Comunicaqui - Especial Animais

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Junho de 2013 - 2º Edição edição Animais

Cão-guia a extensão do corpo de um deficiente visual - Pág. 13 Quanto custa ter um cão? Pag. 7 A triste realidade de cães abandonados que nos terminais de Curitiba Pag. 5

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Faculdades Integradas do Brasil Revista Comunicaqui. Projeto realizado pelos acadêmicos do 6º período do curso de Jornalismo. Coordenadora responsável: Maura Martins Professor responsável: Rodolfo Stancki Editor chefe: Tiago Machado Planejamento editorial: Tiago Machado, Rafael Passos, Lucas Fermin e Thais Travençoli Diagramação Geral: Helton Liça Reportagens: Amani Cruz, Evelyn Arendt, Franciele Rigoni, Giulianne Kuiava, Helton Liça, Lucas Fermin, Marieli Castioni, Patricia Castro, Rafael Passos, Rafaela Fiala, Thais Travençoli e Tiago Machado.

Além disso é uma maneira de eternizar momentos lindos, pois fazem parte da minha família”. Mariana preferiu não ter filhos e assim como ela muitas outras pessoas trocam as crianças por animaizinhos que são tratados como filhos. A enfermeira Ana Paula da Conceição de 35 anos tem dois filhos e um labrador chamado Puppy. Fez um petbook há um mês e preferiu incluir seus filhos no álbum. “Vejo Puppy como um filho, então nada mais justo que eu coloca-lo no meio das crianças para guardar esse momento, Puppy é o meu filho do meio então ficou uma escadinha”. Ana conta o que o cachorro fez para merecer essa posição na família. “Puppy é um animal muito querido e inteligente. É um cachorro que te conquista com o olhar. Ele é super atencioso com as crianças, brinca e até dorme na cama com a gente. Toma banho no banheiro, e é um integrante da família. Só que ao invés de pernas, ele tem patas e pelos”. O carinho que as pessoas têm pelo animalzinho faz com que muitos mimos sejam feitos. O mercado pet esta se inovando com o passar dos dias, essa é mais uma novidade que cresce para ala-

vancar este segmento. Clientes sem reclamações é o lema de qualquer comércio e, desde que o sorriso faça parte do pacote de satisfação, vale a pena tentar e se reinventar em qualquer ideia.

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Por Amani Cruz

Comportamento

Book para animais: uma boa forma de torna momentos eternos

Fotos guardam momentos especiais e não é por acaso que se faz book de 15 anos, casamento e outras ocasiões especiais que permitem se fazer um ensaio fotográfico.Quando se contempla uma foto, vários pensamentos entram na cabeça de quem observa o momento que foi sabiamente congelado. Um tema que está fazendo parte do segmento em fotografia é o Petbook. Petbook é um book fotográfico somente de animais de estimação. Diversos estúdios já trabalham com fotografias desses bichinhos que, em muitas casas, já têm importância de uma pessoa. O sucesso das fotos é gratificante aos amantes de animais. Márcio Kowalski, dono do Estúdio 57, despertou para a fotografia de animais de estimação quando almoçava com amigos. Uma delas perguntou se ele fazia umas fotos do cachorrinho que era considerado o bebe da casa. “Há 5 anos começamos a fazer fotos de animais de estimação de amigos nossos mais para um experimento. Porém, a novidade cresceu e foi se espalhando que de uns dois a três anos a procura estava grande a ponto de contratarmos um fotógrafo somente pra este segmento”. O trabalho custa o equivalente um book feito com pessoas. O preço varia de R$ 800 a R$ 1.200. O que faz o preço subir e descer é o gosto do cliente. Márcio explica como funciona o processo de fotos para os animais. “Para tirar 10 a 15 fotos boas que rendam um mini álbum, nós ficamos 45 minutos com o animalzinho. No estúdio fica o fotógrafo, um assistente, o animal e o dono do bichinho. Basicamente, os acessórios usados neles são os mesmo

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que se usa para fotos de pessoas, tais como óculos, chapeis, cachecóis, lacinhos. ” Um álbum para pessoas que amam seus animais de estimação não é o suficiente. O dono do estúdio conta que, além dos books, outros produtos são procurados pelos donos.“As pessoas que buscam o petbook querem mais do que simples fotos. Elas escolhem e pedem para que, além do book, tenha poster, calendário, pedem efeitos e até que indiquemos molduras boas para a imagem”. Sabe-se que a comunicação com animais é difícil, mas para Marina Silveira, fotografa há 10 anos, nada impede que seu trabalho seja executado até com quem não fala. “Fotografar animais é bem diferente de fotografar pessoas, pois depende muito do humor do bicho.Tem outra coisa também: você tem que estar atento. Com eles não dá pra piscar porque o clique é único. Se perdeu aquele momento, dificilmente isso volta a se repetir. Tem uma questão que é a chamada de atenção. Normalmente uso apitos, petiscos, penas coloridas, bolinhas com glitter e assim vai”. A fotógrafa conta que fez um teste para ver o resultado. “Como amo fotografia e tenho um Yorkshire que também amo. Resolvi unir o útil ao agradável. De inicio pensei que não ia dar certo porque para fazer fotos de animais é necessário muita paciência e, às vezes, o animal não corresponde aos estímulos que damos para que ele olhe para a câmera ou que fique quieto, mas depois que revelei as fotos vi que era uma ideia que tinha tudo para dar certo.” Para o profissional, as imagens ficam de dar inveja pode-se imaginar como é para o cliente quando percebe que seu animal de estimação esta mais belo na foto do que é naturalmente. Patrícia Maldonato, psicóloga casada há 3 anos, optou por não ter filhos e explica porque procurou o petbook. “Escolhi fazer o book dos meus 3 gatos primeiro porque nunca consigo tirar fotos boas deles em casa e, segundo , porque apesar de não ter filhos, trato meus gatos como minhas crianças. Sei que depois que morrerem, vou ter uma recordação impressa.

EDITORIAL

Na mitologia romana, Rômulo e Remo, depois de abandonados num cesto, são criados e amamentados por uma loba. No futuro, os dois seriam responsáveis pela fundação de um Império. O exemplo nos mostra como a relação do homem e do animal contribuiu para o nascimento da civilização ocidental, se tornando parte fundamental da vida contemporânea. Hoje, dividimos espaço, carinho e tempo com os bichos, dentro de casa ou no quintal. Por isso, nesta segunda edição da Revista Comunicaqui nos aventuramos pelo mundo animal. Nossa equipe de jornalistas foi buscar novidades, tendências, dramas e grandes perfis envolvendo esse universo. O objetivo desta edição é aproximar você, leitor, dos cachorros, gatos, pássaros, cavalos e porcos. Queremos mostrar que, como nós, os bichos têm direitos e merecem respeito. Com isso em mente, a repórter Evelyn Arendt foi conhecer o cotidiano de um animal essencial para a vida humana: o cão-guia, que ajuda os cegos a ter uma vida sem privações. Outro exemplo é a matéria de Thais Travençoli, que mostra como os bichos contribuem para o tratamento convencional de crianças, idosos e outros pacientes. As jornalistas Giulianne Kuiava e Rafaela Fiala foram às ruas para mostrar como os pets se tornaram um negócio rentável que cresce a cada ano, e já é o segundo maior mercado do mundo. Entre as novidades, apresentamos o petbook, ensaios feitos exclusivamente para animais. Mostramos também a triste realidade dos cães de rua que vivem em lugares públicos e que sofrem maus tratos. Enfim esta, edição está recheada de histórias que merecem a sua atenção. Boa leitura! Tiago Machado, editor da Comunicaqui – Especial Animais.

CHAMADAS Tiago – Conheça a triste realidade de cães abandonados que moram nos terminais de ônibus de Curitiba . Rafael - Um vencedor chamado Jacob. Evelyn – Como um cão- guia se torna a extensão do corpo de um deficiente visual. Patricia – Maus tratos contra os animais e a luta contra o fato. Thais – Terapia com animais ajuda na recuperação de pacientes. Marieli – Cavalos: Quem pode ou não pode ter. Helton – Paraiso dos pássaros: Um ponto turístico escondido. Amani – Para tornar seu animal eterno, conheça o PetBook. Rafaela e Giuliane – Gasto com cães, faz com que o mercado de PETs no Brasil, seja o 2° maior do mundo. Franciele – O porco, ele também pode ser uma excelente companhia.

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Defesa

Por Patricia Castro

Denúncias de maus tratos em animais movimentam delegacias de Curitiba

Maus tratos contra os animais é um assunto que acabou virando clichê ao decorrer do tempo pelas constantes atrocidades feitas pelo homem a um ser indefeso. Na tentativa de frear essa truculência, leis foram criadas e pessoas se uniram na luta contra a essa causa. Eloisa Toniolli é um exemplo de que a afeição por um animal faz toda a diferença. Após uma batalha constante para salvar a vida de sua cadela Nika, que acabou não resistindo a um câncer de pulmão. Eloisa tomou coragem e acabou adotando em 2012, Sofia, uma viralata de sete anos. “Quando soube da história dela pela Ong Cãopanheiro de Curitiba, isso me tocou profundamente e acabei adotando”. A cadela foi encontrada pela Ong, em um completo estado de maus tratos e abandono no meio da rua com sete filhotes. O animal foi resgatado pela instituição e encaminhado para a adoção em uma feira de animais. “Depois que optei por ficar com Sofia, comecei a cuidar dela, levando-a ao veterinário até que ela se recuperasse”. Atualmente o pet está totalmente restabelecido e com o melhor de tudo, um lar. Segundo um levantamento feito pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DM) de Curitiba, de 2012 até abril deste ano, foram realizados 200 Boletins de Ocorrência (BO) relacionados aos maus tratos contra animais em Curitiba e Região Metropolitana. Destes números, apenas 60 foram abertos. “Quando recebemos as denúncias, vamos até o local para verificar se o fato tem veracidade ou não. Entretanto, muitas dessas denúncias são por motivos banais como por exemplo, discussões entre vizinhos”, explica o delegado,Wallace Brito. Com a comprovação da denúncia, o animal é recolhido e encaminhado para um centro de reabilitação por um período aproximado de 30 dias. Se o animal for doméstico, ele será levado para a doação. Se for silvestre, será encaminhado ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Setas) na Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde serão treinados para sobreviver na natureza novamente. E em caso de alguma deficiência irreversível por conta dos maus tratos, serão encaminhados aos zoológicos. De acordo com Brito, 60% das denúncias realizadas, são anônimas. “A maioria das pessoas não querem se identificar por medo, ou porque vão denunciar alguém da própria família”, conta o delegado que relata também receber várias denúncias por dia, via e- mail na delegacia. “Fazemos uma filtragem para a realização das investigações”. Se o crime for comprovado a pena varia entre um e três anos de prisão, ou penas mais brandas como serviços comunitários e pagamentos de cestas básicas. A Ong Associação Proteção e Bem Estar Animal (Pro2 Revista dois pronta.indd 4

Após sofrer maus tratos Sofia foi adotada por Eloisa Toniolli

bem), fundada em 2010 com o objetivo de ajudar os animais em extrema necessidade, vem realizando duas vezes ao mês, uma campanha para a doação animais que foram abandonados e que sofreram maus tratados. A diretora administrativa da Probem, Daniela Annunziato, conta que a Ong não abriga os animais, mas oferece um lar temporário a eles, possibilitando cuidados como a alimentação e castração. “Nós não os recolhemos. Cuidamos e tratamos desses animais no local com o intuito de ajudar os que sofrem com o abandono e os maus tratos”. O trabalho realizado pela Probem conta com apenas sete associados e com algumas parcerias que oferecem doações a instituição. Daniela explica que ajudar esses animais já é uma grande recompensa. “É difícil você ver um animal em uma situação precária. Então, o que estiver ao nosso alcance nós faremos”. Eloisa, que adotou Sofia abandonada sob extremo maus tratos, ressalta que não se arrepende pela adoção. “Senti que ela ficou muito agradecida e feliz por eu ter salvado a vida dela de alguma forma”. A dona responde com convicção de que os gestos de carinho oferecidos por Sofia são mais do que amor por ela, são formas de agradecimentos.

Serviços

Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente | DPMA – Curitiba - Rua Erasto Gaertner, 1261 – Bacacheri (41) 3356-7047. Batalhão da Polícia Ambiental do Paraná – Força Verde - 0800 643 0304. Superintendência do Ibama (41) 3360-6100 e (41) 3263-4583

que o corpo libere substâncias como endorfina, que causa sensação de bem-estar e faz diminuir o hormônio do estresse. A veterinária também conta que o contato com os cães melhora a interação social. “Às vezes é uma pessoa tímida ou uma criança que é autista, que não se aproxima, então o cão acaba sendo o elo. Aí começa uma conversa, uma interação. A pessoa se alegre mais, acaba se sentindo melhor e responde mais rápido à terapia convencional”. Segundo informações do site Amigo Bicho, na década de 1950, parte das primeiras tentativas do uso de animais com fins terapêuticos no Brasil foram realizadas no Hospital Psiquiátrico Dom Pedro II, em Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, pela médica Nise da Silveira. Letícia escolheu trabalhar com cães por acreditar que eles têm mais facilidade de aproximação com as pessoas. “O cão terapeuta, que passou por uma avaliação, é o animal que não tem medo de se aproximar. Damos preferência por as pessoas estarem mais acostumadas e por eles se doarem mais do que outros animais”. A veterinária vê o projeto como uma realização pessoal e se emociona ao falar do trabalho. “Não tenho palavras pra dizer a emoção que tenho de ver o quanto o projeto cresceu e de quanto as pessoas também gostaram e ficaram no projeto. São voluntários que abraçaram a ideia. Nosso único objetivo é ajudar o próximo usando os animais”. Andressa Chodur é terapeuta ocupacional da Associação Paranaense dos Portadores de Parkinson e do Hospital do Idoso. Ela conta que em cada instituição o trabalho é diferente. “Na Associação de Parkinson a gente visa principalmente desenvolver as capacidade motoras que estão prejudicadas pela doença. Aplicamos atividades estruturadas, que são exercícios que a gente já programou para determinadas partes do corpo”. A terapeuta afirma que o cão é um elo entre o paciente e o exercício. “Como eles acabam desviando o foco de atenção para o cachorro, o movimento sai de forma mais tranquila”. Já no Hospital do Idoso, ela conta que o enfoque é minimizar o estresse do internamento e rotina de hospital. “É mais lúdico, não tem muita atividade estruturada”. Andressa diz que já presenciou momentos emocionantes nas visitas, como pacientes que receberam alta, mas não queriam ir embora sem a visita dos cães. Em outro caso, a terapeuta viu um paciente que estava em cadeira de rodas levantar para pegar um cachorro. O coordenador do serviço de fisioterapia e terapia ocupacional do Hospital do Idoso Paulo Coltro diz que a atividade com os cães faz parte de um dos trabalhos de humanização no hospital. “É extremamente positivo porque integra não só paciente e animal, mas também familiares. Acaba criando uma socialização. O funcionário que leva o paciente até os cães interage também.

Vira uma terapia para o ambiente hospitalar”. Na Associação Franciscana de Educação ao Cidadão Especial (Afece), em Curitiba, a atividade é realizada com duas cadelas, que vivem no local e recebem os cuidados de uma veterinária. Anderson Corrêa é professor da Afece há três anos e conta que a terapia na instituição tem como objetivo proporcionar o bem-estar dos alunos e estimular a saúde mental e física. Segundo Corrêa, o trabalho na Afece é realizado por professores, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fonoaudiólogos. “É realizado um planejamento adaptado para os alunos, cujo foco é estimular suas independências. Para cada aluno é realizado um trabalho específico, desde contato físico para diversos tipos de estimulação até passeios curtos para socialização e integração a sociedade”, explica. Além de cães, outros bichos são utilizados em terapias hoje, como gatos e animais silvestres. Outro método terapêutico comum com animais é a Equoterapia, que utiliza cavalos. “Essas terapias são muito produtivas e trazem muitos benefícios. Além do envolvimento com o animal, trabalha muito a parte motora e traz bem estar ao paciente”, observa a terapeuta ocupacional Andressa Chodur.

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Por Thais Travençoli / Foto Maurício Schimmelpfeng

Terapia com animais auxilia no tratamento de pacientes

O amor por animais fez a curitibana Letícia Castanho, de 37 anos, escolher a medicina veterinária como profissão. Mas além do cuidado com os bichos, Letícia sempre gostou de ajudar as pessoas. Quando terminou o curso de medicina veterinária, a curitibana entendeu que poderia ajudar o próximo através dos animais. Em 2005, ela fundou o projeto Amigo Bicho, que busca auxiliar o tratamento de pacientes através da terapia e atividade assistida por cães. Letícia começou a estudar grupos que utilizavam a Terapia ou Atividade Assistida por Animais (T/AAA) no exterior e no Brasil. A veterinária realizou testes com a ajuda de uma psicóloga e especialista em comportamento canino e com a ajuda de uma engenheira elétrica especialista em comportamento. Letícia começou a testar o comportamento do cão para saber se ele oferecia riscos. Segundo Letícia, o teste consiste em alguns movimentos bruscos para ver a reação do cão, como por exemplo, mexer em uma cadeira para saber se ele terá algum tipo de reação com cadeirantes. “O cão não faz discriminação. Ele não tem preferência por raça, ele se aproxima de uma maneira muito carinhosa”. Atualmente, 30 cachorros participam do projeto. 14 Revista dois pronta.indd 5

Saúde

Para iniciar as atividades do projeto Amigo Bicho Letícia contou com a ajuda de uma amiga, que também é veterinária e de voluntários que levavam os cães. Em alguns casos eram clientes convidados a participarem do projeto, quando as veterinárias notavam que os animais tinham perfil para a atividade. O primeiro lugar a receber a visita do grupo foi o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. “A gente percebia a alegria das crianças ao ver os cães. Elas não iam pra fazer a quimioterapia, mas sim para ver os cães. Como eram procedimentos doloridos, que davam um pouco de medo, elas esqueciam um pouco da dor e respondiam melhor a terapia. Isso começou a motivar ainda mais a gente a continuar”. Hoje o grupo visita a Associação Paranaense dos Portadores de Parkinson, Instituto Paranaense de Cegos, Hospital Psiquiátrico Nossa Senhora da Luz, Associação Paranaense de Reabilitação, Hospital do Idoso Zilda Arns e a escola especial Associação Mantenedora do Centro Integrado de Prevenção (AMCIP). Segundo Letícia, a interação com os cães faz com

Por Helton Liça

Conheça

Paraíso dos pássaros: loja se torna ponto turístico em Curitiba

Conhecida por poucos, a Paraíso dos Pássaros existe há mais de dez anos no bairro de Santa Felicidade, tradicional pela cultura gastronômica curitibana. O espaço fica na Avenida Manoel Ribas e passou por reformas e adaptações para adequarse às normas do IBAMA para se especializar na área em que ficou famoso: a venda de aves exóticas, silvestres e domésticas. Como o próprio nome já diz, há uma grande variedade de cores e tamanhos de pássaros. A vitrine de animais vai da exótica cacatua crista amarela ao comum periquito, todos em permanente exposição. Há também produtos exclusivos, gaiolas e rações. Segundo Luciano de Pauli, um dos proprietários, as aves vendidas tem o aval do IBAMA. Para conseguir a venda das aves, é necessário comprar em um criador licenciado pelo IBAMA. Pois o animal precisa ter o número de identificação do fornecedor e a licença na anilha, um anel preso na pata. Esse código é anotado no ato da compra junto com o CPF do dono e repassado ao IBAMA a cada seis meses para controle da localização dos animais. Pauli explica que algumas espécies não precisam passar por esse processo burocrático. “As aves domésticas não precisam de licença para a venda, por serem mais fácil de achar por um criador. Os pássaros silvestres são aqueles que são nativos de nossa fauna e as exóticas são aves de fora do Brasil.”

Outros serviços O Paraíso dos Pássaros conta também com serviço de hospedagem e veterinário especializado para aves. Quem não quer ter problema para domesticar as aves, pode comprá-las mansas. “Elas são adquiridas em alguns fornecedores com 45 dias de vida já amansadas ou com 20 dias o processo de amansar e de alimentar é realizado pelos próprios funcionários,” completa o sócio proprietário da loja. A espécie mais procurada no local é a calopsita, que provoca interesse por seu comportamento. “Procurei o local por indicação de alguns compradores por causa das calopsitas mansas. Como não tenho tempo de cuidar de um filhote em tempo integral, preferi a compra de um animal independente em que eu possa me divertir com ele”, diz Sandra Padilha, enfermeira que possui três pássaros da espécie e não dispensa elogios à loja. “Notei grande intimidade e carinho dos animais com os funcionários, o que indica o bom tratamento da loja.” A especialidade em aves tornou o local uma espécie de ponto turístico da região. “Não entendo nada de pássaros, mas resolvi dar uma paradinha quando estava voltando de um almoço na região dos restaurantes de Santa Felicidade. A variedade de pássaros é imensa! São dezenas de gaiolas, uma do lado da outra. Um bonito viveiro, que chama atenção por ter uma grande uma árvore no meio da loja. Ali muitos passarinhos voam ou se escondem em suas pequenas casas. O forte da loja é a venda de pássaros, mas eles também hospedam outros bichinhos e vendem várias coisas para animais de estimação. Mesmo que seja só para conhecer é um ótimo local”, comenta o turista mineiro Rodrigo Souza. Além dos pássaros, a loja serve de paraíso para serviços direcionados a cães e gatos. Aos finais de semana ocorre a tradicional feira de filhotes, aos sábados e domingos, das 11h às 17h. O espaço foi um dos primeiros de Curitiba a estar de acordo com a lei municipal de dezembro de 2011, que normatiza a venda de filhotes. Para quem quiser conhecer um pouco mais da loja ou escolher seu futuro bicho (companheiro e amigo), o site oficial conta com informações e dicas que auxiliam a escolha da ave ou do pet que seja ideal para sua companhia: www.paraisodospassaros.com.br.

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Defesa

Por Tiago Machado

Cães abandonados: do lar à rua

Curitiba. Os termômetros marcam 13º C. Fim de tarde cinza e frio. Trata-se de mais um dia típico de início do inverno. Num canto qualquer de um movimentado terminal de ônibus, estão eles deitados sobre uma coberta fina e suja, encolhidos na tentativa de protegerem-se da baixa temperatura da cidade. É nesse cenário que vivem os cães de rua. Muitos desses cães abandonados pela família, largados a própria sorte, outros sequer tiveram a chance de algum dia ter um lar. Só em Curitiba, segundo dados levantados por um estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), 4% dos cachorros da cidade vivem nessas condições. No terminal Portão, a presença dos cães compõe a paisagem do local. Ali vivem há mais de dois anos um casal de cachorros. Dona Sônia, zeladora do terminal, conta que a presença dos cães no local é algo comum. “Eles não incomodam ninguém. Muito pelo contrário, eles se ajudam, se outros cachorros de fora entram aqui, eles partem pra cima.” Willian Bastos, que trabalha como atendente de uma lanchonete dentro do terminal conta que os animais são alimentados pela dona do salão de beleza. “Ela coloca água e comida pra eles. A gente já se acostumou com a companhia.” A cobradora de ônibus Lucineia dos Santos Gonçalves diz que em épocas que as cadelas estão no período fértil, (no cio) é mais complicado devido ao número de cachorros que se acumula no terminal. Segundo Lucineia, o terminal CIC é campeão no número de cães abandonados. “Esse terminal tem muito cachorro. Esses dias mesmo tinha uns oito cachorros correndo atrás de uma cadela. Às vezes eles chegam a cruzar dentro do terminal, o que eu acho desagradável porque têm muitas crianças passando pelo local”. A presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC), Soraya Simon, reclama que esse problema acontece por causa da falta de conscientização da população e do pouco controle populacional dos cães. Soraya classifica a situação desses cães, que vivem dentro dos termais, como cães semidomiciliados. “Esse cão não é um animal abandonado. É um cão que vive numa comunidade e se adaptou naquele local. Se o cachorro está bem. Às vezes é melhor castrar, vacinar e deixá-lo nesse local. É claro que isso não é o ideal, mas nesses casos é o mais indicado.” Muitos desses cachorros, como os do terminal Portão, acabam recebendo cuidados dos próprios funcionários e comerciantes locais, o que facilita a permanência deles no ambiente. Outra saída para resolver o problema seria colocar esses cães em abrigos, o que nem sempre é a melhor solução, já que esses lugares enfrentam muitas dificuldades. “Os abrigos hoje estão superlotados A

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maioria das ONGs estão cheias. Muitas vezes o cão tem que dividir espaço com outros animais e começam a brigar, ficam agitados e acabam até mesmo se machucando. O correto seria ter um local separado, o que infelizmente é fora da nossa realidade. A gente tá muito longe disso, tem muita coisa pra fazer e tem que ser rápido.” Segundo Soraya, para resolver o problema dos cães de rua seria necessário a criação de novas políticas públicas por parte do governo. “Antigamente a prefeitura recolhia e sacrificava os animais, o que hoje não acontece mais. Ainda bem, porque não é dessa forma que vamos solucionar o problema. É necessário criar novos programas de proteção aos animais” A Organização Mundial de Saúde recomenda algumas medidas para minimizar a questão, a que inclui castração em massa, conscientização da população, controle de comércio de criadores e registro geral animal, com uma digital. “Temos cobrado muito do governo, mesmo sendo animais eles têm seus direitos. Existem leis que os protegem, isso é uma questão humanitária e tem que fazer parte da moral dos homens.”

Castração

A castração é uma das iniciativas mais eficazes no controle populacional dos animais, mas ainda existem muitas famílias que não costumam adotar a prática em seus bichos de estimação. Soraya acredita que a população tem que ser educada e conscientizada, principalmente nas famílias mais carentes, onde muitas vezes essas pessoas não possuem condições para fazer a castração.

Por Franciele Rigoni

Companheiro

Uma companhia excelente

É muito comum nós estarmos na presença dos nossos bichinhos de estimação, deixar o gatinho ou o cachorrinho dentro de casa, colocá-los no meio do sofá, da cama. É comum acharmos nas residências de brasileiros cachorros, gatos, passarinhos e peixes em algumas. Mas um porco, já não se vê por aí, não é? Em Cuiabá, capital mato grossense, para ser mais específico ainda, na Avenida Itália, 748, encontramos uma casa aparentemente normal, com pai, mãe e dois filhos. E não, eles não tem um cachorro, e nem um gato. A família tem um animal mais especial, um porco! A dona do porco é Carla Tavares, de 20 anos. Carla é estudante de geologia na UFMT, e através de uma amiga que estuda veterinária na mesma universidade ela achou o porco. O porco se chama Baby, e tem aproximadamente dois anos. “Gosto muito de animais. O Baby apareceu nas dependências da universidade, me apaixonei e levei para casa. Meus pais e meu irmão acharam estranho eu ter um porco, mas como tinha espaço, deixaram eu ficar com ele”, explica Carla. Baby tem acesso à casa toda, bem parecido com um cachorro. Onde a Carla vai, ele está atrás. Mas na hora de dormir, o porco fica do lado de fora. Mas ter um porco é como ter um cachorro? Os cuidados são os mesmos? Surgem tantas dúvidas. A veterinária Karin Geronazzo, explica que não. “O porco é curioso e inteligente. Ele é bem sociável, mas antes de querer ter um porco de estimação, temos que lembrar, que ele pode crescer mais do que o esperado e ultrapassar facilmente os 60 quilos, que precisa fossar (revolver a terra com o focinho) e que pode, quando em pânico, atacar e morder”, diz a veterinária.

ele pode até atacar e morder. Não é um animal que suporte ficar sozinho em casa durante muitas horas seguidas. E ainda é difícil achar um veterinário que acompanhe a saúde do seu porco, portanto, pense bem. Sim, quero ter um porco Para poder abrigar um porco em casa, as exigências não são muito diferentes das que você precisa ter para criar um cachorro grande. Ele vai precisar de um espaço para dormir, ter água fresca sempre à sua disposição, deve ter uma área restrita, orientar o porco aonde ele deve fazer suas necessidades, isso desde cedo. É possível fazer o porco a aprender a fazer suas necessidades nas caixas de areia, como os cães e gatos, lembrando que a área que ele vai precisar para isso deve ser relativa ao seu tamanho. Você deve saber que até os oito meses, o porco tem a capacidade de aprender muitas coisas com sua mãe e irmãos, por isso não convém tirá-lo antes da sua família. Durante todo o tempo temos de ter em mente que o porco é agressivo por natureza e fará tudo o que for necessário para obter o que quer. É fundamental que em nenhum momento o porco tenha dúvidas de que o dono é o líder do grupo.

As vantagens de ter um porco

O porco é muito esperto e amigável, aprende rápido, mas é preciso ensinar direito. É um animal que pode conviver harmoniosamente com a família, até mesmo com outros animais. O porco dificilmente vai dormir na cama. É raro subirem em algum lugar. Têm pouco pelo, uma estatura baixa e, ao contrário do que muitos pensam, não cheiram mal. Por que não ter um porco. Se você mora em um apartamento, seu animal de estimação ideal não será o porco. O porco precisa de parte externa, pois passa o dia em busca de comida. Por isso tem tendência para estar permanentemente a fossar, isto é, escavar o chão com o focinho à procura de alimento. “O Baby faz vários buracos no quintal. Mesmo com comida, ele continua a cavar. A nossa sorte é que tem muito espaço”, relata Carla. É esse o comportamento natural do porco e ele vai fossar mesmo que seja debaixo dos tapetes da sua sala! Se o porco não for treinado, ele será um porco mau, 13 09/07/2013 00:27:14


Por Rafael Passos

Um vencedor chamado Jacob

Foto: Rafael Passso

O cão Jacob tem três anos, olhos claros, é forte e bonito. Mas há alguns meses essa realidade era diferente. Esse vira lata contraiu Cinomose, um vírus comum em cães, que se não tratado regularmente leva o animal a morte. Jacob foi encontrado muito debilitado em uma construção por trabalhadores em Piraquara, região metropolitana de Curitiba. Ao se depararem com o cachorro, os operários entraram em contato com os Animais Sem Teto, uma associação que tem objetivo de cuidar e amparar animais de rua. Jacob foi levado para Curitiba, onde passou por vários exames e ficou internado em uma clínica veterinária por alguns dias. Segundo a presidente dos Animais Sem Teto, Ana Paula Moya Slesaczek, as chances do animal sobreviver eram poucas. “Quando cheguei em Piraquara, fiquei muito chocada ao vê-lo naquele estado. Tive informações de que Jacob havia sido abandonado na construção. Ele estava muito fraco, mal conseguia ficar em pé”. Após vários dias de tratamento Jacob foi se recuperando, aos poucos, sua velha forma com o passar dos dias voltava, o que não impediu a permanência de algumas sequelas. Devido a dificuldade de se equilibrar Jacob só consegue andar em lugares amplos. “Ele se tornou um cão especial, acompanhamos todos os dias do tratamento, fomos vendo uma melhora com o passar do tempo. É claro que infelizmente ele herdou alguns “tiques”, mas esse fato podemos dizer que foi uma agulha no palheiro perto do estado em que ele estava”, relata Ana. Já recuperado Jacob tinha que deixar a clínica,

Perfil

mas ali começava mais um problema na sua vida. Sem ter ninguém para adota-lo Jacob ficou sem casa para morar. Os médicos veterinários se sensibilizaram com a situação do animal e conseguiram uma vaga no Recanto do Tio Fred, um hotel para animais desabrigados, localizado em Almirante Tamandaré, também na região metropolitana da capital. Lá o cachorro foi instalado em um lugar amplo e plano, onde vive hoje a espera de alguém para adotá-lo. Jacob recebe seções de acupuntura três vezes por semana para ajudar na sua reabilitação. “Conseguimos em parceria com uma clínica veterinária essas seções de acupuntura para ele, o resultado está sendo excelente. O Jacob se tornou um cão brincalham e muito dócil, é uma pena que ninguém o adotou ainda”, conta Ana. Assim como Jacob, vários outros animais esperam por uma adoção. No recanto do Tio Fred há 80 cachorros esperando um novo lar. De acordo com Ana Paula, o processo de adoção é simples e rápido. Vária Ongs em Curitiba que realizam esse trabalho de cuidado e adoção dos animais. A pessoa que deseja adotar um cachorro nos Animais sem Teto precisa levar documento de identificação para fazer um cadastro. Após a aprovação desse processo o cão passa a morar na sua nova casa, tendo um acompanhamento dos profissionais da instituição para ver se o animal está sendo bem tratado. Assim como Jacob.

A Associação Humanitária de Proteção e Bem Estar Animal (ARCA) lista alguns benefícios proporcionados aos animais pelo processo de castração: • Diminui drasticamente o risco de doenças nas vias uterinas e, principalmente, do câncer de mama, útero, próstata e testículos; • Elimina o risco do câncer dos órgãos genitais; • Diminui o risco das fugas e brigas, que podem acarretar acidentes graves e até fatais; • Acaba com os latidos e uivos excessivos que ocorrem por ocasião do cio; • Elimina os estados de excitação por falta de cruzamentos - e o embaraço gerado com as visitas; • Nas cadelas, elimina a inconveniente perda de sangue no período de cio, assim como as desagradáveis reuniões de machos na porta de sua residência.

O abandono

Ter um animal de estimação é uma responsabilidade grande, pois requer tempo e atenção para o bicho. No entanto, é comum pessoas se desfazerem de seus pets como se fossem objetos descartáveis. O abandono do cão pelo dono é uma das principais causas do alto número de cães nas ruas. É necessário ter cautela na hora de adotar e ter ciência do respeito e dos cuidados que o animal necessita ao longo da vida.

Adotar, ato de amor

Apesar do grande número de cães à procura de um lar para viver, ainda existem pessoas que preferem comprar filhotes prática bastante criticada pelos defensores dos animais - em vez de adotar um cão abandonado. Além de dar uma nova família, a adoção diminui o número de cães nas ruas, como no caso dos que moram nos terminais e ruas da cidade.

Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC)

A ONG foi fundada em abril de 1972. Hoje possui duas sedes, uma localizada em uma chácara em Colombo e outra no bairro Santa Cândida, em Curitiba. O local oferece atividades de clínicas veterinárias, entre os serviços oferecidos estão: castração, vacinação e socorro de animais em situação de risco. A entidade também sobrevive de doações da população e dos serviços prestados. A clínica abre todos os dias. Atualmente a ONG tem em seu abrigo, aproximadamente, mil cães e funciona em capacidade máxima. Outras informações no site: http://www.spacuritiba.org.br/

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Por Giulianne Kuiava & Rafaela Fiala

Finanças

Quanto dinheiro vou gastar com meu cãozinho?

Sophia, uma sharpei de porte médio de cinco anos gasta cerca de R$ 150 mensalmente. Isso não inclui despesas com veterinário e vacinas. Quem paga a conta é sua dona, a estudante Karen Legg. “Se for colocar tudo na ponta do lápis, acaba saindo caro”. Os gastos com os animais dependem vários fatores, como a raça e outras escolhas feitas pelos donos. O primeiro ano de vida dos peludos é o que mais pesa no bolso. As vacinas e remédios contra doenças, raiva, fungos e germes podem custar até R$700 nesse período inicial. Após isso, elas passam a ser anuais. “Por causa da raça de Sophia, os gastos vieram bem mais cedo. Isso acontece pelo fato de um sharpei ter muitas dobras na pele. Tanto que já fez duas cirurgias, que me custaram cerca de dois mil reais”, conta Karen. A cachorrinha Violeta, uma shih-tzu, gera uma despesa mensal média de R$ 250 para sua dona, Beatriz Toniolli Quadros. Só com banho e tosa são R$110. “O que é pouco, se comparado ao amor e felicidade que ela traz para minha família”. Pessoas como Karen e Beatriz, que tem um cuidado especial com seus cães, fazem com que o mercado de Pets cresça ano a ano. Segundo dados revelados pelo 6 Revista dois pronta.indd 8

estudo Pet Brasil, cerca de 29 milhões de brasileiros dividem suas casas com cachorros. O Brasil é o segundo pais onde o mercado de Pets Shop mais cresce, perdendo apenas para os Estados Unidos. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), em 2012 o segmento faturou cerca de 14 bilhões de reais.

Oportunidade de negócios

A paixão pelos animais aliada a oportunidade de ganhar dinheiro, fez a médica veterinária e administradora, Maria Germana, investir em um negócio próprio. Uma clínica veterinária. “Tenho uma ligação muito forte, de grande carinho e até amizade com muitos clientes, e tenho os animais como filhos adotivos de coração”. Segundo Maria, a ração é o item mais vendido e representa o maior gasto com os animais. Não é a toa que, em 2012, foram importados mais de 2.700 milhões de dólares de Pet Food.

Por Marieli castioni

Companheiros

Qualquer um pode ter um cavalo?

A paixão de Ana Luisa Jacon pelos cavalos teve ínicio aos seis anos de idade, quando ela começou a pedir aos seus pais para andar em um. Depois de conhecer a escolinhas de equitação, Ana sabia que tinha encontrado a sua vocação: ser competidora profissional de três tambores (competição voltada para mulheres, a competidora tem que percorrer três Tambores no menor tempo possível, mantendo o percurso oficial). Ela ganhou o primeiro cavalo aos nove anos e o deixava na escolinha Facilpa (escola de quitação), onde treinava não profissionalmente. Mas cuidar de um cavalo é uma atividade que requer grande responsabilidade. Qual é a solução para ter um animal de grande porte e conseguir manter a saúde e bem-estar? O Veterinário Ivan Deconto diz que uma solução para o cavalo é passar parte do dia ao ar livre num haras ou mantê-lo solto durante o dia no quintal de casa. O cavalo precisa se manter em prática mesmo que não seja incitado a fazer exercício. Os estábulos garantem o conforto. No caso de Ana é necessário ter uma pastagem abundante, uma fonte de água fresca e abrigo contra o mau tempo do Inverno e os insetos no verão. “Nessas condições deve ser dado ao cavalo um complemento alimentar pois apenas a pastagem não é suficiente para manter o animal em forma. No caso do cavalo, é preciso evitar o tédio, visto que o cavalo não está no seu ambiente natural. O tratador precisa entenda a psicologia do cavalo”, conta Deconto. Para Ana, esse era o principal suporte que precisava.

“Quando completei 16 anos, cinco anos depois de não encostar em um cavalo, eu sabia que tinha que voltar. Então fui com o meu pai procurar outro lugar pra fazer aula. Foi ai que encontrei o Rancho Três Meninas e lá conheci o lado mais profissional dos três tambores. Para fazer aula, o aluno tem que ter o seu próprio animal. Meu pai, com a ajuda do meu treinador, escolheu e comprou um pra mim. Foi assim que Bill Brown veio parar nas minhas mãos”, conta Ana. O penso ou pensão (lugar provisório para animais) é a alternativa para quem não pode ter os cavalos em casa. Para isso é necessário encontrar um centro em que tratem cavalos e com profissionais experientes. Existem hoje cinco sistemas de penso: o completo, em que se paga a alguém para fazer o que for necessário, inclusive o exercício de que o animal necessita; o faça você mesmo, em que o trabalho é feito pelo proprietário; a pastagem, que é indicada para cavalos que vivam todo o ano ao ar livre; o repartido que é ideal para o proprietário manter o contato com o cavalo e o sistema em trabalho, em que o animal é utilizado numa escola de equitação. “Hoje o Bill fica no rancho Três Meninas e quem cuida é a equipe de funcionários. O que o meu cavalo mais gosta é rapadura. Ao ver torrão de açúcar, ele fica desesperado, pois fica disponível em uma vasilha de sal durante todo o dia, para manter as proteínas do ferro”, diz Ana, emocionada, sobre a comida favorita de seu equino. Deconto diz que cavalos de competição tendem a comer coisas diferentes do que os equinos de “casa”. “Há sempre um balanceamento, ao dar frutas e verduras e alguns doces. O cavalo gosta de coisas novas, mas sem exagero. Para ter um animal desse porte em casa, é imprescindível um quintal com espaço, cuidados especiais, como ração e vacinas e sempre buscar manter a saúde mental e emocional do animal, já que eles tendem a ficar mais estressados em casos de mal cuidado”.

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A primeira etapa é ensinar ao cão os exercícios já citados anteriormente. A parte mais difícil é fazer com que o cão reconheça os obstáculos nocivos pare ele e seu acompanhante. A próxima etapa é o animal conhecer e treinar com a pessoa que ele guiará por boa parte da vida. Essa fase é de grande importância para a equipe que formarão. O treinamento é um processo muito rígido para o treinador e para o cão. O animal deve demonstrar bons resultados logo no início. Segundo a HSW Brasil, na Olhos-Guia para Cegos, apenas 72% dos cães em treinamentos chegam a graduar-se. A HSW Brasil explica que a maioria das raças escolhidas são Labradores, Goldens e Pastores Alemães. Elas se destacam pela obediência, inteligência, atenção e força. Já Harrison diz que a escolha das raças é por pura questão cultural, que qualquer cão que se encaixe às exigências, pode tornar-se um cão-guia. A criação que o filhote terá, assim que desmama, é parte do processo para tornar-se um cão-guia. Uma família voluntária, que geralmente também passa por um processo seletivo, o adota na companhia de um cão-guia mais velho para, desde pequeno, entender como será seu trabalho. Segundo Harrison, na Cão-Guia Brasil, caso o cão não seja aprovado para o teste final, a família que o adotou não poderá ficar com o cão. “Isso é feito para evitar que o apego atrapalhe no treinamento que o cão receberá”. Timmy veio dos Estados Unidos e, portanto, foi treinado em inglês. Radaelli dá os comandos e conversa com o cão apenas em inglês. Geralmente as escolas de treinamento possuem um programa de criação de cães desde filhotes, para assim

tornarem-se cães-guias.

Os treinadores

Para tornar-se um treinador de cão-guia, a HSW Brasil explica que ele deve ser graduado com alguma experiência ou ter trabalhado com animais e, claro, com pessoas. Nos Estados Unidos, os treinadores qualificados são acompanhados por treinadores aprendizes. Isso Varia de escola para escola, mas geralmente eles ficam, em média, dois ou três anos como aprendizes supervisionados para então assumirem o papel de mestre. O salário de um treinador, segundo Harrison “é um valor justo com o trabalho que o treinador faz”. É um trabalho que exige muito controle emocional, físico e intelectual. Deve saber lidar com o comportamento dos cães e das pessoas. A voz de Harrison se estremece de emoção ao falar da profissão. “Ser treinador de cão-guia é muito satisfatório, dá uma alegria enorme saber que ajudamos pessoas a serem mais felizes. É isso que um deficiente visual encontra em um cão-guia, um companheiro, ele consegue se inserir na sociedade, melhora a autoestima. Não há palavras que descrevem a alegria em fazermos pessoas e animais felizes.”

Como economizar?

Ração e vacinas são fundamentais para que o cãozinho cresça saudável. Mas, existe então alguma maneira de economizar? A resposta é sim, o valor mensal gasto vai depender e muito dos acessórios que você compra. Nos cinco Pets Shops visitados de Curitiba os preços encontrados foram os mais diversos. Há itens para todos os gostos e bolsos. As camas para cachorro podem custar de R$ 40 a R$ 200. As coleiras vão de R$ 15 a R$ 45. Os itens como xampu e condicionador podem variar de R$ 12 a R$30. As roupinhas vão de R$ 10 a R$ 90. O que pode fazer uma grande diferença nas contas também é a opção feita por Karen. “Ao invés de levar Sophia no Pet, eu opto por dar banhos em casa. Isso diminui um pouco gastos”.

Quanto você está disposto a pagar?

A resposta dessa pergunta é fundamental para orientar sua escolha quanto ao tamanho do cachorro que irá ter. O estudo da Abinpet feito em São Paulo mostra que cães de porte grande podem representar um custo de R$ 314 a R$ 859 todo mês. Para quem opta por raças pequenas, o desembolso é de R$133 a R$ 372. Veja abaixo o investimento no mercado de pet shop nos últimos anos

A amiga Milena Freitas ajuda Radaelli a cuidar de Timmy.

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Por Evelyn Arendt

Cão-Guia: a extensão do corpo de um deficiente visual

Fotos: acervo pessoal

Como os cães-guias fazem para acompanhar os deficientes visuais?

O treinador e psicólogo Harrison, do Cão-Guia Brasil com a cadela Pucca

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ficiência visual, se inscreveu em duas e teve o pedido negado. Como era em 2008, ano da Grande Recessão, nos Estados Unidos, foi mais difícil por ele não ser do país. “Eu continuei tentando, enviei a aplicação para outra escola de cães guias, que, por fim, abriu algumas vagas para estrangeiros e então fui selecionado.” No Brasil, a grande dificuldade de se encontrar um cão-guia é pela pouca quantidade de treinadores e Lucas Radaelli e Timmy, com 4 anos

Em Curitiba não existem pessoas aptas para treinarem cães-guias. Segundo o carioca George Thomaz Harrison, psicólogo e treinador da ONG CãoGuia Brasil, apenas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Balneário Camboriú há adestradores. São cerca de seis para todo o território nacional. Segundo ele, há mais de duas mil pessoas na fila de espera em um país onde existem mais de 12 milhões de cegos. A Cão-Guia Brasil faz um trabalho em parceria com o Instituto de Responsabilidade Inclusão Social, o Iris, auxiliando deficientes no seu âmbito social. Anualmente apenas 10 cães são treinados, dos quais nem todos passam no teste ou são considerados capazes para trabalhar. Pelo tempo de demora para conseguir um cão, muitas pessoas acabam correndo atrás por conta própria fazendo contato e entrando em filas de ONGs norte-americanas, como foi o caso de Lucas Radaelli, 21 anos, estudante de Ciências da Computação na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Hoje ele tem o Timmy, de 4 anos, que desde 2011 é a extensão do seu corpo. Ele conta que, quando começou a procura pelo cão em 2008, em Curitiba não existia escola que treinasse cães-guias. “A única alternativa era o instituto Iris, mas me inscrevi lá há anos e nunca tive nenhuma resposta. Então logo de cara eu parei a busca aqui no Brasil, porque outros amigos cegos me falaram que não dava resultado algum.” Na época em que Radaelli procurou as ONGs americanas que davam cães-guias a pessoas com de-

• Mantendo-se em uma rota direta, devem ignorar se distrair com cheiros, outros animais ou outras pessoas; • Devem estar firme à esquerda e um pouco à frente do seu dono, ou seja, caminhar firmemente, sem distrações. • Sabem se mover à esquerda, direita e pra frente quando receber ordens; • Param em todos os meio-fios até terem ordem para continuar a seguir; • Reconhecem e evitam qualquer obstáculo a ele e seu dono; • Levam o seu dono até os botões do elevador, por exemplo; • Quando o acompanhante estiver sentado, devem deitar em silêncio ao seu lado; • Param em escadas até receberem ordens para continuar; • Obedecem aos comandos verbais e da coleira; • Ajudam o dono a subir em transportes públicos e movimentar-se dentro dele; • Devem saber desobedecer qualquer comando que coloque o acompanhante em perigo, isso se chama desobediência seletiva. Fonte: HowStuffWorks Brasil verbas para sustentar essas ONGs. Harrison diz que as ONGs sobrevivem de doações e de empresários parceiros que ajudam nos custos com o treinamento e alimentação. Um cachorro começa a se preparar para se tornar um cão-guia a partir do terceiro mês de vida. Primeiro o animal passa pelo treinamento familiar, socialização, depois faz o teste para avaliar se ele está apto para se tornar um cão-guia e, se for aprovado, pode trabalhar até no máximo 10 anos. Radaelli viu que precisava de um cão-guia que, além de ajudá-lo a se locomover, é um grande amigo. Timmy pode trabalhar no máximo mais seis anos, depois disso, será apenas um companheiro do seu dono e não poderá ajudar mais. “Depois que Timmy se aposentar ele ficará em casa comigo.” O dono conta que o cão vai a todos os lugares que ele precisa entrar, seja na sala de aula, restaurantes, shoppings e transportes públicos. “No Brasil, como temos uma lei que garante a entrada da pessoa cega com seu cão guia em qualquer espaço público ou privado, não costumo ter muitos problemas. Quando tenho, normalmente explico e as coisas já se resolvem.” Essa lei é a de nº 11.126 que “dispõe sobre o direito do portador de deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia”. Ou seja, o cão pode entrar e todos os luga-

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res onde seu companheiro for, exceto em centro de terapia intensiva e salas de cirurgias. A lei garante aos deficientes visuais o direito de livre circulação, sem qualquer tipo de coação, problemas ou constrangimento. Se você vir um cão-guia trabalhando, apesar do encanto da maioria das pessoas, não o atrapalhe, a concentração é parte fundamental para um bom trabalho desses animais. Os cães-guias sabem que estão à trabalho quando estão com o peitoral. Este tipo de equipamento é diferente do peitoral tradicional encontrado em pet shops que se encaixa atrás das pernas dianteiras do animal. O peitoral do cão-guia geralmente é feito de nylon com alça anatômica coberto com película, acompanhado de colar para proteção com fechamento em velcro e uma guia de nylon de fita dupla com mosquetão de alumínio leve. Como trabalham durante o dia todo, no momento em que chegam em casa recebem muito carinho do dono pelo trabalho cumprido durante o dia.

Como é o treinamento?

Segundo Tom Harris para a HowStuffWorks (HSW) Brasil, a primeira parte é o treinador reconhecer a personalidade do cão. Se ele for agressivo, nervoso ou estranhar a aproximação de outros animais, isso prejudica a formação para se tornar um cãoguia. Tudo vai depender pelo tempo em que o treinador passará com o cão. Esses profissionais procuram por qualidades como vontade de aprender, inteligência, concentração, saúde, boa memória e, claro, aprender um número mínimo e suficiente de comandos.

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