CELEBRAÇÃO QUARESMAL 2022

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- Centro Comunitário do Monte Pedral – CELEBRAÇÃO QUARESMAL| 14 DE ABRIL DE 2022


Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2022 «Não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos» ( Gal 6, 9-10a).

Queridos irmãos e irmãs!

A Quaresma é um tempo favorável de renovação pessoal e comunitária que nos conduz à Páscoa de Jesus Cristo morto e ressuscitado. Aproveitemos o caminho quaresmal de 2022 para refletir sobre a exortação de São Paulo aos Gálatas: «Não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo ( kairós), pratiquemos o bem para com todos» (Gal 6, 9-10a). 1. Sementeira e colheita Neste trecho, o Apóstolo evoca a sementeira e a colheita, uma imagem que Jesus muito prezava (cf. Mt 13). São Paulo fala-nos dum kairós: um tempo propício para semear o bem tendo em vista uma colheita. Qual poderá ser para nós este tempo favorável? Certamente é a Quaresma, mas é-o também a nossa inteira existência terrena, de que a Quaresma constitui de certa forma uma imagem [1]. Muitas vezes, na nossa vida, prevalecem a ganância e a soberba, o anseio de possuir, acumular e consumir, como se vê no homem insensato da parábola evangélica, que considerava assegurada e feliz a sua vida pela grande colheita acumulada nos seus celeiros (cf. Lc 12, 16-21). A Quaresma convidanos à conversão, a mudar mentalidade, de tal modo que a vida encontre a sua verdade e beleza menos no possuir do que no doar, menos no acumular do que no semear o bem e partilhá-lo. O primeiro agricultor é o próprio Deus, que generosamente «continua a espalhar sementes de bem na humanidade» (Enc. Fratelli tutti, 54). Durante a Quaresma, somos chamados a responder ao dom de Deus, acolhendo a sua Palavra «viva e eficaz» (Heb 4, 12). A escuta assídua da Palavra de Deus faz maturar uma pronta docilidade à sua ação (cf. Tg 1, 19.21), que torna fecunda a nossa vida. E se isto já é motivo para nos alegrarmos, maior motivo ainda nos vem da chamada para sermos «cooperadores de Deus» ( 1 Cor 3, 9), aproveitando o tempo presente (cf. Ef 5, 16) para semearmos, também nós, praticando o bem. Esta chamada para semear o bem deve ser vista, não como um peso, mas como uma graça pela qual o Criador nos quer ativamente unidos à sua fecunda magnanimidade. E a colheita? Porventura não se faz toda a sementeira a pensar na colheita? Certamente; o laço estreito entre a sementeira e a colheita é reafirmado pelo próprio São Paulo, quando escreve: «Quem pouco semeia, também pouco há de colher; mas quem semeia com generosidade, com generosidade também colherá» (2 Cor 9, 6). Mas de que colheita se trata? Um primeiro fruto do bem semeado, temo-lo em nós mesmos e nas nossas relações diárias, incluindo os gestos mais insignificantes de bondade. Em Deus, nenhum ato de amor, por mais pequeno que seja, e nenhuma das nossas «generosas fadigas» se perde

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(cf. Exort. Evangelii gaudium, 279). Tal como a árvore se reconhece pelos frutos (cf. Mt 7, 16.20), assim também a vida repleta de obras boas é luminosa (cf. Mt 5, 14-16) e difunde pelo mundo o perfume de Cristo (cf. 2 Cor 2, 15). Servir a Deus, livres do pecado, faz maturar frutos de santificação para a salvação de todos (cf. Rm 6, 22). Na realidade, só nos é concedido ver uma pequena parte do fruto daquilo que semeamos, pois, segundo o dito evangélico, «um é o que semeia e outro o que ceifa» (Jo 4, 37). É precisamente semeando para o bem do próximo que participamos na magnanimidade de Deus: constitui «grande nobreza ser capaz de desencadear processos cujos frutos serão colhidos por outros, com a esperança colocada na força secreta do bem que se semeia» (Enc. Fratelli tutti, 196). Semear o bem para os outros liberta-nos das lógicas mesquinhas do lucro pessoal e confere à nossa atividade a respiração ampla da gratuidade, inserindo-nos no horizonte maravilhoso dos desígnios benfazejos de Deus. A Palavra de Deus alarga e eleva ainda mais a nossa perspetiva, anunciandonos que a colheita mais autêntica é a escatológica, a do último dia, do dia sem ocaso. O fruto perfeito da nossa vida e das nossas ações é o «fruto em ordem à vida eterna» (Jo 4, 36), que será o nosso «tesouro no céu» ( Lc 18, 22; cf. 12, 33). O próprio Jesus, para exprimir o mistério da sua morte e ressurreição, usa a imagem da semente que morre na terra e frutifica (cf. Jo 12, 24); e São Paulo retoma-a para falar da ressurreição do nosso corpo: «semeado corrutível, o corpo é ressuscitado incorrutível; semeado na desonra, é ressuscitado na glória; semeado na fraqueza, é ressuscitado cheio de força; semeado corpo terreno, é ressuscitado corpo espiritual» (1 Cor 15, 42-44). Esta esperança é a grande luz que Cristo ressuscitado traz ao mundo: «Se nós temos esperança em Cristo apenas para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram» (1 Cor 15, 19-20), para que quantos estiverem intimamente unidos a Ele no amor, «por uma morte idêntica à Sua» (Rm 6, 5), também estejam unidos à sua ressurreição para a vida eterna (cf. Jo 5, 29): «então os justos resplandecerão como o sol, no reino do seu Pai» (Mt 13, 43). 2. «Não nos cansemos de fazer o bem» A ressurreição de Cristo anima as esperanças terrenas com a «grande esperança» da vida eterna e introduz, já no tempo presente, o germe da salvação (cf. Bento XVI, Spe salvi, 3; 7). Perante a amarga desilusão por tantos sonhos desfeitos, a inquietação com os desafios a enfrentar, o desconsolo pela pobreza de meios à disposição, a tentação é fechar-se num egoísmo individualista e, à vista dos sofrimentos alheios, refugiar-se na indiferença. Com efeito, mesmo os recursos melhores conhecem limitações: «Até os adolescentes se cansam, se fatigam, e os jovens tropeçam e vacilam» ( Is 40, 30). Deus, porém, «dá forças ao cansado e enche de vigor o fraco. (…) Aqueles que confiam no Senhor, renovam as suas forças. Têm asas como a águia, correm sem se cansar, marcham sem desfalecer» ( Is 40, 29.31). A Quaresma chamanos a repor a nossa fé e esperança no Senhor (cf. 1 Ped 1, 21), pois só com o

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olhar fixo em Jesus Cristo ressuscitado (cf. Heb 12, 2) é que podemos acolher a exortação do Apóstolo: «Não nos cansemos de fazer o bem» (Gal 6, 9). Não nos cansemos de rezar. Jesus ensinou que é necessário «orar sempre, sem desfalecer» ( Lc 18, 1). Precisamos de rezar, porque necessitamos de Deus. A ilusão de nos bastar a nós mesmos é perigosa. Se a pandemia nos fez sentir de perto a nossa fragilidade pessoal e social, permita-nos esta Quaresma experimentar o conforto da fé em Deus, sem a qual não poderemos subsistir (cf. Is 7, 9). No meio das tempestades da história, encontramo-nos todos no mesmo barco, pelo que ninguém se salva sozinho [2]; mas sobretudo ninguém se salva sem Deus, porque só o mistério pascal de Jesus Cristo nos dá a vitória sobre as vagas tenebrosas da morte. A fé não nos preserva das tribulações da vida, mas permite atravessá-las unidos a Deus em Cristo, com a grande esperança que não desilude e cujo penhor é o amor que Deus derramou nos nossos corações por meio do Espírito Santo (cf. Rm 5, 1-5). Não nos cansemos de extirpar o mal da nossa vida . Possa o jejum corporal, a que nos chama a Quaresma, fortalecer o nosso espírito para o combate contra o pecado. Não nos cansemos de pedir perdão no sacramento da Penitência e Reconciliação, sabendo que Deus nunca Se cansa de perdoar [3]. Não nos cansemos de combater a concupiscência, fragilidade esta que inclina para o egoísmo e todo o mal, encontrando no decurso dos séculos vias diferentes para fazer precipitar o homem no pecado (cf. Enc. Fratelli tutti, 166). Uma destas vias é a dependência dos meios de comunicação digitais, que empobrece as relações humanas. A Quaresma é tempo propício para contrastar estas ciladas, cultivando ao contrário uma comunicação humana mais integral (cf. ibid., 43), feita de «encontros reais» ( ibid., 50), face a face.

Não nos cansemos de fazer o bem, através duma operosa caridade para com o próximo. Durante esta Quaresma, exercitemo-nos na prática da esmola, dando com alegria (cf. 2 Cor 9, 7). Deus, «que dá a semente ao semeador e o pão em alimento» (2 Cor 9, 10), provê a cada um de nós os recursos necessários para

nos nutrirmos e ainda para sermos generosos na prática do bem para com os outros. Se é verdade que toda a nossa vida é tempo para semear o bem, aproveitemos de modo particular esta Quaresma para cuidar de quem está próximo de nós, para nos aproximarmos dos irmãos e irmãs que se encontram feridos na margem da estrada da vida (cf. Lc 10, 25-37). A Quaresma é tempo propício para procurar, e não evitar, quem passa necessidade; para chamar, e não ignorar, quem deseja atenção e uma boa palavra; para visitar, e não abandonar, quem sofre a solidão. Acolhamos o apelo a praticar o bem para com todos, reservando tempo para amar os mais pequenos e indefesos, os abandonados e desprezados, os discriminados e marginalizados (cf. Enc. Fratelli tutti, 193). 3. «A seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido» Cada ano, a Quaresma vem recordar-nos que «o bem, como aliás o amor, a justiça e a solidariedade não se alcançam duma vez para sempre; hão de ser conquistados cada dia» (ibid., 11). Por conseguinte peçamos a Deus a

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constância paciente do agricultor (cf. Tg 5, 7), para não desistir na prática do bem, um passo de cada vez. Quem cai, estenda a mão ao Pai que nos levanta sempre. Quem se extraviou, enganado pelas seduções do maligno, não demore a voltar para Deus, que «é generoso em perdoar» ( Is 55, 7). Neste tempo de conversão, buscando apoio na graça divina e na comunhão da Igreja, não nos cansemos de semear o bem. O jejum prepara o terreno, a oração rega, a caridade fecunda-o. Na fé, temos a certeza de que «a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido», e obteremos, com o dom da perseverança, os bens prometidos (cf. Heb 10, 36) para salvação nossa e do próximo (cf. 1 Tm 4, 16). Praticando o amor fraterno para com todos, estamos unidos a Cristo, que deu a sua vida por nós (cf. 2 Cor 5, 14-15), e saboreamos desde já a alegria do Reino dos Céus, quando Deus for «tudo em todos» (1 Cor 15, 28). A Virgem Maria, em cujo ventre germinou o Salvador e que guardava todas as coisas «ponderando-as no seu coração» (Lc 2, 19), obtenha-nos o dom da paciência e acompanhe-nos com a sua presença materna, para que este tempo de conversão dê frutos de salvação eterna.

Roma, em São João de Latrão, na Memória litúrgica do bispo São Martinho, 11 de novembro de 2021.

Francisco

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Saudação C. Em nome + do Pai, do Filho e do Espírito Santo. T. Amém. C. Ó Deus, foi por nós que o Cristo, vosso Filho, derramando o seu sangue, instituiu o mistério da Páscoa. Lembrai-vos sempre das vossas misericórdias, e santificai-nos pela vossa constante proteção. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amém. Liturgia da Palavra Evangelho C. O Senhor esteja convosco. T. Ele está no meio de nós. C. Paixão de Jesus Cristo + segundo São João T. Glória a vós, Senhor. N. Naquele tempo, Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cédron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos. Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos. Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus, que chegaram ali com lanternas, tochas e armas. Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse: C. “A quem procurais?” N. Responderam: T. “A Jesus, o Nazareno”. N. Ele disse: C. “Sou eu”. 6


N. Judas, o traidor, estava junto com eles. Quando Jesus disse: “Sou eu”, eles recuaram e caíram por terra. De novo lhes perguntou: C. “A quem procurais?” N. Eles responderam: T. “A Jesus, o Nazareno”. N. Jesus respondeu: C. “Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem”. N. Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito: C. “Não perdi nenhum daqueles que me confiaste”. N. Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. Então Jesus disse a Pedro: C. “Guarda a tua espada na bainha. Não terei eu de beber o cálice que o Pai me deu?” N. Os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e amarraram-no e levaram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote naquele ano. Foi Caifás que deu aos judeus o conselho de que “Era preferível que um só morra pelo povo”. Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio do Sumo Sacerdote. Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do Sumo Sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. A criada que guardava a porta disse a Pedro: T. “Não pertences também tu aos discípulos desse homem?” N. Pedro respondeu: T. “Não”. 7


N. Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e para se aquecerem, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, a aquecer-se também. Entretanto, o Sumo Sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e dos seus ensinamentos. Jesus respondeu-lhe: C. “Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no Templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse”. N. Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo: T. “É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?” N. Respondeu-lhe Jesus: C. “Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?” N. Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o Sumo Sacerdote. Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe: T. “Não és tu, também, um dos discípulos dele?” N. Pedro negou: T. “Não!” N. Então um dos empregados do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse: T. “Será que não te vi no jardim com ele?” N. Pedro negou. E na mesma hora, o galo cantou. De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a Páscoa. Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse: T. “Que acusação apresentais contra este homem?” N. Eles responderam: 8


T. “Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregado a ti!” N. Pilatos disse: T. “Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei”. N. Os judeus responderam: T. “Nós não podemos condenar ninguém à morte”. N. Assim se realizava o que Jesus tinha dito, explicando de que morte havia de morrer. Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: T. “Tu és o rei dos judeus?” N. Jesus respondeu: C. “Dizes isso por ti mesmo ou foram outros que te disseram isso de mim?” N. Pilatos voltou a perguntar: T. “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que te entregaram. O que fizeste?”. T. Jesus respondeu: C. “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. N. Pilatos disse a Jesus: T. “Então, tu és rei?” N. Jesus respondeu: C. “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. N. Pilatos disse a Jesus: T. “O que é a verdade?” N. Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus, e disse-lhes: 9


T. “Eu não encontro nenhuma culpa neste homem. Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos Judeus?” N. Então, começaram a gritar de novo: T. “Esse não, mas Barrabás!” N. Barrabás era um bandido. Então Pilatos mandou flagelar Jesus. Os soldados teceram uma coroa de espinhos e colocaram-na na cabeça de Jesus. Vestiramno com um manto vermelho, aproximavam-se dele e diziam: T. “Salvé o rei dos judeus!” N. E davam-lhe bofetadas e insultavam-no. Pilatos saiu de novo e disse aos judeus: T. “Aqui está o homem diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum”. N. Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho e Pilatos disse-lhes: T. “Eis o homem!” N. Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar: T. “Á morte! Crucifica-o! Crucifica-o!” N. Pilatos respondeu: T. “Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum”. N. Os judeus responderam: T. Nós temos uma Lei, e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus”. N. Ao ouvir estas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus: T. “De onde és tu?” N. Mas desta vez Jesus ficou calado e nada respondeu. Então Pilatos disse: 10


T. “Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?” N. Jesus respondeu: C. “Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior”. N. Pilatos ficou pensativo nessas palavras e procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam: T. “Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César”. N. Ouvindo essas palavras, Pilatos levou Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado “Lagedo” que, em hebraico, se diz Gábatá”. Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus: T. “Eis o vosso rei!” N. Eles, porém, gritavam: T. “Fora! Fora! Crucifica-o!” N. Pilatos insistia: T. “Hei de crucificar o vosso rei?” N. Os sumos sacerdotes responderam: T. “Não temos outro rei senão César”. N. Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles levaram-no. Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado Calvário”, em hebraico “Gólgota”. Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio. Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito: “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus”. Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego. Os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: 11


T. “Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas sim que ele disse: ‘Eu sou o Rei dos judeus’”. N. Pilatos respondeu: T. “O que escrevi, está escrito”. N. Depois de crucificarem Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, numa peça única de alto abaixo. Disseram então entre si: T. “Não vamos dividir a túnica. Tiremos à sorte para ver de quem será”. N. Assim se cumpria a Escritura que diz: “Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sortes sobre a minha túnica”. Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: C. “Mulher, esse é o teu filho”. N. Depois disse ao discípulo: C. “Essa é a tua mãe”. N. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo. Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse: C. “Tenho sede”. N. Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaramna à boca de Jesus. Ele tomou o vinagre e disse: C. “Tudo está consumado”. N. E, inclinando a cabeça, morreu.

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N. Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro que foram crucificados com Jesus. Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas, mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo dela saiu sangue e água. Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. Isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos” e outra Escritura que diz: “Hão-de olhar para aquele que trespassaram”. Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus - mas às escondidas, por medo dos judeus - pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido de noite encontrar-se com Jesus. Trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar. No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. Por causa da preparação da Páscoa, e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus. C. Palavra da Salvação. T. Glória a vós, Senhor. 13


Momento de reflexão “Manta de farrapos” Quando no teu peito arder a revolta E um desprezo infinito pelos que te traíram Quando com língua perversa Fizerem da tua vida o assunto da conversa Por não seres mais do que és E por calcares aos pés A falsidade de que se alimentam Quando aqueles a quem chama irmãos De quem gostas, apunhalar-te pelas costas Quando vires sucumbir à tua beira Um a um os teus Sem lhes poderes acudir Quando a tua alma inteira For só cicatriz Que novo golpe fizer rebentar Quando não tiveres mais lágrimas para chorar Então, pega nos pedaços da tua alma em carne viva E do teu peito nu Faz com eles uma coberta de trapos E agasalha, na tua manta de farrapos Um, ainda, mais pobre do que tu! - Maria Teresa Santos

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Oração da Comunidade N. Oremos pela santa Igreja de Deus: que o Senhor nosso Deus lhe dê a paz e a unidade, que ele a proteja por toda a terra e nos conceda uma vida calma e tranquila, para sua própria glória. C. Deus eterno e todo-poderoso, que em Cristo revelastes a vossa glória a todos os povos, velai sobre a obra do vosso amor. Que a vossa Igreja, espalhada por todo o mundo, permaneça inabalável na fé e proclame sempre o vosso nome. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amém. N. Oremos pelo santo Padre, o Papa Francisco. O Senhor nosso Deus, que o escolheu para o Episcopado, o conserve são e salvo à frente da sua Igreja, governando o povo de Deus. C. Deus eterno e todo-poderoso, que dispusestes todas as coisas com sabedoria, dignai-vos escutar os nossos pedidos: protegei com amor o Pontífice que escolhestes, para que o povo cristão que governais por meio dele possa crescer na sua fé. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amém. N. Oremos pelo nosso Bispo Manuel, por todos os bispos, presbíteros e diáconos da Igreja e por todo o povo fiel. C. Deus eterno e todo-poderoso, que santificais e governais pelo vosso Espírito todo o corpo da Igreja, escutai as súplicas que vos dirigimos por todos os ministros do vosso povo. Fazei que cada um, pelo dom da vossa graça, vos sirva com fidelidade. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amém 15


N. Oremos pelos catecúmenos: que o Senhor nosso Deus abra os seus corações e as portas da misericórdia, para que, tendo recebido nas águas do batismo o perdão de todos os seus pecados, sejam incorporados no Cristo Jesus. C. Deus eterno e todo-poderoso, que por novos nascimentos tornais fecunda a vossa Igreja, aumentai a fé e o entendimento dos catecúmenos, para que, renascidos pelo batismo, sejam contados entre os vossos filhos adotivos. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amém. N. Oremos por todos os nossos irmãos e irmãs que creem no Cristo, para que o Senhor nosso Deus se digne reunir e conservar na unidade da sua Igreja todos os que vivem segundo a verdade. C. Deus eterno e todo-poderoso, que reunis o que está disperso e conservais o que está unido, velai sobre o rebanho do vosso Filho. Que a integridade da fé e os laços da caridade unam os que foram consagrados por um só batismo. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amém. N. Oremos pelos judeus, aos quais o Senhor nosso Deus falou em primeiro lugar, a fim de que cresçam na fidelidade de sua aliança e no amor do seu nome. C. Deus eterno e todo-poderoso, que fizestes vossas promessas a Abraão e seus descendentes, escutai as preces da vossa Igreja. Que o povo da primitiva aliança mereça alcançar a plenitude da vossa redenção. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amém. 16


N. Oremos pelos que não creem no Cristo, para que, iluminados pelo Espírito Santo, possam também ingressar no caminho da salvação. C. Deus eterno e todo-poderoso, dai aos que não creem no Cristo e caminham sob o vosso olhar com sinceridade de coração, chegar ao conhecimento da verdade. E fazei que sejamos no mundo testemunhas mais fiéis da vossa caridade, amando-nos melhor uns aos outros e participando com maior solicitude do mistério da vossa vida. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amém. N. Oremos pelos que não reconhecem a Deus, para que, buscando lealmente o que é reto, possam chegar ao Deus verdadeiro. C. Deus eterno e todo-poderoso, vós criastes todos os seres humanos e pusestes em seu coração o desejo de procurar-vos para que, tendo-vos encontrado, só em vós achassem repouso. Concedei que, entre as dificuldades deste mundo, discernindo os sinais da vossa bondade e vendo o testemunho das boas obras daqueles que creem em vós, tenham a alegria de proclamar que sois o único Deus verdadeiro e Pai de todos os seres humanos. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amém. N. Oremos por todos os governantes: que o nosso Deus e Senhor, segundo sua vontade, lhes dirija o espírito e o coração para que todos possam gozar de verdadeira paz e liberdade. C. Deus eterno e todo-poderoso, que tendes na mão o coração dos seres humanos e o direito dos povos, olhai com bondade aqueles que nos governam. Que por 17


vossa graça se consolidem por toda a terra a segurança e a paz, a prosperidade das nações e a liberdade religiosa. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amém. N. Oremos, irmãos e irmãs, a Deus Pai todo-poderoso, para que livre o mundo da guerra, de todo erro, expulse as doenças e afugente a fome, abra as prisões e liberte os cativos, vele pela segurança dos viajantes e transeuntes, repatrie os exilados, dê saúde aos doentes e a salvação aos que agonizam. C. Deus eterno e todo-poderoso, sois a consolação dos aflitos e a força dos que labutam. Cheguem até vós as preces dos que clamam em sua aflição, sejam quais forem os seus sofrimentos, para que se alegrem em suas provações com o socorro da vossa misericórdia. Por Cristo, nosso Senhor. T. Amém. Momento de Adoração da Cruz O Celebrante recebe a cruz coberta e, em três momentos sucessivos, descobre-a e apresenta-a para a adoração dos fiéis, repetindo a cada vez o convite cantado ou recitado.

C. Eis o madeiro da cruz, no qual esteve suspensa a salvação do mundo! T. Vinde adoremos! Terminado o canto, ajoelham-se e durante breve tempo adoram, em silêncio, a cruz. Terminado esse momento são colocadas duas velas acesas ladeando a cruz e, prossegue-se.

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C. Rezemos, com amor e confiança, a oração que o Jesus nos ensinou. T. Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém C. Rezemos a Maria, mãe de Jesus, que com o seu coração trespassado pela dor, suportou a paixão e a morte do seu filho. T. Avé Maria cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria, mãe de Deus rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Amém Oração Final C. Dê-mos graças a Deus por este momento de reflexão e oração comunitária e imploremos a Sua bênção para melhor viver a alegria das Festas Pascais. O Senhor esteja connosco. 19


T. Ele está no meio de nós. C. Abençoe-nos Deus todo-poderoso + Pai, Filho e Espírito Santo T. Amém. Todos fazem genuflexão à cruz e retiram-se em silêncio. A cruz com as velas acesas pode permanecer à adoração dos fiéis.

Caríssimos(as) Amigos(as) Em breve celebraremos, uma vez mais, a Páscoa. Páscoa tem origem na palavra latina Pascha, que deriva do hebraico Pessach / Pesach, e que significa “a passagem”. Essa “passagem” está descrita no Antigo Testamento da Bíblia como a libertação do povo israelita da escravidão no Egito. Também nós, por vezes, somos “escravos” de nós, dos outros e às vezes das circunstâncias da vida, como aconteceu recentemente com a pandemia e, agora, com a guerra! Na paixão e morte de Jesus encontraremos remédio para as nossas dores, conforto para o nosso pranto e sentido para a nossa vida se soubermos “passar” como ele “passou” por todos aqueles momentos de angústia mantendo forte a fé como base do nosso acreditar em Deus e nos homens, alicerçada na alegria da esperança de que “após a tempestade virá a bonança” e reativando constantemente a caridade pelo amor que partilhamos. A todos desejamos uma Santa Páscoa na alegria da ressurreição! A Direção

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