Rumos Práticos 54

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Revista do Conapra - Conselho Nacional de Praticagem - N 0 54 - out/19 a jan/20

Brazilian Maritime Pilots’ Association Magazine - N 0 54 - Oct/19 to Jan/20

43o Encontro Nacional de Praticagem busca respostas para desafios do futuro da atividade

The 43rd National Pilotage Meeting looks for answers to future challenges of the profession



Editorial Nesta 54a edição você confere a cobertura completa do 43o Encontro Nacional de Praticagem, realizado em Maceió, cujas palestras abordaram inovações técnicas, análise de risco e treinamento, entre outros assuntos. No evento, práticos de diversas ZPs se reuniram visando debater e buscar soluções para os desafios que a atividade enfrenta, em um cenário de perspectiva de aumento da movimentação de cargas e de navios cada vez maiores. Trazemos também os destaques do X Fórum Latino-Americano de Práticos, que ocorreu em Montevidéu e no qual cerca de 150 profissionais discutiram temas como, por exemplo, segurança pessoal e da navegação, valor da praticagem, proteção do meio ambiente e automação de navios. Acompanhamos, ainda, o primeiro Seminário Brasileiro de Hidrografia Portuária, o Hidroportos, realizado no Rio de Janeiro pela Sociedade Brasileira de Hidrografia (SBHidro) e pela Praticagem do Brasil, que contou com quatro sessões interativas e teve como objetivo divulgar junto à sociedade civil a atividade hidrográfica e propor debates sobre os desafios que ela enfrenta. Em entrevista à Rumos Práticos, o diretor-presidente eleito do Conapra, Ricardo Falcão, reflete sobre quais serão os desafios e as prioridades de sua gestão, como divulgar junto à sociedade a importância da praticagem e manter o nível de excelência do serviço. Por último, a cabotagem entra na pauta da revista após ter sido tema de um evento no Rio de Janeiro promovido pela Associação dos Usuários dos Portos do Rio de Janeiro (Usuport-RJ). O ciclo de debates incluiu um painel sobre praticagem que abordou a regulação econômica e o custo do serviço, e no qual os participantes ressaltaram sua alta qualidade. Boa leitura!

In this 54th edition you can check out the full coverage of the 43rd National Pilots’ Meeting in Maceió and the talks on technical innovations, risk analysis, training and so on. At the event, pilots from different Pilotage Districts met, eager to discuss and find solutions for the profession’s challenges, in a scenario with prospects of more cargo handling and increasingly large ships. We also bring the highlights from the X Latin American Pilots’ Forum hosted in Montevideo where around 150 pilots discussed topics such as, for example, personal and navigation safety, value of pilotage, environmental protection and ship automation. We followed up on the first Brazilian Seminar on Port Hydrography (Hydro-Ports), organized in Rio de Janeiro by the Brazilian Hydrography Society (SBHidro) and by the Brazilian Pilotage service, which had four interactive sessions and aimed to inform the public about hydrographic activity and to propose discussions on the challenges it confronts. In an interview for Rumos Práticos, Ricardo Falcão, director-president elect of Conapra, reflects on what the challenges and priorities would be of his administration, how to publicize the importance of pilotage and to maintain the service’s level of excellence. Lastly, coastal shipping is included in the magazine’s agenda after having been a topic of an event in Rio de Janeiro organized by the Rio de Janeiro Port Users’ Association (Usuport-RJ). The cycle of debates included a panel on pilotage that addressed economic regulation and the cost of the service, and in which the participants emphasized its high quality. Good reading!


Conapra – Conselho Nacional de Praticagem Conapra – Brazilian Maritime Pilots’ Association Av. Rio Branco, 89/1502 – Centro Rio de Janeiro – RJ – CEP 20040-004 Tel.: 55 (­21) 2516-4479 conapra@conapra.org.br www.conapra.org.br diretor-presidente director-president Gustavo Henrique Alves Martins diretores directors João Bosco de Brito Vasconcelos Marcus Vinicius Carneiro Gondim Porthos Augusto de Lima Filho Vitor Cabral Turra diretor/vice-presidente da IMPA director/vice-president of IMPA Ricardo Augusto Leite Falcão

Rumos Práticos planejamento planning Otavio Fragoso/Flávia Pires/Katia Piranda edição editor Otavio Fragoso redação writer Daniele Belmiro (jornalista responsável) (journalist in charge) MTb/RJ 36.846 revisão revision ­Maria Helena Torres Julia Grillo versão translation Elvyn Marshall projeto gráfico e design layout and design Katia Piranda pré-impressão/impressão pre-print/printing DVZ Impressões Gráficas capa cover foto/photo: Daniel Werneck

Paper produced from responsible sources As informações e opiniões veiculadas nesta publicação são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Não exprimem, necessariamente, pontos de vista do Conapra. The information and opinions expressed in this publication are the sole responsibility of the authors and do not necessarily express Conapra’s viewpoint.

16 X Fórum Latino-Americano em Montevidéu aborda segurança na praticagem X Latin American Forum of Pilots in Montevideo addresses the matter of safety in pilotage


índice index

6 43o Encontro Nacional de Praticagem busca respostas para desafios do futuro da atividade The 43rd National Pilotage Meeting looks for answers to future challenges of the profession

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Evento destaca importância da hidrografia portuária para desenvolvimento econômico do país

Event highlighting the importance of port hydrography for Brazil’s economic development

O diretor-presidente eleito do Conapra, Ricardo Falcão, destaca quais serão as prioridades de sua gestão The director-president elect of Conapra, Ricardo Falcão, highlights what will be the priorities of his office

Regulação econômica e custo da praticagem são debatidos em evento sobre cabotagem Economic regulations and pilotage costs discussed at a coastal shipping event

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43o Encontro Nacional de Praticagem busca respostas para desafios do futuro da atividade Palestras abordaram inovações técnicas, análise de risco e treinamento para lidar com o cenário atual e as perspectivas do setor foto/photo : Daniel Werneck

The 43rd National Pilotage Meeting looks for answers to future challenges of the profession Talks addressed technical innovations, risk analysis and training to deal with the sector’s current status and prospects Maceió was host to the 43rd National Pilotage Meeting between October 30 and November 1, 2019, which attracted professionals of various Pilotage Districts to discuss current and imminent challenges for the future of the category. In a scenario of growth prospects in freight handling, increasingly large ships and port infrastructure that does not always accompany this development, the talks addressed topics relating to technical innovations, risk analysis in maneuvering, training and legal contexts for settling disputes related to the profession. Maceió recebeu, entre 30 de outubro e 1o de novembro, o 43o Encontro Nacional de Praticagem, que reuniu profissionais de diversas ZPs para discutir os desafios atuais e os que se avizinham para o futuro da categoria. Em um cenário de expectativa de crescimento na movimentação de cargas transportadas, navios cada vez maiores e infraestrutura portuária que nem sempre acompanha esse desenvolvimento, as palestras abordaram temas relativos a inovações técnicas, análise de risco em manobras, treinamento e perspectivas jurídicas para solucionar conflitos relativos à atividade. Na abertura do evento, o diretor-presidente do Conapra, prático Gustavo Martins, destacou que hoje existem dois cenários no país. Por um lado, algumas regiões apresentam excesso na lotação de práticos em face da queda de manobras nos últimos anos, o que prejudica a manutenção da habilitação dos profissionais. Portanto, um realinhamento da lotação se faz necessário, afirmou. Ao mesmo tempo, apontou, a probabilidade de receber navios de dimensões cada vez maiores e o dobro da movimentação de cargas traz desafios em outros portos, que no entanto já operam nas proximidades de sua capacidade máxima. "Para enfrentar essa realidade, que é agravada diante da falta de recursos para 6

At the opening of the event, pilot Gustavo Martins, directorpresident of Conapra, stressed that there are two scenarios in Brazil today. On one hand, some regions have a surplus in pilot capacity as a result of diminishing maneuvers in recent years, which is a hindrance to maintaining the pilots’ skills. A realignment of the occupancy is therefore necessary, he said. He indicated, at the same time, that the future of receiving increasingly large ships and double the freight handling brings challenges to other ports that are already operating to almost maximum capacity. “To face this reality, aggravated by the lack of infrastructure resources, we need joint planning of the waterway projects involving all relevant opinions in the sector, which only reinforces the need for meetings like this one today”. Admiral Amintas Viamonte, head of the Almirante Graça Aranha Training Center (Ciaga), emphasized in his talk the sector’s future prospects given the current conjuncture, which indicate economic growth, building new ports and terminals and increasingly large ships. Admiral Viamonte, who at the event represented Admiral Roberto Gondim, director of Ports and Coasts of the Brazilian Navy, gave an


fotos/photos : Daniel Werneck

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GUSTAVO MARTINS DURANTE ENCONTRO NACIONAL DE PRATICAGEM GUSTAVO MARTINS AT THE NATIONAL PILOTAGE MEETING

infraestrutura, precisamos de um planejamento conjunto dos projetos aquaviários envolvendo todas as vozes relevantes do setor, o que só reforça a necessidade de encontros como o de hoje". O comandante do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga), almirante Amintas Viamonte, destacou em sua exposição as perspectivas para o setor diante da atual conjuntura, que indicam crescimento econômico, construção de novos portos e terminais e aumento do tamanho dos navios. Amintas, que no evento representou o diretor de Portos e Costas da Marinha do Brasil, almirante Roberto Gondim, fez um balanço da atividade portuária e mostrou que em 2018 houve um incremento no total de cargas movimentadas de cerca de 2,7%. De acordo com as projeções, 2019 apresentará, em relação a 2018, desempenho 3,5% superior, mantendo assim a tendência de alta desde 2010. Ele observou que, a despeito da tendência do ganho em escala, com a utilização de navios com maior capacidade de carga e

PRÁTICOS PRESENTES NO EVENTO

PILOTS ATTENDING THE EVENT

account of the port activity and demonstrated that in 2018 there was an increase of around 2.7% in all freight handled. According to forecasts, the 2019 performance compared to 2018 will have a 3.5% increase, thereby continuing with the upward trend since 2010. He commented that, despite the positive scale trend, by using ships with larger cargo capacity and, consequently, larger in size, the economic growth would imply an increase in port activity, which will attract more ships to our ports and terminals. "The increase in ships in ports and terminals is a global phenomenon, and the country that fails to accompany the market will certainly bear the brunt of loss in competitiveness and less profit", he suggested. Development of the national PPU

GUSTAVO MARTINS E ALMIRANTE/AND ADMIRAL AMINTAS VIAMONTE

The afternoon talks were concentrated on topics related to technology, such as the functioning of the Global Positioning System (GPS) and the use of the Portable Pilot Unit (PPU), an aid to help the pilot’s decision. 7


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consequentemente maiores dimensões, o crescimento econômico implicará um incremento da atividade portuária, o que trará mais navios a nossos portos e terminais. "O aumento dos navios nos portos e terminais é um fenômeno mundial, e aquele país que não acompanhar o mercado certamente arcará com a perda de competitividade e diminuição do lucro", apontou. Desenvolvimento do PPU nacional As palestras na parte da tarde se concentraram em temas ligados à tecnologia, como o funcionamento do Sistema de Posicionamento Global (GPS) e o uso do equipamento de auxílio à decisão do prático, o Portable Pilot Unit (PPU).

WILSON DE LIMA FILHO DURANTE EVENTO WILSON DE LIMA FILHO AT THE EVENT

O prático Tomás Menezes Hatherly, da Praticagem de Pernambuco, mostrou casos em que o PPU é utilizado como uma importante ferramenta para driblar as dificuldades técnicas observadas no Porto de Suape, uma vez que fornece exatidão no grau de segurança com que a manobra está sendo conduzida. Expôs, no entanto, as dificuldades na utilização dos PPUs atuais. Além de serem muito caros e difíceis de importar, há obstáculos para realizar a manutenção no exterior, peso excessivo em alguns casos, demora na instalação do equipamento e dificuldade de manuseio do software, entre outros fatores, elencou o prático. Nesse sentido, mostrou total apoio ao desenvolvimento de um PPU nacional e à consequente redução de dependência de equipamentos importados: "Temos centros de excelência no Brasil que se comparam e até passam alguns centros internacionais. Por que não prestigiar a tecnologia e o conhecimento nacionais?", questionou.

PALESTRA DO PRÁTICO TOMÁS MENEZES HATHERLY TALK BY PILOT TOMÁS MENEZES HATHERLY

Ao concluir sua apresentação, porém, ele alertou contra o "solucionismo tecnológico", afirmando que o PPU não vai resolver todos os problemas da praticagem: "É essencial se lembrar de que o on job training é insubstituível e a expertise do prático depende da experiência reiterada e fresca. Essa é a única forma de garantir verdadeiramente a qualidade do serviço". Em seguida, o pesquisador André Seiji Sandes Ianagui, do laboratório Tanque de Provas Numérico (TNP) da USP, detalhou os aspectos técnicos envolvidos no desenvolvimento do PPU nacional. O equipamento passou por um teste de conceito em junho em Suape, será submetido a testes de validação em janeiro e deverá estar disponível para todas as praticagens em julho de 2020, afirmou. Os pesquisadores fizeram entrevistas em 19 ZPs para entender como se dá o uso do PPU em cada praticagem e os desafios que cada uma enfrenta. A partir disso, levantaram as bases do projeto: "Identificamos que, além obviamente da confiabilidade e robustez, o aspecto primordial do uso do PPU é a economia. 8

ANDRÉ SEIJI IANAGUI DURANTE ENCONTRO NACIONAL DE PRATICAGEM ANDRÉ SEIJI IANAGUI AT THE NATIONAL PILOTAGE MEETING

Pilot Tomás Menezes Hatherly, from the Pernambuco pilot station, talked about cases where the PPU is used as a valuable tool to cope with technical problems found in Suape Port, since it provides an accurate degree of safety with which the maneuver is being conducted.


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Ele tem que ser leve, pequeno e fácil de carregar, mas também rápido e usável. Em algumas situações você precisará instalá-lo em apenas cinco minutos". De acordo com Ianagui, a grande melhoria das tecnologias de módulos de GPS e posicionamento permite a criação de um equipamento com a precisão e a independência do navio observadas nos melhores PPUs existentes no mercado, mas com as vantagens econômicas, e possivelmente de custos, de PPUs mais simples. "Estamos falando de precisão; precisamos dar uma medida confiável. E, claro, com o desenvolvimento sendo feito aqui, temos a possibilidade de fazer atendimento diretamente no equipamento. Aqui no Brasil o software também pode ser customizado, e podemos adaptar o desenvolvimento de cada parte do equipamento para as diferentes zonas de praticagem", continuou. O engenheiro revelou que a equipe do TPN está desenvolvendo técnicas para que o PPU nacional possa ser montado em até dois minutos e para que fique enxuto e leve − o peso total deverá ficar abaixo de 1.200 gramas. "Por fim, os módulos que estamos usando possibilitaram uma redução muito grande de custo para se ter acesso ao RTK [Real Time Kinematic]. Então conseguimos uma precisão muito alta, que é importante para o head do navio". O prático e hidrógrafo Alexandre Moreira Ramos, da Praticagem do Rio de Janeiro, falou sobre técnicas de posicionamento GPS, cartas náuticas de alta acurácia e marés GPS, relacionando-as com o uso do PPU.

He was therefore fully supportive in the development of a national PPU and consequent decrease in dependence on imported equipment: "We have centers of excellence in Brazil that are on a par with and even surpass some international centers. Why not promote national technology and know-how?” he asked. At the end of his presentation, however, he warned against “technological solutionism”, stating that the PPU will not solve all pilotage problems: "It is essential to remember that on-job training is irreplaceable and the pilot’s expertise depends on fresh and repeated experience. This is the only way to really ensure quality of the service". Next, researcher André Seiji Sandes Ianagui, from the Numerical Offshore Tank (TNP) laboratory of the University of São Paulo (USP), detailed the technical aspects involved in developing the national PPU. The equipment underwent a conceptual test in June in Suape, will be submitted to validation tests in January and he claimed that it should be available to all pilot stations by July 2020. Researchers performed interviews in 19 Pilotage Districts to understand how the PPU is used in each pilotage region and the challenges that each one faces. After this, they set up the bases of the project: "We identified that, not only was it obviously reliable and robust, but the primordial aspect of using the PPU is economic. It has to be light, small and portable, but also fast and usable. In some situations you would need to install it in only five minutes". According to Ianagui, the major improvement in GPS module and positioning technology helps create equipment with the accuracy and independence from the ship observed in the best PPUs existing in the market, but with the economy benefits – and possibly cost benefits – of simpler PPUs. fotos/photos : Daniel Werneck

De acordo com Ramos, o objetivo do GPS "é fornecer posicionamento para qualquer usuário na Terra, independentemente das condições atmosféricas, em um referencial global e homogêneo. O GPS consegue gerar a posição rastreando os satélites, medindo distâncias entre o receptor e o satélite", resumiu.

He did, however, mention problems when using the current PPUs. In addition to being very costly and difficult to import, the pilot listed other factors, such as obstacles for overseas maintenance, excess weight in some cases, delay in installing the equipment, difficulty in handling the software and so on.

PALESTRA DO PRÁTICO ALEXANDRE MOREIRA RAMOS TALK BY PILOT ALEXANDRE MOREIRA RAMOS

DANILO ABREU, PORTHOS LIMA E/AND MARCELO MARTINS

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Ele elencou, no entanto, uma série de erros associados à propagação de sinais entre o satélite e os receptores na Terra, que contribuem para a imprecisão do posicionamento indicado pelo sistema, e apresentou alguns mecanismos de correção utilizados. "Quanto mais satélites tivermos, maior será a abundância de observações, e a solução vem então do ajustamento dessas equações. Quanto mais observações tivermos, mais preciso vai ser nosso resultado", apontou. Análise de risco e medidas de segurança O trabalho que o Laboratório de Análise, Avaliação e Gerenciamento de Risco (LabRisco) da USP vem desenvolvendo em parceria com o Conapra para analisar a contribuição do fator humano para o risco em manobras em portos e hidrovias foi o tema da apresentação de Marcelo Martins, pesquisador da instituição. A equipe do LabRisco mapeou os fatores que influenciam as ações envolvidas nas manobras em águas restritas e criou um modelo genérico de desempenho com base em técnicas de análise de confiabilidade humana, com o objetivo de identificar o peso de cada um dos fatores na probabilidade de erro humano. O próximo passo do projeto, afirmou, é a aplicação do modelo de performance em uma sequência acidental. Os pesquisadores estão iniciando um estudo de caso com uma operação específica no Porto de Santos, a fim de avaliar a probabilidade de erro nas ações envolvidas na manobra em questão. "Nessa fase pretendemos avaliar qual é o impacto de ter naquela operação um prático, dois práticos ou nenhum prático. Devemos ter um resultado final em seis meses aproximadamente", concluiu.

foto/photo: Daniel Werneck

O conselheiro técnico do Conapra, prático Siegberto Schenk, fez um balanço do primeiro Seminário de Gestão de Riscos na Praticagem, realizado em agosto no Rio de Janeiro, com o objetivo de estimular a cultura do uso de ferramentas e metodologias de gestão dos riscos inerentes ao serviço.

"We are talking about accuracy; we need to give a reliable measurement. And, of course, by being developed here, we have the possibility of servicing directly on the equipment. Here in Brazil, the software can also be customized and we could adapt the development of each part of the equipment for the different Pilotage Districts", he added. The engineer disclosed that the TNP team is developing techniques so that the national PPU could be set up in two minutes or less and be light and streamlined – the total weight should be under 1200 grams (± 2.6 lbs.). "Lastly, the modules we are using have dropped sharply in cost for access to RTK [Real Time Kinematic]. So, we are achieving very accurate results, which is important for the ship’s captain". Pilot and hydrographer Alexandre Moreira Ramos, from the Rio de Janeiro pilot station, spoke about GPS positioning techniques, high accuracy nautical charts and GPS tides, relating them to the use of the PPU. Ramos says that the purpose of the GPS "is to provide positioning for any user on the planet, regardless of atmospheric conditions, in a global and homogenous benchmark. The GPS is able to manage the position by satellite tracking, measuring distances between the receiver and the satellite", he summarized. However he did list a series of errors associated with the propagation of signals between the satellite and onshore receivers, which contribute to an inaccurate positioning indicated by the system, and presented some of the corrective mechanisms used. "The more satellites we have, the more abundant will be the observations, and the solution then comes from adapting these equations. The more observations we have, the more accurate our result will be", he indicated. Risk analysis and safety measures The work that the USP Laboratory of Risk Analysis, Assessment and Management (LabRisco) has been doing in partnership with Conapra to analyze the contribution of the human factor for the maneuvering risk in ports and waterways was the topic of the presentation by Marcelo Martins, a researcher from the institution. The LabRisco team has charted the factors influencing the actions involved in maneuvers in restricted waters and created a general model of performance based on analysis techniques of human reliability, in order to identify the weight of each factor in the probability of human error.

PRÁTICO SIEGBERTO SCHENK DURANTE ENCONTRO NACIONAL DE PRATICAGEM PILOT SIEGBERTO SCHENK AT THE NATIONAL PILOTAGE MEETING

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The next step in the project, he said, is to apply the performance model in an accidental sequence. The researchers are starting a case study with a specific operation in Santos Port, in order to evaluate the likelihood of error in the actions involved in the maneuver in question.


fotos/photos : Daniel Werneck

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TOMÁS HATHERLY, ALEXANDRE RAMOS, PORTHOS LIMA E ANDRÉ IANAGUI DEBATEM APÓS PALESTRAS TOMÁS HATHERLY, ALEXANDRE RAMOS, PORTHOS LIMA AND ANDRÉ IANAGUI IN AFTER-TALK DISCUSSION

"Os riscos estão não apenas na nossa atividade fim, mas também na nossa atividade meio; há vários riscos envolvidos no transporte e no embarque dos práticos, e acreditamos que esse seminário atingiu os objetivos a que se propôs", apontou. "A gestão de risco é chave para se proteger e criar valor na nossa atividade, é um processo estruturado, que usa diferentes metodologias, mas que sempre segue um processo estabelecido. Há várias ferramentas e você tem que saber qual é a mais adequada para resolver cada problema." O vice-presidente da Associação Europeia de Práticos Marítimos (EMPA) e prático do Porto de Sines, Miguel Castro, relatou o acidente fatal ocorrido com um colega em Cascais, que levou à adoção em Portugal de diversas normas e medidas de segurança. De acordo com Miguel, quando tentava embarcar em um navio Panamax, o prático caiu no mar e sofreu ferimentos na cabeça e hipotermia. Após o falecimento, foi identificada uma série de erros que dificultaram e atrasaram o resgate, entre eles a falta de equipamentos adequados na lancha de prático e de treinamento, a demora na chegada da lancha salva-vidas e a baixa cultura de segurança entre os profissionais. Posteriormente foi implementado com sucesso um programa de treinamento de três dias para todos os práticos e tripulantes das lanchas, com técnicas de sobrevivência no mar, primeiros socorros e salvamento, além de melhorias em equipamentos. Está sendo discutida, ainda, a definição de limites operacionais para a transferência do prático para o navio.

"At this stage we intend to evaluate the impact of having one pilot, two pilots or no pilot in that operation. We should have a final result in approximately six months’ time", he concluded. Technical advisor of Conapra, pilot Siegberto Schenk, reported on the first Seminar on Pilotage Risk Management held in August in Rio de Janeiro, designed to encourage the culture of using risk management tools and methodologies inherent to the service. "Not only are the risks in our core activity, but also in our professional environment; several risks are involved in transporting and boarding the pilots, and we believe that this seminar has achieved the objectives for which it was designed", he said. "Risk management is a key to protecting and adding value to our activity; it is a structured process using different methodologies, but always adopts an established process. There are a number of different tools and you have to know which is the most suitable to solve each problem." Miguel Castro, vice-president of the European Maritime Pilots’ Association (EMPA) and pilot of the Port of Sines, reported on the fatal accident with a colleague in Cascais, which led to Portugal adopting various safety measures and standards. According to Castro, when the pilot attempted to board a Panamax ship, he fell overboard and suffered head injuries and hypothermia. After his death, a series of errors were identified that had hindered and delayed his rescue, such as the lack of proper equipment on the pilot boat and training, the delay in the lifeboat’s arrival and poor safety culture among the professionals. 11


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"Lembrem-se de que os acidentes não acontecem apenas com os outros. A segurança começa por nós", afirmou Miguel. O diretor técnico do Conapra, prático Porthos Lima, detalhou as novidades do quarto ciclo do Curso de Atualização para Práticos (ATPR), que vai começar em 2020 e é obrigatório para todos os práticos do Brasil, incluindo os formados em 2012. De acordo com Porthos, uma das principais alterações no próximo ciclo é a migração da plataforma da fase a distância para um portal de ensino do Conapra, que também poderá ser usado para outras finalidades, como treinamentos. Nessa etapa, além disso, houve mudanças em vários módulos, e todas as perguntas foram revistas. Já a fase presencial foi reformulada e dividida em dias temáticos – que abordarão, por exemplo, eletrônicos, boas práticas e acidentes, entre outros assuntos.

PRÁTICO/PILOT MIGUEL CASTRO

Por último, foi criado o ATPR 3, uma etapa opcional que compreende um programa de treinamento focado em manobras de emergência com modelos tripulados no Panamá. Andreas Schoon e Stefan Schrage, representantes do estaleiro alemão Abeking & Rasmussen, com longa tradição no mercado internacional, apresentaram as lanchas de prático construídas pela empresa, que empregam a tecnologia SWATH para garantir estabilidade em qualquer situação de mar. foto/photo: Daniel Werneck

PORTHOS LIMA EM PALESTRA DURANTE ENCONTRO NACIONAL DE PRATICAGEM PORTHOS LIMA SPEAKING AT THE NATIONAL PILOTAGE MEETING

Later a three-day training program was successfully implemented for all pilots and pilot boat crewmembers, with offshore survival techniques, first aid and rescue, in addition to equipment upgrade. There is also an ongoing discussion about operation limits for the pilot transfer to the ship. "Remember that accidents do not happen only to others. Safety begins with us", Castro said.

PALESTRA DE/TALK BY ANDREAS SCHOON

Soluções jurídicas Em sua palestra, o presidente do Tribunal Marítimo, almirante Wilson Pereira de Lima Filho, buscou divulgar o funcionamento e o papel desse órgão administrativo, pouco conhecido na sociedade, que é vinculado ao comando da Marinha do Brasil e que atua como importante auxiliar do Poder Judiciário. A corte marítima tem como principais atribuições manter o registro geral de navios de bandeira brasileira e julgar acidentes e fatos da navegação, como mau aparelhamento, abalroamentos, recusa a prestar socorro e qualquer fato que ponha em risco a embarcação. 12

Pilot Porthos Lima, technical director of Conapra, described in detail the new features of the fourth cycle of the Pilots’ Refresher Course (ATPR), which will start in 2020 and is mandatory for all pilots in Brazil, including the 2012 graduates. According to Lima, one of the main changes in the next cycle is the migration from the remote phase platform to a Conapra learning portal, which may also be used for other purposes, such as training. At this stage, also, there have been changes in a number of modules, and all questions have been reviewed. So far, the classroom phase has been reformulated and divided into thematic days, namely, for example, addressing electronics, good practices, accidents and so on. Lastly, an optional stage – ATPR 3 – was created, comprising a training program focused on emergency maneuvers with manned models in Panama.


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Ainda no campo jurídico, "Mediação e arbitragem" foi o tema da apresentação da gerente de ADR e Mediação da FGV e presidente da Comissão de Mediação de Conflitos da OAB-RJ, Juliana Loss, que destacou a tendência de crescimento dos mecanismos extrajudiciais para a resolução de conflitos no Brasil, que podem ser aplicados para solucionar eventuais disputas envolvendo práticos, como a fixação do preço do serviço. “A arbitragem se assemelha muito ao processo judicial, só que ela é um mecanismo privado, no qual as partes escolhem se submeter a um tribunal arbitral, a uma instituição que elas escolhem para julgar. É um caminho bom, que resolve o conflito rapidamente e bem, mas que ainda é muito caro", avaliou. “Quanto mais judicialização, menos controle eu tenho sobre o processo e sobre o resultado. E quanto menos intervenção eu tenho, quanto mais interesses eu uso como critério da solução de conflito, mais possibilidades eu tenho de usar a criatividade, de flexibilizar o processo e de interferir no resultado. Eu consigo influenciar mais”, argumentou. No caso dos práticos, afirmou, existe uma dificuldade da fixação do preço do serviço. “Há dificuldades na definição, políticas e jurídicas, uma série de questões que não são simples de resolver. E muitas vezes esse vai e vem da norma ou da política não é satisfatório para ninguém. Então a ideia é que tentemos sempre buscar vias consensuais e que incluam os atores para que eles possam dialogar.”

Andreas Schoon and Stefan Schrage, representatives of the German shipyard Abeking & Rasmussen, with a long tradition in the international market, introduced the pilot boats built by the company, which use SWATH technology to ensure stability in any offshore situation. Legal remedies In his talk, Admiral Wilson Pereira de Lima Filho, president of the Maritime Court, looked to promote the functioning and role of this administrative agency, not well known in society, which is under the command of the Brazilian Navy and is a valuable aid to the Judiciary. The main attributes of the maritime court are to maintain the general register of Brazilian flag vessels and judge accidents and navigation facts, such as poor equipment, collisions, rescue refusal, and any fact that endangers the vessel. "A country like ours, with more than 80,000 kilometers (±50,000 miles) of coastline and totally dependent on the sea, has a maritime court mainly to ensure that for all navigation accidents and facts occurring in these waters there will be an institution to guarantee due legal remedy to get justice done", he explained. Also in the legal field, Juliana Loss, Alternative Dispute Resolution (ADR) and Mediation manager of Getulio Vargas Foundation (FGV), and president of the Rio de Janeiro Bar Association (OAB-RJ) Dispute Mediation Committee addressed the topic of "Mediation and arbitration". She stressed the growing trend of extrajudicial mechanisms for dispute resolution in Brazil, which may be applied to settling potential disputes involving pilots, such as service pricing. fotos/photos : Daniel Werneck

"Um país como o nosso, com mais de oito mil quilômetros de litoral e totalmente dependente do mar, tem um Tribunal Marítimo principalmente para que haja a certeza de que para todos os acidentes e fatos da navegação que aconteçam nessas águas haverá uma instituição que irá garantir a devida segurança jurídica para que se faça justiça", apontou.

APRESENTAÇÃO DE JULIANA LOSS NO ENCONTRO NACIONAL DE PRATICAGEM PRESENTATION BY JULIANA LOSS AT THE NATIONAL PILOTAGE MEETING

“Arbitration is very much like the legal proceeding, only that it is a private mechanism, in which the parties choose to go to an arbitration court, an institution where they will be judged. It is an efficient way that offers a fast and good resolution, but which is still very costly", she commented.

PARTICIPANTES RESPONDEM A PERGUNTAS APÓS PALESTRAS DELEGATES ANSWER QUESTIONS AFTER TALKS

“The more judicialization there is, the less control I have on the case and on the result. And the less intervention I have, the more interests I use as a dispute resolution guideline, more possibilities 13


fotos/photos: Daniel Werneck

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REUNIÃO DE GERENTES E ASSESSORES DE PRATICAGEM DURANTE EVENTO

O dia de palestras terminou com um jantar de confraternização para os práticos, seus familiares e demais participantes do evento, realizado no espaço Pierre Chalita, que contou com a apresentação ao vivo de uma banda de forró da região. Em assembleia realizada no último dia do Encontro, o vicepresidente da Associação Internacional de Práticos Marítimos (IMPA) Ricardo Augusto Leite Falcão foi eleito para novo mandato de dois anos à frente do Conapra, e substituirá Gustavo Martins no cargo de diretor-presidente da entidade a partir de fevereiro.

PARTICIPANTES DO 43O ENCONTRO NACIONAL DE PRATICAGEM

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MEETING OF PILOTAGE MANAGERS AND ADVISORS DURING THE EVENT

I have to use creativity, to make the process more flexible and to interfere in the result. I manage to have more influence”, she argued. In the case of pilots, she said, there is the service-pricing problem. “There are legal and political problems in the definition, a number of issues that are not easy to resolve. And very often this toing and froing of the standard or policy is not satisfactory for anyone. So the idea is always to try and find consensual routes, which include the players so that they can talk to each other.”

DELEGATES OF THE 43RD NATIONAL PILOTAGE MEETING


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The day of talks ended with a gala dinner for the pilots, their families and other delegates of the event, held in the Pierre Chalita venue, with live entertainment by a local forró band (Northeast Brazilian dance music). At an assembly on the last day of the meeting, Ricardo Augusto Leite Falcão, vice-president of the International Maritime Pilots’ Association (IMPA) was elected for another two-year mandate as head of Conapra, and will substitute Gustavo Martins as its directorpresident in February. JANTAR DE CONFRATERNIZAÇÃO NO ESPAÇO PIERRE CHALITA GALA DINNER AT THE PIERRE CHALITA VENUE

The event was also attended by Flavia Takafashi, director of the Contract Management Department of the Infrastructure Ministry’s National Secretariat of Ports and Waterway Transportation; Francisval Mendes, director of the National Agency for Waterway Transportation (Antaq); Commander Haron Jorge Alves Cavalcante, Alagoas port captain; Eduardo Auto Monteiro Guimarães, president of the Friends’ Society of the Alagoas Navy (Soamar-AL); Tiago Lima, vice-president of Brazil Logistics Institute, representing Senator Wellington Fagundes; and federal congressmen Vinicius Carvalho, Ossesio Silva and Heitor Freire, members of the Brazilian Maritime Industry’s Joint Parliamentary Front.

fotos/photos: Daniel Werneck

O evento também contou com a presença da diretora do Departamento de Gestão de Contratos da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, Flávia Takafashi; do diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) Francisval Mendes; do capitão dos Portos de Alagoas, o capitão de fragata Haron Jorge Alves Cavalcante; do presidente da Sociedade dos Amigos da Marinha de Alagoas (Soamar-AL), Eduardo Auto Monteiro Guimarães; do vicepresidente do Instituto Brasil Logística, Tiago Lima, que representou o senador Wellington Fagundes; e dos deputados federais Vinicius Carvalho, Ossesio Silva e Heitor Freire, membros da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Marítima Brasileira.

PRÁTICOS PARTICIPANTES DO EVENTO REUNIDOS NO JATIÚCA HOTEL & RESORT

PILOTS MEETING AT THE EVENT IN THE JATIÚCA HOTEL & RESORT

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X Fórum Latino-Americano em Montevidéu aborda segurança na praticagem foto/photo: Javier Rotuno

Práticos discutiram, ao longo de seis dias, questões importantes para a categoria, criando um intercâmbio continental de informações

O X Fórum Latino-Americano de Práticos reuniu, entre 29 de setembro e 4 de outubro, cerca de 150 profissionais vindos de diversos países para Montevidéu, no Uruguai, onde foram discutidos temas como segurança pessoal e da navegação, o valor da praticagem, a proteção do meio ambiente e a automação de navios, entre outros. “Se você acha que a praticagem é cara, experimente um acidente”. A frase de Matthew Moore citada pelo argentino Pablo Pineda resume bem sua apresentação, na qual ele comparou o trabalho dos práticos no Brasil, no Uruguai e na Argentina, países com sistemas integrados, que compartilham, como ele explicou, produtos similares e exportadores. O prático argentino, que atua no Rio da Prata, na divisa entre Argentina e Uruguai, iniciou sua exposição debatendo a importância de haver algum tipo de unidade na forma de precificar o trabalho dos práticos nessa região. “Muitas vezes falamos do preço da praticagem, mas não discutimos o seu valor. A ideia é voltar a referendar a importância do nosso trabalho. Ele tem um preço para o usuário, um custo para nós e um valor muito elevado para o Estado e nossa população”, afirmou Pineda. Esse conceito foi lembrado e endossado por Nick Cutmore, secretário-geral da Associação Internacional de Práticos Marítimos (IMPA), no encerramento do Fórum. “Devemos fazer do preço da praticagem na região uma commodity”, sugeriu Pineda. “Isso quer dizer que não devemos sofrer as 16

X Latin American Forum of Pilots in Montevideo addresses the matter of safety in pilotage Over six days, pilots discussed key questions for the category, creating a continental exchange of information The X Latin American Forum of Pilots from September 29 to October 4, 2019, was attended by around 150 professionals of different nationalities who met in Montevideo, Uruguay. Discussions were on topics such as navigation and personal safety, the value of pilotage, environmental protection, ship automation and so on. “If you think pilotage is costly, try an accident”. Matthew Moore’s words quoted by Argentine Pablo Pineda sums up his presentation, in which he compared pilots’ work in Brazil, Uruguay and Argentina, which have integrated systems and share, as he explained, similar product and exporters. The Argentine pilot, who works on La Plata River, on the frontier between Argentina and Uruguay, began his talk discussing the importance of there being some kind of unity in pricing the work of pilots in this region.


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pressões por diferença de preços. Um navio em Santos não pode valer nem mais, nem menos que em Montevidéu. Mesmo barco, mesmo valor de trabalho”, opinou. Avaliando o marco legal da praticagem nos três países, Pineda demonstrou que tanto Uruguai quanto Brasil garantem uma rede de proteção ao trabalho do prático, que é de interesse público. Uma das diferenças que apontou diz respeito à autoridade máxima do setor em cada um dos países. Nos seus dois vizinhos elas são o prefeito nacional naval e o diretor de Portos e Costas, respectivamente. Já na Argentina, quem exerce a função é um CEO cujo objetivo central é gerar economia para os usuários desse serviço. Segundo ele, essa preocupação coloca em risco não apenas os navios e sua carga, mas o litoral do país e as pessoas. Segurança em questão Abordando a questão da segurança, o diretor-presidente do Conapra, Gustavo Martins, apresentou o trabalho acadêmico que está sendo desenvolvido em parceria com o Laboratório de Análise, Avaliação e Gerenciamento de Risco (LabRisco) da Universidade de São Paulo (USP) com o objetivo de analisar a contribuição do fator humano para o risco em manobras em águas restritas. “Para começar, decidimos estudar a área de controle. Não estamos analisando ainda a probabilidade de acidente, mas de que algo fique fora de controle em algum momento. Por exemplo, você conclui na direção errada, está na velocidade errada, dá uma ordem e alguém entende de uma forma diferente. Um erro de controle, mas que não gera acidentes”, explicou. A conclusão preliminar do estudo é de que a presença de um prático durante a manobra pode reduzir em até 20 vezes a probabilidade de um erro desse tipo. Um segundo prático diminui em mais 18 vezes. “É uma redução muito, muito grande. E nós começamos (o estudo) de forma simples, com erros de controle, para a partir daí incluir mais variáveis que possam levar a acidentes, tornando a análise mais complexa”, detalhou. Já o diretor técnico do Conapra, o prático Porthos Lima, abordou os desafios de segurança envolvendo a praticagem no Brasil. Ele apresentou aos colegas o aplicativo No Rumo Certo, que permite aos práticos trocar informações sobre irregularidades encontradas nos dispositivos de transferência dos navios e procura criar um banco de dados dessas ocorrências. O objetivo é que o aplicativo integre portos e práticos de cada vez mais países, sobretudo na América Latina, explicou. Informou, ainda, que o Conapra decidiu organizar e custear um curso de conhecimentos náuticos para os operadores, visando que eles “se preocupem com a segurança dos práticos e se comprometam a garanti-la. Até o momento, 135 operadores já fizeram o curso, e notamos melhoria significativa desses profissionais em seus procedimentos operacionais”, afirmou.

“Very often we talk about the price of pilotage, but we don’t discuss its worth. The idea is to go back to endorsing the importance of our work. It has a price for the user, a cost for us and very high value for the State and our population”, stated Pineda. This concept was remembered and endorsed by Nick Cutmore, secretary-general of the International Maritime Pilots’ Association (IMPA), at the close of the Forum. “We must make the pilotage price in the region a commodity”, suggested Pineda. “This means that we should not be pressured by price difference. A ship in Santos cannot be worth more or less than in Montevideo. The same boat, the same labor value”, he suggested. Evaluating the legal benchmark of pilotage in the three countries, Pineda showed that both Uruguay and Brazil guarantee a labor protection system for the pilot, which is of public interest. One difference he pointed out was the highest authority of the sector in each of the countries. In both these neighboring countries they are the naval national governor and the director of Ports and Coasts, respectively. In Argentina, however, a CEO holds this position, mainly in order to generate savings for users of this service. According to Pineda, this concern endangers not only vessels and their cargo but also the country’s coast and population. Safety under discussion On the subject of safety, Gustavo Martins, director-president of Conapra, presented an academic study that is being developed in partnership with the Laboratory of Risk Analysis, Assessment and Management (LabRisco) of the University of São Paulo (USP) for the purpose of analyzing the contribution of the human factor to risk in maneuvering in restricted waters. “First of all, we decided to study the control area. We are not yet analyzing the probability of an accident, but are analyzing whatever is out of control at any given moment. For example, you finish in the wrong direction, at the wrong speed, give an order and someone understands it differently. An error of control, but that doesn’t cause any accidents”, he explained. The preliminary conclusion of the study is that the presence of a pilot during a maneuver can reduce the likelihood of an error of this kind by up to 20 times. A second pilot reduces it another 18 times. “It is a major reduction. And we’ve started (the study) simply, with control errors, then we’ll include further variables that may lead to accidents, making the analysis more complex”. Pilot Porthos Lima, technical director of Conapra, addressed the challenges of safety involving pilotage in Brazil. He introduced his colleagues to the application No Rumo Certo [On the Right Route], which enables pilots to exchange information on irregularities found in the transfer devices of ships and is designed to create a database of such occurrences. He explained that the objective is for the app to include ports and pilots from more and more countries, especially in Latin America. 17


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O diretor técnico esclareceu que, apesar de os investimentos com segurança eventualmente representarem um custo adicional, seu valor não pode ser mensurado. “Nos últimos 20 meses, perdemos quatro colegas no embarque ou desembarque de navios. Não importa quanto nos esforcemos, não poderemos trazê-los de volta, mas talvez possamos evitar que continuemos a chorar a perda de um colega a cada cinco meses”, concluiu Porthos, emocionado. Questão ambiental A questão ambiental também foi tema de várias apresentações nessa edição do Fórum. Uma delas foi a de María Nube Szephegyi, representante do Ministério do Planejamento Territorial e Meio Ambiente do Uruguai, que descreveu aos práticos presentes detalhes da biodiversidade na região do Rio da Prata. Ela destacou espécies invasoras que expulsam os animais endêmicos como uma das pressões sobre a vida marinha relacionadas aos navios. O derramamento de hidrocarbonetos é outra. “É possível criar mil medidas de mitigação e de como controlar um derramamento − ou retirar o material o mais rápido possível, ou compensar alguns danos que vão sendo gerados, inclusive com dinheiro. Mas a verdade é que a melhor ação é prevenir que um derramamento ocorra, porque não é possível prever seus efeitos”, garante. Integrante da Associação Nacional de Portos do Uruguai, Diego Bimonte Patetta desenvolveu palestra sobre a certificação de Porto Verde concedida ao Porto de Montevidéu pela fundação Ecoports. Esse foi o primeiro porto na América Latina a entrar nesse sistema. “Entre as boas práticas que garantiram esse certificado estão o despejo de águas cinza e pretas para o coletor (Marpol IV), e a criação de um Comitê Executivo de Gestão Ambiental Portuária”, explicou. No dia de abertura do Fórum, o prático Simon Pelletier, presidente da IMPA, falou longamente sobre os desafios no uso da automação de navios, expressa na questão do Maritime Autonomous Surface Ships, conhecido como Mass. Segundo ele, defensores desse sistema acreditam que ele pode gerar economia, pois não haveria necessidade de pagar pelo trabalho dos integrantes da tripulação, e o volume de falhas humanas seria reduzido. “Por outro lado, muitos na comunidade de operações de remessa acham que a sugestão de que vá haver uma frota de Mass para águas profundas em breve não é realista e subestima a complexidade das operações com navios, particularmente em águas restritas", afirmou. Para ele, um grande desafio na análise desse sistema autônomo será “desenvolver uma abordagem que realmente leve em conta uma avaliação completa dos riscos, e de nossos riscos operacionais, como colisões, e interseções com questões de segurança, como terrorismo e crime organizado, e ciberataques". 18

He also reported that Conapra decided to organize and fund a course on navigational know-how for the operators, with a view to their “concern with pilot safety and commitment to ensure it. So far, 135 operators have already done the course, and we see a significant improvement in these professionals in their operating procedures”, he said. The technical director explained that, although investments in safety may potentially be more costly, their value cannot be measured. “In the past 20 months, we have lost four colleagues when embarking or alighting from ships. However much we try, we cannot bring them back, but perhaps we can prevent crying for the loss of a colleague every five months”, Porthos concluded with emotion. Environmental issue The environmental issue was also a topic of several presentations in this year’s Forum. One was raised by María Nube Szephegyi, representative of the Uruguayan Ministry of Land Use Planning and Environment, who described to the pilot delegates details of the biodiversity in the La Plata River region. She mentioned invasive species that expel the indigenous as an example of the ship-related pressures on marine life. Hydrocarbon spills is another. “It’s possible to create thousands of mitigation measures and ways to control a spill – either by removing the material as fast as possible, or compensating some of the resulting damage, financially or otherwise. But the truth is that the best action is to prevent a spill from occurring, because it is not possible to predict its impacts”, she guarantees. Diego Bimonte Patetta, member of the Uruguayan National Association of Ports, gave a talk about the Green Port certification awarded to the Montevideo port by the EcoPorts foundation. It was the first port in Latin America to join this system. “One of the good practices that guaranteed this certificate is the emptying of gray and black bilge water into the collector (MARPOL IV), and the creation of an Executive Committee for Port Environmental Management”, he explained. On the opening day of the Forum, pilot Simon Pelletier, president of IMPA, spoke at length about challenges when using ship automation, expressed in the issue of the Maritime Autonomous Surface Ships, known as Mass. He said that advocates of this system believe that it can generate savings, since there would be no need to pay for the work of the crewmembers, and it would involve a smaller number of human faults. “On the other hand, many of those who work in shipping operations find that the suggestion that there will soon be a Mass deep water fleet is not realistic, and underestimate the complexity of ship operations, particularly in restricted waters", he stated. In his opinion, a major challenge when analyzing this autonomous system would be “to develop an approach that really does take into


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Proteção na IMO Na declaração conjunta publicada ao final do evento e assinada por representantes de Brasil, Uruguai, Argentina, Colômbia, Chile, México, Panamá e Peru, os práticos reiteraram que sua principal função é manter a segurança da navegação e proteger a vida humana, a propriedade e o meio ambiente. O documento propõe a realização de um curso sobre segurança marítima e a criação de um aplicativo para o compartilhamento de informações sobre defeitos nos navios que operam na região. Os signatários ainda solicitam que a IMPA advogue acerca dos impactos que qualquer alteração na regulamentação de navios autônomos na Organização Marítima Internacional (IMO) terá sobre a praticagem, e defendem que operações feitas por computador possam ser interrompidas a qualquer momento pelo prático. Essa reflexão foi reforçada por Cutmore no encerramento do Fórum. “O maquinário de navios não é mais confiável hoje do que uma geração atrás. Estamos discutindo navios autônomos, mas não conseguimos prover motores e navios mais confiáveis”, criticou. “Na IMO, citamos também o problema com os chamados motores sem câmera, que dependem muito de softwares para válvula e tempo de injeção. Eles são elaborados para aumentar a economia e reduzir as emissões de CO2, mas têm tido o efeito não intencional de tornar as manobras ainda mais difíceis”, apontou o secretáriogeral da IMPA.

Protection in IMO In the joint statement published at the end of the event and signed by representatives from Argentina, Brazil, Chile, Colombia, Mexico, Panama, Peru and Uruguay, the pilots reiterated that their main role is to safeguard navigation and protect human life, property and the environment. The document proposes a course on maritime safety and the creation of an application for sharing information on defects in ships operating in the region. The signatories also ask IMPA to advocate regarding impacts that any amendment to the regulations of autonomous ships in the International Maritime Organization (IMO) would have on pilotage, and defend that at any moment the pilot can interrupt computerized operations. Cutmore reinforced this consideration at the close of the Forum. “Ship machinery is no more reliable today than it was a generation ago. We are discussing autonomous ships, but we cannot provide more reliable engines and ships”, he criticized. The secretary-general of IMPA pointed out: “In the IMO, we also mention the problem of the so-called camless engines that depend heavily on software for valve and injection time. They are designed to be more economic and reduce carbon emissions, but the unintended effect has made maneuvers even harder”. Lastly, the signatories of the statement agreed to indicate Peru as host of the XI Latin American Forum of Pilots, to be held in 2021.

foto/photo: Javier Rotuno

Por fim, os signatários da declaração concordaram em indicar o Peru para sediar o XI Fórum Latino-Americano de Práticos, que será realizado em 2021.

account a full risk assessment and our operating risks such as collisions, and intersections with safety issues, such as terrorism, organized crime and cyber attacks".

PARTICIPANTES DO X FÓRUM LATINO-AMERICANO DE PRÁTICOS

DELEGATES OF THE X LATIN AMERICAN FORUM OF PILOTS

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Evento destaca importância da hidrografia portuária para desenvolvimento econômico do país Event highlighting the importance Criado para divulgar a atividade junto à população civil, primeiro Seminário Brasileiro de Hidrografia Portuária debateu inovações e desafios O primeiro Seminário Brasileiro de Hidrografia Portuária, o Hidroportos, reuniu cerca de 200 participantes na Escola de Guerra Naval, no Rio de Janeiro, no dia 9 de outubro. Realizado pela Sociedade Brasileira de Hidrografia (SBHidro) e pela Praticagem do Brasil, o encontro inédito teve como propósito divulgar a atividade hidrográfica junto à sociedade civil e propor debates sobre os desafios que ela enfrenta. Além das aberturas e das apresentações iniciais, a programação contou com quatro sessões interativas que ocorreram simultaneamente em dois auditórios, abordando temas como “A nova estrutura de formatos cartográficos”, mediada pelo ex-assessor técnico da Diretoria de Hidrografia e Navegação Carlos Alberto Pêgas Ferreira, e “A formação de um hidrógrafo”, moderada pelo professor Arthur Ayres Neto (UFF). Estiveram presentes representantes dos setores acadêmico, governamental e empresarial.

foto/photo : Daniel Werneck

Na ocasião, Neto, que é diretor científico da SBHidro, destacou a contribuição das universidades para a hidrografia. "A Academia já faz bastante pela hidrografia; e não só a Marinha, como muitos pensam. Geologia, geofísica marinha e oceanografia são ciências que tratam das características dos mares, da interação do oceano com a área costeira, entre outros temas afins."

of port hydrography for Brazil’s economic development

The first Brazilian Seminar on Port Hydrography (Hydro-Ports), created to inform the civil population of the activity, discussed innovations and challenges The first Brazilian Seminar on Port Hydrography (Hydro-Ports) attracted around 200 delegates in the Naval War College, in Rio de Janeiro, on October 9th. Organized by the Brazilian Hydrography Society (SBHidro) and the Brazil Pilotage service, its first-ever meeting was intended to disseminate the hydrographic services to the civil society and propose discussions on the challenges it faces. In addition to the openings and initial presentations, the program was composed of four interactive sessions occurring simultaneously in two auditoriums, addressing topics such as “The new structure of mapping formats”, mediated by Carlos Alberto Pêgas Ferreira, former technical advisor of the Hydrographic and Navigation Directorate, and “Training a hydrographer”, moderated by professor Arthur Ayres Neto (Fluminense Federal UniversityUFF). Representatives from the academic, business and governmental sectors were present. On that occasion, Neto, scientific director of SBHidro, emphasized the contribution of the universities to hydrography. “Academia has already done enough for hydrography; not just the Brazilian Navy, as many would think. Geology, marine geophysics and oceanography are sciences that address the characteristics of the seas, interaction of the ocean with the coastal areas, and other similar topics." The event not only stressed the contribution of hydrography for safety and efficiency of the ports, but also reiterated the importance of this field of study for the country’s economic development, demonstrating the potential of port operations and maritime transportation as an alternative to road traffic.

PROFESSOR ARTHUR AYRES NETO DURANTE SEMINÁRIO PROF ARTHUR AYRES NETO AT THE SEMINAR

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At the opening of the plenary session, pilot Gustavo Martins, director-president of Conapra, recalled that the hydrographic activity has been active for more than 160 years in Brazil and that, by offering detailed knowledge of the marine environment, it contributes to the safe and sustainable use of our seas and inland waters.


fotos/photos : Daniel Werneck

seminários seminars

PALESTRANTES DO SEMINÁRIO DE GESTÃO DE RISCOS NA PRATICAGEM SPEAKERS AT THE PILOTAGE RISK MANAGEMENT SEMINAR

PARTICIPANTES DO HIDROPORTOS DURANTE A EXECUÇÃO DO HINO NACIONAL

HYDRO-PORTS DELEGATES AT THE PLAYING OF THE NATIONAL ANTHEM

Além de ressaltar as contribuições da hidrografia para a segurança e eficiência dos portos, o evento também reiterou a importância desse campo de estudo para o desenvolvimento econômico do país, mostrando o potencial das operações portuárias e do transporte marítimo como alternativa ao rodoviário.

"The data collected by the service result in key deliveries such as publications that guide navigators, weather forecasts and seafloor surveys that help define the ships that can access our ports. Moreover, the service collaborates in the control and operation of the navigation aids", Gustavo Martins explained.

Na abertura da sessão plenária, o prático Gustavo Martins, diretorpresidente do Conapra, lembrou que a atividade hidrográfica é exercida há mais de 160 anos no Brasil e que, ao proporcionar o conhecimento detalhado do ambiente marinho, ela contribui para o uso seguro e sustentável dos nossos mares e águas interiores.

In his opinion, these applications become even more relevant in a country like Brazil, which has a maritime area of 5.7 million km2, the Blue Amazon. "The challenges only increase when we think of those larger, wider ships entering our ports and we essentially need to modernize and expand our port infrastructure."

"Os dados coletados pelo serviço resultam em entregas fundamentais como as publicações que orientam os navegantes,

"Unfortunately, people still have the idea that hydrography is an activity inherent to the Brazilian Navy. This is why we have to do

PALESTRANTES COM SEUS CERTIFICADOS DE PARTICIPAÇÃO DO EVENTO DELEGATES WITH THEIR CERTIFICATES OF THE EVENT

PALESTRA DE/TALK BY GUSTAVO MARTINS

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as previsões meteorológicas e as sondagens do fundo do mar que ajudam a definir os navios que podem acessar nossas áreas portuárias. Ademais, a atividade colabora no controle e na operação dos auxílios à navegação", explicou Gustavo. Para ele, essas atribuições se tornam ainda mais relevantes em um país como o Brasil, detentor de uma área marítima de 5,7 milhões de km2, a Amazônia azul. "Os desafios só aumentam se pensarmos que temos navios de portes e dimensões maiores demandando os nossos portos e que temos a necessidade premente de modernizar e ampliar a nossa infraestrutura portuária." "Infelizmente, as pessoas ainda têm a percepção de que a hidrografia é uma atividade inerente à Marinha do Brasil. Por isso, temos que fazer um esforço para trazer o entendimento de que essa atividade é essencial para o desenvolvimento econômico do país e precisa permear a sociedade civil", argumentou. O diretor-geral de Navegação, almirante de esquadra Marcelo Campos, deu sequência com um discurso alinhado ao de Gustavo Martins: "Em um país dotado de tão ricas características marítimas e fluviais, a atividade hidrográfica, embora pouco conhecida no Brasil, apresenta-se como fundamental não só para a segurança da navegação, mas também para a defesa e os desenvolvimentos econômico e científico do nosso país". Um painel moderado por Porthos Lima, diretor técnico do Conapra, reuniu as principais inovações que prometem impactar o setor. Um exemplo é o ReDRAFT, tecnologia desenvolvida para a praticagem pela empresa Argonáutica e a Universidade de São Paulo (USP). O sistema permite o cálculo de calado por meio do cruzamento de dados sobre as características das embarcações e de ventos, correntes, ondas e maré.

our utmost to make people understand that this service is essential to the country’s economic development and needs to permeate civil society”, he argued. Vice Admiral Marcelo Campos, director-general of Navigation, then gave a talk in line with that of Gustavo Martins: “In a country endowed with such rich offshore and inland water characteristics, hydrography services, albeit little known in Brazil, are key not only for navigation safety but also for the defense and for economic and scientific developments of our country”. A panel moderated by Porthos Lima, technical director of Conapra, gathered the main innovations that promise to impact the sector. An example is ReDRAFT, a technology developed for pilotage by the firm Argonautica and the University of São Paulo (USP). The system allows draft calculations by crossing data on the characteristics of the vessels and winds, currents, waves and tides. Pilot Gustavo Martins also spoke at the same session about the role of Isobath Maritime Services and modern techniques of nautical access designs based on a report from the World Association for Waterborne Transport Infrastructure (Pianc).

fotos/photos : Daniel Werneck

O prático Gustavo Martins também falou na mesma sessão, apresentando a atuação da Isobática Serviços Marítimos e técnicas modernas de projetos de acessos náuticos com base em relatório da Associação Mundial de Infraestrutura de Transporte Marítimo (Pianc).

GUSTAVO MARTINS RECEBE CERTIFICADO DE PORTHOS LIMA GUSTAVO MARTINS RECEIVES CERTIFICATE FROM PORTHOS LIMA

PALESTRA DE/TALK BY LUCAS FERREIRA DA SILVEIRA

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ALMIRANTE DE ESQUADRA MARCELO FRANCISCO CAMPOS NO SEMINÁRIO FLEET ADMIRAL MARCELO FRANCISCO CAMPOS AT THE SEMINAR


fotos/photos : Daniel Werneck

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PALESTRA DE/TALK BY GUSTAVO MARTINS

PALESTRANTES COM SEUS CERTIFICADOS DURANTE HIDROPORTOS SPEAKERS WITH THEIR CERTIFICATES DURING HYDRO-PORTS

"Temos desafios como previsão do dobro de movimentação de carga, crescimento das dimensões dos navios, poucos recursos para ampliar a infraestrutura, aumento da eficiência das operações e preservação do meio ambiente", relatou Gustavo. "Por isso, precisamos levar a sério as recomendações da Pianc, implantar sensores ambientais em todo os portos, investir em auxílios à navegação e envolver a praticagem desde o início dos projetos."

“We have challenges, such as, for example, a prediction of doubling the cargo handling, increase in ship size, fewer resources to expand the infrastructure, offering more efficient operations and protecting the environment", reported Gustavo Martins. "This is why we need to take to heart the Pianc recommendations, implement environmental sensors in all ports, invest in navigation aids and involve pilotage right from the start of the projects."

Novos padrões internacionais

New international standards

Um dos assuntos mais comentados durante o evento foi a necessidade de adoção de padrões internacionais. Em sua palestra, Alberto Costa Neves, diretor assistente da Organização Hidrográfica Internacional (OHI), destacou o desenvolvimento do S-100, um conjunto de especificações que visa estabelecer um modelo universal de dados hidrográficos.

One of the most commented matters during the event was the need to adopt international standards. In his talk, Alberto Costa Neves, assistant director of the International Hydrographic Organization (IHO), highlighted the development of the S-100, a set of specifications that aims to establish a universal model of hydrographic data.

A expectativa, segundo Neves, é de que as novas especificações permitam atender a requisitos modernos de batimetria, informações que variam ininterruptamente. Em sua opinião, a ausência de padrões pode levar à falta de eficiência nas operações marítimas e portuárias e, em consequência, à ocorrência de acidentes e incidentes. Ao abordar o padrão S-100 no painel sobre nova estrutura de formatos cartográficos e os desafios para os portos brasileiros, Carlos Alberto Pêgas Ferreira destacou a importância das especificações S-102, um formato de batimetria adensada, e S-129, que fornece informação de folga abaixo da quilha para os navios. Os portos que não estiverem prontos para disponibilizar esses formatos quando entrarem em vigor poderão, de acordo com Pêgas Ferreira, perder mercado, pois eles impactam diretamente as operações comerciais, alterando, por exemplo, valores de frete. "Tem que haver participação dos portos, uma consciência da parte da Autoridade Marítima, da Autoridade Portuária e dos demais órgãos, como, por exemplo, o próprio Ministério da Infraestrutura. Se nós não fizermos isso, quem sairá perdendo é a economia do Brasil", afirmou.

Neves said that the expectation is for the new specifications to help meet the modern bathymetric requirements with constantly varying data. In his opinion, the absence of standards could lead to lack of efficiency in maritime and port operations and, consequently, to accidents and incidents. When addressing standard S-100 in the panel on a new mapping format structure and challenges for the Brazilian ports, Carlos Alberto Pêgas Ferreira stressed the importance of the S-102 specifications, a thickened bathymetric format, and S-129, which provides clearance information below the ships’ keel. Ports that are not ready to provide these formats when they enter in force may, according to Pêgas Ferreira, lose market, since they directly impact business operations, for example, altering freight values. "There has to be port participation, an awareness from the Maritime and Port Authorities and other agencies, namely the Ministry of Infrastructure. If we don’t do this, it is the Brazilian economy that loses out", he stated. On the same panel, Luis Fernando Resano, executive director of the Brazilian Cabotage Shipowners’ Association (ABAC), advises against the S-100. "We are bitten by the IMO putting pressure on 23


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"Será que o equipamento existente a bordo hoje é adequado ou vamos precisar fazer um retrofit do equipamento com muito custo? Isso é muito preocupante para nós", avaliou Resano. "São custos que vão impondo ao armador e que depois vão refletir no frete”. Ferreira reconheceu que o sistema parece "coisa de ficção científica, de um mundo distante", mas especula que o padrão S-100 deve vingar no Brasil na próxima década. Na Holanda, as cartas eletrônicas de atracação e o desejado porto 4.0 já são uma realidade. O modus operandi do Porto de Roterdã, o maior da Europa, foi abordado por Cesar Cajueiro Pimenta, da consultoria Intelligent Maritime Solutions. Ele informou que, além de cartas eletrônicas extremamente detalhadas, sempre atualizadas com levantamentos de dados realizados no próprio dia, o porto holandês conta com recursos como lanchas hidrográficas equipadas, rede de marégrafos e distribuição desses dados on-line. "Todos os portos europeus e norte-americanos possuem uma extensa rede de monitoramento de dados ambientais", afirmou Pimenta. "O valor disso está em grandes séries temporais". Pimenta também frisou a importância de manter longas séries temporais como maneira de se defender de possíveis acusações de danos ambientais atribuídos erroneamente aos portos, uma vez que os dados possibilitam a aferição do real impacto causado ao longo dos anos.

advance entry of regulations, without the technology being ready", he commented. "Would the equipment existing on board today be suitable or will we need to retrofit the equipment at great expense? This is a great concern for us", assessed Resano. "The shipowner incurs these costs that will then reflect on the freight”. Ferreira acknowledged that the system seems like “something from science fiction, a far-off world” but speculates that the S-100 standard should flourish in Brazil in the next ten years. In Holland, the electronic berthing charts and the desire port 4.0 are already a reality. Cesar Cajueiro Pimenta, from the consulting firm Intelligent Maritime Solutions, described the modus operandi of Rotterdam, the largest port in Europe. He said that in addition to extremely detailed electronic charts, always updated with data surveys on the actual day, the Dutch port has resources such as fitted hydrographic launches, a tide gauge system and distribution of these online data. "All European and North American ports have an extensive environmental data monitoring system", stated Pimenta. "The value of this lies in large time series ". Pimenta also stressed the importance of maintaining long time series as a way to be protected against possible accusations of environmental damages wrongly attributed to ports, since the data enable checking the actual impact caused over the years. foto/photo : Daniel Werneck

Presente no mesmo painel, Luis Fernando Resano, diretor executivo da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac), fez ressalvas ao endosso do S-100. "Nós estamos escaldados de a IMO fazer pressão de entrada de regras antecipadamente, sem que a tecnologia esteja pronta", observou.

BR do Mar Ainda que a implementação de inovações como essas pareça ser uma realidade distante para o Brasil, o clima no seminário era de otimismo em relação a medidas do novo governo para o futuro da navegação no país. Em sua palestra, Karênina Martins Teixeira Dian, diretora substituta do Departamento de Navegação e Hidrovias da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, explicou como o órgão está atuando nos setores marítimo e hidroviário desde que o ministro Tarcísio Gomes de Freitas assumiu a pasta da Infraestrutura, em janeiro. "Esse novo governo e essa nova era têm mostrado a importância da navegação para o Brasil", declarou Dian, mencionando a criação do Departamento de Navegação e Hidrovias, um corpo técnico dedicado a questões do setor, com o decreto 9.676/19. 24

PALESTRA DE/TALK BY CESAR CAJUEIRO PIMENTA

BR do Mar (‘offshore highway’) Although implementing innovations such as those seems to be a distant reality for Brazil, the seminar’s mood was optimistic in relation to the new government’s measures for the future of navigation in the country. In her talk, Karênina Martins Teixeira Dian, acting director of the Navigation and Waterways Department of the National Secretariat of Ports and Waterway Transportation, explained the agency’s role


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in the maritime and waterway sectors since Minister Tarcísio Gomes de Freitas took over the Infrastructures portfolio in January. "This new government and new era have shown how important navigation is for Brazil", Dian stated, mentioning the creation of the Navigation and Waterways Department, a technical body dedicated to the sector’s issues, with the decree 9,676/19.

GUSTAVO MARTINS E/AND KARÊNINA DIAN

Segundo a diretora, uma diretriz muito forte desta gestão são as ações de desestatização. Ela afirma que o departamento planeja 32 licitações de concessão à iniciativa privada para 2020-2021. Os projetos-piloto serão as desestatizações da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), da Autoridade Portuária de Santos, e da Companhia Docas do Estado do Espírito Santo (Codesa), que administra os portos de Vitória, Vila Velha e Barro do Riacho. "Hoje, os recursos públicos são insuficientes (...) para atender à demanda de melhorias de infraestrutura que o Brasil precisa. Então, existe uma necessidade de união com a iniciativa privada para que possamos alcançar o nível de excelência de logística que todos esperam", afirmou Dian.

According to the director, a very strong guideline of this management is the privatization actions. She says that the department plans 32 concession bids for the private enterprise in 2020-2021. The pilot projects will be to privatize the São Paulo State Docks Company (Codesp), the Santos Port Authority and the Espirito Santo State Docks Company (Codesa), which manages the ports of Vitória, Vila Velha and Barro do Riacho. "Today, public resources are not enough (...) to meet the demand for infrastructure improvements that Brazil needs. So there is a need to unite with private enterprise for us to be able to achieve the level of logistic excellence that everyone expects", asserts Dian. In addition to the privatizations, Dian said there was a policy in progress to encourage coastal shipping, currently mostly used for transporting petroleum. The idea, she explains, is not only to promote navigation but also to encourage alternative logistics to road freight, especially for long distance operations in cargo distribution in national ports.

Além das privatizações, Dian afirmou haver em curso uma política de estímulo à cabotagem, cujo uso atual é majoritariamente para transporte de petróleo. A ideia, ela explica, não é somente um fomento à navegação, mas, sim, uma alternativa logística à rodovia, sobretudo para operações de longa distância na distribuição de cargas nos portos nacionais.

The objective of "BR do Mar", as the program is known, is to have an ongoing coastal fleet. “I have to provide regularity [of services] and safety so that the ship will be there every week, on such a date, or the entrepreneur will continue to use the road”, considered Dian.

O objetivo do "BR do Mar", como o programa é conhecido, é ter uma frota perene de cabotagem. "Eu tenho que dar regularidade [de serviços] e segurança de que aquele navio vai passar a cada semana, tal dia, ou o empresário vai continuar no rodoviário", ponderou Dian.

The discussion on the good management of Brazilian ports raised some controversial issues. Mediated by pilot Siegberto Schenk, technical advisor for Conapra, the panel on the contribution of hydrography for efficiency and safety of waterway operations compared views of service providers, contracting parties and authorities.

Operational Safety

fotos/photos : Daniel Werneck

Segurança de operações O debate sobre a boa gestão dos portos brasileiros levantou polêmicas. Mediado pelo prático e conselheiro técnico do Conapra Siegberto Schenk, o painel sobre a contribuição da hidrografia para a eficiência e a segurança de operações aquaviárias contrapôs visões de prestadores de serviço, contratantes e autoridades. "Acho que alguma coisa deveria ser feita no sentido de que a hidrografia tivesse um sentido maior, uma vez que a Marinha, por mais esforço que faça, não consegue atender à demanda da necessidade do Brasil e, com isso, sem dúvidas, as empresas privadas entraram nesse cenário e contribuem decisivamente para diminuir esse prejuízo", disse o Sr. Valter L. Rocha, da Hidrotop.

SIEGBERTO SCHENK DURANTE HIDROPORTOS SIEGBERTO SCHENK AT HYDRO-PORTS

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seminários seminars

PARTICIPANTES DO HIDROPORTOS

CONTRA-ALMIRANTE CARLOS AUGUSTO CHAVES LEAL SILVA DURANTE EVENTO REAR ADMIRAL CARLOS AUGUSTO CHAVES LEAL SILVA AT THE EVENT

Em sua opinião, a Marinha não deveria ser responsável por levantamentos hidrográficos portuários, atribuição que deveria ser função da Autoridade Portuária. "Não entendo ainda como se pode acreditar em segurança de navegação se um levantamento para se ter o retorno de seu resultado demora 40 dias, 50 dias e, às vezes três, quatro, cinco meses, pondo em dúvida a capacidade da empresa contratada". O gerente do Tráfego Aquaviário da Diretoria de Portos e Costas (DPC), Attila Coury, mencionou a Lei dos Portos para explicar a criação da Autoridade Marítima com intuito de torná-la uma guardiã de "tudo que se estivesse fazendo no mar, inclusive na área portuária". "Acho que quem teve essa ideia no passado, o espírito da lei era trazer um pouco do conhecimento que a Marinha tinha nesses assuntos e tentar ajudar o setor portuário, mas acho que está na hora de darmos um passo à frente." Coury utilizou o Porto de Santos como exemplo da inviabilidade de a Marinha monitorar um local com demandas semanais de atualizações batimétricas. "Talvez seja a hora de pensar em cada porto ter o seu departamento, que não seja um departamento hidrográfico, mas que seja um departamento pelo menos oceanográfico, que olhe para a questão náutica com certo cuidado e maior prioridade."

HYDRO-PORTS DELEGATES

"I think that something should be done for hydrography to be more meaningful, since the Brazilian Navy, no matter what effort it makes, is unable to meet the demand for Brazil’s need and, consequently, undoubtedly the private companies entered this scenario and contribute decisively to reducing this loss", said Valter L. Rocha from Hidrotop. In his opinion, the Navy should not be responsible for port hydrographic surveys, an attribute that should be the role of the Port Authority. "I still do not understand how one can believe in navigation safety if a survey takes 40 or 50 days to return its result, even sometimes three, four or five months, casting doubt on the contracted firm’s capacity". Attila Coury, manager of waterway traffic for the Directorate of Ports and Coasts (DPC), mentioned the Ports Act to explain the creation of the Maritime Authority in order to make it a guardian of “everything that is being done offshore, including in the port area". "I think that whoever had this idea in the past was for the spirit of the law to bring the little knowledge that the Navy had on these matters and try to help the port sector, but I think that now’s the time to move ahead." Coury used Santos Port as an example of the unfeasibility of the Navy to monitor a place with weekly demands for bathymetric updates. "Perhaps it is time to think of each port having its

Edson Carlos Furtado Magno, por sua vez, explicou que a Diretoria de Hidrografia e Navegação, da qual foi vice-diretor, realiza levantamentos hidrográficos com a finalidade de assegurar reproduções cartográficas de acordo com os padrões da Organização Hidrográfica Internacional. "A Lei dos Portos define muito claramente: existe uma área organizada do porto. Recentemente foi publicada uma portaria do Ministério da Infraestrutura atribuindo a vários portos as áreas de sua competência. Ali, naquela área, a responsabilidade é, sim, da Autoridade Portuária", avaliou Magno. "Por fim, o grand finale, é a representação cartográfica. E o serviço hidrográfico brasileiro não pode abrir mão de fazer parte disso." 26

LUIZ FERNANDO PALMER FONSECA NO SEMINÁRIO LUIZ FERNANDO PALMER FONSECA AT THE SEMINAR


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seminários seminars

PRESENTES NO SEMINÁRIO DE HIDROGRAFIA PORTUÁRIA ATTENDEES AT THE SEMINAR ON PORT HYDROGRAPHY

Lançamento da SBHidro O seminário também marcou o lançamento oficial da Sociedade Brasileira de Hidrografia, a SBHidro, que foi celebrado com um coquetel ao fim do evento. Criada para fomentar o emprego e o aprimoramento da hidrografia como elemento crucial para as atividades marítimas e fluviais do país, a SBHidro busca integrar os setores governamental, acadêmico e privado em prol do desenvolvimento do país.

PALESTRA DE/TALK BY ARTUR BRANDÃO

own department, not hydrographic but at least an oceanographic department, which looks at the nautical question with certain care and greater priority." Edson Carlos Furtado Magno, in turn, explained that the Directorate of Hydrography and Navigation, of which he used to be vicedirector, undertakes hydrographic surveys to ensure cartographic reproductions according to the standards of the International Hydrographic Organization.

"A sociedade brasileira não conhece o que é a hidrografia e a importância que ela tem para o desenvolvimento econômico do país", comentou o almirante de esquadra Luiz Fernando Palmer Fonseca, diretor-presidente da SBHidro. "E evidentemente não se exerce bem uma atividade que não se conhece; ou quando se exerce sem a conhecer vai ser mal exercida. Infelizmente, é o que eu acho que acontece em muitos casos."

"The Ports Act very clearly defines that there is an organized area of the port. An order from the Ministry of Infrastructure was recently published attributing to a number of ports their jurisdiction areas. There, in that area, the responsibility does belong to the Port Authority", ascertained Magno. "After all, the grand finale is the cartographic representation. And the Brazilian hydrographic service cannot relinquish its role in this."

A sociedade possui 16 sócios fundadores e outros membros distribuídos em três comitês que visam disseminar a atividade, debater, estruturar e recomendar boas práticas de modo a colaborar com o Serviço Hidrográfico Nacional, órgãos públicos e entidades
 privadas no que se refere aos assuntos correlatos ao desenvolvimento da hidrografia.

Launch of SBHidro The seminar also marked the official launch of the Brazilian Hydrography Society (SBHidro), which was celebrated with a cocktail at the end of the event. Created to promote employment and enhancement of hydrography as a key element for maritime and river activities in Brazil, SBHidro seeks to integrate the governmental, academic and private sectors to boost the country’s development. "Brazilian society does not know what hydrography is and the importance it has for the country’s economic development", commented rear admiral Luiz Fernando Palmer Fonseca, directorpresident of SBHidro. "And obviously an activity is not well done when unknown – or, when it is carried out without knowledge, it will be badly executed. Unfortunately, this is what I think is happening in many cases."

LUIZ FERNANDO PALMER COM O/WITH CONTRA-ALMIRANTE REAR ADMIRAL CARLOS AUGUSTO CHAVES LEAL SILVA

The society has 16 founder members and other members distributed over three committees that aim to disseminate the activity, discuss, structure and recommend good practices in order to collaborate with the National Hydrographic Society, public agencies and private entities with regard to matters correlated to the development of hydrography. 27


“Será um desafio fazer com que a sociedade compreenda a importância da praticagem”, diz Ricardo Falcão Em entrevista à Rumos Práticos, o diretor-presidente eleito do Conapra destaca quais serão as prioridades de sua gestão O vice-presidente da Associação Internacional de Práticos Marítimos (IMPA), Ricardo Augusto Leite Falcão, do grupo Bacia Amazônica Práticos, foi eleito para novo mandato de dois anos à frente do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra). A assembleia que ratificou seu nome ocorreu no último dia do 43o Encontro Nacional de Praticagem, em Maceió (AL). A partir de fevereiro de 2020, Ricardo Falcão (ZP-01), que esteve à frente do Conapra anteriormente em duas gestões, de 2011 a 2014, substituirá no cargo de diretor-presidente o prático Gustavo Henrique Alves Martins (ZP-17), que foi eleito para mandato de três anos como presidente da Federação Nacional dos Práticos (Fenapráticos). Em entrevista à Rumos Práticos após a eleição, Falcão falou sobre os desafios e prioridades de sua gestão, como fazer com que a praticagem se torne mais conhecida na sociedade e manter o nível de excelência do serviço. Rumos Práticos: Como você se sente com essa eleição e com a perspectiva de assumir a presidência do Conapra mais uma vez? Ricardo Falcão: Me sinto feliz e honrado. A praticagem brasileira enfrenta muitos desafios para ser conhecida pela sociedade. Às vezes somos incompreendidos por diversos setores; eu já passei por isso no passado; o Gustavo fez um brilhante trabalho até agora, e, apesar de estar feliz e honrado, eu sei que será um desafio, em um novo governo, fazer com que as pessoas compreendam a importância da praticagem. RP: Quais serão as prioridades da sua gestão? RF: Divulgar o máximo possível para a sociedade a importância da praticagem, manter o nível de excelência que foi conquistado nas últimas décadas, manter o nível de participação internacional e o respeito que a praticagem brasileira tem hoje em relação à praticagem mundial, trabalhar junto com a Autoridade Marítima pela segurança da navegação e junto com a Autoridade Portuária e todos os operadores logísticos e portuários de maneira que 28

“It will be a challenge for society to understand the importance of marine pilots”, says Ricardo Falcão In an interview for Rumos Práticos, the director-president elect of Conapra highlights what will be the priorities of his office Ricardo Augusto Leite Falcão, vice-president of the International Maritime Pilots’ Association (IMPA), from the Pilots’ Amazon Basin group, was elected for another two-year term at the head of the Brazilian Maritime Pilots’ Association (Conapra). The meeting that ratified his name was held on the last day of the 43rd National Pilots’ Meeting in Maceió (Alagoas). From February 2020, Ricardo Falcão (ZP-01), who has been head of Conapra on two previous terms from 2011 to 2014, will substitute pilot Gustavo Henrique Alves Martins (ZP-17), in the position of director-president. Martins has been elected for a three-year term as president of the National Pilots’ Federation (Fenapráticos). In an interview for Rumos Práticos after his election, Falcão spoke about the challenges and priorities of his administration, such as

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entrevista interview


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a praticagem seja efetivamente um grande parceiro na busca de soluções para o desenvolvimento da economia do nosso país.

making pilotage better-known to the public and continuing the level of excellence of the service.

RP: Quais são os principais desafios que a praticagem do Brasil enfrenta hoje?

Rumos Práticos: How do you feel about this election and the prospect of assuming the Conapra presidency again?

RF: Houve uma entrada muito grande de novos práticos no último processo seletivo, em um momento em que, apesar de a quantidade de cargas ter aumentado, o número de navios diminuiu. No último ano houve até praticagem que precisou ser extinta, de tão baixo que era o número de manobras por prático. Então um dos desafios é manter o nível de adestramento dos práticos, a fim de manter o nível de qualidade na prestação do serviço.

Ricardo Falcão: I’m happy and honored. Brazilian marine pilots face many challenges to be acknowledged by society. Sometimes we are misunderstood by various sectors; I’ve been through that in the past. Gustavo Martins has done a brilliant work so far and, although I’m happy and honored, I know it will be a challenge, in a new government, to make people understand the importance of marine pilots.

RP: Em um cenário de aumento da movimentação de cargas e do tamanho dos navios, e de infraestrutura portuária muitas vezes limitada, o que o Conapra pode fazer para ajudar a manter a qualidade do serviço da praticagem? RF: O Conapra investe incessantemente em cursos de atualização dos práticos para seguir o padrão mundial de prestação do serviço, e busca fazer com que as Autoridades Portuárias compreendam a importância de que os meios disponíveis para o prático também melhorem, porque cada vez que o tamanho do navio aumenta, o desafio e o perigo também aumentam. Então isso vai requerer investimentos na área de rebocadores; existem terminais que foram construídos há 50 anos e que precisam de reforços, precisam de novos equipamentos de absorção de impactos, de dragagens que não façam com que o limite seja tão extremo. A praticagem compreende que o armador precisa de navios maiores porque isso aumenta sua margem de lucro, porém não está havendo por parte das autoridades investimentos para que esses navios entrem respeitando-se todos os limites de segurança. RP: Como o Conapra pode ajudar a praticagem a se tornar mais conhecida na sociedade? RF: Vou citar um exemplo. Em 2019 a minha praticagem resolveu conhecer melhor a região do arco lamoso do Rio Amazonas, e para isso fez uma parceria com universidades e principalmente com a Marinha do Brasil, e instalamos novos marégrafos. Com novas medições, descobrimos que é possível navegar com praticamente 1,50 metro a mais de calado, em uma região extremamente importante para a balança comercial brasileira. E nós não estamos vendo no radar do Ministério da Infraestrutura, e consequentemente no radar dos importadores e exportadores, que um Panamax na Amazônia vai deixar de carregar 50 mil para levar 70 mil toneladas, uma eficiência de mais de 40%. Como você pode ter informações tão valiosas que simplesmente não estão disponíveis para os brasileiros? Uma das coisas que o Conapra apoiou em 2019 e vai estar empenhado durante o ano de 2020 é participar do Brasil Export, assim como de outros fóruns de logística, para conseguirmos divulgar para toda a cadeia logística essas informações, o trabalho proativo que a praticagem tem feito, com o qual o país vai ganhar.

RP: What will the priorities be in your administration? RF: To publicize as much as possible the importance of pilotage, to maintain the level of excellence that was achieved over the last few decades; to keep the level of international participation and respect that Brazilian pilots have today with regard to global pilotage; and to work together with the Maritime Authority for navigation safety and with the Port Authority and all logistics and port operators so that pilotage is effectively a close partner in finding solutions for developing our country’s economy. RP: What are the main challenges confronted by Brazilian pilots today? RF: There has been a very large influx of new pilots in the last selection process, at a time when, despite the increase in freight, the number of ships has diminished. Last year, some pilot stations had to be dissolved because the number of maneuvers per pilot was so low. So one of the challenges is to maintain the pilots’ level of competence in order to preserve quality in providing the service. RP: At a time when there is an increase in cargo handling and size of ships, and port infrastructure is sometimes very limited, what can Conapra do to help keep the quality of the pilots’ service? RF: Conapra constantly invests in refresher courses for the pilots to adopt the global standard of providing the service, and does its utmost to make the port authorities understand the importance of also improving the means available to the pilot, because whenever the ship increases in size the challenge and risk also increase. So this will require investments in tugs; some terminals were built 50 years ago and now need reinforcement, new shock absorber equipment, and dredging that doesn't cause the limit to be so extreme. The pilots understand that the ship owner needs larger ships because this increases his profit margin, but there are no investments from the authorities for such ships to enter, with all safety restrictions being respected. RP: How can Conapra help pilots become better known to the public? RF: Here’s an example. In 2019 my pilot station decided to learn more 29


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RP: Além de participar de fóruns, há alguma estratégia mais ampla para divulgar essas iniciativas da praticagem? RF: Sim. Nós temos que estimular as praticagens locais a melhorar sua comunicação. Se você perguntar hoje lá no meu estado, o Amapá, quem é o parceiro de tudo que está acontecendo de positivo, você vai ouvir do senador, do prefeito, do governador, que é a praticagem que é parceira deles. Mas é porque eu estou lá em cima deles, fazendo com que eles vejam isso. Não adianta eu fazer um trabalho se a própria praticagem local é quieta. Como eu vou adivinhar o que o prático do Ceará ou do Rio Grande estão fazendo se eles não me contam? É complicado. Nós temos que estimular as pessoas a contar; a praticagem tem feito muita coisa, mas isso está quieto, está silente. RP: Então essa mudança na comunicação visa atingir a população? RF: Sim, eu gostaria que a população entendesse que só há praias limpas se o serviço de praticagem estiver funcionando. Que na Amazônia a população que bebe água do Rio Amazonas, que come açaí, peixe e camarão, e famílias enormes sobrevivem com pouquíssimo dinheiro no final do mês é porque as águas estão limpas, e se isso está acontecendo é porque há quase 200 anos existe uma praticagem eficiente que nunca deixou um acidente ocorrer na Amazônia colocando isso em risco.

about the muddy arc of the Amazon River, and to do this it partnered with universities and especially with the Brazilian Navy, and new tide gauges were installed. With new measurements, we discovered that it is possible to navigate with practically an extra 1.50 meter of draft in an extremely important region for the Brazilian trade balance. And we’re not seeing this on the Infrastructure Ministry radar, and therefore it’s not in the importers and exporters’ radar either – that a Panamax in the Amazon, that used to carry 50,000 tons will no be carrying 70,000 tons, an efficiency of more than 40%. How can you have such valuable information that is simply not available to Brazilians? One of the things that Conapra supported in 2019 and will be committed to doing in 2020 is to participate in Brazil Export, as well as in other logistics forums, so that we are able to disseminate throughout the logistics chain this information, the proactive work that the pilots have done, with which the country will benefit. RP: In addition to participating in forums, is there a wider strategy to publicize those pilot projects? RF: Yes. We have to encourage local pilot stations to improve their communication. If you ask around today in my state, Amapá, who is the partner of every positive event, you will hear from the senator, mayor, and governor that the pilot station is their partner. But that’s because I’m going after them, making them see that. It’s no good if I’m doing a good job but the actual local pilot station says nothing. How will I guess what the pilots in Ceará or Rio Grande are doing if they don’t tell me? It’s complicated. We have to encourage people to inform about what’s done; pilotage has done a lot of things, but these things don’t show, they’re silent. RP: So does this change in communication aim at reaching the population? RF: Yes, I’d like the public to understand that there can only be clean beaches if the pilotage service is functioning. That in the Amazon the population that drinks water from the Amazon River, that eats açaí, fish and prawns, and huge families survive with very little money at the end of the month, it is because the water is clean, and if this is happening it’s because for almost 200 years there has been an efficient pilot station that has never allowed an accident to occur in the Amazon to endanger all this.

CONFIRA COMO FICARÁ A ADMINISTRAÇÃO DO CONAPRA EM 2020 E 2021: CHECK OUT THE CONAPRA ADMINISTRATION IN 2020 AND 2021: Diretoria Executiva/ Executive Board

Presidente/President

Vice-presidente/Vice-president

Ricardo Augusto Leite Falcão (ZP-01) Otavio Augusto Fragoso Alves da Silva (ZP-15)

Diretor/Director Bruno Fonseca de Oliveira (ZP-05) Diretor/Director João Bosco de Brito Vasconcelos (ZP-19) Diretor/Director Marcos de Castro Alves (ZP-01) 30


cabotagem coastal shipping

Regulação econômica e custo da praticagem são debatidos em evento sobre cabotagem

foto/photo : Paulo A. Santos/Mix mídia produções

Participantes do painel sobre praticagem em ciclo de debates promovido pela Usuport-RJ destacaram a qualidade técnica do serviço prestado pelos práticos brasileiros

Evento de

PARTICIPANTES DO PAINEL SOBRE PRATICAGEM NO EVENTO DA USUPORT-RJ MEMBERS OF THE PANEL ON PILOTAGE AT THE RIO DE JANEIRO PORT USERS’ ASSOCIATION (USUPORT-RJ) EVENT

O evento “A Cabotagem Brasileira para o Usuário”, realizado em 9 de dezembro no Rio de Janeiro, foi organizado pela Associação dos Usuários dos Portos do Rio de Janeiro (Usuport-RJ) para discutir problemas e soluções relativos a esse modal sob a perspectiva do dono da carga. Em painel sobre a praticagem, os participantes debateram a regulação econômica e o custo do serviço, e ressaltaram sua qualidade. Ao abrir o painel, Jacqueline Wendpap, chefe de gabinete da presidência da Santos Port Authority, afirmou que a alta qualidade técnica do serviço prestado pelos práticos no país é inquestionável e que há dependência forte e direta da praticagem brasileira devido à “ineficiência e ao desmantelamento das autoridades portuárias nos últimos anos”. Ela ressaltou, no entanto, que há “grande crítica em relação ao custo da praticagem, ao quanto ele impacta a navegação no Brasil”, e questionou se a escala única de rodízio hoje vigente é adequada.

Economic regulations and pilotage costs discussed at a coastal shipping event Participants of the panel on pilotage in a debate cycle organized by Usuport-RJ emphasized the technical quality of the service provided by Brazilian pilots The event “Brazilian Pilotage for the User” on 9th December in Rio de Janeiro was organized by the Rio de Janeiro Port Users’ Association (Associação dos Usuários dos Portos do Rio de Janeiro _ Usuport-RJ) to address problems and solutions relating to this modal from the view of the freight owner. On a panel about pilotage, the participants discussed the economic regulation and cost of the service, with emphasis on its quality. 31


cabotagem coastal shipping

O presidente do Tribunal Marítimo, almirante Wilson Pereira de Lima Filho, defendeu esse sistema: “Temos que entender que aumentar o número de práticos não reduz o preço do serviço ofertado pela praticagem. Além disso, esse aumento gera um grande problema, porque o prático tem que realizar um número mínimo de manobras mensais para manter sua qualificação”.

On opening the panel, Jacqueline Wendpap, chief of staff for the Santos Port Authority, asserted that the high technical quality of the service provided by pilots in Brazil is undeniable and that there is a strong and direct dependency on the Brazilian pilots due to the “inefficiency and decommissioning of port authorities in recent years”.

“A praticagem é um serviço essencial para o nosso país, é uma atividade privada de interesse público e é importante que tenha tanto regulação econômica como regulação técnica, esta última exercida pela Marinha do Brasil”, completou.

However, she did stress that there is “strong criticism regarding the cost of pilotage, on how much it impacts navigation in Brazil”, and she questioned the suitability of today’s single rotation scale.

No mesmo sentido, o presidente da Praticagem do Estado de São Paulo e membro do Conselho Técnico do Conapra, Carlos Alberto de Souza Filho, afirmou que a escala de rodízio única da praticagem do Brasil está dentro dos paradigmas mundiais: “O prático não pode trabalhar tanto que fique fatigado, porque isso compromete seu desempenho, sua capacidade cognitiva e a segurança; e nem pode trabalhar tão pouco que perca a prática”. Ele considerou, ainda, que o custo da praticagem não é portuário, e sim do armador, estando embutido no frete, e que deve ser analisado nesse contexto. Em relação à cabotagem, Souza Filho lembrou que todas as praticagens já oferecem preços reduzidos e citou o exemplo de Santos, onde um navio nacional com tripulação brasileira tem desconto de 7% em relação à tabela.

foto/photo : Paulo A. Santos/Mix mídia produções

“Qual é a finalidade de se regular a praticagem? Se é redução de custo para o usuário, tem que chegar até ele. A praticagem é custo do armador, está no frete que pagamos. Como eu vou calcular se uma redução no preço da praticagem vai reduzir o frete? Ninguém conseguiu me explicar isso até hoje”, questionou o presidente da Usuport-RJ, André de Seixas.

Admiral Wilson Pereira de Lima Filho, president of the Maritime Court, defended this system: “We need to understand that increasing the number of pilots does not reduce the price of the pilotage service. Also, this increase creates a major problem, because the pilot has to perform a minimum number of maneuvers a month to keep his qualification”. “Pilotage is a vital service to our country, a private activity of public interest, and it is important that it has financial and technical regulations, the latter subordinate to the Brazilian Navy”, he completed. Similarly, Carlos Alberto de Souza Filho, president of the São Paulo State Pilotage and member of Conapra Technical Council, said that the single rotation scale of pilotage in Brazil matches the worldwide paradigms: “The pilot must not work to exhaustion point, because this jeopardizes his performance, his cognitive ability and safety; and must not work too little so as not to lose his or her skill”. He also considered that the cost of pilotage is to the ship owner’s account rather than to that of the port, being included in shipping costs, and should be analyzed in this context. With regard to coastal shipping, Souza Filho recalled that every pilotage already offers reduced prices and quoted the example of Santos, where a national ship with a Brazilian crew has a 7% discount off the cost table. “What’s the purpose of regulating pilotage? If it is reducing costs for the users, then this has to reach them. Pilotage is the shipowner’s cost, it’s included in the shipping costs we pay for. How can I calculate whether cutting pilotage would reduce shipping costs? So far no one has been able to explain that to me”, argued the CEO of Usuport-RJ, André de Seixas. Alexandros Ikonomopoulos, operations director of Posidonia Shipping, agreed: “I’ve been thinking if what we need is to economically regulate pilotage costs or somehow merely reduce them. And this worries me because, as a ship-owner, I want nothing to affect the quality of the pilotage given to me”.

CARLOS ALBERTO DE SOUZA FILHO DURANTE PAINEL SOBRE PRATICAGEM CARLOS ALBERTO DE SOUZA FILHO DURING THE PANEL ON PILOTAGE

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“A number of Brazilian ship-owners, just like us, contract directly with several pilotage providers in an open trading model, and it has worked”, he concluded.


cabotagem coastal shipping

Alexandros Ikonomopoulos, diretor de Operações da Posidonia Shipping, concordou: “Fico pensando se o que queremos é regular economicamente ou simplesmente diminuir de alguma forma o preço da praticagem. E isso me causa certa preocupação, porque, como armador, eu não quero que nada afete a qualidade da praticagem que me atende”. “Vários armadores brasileiros, assim como nós, têm contratos diretamente com as diversas praticagens, num modelo de negociação aberta, e que tem funcionado”, completou. Por outro lado, expressou apreensão com a eventual condução pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) da regulação econômica da praticagem “nos moldes em que a agência existe hoje e com tantas preocupações levantadas pelos órgãos de controle” sobre seu funcionamento. Para Jacqueline Wendpap, a Antaq, “embora precise sofrer maior qualificação, tem maturidade em seu corpo técnico e está preparada para absorver a regulação econômica da praticagem se houver o entendimento da necessidade” desse mecanismo. A senadora Kátia Abreu (PDT-TO), que participou do evento, argumentou que o impacto no frete de uma eventual redução do preço da praticagem seria palpável, ao contrário do entendimento expressado pela maioria dos participantes do painel.

Nevertheless, he expressed concern about the direction to be taken by the National Waterways Transport Agency (Agência Nacional de Transportes Aquaviários - Antaq) in the economic regulation of pilotage “in the way the agency exists today, and with so many concerns being raised by the control agencies” about its operation. Jacqueline Wendpap says that Antaq, “although it needs to undergo further qualification, has a mature enough technical team and is ready to absorb the economic regulation of pilotage if it is understood that there is a need” for this mechanism. Senator Katia Abreu (PDT-TO), a participant in the event, argued that the impact on shipping costs would be tangible with a drop in the pilotage price, contrary to the understanding expressed by most of the panel’s participants. “Every cost is made up of its prices, so the lower they are – whether taxation or service hiring –, the cheaper the shipping. Capitalism begins with competition, and competition only moves with volume, numbers and efficiency. The more we seek efficiency and reducing the components of these shipping costs, expanding competition, the lower the shipping costs we’ll have”, said the senator. Souza Filho replied that competition is dangerous when providing a safety service, as in the case of pilotage.

foto/photo : Paulo A. Santos/Mix mídia produções

“If a marine pilot company is more aggressive commercially, offers lower prices and captures a larger slice of the market, it might lead to fatigue, because the single rotation will end and compromise safety. This will encourage haste in performing maneuvers in order to attend other ships and prompt a drop in profits, which would cause a decrease in investments that are necessary to ensure excellence of the service”, he said. “Perhaps people are too focused on price and unable to measure the exact value of pilotage, because the sound of safety is silence and the product we offer is safety”, added Souza Filho. Opening and other panels

SENADORA KÁTIA ABREU NA ABERTURA DO EVENTO SENATOR KATIA ABREU AT THE EVENT’S OPENING

“Todo custo é composto dos seus preços, então quanto mais baixos eles forem – sejam de impostos ou contratação de serviços –, mais barato será o frete. O capitalismo é feito pela concorrência, e essa só se move com volume, números e eficiência. Quanto mais buscarmos eficiência e diminuição do custo dos componentes desse frete, ampliando a concorrência, nós teremos fretes mais baratos”, afirmou a senadora.

"Brazilian Coastal shipping for the User” had five panels altogether. At the opening ceremony of the event, Admiral Lima Filho emphasized that the price for operating vessels under the Brazilian flag is 50% to 80% higher than for ships under the flag of an open registry. In his view, “cutting costs and increasing competition are paths to follow, always with a view to guaranteeing efficiency and generating jobs for Brazilians”. He also recalled the benefits of waterway compared to road transportation, namely a lower risk of accidents, lower logistics cost for the cargo owner and less environmental impact. “We are witnessing a unique moment in the national scenario, because the sea trade theme is effectively on the government’s 33


cabotagem coastal shipping

Souza Filho replicou que a concorrência é perigosa quando se provê um serviço de segurança, como é o caso da praticagem. “Se uma empresa de práticos é mais agressiva comercialmente, coloca preços mais baixos e pega uma fatia maior do mercado, isso gera fadiga, porque vai acabar o rodízio único, e compromete a segurança. Haverá também pressa para terminar manobras a fim de atender outros navios e queda no faturamento, o que provocaria uma diminuição dos investimentos necessários para assegurar a excelência do serviço”, afirmou. “Talvez as pessoas se concentrem muito no preço e não consigam dimensionar o exato valor que a praticagem tem, porque o som da segurança é o silêncio, e o produto que nós oferecemos é segurança”, acrescentou Souza Filho. Abertura e outros painéis "A Cabotagem Brasileira para o Usuário” contou com cinco painéis no total. Na abertura do evento, o almirante Lima Filho destacou que o preço para operação das embarcações de bandeira brasileira é de 50% a 80% mais caro do que o de navios com bandeira de registro aberto. Em sua percepção, “a redução de custos e o aumento da concorrência são caminhos a seguir, sempre com vistas a garantir a eficiência e a geração de empregos para brasileiros”. Lembrou, ainda, as vantagens do transporte aquaviário em relação ao rodoviário, como menor risco de acidentes, menor custo logístico para o dono da carga e impacto reduzido para o meio ambiente. “Estamos testemunhado um momento ímpar no cenário nacional, pois o tema comércio marítimo está efetivamente na pauta do governo. O Ministério da Infraestrutura está ultimando os estudos para a implementação da denominada BR do Mar, e estamos ansiosos. Espera-se que o incentivo à cabotagem se transforme em realidade”, concluiu. Também na abertura, a senadora Kátia Abreu ressaltou as vantagens desse modal e apresentou dados que mostram que o custo do transporte no Brasil é o dobro em comparação com os Estados Unidos, o que acontece sobretudo devido à predominância do modal rodoviário em nossa matriz. Em rota de Manaus a São Paulo, por exemplo, o custo logístico do transporte rodoviário faz com que seu frete seja 83% maior do que o da cabotagem. Ela apresentou as conclusões de uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a fim de entender por que a longa distância é mais barata do que a cabotagem. Segundo o relatório, os preços praticados no setor (tarifas portuárias, praticagem e rebocadores), fragilidades na institucionalização de uma política pública de cabotagem, elevados custos operacionais e burocracia são fatores que restringem a utilização desse modo de transporte no país. Em relação à praticagem, afirmou ser contrária à exclusividade da Marinha, “apesar de sua competência”, no treinamento de 34

agenda. The Infrastructure Ministry is finalizing the studies for implementation of the BR do Mar (freely translated as ‘offshore highway’) and we are so excited about it. Hopefully the coastal shipping incentive will become a reality”, he concluded. Also at the opening ceremony, senator Katia Abreu pointed out the benefits of this model and presented data showing that the transportation cost in Brazil is double that in the USA; this is due mainly to the predominance of road transport modal in our matrix. On the route from Manaus to São Paulo, for example, the highway logistics cost makes shipping 83% higher than coastal shipping. She presented the conclusions of an audit performed by the Brazilian Federal Audit Court (Tribunal de Contas da União-TCU) in order to understand why long distance is cheaper than coastal shipping. According to the report, the prices charged in the sector (port fees, pilotage and tugs), weaknesses in the institutionalization of a public coastal shipping policy, high operating costs and bureaucracy are factors that restrict the use of this mode of transportation in Brazil. Concerning pilotage, she said she was against the exclusivity of the Brazilian Navy, “despite its competence”, in training crewmembers and pilotage functionality, and considered that a greater diversity in this task would be beneficial for the country. The senator strongly criticized the performance of Brazilian transport regulating agencies, which, in her view, allow market concentration. In the case of pilotage, “three to six companies control 99% of the sector and all of them have a strong international component”, she suggested. Adalberto Tokarski, Antaq director, argued that specific public policies and laws must precede regulations, which does not happen in many cases, such as, for example, in coastal shipping. He also mentioned measures that have been recently approved or are on the agency’s agenda, namely the rule of rights and duties for users and shipping companies; the simplified lease of port areas, and standardization of billing items for port terminal users. Delmo Manuel Pinho, Rio de Janeiro State Transport Secretary, criticized the coastal shipping market concentration and stated that the National Logistics Plan is “extremely poor”, presenting major faults also with regard to coastal shipping, for example, by not considering large ports and having equipment wrongly allocated. He did, however, salute the initiative of the BR do Mar, which he considered very important in its “focus on a matter that hasn't received due attention in the last 20 years”. The panel “Domestic Navigation in Brazil and Worldwide and Competition”, which had the participation of Adalberto Tokarski and others, discussed policies to develop Brazilian coastal shipping, by comparing foreign models, analyzing what must be prevented and what can be applied to Brazil, in order to boost the sector.


cabotagem coastal shipping

tripulantes e operacionalização da praticagem, e ponderou que uma diversificação maior nessa tarefa seria benéfica para o país. A senadora fez duras críticas à atuação das agências reguladoras de transportes no país, que, em sua visão, permitem a concentração de mercado. No caso da cabotagem, “de três a seis empresas controlam 99% do setor, e todas elas têm forte componente internacional”, apontou. O diretor da Antaq, Adalberto Tokarski, argumentou que as regulações devem ser precedidas de políticas públicas específicas e leis, o que não acontece em muitos casos, como no da cabotagem. Mencionou, ainda, medidas aprovadas recentemente ou que estão na pauta da agência, como a norma de direitos e deveres dos usuários e das empresas de navegação, o arrendamento simplificado de áreas portuárias e a padronização de rubricas de cobrança aos usuários dos terminais portuários. Delmo Manuel Pinho, secretário de Estado de Transportes do Rio de Janeiro, criticou a concentração no mercado de cabotagem e afirmou que o Plano Nacional de Logística é “fraquíssimo”, apresentando grandes falhas também no que diz respeito à cabotagem, por exemplo, ao não contemplar grandes portos e ter equipamentos alocados de forma equivocada. Saudou, no entanto, a iniciativa BR do Mar, que considerou muito importante por “dar foco a um assunto que em 20 anos não recebeu a devida atenção”.

The other panels discussed the statements by a government sector that ships registered under foreign flags are pirates and pose a potential hazard to navigation; the creation of a State policy to develop a national merchant fleet based on the analysis of topics such as legislation, foreign trade sovereignty, competition and reducing shipping costs; and problems relating to taxation on Brazilian coastal shipping and exchange operations. In an interview to Rumos Práticos, André de Seixas analyzed the outcome of the discussions as positive: “Our objective was to offer an extremely technical event; we tried to bring the best to discuss crucial subjects for coastal shipping, and it was very positive, we demystified many matters that are discussed with no technical basis”. The event was attended by representatives from the Economic Ministry, Federal Audit Court, Antaq, users, ship-owners, terminals, shipyards, law firms, and the Pilots’ Unions of São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná and the Amazon Basin.

foto/photo : Paulo A. Santos/Mix mídia produções

O painel “A Navegação Doméstica no Brasil e no Mundo e a Concorrência”, que contou com a participação de Adalberto Tokarski, entre outros, buscou debater políticas para desenvolver a cabotagem brasileira, a partir da comparação de modelos estrangeiros, analisando o que deve ser evitado e o que pode ser aplicado no Brasil, de maneira a impulsionar o setor. Os demais painéis discutiram as afirmações por parte de um setor do governo de que os navios inscritos em bandeiras estrangeiras são piratas e representam risco à navegação; a criação de política de Estado para desenvolver uma frota mercante nacional a partir da análise de temas como a legislação, a soberania no comércio exterior, a concorrência e a redução do frete; e problemas relativo à tributação na cabotagem brasileira e operações cambiais. Em declaração à Rumos Práticos, André de Seixas avaliou o resultado das discussões como positivo: “Nosso objetivo era fazer um evento extremamente técnico; procuramos levar os melhores para debater assuntos críticos para a cabotagem, e foi muito bom, desmitificamos muita coisa que é falada sem qualquer embasamento técnico”. O evento contou com a participação de representantes do Ministério da Economia, do Tribunal de Contas da União, da Antaq, de usuários, armadores, terminais, estaleiros, escritórios de advocacia, das Praticagens de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e da Bacia Amazônica.

ANDRÉ DE SEIXAS NO EVENTO DA USUPORT-RJ ANDRÉ DE SEIXAS AT THE USUPORT-RJ EVENT

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Praticagem coordena manobra inédita em São Paulo com submersível Pilotage coordinates unprecedented maneuver in São Paulo with submersible ship A Praticagem do Estado de São Paulo coordenou, em novembro, uma manobra inédita para a ZP-16, no canal entre São Sebastião e Ilhabela. O navio-doca submersível Xin Guang Hua, com 255 metros de comprimento, submergiu parcialmente para receber em seu convésplataforma o avariado Chipol Taihu, de 188 metros, e levá-lo em segurança para a China. No dia 19, o submersível foi fundeado por práticos, e no dia seguinte foi realizada a operação para submergi-lo parcialmente, até a profundidade de 27 metros. Após ser rebocado até o ponto de encontro com o submersível, o Chipol Taihu foi cuidadosamente puxado para a plataforma-doca do Xing Guang Hua, com o auxílio de rebocadores e cabos especiais. The Pilotage of São Paulo State coordinated, in November, an unprecedented maneuver for ZP-16, at the canal between São Sebastião and Ilhabela. The submersible dock ship Xin Guang Hua, 255 meters long, partially submerged to receive on its platform-deck the damaged Chipol Taihu, which is 188 meters long, and take it safely to China. On the 19th, the submersible ship was anchored by pilots, and on the following day the operation to partially submerge it was performed, reaching the depth of 27 meters. After being towed to the meeting point with the submersible ship, the Chipol Taihu was carefully pulled on to the platform dock of the Xing Guang Hua, with the help of tugs and special cables.

Centro de simulação de manobras TPN da USP ganha prêmio ANP de inovação NTT maneuver simulation center at USP receives the ANP award for innovation O projeto "Centro de Simulações de Manobras do Tanque de Provas Numérico da USP aplicado à Busca de Soluções para Escoamento da Produção de Petróleo e Gás Brasileira" foi vencedor na Categoria III do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2019, entregue em 28 de novembro. O projeto envolveu o desenvolvimento de um centro de simulação inovador para a pesquisa de manobras marítimas, portuárias e hidroviárias, cujo objetivo é prover um ambiente completo para o estudo de operações não convencionais, como atracação a contrabordo, transferência em ship-to-ship e análise de manobras em águas muito rasas e restritas, entre outras. The project called “Maneuver Simulation Center for the Numeric Test Tank at USP applied to the Search for Solutions to the Brazilian Oil and Gas Production Outflow” was the winner of Category III at the ANP Awards for Technological Innovation 2019, handed out on the 28th of November. The project involved the development of an innovative simulation center for research in marine, port and waterway maneuvers, with the objective of providing a complete environment for the study of non-conventional operations, such as counter board mooring, ship-to-ship transfers and analysis of maneuvers in very shallow and restricted waters, among other things.

Praticagem da Bahia instala balizamento virtual em Salvador Bahia’s Pilotage installs virtual guidance markings in Salvador O Centro de Operações da ZP-12, responsável por coordenar as manobras realizadas pelos 37 práticos da Bahia, incorporou um sistema de balizamento virtual para aumentar a segurança das operações portuárias na Baía de Todos os Santos. A ferramenta permitirá a demarcação virtual de parte do canal de aproximação e da bacia de evolução do Porto de Salvador, contribuindo para ampliar a consciência situacional dos práticos, e proporcionará melhores condições de navegação ao elevar a menor profundidade de 14,3 metros para 14,8 metros. ZP-12 Operation Center, responsible for coordinating the maneuvers performed by the 37 pilots in Bahia, has incorporated a virtual marking system to raise safety in port operations at the Todos os Santos Bay. The tool will enable the virtual marking of part of the approximation canal and the evolution basin at the Salvador Port, contributing to widen the situational consciousness of the pilots, and will provide better navigation conditions by elevating the lowestdepth from 14.3 meters to 14.8 meters. 36


Seminário na FGV debate adoção de combustíveis mais limpos Seminar at FGV discusses the use of cleaner fuels A adaptação da indústria à regulação da Organização Marítima Internacional (IMO) segundo a qual a todos os navios que utilizam óleo combustível terão que reduzir o limite de teor de enxofre dos atuais 3,5% para 0,5%, que entrou em vigor este ano, foi discutida em um seminário realizado em 3 de dezembro pela FGV Energia e pela FGV Transportes, no Rio de Janeiro, com patrocínio da Praticagem do Brasil. Durante o evento, foram debatidos os impactos da mudança no mercado e nas áreas legal, de refino e de distribuição. Discutiram-se, ainda, a qualidade dos combustíveis novos e dos existentes, e as opções compatíveis no transporte marítimo. The industry’s adaptation to the International Marine Organization (IMO) regulation, according to which every ship using fuel oil will have to reduce the limit of sulfur content from the current 3.5% to 0.5%, starting this year, was discussed at a seminar organized by FGV Energia and FGV Transportes on December 3rd, in Rio de Janeiro, sponsored by the Brazilian Pilotage. During the event, the discussed subjects were the impacts of this change in markets and legal, refining and distribution areas. The quality of the new fuels and the existing ones, as well the compatible options in marine transport were also debated.

Praticagem do Brasil amplia participação na campanha da IMPA Brazilian Pilotage increases participation on IMPA campaign De acordo com os resultados da campanha de segurança de 2019 da Associação Internacional de Práticos Marítimos (IMPA), dos 4.225 relatórios enviados de 35 países em seis continentes, 1.340 foram provenientes da América do Sul, sendo 1.155 brasileiros, o que corresponde a 86% da participação na região e a 27% no mundo. Na campanha de 2018, os percentuais do país foram de 81% e 24%, respectivamente. No Brasil, 854 (74%) dos relatórios foram enviados por meio do aplicativo No Rumo Certo. According to the results of the 2019 safety campaign by the International Marine Pilots Association (IMPA), from the 4,225 reports sent from 35 countries in six continents, 1,340 came from South America, with 1,155 being Brazilian, corresponding to 86% of participation in the region and 27% in the world. On the 2018 campaign, the percentages of the country were 81% and 24%, respectively. In Brazil, 854 (74%) of the reports were sent in through the No Rumo Certo app.

Gustavo Martins é homenageado pelo Hemorio por 92 doações de sangue Gustavo Martins honored by Hemorio for his 92 blood donations O diretor-presidente do Conapra, Gustavo Martins, foi um dos homenageados pelo Hemorio em cerimônia realizada em 27 de novembro na sede da unidade, no Rio de Janeiro, por motivo da Semana Nacional do Doador Voluntário de Sangue. Ele é doador por aférese, um processo em que se coleta um componente específico do sangue − plaquetas ou hemácias − e já fez 92 doações somente no instituto estadual. Gustavo Martins, director-president of Conapra, was one of those honored by Hemorio at a ceremony on November 27 in its headquarters in Rio de Janeiro, for the National Week of the Volunteer Blood Donor. He is an apheresis donor, a process where a specific component of blood is collected – platelets or red blood cells – and he has already made 92 donations in the state institute alone. 37


Compromisso com a navegação segura Commit to Safe Navigation

A NAVEGAÇÃO SEGURA NAS ÁGUAS DE PRATICAGEM É TAREFA COMPARTILHADA ENTRE TIME DO PASSADIÇO E O PRÁTICO SAFE NAVIGATION IN PILOTAGE WATERS IS A SHARED TASK OF THE BRIDGE TEAM AND THE PILOT

Oferecer informações de navegação Respeitar-se mutuamente

Respect each other

Comunicar-se na viagem inteira Trabalhar juntos Ficar atentos

Work together

Stay alert

Share navigation information

Communicate throughout the voyage


NÃO PERCA A CHANCE, JUNTE-SE A NÓS. Conferências - Networking - Festas

DO NOT MISS THE CHANCE, JOIN US. Conferences - Networking - Parties

ORADORES DE PRESTÍGIO

ATIVIDADES PARTICIPANTES SOCIAIS PARA NETWORKING

EMPRESAS

24 a 30 de maio de 2020 May 24th-30th, 2020 Cancun, Mexico

www.impamexico2020.com

foto/ photo : freepik/kstudio

Cancún, México


GUIDELINES FOR COLLECTING MARITIME EVIDENCE VOLUMES 1 & 2 Os dois volumes de Guidelines for Collecting Maritime Evidence fornecem orientações essenciais sobre como responder após um incidente, quando é provável que muitos órgãos de investigação estejam solicitando informações das pessoas envolvidas. O tema é exposto, ainda, sob o ponto de vista dos diversos atores implicados no processo. Especialistas reconhecidos em vários campos explicam em linguagem clara quais são as evidências necessárias − destacando a primazia das eletrônicas ou digitais, devido à sua fidedignidade −, como essas evidências devem ser preservadas e como serão usadas.

GUIDELINES FOR COLLECTING MARITIME EVIDENCE The two volumes of Guidelines for Collecting Maritime Evidence provide essential instructions on how to respond after an incident, when it is likely that many investigation agencies will be asking for information from the people involved. The topic is also explained from the viewpoint of the different actors implicated in the process. Renowned specialists in several fields explain in clear language what evidences are necessary – stressing the primacy of the electronic or digital ones, due to their reliability –, how these evidences must be preserved and how they will be used.


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