Educação empreendedora: experiências na América do Norte. AUTORES: Renato Fonseca de Andrade Aluno do curso de pós-graduação (mestrado) em Engenharia de Produção UFSCAR – Universidade Federal de São Carlos Endereço: Rua São Sebastião 1442 ap. 31 CEP 14015-040 – Ribeirão Preto – SP Fone: (0**)16-632-7120 Email: renatoa@sebraesp.com.br Ana Lúcia Vitale Torkomian, Profª Dra. UFSCAR – Universidade Federal de São Carlos Endereço: Via Washington Luiz, Km 235 – Caixa Postal 676 CEP 13565-905 - São Carlos – SP Fone: (0**)16-260-8237 R: 218 Fax: (0**)16-260-8240 Email: torkomia@power.ufscar.br
Resumo: O artigo relaciona o termo inovação ao perfil empreendedor e ao posicionamento competitivo de empresas e países no período contemporâneo. A compreensão dessa relação tem direcionado países a estimularem programas de educação empreendedora em suas universidades e escolas. Através da apresentação de experiências desenvolvidas em países da América do Norte, o artigo apresenta conclusões que podem ser utilizadas em programas semelhantes no Brasil. Palavras-chave: Empreendedorismo, educação empreendedora, inovação.
Introdução: No final do século XX os países do mundo todo buscam alternativas de desenvolvimento. Muitas dessas alternativas são realizadas por direcionamentos estratégicos que enfocam o aumento da competitividade empresarial, a geração de empregos, o aumento da qualidade de vida, a erradicação da pobreza e a melhoria da qualidade de vida, entre outros. No âmbito da competitividade empresarial, o investimento em educação empreendedora tem tido um enfoque cada vez maior ao longo do tempo.
Nações desenvolvidas têm realizado grandes esforços nesse sentido e sua difusão tem alcançando uma dimensão global, como exemplificado pelos programas de desenvolvimento de características empreendedoras aplicados na África que, embora não apresentem soluções de curto prazo para o desemprego, talvez pela falta de um ambiente de negócios, são considerados como estratégias de desenvolvimento naquele país (Nafukho, 1998). No Brasil, algumas iniciativas localizadas vem sendo realizadas, mas ainda não existe um direcionamento estratégico formal que incentive a prática de educação empreendedora em escolas, sejam elas universidades ou de primeiro e segundo graus. Dessa forma, toda informação proveniente de trabalhos realizados na área podem determinar melhores condições para tomadas de decisão futuras. Este artigo pretende contextualizar a educação empreendedora como item estratégico de países em busca de posicionamento competitivo no século XXI, através da apresentação e análise de iniciativas desenvolvidas em países da América do Norte. Os dados foram coletados em visita à Toronto Referency Library e University of Toronto, realizada em fevereiro de 2000. Inovação e o Ambiente de Negócios: Uma reflexão sobre as tendências atuais de atitudes a serem tomadas para a concepção de uma organização ou para a atuação no mercado de trabalho deve abranger questões que traduzam o momento de transformação contemporâneo. O chamado período pós-industrial, caracterizado por uma intensa competição entre estruturas organizacionais direcionadas para o cliente, flexíveis, com valorização do capital intelectual e auto-organizadas (DOLL,1990) exige das empresas constantes reposicionamentos e cada vez mais destaca a componente inovação como diferencial competitivo. Lidar com o novo representa um grande desafio para as organizações. Se, no final da década de 80 a flexibilidade era apontada como o grande diferencial da indústria Japonesa (De Meyer,1989), ao final da década de 90 tem suas dimensões potencializadas no mundo todo. Empresas são formadas por pessoas e empresas inovadoras devem ter em seus quadros de recursos humanos a presença de colaboradores com perfil inovador. Surge então uma questão interessante. O potencial competitivo de uma organização contemporânea está diretamente relacionado com a sua capacidade de revelar, conquistar, reter e unir pessoas talentosas (Reich, 1999) com alto poder criativo e de realização.
Drucker (1985) classifica inovação como “uma ferramenta específica de empreendedores, que significa o aproveitamento das mudanças como oportunidades para diferentes negócios, diferentes produtos e serviços.” Dessa forma, no ambiente de negócios contemporâneo, destaca-se um comportamento pessoal personificado por um antigo conhecido do mundo empresarial: o empreendedor. O Empreendedor e suas características: O termo empreendedor tem suas origens no século XII, a partir da palavra francesa “entreprende” que significa “fazer alguma coisa”. O termo era freqüentemente utilizado para descrever “merchant adventures” durante a Renascença. Em tempos mais recentes o termo foi popularizado pelo economista de Harvard Joseph Schumpeter, que definiu os empreendedores como aquelas pessoas capazes de liderar o desenvolvimento de novos mercados, novos produtos, novos serviços e novos métodos de produção e distribuição. (Dyer,1992). Bygrave (1997), afirma que o “período atual é a época do empreendedorismo e que os empreendedores estão dirigindo uma revolução que está transformando e renovando as economias em uma amplitude mundial.” Vários postos de trabalho estão sendo criados a partir de iniciativas empreendedoras, principalmente em pequenas e médias empresas. Pode-se então compreender que o perfil empreendedor, como criador de novas empresas ou como integrante do quadro funcional de empresas já criadas pode significar a diferença em termos da geração de diferenciais competitivos que garantam a permanência das organizações no mercado. Várias tentativas foram feitas na literatura para classificar as características de comportamento do empreendedor. No quadro 1 são apresentadas quatro referências que fazem essa classificação. Essas referências foram selecionadas para ilustrar fontes de características de comportamento empreendedor difundidas no Brasil, nos EUA e no Canadá. A seguir um breve comentário sobre elas. O Programa Empretec é operacionalizado no Brasil pelo SEBRAE desde 1993 através de uma parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD e com a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores - ABC/MRE. Seu objetivo é o fortalecimento dos negócios e estímulo ao desenvolvimento de pequenos negócios, através do reconhecimento, prática e reforço das competências características dos empreendedores de sucesso.
The entrepreneurial experience, EUA (Gibb,1992) é uma obra que apresenta a experiência empreendedora, enfocando aspectos como dilemas da carreira empreendedora e as características do empreendedor. The young entrepreneurs guide to starting and running a business, EUA, (Mariotti et al, 1996) é uma obra que apresenta as características do empreendedor e traz várias informações úteis para professores que atuam em programas de educação empreendedora. The entrepreneurs handbook, Canadá, é uma publicação do The Entrepreneurship Centre. A obra foi desenvolvida pela cooperação entre funcionários do centro com representantes da comunidade empresarial local, com o objetivo de retratar suas experiências empreendedoras.
Quadro 1 – Características do comportamento empreendedor segundo diversas referências. Programa Empretec
Busca de oportunidades e iniciativa Correr riscos calculados Exigência de qualidade e eficiência Persistência Comprometimento Busca de informações Estabelecimento de metas Planejamento e monitoramento sistemáticos Persuasão e rede de contatos
The entrepreneurial experience
Habilidade de reconhecer oportunidades Habilidade para correr riscos
The young entrepreneurs guide to starting and running a business
The entrepreneurs handbook
Correr riscos
Tolerantes às incertezas e ambiguidades
Habilidade para suportar stress Comprometimento com o negócio
Perseverança
Resistentes, elásticos
Orientação para metas
Direção para metas Visão de futuro
Persuasão
Independência e auto-confiança
Confiança
Auto-confiantes
Adaptabilidade Habilidade para resolver problemas criativamente Desejo de competir Espírito competitivo Habilidade para tornar o trabalho divertido
Honestidade Otimismo realístico
Motivados e motivadores Integridade e confiança Otimismo realístico
Disciplina Organização
Pode-se apresentados.
perceber
semelhanças
e
variações
entre
os
modelos
A combinação dos modelos pelas características de maior intensidade sugere o empreendedor como uma pessoa criativa, auto-confiante, persistente, capaz de aproveitar oportunidades, de correr riscos e direcionada para metas. Algumas caraterísticas são até paradoxais em um mundo de oportunidades baseadas na inovação. Talvez fosse mais apropriado a não generalização dessas características mas o entendimento de que elas se referem à alguns aspectos de alguns empreendedores (Stevenson, 1999). A Educação Empreendedora como item estratégico para o desenvolvimento das nações: A iniciativa empreendedora sempre foi de grande importância estratégica para qualquer país do mundo capitalista, pois é a partir dessas ações que ocorrerem a geração de riquezas e postos de trabalho. Acrescentando-se a isso a consideração de que o ambiente de negócios atual está baseado na inovação e que inovações são frutos de iniciativas empreendedoras, pode-se formular a seguinte questão: será possível estabelecer ações que incentivem o desenvolvimento das características empreendedoras nos indivíduos de uma nação, no sentido de incremento do ambiente de negócios e com conseqüências na melhoria de sua qualidade de vida e posicionamento competitivo ?
Esta é uma questão muito importante que deve ser objeto de outros estudos, inclusive porque o investimento em educação empreendedora, além de ser potencial para o aumento da competitividade de uma nação, também pode minimizar o impacto de mudanças organizacionais causadas por estratégias de downsizing e terceirização, entre outras, ao apresentar para a população a alternativa da carreira empreendedora. Acreditando nessas relações, muitos países do mundo têm adotado programas de educação empreendedora como estratégicos em seus processos de desenvolvimento e geração de empregos. Como exemplo são apresentadas abaixo a visão de futuro e metas definidas no plano estratégico de 1992-1995, desenvolvido pela província de Ontário, Canadá, com apoio do Entrepreneurship & Small Business Office, Industry, Science & Technology Canada (1992): Visão de futuro: (Estabelecer) uma cultura empreendedora que incentive pessoas a serem inovadoras, criativas, responsáveis e auto-confiantes e, por consequência, melhore nossa qualidade de vida. Metas: 1. Estabelecer a educação empreendedora como um componente essencial do aprendizado; 2. Aumentar o número de bem sucedidas aventuras empreendedoras e iniciativas; 3. Aumentar a retenção dos estudantes; 4. Estabelecer um ambiente que conduza ao empreendedorismo, inovação e mudança. O mesmo documento apresenta a seguinte definição para educação empreendedora: Educação empreendedora tem o objetivo de desenvolver uma gama de habilidades, atitudes e comportamentos, acrescidos por um relevante conhecimento, entendimento e experiência, que motivem e equipem indivíduos para o direcionamento de recursos para oportunidades, através de novos e inovativos esforços. Isto é, educação empreendedora objetiva encorajar indivíduos para serem criativos, inovativos, responsáveis e auto-confiantes em suas abordagens.
O plano cita ainda considerando que ela:
a
importância
da
educação
empreendedora,
· Prepara os estudantes para aceitarem mudanças, responder a mudanças e liderar mudanças; · Promove a criatividade e a inovação; · Conduz nova aventuras empreendedoras, novos trabalhos e oportunidades de empregos; · Equipa os jovens para as futuras responsabilidades que eles irão assumir governando e tentando manter e melhorar o estilo de vida de todos os cidadãos. As atividades previstas no plano estratégico incluem ações desde a escola elementar, passando pela universidade e mantendo-se em programas de aprendizado para toda a vida, em um trabalho integrado com variações de foco. Como este exemplo, existem outros que revelam o interesse estratégico de países em realizar investimentos em educação empreendedora. Esses investimentos se traduzem em várias iniciativas que buscam encontrar os melhores meios para o atingimento dos objetivos propostos. A seguir serão apresentadas algumas dessas iniciativas desenvolvidas na América do Norte, procurando estabelecer alguns parâmetros que sirvam como referenciais para estudos futuros sobre educação empreendedora no Brasil. Fogelman College, University of Memphis, EUA – Criando um centro de empreendedorismo. Um bom exemplo a ser analisado de experiências em educação empreendedora é o que vem sendo desenvolvido no Fogelman College, University of Memphis. Randall (1997) em seu artigo sobre essas iniciativas relata que o empreendedorismo é uma das áreas de mais rápido crescimento nos EUA e que desde 1993, mais de um terço das escolas de administração de empresas nesse país tem criado concentrações em empreendedorismo. A participação de estudantes nos programas de empreendedorismo é decorrente da percepção da diminuição de postos de trabalho nas corporações e do entendimento de que a carreira empreendedora é uma opção válida. Convencidos de que o empreendedorismo poderia ser ensinado, membros do Fogelman College, aliados a grupos formados por executivos e líderes da comunidade estabeleceram em 1997 a seguinte meta de desenvolver o Fogelman College como um centro de empreendedorismo. Esse centro teria a finalidade de prover uma variedade de programas instrucionais, pesquisas e serviços
relacionados ao empreendedorismo. Através do centro, estudantes teriam sua atenção voltada ao crescimento e oportunidades de carreira nas pequenas empresas e na área empreendedora. Como estratégias, o futuro centro considerou a aliança com parceiros variados como a Sociedade de Empreendedores, o Centro de Desenvolvimento de Pequenas Empresas e outros grupos que estimulam o empreendedorismo e os exemplos de programas já implantados como por exemplo no Babson College (Massachusetts). Algumas das diretrizes de atuação do Fogelman College para estabelecer um centro de empreendedorismo na University of Memphis são apresentadas à seguir (Randall,1997): · Estabelecer um programa de empreendedorismo com abordagens tanto em aspectos práticos do mundo dos negócios como conceitos de administração de empresas. · Proporcionar empreendedoras.
estágios
em
empresas
com
características
· Realizar seminários sobre empreendedorismo proferidos por empreendedores, no sentido do compartilhamento de suas experiências. Esses seminários seriam abertos à comunidade. · Promover a participação de empreendedores dentro das salas de aulas, no sentido de apresentarem a carreira empreendedora como uma opção viável. · Formar grupos de ensino compostos por empreendedores e membros da faculdade, unindo forças acadêmicas e práticas para instrução e demonstração aos estudantes de como lançar, desenvolver e operar um novo negócio com sucesso. · Realizar aulas em empresas cujos monitores sejam proprietários ou futuros empreendedores. Essas classes ajudam no desenvolvimento das habilidades necessárias ao sucesso de um novo negócio. · Prover suporte a pequenos negócios. O centro de empreendedorismo ajudaria conduzindo programas e dando consultoria especificamente desenhadas para apoiar e capacitar pequenos negócios. Esses programas e serviços não teriam custos ou teriam custos reduzidos para os proprietários dessas empresas. · Promover programas de prêmios de empreendedorismo. Esse programa reconheceria e premiaria as conquistas dos empreendedores na região da escola, e organizaria um fórum para os estudantes e para a comunidade aprenderem mais sobre as características do negócios líderes (Randall, 1997).
Essas diretrizes são interessantes para serem analisadas do ponto de vista de que elas criam um movimento de transformação ampla no sentido da a geração de uma cultura empreendedora em Memphis. College Boreal, Canadá – Contribuindo para o desenvolvimento regional. Uma outra abordagem na instauração de um centro para o desenvolvimento de pequenos negócios dentro de uma universidade é encontrada no College Boreal, na província de Ontário, Canadá. O caminho utilizado para o estabelecimento da cultura empreendedora na escola é a disponibilização de programas de educação empreendedora para os estudantes e de treinamento para o staff, de maneira que a escola seja administrada como um negócio. O objetivo é o desenvolvimento de recursos humanos, das pequenas e médias empresas e a da economia da região, dando apoio aos estudantes que queiram desenvolver seus próprios negócios. Para trabalhar próxima a parceiros da comunidade e investidores para os programas, foi criada uma divisão chamada “Les Enterprises Boreal”, que oferece um serviço baseado na multi-disciplinaridade das equipes da escola. A divisão tem um Centro de Desenvolvimento de Negócios com programas e serviços destinados a todas as áreas relativas ao suporte e ao desenvolvimento de pequenos negócios (Mills,1996). University of Denver, EUA – Atuação em telecomunicações. Também acreditando no potencial da universidade para a geração de novos negócios e entendendo os reflexos dessas iniciativas junto ao desenvolvimento econômico da comunidade, a University of Denver apresenta um exemplo interessante pela concentração de foco em seu programa de empreendedorismo, direcionando-o para um setor em grande crescimento no país, o de telecomunicações. O programa, desenvolvido através de cursos de férias e com duração de cinco semanas tem o propósito de iniciar futuras empresas em sala de aula. Nos cursos os alunos são divididos em grupos e incentivados a conceber idéias inovadoras na área de telecomunicações. A partir daí são desenvolvidos estudos de viabilidade e marketing e um plano de negócios. Constatando-se a viabilidade, os alunos são encorajados a implantar a empresa, buscando financiamento e as condições necessárias para o início do empreendimento.
Em 1997, a ECAP, uma empresa projetada em sala de aula para atuar na área de fibras óticas, estava em negociações para levantar US$ 35 milhões e lançar-se no mercado. (Aven, 1997). John Hopkins University, EUA - Percebendo mudanças na engenharia “ Dez anos atrás, um típico estudante de engenharia tinha o objetivo de sair da faculdade e ingressar em grandes companhias como IBM ou General Motors” (Marcus,1997). Com a diminuição dos postos de trabalho em grandes corporações e com a insegurança nos empregos, hoje em dia a realidade é diferente. Percebendo as mudanças no direcionamento das carreiras de engenharia, a John Hopkins University proporciona aos seus estudantes contato com o mundo dos negócios, no sentido de agregar valores que os auxiliem na criação de um novo negócio e, por extensão, do próprio emprego. A apresentação da carreira empreendedora aos estudantes de engenharia é feita pela universidade através de um mini-curso de três dias, realizado durante o período de recesso de inverno. O mini-curso tem o objetivo de ensinar aos estudantes temas que geralmente não são abordados em escolas de engenharia, como por exemplo, as características do trabalho em equipe e aspectos não técnicos sobre o mundo em volta deles. (Marcus,1997). Ysleta Texas Independent School District’s Student Entrepreneur Centre – Unindo a teoria e a prática. Um interessante iniciativa foi realizada pela Ysleta Texas Independent School District’s Student Entrepreneur Centre. Com os objetivos de minimizar a evasão de jovens da região que saiam em busca de empregos e de capitalizar o talento e a habilidade dos estudantes, foi montado um programa de prática de princípios básicos de negócios. Aconselhados por uma força-tarefa formada por pessoas da comunidade empresarial local, grupos de estudantes são incentivados a abrirem seus próprios negócios, desde uma concessão de pipocas até o desenvolvimento de softwares. Com a assistência de professores e membros da força-tarefa, os alunos desenvolvem planos de negócios, analisam oportunidades e aprendem sobre lucros e perdas. Para apoiar o currículo escolar e proporcionar para os alunos oportunidades de mercado, o distrito está transformando um sítio de 16 acres em uma combinação de centro de aprendizado e destino turístico. Neste espaço serão desenvolvidas classes para negócios, ciências e tecnologia, além de locais para exibição de performances e filmes e uma loja para comercializar produtos criados e produzidos pelos estudantes.
São promovidas também feiras abertas nas quais os estudantes são estimulados a desenvolver diversas atividades empreendedoras como vendas de produtos e os mais variados serviços. O distrito tem vários planos de expansão, um deles é a hospedagem de uma incubadora de pequenas empresa que, além de proporcionar aos estudantes o contato com negócios, geraria uma integração com a comunidade. Formado por 57 escolas, sendo 35 elementares, 10 de ensino médio, 7 high schools, 2 alternativas, 1 para adultos e um centro para o estudante empreendedor, o distrito é apresentado como único nos EUA com esse tipo de abordagem, diferenciando-se não por ensinar os princípios de negócios, mas por oferecer um local para colocá-los em prática, um verdadeiro laboratório de negócios (Higginbotham, 1997). Outras experiências: A Northwood University , EUA, desenvolve seus programas de empreendedorismo focado em filhos de empresários no sentido da continuidade dos negócios. Os programas abrangem especializações em diversas áreas como marketing automotivo, “fashion” marketing e merchandising e gerenciamento de hotéis. Após esses dois anos iniciais os alunos que quiserem podem sair da escola para o mercado ou continuidade dos negócios da família ou permanecer por mais dois anos para obter o título de bacharel em administração. Diferentemente de outras universidades, a remuneração dos instrutores de Nothwood é feita pela quantidade de alunos inscritos nos programas. Essa medida estimula os instrutores a desenvolverem trabalhos cada vez melhores para atrair mais estudantes (Hensell, 1997). Janaazo (1997) observou dois programas de desenvolvimento de novos negócios em campus universitários nos EUA. Em Case Western Reserve University’s Wheaterhead School of Management, EUA, percebeu-se que o estudo do empreendedorismo aliado às áreas de tecnologia e mercado internacional está destacando-se no processo de educação para negócios na entrada do século XXI. Dessa forma há a proposta da criação de uma unidade acadêmica para estudos de empreendedorismo. Enquanto isso a escola oferece aos seus alunos o curso de “Desenvolvimento de Novos Negócios”, no qual os estudantes interagem com equipes de empresas e apresentam como trabalho final um artigo com recomendações. Os melhores artigos são selecionados pelo diretor da escola de administração e enviados para as empresas analisadas, que recebem os estudos como uma contrapartida pelo suporte dado aos estudantes durante o curso.
O outro programa observado por Jannazo(1997), no Rita Fitzgerald Institute of Entrepreneurial Studies da University of Akron, EUA, também procura envolver a comunidade empreendedora no processo de educação. O programa proporciona o desenvolvimento de um plano de negócios através da análise detalhada de marketing, finanças, gerenciamento e análise de riscos. As notas semestrais são baseadas em apresentações dos planos de negócios em um painel de empreendedores de sucesso. Para estimular uma vivência prática, os alunos de último ano realizam estágios em empresas de uma incubadora associada ao instituto. Através dessa iniciativa, eles têm um contato pleno com pequenas empresas e adquirem uma percepção tanto de problemas quanto de atitudes a serem tomadas para o início e desenvolvimento de seus próprios negócios. Atuar desde os primeiros anos com noções de cidadania e negócios são os propósitos do Programa Junior Achievement, aplicado em várias escolas dos EUA. Após passarem por várias atividades em salas de aula os estudantes passam um dia em uma cidade temática chamada Exchange City, na qual são responsáveis por várias atividades como eleger o prefeito e outras autoridades, criar leis e preencher currículos para trabalhar em negócios da cidade (Junior Achievement Organization,1996). É um programa para ser objeto de estudos aprofundados, pois representa uma transformação no enfoque educacional nesta faixa etária. Conclusões: Os modelos apresentados neste artigo podem levar a dois campos de reflexões: O primeiro deles é se realmente as influências geradas pela educação empreendedora, entendida como item estratégico, podem representar movimentos econômicos significativos para um país, tanto em termos de seu posicionamento competitivo quanto em questões sociais e de qualidade de vida. Para um melhor entendimento dessa questão são necessários estudos temporais dos resultados das ações individuais dos alunos que passaram por projetos com esse foco. O segundo deles é se existe um modelo de educação empreendedora que possa ser padronizado e implantado em escolas no sentido do atendimento a um direcionamento estratégico de um país. Pôde-se observar nas iniciativas relatadas que os programas de educação empreendedora praticados na América do Norte têm variações consideráveis dentro de um mesmo objetivo.
Entretanto algumas similaridades podem ser referenciais desenvolvimento de novos programas de educação empreendedora:
para
o
· A abordagem prática de conceitos de negócios, no sentido da criação de um ambiente que simule a realidade, gerando o aprendizado através da experiência; · A busca de parceiros junto à comunidade, principalmente aqueles ligados ao mundo dos negócios, que poderão contribuir desde o fomento financeiro ao programa até na participação das atividades didáticas, como conselheiros, consultores ou disponibilizadores de estágios; · A abordagem de aspectos como marketing, finanças, gerenciamento e outros e sua combinação em um plano de negócios, proporcionando um raciocínio sistêmico que contextualize a relação entre oportunidade e viabilidade; · A abordagem de aspectos comportamentais, representando um papel fundamental no auto-conhecimento e no desenvolvimento de habilidades pessoais; · A apresentação da carreira empreendedora como opção de vida profissional; · A apresentação das características de empreendedores como ferramental para o desenvolvimento de uma carreira corporativa. Muito existe para ser feito no campo da educação empreendedora e muitas outras questões surgirão, sejam elas de cunho empresarial, social ou educacional. Referências Bibliográficas: AVEN, PAULA. DU tailors startup program to telecom industry. Denver Business Journal, august 1, 1997 v48 n47 p39A(1). BYGRAVE, WILLIAM D. The portable MBA in entrepreneurship. USA: John Wiley & Sons, Inc, 1997. DE MEYER, A et al. Flexibility: the next competitive battle. The manufacturing futures survey. Strategic management Journal, 10, 1989. DOLL, W.J.; VONDEREMBSE,M.A The evolution of manufacturing systems: towards the post-industrial enterprise. OMEGA, International Journal of Management Science, v19, n.5, 1991. DRUCKER, PETER FERDINAND. Innovation and Entrepreneurship. USA: Harper & Row Publishers, Inc., 1985.
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