OPINIÃO # Será que nós, independente de cor, somos mesmo todos macacos? página 3
JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO ● ANO 10 - EDIÇÃO Nº 37 ● JULHO DE 2014
VOVÓS SE RENDEM AO FACE Fotografia por Ana Abreu
Netos continuam recebendo o tradicional carinho do mundo real agora no universo virtual. página 9
BATUQUE QUE MUDA VIDAS MODA PERIGOSA NOS DENTES Fotografia por Thaíss Moreira
Projeto Social ensina percussão e musicalidade para jovens das periferias de Viçosa. página 13
Conheça as implicações e os riscos que os aparelhos falsos oferecem à arcada dentária e como eles podem prejudicar o sorriso dos adeptos dessa moda. página 6
VIÇOSA É REFERÊNCIA NO DEBATE PARA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL Município é sede do primeiro seminário do país que busca apresentar métodos e procedimentos para uma produção agrária limpa. página 16
ESPORTE NAS ALTURAS Saiba mais sobre a atividade de aventura arvorismo, que busca equilíbrio entre corpo e mente, além de propiciar contato com a natureza. página 15
COMA BEM E GASTE POUCO
INTERNET NÃO É SÓ DIVERSÃO
Conheça as possibilidades de se alimentar na cidade de maneira saudável e acessível ao bolso página 5
Talvez você nunca tenha pensado fazer do seu blog um investimento. Seu site pode trazer vantagens página 11
OPINIÃO
OUTROLHAR JULHO DE 2014
AO LEITOR Segundo o professor Antonio Vieira Junior a atividade laboratorial nos currículos dos cursos de jornalismo objetiva principalmente colocar na prática tudo aquilo que é apreendido teoricamente nas disciplinas iniciais do curso. Assim, conhecer o perfil do público para quem estamos trabalhando, bem como planejar os veículos, indicar assuntos, apurá-los, interpretá-los, analisá-los e contextualizá-los jornalisticamente em páginas de um jornal impresso, no nosso caso o OutrOlhar, são algumas das atribuições da atividade das disciplinas Jornal-Laboratório I e II, que também permitem problematizar academicamente o fazer jornalismo. Aqui na UFV, todos os estudantes do Curso passam pela redação do jornal OutrOlhar e por essa experiência. A prática laboratorial é obrigatória – curricular - e bastante
rica, uma vez que engloba desde o planejamento até o contato com os leitores, antes e após a realização de cada edição, para sentir as suas reações e expectativas. O ciclo de experimentação e a prática redacional se dá em um total de 30 semanas de atividades, em dois encontros de 100 minutos semanais, 3mil minutos ou 50 horas de tarefas que visam a elaboração do jornal e seus sub produtos: edições fotográficas e esportivas, encartes, projetos especiais, entre outros. Com esta edição, a turma 2012 fecha o seu ciclo dentro da atividade. A partir de agosto, outro grupo assume essas atribuições de planejar e executar um jornal que esperamos continue sendo do seu gosto e utilidade. Uma excelente leitura,
Joaquim Lannes Professor-Editor
FILME DE MÁFIA OU COMÉDIA DO ACASO por Isadora Canela Após 50 anos do golpe militar, surgem questões sobre acontecimentos no período, até hoje não esclarecidas. É no mínimo suspeito, o fato de três importantes políticos, - Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda - que eram contrários ao regime militar, terem morrido de formas nebulosas em um curto período de tempo. Há indícios de que eles tenham sido vítimas da chamada operação Condor. Em 1992, por meio de documentos secretos da polícia Paraguaia, foi comprovada a existência do plano. Apoiado pelo serviço secreto dos Estados Unidos, a operação visava eliminar os líderes políticos sul-americanos que, arbitrariamente, fossem considerados de esquerda. Os EUA ainda negam o envolvimento na Operação, porém os documentos apontam que a CIA (Serviço de Inteligência norte-americana) esteve diretamente ligada nos planos e execuções. João Goulart, presidente em exercício no momento do golpe, sofria de problemas no coração, mas tomava remédios controlados e passava bem antes de seu falecimento. A família de Jango entrou com pedido de investigação de sua morte e, no processo, veio à
tona uma gravação com Nelson Barreiro, um dos participantes da Operação, em que ele afirma ter envenenado o ex-presidente. A autópsia de seu corpo foi proibida, o que aumentam as suspeitas. O acidente que matou JK, tal como a morte de Carlos Lacerda, ainda não foram esclarecidas. Os três políticos brasileiros estavam se organizando na Frente Ampla para lutar contra a ditadura pouco antes de morrerem. E não foram só eles. Nomes como Carlos Pratz e Gutiérrez Ruiz, também estão na lista de políticos mortos, no mesmo período e engajados nas mesmas lutas em seus países. Que valha a não imparcialidade, mas estes fatos estão mais para filme de máfia do que comédia romântica do acaso. O que mais intriga é o fato de estas questões, de tamanha importância histórica e social para o país, permanecerem turvas. Soa como, nada mais, do que resquícios de uma censura que ilusoriamente acabou junto à ditadura militar, mas que na prática, existe velada e recorrente até os dias de hoje. Se nos é negado o esclarecimento de fatos que se passaram há décadas, quando virá à tona o que realmente acontece por baixo dos panos atualmente?
INTERESSE PÚBLICO É COISA SÉRIA
Montagem por Gabriel Novais
Gabriel Novais problematiza o uso de fotos 3x4 nos jornais
Ter o rosto estampado nos jornais é encarado como um prestigio em muitos casos. Cada vez mais presentes nos jornais impressos, as imagens auxiliam na interpretação do leitor. Mas nem sempre o uso da comunicação visual é positiva, seja para quem lê ou para o jornal. O uso de fotos de
acervo pessoal coloca em risco à privacidade de cidadãos e nos instigam a questionar a respeito do interesse público. Ao abrir o caderno policial diversas fotos 3x4 – dessas que eles tiram do sujeito quando ele é preso – encaram o leitor. A experiência se torna ainda mais problemática quando é um fale-
Nem sempre o recurso visual é positivo para os leitores
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cido exposto ali. É de interesse público alertar os cidadãos de uma cidade sobre a violência cada vez maior, mas ocupar o valioso espaço de um jornal com esse tipo de imagem, no nosso entender, não acrescenta em nada a quem lê o jornal. Salvo em casos de fuga, o que essas imagens fazem é reforçar os esteriótipos e preconceitos tão pertubadores em nossa sociedade. Não é necessário generalizar para perceber que quase todos ali são negros ou morenos, em sua maioria de classe baixa. Somos de opinião que o lugar ocupado por essas imagens poderia, sem problema algum, ser preenchido por um texto bem apurado, atendendo a real finalidade de um jornal. Cobrir os acontecimentos da região com competência é dever das mídias locais, ultrapassando as informações básicas que geralmente são oferecidas neles. O apelo à cultura do medo e dos esteriotipos dos jornais bate de frente com o confor-
to da sociedade. O resultado disso são leitores mal informados e, acima de tudo, assustados com a realidade que os cercam. É aí que o medo se converte em passividade, causando um desconforto apático que pouco altera a realidade sociopolítica do Brasil. O papel do jornalista e do meio de comunicação deve ser revisto sob o real interesse público. “Interesse público”, em nossa opinião, não o que faz um jornal vender mais ou menos, mas sim o material capaz de esclarecer à sociedade suas ignorâncias e dúvidas, provocando o incômodo ativo. As mudanças, seja na segurança ou nos diversos outros setores políticos desfalcados, só ocorrem a partir daí. O uso de fotos 3x4 retiradas das instituições de segurança ou de arquivos pessoais estimula à superficiliadade. É mais um preso, mais um morto. A foto utilizada sem autorização em um jornal põe o jornalista responsável contra a parede. Não seria ele ladrão da imagem pessoal?
EXPEDIENTE
O jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV) é produzido para os estudantes do Ensino Médio das escolas públicas do município. Atualmente o jornal encontra-se sob responsabilidade da turma 2012, na disciplina Jornal Laboratório II TURMA
Ana Abreu, Ana Costa, Ana Moreira, Ana Richardelli, Ana Ventura, Bruna Guimarães, Bruna Santos, Camila Denadai, Camila Macedo, Caroline Bacelar, Caroline Mauri, Cássia Lellis, Dayane Pereira, Fernando Cézar, Gabriel Novais, Gabriela Dalton, Graziele Oliveira, Hugo Amichi, Isadora Canela, Juliana Souza, Letícia Natalina, Lhaís Carvalho, Lucas Kato, Marco Neves, Mariana Elian, Monique Bertto, Pedro Cursi, Pedro Lavigne, Pedro Vital, Thaiss Moreira e Yane Guadalupe EDITOR
Prof.° Joaquim Sucena Lannes MT/RJ 13173 MONITORA
Jéssica Santana DIAGRAMADORA
Camila Denadai EDITOR FOTOGRÁFICO
Lucas Kato REVISORA
Graziele Oliveira APOIO
Centro de Ciências Humanas Letras e Artes - CCH REITORA
Prof.ª Nilda de Fátima Ferreira DIRETORA DO CCH
Prof.ª Maria das Graças Floresta CHEFE DO DCM
Prof.° Joaquim Sucena Lannes COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO
Prof.° Mariana Lopes Bretas ENDEREÇO
Vila Gianetti, casa 39, Campus Universitário 36570-000 Viçosa - MG Tel.: 3899-2879 www.com.ufv.br
Os textos assinados não refletem necessariamente a opinião da Instituição ou do Curso, sendo da responsabilidade de seus autores e fontes. Cópias são autorizadas, desde que o conteúdo não seja modificado e quando citados o veículo e o(s) autor(es).
OPINIÃO
OUTROLHAR JULHO DE 2014
SOMOS TODOS MACACOS? E I S A Q U E S TÃ O
Mariana Elian dá sua opinião sobre as consequências desta campanha em apoio a “Dani Alves”. Este não foi o primeiro e nem o último episódio polêmico envolvendo racismo nos campos futebolísticos e em outros esportes. A reação do jogador foi louvável e agrada aos olhos da Opinião Pública. Um simples gesto, digno, que ultrapassou milhares de vozes racistas, silenciando-
-as. Mesmo que metaforicamente. De modo controverso, a bandeira levantada pela maioria dos brasileiros provoca a sensação incômoda de espanto e preocupação. Somos todos macacos? Incrível como algumas tentativas - frustradas - de desconstrução de estereótipos acabam por reforçá-los. Alguns significados presen-
tes no dicionário apontam: “Macaco: 1 Nome comum a todos os símios ou primatas antropoides exceto o homem; 2 Aquele que imita as ações dos outros; 3 Máquina para levantar grandes pesos; 4 Bate-estacas; 5 Paralelepípedo de pedra para calçamento”. Dentre todas estas possíveis definições, não há uma sequer que nos
Arte por Mariana Elian
O mês de abril marcou mais um dos recorrentes episódios racistas em jogos de futebol. A vítima da vez foi o brasileiro Daniel Alves, que joga no time espanhol Barcelona. Um torcedor do equioe adversária, Villarreal, atirou uma banana no campo, na direção do lateral-direito, ato que só complementou os gritos de “macaco” proferidos anteriormente. O jogador, que estava prestes a bater o escanteio, pegou a fruta do campo e a comeu antes da cobrança, em ato espontâneo. A repercussão do caso foi tão grande que vários brasileiros, e muitos famosos, comentaram e se manifestaram em suas redes sociais sobre a atitude de ambos envolvidos. A #Somostodosmacacos acabou ganhando força e disseminou-se pelas redes
caracterize. Portanto, não se sabe quanto a você, leitor, mas não considero que sejamos macacos, e nem a nenhum outro semelhante. E deste fato surgem as camisetas #somostodosmacacos. “Compre a camisa e faça parte, você também, deste movimento rumo ao fim do racismo”. Imagino que este daria um ótimo slogan. Mas deve-se alertar que o rumo é outro: mercado e lucro. Exatamente, dói o coração perceber que muitos dos movimentos sociais passaram apenas a ratificar a cultura e indústria do consumo. Portanto, não! Não somos macacos, aliás, somos todos, independentemente de cor, gênero ou opção sexual, seres humanos e devemos ser tratados como tal. A luta está na consciência e no cotidiano das pessoas, não no seu guarda-roupa.
O LEGADO DE RACHEL SHEHERAZADE Caroline Bacelar reflete sobre as responsabilidades atribuídas a um formador de opinião Ilustração por Everton Marques (Mamãe)
Em fevereiro, uma infeliz opinião da jornalista Rachel Sheherazade gerou uma repercussão inimaginável em todo o país. Âncora do “SBT Brasil”, telejornal veiculado na emissora paulista, ela não fugiu do seu caráter polêmico ao comentar a notícia sobre um jovem que teria cometido um assalto, mas foi amarrado e agredido por moradores da região. Da boca da apresentadora, saíram vários comentários que causaram impacto – seja ele positivo ou negativo – em quem a assistia ao telejornal. Usando de muita ironia, Sheherazade mostrou, com suas palavras, ser a favor da reação popular de agredir e prender a um poste o suposto assaltante. Ela pronunciou frases como: “O marginalzinho amarrado ao poste era tão inocente que em vez de prestar queixa contra seus agressores, preferiu fugir (...)”, “A atitude dos vingadores é até compreensível.”, e “Façam um favor ao Brasil. Adote um bandido.” – esta última, inflamada de ironias di-
recionadas aos defensores dos Direitos Humanos. Ao despejar esses e outros comentários sobre o fato, a jornalista parece ter se esquecido de pequenas lições que se aprende nos Cursos de jornalismo. A principal delas é a que o jornalista deve ser isento e imparcial aos fatos. Ao se posicionar, de forma tão contundente, a apresenta-
dora não só contribuiu para atingir milhões de pessoas, como para influenciar a opinião de grande parte delas. O jornalista, principalmente aquele que ocupa um cargo de importância como o que ela ocupa, deve ter a noção de que está lidando com o público. E que este público, telespectador, confia na palavra que se diz. Portanto,
deve escolher com cautela qualquer posição a ser emitida, levando-se em conta que as consequências de uma colocação mal feita podem trazer sérios danos para a sociedade. Após esse episódio, um artigo no site do jornal “Folha de S. Paulo” e outro no renomado blog “Pragmatismo Político” indicaram um aumento dos
linchamentos desde o pronunciamento emitido pela jornalista do SBT. Mas o estopim de tais atitudes ocorreu em maio, quando uma mulher foi linchada no Guarujá, litoral paulista, após ser alvo de boatos na internet de que ela sequestrava crianças para a prática de magia negra. Dois dias após o espancamento feito por ‘valentes cidadãos em defesa do bem’, Fabiane Maria de Jesus, mãe de uma filha, veio a falecer, vítima da violência sofrida. Claro que esses acontecimentos não foram criados por Sheherazade. À opinião emitida pela jornalista, pode-se somar a descrença da sociedade nos órgãos públicos que promovem a justiça do país e, consequentemente, a revolta da população. Entretanto, um jornalista é, antes de tudo, um formador de opinião e seu principal compromisso deve ser com a veracidade dos fatos. Vivemos em um contexto de liberdade de expressão, mas a radicalização deste direito pode culminar em um caos promovido por veículos de comunicação.
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CIDADE
OUTROLHAR JULHO DE 2014
B E L E ZAS DE UMA
TERRA MINEIRA Turismo é uma atividade que proporciona lazer e conhecimento. Ao conhecer novos lugares aprendemos a cultura local e vemos as diferenças que cada pedacinho de chão tem a nos revelar. Em Viçosa, o que movimenta o turismo são, principalmente, os acontecimentos realizados pela Universidade Federal de Viçosa, entre eles a conhecida Semana do Fazendeiro, com atrações para os diversos públicos. Em outras épocas do ano, quem vem à Viçosa, ou mora na região, encontra opções de passeio pelos museus dentro da Universidade, além da casa do ex-Presidente Arthur Bernardes. Existe também, visitação ao primeiro sítio de capitação de água potável (uma das poucas áreas com a floresta nativa), pelo horto botânico e o Recanto das Cigarras. Os jovens, principalmente, os que se interessarem pelo turismo esportivo e ambiental, a alternativa pode ser fazer um passeio em cima de uma bicicleta, pelas tri-
Fotografia por Ana Moreira
Ana Moreira expõe as diversidades turísticas da região e as opções de lazer alternativo lhas dentro da universidade, estradas de terra ou percorrer 80 km até o Bico do Boné em Araponga. Para o estudante de Engenharia Agrícola da UFV e praticante de mountain bike, Lucas Corrêdo, o baixo custo deste tipo de turismo, o levou a percorrer cinco horas de pedaladas até a Serra do Brigadeiro. E com alguns cuidados, como a manutenção da bicicleta,
segundo o estudante, a trajetória pode ser uma atividade interessante. – O desejo de conhecer o local, inclusive o trajeto, foi o que me motivou. Temos um ponto turístico fantástico, próximo a Viçosa, como o parque estadual da Serra do Brigadeiro. O trajeto é tranquilo, a estrada é bem sinalizada. Mas, antes de fazer esse tipo de aventura, precisamos ver se a
bike tem condições, verificando os freios e pneus e levando um kit pequeno com câmara de ar e chave de roda. Alimentos leves e água o suficiente para o percurso também são recomendados. Quem for acampar levar barraca e roupas leves, para não sobrecarregar a garupa da bicicleta – aconselha o estudante. Minas Gerais atrai turistas por ser uma terra
de beleza natural, formada por uma esplendida paisagem verde. A Zona da Mata, além da parte ambiental, com as diversas cachoeiras e serras, possui um rico patrimônio histórico deixado, principalmente, pela época da extração de ouro nas minas. Também é conhecida por sua culinária, agroindústria, artesanato, tradições culturais e forte religiosidade.
Por entre prédios e lojas, calçadas e avenidas, Viçosa vem revelando inúmeros atrativos turísticos e históricos
LUTA P OR ESPAÇO NA CIDADE A n a R i cha rdelli mo st ra a s va n t a ge n s qu e a n da r de b ic ic le t a t r a z p a r a s u a v id a
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xas calorias, estimulam a liberação das endorfinas (que dão a sensação de felicidade), e também aumentam também os níveis de serotonina (denominado hormônio da felicidade), o que provoca sono tranquilo ao praticante. Para difundir as inúmeras vantagens de utilizar as duas rodas ao invés dos automóveis em Viçosa, um grupo de estudantes universitários criou, em 2011, o movimento Bicicletada. Articulado com o objetivo de aumentar o número de ciclistas na cidade, chamar atenção para a falta de ciclo faixas e ressaltar os benefícios que a prática da atividade proporciona, o movimento já realizou diversos encontros e conta com vários adeptos. Integrantes do Bicicletada reafirmam a importância de trazer à tona o de-
bate a cerca das condições dadas aos ciclistas pela administração da cidade: Segundo eles, depois do surgimento do Bicicletada, vários outros encontros aconteceram, alguns com maior número de pessoas e outros nem tanto. Para os participantes, o mais importante é que o movimento se amplie e passe a pluralizar as intervenções, enraizadas nos ciclos de conversas e debates, inclusive os de cunho político. As dificuldades enfrentadas pelos ciclistas de Viçosa, que não têm encontrado espaços destinados a eles devido à falta de políticas públicas e ao grande fluxo de carros e motocicletas que tem tomado conta do trânsito também foram apontados por participantes do movimento. Eles são de opinião que a expansão imobiliária,
de certa forma, consome toda a paisagem, reduzindo a participação humana e ambiental a tijolos e cimentos. E chama a atenção para o fato de que a partir disso a Bicicletada surge, como um
tampão paraa poluição sonora, concretizando a ideia do uso da bicicleta para o sonho de uma cidade que permita com que os cidadãos se apropriem do seu espaço com maior intensidade.
Bicicletada representa a busca de ciclistas por seus direitos
Fotografia por Cauan Lana
Andar de bicicleta tem se tornado uma prática cada vez mais difundida no dia-a-dia da população brasileira. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, cerca de 7% dos brasileiros usam a bicicleta como principal meio de transporte, o que diminui a poluição no meio ambiente, causada pelo excessivo número de carros e motos. Eleita pela Organização das Nações Unidas como o maior símbolo do transporte sustentável de todo planeta, ela não apenas traz benefícios na hora de se locomover com facilidade e rapidez pelas ruas da cidade. Além de contribuir para o transporte, as pedaladas ajudam na perda de peso, se aliada à uma dieta saudável e de bai-
CIDADE
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CUSTO BAIXO E ALTA QUALIDADE Pedro Cursi realça como os preços podem variar quando o assunto é uma boa alimentação guns exemplos de consumidores que exigem um certo padrão na hora de escolher seu restaurante. Rogério Leite é proprietário de um estabelecimento na cidade. Ele conta que procura atrair o maior número de clientes possí-
veis, sejam eles exigentes ou não. Sua tática é sempre manter um alto padrão de pratos e variedades, como churrascos, massas variadas, saladas e frituras, mesmo sabendo que isso possa custar um pouco mais caro. Porém, ele esco-
lhe algumas datas durante a semana, e faz as “famosas” promoções. Com isso, ele mantém uma clientela fixa, atraída pela qualidade, e também consegue chamar a atenção de um grande número de pessoas nestas datas especiais.
Restaurantes viçosenses se preocupam em oferecer grande variedade de alimentos
Fotografia por Pedro Cursi
Para uma cidade considerada de médio porte, Viçosa pode surpreender nas opções de restaurantes e locais para se fazer um bom lanche. Estabelecimentos “chiques”, menus de alto nível, pratos variados e gastronomia estrangeira são facilmente encontrados. Por outro lado, é com a mesma facilidade que podemos achar locais com preços bastante acessíveis e opções mais simples de refeições. A justificativa para esses extremos é simples: Viçosa conta com um público alvo extremamente variado. Uma cidade universitária nem sempre é composta apenas de estudantes. Existe toda uma sociedade em volta desse mundo acadêmico. Professores, empresários e comerciantes, são al-
Do ponto de vista do consumidor, essa variedade é muito bem vista. Para Marcus Portes, estudante de Administração da UFV, Viçosa consegue atender todo o tipo de clientela: – O bom de ter vários tipos de restaurante, é que eu posso escolher aonde ir dependendo de quanto eu tenho. Se eu tenho uma grana sobrando, posso comer em um lugar mais bacana. Mas as vezes, fim de mês complica, aí tenho que ir em algum lugar não tão bom, mas que é mais barato – explica. Caro ou barato, chique ou simples, o importante é que as opções não faltam. Em uma cidade onde a população reclama de quase todos os setores, a gastronomia consegue ser um dos poucos pontos positivos.
CAMPANHA DE ESTUDANTES
AJ U DA L A R D O S V E L H I N H O S O Lar dos Velhinhos foi fundado em 1980 com o intuito de ajudar idosos, na faixa etária entre 60 e 100 anos, do município de Viçosa e região. Desde então, moradia, alimentação, remédios, roupas e opções de lazer vêm sendo oferecidos com a ajuda da Prefeitura Municipal. Apesar de a entidade receber apoio financeiro, ela sofre carência de recursos e tem grande necessidade de ter um veículo para o transporte adequado dos idosos, de uma quantidade maior de materiais de limpeza e de higiene e, principalmente, de auxílio para comprar alimentos e remédios. Com o objetivo de ajudar a Instituição, o mestrando em Ciência Florestal na UFV, Marcus Túlio Teles, realizou uma campanha para arrecadar alimentos em Timóteo, Minas Gerais, sua cidade natal e, resolveu fazer o mesmo em Viçosa. Foi lançada, então, em maio deste ano, a República Solidária: uma campanha pelo Lar dos Velhi-
Fotografia por Bruna Santos
B r un a S antos enfati za q ue a u x i l i a r qu e m pr e c i sa ta m bé m é u m a q u e s t ã o d e c i d a d a n i a nhos. Marcos, junto com o estudante de Jornalismo, Everton Marques, integrantes da república Lobo-Mau, tomaram a iniciativa de se reunir com outras diversas repúblicas em prol desta causa. A campanha arrecada leite desnatado, pó
de café, margarina light, adoçante líquido e biscoitos dos tipos papa-ovo, polvilho e água e sal, atendendo aos pedidos da diretoria. Os pontos de arrecadação, além da república Lobo-Mau são a Sparta, a Vende4 e o Diretório Central Es-
tudantil (DCE). Também é possível fazer a sua doação para moradores das seguintes repúbicas: A Praça é Nossa, Piôka, Furmiguero, pH7, Toda Boa, Manga com Leite, Kelvinator, Carraspana, Divas, Aflitos, AtéCubanos, Q.G. e Náufragos.
Sebastião Coutinho é mais um dos moradores beneficiados pela República Solidária
Robertha Bragatto, estudante de Agronomia da UFV, é moradora da Toda Boa e comenta o quanto é importante, simples e bonito o ato de doar: – Se cada um ajudar na doação, que é tão prática, nem que seja só um pouco, já estamos interferindo na vida de quem precisa. O mínimo gesto faz toda a diferença! Estou fazendo minha parte tanto em doação, como na divulgação dessa campanha, e, já arrecadamos alguns alimentos e patrocínios. Espero que arrecademos mais para este ato solidário tão bonito! – diz a Estudante Atualmente o Lar possui 31 internos. Pessoas que dependem de cuidados e de uma alimentação determinada. Todos podem se solidarizar. Qualquer contribuição é bem vinda, mesmo quando a campanha chegar ao seu fim. Para quem quiser conhecer melhor o Lar dos Velhinhos, ele se encontra na Rua Doutor Brito, 387, Centro e pode ser contatada pelo número (31) 38913245.
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VIDA E SAÚDE
OUTROLHAR JULHO DE 2014
APARELHOS FALSOS
OFERECEM RISCOS À SAÚDE BUCAL Preocupar com os dentes não é apenas uma questão de aparência, mas também de saúde. Cuidados com a boca são fundamentais para se evitar uma série de problemas e para manter os dentes e gengivas saudáveis. A escovação ao menos três vezes ao dia, o uso do fio dental e a visita regular ao dentista são algumas medidas básicas para se ter uma boa saúde bucal. A higienização adequada, segundo os dentistas, é um dos caminhos para um sorriso saudável. Para eles, além da higiene algumas outras ações podem ser tomadas para prevenir complicações dentárias futuras. Evitar o uso de bebidas alcóolicas, cigarro, chicletes, ingestão excessiva de doces, pois causam escurecimento dos dentes e cáries. E principalmente ter acompanhamento de um profissional. O dentista Fernando
Reprodução
Letícia Natalina mostra os perigos do uso incorreto de peças ortodônticas Gonçalves, afirma que as pessoas, na maioria das vezes, só procuram um especialista quando percebem algum problema externo e que nessa situação pode ser complicado reverter o quadro. Especialista em ortodontia e ortopedia facial, ele aponta que uma de suas maiores preocupações
recentes é o uso irregular de aparelhos pelos jovens. - É uma moda entre eles e o custo do aparelho é bem abaixo dos valores do mercado, a manutenção é feita por eles mesmos e não existe acompanhamento de um dentista. E isso é um grave problema.
Segundo Fernando, aparelhos dessa natureza deformam a arcada dentária, podem provocar a perda de dentes, dores, reações alérgicas ao material, já que é desconhecida a origem do produto. Problemas na mastigação e sem contar a parte esté-
Uso de próteses dentárias irregulares geram graves problemas à estrutura da boca
tica também contribuem. O uso do aparelho é feito para correção nos dentes e para melhorar a qualidade de vida da pessoa. Por essa razão é que existe todo o processo de acompanhamento desde os primeiros exames, para detectar qual a melhor forma de colocação do aparelho, até depois da retirada com o uso da contenção. Não se tem um registro exato de quando esses falsos aparelhos começaram a ser vendidos por camelôs. O fato é que ganharam destaque durante a onda de “rolêzinhos”, movimento em que grupos de jovens iam para os grandes centro comerciais. E era um estilo estar usando roupas e sapatos de marcas famosas, portando celulares modernos, acessórios chamativos e com os falsos aparelhos, sempre muito coloridos. E quanto mais ornamentado o aparelho for “melhor é”.
PARA DANÇAR NO RITMO DA ZUMBA Gabriela Dalton apresenta as características e os benefícios do novo fenômeno das academias
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Lenisa Almeida é instrutora de Zumba em uma academia na cidade e afirma que não é preciso saber dançar para participar das aulas. Os passos são muito diversificados e a ideia é se arriscar, já que o clima é de festa. - O nosso foco durante a aula é energia positiva e diversão. Não importa se você errar algum passo ou não aprender a coreografia direito. O importante é tentar! Criamos um ambiente para que os alunos estejam dispostos a interagir. Conforme as aulas vão acontecendo, todo mundo vai se soltando e perdendo a vergonha de dançar na frente das outras pessoas - explica a instrutora. Além da melhoria do condicionamento físico e a queima de calorias, a Zumba traz importantes benefícios para a saúde, como o fortalecimento da musculatura e das frequências cardíacas e respiratórias, o fortalecimento dos ossos e a potencialização da memória, o que retarda o envelhecimento. Lenisa aponta que a atividade exercita muito os músculos inferiores (coxas, glúteos e
panturrilhas), o que deixa-os mais fortes. E o fato de entrar no ritmo da música faz com que o coração chegue a 200 batidas por minuto e os pulmões funcionem em até 20 respirações por minuto, o que é quase o dobro de seu trabalho normal. Segundo o site Extra, a Zumba conta com aproximadamente 14 milhões de praticantes no mundo e é encontrada em mais de 180 países, sendo considerada
Fotografia por Gabriela Dalton
A busca por atividades físicas que aliem a perda de peso, condicionamento físico e o prazer cresce a cada dia. São diversas as opções e a Zumba é uma das que vem ganhando espaço nas academias. Trata-se de uma atividade física aeróbica com movimentos de dança e coreografias que misturam uma série de ritmos latinos e internacionais. E, diferentemente de outros tipos de dança que são dominados por praticantes do sexo feminino, a Zumba é muito eclética e traz ótimos resultados para diferentes tipos de perfis e objetivos. Para aqueles que estão cansados dos equipamentos da academia ou das atividades aeróbicas que utilizam sempre o mesmo treinamento, a Zumba pode ser uma boa opção. As coreografias utilizam uma mistura de hip hop, pop, rap, flamenco, dança do ventre, dança africana, salsa, merengue, reggaeton, entre outras. Os alunos têm um alto gasto calórico de forma prazerosa e divertida. As aulas podem durar entre 45 minutos e uma hora, e queimam de 600 até 1000 calorias.
um fenômeno mundial do fitness. Yasmin Mauri pratica a atividade há 3 meses e está adorando os resultados, que vêm de uma forma descontraída e diversificada. - Eu estava cansada da rotina na academia de fazer só musculação, esteira e bicicleta. Nas aulas tudo é sempre muito divertido, com uma música diferente, então não fica repetitivo. Fisicamente, eu me canso sim, mas é uma distração mental
também. Me ajuda a dar uma escapada do stress de todo dia - conta a estudante. Os preços da atividade variam entre 10 e 30 reais por cada aula, mas também pode ser praticada em casa. Já existem diversos DVDs para venda, além de vídeos na internet, que permitem que você se exercite onde quiser. É só arrastar o sofá da sala, colocar a imagem na tela, aumentar o som e dançar até se acabar!
Vídeo-aulas também são uma opção para quem quer se exercitar sem sair de casa
VIDA E SAÚDE
OUTROLHAR JULHO DE 2014
EM BUSCA DO SONO PERDIDO
Monique Bertto destaca o que acontece no cérebro enquanto dormimos e as consequências no dia-a-dia
Arte por Lucas Kato
Todos nós sabemos que dormir é uma necessidade básica do ser humano, além do que, poucas coisas no mundo são tão boas quanto uma boa noite de sono. Mas, ao contrário do que se acredita, nosso cérebro não desliga enquanto dormimos. O sono é um fenômeno biológico ativo, dividido em etapas que se sucedem e se repetem durante a noite (veja no infográfico). Esse processo extremamente complexo é regulado por diversas partes do cérebro. Existe a participação de muitas substâncias, chamadas de neurotransmissores, no processo de sono e vigília. De acordo com o médico neurologista, Lucas Villas-Boas Magalhães, o sono tem diversas funções em nossa vida. Entre elas, estão a necessidade fisiológica para o descanso do corpo, o armazenamento da memória, a manutenção da nossa estabilidade psíquica e a liberação de substâncias químicas, além de ser necessário para o controle cardiovascular, endócrino e metabólico do organismo. Por isso não dormir, ou dormir mal, pode estar na raiz de doenças neurológi-
cas gravíssimas. Os famosos distúrbios do sono têm se tornado mais comuns conforme o tempo passa. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto do Sono de São Paulo com 1.024 pessoas, atualmente, os brasileiros dormem em média uma hora e meia a menos do que há 20 anos atrás. São apenas seis horas e meia por noite, bem menos do que os entrevistados desejariam dormir, em média, oito horas. A pesquisa também apontou que 63% têm algum problema de sono. De acordo com Lucas, os distúrbios do sono são agrupados em três tipos básicos:
a insônia, que se qualifica pela dificuldade para dormir, a sonolência excessiva durante o dia e o sono “agitado”, que engloba fenômenos como o sonambulismo e pesadelos, dentre outros. - Os distúrbios do sono são complexos e cada um tem uma origem específica. Não é a toa que hoje existem médicos, especialmente da área de neurologia, que dedicam sua vida profissional apenas ao estudo e à pesquisa dos distúrbios do sono, ou seja, são subespecialistas em sono. Isso dá uma ideia da imensidão do conhecimento nessa área, nos dias atuais. - comenta o neurologista.
Qual seria então o segredo para um sono tranquilo? Você já deve ter escutado as dicas mais manjadas como faça exercícios, tenha uma alimentação balanceada, evite o estresse, as sonecas durante o dia, não tome café de noite, vá com calma no álcool e no cigarro. Tudo isso é verdade, e mais do que isso, é essencial para se dormir bem. Mas a epidemia de insônia no mundo também tem outra raiz: a tecnologia. É isso mesmo. Para ter uma boa noite de sono é preciso que você desligue todos os eletrônicos dentro do quarto, porque a luz
emitida por eles confunde o seu cérebro - que não diferencia luz solar de luz artificial – o que acaba prejudicando o seu descanso. Dentre tantas outras, essas são algumas das medidas que Lucas menciona como “higiene do sono”. Entretanto, a pessoa que apresenta um distúrbio específico, deve procurar um especialista e ter um diagnóstico correto para ser tratada. Afinal, segundo ele, passamos 1/3 da vida dormindo, 1/3 trabalhando e 1/3 fazendo todo o resto. Isso dá uma ideia da importância da qualidade do sono em nosso dia a dia.
PREVENÇÃO ANTES DO TRATAMENTO Caroline Mauri demonstra como o mapeamento genético alerta sobre o risco de doenças hereditárias José Carlos Oliveiros, mapear os genes é referenciá-los posicionalmente dentro do cromossoma a que pertencem. Ou seja, é possível identificar onde estão os genes responsáveis por algumas características do organismo e quais as distâncias entre eles dentro de um mesmo cro-
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mossomo. Funciona por meio de uma análise bioinformática do DNA, que é o processo de cruzar as informações obtidas no teste com bancos de dados do mundo inteiro para comparar a semelhança com algum paciente já diagnosticado com a doença. O exame é um pode-
AS MODERNAS TECNOLOGIAS CONSEGUEM DETECTAR, COM PRECISÃO MUITO PRÓXIMA DO ABSOLUTO, SE A PESSOA TEM A PREDISPOSIÇÃO PARA ADQUIRIR A DOENÇA OU SE É PORTADORA ASSINTOMÁTICA (...) IDENTIFICANDO CENTENAS DE DOENÇAS, A CUSTOS CADA VEZ MENORES
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Quando a atriz norte-americana Angelina Jolie resolveu fazer uma dupla mastectomia (retirada das mamas) preventiva, em agosto do ano passado, a comoção do público foi enorme. Ao realizar o mapeamento de seu genoma, Jolie identificou o gene causador do câncer que vitimou sua mãe e uma tia, o que elevava em mais de 80% as chances de ter a doença, o que motivou a cirurgia. Para grande parte da comunidade médica, a notícia não serviu apenas como prevenção para o desenvolvimento da doença, mas ajudou também a explicar ao público leigo como funciona uma área que registrou um avanço notável nas últimas décadas: a identificação e o tratamento de doenças por meio do sequenciamento genético. De acordo com o médico
Ciro Martinhago, geneticista
roso meio de diagnóstico que rapidamente vem ganhando espaço na medicina. A cada ano, centenas de genes associados a doenças específicas são descobertos e podem ser mapeados. Mesmo com tantos benefícios, a grande questão é quando se deve procurar o estudo. – Se um membro da sua família tem ou teve uma doença genética, você é um sério candidato a fazer o mapeamento genético. Mesmo que tenha sido o seu avô, ou sua bisavó, ou ainda o tio-avô – explica. Segundo ele, muitas vezes a doença se manifesta em diferentes gerações. Nestes casos o mapeamento serve para implementar as medidas preventivas ou impedir que sua prole seja afetada por aquela alteração genética. A sessão de aconselhamento genético também é importante. Para o
médico, é nessa consulta que as probabilidades são avaliadas e os adequados testes são recomendados. O especialista em Genética Ciro Martinhago, em seu site de orientações de saúde, “Minha Vida”, também destaca a precisão do mapeamento: – As modernas tecnologias conseguem detectar, com precisão muito próxima do absoluto, se a pessoa tem a predisposição para adquirir a doença ou se é portadora assintomática (sem risco de desenvolver a doença, mas com potencial de transmissão à sua descendência). Estas são indicações muito úteis do mapeamento, que muito em breve estará acessível a todos que dele precisarem, graças a tecnologias que permitem ler centenas de genes, identificando centenas de doenças, a custos cada vez menores.
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COMPORTAMENTO
OUTROLHAR JULHO DE 2014
RACISMO E INJÚRIA RACIAL
MACHUCAM VÍTIMAS DO MESMO JEITO - Eu me senti um lixo. Fiquei revoltada. Depois, fiquei com muita raiva de mim por não ter conseguido fazer nada. A sensação que dá é que, por você ser preto, as pessoas te julgam sempre para o pior – revela B.S., que prefere ser identificada pelas iniciais do nome. O depoimento acima é de uma estudante do Curso de Engenharia de Alimentos da UFV, depois de sofrer “injúria racial”. E nós perguntamos: você, leitor, sabe o que é isso? No Brasil, o tema costuma vir à mídia quando a discriminação acontece nos campos de futebol. Somente este ano, Arouca (Santos), Tinga (Cruzeiro), Márcio Chagas Silva
(árbitro/RS) e, o mais emblemático, Daniel Alves (Barcelona) – quando o jogador comeu a banana que foi atirada em sua direção – foram vítimas de injúria racial, porém a mídia retrata o ato como racismo. Tipificada no artigo 140, § 3º do Código Penal Brasileiro, a injúria racial consiste em ofender a honra de alguém com a utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Injúria racial é quando há a lesão da honra subjetiva da vítima, ou seja, à sua própria autoestima, como explica a professora de Direito da UFV, Karina Conegundes. - Ao chamar alguém de “macaco”, ou jogar uma banana, ou chamar alguém
Fruta da discórdia virou símbolo da descriminação racial
de “judeuzinho de m...”, pratica-se esse crime, cuja pena é de um a três anos de reclusão, sendo passível de fiança e aplicação de pena restritiva de direitos ao final do processo. Já o crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89, implica em conduta discriminatória dirigida a um determinado grupo ou coletividade. Considerado mais grave pelo legislador, este crime é imprescritível e inafiançável. - Essa lei traz em seus artigos condutas de descriminação próprias, tais como proibir alguém de frequentar escola, salão, restaurante, por ser negro, judeu, etc – afirma a professora Karina. O caso do jogador Daniel Alves encaixa-se como injúria racial. O agressor, David Campayo Lleo, pagou fiança e responderá ao processo em liberdade. Ele é torcedor do Villarreal e pode pegar de um a três anos de prisão por ter atirado a banana no gramado. Porém, o preconceito não está só nos campos de futebol. Ele é presente, também, na vida de pessoas comuns. Nossa entrevistada, B.S., descreve o caso que a fez se sentir tão mal. - Moro no centro de Viçosa. Outro dia, uma menina foi entrar no meu prédio, e eu a pedi que segurasse o portão para mim. Ela me olhou de cima
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Eu me senti um lixo. Fiquei revoltada. Depois fiquei com muita raiva de mim por não ter conseguido fazer nada. A sensação que dá é que por você ser preto as pessoas te julgam sempre para o pior
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Fotografia por Pedro Vital
Pedro Vital apura as diferentes formas jurídicas que se enquadram no preconceito
a baixo e saiu andando. Em seguida, ela entrou no primeiro bloco, o mesmo onde eu moro. No primeiro andar, quando viu que eu estava atrás dela, acelerou o passo. No segundo andar, quando eu abri minha bolsa para pegar a chave, ela saiu correndo desesperada e olhando para trás. Provavelmente, ela deve ter achado que eu iria roubá-la ou coisa assim. No outro caso, além do racismo, teve o machismo. Eu estava andando na rua e um cara mexeu comigo. Eu não dei atenção e ele gritou: “Olha lá, essa neguinha tá achando que é gente.” Para a estudante de
Engenharia de Alimentos, não há perspectiva de melhora neste quadro. B.S. ainda lembra que o preconceito tornou-se algo comum na sua vida. - Na verdade, sempre acontece. Eu não fui criada para pensar sobre o racismo. Estudei em escola particular na minha infância e toda a discriminação que eu sofria, para mim, era normal. O que eu relatei aqui que sempre acontece, não é esse racismo descarado, mas sim, o racismo velado. Me chamar de “moreninha”, como se ser preta fosse ofensa, ou falar: “Ela é negra, mas tem traços finos.” Esse é o de todo dia.
População brasileira dividida por cor
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100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
Arte por Ana Abreu
De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, 15 milhões de brasileiros se auto declararam de “cor preta”, o que siginifica 7,6% da população total, que na época era de 191 milhões. Os que se denominaram “brancos” são maioria no país e alcançam a marca de 91 milhões de brasileiros, o que corresponde a 47,7%. Há ainda outro grande grupo. Os “pardos” são, de acordo com o censo, 82 milhões no país. Parcelas menores na população, são os “amarelos” e os indígenas, com 2 milhões e 817 mil respectivamente.
Brancos
Pretos
Pardos
Amarelos
Indígenas
COMPORTAMENTO
OUTROLHAR JULHO DE 2014
AVÓS chegaram para ficar no facebook
Elas também curtem, compartilham, comentam, jogam, adicionam fotos e batem papo. As mães e avós estão no Facebook, e, muitas vezes, aproveitam a interação proporcionada pela rede social mais que os filhos e netos. O Facebook foi criado
em 2004, mas tornou-se popular no Brasil entre 2010 e 2011, é o que revelou uma pesquisa feita pela própria rede. Hoje, os brasileiros somam juntos mais de 30 milhões de perfis. E, se no mundo real as pessoas têm um modo de agir e pen-
Emerita acessa seu Facebook sempre que possível
sar individual, no universo virtual não é diferente. Atualmente, existem vários tipos de usuários na maior rede social do mundo. As diferentes faixas etárias geram diferentes modos de utilização das ferramentas disponíveis. Assim, adolescentes e suas avós, por exemplo, fazem parte da mesma rede, mas não compartilham, necessariamente, as mesmas opiniões sobre a plataforma. Uma agência publicitária estadunidense identificou alguns tipos de usuários na rede, um deles é o de pessoas entre 55 e 65 anos. Elas têm em média 113 amigos, em sua maioria mulheres, e o principal passatempo que encontram na rede social é comentar as postagens dos filhos e netos. Emerita Sette se enquadra nesse perfil. Ela tem 64 anos e está há pouco
mais de um no Facebook. Emerita é mãe de Islane Sette (41), e avó de Iugor Sette (17), ambos usuários da mesma rede social. Iugor está no segundo ano do Ensino Médio. O adolescente revelou que interage apenas com seus amigos no intuito de manter-se atualizado. No entanto, a maioria dos contatos que ele possui no Facebook não são muito próximos em seu dia a dia. Ele tem preferência por conversas rápidas e contou que prefere manter pouca interação com sua mãe e sua avó. O motivo seria a diferença de comportamento entre as gerações. Emerita não se importa muito com as críticas do neto. Ela criou seu perfil a pedido do marido, Luiz Sette (89). O simpático sargento reformado, vendo que a filha e o neto se divertiam em frente ao computador, incentivou a
esposa a fazer o mesmo. Ele a presenteou com um computador portátil, para que ela pudesse navegar. Apreciadora e colecionadora de orquídeas, a nova internauta inicialmente utilizava a rede para conhecer novas espécies e contemplar fotos das plantas. Foram seus netos que criaram-lhe um perfil no Facebook. Emerita não se arrependeu ao ingressar em uma rede social onde, segundo ela, encontra diversos amigos e parentes, com os quais compartilha mensagens carinhosas todos os dias. O Facebook pode ser definido como uma plataforma de interação. Pessoas de diferentes idades, visões, crenças e comportamentos se reúnem em um ambiente virtual. A senhora Emerita, com seus 81 contatos, é apenas uma de muitas avós que, como seus netos, estão cada dia mais conectadas.
MANGÁS ATRAEM LEITORAS PARA QUADRINHOS Ana Ventura mostra que HQ’s japoneses também cativam brasileiras Embora muitas garotas leiam os quadrinhos da “Turma da Mônica” quando crianças, é comum deixarem esse tipo de leitura de lado na adolescência. Ou, pelo menos, era comum. Nos últimos anos, a tendência tem sido a troca dos gibis da Mônica pelos mangás. Fenômeno em consolidação no mercado editorial brasileiro, os quadrinhos japoneses têm um diferencial interessante: são bastante segmentados. O que faz com que seja possível encontrar histórias que atendam a todos os tipos de gosto. Por isso, engana-se quem pensa que os mangás são lidos somente por garotos, mesmo no Brasil. Os estilos “shōjo” e “josei”, por exemplo, são ambos voltados para o público feminino. O primeiro tem como alvo garotas com idades entre 10 e 18 anos, enquanto o segundo foca nas moças maiores de 18 anos. Para a estudante Débora Souza (16), o que mais encanta nos quadrinhos é a narrativa. – Confesso que foi estranho no começo, quando eu
Fotografia por Ana Ventura
Fotografia por Ana Abreu
Ana Abreu desvenda a interação de diferentes gerações no mundo virtual
tive que me acostumar a ler tudo de trás para frente, da direita para a esquerda, mas vale à pena. A história e a arte bem feitas, com a descrição das cenas momento a momento tornam esse tipo de leitura muito mais divertida - explica.
– Meu primeiro contato com o gênero shōjo foi lendo “A Princesa e o Cavaleiro”, de Osamu Tezuka, aos 11 anos de idade. Desde então, não parei mais - relata a estudante Joana Pereira (18). A obra citada figura entre os clássicos do gênero. Se não
fosse por Tezuka, o mangá tal como o conhecemos hoje, provavelmente não existiria. Paul Gravett, no livro “Mangá: como o Japão reinventou os quadrinhos”, atribui a Osamu Tezuka a incorporação dos olhos grandes e expressivos – característicos
Editoras investem em histórias e produções que fascinam também o universo feminino
do estilo shōjo – além de aspectos da animação, como a dinamicidade dos quadros, às histórias em quadrinhos japonesas. Há também títulos que ultrapassam a barreira do segmento alvo para o qual foram criados e atraem fãs de ambos os sexos. Um exemplo disso é a estudante de Artes, Stephanie Rolta (18), que, além de fã de títulos shōjo como “Orange” e “Hoshi wa Utau” (“As estrelas cantam”, em português) curte também os mangás “Naruto”, “Noragami” e “Death Note”. Os três últimos fazem parte de outro segmento de mangás: os “shōnen”, voltados para os leitores do sexo masculino, geralmente da faixa etária de 10 a 18 anos. Mas a paixão pelos quadrinhos japoneses extrapola o divertimento e chega a influenciar até na escolha da profissão. – Quando conheci os mangás, decidi virar artista e tentar fazer o que os mangás fazem com tanta facilidade, que é emocionar as pessoas e passar sensações e ideias novas para quem vê - conta Stephanie.
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CIÊNCIA E TECNOLOGIA
OUTROLHAR JULHO DE 2014
APLICATIVOS AJUDAM
A EVITAR ROUBO DE CELULARES Camila Macedo mostra os programas que podem proteger seu smartphone Fotografia por Camila Macedo
Tecnologia para celulares é mais uma arma contra os furtos Em uma pesquisa divulgada no ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de brasileiros com telefone celular subiu de 36,6%
em 2005, para 69% em 2011. O total passou de 55,7 milhões de pessoas para 115,4 milhões, um crescimento de 107,2%. O crescente número de usuários de celula-
res se deu pela grande sofisticação dos novos aparelhos disponíveis no mercado. Repletos de funcionalidades, os celulares smartphones se tornaram ferramentas indispensáveis para jovens e adultos de todo o mundo. Devido às novas tecnologias incorporadas a estes dispositivos, os aparelhos chegam a valer mais de dois mil reais, e, por causa deste grande valor aquisitivo, são um dos principais alvos de criminosos. O Brasil já é considerado o segundo país com maior índice de roubo de celulares no mundo. Segundo levantamento da F-Secure, empresa finlandesa especializada em segurança digital, 25% dos brasileiros já tiveram um dispositivo móvel roubado.
Com o aumento do roubo desses aparelhos, o uso de aplicativos antirroubo se tornou uma nova forma de conseguir recuperar o aparelho, ou até mesmo de evitar que ele seja roubado. A estudante de História, Gabriela Ferreira (25), é usuária do aplicativo gratuito Android Lost que possibilita o bloqueio do aparelho, limpa os dados contidos nele, faz rastreamento pelo GPS, dispara um alarme, programa o envio de mensagens de texto, entre outras coisas. - Como eu já tive dois celulares roubados, o aplicativo me traz mais segurança e facilidade. Eu posso apagar minhas informações pessoais, posso conseguir recuperá-lo fazendo o rastreamento, e o alarme pode até acabar
coibindo a ação do bandido. Hoje, eu acho muito importante ter o aplicativo no meu celular como uma forma de proteção – relata. O Plan B é um aplicativo que pode ser instalado no celular após o roubo ou a perda do smartphone por meio do site Android Market. Assim que é instalado, ele já se ativa automaticamente e envia por e-mail a localização do celular. A partir deste aplicativo, o comerciante Marcelo Oliveira (37) conseguiu recuperar o aparelho perdido. - O aplicativo me ajudou a achar o meu celular, que eu tinha esquecido em uma lanchonete. Consegui a localização e voltei até lá, o vendedor tinha guardado o aparelho e me devolveu – diz. Aplicativos como Prey Project, Lookout Security & Antivirus, Antifurto Droid, Prey Anti-Theft e Phone Finder são algumas das opções gratuitas disponíveis para download nos sistemas Android, iOS e Windows Phone que podem garantir uma melhor segurança dos aparelhos celulares.
COMPRE INTERNACIONALMENTE
E PAGUE MAI S BAR ATO S E M SAI R DE CASA Lucas Kato ressalta os benefícios econômicos de comprar pela internet
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(MG), possui uma loja online há dois anos em uma página no Facebook e faz o abastecimento de seus produtos via sites estrangeiros, como o AliExpress e DealExtreme: - Todos os produtos da minha lojinha são comprados em sites fora do Brasil e revendo aqui. Eu compro a, praticamente, preço de custo, pois os valores caem pela metade. As peças que chegam também são mais variadas, muito mais bonitas e são produtos que vêm com influências de fora. Os jovens e adolescentes curtem as referências e influências do exterior, principalmente a americana, o que vende bastante. Os sites de compra internacional, como os americanos e chineses, atraem a atenção dos brasileiros pelo preço e variedade dos produtos. O número de mercado-
Arte por Lucas Kato
Você sabia que é possível fazer compras internacionais sem gastar com passagens ou sair do conforto do seu lar, e ainda pagar mais barato? O mercado de vendas online, principalmente o internacional, transforma-se a cada dia em um lugar mais democrático, amplo e acessível a todos. Algumas pessoas ainda têm dúvida quanto à forma de pagar. Hoje não é mais necessário cartão de crédito e as lojas possibilitam o pagamento via boleto bancário. Qualquer um pode adquirir músicas, decorações, livros, maquiagens, acessórios e, especialmente, roupas. Muitos consumidores e comerciantes são atraídos pela importação, pois ela oferece uma boa qualidade de produtos por um preço baixo para revenda. A vendedora Renata Soares (19), de Lavras
Lojas virtuais possibilitam a aquisição de produtos com preços e pagamento acessíveis rias importadas para o Brasil, desde 2013, aumentou para 40%, contabilizando 1,7 milhões de compras até abril de 2014. (Fonte: Estadão) É possível economizar
muito e obter produtos diversos e de qualidade por meio do comércio online mundial. No entanto, aproveite para pagar mais barato enquanto é tempo! A partir de setembro des-
te ano, a Receita Federal implementará um sistema que controla e automatiza a chegada de pacotes vindos de outros países pelos correios, aumentando o imposto sobre os produtos.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
OUTROLHAR JULHO DE 2014
HOBBY QUE TRAZ LUCROS É fácil ter um blog na internet. Sites como Blogger e Wordpress oferecem a possibilidade de criar uma página de graça e publicar o que você quiser. Isso todos sabem, mas já imaginou a possibilidade de fazer desse hobby algo lucrativo? Criador do site “Viciosa”, Gustavo Soares (22), conta um pouco de sua experiência. - Como fã e acompanhante dos principais blogs desde 2008, estava imerso neste mundo, mas faltava deixar de ser um mero espectador e passar também a construí-lo. Se tornou ambição minha ter um blog que pudesse gerar um sorriso em algum leitor. – declara. Inspirando-se em seus blogs favoritos, de início, Gustavo pensou que seria fácil ter um site de qualidade e com reputação na internet, só que a tarefa não se mostrou tão simples assim. - Eu não sabia de nada, era um inocente! - brin-
Fotografia por Camila Denadai
Saiba as vantagens financeiras de ter um blog com Camila Denadai ca. Mas, focado em melhorar a cada dia, quando retomou as postagens, ele se surpreendeu com o crescimento rápido. Manter anúncios no blog é uma das formas de gerar renda direta, porém existem outros caminhos, como as permutas,
as quais Gustavo explica. - Desde o início, consegui fazer algumas parcerias com festas da cidade que realmente eram vantajosas para mim e para meus leitores, podia sortear ingressos para eles, gerar conteúdo no site e ainda ganhar algumas cortesias. Caso eu qui-
sesse, poderia vendê-las. Analisando o valor das permutas, em um mês, poderia tirar até 500 reais. – Contou. Fazer um blog é, acima de tudo, falar sobre o que se gosta. Existem várias blogueiras de moda que conseguiram espaço para escrever em revis-
Usar a internet pode trazer benefícios diversos, é só usar a criatividade e paciência
tas ou atenção de marcas famosas que enviam produtos para elas usarem e dizerem o que acharam no seu site. A possibilidade de fazer sucesso ainda se estende a outros meios. Felipe Neto, por exemplo, começou a ter sucesso no Youtube com o canal “Não Faz Sentido”, fazendo vídeos sobre assuntos variados. O importante é ter prazer no que faz e se esforçar para conseguir o que quer. - Saber divulgar bem o seu blog é fundamental, mas de nada adianta atrair as visitas se você não conseguir mantê-las, pois quem divulga mesmo é o próprio leitor. As visitas vieram dos conteúdos que se tornaram um diferencial para meus leitores, do que é construído com amor e sem pressa. Não é a maneira mais fácil de conseguir visitas, mas você terá grandes chances de o usuário se tornar fiel ao seu blog e atrair mais leitores.
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS AUXILIAM NA ALFABETIZAÇÃO
Imagem cedida pela empresa
Yane Guadalupe apresenta novas utilidades para games online
Desde que surgiram, os jogos digitais vêm ganhando espaço entre os jovens. Muitos pais reclamam do tempo que seus filhos passam jogando na web, mas a Jungle Digital Game de-
senvolve, há sete anos, uma nova utilidade para games on-line. A ideia é unir o útil ao agradável, integrando a necessidade de alfabetização a elementos mais atrativos, como os jogos digitais.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 8,7% da população total com 15 anos ou mais não sabe ler. Os jogos digitais aparecem nesse cenário
Diversidade de conteúdos abordados nos games ajudam na absorção de conhecimento
como valiosa ferramenta para facilitar o aprendizado. Muitas dificuldades se devem às limitações específicas de algumas pessoas, que podem ser superadas com mecanismos desenvolvidos pelos games. O projeto inicial da empresa era destinado a pessoas com Síndrome de Down, Síndrome de Willians e autismo, que possuem limitações e dificuldades de aprendizagem. Para dar seguimento, a Jungle fez uma parceria com o Departamento de Educação e com o Departamento de Informática da Universidade Federal de Viçosa e está desenvolvendo um conjunto de atividades incluindo novas funcionalidades. - Esta nova parceria está nos permitindo criar atividades também para um novo público, jovens a partir de 12 anos. O foco será a alfabetização de jovens e adultos - relata Ígor Coelho, Diretor Exe-
cutivo do negócio. Ainda segundo o diretor, esta nova etapa contemplará também pessoas com deficiência auditiva, dificuldades motoras, entre outras. Segundo a pedagoga Lívia Santana, “no jogo o aluno desenvolve suas próprias estratégias e também ajuda na interação, integrando o estudante no mundo social onde as ferramentas são utilizadas. As tecnologias educacionais exercitam a habilidade mental, estimulam diversos sentidos e transmitem as informações de várias formas sem se tornar cansativo”, completa a pedagoga. O software atua como um reforço escolar e pode ser utilizado no auxílio à introdução ou revisão de conteúdo. Os programas são desenvolvidos seguindo orientações de conteúdo didático empregado em cada região para que não fiquem atividades soltas sem propostas efetivas.
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CULTURA
OUTROLHAR JULHO DE 2014
PROJETOS SOCIAIS OFERECEM ATIVIDADES
ARTÍSTICAS E CULTURAIS PARA JOVENS formação cultural e artística, bem como a integração dos alunos com a comunidade. Em geral, são oferecidas aulas de Danças Urbanas, Contemporânea e Balett Clássico e também
Escolas da periferia também recebem oficinas culturais para crianças e adolescentes
O INCRÍVEL MUNDO MÁGICO DE GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ A literatura nos próximos vestibulares por Juliana Souza
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O escritor escreve seu livro para tentar explicar a si mesmo o que está além de sua compreensão
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O ano de 2014 trouxe consigo a morte de um grande escritor da literatura latino-americana. Gabriel García Márquez (1927-2014), colombiano de Aracataca, marcou a história de seu país e da língua espanhola com o poder de suas narrativas fantásticas. Quando jovem estudou ciências políticas, direito – sem concluir os cursos – e atuou muitos anos como jornalista. Tornou-se correspondente internacional de países como a Venezuela e Estados Unidos, mas na veia corria a paixão pela literatura, pelo narrar e inventar. Criado pelos avós, um veterano de guerra e uma senhora de muitas histórias, sua mente se abriu para um mundo criativo imaginário. Já na década de 40 publicou seus primeiros contos, que traziam a característica que marcaria toda a sua obra: um mundo fantástico. O livro que levou seu nome para o topo dos escritores mundiais foi “Cem
de Arte e Dança, Rua Alex Doroffef, 50, Centro e nas escolas participantes. Patricia Lima, diretora do Núcleo de Arte e Dança, afirma que estes projetos têm por objetivo
aulas de música. As aulas nos níveis iniciantes são oferecidas duas vezes por semana e em níveis mais adiantados, três vezes por semana. Os ensaios acontecem na sede do Núcleo
Gabriel García Márquez
Anos de Solidão” (1967), em que narra a história de uma família, os “Buendia”, em uma comunidade chamada “Macondo”. Esta obra culminou no Prêmio Nobel de Literatura em 1982, pelo conjunto de sua obra. Carlos Ferrer Plaza, professor do Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa, conta que em seu país de origem, a Espanha, “Cem Anos de Solidão” é um clássico da língua espanhola, sendo leitura obrigatória nas escolas aos 17 anos,
o livro do Século XX. Ele acredita que o sucesso instantâneo da obra se deve à narrativa que prezava pelo prazer de contar histórias, diferentemente de outros autores da época, de difícil compreensão ao leitor comum. - Além do prazer em narrar, ele começou a criar um mundo próprio, autônomo, que se sustenta sobre si mesmo. Ele conecta várias histórias e faz com que o leitor se sinta em casa, em um contexto mágico – explica o professor. Plaza acredita que o autor estará nas leituras obrigatórias dos principais vestibulares do país neste ano de sua morte: - É um dos autores mais importantes da América Latina. Hoje estamos nesse momento de integração latino americana e me parece obvio que o leitor brasileiro deve conhecer a García Márquez e se aprofundar em sua obra – encerra Plaza.
Arte por Lucas Kato
A cultura está presente na rotina de todos nós, seja em livros, filmes, televisão, culinária, religiosidade, costumes e em muitas outras atividades que o ser humano realiza. A música e a dança são formas muito comuns de manifestação cultural. Em Viçosa, apesar de não existirem tantas opções de lazer e presença de manifestações culturais tão fortes, alguns projetos sociais buscam levar aos jovens a oportunidade de estarem em contato direto com variadas danças e estilos musicais. O Núcleo de Arte e Dança disponibiliza em parceria com a Prefeitura Municipal de Viçosa, atividades gratuitas para alunos das escolas municipais e estaduais da cidade. Apesar da variedade de nomes como Projeto Centro Experimental de Artes, Projeto Voar, Programa Tim Arteducação e Passos para um futuro, todos buscam oferecer oportunidade de
Imagem cedida pelo Núcleo
Cássia Lellis mostra opções gratuitas de acesso à aprendizagem de músicas e danças variadas proporcionar aos alunos o acesso à arte por meio da dança. Todos os alunos integrantes dos projetos têm a oportunidade de participar de mostras de dança, festivais e concursos, além de conhecer pessoas, trabalhos e diferentes profissionais da área ampliando seus conhecimentos e experiências, o que pode contribuir com melhora do rendimento escolar, da autoestima e melhor socialização. Os alunos das escolas que não recebem as oficinas de algum dos projetos mas se interessam em participar, devem estar devidamente matriculados na rede pública de ensino. Depois precisam se inscrever na Secretaria de Cultura da cidade e aguardar a comunicação dos responsáveis para o preenchimento das vagas disponíveis nas atividades do Centro Experimental. Nas escolas participantes, basta que o aluno interessado faça a sua inscrição.
CULTURA
OUTROLHAR JULHO DE 2014
OUÇA O SOM QUE VEM DA PERIFERIA Fotografia por Thaiss Moreira
Thaíss Moreira conta a história do Perifonia, projeto que ensina música para jovens de Nova Viçosa
Tiro de Guerra cede suas dependências para ensaios semanais do grupo ao ar livre A mistura de som e periferia deu origem ao nome do projeto social, que existe há dez anos em Viçosa, o Perifonia. Idealizado e até hoje, coordenado pelo músico Thomas Medeiros, o projeto usa a música como transformador social da vida de vários jovens carentes da comunidade. Thomas sempre gostou de música e de projetos sociais, ele decidiu então, unir o útil ao agradável e resolveu ensinar jovens carentes e, sem oportunidades, o seu amor à música.
– Idealizei e coloquei o projeto em prática. Sempre gostei de projetos sociais, como sou músico, decidi passar esse amor adiante e ensinar o que sei fazer - contou Thomas. Para o músico, é muito importante que os jovens tenham uma atividade, para desviá-los dos caminhos das drogas e da violência. Segundo ele, a idade entre 12 e 13 anos, quando eles entram no projeto, é a idade dos hormônios. – É nessa fase que a pessoa começa a se transfor-
mar em um individuo, ter pensamentos e querer mostrar que faz parte de alguma coisa e é bom em algo. Então nessa idade é muito importante que os jovens tenham uma atividade pra se destacar em algo bom. Dentro da periferia tem que ter espaço para os jovens. - ele explica. Laís Aparecida de Paula está no grupo há três anos. Para ela, a música tem o poder de transformar e mudar a vida das pessoas. A jovem viu todos os seus primos participando do projeto e, decidiu entrar e aprender a tocar.
– Todos os meus primos já participavam do Perifonia. Eu gostava muito de assistir às apresentações e sentia muita vontade de aprender a tocar também. Assim que tive a oportunidade, entrei para o grupo, aprendi a tocar e fiz novos amigos - relata Laís. No inicio o projeto funcionava como uma oficina de percussão. Os integrantes construíam instrumentos com materiais recicláveis e já aprendiam a tocar com eles. Thomas ensina os jovens a tocar ritmos de todo o Brasil, além de aprender a tocar, eles aprendem também um pouco da história dessas modalidades de música. Hoje o projeto já tem também a banda Perifonia, que além de músicas instrumentais, também tem arranjos, letras e outros instrumentos sem ser a percussão. Eles cobram cachê para se apresentarem, esse dinheiro é utilizado para fazer uniformes e, para guardar na “caixinha” do grupo, para ser usado quando existir alguma necessidade. Os alunos que participam do Perifonia fazem parte da Ação Social Evan-
gelista, o Rebusca Viçosa. É por meio dessa ação que os adolescentes têm acesso ao projeto. A maioria dos integrantes é de Posses ou de Nova Viçosa e, um dos grandes obstáculos enfrentados por eles, é a falta de transporte quando vão se apresentar. Para chegar aos ensaios, eles vão no transporte que busca as crianças que vão para o Rebusca. O grupo se reúne todas as terças e quintas-feiras, na sede do Tiro de Guerra, no Morro do Pintinho. Uma das exigências do coordenador do projeto, é que todos os jovens estejam devidamente matriculados na escola, frequentando de maneira correta e com notas boas. A banda Perifonia já gravou duas músicas em estúdio. Eles se apresentam em praças públicas, em eventos culturais grandes, em Viçosa e em outras cidades e, já viajaram para outros estados para fazer shows. Atualmente, o projeto recebeu novos integrantes, que estão começando a aprender a tocar, para futuramente também fazerem parte do Perifonia.
CINEMA GRATUITO, LAZER E INFORMAÇÃO
Se você curte cinema e gosta de encontrar boas formas de aliar entretenimento e informação, precisa conhecer o Cine-Eco. O projeto de extensão do Departamento de Economia Rural da UFV foi criado em 2013 e caminha para o seu segundo ano de sucesso. A proposta é levar ás comunidades atendidas pelo Instituto Vida de Desenvolvimento Humano de Viçosa (bairros Laranjal, Vau-Açu, Amoras, entre outros.) uma opção de lazer como ferramenta para a educação ambiental. A iniciativa promove sessões de cinema gratuitas, onde são exibidos filmes com temas relacionados ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável, gerando um debate acerca de problemas relacionados á degradação ambiental como forma de conscientizar a população. Atualmente as sessões vêm acontecendo na Igreja de São Francisco de Assis no bairro Vau-Açu e já foram exibidos filmes como
“Rio”, “Os Sem Floresta” e o documentário “Aterro”. Os moradores têm marcando presença nas sessões. Cada exibição conta com a participação de aproximadamente 100 pessoas, o que demonstra o êxito do Cine-Eco. Segundo o coordenador do projeto, Dênis Cunha, a intenção é atingir todos os públicos com filmes para a família, apesar de neste ano as crianças venham sendo maioria. O professor conta que antes da exibição é feita uma explicação falando da mensagem ambiental que o filme deseja passar e após todos assistirem a população presente é convidada a dar sua opinião, concordar ou discordar. No fim todos podem aproveitar o lanche gratuito oferecido pelo projeto. Para conhecer um pouco mais sobre o Cine-Eco, e conferir a programação com data, local e horário das próximas sessões, acesse o site: www.cinee c o u f v. w o r d p r e s s . c o m .
Reprodução/Cine-Eco
Bruna Guimarães apresenta o Cine-Eco, iniciativa que une filmes e educação ambiental
Sessão do Cine-Eco realizada na igreja de São Francisco de Assis, no bairro Vau-Açu Caso você não tenha acesso ás sessões do Cine-Eco mas gosta de cinema e questões que envolvem o meio ambiente, o Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef, localizado na casa 31 da Vila Giannetti na UFV, oferece na sua Sala Verde o aluguel gratuito de filmes e livros relacionados ao tema. Qualquer habitante de Viçosa e região pode utilizar os serviços da sala Conviverde, basta realizar um cadastro simples de usuário.
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ESPORTE
OUTROLHAR JULHO DE 2014
SUPERAÇÃO QUE VEM DO PARADESPORTO Graziele Oliveira entrevista o atleta paralímpico de tênis de mesa, Guilherme Costa Ele nasceu uma criança perfeita. Aos 14 anos, foi atropelado por um carro que corria a 105 km/h. Aos 22, relembra os meses de UTI, as cirurgias, as paradas cardíacas, o traumatismo craniano, a tetraplegia. Hoje, a vida de Guilherme Costa é movida a medalhas. O atleta que o OutrOlhar entrevista nesta edição é o atual campeão americano e sulamericano e também tricampeão brasileiro na modalidade paralímpica de tênis de mesa. E garante: “Estamos na batalha”. OutrOlhar: Você passou por grandes impactos na sua saúde até se tornar um atleta. Em que momento fez do tênis de mesa a sua profissão? Gilherme Costa: Comecei a jogar tênis de mesa no Hospital Sara Kubitschek como forma de reabilitação. Pratiquei vários esportes quando criança, mas o tênis de mesa não me agradava. Para não enlouquecer, comecei a jogar em novembro de 2007 e não parei mais. Em seis meses, medalhei no meu
primeiro campeonato nacional. Em dois anos, entrei na Seleção brasileira e não saí. Hoje, estou em 26º lugar da modalidade no mundo. OO: Você acha que teria escolhido ser esportista por profissão antes do acidente? GC: Sofri o acidente entre 14 e 15 anos. Queria ser jogador de futebol e esperava pelos 16 para fazer um teste no time da segunda divisão da Alemanha. Não tinha nada certo, eu não queria ser famoso, só queria viver jogando o meu futebolzinho. Não dá para dizer o que aconteceria, mas é uma coisa que eu gostaria de ser. É uma tendência inata minha. OO: Como você concilia a rotina de treinos com o tratamento médico pelo qual precisa passar? GC: Treino 5 horas por
dia – 3 pela manhã e 2 à tarde, de segunda a sexta-feira. Duas vezes por semana, a gente faz 2 horas de fisioterapia e psicologia, tudo voltado para o esporte. Gosto de falar que a minha superação Foto: arquivo pessoal
não é em ser deficiente, e sim em ser um profissional no que eu faço, em acordar todos os dias e trabalhar como
todo cidadão. O esporte paraolímpico está deixando de ser filantropia e se tornando profissão mesmo, no mundo inteiro. OO: E como são as experiências nos intercâmbios com esses profissionais do tênis de mesa paralímpico? GC: É fantástico! Agradeço a Deus por eu vestir a camisa da Seleção brasileira e pela oportunidade de conhecer outras culturas. É por conta disso que estou falando inglês e espanhol fluentemente e quero aprender francês. Tudo é um pouco mágico mesmo com a pressão dos campeonatos. Também tem os contras, pois passo pouco tempo no Brasil, durmo num lugar que não é a minha cama, tem um clima que não é o que estou acostumado e uma comida que não gosto.
Fico só, sem namorada, sem família e com a pressão do mundo nas costas. OO: A sua história é movida à superação. O que te inspira? GV: Tem uma frase de Chico Xavier que fala “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo início, todos nós podemos mudar agora e fazer um novo final”. Ela mudou a minha trajetória. Quando a conheci, tentei fazer um novo final com aquelas coisas que todo mundo já sabe: foco, disciplina, fazer tudo com muito amor – é aí que está a diferença. **NOTA DA REDAÇÃO: Até o fechamento desta edição, a vitória mais recente de Guilherme Costa ocorreu no Campeonato Brasileiro de Tênis de Mesa 2014, em Fortaleza, no mês de maio, quando ele conquistou o tricampeonato nacional. As próximas partidas serão em setembro, no Mundial na China, e em novembro, no Mundial na Costa Rica.
MOTIVAÇÃO PARA ESPORTE LEVA JOVENS DA UFV A GANHAREM PRÊMIOS Lhaís Carvalho mostra como modalidades variadas podem ajudar na realização pessoal
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lidades além do tradicional futebol, bem como promover a integração entre os alunos de engenharia. A criação da Associação foi proposta por Guilherme em 2012, durante o segundo ano no Curso de Engenharia Química na Universidade.
- A experiência de fundar a Atlética me fez crescer pessoalmente, melhorar minha oratória, aprender a negociar, aumentar minha rede de contatos – revela. Para o estudante do sétimo período, o empenho e a criatividade dos participantes são necessários para ultrapassar obstá-
culos, como a falta de estrutura para a prática de modalidades diversificadas na cidade. Foi desta maneira que a AAAE conseguiu incluir a peteca entre as possibilidades de esporte e o grupo de corrida (Capivara Runing Club), que recebe este nome devido à mascote da Atlética.
Guilherme Costa conclui afirmando: - Se eu estivesse chegando ao ensino superior, me aventuraria em uma Atlética novamente. O movimento que não era tão expressivo, hoje está tomando força, reunindo alunos, promovendo diversão e recebendo reconhecimento.
Estudantes das Engenharias da UFV comemoram bom desempenho em campeonato nacional poliesportivo
Fotografia por Lhaís Carvalho
A Universidade Federal de Viçosa conquistou o segundo lugar geral no Engenharíadas Mineiro, evento realizado pela Liga Esportiva das Engenharias do Estado de Minas Gerais, em maio deste ano. Foram 22 associações atléticas disputando 16 modalidades. A UFV levou o ouro em duas delas (Peteca Feminino e Tênis de Mesa Masculino), além dos dez troféus de prata. A competição promove o esporte e integra os jovens universitários. Neste ano, participaram 4 mil graduandos, entre eles, os representantes da Associação Atlética Acadêmica das Engenharias (AAAE-UFV), responsáveis pelos prêmios. A AAAE é uma entidade que difunde o esporte universitário levando os atletas da UFV para campeonatos como este. Segundo o Diretor Presidente, Guilherme Silva Costa (21), a Atlética objetiva desenvolver outras moda-
ESPORTE
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ARVORISMO EXERCITA O CORPO E A MENTE Fernando Cézar apresenta benefícios na prática desse esporte de aventura Machado, esta modalidade conjuga técnicas de outros esportes radicais, em especial o rapel e a escalada. - A subida é feita usando as técnicas da escalada e os equipamentos da escalada, como o capacete, o freio, as cordas - destaca Jonatas. Para praticar o arvorismo ou qualquer outro esporte de aventura, é preciso observar alguns cuidados que são válidos para os amadores e também para os profissionais. - No caso do arvorismo, você tem que fazer uma análise prévia se a árvore tem condição, se está boa, se tem raiz, se está forte, se não está podre - alerta Rafael. - O principal é ter os equipamentos revisados sempre e que sejam de boa qualidade - ressalta Jonatas. Rafael aponta que além de bons equipamentos é preciso saber manuseá-los. - Às vezes, você tem o equipamento e você o usa de uma forma, mas não sabe aproveitar todo o equipamento - completa. Para quem está começan-
Fotografia por Fernando Cézar
Quando criança, quem nunca subiu ou pelo menos desejou subir em uma árvore? Pegar aquela fruta lá no alto, brincar em meio aos galhos e curtir a paisagem de cima de copas frondosas? O fascínio pelas árvores é tanto que o arvorismo tem se destacado a cada dia mais dentro dos esportes de aventura. O que parece ser brincadeira de criança se tornou coisa séria. O arvorismo, ou arborismo, nasceu na década de 1980 na Costa Rica, com a necessidade dos pesquisadores de coletar ou observar espécies da fauna e flora que estavam nas partes superiores das árvores (esta prática é chamada de arvorismo técnico). Além desta categoria, ainda existem o arvorismo acrobático, que consiste em percursos com diferentes níveis de obstáculos, e o arvorismo de contemplação, no qual são montadas plataformas para curtir a natureza bem do alto das árvores. De acordo com os instrutores de esportes de aventura, Jonatas Lopes e Rafael
Além de promover contato com a natureza, a atividade trabalha com força e raciocínio do nos esportes de aventura, é importante seguir sempre as orientações do instrutor e saber respeitar o seu próprio limite. Os benefícios da prática do arvorismo são diversos, o mais evidente é a realização de uma atividade física. Entretanto, este esporte vai muito além da questão cor-
poral. Rafael ressalta que outra vantagem desta modalidade é o contato com a natureza. - Isso renova a sua energia e te faz sentir bem mesmo. Você tem ali o silêncio. Não é um esporte competitivo, é um esporte onde você supera o seu medo comenta.
Apesar de serem pouco difundidos em Viçosa e região, já existe na cidade agências especializadas em esportes de aventuras e ecoturismo. Os roteiros (geralmente realizados no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro e seu entorno) saem em média por R$100 com tudo incluso.
ESPORTE RADICAL COM MOTOCICLETAS PROPORCIONA FÚRIA SOBRE DUAS RODAS Conheça um pouco sobre o Off Road de motos, que atrai pessoas de todas as idades, com Ana Costa Motocross - Prova de circuito fechado em uma pista de tamanho entre 1.500 e 2.000 metros, com obstáculos feitos pela mão humana e que devem ser saltados e ultrapassados. Supercross - É uma variação do motocross, mas as pistas são menores (cerca de 500 metros) e os obstáculos são maiores, proporcionando saltos mais altos. Freestyle - Não é corrida e está concentrado apenas em executar manobras acrobáticas enquanto o piloto salta de moto. O vencedor é escolhido por um grupo dos juízes. Os pilotos são pontuados pelo estilo, nível de dificuldade da manobra, melhor uso do percurso e reação dos espectadores também. Enduro de velocidade - São percursos de obstáculos naturais por volta de 4.000 metros. Vence quem chega em primeiro lugar.
Enduro de regularidade - Os competidores devem guiar-se utilizando planilhas que determinam a velocidade média a ser desenvolvida durante os trechos do percurso. O controle é feito por postos de controle. Neste caso, mais importante do que a rapidez, são a atenção e o raciocínio do piloto. Enduro FIM – Esta é uma prova de resistência em que os competidores têm de enfrentar distâncias mais longas por trilhas. É proibido o auxílio de mecânicos durante a prova, então o piloto precisa saber também consertar a moto caso ela tenha algum problema. O esporte tem se popularizado em Viçosa com grandes grupos que se reúnem nos fins de semana e participam de competições na região. Evandro Fontes (48) está no Off Road há 30 anos e já fez todas as modalida-
des, sendo, atualmente, praticante de Motocross. Ele acumulou dezenas de prêmios em competições por todo o país. A paixão por duas rodas não se restringe aos fins de semana. Desde jovem, Evandro trabalha em oficinas de motos e, mon-
tou sua própria loja especializada em motos para esportes radicais. - Para quem quer iniciar o esporte, é preciso gostar de adrenalina, ter a autorização e incentivo dos pais, além de investimento para ter uma moto de bom nível – afirma.
Campeonato de Off Road que ocorreu na região
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Fotografia por Ana Costa
Para quem gosta de adrenalina e ação, o Off Road sobre duas rodas é a escolha certa. Off road de moto é a prática de um esporte radical que utiliza motocicletas em lugares que não possuem estradas pavimentadas, calçadas, estrutura urbana ou caminho de fácil acesso. A prática é permitida para todas as idades, existindo até mesmo a categoria mirim – a partir dos 5 anos. Pessoas que buscam o contato com a natureza e gostam de sentir o frio na barriga procuram esse tipo de prática. Além disso, a velocidade e o perigo, superando as dificuldades de acesso e os obstáculos impostos pela própria natureza (lama, pedras, erosões, subidas e descidas íngremes, alagamentos, etc), também são atrativos para os aficionados. As modalidades do Off Road são:
MEIO AMBIENTE
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VIÇOSA TOMA A FRENTE
NO DEBATE PARA PRODUÇÃO LIMPA Marcos Costa conta para Pedro Lavigne sobre a importância de uma agricultura sustentável Segundo o professor Marcos Heil Costa, idealizador do evento e um dos palestrantes, o SAGE foi muito importante por ser o pioneiro na discussão de sustentabilidade no Brasil, mas que essa discussão ainda tem que avançar muito no país. - Alguns parâmetros de sustentabilidade na agricultura a nível global já foram definidos há alguns anos, o que nós buscamos efetivar agora é em nível nacional - explica o professor. Em 2005 a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, patrocinada pela Organização das Nações Unidas, mostrou que a agricultura é possivelmente uma das atividades de maior ameaça à biodiversidade e ao bom funcionamento dos ecossistemas.
Segundo esse mesmo estudo, nos últimos 50 anos a humanidade tem modificado esses ecossis-
Professor Marcos dá ênfase na importância de uma agricultura limpa para o ambiente
ENXURRADAS CAUSAM DANOS
Fotografia por Jéssica Santana
Dayane Pereira apura como esta catástrofe que atinge Viçosa
Chuva forte, mesmo que por pouco tempo, pode causar grandes prejuízos à cidade As enxurradas ocorrem em muitas cidades e desabrigam famílias. Em Viçosa, se tornou comum cenas de destruição em tempos de chuva. Márcio Mól, professor de Geografia, conta que as enxurradas são um evento natural, o que significa, que mesmo sem a interferência humana, elas irão acontecer. O homem contribui com isto a partir do desmatamento, que aumenta o escoamento superficial da água da chuva, e com a ocupação desordenada do solo urbano, por exemplo.
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A construção de galerias pluviais com maior capacidade e manutenção adequada pode minimizar o problema de acúmulo de água nas avenidas, assim como o cuidado da população em não jogar lixo na rua, evitando entupir os bueiros. - Um dos meios de tentar solucionar ou amenizar este problema é realizar uma devida prevenção, a desocupação de áreas de risco, a criação de reservas florestais nas margens de rios, além de um planejamento urbano mais consistente – comenta o professor.
temas de forma mais rápida e extensiva do que em qualquer outro período histórico. Uma das medidas
Márcio Mól destaca que, com a pavimentação das ruas e a cimentação de quintais e calçadas, a maior parte da água, que deveria se infiltrar no solo, escorre na superfície devido à impermeabilização. Isto provoca o aumento do fenômeno e também contribui para a elevação da velocidade desse escoamento. Desse modo, surgem erosões que estão presentes na maioria das ruas da cidade. Procurada pela nossa reportagem, a prefeitura não se manifestou até o fechamento desta edição.
POLUIÇÃO VISUAL, PROBLEMA ANTIGO E AINDA SEM SOLUÇÃO Hugo Amichi mostra como a publicidade pode atrapalhar o viçosense Não é de hoje que a cidade de Viçosa é bombardeada por publicidade em todo o tipo de local. A poluição visual pode ser vista nas praças, nos outdoors e em lugares incomuns como faixadas de prédios, além é claro da pichação, algo recorrente em qualquer cidade atualmente. O que muitos não sabem é que a poluição visual é um problema ambiental de grave impacto. E acaba gerando um aspecto negativo ao lugar, já que a estética do município fica comprometida e os cidadãos que deveriam participar da dinâmica da cidade acabam sendo alvo de uma intensa publicidade que raramente mostra efetivos resultados. Para Carina Castro (24) estudante e moradora de Viçosa há quatro anos, a poluição ambiental na cidade tinha que ser vista com outros olhos. - É impressionante como Viçosa é suja. Não digo no sentido literal, é suja no sentido visual. Não tem um lugar que você vá nessa cidade que não haja cartazes de publicidade obrigando a participar disso ou daquilo. A prefeitura tinha que fazer leis que beneficiassem a maioria e não uma minoria
que quer vender seu produto de qualquer forma – afirma. Para Marcela Duarte, formada em Arquitetura e Urbanismo pela UFV e que fez trabalhos referentes a esse problema, Viçosa tinha que mudar a forma como a publicidade é tratada e vê essa poluição como um problema ambiental crônico. - Já faz tempo que sai de Viçosa, me formei em 2008, e quando retorno a cidade encontro uma poluição visual cada vez mais absurda. É importante o poder público pensar alternativas para esse problema. Pode parecer bobagem, mas o aspecto que a cidade tem perante o cidadão é importante. A publicidade poderia ser feita de diversas outras maneiras. Da forma que está atualmente, principalmente nas vias de trânsito intenso, pode ocorrer até acidentes, pois a atenção de motoristas e pedestres acaba sendo afetada - esclarece. Medidas com relação à poluição visual foram tomadas há algum tempo em grandes centros, com uma fiscalização dobrada e com leis que não privilegiam ninguém. Na cidade há espaço para o cidadão e para a publicidade, basta o poder público agir de forma eficaz.
Fotografia por Pedro Lavigne
Em março desse ano a cidade de Viçosa foi palco do I Seminário Internacional sobre Sustentabilidade na Agricultura em Grande Escala (SAGE - 2014), primeiro evento dessa natureza no país. Isso quer dizer que esse foi o primeiro seminário brasileiro voltado a discutir métodos e procedimentos sustentáveis pensados na agricultura do Brasil como um todo. O evento contou com a presença de palestrantes nacionais e internacionais. Temas como a demanda global por alimentos, a segurança alimentar, efeitos das mudanças climáticas na agricultura, emissões de gases de efeito estufa pelas atividades agrícolas e a expansão da fronteira agrícola foram alguns dos focos de discussão apresentados.
necessárias para o desenvolvimento sustentável na agriculturabrasileiraéamanutenção das áreas de plantio. - É preciso parar com o desmatamento e com a expansão das fronteiras agrícolas e ao mesmo tempo intensificar o plantio, aumentar a produção sem aumentar a área plantada - completa Marcos Heil Costa.