Revista do Conapra - Conselho Nacional de Praticagem - N 0 51 - out/18 a jan/19
Brazilian Maritime Pilots’ Association Magazine - N 0 51 - Oct/18 to Jan/19
Dragão do Mar é entronizado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria Sea Dragon enthroned in the Book of Heroes and Heroines of the Brazilian Homeland
Práticos se reúnem em Foz do Iguaçu para 420 Encontro Nacional de Praticagem Pilots gather in Foz do Iguassu for the 42nd National Pilotage Meeting
Editorial Após anos de esforços do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) para que o pioneirismo do Dragão do Mar na abolição da escravidão no país fosse devidamente reconhecido, o nome do prático cearense foi finalmente incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria Brasileira, em cerimônia realizada em Brasília. Contamos como foi o evento e trazemos alguns detalhes pouco conhecidos da história do prático abolicionista. Dedicamos boa parte desta edição aos destaques do 42o Encontro Nacional de Praticagem, realizado em Foz do Iguaçu em novembro. No evento, práticos de todo o país trocaram conhecimentos e discutiram soluções para os principais desafios que se avizinham para a categoria, trazidos pelo aumento das movimentações de carga e pela demanda de operações com novas classes de navios nos portos brasileiros. Acompanhamos também o I Seminário de Hidrografia Portuária para Práticos, realizado no Rio de Janeiro em outubro, que reuniu profissionais da maioria das zonas de praticagem e terá neste ano uma segunda edição. A iniciativa do Conapra buscou aprimorar os conhecimentos técnicos dos práticos, visto que eles são cada vez mais chamados a opinar em projetos portuários. Nossa 51a edição traz, ainda, um artigo técnico que destaca a necessidade de que informações claras sobre a carga máxima de trabalho (CMT) dos cabeços das embarcações estejam prontamente disponíveis para a tripulação e o prático. E em um texto sobre treinamento é abordada a possibilidade de que a recente criação do centro no Canal do Panamá permita a inclusão de modelos tripulados no Curso de Atualização para Práticos (ATPR). Boa leitura!
After years of efforts by the Brazilian Maritime Pilots’ Association (Conapra) to duly acknowledge the pioneering spirit of Dragão do Mar [Sea Dragon] in the abolition of slavery in Brazil, the Ceará-born pilot’s name was finally included in the Book of Heroes and Heroines of the Brazilian Homeland at a ceremony in Brasilia. We describe what the event was like and mention some little-known details about the abolitionist pilot. We devoted a large part of this edition to the highlights of the 42nd National Pilots’ Meeting, held in Foz do Iguassu in November. At the event, pilots from all over Brazil exchanged know-how and discussed solutions for the main challenges they face in the profession, caused by the increase in freight handling and the demand for operations with new classes of ships in Brazilian ports. We also address the 1st Port Hydrography for Pilots, held in Rio de Janeiro in October, which brought together professionals from most of the pilotage zones, and this year will have a second edition. Conapra’s project endeavored to enhance the pilots’ technical capacity, since they are increasingly called upon to give their opinions on port designs. Our 51st edition also includes a technical article highlighting the need for clear information about the safe working load (SWL) for vessels’ bollard bitts to be immediately available to the crew and pilot. And a text on training addresses the possibility that the recent creation of the Panama Canal center allows the inclusion of manned models in the Pilots’ Refresher Course (ATPR). Good reading!
Conapra – Conselho Nacional de Praticagem Conapra – Brazilian Maritime Pilots’ Association Av. Rio Branco, 89/1502 – Centro Rio de Janeiro – RJ – CEP 20040-004 Tel.: 55 (21) 2516-4479 conapra@conapra.org.br www.conapra.org.br
diretor-presidente director president Gustavo Henrique Alves Martins
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diretores directors João Bosco de Brito Vasconcelos Marcus Vinicius Carneiro Gondim Porthos Augusto de Lima Filho Vitor Cabral Turra
Práticos de todo o país participam de Seminário de Hidrografia Portuária no Rio de Janeiro
diretor / vice-presidente da IMPA director / vice-president of IMPA Ricardo Augusto Leite Falcão
Pilots from all over Brazil attend a Seminar on Port Hydrography in Rio de Janeiro
planejamento planning Otavio Fragoso / Flávia Pires / Katia Piranda edição editor Otavio Fragoso redação writer Daniele Belmiro (jornalista responsável) (journalist in charge) MTb/RJ 36.846 revisão revision Maria Helena Torres Julia Grillo versão translation Elvyn Marshall projeto gráfico e design layout and design Katia Piranda pré-impressão / impressão pre-print / printing DVZ/Davanzzo Soluções Gráficas
Paper produced from responsible sources As informações e opiniões veiculadas nesta publicação são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Não exprimem, necessariamente, pontos de vista do Conapra. The information and opinions expressed in this publication are the sole responsibility of the authors and do not necessarily express Conapra’s viewpoint.
26 Criação de centro de treinamento no Canal do Panamá pode permitir inclusão de modelos tripulados no ATPR Creation of a Panama Canal training center to permit inclusion of manned models in ATPR
índice index
6 Práticos se reúnem em Foz do Iguaçu em busca de soluções para desafios relativos a aumento da produção e meganavios Pilots meet in Foz do Iguassu to find solutions for challenges related to increased production and megaships
24 Qual é a CMT real de um cabeço?
30 Dragão do Mar é entronizado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria Sea Dragon is included in the Book of Heroes and Heroines of Our Homeland
Apoio da Praticagem de Santos é essencial para funcionamento de creches no Guarujá Santos pilotage union support is key to day care centers in Guarujá
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encontro nacional national meeting
fotos/photos : Junior Cerezer/Fotografe Studio
Práticos se reúnem em Foz do Iguaçu em busca de soluções para desafios relativos a aumento da produção e meganavios
Troca de conhecimentos no 420 Encontro Nacional de Praticagem contribui para o emprego mais seguro e eficiente da infraestrutura portuária Práticos de todo o Brasil se reuniram em Foz do Iguaçu entre 27 e 30 de novembro no 42o Encontro Nacional de Praticagem (42ENP), que discutiu soluções para os principais desafios que se avizinham para a categoria, trazidos pelo aumento das movimentações de carga e pela demanda de operações com meganavios nos portos brasileiros.
Pilots meet in Foz do Iguassu to find solutions for challenges related to increased production and megaships
A busca de melhorias na regulação e a necessidade de superar a insegurança jurídica que permeia a atividade também foram destacadas no evento, que contou com a participação do ministro dos Transportes, Valter Casimiro, do deputado federal Vinicius Carvalho (PRB-SP), dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marco Buzzi e Benedito Gonçalves, e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, entre outros.
Sharing knowledge at the 42nd National Pilotage Meeting contributes to the safest and smartest use of port infrastructure
fotos/photos : Junior Cerezer/Fotografe Studio
Na cerimônia de abertura, o diretor-presidente do Conapra, o prático Gustavo Martins, destacou que o evento buscava discutir “soluções para o emprego mais seguro e eficiente de nossa infraestrutura portuária, bem como para a viabilização da operação segura de novas classes de navios nos portos brasileiros”.
Pilots from all over Brazil met in Foz do Iguassu, on November 27-30, at the 42nd National Pilotage Meeting (42ENP), which discussed solutions for the major challenges looming for the category as a result of the increase in cargo shipments and demand for megaship operations in Brazilian ports.
Gustavo apontou que o país vem apresentando incremento acentuado em suas movimentações de carga, “conduzindo à necessidade de operação em nossos portos de navios de dimensões inimagináveis até bem pouco tempo atrás”, o que “obriga os práticos a um aperfeiçoamento constante para que seja mantido o alto grau de segurança e eficiência já conhecido”. “A falta de uma melhor caracterização das especificidades da praticagem em âmbito legal tem conduzido a uma crescente discussão de temas afetos aos serviços em nossos tribunais, 6
MINISTRO DOS TRANSPORTES, VALTER CASIMIRO, E PRÁTICO GUSTAVO MARTINS TRANSPORT MINISTER VALTER CASIMIRO AND PILOT GUSTAVO MARTINS
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gerando um ambiente de insegurança jurídica, prejudicando investimentos e dificultando a obtenção de níveis de qualidade ainda mais elevados”, acrescentou. Segundo Gustavo, nos últimos anos, a diretoria do Conapra − junto com seus conselheiros e com o apoio da Fenapráticos, representada no evento por seu vice-presidente, o prático Marcelo Cajaty − tem dialogado com autoridades governamentais que interagem com a praticagem, com os atores da comunidade marítima portuária e com todos os setores que buscam soluções para a deficiente infraestrutura portuária brasileira. O deputado federal Vinicius Carvalho, que participou da mesa da cerimônia de abertura, ressaltou seu compromisso de mostrar a seus pares no Congresso Nacional o que os práticos lhe têm mostrado, "tanto as virtudes quanto as debilidades" da atividade. "Saibam que vocês têm um amigo em Brasília que continuará lutando pela praticagem em nosso país", acrescentou. Crescimento da movimentação de cargas O vice-almirante Roberto Gondim, diretor de Portos e Costas da Marinha do Brasil, deu início aos painéis. Em sua palestra, abordou a estrutura e as atribuições da Autoridade Marítima brasileira e a segurança do tráfego aquaviário, entre outros temas, e apresentou um balanço do comércio mediado pelos portos. A movimentação de cargas, por exemplo, cresceu 8,3% em 2017 em relação ao ano anterior, ultrapassando a marca de um bilhão de toneladas. Sobre a perspectiva para o futuro do setor, o representante da Autoridade Marítima apontou o crescimento econômico e das atividades de exploração de petróleo; a construção de novos portos e terminais de uso privado; o crescimento das atividades de construção naval dos estaleiros; o descomissionamento de plataformas; e o aumento do tamanho dos navios que operam nos portos brasileiros. Ao abordar as perspectivas da evolução do transporte marítimo internacional, disse que cabe ao Brasil, nos próximos anos, buscar adequar sua infraestrutura aquaviária e portuária a fim de viabilizar a operação futura dos novos navios, incluindo os de grande porte, as embarcações híbridas ou totalmente elétricas e os navios autônomos. “Os práticos são tecnicamente muito bem preparados e desempenham uma atividade imprescindível em todo o território nacional”, avaliou alte. Roberto, que defendeu a escala de rodízio, como forma de “garantir o serviço ininterrupto, prevenir a fadiga e manter a qualificação dos práticos”. Representando o senador Wellington Fagundes (PR-MT), o presidente do Instituto Brasil Logística, Tiago Lima, falou sobre as perspectivas do agronegócio e seus impactos no sistema portuário.
The quest for improved regulations and the need to overcome the legal insecurity permeating the activity were also highlighted at the event, which was attended by the transportation minister Valter Casimiro, federal representative Vinicius Carvalho (PRB-SP), ministers of the Superior Court of Justice (STJ) Marco Buzzi and Benedito Gonçalves, and the minister of the Federal Supreme Court (STF) Ricardo Lewandowski, among others. At the opening ceremony, pilot Gustavo Martins, director-president of Conapra, stressed that the event intended to discuss “solutions for the safest and most efficient use of Brazilian port infrastructure, as well as to enable the safe operation of new classes of ships in Brazilian ports”. Gustavo Martins indicated that the country has been showing a sharp increase in its cargo handling, “leading to the need for ships of sizes unimaginable until a short time ago to operate in our ports”, which “forces pilots to constantly upgrade in order to safeguard the already famously high degree of safety and efficiency”. “The lack of better characterization for the specific features of pilotage in a legal setting has led to a growing discussion of topics relating to Brazilian court services, generating an environment of legal insecurity, detrimental to investments and impairing even higher quality levels”, he added. According to Gustavo Martins, in recent years the Conapra board – together with its directors and support of Fenapilots, represented at the event by its vice-president pilot Marcelo Cajaty – has discussed with government authorities interact with the pilotage, with players from the seaport community and all sectors seeking solutions for the inadequate Brazilian port infrastructure. Federal representative Vinicius Carvalho, who participated at the opening ceremony high table, reaffirmed his commitment to demonstrate to his peers in the National Congress what the pilots have shown him “both the strengths and weaknesses” of the activity. "Don’t forget that you have a friend in Brasilia who will continue fighting for the pilotage in Brazil ", he added. Increase in cargo handling Vice-Admiral Roberto Gondim, director of Ports and Coasts of the Brazilian Navy, was first in the panels. In his talk he addressed, for example, the structure and attributions of the Brazilian Maritime Authority and waterway traffic safety, and submitted a trade balance mediated by the ports. Cargo handling, for example, rose 8.3% in 2017 against the year before, exceeding the one billion ton benchmark. Regarding the sector’s future outlook, the Maritime Authority representative highlighted the economic growth and oil exploration activities; construction of new private ports and terminals; increase 7
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Em sua apresentação, destacou a tendência mundial de verticalização da atuação dos armadores, com a aquisição de terminais portuários, o que lhes “dá uma capacidade de atuação e de poder de barganha brutal”. Desse modo, “o usuário que utiliza o porto para importar e exportar e aqueles que trabalham nessa cadeia, como os práticos, são o elo mais fraco”. Esse cenário, continuou, gera um aumento do custo Brasil, e as autoridades competentes devem estar atentas para que haja regulação capaz de evitar abusos. Lima apontou, ainda, que os produtores agropecuários possuem apenas 16% da capacidade de armazenagem de sua própria produção. “Assim, acabam por sobrecarregar o transporte e a armazenagem intermediária, buscando inclusive o estoque em portos”, e armazenam sua carga também em caminhões, gerando longuíssimas filas. “Esse é um desafio para o novo governo, no sentido de aumentar a capacidade de armazenagem da nossa produção, que não para de crescer”, constatou Lima, lembrando que em 2017 o agronegócio exportou US$ 96 bilhões, sendo 44% commodities. Direito marítimo O direito marítimo foi tema de duas palestras na parte da manhã. Theophilo Miguel Filho, desembargador do Tribunal Regional Federal da 2a Região, apresentou um caso histórico de conflito entre a Bolívia e o Chile pelo acesso ao mar, no qual foi necessária a intervenção da Corte Internacional de Justiça, e o ministro do Superior Tribunal de Justiça Marco Buzzi apontou as vantagens da mediação como alternativa à judicialização de conflitos. “No mundo inteiro o Judiciário não está dando mais conta de resolver o volume de demandas que esse modelo da sociedade de consumo está gerando frente às varas, aos fóruns e tribunais”. Portanto, “estamos indo ao reencontro desses métodos de solução de conflitos alternativos ao Poder Judiciário”, apontou Buzzi. “A cláusula de mediação tem aparecido cada vez mais [nos contratos marítimos], o que demonstra uma mudança de mentalidade”, ponderou, sinalizando algumas modalidades de contratos que já têm a mediação há algum tempo: fretes, contrato de risco, novos contratos de reparo-padrão de navios da Bimco, entre outras. Entre as vantagens da mediação, o ministro citou a celeridade, a especialidade, o menor custo e a praticidade, e argumentou que esse método de resolução de conflito é menos lesivo às relações comerciais do que a arbitragem. O primeiro ciclo de palestras contou, ainda, com a participação de Luiz Claudio Costa, presidente da Record TV Brasil, que falou sobre a proliferação das fake news, sobretudo nas últimas eleições, e apontou o surgimento de iniciativas populares e de veículos de comunicação para a checagem dos fatos. 8
in the shipyard ship building activities; decommissioning of platforms; and the increase in size of ships operating in Brazilian ports. When addressing the performance prospects of international shipping, he said that it is up to Brazil in the forthcoming years to endeavor to adapt its waterway and port infrastructure for enabling future operations of new ships, including supersize ships, as well as hybrid or fully electric or unmanned vessels. “The pilots are technically very well prepared and play a key role throughout the Brazilian territory”, Vice-Admiral Roberto Gondim stated, defending the rotating shift in order to “ensure the ongoing service, prevent fatigue and maintain the pilots’ qualifications”. Tiago Lima, representing Senator Wellington Fagundes (PR-MT), president of the Brazilian Logistics Institute, spoke about the prospects of agribusiness and its impacts on the port system. In his talk, he emphasized the global verticalizing trend of the ship owners' role, when acquiring port terminals, which gives them “operating capacity and ruthless bargaining power”. Accordingly, “the users who use the port to import and export and those working in this chain, such as pilots, for example, are the weakest link”. This scenario, he added, creates a higher Brazil cost, and the relevant authorities must be aware to have proper regulations in place to prevent abuse. Lima also pointed out that cattle farmers have only 16% of the storage capacity of their own produce. “So, they eventually overload transport and intermediary storage, even seeking storage areas in ports”, and also store their cargo in trucks, forming long lines. “This is a challenge for the new government in the sense of increasing storage capacity for our production, which does not stop growing”, said Lima, recalling that in 2017 agribusiness exported 96 billion, 44% of which were commodities. Maritime law Maritime law was the topic of two morning talks. Judge Theophilo Miguel Filho, of the 2nd Region Federal Court of Appeals, presented a landmark case of conflict between Bolivia and Chile for access to the sea, in which the International Court of Justice had to intervene, and Marco Buzzi, Minister of the Supreme Court of Justice, pinpointed the benefits of mediation as an alternative to settling disputes in the courts. “Worldwide the Judiciary is unable to settle the volume of claims that this model of consumer society is taking to the benches, forums and courts”. Therefore “we are encountering methods of settling disputes other than the Judiciary”, affirmed Buzzi. “The mediation clause has appeared more frequently (in the maritime agreements), which demonstrates a new mindset”, he
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Ele deu exemplos de notícias enganosas, cuja intenção é vender o conceito errado, normalmente porque atendem a algum interesse, e destacou a responsabilidade dos jornalistas na divulgação de atividades como a praticagem, que considera “muito importante para a economia do país”. Antes da apresentação de Costa, foi exibido um vídeo da praticagem feito em parceria com a Record que foi veiculado na emissora para comemorar o Dia do Marinheiro, em 13 de dezembro. Navios autônomos Após o almoço, o gerente de Frota e da Central de Operação da Wilson Sons Rebocadores, Pedro Lima, apresentou aos práticos a estrutura de operações da empresa e revelou planos relacionados ao futuro do setor. Em relação à chegada de navios maiores ao Porto de Santos, informou que a Wilson Sons está trabalhando para “estar lá presente na busca de segurança e eficiência”. Contou, ainda, que a companhia está investindo em inteligência artificial. O prático Helio Takahiro Sinohara, da ZP-17 (Paranaguá), apresentou os principais projetos com navios autônomos que existem no mundo, expôs os diferentes graus de autonomia em embarcações e elencou os desafios que precisam ser superados para que essa tecnologia seja empregada com segurança. Embora as ocorrências ligadas a erros humanos sejam um dos principais fatores que motivaram o desenvolvimento de navios autônomos, Sinohara indicou que estes não vão necessariamente diminuir o índice de acidentes, uma vez que introduzem novos riscos.
Among the benefits of mediation, the minister mentioned expediency, specialty, lower cost and practicality, and argued that this dispute settlement method is less harmful to trade relations than arbitration. The first round of talks also included the participation of Luiz Claudio Costa, president of Record TV Brasil, who spoke about the proliferation of fake news, especially regarding the latest elections, and indicated the rise of popular fact-checking actions and media outlets. He gave examples of fake news intended to convey the wrong concept, normally because it would satisfy some interest, and highlighted the responsibility of the press in publishing activities such as pilotage, which he considers “very important for the Brazilian economy”. Before Costa’s presentation, a pilotage video was shown, made in partnership with Record, broadcast to celebrate Sailors’ Day on December 13. Autonomous ships After lunch, Pedro Lima, manager of the fleet and operating center of Wilson Sons Rebocadores, talked to the pilots about the company’s operating structure and disclosed future plans for the sector. Concerning the arrival of larger ships in the port of Santos, he informed that Wilson Sons is working to “be present there striving for safety and efficiency”. He also said that the company is investing in artificial intelligence. Pilot Helio Takahiro Sinohara from PZ-17 (Paranaguá) addressed the main projects on the unmanned ships in existence around the world, discussed the different levels of vessel autonomy, and listed the challenges to be overcome so that this technology is used with safety. fotos/photos : Junior Cerezer/Fotografe Studio
Ao mencionar o caso do atropelamento fatal, em 2018, de uma americana por um carro sem motorista, da Uber, Sinohara afirmou que, no caso de navios autônomos, “as consequências são muito mais graves, tanto econômicas como relativas ao meio ambiente e à vida humana”.
considered, providing some examples of agreements that have already been mediated for some time: freight, risk contract, new Bimco standard ship -repair contracts and so on.
PRÁTICO PORTUGUÊS MIGUEL CASTRO, PRESIDENTE DA APIBARRA PORTUGUESE PILOT MIGUEL CASTRO, PRESIDENT OF APIBARRA
PRÁTICO PORTHOS LIMA, DIRETOR TÉCNICO DO CONAPRA PILOT PORTHOS LIMA, TECHNICAL DIRECTOR OF CONAPRA
GUSTAVO MARTINS E O PRÁTICO URUGUAIO JOSÉ MARIA SUÁREZ ASSINAM PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO GUSTAVO MARTINS AND URUGUAYAN PILOT JOSÉ MARIA SUÁREZ SIGN COOPERATION AGREEMENT
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foto/photo : Junior Cerezer/Fotografe Studio
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CERIMÔNIA DE ABERTURA DO 42ENP/OPENING CEREMONY OF 42ENP
Em áreas de praticagem, o risco das embarcações sem tripulação é ainda maior, apontou. Além de canais estreitos e manobras com navios de grande porte implicarem maior complexidade, há ainda a dificuldade de lidar com elementos imprevistos, como pequenas embarcações ou jet skis, por exemplo, e com as alterações de canais e mudanças de bancos. O pesquisador Marcos Coelho Maturana apresentou o projeto que está sendo desenvolvido no Laboratório de Análise, Avaliação e Gerenciamento de Risco da USP, que investiga a contribuição do fator humano para o risco nas manobras de aproximação de navios em portos brasileiros, bem como singraduras em rios navegáveis. O objetivo do projeto é estabelecer um modelo de desempenho humano para cada caso com base em cenários indesejados. Ao longo de 2018, a equipe de analistas visitou o Porto de Santos, acompanhou diferentes simulações no tanque de provas numérico da USP, fez entrevistas com práticos e comandantes, e coletou dados. Agora os pesquisadores estão trabalhando no detalhamento do modelo. “Tivemos uma recepção muito boa da praticagem, e o trabalho avançou rápido”, considerou Maturana. No transporte aquaviário, no qual cerca de 80% dos acidentes são atribuídos a fatores humanos, a avaliação e o gerenciamento de risco são vitais, em face da potencial gravidade dos acidentes no que diz respeito à vida humana, ao meio ambiente e ao patrimônio, apontou o pesquisador. “A análise de risco já vem sendo aplicada na indústria marítima no mundo inteiro. O Brasil é signatário da IMO, deveria estar fazendo isso com mais intensidade em tudo, e vemos a oportunidade de fazer esse trabalho, aplicar um padrão internacional e ter um conhecimento real do que é o risco que estamos assumindo, com uma base científica”, acrescentou. O prático Porthos Lima, diretor técnico do Conapra, explicou aos colegas como funciona o aplicativo No Rumo Certo, que busca 10
Although incidents linked to human error are one of the main factors motivating the development of autonomous ships, Sinohara indicated that they will not necessarily reduce the accident rate, since they will present new risks. When mentioning a fatal accident case in 2018 of an American woman by a driverless Uber taxi, Sinohara said that in the case of unmanned ships “the consequences are much more serious in both economic and environmental terms and to human life”. He stressed that in pilotage areas, the risk of unmanned vessels is even greater. In addition to narrow channels and large ship maneuvering, implying greater complexity, there is also the difficulty of tackling unexpected elements, such as small vessels or jet skis, for example, and the alterations to channels and shifting sandbanks. Researcher Marcos Coelho Maturana presented the project in progress in the São Paulo Risk Analysis, Assessment and Management Laboratory that is investigating the contribution of the human factor to the hazards of ship maneuvers entering Brazilian ports, and sailing up navigable rivers. The project is designed to establish a model of human performance for each case based on undesirable scenarios. During 2018, the team of analysts visited the port of Santos, accompanied different simulations in the Numerical Test Tank of São Paulo University (USP), interviewed pilots and captains and collected data. The researchers are now working on detailing the model. “The pilots gave us a warm welcome and the work went well ahead”, commented Maturana. In waterway transportation, in which around 80% of accidents are attributed to human factors, risk assessment and management are vital, considering the potential seriousness of accidents in terms of human life, environment and assets, the researcher explained.
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facilitar a coleta, o registro e a troca de informações sobre irregularidades durante o embarque e desembarque de navios. Os usuários do aplicativo podem enviar informações sobre irregularidades nos dispositivos de transferência de práticos, deficiências operacionais de navios e ocorrências com rebocadores. Porthos lembrou que os práticos brasileiros foram os que mais participaram da campanha de segurança da IMPA em 2018, com 25% das contribuições, e destacou que o sucesso dessa nova ferramenta depende da colaboração de todos. Treinamento em modelos tripulados Nas duas últimas palestras do dia, os práticos Luiz Antonio da Silva, da ZP-15 (Rio de Janeiro), e Pedro Henrique Parente, da ZP-05 (Fortaleza), relataram aos colegas suas experiências com modelos tripulados no Panamá e nos Estados Unidos, em treinamentos que buscam aperfeiçoar a capacitação técnica dos profissionais para a manobra da nova geração de navios. Dentre as vantagens do treinamento no Centro de Modelos de Buques em Escala (CMBE), no Panamá, Luiz Antonio destacou os fatos de que os instrutores são práticos na ativa e de que todos estão motivados; o excelente estado de conservação e a presença de mantenedores; e a intensidade no treinamento, feito em duplas que se revezam nas funções de prático e timoneiro.
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Os tipos de treinamentos no CMBE incluem a atracação e desatracação, a diferença de comportamento em águas profundas e rasas, o cruzamento de navios, manobras de emergência e manobras com vento. “Dá para sentir o erro de forma bem diferente do que com um simulador full mission”, observou.
“Risk analysis is already being applied in the marine industry worldwide. Brazil is a signatory country of IMO and should adopt this more intensely in everything. We see the opportunity of doing this work, applying an international standard and having real knowledge of the risks we assume, on a scientific basis”, he added. Pilot Porthos Lima, technical director of Conapra, explained to colleagues the functioning of No Rumo Certo [on the right course] app, which endeavors to facilitate collection, registration and exchange of information about irregularities during boarding and disembarkation of ships. The application’s users are able to send information about irregularities in the pilots’ transfer devices, operational defects of ships and incidents with tugs. Porthos Lima recalled that Brazilian pilots were the ones who most participated in the IMPA safety campaign in 2018, with 25% of all contributions, and stressed that the success of this new tool depends on everyone’s collaboration. Manned model training In the last two talks of the day, pilots Luiz Antonio da Silva of PZ-15 (Rio de Janeiro), and Pedro Henrique Parente of PZ-05 (Fortaleza), described to their colleagues their experiences with manned models in Panama and the USA, in training sessions to hone the professionals' techincal skills for maneuvering the new generation of ships. Luiz Antonio emphasized some of the benefits of training at the Center of Scale Model Ships (CMBE) in Panama, such as the fact that the instructors are active pilots and all are motivated; the excellent state of repair and the presence of maintainers; and the intensity in training, which is done in pairs, taking turns as pilot and steersman. The types of CMBE training sessions include berthing and un-berthing, the difference in behavior of deep and shallow water, crossing ships, emergency and wind maneuvers. “You can feel the error quite differently than with the full mission simulator”, he commented. The pilot also pointed out the flexibility in adjusting some demands in accordance with the pilotage zone: “For example, we take some
DESEMBARGADOR/JUDGE THEOPHILO MIGUEL FILHO
PRÁTICO/PILOT PEDRO PARENTE
PRÁTICO/PILOT HELIO TAKAHIRO SINOHARA
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VICE-ALMIRANTE ROBERTO GONDIM, DIRETOR DE PORTOS E COSTAS DA MARINHA DO BRASIL VICE-ADMIRAL ROBERTO GONDIM, DIRECTOR OF THE BRAZILIAN NAVY PORTS AND COASTS
O prático sinalizou ainda a flexibilidade em ajustar algumas demandas de acordo com a zona de praticagem: “Por exemplo, nós pegamos algumas boias e aproximamos o caminho que o navio ia fazer no nosso treinamento ao Porto de Sepetiba. Então isso já nos deu uma ideia de como será a operação”. “Importante observar que esses modelos têm pouquíssimas indicações para os práticos. Na maioria das vezes você não tem indicador de velocidade; em função da escala reduzida o tempo é acelerado por cinco”, informou. Isso influencia o tempo de decisão e “faz com que a nossa mente tenha outro processo de aprendizado”, na contramão do automatismo, comparou. Pedro Henrique Parente relatou que o curso que fez no Maritime Pilots Institute (MPI), no estado americano de Louisiana, teve dois dias de simulação virtual e aulas expositivas, quando "foram apresentadas as diferenças e as percepções que eles tinham em relação aos navios convencionais e aos conteineiros", e três dias de simulações com modelos reduzidos tripulados. "Em relação a esse simulador virtual, minha percepção é de que no Brasil existem simuladores bem melhores do ponto de vista da qualidade visual e da sensação de imersão", declarou o prático. De acordo com Parente, no MPI os práticos tiveram a oportunidade de fazer manobras diferentes e simular interações entre navios, operação de ultrapassagem, giro, back and fill, atracações e desatracações, entre outros tipos de treinamento. Parente destacou ainda que vem sendo observado um aumento do número de incidentes com VLCVs e ULCVs, como encalhes, mesmo com práticos a bordo, e apontou a possibilidade de que os profissionais estejam subestimando as diferenças presentes nesses navios ou assumindo premissas falsas. "Especialistas no Reino Unido concordam que mais treinamentos de atualização são necessários" para lidar com esses meganavios, acrescentou. No segundo dia do evento, houve também a assinatura do protocolo de cooperação entre o Conapra e a corporação uruguaia 12
PESQUISADOR MARCOS COELHO MATURANA, DO LABRISCO – USP RESEARCHER MARCOS COELHO MATURANA, LABRISCO – UNIVERSITY OF SÃO PAULO
buoys and approach the course that the ship will take in our training for Sepetiba port. So this already gives us an idea of how the operation would be”. He said “it is important to note that these models have very few instructions for the pilots. In most cases, there isn’t a speed gauge; because of the small scale, time is accelerated by five”. This influences the decision time and “makes our mind adopt another learning process”, against automatism, he compared. Pedro Henrique Parente reported that the course he took in the Maritime Pilots’ Institute (MPI) in the US state of Louisiana had two days of virtual simulation and theoretical classes, when “we were shown the differences and perceptions that they had regarding conventional and container ships ", and three days of simulations with manned scale models. "In terms of this virtual simulator, I feel that Brazil has much better simulators from the point of view of quality and feeling of immersion ", stated the pilot. According to Parente, at MPI the pilots had the chance to handle different maneuvers and simulate interactions between ships, overtaking operation, rotation, back and fill, berthing and un-berthing, and other types of training. Parente stressed that there appears to be a higher number of incidents with VLCV and ULCV ships, such as running aground, even with pilots onboard, and pointed out the possibility that the professionals are underestimating the actual differences in these ships or adopting false premises. "UK specialists agree that more updating training sessions are required" to deal with these megaships, he added. On the second day of the event, the protocol of cooperation was signed between Conapra and the Uruguay pilots’ corporation, addressing the exchange of technical experiences by registering Uruguayan pilots in the Marine Pilots’ Refresher Course (ATPR0) – a partnership that has already been signed with pilots in Angola, Mexico and Argentina.
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de práticos, que aborda a troca de experiências técnicas por meio da matrícula dos práticos uruguaios no Curso de Atualização para Práticos, o ATPR – uma parceria que já havia sido firmada com as praticagens de Angola, México e Argentina. Além de práticos uruguaios, estiveram presentes no 42ENP profissionais da Argentina, do México e de Portugal. Após as palestras do segundo dia, os práticos e suas famílias se reuniram para um jantar de confraternização no Wish Resort Golf Convention, onde o Encontro foi realizado. Durante o evento, os participantes também visitaram as Cataratas do Iguaçu, a Hidrelétrica de Itaipu e o duty free shop Puerto Iguazu. Iniciativas técnicas No primeiro dia do evento, em reunião privada, o diretor técnico do Conapra, o prático Porthos Lima, listou as iniciativas do conselho técnico no último ano e apresentou alguns projetos para 2019. Dentre as iniciativas bem-sucedidas, Porthos destacou a elaboração de uma cartilha jurídica, que serve de orientação em caso de acidentes; a criação da newsletter Technews e do aplicativo No Rumo Certo; o curso para operadores de atalaia, realizado em 2017 e 2018 e que o conselho técnico pretende manter; e o seminário de hidrografia para práticos realizado no Rio de Janeiro, que será repetido com enfoque mais amplo no segundo semestre de 2019.
In addition to Uruguay pilots, professionals from Argentina, Mexico and Portugal also attended the 42ENP. After the second day talks, the pilots and their families got together for a gala dinner in the Wish Resort Golf Convention, the meeting’s venue. During the event, the delegates also visited Iguassu Falls, Itaipu hydropower plant and the Puerto Iguazu duty free store. Technical projects On the first day of the event, at a private meeting, pilot Porthos Lima, technical director of Conapra, listed last year’s projects of the technical board, and put forward some projects for 2019. Some of the successful projects highlighted by Porthos Lima were the draft of a legal primer as a guide in case of accidents; the creation of the newsletter Technews and the No Rumo Certo application; the course for watchtower operators held in 2017 and 2018, which the technical board intends to keep; and the hydrography seminar for pilots held in Rio de Janeiro, which will be repeated with a wider focus in the second half of 2019. In 2019 the technical council also intends to implement a training program for pilot motorboat crews, launch a video on the rescue of pilots who have fallen into the water, and in the first half of the year hold a risk management symposium.
Em 2019 o conselho técnico pretende, ainda, implementar um programa de treinamento para tripulantes de lanchas, lançar um vídeo sobre o resgate de práticos que tenham caído na água e realizar, no primeiro semestre, um simpósio de gerenciamento de risco.
Also on the first day, the Argentine pilot Daniel Arce informed his Brazilian colleagues that starting this year his country’s pilotage will be implementing a program inspired on the Marine Pilots’ Refresher Course (ATPR), which will train 100 professionals per year, and summarized the current status of the category in Argentina.
Também no primeiro dia, o prático argentino Daniel Arce informou aos colegas brasileiros que a partir deste ano a praticagem de seu país implementará um programa inspirado no Curso de Atualização para Práticos (ATPR), que vai treinar 100 profissionais por ano, e resumiu a situação que a categoria enfrenta atualmente na Argentina.
He reported that, in 2017, the Argentine President, Mauricio Macri, launched a decree banning pilots the right to strike, a right which is backed by the country’s Constitution, and the Argentine pilotages are in court seeking to revert this measure. Moreover, last year, a provision was made to regulate the rates.
Relatou que, em 2017, o presidente argentino, Mauricio Macri, lançou um decreto proibindo que os práticos façam greve, que é amparada pela Constituição do país, e as praticagens argentinas estão na justiça tentando reverter essa medida. Além disso, no ano passado, uma disposição passou a regular as tarifas.
“We are living in a period of uncertainty. However, although we have had 20 years of competition in our pilotage, pilots are now uniting and reaching agreements to improve the situation”, he added.
“Estamos vivendo uma sensação de incerteza. No entanto, apesar da concorrência que existe em nossa praticagem há 20 anos, os práticos começaram a se unir e chegar a acordos para melhorar a situação”, acrescentou. Investimentos em infraestrutura
The last day of the 42ENP included talks by Valter Casimiro, Minister of Transportation, who detailed the investments of the portfolio to improve the country’s infrastructure and logistics, by Benedito Gonçalves, minister of the Supreme Court of Justice (STJ) and Ricardo Lewandowski, minister of the Federal Supreme Court (STF), who spoke about the pilot’s civil liability.
O último dia do 42ENP teve palestras do ministro dos Transportes, Valter Casimiro, que detalhou os investimentos da pasta para
Minister Casimiro recalled in his presentation that the government of President Michel Temer “found the country in a situation of
Investments in infrastructure
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melhorar a infraestrutura e a logística no país, do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Benedito Gonçalves e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que falaram sobre a responsabilidade civil do prático. Em sua apresentação, o ministro Casimiro lembrou que o governo do presidente Michel Temer “encontrou uma situação de forte restrição fiscal no país, falta de recursos para investir em infraestrutura, obras paralisadas e falta de confiança dos investidores". "Sabemos que a infraestrutura é um motor de desenvolvimento do nosso país, e o Brasil está muito aquém da sua necessidade. Hoje temos uma logística deficiente que reduz a nossa produção em aproximadamente 30%", afirmou. Então, foram definidas algumas diretrizes de atuação para garantir algumas entregas, apontou o ministro. Dentre as mudanças, destacou a ampliação das parcerias com o setor privado, que trouxe crescimento em todos os modais de transporte, a conclusão de obras já iniciadas e a continuidade de obras estratégicas em corredores de exportação e integração nacional. Em relação aos investimentos do governo em hidrovias, citou a dragagem do Rio Madeira de forma continuada para garantir a navegabilidade, e a conclusão de terminais na região amazônica, entre outros. Casimiro destacou, também, avanços em relação à Marinha Mercante, com mais de 170 projetos concluídos, 6,7 bilhões em recursos liberados para a construção de novas embarcações e reformas em todo o país. "Na área de portos, retomamos os investimentos em dragagem. Falta muito ainda, mas nunca tínhamos dragado tanto neste país. Precisamos dar garantia para poder escoar nossa produção", continuou, mencionando também a entrega de novos portos e o decreto de regularização portuária para desburocratizar os arrendamentos. O ministro apontou que a praticagem tem participado de discussões com o governo para fortalecer a cabotagem no país, a fim de “diminuir a burocracia para trazer mais carga” para esse sistema de transporte, e que o governo pretende propor concessões na área de hidrovias. O ministério tem feito um trabalho de desburocratização de procedimentos, "para que consigamos dar a infraestrutura logística necessária para o país e atingir o nível de produção de que o nosso agronegócio e as nossas indústrias precisam", concluiu. Responsabilidade civil do prático O ministro Benedito Gonçalves destacou o papel fundamental do Tribunal Marítimo na apuração de acidentes, já que, apesar de ser um órgão administrativo, suas decisões têm valor probatório, podem levar à cassação da habilitação do profissional e “servem 14
strong fiscal constraint, lack of funds to invest in infrastructure, paralyzed works and lack of confidence among investors". "We know that the infrastructure is a driving force of the country’s development, and Brazil is still far below its requirements. Today we have a faulty logistics that reduces our production by approximately 30%", he stated. So, a number of guidelines have been outlined to ensure some deliveries, suggested the minister. Some of the changes worth mentioning are the increase in partnerships with the private sector, which has brought growth to all modes of transport, the completion of works already started and the continuity of strategic works in export corridors and national integration. In relation to the government’s investments in waterways, he mentioned as examples dredging the Madeira River to ensure navigability and the completion of terminals in the Amazon region. Casimiro also emphasized progress in terms of the Merchant Navy, with more than 170 completed projects, 6.7 billion in funds released for building new vessels and refurbishment nationwide. "In the port sector, we have resumed investments in dredging. There is still a lot to do, but there has never before been so much dredging in the country. We need to guarantee we are able to distribute our production", he continued, also mentioning the delivery of new ports and the port regulation decree for less bureaucracy in leases. The minister mentioned that pilotage has participated in discussions with the government to reinforce coastal shipping in the country, to “reduce bureaucracy in order to attract more freight” to this transportation system, and that the government intends to propose concessions in the waterway sector. The ministry has worked to reduce procedural bureaucracy, "so that we can give the infrastructure the country requires and reach the production level that our agribusiness and industries need", he concluded. Pilot civil liability Minister Benedito Gonçalves emphasized the key role of the Maritime Court in verifying accidents, since despite being an administrative agency, its decisions have evidential value and can lead to cancellation of the professional’s license, and “act as a broader base for whoever suffered damage from a navigation accident to be able to seek compensation in the Judiciary”. Benedito Gonçalves classified as objective or subjective the civil liability of the ship owner, captain and pilot in event of navigation accidents when there is third party damage.
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como base maior para que aquele que teve dano oriundo de um acidente de navegação possa buscar reparação no Poder Judiciário”. Benedito Gonçalves classificou como objetiva ou subjetiva a responsabilidade civil do armador, do comandante e do prático em caso de acidentes de navegação quando há danos a terceiros. "Tem-se sempre que a responsabilidade do armador é objetiva. Houve o acidente, o armador será responsabilizado. E no caso do comandante e do prático, será sempre subjetiva" − quando se apura se houve vontade de praticar o ato e causar prejuízo a alguém ou se o profissional foi descuidado. PRÁTICOS/PILOTS LUIZ ANTONIO DA SILVA E/AND GUSTAVO MARTINS
Ao analisar a responsabilidade do prático à luz do direito comparado, o ministro Ricardo Lewandowski destacou que nos outros países, em geral, a responsabilidade patrimonial do prático é limitada, porque se entende que ele é “absolutamente insuficiente” para cobrir o prejuízo econômico que o sinistro marítimo pode causar. "Não se cogita, quando se trata do armador, culpa ou dolo; é uma responsabilidade objetiva, basta ver o nexo de causalidade. O comandante, em última análise, é sempre responsável. E o prático é o aquaviário não tripulante habilitado que assessora o comandante; penso que ele só seria responsabilizado em caso de culpa grave ou gravíssima", acrescentou. Lewandowski também analisou as definições presentes na lei e nos decretos relativos à praticagem para chegar a conclusões sobre a natureza jurídica da atividade − questão sobre a qual, apontou, não há consenso entre os teóricos e na jurisprudência. "A doutrina se inclina no sentido de dizer que a praticagem é um serviço de natureza eminentemente pública, cuja titularidade é do Estado − por ser um serviço permanente e irrecusável que tem em vista proteger a vida humana e o meio ambiente e garantir a segurança marítima −, mas a execução desse serviço é privada". Em relação ao grau de liberdade que os práticos têm na fixação de preços do seu serviço, o ministro citou a decisão unânime de 2017 do STJ, segundo a qual a Autoridade Marítima não pode fixar valores máximos e o Estado só pode intervir nessa questão em casos excepcionais. O ministro lembrou ainda que questões como a natureza jurídica da praticagem e o tipo de contrato da relação do prático e do tomador de serviços − se este é um contrato de prestação de serviços ou um contrato de trabalho subordinado, por exemplo − serão analisadas em breve pelo STF. Considerando que a legislação assegura ao prático o livre exercício do serviço e que a Constituição brasileira prestigia a iniciativa privada e a livre concorrência, "me parece que existe uma enorme margem de atuação e de manobra no que diz respeito a auto-organização do serviço", argumentou Lewandowski.
"The liability of the ship owner is always regarded as objective. In event of an accident, the ship owner will be held accountable. And in the case of the captain and pilot, it will always be subjective" – when it is ascertained that the act was willful and intended to cause damage to someone, or if the professional was careless. When analyzing the pilot’s liability in terms of comparative law, minister Ricardo Lewandowski pointed out that in other countries in general, the pilot’s financial liability is limited, because it is understood that it is “absolutely insufficient” to cover the economic loss that a maritime accident could cause. "Fault or fraud is unthinkable, when dealing with the ship owner; it is an objective liability, it is enough to see the causal link. The captain, in ultimate analysis, is always liable. And the pilot is the non-crew member and waterway specialist who advises the captain; I think that he would only be held accountable in event of gross or extremely gross fault", he added. Lewandowski also analyzed the definitions in the law and decrees relating to pilotage to reach conclusions about the legal nature of the activity – a question on which he noted there is no agreement between the theoreticians and jurisprudence. "The doctrine is inclined in the direction of stating that pilotage is an eminently public service, whose entitlement is that of the State – since it is a permanent irrefutable service that is designed to protect human life and the environment and guarantee maritime safety −, but the provision of this service is private". In relation to the degree of freedom that pilots have when setting prices for their service, the minister quoted the unanimous 2017 decision by the STJ, according to which the maritime authority cannot set maximum values and the State can only intervene in this question in exceptional cases. The minister also recalled that questions such as the legal nature of pilotage and type of pilot-hirer agreement – if this is a service agreement or subcontracted work agreement – for example, if this is soon to be analyzed by the STF. 15
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Considering that the legislation assures the pilots' free exercise of the service and that the Brazilian Constitution favors private enterprise and free competition, “it seems to be that there is a huge scope for action and handling with regard to the self-organization of the service”, Lewandowski argued. O PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASIL LOGÍSTICA, TIAGO LIMA, E O PRÁTICO PORTHOS LIMA PRESIDENT OF BRAZILIAN LOGISTICS INSTITUTE, TIAGO LIMA, AND PILOT PORTHOS LIMA
Por fim, o ministro observou que a praticagem é um serviço "extremamente relevante para o país", lembrando que 95% das nossas exportações passam pelos portos. "Portanto a praticagem e os práticos haverão de ser mais e mais valorizados, e os legisladores e os tribunais certamente encontrarão caminhos para incentivar e permitir o pleno desenvolvimento dessa nobre função", concluiu. Ao encerrar o evento, o diretor-presidente do Conapra, Gustavo Martins, destacou as "brilhantes palestras que nos ajudaram a esclarecer pontos jurídicos importantes e a pensar o futuro da logística portuária brasileira”. “Saímos daqui conhecendo os desafios que nos esperam e projetando o 43o Encontro, para o qual já temos uma série de temas a discutir”, completou Gustavo.
Lastly, the minister noted that pilotage is a service that is “extremely relevant for the country”, reminding us that 95% of Brazilian exports pass through ports. "Therefore pilotage and the pilots will have to be even more valued, and the legislators and courts will certainly find ways to encourage and permit the full development of this noble profession", he concluded. When closing the event, Gustavo Martins, director-president of Conapra, stressed the “brilliant words that have helped us to clarify major legal points and to think of the future of Brazilian port logistics”. “We will leave here knowing about the challenges that await us and already planning the 43rd Meeting, for which we already have a series of topics to discuss”, finalized Gustavo Martins. On the last day of 42ENP, a meeting was also held solely for pilots members of Conapra, at which it was unanimously decided that the mandate of the current board would be extended for one more year.
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No último dia do 42ENP houve também uma assembleia exclusiva para práticos associados ao Conapra, na qual foi decidido, por unanimidade, que o mandato da atual diretoria será prorrogado por mais um ano.
PEDRO LIMA, GERENTE DA/MANAGER OF WILSON SONS REBOCADORES, E O PRÁTICO/AND PILOT JOÃO BOSCO
PARTICIPANTES DO 42ENP/DELEGATES OF 42ENP
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Práticos de todo o país participam de Seminário de Hidrografia Portuária no Rio de Janeiro Evento buscou aprimorar conhecimento técnico dos práticos para que contribuam com projetos portuários O I Seminário de Hidrografia Portuária para Práticos _ I Hidropráticos, realizado no Rio de Janeiro em 24 de outubro de 2018, reuniu profissionais da maioria das zonas de praticagem com o objetivo de aprimorar seus conhecimentos técnicos nessa área e capacitá-los para que contribuam com projetos portuários. Com o aumento, nos últimos anos, do porte e das dimensões dos navios que demandam os portos brasileiros, as praticagens têm sido cada vez mais consultadas sobre projetos de modernização e ampliação de instalações portuárias, canais de acesso e aproximação, e bacias de manobra. A Norma da Autoridade Marítima 17 para auxílios à navegação, editada pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (Normam 17/DHN) estabelece que todo projeto de balizamento náutico deve ser analisado pela praticagem antes de ser enviado à DHN para aprovação.
The event seeks to upgrade pilots’ technical know-how to contribute to port projects The First Seminar on Port Hydrography for Pilots in Rio de Janeiro on October 24, 2018, brought together professionals from most of the pilotage zones in order to upgrade their technical know-how in this area and build their capacity to contribute towards port projects. With the increase in recent years in the size and proportions of ships that enter Brazilian ports, the pilotage unions have been increasingly consulted about projects upgrading and expanding harbor facilities, access and approach channels and maneuver basins. The Maritime Authority Standard 17 for navigation aids (Normam 17/DHN) issued by the Hydrography and Navigation Directorate (DHN) states that the pilotage unions must analyze any navigation aid before being forwarded to DHN for approval. For example, dredging has been undertaken to deepen some ports in order to optimize them in accordance with ships' draft, and the
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Têm sido realizadas, por exemplo, dragagens de aprofundamento em alguns portos a fim de otimizá-los de acordo com o calado dos navios, e as praticagens são solicitadas a opinar a respeito, com base em levantamentos hidrográficos. Antes de
Pilots from all over Brazil attend a Seminar on Port Hydrography in Rio de Janeiro
PARTICIPANTES DO I SEMINÁRIO DE HIDROGRAFIA PORTUÁRIA PARA PRÁTICOS – I HIDROPRÁTICOS PARTICIPANTS IN THE FIRST PORT HYDROGRAPHY SEMINAR FOR PILOTS – I HYDROPILOTS
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sua implementação, esses projetos devem ser submetidos à validação por meio de simulações. Para fazer face a essas demandas, o Conapra decidiu, em parceria com a Praticagem do Rio de Janeiro, organizar o I Seminário de Hidrografia Portuária para Práticos _ I Hidropráticos. Ao comentar o atual crescimento das dimensões dos navios, o prático Gustavo Martins, diretor-presidente do Conapra, destacou que “a praticagem é cada vez mais chamada a opinar nos projetos, tanto de desenvolvimento de novos terminais, de novos portos quanto na manutenção e alteração dos canais de navegação, das bacias de evolução”. “Portanto”, acrescentou, “é importante que os práticos estejam atualizados com todas as tecnologias e métodos adotados para a definição e avaliação desses projetos, de forma que possam contribuir junto à Autoridade Marítima para trazer o máximo de segurança e eficiência à operação nos terminais e nos portos”. O diretor técnico do Conapra, o prático Porthos Lima, que coordenou o seminário, destacou o fato de que a hidrografia portuária desperta muito interesse entre os práticos e que “está em constante desenvolvimento porque os sinais náuticos e as técnicas estão evoluindo”. “Desse modo”, disse, “é um assunto que tem que estar sendo reestudado permanentemente para que possamos manter o nosso nível de conhecimento”.
PRÁTICO EVERTON SCHMIDT, VICE-ALMIRANTE ANTONIO GARCEZ E GUSTAVO MARTINS PILOT EVERTON SCHMIDT, VICE-ADMIRAL ANTONIO GARCEZ AND GUSTAVO MARTINS
pilotage unions are requested to give their opinion on the subject, based on hydrographic surveys. Before their implementation, these projects must be submitted for validation by means of simulations. To meet these requirements, Conapra decided, in partnership with Rio de Janeiro Pilotage, to organize the First Seminar on Port Hydrography for Pilots. When commenting on the current increase in the sizes of ships, pilot Gustavo Martins, director-president of Conapra, stressed that “pilotage has been increasingly called upon to give opinions on projects, on developing new terminals and ports, and in maintenance and change in shipping channels and maneuver basins”. “Therefore”, he added, “it is important that pilots are updated with all the technologies and methods adopted for defining and assessing these projects, so that they can contribute with the Maritime Authority to help maximize the safety and efficiency of operations in terminals and ports”.
PRÁTICO/PILOT PORTHOS LIMA
O seminário teve comparecimento expressivo de profissionais da maioria das zonas de praticagem, com 70 práticos e oito gerentes de praticagens inscritos, e contou com a presença de oficiais da Marinha do Brasil, membros da Sociedade Brasileira de Hidrografia e representantes do Porto de Paranaguá. Estiveram presentes no evento dois ex-diretores de Hidrografia e Navegação, o almirante de esquadra Luiz Fernando Palmer Fonseca e o vice-almirante Paulo Cesar Dias de Lima, além do diretor do Centro de Auxílios à Navegação Almirante Moraes, capitão de mar e guerra Marcelo Reis, e do diretor do Centro de Hidrografia da Marinha, capitão de mar e guerra Sebastião Simões, entre outras autoridades. Sebastião destacou a “iniciativa extremamente relevante” da praticagem de “juntar diversos atores relacionados à atividade
Pilot Porthos Lima, technical director of Conapra, who coordinated the seminar, stressed the fact that port hydrography arouses a lot of interest among maritime pilots and that “it is in constant development as navigation signals and techniques are evolving”. So he said “it is a matter that has to be studied again and again so that we can sustain our level of knowledge”. The seminar had impressive attendance of professionals from most pilotage zones, with 70 pilots and pilotage managers registered, and was attended by officers from the Brazilian Navy, members of the Brazilian Hydrography Society and representatives of Paranaguá port. Among the authorities present at the event were two former hydrography and navigation directors, admiral Luiz Fernando Palmer Fonseca and vice-admiral Paulo Cesar Dias de Lima. Also present were captain Marcelo Reis, director of Almirante Moraes Rego Navigation Aids Center, and captain Sebastiao Simoes, director of the Navy Hydrography Center. Simões emphasized the “extremely relevant initiative” of pilotage to “bring together various stakeholders relating to the hydrography 19
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de hidrografia, para que possamos buscar entendimentos comuns e encontrar soluções para os problemas que se apresentam num futuro próximo na nossa realidade portuária”.
activity, so that we can reach mutual understandings and find solutions for the problems arising in the near future in our current port structures”.
No início do seminário, o presidente da Praticagem do Rio de Janeiro, prático Everton Schmidt, disse esperar que o evento resulte em respostas técnicas à altura das necessidades atuais e dos desafios que a categoria enfrenta para assessorar a Autoridade Marítima.
At the start of the seminar, pilot Everton Schmidt, president of Rio de Janeiro pilotage, said he hoped the event would result in technical answers to meet the current needs and challenges that the profession faces in advisoring the Maritime Authority.
Interação entre governo, indústria e academia Em seguida, o diretor de Hidrografia e Navegação da Marinha, vice-almirante Antonio Garcez, destacou que a interação entre o governo, a indústria e a academia − representados no evento pela Autoridade Marítima, pela praticagem e pelos palestrantes, respectivamente – é fundamental para o desenvolvimento do país. “No nosso caso, com vocação marítima, o transporte marítimo é crucial para o desenvolvimento da nação. Nenhum desses três setores pode dar as condições de competitividade que precisamos isoladamente. Essa simbiose é a grande vantagem deste encontro”, apontou. “Este encontro é muito importante para esta nova fase que esperamos do Brasil, com evolução da cabotagem e abertura das nossas hidrovias para a economia nacional”, destacou o vice-almirante Paulo Cesar Dias de Lima. Os temas abordados no seminário foram divididos em quatro painéis. As palestras foram ministradas por representantes de projetos ligados à área de hidrografia e seguidas de debates mediados por práticos conselheiros técnicos do Conapra. No primeiro painel, “O Papel da Praticagem na Análise de Projetos de Balizamento”, o capitão-tenente Marcos Felipe Marinhos Moura, do Centro de Auxílios à Navegação Almirante Moraes Rego (CAMR) da Marinha, falou sobre estabelecimento, alteração e cancelamento de auxílios à navegação. Abordou, ainda, como a praticagem pode assessorar a Autoridade Marítima na análise da adequabilidade desses projetos.
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O professor Eduardo Tannuri, coordenador do Centro de Simulações do Laboratório Tanque de Provas Numérico da USP, apresentou
Interaction between government, industry and academia Next, Vice Admiral Antonio Garcez, Hydrography and Navigation director of the Brazilian Navy, pointed out that the interaction between government, industry and academia – represented at the event by the Maritime Authority, pilotage and speakers, respectively – is essential for the country’s development. “In our case, with a maritime vocation, shipping is crucial for the nation’s development. None of those three sectors on their own can provide the competitive conditions we need. This symbiosis is the major benefit of this meeting”, he commented. “This meeting is extremely important for this new phase we look forward to in Brazil, with progress in coastal shipping and opening up our waterways for the Brazilian economy”, stressed ViceAdmiral Paulo Cesar Dias de Lima. The topics addressed in the seminar were divided into four panels. Talks were given by representatives of projects linked to the hydrography sector and followed by discussions mediated by technical advisor pilots of Conapra. On the first panel, “The Pilotage Role in Analyzing Beaconing Projects”, lieutenant commander Marcos Felipe Marinhos Moura, from the Almirante Moraes Rego Navigation Aids Center (CAMR) of the Brazilian Navy, talked about setting up, altering and cancelling navigation aids. He also addressed how pilotage could advise the Maritime Authority when analyzing the suitability of such projects. Prof. Eduardo Tannuri, coordinator of the Simulations Center of the USP Numerical Test Tank Laboratory, presented different uses of beaconing simulators, such as when demarcating dredged areas, compatibility of different sized ships, use of articulated buoys, and so on. Tannuri commented that the simulators help to “guarantee safety, avoid rework, ensure correctly placed signaling, optimize dredged volumes and reposition buoys”, all of this at a low cost and using widely available tools.
MARCOS FELIPE MARINHOS MOURA
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In the next panel, on the topic of “Systematics of Analysis and Approval of Hydrographic Surveys by CHM”, commander Adriano Vieira de Souza, of the Brazilian Navy’s Hydrography Center, spoke about the main inconsistencies found when analyzing “A” category hydrographic surveys, which are used to update navigational documents.
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diferentes usos de simuladores na avaliação de projetos de balizamento, como na demarcação de áreas dragadas, na compatibilização de navios de múltiplos portes e na utilização de boias articuladas, entre outros. Tannuri destacou que os simuladores ajudam a “garantir a segurança, evitar retrabalhos, assegurar-se de que a sinalização seja colocada na posição correta, otimizar volumes dragados e reposicionar boias”, tudo isso a um custo baixo e por meio de uma ferramenta amplamente disponível. O painel seguinte, que teve como tema "A Sistemática de Análise e Aprovação de Levantamentos Hidrográficos pelo CHM", contou com palestra do capitão de fragata Adriano Vieira de Souza, do Centro de Hidrografia da Marinha, que apresentou as principais inconsistências encontradas na análise de levantamentos hidrográficos da categoria “A”, que são aproveitados na atualização dos documentos náuticos.
PROFESSOR EDUARDO TANNURI
Next, Helder Luiz Puia presented the hydrography and navigation projects carried out in Santos Pilotage of which he is manager. Helder stressed the importance of hydrography for pilotage in Brazil with regard to safety, “always keeping the data up-to-date, in measurements of depth, wave height, winds and current direction”, so that these factors interfere as little as possible in maneuvers. Virtual beacons The third panel discussed the capacities and limitations of the virtual aids to navigation (Virtual AtoN). Commander Hermann Adolph Sattler, of the Brazilian Navy CAMR, explained when this type of aid should be used – in areas where it is impossible to establish a physical aid, when the aid is displaced or to mark a wreck, for example.
ADRIANO VIEIRA DE SOUZA
Em seguida, Helder Luiz Puia apresentou os projetos de hidrografia e navegação que foram realizados na Praticagem de Santos, da qual é gerente. Helder destacou a importância da hidrografia para a praticagem do Brasil no que diz respeito à segurança, “mantendo sempre os dados atualizados, nas medições de profundidade, altura de onda, ventos e na direção de corrente”, para que esses fatores interfiram o mínimo possível nas manobras. Balizamento virtual O terceiro painel tratou das capacidades e limitações dos auxílios virtuais à navegação (AtoN Virtuais). O capitão de fragata Hermann Adolph Sattler, do CAMR da Marinha, explicou quando esse tipo de auxílio deve ser utilizado – em áreas em que seja impossível estabelecer auxílio físico, quando o auxílio está fora de posição ou para marcar um naufrágio, por exemplo. Ele ressaltou que ao se planejar uma rede AtoN AIS devem ser considerados todos os aspectos operacionais e ser realizada uma análise de risco criteriosa.
HELDER LUIZ PUIA
He stressed that when planning an AIS AtoN system all operational aspects must be considered and a thorough risk analysis made. Pilot Evandro Simas Abi Saab, president of Barra do Pará pilotage, talked to his colleagues about implementing the virtual beaconing system in his pilotage zone, along River Pará. The Virtual AtoN were adopted last year for safety reasons, since there had been “many problems” in the actual beaconing. “The repositioned buoys were being vandalized. Moreover, the extent and distance of the channel hampered their maintenance. 21
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O prático Evandro Simas Abi Saab, presidente da Praticagem na Barra do Pará, falou aos colegas sobre a implementação do sistema de balizamento virtual em sua zona de praticagem, ao longo do Rio Pará. Os AtoN Virtuais foram adotados no ano passado, por motivos de segurança, visto que havia “muitas dificuldades” no balizamento real.
HERMANN ADOLPH SATTLER
Another reason is the difficulty in seeing the aids in the rainy season in the region”, he added. PRÁTICOS/PILOTS EVANDRO SAAB E/AND MARCIO FAUSTO
“As boias reposicionadas sofriam vandalismo. Além disso, a extensão e a distância do canal dificultavam a manutenção das mesmas. Outro motivo é a difícil visualização dos auxílios em época de chuvas na região”, acrescentou. Os aspectos normativos dos auxílios à navegação baseados em AIS (AIS AtoN) foram o assunto da palestra de Plinio Brayner Neto, ex-diretor do Centro de Hidrografia e Navegação do Norte, que elencou as normas e os regulamentos nacionais e internacionais que devem ser cumpridos para que um projeto seja aprovado.
The regulatory aspects of the navigational aids based on AIS (AIS AtoN) were the subject of the talk given by Plinio Brayner Neto, former director of the North Hydrography and Navigation Center, who listed the international and national rules and regulations to be met for approval of a project. The last panel had four talks about environmental factor modeling to be used in project simulations involving the participation of the pilots’ technical know-how. Gabriel Carvalhaes Aloi Paschoal, from Hidromares Oceanografia, spoke about the importance of environmental data for simulations and listed the different methodologies for measuring currents, waves, tides and winds. It is essential for “environmental data to be carefully collected and at very important points, so that all other simulation work, maneuverability studies, dynamic draft and forecasts are well done”, commented the specialist.
PLINIO BRAYNER NETO
GABRIEL CARVALHAES ALOI PASCHOAL
O último painel teve quatro palestras sobre modelagem de fatores ambientais para utilização em simulações de projetos que contam com a participação do conhecimento técnico dos práticos.
The importance of calibrating the data in navigational simulations was the topic of the talk by Prof. João Thadeu Menezes, president of the Brazilian Oceanography Association (Aoceano). He mentioned that there is little knowledge of data surveys in Brazil, but that this scenario is changing, and he demonstrated the process of building the visual model of a ship in the simulator.
Gabriel Carvalhaes Aloi Paschoal, da Hidromares Oceanografia, falou sobre a importância dos dados ambientais para as simulações e listou as diferentes metodologias para medição de correntes, ondas, marés e ventos.
Menezes indicated that, in the simulator, it is fundamental that a ship represents reality: “It is very important that you have the physical model, that this model is tested in test tanks and wind tunnels, and that a mathematical model of the ship closely matches the model in the simulator”.
É essencial que “os dados ambientais sejam muito bem coletados e em pontos de extrema importância, para que todos os outros trabalhos de simulações, de estudos de manobrabilidade, calado dinâmico e previsões sejam bem executados”, observou o especialista.
In his presentation, Lucas Silveira, of SLI Coastal Solutions, listed the major aspects and focal points of environmental modeling for simulating ship-handling maneuvers, highlighting the role of pilotage in this exercise.
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seminários seminars
Menezes apontou que, no simulador, é fundamental que se tenha um navio que represente a realidade: “É muito importante que você tenha o modelo físico, que esse modelo seja testado em tanques de provas e em túneis de vento, e que seja desenvolvido um modelo matemático do navio que represente com a maior fidelidade o modelo no simulador”. Em sua apresentação, Lucas Silveira, da SLI Coastal Solutions, elencou os aspectos relevantes e pontos de atenção da modelagem ambiental para simulações de manobras de navios, destacando o papel da praticagem nesse exercício. “O simulador é a ferramenta ideal para entender como o navio e o ambiente interagem e para esclarecer a resposta a uma manobra. A praticagem, como especialista, orienta o trabalho a fim de certificar a consistência dos resultados”, afirmou. Na última palestra do seminário, José Guilherme Thomy, que foi pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH), destacou que promover conhecimento hidrográfico atualizado de forma sistêmica é investir em segurança e eficiência.
“The simulator is the ideal tool for understanding how the ship and environment interact and for clarifying the response to a maneuver. Pilotage, as a specialty, guides the work to ascertain the consistency of results”, he said. In the last talk of the seminar, José Guilherme Thomy, who was a researcher at the National Waterway Research Institute (INPH), pointed out that to further update hydrographic knowledge systemically is to invest in efficiency and safety. “Brazil is a country of superlatives and this impacts on the strategic planning of our navigation channels. We have to make the best use of our potential and knowing the geographic area and environmental conditions is a prerequisite for any project”, he affirmed. At the closing of the event, pilot Gustavo Martins, directorpresident of Conapra, considered that there is still a lot to discuss on this subject and announced holding a second seminar in 2019. “Every point discussed was very important. Let us continue to meet up. We have a long way to go. The next seminar is already a reality. We will work for our ports to continue to be extremely safe and increasingly efficient. We will be ready for the future that the large ships will bring”, he concluded. fotos/photos : Daniel Werneck
A importância da calibração dos dados em simulações náuticas foi o tema da palestra do professor João Thadeu Menezes, presidente da Associação Brasileira de Oceanografia (Aoceano). Ele indicou que há pouca cultura de levantamento de dados no país, mas que esse cenário está mudando, e mostrou como é o processo de construção do modelo visual de um navio no simulador.
“O Brasil é um país de superlativos, e isso impacta o planejamento estratégico dos nossos canais de navegação. Temos que aproveitar todo o nosso potencial, e o conhecimento da área geográfica e das condições ambientais é premissa para qualquer projeto”, afirmou. Ao encerrar o evento, o diretor-presidente do Conapra, prático Gustavo Martins, considerou que o assunto não se esgotou e anunciou a realização de uma segunda edição em 2019. “Todos os pontos apresentados foram muito importantes. Vamos continuar nos reunindo. Temos muito a caminhar. O próximo seminário já é uma realidade. Vamos trabalhar para que nossos portos continuem extremamente seguros e cada vez mais eficientes. Estaremos prontos para o futuro que os grandes navios vão trazer”, concluiu.
PROFESSOR JOÃO THADEU MENEZES
LUCAS SILVEIRA E/AND GUSTAVO MARTINS
JOSÉ GUILHERME THOMY
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manobra de navio
Qual é a CMT real de um cabeço? Pim de Visser
Feature: What is the real SWL of a bitt?
Precisamos de informações claras sobre a CMT, que estejam prontamente disponíveis à tripulação e ao prático Parece uma pergunta simples, não? CMT (em inglês SWL − Safe Working Load) significa carga máxima de trabalho, que é a carga de ruptura de um dado componente dividida por um fator apropriado de segurança. A definição é clara o suficiente, mas como podemos determinar a CMT e fazer o melhor uso dessa informação? Um componente pode ter mais de uma CMT? Tendo comandado rebocadores portuários (oceânicos) antes de iniciar meu adestramento como prático, tive a oportunidade de vivenciar uma diversidade de situações envolvendo a CMT dos cabeços das embarcações. A situação mais comum era a tripulação da embarcação assistida definitivamente desconhecer a CMT do equipamento. Em uma dada semana, prestávamos assistência a um grande porta-contêineres cuja CMT, segundo o comandante, era 70t. Na semana seguinte, no mesmo navio, mas com tripulação diferente, o mesmo cabeço era capaz de suportar apenas 30t. Na minha própria zona de praticagem (e sem dúvidas ao redor do mundo) há relatos de cabeços que parecem muito frágeis para suportar a carga aplicada pelos rebocadores portuários durante a assistência ao navio. Isso, com frequência, aumenta os riscos e leva a perdas econômicas, pois o navio precisará utilizar mais de um rebocador, que poderá não estar disponível. Ademais, para passar o cabo do segundo rebocador, a tripulação do navio terá que trabalhar muito próximo ao cabo do primeiro rebocador – uma situação extremamente indesejável. O problema teve início há quase 30 anos, quando os armadores dos navios começaram a exigir rebocadores mais potentes. Os rebocadores mais potentes vieram; porém, os equipamentos de amarração e reboque dos navios oceânicos menores não se adequaram. Na verdade, pode ser que um segundo rebocador nem seja necessário, pois em um mesmo equipamento a CMT exigida para amarração pode ser diferente daquela exigida para operações de reboque. Meu objetivo com este artigo é promover consciência a respeito da carga máxima de trabalho dos cabeços duplos a bordo de navios oceânicos, em especial nas operações com rebocadores, e também a respeito do fato de que pode haver diferentes valores de CMT em diferentes situações. Também desejo propor uma possível solução para o atual problema da falta de clareza nas informações sobre a CMT de cabeços. 24
What is the real SWL of a bitt? We need clear information concerning SWL that is readily available for crew and pilot Pim de Visser
S
eems like an easy question, doesn’t it? SWL stands for ‘safe working load’, which is the breaking load of a component divided by an appropriate safety factor. The definition is easy enough, but how is the SWL detemined and how can we make best use of this information? Can a component have more than one SWL? Having worked as a Master of (seagoing) harbour tugs before beginning my apprenticeship as a pilot, I have seen many issues regarding the SWL of bitts. The main issue was that the crew on board the vessel we were assisting clearly did not know what the SWL of the equipment was. One week I would assist a large container vessel where the captain gave a SWL of 70 tons. The next week, on the same ship, but with a different crew, the same bitt on the same ship would only be able to withstand 30 tons. In my own pilotage area (and without doubt all over the world), there have been reports of bitts appearing too weak to withstand the load required by the harbour tug to assist the vessel. This often results in unsafe situations and financial disadvantages as the vessels are required to make fast more than one tug – which may not be available. Also, the crews of the seagoing vessels have to connect a second tug by working very close to the towing line of the first tug, which is a very undesirable situation. The problem started almost 30 years ago, when owners of seagoing vessels started demanding stronger tug boats. The stronger tugs came, but the mooring and towing equipment on board (smaller) seagoing vessels often did not change to match. It may not actually be the case that a second tug is required, because the SWL for mooring may differ from that required for towing on the same equipment. With this article I want to raise awareness regarding the safe working load of bitts (double bollards) on board seagoing vessels, specifically for making fast a tug boat, and the fact that there might be different SWLs in different situations. I also want to provide a possible solution for the currently unclear information about the SWL of a bitt.
The safe option is to display the lowest SWL as this will ensure the equipment always stays intact. However, the result is that the bitts appear weaker than they really are, leading to potential inefficiencies and even additional risk if a second tug has to be taken on. There are some simple solutions: l State two different SWLs for various ways of using the equipment. This would simply mean welding additional numbers on to the bitts and other mooring equipment when a vessel is classed l The other option (my personal preference) is that when a newly built ship is classed, the class surveyor should fill out an additional form to be displayed in the wheelhouse with a table of safe working loads for mooring and towing equipment. This table will display a SWL for mooring (figure-of-eight fashion) and for towing (spliced eye of tug’s line around one post). This way, the crew and pilot have a form certified by class, with readily available information for all situations. This data should also be added to the existing wheelhouse poster and pilot card. Clear information about safe working load of (mooring) equipment can make the job at sea more safe and efficient for all parties involved. According to the IACS Requirements Concerning Mooring, Anchoring and Towing – a guideline for all classification societies that incorporates IMO MSC/Circ. 1175 2005 and other international standards – it does.
SWL for towing and escorting
These calculations apply for one line around one post of a bollard or bitt. According to the requirements, the minimum design load (the load below which the equipment shall not fail) for normal towing operations
Calculating SWL
It is important to note that there are two different ways of belaying a bitt: l Figure-of-eight fashion, used for mooring (Fig. 1). l An eye around a single post (Fig. 2) (used for towing). But does this make a difference to SWL?
Which SWL applies?
The SWL requirements for equipment used for towing and for mooring are very different (see box). The requirements concerning markings are as follows: l On equipment that is used for mooring, the SWL for mooring needs to be displayed; l On equipment used for towing, the SWL for towing needs to be displayed. So which SWL is marked on equipment that is used for both mooring and towing operations? Read Seaways online at www.nautinst.org/seaways
SWL_cpw.indd 25
Figure 1
Figure 2
January 2017 | Seaways | 25
16/12/2016 15:58
Publicado originalmente na revista Seaways, do Nautical Institute, em janeiro de 2017, e reproduzido com a permissão do autor Originally published in the Nautical Institute Magazine Seaways in January 2017 and reproduced with the author’s permission www.nautinst.org
Qual CMT se aplica? As exigências de CMT para equipamentos utilizados em operações de reboque e amarração são bastante distintas (ver quadro). As exigências relacionadas às marcações são as seguintes: • Nos equipamentos utilizados em operações de amarração, a CMT para amarração deverá ser mostrada. • Nos equipamentos utilizados em operações de reboque, a CMT para operações de reboque deverá ser mostrada. Então, qual CMT será mostrada em equipamentos utilizados tanto para amarração quanto para operações de reboque? A opção segura é mostrar o menor valor de CMT, uma vez que isso garantirá a conservação do equipamento. No entanto, isso fará os cabeços parecerem mais frágeis do que realmente são, levando a uma potencial perda de eficiência e até aumentando os riscos, caso um segundo rebocador tenha que ser utilizado. Existem algumas soluções simples: • Estabelecer duas CMTs distintas para as diferentes formas de utilização do equipamento. Isso significaria, simplesmente, soldar alguns números extras nos cabeços e em outros equipamentos utilizados para amarração, quando o navio for passar pela classificação. • A outra opção (minha preferência pessoal) seria a classificadora preencher um formulário extra quando o navio recém-construído fosse passar pela classificação; esse formulário seria afixado no
ng SWL that is readily
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manobra de navio The safe option is to display the lowest SWL as this will ensure the equipment always stays intact. However, the result is that the bitts appear weaker than they really are, leading to potential inefficiencies and even additional risk if a second tug has to be taken on. passadiço com uma tabela de cargas máximas de trabalho para There are some simple solutions: de amarração de reboque. l equipamentos State two different SWLs for evarious ways of using the equipment. This would simply mean welding additional numbers on to the bitts othermostraria mooring equipment when a vessel is(volta classed Aand tabela a CMT para amarração falida em um l cabeço The other option (my reboque personal (mão preference) whenem a newly built duplo) e para do cabois that passada um dos ship is classed, the class surveyor should fill out an additional form postes do cabeço). Dessa forma, a tripulação e o prático teriam um to be displayedcertificado in the wheelhouse with a table of safe loads for formulário pela classificadora, comworking informações mooring and towing equipment. prontamente disponíveis para todas as situações. Esses dados This table will display a SWL for mooring (figure-of-eight fashion) seriam incluídos no quadro de informações existente no passadiço and for towing (spliced eye of tug’s line around one post). This way, e também cartão prático. the crew andno pilot havedoa form certified by class, with readily available information for all situations. This data should also be added to the Informações clarasposter a respeito da carga existing wheelhouse and pilot card. máxima de trabalho para equipamentos (de about amarração) podemload tornar o trabalho a bordo Clear information safe working of (mooring) equipment can emake the job at sea moreassafe and efficient for all mais seguro eficiente para todas partes envolvidas, o que parties pode involved. ser confirmado pelos Critérios da IACS (Associação According to the Requirements Concerningpara Mooring, Internacional de IACS Sociedades Classificadoras) amarração, Anchoring and Towing – a guideline for all classification societies that fundeio e reboque – um guia para todas as sociedades de incorporates IMO MSC/Circ. 1175 2005 and other international classificação, que incorpora a Circular 1175/2005 do Comitê standards – it does.
de Segurança Marítima da Organização Marítima Internacional
SWL towing and escorting (IMOfor MSC/Circ 1175/2005) e outras normas internacionais.
These calculations apply for one line around one post of a bollard or bitt. According to the requirements, design load (the load Cálculothe daminimum CMT below which the equipment shall not fail) for normal towing operations
É importante observar que existem duas formas diferentes de dar voltas em um cabeço. Calculating SWL •It isVolta falida,toutilizada amarração (Fig. 1). ways of belaying important note thatpara there are two different Feature: is the SWLpostes of a bitt? •a bitt: Mão do caboWhat passada em real um dos do cabeço (Fig. 2) (utilizada para operações de reboque). l Figure-of-eight fashion, used for mooring (Fig. 1). An eye around a single post (Fig. 2) (used for towing). Mas isso this afetamake a CMT? But does a difference to SWL? l
CMT para amarração Cálculos similares se aplicam em operações de amarração, mas utiliza-se a carga de ruptura da espia como referência. A carga de projeto será 1,25 vez a carga de ruptura do cabo utilizado, e a CMT será 80% da carga de projeto. Um breve exemplo De acordo com a Recomendação N.10 da Iacs, uma embarcação com número de equipamento 1060 (aproximadamente 100m x 15m x 7m – comprimento x boca x soma dos calados – sem carga no convés) exige espias com carga de ruptura de 250kN (25t). Para fins de amarração, a carga de projeto das estruturas deverá ser 1,25 vez a carga de ruptura mencionada: 312kN. A CMT para amarração não deverá exceder 80% da carga de projeto e, portanto, será de 250kN. De acordo com essa recomendação, o mesmo navio precisará de um cabo de reboque com carga de ruptura igual a 647kN. A carga de projeto e a CMT têm valor igual ao da carga de ruptura; portanto, a CMT desse equipamento será de 647kN. Podemos observar que haverá uma grande diferença de CMT se o cabeço for utilizado para amarração (250kN) ou para operações de reboque (647kN). Caso o mesmo equipamento seja utilizado para ambas as operações, como ele deverá ser classificado?
such as harbour manoeuvring has to be 1.25 times the intended static bollard pull. For other towing services (escorting), the nominal breaking strength of the tow line is used as the minimum design load. The SWL for fittings used for both escorting and normal harbour towing operations is equal to the design load.
SWL for mooring
For mooring operations, similar calculations apply, but the breaking strength of the mooring lines is used as a reference. FIGURA 1 FIGURA 2 Figure 1 Figure 2 The design load is 1.25 times the breaking strength of the line used, and the SWL is 80% of the design load.
CMT para reboque e escolta January 2017 | Seaways | 25 A quick example: According to IACS Recommendation N.10, a vessel withpostes an Os cálculos se aplicam a um cabo com volta em um dos do Equipment Number of 1060 (approximately 100m × 15m × 7m cabeço. (L × B × Tsum) with no deck cargo) needs mooring lines with a 16/12/2016 breaking strength of 250kN (25 tons). De acordo com ospurposes, critérios, cargaload mínima de projeto (carga For mooring theadesign of the fittings should be 1.25 times breaking strength: 312kN. abaixo dathis qual o equipamento opera sem falhas) para operações Thede SWL for mooring not exceed portuárias, 80% of the design loadser and is regulares reboque, comoshall em manobras terá que therefore 250kN. 1,25 vez a tração estática pretendida. According to the same recommendation, the same vessel needs a tow line with a breaking strength of 647kN. The design load and SWL Paraare outras operações de reboque (escolta), a carga nominal de of the same as the breaking strength, so the SWL of the same piece ruptura do cabo de reboque será utilizada como a carga mínima equipment is 647kN. We canAclearly is a largeutilizadas differencetanto in SWL depending de projeto. CMT see dasthere estruturas para escolta on whether the bitts are used for mooring (250kN) or for towing quanto para operações regulares de reboque portuário será igualops à (647kN). If the same piece of equipment is used for both, how should carga de projeto. it be labelled?
15:58
CMT SERÁ CALCULADA DE FORMAwhere DIFERENTE TheA SWL is calculated differently the QUANDO bitts OS CABEÇOS FOREM EM OPERAÇÕES DE REBOQUE EM VEZ DE AMARRAÇÃO are usedUTILIZADOS for towing, rather than mooring
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treinamento training
fotos/photos : Otavio Fragoso
Criação de centro de treinamento no Canal do Panamá pode permitir inclusão de modelos tripulados no ATPR Creation of a Panama Canal training center to permit inclusion of manned models in ATPR
PRÁTICO BOSCO NO NAVIO-TANQUE EUROPE (255.000DWT) PILOT JOÃO BOSCO ON THE TANKER EUROPE (255,000DWT)
Desde o desenvolvimento e implementação do Curso de Atualização para Práticos (ATPR), realizado pelo Conapra sob delegação da Autoridade Marítima, discute-se no Brasil o treinamento de práticos em modelos tripulados. O desenvolvimento do ATPR, que teve início em 2002 e foi concluído em 2004, seguiu as recomendações para o treinamento de práticos previstas na Resolução A.960 (23) da IMO, mas excluiu do programa o treinamento em modelos tripulados. Não por este ter sido considerado desnecessário − pelo contrário, na época já havia consenso sobre a singularidade do conhecimento adquirido nesse tipo de treinamento, que não pode ser feito na vida real, devido aos riscos envolvidos, nem mesmo replicado nos simuladores de passadiço mais sofisticados. A razão principal da exclusão foi a inexistência de centros de treinamento com essas características no Brasil. Os cursos conhecidos até então eram todos na Europa, e os custos, bastante elevados.
Since the development and implementation of the Pilots’ Refresher Course (ATPR) undertaken by Conapra under the delegation of the Maritime Authority, the manned model training of pilots has been discussed in Brazil. The development of ATPR, founded in 2002 and completed in 2004, adopted the pilot training recommendations provided in the IMO Resolution A.960 (23), but excluded from the program the manned model training. Not because it was considered unnecessary – on the contrary, at the time there already was a consensus about the special know-how acquired from this type of training, which cannot be done empirically due to the risks involved, nor even replicated in the more sophisticated bridge simulators. The main reason for its exclusion was the absence of training centers with such characteristics in Brazil. At that time, all known courses were in Europe and involved very high costs. Nevertheless, even before the first group of pilots completed the ATPR course at the end of 2004, Espírito Santo pilotage was ahead of the rest in Brazil, and in 2003 sent the first group of pilots to Port Revel, the world’s leading manned model training center, built in 1967 near Grenoble, France.
Ainda assim, mesmo antes de a primeira turma de práticos cursar o ATPR, no final de 2004, a praticagem do Espírito Santo se antecipou ao resto do Brasil e em 2003 enviou um primeiro grupo de práticos a Port Revel, o centro de treinamento em modelos tripulados mais conceituado do mundo, construído em 1967 nas proximidades de Grenoble, na França. Ao longo dos anos, profissionais de diversas praticagens brasileiras fizeram cursos principalmente em Port Revel, mas também em Ilawa, na Polônia, onde há um centro de treinamento criado em 1980 pela associação das Universidades de Gdynia e Gdansk, e no Warsash Maritime Academy, centro associado à Southampton University, no sul da Inglaterra, que renovou seus equipamentos e construiu um novo lago em 2011. 26
MANOBRA COM O AUXÍLIO DE REBOCADOR ASD MANEUVERING WITH THE HELP OF ASD TUG
fotos/photos : Otavio Fragoso
treinamento training
NAVIO-TANQUE GILDA (125.000DWT) MANOBRANDO COM O AUXÍLIO DE REBOCADOR ASD TANKER GILDA (125,000DWT) MANEUVERING WITH HELP OF ASD TUG
Mais recentemente, os práticos brasileiros se defrontaram com a chegada aos nossos portos de navios full containers de grande porte. Em pouco tempo, navios full containers de 270m de comprimento foram substituídos pelos de 300m e, logo em seguida, por full containers de 340m, considerados Very Large Container Vessels (VLCV). Já se espera a chegada dos navios de 366m de comprimento e até 52m de boca. Essas dimensões superam os limites técnicos de grande parte dos portos nacionais, e essas embarcações têm características e comportamento em manobra bastante diferentes do padrão a que os práticos brasileiros estão familiarizados. Antecipando-se às possíveis dificuldades, o Conapra, por intermédio da Diretoria Técnica, e as praticagens dos portos que provavelmente receberão esses navios começaram a procurar alternativas de treinamento para esse padrão de embarcação. Após diversas pesquisas e discussões, o modelo tripulado foi considerado o formato ideal para o treinamento pretendido. Foi verificada a existência de modelos de VLCV com essas características no Maritime Pilots Institute (MPI), que pertence aos práticos de Lousiania, nos EUA, e no recém-inaugurado Centro de Simulación, Investigación y Desarrollo Marítimo de la Autoridad del Canal de Panamá (Sidmar), cujos instrutores são práticos em atividade no Canal do Panamá e com formação obtida em Port Revel.
PRÁTICOS/PILOTS PORTHOS LIMA E/AND JOÃO BOSCO NO/ON FULL CONTAINER NORMANDIE (53.000DWT)/(53,000DWT)
NAVIO DE PASSAGEIROS VOYAGER (310M DE LOA) PASSANDO POR COMPORTA PASSENGER SHIP VOYAGER (310M LOA) PASSING THROUGH A LOCK
Over the years, professionals from different Brazilian pilotages have taken courses mostly in Port Revel, but also in Ilawa, Poland, where there is a training center created in 1980 through the association of Gdynia and Gdansk Universities, and at Warsash Maritime Academy, a training school associated with Southampton Solent University, South England, which upgraded its equipment and built a new lake in 2011. More recently, Brazilian pilots had to cope with the arrival in our ports of large full container ships. Full container ships of 270m in length were soon substituted by those 300m in length and then by full containers measuring 340m, considered to be Very Large Container Vessels (VLCV). The arrival of ships 366m in length and 52m in breadth is therefore not surprising. These dimensions exceed the technical limits of most Brazilian ports, and those vessels have quite different characteristics and maneuvering behavior than the standard with which Brazilian pilots are familiar. With possible problems in mind, Conapra’s technical board, and the pilotage unions of ports that are likely to receive such ships are now looking for training alternatives for this type of vessel.
PRÁTICOS FRANCESES NO NAVIO-TANQUE GILDA (125.000DWT) FRENCH PILOTS ON THE TANKER GILDA (125,000DWT)
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treinamento training
O Conapra fez um acordo com o Sidmar para o envio de turmas ao longo de 2018 e 2019, incluindo profissionais de diversas praticagens. A Praticagem de São Paulo optou por mandar seus práticos para o MPI que, para atender à demanda, preparou um cenário com condições semelhantes às do canal de acesso ao Porto de Santos e dos berços previstos para esses grandes navios conteineiros. Alguns práticos já foram a ambos os centros, e as avaliações são positivas. Esse processo de treinamento tem prazo definido, e sua finalidade é específica − adaptação às características dos VLCV esperados. Após alguns meses, boa parte dos práticos já terá obtido o conhecimento necessário, e o treinamento dos demais se dará na prática diária, acompanhando os profissionais já treinados. Essa experiência, entretanto, criou a expectativa de mudanças perenes na organização da praticagem do Brasil, trazendo novamente à discussão a possibilidade de incluir o treinamento em modelo tripulado no conjunto de atividades previstas no ATPR. REBOCADOR VOITH SCHNEIDER/TUG VOITH SCHNEIDER
A existência de um centro no Panamá, com custos de viagem, estada e do curso em si muito mais baixos do que os existentes na época da criação do ATPR, permite considerar essa inclusão, pelo menos como atividade opcional. Para que esse processo tenha continuidade, caso definitivamente aprovado, será necessário definir, em conjunto com os instrutores do Sidmar ou de outro centro que venha a ser escolhido, um modelo de curso específico para os nossos interesses. Com esse objetivo, o Conapra enviou a Port Revel dois práticos membros do Conselho Técnico, João Bosco e Otavio Fragoso, para completar curso igual ao realizado pelos práticos instrutores que atuam no Canal do Panamá.
fotos/photos : Otavio Fragoso
O prático Schenk, da Praticagem do Espírito Santo, também participou do curso de formação de instrutores, assumindo pessoal-
After different studies and discussions, the manned model was considered to be the ideal format for the training in mind. The existence of VLCV models with these characteristics was checked in the Maritime Pilots Institute (MPI) that belongs to the Louisiana pilots in the USA, and in the recently inaugurated Maritime Development, Investigation and Simulation Center of the Panama Canal Authority (Sidmar), whose instructors are pilots working on the Panama Canal and with training from Port Revel. Conapra entered an agreement with Sidmar to send groups during 2018 and 2019, including professionals from different pilotage unions. São Paulo pilotage chose to send its pilots to MPI . To meet the demand, MPI prepared a scenario with conditions similar to that of the access channel to Santos port and berths planned for such large container ships. Some pilots have already been to both centers and their feedback is positive. This training process has a specific timeline and purpose – to adapt to the characteristics of the expected VLCVs. After a few months, most of the pilots will have already obtained the necessary know-how, and training the others will be on daily practice, accompanying the already trained professionals. This experience, however, created the expectation of enduring change in pilotage organization in Brazil, thereby raising the discussion of possibly including manned model training in conjunction with activities provided in ATPR.
PRÁTICOS BOSCO E SCHENK INICIANDO MANOBRA COM O NAVIO LNG BEN FRANKLIN (333M DE LOA) PILOTS BOSCO AND SCHENK STARTING TO MANEUVER THE LNG SHIP BEN FRANKLIN (333M LOA)
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The existence of a center in Panama, with much lower costs for travel, accommodation and the course itself than those existing at the time when ATPR was created, allows considering this inclusion at least as an optional activity.
treinamento training
fotos/photos : Otavio Fragoso
mente todos os custos, já que o orçamento do Conselho Técnico só previa recursos para dois conselheiros. Em 2019, serão iniciados os contatos com práticos instrutores do Sidmar, visando à elaboração de um programa inicial a ser apresentado para avaliação durante a preparação do próximo ciclo do ATPR, que terá início em 2020. O curso organizado por Port Revel tem por finalidade familiarizar os futuros instrutores com todos os tipos de exercícios que podem ser realizados utilizando os recursos oferecidos no lago e associá-los com os objetivos pretendidos no treinamento. Assim, com base nessa formação e com o conhecimento das possibilidades oferecidas pelo Sidmar, será possível criar um projeto adequado às necessidades do ATPR. As condições dos modelos disponíveis em Port Revel e os recursos do lago atenderam perfeitamente às necessidades. FULL CONTAINER NORMANDIE (53.000DWT)/(53,000DWT)
In order for this process to go ahead, if finally approved, it will be necessary to define, in conjunction with Sidmar instructors or another center to be chosen, a specific course model that meets our interests.
MANOBRA DE CRUZAMENTO EM CANAL ESTREITO NO NAVIO-TANQUE GRENOBLE (43.000DWT) CROSS-MANEUVER IN A NARROW CHANNEL ON TANKER GRENOBLE (43,000DWT)
A novidade para os que não visitam Port Revel há algum tempo é a mudança do hotel onde os alunos se hospedam. Atualmente, a hospedagem é oferecida no Hotel de France, situado na cidade de Côte-Saint-André. A distância até o lago, localizado em Saint-Pierrede-Bressieux, é um pouco maior, mas a cidade tem mais recursos, além de o hotel contar com um chef de altíssimo padrão. Os jantares são eventos memoráveis.
With this in mind, Conapra sent to Port Revel two pilots, João Bosco and Otavio Fragoso, members of the technical board, to complete the same course as that completed by the instructor pilots working in the Panama Canal. Pilot Siegberto Schenk, from Espírito Santo pilotage union, also took part in the instructors’ training course, paying all his own costs, since the technical board budget could only pay for two directors. In 2019, contacts will begin with the Sidmar instructor pilots with a view to preparing a preliminary program to be submitted for assessment when preparing the next ATPR cycle beginning in 2020. The purpose of the course organized by Port Revel is to familiarize future instructors with every kind of possible exercise using the resources offered in its lake and associate them with the training objectives. Therefore, based on this training and being aware of the possibilities offered by Sidmar, it will be possible to create a project adapted to ATPR requirements. The conditions of models available at Port Revel and the resources of its lake are perfectly suited to the requirements.
HOTEL DE FRANCE EM/ON CÔTE-SAINT-ANDRÉ
The new feature for those who have not visited Port Revel for some time is the move to Hotel de France, in the town of Côte-Saint-André. It is a little farther from the lake, located in Saint-Pierre-de-Bressieux, and slightly larger, but the town has more to offer, in addition to the hotel and a top chef. Dinner there is a memorable occasion. 29
homenagem tribute
Dragão do Mar é entronizado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria Sea Dragon is included in the Book of Heroes and Heroines of Our Homeland A ceremony in Brasilia marked the inclusion of the abolitionist pilot in the list of remarkable personalities in the history of Brazil
Cerimônia em Brasília marcou entrada do prático abolicionista no rol de personagens marcantes da história brasileira O prático abolicionista Francisco José do Nascimento (1839-1914), o Dragão do Mar, líder do movimento que levou à libertação dos escravos no Ceará quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea, foi entronizado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, em cerimônia realizada em Brasília no dia 12 de dezembro. Chico da Matilde (nome de sua mãe), como também era conhecido, pautou sua vida no mar e no movimento antiescravagista sob uma égide ética, comprometida com o respeito à vida humana e o interesse público, elementos que caracterizam a praticagem, ofício que desempenhou com maestria. O nome e a biografia do prático cearense foram gravados nas páginas de aço do livro, que fica guardado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes. A entronização ocorre após a Lei 13.468, que o inscreveu no rol de heróis brasileiros, ter sido aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pela Presidência da República, em 2017. O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que antes tinha 31 nomes, ganhou 21 novos integrantes, personalidades que protagonizaram momentos marcantes da História do Brasil, como o também abolicionista e polímata Rui Barbosa, os escritores Machado de Assis e Euclides da Cunha, os políticos Leonel Brizola e Miguel Arraes, a estilista Zuzu Angel e a militar brasileira e heroína da Guerra da Independência Maria Quitéria. Tiradentes foi o primeiro nome inscrito no livro. Outros heróis homenageados nas páginas de aço são Marquês de Tamandaré, Zumbi dos Palmares, Dom Pedro I, Santos Dumont, Getúlio Vargas e Chico Mendes. 30
The abolitionist pilot Francisco José do Nascimento (1839-1914), the Sea Dragon, leader of the movement that led to the liberation of the slaves in the state of Ceará four years before the Áurea Act (liberation of slaves) was signed, was included in the Book of Heroes and Heroines of the Brazilian Homeland, in a ceremony in Brasilia on December 12. Chico da Matilde, as he was also known by his mother’s name, paced his life in the sea and antislavery movement under aegis of ethics, committing to respecting human life and public interest, elements that characterize pilotage, the professional that he masterfully performed. The name and biography of this pilot born in Ceará were engraved in the steel pages of the book, which is safeguarded in the Tancredo Neves Pantheon of the Homeland and Freedom in the Three Powers Plaza. The enthronement occurs after Law 13,468, which inscribed him in the list of Brazilian heroes, had been approved by the National Congress and sanctioned by the Presidency of the Republic in 2017. The Book of Heroes and Heroines of the Homeland, which had previously 31 names, gained 21 new members, personalities that played a key role at memorable moments in Brazil’s history, namely the also abolitionist and polymath Rui Barbosa, writers Machado de Assis and Euclides da Cunha, politicians Leonel Brizola and Miguel Arraes, fashion designer Zuzu Angel and Maria Quiteria, the Brazilian soldier and heroine of the War of Independence. Tiradentes was the first name to be recorded in the book. Other heroes honored in the steel pages are the Marquis of Tamandaré, Zumbi dos Palmares, Dom Pedro I, Santos Dumont, Getulio Vargas and Chico Mendes. Attending the ceremony were Gustavo Martins, director-president of Conapra, João Bosco, financial director of Conapra, Wilson Cruz, institutional advisor to Conapra, Otavio Fragoso, president of the
homenagem tribute
“Muitos brasileiros não sabem, mas o pioneirismo na luta contra a escravidão no Brasil partiu de um prático. Dar o devido reconhecimento a esse brasileiro faz jus à sua história e nada mais oportuno do que fazê-lo ainda no ano em que a praticagem completa 210 anos de regulamentação no Brasil”, afirmou Gustavo Martins. Levantes abolicionistas Os práticos tiveram papel relevante na luta contra o comércio negreiro no Ceará, uma vez que, opondo-se a esse sistema arcaico e desumano, negaram-se a prestar seu serviço para fins escravocratas. De origem humilde, Francisco José do Nascimento nasceu em Aracati, em 1839. Filho e neto de jangadeiros, perdeu o pai ainda criança e aos oito anos, para ajudar a família, começou a trabalhar como garoto de recados de navios. Continuou desempenhando funções ligadas ao meio marítimo e depois se tornou marinheiro. Aos 20 anos, aprendeu a ler e escrever, o que na época constituía privilégio. Em 1874, Chico da Matilde foi nomeado 2o Prático na Capitania dos Portos do Ceará. Mais tarde, conquistou o posto de prático-mor. No final do século XIX, o Brasil experimentava mudanças profundas, e a escravidão passou a ser vista como sinônimo de atraso. Esse processo deu ensejo a debates relativos ao abolicionismo, e em 1880 foi criada a Sociedade Cearense Libertadora, da qual Chico da Matilde tornou-se membro, e cuja atuação foi decisiva para a libertação dos negros cativos da província, quatro anos depois. Abolicionistas dessa organização participaram efetivamente no convencimento dos jangadeiros – cujo trabalho era fundamental para as operações de tráfico negreiro, devido à precariedade das instalações do porto de Fortaleza – a parar de transportar escravos para os navios, o que culminou com seguidos levantes abolicionistas.
National Pilots’ Federation, and pilot Rogério Bessa, from Ceará, the state where Francisco José do Nascimento was born, worked and wrote his name into the history of Brazil. “Many Brazilians are unaware that the pioneering spirit in the fight against slavery in Brazil began with a pilot. Giving this Brazilian his due recognition does justice to his story and it is more than appropriate to do so in the year when pilotage celebrates 210 years of regulation in Brazil”, affirmed Gustavo Martins. Abolitionist uprisings Pilots played a major role in the fight against slave trade in Ceará since they refused, in opposition to this archaic inhumane system, to provide their service for slavery purposes. Francisco José do Nascimento was born into a poor family in Aracati in 1839. Son and grandson of raft fishermen, he lost his father when still a child and at eight years of age, to help his family, began working as a ship messenger boy. He continued to perform tasks linked to the sea and later became a mariner. When he was 20 years old he learned to read and write, which at that time was a privilege. In 1874, Chico da Matilde was appointed 2nd pilot to the Ceará Port Authority. Later, he was given the position of chief pilot. In the late 19 th century, Brazil was undergoing radical change, and slavery was now regarded as a synonym of backwardness. This process gave rise to debates on abolitionism and in 1880 was founded the Ceará Liberation Society (Sociedade Cearense Libertadora), of which Chico da Matilde was a member, and whose role was decisive in liberating the slaves in the province four years later. Abolitionists from this organization played an active role in convincing the raft fishermen – whose work was key to the slave trade operations due to the poor port facilities in Fortaleza – to stop carrying slaves to the ships, culminating in a series of abolitionist uprisings. Foto/photo: Humberto Pradera
Estiveram presentes na cerimônia o diretor-presidente do Conapra, Gustavo Martins, o diretor financeiro do Conapra, João Bosco, o assessor institucional do Conapra, Wilson Cruz, o presidente da Federação Nacional dos Práticos, Otavio Fragoso, e o prático Rogério Bessa, do Ceará, o estado em que Francisco José do Nascimento nasceu, trabalhou e inscreveu seu nome na história.
A primeira rebelião ocorreu em janeiro de 1881, quando os jangadeiros se negaram a transportar negros cativos para o vapor Pará. Na ocasião, Francisco José do Nascimento desempenhava seu ofício de prático da barra a bordo de uma nau inglesa, que conduzia para o Canal do Porto, participando indiretamente e da qual tudo acompanhava. “Não há força bruta neste mundo que faça reabrir o porto ao tráfico negreiro”, declarou o prático na época. Três dias depois, houve nova tentativa de embarque de escravos em outro navio, que foi também frustrada pelos jangadeiros. Para
OTAVIO FRAGOSO E O ASSESSOR DA FENAPRÁTICOS WILSON CRUZ COM O LIVRO DOS HERÓIS E HEROÍNAS DA PÁTRIA OTAVIO FRAGOSO AND WILSON CRUZ, ADVISER TO FENAPRÁTICOS, WITH THE BOOK OF HEROES AND HEROINES OF THE BRAZILIAN HOMELAND
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a arregimentação dos jangadeiros nesse primeiro movimento, foi fundamental a participação de José Luis Napoleão, um escravo que havia comprado sua própria alforria. Em agosto do mesmo ano, Chico da Matilde liderou nova sublevação, trabalhando junto aos jangadeiros para impedir uma tentativa de venda de escravos para o Rio de Janeiro e São Paulo, estados que careciam de mão de obra para a cultura do café. Práticos sob sua liderança, a bordo de jangadas, mais uma vez impediram o embarque dos cativos. Movimentos e manifestações abolicionistas continuaram ganhando força, e Francisco José do Nascimento foi nomeado diretor da Sociedade Cearense Libertadora. Em maio de 1881, o prático participou da instalação do Primeiro Congresso Abolicionista do Brasil em Maranguape, cidade serrana do Ceará. O estado tornara-se então conhecido por alforriar escravos sob subscrição por intermédio da Sociedade Libertadora, e teve início um programa sistemático de libertação. Vale lembrar que o pioneirismo do Ceará na abolição da escravatura brasileira foi facilitado pelo pequeno número de cativos. A economia do estado era baseada na pecuária extensiva, incompatível com a escravidão, posto que o risco de fugas era alto, e na cultura do algodão, cujo ciclo de plantio demandava curta utilização do labor escravo, tornando-o oneroso. Chico da Matilde chegou a construir em sua casa um galpão onde oferecia abrigo e ocultava escravos. No mesmo local, havia um altar em que eram feitas novenas a Nossa Senhora de Nazaré, protetora dos navegantes, de quem era devoto. Devido à sua participação direta nas tomadas de decisões e ações da rebelião de agosto de 1881, Chico da Matilde teve sua licença de prático cassada pelo governo, só sendo reconduzido ao cargo em 1889, por ordem do imperador Dom Pedro II. Um ano depois, recebeu a patente de major ajudante de ordem do secretário-geral do Comando Superior da Guarda Nacional do Estado do Ceará, corporação considerada de elite. Nessa função, paramentava um vistoso uniforme azul e vermelho, com botões dourados e luvas brancas. Homenagens na Corte Após os episódios de 1881, o tráfico negreiro no porto do Ceará havia praticamente chegado ao fim. Os fazendeiros que não tinham como sustentar seus escravos foram obrigados a alforriá-los, o que acelerou o processo de extinção da escravatura na província, efetivado em março de 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea. O fato foi amplamente divulgado em jornais da Corte, e Francisco José do Nascimento, nomeado então presidente da Sociedade Cearense Libertadora, viajou naquele mesmo ano para o Rio de Janeiro. A bordo do navio Espírito Santo, que fora alvo da greve 32
The first rebellion occurred in January 1881, when the raft fishermen refused to carry slaves to the steamship Pará. On that occasion, Francisco José do Nascimento was the bar pilot of an English ship that he was guiding to the port channel, indirectly participating and witnessing it all. “No brute force in this world could reopen the port to slave trade”, the pilot said at that time. Three days later there was a fresh attempt to board slaves onto another ship, also frustrated by the raft fishermen. In this first movement to regiment the raft fishermen the participation of José Luis Napoleão, a slave who had bought his own freedom, was fundamental. In August that same year, Chico da Matilde led another uprising, working together with the raft fishermen to prevent an attempt to sell slaves to Rio de Janeiro and São Paulo, states with a shortage of manpower for the coffee plantations. Pilots under his leadership aboard rafts once again prevented the embarkation of the slaves. Abolitionist movements and demonstrations continued to gain strength, and Francisco José do Nascimento was appointed director of the Ceará Liberation Society. In May 1881, the pilot participated in the installation of Brazil’s First Abolitionist Congress in Maranguape, an upland town in Ceará. The state was then known for emancipating slaves at no charge through the Liberation Society, which was the start of a systematic liberation program. It should be recalled that the pioneering spirit of Ceará in the abolition of Brazilian slavery was facilitated due to its small number of slaves. The state economy was based on extensive livestock farming, incompatible with slavery, since there would be a high risk of escape, and on cotton plantations, for which the cropping cycle, requiring only a short-term use of slave labor, would incur high costs. Chico da Matilde built at his home a shed to provide shelter and concealment of slaves. At this same place, there was an altar where novenas were made to Our Lady of Nazareth, patron saint of seafarers, to whom he had special devotion. Due to his direct participation in the decisions and actions taken in the August 1881 rebellion, Chico da Matilde had his pilot’s license cancelled by the government, and was only reinstated in 1889 by order of Emperor Dom Pedro II. A year later, he was given the patent of top aide to the secretary-general of the Senior Command of the National Guard of Ceará State, considered an elite corporation. In this position, he would wear a handsome blue and red uniform with gold buttons, and white gloves.
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dos jangadeiros, o prático levou sua jangada Liberdade, que se tornara símbolo da resistência. Na capital do Império, foi ovacionado nas ruas e recebeu uma série de homenagens pela bravura com que defendeu a causa abolicionista. Participou de desfiles e comemorações, e foi destacado como herói em artigos da imprensa sobre a libertação dos escravos na província cearense. “O seu velho está tonto com as festas e com os cumprimentos de tanta gente importante. (...) A festança foi de arromba, e o nome da nossa querida sociedade foi muito vivado”, disse então Francisco José do Nascimento em carta a sua esposa. Foi nesse contexto que o romancista maranhense Aluísio de Azevedo a ele se referiu como Dragão do Mar em um artigo de jornal, alcunha pela qual passou a ser conhecido. Durante sua estada na Corte, foi-lhe oferecida uma recompensa pelos serviços prestados em prol do abolicionismo, a qual recusou educadamente: “Muito obrigado! Sou um homem pobre, mas não vim à Corte por causa de dinheiro. Por que não compram a carta de liberdade de alguns escravos com esta importância?”, sugeriu, conta Audifax Rios no livro Dragão do Mar e seu tempo. Após regressar do Rio de Janeiro, Francisco José do Nascimento se dedicou à religião católica e ao trabalho de prático, em que atendia navios de companhias estrangeiras, conduzindo-os por uma singradura de 12 milhas, do porto até a foz do Rio Ceará, passagem considerada perigosa. Por algum tempo, sua luta em prol da abolição deu lugar a campanhas referentes à recémproclamada República. Infelizmente, consta que a velhice de Francisco José do Nascimento foi triste e no ostracismo. Ele faleceu em março de 1914, pouco antes de completar 75 anos. Segundo o biógrafo Edmar Morel, um pelotão do Exército e a tropa da Escola de Aprendizes Marinheiros acompanharam o cortejo fúnebre.
Foto/photo: Humberto Pradera
No centenário de sua morte, em 2014, o Dragão do Mar foi homenageado em todo o país. Hoje, ele é nome de rua, centro cultural, estabelecimentos, navio e escola.
Tributes at Court After the 1881 episodes, slave trade in the Ceará port practically came to an end. The landowners who were unable to maintain their slaves were forced to emancipate them, which accelerated the abolition of slavery in the province, announced in March 1884, four years before the Áurea Act (abolition of slavery) was signed. The fact was widely published in Court journals and Francisco José do Nascimento, now president of the Ceará Liberation Society, that same year sailed to Rio de Janeiro. He sailed on the ship Espírito Santo, the same one that had been target of the raft fishermen’s strike, taking aboard his raft Liberdade, which had become a symbol of resistance. In the capital of the Empire, he was cheered in the streets and received a series of tributes for his bravery in defending the abolitionist cause. He took part in parades and commemorations, and the Press celebrated him as a hero of the emancipation of slaves in the Ceará province. “Your old man is dizzy with the festivities and accolades from such important people. (...) The celebration was overwhelming, and the name of our dear society was on everyone’s lips”, so wrote Francisco José do Nascimento in a letter to his wife. It was in this context that the novelist Aluísio de Azevedo from Maranhão referred to him as the Sea Dragon in a newspaper article, a name by which he became so well known. During his stay at Court, he was offered a reward for the services provided for abolitionism, which he politely refused: “Thank you very much! I’m a poor man but I didn’t come to Court for money. Why not use this sum to buy the emancipation charter for some slaves?” he suggested, according to Audifax Rios in his book Dragão do Mar e seu tempo [Sea Dragon and his time]. After returning from Rio de Janeiro, Francisco José do Nascimento devoted himself to the Catholic religion and to his pilot’s work, attending foreign ships, leading them through a 12-mile stretch considered hazardous from the port to the mouth of the Ceará River. For some time, his fight for abolition gave way to campaigns for the newly proclaimed Republic. Unfortunately, it is said that Francisco José do Nascimento’s old age was sad and forgotten. He died in March 1914, a short time before his 75 th birthday. According to his biographer Edmar Morel, a platoon from the Army and a troop from the Trainee Mariner School accompanied the funeral procession.
PRESENTES NA CERIMÔNIA DE ENTRONIZAÇÃO DO DRAGÃO DO MAR PRESENT AT THE SEA DRAGON’S ENTHRONEMENT CEREMONY OF THE SEA DRAGON
On the centenary of his death in 2014, the Sea Dragon was commemorated nationwide. Today, he is the name of a street, cultural centers, establishments, a ship and school. 33
inclusão social social inclusion
Apoio da Praticagem de Santos é essencial para funcionamento de creches no Guarujá Santos pilotage union support is key to day care centers in Guarujá Every year the children in the Maria Teresa day care center in Guarujá eagerly look forward to the Christmas festivities. “Miss Daniele, is Santa Claus really coming?”, is one of the questions Daniele Cristina dos Santos, director of the institution, most often hears at this time of year.
FESTA DE NATAL NA CRECHE MARIA TERESA DE ALMEIDA CHAGAS CHRISTMAS PARTY IN MARIA TERESA DE ALMEIDA CHAGAS DAY CARE CENTER
Todos os anos as crianças da creche Maria Teresa, no Guarujá, esperam ansiosamente a festa de Natal. “Tia, o Papai Noel já está vindo?” é uma das perguntas que a diretora da instituição, Daniele Cristina dos Santos, mais escuta nesta época. “As crianças ficam bem ansiosas. Durante o mês, a gente vai trabalhando o sentido do Natal, os valores. Elas começam a criar expectativa, trabalhar a imaginação, tudo para esse dia”, conta Daniele, de 36 anos. Em 2018, a festa ocorreu no dia 19 de dezembro. Às vésperas da visita do Papai Noel, as crianças revelam à diretora os presentes que gostariam de ganhar. Tablets, bonecas e brinquedos de superheróis são os mais populares, afirma Daniele. A festa de Natal na creche Maria Teresa de Almeida Chagas, assim como as comemorações de Páscoa e Dia das Crianças, entre outras, é possível graças à Praticagem de Santos, que dá apoio financeiro à instituição desde 1989, no âmbito de um trabalho social pelo bem-estar da comunidade. Além da Maria Teresa, localizada no bairro de Santa Cruz dos Navegantes, a Praticagem ajuda a creche Tia Nice, no bairro Conceiçãozinha, também no Guarujá. Ambas ficam em áreas carentes e atendem, no total, cerca de 400 crianças de quatro meses a quatro anos de idade. “O estaleiro da Praticagem de Santos fica numa comunidade muito carente, então temos essa preocupação há vários anos; se estamos inseridos aqui, temos que ajudar a melhorar a vida no bairro”, afirma Helder Puia, gerente de logística da Praticagem de Santos, que também cuida da parte social. Segundo Daniele, a Praticagem ajuda a creche Maria Teresa durante o ano todo com a manutenção do espaço – piso, ventilador, pintura, ar-condicionado, entre outras necessidades – e com a doação mensal, em dinheiro, de três mil reais. 34
“The children get very excited. Throughout the month we are working on the meaning of Christmas and its values. They start with high expectations, their imagination running riot, everything for this one day”, says 36-year old Daniele. This year the party is on December 19. The day before Santa Claus’ visit, the children tell the director what gifts they would like to get. Tablets, dolls and superhero toys are the most popular, says Daniele. In the Maria Teresa de Almeida Chagas day care center Christmas celebrations, as well as Easter and Children’s Day, for example, are only possible thanks to the Santos pilotage union, which has been funding the institution since 1989, as a social project for the community’s wellbeing. In addition to the Maria Teresa day center, located in the neighborhood of Santa Cruz dos Navegantes, the Pilotage also helps Tia Nice day care center in the Conceiçãozinha neighborhood, both in Guarujá. They are located in poor areas and together total around 400 children between the ages of four months and four years. “The Santos pilotage shipyard is located in a very poor community, and so for some years this has been one of our interests; if we are here, we have to help towards improving the life of the neighborhood”, states Helder Puia, logistics manager of Santos Pilotage and who also takes care of the social aspects. According to Daniele, the Pilotage helps the Maria Teresa day care throughout the year by maintaining the space – floor, fan, paintwork, air conditioning, and so on – and with a monthly cash donation of three thousand reals. “They also help with all commemorative events, bring toys at Christmas and on Children’s Day and chocolate Easter eggs”, explains the director. On the day of the Christmas festivities “we do a different lunch, it’s a really great day, very exciting. The pilotage union arrives with toys, hires a Santa Claus and what a party it is”, say Daniele, adding that the pilotage team is directly involved in the festivities.
inclusão social social inclusion
Helder tells how the pilotage not only helps the day care centers, but is also socially active in other projects in the region. For example, it distributes candies for the local children, has already fitted out a community bakery and refurbished part of the local school.
No dia da celebração de Natal, “a gente faz um almoço diferente, é um dia bem legal, bem emocionante. A Praticagem vem com os brinquedos, contrata um Papai Noel, é uma festa e tanto”, diz Daniele, acrescentando que há participação direta da equipe da Praticagem nas festas. Helder conta que, além das creches, a Praticagem desenvolve outras ações sociais na região. Promove, por exemplo, distribuição de doces para as crianças do bairro, já equiparam uma padaria comunitária e reformaram uma parte da escola local. “Sempre que surge alguma necessidade aqui, ajudamos. São bairros muito carentes, o poder público praticamente não atinge. O maior volume de ajuda acaba sendo da Praticagem”, aponta. As doações colaboram para suprir algumas das crianças atendidas pela creche Maria Teresa, Daniele, são diversas, incluindo alimentação e possibilitam a realização de atividades culturais e passeios ao Aquário e ao Orquidário de Santos.
carências das que, segundo vestimenta, e de lazer, como
Em declaração a um vídeo institucional da Praticagem de São Paulo, Cristiane Santos de Lima, administradora-geral da Creche Tia Nice, conta que chegou a fechar o local em 2005, por falta de condições financeiras. “Por um milagre de Deus a Praticagem veio aqui; eles gostaram do meu projeto, viram que não podia parar e me deram condições, reformaram a creche inteira, e aí nós voltamos a funcionar, com muita qualidade”, lembra. Outras associações beneficiadas pela Praticagem de Santos incluem o Lar das Moças Cegas, o Lar de Assistência ao Menor, o Asilo de Inválidos de Santos, a Assistência Social da Ponta da Praia, o Lar Espírita Mensageiros de Luz e o Núcleo de Reabilitação de Excepcional São Vicente de Paulo (Nurex).
“Whenever something needs doing, we help. These are very poor neighborhoods and the public authorities barely ever reach them. Most of the aid actually comes from the pilotage”, he says. Donations help meet some of the children’s requirements in Maria Teresa day care, which according to Daniele are many, including food and clothes, and they help provide cultural and leisure activities, such as, for example, tours to the Aquarium and the Orchid House in Santos. In a statement for an institutional video of the São Paulo pilotage, Cristiane Santos de Lima, general administrator of the Tia Nice day care center, explains that it actually had to close down in 2005 due to lack of funds. “It was a miracle from God that the pilotage came here; they liked my project, realized that it couldn’t stop and gave me the conditions to keep working. They refurbished the whole center, and that was how we started up again with much better quality”, she recalls. Other associations benefitting from Santos pilotage include the Blind Girls’ Home [Lar das Moças Cegas], Child Care Home [Lar de Assistência ao Menor], Santos Home for the Disabled [Asilo de Inválidos de Santos], Ponta Praia Social Welfare [Assistência Social da Ponta da Praia], Lar Espírita Mensageiros de Luz and the Rehabilitation Center for the Vulnerable [Núcleo de Reabilitação de Excepcional São Vicente de Paulo - Nurex]. The pilotage union was also the first Santos business to believe in the Port Logistics Agent Course, offered by the Settaport Foundation to help young people join the job market. The partnership with Settaport also includes sponsoring the Electronics Waste Recycling Center, planned to preserve the environment and recycle computer hardware for setting up digital inclusion centers. Araquém Alcântara
“Além disso, eles ajudam em todos os eventos que fazemos em datas comemorativas, trazem brinquedos no Natal e no Dia das Crianças e ovos de chocolate na Páscoa”, aponta a diretora.
A Praticagem foi, ainda, a primeira empresa santista a acreditar no Curso de Agente Logístico Portuário, promovido pela Fundação Settaport, que ajuda jovens a ingressar no mercado de trabalho. A parceria com a Settaport compreende também o patrocínio ao Centro de Reciclagem do Lixo Eletrônico, que busca a preservação do meio ambiente e recupera equipamentos de informática para a montagem de centros de inclusão digital. 35
Evento sobre direito marítimo reúne ministros e desembargadores em Búzios Event on maritime law brings together ministers and appellate judges in Búzios De 9 a 11 de novembro, foi realizado em Búzios o evento "Direito Marítimo na Visão dos Tribunais", que discutiu aspectos tributários, ambientais, jurídicos e regulatórios relacionados ao desenvolvimento marítimo. Estiveram presentes como palestrantes os ministros do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski; ministros do Superior Tribunal de Justiça, entre eles o presidente João Otávio de Noronha; desembargadores, advogados, práticos e o governador eleito, Wilson Witzel. “É importante que pensemos não só no comércio marítimo, mas em todas as nossas riquezas que estão no mar, em como as explorar e preservar”, considerou o diretor-presidente do Conapra, Gustavo Martins. The event "Maritime Law from Law Courts’ Viewpoint" was held in Búzios, November 9-11 to discuss tax, environmental, legal and regulatory aspects relating to maritime development. The speakers at the event were the Federal Supreme Court ministers Luiz Fux, Marco Aurelio Mello and Ricardo Lewandowski; president João Otávio de Noronha and ministers of the Superior Court of Justice, and appellate judges, barristers, pilots and the elected governor Wilson Witzel. “It is important for us not only to consider sea trade but also all our maritime treasures, how to exploit and preserve them”, commented Gustavo Martins, Conapra director-president.
Praticagem da Barra do Pará ganha nova sede Barra do Pará pilotage given new headquarters A Praticagem da Barra do Pará ganhou nova sede administrativa e operacional, em Belém, localizada no bairro da Cidade Velha. Passa, assim, a reunir todos os setores num só local, agilizando o serviço e oferecendo mais segurança nas operações. A sede inclui o novo centro de operações, que conta com a mais alta tecnologia em equipamentos de gerenciamento e monitoramento de tráfego aquaviário e com sistema de balizamento virtual pioneiro no país. Estiveram presentes no evento o comandante do 4o Distrito Naval, almirante Edervaldo, o capitão dos portos da Amazônia Oriental, comandante Santiago, e o secretário de estado de Transportes, Kleber Menezes, entre outras autoridades. Barra do Pará pilotage is now installed in new administrative and operational headquarters in Belém, in the neighborhood of Cidade Velha. It can now combine all sectors in one place, expediting the service and offering safer operations. The headquarters includes the new operations center, which has state-of-the-art technology in waterway traffic management and monitoring equipment, and the first virtual marking system in the country. Some of the authorities attending the event were Vice-Admiral Edervaldo Teixeira de Abreu Filho, commander of the Fourth Naval District; Navy captain José Alexandre Santiago da Silva, commanding officer of the Eastern Amazon ports (Cpaor), and Kleber Menezes, state secretary for transportation. Errata
PRÁTICOS/PILOTS EVANDRO SAAB E/AND MIGUEL SALGADO E/AND VICE-ALMIRANTE/VICE ADMIRAL EDERVALDO TEIXEIRA DE ABREU FILHO
Na edição número 50 da Rumos Práticos, erramos ao usar “capitã-tenente” e “capitã de fragata” em referência às autoras dos artigos publicados nas páginas 26 e 32, respectivamente. Embora se utilize “capitã” no mundo civil, nos postos das Forças Armadas as expressões "capitão-tenente" e "capitão de fragata" não variam quando seus titulares são do sexo feminino. Desse modo, o correto seria empregar os títulos “capitão-tenente do Departamento Técnico da Superintendência da Segurança do Tráfego Aquaviário” para citar Adriana Pina Silveira Santos Gomes e “capitão de fragata encarregada da Divisão de Água e Lastro e Bioincrustação da Superintendência de Meio Ambiente” ao mencionar Maria Cecilia Trindade de Castro. 36
Praticagem participa do encontro da Intertanko Pilotage participates in the Intertanko meeting O prático Johann Georg Hutzler, membro do Conselho Técnico do Conapra, fez palestra sobre a praticagem do Brasil no 18o Encontro do Painel Latino-Americano da Associação Internacional dos Armadores Independentes de Navios-petroleiros (Intertanko), ocorrido no Rio de Janeiro no dia 16 de outubro. Johann mostrou os investimentos da praticagem em treinamento e tecnologia que contribuem para a manutenção do baixo índice de acidentes no país. Aproveitou também para reforçar a preocupação dos práticos com a conservação e instalação correta dos arranjos de embarque e desembarque e com a necessidade da antecipação de informações pertinentes sobre a embarcação fornecidas pelo comandante. Pilot Johann Georg Hutzler member of the Conapra Technical Council, spoke about Brazilian pilotage at the 18th Meeting of the Latin American Panel of the International Association of Independent Tanker Owners (Intertanko), held in Rio de Janeiro on October 16th. Johann Hutzler demonstrated the pilotage investments in training and technology that contribute to Brazil’s downward trend in accident rates. He also took the opportunity to reinforce the pilots’ concern with conservation and correct installation of the embarking/ disembarking arrangements and the need to anticipate relevant information from the captain about the vessel.
Tripulantes da ZP-01 recebem treinamento de segurança PZ-01 crew receive safety training A Cooperativa Radar – braço logístico das empresas Amazon River Pilots, Archpilot e Macapá Pilots – passou a oferecer, trimestralmente, treinamento integrado de segurança na navegação para os tripulantes das entidades de praticagem da ZP-01. Durante dois dias, a tripulação das lanchas de praticagem é preparada para enfrentar emergências na execução dos serviços no Rio Amazonas, aprendendo noções de primeiros socorros, resgate e procedimentos com afogados. Operadores das estações de praticagem e profissionais de empresas de apoio portuário e de agências de navegação também estão convidados a participar do programa, conduzido em parceria com a Autoridade Marítima, o Corpo de Bombeiros Militar e a Defesa Civil. The Radar Cooperative – logistics branch of the companies Amazon River Pilots, Archpilot and Macapá Pilots – now offers quarterly integrated safety training in navigation for the crews of the PZ-01 pilotage units. For two days crews of pilotage motorboats are trained to tackle emergencies when providing services on the Amazon River, learning first aid and rescue concepts, as well as drowning procedures. Operators of the pilotage stations and professionals from port support companies and shipping agencies are also invited to participate in the program, conducted in partnership with the Maritime Authority, Military Firefighters’ Corps and Civil Defense.
Nota de falecimento
In Memoriam
Faleceu, no dia 2 de dezembro no Rio de Janeiro, aos 82 anos, o prático Expedicto José Pinheiro Damasco, da Praticagem do Rio de Janeiro (ZP-15) – Empresa Fênix Serviços de Praticagem Ltda. Ele entrou na praticagem em 1965, foi presidente do Conapra no biênio 1978/1979 e estava aposentado desde 2017. O prático Fernando de Castro, da Praticagem do Rio Grande (ZP-19), faleceu no dia 5 de novembro na cidade de Passo Fundo. Ele tinha 72 anos e estava aposentado. On December 2nd in Rio de Janeiro, 82-year old pilot Expedicto José Pinheiro Damasco from Rio de Janeiro Pilotage (PZ-15), company Fênix Serviços de Praticagem Ltda., passed away. He joined the pilotage in 1965, was president of Conapra for two years 1978/1979, and retired in 2017. Pilot Fernando de Castro, from Rio Grande Pilotage (PZ-19) died on November 5th in the town of Passo Fundo. He was 72 years old and retired. 37
Compromisso com a navegação segura Commit to Safe Navigation
A NAVEGAÇÃO SEGURA NAS ÁGUAS DE PRATICAGEM É TAREFA COMPARTILHADA ENTRE TIME DO PASSADIÇO E O PRÁTICO SAFE NAVIGATION IN PILOTAGE WATERS IS A SHARED TASK OF THE BRIDGE TEAM AND THE PILOT
Oferecer informações de navegação Respeitar-se mutuamente
Respect each other
Comunicar-se na viagem inteira Trabalhar juntos Ficar atentos
Work together
Stay alert
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foto/ photo : pixabay/alejandromedone_2208810
The ancient mariner – the life story of Admiral Tamandaré Com patriotismo e coragem, Joaquim Marques Lisboa (1807-1897), o almirante Tamandaré, protagonizou importantes acontecimentos da história do Brasil. Desse modo, é impossível contar sua trajetória sem revelar também a de muitos personagens que marcaram todo o século XIX, como dom Pedro II e a princesa Isabel, que o teve a seu lado como abolicionista convicto. Em sua obra, o escritor Alcy Cheuiche recria com habilidade fatos e ambientes, narrando com detalhes a trajetória desse patrono inconteste da Marinha do Brasil e colocando sangue nas veias de tantos personagens, sem se desviar do curso verdadeiro da história. With patriotism and courage, Joaquim Marques Lisboa (1807-1897), Admiral Tamandaré, was protagonist of major events in the history of Brazil. It is therefore impossible to talk about his life without mentioning that of many other figures who marked the entire 19th century, such as, for example, Dom Pedro II and Princess Isabel, who had him at her side as a staunch abolitionist. In his book, writer Alcy Cheuiche skillfully recreates facts and features, recounting in detail the journey of this indisputable patron of the Brazilian Navy and bringing to life so many other figures, without deviating from the true course of history.