São Luiz do Purunã

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opinião

Curitiba, maio de 2011

O TROPEIRISMO E A LOCALIZAÇÃO DO DISTRITO AJUDARAM NO FORTALECIMENTO DA COMARCA DE CURITIBA

De uma história rica a um futuro incerto INICIATIVA PRIVADA É O QUE MOVIMENTA SÃO LUIZ DO PURUNÃ

Nossa Capa

A capa do Comunicare nesta edição, mostra o portal de São Luiz do Purunã. E o carimbo com a pergunta “FECHADO?” nos faz refletir sobre a atual situação do distrito.

Fala Leitor

No início do século XVIII tropeiros oriundos de Viamão – RS, com destino a Sorocaba- SP, entravam no Paraná pela Lapa e uma de suas paradas era São Luiz do Purunã, distrito do município de Balsa Nova. São Luiz mantinha a Comarca de Curitiba em comunicação com todo o sul do país e tinha uma importância sócio-econômica muito forte. Com a chegada do trem, os cavalos e as celas são substituídos pelos trilhos e fumaça. Esse lugar já chamava a atenção dos tropeiros por sua geografia, com vários cânions e nascentes, como a do Rio Papagaios, e os campos abertos que eram ideais para o pasto de mulas. Não por acaso, os tropeiros acabaram ficando e colonizando a região. O distrito de Balsa Nova fica conhecido turisticamente. Pou-

sadas, restaurantes, spas foram se instalando e em conjunto com a bela paisagem atrai turistas de todas as regiões. Entretanto, sua maior atração eram os rodeios. A tradição oriunda do tropeirismo foi enraizada na região e movimentava todo o distrito com seus concursos. Tudo isso acontecia no Centro de Tradições Gaúcha da região, que hoje encontra-se abandonado. Muitos moradores estão descontentes e reclamam da negligência da prefeitura de Balsa Nova com o distrito. O dinheiro do pedágio não retorna de forma justa. Não há incentivo para a cultura. O Cristo, um importante ponto turístico de São Luiz, está em estado de abandono e sem segurança. A burocratização para que os projetos sejam executados é um obstáculo.

Mas ainda há aqueles que veem em São Luiz um ótimo lugar para investimentos, negócios e lucro. Spas e pousadas de luxo são encontrados em meio ao descaso. Um paradoxo criado com a rica história do local e que fica vagando em meio aos vales morros e rios.

OMBUDSMAN: EDIÇÃO DO GUADALUPE TEM PAUTA BOA, MAS FICA DEVENDO NA EDIÇÃO

Quase não há linguagem fotográfica Kátia Freitas Estudante 19 anos “ Falar desse tema é muito interessante, gostei das histórias dos personagens do Guadalupe”.

Fala Professor

Alexandre Dorneles Professor de Sociologia UFRGS 30 anos “Mostrar o Guadalupe, é contrastar Curitiba. A cidade sorriso, do melhor transporte público do Brasil versus o terminal em estado caótico e insalubre.

Na cidade que perdeu a Rua 24 Horas, antes vendida em panfletos de turismo, para a administração pública incompetente, uma capa como a do último Comunicare, com um relógio, é uma provocação. Que bom. Especialmente quanto a reportagem vai ao Terminal do Guadalupe, um conhecido reduto de moradores de ruas, muitos deles doentes mentais. Sem contar os traficantes e prostitutas do Centro, em geral, sempre de passagem. O governo do asfalto e do paisagismo sempre passa a vez. Apesar do depoimento do “indigente” Renato Lima (“indigente” não seria bem a palavra, mas foi escolhida no texto), faltou explorar

um pouco mais profundamente: por que a FAS é um “nazismo”? Apesar dessa campanha pelo aprofundamento na questão social, o jornal tem variedade de assuntos, desdobramentos do tema central – uma característica muito profissional para um impresso. A comunidade está de acordo que a imparcialidade é impossível, mas a constante busca pela isenção não pode desaparecer. Em linhas gerais, na última edição faltam boas entrevistas nos textos (sobra repórter). É preciso fazer a pergunta certa, a que desencadeia uma boa história, e não somente ser levado pela vontade do personagem. E faltam imagens. A repor-

tagem não pode se acomodar, lapidando textos considerados excelentes para si e esquecendo que um jornal também é feito com fotografias e boa diagramação. Muito cuidado com o texto, ao ponto passou do ponto, e desleixo com as fotos: pouca ou nenhuma linguagem fotográfica aplicada, equipamentos mal utilizados, edição precária (se é que houve).

Expediente: Jornal Laboratório da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Maio de 2011 Pontifícia Universidade Católica do Paraná Rua Imaculada Conceição nº 1.155 Prado Velho, Curitiba

Reitor: Clemente Ivo Juliato Decano CCJS: Alvacir Alfredo Nicz Decano Adjunto do CCJS: Marilena Winters Coordenadora do Curso de Jornalismo: Mônica Fort Comunicare Jornalista Responsável Prof.º Zanei Barcellos DRT – 118/07/93

Projeto Gráfico Prof.º Marcelo Públio Editores: Primeira página: Diana Araújo Entrevista: Ana Luísa Bussular Política: Carolina Chinen e Melanie Lisboa Economia: Bruna Ávila Social: Maria Aparecida Brey

Vinícius Sgarbe Jornalista G1- Paraná Comunicare 2007

Uma nostalgia habita em meio aos capins, aqueles mesmos que serviram de comida às mulas e hoje crescem entre os paralelepípedos das ruas sinuosas e esburacadas do local. Amanda Vicentini

Carta do Leitor Comecei a ler o Comunicare sobre a fé e levei um susto. A foto mais destacada da página central chamou a atenção porque está escura e, pior, é de divulgação. Será que os estudantes de jornalismo não poderiam ir a uma das milhares de igrejas que têm bandas e fotografar uma. Depois eles defendem a necessidade de diploma. Diploma pra que? Para ficar copiando fotografia da internet pra colar no jornal? Lilian Mueller

Turismo: Aline Hobmeier e Mariana Siqueira Esporte: Stella Mafra e Thaís Reis Gastronomia: Gabriela Rodrigues Cultura: Ana Bussular e Beatriz Zanelatto Comportamento: Ana Bárbara Tuttoilmondo Geral: Stella Mafra Internet e Redes Sociais: Lucas Vian


entrevista

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Curitiba, maio de 2011

EM SEU SEGUNDO LIVRO, CARLOS SOLERA FAZ UM RESGATE HISTÓRICO DO DISTRITO DE SÃO LUIZ DO PURUNÃ

Autor diz que espíritos o ajudam a pesquisar Apenas duas pessoas dividiam as terras de São Luiz do Purunâ por décadas

COMUNICARE: Qual foi a preparação para escrever o seu livro? SOLERA: Bom, são muitos anos de estudo, das muitas visões da vida. No que se refere ao tropeirismo, pesquiso a temática desde 1978, quase 34 anos, então. Este é o segundo livro, já havia escrito um anteriormente chamado “Histórias e Bruacas”; agora este novo, “O Alvorecer do Purunã”. Some-se a isso o meu trabalho como presidente, junto a Associação Brasileira de Turismo Rural, onde em quase 20 anos, visitei cerca de 1.154 cidades brasileiras; isso me deu uma certeza da influência do homem tropeiro brasileiro na formação de nosso povo.

piritismo. Uma moça incorporou uma entidade, que falou que teria aparecido para me contar histórias e que tropeirávamos juntos em outras vidas. COMUNICARE: O senhor começou a estudar o tropeirismo aos 32 anos, além do espiritismo, qual outro motivo levou a se interessar pelo assunto? SOLERA: O desejo de deixar para futuras gerações, inclusive, meus filhos, um pouco da historia do povo brasileiro e, muito importante, o compromisso assumido em plano espiritual, de fazer este resgate histórico!

“No que se refere ao tropeirismo, pesquiso a temática desde 1978”

COMUNICARE: Quanto tempo o senhor demorou para escrever o livro? Baseou-se em quais fatos? SOLERA: “O Alvorecer do Purunã” levou cerca de 10 a 12 meses, para a roteirização da história; os fatos ali narrados conheço das minhas muitas pesquisas nestes anos todos e em vidas passadas. Um espírito contou-me a história do tropeirismo e isso mexeu comigo. Resolvi então começar a estudar sobre o assunto com base no es-

COMUNICARE: Então significa que o livro todo foi escrito baseando-se em vidas passadas? SOLERA: Sim, depois dessa entidade ter incorporado na moça, comprei uma fazenda em São Luiz do Purunã e comecei a viver lá. Não demorou muito, o espírito, que se apresentou para mim como Gutierrez, apareceu novamente e contou toda a história, falando sobre as várias vidas que tivemos em São Luiz. “O Alvorecer do Purunã” foi inteiro escrito por clarividência e psicofonia. Conta as histórias

Reflexão histórica

Gustavo Magalhães

Pode-se dizer que o tropeirismo nasceu em São Luiz do Purunã, quando Manoel Gonçalves de Aguiar juntou-se com outra família influente e propuseram ao governo português a criação de uma estrada, que entraria na fazenda de Aguiar e nasceria assim a BR 376. Quem afirma isto é o pesquisador Carlos Roberto Solera, que diz ser ajudado nas suas pesquisas por lembranças de vidas passadas e por espíritos. Independente das doutrinas em que acredita, ele dedica-se a pesquisas em livros e fatos históricas que esclarecem a origem do lugar. Quando os tropeiros pegavam a estrada para ir até São Paulo, São Luiz era seu caminho, sendo o ponto de hibernação dos animais e aonde pessoas começaram a prestar serviço ( ferreiro, artesão, culinária) . Com isso, começou a circular dinheiro e por isso o tropeirismo se tornou tão forte. A grande função do homem tropeiro foi disseminar a língua portuguesa e historicamente, segundo Solera, nunca aconteceu no Brasil outra atividade com tanta abrangência. Solera nasceu em Taubaté, estado de São Paulo, em 21 de abril de 1946. Ao longo desta existência, trabalhou como odontólogo, produtor rural e consultor em turismo rural. Frequentou muitos Centros Espíritas e fundou um em Arapoti, cidade do interior do Paraná.

Solera mostra seu livro sobre muitas vidas em São Luiz do Purunã

das minhas várias vidas. COMUNICARE: Quando morou em São Luiz do Purunã, além da visita de “Gutierrez”, algum outro fato marcou? SOLERA: Sim, certo dia uma mulher apareceu de surpresa e contou que eu era responsável por tomar conta de uma área com cachoeiras. No começo não dei ouvidos a ela, mas um dia resolvi descer até a vila, e acabei dando carona para um senhor. Ele me levou até a cachoeira dos índios, e tive uma sensação muito forte naquele lugar. Era o local onde os índios faziam seus rituais.

COMUNICARE: E em relação ao tropeirismo, os morados de São Luiz do Purunã valorizam a cultura do mesmo na região? De que forma eles mantêm as tradições? SOLERA: Valorizam sim, ainda que de forma mais espontânea e não sob aspectos de estudo e pesquisas; alguns valores do tropeirismo, como as práticas campeiras, a amizade, o conhecimento de plantas medicinais, a gastronomia, música, danças, etc, são elementos do dia a dia do purunense; mas pretendo desenvolver ali, em conjunto com amigos e companheiros, um grande projeto cultural, para que isso não se perca.

“Viver em São Luiz do Purunã é um retorno à origem”

COMUNICARE: Então qual é a relação entre São Luiz do Purunã, você e a religião? SOLERA: Viver em São Luiz do Purunã é apenas um retorno as minhas antigas origens, pois já vivi ali em duas outras existências terrenas. E alguns companheiros que lá estão também, nascidos ali ou levados para lá por mim ou de forma espontânea, já vivenciaram isso também, ainda que não saibam ou sintam. Muitas vezes as atuais formações religiosas adquiridas, comprometem este sentimento de vidas passadas.

COMUNICARE: Agora falando em relação ao distrito em si, o que o senhor acha que está falando a eles? Infraestrutura, mais cuidado por parte dos governantes? SOLERA: São Luiz do Purunã é um distrito do município de Balsa Nova; portanto sofre muitas vezes a falta de uma ação administrativa mais presente e eficaz. Há também uma diferença fundamental entre a identidade da comunidade da sede (de Balsa Nova) e o serrano de

O segundo livro de Carlos Solera, “O Alvorecer do Purunã”, contém vários relatos históricos sobre o distrito de São Luiz do Purunã. Na obra, Solera atravessa mais de 500 anos da história do Brasil, desde a viagem de Colombo para o descobrimento da América, passando pelo tropeirismo até chegar nos dias atuais.

São Luiz. Os da sede são mais urbanizados, os da serra, mais campeiros. A vila de São Luiz do Purunã, assim gostamos de denominá-la, necessita de uma melhor infraestrutura em atendimento de saúde (médicos e dentistas que devem ser melhores remunerados pela prefeitura), telefonia, principalmente, a rural, alguns serviços essenciais como, o bancário, farmácia, transporte coletivo, saneamento básico (esgoto, etc), patrulha mecânica para suas estradas rurais, facilidades de internet, etc. Mas é uma comunidade “guerreira”, que não se deixa abater e muitas vezes encontra suas próprias soluções, frente aos problemas surgidos. Uma destas ações se fez agora a pouco tempo, com o restauro total por parte da comunidade, da igreja católica de São Luiz do Purunã. Diante da ausência das instituições, sejam elas administrativas e mesmo, eclesiástica, a comunidade deu as mãos e reformou totalmente o santuário. Ficou uma beleza! Assim, outras ações ainda estão programadas e cada conquista destas, tem um grande sabor de vitória! Conquistas que tem atravessado séculos e irão perdurar ainda, por vários outros. Ana Luísa Bussular Gustavo Magalhães Náthalie Sikorski Rhaíssa Silva


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política

Curitiba, maio de 2011

LOCALIDADE ENFRENTA PROBLEMAS ESTRUTURAIS EM HOSPITAIS, NO TRANSPORTE PÚBLICO E NO COMÉRCIO

População não quer emancipação

NOTAS

Emancipação política não é prioridade entre os moradores de São Luiz. Muitos habitantes do distrito, apesar de recorrerem a outras cidades atrás de recursos básicos, acreditam que não se manteria como município independente. Porém, uma tentativa de emancipação já ocorreu. A oposição política da região também acredita que existem dificuldades para realizar um desmembramento. O distrito de São Luiz pertence ao município de Balsa Nova desde 1961. Antes, Balsa Nova fazia parte de Campo Largo, porém, devido ao desenvolvimento daquela região e ao descaso do município, Balsa Nova foi desmembrada. Apesar da atual independência, muitos moradores de São Luiz ainda recorrem às regiões vizinhas atrás de recursos básicos como bancos, farmácias e hospitais. Assim, em vez de contar com o próprio município, aqueles que utilizam o transporte público têm como única opção ir até Campo Largo, já que não existe uma linha direta de São Luiz até o centro de

Daniela Maccio

Cidadãos e políticos acreditam que São Luiz do Purunã não tem condições de se tornar município

Vereadores do mesmo distrito, posições adversas: Dirceu Leal e Ivo Garrett

Balsa Nova. A Prefeitura já realizou um plebiscito qu e teve a maior parte de votos a favor da emancipação. Mas Altamir Sanson, em seu primeiro mandato (1993-1996) como prefeito de Palmeira, cidade vizinha a São Luiz, por meio de uma liminar vetou a possível emancipação. Ele alegava que a divisão do território excluiria duas empresas que, embora loca-

lizadas em São Luiz, geram lucro para a cidade. Após esse plebiscito, nenhuma movimentação referente à emancipação política voltou a ocorrer. “Sou a favor, desde que haja condições de sustentar a política e uma ajuda do Estado”, afirma o vereador Dirceu Batista Leal (PMDB). Para ele, São Luiz não tem condições de se manter, por não

possuir uma fonte direta de renda. O investimento no turismo da região seria um atrativo para empresários no que se refere à melhoria da infraestrutura: bancos, restaurantes, farmácias e entretenimento. Ele, assim como alguns habitantes, afirma que o interior geralmente fica “esquecido” em relação aos demais municípios. “Criar um município é complicado até para o próprio Estado”, complementa o vereador e presidente da Câmara Municipal de Balsa Nova, Ivo Garrett (PSB). Para Lauro José Bubniak (PR), vereador e secretário da Câmara Municipal de Balsa Nova, a emancipação, em termos técnicos, beneficiaria o município no que se refere à praticidade, já que o repasse de investimentos seria o mesmo, só que para um território menor. Mas pela visão pessoal de Bubniak, São Luiz abriga belas paisagens e uma população acolhedora, o que seria vantajoso para o turismo de Balsa Nova. Daniela Maccio Fernanda Vargas

FALTAM SERVIÇOS BÁSICOS PARA ATENDER À POPULAÇÃO DO DISTRITO

Diretores têm problemas Obstáculos: burocracia e em desenvolver reformas falta de estrutura na saúde

O distrito de São Luiz do Purunã conta com duas escolas, uma estadual e uma municipal. Segundo os diretores, ambas encontram dificuldades em contatar a Prefeitura de Balsa Nova. Eles dizem que o processo é burocrático, e por isso, há demora na efetivação das obras. A Escola Estadual Vereador Donozor Nunes Nogueira abriga 180 alunos. Eles vêm de regiões próximas como Tamanduá, Palmeira e Witmarsum. A escola é a única do distrito que oferece o ensino médio. O prédio já completou 50 anos e, para manter o bom estado, algumas reformas são solicitadas. Para o diretor da escola, Paulo Zittel, as verbas enviadas pelo governo são de valor considerável, mas a burocracia impede que o processo

seja rápido. “Não é fácil. A luta foi grande. Três anos para conseguir efetivar”, afirma Zittel, referindo-se à última reforma realizada. A Escola Rural Municipal Prefeito Herculano Schimaleski oferece somente o ensino fundamental e tem 150 alunos. A diretora Eroni Terezinha de Andrade Garrett conta que a escola se tornou um referencial em educação. Ela fez uma parceria com a UniBrasil e tem uma sala multifuncional. Assim, pais que residem em municípios vizinhos, como Palmeira e Ponta Grossa, procuram a escola para matricularem seus filhos. A diretora também reporta a demora e grande dificuldade em realizar reformas que precisam do aval do prefeito. (DM, FV)

A Unidade de Saúde Governador José Richa é a única para atender os 3.000 moradores do distrito. Esta aderiu ao Programa Saúde da Família (PSF), proposto pelo Governo Federal para promover orientação e assistência aos municípios. Tal filiação resulta em dependência do município na questão burocracia. Para a coordenadora do PSF no distrito e enfermeira-chefe da Unidade de Saúde, Vanessa Buzo, a Prefeitura faz o que está ao seu alcance. O estoque de medicamentos é um obstáculo, visto que a farmácia mais perto se encontra em Campo Largo, a 25 km de distância. Casos mais graves são encaminhados ao Hospital Bom Jesus, em Balsa Nova. Este não realiza procedimen-

tos cirúrgicos e, caso seja necessário, o paciente é transferido para Campo Largo. O Posto de Saúde conta com duas kombis, usadas como ambulâncias. Devido ao horário de funcionamento - segunda à sexta-feira, das 8h às 17h - estas permanecem 24h em funcionamento. A equipe é formada basicamente pela enfermeira, uma técnica e duas auxiliares. Clínicogeral, pediatra, dentista, psicólogo e o fisioterapeuta integram o grupo. Em média são realizadas 30 consultas por dia, raríssimas graves. “Por não existir uma opção de lazer aqui, muitos pacientes vêm ao Posto apenas para conversar, porque sabem que terão a atenção da equipe”, complementa Vanessa. Carolina Chinen

SEGURANÇA 1 São Luiz do Purunã não conta com Módulo Policial no distrito. Existem somente quatro policiais em Balsa Nova, enquanto dois trabalham, dois folgam. Quando há uma ocorrência, os policias tem que se deslocar de Balsa Nova até São Luiz. SEGURANÇA 2 Para burlar a fiscalização, contrabandistas utilizam estradas de São Luiz para não passar em frente ao posto da Polícia Rodoviária Federal. Este se localiza 1 km depois da entrada do distrito, no km 138 da BR 277, vindo de Curitiba. Quem vem de Foz do Iguaçu desvia pelo cruzamento da BR 277 com a 376, na entrada de Witmarsum. TRANSPORTE Cerca de 50 estudantes do Ensino Superior são transportados até as Universidades de Curitiba através de ônibus financiados pela Associação de Transporte Universitário, uma iniciativa da Prefeitura. Para conseguir o benefício, deve-se comprovar matrícula na Instituição de Ensino e confirmar endereço no distrito. AUXÍLIO-PEDÁGIO Moradores de Balsa Nova e São Luiz são obrigados a pagar R$ 5,90 a cada vez que se dirigem a Campo Largo ou Ponta Grossa. O antigo prefeito, José Franco Pellizari, deu a iniciativa para a isenção da taxa aos moradores do município. Existiram rumores de que carros começaram a ser emplacados em Balsa Nova para não pagarem o pedágio. Atualmente, a medida não está em vigor pois a atual gestão da Prefeitura não aprovou. LAZER Existe um projeto de Lei para construção de um parque com praça de alimentação, na Lagoa do “Polaco”, ao lado do CTG. Aguarda aprovação. (CC, FV)


política

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Curitiba, maio de 2011

DEVIDO A FALTA DE MANUTENÇÃO DO MIRANTE DO CRISTO, A PAISAGEM DOS CAMPOS GERAIS ACABA NÃO SENDO VALORIZADA

Até Cristo sofre com descaso da prefeitura

Falta de responsabilidade do antigo prefeito durante revitalização do ponto turístico, gera processo judicial para o município exigiu projetos específicos para o sistema hidrossanitário do local. Até as eleições de 2008, o projeto paisagístico foi parcialmente concluído. A primeira parte foi construída, para ser inaugurada antes do mandato seguinte. Na revitalização consta um galpão para o uso dos turistas. Para o atual prefeito, “houve irresponsabilidade na condução da obra e não há como abrir um ponto turístico em que é previsto lanchonetes e banheiros sem que haja meios de levar água e esgoto ao local. Hoje não existe interesse na revitalização até a conclusão do processo judicial”. O acesso ao parque é feito pela BR-277, onde a construção de uma pista de desaceleração é necessária, de acordo com as leis de segurança do trânsito. Porém, segundo a prefeitura de Balsa Nova, a Concessionária Rodonorte responsável pela rodovia ao redor do Morro do Cristo, não tem interesse em fazer essa pista. Além do que, seria necessário mais 2 milhões de reais para manutenção, reparação de falhas e adequação do local como ponto turístico. O Jornal Comunicare foi conversar com o ex-prefeito, José Pelizzari, responsável pela construção do Mirante, mas este se encontra hospitalizado. Sobre as acusações, de irregularidade na obra, Maria Helena, sua filha, diz que “a obra aconteceu dentro da legalidade, já prevista na campanha e foi inaugurada para não deixar obras inacabadas para a próxima gestão”. Isabelle Warzinczak Juliana Pivato

“Sobre a segurança já “Sobre a segurança eu tentei colocar alguns já tentei colocar alguns guardas vigilantes no guardas vigilantes no parque, mas ninguém parque, mas ninguém quer trabalhar lá porque quer trabalhar porque reclamam que éláarriscareclamam que é arriscado, perigoso. Então, por do, perigoso. Então, por enquanto, eu não posso enquanto, eu não posso fazer nada, a não ser fazer nada, a não ser esperar”. esperar”. Osvaldo Osvaldo Vanderlei Vanderlei Costa, Costa, prefeito prefeito do do município município de de Balsa Balsa Nova. Nova

A história Atualmente o Cristo de São Luiz do Purunã pertence à prefeitura do município de Balsa Nova, aproximadamente 45 quilômetros de Curitiba, entretanto, foi construído por um casal de Guarapuava, Jeane e Antonio Lustosa de Oliveira, no ano de 1976. De acordo com o Livro Balsa Nova – Aspectos Gerais da Formação, Criação e Evolução do Município de Sedinei Sales Rocha, o motivo da construção tem caráter religioso, foi por obtenção de uma graça alcançada e há comentários de que o agradecimento seria por terem encontrado um grande tesouro no local onde foi erguida a estatua do Cristo Redentor. Essa obra mede 18,5 metros de altura e 13,5 metros de largura. Do Parque Mirante Morro do Cristo o turista pode ter um belo panorama e apreciar os Campos Gerias do Paraná. A construção está há 1.216 metros acima do nível do mar, sua composição exigiu 123 peças, que vieram de Campinas - São Paulo, algumas chegando a pesar cerca 300 quilogramas.

Fotos: Juliana Pivato

O monumento do Cristo Redentor já foi considerado um importante ponto turístico da região de São Luiz do Purunã, região metropolitana de Curitiba, hoje se encontra em estado de abandono, sendo usado como local para prática de vandalismos, prejudicando o turismo. A falta de manutenção do Cristo se deve ao fato da atual gestão estar apurando as responsabilidades pela execução da obra Parque Mirante – Morro do Cristo, através de um Processo Judicial, relata Itaboraí Silon Cordeiro, secretário de Turismo e chefe do Gabinete. Segundo Micheli Iwasaki, advogada da prefeitura de Balsa Nova, município responsável pelo distrito de São Luiz do Purunã, a área do Morro do Cristo era privada, pertencendo à família Lustosa e a prefeitura comprou a propriedade por 140 mil reais, com intuito de revitalizar o local. A advogada ainda conta que a empresa Nextel alugou um espaço no Morro para uma torre de transmissão. Pagando mil reais por mês durante 120 meses, e mesmo depois da compra quem recebe o aluguel são os antigos proprietários. “Receber a indenização, mais o aluguel resulta num valor absurdo, e os antigos proprietários vão receber o aluguel até quando a Nextel quiser. Esse contrato tinha que ser desfeito na compra”, afirma. O atual prefeito Osvaldo Vanderlei Costa comenta que “as obras foram concluídas sem licenciamento prévio do Instituto Ambiental do Paraná, para construções em áreas ambientais”. O órgão manifestou-se favoravelmente a revitalização, mas

Saulo Schmaedecke Parque Mirante Morro Do Cristo, São Luiz do Purunã

“Aquela revitalização foi uma jogada bem feita, em dois meses tava pronto, mas ficou um ‘xaxixo’”.

“O Cristo é um atrativo da cidade, mas não é seguro. Não tem vigilância. Eu não vou lá sozinho”.

“A prefeitura devia fazer manutenções e colocar a vigilância 24h. Tem gente que quer ir no Cristo”.

Adi Heler, assessor do prefeito de Balsa Nova

Ernani Bot, operário de produção

Maria Helena Barbosa, professora aposentada


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economia

Curitiba, maio de 2011

APÓS MUDANÇA NA LEI, DISTRITO RECEBE CERCA DE 40% A MENOS COM A ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS DO PEDÁGIO

Renda do pedágio é mal distribuída

Com verba de aproximadamente R$ 777 mil por ano, população de São Luiz do Purunã reclama da atuação da prefeitura no distrito Santos, 42 anos, falta asfalto em São Luiz do Purunã e incentivo da prefeitura para o desenvolvimento do comércio. “Seria um sonho ver o dinheiro do pedágio sendo usado em obras para o distrito, porque não temos nada aqui, apenas um mercado. Quando precisamos ir ao banco ou a farmácia, temos que ir até Balsa Nova ou Campo Largo e pagar pedágio, mas nunca vemos esse dinheiro retornar para nós”, comenta indignada. O assessor de imprensa da CCR, Rodrigo Kwiatkowski da Silva, explica que o benefício e a responsabilidade de uma concessionária ao privatizar uma rodovia são de mantê-la sempre em boas condições, sinalizada e oferecer um serviço 24 horas de atendimento ao carro e ao condutor. Por essa prestação de serviço é pago o imposto à prefeitura. “O ISSqn é uma renda a mais no município, mas quem decide aonde será aplicado é a prefeitura”, comenta o assessor. Além disso, Silva explica que as concessionárias de pedágio pagam Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza também quando as rodovias passam por obras ou algum tipo de serviço e, que por isso, nos primeiros anos que o pedágio foi instalado em São Luiz do Purunã era destinada à prefeitura uma renda maior. “Hoje as rodovias estão em boas condições de tráfego, por isso não é preciso que a concessionária pague por essa prestação de serviço com freqüência”, esclarece. Como o valor recebido pelas prefeituras é determinado pela quilometragem da rodovia, alguns municípios recebem uma verba muito superior a outros, por exemplo, Ponta Grossa e Oritigueiras recebem mais de 3 milhões anualmente, enquanto Faxinal, recebe apenas R$ 14,514,97.

“Seria um sonho ver o dinheiro do pedágio ser usado em obras”

Bruna Milanese Carine Rocha

Serviços

Fotos: Diana Araújo

Administrado pela concessionária CCR Rodo Norte, o pedágio instalado no km 132 da BR-277 pertence ao distrito de São Luiz do Purunã e repassa ao município de Balsa Nova, através do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSqn), um valor anual de R$ 777.639,94. No entanto, os moradores de São Luiz reclamam que a verba é mal distribuída e que não vêem o retorno da arrecadação dos fundos, que incide não só sobre as tarifas, como também em obras e serviços. Hoje, o valor da verba destinada às prefeituras é porporcional à quilometragem da rodovia dentro do município. Porém, até o ano de 2003, quando a lei foi alterada pelo Congresso Na cion a l , o recurso era enviado sobre u m a p or c e n tagem do que era arrecadado. Essa mudança nas leis afetou o orçamento da prefeitura, é o que explica o secret ár io de Administração, Joel Bathki. “Com a antiga lei, a prefeitura recebia cerca de 40% a mais do que recebe hoje do imposto. Essa verba menor impossibilita a prefeitura de fazer algumas melhorias na cidade, prejudicando, assim, a população”. O secretário explica ainda que esse dinheiro recebido pela prefeitura é um recurso livre, portanto pode ser empregado em qualquer área do município. Dessa forma, ainda que o pedágio esteja localizado no distrito e que muitas das pessoas que o pagam sejam de São Luiz do Purunã, a população, muitas vezes, não recebe pelo que paga. “Pelo menos um pouco da verba recebida pela prefeitura poderia ser destinada exclusivamente pra cá. Principalmente para as áreas de saúde e educação de São Luiz que são as mais necessitadas”, reclama a moradora do distrito e empresária, Analí Melo. Para a aposentada Maria Tereza

O repasse do imposto do pedágio é um suporte à economia

No pedágio de São Luiz do Purunã é cobrado R$ 5,90 por veículo de passeio, R$ 5,60 por cada eixo de veículo comercial e R$ 3,00 para motos. A concessionária do pedágio também disponibiliza o sistema SOS Usuário, que movimenta frotas especializadas, e um grupo de profissionais que trabalham 24 horas por dia realizando serviços em função de possíveis acidentes na estrada. (BM)

CABANHA SÃO RAFAEL REPRESENTA PARANÁ EM credenciadora

Leilão de cavalos atrai cerca de 1,5 mil pessoas em São Luiz A Cabanha São Rafael, localizada em São Luiz do Purunã, vem ganhando destaque pelos leilões que realiza e por ter sido palco de uma das fases da 11ª Credenciadora de Inéditos ao Bocal de Ouro, evento que classifica e valoriza cavalos crioulos. A última edição do leilão foi no dia 26 de março e teve os 55 lotes arrematados. O público de cerca de 1,5 mil pessoas aumentou o fluxo econômico da região. Segundo administrador da Cabanha, Lauro Martins, o crescimento econômico anual está entre 10 e 15%, e o evento é de grande relevância para a cidade. “Transmitido ao vivo pelo Canal Rural, o leilão projeta o nome de Balsa Nova”. Mariano Lemanski, proprietário da Cabanha, comenta: “Movimentamos a economia da região com pousadas lotadas, correarias que vendem seus produtos, e tudo o que envolve a contratação de serviços para realizar o evento”. Junto ao leilão, que contou com animais de outras duas cabanhas, a São Rafael representou o Paraná como local de realização da Cre-

Funcionário começa cedo a preparação para próximos eventos

denciadora de Inéditos, na qual qualquer criador de crioulos pode se inscrever. Nela, os animais participam de etapas que classificam quatro de cada sexo para disputar outras no Rio Grande do Sul e concorrem ao prêmio Freio de Ouro, evento de alcance sul-americano. “O grande diferencial da São Rafael é a qualidade da manada de fêmeas, a escolha genética”,

diz o leiloeiro Marcelo da Silva, responsável pelos remates desde a primeira edição. Especializada na raça crioula, a São Rafael trabalha desde a reprodução e a criação, até a preparação para as provas, as quais analisam porte físico e desempenho dos animais, e cujas classificações refletem em valorização. Jordana Basilio


social

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Curitiba, maio de 2011

AMIZADES E BELAS HISTÓRIAS FAZEM PARTE DA VIDA DE MORADORES DO DISTRITO DE SÃO LUIZ DO PURUNÃ

Memórias de vida dos últimos tropeiros São Luiz do Purunã é habitada por antigos moradores que participaram da história do distrito, seja integrando o movimento tropeiro viajando pelo Paraná comprando e vendendo gado ou trabalhando em lavouras de milho, mandioca e batata. Os amigos Francisco Ferreira Bora e Miguel de Souza Freitas já estão com mais de 80 de anos e viajaram por muitos anos pelo Paraná comprando e vendendo gado e cavalos. Bora, 83 anos, nasceu em Balsa Nova, num parto realizado por uma parteira, mas foi morar em São Luiz do Purunã com 8 anos. Passou parte da vida comprando e vendendo gado nas cidades de Guarapuava, Castro, Ponta Grossa e os levava para Curitiba para abate. Ele conta que, também, comprava gado magro e levava para Adrianópolis para engorda, e depois, para Curitiba. Bora relembra que durante as viagens precisava preparar a própria refeição, que era composta por arroz com charque e feijão com salame e conta que “não era todo dia que

Fotos: Thiago Radael

Antigo morador relembra seus dias de tropeiro e demonstra amor pela esposa falecida contando que não sorri mais nas fotos

Bora não foi atacado por pumas

Primeiro sorriso sem sua esposa

Paulo: “minha saúde é de ferro”

tinha queijo, só quando ganhava dos fazendeiros”. Outra tradição era o café artesanalmente preparado cujo pó era separado do líquido pela utilização de graveto em brasa jogado na mistura, que fazia com que o pó abaixasse. A guampa eram utilizada para pegar água do rio. Dormiam em cima de pelegos (proteção utilizada nos animais) dentro de barracas. Outro detalhe im-

portante lembrado por ele foi nunca ter sido atacado por animais, como o puma, na época comum na região. Miguel de Souza Freitas, 81 anos, é viúvo e tem sete filhos, sendo duas mulheres e cinco homens. Ele não apareceu sorrindo em fotografias após a morte da esposa, pois sorri na foto que está no túmulo dela. Transportava entre 200 e 300 animais por viagem quando os trazia de Castro,

Tibaji, Ponta Grossa e Guarapuava para Curitiba e Adrianópolis. O grupo era composto por quatro ou cinco homens e, cada um, levava duas mulas ou burros que revezavam o trabalho durante o percurso: enquanto um era utilizado para montaria, o outro transportava os pertences do viajante. À frente ia uma égua com um cincerro (espécie de sino) que guiava os outros animais.

Freitas conta que foi acompanhado pelo filho mais velho nas últimas viagens e que a modalidade de transporte se encerrou com a chegada do caminhão: ‘‘acreditava que eles nunca chegariam ao Brasil e quando chegaram, fui trabalhar na lavoura”. Paulo Domingues Ferreira , 89 anos, passou a morar em Balsa Nova aos 14 anos, porém, em 1974, mudou-se para São Luiz do Purunã. Trabalhou na lavoura de milho, mandioca e batata. Depois foi trabalhar na prefeitura, onde cuidava da limpeza, da abertura de novas estradas e na manutenção do cemitério, onde também trabalhou como coveiro. Está aposentado há 14 anos e conta que seu prato preferido é arroz, feijão, macarrão e carne. Freitas é um exemplo de vitalidade na terceira idade. Atualmente ocupa-se em cortar lenha e diz ter uma excelente saúde e não necessitar de cuidados médico há mais de dez anos. Paula Pellizzaro Rafaela Campanholi

PASSAR FIM DE SEMANA NA TRANQUILIDADE DO CAMPO LEVA CURiTIBANOS A COMPRAR IMÓVEIS EM SÃO LUIZ DO PURUNÃ

Moradores de Curitiba procuram chácaras em São Luiz do Purunã

Os novos moradores de São Luiz do Purunã costumam investir em chácaras para descansar nos fins de semana e assim movimentando o mercado imobiliário do distrito. Procurado por moradores das classes A e B de Curitiba e Campo Largo, o distrito é opção para quem deseja maior contato com o campo. Com valores considerados um pouco mais elevados do que a média do mercado e localização privilegiada, cerca de 50 km de Curitiba, associado à calma encontrada em uma pequena cidade do interior, o distrito atrai os novos morados que buscam se afastar do estresse de uma capital nos fins de semana. A maioria dos vendedores das chácaras do distrito, também, moram em Curitiba e região na região metropolitana. O preço dos imóveis costuma variar entre R$ 75 mil e R$ 250 mil. Segundo Eliel

Imóvel em construção para abrigar novos moradores do distrito

Durães, da Imobiliária Clarin, a situação é explicada pelo fato de São Luiz do Purunã não possuir forte transporte público e, pela distância, o deslocamento dos moradores de Curitiba e região ser mais cômoda utilizando carros, e a necessidade de um

caseiro cuidando do imóvel na ausência dos donos, faz com que o público que procura torne-se um pouco mais restrito. O casal Patrícia e Luis Regattieri é um exemplo da mudança de Curitiba para São Luiz. Hoje, donos do Rancho P&R (ver mais

Belo imóvel localizado no distrito de São Luiz do Purunã

na página 12), se dedicam a produção de alimentos orgânicos e recebe eventos particulares, como a festa de halloween promovida pelo Instituto Para Cuidados do Fígado, elevando o potencial turístico e tornando o município conhecido por amigos e parceiros

comerciais da cidade. Outra modalidade de transação imobiliária é a compra e venda direta entre os moradores, sem a participação de corretores. É comum encontrar pelo distrito placas de imóveis a venda com o telefone pessoal do vendedor. (PP, RC)


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turismo

Curitiba, maio de 2011

POUSADA PARQUE SÃO LUIZ DO PURUNÃ OFERECE TRANQUILIDADE EM CHALÉS RODEADOS POR BOSQUES

Dias de lazer e conforto sem muitos gastos A Pousada Parque São Luiz do Purunã é uma opção para quem quer aproveitar a natureza sem gastar muito. Apesar de estar localizada na BR 376, Rodovia do Café, a 46 km de Curitiba, a pousada ainda não é muito conhecida, embora em sua estrutura seja possível encontrar chalés com lareira, banheiro, frigobar, aparelho de DVD, cama de casal e beliches. Construída há 10 anos, em uma área de 73 hectares no distrito de São Luiz do Purunã, o espaço da pousada é formado por campos e bosques nativos e plantados. A estalagem é cortada por córregos de águas cristalinas e lajeados. A pescaria esportiva é um dos atrativos do local, além de oferecer duas piscinas aquecidas e uma natural, com cascata. Para quem gosta de praticar esportes, há dois campos de futebol e uma cancha de vôlei. Para conhecer toda a infraestrutura da pousada, pode-se escolher entre um passeio a pé, de bicicleta ou a cavalo. Destinadas à prática do relaxamento, existem redes espalhadas pelo bosque,

Fotos: Aline Hobmeier

Nos chalés, lareiras são diferenciais proporcionados pela estrutura da estalagem, sendo um dos atrativos para o turismo de inverno

Márcia e Bier aproveitam os encantos do espaço pela primeira vez por indicação de amigo

intituladas de rede terapia, pois estão associadas à paz e ao sossego do espaço. A Pousada Parque São Luiz do Purunã (ver mais nas páginas 12 e 14) também conta com balanços para os namorados e túnel da felicidade. Com sete chalés e oito apartamentos, as acomodações dispõem de cama de casal, beliche, aquecedor, ventilador e TV com antena parabólica. Porém, os chalés têm

um diferencial importante: lareiras, principalmente apreciadas pelos casais. A diária é realizada a cada 24 horas, e no preço já estão inclusos café da manhã colonial, almoço, chá da tarde e jantar, sendo R$ 245 o apartamento e R$ 330 o chalé. Para quem deseja apenas passar o dia na pousada, o custo é de R$ 33 por pessoa, com almoço e sobremesa. O casal curitibano Márcia

Shimada, 35 anos, veterinária e professora da Universidade Federal do Paraná e Alcides Bier, 45 anos, advogado, visitaram o lugar pela primeira vez devido à indicação de um amigo. Iniciaram o passeio pela cavalgada e depois desfrutaram de um percurso de bicicleta. “Adoramos e pretendemos voltar”, afirmou Márcia, muito entusiasmada. As reservas devem ser rea-

lizadas antecipadamente, pois a pousada recebe os turistas principalmente nos finais de semana. O objetivo da estalagem é atrair especialmente as famílias, permitindo que as crianças tenham mais contato com a natureza, despertando respeito e amor pelos animais com a prática de alimentálos, além de ser possível colher os ovos das galinhas. O restaurante Panela Velha, situado na pousada, serve comida mineira aos sábados, galinha caipira aos domingos e, somente no segundo domingo do mês, oferece a costela de fogo de chão. De acordo com Casto José Pereira, administrador da pousada, comparecem, nos finais de semana, cerca de 150 turistas. Ele não acredita que este número cresça, principalmente devido à má sinalização que dificulta o acesso ao local. O administrador do espaço concluiu afirmando que “a tristeza é ver que o lugar se transformou em uma Vila Fantasma”. Aline Hobmeier Gleize Perez

MESMO SENDO DISTANTE DO CENTRO DO DISTRITO, POUSADA CRISTAL DO HORIZONTE É BEM PROCURADA

Banho de rio é um atrativo especial para quem visita a pousada

Localizada na Estrada Municipal de Tamanduá, em São Luiz do Purunã, a Pousada Cristal do Horizonte é famosa por oferecer tranquilidade aos turistas. Com chalés e espaço para camping, seu diferencial é o Rio Tamanduá. O proprietário da estalagem, Ubiratan Pedro Broel, 48 anos, construiu uma casa para sua própria moradia em 1995, mas em 2000, resolveu transformá-la em uma pousada. Além de oferecer três refeições diárias e cavalgadas, a atração principal é o Rio Tamanduá, onde os turistas podem aproveitar um banho de rio com hidromassagem natural. A pousada abriga no máximo 30 pessoas em um espaço de 45 alqueires e se localiza a 14 km do centro de São Luiz do Purunã, local que não possui rede de celulares. O espaço para camping que se

encontra na pousada, é destinado aos turistas que não querem gastar muito, por ser um recurso fácil que custa R$ 15. O camping era para ser u m local agradável para aproveitar um dia diferente, mas Broel está quase abandonando esta atividade, pois os viajantes não estão sabendo usufr uir desta opção. Suellen de Souza, professora, 27 anos, não conhecia o local, mas foi convidada pelo namorado a aproveitar o fim de semana com um grupo de cavalgada. Suellen gostou muito da pousada e pre-

tende voltar mais vezes, porque gosta de sossego e também da natureza. Em geral, as reservas são feitas com antecedência. Segundo Broel, a melhor época para a hospedagem na pousada é de novembro a março, pois os visitantes podem aproveitar mais o rio. No inverno, quem frequenta mais são casais, que ficam nos chalés se aquecendo com a lareira. Futuramente, o proprietário deve criar uma escalada e uma sessão de roda de viola. O custo da hospedagem é de R$ 220 por casal.

Hidromassagem natural e cavalgada encantam turistas

Karen Okuyama

Rio Tamanduá é uma alternativa de lazer para os visitantes da pousada


turismo

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Curitiba, maio de 2011

AULAS DE YOGA E MASSAGENS SÃO SERVIÇOS DISPONIBILIZADOS AOS HÓSPEDES

Spas: hospedagem diferenciada Dentre as várias opções de pousadas e hotéis no distrito, os spas são cada vez mais procurados como uma opção alternativa de hospedagem. Além das atividades normalmente oferecidas como trilhas de caminhada e cavalgada, os spas se preocupam em providenciar serviços que vão além da hotelaria convencional. A pousada Varshana tem localização privilegiada em frente ao Cânion da Faxina. Seus sete chalés e sete apartamentos têm varandas voltadas para a vista do vale longe da agitação urbana. A proprietária Angela Dias, 52 anos, decidiu construir o espaço após retornar de uma viagem à Índia. “Quis trazer essas ideias de tranqüilidade e bem estar que encontrei lá”, ela conta. Desde sua abertura em 2005, a pousada passou por expansões e reformas para a criação de espaços adequados à prática de yoga, aulas de alongamento e piscinas para hidroginástica. O último investi-

Fotos: Olívia D’Agnoluzzo

Spas são uma boa opção para quem busca fugir da rotina urbana e pode pagar um pouco a mais

As proprietárias Fátima Kubrusly e Jaqueline Schier na sala de yoga

mento foi a construção de um “centro de bem estar”, espaço destinado à tratamentos corporais, massagens e ofurôs. Com isso, Angela diz que o Varshana se encaixa cada vez mais no perfil de “spa-pousada,” oferecendo além de atividades de lazer, uma melhoria na qualidade de vida de seus clientes. O espaço é muito procurado por casais jovens, a maioria vindo

de Curitiba. A engenheira química Aline Bueno, 27 anos, e seu namorado Alexandre Schitz, engenheiro mecânico de 33 anos, descobriram o Vershana pela internet e estão visitando pela segunda vez. “Já recomendamos para amigos, o clima é muito romântico e a paisagem é maravilhosa”, ela relata. O Sattva é outro spa do distrito. A maioria dos móveis foram impor-

tados da Tailândia e seus seis chalés ficam sobre palafiitas inspiradas na arquitetura da Indonésia. O grande diferencial do espaço é a variedade de tratamentos ayuvédicos disponibilizados. Massagens com óleos especiais, pedras quentes e infusão de ervas estão entre as opções de tratamentos. Além disso, os hóspedes podem participar de aulas de yoga, tai-chi e caminhadas. O movimento no Sattva é tranqüilo, o que acaba sendo vantagem aos hospedes segundo a dona Fátima Kubrusly, 47 anos. “Aqui o hóspede é rei, queremos que sinta em casa”, conta. Durante o ano o Sattva também oferece semanas temáticas como a do emagrecimento e da desintoxicação. A decoração e gastronomia mais sofisticadas contribuem ao ambiente “hippie chique,” segundo definição de Fátima. Olívia D’Agnoluzzo Mariana Siqueira

HOTEL É MUITO PROCURADO durante o inverno e serve comidas típicas

Pousada Cainã oferece atrações variadas O Hotel Fazenda Cainã, reconhecido por sua estrutura e ambiente familiar, esteve entre os estabelecimentos mais procurados no final de abril em que a Páscoa agitou a hotelaria de São Luiz do Purunã. O feriado deu abertura a uma temporada de grande movimento na pousada que se prepara agora para receber alguns dos participantes da primeira etapa do evento de cavalgada Caminho das

Tropas – Sela de Ouro entre os dias 06 e 08 de maio. O clima frio, porém agradável, do outono e do inverno atrai muitas pessoas para a região dos Campos Gerais e isso faz com que o Cainã tenha um aumento de aproximadamente 30% do movimento para esta época do ano. Márcio Vecke, gerente do hotel, diz que costuma receber perto de 200 hospedes por final de semana,

Hóspedes fazem piquenique no jardim da Pousada Cainã

mas reforça, “No inverno mais gente vem para curtir o frio e as comidas típicas da região”. Com inúmeras atividades, principalmente para o período da manhã, os hóspedes do Hotel Fazenda Cainã têm muito que fazer para se distrair, relaxar e aproveitar a estada. Desde longas cavalgadas e aulas de equitação até pesca, trilhas e banho de piscina, as programações são variadas e destinadas para adultos e crianças. Isto faz com que muitas famílias se interessem pelo espaço já que podem participar de todas as atividades que incluem. Segundo Vecke, o perfil dos visitantes varia, mas são principalmente famílias das classes A e B e tem sido cada vez mais comum a hospedagem de casais jovens e recém casados. Um serviço muito interessante que a pousada Cainã oferece é o aluguel de cocheiras. Os donos de cavalos pagam mensalmente para que tratem de seus animais e com

isso, acabam visitando o local frequentemente. É o caso de Ivo e Sabrina de Carvalho. O advogado de 38 anos e sua mulher vão todos os finais de semana para o recanto. “Temos um cavalo aqui e costumamos vir com nossos filhos e outras famílias de amigos. Já virou uma tradição”, afirmou a analista de sistemas de 34 anos. O casal que é de Campo Largo diz ser um lugar excelente para as crianças brincarem sem que os pais tenham muitas preocupações. Há mais de 20 anos o Hotel Fazenda Cainã investe na tradição e no aconchego rural para atrair seus hospedes e com todas as atividades e serviços, tem atingido cada vez mais sucesso. Thiago Camilo, o “agropeão” recentemente contratado na fazenda gosta muito de seu trabalho e garante que o ambiente é tão agradável para quem trabalha lá quanto para quem se hospeda. Pauline Féo

Serviço Pousada Varshana Estrada do Cerro, km 5 Contato: (41) 9191-7590 sacvarshana@hotmail. com www.pousadavarshana. com.br Preço por fim semana: R$ 360 o quarto, R$ 460 o chalé Cu r i o si d a d e: O r e s taurante da pousada é vegetariano Sattva R. Prof Sabino, 5 km (de terra) Contato: (41) 9245-5000 www.spacosattva.com. br Preço por fim semana: R$ 300 o chalé. Curiosidade: Crianças são proibidas no espaço, mas hóspedes podem levar seus cachorros Pousada Cainã Contato: (41) 2106-5300 reserva@pousadacaina. com.br w w w. p o u s a d a c a i n a . com.br Preço por fim semana: R$ 480 o chalé. Curiosidade: Hóspedes podem alugar cocheiras para seus cavalos Pousada Parque São Luiz do Purunã BR-376 km 46 Contato: (41) 3651-1166 atendimento@pousadaparque.com.br w w w.pousadaparque. com.br Preço por fim semana: R$ 245 o apartamento, R$ 330 o chalé. Curiosidade: O café da manhã colonial é um destaque Pousada Cristal do Horizonte Estrada Municipal do Tamanduá Contato: (41) 9973-5633 birabrual@brturbo.com. br www.pousadacristaldohorizonte.com.br Preço por fim semana: R$ 220 o chalé. Curiosidade: Hospedes podem tomar banho no rio Tamanduá


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esportes

Curitiba, maio de 2011

A ORGANIZAÇÃO NÃO tem FINS LUCRATIVOS E FORMA PILOTOS COMERCIAIS E ESPORTIVOS DE PLANADORES

Aeroclube une apaixonados pela aviação Todo final de semana, dirigentes e alunos se reúnem no Aeroclube de Balsa Nova, em São Luiz do Purunã, em torno de uma única paixão: a aviação. Formado há mais de 30 anos, o Aeroclube é o local de formação de pilotos comerciais e esportivos de planadores no Paraná e possui cerca de 60 alunos matriculados. Os planadores são aeronaves sem motor que se mantém no ar graças às correntes de vento na atmosfera, desde que sejam colocados no ar por um avião convencional. Após a decolagem, um planador pode permanecer no ar por longos períodos. “O voo de planador é muito diferente do voo de motor. Tem que ser muito bem planejado e exige muita disciplina, conhecimento e prudência por parte do piloto” explica o tesoureiro do clube, Roberto Kroska. O Aeroclube é para a maioria

dos alunos a maneira mais simples de estar próximo do sonho de se ser piloto. Seja pela proximidade com Curitiba, pela liberdade dos planadores ou pela convivência com outros aviadores, os alunos continuam estimulados a manter contato com as aeronaves e com a escola. “Desde criança, sempre gostei de voar. Tirei a licença de planador há um ano. Sempre que eu posso, tento ir ao Aeroclube nos fins de semana para continuar praticando. A gente gosta não só pelos vôos, mas também pelo companheirismo e solidariedade entre os membros”, afirma o estudante Luis Henrique Cavallari. A experiência no Aeroclube fez com que ele decidisse começar o curso de Pilotagem Profissional de Aeronaves na Universidade Tuiuti do Paraná, a fim de se especializar na área.

Kroska e Cavallari se dedicam ao clube apesar das dificuldades para manter o local em funcionamento. No caso do tesoureiro, não há nenhuma remuneração pelas atividades exercidas. Cada aluno paga sua mensalidade ou cada voo individual, em casos de voos a passeio, mas ele garante que o dinheiro é usado apenas para sanar as despesas com a infra-estrutura. “Tudo é voluntariado. Os voos custam R$ 130, esse valor garante a manutenção constante dos aviões que são da Anac e custos estruturais do clube. Não há nenhum tipo de apoio e conseguir patrocínio é difícil. A prefeitura também não ajuda a investir”, declara o tesoureiro. O estudante e aluno do Aeroclube, Gabriel Henrique Men pretende seguir carreira como instrutor de planadores após o fim

Marina Bueno

Para a maioria dos alunos, o clube é a maneira mais viável para se especializar na área e realizar o sonho de se tornar aviador

Roberto Kroska e dois alunos em um dos planadores do Aeroclube

do curso e reitera que o local só sobrevive pelo interesse dos alunos. “O clube tem uma estrutura boa, mas nós sempre trabalhamos no limite, nos mantemos por causa da vontade dos alunos. Falta ainda muito apoio, são poucas as pessoas

BOA QUALIDADE DAS ROCHAS ATRAi E DESAFIA ESPORTISTAS DO MUNDO inteiro A escalada é uma das principais atrações esportivas de São Luiz do Purunã. Os seis setores espalhados pela região se tornaram referência para brasileiros e estrangeiros que buscam novos desafios na prática do esporte. A australiana Marese Mare descobriu São Luiz pela internet, e veio com outros 22 montanhistas. O grupo está viajando em um caminhão pela a América do Sul e já passou pelo Chile e pela a Argentina. A alemã Yvonne Bartelheine afirma não ter se decepcionado com o local, e disse ter gostado das belas paisagens e boas rodovias. O geógrafo Pedro Hauck veio a São Luiz pela primeira vez em 2005, e desde então nunca mais parou. Segundo ele, o grande diferencial do distrito é a qualidade das rochas, características da formação geológica do Paraná. “Elas tem uma erosão diferencial, que proporciona paredes negativas, com tetos e agarras grandes, o que é um desafio para os escaladores.

Thaís Reis Oliveira

Setores de escalada ganham fama entre alpinistas

Turista alemão confere seus equipamentos antes da escalada

Isso tudo ocorre com qualidade e quantidade como em poucos lugares no Brasil”, analisa ele. Os setores de escalada são divididos em duas regiões, antes e depois do pedágio. Esta última, por ser um ponto turístico, conta com maior estrutura, como hotéis, pousadas e restaurantes. Hauck acredita que a região poderia se tornar um dos maiores pólos de

escalada da América do Sul se houvesse mais investimento, e que ainda há muito para explorar. “Os preços (depois do pedágio) são muito altos e muitas vezes não agradam os escaladores. Já antes do pedágio não há locais para se hospedar, a opção é acampar ou ficar em algum hotel em Campo Largo”, relata o alpinista.

Apesar do grande potencial, os setores de escaladas estão abandonados, e a falta de sinalização dificulta o acesso. Para ter mais segurança, muitos escaladores acampam e deixam o carro na casa de moradores. “Hoje não tem mais tantos problemas com furto. Antes os alpinistas deixavam os carros perto da rodovia, vinham andando e acampavam no Cristo. Aqui a gente aluga o local e é bem mais seguro”, explica Carlos Gonçalves, morador da região. Outro problema apontado por Hauck é que alguns setores estão em locais privados e, às vezes, os montanhistas não são bem vindos. Mas mesmo com todos os problemas, São Luiz do Purunã continua sendo um dos melhores pontos para praticar o esporte. “A região de São Luiz se tornou um dos meus locais favoritos, em várias temporadas, ia mais de três vezes por semana” conta. Lucas Vian Marina Bueno

que se interessam e conhecem o voo à vela (modalidade esportiva dos planadores) e precisamos divulgar mais o esporte”, diz. Renan Araújo Thaís Reis Oliveira

Falta de verba ameaça o clube Outra polêmica envolve o futuro do Aeroclube. A Sociedade Thalia, dona do terreno no qual está o Aeroclube, quer cobrar aluguel pelo lugar. Porém, o clube não tem condições de pagar uma quantia mensal, segundo Roberto Kroska. “Adquirimos esse terreno que pertence à Sociedade Thalia. Porém, o aeroclube pode fechar porque o Thalia quer alugar e nós não temos como pagar. Quisemos comprar o terreno, mas eles não aceitaram a proposta”, disse ele. Por outro lado, o diretor da Sociedade Thalia, Brasil Antônio, disse se que se as partes não entrarem em acordo, o impasse chegará a instâncias legais. “Eles nunca pagaram pelo terreno e nunca cogitamos vender, nós usaríamos a área se eles a desocupassem. Se eles não aceitarem, teremos que tomar tomar as medidas cabíveis”, declarou o diretor. (RA)


esporte

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Curitiba, maio de 2011

ESCOLINHA DE FUTEBOL TEM O OBJETIVO DE TIRAR OS JOVENS DAS RUAS E INSERÍ-LOS NA SOCIEDADE

Projeto esportivo tenta tirar menores da rua O Projeto criado pelo mecânico Jair da Luz há mais de um ano com a ajuda da Igreja Presbiteriana Independente reúne os jovens de São Luiz do Purunã e faz com que os meninos e meninas saiam das ruas e ocupem seu tempo com atividades mais saudáveis. Há pouco mais de um ano, Jair começou os treinamentos, visando tirar jovens das ruas e inserí-los no meio esportivo, ainda de forma tímida e apenas com o apoio de sua mulher, que lavava os uniformes utilizados pelos atletas e da igreja Presbiteriana Independente que decidiu abraçar a causa, doando todos os materiais necessários e enviando seus membros para fazer a limpeza do campo utilizado para os treinamentos. A escolin ha do professor Jair foi crescendo, chegando atualmente a ter a participação de cerca de 60 jovens, entre meninos e meninas, de todas as idades, fazendo com que o mecânico, que

antes ensinava somente as terças e quintas fosse obrigado a aplicar suas aulas de segunda à sextafeira, a partir das 16h. Jair conta que ao encontrar um pai de aluno, ouviu dele: “O cara me disse que o filho brigou muito com ele por que ele não quis trazê-lo aqui no campinho. Esses meninos são apaixonados por isso aqui”, diz o mecânico com muito orgulho. A Prefeitura Municipal de Balsa Nova desde fevereiro deste ano apoia o projeto, se tornou responsável pela manutenção do gramado e encomendou coletes e bolas para os treinamentos, que devem chegar no próximo mês. Ainda contratou Jair como funcionário do município para que ele possa então desempenhar o papel de professor por tempo integral. Rogério Scarione William Borges Filho

William Borges

Juventude de São Luiz do Purunã aguarda entusiasmada os dias de treino com o professor, ansiosa por divertimento e aprendizado

Meninas disputam a bola sob olhar atento do professor Jair

CAMPEONATOS AMADORES

NA REGIÃO, CAMPEONATO EXTINTO EM 2005 AINDA INSPIRA JOVENS com o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) local. O responsável pela criação do projeto foi o ex-secretário de esportes do município de Balsa Nova, Itaboraí Cordeiro, que juntamente com o responsável pelo CTG, esquematizou a competição. “Eu tinha feito alguns campeonatos e o Ivo, então dono do CTG me deu a ideia de fazer alguma

Stella Mafra

O programa Piá Bom de Laço é similar ao Piá Bom de Bola de Curitiba, porém dedica-se à formação de “peões laçadores” e não de jogadores de futebol, como na capital. O de São Luiz tem também o objetivo de criar uma competição saudável para os jovens. O campeonato, entretanto, está suspenso desde 2005, quando parou de acontecer por problemas

João Vitor exibe os troféus conquistados por ele

coisa pra crianças que gostam de laçar, e como eu tinha feito na semana anterior o ‘pia bom de bola’, tive a ideia de fazer o ‘pia bom de laço”. Após a ideia , foram decididas quais seriam as categorias e a média de idade. Os meninos e meninas competiam separadamente e até os 15 anos, laçavam uma vaca parada. Após esta idade, os laçadores estariam montados. O projeto se repetiu nos anos posteriores e teve a participação de muitos jovens. Um deles foi João Vitor da Luz, 15 anos vicecampeão do campeonato de 2003, a 2005, que diz ser apaixonado por montaria e relembra dos melhores momentos das competições, explicando que só perdeu para o melhor laçador do estado e que gostaria de enfrentá-lo novamente, e seu irmão, João Paulo da Luz, vencedor da categoria adulta da competição, o Braço de Ouro.(RS,WB). Stella Mafra

Stella Mafra

Projeto Piá Bom de Laço acabou em 2005

Seu Nito prepara seu cavalo para mais um dia de treinamentos

Apesar dos eventos tradicionais e de maior porte do distrito não terem mais um lugar capaz de comportá-los, os rodeios continuam acontecendo de uma forma mais modesta. Famoso na região, Seu Nito, proprietário de um sítio de mesmo nome, ainda promove competições entre os moradores. A última ocorreu no dia 10 de abril e obteve grande aprovação, contando com a presença de mais de 300 montadores da cidade e das cidades vizinhas, sendo que a divulgação é feita unicamente no boca a boca. Com uma taxa simbólica de R$ 5,00, as premiações aos vencedores foram feitas de formas tradicionais para quem acompanha os rodeios, mas muito peculiar para os leigos, com animais, como aves e porcos, ração para animais e até mesmo alimentos, sempre patrocinados pelos comerciantes da região.


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gastronomia

Curitiba, maio de 2011

DONOS DE RESTAURANTES APOSTAM EM OPÇÕES GASTRONÔMICAS VARIADAS PARA todos os bolsos

Costela ou bolachas artesanais? de R$ 30 por pessoa, com direito a sobremesa e suco natural de uva. Para reunir moradores e turistas em São Luiz do Purunã, existe o Rancho Ventania, um local com capacidade para aproximadamente 70 pessoas, que tem como principal atração servir pizzas. Elvira Lopes Silva, dona do rancho, acredita que as pessoas vão ao local para conversar, ver fotos e, consequentemente, se divertir. Com um cardápio variado de sabores (32 no total), uma das especialidades do restaurante é a pizza tropeira. “A ideia de prepararmos pizzas em um lugar que praticamente só serve comida tradicional foi inovadora”, conta Elvira. As pizzas são servidas aos sábados, a partir das 19h30, e o preço varia, pois o sistema trabalhado é à la carte. O Rancho Ventania também oferece almoço aos domingos, com um cardápio diferente a cada fim de semana, pelo valor de R$ 25

Pousada oferece café da manhã a hóspedes e visitantes

casal Patrícia e Luiz Regattieri. “Cultivar produtos orgânicos é muito bom, porque possui, acima de tudo, uma qualidade inquestionável”, finaliza Patrícia.

por pessoa. “As sugestões vêm de nossos clientes, então, é imprevisível saber o que vamos cozinhar”, conta Elvira. Todos os produtos servidos no restaurante são feitos com alimentos orgânicos cultivados em São Luiz do Purunã, no Rancho P&R, administrado pelo

Gabriela Rodrigues Isabella Rosa

Quer terminar sua tarde em São Luiz do Purunã? Uma dica é o Café Colonial do Campo. Um lugar pequeno (abriga em média 30 pessoas) e aconchegante. É possível encontrar pães, bolos, tortas e bolachas produzidos artesanalmente no próprio local. “Também servimos café, chá, suco de amora e morango”, conta Ivânia Zimmerman, proprietária e administradora do café, o qual foi inaugurado há cerca de um mês. O Café do Campo funciona de sexta a domingo, das 16h às 22h e o preço é de R$ 15 por pessoa. É possível, ainda, levar para casa pães (R$ 5 a unidade), bolos (R$ 15 o quilo) e bolachas (R$ 20 o quilo).

casa de chocolate e restaurante tropeiro fecharam

Proprietários dizem que poder público não investe na divulgação turística, o que prejudica o comércio

São Luiz do Purunã teria potencial para ser uma região de turismo gastronômico como Gramado, no Rio Grande do Sul, mas não é. Segundo comerciantes, o progresso não ocorre graças à falta de incentivo político. “São Luiz do Purunã poderia ser a segunda Gramado, porque é frio, e tem atrações turísticas. Mas a política daqui não ajuda”, conta Elisa*, comerciante local. O problema da falta de incentivo não é só dificultar o progresso, mas, principalmente, fazer com que os estabelecimentos existentes fechem as portas. A Casa de Chocolate e o Restaurante Tropeiro, por exemplo, fecharam suas portas. Além desses locais, o Café Colonial e o Restaurante da Vila - uma espécie de restaurante-escola, em que alunos de gastronomia colocavam em prática o que aprendiam em

sala - também não conseguiram permanecer funcionando. Um dos motivos que levou Luciana Godoy, ex-proprietária dos dois estabelecimentos a colocá-los à venda foi o fato de o movimento ser bastante oscilante. Jefferson Fonseca, antigo chef do Restaurante da Vila, tentou obter incentivo com o prefeito da região, mas não conseguiu. “Por isso não continuamos com o projeto de restaurante-escola. Se os governantes não querem investir, quem sou eu para apostar alto?”, declara. O administrador do Restaurante Panela Velha (situado em uma pousada), Casto José Pereira, conta que não há placas indicando caminhos para o distrito e que não há divulgação informando aos turistas sobre os estabelecimentos da região, o que prejudica o comércio local.

Amanda Scandelari

Além das pousadas aconchegantes e das belas paisagens, São Luiz do Purunã cativa turistas pela gastronomia diversificada que possui. Servida nos restaurantes das pousadas, a costela fogo de chão atrai os amantes do cardápio tropeiro, que inclui carreteiro, galinha caipira, feijoada e torresmo. Para os paladares mais exigentes, a região oferece comida vegetariana orgânica e, para aqueles que preferem se reunir com os amigos e familiares, é possível saborear as pizzas e os cafés coloniais que o distrito oferece. Os preparativos para a costela de chão começam cedo no Restaurante Panela Velha, situado na Pousada Parque São Luiz do Purunã. “A partir das 6h da manhã, o terreno que a costela será preparada é organizado e a carne só fica pronta por volta das 13h”, afirma Casto José Pereira, dono e administrador da pousada. Este tipo de programa acontece há mais de dez anos no local, no segundo domingo de cada mês e o valor é de R$ 33 por pessoa, para almoçar e passar o dia na pousada. Nos demais fins de semana, o restaurante serve as outras variedades da comida tropeira, além de café colonial, com pães, bolos e tortas, e comidas mais leves, como o peixe que os próprios hóspedes pescam na pousada. Com uma proposta diferenciada, o SPA Varshana possui um restaurante criado para aqueles que preferem uma alimentação mais saudável. De acordo com a proprietária e administradora do SPA, Angela Dias, a comida vegetariana orgânica que o restaurante oferece tem um toque diferente dos que também investem nesse tipo de culinária. O cardápio do local é baseado não somente em saladas e grãos, mas em pratos que as pessoas normalmente comem. “Pratos como strogonoff e quibe são feitos com carne de soja e agradam muito os hóspedes, até mesmo aqueles que não são vegetarianos”, declara Angela. O restaurante do SPA funciona aos sábados e domingos e o preço é

Gabriela Rodrigues

Cardápio varia de café colonial feito com produtos caseiros à costela fogo de chão e atrai turistas ao distrito

Café do Campo

Café Colonial em São Luiz do Purunã à venda por falta de clientes

Quanto a isso, o secretário municipal de Turismo de Balsa Nova, Itaboraí Cordeiro, afirma que já foram feitos banners e panfletos para serem distribuídos em Curitiba e nas regiões próximas a Balsa Nova, só que isso não surtiu efeito. Também explica sobre

as ajudas financeiras do governo que, segundo ele, paga 50% dos custos totais se os comerciantes quiserem fazer algum tipo de publicidade. * Os nomes foram modificados. Amanda Scandelari


cultura

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Curitiba, maio de 2011

RODEIO ERA CONHECIDO NACIONAL E INTERNACIONALMENTE

CTG fechado marca fim de rodeio O último rodeio realizado no distrito de São Luiz do Purunã aconteceu há oito anos. Era organizado pelo Centro de Tradições Gaúchas, o CTG, que deixou de fazer parte da prefeitura. O rodeio movimentava a economia do distrito, atraindo pessoas de Curitiba e região, além de todo o Brasil e até de outros países, como Uruguai, Paraguai e Argentina. Moradores, que não quiseram se identificar, disseram que o fim do rodeio foi causado devido ao descaso e à falta de incentivo do governo, e também pela ocorrência de delitos, desde pequenos assaltos até grandes roubos, como o dos transformadores e da fiação do CTG. No ano de 2007, o CTG de Curitiba organizou um rodeio em São Luiz, apenas para os representantes e participantes dos CTGs paranaenses. Segundo o engenheiro florestal e dono de

uma pousada no distrito, Ralf Andreas, de 48 anos, essa edição foi muito bem organizada, não sendo divulgada aos cidadãos, para que não houvesse tumulto e bagunça. Pouco tempo depois, o local dos encontros foi fechado e agora se encontra em estado de calamidade. Em 2009 cogitou-se transformar o lugar num espaço para realizar feiras, exposições ou leilões. Além do fim do rodeio ter causado desvantagens no âmbito econômico do distrito, tornou ainda mais restritas as possibilidades de entretenimento aos moradores, principalmente aos jovens. A professora Priscila Dorneles, de 23 anos, conta que quem quer se divertir precisa ir a Campo Largo ou Curitiba: “Aqui não tem nada para a nossa diversão”, completa. As desvantagens são expressivas, mas também existem as vantagens. Segundo Andreas,

Fotos: Gustavo Magalhães

Falta de incentivo, roubos e desordens são os principais motivos para o fim das festividades no distrito

CTG continua com portões fechados e com sinais claros de abandono

a maioria dos moradores lamenta o fim do evento. Ele, inclusive, comenta que o número de visitantes à sua pousada diminuiu drasticamente. No entanto, tem a visão positiva: “Há alguns anos já tinha parado de ser algo bom para a cidade, pois as pessoas que

estavam vindo de fora só queriam saber de bagunças e depredações ao distrito. Muito barulho e bebedeira exagerada pela cidade”, afirma.

Ana Luísa Bussular Rhaíssa Silva

COM DIVERSAS CACHOEIRAS, CALMO E TRANQUILO SAO LUIZ FAZ HISTÓRIA

Sem explicação concreta para a origem do nome São Luiz, moradores contam histórias do distrito

O lugarejo tem aproximadamente 11.250 habitantes. Seu patrono é São João Batista e ainda procurase uma explicação para o nome do distrito. Sabe-se apenas que “Purunã” vem do guarani e quer dizer “acesso difícil”, referindose assim, à serra de São Luiz do Purunã que é difícil de subir. O distrito tem um cânion que corre por trás de São Luiz e pela história contada no local, era onde os caigangues moravam. Além disso, um dos morros que existe no distrito tem o formato de um seio, que talvez significasse, para eles, uma amamentação de água. A segunda igreja mais antiga do Paraná fica no distrito, chamada “Capela do Tamanduá” e é tombada como patrimônio histórico. São Luiz ia até Ponta Grossa, começando seu povoamento com duas fazendas. Um morador, que não quis se identificar comentou “um dia isso aqui já

teve o mesmo tamanho de Curitiba”. Contou ainda que com a ocupação, os índios foram sendo escravizados. As artesãs Irani Savi, de 62 anos, e Alair Paoline, de 66, contam que todos os sábados, a comunidade se junta na casa de algum morador para comer pizza. Comentaram também da beleza das dezenas de cachoeiras que o lugar tem, e que todo segundo domingo do mês, tem a famosa costela no chão, realizada não só para moradores como também para turistas. O aposentado e um dos mais velhos moradores do lugar, Miguel Freitas, 81 anos, diz que é muito bom de morar. Ele comenta que o distrito cresceu muito desde que chegou, em 1945: “Não tenho reclamação, é um lugar bom, tem estradas e postos de saúde”, completa Freitas. A funcionária pública de 46 anos, Marilia Dorneles, nasceu no distrito e conta que adora morar

Cavalos são preparados para as famosas cavalgadas nas pousadas

no local. “É calmo, não tem assaltos, e é bom para descansar”, diz. Mora em uma casa com um quintal grande e perto do campo de areia, onde os meninos do distrito jogam bola aos finais de semana. Quando se trata de tradição, São Luiz vem com tudo. Todo mês são realizadas as famosas cavalgadas, que juntam desde os

moradores mais velhos do local, até os turistas. Esses podem alugar cavalos, mas a maioria já possui um, que fica guardado nas baías e é cuidado por um funcionário da pousada. Os moradores do lugarejo dizem que é um sucesso e que muita gente vem de fora só para aproveitar o passeio. (AB, NS, RS)

Sobre Tropeirismo • O tropeirismo teve bastante significado na fundação e no crescimento de algumas cidades paranaenses, tais como; Lapa, Campo do Tenente, Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva, Tibagi, Palmeira, Porto Amazonas, Carambeí, Telêmaco Borba, Arapoti, Campo Largo, Balsa Nova e São Luiz do Purunã. • A rota dos tropeiros era um importante corredor por onde circulavam grupos levando produtos a serem comercializados, gerando progresso à locais distantes. Esse curso se iniciava em Rio Negro, município divisa com Santa Catarina, e vai até Sengés, fronteira com São Paulo. • O tropeirismo durou do começo do século XVIII até o ano de 1930, quando acabou o fim do ciclo. • A cultura de um povo se encontra em seu passado. É a partir disso que descobrimos o formato de vida, de maneiras de se relacionar e de hábitos alimentares dos nossos antepassados. Isto é relevante no tropeirismo, que passavam pela região paranaense deixando seus hábitos aparentes até os dias atuais. • Na rota dos tropeiros é possível encontrar, em determinadas datas, festas populares, ricas em tradição como em Ponta Grossa com a “Munchefest” que acontece no mês de novembro, a Festa de São Benedito da Lapa em dezembro e o carnaval de Tibagi.

Náthalie Sikorski


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cultura

Curitiba, maio de 2011

TODO HOMEM DEVE TER UM FILHO, ESCREVER UM LIVRO E PLANTAR UMA ÁRVORE. ASSIM NASCE O BOSQUE DOS ESCRITORES

Pousada inventa Bosque dos Escritores Escritores paranaenses conhecidos são convidados, anualmente, para plantar uma muda no dia dedicado à árvore

Baseado no provérbio chinês, de que todo homem para se realizar deve ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore, Casto José Pereira decidiu criar o Bosque dos Escritores. Dono da Pousada Parque São Luiz do Purunã, na Rodovia do Café, a 46 km de Curitiba, ele tomou essa iniciativa por conta própria. É nesse espaço que vários escritores paranaenses são convidados anualmente para plantar uma “muda” no dia da árvore. “A maioria dos escritores já teve um filho, só lhe falta plantar uma árvore, então eu lhes proporciono essa experiência única que é a de ver planta crescer”, afirma Casto. Antes de se tornar Bosque dos Escritores, a área chamava-se Recanto das Araucárias, árvore símbolo do Paraná. Foi olhando para esse espaço que a idéia

surgiu no começo de 2009. Mas só foi implantada em 16 de setembro, cinco dias antes do dia da árvore do mesmo ano. Casto teve como principal colaborador

Para autores só falta plantar uma árvore Dante Mendonça, amigo que conseguiu entrar em contato com os mais importantes escritores contemporâneos. Escritores paranaenses muito influentes como Cristovão Tezza,

Francisco Camargo, Domingos Pelegrini, Thiago Recchia e José Veiga Lopes têm a sua árvore plantada no bosque. Cada árvore tem uma placa indicando o nome de seu cultivador. O encontro que acontece há dois anos já reuniu diversos escritores que fazem questão de voltar todo ano para ver como está sua planta. Com aproximadamente 450 árvores em dois hectares de área, o Bosque dos Escritores é repleto de frases de Helena Kolody, escritora paranaense que Casto sente por não ter tido a oportunidade de convidá-la ao bosque. Ele explica “essas placas caem muito bem com o ambiente, e suas frases inspiram quem vem passear por aqui”.

Vida e arte no Primeiro Planalto Natural de Curitiba e autor de obras sobre a história do Paraná, o ex-presidente da Academia Paranaense de Letras era um dos incentivadores da criação do Bosque dos Escritores. José Carlos Veiga Lopes, falecido em 3 de outubro de 2010 aos 71 anos, foi um escritor e é atual referência para São Luiz do Purunã. Engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Paraná, pecuarista, historiador, era também vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Eternizou seu nome plantando uma árvore na Pousada Parque. Escreveu mais de 10 obras, dentre elas os contos regionalistas dos Campos Gerais reunidos em “Sapecada” e o estudo histórico “Origens do Povoamento de Ponta Grossa”. O autor também foi incentivador da arte. Era proprietário do Museu de Arte Popular Brasileira, localizado em sua antiga Fazenda Butuquara, próxima a São Luiz do Purunã e uma das mais antigas do sul do Brasil. Atualmente aberto a visitação, o museu expõe aproximadamente 2.000 peças de todas as regiões do Brasil, colecionadas desde 1955 pelo escritor.

Beatriz Zanelatto Helena Salgado

GRUPO DE AMIGOS SE REÚNE, SEMANALMENTE, COM A FINALIDADE DE CONSERVAR O ARTESANATO DO DISTRITO A “Casa do Artesanato”, localizada no distrito de São Luiz do Purunã, existe há seis anos. Sua manutenção só acontece graças à ajuda de amigos e parentes de Erani Garret Savi, dona do terreno. Ela conta que ganhou tinta, conjunto de banheiro, tear, geladeira, fogão, máquinas de costura e até fiação de luz. “São os amigos que mantêm em pé a casa”, afirma. A Casa tem 15 associadas, que se reúnem toda terça-feira, para fazer vários tipos de tricô, bordado, tear e trabalho com miçangas. O grupo é aberto e pode ser integrado por qualquer pessoa que queira ajudar na conservação da cultura de São Luiz. Antes da criação desse espaço, as associadas, dispunham de uma sala na “Casa de Cultura” do distrito, pertencente à prefeitura de Balsa Nova. Neste local, atendiam à terceira idade, realizavam passeios aos bosques,

Helena Salgado

Casa de artesanato é sustentada pela população local

Espaço onde acontecem encontros para a produção de artesanato

cavalgadas, viagens e reuniões. Porém, foram obrigadas a se retirar, pois a casa viria a fechar. Foi daí que surgiu a idéia de criar um ambiente, também cultural, mas com iniciativa privada. Erani Garret disse que se sentia “como se fosse um nada” na Casa de Cultura, pela tamanha desvalorização do seu tra-

balho. “Eu pensei: vou embora, pegar minhas coisas e deixar livre pra quem quiser. E foi isso que eu fiz. Acabou. Eu nunca ganhei um centavo e nem um obrigada eu recebi”, afirmou. Mesmo sem apoio das autoridades locais e tendo que “sobreviver à duras penas”, segundo Erani, a “Casa do Artesanato” já teve parceiros

como o Senai e a Petrobras. O Senai ofereceu cursos para o aperfeiçoamento da técnica. A Petrobras, atualmente, segue a mesma linha dando cursos e organizando feiras. O apoio da Petrobras, entretanto, só existe pelo acidente ambiental ocorrido no Rio Iguaçu, em 2000, quando suas águas foram contaminadas com óleo. A partir daí a empresa criou a “Casa Petrobras”, na região, a qual serviu por muito tempo para abrigar os técnicos que cuidavam do rio e tentavam superar o ocorrido. Logo que a descontaminação foi concluída, o espaço foi cedido à comunidade. Este local concedido pela empresa é utilizado pela associação, que com a ajuda de uma funcionária paga pela Petrobras, realiza feiras e exposições do artesanato regional. Algumas feiras também são feitas em pousadas de São Luiz. A renda é revertida para a manutenção da

Casa e na compra de materiais para a fabricação dos produtos. Na hora da compra dos materiais, Erani é a única da equipe que possui cartão. Então ela é quem os adquire para depois todo o custo ser dividido entre os associados, assim como o lucro. A “Casa do Artesanato” além de já ter contado com o auxílio de empresas renomadas, também tem grandes figuras que ajudam na sua manutenção, como o ator Luís Melo e o estilista Jefferson Kulig, ambos paranaenses e com residências na região dos Campos Gerais. Melo faz questão de passar pela Casa e tomar um café com a Erani, sempre que está em São Luiz. “O Melo como amigo dá força, às vezes a gente quer desanimar e ele não deixa”, afirmou. Kulig foi mais presente na Casa no início. O estilista buscava ajudar dando dicas de bordado. Camila Castro


comportamento

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Curitiba, Maio de 2011

USUÁRIOS UTILIZAM CHÁCARA em SÃO LUIZ DO PURUNÃ PARA ACAMPAMENTO E USO DE ENTORPECENTES

Turistas vão à procura de chá de cogumelo Proprietária do local diz ter consciência do uso dos entorpecentes pelos visitantes, mas garante não ter envolvimento com o caso

Anna Tuttoilmondo Gustavo Austin

CURIOSIDADE

Embora hoje em dia o chá de cogumelo seja substituído por outros entorpecentes mais potentes, o uso desta droga já foi muito popular nas décadas de 60 e 70 entre os hippies. Antigamente era muito utilizado em rituais religiosos.

na visão da justiça

Cogumelos são ilícitos?

Heloisa Ferreira

uma forma bonita” e, segundo ele, foi possível ver um “gnomo”, figura eternizada em uma tatuagem que fez dois anos após esta experiência. Os visitantes ficaram acampados no local por um final de semana. Nesse período, ingeriram os cogumelos em forma de chá. Foi a primeira vez que Fernando* teve contato com os alucinógenos e depois já voltou ao local mais de cinco vezes, com a mesma finalidade. Para ele, o cogumelo não deve ser considerado droga, pois, “o que vem da natureza, só pode ser para o bem, e principalmente para fazer esta conexão do homem com o que o rodeia”, explicou. *Os nomes foram modificados.

os efeitos de 15 a 45 minutos e como outros tipos de alucinógenos, a reação vai depender de pessoa para pessoa. Alguns destes efeitos são o aumento da pulsação, dilatação das pupilas, alteração na visão e espaço. Após a segunda hora os efeitos ficam mais fortes e a pessoa passa a sofrer de sinestesia (começam a ver sons e escutar imagens) que seria a confusão dos sentidos e do sistema nervoso. Normalmente os efeitos passam depois de oito horas. Se o usuário do chá já tem algum problema psicológico manifestado ou não, pode haver depressão e ansiedade. Os danos permanentes causados pelo chá podem precipitar transtornos nas pessoas que sofrem de esquizofrenia, podendo não voltar ao seu estado normal. Ocorre a destruição de neurônios cuja recomposição é mínima. Pode haver também uma lesão no centro respiratório do usuário que pode levá-lo à morte.

O que define se ações com determinadas substâncias são consideradas crime, é se as mesmas estão relacionadas na lista de entorpecentes da Anvisa. É o caso dos cogumelos em São Luiz do Purunã. O fungo utilizado possui a psilocibina e psilocina, substâncias que constam na listagem da Anvisa. Se um indivíduo for pego portando uma delas na formas extraída, ira ser condenado por tráfico de drogas. Quando o uso dos cogumelos são analisados com base nas leis do código penal, as praticas com esses entorpecentes podem ser julgadas de formas diferentes, levando em conta fatores como a possibilidade de que outras leis podem ser infringidas, devido a alucinação causada pela ingestão do chá. O advogado Carlos Augusto Weber, que analisou o caso que ocorre na chácara, diz que os usuários podem criar problemas com a lei mesmo que o consumo do chá e do cogumelo na forma natural não seja considerado crime. A dona do local, que cobra uma taxa para conhecer a cachoeira, principal atrativo da chácara, esta ciente do uso que os visitantes fazem em sua propriedade. Segundo Carlos, em caso de flagrante a proprietária terá que responder na justiça por estar gerando lucro com o entorpecente.

João Paulo Teles

Heloisa Ferreira

Cogumelo alucinógeno encontrado em São Luiz do Purunã

O CHÁ É um potente ALUCINÓGENO QUE DURA ATÉ OITO HORAS

Consumir chá de cogumelo é arriscado

No Brasil existem pelo menos duas espécies de cogumelos alucinógenos: um deles é o Psilocybe cubensis e o outro é espécie do gênero Paneoulus. Existe um composto químico nesses cogumelos conhecido como psilocibina que é um derivado da triptamina. A triptamina origina várias outras substâncias, todas dotadas de atividade alucinogênica. Todas as substancias da família da psilocibina têm estas propriedades. Esses tipos de cogumelos têm como lugares de origem pastos abertos, principalmente nos espaços com esterco bovino e também em solos argilosos, ou seja, por ser um fungo, o cogumelo não faz fotossíntese então para crescer necessita estar próximo a algo que esteja apodrecendo. Por isso os jovens sempre vão em busca de regiões rurais para encontrar o Psilocybe cubensis. Nelson Venâncio Filho, 44 anos, é investigador da Policia Civil e trabalha na Divisão Estadual de Narcóticos e no setor do CAPE (Centro Antitóxicos de

João Paulo Teles

São Luiz do Purunã é destino para turistas que gostam de natureza e tranqüilidade, e encantam-se com suas belezas naturais e diversas chácaras. No entanto, o distrito também é destino para aqueles que procuram por outro tipo de atividade, não tão lícita, como o consumo de cogumelos alucinógenos. Usuários escolhem chácaras da região onde acontecem encontros para pessoas que querem passar o dia à procura de cogumelos. Um dos locais escolhidos, é propriedade de uma família que afirma não ter envolvimento com o uso dos entorpecentes, e tem como atrativo uma cachoeira, que sempre foi ponto turístico da região. Antigamente, era um lugar simples tendo apenas a casa da família e o pasto para pecuária. Entretanto, sendo um local aberto, era constantemente invadido por pessoas que estavam atrás dos fungos, o que levou a família a cercar todo o terreno e cobrar taxas de entrada. Hoje em dia, a área contém churrasqueira, piscina e um amplo espaço para quem deseja reunir os amigos para um acampamento, ou simplesmente passar o dia. Todo fim de semana e feriados grupos de jovens vão ao local para acampar e procurar por cogumelos no terreno. Maria*, dona da chácara, diz que as pessoas vão até o local com instrumentos para a preparação do chá, além de passarem horas a procura dos cogumelos por todo o terreno. Fernando*, 21 anos, um dos que procuram a cachoeira para o uso dos entorpecentes, relatou que ter provado o chá pela primeira vez aos 17 anos em São Luiz do Purunã, na cachoeira, na época com um grupo de cinco amigos. Um deles já havia tomado o chá e tinha certo conhecimento, o que facilitou o processo. A experiência, segundo ele, foi única e inexplicável. Não se pode apontar o efeito real dos cogumelos, pois cada um que estava com ele no momento relatou uma “sensação” diferente. Fernando* ainda afirmou que teve alucinações. Ele via as coisas derretendo, mas “de

Dr. Nelson Venâncio Filho

Prevenção e Educação) que visa educar e prevenir os jovens de comunidades, escolas e universidades sobre o uso das drogas através de palestras. Formado em Fisioterapia e pós-graduando em saúde mental e dependência química, ele conta sobre os efeitos do uso do chá de cogumelo e quais as consequências trazidas por esse tipo de alucinógeno. Os cogumelos trazem efeitos para quem os usa através de chá ou então do próprio cogumelo moído. A pessoa começa a sentir


geral

Curitiba, maio de 2011

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saiba como chegar à cidade da região metropolitana de curitiba

São Luiz do Purunã: Mapas e Dados Gerais

Crédito da Foto

Distâncias Rodoviárias, Relevo, Altitude e Temperaturas Médias Anuais de um recanto interiorano nos arredores da capital paranaense


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