Revista PH Rolfs - Vida Urbana - Dez'17

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NĂşmero 6 | Ano 6 | Dezembro 2017

Vida Urbana


Diogo Rodrigues

ÍNDICE 4 Morar na Universidade 6 Repúblicas buscam maior organização 8 De Colômbia, não sabemos (quase) nada 10 Conectado... mas sem internet? 12 Viçosa sem pediatria 14 Crise Hídrica 16 70mi sofrem com transtorno alimentar 18 Violência amedronta professores de Viçosa 20 Esperança de um novo canil municipal 22 Transtornos do Lixo 24 Mais esporte 26 Gastronomia e Oktoberfest


Coordenação e Edição Geral do Projeto Prof. Ricardo Duarte Gomes (MTB-DRT 3123) Revisão Geral Ricardo Duarte Gomes Tábatha Valentim Foto de Capa Diogo Rodrigues Edição de Texto Ricardo Duarte Gomes Design Gráfico Diogo Rodrigues Redatores Isabela Monteiro, Sara Elen, Cali Rodrigues, Marina Cretton, Bernardo Bueno, João Spinella, Guilherme Queiroz, Ianka Silva, Davi Medeiros, Laissa Oliveira, Yeda Vasconcelos, Daniel Reis, Adriana Helena, Luana Palhares, Letícia Ribeiro, Luysa Reis, Maurício Vieira, Letícia Passos, Igor Gama, Ana Luísa Medeiros, Renata Bittencourt, Eder Gomes, Brenda Scota, Gabriel Máximo, Jessica Nascimento, Yuri Said, Amanda Rivelli, Maria Couto Pré-Impressão Mauro Jacob Chefe da Divisão Gráfica José Paulo de Freitas Tiragem: 500 exemplares Distribuição Gratuita Endereço Prédio Fábio Ribeiro Gomes - 2º andar - Campus Universitário Viçosa–MG. CEP: 36570-900 Telefone: 3899-4502 www.com.ufv.br

Fiscalizar, denunciar e zelar pelo bem da cidade A Viçosa pacata dos anos 70 já não existe mais! Lastimam os saudosistas de plantão. Nestes 42 anos em que eu vivi aqui tive a oportunidade de experimentar as diversas transformações pelas quais a cidade passou graças à acelerada expansão gerada pela federalização da Universidade e suas expansões. Muitos novos cursos foram criados demandando a contratação de novos profissionais e ingresso de mais estudantes. O número da população circulante na cidade aumentou vertiginosamente. Nos anos 70, a população girava em torno de 30 mil habitantes. Hoje é estimada em aproximadamente 78 mil, sem contabilizar a população flutuante. Diante deste quadro não fica difícil imaginar que, aliados ao crescimento, vieram também problemas estruturais de toda ordem. Um intenso fluxo de veículos diariamente (que fica pior quando se interditam as vias principais), ruas esburacadas, passeios estreitos e calçadas desniveladas tornam um martírio transitar pelas vias da cidade, que cresceu sem planejamento urbano. Um sistema de drenagem pluvial escasso facilita os alagamentos nos dias de chuva. Por outro lado, a atual falta de chuva e os antigos problemas de planejamento resultaram no quadro de escassez hídrica, fazendo o município decretar estado de emergência e racionamento de água, anualmente. A população hoje também anda alarmada com o crescimento no número de crimes, principalmente homicídios (até o fechamento desta edição, 44 contabilizados). Se a pacata Viçosa dos anos 70 já não existe mais cabe a todos nós, nascidos ou acolhidos pela cidade, cidadãos viçosenses que somos, fazer a nossa parte, contribuir para que os problemas não se agravem ainda mais. Fiscalizar, denunciar, zelar pelo cumprimento das leis que beneficiam a coletividade. Juntos fazemos a diferença! Antonio Vieira (Toninho) Aluno do 4º período do Curso

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Por Isabela Monteiro e Sara Elen Problemas de infraestrutura, vagas e intolerância ao próximo são muito comuns nas moradias estudantis

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oradia deveria ser um direito de todos. E quando se pensa em moradia estudantil, pensamos logo nos estudantes carentes e moradias com um mínimo de qualidade, que atenda às necessidades dos usuários. O tempo de maior democratização nas universidades públicas na atualidade permite as mais diversas discussões sobre a comunidade discente. Então vamos falar das moradias estudantis: quais seriam os lados positivos e negativos de se morar na UFV. A Universidade oferece seis instalações voltadas para a acomodação de estudantes com vulnerabilidade econômica e social. As moradias são gratuitas e estão localizadas dentro do campus universitário, facilitando o deslocamento dos estudantes. Dessas acomodações, duas são destinadas a alojar rapazes e outras três são disponibilizadas para o acolhimento de moças. Uma das seis instalações, conhecida como “Novíssimo”, ainda passa por últimos reparos para ser reaberto, uma vez que encontra desativado desde o ano de 2014, apesar de estar abri-

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gando alunos do curso de Licenciatura em Educação do Campo. Algumas reclamações comuns são referentes à infraestrutura, principalmente manutenção de lâmpadas, tanquinhos na lavanderia e banheiros, pois muitas vezes há demora por parte dos encanadores disponibilizados pela Divisão de Assistência Estudantil (DAE) para a resolução desses problemas. A estudante de engenharia florestal, Viviane de Paula Fialho, relata que a universidade não investe o suficiente nos alojamentos. Muitas vezes falta água quente para tomar banho, a manutenção de chuveiros é precária e às vezes essas solicitações demoram muito tempo para serem atendidas. Além dos problemas de infraestrutura, há casos de intolerância entre companheiros (as) de quarto, quando o assunto é opção sexual, raça e credo. Um estudante que preferiu não se identificar relatou que sofreu preconceito por conta de sua opção sexual: “existe um preconceito muito grande e mascarado nas moradias estudantis”, afirma o discente. Mas atualmente, ele vive em um quarto onde foi muito bem aceito, tendo uma relação de família com os moradores. Por outro lado, os alojamentos masculinos não tem tantos problemas de infraestrutura. O estudante

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Morar na Universidade


Interior do Alojamento Velho Feminino, construído na década de 1920, necessita de manutenção Vinicius Tobias Leandro Lucila, do curso de engenharia florestal, está relativamente satisfeito com as moradias, apesar de achar que os móveis poderiam ser trocados, por serem muito antigos. O discente Janailton Soares, do curso de Ciências Sociais e membro da Comissão de Moradores das moradias estudantis da UFV, relatou que as demandas são atendidas apenas em parte, “desde que essas demandas façam parte dos interesses da administração, que sempre julga o que é melhor para nós e para eles ao mesmo tempo, já que também existem outras demandas de grupos diferentes”, afirmou. Outro problema seria de vaga. De acordo com o site da Divisão de Assistência Estudantil (DAE), a cada ano as vagas são disponibilizadas de acordo com o número de formandos, abrindo assim oportunidades para outros alunos. No entanto, em conversa em off com uma aluna contemplada com o serviço de moradia, ela relata estar sendo difícil encontrar um quarto que ainda tenha vaga: “Em todos os quartos que eu fui e que constava no sistema da DAE com vaga, simplesmente me diziam que as vagas já estavam ocupadas. Em um deles, as janelas estavam abertas, eu ouvi vozes das moradoras do quarto e ninguém abriu a porta. Já é final do período praticamente e estou quase desistindo de continuar procurando. É muito difícil, as pessoas não acham que tem gente precisando.”, afirmou a

estudante. Nossa reportagem apurou que há alguns moradores que não cedem as vagas existentes nas moradias para outras pessoas, uns por receio de perder a privacidade e outros por temer uma possível nova formação de quarto sem conhecer o novo(a) morador(a). Muitos estudantes dependem das moradias estudantis para permanecerem nas instituições de ensino. E o que se percebe seria uma falta de compreensão para com o estudante que precisa de moradia e é recém chegado na instituição, por parte de alguns alunos veteranos: conhecedores das normas, esses parecem não aceitar e acolher alguns dos novos moradores. O assessor da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários da UFV e psicólogo Felipe Stephan Lisboa falou em resposta a esses problemas. Segundo ele, os problemas menores referentes a infraestrutura e manutenção são resolvidos imediatamente nas moradias. Contudo, a questão do alojamento envolve várias demandas e vários órgãos responsáveis. Além disso, a UFV, em comparação à outras universidades, investe uma grande quantidade de recursos aos alojamentos. Quanto à intolerância e aos moradores que evitam ceder vagas disponíveis no quarto, muitos desses problemas, segundo o assessor, nem sequer chegam formalmente à Divisão e, por isso, não podem ser devidamente apurados. Assim, Lisboa ressaltou a importância das denúncias para que as moradias estudantis possam oferecer melhores condições para os seus usuários.

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Repúblicas buscam mai por Amanda Rivelli, Guilherme Queiroz e Yuri Said Em processo de formação, a Associação de Repúblicas Estudantis de Viçosa pode virar realidade

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omo toda cidade universitária, Viçosa é conhecida pela quantidade de repúblicas estudantis e pelo número de festas que as mesmas realizam. Nisto os estudantes acabam por serem conhecidos como “população flutuante” que tanto movimenta o comércio local quanto causam transtornos para a “população nativa” da cidade. Muitos dos problemas gerados às repúblicas vêm em decorrência das denúncias envolvendo o código de postura da cidade, que proíbe a emissão de ruídos caracterizados como flagrante incômodo à comunidade circundante antes das 7 horas e depois das 19 horas, nas proximidades de escola, hospitais, asilos, orfanatos e congêneres; e antes das 7 horas e depois das 22 horas, nas proximidades de residências. Segundo o advogado Antônio Lisboa Alves Júnior este problema se dá pela falta de diálogo entre a população local, estudantes e o poder público. Diante deste cenário, as repúblicas em VIçosa procuraram se organizar através de uma associação, na tentativa de estreitar os laços entre as partes envolvidas e, com uma participação mais ativa e democrá-

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tica, encontrar soluções para estes conflitos cotidianos. A maior reclamação são quanto as festas realizadas nessas repúblicas, que ocorrem fora dos horários citados acima, mas em qualquer horário, ultrapassando por vezes o limite e se tornando prejudicial à saúde e ao sossego publico. Estes limites são estabelecidos pela legislação vigente, especificamente a NBR 10.151 da Associação Brasileiras de Normas Técnicas (ABNT) ou aquela que vier a substituí-la. Constantemente, as repúblicas são alvos de denúncias referentes a essas leis. Uma vez que promovem diversos eventos em diferentes localidades (variando de casas de festas, espaços públicos, suas próprias residências, etc), o alto volume do som incomoda as pessoas que estão nas redondezas desses ambientes. A partir de maio de 2015, a Prefeitura Municipal de Viçosa adquiriu um decibelímetro (objeto utilizado para medição do nível de ruídos) visando coibir os abusos causados pelo som alto. O objeto auxilia e dá sustentabilidade para que a fiscalização seja feita de modo adequado pelos profissionais responsáveis do Departamento de Fiscalização da Secretaria de Fazenda da Prefeitura, no cumprimento da Lei do Silêncio. O estudante Caio Pádua, está na cidade há quatro anos e é membro da República “Um dia a Casa Cai”. Ele


ior organização entre si diz que entende que a lei do silêncio depende do bom senso entre as partes, já que, independente do horário, o respeito deve sempre estar presente. Desde setembro deste ano, os moradores de repúblicas estão se reunindo para criar uma associação capaz de ampliar a conversa entre a população e o poder público em relação a essa situação, a Associação de Repúblicas Estudantis de Viçosa (AREV). Porém Caio, que também faz parte do grupo, diz que é um processo lento e sabe que a Arev vai além de festas e badernas: “Alguns pontos são bem importantes de citar, a quantidade de recursos destinados à Viçosa, que vem do Governo Estadual, depende da quantidade de votantes que tem dentro do município, então muitos alunos não trocam o título de eleitor pra cá, então é uma população flutuante grande demais, então acaba que a gente usufrui de Viçosa, mas não trás pra Viçosa os lucros, o dinheiro enviado pelo Governo para que sejam investidos em infraestrutura e outras coisas. E um dos pontos de virarmos Associação é a mobilização de nós moradores de repúblicas e agregados, para que tragamos o título para cá. Podendo ter mais voz e mais responsabilidade com a cidade.” Antônio explica que o processo para formar uma associação demora em torno de 30 dias e toda a associação deve ser formada por

um grupo de pessoas jurídicas de direito privado (com CNPJ). Sendo assim, para a formalização da Arev, seria necessária sua formalização perante o cartório de pessoas jurídicas. O advogado Antonio explica que se deve manter um livro caixa com as entradas e saídas de valores e ressalta que a vantagem de se formar uma associação seria a promoção de campanhas e eventos sociais (campanha de arrecadação de agasalhos, alimentos e etc), além de um diálogo constante com todos os agentes da comunidade, buscando promover um ambiente equilibrado e pacífico, o qual traga benefícios para todos, com o intuito de resolver os conflitos existentes. Ressalta ainda que para os estudantes, a Arev estimularia o desenvolvimento de natureza técnica, científica, social e cultural dos seus associados e demais estudantes da UFV, realizando discussões sobre as condições de moradia na cidade, permitindo-lhes habitação e refeição compatíveis, para que possam desenvolver suas atividades acadêmicas. Uma associação de repúblicas pode, também, representar os interesses dos associados perante as autoridades executivas, legislativas e judiciárias, manifestar-se sobre os atos e medidas dos Poderes considerados prejudiciais aos estudantes; promover eventos colaborativos, assim tentando mudar a visão que a população de Viçosa tem sobre os estudantes.

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De Colômbia, não sabemos (quase) nada Por Marina Cretton e Bernardo Bueno A comunidade colombiana é a maior de estrangeiros em Viçosa e, nesta troca, descobre-se as peculiaridades entre essas culturas irmãs

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relação de Viçosa com estrangeiros é histórica. A universidade atrai, desde sua fundação, gente do mundo todo. Estamos sempre aprendendo a conviver com as diferenças, assim como quem vem de fora. Nos últimos anos se intensificou a presença de estudantes colombianos. Já é a maior na cidade. O sociólogo Fábio Durso, mestrando em Estudos Latino-Americanos, diz que os 13 convênios entre a UFV e universidade colombianas atraem os estudantes, além das variadas opções de graduação e especialização na UFV. Aqui temos o ensino superior público atrelado ao conceito de gratuidade, diferente da Colômbia, onde, apesar de público, são cobradas taxas de matrícula e mensalidades. Fábio morou na Colômbia quando fazia intercâmbio, voltou ao país várias vezes e também conhece outros países. Ele considera a Colômbia o país sul-americano mais parecido com o Brasil, principalmente em relação aos costumes.

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Tanto o estudante José Rodriguez, doutorando de Solos e Nutrição de Plantas, quanto o Mauricio Cedeño, graduando em mobilidade no curso de Medicina, quebraram suas expectativas ao chegar aqui pela primeira vez. José veio para Viçosa em 2013 e teve um choque ao chegar. Natural de Pereira, grande cidade perto de Bogotá, deparou-se com os problemas da rodoviária e observou as outras precariedades de Viçosa. José considera a qualidade de vida na Colômbia superior em vários aspectos e lamenta a falta de oportunidade que Viçosa oferece comparado a sua cidade natal. “O Brasil em questão de vivência é mais desorganizado e peca em serviços básicos”, aponta. Mauricio, apesar do impacto com a cidade em agosto deste ano, mostrou-se satisfeito com a experiência. Considera Viçosa pequena comparada com Monteria, sua cidade natal. Aqui diz encontrar boas opções de lazer e sentiu-se bem recepcionado. Eduar García, 23, graduando de biologia, nativo de Sincelejo, também está gostando da cidade. Ele decidiu vir por recomendação de amigos colombianos. A receptividade viçosense para com o colombiano também é um

ponto de divergências. Uma vez que Mauricio e Eduar se sentiram bem recebidos, José notou certa arrogância entre algumas pessoas. Ele relata que esse comportamento mudou no decorrer do tempo, quando ele começou a estabelecer relações com os colegas. Mas, no primeiro contato, ele sentiu que os brasileiros, em sua maioria, não se entendem como latino-americanos e se julgam superiores aos demais países da América do Sul, mostrando um preconceito velado que muitas vezes nem se dão conta. A Universidade, através do Pro-


Plaza Bolívar, símbolo de Bogotá, capital colombiana

jeto Embaixadores, oferece um suporte para a inserção dos intercambistas no ambiente universitário. A estudante Juliana Pina, assessora de comunicação do projeto, ressalta os resultados da ação à vida do estrangeiro na cidade. “Eles agradecem muito a ajuda que recebem. Tiram muitas dúvidas, se sentem inseridos e passam a ter um contato muito mais intenso e proveitoso com toda a Universidade. Sempre temos resultados muito positivos e o projeto só tende a crescer e melhorar para atender cada vez mais as demandas que os intercambistas preci-

sam”, conta. O projeto tem como principal objetivo a integração dos estudantes estrangeiros, a fim de facilitar sua estadia acadêmica e social. Além do auxílio através do Embaixadores UFV, a Diretoria de Relações Internacionais (DRI) também disponibiliza alimentação e atendimento médico gratuitos para os estrangeiros. Apesar do grande fluxo de colombianos em Viçosa, ainda pouco sabemos sobre eles. Muitas ideias pré-concebidas são repensadas por meio dessas interações. Nessa troca de saberes, ideias novas surgem e

são quebrados mitos e paradigmas. A hospitalidade mineira continua chamando a atenção e sendo motivo de elogios. A Universidade já consegue ter um feedback de participação e satisfação dos estrangeiros, pois o Embaixadores possui um sistema de entrevistas com eles durante suas estadias. Assim são extraídas informações para a melhoria do projeto: o que se escuta dos estrangeiros são só elogios ao dizer o quanto estão gostando e como o projeto serve de alicerce num momento de impacto inicial ao chegar num país diferente.

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Conectado... mas sem in

Por João Spinella e Maria Couto

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arregando... Conectado, mas sem internet. Como assim? Essa é uma mensagem que o morador viçosense já está acostumado a ver, de vez em quando, ao ter sua navegação interrompida (isso quando não tem que lidar com uma conexão de baixa qualidade por várias horas). Cada vez mais as atividades básicas do dia-a-dia necessitam de internet para serem executadas e isso se intensifica ainda mais com o contexto universitário. Muitos trabalhos de graduação, atividades, aulas, pesquisas, envio de artigos científicos, provas, pagamentos e inscrições são realizados online com prazo para entregar. E a rede banda larga em Viçosa tem deixado a desejar. Mesmo com o crescimento estrondoso das tecnologias de comunicação e os incessantes investimentos nessa área, não só no Brasil como no mundo todo, a cidade se encontra numa situação delicada, pois o serviço de internet é um dos mais criticados não só nas redes sociais, mas também em órgãos públicos. Documentos obtidos por nossa reportagem junto ao Procon da cidade revelam que dos 99 assuntos tratados pelo o órgão o serviço de acesso à internet é o 8º entre aqueles que receberam

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mais reclamações no último semestre deste ano, sendo 37 dos 1.846 atendimentos (2%). Esse serviço se caracteriza apenas pela rede banda larga fixa, ou seja, as conexões via cabo e wifi. Para agravar essa situação, o serviço de telefonia celular está no topo da lista com 543 das 1.846 reclamações (29,4%). Nas redes sociais, a insatisfação é ainda maior. Uma enquete realizada no “Grupo da Ufv” no Facebook, com atualmente 55.410 mil João Spinella

As dificuldades no fornecimento de conexão banda larga e a insatisfação com o serviço

usuários, pedia para que os membros comentassem o nome da empresa de internet que contratam e a descrição em poucas palavras da qualidade do serviço e do seu nível de satisfação. A publicação recebeu cerca de 280 comentários em três dias de visualização e 65% deles foram negativos. A empresa mais comentada nesta enquete na rede social foi a SCTV, com 89,84% de queixas. A mesma empresa, conforme documento do Procon/Viçosa, no primeiro semestre de 2016 foi a


nternet? provedora que mais recebeu reclamações; nos dois últimos semestres ocupa a segunda posição. Tentamos entrar em contato com a empresa, mas não conseguimos uma declaração acerca da problemática. O gerente de Tecnologia da Informação, Ricardo Arruda, da provedora Tdnet, recebeu nossa reportagem e explicou alguns fatores que podem ser responsáveis pelas quedas de conexão de rede: “Por se tratar de equipamentos eletroeletrônicos existem muitas variáveis, então,

por exemplo, quando a internet na sua casa cai pode ter sido porque um caminhão rompeu um cabo da nossa estrutura, ou pode ser uma falta de energia na região que abastece a sua casa ou até mesmo que alimenta nossos equipamentos, assim como pode ser algum conector ou algum equipamento que faz a distribuição de rede nos postes que queimou. Existem muitas possibilidades”. Além disso, por se tratar de uma cidade pequena, Viçosa depende da contratação de links externos vindos de grandes centros urbanos, como Belo Horizonte, para poder redistribuir a rede na cidade, o que exige maiores investi-

mentos em infraestrutura, equipamentos, fiação e manutenção. Além dos problemas já mencionados, os viçosenses ainda enfrentaram dois grandes “apagões” de conexão no segundo semestre de 2017, chegando a ficar horas sem internet em suas casas. Uma possível solução para acontecimentos como esse, segundo Pablo Souza, sócio proprietário da Crohma Soluções, é que as empresas possuam uma rota de link alternativa, que não se encontrem no meio do caminho. Algo como duas linhas de abastecimento distintas, sendo uma terrestre e outra aérea, evitando assim o comprometimento de uma de suas rotas por conta de eventos externos, como queimadas por exemplo. O problema é que nem todas as empresas possuem essa rota alternativa por conta dos altos custos para os equipamentos necessários. Outra reclamação muito recorrente em relação às conexões banda larga, não só em Viçosa, mas no Brasil todo, é em relação à oferta de uma quantidade de dados menor do que o estabelecido no momento da contratação. Segundo a Anatel, a regulamentação dos serviços de conexão estabelece que a velocidade da conexão não deve ser inferior a 40% da velocidade que foi ofertada ao cliente e a média mensal da velocidade não deve ser inferior a 80% da velocidade negociada. Para verificar a velocidade de sua conexão banda larga, qualquer pessoa pode realizar medições por meio do endereço brasilbandalarga.com. br. Caso essa norma não seja cumprida, o consumidor pode recorrer ao Procon ou até mesmo abrir uma reclamação formal na Anatel.

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Viçosa sem pediatria por Ianka Silva e Davi Medeiros Moradores do município não têm encontrado atendimento para seus filhos

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egundo a Organização Mundial da Saúde, a criança de 0 a 10 anos de idade necessita de acompanhamento médico frequente. Mas Viçosa não vem garantindo plenamente esse direito. Paula Nepomuceno, mãe de Maria Luísa, 3, é uma das muitas moradoras que não conseguem acompanhamento médico para seus filhos. O motivo: não há profissionais pediatras atendendo nos principais postos de saúde. Ela contou à reportagem que, por não conseguir auxílio pediátrico nas unidades médicas, teve de levar sua filha para o plantão hospitalar nas vezes em que ela ficou doente. Uma das recepcionistas da Policlínica informou a nossa reportagem que “Como aqui não é oferecido suporte, os hospitais acabam ficando sobrecarregados”. Desde 2012 Viçosa está sem pediatra. A professora Mirene Peloso, do Departamento de Medicina da UFV, atende crianças e adolescentes de até 18 anos em sua área, o trato gastrointestinal. Apesar de amenizar o problema, ela conta que o ideal seria que a

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Prefeitura abrisse concurso para pediatra geral. “Meu ambulatório é de especialidade. Então, a mãe que teve um bebê e precisa fazer puericultura, por exemplo, não consegue ser atendida aqui”, diz Mirene, “A criança de até um ano de vida precisa de um pediatra para acompanhar o crescimento, vacinação e cuidados gerais da saúde”. O CISMIV, Consórcio Intermunicipal de Saúde da Microrregião de Viçosa, possui um ambulatório de pediatria geral, e poderia ser uma alternativa à falta de atendimento da Policlínica. No entanto, o estabelecimento presta assistência a diversas cidades, como Cajuri, Pedra do Anta, Canaã e Araponga, o que dificulta o fornecimento de auxílio aos viçosenses. “É um ambulatório de alunos de Medicina”, explica Mirene, “o volume de atendimento é muito menor, pois é preciso discutir e reexaminar os pacientes; não é para suprir demanda, tem uma finalidade acadêmica.”. Além disso, uma servidora nos contou em off outros problemas: “Falta papel higiênico, sabonete, álcool em gel e outros produtos básicos, que, ocasionalmente, nós compramos com o dinheiro do nosso próprio bolso”. O Secretário de Saúde Mar-

cus Antônio Viana explicou que a UFV hoje faz parte da rede, complementando a atenção básica, funcionando com a endopediatria atendida no consórcio, com a psicopediatria e a pediatria nos PSFs. “O paciente é assisti-


Professora da UFV, Mirene atua na área do trato gastrointestinal.

do no PSF com um clínico geral e ele encaminha para o pediatra. Se tiver qualquer anomalia, qualquer procedimento de alta complexidade, é encaminhado para o centro Viva Vida, que também tem pediatra. Então tem 3 ambu-

latórios de pediatria funcionando hoje, exceto o São Sebastião que ainda não está funcionando”. O Secretário explicou também sobre contrato assinado em outubro com o Hospital São Sebastião para funcionar um ambulatório de pediatria. “Mas o ambulatório não iniciou definitivamente, pois dentro do hospital ainda tem o trâmite de organizar a rede, de organizar quem vai atender nesse

Paula Nepomuceno e sua filha Maria Luísa, de 3 anos.

ambulatório”, explica. Diz ainda que falta comunicação entre as unidades para saber da demanda por materiais de limpeza, dos itens básicos, sobre a manutenção dos ambulatórios e até mesmo a falta de informação para com os usuários da rede “A dificuldade aqui é muito mais de logística e de informação mesmo entre uma unidade e outra, do que realmente se o serviço funciona ou não”.

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“O intervalo de perí está aumentando a Por Daniel Reis O Engenheiro Agrônomo e doutorando em Meteorologia aplicada, Hugo Thaner dos Santos, explica os motivos da seca em Viçosa

O ano de 2017 terminou com o registro alarmante de 106 dias sem chuvas em Viçosa, entre 13 de junho e 29 de agosto. Foi o maior período vivenciado pela cidade nos últimos 20 anos. Os dados se associam ao baixo índice pluviométrico anual. Se nos últimos 48 anos a média de precipitação foi de 1.240 milímetros (que corresponde a litros por metros²), em 2017 até outubro o total era de apenas 398.6 mm. Os dados da Estação Climatológica Principal de Viçosa revelam a queda drástica de chuvas. A PH Rolfs foi conversar com o

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engenheiro agrônomo, Hugo Thaner dos Santos, doutorando em Meteorologia Aplicada. Atuante em pesquisas nas áreas de Cultivo Protegido, Irrigação e Agrometeorologia com ênfase em ambiência vegetal, evapotranspiração e estações meteorológicas, Thaner nos explicou que a população da cidade precisa continuar a economizar água. PH Rolfs: Que conclusão se chega ao analisar os dados da precipitação de chuvas em Viçosa nos últimos anos?

Thaner: Analisei os dados meteorológicos da estação da UFV entre 2007 e 2017 e percebi que no período o regime de chuvas estava normal. Em média o total ao longo dos anos foi de 1.300 mm. Quando começamos a observar os dados de 2014 até 2017, a gente percebe que a faixa adequada para a localização geográfica de Viçosa não está sendo cumprida. Então, desde 2014 o regime de chuvas diminuiu e o intervalo de períodos sem chuvas está aumentando ao longo dos anos. PHR: Qual a explicação para a seca em Viçosa?


Daniel Reis

íodos sem chuvas ao longo dos anos”

Thaner: A seca em Viçosa pode ser justificada por dois fatores: O primeiro é o crescimento urbano da cidade. Eu resido meu segundo ano em Viçosa, mas conversando com pessoas que já moram aqui há vários anos, nós observamos que o perímetro urbano da cidade cresceu. Então a cobertura do solo e a vegetação de Viçosa também sofreram mudanças em função desse crescimento urbano, afetando a infiltração de água nos solos e na evaporação de água pelos rios, evitando a formação de chuva, diante da baixa umidade atmosférica. Além

disso, durante o mês de setembro, uma grande massa de ar seco estava na região, impedindo a formação de chuvas. PHR: Tem outro fator...? Thaner: As mudanças climáticas que vêm sendo vivenciadas em toda a Terra. Mudanças essas que são abuptras, grandes e impactantes, e que afetam a formação de chuvas. Tanto é que, assim como Viçosa, várias outras cidades do país estão passando por períodos de seca. PHR: E em Minas? Thaner: Em Minas Gerais só a região do nordeste do Estado que

existe a possibiidade de formação de chuvas, que é a região próxima ao litoral. Mas, mesmo assim, esse volume de chuva naquela região não é necessário para atender as demandas da população, e até das plantas e animais. PHR: Como a população deve enfrentar a seca em Viçosa? Thaner: Não dá para mudar a quantidade de chuvas. Então é necessário que a população se consientize e pare de desperdiçar água. Além disso, o poder público também deve tratar o manejo da água como prioridade.

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70mi sofrem com transtorno alimentar por Yeda Vasconcelos e Laíssa Oliveira

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elatos de pessoas sobre seus transtornos alimentares quase sempre acontecem de maneira anônima. Em conversas com nossa reportagem, uma dessas fontes nos contou: “Eu não comia quase nada, passava o dia com 1 castanha do Pará e qualquer motivo era para fazer uma atividade física, já teve dia que fiz de manhã, de tarde a noite. Até que comecei a usar laxantes e diuréticos diariamente”. Esse relato representa uma realidade de muitas pessoas que sofrem diariamente com transtornos alimentares, sendo eles a Anorexia Nervosa, a Bulimia Nervosa, a Compulsão Alimentar e a Vigorexia. Os transtornos alimentares estão muito presentes no cotidiano da população e são comuns pessoas com estes distúrbios em todos os lugares. Em muitas das vezes estes transtornos são quase imperceptíveis na sociedade e na família, seja pelo doente não apresentar mudanças no corpo ou por não transparecer esses atos em público. Comuns principalmente na fase

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da adolescência e no começo da vida adulta, os distúrbios afetam particularmente o sexo feminino, trazendo consequências psicológicas, sociais e biológicas. As mulheres são as afetadas por conta das pressões sociais para obter o chamado “corpo perfeito”. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Americana de Psiquiatria, 1% população mundial (cerca de 70 milhões de pessoas) sofrem com transtornos alimentares. A anorexia é a perda de peso auto induzida, motivada por uma distorção de imagem corporal, uma insatisfação extrema. Nela a pessoa para de comer, não por falta de fome, mas sim uma recusa espontânea da alimentação, pelo medo mórbido de engordar e pela necessidade de emagrecer. Na bulimia tem-se um comportamento de compulsão alimentar s e -

guidos de métodos compensatórios inadequados - sendo o uso de diuréticos e laxantes, provocar o vómito e práticas de exercícios físicos extenuantes - para evitar o

ganho de peso que essas compulsões trariam. Enquanto a compulsão alimentar, que é o mais comum dos transtornos, acarreta em um ganho de peso e um padrão alimentar transtornado, com um sofrimento subjetivo. A

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Afetando principalmente as jovens adolescentes, vários são os gatilhos que desencadeiam os distúrbios


compulsão é uma ingesta de grande quantidade de alimentos em um curto espaço de tempo com a sensação de perda de controle. Diferente das anteriores, a vigorexia é um transtorno dismórfico corporal, em que os vigoréxicos se veem fracos, magros e franzinos, apesar de terem corpos fortes e musculosos. O psicólogo Pedro Baratti, da Divisão Psicossocial da UFV, afirmou que são muitas as causas de gatilho para os distúrbios alimentares (anorexia e bulimia), um dos principais são

os fatores sociais, além de estar em conjunto com um fator familiar. A adoração ao corpo “padrão perfeito” (em redes sociais como Instagram, por exemplo) estaria relacionado ao social, enquanto que o familiar seria um problema caseiro: algumas meninas escutam, por vezes, dos parentes que estão engordando ou que magras são mais bonitas e, assim, ficam com uma obsessão por emagrecer o mais rápido possível. Em um cenário em que a ideia de beleza estaria associada à magreza e o sobrepeso tido como feio, há um estímulo aos ataques gordofóbicos – sobretudo nas redes sociais. Uma das poucas estudantes que autorizou seu nome para nossa reportagem foi a estudante Amanda Rivelli, que viveu toda a sua adolescência lutando com a anorexia e a bulimia, sendo que ainda sofre com recaídas. O gatilho do transtorno alimentar na vida dela foi um comentário de um parente que havia reparado no seu ganho de peso, somado com pressões dentro de casa e como que o “corpo ideal” é retra-

tado na sociedade. Ela tinha crises de choro em frente ao espelho, enxergando muito mais peso do que estava realmente. Outra estudante - que pediu para o seu nome não ser publicado - relatou que sofreu inicialmente com a bulimia, mas que também apresentou um quadro anoréxico. O estopim dos transtornos foi uma recusa em um teste para ser modelo, quando ela pensou que não foi aceita por não ser magra o suficiente. A estudante diz que não conseguia admitir que estava doente e por isso nunca fez tratamento, mentindo assim para ela mesma e para os médicos. A estudante Tábatha Valentim, do curso de Comunicação Social, falou que nesse último ano na universidade, devido a todas as pressões externas e a ansiedade com relação a formatura, desenvolveu a vigorexia. Não conseguia ficar em frente ao espelho por se ver de forma totalmente dismórfica da realidade, se enxergando muito fora do seu peso ideal, mesmo com todos falando que não era do jeito como ela estava vendo. Ela conta que o mais difícil do transtorno seria mais enfrentar o psicológico, sem consequências físicas. O tratamento para os transtornos alimentares precisa ser realizado por um grupo multidisciplinar, composto por médicos, psicólogos, psiquiatras e nutricionistas. Mas o uso de medicamentos antidepressivos só com receita médica, sendo recomendadas primeiro as terapias alternativas para aliviar distúrbios como depressão e ansiedade.

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Violência amedronta p Por Adriana Helena e Luana Palhares

Pesquisa da GloboNews de novembro mostra que em 2016 mais de 5 mil docentes da rede pública de SP tiveram os transtornos psicológicos como causa principal dos afastamentos do trabalho. E em Viçosa?

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erda e derrota são as palavras de uma professora da rede pública de Viçosa que não quis se identificar (a chamaremos Lúcia) para expressar o sentimento de alguém

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que sofreu agressões físicas e verbais em sala de aula. Lúcia está há mais de 20 anos na rede pública e diz que o próprio sistema agride o professor. “Tem até um dizer que ‘professor está sempre errado’, por-

que se você corrige, está errado, se você não faz isso, está errado”. Dados recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram o Brasil líder mundial em casos de violência nas escolas. Em maio deste ano, foi sancionada na cidade a Lei 2.622, que institui a criação de um banco de dados para sistematizar as informações de violência. Professor há 11 anos,


professores de Viçosa o vereador Sávio José espera que a Secretaria Municipal de Educação possa propor medidas efetivas para diminuir e acabar com a violência. Rita Arruda é professora recente rede pública e já percebe o desamparo e a solidão que assombram o professor. Ela já presenciou casos de danos a veículos, até humilhações e ameaças. Mas o problema não se resume só aos alunos. Por vezes, os próprios pais estimu-

lam tais atitudes. “A gente chega no portão e ouve elas [as mães] se referindo a nós como éguas, vacas”, conta Rita. Outra professora que não quis se identificar (a chamaraemos Isabel), após um mal-entendido causado por um problema de indisciplina em sala de aula, foi ameaçada pelo pai de um aluno. Após o ocorrido, ela foi orientada pela diretora do colégio a não comentar o caso, nem mesmo com a família e a ser cautelosa em relação a esse estudante. Abalada, Isabel foi transferida para outra escola. Nestes casos, a Lei 2.400/2014 resguarda o professor e estabelece medidas para prevenção e controle da violência nas escolas, garantindo o afastamento em situação de risco sem qualquer perda financeira e até mesmo sua transferência, caso sejam identificadas as necessidades. A criação de leis nesse sentido representa um importante avanço, mas muito ainda precisa ser feito. A prevenção deve se dar de forma efetiva. A rede pública recebe muitos jovens sem qualquer estrutura familiar, o que os leva a reproduzir na escola as violências que vivenciam em casa. Além de leis pontuais, é necessário que os direitos da criança e do adolescente sejam garantidos, para tornar a escola um ambiente seguro. Educar é uma tarefa que cabe primeiramente à família, embora seja transferida para o professor por muitos pais. Segundo a conselheira Michele

Amaro de Jesus, casos com menores de 12 anos são levados ao Conselho Tutelar, e os demais para a Polícia Militar. “Quando somos acionados nestes casos, nós orientamos a diretora da escola ou a pessoa que fez a ligação a acionar a PM e registrar um boletim de ocorrência. Mas, na maioria das vezes, a polícia não é acionada, ficando por isso mesmo”, explicou a conselheira. O mesmo problema dificulta a ação do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Viçosa, que dá suporte aos professores filiados nesses casos, prestando assessoria jurídica quando há necessidade. No entanto, a Coordenadora Geral do Sind-UTE, Rosa Maria Reis, relata que, devido à burocracia e ao possível desgaste, muitos optam por não fazer a denúncia. Lúcia foi agredida fisicamente e não frequenta mais praças ou quaisquer outros espaços públicos. Passou muito tempo sem ir na rua. Apesar disso, ela não desiste da profissão e continua à frente das salas de aula, mantendo o pulso firme com os alunos quando necessário. “Pelas minhas mãos passam o marginal e o doutor, mas tenho que lidar com todos eles da mesma forma e tentar construir com eles sonhos e perspectivas”. Por diversas vezes nossa reportagem tentou obter uma declaração da Secretaria Municipal de Educação de Viçosa sobre o assunto, mas até o fechamento desta edição a Secretaria não respondeu às nossas solicitações de entrevista.

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Esperança de um novo canil municipal Por Cali Rodrigues, Eder Gomes e Letícia Ribeiro Em parceria com a Sovipa, Prefeitura da cidade busca resolver o problema dos animais abandonados

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a edição 4 de 2015 a PHRolfs abordou na reportagem “Vida de cão em Viçosa” o problema dos milhares de cachorros abandonados que já foram abandonados nos últimos dez anos na cidade. Na época falamos do Projeto Copa (Controle de População de Animais em Viçosa) que atuava na castração dos cães, mas o problema estaria mais na consciência dos donos dos animais, que estão sujeitos às penas previstas na lei 9605/98 que configura a ação de maus-tratos e abandono de animais. Hoje estima-se que a população de animais abandonados na cidade é de quase 5 mil. Um dos locais mais frequentes de abandono desses cães é o campus da UFV. Alguns são acolhidos pelos estudantes e voluntários da Sovipa (Sociedade Viçosense de Proteção aos Animais), mas os voluntários não tem condições de adotá-los. Segundo voluntária Flávia Cavalcanti, coordenadora das feirinhas de adoção da Sociedade, a falta de uma sede e do canil é o que mais

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dificulta a realização dos resgates, o que acaba prejudicando os animais por não ter para onde levá-los. Uma das consequências dos cachorros soltos no campus seriam os “ataques” aos motociclistas, que viram alvos de alguns cães. Segundo o motociclista, Jonatas Oliveira, essa situação é muito perigosa, pois quando o motociclista tenta escapar desses cachorros pode ocasionar acidentes, tanto com quem conduz a moto quanto com o próprio animal. Após a parceria desfeita com o Projeto Copa, a Sovipa foi chamada pela Prefeitura a fim de firmar nova parceria em prol dos animais e a construção de um canil municipal. Segundo apuramos, nesta parceria a Sovipa doaria todo o projeto estrutural e de engenharia do canil, enquanto a Prefeitura concederia um terreno para a construção, obra a ser realizada por meio da captação de recursos de terceiros. A presidente da Sociedade, Cássia Dardengo, explica que os recursos para a construção do canil chegariam através do Codema (Conselho do Meio Ambiente) e um outro possível foco de captação de recursos seria via emenda parlamentar. Com isso, seria possível captar algo em torno de R$ 250 mil

para ajudar na execução do projeto. Dependendo da concretização dessas ações, a obra estaria prevista para começar no primeiro trimestre de 2018. A ideia é que municípios vizinhos também participem deste projeto, contribuindo com algum valor para a construção de baias para abrigar os animais. Quanto maior for a captação de recursos, mais baias poderão ser construídas, o que permitirá que esses municípios tenham acesso a algumas delas para abrigar os animais de rua de seu próprio território.


Fotos: Cali Rodrigues

Cães esperam doações de restos de comidas do lado de fora de um dos restaurantes da UFV Você pode ajudar o trabalho dos voluntários da Sovipa: 1) Seja um voluntário, oferecendo lar temporário para os animais; 2) Faça doações ou em dinheiro ou em ração. Entre em contato com os voluntários pela página do facebook. Outra maneira de ajudar é doar através da conta de água o valor de R$ 1. Para saber mais, procure a Câmara de Vereadores da Cidade.

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Transtornos do lixo por Luysa Reis e Maurício Vieira Lixo nas ruas, riscos à saúde dos funcionários, ausência da coleta diária nas casas e problemas na coleta seletiva seriam alguns dos problemas

A

s mídias locais há tempos pautam o problema público do lixo em Viçosa. Quando nossa reportagem saiu às ruas em setembro para retomar o assunto, observou entulhos, falta de limpeza de algumas vias, lixos espalhados pelas ruas ou muitas vezes amontoados em esquinas. O mesmo problema do lixo traz em si o problema do risco de acidente no trabalho ocasionada pela atividade de limpeza urbana, enfrentada pelos trabalhadores. E a esses problemas acrescentamos outros: 1) se antes o caminhão do lixo passava todos os dias em um mesmo horário na porta de sua casa, hoje a coleta é em dias específicos, por vezes nem sempre no mesmo

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horário. 2) a Coleta Seletiva, serviço de recolhimento de resíduos sólidos recicláveis, separados previamente, sofreu mudanças. Segundo a professora Nádia Dutra, do Departamento de Ciências Sociais da UFV, Coordenadora do Projeto InterAção e atuante na área de gestão de resíduos sólidos, desde julho deste ano a Coleta Seletiva está acontecendo de forma irregular. O contrato de dois caminhões da coleta convencional acabou e, com isso, o caminhão da Coleta Seletiva começou a ser usado como suporte na coleta habitual e no aterro. Além disso, o caminhão da Coleta Seletiva é o mesmo desde 2010, um modelo basculante e não compactador, como na coleta convencional. Com isso, a partir de julho, a quantidade dos materiais recicláveis coletados que chega às associações dos catadores diminuiu bastante. Na Associação dos Trabalhadores da Usina de Triagem e

Reciclagem de Viçosa (Acamare) a queda foi de cerca de 50%. Helvécio Tomás, presidente da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Viçosa (Acat), confirma a situação relatada pela professora Nádia. O caminhão da coleta seletiva vai à sede da associação duas vezes por semana: “Por causa da precarização e do sucateamento que está sendo feito pelo Saae na coleta seletiva, esses catadores estão sofrendo um impacto na renda já que os materiais que seriam vendidos por eles não chegam. O aterro sanitário está recebendo material reciclável que será enterrado, ou seja, está enterrando dinheiro. Além do impacto ambiental irreversível, porque esses materiais deixam de voltar para a cadeia produtiva, logo será retirada mais matéria prima do ambiente para a produção de novos produtos”, disse a professora Nádia, que continua reivindicando medidas públicas: “Estamos cobrando a


efetivação de uma política pública em Viçosa. Porque coleta seletiva é uma política pública e é um direito do cidadão”, conclui. Segundo Gilberto Andrade, chefe de Seção do Serviço de Limpeza do Saae, o caminhão da Coleta Seletiva não está fazendo o serviço da coleta convencional. Somente às segundas-feiras ele é usado como auxiliar da coleta habitual, por ser o dia de maior acúmulo de lixo na cidade. E nas manhãs de terça-feira o caminhão volta a fazer a Coleta Seletiva normalmente. No período da tarde, o caminhão cumpre a rota na zona rural. Risco aos trabalhadores Sobre a segurança dos trabalhadores da coleta diária, os funcionários ainda convivem com os riscos de contato com substâncias

tóxicas, materiais cortantes e infectados por bactérias, fungos e vírus. O mal acondicionamento desses resíduos pode afetar a saúde do trabalhador. Também, o fato de subir e descer do caminhão em movimento, correr para recolher os sacos de lixo e realizar seu serviço diante das variadas condições climáticas acarreta lesões físicas e riscos à saúde. Em Viçosa, um triciclo de coleta tem sido usado em substituição ao caminhão da coleta diária. O problema estaria nas roupas inadequadas e equipamentos de proteção desses trabalhadores. A moradora do bairro de Ramos, Bernadete Santana, já presenciou várias situações de descaso com os trabalhadores que recolhem o lixo: “Já presenciei funcionários da coleta de lixo pegarem sacolas com vidro quebrado”, relatou. Além

disso, ela doa material de proteção para eles: “De vez em quando, eu compro luvas e doou para usarem. Ainda vou comprar máscaras”. A reportagem conversou com uma funcionária da limpeza urbana do Saae, que preferiu não se identificar e que confirmou o uso de botas e luvas como obrigatórios. Ela disse ainda que máscaras e outros acessórios são mais difíceis para conseguir. Além disso, ela nos relatou que colegas de trabalho já sofreram acidentes durante o serviço como espetar o dedo em seringa (lixo hospitalar), prender a mão no caminhão da coleta e outro que se acidentou quando o caminhão o prensou na parede. O Saae informou a nossa reportagem que garante a segurança de seus funcionários e fornece botas e luvas para os trabalhadores sendo o seu uso obrigatório.

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Mais esporte Por Igor Gama e Renata Bittencourt Prática de esportes é um dos pilares fundamentais da saúde física e mental das pessoas

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iclismo, mountain bike, corridas de rua, tênis, peteca, vôlei, futebol, luta livre, boxe e artes marciais são algumas das diversas modalidades esportivas praticadas em Viçosa. Junto com as competições entre as escolas da cidade e as realizadas dentro da Universidade pelas Atléticas (onde se tem o futsal, o handebol, a natação e outras modalidades). Assim, Viçosa também pode ser vista como um lugar para além do consumo de festas universitárias. Mas como iniciar em um esporte? Qual esporte começar a praticar? O incentivo ao esporte começa na escola, mas muitos só des-

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pertam para a prática esportiva quando adultos. Nossa reportagem conversou com pessoas que sabem dos benefícios das atividades esportivas, mas lhes faltam instruções sobre qual modalidade se daria melhor. E falta informação sobre as iniciativas públicas relacionadas ao esporte e quais os projetos e modalidades são oferecidas pelo poder público. O chefe do Departamento de Esportes e Lazer, Adailson Abranches Monteiro, confirmou os dados dos relatórios da Secretaria Municipal de Cultura, Patrimônio Histórico e Esporte que mostram 16 projetos sócio esportivos vinculados ou que contam com o auxílio da prefeitura, sendo 13 entidades subvencionadas e três programas sócio esportivos. O problema é que as vezes falta gente para participar. Ainda que alguns projetos estejam

parados por falta de participantes, eles existem e precisam de visibilidade para atrair novos adeptos às atividades esportivas. O professor de Educação Física Luiz Flávio Cardoso, diz que outros problemas seriam a falta de interesse em organizar mais atividades voltadas para o esporte, a falta de incentivos e os gastos. Muitos torneios na cidade são organizados pelos empresários, clubes e pela população das comunidades, como os jogos beneficentes e a escolinha de futebol que aconteceu na comunidade do Paraíso. Lá a atividade esportiva mostrou existir grande demanda para os esportes após treinos e jogos, como também sinalizou para a necessidade de infraestrutura. “O principal é tornar o esporte acessível, muitas vezes a questão financeira também é um obstáculo, não adianta oferecer um treino, mas em horários corridos, lugares distantes, porque tudo isso junto ao gasto com trajes específicos como os quimonos, desmotiva o atleta. O esporte aqui é muito esquecido, e é uma ferramenta que ajuda na construção do caráter e também na saúde mental; já me impediu de sentir mal psicologicamente, eu me sinto bem, feliz e com amigos, o esporte precisa ser mais valorizado”, conta o atleta e estudante de Educação Física Yann Gustav, mostrando que as oportunidades existem, mas são


isoladas e atreladas à vários outros fatores. Esses fatores podem contribuir para distanciar a população em geral das práticas de atividades esportivas. Falta explorar e melhorar o potencial dos espaços de esporte e lazer na cidade e na universidade, a fim de desenvolver a experiência esportiva, cativando mais pessoas para encarar o esporte como diversão de final de semana, quem sabe como profissão ou como um desafio pessoal. Antes de iniciar qualquer prática esportiva regular é importante realizar exames médicos para saber como está sua saúde. “Ao realizar atividade física os músculos funcionam como um coração acessório, fazendo o sangue circular e ativando diversas reações químicas no organismo, queimando gorduras”, explicou o cardiologista Fer-

nando Rocha. A prática esportiva deve sempre ser acompanhada e orientada por um educador físico para que a execução dos movimentos aconteça de modo correto, de acordo com as técnicas de cada modalidade esportiva. “Isto diminui o risco de lesão que ocorre quando se pratica qualquer esporte. A lesão no esporte é comum, só que precisa ser minimizada”, explica a fisioterapeuta e doutoran-

da pela UFV, Micheline Ozana, professora na área de Anatomia e Fisiologia Humana. A atividade esportiva pode ser praticada por diversos públicos em diferentes idades. O mais importante é estar sempre se movimentando, experimentando novas atividades até, de fato, se identificar com alguma e aproveitar bastante toda descontração e benefícios que o esporte gera.

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Gastronomia e Oktoberfest Por Ana Luísa Medeiros, Brenda Scota, Jessica Nascimento, Gabriel Máximo e Letícia Passos Festivais de comidas e bebidas aportam na cidade pela primeira vez

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o segundo semestre de 2017 dois festivais interessantes movimentaram a cidade. Pela primeira vez, a Oktoberfest Viçosa reuniu mais de mil pessoas que apreciaram uma variedade de bebidas feitas por cinco cervejarias artesanais. Também teve uma área gastronômica com os restaurantes locais, apresentações musicais. A festa gerou cerca de 40 empregos diretos e em média 100 empregos indiretos, segundo os organizadores. Eles esperam que o Circuito Viçosa Bier faça parte do calendário cultural da cidade. No mesmo período a cidade também recebeu o 1º Festival de Gastronomia e Cultura de Viçosa. O evento que visou explorar, reeducar e valorizar a cultura gastronômica da região, reuniu mais de 13 mil pessoas, alcançando todos os gostos e contando com um restaurante destinado ao público vegetariano e vegano. Nossa reportagem esteve no Festival para conversar com o Chef Duda Pádua e o Chef Claude Capdeville. PHRolfs: Como é ter a gastronomia como profissão? Claude - Desde muito jovem eu

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comecei na gastronomia informalmente, cozinhando no restaurante de um conhecido no Rio de Janeiro. Sempre gostei muito de cozinhar como hobby mesmo. Até que eu mudei para um novo bairro em Brasília, perto de uma feira gastronômica, onde mais tarde surgiu uma oferta de um quiosque. Aceitei e isso acabou virando algo profissional, que começou a ter certo sucesso. Com isso, eu juntei minha formação mineira, com o tempo que morei no Rio de Janeiro, e criei um bar com comidas e petiscos Minas/Rio, dos locais onde morei. PHR: Qual o objetivo inicial do Festival Gastronômico? Claude - Dar uma impulsionada na economia de Viçosa e região. Existem bons cozinheiros aqui, só que eles não têm acesso a informações. É necessário fomentar, trazer uma nova visão para os empresários desse setor, dando um gás, um impulso para que aquela comida gostosa que eles fazem, fiquem ainda mais gostosa e mais bem-feita. PHR: Como surgiu o Festival? Duda - Há dois anos e meio, eu já venho escrevendo esse projeto, frequentando todos os festivais de Minas, literalmente. Então, o Festival nasceu do sonho de se alavancar a gastronomia na cidade, que é

um diferencial da cultura mineira, reciclando e capacitando os cozinheiros da região. Então, a alma do festival é didática. Pão, vinho e livro. PHR:A elaboração e criação dos pratos exclusivos dos restaurantes para o Festival foi interessante? Duda - O Claude me acompanhou em todos os restaurantes, nós provamos todas as comidas que vão ser servidas. Nós mexemos e modificamos, a fim de lançar e seguir tendências. A gente fez com cuidado para que nenhum restaurante fizesse que nem o outro. Coisas bem distintas uma das outras. Com isso, as pessoas vão conhecer os restaurantes e passar a visitá-los depois. Então, uma das ideias do Festival é que a população passe a conhecer novos lugares para o lazer. PHR:Há algum projeto gastronômico que vocês pretendem colocar em prática? Duda – Tenho um projeto educacional de mudar a grade curricular do ensino fundamental em Viçosa, municipal primeiramente, e colocar uma matéria sobre alimentos. Ano que vem, em janeiro, irá acontecer uma aula teste na escola particular Coeducar. PHR:O que motivou você a criar esse projeto? Duda - A desinformação na área de alimentação e gastronomia é enorme e isso precisa ser mudado logo, principalmente entre as crianças. Um exemplo de assuntos desconhecidos são as PANCS, plantas alimentícias não convencionais, apresentadas nas palestras do Festival.


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