Rumos Práticos 56

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Revista do Conapra - Conselho Nacional de Praticagem - N0 56 - jun a set/20

Confira os desafios da Praticagem do Rio de Janeiro Check out Rio de Janeiro Pilot Station's challenges

Brazilian Maritime Pilots’ Association Magazine - N0 56 - Jun to Sep/20



Editorial Cenário da assinatura do primeiro decreto de regulamentação do serviço no país, em 1808, o Rio de Janeiro é tema da nossa segunda matéria da série sobre as zonas de praticagem brasileiras. A edição no 56 da Rumos Práticos revela os desafios desse serviço no estado que reúne quase 300 profissionais, muitas histórias, e portos e terminais espalhados ao longo de quase todo o seu litoral. A revista mostra também o poder de atuação do setor portuário no Brasil durante a pandemia de Covid-19. Mesmo diante de um problema capaz de parar o mundo, os portos do país vêm ampliando operações, com participação decisiva da praticagem nos projetos. A parceria da praticagem se estende ainda à academia, tanto em pesquisas que têm como meta o incremento cada vez maior da segurança para a navegação e da eficiência portuária quanto em apoio a ações na área ambiental. Duas reportagens desta edição trazem relatos e detalhes dessas iniciativas. A Praticagem de São Francisco do Sul (SC) volta a ser destaque na Rumos pela homenagem prestada a tripulantes que tiveram que estender sua permanência nos navios devido às dificuldades geradas pela pandemia. Por fim, revisitamos a história do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) para lembrar seus 45 anos completados em junho. Uma reportagem repleta de fatos marcantes que compõem uma trajetória de prestação do serviço para a sociedade.

Embarque conosco nestas páginas e boa leitura!

Rio de Janeiro, scenario of the signing of Brazil’s first regulatory decree on pilotage in 1808, is the theme of our second article in the series on Brazilian pilot stations. Edition no. 56 of Rumos Práticos reveals the challenges of this service in the state that has almost 300 maritime pilots and many stories, with ports and terminals spread along its entire coast. The magazine also shows the active power of the port sector in Brazil during the Covid-19 pandemic. Even facing such a problem, capable of stopping the world, Brazil’s ports have been expanding operations, with decisive pilot participation in the projects. The partnership of the pilots also extends to the universities, both in research in which the goal is ever increasing shipping safety and port efficiency, and the support for environmental actions. Two articles in this edition address reports and details of these projects. The spotlight in Rumos is once again on the pilot station of São Francisco do Sul (Santa Catarina state) because of its appreciation of the crewmembers who had to extend their stay on the ships due to the problems arising from the pandemic. Lastly, we once again visit the history of the Brazilian Maritime Pilots’ Association (Conapra) to remember its 45 years’ anniversary in June. An article that is filled with outstanding achievements on a journey of providing a public service. Come with us on board these pages and enjoy reading them!


Conapra – Conselho Nacional de Praticagem Conapra – Brazilian Maritime Pilots’ Association Av. Rio Branco, 89/1502 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – CEP 20040-004 Tel.: 55 (21) 2516-4479 conapra@conapra.org.br praticagemdobrasil.org.br diretor-presidente do Conapra e vice-presidente da IMPA director president of Conapra and vice-president of IMPA Ricardo Augusto Leite Falcão diretor vice-presidente director vice-president Otavio Augusto Fragoso Alves da Silva diretores directors Bruno Fonseca de Oliveira João Bosco de Brito Vasconcelos Marcos de Castro Alves

Rumos Práticos planejamento planning Otavio Fragoso/Flávia Pires/Katia Piranda edição editor Otavio Fragoso redação writer Rodrigo March (jornalista responsável) (journalist in charge) MTb/RJ 23.386 revisão revision Maria Helena Torres Julia Grillo versão translation Elvyn Marshall projeto gráfico e design layout and design Katia Piranda pré-impressão/impressão pre-print/printing DVZ Impressões Gráficas capa cover foto/photo: Gustavo Stephan

Paper produced from responsible sources As informações e opiniões veiculadas nesta publicação são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Não exprimem, necessariamente, pontos de vista do Conapra. The information and opinions expressed in this publication are the sole responsibility of the authors and do not necessarily express Conapra’s viewpoint.

20 Aproximação com a academia em prol da segurança e eficiência Collaboration with the academic community for the sake of safety and efficiency


índice index

6 Um estado de manobras variadas e espalhadas em todo o seu litoral A state with many different maneuvers performed along its coast

14 Portos brasileiros ampliam operações mesmo na pandemia Brazilian ports expand operations despite the pandemic

Centro de reabilitação da fauna marinha é pioneiro na atividade Marine wildlife rehabilitation center is a forerunner in this kind of work

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Praticagem São Francisco e Porto Itapoá prestam homenagem a tripulantes São Francisco pilot station and Itapoá Port pay homage to crew

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45 anos de representação e aprimoramento da profissão 45 years of representation and improvement of the profession

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praticagem no Brasil pilotage in Brazil

Um estado de manobras variadas e espalhadas em todo o seu litoral Rumos Práticos conheceu a Zona de Praticagem do Rio de Janeiro Porto de Itaguaí Port of Itaguai Porto de Angra dos Reis Port of Angra dos Reis

Terminal da Ilha Guaíba Guaiba Island Terminal TEBIG (Ilha Grande) Ilha Grande Bay Sea Terminal (Tebig)

Porto do Rio de Janeiro Port of Rio de Janeiro

Paraty

Depois da maior zona de praticagem do mundo, na Amazônia, Rumos Práticos apresenta a segunda reportagem da série sobre as ZPs brasileiras, trazendo os desafios da atividade no Estado do Rio de Janeiro, onde foi assinado o primeiro decreto de regulamentação do serviço no país, em 1808. Na época, D. João VI criou o regimento para o "piloto prático da barra do porto do Rio de Janeiro". Ao longo do tempo, o substantivo piloto foi sendo abandonado, e a denominação do profissional no Brasil ficou apenas prático. Em Portugal, onde se originou o nome composto, o processo foi ao contrário, o adjetivo prático foi excluído, e os profissionais são conhecidos atualmente apenas como pilotos. Do norte ao sul fluminense, a Zona de Praticagem 15 é dividida em quatro subzonas e engloba os seguintes portos e terminais: Açu (São João da Barra), Forno (Arraial do Cabo), Niterói, Rio de Janeiro, Itaguaí, Ilha Guaíba (Mangaratiba), Tebig (na Baía da Ilha Grande) e Angra dos Reis. Durante o verão ainda ocorre a entrada 6

Rumos Práticos visited the Rio de Janeiro Pilotage Zone After reporting on the world’s largest pilotage zone in the Amazon, Rumos Práticos now addresses the second in the series on the Brazilian ZPs. It describes the challenges of the profession in Rio de Janeiro State, where the first regulatory decree of the profession in the country was signed in 1808. At that time, D. João VI created the statute for the pilot “piloto prático” [in literal translation of Portuguese - practitioner pilot] of the bar of Rio de Janeiro port". Over the years, in Brazil the noun piloto was abandoned and the name of the professional was abbreviated to only prático [pilot]. In Portugal, where the compound name originated, the

P P


Porto do Açu Port of Açu

RIO DE JANEIRO

A state with many different maneuvers performed along its coast Porto do Forno Port of Forno

foto/photo : Gustavo Stephan

Porto de Niterói Port of Niteroi

praticagem no Brasil pilotage in Brazil

NOVA ATALAIA TEM VISTA PRIVILEGIADA PARA O CANAL DE NAVEGAÇÃO

NEW WATCHTOWER HAS A SUPERB VIEW OF THE SHIPPING CHANNEL

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praticagem no Brasil pilotage in Brazil

de navios de passageiros que fundeiam nas proximidades de Paraty.

process was the opposite, the adjective “prático” was excluded and the professionals are known today as pilotos.

Os portos de Niterói, Rio de Janeiro, Itaguaí e Angra estão sob o controle da Companhia Docas do Rio de Janeiro, que funciona como Autoridade Portuária mas tem diversos terminais arrendados a empresas privadas. O Porto de Forno é administrado pelo Município de Arraial do Cabo, e os terminais do complexo do Açu, da Ilha Guaíba (Vale) e o Tebig (Petrobras) são totalmente privados.

From North to South of Rio de Janeiro state, the Pilot Station 15 is split into four subzones and includes the following ports and terminals: Açu (São João da Barra), Forno (Arraial do Cabo), Niterói, Rio de Janeiro, Itaguaí, Guaíba Island (Mangaratiba), Tebig (in the Bay of Ilha Grande) and Angra dos Reis. In the summer, visiting cruise ships also sail in and moor near Paraty.

As principais cargas movimentadas são as conteinerizadas, o minério de ferro e o petróleo. Em 2019, foram realizadas 15.020 manobras de praticagem, distribuídas entre navios de apoio marítimo, carga geral, petroleiros de até 400 mil toneladas de porte bruto, contêineros (os maiores que frequentam a costa brasileira), graneleiros e até plataformas de petróleo. As manobras duram em média o intervalo de duas a quatro horas; contudo, as mais complexas, como as que envolvem a movimentação de plataformas, podem levar mais de 24 horas e demandar a participação de vários profissionais que se sucedem a cada seis horas de trabalho, até sua conclusão.

The main cargoes handled are containerized, iron ore and petroleum. In 2019, 15,020 pilot maneuvers were performed, distributed between offshore support boats, tweendeckers, tankers of up to 400,000-ton deadweight capacity, container ships (the largest that visit the Brazilian coast), bulk carriers and even oil rigs. The maneuvers last on average an interval of two to four hours; however, the more complex, such as those involving handling oil rigs, may take over 24 hours and require the participation of several pilots that share the work every six hours until completion. One of the ZP challenges is the fact that the ports and terminals are spread along almost the entire coast of the state. To ensure the

foto/photo : Gustavo Stephan

Um dos desafios da ZP é o fato de os portos e terminais estarem espalhados ao longo de quase todo o litoral do estado. Para assegurar o atendimento disponível permanentemente aos navios e terminais é necessária a manutenção de estruturas independentes de transporte, pessoal e hospedagem nas subzonas, garantindo que os práticos, alocados em cada uma delas, estejam não apenas disponíveis, mas em condições de repouso adequadas.

The ports of Niterói, Rio de Janeiro, Itaguaí and Angra are under the control of the Rio de Janeiro Dock Company [Companhia Docas do Rio de Janeiro], which acts as a port authority but has various terminals leased to private companies. The Port of Forno is administrated by the municipality of Arraial do Cabo, and the terminals of the complex Açu, Guaíba Island (Vale) and Tebig (Petrobras) are totally private.

PRÁTICO KOPEZYNSKI SE PREPARA PARA O EMBARQUE

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PILOT KOPEZYNSKI GETS READY FOR BOARDING


praticagem no Brasil pilotage in Brazil

Pelo menos 20 práticos estão de serviço diariamente. Para evitar movimentações desnecessárias no território da ZP, eles são divididos em turmas que permanecem em cada uma das subzonas por um determinado número de dias. A praticagem no estado é multitarefa. Além dos navios de carga, de passageiros, das embarcações de apoio offshore e plataformas, os práticos do Rio de Janeiro movimentam navios semissubmersíveis; submarinos nucleares; navios de guerra; e navios-escola estrangeiros; além dos navios-tanque que atracam a contrabordo de outros (ship to ship) para o transbordo de petróleo. – Costumo dizer que quem trabalha nessa atalaia está preparado para todas – diz o operador Carlos Dias, que também já exerceu a função no Pará. A praticagem conta com uma atalaia em Mangaratiba, responsável pelos atendimentos nas baías de Sepetiba e Ilha Grande. A atalaia no Rio de Janeiro foi modernizada em um espaço maior no Centro da cidade, com vista privilegiada para a Baía de Guanabara, onde o sistema de calado dinâmico (ReDRAFT) já roda, por enquanto em fase de testes, como apoio à tomada de decisão na questão da segurança das operações. A praticagem tem um Conselho Técnico que atua, quando acionado pela Autoridade Marítima, por meio da emissão de pareceres, análise de parâmetros operacionais de novos terminais e de manobras especiais ou experimentais. – Todo e qualquer avanço portuário no estado conta com a participação da praticagem – lembra o gerente de operações, Sergio Soares. Entre esses avanços, está a navegação noturna no Canal de Cotunduba, acesso aquaviário de maior profundidade aos portos e terminais da Baía de Guanabara, que, após a instalação de uma nova sinalização náutica, vai possibilitar a entrada e saída dos navios contêineros de maiores calados 24 horas por dia. Atualmente, está previsto o início da terceira fase, que corresponde a manobras de entrada e saída noturna com navios porta-contêineres com até 335 metros de comprimento e 48,5 metros de boca. O objetivo é chegar aos 340 metros já aprovados para as manobras realizadas durante o dia. Para evitar acidentes, a Marinha vem fazendo uma campanha de conscientização com as embarcações pesqueiras, de esporte e de lazer, até então acostumadas a trafegar no local sem a presença dos

foto/photo : Gustavo Stephan

Diversos profissionais compõem as equipes da Praticagem do Rio de Janeiro. São cerca de 300 pessoas − divididas entre operadores das atalaias, que recebem as solicitações de atendimento e monitoram a movimentação dos navios; administradores; marítimos; motoristas; mecânicos; e pessoal envolvido na manutenção −, que atuam 24 horas por dia apoiando o trabalho de 70 práticos. O atual presidente do Sindicato dos Práticos dos Portos e Terminais Marítimos do Estado do Rio de Janeiro é o prático Everton Schmidt.

PRÁTICO LEONARDO FRANÇA CONDUZINDO NAVIO PARA FUNDEIO PILOT LEONARDO FRANÇA CONDUCTING A SHIP FOR ANCHORING

ongoing available service to ships and terminals, it is necessary to maintain independent structures of transportation, personnel and accommodation in the subzones, to ensure that the pilots allocated to each of them are not only available but are also properly rested. A variety of professionals work in the Rio de Janeiro pilot stations. There are around 300 people − among watchtower operators, who receive the service requests and monitor the ships’ handling; administrators; seafarers; drivers; mechanics; and personnel involved in maintenance –, operating 24 hours a day supporting the work of 70 pilots. Pilot Everton Schmidt is the current president of the Rio de Janeiro State Ports and Sea Terminals Pilots’ Union. At least 20 pilots are on daily attendance. To prevent unnecessary handling in the ZP territory, they are divided into groups that stay in each subzone for a stated number of days. Pilotage in the state is multitasking. In addition to cargo vessels, passenger ships, offshore support and rig vessels, the Rio de Janeiro pilots handle semi-submersibles, nuclear submarines, warships and foreign training ships, as well as ship-to-ship tankers for oil transshipment. “I usually say that whoever works in this station is ready for all the others”, says operator Carlos Dias, who has also done the same job in Pará. The pilot station has a watchtower in Mangaratiba, responsible for providing services in the bays of Sepetiba and Ilha Grande. The Rio de Janeiro watchtower has been modernized in a larger space in downtown Rio, with a privileged view of Guanabara Bay, where the ReDraft system (dynamic draft) is already working, meanwhile being tested as support for taking decisions on the issue of operational safety. The pilot station has a Technical Board that, when authorized by the Maritime Authority, works on issuing reports, analyzing operating parameters of new terminals and experimental or special maneuvers. “Each and any port progress in the state has the participation of the pilot station”, recalls operations manager Sergio Soares. 9


grandes navios. Além disso, antes de cada operação noturna, é feita uma varredura completa do canal. Outro avanço previsto pela praticagem é a chegada dos contêineros de 366 metros no Brasil. Para isso, os práticos já fizeram treinamento em centros de simulação nos Estados Unidos, no Panamá e na Universidade de São Paulo (USP). Rio de Janeiro e Itaguaí estão entre os portos brasileiros que teriam condições de receber navios desse tamanho.

foto/photo : Gustavo Stephan

praticagem no Brasil pilotage in Brazil

Rumos Práticos acompanhou o trabalho da praticagem no Rio de Janeiro, nas baías de Sepetiba e Ilha Grande e em São João da Barra, cidade que já abrigou um importante porto do Rio de Janeiro e onde o Porto do Açu opera desde 2014. Depois do decreto de 1808, a segunda norma de que se tem conhecimento sobre a atividade no estado foi um aviso, de 1863, para organizar o serviço de praticagem no município. Para fazer frente a um cenário que exige lanchas de maior porte, como é o caso do Porto do Açu, a praticagem tem modernizado sua frota de embarcações. Os ventos fortes são uma característica em São João da Barra e adiaram uma sessão de fotos desta reportagem em um dia, quando as manobras não puderam ser realizadas em razão dos limites operacionais. – A previsão no Açu é de suma importância para o prático, porque lidamos com navios grandes, com cargas perigosas. Os ventos são violentos – informa o prático Durvalino de Souza Ferreira, com a autoridade dos seus 45 anos de praticagem. Quando ele começou como praticante, em 1975, atuava apenas no Rio de Janeiro, em Niterói e na Ilha Guaíba. Ao longo dos anos, outras áreas portuárias foram criadas e anexadas à zona de praticagem, e o número de práticos cresceu. Com tanto tempo de profissão, não é fácil apontar qual foi a manobra mais difícil nesse período. Porém, após muito refletir, Durvalino responde: – Faz 20 anos. Era uma plataforma que vinha pelo Canal Varrido, toda automatizada, com 12 propulsores submersos. Próximo ao Pão de Açúcar, houve falha dos controles. Conseguimos nos safar com um rebocador potente que conseguiu conectar um cabo. Na Baía da Ilha Grande, onde Rumos Práticos esteve a bordo de um graneleiro e um petroleiro, evitar acidentes com grandes embarcações significa manter protegido um patrimônio ambiental de 365 ilhas. – A beleza natural da região te faz lembrar do grau de responsabilidade do nosso trabalho em caso de derramamento de óleo. Sou muito grato por poder trabalhar em uma área de proteção ambiental como essa – agradece o prático Leonardo França, na praticagem do Rio desde 2008. MARINHEIRO DA PRATICAGEM AJUDA A POSICIONAR A ESCADA DE EMBARQUE CORRETAMENTE PILOT MARINER HELPS CORRECTLY POSITION BOARDING LADDER

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praticagem no Brasil pilotage in Brazil

O comandante grego do VLCC (navio petroleiro de grande porte) Aragona, Nestor Selas, elogia a praticagem: – É a minha segunda viagem ao Brasil e a primeira em Angra dos Reis. Pelo contato que tive nas duas ocasiões, os práticos brasileiros estão entre os melhores que conheci. São excelentes pilotos, muito experientes. Nova atalaia na Praça Mauá Desde 19 de março, a nova atalaia do Rio de Janeiro está homologada pelo Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), no coração da Praça Mauá, que, no passado, serviu de local de desembarque de navios mercantes e de passageiros no Porto do Rio. Mais do que uma revitalização de suas instalações, a atalaia passou por uma total modernização de equipamentos e sistemas. Foram substituídos todos os rádios transceptores, sistemas de comunicação remota e sistemas de AIS (automatic identification system). Os softwares instalados possibilitaram o avanço tecnológico do centro de operações e acesso às informações das subzonas. – Além disso, por meio de um moderno sistema de gerenciamento de câmeras, já podemos visualizar na atalaia imagens compartilhadas com terminais parceiros, cujo número estamos trabalhando para ampliar e chegar, num futuro próximo, a um compartilhamento de informações com o VTMIS, projeto da Autoridade Portuária do Porto do Rio de Janeiro – destaca o diretor institucional do Sindipráticos-RJ, Marcello Camarinha, que esteve à frente da implantação da nova atalaia.

Another advancement expected by the pilots is the arrival of 366meter container ships in Brazil. Accordingly, the pilots have already done training in simulation centers in the USA, Panama and the University of São Paulo (USP). Rio de Janeiro and Itaguaí are two of the Brazilian ports that will be in conditions to receive this size of ship. Rumos Práticos accompanied the pilots’ work in Rio de Janeiro, in the bays of Sepetiba and Ilha Grande and in São João da Barra, a town that has already been the site of a major Rio de Janeiro port and where the Port of Açu has been operating since 2014. After the 1808 decree, the second regulation that we know of regarding the profession in the state was a notice in 1863 to organize the pilotage service in João da Barra. To cope with a scenario for larger motorboats, as in the case of the Port of Açu, the pilotage station has modernized its fleet of vessels. The strong winds are a characteristic in São João da Barra and a photo shoot of this report had to be postponed by one day, when the maneuvers could not be done due to operational restraints. “Forecasts in Açu are of the utmost importance for the pilot, because we are dealing with large ships and hazardous cargoes. The winds are really strong”, informs pilot Durvalino de Souza Ferreira, with the authority of his 45 years of pilotage.

fotos/photos : Gustavo Stephan

Ela reúne e fornece informações de vento, corrente de maré e altura de onda, elementos cujo conhecimento é de fundamental importância na realização de uma manobra. Os dados meteorológicos são fornecidos para todos os principais terminais. A base da praticagem também possui informações de previsão da situação do calado dinâmico, por meio do ReDRAFT.

One advancement is the night navigation in Cotunduba Channel, the deepest waterway access to the ports and terminals in Guanabara Bay, which, after the installation of new nautical signaling, will enable the coming and going of container vessels with larger drafts 24 hours a day. At present, the third phase is expected, corresponding to night entry and exit maneuvers with container ships up to 335 meters in length and 48.5 meters in breadth. The goal is to reach the 340 meters already approved for daytime maneuvers. In terms of accident prevention, the Brazilian Navy has been doing a consciousness campaign with fishing, sport and leisure vessels, until now accustomed to sailing there without the presence of large vessels. Moreover, before each night operation, the channel is fully scanned.

OPERADORES DA ATALAIA DO RJ OPERATORS OF THE RIO DE JANEIRO WATCHTOWER

O GERENTE/MANAGER SERGIO SOARES, O PRESIDENTE/PRESIDENT EVERTON SCHMIDT E O SUPERVISOR/AND SUPERVISOR RICARDO LINDGREN

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fotos/photos : Gustavo Stephan

praticagem no Brasil pilotage in Brazil

PRÁTICO OTAVIO FRAGOSO A BORDO DE UM VLCC, EM ANGRA DOS REIS

Para permitir melhor performance na utilização de todos esse conteúdo pelos operadores, foi instalado um moderno painel de video wall composto por oito monitores de 49 polegadas, nos quais são exibidas imagens de câmeras, informações de parâmetros ambientais, o ReDRAFT, imagens do sistema de AIS etc. O espaço tem ainda instalações para realização de reuniões técnicas e administrativas, sala da presidência e área destinada a um simulador full mission, próximo projeto a ser implantado.

PILOT OTAVIO FRAGOSO ABOARD A VLCC IN ANGRA DOS REIS

When he began practicing the profession in 1975 he worked only in Rio de Janeiro, Niterói and Ilha Guaíba. Over the years, other port areas were created and included in the pilot station, together with a rise in the number of pilots. With so many years as a pilot, it is not easy to pinpoint the toughest maneuver during that time. But after long reflection, Durvalino replies: “It was 20 years ago. It was a rig that came through the Varrido Channel, all automatic, with 12 underwater propellers. Close to the Sugarloaf, the controls failed. We managed to get by with a powerful tug that was able to connect a cable.” In Ilha Grande Bay, where Rumos Práticos was on board a bulk carrier and a tanker, preventing accidents involving large vessels means ongoing protection of an environmental heritage of 365 islands. “The region’s natural beauty makes you remember the responsibility of our work in case of an oil spill. I’m so grateful to be able to work in an area of environmental protection like this”, acknowledges pilot Leonardo França, in the Rio pilot station since 2008. Nestor Selas, the Greek captain of the VLCC (very large crude carrier) Aragona praises the pilots:

APOIO DE REBOCADORES NA ATRAÇÃO DO VLCC EM ANGRA TUG SUPPORT WHEN BERTHING THE VLCC IN ANGRA

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“This is my second voyage to Brazil and my first in Angra dos Reis. From the contact I’ve had on these two occasions, Brazilian pilots are some of the best I know. They are very experienced, excellent pilots.”


praticagem no Brasil pilotage in Brazil

New watchtower in Praça Mauá On March 19th, the Brazilian Maritime Pilots’ Association (Conapra) approved the new Rio de Janeiro watchtower in the heart of Praça Mauá that used to be the landing location for merchant vessels and passenger ships in the Port of Rio. The watchtower underwent more than just a revamp; it was totally modernized with equipment and systems. All radio transceivers, remote communication and automatic identification (AIS) systems were replaced. The installed software enabled the center’s technological advancement of the operations center and access to the information from the subzones. “Also, through a modern camera management system we can now visualize in the watchtower images shared with partner terminals, which we are trying to increase in number and, in the near future, share information with Vessel Traffic Management and Information Systems (VTMIS), a project of the Rio de Janeiro Port Authority”, emphasizes Marcello Camarinha, institutional director of Sindipráticos-RJ (Rio Pilots’ Union) who was responsible for implementing the new watchtower. It collects and provides information on wind, tidal current and wave height – all key informative elements when performing a maneuver. Weather data are provided to all main terminals. The pilot base also has information on forecasting the dynamic draft status using ReDraft. To allow for a better performance when the operators are using all this content, a modern video wall has been installed, consisting of eight 49” screens, displaying camera images, environmental parameter information, ReDraft, images of the AIS system, and so on.

foto/photo : Gustavo Stephan

The center also has facilities for technical and administrative meetings, the president’s office and an area allocated to a fullmission simulator, the next project to be implemented.

PRÁTICO DOUGLAS DE OLIVEIRA EM EMBARQUE NO PORTO DO AÇU PILOT DOUGLAS DE OLIVEIRA BOARDING IN PORT OF AÇU

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projetos portuários port projects

Portos brasileiros ampliam operações mesmo na pandemia Setor mostra resiliência na crise e mantém expansão com contribuição da praticagem Responsável por 95% do comércio exterior brasileiro, o setor portuário nacional se mostrou resiliente à pandemia mundial, principalmente pela força do agronegócio no mercado asiático. Além de registrar recordes de movimentação de cargas no primeiro semestre, portos públicos e privados inauguraram projetos de expansão com ganho de competitividade, viabilizados com a contribuição da expertise da praticagem.

Sector demonstrates resilience in crisis and continues to grow with pilotage contribution

Em Santa Catarina, por exemplo, começou a ser testada a nova bacia de evolução no Porto de Itajaí. Com 500 metros de diâmetro e 14 metros de profundidade, a área permite receber navios de até 350 metros de comprimento.

The country’s port sector, responsible for 95% of Brazilian foreign trade, has proven resilient in the global pandemic, mainly due to the strong agribusiness in the Asian market. Besides setting record cargo handling in the first six months, public and private ports

foto/photo: prático Alexandre da Rocha

Brazilian ports expand operations despite the pandemic

GIRO DO APL PARIS, COM 347 METROS, NA NOVA BACIA DE EVOLUÇÃO

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THE 347-METER APL PARIS TURNING IN THE NEW MANEUVERING BASIN


projetos portuários port projects

Foi um longo período de estudos, planejamento, treinamento, simulações e manobras até a entrada, em junho, do APL Paris. A embarcação tem 347,40 metros de comprimento e 45,27 metros de boca (largura), e foi a maior a fazer escala na costa brasileira. Os práticos Pedro Cipriano e Marcio Fonseca Santiago fizeram a entrada e a saída do navio. O projeto era antigo e remonta a 2009. Os 400 metros da antiga bacia limitavam o giro de navios maiores. A ideia inicial era implantar uma nova área em frente à delegacia de Itajaí, com capacidade para receber embarcações de até 400 metros. Na época, práticos chegaram a fazer simulações na Holanda, porém percalços elevaram o custo da obra naquele local, inviabilizando-a. – O prático Pedro Cipriano, nosso decano, deu, então, a ideia de fazê-la no Saco da Fazenda, quase na boca da barra, para navios de até 350 metros, mas com possibilidade de ampliação no futuro – conta o presidente da Praticagem de Itajaí e Navegantes, Wallace Siqueira Bezerra. Com a mudança de posição sugerida pelo prático, aumentou o tempo de navegação para saída de ré do complexo portuário e foi necessária mais uma rodada de simulações, em 2019, em Roterdã.

inaugurated cutting-edge expansion projects, made possible by the contribution of pilotage expertise. In Santa Catarina state, for example, a start has been made on the new evolution basin in Itajaí Port. The area, with a diameter of 500 meters and 14 meters in depth, is able to receive ships of up to 350 meters in length. It has taken a long period of studies, planning, training, simulations and maneuvers before the entry of the container ship APL Paris in June. The vessel measures 347.40 meters in length and 45.27 meters in breadth and was the largest to enter a Brazilian port. Pilots Pedro Cipriano and Marcio Fonseca Santiago carried out the ship’s entry and departure. The project was an old one, going back to 2009. The former basin’s 400 meters restricted the turning of larger ships. The initial idea was to implement a new area in front of the Itajaí precinct, with capacity to receive vessels of up to 400 meters. At that time, pilots actually performed simulations in the Netherlands, but setbacks increased the cost of the project on that site and made it unfeasible. “Pilot Pedro Cipriano, our dean, then had the idea of the project in the Saco da Fazenda, almost in the estuary, for ships of 350 meters or less, but with possibility of expanding in the future”, recalls Wallace Siqueira Bezerra, president of the Itajaí and Navegantes pilot station. With the change in site suggested by the pilot, navigation time took longer for reverse departure from the port complex, and in 2019 another round of simulations in Rotterdam was necessary. Twelve pilots were trained. Five others allocated to the pilotage zone were qualified during the follow-up of the special trial maneuvers, complying with Brazilian Navy regulations. The first phase involved six departure and six entry maneuvers with ships of up to 306 meters, which were already operating in the port. The second phase included another 12 maneuvers with ships of up to 350 meters. The maneuver with the APL Paris was the sixth. To increase safety, two pilots provide the service for vessels of this size. "One of them stands by monitoring data in the Portable Pilot Unit and intervenes whenever necessary". When unberthing, the vessel is towed backwards with the engines shut down. Later, it turns 180o in the basin, now in the River Itajaí-Açu, and leaves the channel bow first. “The pilot station helped us efficiently and technically throughout this maneuver”, informed Marcelo Werner Salles, superintendent of the Port of Itajaí, at the start of the second test phase. The basin’s expansion project is programmed to attend ships of up to 400 meters. To do this the breadth of the internal shipping channel will have to be increased. The project already has an environmental license. 15


foto/photo: Thiago Caminada - SECOM PMI

foto/photo: prático Alexandre da Rocha

projetos portuários port projects

PRÁTICO PAULO FERRAZ RECEBE HOMENAGEM PELA CONTRIBUIÇÃO DA PRATICAGEM DE ITAJAÍ PILOT PAULO FERRAZ IS HONORED FOR HIS CONTRIBUTION TO THE ITAJAÍ PILOT STATION

Doze práticos fizeram o treinamento. Os outros cinco lotados na zona de praticagem foram qualificados durante o acompanhamento das manobras de teste especiais, segundo regras estabelecidas pela Marinha do Brasil. Na primeira etapa, foram realizadas seis manobras de saída e seis de entrada com navios de até 306 metros, que já operavam no porto. Na segunda fase, foram previstas mais 12 manobras com navios de até 350 metros. A manobra com o APL Paris foi a sexta.

REBOCADORES EM AÇÃO DURANTE A MANOBRA EM ITAJAÍ TUGS IN ACTION DURING MANEUVER IN ITAJAÍ foto/photo : Marcos Porto SECOM PMI

Para aumentar a segurança, dois práticos realizam o serviço com embarcações desse porte. Um deles fica monitorando os dados no Portable Pilot Unit e intervém quando necessário. Na desatracação, a embarcação é rebocada de ré, com as máquinas paradas. Depois, faz um giro de 180 graus na bacia, já no Rio Itajaí-Açu, partindo de proa para fora do canal. – A praticagem em todo esse caminho nos ajudou de forma técnica e eficiente – informou o superintendente do Porto de Itajaí, Marcelo Werner Salles, no início da segunda etapa de testes. As obras de ampliação da bacia estão programadas para atender aos navios de até 400 metros. Para isso, o canal de navegação interno precisará ser alargado. O projeto já tem licença ambiental. No Espírito Santo Também no Espírito Santo a praticagem foi fundamental para viabilizar o novo calado nos oito quilômetros do canal de Vitória, na bacia de evolução e nos berços do porto público. Os práticos participaram do estudo anterior aos testes, realizado no Tanque de Provas Numérico da USP (TPN-USP). Em maio, ocorreu a primeira manobra de teste de navio com maior calado. Os práticos Evandro Daquino e Rafael Sobreira conduziram a saída do navio Cosco Shipping Zhuo Yue, com 11 metros de calado, do terminal de Vila Velha. Ambos participaram do estudo 16

CHEGADA DO APL PARIS ATRAIU A ATENÇÃO ARRIVAL OF THE APL PARIS DREW A CROWD

In Espírito Santo state In Espírito Santo the pilot station has also been key to making the new draft feasible in the eight kilometers of the Vitoria channel, in the evolution basin and berths of the public port. The pilots participated in the study prior to the trials, performed in the USP Numerical Offshore Tank (TPN-USP). The first test maneuver with a ship of larger draft took place in May. Pilots Evandro Daquino and Rafael Sobreira conducted the departure of the ship Cosco Shipping Zhuo Yue, with a draft of 11


foto/photo: GNA

projetos portuários port projects

BW MAGNA FOI PINTADO DE AZUL PARA MINIMIZAR O REFLEXO DA LUZ ARTIFICIAL PREJUDICIAL ÀS TARTARUGAS BW MAGNA WAS PAINTED BLUE TO MINIMIZE ARTIFICIAL LIGHT REFLECTION HARMFUL TO SEA TURTLES

prévio na USP. O prático Fabio Andrade também embarcou como avaliador e fez todos os registros durante a manobra, como a menor profundidade medida ao longo do canal. No total, foram previstos 24 testes divididos em três etapas, que contemplaram experimentos à noite; sendo a última fase para calados entre 12 metros e 12,50 metros. Segundo a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), o avanço vai permitir ganho de 20% de carga em cada embarcação.

foto/photo : Praticagem do Espírito Santo

– A praticagem é parceira extremamente capacitada. Com sua técnica e experiência, nos ajudou a fazer a definição de qual seria o ganho possível com as obras de aprofundamento – afirma o diretor de Infraestrutura e Operações da Codesa, João Augusto da Cunhalima.

meters, from the Vila Velha terminal. Both took part in the earlier USP study. Pilot Fabio Andrade was also on board as an assessor and took all the records during the maneuver, for example, the shallowest depth measured along the channel. Altogether, 24 tests were planned, divided into three stages, involving nighttime experiments; the last stage was for drafts between 12 and 12.50 meters. According to the Docas do Espírito Santo Company (Codesa), the move forward will offer a 20% increase in freight per vessel. “The pilot station is an extremely competent partner. Its technical ability and expertise have helped us to define what could be the possible gain from the deepening project”, states João Augusto da Cunhalima, director of Infrastructure and Operations of Codesa. In Rio de Janeiro state Another project that depended on the pilots’ contribution was the arrival of the ship BW Magna to the Port of Açu in Rio de Janeiro. The floating storage and regasification unit vessel (FSRU) will be anchored to receive and regasify the liquefied natural gas (LNG) from ships berthing alongside.

EMBARQUE DE PRÁTICO NO ESPÍRITO SANTO

A PILOT BOARDING IN ESPÍRITO SANTO

With capacity to regasify 21 million cubic meters of natural gas per day, the BW Magna will supply the two thermal power plants under construction in the Açu Natural Gas (GNA) thermoelectric facilities at the port. Together, the units will have an installed capacity of three gigawatts (GW). 17


fotos/photos : Praticagem do Espírito Santo

projetos portuários port projects

DETALHES DA PRIMEIRA MANOBRA DE TESTE NO CANAL APROFUNDADO DE VITÓRIA

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DETAILS OF THE FIRST TEST MANEUVER IN THE DEEPENED CHANNEL IN VITÓRIA


foto/photo: GNA

projetos portuários port projects

No Rio de Janeiro Outro projeto que contou com a contribuição da praticagem foi a chegada do navio BW Magna no Porto do Açu, no Rio de Janeiro. A embarcação do tipo FSRU (Floating Storage and Regasification Unit) ficará ancorada para receber e regaseificar o gás natural liquefeito (GNL) de navios que atracarão a contrabordo. Com capacidade de regaseificar 21 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, o BW Magna vai abastecer as duas usinas térmicas em construção no parque termelétrico da Gás Natural Açu (GNA), no porto. Juntas, as unidades terão três gigawatts (GW) de capacidade instalada. O NAVIO BW MAGNA NO PORTO DO AÇU

THE SHIP BW MAGNA IN PORT OF AÇU

Segundo o engenheiro naval da GNA Rafael Cosentino, a praticagem foi procurada para conversar sobre o projeto ainda em 2018:

According to the GNA naval engineer Rafael Cosentino, the pilot station was approached to discuss the project as early as 2018:

– Desde então, fizemos reuniões regulares para simular manobras, apresentar estudos e ouvir a opinião da praticagem sobre aspectos do projeto.

“Since then, we’ve held regular meetings to simulate maneuvers, submit studies and listen to the pilots’ opinion about aspects of the project.”

Com 294 metros de comprimento, a embarcação batizada na Coreia do Sul teve que ser pintada de azul, em Cingapura, para minimizar o reflexo da luz artificial prejudicial às tartarugas-marinhas. Sua chegada no norte fluminense, após mais de 20 mil quilômetros navegados, aconteceu em junho.

The 294-meter long vessel was baptized in South Korea and had to be painted blue in Singapore to minimize the reflection of the artificial light harmful to sea turtles. It arrived in the North of Rio de Janeiro state in June, after its voyage of more than 20,000 kilometers.

Os práticos Luiz Marcelo Noce e Artur Alagão executaram a manobra especial, com suporte de PPU, contando com o apoio de cinco rebocadores, o quinto utilizado para defesa do dolphin.

Pilots Luiz Marcelo Noce and Artur Alagão performed the special maneuver with the aid of a PPU, counting on the support of five tugs, the fifth used to protect the dolphin.

De acordo com o presidente da Praticagem do Rio de Janeiro, Everton Schmidt, a equipe de práticos que participou das simulações no TPN-USP apontou a necessidade de restringir alguns parâmetros meteorológicos para viabilizar a manobra com segurança, principalmente a corrente marinha.

According to Everton Schmidt, president of the Rio de Janeiro pilot station, the team of pilots that participated in the TPN-USP simulations indicated the need to restrict some meteorological parameters, especially the sea current, to facilitate a safe maneuver.

– O quebra-mar ali é estreito, e foi uma entrada com giro – explica o presidente, acrescentando que os limites operacionais e as condicionantes serão iguais para as atracações a contrabordo simuladas com navios do mesmo porte.

“The breakwater there is narrow and has been a turning entry”, explains the president, adding that the operating restrictions and determinants will be the same for alongside berths simulated with ships of the same size.

Como limites operacionais trata-se de embarcações com comprimento de até 300 metros, 52 metros de boca e 11,70 metros de calado. As operações só podem ser realizadas durante o dia, com visibilidade mínima de duas milhas náuticas, vento máximo de 15 nós, ondas com altura significativa de até um metro e meio e corrente de meio nó para a entrada de navios carregados e de 0,8 nó para a saída de navios em lastro (sem carga).

Vessels up to 300 meters in length, 52 meters in breadth and 11.70-meter draft have operating restrictions. Operations can only be done during the day, with minimum visibility of two nautical miles, maximum wind of 15 knots, waves with a significant height of up to one and half meters and a half-knot current for the entry of loaded ships and 0.8 knot for the departure of ballast ships (no freight).

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parceria partnership

Aproximação com a academia em prol da segurança e eficiência Projetos na USP contam com a contribuição da experiência dos práticos Reconhecida mundialmente por sua elevada capacidade técnica, a praticagem brasileira também contribui com pesquisas que resultam em mais segurança para o tráfego aquaviário e eficiência nos portos. Um dos centros de excelência no setor é a Universidade de São Paulo (USP), com a qual o Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) coopera em dois laboratórios. No Tanque de Provas Numérico (TPN-USP), a parceria com a praticagem existe desde a inauguração do seu primeiro simulador de manobras, em 2012, quando foi assinado o convênio com o Conapra. Desde então, 200 práticos já participaram de 164 simulações anteriores à implantação de novos portos e operações; otimizando os projetos e o nível de segurança.

foto/photo : Conapra

– Em 2010, a partir de uma conversa com o presidente do Conapra (Ricardo Falcão), identificamos uma sinergia entre as atividades que se iniciavam no TPN-USP, com a construção do centro de simulações, e a experiência e o conhecimento dos práticos. Havia grande demanda de estudos para novos portos e operações, e a praticagem reforçou a necessidade de aplicação técnica, para evitar projetos inseguros ou não otimizados – lembra o professor Eduardo Tannuri, coordenador do centro de simulações do laboratório.

Collaboration with the academic community for the sake of safety and efficiency USP projects count on the contribution of pilots’ expertise Brazilian pilotage, renowned worldwide for its highly specialized skills, also contributes with studies resulting in more safety for waterway traffic and port efficiency. One of the centers of excellence in the sector is São Paulo University (USP), with which the Brazilian Maritime Pilots’ Association (Conapra) cooperates in two of its laboratories. The pilots’ collaboration in the Numerical Offshore Tank (TPN-USP) exists since the inauguration of its first handling simulator 2012, when the agreement was signed with Conapra. Since then, 200 pilots have participated in 164 simulations prior to the implementation of new ports and operations, thereby optimizing the designs and safety level. Prof. Eduardo Tannuri, coordinator of the laboratory’s simulation center, recalls: “In 2010, after chatting with the Conapra president (Ricardo Falcão), we discovered a synergy between the early work in the TPN-USP when building the simulation center, and the maritime pilots’ experience and knowledge. Studies for new ports and operations were in great demand, and the pilotage reinforced the need for technical application to avoid unsafe or substandard projects”.

PROFESSOR TANNURI, DO TANQUE DE PROVAS NUMÉRICO PROF TANNURI, OF THE NUMERICAL OFFSHORE TANK

Em geral, as empresas entram em contato com o TPN-USP demandando a realização de estudo técnico para nova operação, aumento de navio ou avaliação de novo terminal ou berço. A 20

In general the companies contact TPN-USP asking to undertake a technical study for a new operation, ship increase or assessment of a new terminal or berth. The pilot station in that area, then, is called to the first meeting of specifications when risks, local features and main aspects are identified for the necessary analysis. Every study is based on international regulations and standards.


parceria partnership

praticagem daquela área, então, é acionada para a reunião inicial de premissas, na qual se identificam riscos, particularidades locais e principais aspectos que devem ser analisados. Todo o estudo é baseado em normas e regulamentações internacionais. Após a preparação do simulador e dos modelos matemáticos, a praticagem entra novamente em ação, verificando se o cenário está, de fato, realista (calibração), realizando as manobras simuladas e participando das reuniões de briefing (prévias) e debriefing (análises). Por último, após a finalização das simulações e dos estudos, e com a emissão de um relatório de análise dos resultados das manobras, a praticagem contribui com os aspectos náuticos da operação. – As simulações são ferramentas para que a praticagem possa antecipar problemas de novos terminais e operações, realizar planejamento e definir limites operacionais, além de demonstrar aos players (incluindo autoridades) as dificuldades e os riscos das atividades. Elas asseguram projetos mais otimizados e seguros, e contribuem para o desenvolvimento do setor portuário – ressalta o professor Tannuri. Ao longo desses oito anos de parceria, ele destaca três projetos em que as simulações foram essenciais para os viabilizar. Entre eles, estão as operações de transferência de petróleo e gás a contrabordo (ship to ship) em diversas áreas portuárias: Terminal de Angra dos Reis (RJ), Porto do Açu (RJ), Terminal de São Sebastião (SP), Porto de Suape (PE), Porto do Pecém (CE), áreas de fundeio da Baía de Todos os Santos (BA) e litoral de Sergipe (SE).

After preparing the simulator and mathematical models, the pilots take action once more, checking if the scenario is, in fact, realistic (calibration), performing simulated handling and participating in briefing (preliminary) and debriefing (analyses) meetings. Lastly, after finalizing the simulations and studies, and having issued an analytical report on handling results, the pilots contribute with the nautical aspects of the operation. “Simulations are tools for the pilotage to be able to anticipate problems of new terminals and operations, to plan and define operating limits, as well as to demonstrate to the players (including authorities) the difficulties and risks of the activities. They guarantee safer and higher standard projects, and contribute to the port sector’s development”, emphasizes Prof. Tannuri. He mentions three projects in these eight years of partnership when the simulations were essential to their feasibility. One of them are the ship to ship oil and gas transfer operations in various port areas: Angra dos Reis Terminal and Port of Açu (both in Rio de Janeiro state-RJ); São Sebastião Terminal (São Paulo-SP); Port of Suape (Pernambuco-PE); Port of Pecém (Ceará-CE), anchorage areas in Todos os Santos Bay (Bahia-BA) and off the coast of Sergipe. Other highlights were the simulations for adapting to container ports of up to 366 meters, including those of Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ), Paranaguá (Paraná-PR), Salvador (BA) and Pecém (CE); and to receive the world’s largest bulk carriers Valemax in the ports of Tubarão (Espirito Santo-ES) and Ponta da Madeira (Maranhão-MA). The pandemic has not interrupted the laboratory work. The team took advantage of the quarantine to do work that does not need simulators, such as research, fast-time simulations, berthing studies, hydrodynamic modeling and conceptual analyses based on the World Association of Waterborne Transport Infrastructure (Pianc).

A pandemia não interrompeu os trabalhos no laboratório. A equipe aproveitou a quarentena para executar atividades que

“We also took the opportunity to increase our database with more than 250 ships and ports, update the display system version with

SIMULAÇÃO DE PROJETO DE PONTE LIGANDO SANTOS E GUARUJÁ BRIDGE DESIGN SIMULATION BETWEEN SANTOS AND GUARUJÁ

MANOBRA SIMULADA NO PORTO DE SUAPE SIMULATED MANEUVER IN PORT OF SUAPE

fotos/photos : TPN-USP

Outros destaques foram as simulações para a adequação dos portos a contêineros de até 366 metros, incluindo os de Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ), Paranaguá (PR), Salvador (BA) e Pecém (CE); e para o recebimento de navios Valemax, maior graneleiro do mundo, nos portos de Tubarão (ES) e Ponta da Madeira (MA).

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parceria partnership

dispensam a presença nos simuladores, como pesquisas, simulações fast-time, estudos de amarração, modelagem hidrodinâmica e análises conceituais com base na Pianc (Associação Mundial de Infraestrutura de Transporte Marítimo). – Aproveitamos também para incrementar nosso banco de dados de mais de 250 navios e portos, atualizar a versão do sistema de visualização com mais realismo e efeitos gráficos, incluir novos efeitos hidrodinâmicos como o squat com fundo variável e construir um novo simulador full-mission com soluções tecnológicas inovadoras. Tudo isso para garantir a vanguarda tecnológica na área de simulação de manobras navais – lista o professor. Para atender às simulações de manobras presenciais, o TPN-USP se adaptou com medidas que seguem as recomendações sanitárias, como redução do número de participantes e distribuição de itens de higiene nas salas. Foi desenvolvido ainda um sistema de acompanhamento remoto das simulações, com possibilidade de interação durante as reuniões de briefing e debriefing.

more realism and graphic effects, include new hydrodynamic effects such as the squat for underkeel clearance and build a new full-mission simulator with innovative technological solutions. All this to guarantee the technological cutting-edge in the area of ship handling simulation”, lists the professor. To attend classroom maneuver simulations, the TPN-USP was adapted for measures to meet health requirements, reducing the number of participants and distributing sanitization items in the classrooms. An online follow-up of the simulations was also developed, with possible interactions during the briefing and debriefing meetings. Risk management Another important research center of the university that counts on pilotage collaboration is the Risk Analysis, Assessment and Management Laboratory (LabRisco), which, in an agreement with Conapra, investigates the contribution of the human factor for risk in maneuvers in ports and waterways.

Gerenciamento de riscos The work presented in 2019 at the Seminar on Risk Management in Pilotage, in Rio de Janeiro, has progressed. At that time, there was a full analysis of the maintenance work on a ship’s direction during canal navigation. The model was extended to other pilotage tasks, such as berthing, turning and even bridge communication, in order to identify possible errors when exchanging information between the pilot and captain.

LABRISCO EM CAMPO NO PORTO DE SANTOS LABRISCO ON SITE IN PORT OF SANTOS

MANOBRA NOTURNA ACOMPANHADA PELOS PESQUISADORES DO LABRISCO NIGHTTIME MANEUVER ACCOMPANIED BY LABRISCO RESEARCHERS

O trabalho apresentado, em 2019, no Seminário de Gestão de Riscos na Praticagem, no Rio de Janeiro, avançou. Naquele momento, havia uma análise completa da atividade de manutenção do rumo de um navio durante a navegação em canal. O modelo foi ampliado para as demais tarefas de praticagem, como atracação, giro e até a comunicação no passadiço, a fim de identificar possíveis erros na troca de informações entre o prático e o comandante.

The conclusions, depending on the work done, demonstrated that the presence of the pilot onboard could reduce by around 5.1 to 8.9 times the probability of accidents in the event of a hazardous occurrence, such as, for example, a ship on collision route to a fixed obstacle.

fotos/photos: LabRisco

Outro importante centro de pesquisa da universidade que conta com a parceria da praticagem é o Laboratório de Análise, Avaliação e Gerenciamento de Riscos (LabRisco), que, por meio de convênio com o Conapra, investiga a contribuição do fator humano para o risco em manobras em portos e hidrovias.

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In comparison, a study by the Canadian Marine Pilots’ Association (CMPA) suggests that the pilot’s presence reduces from 16 to 87


parceria partnership

De acordo com as conclusões, a depender da atividade realizada, a presença de um prático a bordo pode reduzir em cerca de 5,1 a 8,9 vezes a probabilidade de acidentes diante da ocorrência de um evento de perigo, como um navio em rota de colisão com um obstáculo fixo. A título de comparação, um estudo da Canadian Marine Pilots' Association (CMPA) sugere que a presença do prático reduz de 16 a 87 vezes a probabilidade de acidente. Nessa análise, porém, não há indicativos de que os comandantes que navegaram sem praticagem tivessem considerável experiência local. O estudo do LabRisco, por sua vez, levou em consideração o caso de o comandante ter habilitação para navegar sem o auxílio de prático, o que é mais representativo da realidade brasileira, regida pelas Normas da Autoridade Marítima para o Serviço de Praticagem (NORMAM-12/DPC). – No que diz respeito aos fatores de desempenho, melhorias em treinamento, familiaridade com a situação e cultura de segurança tendem a causar redução mais significativa na probabilidade de erro humano – observa o pesquisador Danilo de Abreu, responsável pelo trabalho com os professores Marcelo Martins e Marcos Maturana.

times the accident probability. In this analysis, however, there are no indications that the captains that navigate without pilots have any considerable local experience. The LabRisco study, in turn, took into account the case of the captain being qualified to navigate without pilot aid, which is more representative of the Brazilian reality under the Brazilian Maritime Authority Regulations for Pilotage Service (NORMAM-12/DPC). “With regard to the performance factors, improved training, familiarity with the situation and safety culture tend to cause a sharper drop in the probability of human error”, comments researcher Danilo de Abreu, responsible for the work with professors Marcelo Martins and Marcos Maturana. After developing the research project, LabRisco and Conapra signed a new cooperation agreement with the support of the Foundation for Technological Engineering Development (FDTE). As a first step, the laboratory is undertaking an even more in-depth study about the contribution of performance factors in the pilotage service. The project not only enhances the results of the earlier study but also intends to establish with researchers around the world a common basis of influential performance factors, and thereby quantify the weight of each in the pilot’s work.

foto/photo: Conapra

“In this way, we will be able to use data from past accidents and simulations to empirically quantify our models”, explains Danilo de Abreu. In his opinion, navigation safety in restricted waters is an extremely pertinent topic for Brazil’s waterway traffic, and for years has motivated different lines of research. Human reliability is a topic that the LabRisco group has been investigating for 13 years. The quality of such studies, he says, depends largely on pilotage support, which helps refine the studies and brings to the fore relevant criticism.

DANILO DE ABREU, DO LABRISCO/FROM LABRISCO

Após o desenvolvimento do projeto de pesquisa, o LabRisco e o Conapra assinaram um novo termo de cooperação com o apoio da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE). Como primeiro passo, o laboratório está realizando uma pesquisa ainda mais aprofundada sobre a contribuição dos fatores de desempenho nas atividades de praticagem. Além de aprimorar os resultados do estudo anterior, o projeto pretende estabelecer junto a pesquisadores do mundo todo uma base comum de fatores influenciadores de desempenho e, com isso, quantificar o peso de cada um nas atividades desenvolvidas pelas praticagens. – Dessa forma, poderemos aproveitar dados de simulações e acidentes passados para quantificar, de modo empírico, nossos modelos – explica Danilo de Abreu.

“This union between the theoretical framework and local knowledge provided by the pilots contributes uniquely to scientific progress”, he concludes. Brazilian PPU This cooperation between pilots and the academic community has also encouraged the creation of startups and small technology firms focusing on innovation. The São Paulo dynamic underkeel clearance system (ReDRAFT), for example, emerged after environmental data from the pilot station’s Traffic Coordination, Communications and Operations Center (C3OT) was shared with the scientific community. This instigated the partnership with the young researchers of the company Argonáutica that developed the system, created within USP. The company Navigandi is also an offspring of this process within the University and is developing the first Brazilian Portable Pilot 23


parceria partnership

Em sua opinião, a segurança da navegação em águas restritas é um tópico de extrema relevância para o transporte aquaviário do país e há anos motiva diversas linhas de pesquisa. A confiabilidade humana é tema que o grupo do LabRisco investiga há 13 anos. A qualidade desses trabalhos, afirma, depende em grande parte do suporte da praticagem, que auxilia no aperfeiçoamento dos estudos e traz à tona críticas relevantes. – Essa união entre o arcabouço teórico presente na academia e o conhecimento de campo provido pela praticagem contribui de maneira ímpar para o avanço científico – conclui. PPU nacional Essa cooperação da praticagem com a academia tem fomentado ainda a criação de startups e pequenas empresas de tecnologia focadas em inovação. O sistema de calado dinâmico (ReDRAFT) de São Paulo, por exemplo, surgiu a partir do compartilhamento de dados ambientais do Centro de Coordenação, Comunicações e Operações de Tráfego (C3OT) da praticagem com a comunidade científica. Daí veio a parceria com os jovens doutores da empresa que desenvolveu o sistema, a Argonáutica, criada dentro da USP.

Unit (PPU), with support from the Pernambuco pilot station. The portable equipment helps the pilot’s decision-making during navigation and maneuvering, providing more detailed information than from onboard systems. “During TPN-USP simulations for the study of new operations in São Paulo, we learned about the limitations of the equipment used in Brazil and studied in depth the specifications and requirements to meet the pilots’ expectations. We also accompany local maneuvers so that we can understand every problem experienced in handling the equipment. Later we extended the research to other pilot stations, when we saw that the maneuvering characteristics and specificities of each place are quite distinct and unique. The result of the work in the last few months is the development of Navigandi Orbis”, informs the company’s co-founder and director, Rodrigo Barrera. In 2019 partner André Ianagui presented the PPU project at the 43 rd National Pilotage Meeting in Maceió (Alagoas-AL). Some

fotos/photos: Navigandi

A empresa Navigandi também é um efeito desse processo dentro da universidade e está desenvolvendo o primeiro Portable Pilot Unit (PPU) nacional, com apoio da Praticagem de Pernambuco. O equipamento portátil auxilia a decisão do prático durante a navegação e as manobras, fornecendo informações mais detalhadas do que os sistemas de bordo.

RODRIGO BARRERA, DA/OF NAVIGANDI, PERNAMBUCO

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ANDRÉ IANAGUI TESTA MODELO DE PPU

ANDRÉ IANAGUI TESTS A PPU MODEL


parceria partnership

– Durante simulações realizadas no TPN-USP para o estudo de novas operações em São Paulo, tomamos conhecimento das limitações dos equipamentos utilizados no país e aprofundamos a pesquisa das especificações e dos requisitos necessários para atender à expectativa dos práticos. Acompanhamos, também, manobras em campo para que tivéssemos entendimento de todas as dificuldades vivenciadas no manuseio do equipamento. Posteriormente, estendemos a pesquisa para outras praticagens, quando percebemos que as características de manobras e especificidades de cada localidade são bastante distintas e particulares. O resultado do trabalho dos últimos meses é o desenvolvimento do Navigandi Orbis – conta o cofundador e diretor da empresa, Rodrigo Barrera.

advantages of the model are general, such as weight, size and ergonomics. In the category of AIS-independent PPUs (Automatic Identification System), Navigandi Orbis is one of the lightest and smallest in the market, according to the company. It can also be used with one or two antennas without sidelining precision and the accessibility cost.

Em 2019, o projeto do PPU foi apresentado pelo sócio André Ianagui no 43o Encontro Nacional de Praticagem, em Maceió (AL). Algumas vantagens do modelo são gerais, como peso, tamanho e ergonomia. Na categoria de PPUs independentes de AIS (automatic identification system), o Navigandi Orbis é um dos mais leves e menores no mercado, de acordo com a empresa. Além disso, pode ser utilizado com uma ou duas antenas, sem deixar de lado a precisão e o custo de acessibilidade.

“Considering the popularization and fast advance of navigation technologies, the tendency is to modernize the equipment every three or four years. With the proposed model, the pilot stations will be able to have constantly updated state-of-the-art appliances”, Barrera points out.

– Considerando-se a popularização e o rápido avanço das tecnologias de navegação, a tendência é que seja necessário modernizar os equipamentos a cada três ou quatro anos. Com o modelo proposto, as praticagens poderão ter aparelhos sempre atualizados e de última geração – pontua Barrera.

In his understanding, there is the possibility of integrating the software with the current systems of the pilot stations, obtaining and presenting real-time environmental data and even adopting simulation data. The forecast is to make the appliance available on the home market by the first quarter of 2021. The timetable was revised due to the pandemic impacts. The trials scheduled initially for the Pernambuco pilot station will probably be extended to other pilot zones, culminating in later revisions of the equipment in the second half of the year. foto/photo : Conapra

Uma das principais reclamações que os pesquisadores ouviram de diversos práticos foi quanto ao suporte técnico dos fabricantes estrangeiros. Por isso, a empresa pretende disponibilizar o equipamento por meio de contrato de aluguel e serviço de suporte, manutenção e atualização, reduzindo custos de aquisição. Em caso de qualquer problema com o instrumento, a substituição será imediata.

One of the main complaints heard by researchers from a number of pilots concerned the technical assistance from foreign manufacturers. For this reason the company intends to hire out the equipment and support assistance, maintenance and upgrade, thereby cutting procurement costs. Should there be any problem with the instrument, its substitution will be immediate.

Em seu entendimento, há a possibilidade de integração do software com os sistemas atuais das praticagens, obtenção e apresentação de dados ambientais em tempo real e até mesmo a adoção de dados de simulações. A previsão é disponibilizar o aparelho no mercado nacional no primeiro trimestre de 2021. O cronograma foi revisto devido aos impactos da pandemia. Os testes marcados inicialmente para a Praticagem de Pernambuco, provavelmente, serão estendidos para outras zonas de praticagem, culminando em revisões posteriores no equipamento ao longo do segundo semestre. O PESQUISADOR ANDRÉ IANAGUI EM SUA APRESENTAÇÃO NO ENCONTRO NACIONAL DE PRATICAGEM RESEARCHER ANDRÉ IANAGUI ON HIS PRESENTATION AT THE NATIONAL PILOTS’ MEETING

A seguir, leia também sobre a cooperação da praticagem com o Centro de Recuperação de Animais Marinhos da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Below, also read about the pilot station’s cooperation with the Marine Wildlife Rehabilitation Center of the Federal University of Rio Grande (FURG). 25


cooperação cooperation

Centro de reabilitação da fauna marinha é pioneiro na atividade Cram-Furg trata, em média, 300 animais por ano; na maioria pinguins. Parceria com a praticagem permite recondução das espécies ao mar foto/photo : Cram-FURG

Marine wildlife rehabilitation center is a forerunner in this kind of work

PINGUINS RECUPERADOS NA UNIVERSIDADE RESCUED PENGUINS IN THE UNIVERSITY

Cram-Furg treats an average of 300 animals a year, mostly penguins. A partnership with the maritime pilot community helps return the species to the sea

Todo ano é tudo sempre igual. Nos meses de outono e inverno, parte da costa brasileira é o destino certo de pinguins que deixam suas colônias de reprodução na Patagônia e nas Malvinas em busca de alimento. Durante essa migração de cerca de três mil quilômetros em mar aberto, porém, muitos chegam aqui fracos, debilitados e feridos. Nessa parte da história entra em ação o Centro de Recuperação de Animais Marinhos da Universidade Federal do Rio Grande (Cram-Furg), que resgata as aves e cuida de sua recuperação. Na volta para casa, já saudáveis, os animais têm o apoio da Praticagem da Barra do Rio Grande, responsável por reconduzi-los ao mar em suas lanchas.

Each year is always the same. In October and the winter months part of the Brazilian coast is the sure destination of penguins who leave their breeding colonies in Patagonia and the Falkland Islands in search of food. However, during this migration across 3,000 kilometers or so in open sea, many arrive weak, debilitated and injured. At this point in the story the Marine Wildlife Rehabilitation Center of the Federal University of Rio Grande (Cram-Furg) goes into action, rescuing the birds and caring for their recovery. The animals, now healthy and on their way back home, have the support of the Barra do Rio Grande pilot station in charge of returning them to the sea in their motorboats.

Tem sido assim desde 1974, quando o Cram-Furg, anexado ao Museu Oceanográfico Professor Eliézer de C. Rios, foi criado pelo oceanógrafo Lauro Barcellos, um pioneiro na atividade de reabilitação de fauna marinha no Brasil, e firmou uma parceria com a praticagem.

It has been like this since 1974, when Cram-Furg, attached to the Prof. Eliezer de C. Rios Oceanography Museum, was founded by oceanographer Lauro Barcellos, a pioneer in the work of rehabilitating marine fauna in Brazil, and signed a partnership with the pilot station.

– Ao longo desses anos, a Praticagem da Barra do Rio Grande tem um papel importantíssimo na recondução dos animais marinhos reabilitados ao mar – avalia Barcellos, diretor do Cram-Furg.

“Over all those years, Barra do Rio Grande Pilot Station has played an extremely valuable role in returning the rehabilitated marine animals to the sea”, records Barcellos, director of Cram-Furg.

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cooperação cooperation

fotos/photos : Guga Volks

Das plataformas para o salvamento de "homem ao mar", situadas na popa das lanchas dos práticos, os animais são liberados em lugares estratégicos, a cerca de 5,5 quilômetros da saída da Barra do Rio Grande, depois da arrebentação das ondas, justamente para lhes poupar o esforço desse atravessar, aumentando, assim, as chances de eles retornarem ao seu habitat. O pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) é a espécie mais recebida no Cram-Furg – foram mais de 1.500 exemplares tratados nos últimos 20 anos. Há, entretanto, outras aves marinhas e costeiras debilitadas, como albatrozes, gaivotas e mergulhões, que também passam pelos cuidados dos profissionais do centro de reabilitação. – O Cram-Furg também atende tartarugas marinhas, principalmente a tartaruga-verde (Chelonia mydas), e espécies de mamíferos marinhos, predominantemente lobos e leões-marinhos-do-sul. E, em meses de verão, eventualmente, recebe filhotes de toninhas, um golfinho de pequeno porte que vive nas águas do sul do continente americano – conta o diretor do Cram-Furg, acrescentando que o centro trata, em média, 300 animais por ano. A rotina de cuidados com a fauna marinha permite que anualmente cerca de 60 estudantes da Furg e de outras universidades do país façam estágios e treinamentos durante o processo de reabilitação dos animais. Um pinguim, por exemplo, precisa de cerca de um mês para se recuperar totalmente. Os animais debilitados são em geral resgatados a partir de um monitoramento de praias feito rotineiramente pela Furg, embora também haja casos em que eles são encontrados por instituições de conservação locais ou pela própria população, que avisa o Cram ou os órgãos ambientais competentes. Um aspecto a ser comemorado, informa Lauro Barcellos, é o fato de que a incidência de pinguins-de-magalhães resgatados com o corpo manchado de óleo tem sido cada vez menor nos últimos nove anos. – Esperamos que seja um bom sinal – conclui o oceanógrafo.

DEVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES É FEITA A PARTIR DE PLATAFORMAS SITUADAS NA POPA DA LANCHA DE PRÁTICO THE SPECIES ARE RETURNED TO SEA FROM DECKS PLACED AT THE STERN OF THE PILOT MOTORBOAT

The animals are released in strategic locations from the platforms at the prow of the pilot boats around 5.5 kilometers away from Barra do Rio Grande, after the surf line, precisely to spare them the effort of crossing the bar, thereby increasing their chance of returning to their habitat. The Magellanic penguin (Spheniscus magellanicus) is the most common to visit Cram-Furg – more than 1,500 of them were treated over the last 20 years. However, other debilitated coastal and sea birds, such as albatrosses, seagulls and grebes, are also cared for by the professionals in the rehabilitation center. “Cram-Furg also attends sea turtles, especially the green turtle (Chelonia mydas), and marine mammal species, predominantly monk seals and South American sea lions. And in summer months occasionally receives porpoise pups, a small dolphin living in the 27


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SOLTURA DOS ANIMAIS OCORRE A 5,5 QUILÔMETROS DA SAÍDA DA BARRA DO RIO GRANDE RELEASING PENGUINS 5.5 KILOMETERS BEYOND THE EXIT OF THE RIO GRANDE BAR

O atendimento aos animais contaminados por petróleo e seus derivados, aliás, é uma das linhas de atuação do Cram-Furg. A expertise credenciou a instituição como referência no cenário internacional, permitindo que ela atuasse em ações de atendimento à fauna marinha em grandes acidentes mundo afora, como na África do Sul, em Galápagos e na costa da Galícia, na primeira década dos anos 2000. O processo de recuperação dos animais começa com uma avaliação que inclui exames físicos, como pesagem, verificação de temperatura corporal, se há sinais de desidratação, presença de lesões e fraturas, observação clínica e hematológica. Depois, são hidratados e alimentados, e recebem todos os cuidados de higienização. No Cram-Furg, os animais também são estimulados a nadar e postos em condições meteorológicas de acordo com a evolução de seu estado de saúde até que estejam aptos a voltar ao mar; no caso dos pinguins, sempre em grupos, devido ao aspecto de seu comportamento gregário. Todo pinguim liberado pelo Cram-Furg recebe marcação permanente para que possa ser monitorado, embora Lauro Barcellos reconheça que essa tarefa não é fácil, dada a dimensão das áreas de ocorrência da espécie, muitas vezes em locais remotos e de difícil acesso: – Mas temos alguns exemplos positivos, como é o caso de um pinguim adulto reabilitado em 2008 e reavistado no verão seguinte, reproduzindo-se nas Ilhas Falklands (Malvinas). 28

southern waters of the American continent”, says the Cram-Furg director, adding that the center treats an average of 300 animals a year. The care routine for the marine fauna allows around 60 students from Furg and other Brazilian universities each year to do internships and training courses during the animals’ rehabilitation process. For example, it takes around one month for a penguin to fully recover. The debilitated animals are generally rescued after Furg undertakes routine beach screening, although there are cases where they are found by local conservation institutions or members of the local population who inform Cram and the relevant environmental agencies. One aspect to be celebrated, according to Lauro Barcellos, is the fact that the rescue rate of Magallenic penguins with oil-spattered bodies has been dropping in the past nine years. “We are hoping that’s a good sign”, the oceanographer concludes. The care of animals contaminated by oil and its byproducts, in fact, is one of the Cram-Furg lines of action. The institution’s expertise has been certified as a benchmark on the international scene, enabling it to act in treating marine wildlife in major accidents around the world, such as, for example, South Africa, Galapagos and along the Galicia coastline, in the first decade of the 21st century.


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foto/photo : Guga Volks

The animals’ recovery process starts with an assessment that includes a physical examination, such as weighing, checking body temperature, checking for signs of dehydration, of injury and fractures, and clinical and hematological observation. Later, they are hydrated and fed, then undergo sanitization. In Cram-Furg, the animals are also encouraged to swim and are placed in meteorological conditions, depending on their state of health, until they are ready to return to the sea – in the case of penguins, always in groups due to their gregarious behavioral pattern.

LANCHA DA PRATICAGEM

PILOT BOAT

Parceria histórica A parceria de quase cinco décadas da Praticagem da Barra do Rio Grande com o Cram-Furg começou por intermédio do prático Aureo Gonçalves Filho, já falecido, amigo de Lauro Barcellos, cujo legado reforça a contribuição da praticagem com a preservação do meio ambiente marinho e dá a certeza de que a aposta na dobradinha feita lá atrás foi acertada. – A seriedade das pessoas envolvidas já fazia supor que a iniciativa seria duradoura e profícua, o que levou a praticagem a acreditar desde o início – avalia o secretário executivo da Praticagem da Barra do Rio Grande, Pedro Luppi. A praticagem também fica de prontidão caso o Cram-Furg – que conta com o apoio da Superintendência dos Portos do Rio Grande do Sul (Portos-RS) – precise se envolver em emergências ambientais com vazamento de óleo na área portuária.

“But we have some positive examples, as in the case of an adult penguin rehabilitated in 2008 and again seen the following summer breeding in the Falkland Islands. Historic partnership The partnership of almost fifty years between the Barra do Rio Grande pilot station and Cram-Furg began through the late pilot Aureo Gonçalves Filho, friend of Lauro Barcellos, whose legacy reinforces pilots’ contribution to marine environmental protection, and assures us that the commitment made by both of them back then was the right one. “The seriousness of the people involved already ensured the longlasting and productive project, which led the pilot station to believe in it right from the start”, considers Pedro Luppi, executive secretary of Barra do Rio Grande pilot station. The pilot station is also on standby should it be necessary for Cram-Furg – which has the support of Rio Grande do Sul Ports Superintendence (Portos-RS) – to engage in environmental emergencies with oil spills in the port area. Luppi says: “Barra do Rio Grande pilot station has a long list of off-pilotage community services, contributing to various sectors in the local and state community, but the work of the Marine Wildlife Rehabilitation Center, given its periodicity and results, is certainly one of the most gratifying, involving privileged partnerships with the pilot station. foto/photo : Cram-FURG

foto/photo : Cram-FURG

– A Praticagem da Barra do Rio Grande tem uma longa lista de serviços comunitários extrapraticagem, contribuindo com vários setores da comunidade local e estadual, mas as atividades do Centro de Recuperação de Animais Marinhos, dados a periodicidade e os resultados obtidos, estão certamente entre as mais gratificantes envolvendo privilegiadas parcerias da praticagem – afirma Luppi.

Every penguin released by Cram-Furg is given a permanent marking so that it can be monitored, although Lauro Barcellos acknowledges that this task is not easy, given the large area of the specie’s occurrence, very often in remote and hard-to-reach places:

TARTARUGAS TAMBÉM ESTÃO ENTRE OS ANIMAIS RECUPERADOS SEA TURTLES ALSO AMONG THE RESCUED ANIMALS

RECONDUÇÃO DE UM ALBATROZ RETURNING AN ALBATROSS

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Praticagem São Francisco e Porto Itapoá prestam homenagem a tripulantes Empresas reconhecem esforço dos marítimos durante a pandemia Receber uma caixa de bombons com uma carta de reconhecimento por seu trabalho pode parecer algo simples. É um alento, porém, para quem está embarcado além dos quatro a seis meses usuais. Essa foi a maneira que a Praticagem São Francisco e o Porto Itapoá (SC) encontraram para homenagear os tripulantes dos navios. Por causa da pandemia da Covid-19, muitos foram obrigados a estender sua permanência a bordo e tiveram dificuldade para retornar a suas casas, em função das restrições de viagem. Segundo o diretor executivo da praticagem, Roberto Castanho, a ideia partiu do prático Rodrigo Faust:

foto/photo: Porto Itapoã

– Foi uma forma de homenagear os tripulantes no momento difícil em que prestam um trabalho essencial para manter as operações dos navios. Muitos estão há meses longe de suas famílias, e achamos interessante expressar o reconhecimento por esse trabalho que mantém a cadeia logística funcionando e a população abastecida. Isso às vezes eleva um pouco o moral deles.

Berço 302

São Francisco pilot station and Itapoá Port pay homage to crew Companies appreciate the mariners’ effort during the pandemic To receive a box of chocolates with a letter of acknowledgment of their work may seem nothing out of the ordinary. But it is encouragement to those who are onboard for more than the usual four to six months. This was the way the São Francisco pilot station and Itapoá Port (Santa Catarina state) found to pay tribute to the ships’ crews. Because of the Covid-19 pandemic many were forced to extend their stay aboard and had problems in getting home due to travel restrictions. According to Roberto Castanho, the pilot unit’s executive director, the idea was first aired by pilot Rodrigo Faust: “It was a way to pay tribute to the crews at a difficult time when they provide key work to keep the ships operating. Many of them have been away from their families for months, and we think it would be interesting to show appreciation of their work that keeps the logistic chain moving and the population supplied. Sometimes this boosts their morale a bit.” Rodrigo Faust explains why he thought of the idea: “I heard about what was happening on the ships, how it was impossible to change crews and contracts were being extended, with the crew staying onboard. But it doesn’t call your attention if you’re not close to the problem. That was when I spoke to the captain and chief officer of one ship. They told me that some crewmembers had been onboard for more than a year and they wanted to do something to mitigate the situation.

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fotos/photos: Porto Itapoã

Rodrigo Faust conta como pensou na iniciativa: – Eu tinha notícia do que acontecia nos navios, dessa impossibilidade de troca de tripulações e dos contratos sendo prorrogados, com os tripulantes permanecendo a bordo. Mas aquilo não chama sua atenção se você não chega perto do problema. Até que conversei com o comandante e o imediato de um navio. Eles relataram que havia tripulantes há mais de um ano a bordo e queriam fazer algo para minimizar a situação. Oficial de máquinas por formação, Rodrigo viajou pela Transpetro e chegou a ficar nove meses embarcado, ainda que em circunstâncias normais: – Se você sabe quando vai desembarcar, é diferente, se prepara. Mas esse pessoal ficou a bordo sem previsão de desembarque. Normalmente, você consegue ir para terra, o que ajuda muito, mas nem isso foi possível. Aquilo me comoveu de certa forma. A sugestão foi levada ao diretor de Operações, Meio Ambiente e Tecnologia do porto, Sergni Rosa, e ambas as empresas aprovaram a ação rapidamente. O primeiro grupo homenageado, no dia 4 de julho, foi a tripulação do navio Northern Magnitude, comandada pelo capitão Ciesla Lucasz. De julho a setembro tripulantes de 150 embarcações foram contemplados, totalizando algo entre três mil e 4.500 pessoas. – Planejamos três meses de entregas para alcançar o maior número possível de navios diferentes que passam pelo porto, reconhecendo o esforço desses tripulantes. As embarcações oriundas da Ásia levam de 45 a 50 dias para chegar aqui – explica o diretor de Operações. De acordo com a Organização Marítima Internacional (IMO), estima-se que, em julho, pelo menos 200 mil marítimos necessitavam de repatriamento em virtude da troca de tripulação nas embarcações. Paralelamente, número similar estava sem trabalhar, e portanto sem sustento, porque não conseguia embarcar para substituir os colegas. A troca de tripulação é vital para evitar a fadiga e proteger a saúde dos trabalhadores, sobretudo em tempos de pandemia, quando são submetidos a estresse físico e mental mais elevado.

Rodrigo Faust, engineer officer by profession, had traveled with Transpetro and even stayed nine months on board, albeit under normal circumstances: “If you know when you’re going to disembark, it’s different, you’re prepared. But these guys stay on board without knowing when they can disembark. Normally, you can go on land which helps a lot, but even that has not been possible. I was moved by that.” The suggestion was taken to Sergni Rosa, the port’s director of Operations, Environment and Technology, and both companies soon approved the gesture. The first group to be honored on July 4th was the crew of the ship Northern Magnitude, commanded by Captain Ciesla Lucasz. Between July and September tribute has been paid to crews of 150 vessels, totaling somewhere between 3,000 to 4,500 people. “We have planned three months ahead for deliveries to reach as many different ships as possible passing through the port, acknowledging the efforts of these crewmembers. The vessels from Asia take 45 to 50 days to arrive here”, explains the Operations director. According to the International Maritime Organization (IMO), it is estimated that in July at least 200,000 sailors would need repatriation as a result of the change of crew on the vessels. Moreover, a similar number were without work and, therefore, without support, because they were unable to embark to substitute their colleagues. The change in crew is vital to prevent fatigue and to protect the workers’ health, especially in pandemic times, when they undergo heavier physical and mental stress.

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Conapra Conapra

de representação e aprimoramento da profissão Rumos Práticos revisita história do Conselho Nacional de Praticagem Uma instituição relativamente jovem, mas orgulhosa de suas muitas conquistas. Foi com esse espírito que o Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) completou 45 anos em 12 de junho – data que marcou também 212 anos de regulamentação da atividade no Brasil. Ao celebrar mais um aniversário, o Conapra tem sua história revisitada por Rumos Práticos, que selecionou fatos marcantes de uma trajetória cuja evolução se fez na velocidade da indústria marítima. O ponto de partida é 1975. Catorze anos após a praticagem brasileira ganhar autonomia privada e assumir a responsabilidade pela infraestrutura do serviço, sete entidades fundaram o Centro Nacional de Praticagem (Cenapra) e constituíram o Conapra como órgão consultivo. Entre elas, estavam a Cooperativa de Trabalho de Práticos dos Portos do Estado e Baía de Guanabara; a Cooperativa de Trabalho de Práticos de Santos e Baixada Santista Ltda.; o Serviço de Praticagem do Porto de São Sebastião; a Associação de Práticos do Porto e Barra do Espírito Santo; a Associação dos Práticos do Estado do Paraná; a Associação de Praticagem da Bacia Amazônica; e a Associação de Praticagem da Barra do Pará.

Fundação do Cenapra e do Conapra Cenapra and Conapra founded

Cenapra é extinto Cenapra is dissolved

Ainda sob Cenapra, Conapra se associa à IMPA Still under Cenapra, Conapra joins IMPA 32

45 years of representation and improvement of the profession Rumos Práticos revisits the background of the Brazilian Maritime Pilots’ Association It is a relatively young institution but proud of its many achievements. This was the spirit in which the Brazilian Maritime Pilots’ Association (Conapra) commemorated its 45 years on June 12 th – the date that also marks 212 years of pilotage being a regular professional activity in Brazil. When celebrating yet another anniversary, Rumos Práticos revisited Conapra’s history, which selected milestones along the road that develops at the speed of the maritime industry.

Prático Helcio Kerr ocupa uma das vice-presidências da IMPA, sendo reeleito na sequência Pilot Helcio Kerr appointed as one of the IMPA vice-presidents, and then reappointed later

Conapra participa da criação da Federação Sul-Americana de Práticos Conapra participates in the creation of the South American Pilots’ Federation


Conapra Conapra

Até então, alguns práticos tinham encontros esporádicos para abordar temas profissionais que, sazonalmente, inquietavam suas zonas de praticagens, recorda Euclides Alcantara Filho, presidente de 1980 a 1982 e de 1984 a 1986, que atuou na Praticagem do Espírito Santo: – No século XX, com o desenvolvimento industrial e do comércio internacional, surgiram necessidades de padronização que forçaram os países a produzir regras de entendimento universal para os diversos serviços que integravam a cadeia mundial de trocas, entre eles o serviço de praticagem. Nesse novo ambiente, estritamente verticalizado e subordinado a compromissos de Estado entre entidades internacionais, não fazia mais sentido que as praticagens permanecessem alheias, uma vez que se exigiam então atitudes uniformes e fortalecimento coletivo para lidar com atores econômicos capazes de influenciar esferas políticas além das barras dos seus portos. Entre as primeiras atribuições do Conapra, estiveram o trabalho de conscientização para adesão de mais praticagens, o que, segundo Alcantara, levou um certo tempo, já que envolvia uma mudança de cultura; a abertura de diálogo direto com os armadores, até aquele momento distantes e sempre intermediados por terceiros regionais; e, o mais importante, firmar-se junto ao ente regulador – a Marinha do Brasil – como o órgão representativo da praticagem. Não demorou para quase todas as praticagens aderirem à iniciativa.

The starting point is 1975. Fourteen years after Brazilian pilotage gained private autonomy and assumed the responsibility for the service’s infrastructure, seven agencies founded the National Pilotage Center (Cenapra) and constituted Conapra as an advisory body. They included the Pilots’ Work Cooperative of the Ports of Guanabara State and Bay; the company Santos and Baixada Santista Pilots’ Labor Cooperative; Port of São Sebastião Pilotage Service; Pilots’ Association of Espírito Santo Port and Bar; Paraná State Pilots’ Association; Amazon Basin Pilots’ Association, and Barra do Pará Pilots’ Association. Euclides Alcantara Filho, president from 1980 to 1982 and from 1984 to 1986, who worked in the Espírito Santo pilot station, remembers that, until then, some pilots would sporadically meet to discuss professional issues that would be seasonal concerns for their pilotage zones, as follows: “In the 20th century, with industrial development and international trade, standardization was required to force countries to produce universal rules of understanding for the different services in the world exchange chain, including the pilotage service. In this new environment, strictly verticalized and subordinated to state commitments between international bodies, it didn’t make sense for the pilot units to remain unconcerned, as consistent attitudes and collective empowerment were required to deal with economic players capable of influencing political spheres beyond the bars of their ports.“

Em 1981, ainda sob o Cenapra, o Conapra foi convidado a se filiar à Associação Internacional de Práticos Marítimos (IMPA), criada em 1971 e voz da praticagem na Organização Marítima Internacional

Prático Siegberto Schenk integra o Conselho Técnico da IMPA Pilot Siegberto Schenk joins the IMPA Technical Council

Conapra lança primeira versão da revista Rumos Práticos Conapra launches first version of the magazine Rumos Práticos

Prático Zé Peixe é homenageado no Encontro Nacional de Praticagem Pilot Zé Peixe honored at the National Pilots’ Meeting

Marinha delega competências ao Conapra e o reconhece como representante nacional da atividade Brazilian Navy delegates powers to Conapra and acknowledges it as Brazilian national representative of the profession

Lançamento do livro Rebocadores Portuários, pelos práticos Otavio Fragoso e Marcelo Cajaty, referência na bibliografia do Processo Seletivo à Praticante de Prático Launch of the book Rebocadores Portuários [Port Tugs] by pilots Otavio Fragoso and Marcelo Cajaty, reference in the bibliography of the Selective Process for the Pilot Practitioner

Associação Latino-Americana de Práticos substitui Federação Sul-Americana The Latin American Pilots’ Association replaces the South American Federation 33


Conapra Conapra

(IMO), agência especializada da ONU. Cenapra e Conapra coexistiram até 1988, quando, após estudo jurídico, entendeu-se que a representação dos práticos nos foros de interesse se daria melhor sob a égide de um Conselho. Ao longo desses 45 anos, foram 19 diretorias e uma participação ativa na comunidade marítima internacional, começando em 1994, com a eleição do prático Helcio Kerr como vice-presidente da IMPA. Em 2006, o Brasil elegeu também o vice-presidente sênior, Otavio Fragoso, atual vice-presidente do Conapra, e ainda se mantém em uma das vice-presidências com Ricardo Falcão, reeleito em 2018, que acumula a presidência do Conapra. Além da presença na IMPA, o Conselho Nacional de Praticagem integra, desde 2004, a delegação brasileira que atua na IMO, em Londres, onde se discutem os desafios à segurança da navegação e assuntos relacionados à soberania e aos interesses comerciais brasileiros. Em 2019, o prático Marcelo Cajaty, ex-presidente do Conapra, recebeu a Medalha do Mérito Naval pelos 15 anos de trabalho junto à delegação. Em âmbito regional, o Conapra é um dos fundadores do Fórum LatinoAmericano de Práticos (Flaprac), desde o seu embrião como Federação Sul-Americana de Práticos até a sua substituição pela também extinta Associação Latino-Americana. Argentina, Brasil, Chile, Cuba, Equador, México e Uruguai foram os signatários do fórum em 2004. Ao grupo, juntaram-se Colômbia, Panamá, Peru e Venezuela. Como associação das sociedades brasileiras de praticagem, o Conapra está sempre focado no aprimoramento da atividade e da qualidade do serviço. Por isso, realiza, desde 1985, o Encontro Nacional de Praticagem e outros eventos, voltados para a troca de conhecimento e experiências entre práticos e com representantes da indústria do shipping. Sua expressão e capacidade técnica o elevaram, em 2000, a órgão de representação nacional da praticagem reconhecido pela Conapra integra delegação brasileira que atua na IMO Conapra joins the Brazilian delegation that operated in IMO

Associação LatinoAmericana de Práticos dá lugar ao Fórum Latino-Americano Latin American Pilots’ Association gives way to the Latin American Forum

Otavio Fragoso é eleito vice-presidente da IMPA Otavio Fragoso appointed vice-president of IMPA 34

The first attributes of Conapra included undertaking consciousness work for other pilot stations to join, which, according to Alcantara, took some time, since it involved a change in culture; opening up direct dialogue with the ship owners who until then were remote and always intermediated by regional third parties; and the most important, combining with the regulatory agency – the Brazilian Navy – as the body representing pilotage. It did not take long for almost all pilot stations to join the project. In 1981, still under Cenapra, Conapra was invited to become a member of the International Maritime Pilots’ Association (IMPA), created in 1971, and the pilots’ voice in the specialized UN agency International Maritime Organization (IMO). Cenapra and Conapra coexisted until 1988 when, after a legal study, it was understood that the pilots’ representation in matters of public interest would be best under the aegis of an Association. In those 45 years, there have been 19 directorships and active participation in the international maritime community, starting in 1994, with the election of pilot Helcio Kerr as vice-president of IMPA. In 2006, Brazil also appointed Otavio Fragoso as senior vice-president. Fragoso is currently vice-president of Conapra, and remains one of the vice-presidents together with Ricardo Falcão, re-elected in 2018, who also is Conapra president. In addition to the presence in IMPA, the Brazilian Maritime Pilots’ Association is a member of the Brazilian delegation active in IMO in London since 2004, where discussions relate to the challenges to shipping safety and matters of sovereignty and Brazilian trade interests. In 2019, pilot Marcelo Cajaty, former president of Conapra, was awarded the Order of Naval Merit for his 15 years of work in the delegation. In the regional sphere, Conapra is one of the founders of the LatinAmerican Pilots’ Forum (Flaprac), since its embryonic stage as the South American Pilots’ Federation, which was later replaced by the now also extinct Latin American Association. Argentina, Brazil, Chile,

Primeiro ciclo do ATPR First cycle of the ATPR

Otavio Fragoso é eleito vice-presidente sênior da IMPA, permanecendo por oito anos Otavio Fragoso elected senior vice-president of IMPA, remaining for eight years


Conapra Conapra

Marinha, que delegou ainda algumas de suas competências sobre a atividade, entre elas a aplicação do Curso de Atualização para Práticos (ATPR), obrigatório a cada cinco anos. O programa brasileiro atende à Resolução A.960 (23) da IMO – que traz recomendações sobre treinamento, certificação e procedimentos operacionais para práticos – e hoje é referência para colegas de outros países, que, por meio de convênio, participam das turmas no Brasil. Valorizar a história da praticagem também é uma preocupação da entidade. O prático Francisco Marques Lisboa, pai do Almirante Tamandaré, foi escolhido patrono da atividade no Brasil, pelo seu pioneirismo no desenvolvimento do serviço em Rio Grande até 1832. O lendário prático Zé Peixe, que embarcava e desembarcava dos navios a nado em Sergipe, foi homenageado em uma das edições do Encontro Nacional de Praticagem. Já o prático abolicionista Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, foi entronizado no Livro dos Heróis da Pátria, graças ao empenho do Conapra em Brasília. A defesa do sistema brasileiro de praticagem na capital federal acabou sendo outra vertente da atuação do Conapra, sobretudo a partir das duas últimas décadas, quando pressões econômicas por alterações regulatórias passaram a ser mais fortes, colocando em xeque a segurança da navegação. A praticagem, porém, se mostrou unida, defendendo práticas comuns adotadas mundialmente após o aprendizado com grandes acidentes. – Essa unicidade de representação fornece aos práticos uma robustez imprescindível para enfrentar, com equilíbrio de forças, as contrapartes que disputam interesses com a praticagem. O

Cuba, Ecuador, Mexico and Uruguay were signatories of the forum in 2004. Colombia, Panama, Peru and Venezuela have joined the group. As the association of Brazilian pilotage stations, Conapra is always focused on enhancing the profession and quality of the service. This is why it holds the National Pilotage Meeting since 1985 and other events focusing on the exchange of knowledge and experiences between pilots and with representatives of the shipping industry. Its expression and technical capacity upgraded it in 2000 to an agency of national pilotage representation acknowledged by the Brazilian Navy, which also delegated some of its powers regarding the profession, among them the application of the Pilots’ Refresher Training (ATPR), mandatory every five years. The Brazilian program responds to IMO Resolution A.960 (23) – which brings recommendations on training, certification and operating procedures for pilots – and today is a benchmark for colleagues from other countries who, under an agreement, attend the classes in Brazil. The association is also concerned with emphasizing the history of pilotage. Pilot Francisco Marques Lisboa, Admiral Tamandaré’s father, was chosen to be Patron of Pilots in Brazil as a result of his pioneering spirit in developing the service in Rio Grande until 1832. The legendary pilot Zé Peixe, who would swim to board and off board the ships in Sergipe, was honored at one of the yearly National Pilots’ Meetings. And the abolitionist pilot Francisco José do Nascimento, the Sea Dragon, was inducted into the Book of Heroes and Heroines of the Brazilian Homeland, thanks to the efforts of Conapra in Brasilia. The protection of the Brazilian pilotage system in the federal capital turned out to be another facet of Conapra’s work, especially in the last two decades, when economic pressures for regulatory amendments started to grow, challenging shipping safety. Pilotage, however, has proven united, defending common practices adopted worldwide after lessons learned from major accidents. Dragão do Mar é entronizado no Livro dos Heróis da Pátria Sea Dragon inducted into the Book of Heroes and Heroines of the Brazilian Homeland

Francisco Marques Lisboa é escolhido patrono da Praticagem do Brasil Francisco Marques Lisboa is chosen as the Brazilian pilots’ patron

Lançamento do livro De 1808 a 2008: 200 anos de praticagem regulamentada no Brasil Launch of the book De 1808 a 2008: 200 anos de praticagem regulamentada no Brasil

[1808-2008: 200 years of regulated pilotage in Brazil]

Prático Ricardo Falcão é eleito vice-presidente da IMPA, sendo reeleito em 2018 Pilot Ricardo Falcão appointed vice-president of IMPA, and re-elected in 2018

Marcelo Cajaty recebe Medalha do Mérito Naval pelos 15 anos de atuação na delegação brasileira da IMO Marcelo Cajaty awarded Order of Naval Merit for his 15 years work in the IMO Brazilian delegation 35


Conapra Conapra

Conapra está maduro, e seu protagonismo mostra que se tornou um dos principais artífices da navegação segura, com importante contribuição na preservação do meio ambiente nas águas jurisdicionais brasileiras – destaca o ex-presidente Euclides Alcantara. O prático Durvalino de Souza Ferreira, do Rio de Janeiro, foi um dos que acompanharam essa trajetória desde o início, pois começou como praticante exatamente em 1975, depois de ter sido piloto de navio. Ele lembra que a praticagem teve que se preparar para exercer uma profissão que ficou mais técnica: – O conhecimento exigido do prático ficou muito mais amplo com a complexidade e sofisticação dos navios. Vieram novos recursos a bordo, como carta eletrônica e AIS (automatic identification system). Além disso, o porte das embarcações aumentou, o que demandou canais mais bem sinalizados e bagagem teórica dos práticos. Por outro lado, a praticagem se equipou com lanchas e atalaias modernas, para desempenhar sua função com mais segurança para todos. O diretor de Portos e Costas da Marinha, vice-almirante Alexandre Cursino de Oliveira, diz que o Conapra e a Autoridade Marítima, desde o início, convivem de forma sinérgica, buscando sempre o melhor para o futuro marítimo do país: – O Conapra sempre figurou no cenário marítimo mundial, elevando o nome da praticagem brasileira, cuja qualidade dos serviços é reconhecida internacionalmente. Tal fato comprova o trabalho focalizado no aprimoramento diário de seus profissionais, que precisam estar sempre prontos para as crescentes demandas da atividade marítima. A postura proativa desse Conselho frente aos desafios que se apresentam faz com que a Diretoria de Portos e Costas tenha tranquilidade de saber que o papel de representante das entidades de praticagem do país está sendo desempenhado de forma profissional e conscienciosa. Portanto, em nome da Autoridade Marítima, estendemos nossos cumprimentos a todos esses profissionais que zelam pelo harmônico funcionamento do serviço, tão essencial à condução segura das embarcações e de suas cargas até o porto. Em seu terceiro mandato à frente do Conapra, Ricardo Falcão afirma que traduzir essa excelência na prestação do serviço para a sociedade é mais uma missão: – Nos acostumamos em nível mundial com a máxima de que o silêncio é o som da segurança na navegação. Sim, está correto. Mas é preciso mostrar o nosso dia a dia e tornar mais simples a nossa linguagem para as pessoas. São mais de 70 mil operações de praticagem por ano sem problemas no Brasil e quais os resultados para a população? Poucos sabem que tomar banho de mar em águas limpas, sem uma gota de óleo, significa praticagem funcionando. Que operamos na Amazônia, por exemplo, uma região extremamente sensível para o meio ambiente, sem que um acidente ponha em risco essa rica biodiversidade. Temos que fazer essa informação chegar a cada cidadão. Esse é mais um desafio de um Conapra que se renova. 36

“This unique representation provides pilots with an indispensable strength to confront, with a balance of power, the counterparts’ conflict of interests with pilotage. Conapra is mature, and its protagonist role shows that it has become one of the frontline architects of safe shipping, with a valuable contribution to protecting the environment in Brazilian jurisdictional waters”, emphasizes former president Euclides Alcantara. Rio de Janeiro pilot Durvalino de Souza Ferreira was one of those who accompanied this journey right from the start, since he began to practice the profession precisely in 1975, after having been a ship’s pilot. He recalls that pilots have had to be prepared to exercise a profession that has become more technical: “The knowhow demanded of the pilot has become much wider with the increasing complexity and sophistication of ships. New resources have come on board, such as on-chart and automatic identification (AIS) systems. Moreover, vessels are now much larger, which has required more clearly signalized channels and the pilots’ theoretical baggage. On the other hand, pilots have been equipped with modern motorboats and watchtowers to perform their role more safely for everyone.” Vice-Admiral Alexandre Cursino de Oliveira, the Navy’s director of Ports and Coasts, says that Conapra and the Maritime Authority have right from the beginning lived in harmony, always striving for the best for the maritime future of Brazil: “Conapra has always been on the world maritime scene, increasing the reputation of Brazilian pilotage, whose service is internationally acknowledged for its quality. This fact confirms the work focusing on daily improvement of its professionals, who need to be always prepared for the growing demands of the maritime profession. This Association’s proactive attitude toward the challenges it faces gives the Ports and Coasts Directorate some peace of mind in the knowledge that the role of representing the pilotage bodies in Brazil is being performed professionally and conscientiously. Therefore, on behalf of the Maritime Authority, we extend our greetings to all those professionals who cherish the harmonious functioning of the service, so essential to safely guiding vessels and their cargoes into port.” In his third mandate at the head of Conapra, Ricardo Falcão says that translating the excellence in providing this service to the general public is yet another mission: “We are accustomed worldwide with the saying that silence is the sound of safety in shipping. Yes, that’s right. But we have to show our everyday work and make our language simpler for people. There are more than 70,000 smooth-running pilot operations a year in Brazil and what’s the outcome for the population? Few know that bathing in clean seawater, without one drop of oil, means pilotage is working; or that we work in the Amazon, for example, an extremely sensitive region for the environment, without one accident endangering this rich biodiversity. We have to divulge this information to each citizen. This is yet another challenge for a Conapra that is constantly renewing.”


Presidente do Conapra se reúne com o ministro da Infraestrutura Conapra President meets with the Minster of Infrastructure O presidente do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) e vice-presidente da Associação Internacional de Práticos Marítimos (IMPA), prático Ricardo Falcão, e o senador Lucas Barreto (AP) foram recebidos, em junho, pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. Falcão, que participa das reuniões da Organização Marítima Internacional (IMO), combinou com os assessores do ministério de seguir na discussão de detalhes sobre a organização e regulação da atividade de praticagem no Brasil, viabilizando contatos com autoridades, reguladores e organizações de praticagem dos países associados à IMO. Também foi discutida a possibilidade de se realizar um seminário, em Brasília, com participação de especialistas brasileiros e estrangeiros. Tarcísio Gomes de Freitas, Minister of Infrastructure, in June welcomed pilot Ricardo Falcão, president of the Brazilian Maritime Pilots’ Association (Conapra) and vice-president of the International Maritime Pilots’ Association (IMPA), and senator Lucas Barreto (AP). Falcão, who attends the International Maritime Organization (IMO) meetings, agreed with the Ministry’s advisors to continue with the discussion on details regarding the organization and regulation of the pilotage activity in Brazil, facilitating contacts with authorities, regulators and pilotage organizations of IMO member countries. The possibility of holding a seminar in Brasilia was also addressed, with the participation of Brazilian and foreign experts.

Rio Amazonas já pode receber graneleiros maiores Simulações realizadas, em agosto, no Tanque de Provas Numérico da Escola Politécnica da USP, indicaram que o Porto de Santana, no Amapá, está apto a receber navios New Panamax; assim como estarão dois terminais privados que vão ser construídos no município. Até então, somente navios da classe Handysize atracavam no porto. Logo após os testes na USP, um Panamax atracou pela primeira vez em Santana. A possibilidade de entrada de embarcações com mais capacidade de carga representa mais uma vantagem competitiva da região para atrair a exportação do agronegócio do Centro-Oeste brasileiro.

foto/photo: Conapra

The Amazon River is now able to receive larger bulk carriers

SIMULAÇÃO REALIZADA, EM AGOSTO, NA USP SIMULATION DONE IN AUGUST, AT USP

The USP Polytechnic Numerical Offshore Tank simulations performed in August indicated that the port of Santana, in Amapá, is now fit to receive the New Panamax ships; as well as two private terminals to be built in the municipality. Until then, only Handysize class ships were berthing in the port. Shortly after the USP trials, a Panamax berthed for the very first time in Santana. The possibility of the entry of vessels with larger cargo capacity is yet another competitive edge for the region to attract the agribusiness exports from Midwest Brazil.

Nota de pesar pelo falecimento do ex-presidente Oscar Acosta A sad note on the death of ex-president Oscar Acosta Faleceu, no dia 11 de setembro, o ex-presidente do Conselho Nacional de Praticagem, Oscar Acosta, que dirigiu a entidade em 1988 e 1989. Entre outros avanços, foi em sua gestão que se decidiu pela primeira participação brasileira no Congresso da Associação Internacional de Práticos Marítimos (IMPA), em 1992. O Conapra presta condolências a amigos e familiares do prático Acosta. Oscar Acosta, former president of the Brazilian Maritime Pilots’ Association, and head of the association in 1988 and 1989, died on September 11th. Among other achievements, it was during his administration that it was decided that the Brazilian association would participate for the very first time in the Congress of the International Maritime Pilots’ Association (IMPA) in 1992. Conapra offers its deepest condolences to friends and family members of pilot Acosta. 37


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O Congresso da Associação Internacional de Práticos Marítimos (IMPA), inicialmente remarcado para setembro, foi transferido para maio de 2021, devido à pandemia mundial do coronavírus. A semana ainda será definida. Todas as inscrições e reservas de hotel serão automaticamente transferidas, sem custo, pelos organizadores no México. A eleição dos vice-presidentes da Associação também foi adiada para maio do próximo ano. Mais informações serão publicadas no site da IMPA.

24 a 30 de maio de 2020

The Congress of the International Maritime Pilots’ Association (IMPA), initially rescheduled for September, has been transferred to May 2021 due to the global Covid-19 pandemic. The week is still to be arranged. All registrations and hotel th th bookings will be automatically transferred at no extra cost by the organizers in Mexico. The election of the Association’s vice-presidents has also been postponed to May next year. Further information will be published on the IMPA website.

May 24 -30 , 2020 Cancun, Mexico

www.impamexico2020.com

foto/ photo : freepik/kstudio

Cancún, México


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Praticagem do Brasil na lista das maiores doadoras contra a Covid-19 A Revista Forbes destacou as cem maiores empresas que contribuíram na luta contra o coronavírus, com base no ranking da Associação Brasileira dos Captadores de Recursos.


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