Outubro de 2014 Fechamento Autorizado. Pode ser aberto pela ECT
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CRBio-04
inaugura delegacia no Tocantins
editorial
Quer sugerir, criticar ou elogiar? Fale com o Jornal do Biólogo: comunicacao@crbio04.gov.br
Mais uma conquista É com enorme satisfação que anunciamos, nesta edição 69 do Jornal do Biólogo, a inauguração da Delegacia do CRBio-04 em Palmas, no Tocantins. Bem além do que apenas a concretização de mais uma proposta expressa em nosso Plano de Gestão, o ato representa um reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelos biólogos do Estado, que tinham na delegacia uma demanda antiga. A razão é justificável. A jurisdição do Conselho Regional de Biologia – 4ª Região cobre uma área que supera 1,2 milhão de km², englobando os Estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e o Distrito Federal. Isso significa dizer que, territorialmente, o CRBio-04 é maior que 169 dos 193 países reconhecidos hoje pela ONU. De Belo Horizonte, onde fica a sede do nosso Conselho, até Palmas, são cerca de 1.500km. Ainda que nosso esforço e dedicação sejam constantes, é inegável que o fator geográfico nos impõe certas limitações. Sobretudo por isso, a importância da implantação da delegacia é incontestável. O delegado e a subdelegada para lá designados serão nossos olhos e braços onde antes não alcançávamos com a eficiência que gostaríamos. No contato diário com os biólogos, empresas, instituições de ensino e órgãos governamentais
do Tocantins, a delegacia funcionará como um ponto de apoio, uma referência local para as políticas, ações e determinações do Sistema CFBio/ CRBios. Com isso, ganham os profissionais, ganha o Conselho, ganha a profissão. Nosso trabalho será desenvolvido em sinergia com a Associação Tocantinense de Biólogos (ATOBio), e esperamos, no futuro, que o Estado também possa contar com seu sindicato, formando o tripé que dá suporte ao desenvolvimento da carreira de Ciências Biológicas. Convidamos os biólogos do Tocantins a conhecer esse novo espaço que, em suma, pertence a vocês. E convido todos à leitura desta edição do Jornal do Biólogo, que além da inauguração da Delegacia do CRBio-04 em Palmas, traz ainda reportagens sobre o trabalho de profissionais em Goiânia, Belo Horizonte e Viçosa, e as coberturas do Simpósio Internacional de Ecologia e Conservação da UFMG e do Prêmio Mérito em Biologia, evento realizado pelo Conselho para homenagear biólogos que se destacaram em suas áreas de atuação no último ano. Boa leitura!
CRBio-04 Av. Amazonas, 298 - 15º andar Belo Horizonte - MG - 30180-001 | Telefone: (31) 3207-5000 www.crbio04.gov.br | crbio04@crbio04.gov.br
Diretoria Executiva Presidente: Gladstone Corrêa de Araújo Vice-Presidente: Jefferson Ribeiro da Silva Tesoureira: Sylvia Therese Meyer Ribeiro Secretária: Norma Dulce de Campos Barbosa
Conselheiros Efetivos: Bruce Amir Dacier Lobato de Almeida, Carlos Frederico Loiola, César Augusto Maximiano Estanislau, Elias Manna Teixeira, Evandro Freitas Bouzada, Mariana Nascimento Siqueira Conselheiros Suplentes: Aneliza de Almeida Miranda Melo, Emilson Miranda, Fábio de Castro Patrício, Helena Lúcia Menezes Ferreira, João Paulo Sotero de Vasconcelos, José Alberto Bastos Portugal, Lucas Soares Vilas Boas Ribeiro, Meriele Cristina Costa Rodrigues
Gladstone Corrêa de Araújo Conselheiro Presidente
Jornal do Biólogo Ano XVIII - Nº 69 | Outubro de 2014 Produção Editorial: Berlim Comunicação | www.berlimcomunicacao.com.br Jornalista Responsável: Vitor Moreira | Registro: 14055/MG Projeto Gráfico: Rafael Chimicatti Impressão: 1.500 exemplares
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biotecnologia
A genética em favor da macaúba A macaúba (Acrocomia aculeata), espécie que já foi tema de reportagem da Revista Vitae, do CRBio-04, é uma palmeira com forte potencial econômico e, exatamente por esse motivo, tem sofrido com uma forte exploração extrativista. Na tentativa de preservar e promover o uso racional da macaúba, pesquisadores têm se dedicado a estudos que visam à sua domesticação, ou seja, obtenção de linhagens que possam ser comercializadas e utilizadas em plantios voltados para a produção do óleo de macaúba em larga escala. Um dos principais trabalhos nesse sentido vem sendo desenvolvido na Universidade Federal de Viçosa, onde um conjunto de pesquisadores da universidade, liderados pelo professor Sérgio Motoike, em parceria com institutos de pesquisas e empresas públicas e privadas, criou a Rede Macaúba de Pesquisa (REMAPE). Os estudos conduzidos pela Rede têm perfil multidisciplinar, contemplando áreas como: Genética e Melhoramento; Colheita e Pós-colheita; Produção Vegetal; Nutrição Mineral; Propagação; Ecofisiologia; Crescimento e Desenvolvimento; e Manejo de Recursos Hídricos. Na primeira etapa desse longo processo está o trabalho do biólogo Thiago Pereira Pires, que dedica-se a investigações sobre a diversidade genético/fisiológica apresentada pela macaúba. “Variáveis fisiológicas podem refinar estudos de diversidade e similaridade evolutiva, subsidiando e contribuindo para seleção de características úteis em programas de melhoramento de plantas de interesse agronômico e comercial”, explica.
Fotossíntese Tendo como parâmetro a eficiência fotossintética dos acessos analisados, a pesquisa de Doutorado de Thiago busca mensurar a variabilidade genética existente entre os genótipos, definir
Arquivo pessoal
Biólogo da UFV pesquisa o melhoramento da espécie
Thiago Pires é um dos biólogos que atuam na Rede Macaúba de Pesquisa
quais as potencialidades do material vegetal para serem lançados como futuras cultivares, quais destes podem estar aptos a fazer parte dos blocos de cruzamento e, ainda, quais são mais ou menos tolerantes a determinadas condições ambientais. “A macaúba já se mostrou extremamente eficiente no aproveitamento da luminosidade incidente para realização da fotossíntese. Seu padrão fotossintético, apesar de ser de uma planta com metabolismo C3, indica um comportamento ecológico de uma planta com metabolismo C4. Essa eficiência certamente está relacionada ao seu enorme potencial de produção de óleo, assim como à sua dispersão geográfica”, descreve Thiago. Os resultados obtidos pelo biólogo, assim como os alcançados pelos demais pesquisadores da REMAPE, irão contribuir para o objetivo maior do projeto, que é o de estabelecer a cadeia produtiva da macaúba dentro do cenário do agronegócio brasileiro, promovendo uma exploração sustentável da espécie. Para conhecer mais sobre a Rede, acesse o site www.macauba.ufv.br.
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premiação
Homenagem a grandes carreiras CRBio-04 faz a entrega do Prêmio Mérito em Biologia 2014 participação de membros da diretoria, presidentes de outros Regionais e de outros conselhos de classe, diretores da Associação e do Sindicato dos Biólogos do Estado, funcionários do Conselho e amigos e parentes dos homenageados. Em sua terceira edição, o Prêmio Mérito em Biologia é definido pelos próprios biólogos registrados no Conselho, que escolhem por meio de votação espontânea os profissionais que serão premiados. Raquel Cunha
“Um reconhecimento ao trabalho daqueles que ajudam a construir nossa profissão”. Foi dessa forma que o presidente do CRBio-04, Gladstone Corrêa de Araújo, definiu o Prêmio Mérito em Biologia 2014, entregue em cerimônia realizada na sede do Conselho no dia 6 de outubro. Cinco biólogos da jurisdição do CRBio-04, que se destacaram em suas áreas de atuação, foram agraciados, em evento que contou com a
Roberto Brandão Cavalcanti (representando a ministra Izabela Teixeira), José Alexandre Felizola, Ísis Carvalho, Gladstone Araújo (presidente do CRBio-04), Geraldo Wilson Fernandes e Tales Viana
Ísis Rodrigues Carvalho Mestre em Ciências Biológicas e professora da UEMG “Agradeço aos meus colegas, alunos e familiares a oportunidade de trabalhar sempre com ética, reivindicando o respeito à profissão e a presença de biólogos em todos os fóruns de discussão”.
Tales Heliodoro Viana Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, biólogo da Copasa e ex-presidente do CRBio-04 “Minha jornada na Biologia sempre foi pautada pela ética e pelo profissionalismo. Se pude fazer algo por essa ciência e por esse Conselho, fiz de coração”.
Geraldo Wilson Afonso Fernandes Doutor em Ecologia Evolutiva e professor da UFMG “Ingressei na Biologia querendo ser o Jacques Cousteau, mas na Lagoa da Pampulha? Acabei descobrindo minha vocação e fazendo disso a minha vida. Ser biólogo é traduzir a ciência para a sociedade”.
Izabela Mônica Vieira Teixeira Doutora em Planejamento Ambiental e ministra do Meio Ambiente (representada pelo secretário de Biodiversidade e Florestas, Roberto Brandão Cavalcanti) “A ministra Izabela começou como estagiária e percorreu todos os cargos do Ministério. Esse prêmio é um grande reconhecimento a ela e a todos homenageados, pois mais uma vez o CRBio-04 foi muito feliz na escolha dos agraciados”.
José Alexandre Felizola Diniz Filho Doutor em Zoologia e professor da UFG “Nosso estímulo vem da capacidade e responsabilidade de reproduzir o conhecimento. Nós, que estamos na academia, temos um papel fundamental na formação de recursos humanos”.
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gestão
CRBio-04 inaugura Delegacia no Tocantins Foi inaugurada no dia 20 de setembro a Delegacia do CRBio-04 em Palmas, no Tocantins. Essa é mais uma conquista dos profissionais do Estado e mais uma meta cumprida do Plano de Ação da atual diretoria do Conselho. A ampliação da representatividade institucional em Tocantins, Goiás e Distrito Federal é o primeiro item do primeiro eixo programático do plano proposto pela atual gestão quando assumiu o CRBio-04, em 2011. “A Delegacia aproxima o Conselho dos profissionais, agiliza os processos de registro, facilita o atendimento de demandas e torna-se uma referência, um ponto de apoio aos biólogos do Tocantins”, afirma a conselheira do CRBio-04 no Estado, Meriele Cristina Costa Rodrigues de Oliveira. Ela relata que, mesmo antes do início de um trabalho de divulgação da nova delegacia, diversos profissionais já têm buscado informações sobre o órgão e os serviços prestados. O evento de inauguração contou com a presença do presidente do Conselho, Gladstone Corrêa de Araújo; do assessor institucional, Igor Noronha; da conselheira Meriele Oliveira; e do superintendente do Ibama no Tocantins, Flávio
Arquivo CRBio-04
Iniciativa busca estreitar a relação com biólogos do Estado
Gladstone Araújo (presidente do CRBio-04), Meriele Oliveira (conselheira) e Marissônia Nunes (subdelegada)
Luiz de Souza Silveira, além de representantes de empresas, órgãos públicos e consultorias ambientais de Palmas. “A criação da Delegacia no Tocantins é um reconhecimento do CRBio-04 ao potencial de desenvolvimento da Biologia na região. O Estado já conta com uma associação e a tendência é que, no futuro, também seja criado um sindicato, formando a tríade ideal para o fortalecimento da profissão”, salientou Gladstone.
Direção A Delegacia do CRBio04 em Palmas será chefiada pelo biólogo Guilherme Ribeiro da Costa Silva, sócio-fundador da Neofauna Ambiental e consultor da AMBIENGER Engenharia Ambiental. A subdelegada será a bióloga Marissônia Lopes de Almeida Nunes, atual presidente do Instituto Ecos do Cerrado. “São profissionais comprometidos, interessados em contribuir para o avanço da Biologia e com grande reputação em suas áreas de atuação”, destaca a conselheira Meriele Oliveira. O órgão está sediado na QDR 602 S Conj 01 - LT 16 SL 01 Av. Teotonio Segurado - Palmas.
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saúde ambiental
Saúde Ambiental: em prol da vida Área trabalha para promover e proteger a saúde da população Nesse sentido, a DFSAM desenvolve ações de vigilância com a finalidade de identificar e prevenir situações que possam interferir na saúde da população. A partir daí são propostas ações para a promoção da saúde, prevenção e controle dos fatores de risco relacionados às doenças e outros agravos à saúde, tais como: água para consumo humano, contaminantes e substâncias químicas, solo, ar, desastres naturais, produtos perigosos, fatores químicos e ambientes de trabalho. A Divisão também trabalha com diversas parcerias, como com a Defesa Civil, a Polícia Rodoviária Federal e o Corpo de Bombeiros. “No ano passado, em parceria com os Bombeiros, demos a destinação final correta a um produto químico clandestino encontrado em uma residência”, exemplifica. A DFSAM conta com uma equipe de 19 pessoas, das quais sete são formadas em Ciências Biológicas. “Considero fundamental a presença do profissional de Biologia em qualquer serviço de Saúde Ambiental. Com esse senso comum de que o biólogo só atua em órgãos ambientais ou em laboratórios, muitas vezes seu papel dentro da organização do Sistema Único de Saúde é esquecido, mas ele também pode atuar na saúde pública. Meu conhecimento sobre a interface entre meio ambiente e saúde é essencial para minhas avaliações em trabalhos de campo”, reforça Cristina.
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Arquivo pessoal
Imagine a situação: mais de cem trabalhadores em um mesmo canteiro de obras começam a passar mal e apresentar sintomas como diarreia, enjoos e febre. A quem recorrer para descobrir o que poderia estar causando o surto? Talvez nem todos saibam, mas esse é um dos trabalhos realizados pela Divisão de Fiscalização de Saúde Ambiental (DFSAM), órgão da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, em Goiás. Nesse caso específico, foi feita a coleta de água em 14 pontos no local e constatou-se que a qualidade da água fornecida aos funcionários não estava conforme a legislação vigente. Chefe da DFSAM desde 2011, a bióloga Cristina Musmanno é formada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e atua na área de Saúde Ambiental há cinco anos. “O objetivo da Divisão de Fiscalização de Saúde Ambiental é identificar fatores do meio ambiente que interferem na saúde humana. Nossa rotina de trabalho abrange desde ações de campo, como coletas de amostras de água e cadastramento de poços utilizados para consumo humano, até a promoção de cursos para empreendimentos de interesse da saúde ambiental, como postos de combustíveis”, explica Cristina. A Saúde Ambiental é uma área interdisciplinar da Vigilância em Saúde, que faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS). “Desde 2006 o Ministério da Saúde criou projetos para a implantação do serviço de Saúde Ambiental nos municípios, mas nem todos executaram. Alguns gestores não percebem que, trabalhando na prevenção dos riscos, o município pode economizar na área de assistência à saúde, nas diversas fases de gestão do risco em desastres e em muitas outras áreas e situações possíveis. Em Goiânia, estamos fortalecendo a Saúde Ambiental para que possamos ajudar na construção de uma cidade sustentável, como preconiza a Organização Mundial da Saúde”, diz a bióloga.
Bióloga Cristina Musmanno chefia a Divisão de Saúde Ambiental de Goiânia desde 2011
saúde ambiental
Projetos e conquistas Atualmente, a Divisão de Fiscalização de Saúde Ambiental de Goiânia está realizando um diagnóstico dos cemitérios existentes no município (em parceria com órgão ambiental municipal), verificando suas condições de funcionamento e o cumprimento das legislações vigentes. Outra ação diz respeito aos postos de combustíveis, que inclui a avaliação de risco aos funcionários expostos ao benzeno e também à população que vive no entorno dos postos. Além disso, é realizado um trabalho permanente de acompanhamento da qualidade da água que abastece a cidade. Mensalmente são coletadas e analisadas 70 amostras em todos os sistemas de abastecimento que atendem Goiânia. Também graças ao trabalho da bióloga Cristina Musmanno e de sua equipe, desde o mês de setembro todos os veículos que transportam água potável (caminhões-pipa) precisam possuir um certificado de vistoria do tanque, emitido pelo Departamento de Vigilância Sanitária e Ambiental. “A Saúde Ambiental trabalha fazendo o bem para a população. Ficamos felizes quando realizamos uma ação em um local de risco e, quando retornamos posteriormente, percebemos que nossas orientações foram seguidas e que nosso trabalho garantiu mais segurança às pessoas”, finaliza Cristina.
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campos rupestres
A natureza que supera obstáculos Biólogo da UFMG dedica-se à pesquisa dos campos rupestres, ecossistema riquíssimo que prospera em ambientes inóspitos Professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Geraldo Wilson (ou Geraldinho, como é popularmente conhecido) coordena o Laboratório de Ecologia Evolutiva e Biodiversidade (LEEB) da UFMG, responsável por uma série de pesquisas envolvendo os campos rupestres. Uma das frentes de trabalho busca estabelecer o primeiro sensor ambiental de mudanças climáticas da região tropical. Para isso foram instaladas 15 estações ao longo da Serra do Cipó que registram informações do clima em intervalos de cinco segundos. O volume gigantesco de informações geradas ainda será analisado, em conjunto com o Instituto de Geociências da UFMG, mas Geraldo afirma que já é possível observar dados de extrema relevância. “A cada elevação de 100 metros na altitude, a variação média na temperatura é de 0,6ºC a 0,8ºC. Na Serra do Cipó, entretanto, essa média tem alcançado 1,7ºC”, revela. Segundo o professor, essa variação tem impacto direto na fauna e flora dos campos rupestres. “Espécies endêmicas desaparecem e outras tomam seu lugar. Já identificamos, por exemplo, a ocorrência de embaúbas em áreas onde antes essas plantas não eram encontradas”, relata. O problema é agravado por episódios de invasões biológicas, causados pela interferência humana no ecossistema. “É uma morte silenciosa. A espécie fica ali por uma década e, quando
Geraldo Wilson
Altitudes que variam de 700m a 2000m, temperaturas que podem ir dos 60ºC durante o dia a 0ºC de madrugada, grandes períodos de estiagem, solo irregular. As características parecem descrever um ambiente bastante inóspito, mas foram sob essas condições que cerca de 6.000 espécies vegetais encontraram a combinação ideal para a formação de um ecossistema que se manteve extremamente estável nos últimos 20 mil anos, os campos rupestres. O ecossistema, que abriga metade de toda a biodiversidade vegetal do cerrado e 27% da diversidade mundial de fungos micorrízicos, habita montanhas de quartzo e ferro, encontradas principalmente em Minas Gerais – na Serra do Espinhaço – e na Bahia. Há também manchas isoladas em Goiás, Pernambuco e Pará, além de relatos na África e Bolívia. Os campos rupestres são compostos por formações vegetais diversas, caracterizados por um mosaico de ambientes, como o campo sobre areia fina, turfeiras, matas de galeria, ilhas de cerrado e mata atlântica e até matas secas, que nascem em terrenos de calcário. Entender como ocorrem as interações nesse ecossistema, as singularidades que o caracterizam, os impactos das mudanças climáticas e atuar na preservação de toda essa biodiversidade é o trabalho ao qual o biólogo Geraldo Wilson Afonso Fernandes vem se dedicando nos últimos 25 anos.
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campos rupestres
Recuperação Em um trabalho pioneiro, a equipe do Laboratório de Ecologia Evolutiva e Biodiversidade da UFMG, em parceria com empresas e outras instituições de pesquisa e universidades, vem investindo na restauração de áreas degradadas em campos rupestres. Por meio de técnicas de propagação de espécies endêmicas, cerca de 40 hectares já foram recuperados. A iniciativa tem um caráter ainda mais especial porque algumas pesquisas indicam que esse ecossistema não apresenta os mesmos estágios de sucessão ecológica encontrados na mata atlântica e floresta amazônica, por exemplo. Além disso, cerca de 60% das espécies vegetais ameaçadas do cerrado estão nos campos rupestres. A única vantagem competitiva nessa luta pela sobrevivência, aparentemente, vem dos fungos. Segundo levantamento do laboratório coordenado pelo professor Geraldo Wilson, 60 das 220 espécies conhecidas de fungos micorrízicos (que invadem raízes de plantas e as auxiliam na absorção de água) ocorrem na Serra do Cipó. Outra frente de trabalho dos pesquisadores do LEEB é, exatamente, tentar entender a importância desses fungos na manutenção do ecossistema dos campos rupestres.
Qual o valor do campo rupestre? O professor Geraldo Wilson conta que, ao longo das últimas décadas, muitas famílias que viviam em áreas de campos rupestres foram desalojadas e receberam indenizações irrisórias, sempre sob o argumento de que a vegetação desses terrenos possuía pouco ou nenhum valor. “O campo rupestre vale muito mais do que dizem. Trata-se, de fato, de uma nanofloresta, mas quem disse que não vale tanto quanto uma sequoia?”, questiona o biólogo. Para corroborar sua tese, o professor e sua equipe fizeram cálculos para tentar definir o valor da flora dos campos rupestres. “Comprovamos, pela primeira vez, sem contar fatores como água e polinizadores, que os campos rupestres têm um valor inestimável, que se equipara e pode até superar o da mata atlântica”. Na opinião do professor, políticas efetivas de preservação dessas áreas passariam por apoio técnico e financeiro para que os próprios moradores da região atuassem pela sua conservação. “É preciso pensar em soluções socioambientais mais inteligentes e sustentáveis. É melhor oferecer condições àqueles que conhecem a terra de fato do que expulsá-los no processo de criação de parques, por exemplo. Eles poderiam manter suas atividades e se tornarem agentes de conservação". Foca Lisboa
percebemos, já tomou conta do espaço”, alerta Geraldo, que cita ainda a mineração, o fogo e a construção de rodovias como fatores que colocam em xeque o futuro dos campos rupestres.
Biólogo Geraldo Wilson estuda campos rupestres há 25 anos
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registros Definitivos Ademilson Francisco de Lima Adriana Canabrava de Andrade Adriana Castro Rodrigues Adriana Pereira Borges de Andrade Adriana Pereira dos Santos de Jesus Aguinaldo Moura da Silva Ailton Caldeira Pinto Alcilene Pires de Almeida Lara Alcione Oliveira de Mattos Souza Alessandra Ferreira Guimarães do Nascimento Gouveia Alessandro Fernandes Vaz Alessandro Guimarães Alex Victor da Silva Alexander Alves Gomes Alexandre Guimarães Alice Francener Nogueira Gonzaga Aline Bringel Oliveira Silva Aline Cristine Luiz Rosa Aline Mares Costa Moura Aline Rodrigues Porto Pedrosa Allisson Rodrigues de Rezende Amaisa Barros Ferreira Amanda Caldas Porto Amanda Esteves Rocha Ferreira Ana Carolina Castro Costa Ana Carolina de Oliveira Neves Ana Carolina Torre Morais Ana Caroline Nunes Costa Santana Ana Célia Gomes Reis Ana Claudia Rabelo e Silva Ana Claudia Rodrigues de Paula Ana Junia Maria de Sousa Ana Karolina Pereira e Silva Ana Luiza Rios Caldas Ana Paula Gomes Ferreira Anderson Plácido Costa Silva André Galvão Duarte André Henrique Oliveira de Carvalho André Luiz Emanuel de Almeida André Luiz Viana da Costa Andreia Francisco Lobo Andreia Pereira de Almeida Andreza Cássia da Conceição Andrezza Beatriz Nicácio de Oliveira Anésio Amâncio de Melo Junior Angela Merisse Pereira Diniz Anne Caroline Soares Almeida Arali Aparecida da Costa Araújo Aretha Medeiros Silva Arielle Dias de Oliveira Arilson Brito Ribeiro Arthur Correa de Almeida Athos Duarte Soares Bárbara Diniz Lima Bárbara Muniz Soares Bárbara Tahara Valverde Bianca Gil Gouveia Braz Tavares da Hora Junior Breno Rates Azevedo Bruna Bolognani Tandeli Bruna Camila dos Santos Bruna Gonçalves Amaral Bruna Lopes Caon Bruna Rengel de Freitas Naves Bruno Borges Morais Camila Rabelo Oliveira Leal
Camilla Rayza dos Santos Barros Carla Danielle de Melo Soares Carlos Henrique Cardoso Carolina Njaime Mendes Caroline Farah Ziade Cecília Lívia Falcomer Fraga César Augusto Ticona Benavente Cezar Filho Rocha Clarice Moreira Rocha Claudia de Abreu Marques Coentrão Claudia Vanusa Gardingo Nogueira Cliviany Borges da Silva Cristiane de Faria Lucas Cristina Maria da Cunha Cryslaine Aguiar Silva Cynthia dos Santos Rebello Oliveira Daiane Milena de Almeida Galdino Daniel de Paiva Silva Daniel Gustavo Montalvão Pinto Daniel Zuba Catoni Débora Marques Coelho Débora Reis de Carvalho Deborah Majorie Amaral de Melo Deiverson Junio Benigno Denise Gonçalves Carvalho Denise Sueli de Barcelos Diego Juarez da Silva Diego Pereira de Souza Diogo da Costa Ferreira Dirceu de Sousa Melo Dornelles Assunção Douglas Dalle Luche Douglas Lara Martins Douglas Lara Martins Dyoggo Oliveira Vieira Lima Colossi Eduardo Carlos Quintana Edvânia Alves Silva Elci Ferreira Mendes Piochon Elcione Batista da Silva Eliana Marinho da Cruz Elica Aparecida Mariano Elizabete Carolina Pinheiro Zaratim Elto Aparecido Moreira Enderson Bastani da Silva Ennes Bittencourt Dantas Eric Arruda Williams Érica Bravo Sales Érica Gomes Ferreira Erika Cristina de Oliveira Fabiana Araújo Soares Fábio Pacheco Silva Fabrício Alves Ribeiro Felipe Grespan de Freitas Fernanda de Araújo Bezerra Fernanda Eliane Alves Fernanda Esteves Gomes Silva Fernanda Fonseca e Silva Fernanda Karina Costa Aviz Fernanda Melo Duarte Fernanda Silva da Costa Fernanda Silveira Catenacci Fernando Silva Ribeiro Flávia Mara Barros Flávia Maria de Castro Pereira Francielle Pajola Francine Souza Alves da Fonseca Frederico Fernandes Ferreira Gabriel Oliveira Rabelo
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Gabriela Gonçalves da Silva Gabriela Maria Ferreira Coelho Gabriella Breder Lara Lima Gabrielle Silva Oliveira Genilda Santana Gomes de Sales Geovana Lívia de Moraes Giselle Bianca Silva Fraga Gislaine Pinheiro de Paula Moura Glennya Rodrigues Carvalho Gudryan Jackson Barônio Guilherme Costa Santos Helder Gonçalves de Araújo Helen Gomes da Silva Helio Shigenobu Mori Henrique Antônio de Oliveira Lourenço Hermano José del Duque Junior Humberto Ribeiro de Souza Ingrid Valentim Isabela Araújo Pereira Isabela Freitas Oliveira Isis Costa Cambraia Ivan Junqueira Lima Jaime Alves Moura Janaina Aparecida Alves Janice Buiate Lopes Maria Jaqueline Cristina Resende Jaqueline Ferreira Saturnino Jefferson Barros Machado Jéssica Priscilla Pereira Joaby Divina das Neves Lima João Augusto Vieira de Oliveira João Daivison Silva Ramalho João Paulo Teixeira Costa Joice Costa Martins Jonathan Graziano Batista Marques Jordianne Costa Oliveira e Silva Ramalho Jorge Freitas Cieslak José Amilton Coelho de Souza José Geraldo Felipe da Silva José Henrique Oliveira de Amorim José Hermano Oliveira Franco José Luiz de Sene José Maria Ferreira de Almeida José Rafael Wanderley Benício José Teodoro da Silva Junior José Vinicius de Jesus Joselita Brandão de Sant´Anna Josinei Valdir dos Santos Jucimara Rodrigues Braúna Juliana Coutinho de Souza Juliana de Oliveira Freitas Juliana Fogarolli de Oliveira Juliana Gonçalves Purcino Juliana Kuchenbecker Belisário Juliana Maria Fernandes de Souza Juliana Moreira Lopes Juliane Faria Alves Julimar Andrade Oliveira Juscélia Regina Lima Xavier Jusimara Fraga Caliman Karina Lucas Barbosa Lopes Mattos Karina Viana Diniz Cruz Karine Almeida Dias Karla Fátima de Souza Ferreira Karlla Bianca Moraes de Oliveira Paschoal Kassia Marques Correa Kauane dal Moro Moura Kellubia Ferreira de Souza
registros Kenia Natália de Paulo Ferreira Kerley Cintia Modesto Kiara Stefani de Carvalho Laiane Vieira de Sousa Laís Cristina Passos Moreira Lana Ivone Barreto Cruz Lara Rodrigues de Lima Larissa Cristina Umbelino da Silva Larissa Fátima Emiliano Laura Altafin Cavechia Leandro Braga Godinho Leandro Nunes de Souza Leigmar Parente Carmo Leilane Barbosa Ronqui Leonardo Fernandes Ziviani Leonardo Jonas Fragola Letícia Almeida Moura Letícia Aquino de Sousa Letícia Rezende Oliveira Lianna da Rocha Sousa Lidiane Aparecida Martins Ligia Maria Saback Moreira Lilian Patricia Sales Silveira Liliane Cira Pinheiro Livia Soares Furtado Rodrigues Luana Jaime Tocchio Luana Patrícia Alves Teixeira Rigotto Lucas da Silva Alves Luciana Carvalho Luciana Carvalho Pereira Luciana de Souza Melo Luciana Ribeiro Serafim Luciene Assunção Sucupira Luiz Antônio de Souza Aguiar Luiz Carlos Leonel Martins Luiz Carlos Nunes de Andrade Luiz Gustavo Guimarães Medeiros Luiz Gustavo Teixeira da Silva Marcélia Carvalho Heringer Marcelo Araújo Buzelin Marcelo Ribeiro Rodrigues Márcia Andrade de Souza Azambuja Santos Márcia Antunes de Lima Marcos Aurélio Rodrigues Alves Marcos Burian Guimarães Marenilde Goveia Feitosa de Almeida Margarete de Souza Silva Lemes Maria Aparecida Mariano da Silva Maria Auxiliadora Silva Lopes Maria do Carmo Correa Lagos Maria José Albergaria Abreu Maria Priscila Moraes dos Santos Machado Maria Raquel Rios Maria Tereza de Almeida Lopes Mariana Benjamin Cardoso de Oliveira Mariana de Sousa Vitorino Mariana Maciel Cunha Mariana Mendes e Mello Mariana Rodrigues Mesquita Mariana Salomé Rodrigues Gonçalves Mariane Machado Coelho Marília de Paula Porto Marina Barroso de Antônio Marina Conceição dos Santos Moreira Mário Augusto Latino Antezana Marlon de Souza Faria Maryana de Fátima Fonseca Santos Maurício Alexandre da Silva
Mayana Flavia Ferreira Pimenta Mayara Correa da Silva Mayra Oliveira Lopes Mayra Oliveira Ulhoa Maysa Cristina Carvalho Torres Maysa Lettiere Lacerda Santos Melina Fernanda Leite Barreto Michele Alves Ferreira Micheline Soares Braga Michelle Gomes de Oliveira Michelly Cristina da Silva Miguel Leda Salles Milene dos Santos Cais Monaliza Arantes Branquinho Nara de Oliveira Silva Nara Faria Silva Natália Correa Ferreira Faria Nathália Sampaio Silva Oliveira Rodrigues Nathália Silva de Carvalho Natiela Beatriz de Oliveira Nayara Alves Bastos Nayara Ferreira Carvalho Nayhaara Christina Ribeiro Nayhanne Tizzo de Paula Nelson Quirino Gonçalves Núbia Caetano de Castro Núbia dos Santos Constâncio Odette Martins Thomé Orlando Augusto dos Santos Oscar Barroso Vitorino Junior Paola Braga dos Santos Paola Juliana Lopes Buss Patrícia Catarina Luzio Patrícia Danielle Pereira Vital Patrícia de Abreu Moreira Patrícia de Sousa Lima Viana Patrícia Gomes de Lima Patrícia Luciana de Oliveira Patrícia Nery Silva Souza Patrícia Oliveira Souza Paula Cristina Pereira da Silva Paula Gabriela Gomes Silva Paulo Francisco da Silva Campos Machado Zava Paulo Henrique de Almeida Campos Junior Pedro Henrique Brum Togni Pedro Reina de Oliveira Gomes Péricles Uchoa Muniz Poliana da Silva Pedro Poliana Estevão Vasconcelos Poliana Jesus dos Reis Poliane de Cássia Gonçalves Priscila Petruco de Oliveira Priscilla Nascimento de Freitas Priscilla Sales Gomes Rafael Couto Rosa de Souza Rafael Inácio da Silva Rafael Pires de Oliveira Rafaela Guimarães Silva Rafaelly Karina Sales Rezende Raimundo Nonato Quinto Gomes Raíssa Furtado Souza Raíssa Martins de Carvalho Raphael de Oliveira Guerra Deotti Ray Nelly Jesus dos Santos Rayanne Lohse Monteiro Rejane Campos da Silva Renata Cristina Higino Brito Renata Rocha Ribeiro
Renata Silva do Prado Renata Soares Vita Ricardo Guirelli Simões de Oliveira Ricardo Rodrigues de Lima Roberta Abreu Oliveira Roberta Correa de Souza e Silva Roberta Rosa de Faria Freitas Roberto Miranda Filho Rodolfo Cabral Costa Gomes Marçal Rodrigo de Macedo Mello Rodrigo Luis de Carvalho Rodrigo Takata Ronaldo de Lima Leal Rondinelle Magalhães Muniz Ronyere Olegário de Araújo Rosângela Laura Picoli Ruanny Casarim Correa Sabrina Paiva Souza Samuel Leôncio Braga Sandielle Ferreira Tavares Martins Sandra Maria da Fonseca Silva Sarah de Freitas Oliveira Sávia do Carmo Martins Sheila Magalhães Pessoa Simone Alves Fraga Simone Araújo Junqueira Sofia Bethlem Soray Soares Rosa Damasceno Marques Susana de Matos Almeida Tamiris Aparecida da Silva Tatiana de Souza Peixoto Tatiana Silva Melo Tatiane Aparecida de Almeida Tatiane de Cássia Pereira Tatiane de Paula Basílio Furtado Tatiane Fabrício Batista Tatiane Regina da Silva Tauane Cunha Andrade Telce Miranda Madruga Tércia Lauar Souza Sotero de Almeida Thais Danniele Barbosa Thalita Marra Rosa Thallyta Maria Vieira Thayara Oliveira Rodrigues Thiago Augusto Sampaio Teles Thiago de Roure Bandeira de Mello Thiago Dias Meneses Thiago Pereira Pires Tiago Battisti Scapini Valdeci Carlos da Silva Valdeci Machado de Azevedo Valdineia Quirino de Sousa Pedro Valéria Aparecida de Macedo Santos Valéria Lopes de Castro Vanessa Bernardes Vanessa Diniz e Silva Verônica Saraiva Fialho Vilma Fernandes Carvalho Vitor César de Campos Vitor Hugo Simões Miranda Vivian Nunes de Oliveira Viviane Ferreira Gonçalves Wander de Andrade Silva Welington Fabio Marques Wellida Mara Gonçalves Welthon Rodrigues Cunha Wilder de Souza Silva Wilson Barbosa da Cunha
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simpósio
O futuro da Ecologia “Se a previsão do tempo diz que vai fazer sol, não se esqueça de levar um guarda-chuva”. A brincadeira com a imprecisão das análises meteorológicas (que já nem são mais tão imprecisas) é antiga, mas segundo o doutor em ecologia e professor da Universidade de Maine, nos Estados Unidos, Brian McGill, esse é exatamente o caminho para o desenvolvimento da ciência. “Previsões mais específicas muitas vezes se mostrarão erradas no futuro, mas possuem uma importância científica maior do que obviedades”, afirma McGill. A crítica ao modo como parte dos pesquisadores tem conduzido seus estudos foi feita durante uma palestra ministrada pelo professor no Simpósio Internacional de Ecologia e Conservação, realizado na UFMG entre os dias 25 e 27 de agosto. Para McGill, a falha pode ser uma aliada do pesquisador desde que ela seja publicada, pois estimularia a busca pela resposta certa. Ele acredita que o medo de errar está limitando os cientistas. “‘As mudanças estão ocorrendo e elas terão impacto’. Essa é a melhor conclusão que os estudos em Ecologia podem alcançar?”, questiona. Outro princípio defendido por ele é de que as análises ecológicas devem apresentar dados em larga escala. “Problemas de conservação englobam questões seculares e de milhares de quilômetros quadrados.
Vitor Moreira
Professor americano afirma que cientistas precisam arriscar mais
Brian McGill foi um dos palestrantes do Simpósio Internacional de Ecologia e Conservação da UFMG
Previsões para daqui três anos e com resultados em metros quadrados não ajudam muito”, opina.
Futuro Além dessa nova forma de realizar pesquisas, o professor Brian McGill afirma que o futuro da Ecologia está atrelado também aos meios de publicação de artigos e à interpretação social desses estudos, uma vez que as redes sociais têm facilitado a troca de informações e a construção social do que é válido cientificamente ou não.
Simpósio comemorativo O Simpósio Internacional de Ecologia e Conservação celebrou os 25 anos do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre da UFMG (PPG-ECMVS). A organização do evento foi presidida pelo biólogo Adriano Paglia, professor do Departamento de Biologia Geral da Universidade. Na apresentação que abriu o Simpósio, Adriano destacou a trajetória do PPG-ECMVS, responsável por mais de 400 teses e dissertações defendidas desde 1989. Os professores que contribuíram para a criação do Programa foram homenageados na figura do professor Célio Valle.
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