos, pois o objetivo é a convivência e não a

competição. Aqui em Viçosa, estudantes se reúnem para jogar todo sábado às 16h no gramado situado ao lado do Restaurante Universitário. Quem quiser conhecer o jogo e até participar, pode aparecer por lá!


OUTROLHAR MAIO DE 2011

ESPORTE 15

Matemática do Emagrecimento Calorias gastas em 30 minutos de exercícios

Uma pessoa que quer emagrecer deve sair da inércia Lucas Constantino

Andar de bicicleta 126 Bike ergométrica

250

Beijar

30

Digitar no PC

48

Correr a 12km/h

445

Dançar 200 Ginástica aeróbica 200 Hidroginástica

150

Futebol 330 Handebol

300

Vôlei de quadra

105

Lutas em geral

300

Musculação leve

160

Natação 260 Sexo

280

Subir escadas

310

Pular corda

220

Tocar bateria 115 Dormir 30 Andar rápido

276

Assistir Televisão 41 Fonte: www.emagrecerbem.com.br

Batata frita, pizza, feijoada, sanduíches, sorvetes, bolos, salgados de todos os tipos. Hum... Quem nunca caiu em tentação por algum desses alimentos e ganhou uns quilinhos a mais? Mesmo que não seja o único motivo, esse hábito pode causar a obesidade – mal que tem se tornado um problema de saúde pública. Mas você não precisa se apavorar, pois emagrecer é matematicamente possível: basta gastar mais calorias do que consumir. — A primeira coisa que uma pessoa que quer emagrecer deve fazer é sair da inércia. Começar a se mexer. Isso significa ter uma vida mais ativa. Procurar caminhar mais, subir mais escadas — Explicou o professor de Educação Física da UFV, João Carlos Bouzas. Para ele, qualquer atividade física pode ajudar no ema-

grecimento, do tênis de mesa ao futebol: — Cabe ao jovem saber dosar seu tempo de lazer em atividades sedentárias como a TV e o computador, com atividades para cuidar do seu corpo — Afirma ele. Mas sair do conforto da casa para praticar alguma atividade física é mesmo um desafio, como afirma o estudante João Guilherme (17): — Às vezes eu tenho muita preguiça de vir à academia. Sei que preciso emagrecer, mas acabo compensando com a alimentação — Confessou ele. Entretanto, João Carlos alertou que os exercícios físicos não são suficientes para o emagrecimento: — Quantas vezes você come ao dia? E quantas vezes você faz atividade física? Na relação de calorias, a alimentação tem um peso muito grande. Então é fundamental uma reeducação alimentar. — Orienta o professor. Como saber se você está acima do peso? O matemáti-

co Lambert Quételet desenvolveu uma fórmula capaz de calcular o nível de gordura de uma pessoa. Esse cálculo consiste na divisão do peso pela altura multiplicada a altura. (IMC =peso/altura²). Se o resultado for abaixo de 18,5 significa magreza (possível deficiência nutritiva); a faixa saudável fica entre 18,5 e 25; enquanto a faixa de sobrepeso é de 25 a 30; acima desse valor, já é considerado obesidade e é aconselhado acompanhamento médico. Um nutricionista, por exemplo, pode ajudar muito no seu processo de emagrecimento. Porém, nem todo mundo tem acesso a esse profissional. A dica da nutricionista Josefina Bressan é se alimentar com todos os nutrientes possíveis (carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais). — Uma alimentação com o prato mais colorido possível dá a garantia que você está ingerindo todos os nutrientes para uma dieta saudável — Conclui.

Pego arco e flecha, minha canoa e vou jogar Wanessa Marinho Você provavelmente já conhece os Jogos Olímpicos, Jogos Olímpicos de Inverno e Paraolímpicos. Mas já ouviu falar sobre os Jogos dos

Povos Indígenas? Uma competição desconhecida pela maior parte da população brasileira, é considerada hoje um dos maiores encontros esportivos, culturais e tradicionais de indíge-

nas da América – de acordo com o Ministério do Esporte. A competição é realizada no Brasil desde 1996 e este ano chega à sua 11ª edição (ainda sem data e local definidos). Segundo dados da Fundação Nacional do Índio(Funai), no nosso país existem, atualmente, 460 mil índios divididos entre 225 sociedades indígenas – cada uma mantendo a sua própria identidade cultural, tradições, crenças e filosofias. Pensando nisso, os Jogos dos Povos Indígenas tem como principais objetivos: resgatar e incentivar as práticas dos esportes e costumes tradicionais indígenas; possibilitar a troca de manifestações culturais e esportivas entre as diferentes etnias; e fazer com que nós, a sociedade não indígena, conheça esses esportes – afastando o preconceito e estimulando o respeito pela cultura do índio.

Na competição são praticadas modalidades como: arco e flecha; arremesso de lança; cabo de força; canoagem; corrida de tora; futebol masculino e feminino; e natação (travessia). O evento conta também com a apresentação de modalidades tradicionais e lutas corporais, onde as diferentes etnias demonstram as suas próprias práticas esportivas – neste caso, não há entrega de medalhas. Todos os materiais e equipamentos utilizados durante os jogos são fabricados pelos próprios índios. Agora não é possível dizer que você nunca ouviu falar sobre os Jogos dos Povos Indígenas, mas se quiser saber outras informações sobre a cultura do índio e seus esportes, existe o site pibmirim. socioambiental.org. Os índios tem ainda uma “webtv” das etnias brasileiras, o endereço é www.tvintertribal.com.br.

Dança Contemporânea: esporte e arte Juliana Corrêa

Condicionamento físico, expressão, beleza e arte. Com a dança contemporânea é possível unir tudo isso. Você pode explorar livremente os limites do seu corpo, e transmitir seus sentimentos para a dança. Segundo Amanda Aguilar, estudante do 5º período de dança da UFV, é um estilo de dança que aceita vários outros estilos, por exemplo, em um mesmo espetáculo, você pode ter bailarinos dançando balé, jazz, dança de rua, ou simplesmente explorando seu corpo. Segundo o site www. mundodadança1.blogspot. com, a dança contemporânea surgiu no início do século XX, e é o estilo que sucede ao balé clássico, mantendo algumas características deste, como o uso de diagonais, gestuais e dança conjunta. E traz algumas inovações, já que não segue uma seqüência de fatos e uma história, utiliza-se do improviso, e dá mais ênfase aos sentimentos que a dança transmite. Ela antecede a dança moderna, que esquece definitivamente os movimentos clássicos e enfatiza os movimentos corporais. A dança contemporânea é uma atividade física que apresenta os benefícios proporcionados por qualquer esporte, como preparo e desempenho físico. E diferente do balé clássico, não exige do dançarino um tipo de corpo específico. Segundo Solange Caldeira, coordenadora do curso de dança da UFV, a dança contemporânea tem preferência por um corpo que esteja mais preparado para a força. Juliana Lacerda, estudante de Arquitetura e Urbanismo, pratica a dança contemporânea e recomenda. — A gente se expressa melhor por causa da liberdade dos movimentos, não tem o engessamento técnico do balé clássico, e a inspiração dos movimentos é bem subjetiva. É legal por isso!


16 CULTURA

OUTROLHAR MAIO DE 2011

Venda de artesanato pode ser ganha-pão para estudantes Venda de produtos no campus é alternativa para ganhar dinheiro Pâmera Mattos Pinturas em camisetas, produção de mel e pimenta, tinturas com plantas medicinais e confecção de bijouterias e sandálias. Estas podem ser atividades alternativas para se ganhar um dinheiro extra no mês. Os estudantes universitários, por exemplo, dedicam quase todo o tempo disponível às suas atividades estudantis. Por isso não podem se dedicar a uma atividade em horário integral no mercado de trabalho e acabam procurando alternativas para aumentar as suas rendas. Uma delas, e talvez a mais utilizada pelos estudantes, é a produção e vendas de artesanato. A aluna de pedagogia da UFV- Universidade Federal de Viçosa-, Kyvia Gregório (25) produz artesanatos há seis anos. — Cheguei em Viçosa em 2005 e já comecei a produzir artesanatos. Hoje faço parte de um grupo

de artesãos da cidade. Os produtos não são somente vendidos, eles podem ser também trocados entre o grupo. Se vendo camisetas e preciso de uma sandália, posso trocar a camiseta com outra pessoa que vende sandálias. É um sistema de cooperação. A aluna produz camisetas pintadas à mão, tinturas com plantas medicinais e algumas roupas em crochê. Viçosa é uma cidade que possui diversos artesãos. Muitos deles são estudantes que, além de praticarem a venda e a produção do artesanato como fonte de renda, consideram que esta arte manual desempenha um papel importante na representação da cultura e tradições de uma região. A viçosense Juliana Dias (22), aluna de Medicina Veterinária da UniViçosa- Universidade de Viçosa- trabalha com a fabricação de bijouterias e considera o artesanato como forma de terapia, além de produzir a desejada renda adicional ao dinheiro que recebe de

PÂMERA MATTOS

A aluna de pedagogia da UFV, Kyvia Gregório, apresenta produtos artesanais aos alunos na Universidade seus pais. — Não gosto de pedir dinheiro para ninguém, então prefiro procurar outras formas para ganha-lo. Trabalho com as bijouterias geralmente nos fins de semana, o que não

atrapalha os meus estudos e, assim, posso pagar parte das minhas despesas com o dinheiro. Seja como terapia, como fonte de renda ou para preservar a cultura de um povo, o artesanato, devido ao me-

nor investimento financeiro exigido, se comparado a outras atividades, representa uma alternativa para os estudantes. Uma forma de gerar uma graninha a complementar a mesada.

Abram-se as cortinas para os talentos teatrais Você já pensou em fazer parte de um grupo teatral? A oportunidade de ser um ator amador está aí para todos. Além disso, o gosto pela arte pode fazer com que você possa atuar como um ator profissional, no futuro. Pensar em uma cidade desprovida de teatros municipais, como Viçosa, é o mesmo que pensar na ausência da arte teatral, certo? Por aqui, nem sempre. Pode-se assistir peças teatrais de alta qualidade, bem como fazer parte do elenco, participando dos grupos existentes dentro da universidade que são abertos à todos. Os interessados podem procurar a Divisão de Assuntos Culturais (DAC) e se inscrever

no processo seletivo anual, no qual os selecionados são agrupados, iniciando-se, em seguida, o processo de ensaios. A paixão pela arte desde criança foi o que levou Núbya Guimarães, moradora da cidade, aos palcos. Ela aceitou a indicação de um amigo e resolveu tentar o processo seletivo na UFV, mesmo sem confiar muito em seu potencial. O grupo que realizou o mesmo teste que Núbya, era formado quase que exclusivamente por estudantes e ela era a única que não fazia parte do contexto universitário. O primeiro grupo teatral que participou foi o Caso (a) Caso, onde atua até hoje, juntamente com o grupo Atuar_te. Motivada pelo gosto e a vontade de ter um

reconhecimento, Núbya tirou sua carteira de atriz profissional em Juiz de Fora recentemente. — Ser uma atriz profissional é importante, pois o campo de trabalho se abre cada vez mais. Um ator com carteira pode passar a atuar em emissoras de televisão, cinema e grandes peças teatrais — Ressalta. Inúmeras peças são apresentadas ao longo do ano no Teatro da Economia Doméstica ou no Espaço Fernando Sabino a baixos preços, mas a falta de divulgação externa é o fator que mais compromete a participação popular. Portanto, fique atento e não deixe de assistir às peças teatrais que são um grande atrativo cultural da cidade, aberto a todos.

REGINA WADDINGTON

Thaíssa Vaz

Teatro universitário revela o potencial das peças apresentadas


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