Maio de 2016
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O QUE ESTAMOS FAZENDO
COM NOSSAS ÁGUAS?
Fechamento Autorizado. Pode ser aberto pela ECT
CONSELHO REGIONAL DE BIOLOGIA DA 4ª REGIÃO
Quer sugerir, criticar ou elogiar? Fale com o Jornal do Biólogo: comunicacao@crbioͬͰ.gov.br
EDITORIAL
Delicado equilíbrio No Período Clássico, os gregos creditavam as forças da natureza a Zeus, o deus regente do Olimpo. Era ele quem comandava os fenômenos atmosféricos: quando irado, lançava sobre o mundo tempestades e raios. Por outro lado, nos momentos de paz enviava a chuva mansa que irrigava e fecundava a terra. Na cultura tupi-guarani o poder supremo é conhecido por Tupã, criador de todo o mundo animal e vegetal. Mas diversos outros deuses também se encarregam das forças da natureza na tradição indígena. É comum encontrarmos referências, por exemplo, a Amanaci como deus da chuva. Até mesmo na cultura cristã existe um ser superior responsável por “abrir as torneiras” dos céus, o apóstolo São Pedro. Mitologias e crenças religiosas à parte, como pesquisadores da vida que somos sabemos que a natureza e todos os elementos que a compõem repousam em um delicado equilíbrio, passível de graves consequências ao menor distúrbio. Nesse contexto, não é difícil reconhecer que a ação predatória do homem sobre os recursos naturais da Terra, em especial a água, vai muito além de um pequeno distúrbio. Durante toda a sua história a humanidade tem feito uso de recursos limitados como se proviessem de fontes inesgotáveis. Não tardaria para que a conta chegasse, como de fato tem
acontecido. Nesta edição do Jornal do Biólogo traçamos um panorama dessa situação do ponto de vista dos recursos hídricos. Começamos por uma reportagem que busca elencar alguns dos fatores relacionados à crise de abastecimento que o país enfrentou nos últimos anos. Trazemos, também, uma entrevista com o biólogo Ricardo Pinto Coelho, que detalha todos os graves erros cometidos antes e depois do maior desastre ambiental do país, resultado do rompimento da barragem da Samarco, no fim do ano passado. Ricardo, inclusive, esteve na sede do Conselho no mês de março participando de um debate sobre o tema promovido pelo CRBio- , o Papo com Biólogo. Por fim, é com grande prazer que apresentamos duas novas entidades surgidas no Distrito Federal e que se juntam ao Conselho na luta pela valorização e defesa dos profissionais de Ciências Biológicas: o Sindbio-DF e a ASSBIO-DF. Que possamos juntos caminhar para a consolidação de uma profissão cada dia mais forte, pois são os biólogos que, por formação, possuem as melhores condições técnicas de ditar os rumos para o restabelecimento do equilíbrio ambiental que poderá garantir nossa sobrevivência.
CRBio-ͬͰ Av. Amazonas, - º andar Belo Horizonte - MG | Telefone: ( ) www.crbio .gov.br | crbio @crbio .gov.br
Diretoria Executiva Presidente: Tales Heliodoro Viana Vice-Presidente: Arlete Vieira da Silva Tesoureiro: Gladstone Corrêa de Araújo Secretário: Evandro Freitas Bouzada
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Conselheiros Efetivos: Arlete Vieira da Silva, Bruce Amir Dacier Lobato de Almeida, Carlos Frederico Loiola, Edeltrudes Maria Valadares Calaça Câmara, Evandro Freitas Bouzada, Gladstone Corrêa de Araújo, Helena Lúcia Menezes Ferreira, Mariana Pires de Campos Telles, Renata Maria Strozi Alves Meira e Tales Heliodoro Viana Conselheiros Suplentes: Afonso Pelli, Aneliza de Almeida Miranda Melo, Elias Manna Teixeira, Emilson Miranda, João Gabriel Viana de Grázia, Juliana Ordones Rego, Laiane da Silva Santos, Meriele Cristina Costa Rodrigues Oliveira, Thiago Metzker, Wenderson Francisco de Almeida
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Tales Heliodoro Viana Conselheiro Presidente
Jornal do Biólogo Ano XX - Nº | Maio Produção Editorial: Berlim Comunicação | www.berlimcomunicacao.com.br Jornalista Responsável: Vitor Moreira | Registro: /MG Apuração pág. : Luisa Morais Projeto Gráfico: Rafael Chimicatti Diagramação: Gabriella Noronha Foto/Capa: imagem gentilmente cedida por Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios
CRISE HÍDRICA
Falta de chuva? Melhor repensar Entre os anos de e , período do Segundo Império, uma grande seca atingiu toda a região Nordeste, em especial o Estado do Ceará. Estima-se que mil pessoas morreram, algo em torno de % da população brasileira à época. Outras mil fugiram em direção a diferentes regiões do país. O imperador Pedro II prometeu vender até a última joia da Coroa para ajudar a população... Saltamos mais de anos na história e todas as joias da Coroa repousam protegidas no Museu Nacional do Rio de Janeiro e no Museu Imperial de Petrópolis. Como não é de se espantar, nenhuma foi vendida. Mas, obviamente, não é esse o foco aqui. O interessante de se observar é que mais de um século parece não ter sido tempo suficiente para que algumas lições fossem aprendidas.
Nos anos de , e o Brasil voltou a sofrer com uma severa crise hídrica, que atingiu, sobretudo, a região Sudeste. Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), as precipitações acumuladas no período de outubro de a setembro de ficaram abaixo da média em % das quase . estações pluviométricas avaliadas. Em mais da metade das estações, a chuva foi inferior a % da média registrada, chegando a ser, em algumas localidades, inferior a %. Mas os baixos índices de precipitações podem ser apontados como os únicos causadores de uma crise hídrica? Qual o papel da gestão? Qual o impacto do desperdício? O que tem sido feito pela preservação das bacias e para a diminuição do consumo? De que forma os biólogos podem contribuir? Descubra nas próximas páginas.
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CRISE HÍDRICA
A escassez na abundância Por que mesmo com a maior bacia hidrográfica do mundo o Brasil sofreu (e sofre) com a falta d’água O Brasil é o que se pode chamar de um país privilegiado quando se analisa a oferta de água. Pelo território brasileiro passam, em média, . m³/s. Entretanto, % desse total estão na bacia do rio Amazonas, ou seja, em região de baixa densidade demográfica e com pouca atividade industrial. A vazão média para todo o “resto” do Brasil é de . m³/s. Não que isso signifique pouca água. Mesmo desconsiderando a bacia do rio Amazonas o Brasil ainda seria um dos dez países com maior acesso a água potável no mundo. Por mais contraditório que possa parecer, talvez resida exatamente na abundância o problema da escassez. Com recursos hídricos que geram essa ilusão de inesgotabilidade, o país peca na falta de gestão e no desperdício. Segundo dados de do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), a cada litros de água tratada no Brasil , litros não chegam ao consumidor final, ou seja, se perdem em vazamentos.
Esses dados posicionam o Brasil em º lugar em um ranking internacional de desperdício de água, formado por países e organizado pela International Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities. Ranking do desperdício O quanto de água tratada cada país joga pelo ralo*
* dados de 2011 Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Reservatório de Sobradinho, na Bahia, viveu uma das maiores secas de sua história em
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Mas e água que chega efetivamente à torneira? De que forma é gasta? De acordo com o Relatório Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil – Informe , elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA), % desse total destina-se à irrigação. Na comparação com dados de
(veja gráfico), o setor foi o único que aumentou percentualmente sua demanda por água. Além disso, a irrigação consome efetivamente % da água que capta, ou seja, apenas % retornam ao ambiente. Para efeitos de comparação, no setor industrial essa taxa de consumo efetivo é de %.
Onde se gasta Como é consumida a água no Brasil B
Agronegócio Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apontam que, há cerca de três décadas, uma usina de cana-de-açúcar captava até m³ de água para cada tonelada de cana processada. Em , auge do programa governamental Proálcool, foram produzidos bilhões de litros de álcool no país. Considerando-se que uma tonelada de cana produz, em média,
Arquivo pessoal
Por todos esses dados apresentados fica claro que o país precisa repensar seu consumo, investir em tecnologias e soluções que levem a reduções de demanda e adotar mecanismos de gestão mais eficientes. Mais do que nunca, portanto, o conhecimento dos biólogos faz-se necessário. Confira alguns exemplos de áreas em que profissionais de Biologia têm atuado e ajudado a promover uma gestão mais racional dos recursos hídricos:
Bruce Amir, gerente de projetos da Gaia Consultoria Ambiental
litros de álcool, isso significa um consumo de bilhões de m³ de água. Felizmente a situação atual é bem distinta, como afirma o biólogo Bruce Amir, especialista no setor e gerente de projetos da Gaia Consultoria Ambiental. Ele explica que as usinas passaram a
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CRISE HÍDRICA
Arquivo pessoal
investir no fechamento dos circuitos de água e na reutilização dos condensados. “O bagaço da cana hoje, também é aproveitado como combustível para a geração de vapor que abastece % da usina. Além disso, a água residual de todo o processo contém alto nível orgânico, sendo aproveitada diretamente para a irrigação do plantio. Isso evita nova captação e reduz a necessidade de adubação química da cana”, salienta Bruce. Com todos esses avanços o consumo atual de uma usina gira em torno de , m³ de água para cada tonelada de cana processada.
Ricardo Canabrava, gerente industrial da Cervejaria Wäls
Indústria Ainda que, na comparação com a agricultura, o uso da água na indústria seja bem mais “moderado”, a preocupação com a economia e o reuso também devem se fazer presentes, na visão do biólogo Ricardo Canabrava, gerente industrial da Cervejaria Wäls. “O custo da tecnologia para reaproveitamento de água na indústria ainda é alto. Porém, em tempos de crise hídrica e pensando de forma sustentável, são investimentos necessários”, avalia.
Em grandes cervejarias, por exemplo, Ricardo explica que o consumo de água para cada litro de cerveja produzida varia entre , e litros. No início dos anos a média era de litros. Entre as medidas adotadas que explicam essa redução estão a reutilização da água utilizada no processo de resfriamento; o uso de garrafas one way recicláveis, evitando o gasto com lavagens; e as recuperações de condensado de vapor e de água para uso em limpezas.
Homenagem: Danilo Gonçalves Saraiva A Febre Maculosa Brasileira é uma doença transmitida por carrapatos. Entre os pesquisadores que a estudam destacava-se o biólogo Danilo Saraiva, , que perdeu a vida em um acidente durante uma expedição de pesquisa no Pantanal da Nhecolândia, em de janeiro de . Formado pela PUC-MG, concluiu o mestrado pela Universidade de São Paulo e havia recém ingressado no Doutorado em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses também pela USP. Mesmo ainda no início de sua carreira, Danilo já acumulava oito publicações científicas. Em o biólogo conduziu um dos mais importantes estudos já publicados em Febre Maculosa, causando a quebra de um paradigma de mais de um século. Danilo era uma pessoa apaixonada pela natureza, pelos animais, pela flora e pelas lendas do Brasil. A ciência perdeu um pesquisador promissor, muitas pessoas perderam um grande amigo e alguns perderam a pessoa mais especial que já conheceram, mas para a humanidade o sorriso do Danilo vai seguir no coração das pessoas que ganharam uma nova vida por causa dele. Adriano Pinter Superintendência de Controle de Endemias Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
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ENTIDADES
Representatividade no Distrito Federal Vitor Moreira
Biólogos do DF agora contam com Sindicato e Associação A tríade Conselho-Sindicato-Associação sempre foi uma bandeira defendida pelo CRBio-04 como a estrutura ideal de fortalecimento e defesa profissional. E, recentemente, ela tornou-se realidade para os biólogos do Distrito Federal, com a criação do Sindbio-DF e da ASSBIO-DF. Confira uma pequena entrevista com os presidentes dessas novas entidades representativas:
Gildemar Crispim - Sindbio-DF Qual a importância da criação do Sindbio-DF? Os biólogos do Distrito Federal têm a clara percepção que a Biologia perdeu um campo muito grande para outras áreas. Nesse sentido, ter um sindicato como representante de classe é essencial. Podemos bater na porta dos empregadores e discutir horas de trabalho, insalubridade, cobra a presença de biólogos em áreas estratégicas etc. Quais são as metas de curto, médio e longo prazo? De imediato queremos mobilizar os profissionais e fazer com que os entes públicos e privados do Distrito Federal saibam da existência do sindicato. A médio e longo prazo buscaremos uma forte coalisão entre os biólogos de todas as áreas do DF, melhorar nossa infraestrutura e investir em um departamento jurídico atuante. De que forma Sindicato, Associação e Conselho podem atuar juntos? Precisamos investir em um processo de mobilização que ajude a combater esse ceticismo que o brasileiro tem em relação a suas entidades representativas. Essa tríade é a concretização de um sonho, que deveria ter ocorrido há décadas. Ela significa a Biologia saindo do isolamento e atuando com união de forças.
Gildemar Crispim, presidente do Sindbio-DF e Cristiane Citadin, presidente da ASSBIO-DF
Cristiane Citadin - ASSBIO-DF Qual a importância da criação da ASSBIO-DF? Acreditamos em duas frentes: uma delas consiste em uma luta política diretamente nos órgãos e empresas, enquanto a outra se baseia na capacitação e aperfeiçoamento dos profissionais. Quais são as metas de curto, médio e longo prazo? Vamos iniciar oferecendo cursos de empreendedorismo e outros treinamentos. Queremos criar uma agenda mensal de cursos. A médio e longo prazo queremos ajudar na mudança de postura dos biólogos e do cenário profissional, para que aqueles que estiverem saindo da faculdade possam ter a garantia de que conseguirão espaço no mercado de trabalho. De que forma Sindicato, Associação e Conselho podem atuar juntos? Por sermos uma classe profissional sem a tradição da união, o fato dessas três entidades se proporem a caminhar juntas já é uma conquista. Cada uma delas tem seu papel institucional bem definido e, com apoio mútuo, todas têm a ganhar. Sejamos a diferença que queremos ver no mundo! CRBio-04 | Maio de 2016 | Jornal do Biólogo
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REGISTROS Definitivos Adelson Machado Gonçalves Adriana Heloísa Pereira Adriano de Almeida Silva Alessandra Cristina Chaves Alessandro Davi Ferreira Mendes Alexandre Gontijo Guimarães Guedes Alice Ferreira Araújo Aline Gomes de Souza Aline Rodrigues Ferreira Allan de Oliveira Mota Álvaro Pereira da Silva Junior Alvina Cristina Dornelas Silva Hordones Alyne Lopes Gomes Persijn Alyria Teixeira Dias Amanda Evellin Santos C. Pires Nunes Ana Caldeira de Barros Ana Carolina Bento de Sousa Ana Cláudia Schneider Raslan Ana Gabriella Stoffella Dutra Ana Graça Moreira Alves Ana Maria Bernardo Ana Paula Luiz Ribeiro Higino André Rocha Franco Andrea Martins de Oliveira Andréia Santos Oliveira Andressa Paiva da Silva Ângela Cristina Pereira Ângela Lucélia de Oliveira Anna Karolina Soares Silva Annelisa Pereira Martins Antônio Carlos Ananias Antônio Emanuel Ramalho de Albuquerque Souza Beatriz Teixeira Nunes Samezima Beatriz Vieira Neves Bianco Vizioli Bruna da Silva Ferreira Bruno Eduardo Ferreira de Paiva Bruno Esteves Conde Bruno Gomes de Menezes Bruno Pastorino Caio Cesar Rangel Camila Maciel de Oliveira Camila Maria da Silva Camila Sabino Teixeira Carla Carolina Ivo Barroso Carlos Alberto Sampaio de Paulo Carolina de Figueiredo Felipe Carolina Musso Caroline de Andrade Bezerra Cassiana Alves Ferreira Cassio Martins Moura Catarina Maria de Jesus Santana Valentim Celso Guimarães Brandão Chesterton Ulysses Orlando Eugenio Christiane Marta Genrich Cíntia de Campos Chaves Cintia Luiz Lopes Claudia Araújo Sgamati Claudia Daniela Batista Inserra Bortolin Claudinéia Lizieri Dos Santos Claudio Magalhães de Almeida Cristina Ester da Costa Modesto Cristina Rafaela Lucíola de Toledo Daniel Albuquerque Pereira Daniel Campos Rodrigues
Daniel Fonseca Teixeira Daniela Ferreira Guimarães Daniele de Fátima Alves Venâncio Daniele Nobre de Lima Costa Darlene Evangelho Moreira Meira Daryane Ribeiro Oliveira Dayana Reis de Carvalho Deised Mônica Braz da Silva Denis Prudêncio Luiz Denise Braga Gomes de Faria Denise Fernandes Diego José Caldas Diego Luiz Leite Campos Dione Inácio da Silveira Douglas de Almeida Rocha Douglas de Pádua Andrade Ducimeire Clara Eurípedes Edilene Souto Costa Braga Edinéia Maria das Graças Dias Eduardo Guimarães Santos Eduardo Rodrigues Carvalho Eliane Barbosa Rangel Élida Carla da Silva Eloá Oliveira Lemos da Silva Erika Mota Herênio Ester Fernandes dos Santos Everton Botelho Sá Fabio Hudson Souza Soares Fabíola Silva Lima Fausto Dias da Silveira Fausto Silva Ferraz Felipe Eduardo Brandão Lenti Felipe Musardo Firmino Fernanda Aparecida Brandão Fernanda Elisa Gomes Miranda Fernanda Pinto de Senna Valle Fernando Duarte Vilaça Fernando Oliveira Condez Filipe Martins Teixeira de Souza Flávia Nayara Santos Souza Flávio Mariano Machado Mota Francielly de Jesus Sousa Francisco Edinardo Ferreira de Souza Frederico Passini Silva Gabriel Eliseu Silva Gabriel Lessa Catalão Gabriela Cristina Silva Sobrinho Gabriela Natália de Melo Geane de Jesus Constantino Gheysa Nunes Bezerra Oliveira Gisele Cristina Pereira Gislene Lopes Rios Giuvan Inácio da Silva Graziela Porto Nascimento Graziella Diogenes Vieira Marques Guilherme Costa Gelape Guilherme da Costa Guido Guilherme Henrique Favero Guilherme Ramos Demetrio Ferreira Helier Gomes Muniz Henri Barbosa Pecora Heraldo Ramos Neto Hideraldo Buch Isabela Marcomini de Lima Izabela Santos Mendes Jacqueline Santos Marques Jailton Silva de Castro
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Jaine Teixeira do Nascimento Jairo Nogueira da Silva Junior Janaína Ramira Ferreira Dos Santos Jaqueline Pirete de Araújo Jaqueline Ribeiro de Lima Jardel Pereira Rodrigues Jehimme de Souza Azevedo Jennifer Thayane Melo de Andrade Jéssica Aparecida Martins Teodoro Jéssica Azevedo Batista Jessica Ferreira Vieira Jéssica Laiane Alves Pimentel Jéssica Soares Gomes João Paulo Gusmão Teixeira João Pedro Lourenço Mello Jodson da Silva Glória Jorge Queiroz de Oliveira José Boullosa Alonso Neto José Carlos Eloi de Queiroz José Eduardo Rezende Junior José Mauricio Brandão Quintão Juliana Arruda dos Santos Juliana Francisco de Souza Juliana Maira Souza de Oliveira Juliana Vila Verde Ribeiro Juliane Nancy Lima Porto Júlio Cesar Barreto Moreira Julliane Almeida Bastos Júnia Paula Santos Júpiter Tokatjian Neto Jussara de Souza Silva Jussara Nascimento Chaves Kamila Lauany Lucas Lima Kamila Souto Leichtweis Karen Mirele Caldeira Karenina Borba Schmidt Kayra Cristine Saramago Keila Leôncio Cavalcante Kellen Anacleto de Oliveira Almeida Kelly Antunes Kelly Patricia de Oliveira Almeida Kivya Máximo de Arruda Laine Cristina de S. Miranda Lacerda Laís Marques Fernandes Vieira Lamartine Lemos de Melo Laura Cristina Rocha Carvalho Lays Araújo Nery Leandro Barbosa Berutto Leandro Vasconcelos Baptista Leonilda Severino Silva Lidyane Alves Oliveira Lilian Santos Ribeiro Lilian Suzan Veloso de Godoy Luana Silveira da Rocha Nowicki Varela Lucas Ferreira Santos Lucas Marcon Luciana de Lima Ferreira Luciana Mendes de Souza Luciano Lopes Queiroz Lúcio Ferreira Ludemila Martins de Souza Ludmila Alves Rodrigues Ludmila Mascarenhas Barros Ludmila Zanandreis de Mendonça Luisa Paim Pamplona Maísa Siqueira Veras Maísa Vieira da Silva
REGISTROS Marcela Alves de Souza Marcela Dias Hanna Marcelino Benvindo de Souza Marcelo Gomes de Carmo Junior Márcio Alberto Barbosa Márcio Nunes de Souza Márcio Santos Oliveira Ferreira Marco Antonio de Amorim Peixoto Marcondes Lomeu Bicalho Marcus Vinicius Oliveira Graça Maria Júlia Barros de Figueiredo Maria Katiana Peters Coelho Maria Luiza Bicalho Maia Maria Tereza Lacerda Guimarães Mariana Moreira Marília Carvalho Silva Marília Castro de Melo Marina Jurado Vicente Marllon Gefferson Pereira de Oliveira Marluana Almeida Ferreira Rodrigues Marta do Rosário Alves Marta Maria de Martin Mateus Vilela Pires Matheus Tavares de Sousa Mauro Guimarães Diniz Mayara Ramos Silva Mayra Malvezzi Rodrigues Melodi Maciel da Costa Mônica Fernandes Souza Chaves Mônica Flávia Rodrigues Morgana Ferreira Lima e Silva Nágila Rodrigues de Oliveira Rabelo Naiara Jorge Senju Costa Nathalia Gonçalves de Sousa Lima Nathalia Patrocínio Pereira Nayara Cristina da Silva Torres Nayara Vieira Trevisani Nezito Rodrigues da Silva Nilda Jacinto da Silva Núbia Carla Santos Marques Osvaldo Rodrigues de França Paloma Marques Santos Paola Cristina de Piza Patrícia Lopes Andrade Costa Patrícia Saldanha Panisa Moreira Paula Renata Bugança Paulo Roberto Guimarães Multari Batista Pedro Costa Diniz Pedro Henrique Morais Fonseca Pedro Pereira Péricles Leonardo Fernandes Rafaela Martins de Carvalho Rafaela Sangiorgi Guimarães Rafaely de Almeida Santos Fonseca Viana Raquel Cassalho de Oliveira Barbosa Raquel Chaves Macedo Raquel Daniele Dias Rebeca de Miranda Camargo Regiane Maria da Silva Reila Campos Guimarães de Araújo Rejeane Aline Silveira Silva Renata Barbosa Peixoto Renata Cristina Pereira Teodoro Renata Gonçalves Lopes Renata Nascimento Gonçalves Renata Ribeiro da Silva Braga Reuther Lincoln Nogueira
Ricardo Augusto Tiburzio Rodrigo Santana Veloso Perillo Rogério Dias Marques Rômulo Augusto Cotta Dangelo Ronaldo dos Santos Ronaldo Justiniano de Almeida Ronier da Silva Rúbia Praxedes Quintão Sabrina Silva Alves do Carmo Sandra Pereira de Góes Paiva Sarah Alves Mundim Seomara Santos de Almeida Shayenne Elizianne Ramos Silma Alexandre Gonçalves Marques Silvana Candelária Silva Silvana Sousa da Silva Silvio de Andrade Santos Simone Teodoro Afonso Sueyla da Silva Alves Sulivan Higino da Costa Junior Suzana Neves Moreira Tainá Lucas Andreani Taíse Farias Pinheiro Taiza Moura Silva Tatiane Botelho Mendes Tatiane Iole Silva Pinto Tatiane Louise Moreira Rodrigues Tatiane Ribeiro de Siqueira Thais Diniz da Silva Thais Furtado Nani Thais Marques Silva Castellan Thales Simioni Amaral Thayná de Souza Bispo Thiago César da Silva Thiago Gonçalves Silva Thiago Souza Onofre Valéria Novaes dos Santos Valter Luiz da Silva Vanessa Cristina Gonçalves Amorim Vanessa Maria da Cruz Carvalho Vanessa Rosa Fonseca Vânia Luciana Ferreira Verena da Cruz Rabenschlag Verônica Aparecida Ricciardi Vinicius Alves Cruz Vivianny Damaso Cardoso Wander de Sousa Lobo Welton Beirão Dias Wilielle Cristina de Freitas Neofiti Wilson Nunes de Sousa Zarife Magalhães de Moraes Rojas
Provisórios Ana Paula Ribeiro Otoni da Silva Andréa de Faria Vieira Anna Paula Alves Dos Santos Arthur Cupertino Serpa dos Santos Bárbara Alves Miranda Bárbara Araújo Oliveira Barbara Rúbia da Silveira Bruna Cristina Pereira Araújo Bruno Fernandes Vaz Caio Henrique Pessoa Gaspar Camila Menta Britto Carolina Vieira de Souza Clarissa Santos Antunes Daniel Benjamin de Oliveira Dutra
Daniel Lopes Gontijo Davi Lee Bang Davidson Peruci Moreira Erika Vaz de Oliveira Soares Fabrício Rodrigues de Carvalho Felipe Angelo de Oliveira Flávia Carolina Simões Gomes Flávia Francisca de Almeida Francesca Voltolini Pereira Franciele Cristine Ribeiro Prata Francisco Homem Gabriel Frednando Frederico de Sousa Brito Guilherme Borges de Lima Guilherme Cunha Conrado de Miranda Helama Meireles Rezende Hermógenes José dos Santos Igor de Paula Guedes Bezerra Iris Carolina dos Santos Lacerda Leão Isabela Ferreira Bastos dos Santos Isis de Jesus Guerra Santos Jhessika Moura de Jesus Josiane Aparecida de Sousa da Cunha Josilene Maria de Souza Juliano Queiroz Rodrigues Karen Maia Rocha Klauss Fernandes Emídio de Melo Larissa Costa Silveira Laura Virgínia Soares Veloso Lidiane Angélica Cassimiro Lilian Barbosa de Morais Lorena Pereira de Souza Lucas Henrique Clemente Luciene de Jesus Marques Nogueira Marcella Junqueira Goulart Firmino Costa Marco Aurelio da Silva Vilhena Maria Fernanda Silveira Santos Mariana Machado Araújo do Nascimento Marianny Aparecida de Oliveira Feliciano Mateus de Brito Amâncio Miguel Vinicius da Costa Gomes Natalia Cristina Vieira de Carvalho Nayara do Carmo Amorim Nelly Stafleu Fróes de Oliveira Newton Cândido de Assis Pablo Burkowski Meyer Pablo Leal Cardozo Patrícia Carvalho Silva Ferreira Paula Rodrigues Lopes Guimarães Priscila Rodrigues Calil Ramon Gomes de Carvalho Rayane de Jesus de Souza Medeiros Vilaça Renata Alessandra Rosa Renata de Azevedo Costa Roberta Alves Cunha Rodrigo Machado Ribeiro Rosangela de Almeida Próximo Suellen de Paiva Souto Tayanne Lovaglio Corbani Teobaldo Gaede Thais Oliveira Santos Lobato Thaynara Evellyn Rodrigues Rosa Thiago Nascimento da Silva Campos Túlio Teruo Yoshinaga Vanessa de Souza Pereira Viviane Figueiredo da Silva Wesclei Pereira dos Santos Yngrid Oliveira Rodrigues
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DESASTRE AMBIENTAL
Incontáveis erros Ricardo Pinto Coelho elenca falhas na tragédia de Mariana e afirma: “recuperar o Rio Doce sem biólogos é impossível” Se o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, fosse um Jogo dos Erros, com certeza seriam necessários bem mais do que sete “X” para apontar todas as falhas cometidas antes, durante e depois da maior tragédia ambiental do país. Algumas delas já são bem conhecidas: um processo de licenciamento ambiental feito, aparentemente, às pressas; alteamentos realizados na barragem sem adoção das devidas precauções; utilização da represa por outra mineradora além da Samarco; ausência de um sistema de alarme e também de treinamento à população para lidar com uma situação de emergência etc. Mas são os equívocos na gestão ambiental do desastre que mais chamam a atenção do professor do Departamento de Biologia Geral da UFMG Ricardo Pinto Coelho. Segundo ele, os esforços de monitoramento ambiental e de coleta de informações ainda estão muito aquém do ideal, e têm se resumido a análises da qualidade da água, sem nenhum levantamento confiável sobre a biota: fauna, flora, ectiofauna etc. “Estão confundindo o Rio Doce com uma simples calha, mas estamos tratando de todo um ecossistema: além dos peixes, há dezenas de comunidades com centenas de espécies de anfíbios, moluscos e aves, dentre outras, que foram afetadas”, salienta. Ricardo também critica a divulgação de informações de que a lama não teria contribuído para elevar o nível de toxicidade da água. “Dados do Serviço Geológico do Brasil apontaram que as concentrações nas águas do Rio Doce de vários metais como manganês, arsênio, chumbo, alumínio e ferro superaram largamente as médias históricas, e algumas superaram limites internacionais. Todo biólogo sabe: se está presente na água, na biota pode ser bem pior. Uma unidade de metal na água pode representar dez
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unidades nos peixes e mil no topo da cadeia”, afirma. Para o professor os números que estão sendo apresentados precisam ser decodificados para a população. “Não adianta falar de pH. O que o ribeirinho quer saber é: ‘posso irrigar minha horta?’, ‘posso dar água para a criação?’. Está faltando transparência: mostram os números e escondem os efeitos”, pontua.
Recuperação De acordo com dados do Centro de Sensoriamento Remoto do Ibama, o rompimento da barragem de Fundão causou a destruição de . hectares ao longo de km de cursos d´água, de Bento Rodrigues até a Represa de Candonga, em Rio Doce. A Fundação SOS Mata Atlântica aponta que foram . hectares, dos quais eram áreas de Mata Atlântica. A grande questão que fica é: como se dará a recuperação dessa vegetação? Ricardo explica que a lama despejada possui uma estrutura muito homogênea em termos de granulometria, o que a transforma em uma crosta quando seca. “Isso impede a sucessão ecológica. É muito difícil haver recuperação se não houver medidas de biorremediação. E isso é trabalho para biólogo, recuperar o Rio Doce sem biólogos é impossível”, pondera. Na opinião do professor, a restauração completa da Bacia, se realizada da forma correta, deve durar mais de uma década, sem contar os problemas que, eventualmente, ainda serão descobertos ao longo do tempo: casos de contaminação, extinções locais, problemas de erosão. “Estamos tratando aqui do primeiro acidente no mundo, excetuando-se talvez a tragédia do Mar de Aral, que envolveu um ecossistema inteiro, da nascente à foz”. E por isso mesmo Ricardo
DESASTRE AMBIENTAL
“Morosidade não significa preservação” reforça a importância e as oportunidades para biólogos. Para ele, é imprescindível a presença de biólogos atuando nas secretarias de Meio Ambiente dos municípios afetados, algo pouco recorrente em cidades do interior. “Na maioria das prefeituras a Secretaria de Meio Ambiente é moeda de troca política. Se não houver uma gestão muito bem feita, quando os recursos de recuperação chegarem serão deslocados para asfaltamento, obras de saneamento, iluminação pública”, alerta.
Se houvesse mais valorização do trabalho dos biólogos em órgãos públicos a tragédia de Mariana poderia ter sido evitada? Ricardo Pinto Coelho não tem uma resposta conclusiva para essa questão, mas é categórico ao afirmar que há defasagem na contratação de biólogos em órgãos como Ibama e que licenciamentos como o da Barragem de Fundão ocorrem sob forte pressão, dado os vultos dos investimentos. “O Estado brasileiro precisa se convencer de que sustentabilidade é bom negócio”, analisa. Por outro lado, mesmo criticando a forma como é feito, Ricardo defende mudanças no processo de licenciamento ambiental. “Morosidade não é sinônimo de preservação ambiental. O licenciamento deve ser agilizado, mas deve ser bem feito e ter todas as suas etapas cumpridas. Não podemos entrar em uma vertente conservacionista. A mineração é uma atividade extremamente importante e seria um erro criar entraves para sua realização. O que devemos é dar mais força ao setor de Meio Ambiente, com recursos e pessoas bem capacitadas, para impor e cobrar as condicionantes ambientais”, conclui. Vitor Moreira
Foto: Leonardo Merçon | Instituto Últimos Refúgios
Papo com Biólogo No dia de março o CRBio- promoveu, em seu auditório, a primeira edição do Papo com Biólogo, evento destinado ao debate de assuntos relacionados às áreas de atuação das Ciências Biológicas e sempre com a presença de um especialista. O professor Ricardo Pinto Coelho foi o primeiro convidado do evento. Acompanhe as notícias do Conselho por meio de seu site, blog ou Facebook para manter-se informado sobre as próximas edições do Papo com Biólogo.
“O Rio Doce é uma tragédia sem precedentes mundiais”, afirma Ricardo Pinto Coelho
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