Unidades de conservação ameaçadas ou ameaças?
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Maio de 2014
editorial
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Debater é preciso Nelson Rodrigues cunhou uma famosa máxima que diz que “toda unanimidade é burra”. Provavelmente o dramaturgo fazia uma crítica a opiniões e tendências que são disseminadas sem uma devida análise crítica, aos fatos que são aceitos sem qualquer tipo de questionamento. Isso porque o debate de ideias, o confronto de argumentos é a melhor forma de se alcançar um conhecimento bem fundamentado. Melhor do que apenas concordar e repetir o senso comum é buscar informações, pesá-las e fazer seu próprio julgamento. Apesar de não estar explícito em seus objetivos, também é papel do CRBio04 contribuir para a formação de massa crítica, uma vez que isso influi diretamente no aprimoramento dos profissionais da Biologia. E se essa é uma missão institucional, por conseguinte os veículos de comunicação do Conselho também não podem se privar do debate. Na capa desta edição, levantamos a bola para um assunto polêmico: os limites da preservação vs as necessidades do desenvolvimento. Afinal, as unidades de conservação espalhadas pelo país têm cumprido bem seus objetivos? A que custo temos defendido áreas de preservação que poderiam ser exploradas por atividades econômicas ou, pela lógica inversa, qual preço
ainda pagaremos por permitir a destruição de matas e serras pela mineração, por exemplo? Em um momento em que iniciativas e propostas se multiplicam em ambos os fronts dessa discussão, o Jornal do Biólogo buscou, com essa reportagem, apresentar os dois lados da moeda. A intenção não é defender um ponto de vista ou condenar outro. Sobretudo, a proposta é informar, trazer argumentos divergentes para que o leitor possa formar sua própria opinião. Afinal, se há algo consensual sobre o assunto é que os biólogos não podem ficar de fora do debate. Ainda nesta edição apresentamos uma reportagem sobre o uso de aves de rapina no controle de pássaros nos arredores de aeroportos, uma interessante matéria com dois biólogos que atuam com perícia criminal e a cobertura de eventos recentes que contaram com a participação do CRBio04: o Seminário de Arborização Urbana de Belo Horizonte e o I Fórum de Bioética dos Conselhos Profissionais de Saúde de Minas Gerais. Boa leitura!
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Diretoria Executiva Presidente: Gladstone Corrêa de Araújo Vice-Presidente: Jefferson Ribeiro da Silva Tesoureira: Sylvia Therese Meyer Ribeiro Secretária: Norma Dulce de Campos Barbosa
Conselheiros Efetivos: Bruce Amir Dacier Lobato de Almeida, Carlos Frederico Loiola, César Augusto Maximiano Estanislau, Elias Manna Teixeira, Evandro Freitas Bouzada, Mariana Nascimento Siqueira Conselheiros Suplentes: Aneliza de Almeida Miranda Melo, Emilson Miranda, Fábio de Castro Patrício, Helena Lúcia Menezes Ferreira, João Paulo Sotero de Vasconcelos, José Alberto Bastos Portugal, Lucas Soares Vilas Boas Ribeiro, Meriele Cristina Costa Rodrigues
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Gladstone Corrêa de Araújo Conselheiro Presidente
Jornal do Biólogo Ano XVIII - Nº 67 | Maio de 2014 Produção Editorial: Berlim Comunicação | www.berlimcomunicacao.com.br Jornalista Responsável: Vitor Moreira | Registro: 14055/MG Reportagem páginas 8 e 9: Gabriela Vilaça Projeto Gráfico: Rafael Chimicatti Impressão: 1.500 exemplares
controle ambiental
Olhos de falcão Técnica de falcoaria auxilia no controle de aves em aeroportos JFK, em Nova York, os falcões até conseguiram eliminar as gaivotas que viviam na região. Porém, os responsáveis ignoraram a existência de um ninhal próximo, que permitiu o repovoamento por novos indivíduos que não estavam habituados com aeronaves e, consequentemente, causou o aumento no número de incidentes.
Terça com Pragas O biólogo Carlos Eduardo Carvalho ministrou palestra recentemente no auditório do CRBio04 sobre a aplicação da falcoaria no controle de aves. A iniciativa faz parte do projeto Terça com Pragas, organizado pela Associação Mineira de Biólogos com apoio do Conselho. O evento é realizado toda segunda terça-feira do mês e traz sempre um convidado para falar sobre alguma espécie que oferece riscos ou problemas ao homem. Para saber mais, acesse o Facebook da AMBio: www.facebook.com/ambiomg. Arquivo pessoal
Somente ao longo do ano de 2012 – data do último relatório emitido pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) – foram registradas 1.604 colisões de pássaros com aeronaves no Brasil, a grande maioria em procedimentos de decolagem e pouso, ou seja, nas proximidades dos aeroportos. Como forma de tentar sanar o problema, nos últimos anos várias técnicas têm sido utilizadas e aperfeiçoadas para espantar as aves dos arredores de aeroportos e diminuir o número de incidentes. O uso de cães, bombas e fogos de artifício são bastante corriqueiros. Entretanto, a solução mais eficaz talvez resida em um conhecimento com cerca de quatro mil anos: a falcoaria, técnica de manejo, criação e treinamento de aves de rapina para a caça. “Se corretamente aplicada, a falcoaria constitui um dos melhores métodos para o controle de avifauna problema”, garante o biólogo e falcoeiro Carlos Eduardo Alencar Carvalho. Cadu, como é conhecido, explica que entre as vantagens da utilização de falcões está o fato de ser um método ecologicamente correto. “O falcão serve para capturar a presa, não para matá-la. Após apreendida podemos realocá-la em outra área”. Segundo o profissional, é imprescindível que o falcoeiro tenha domínio de conceitos de ecologia aplicada para o sucesso do trabalho. “O ideal seria termos no mercado biólogos com especialização em falcoaria. Isso poderia se dar com a inserção de uma disciplina nas grades curriculares dos cursos de Biologia ou com a criação de uma pós-graduação lato sensu”, avalia. O conhecimento especializado, além da técnica, evitaria erros primários em algumas iniciativas, como a do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, onde tentaram sem sucesso utilizar a falcoaria no controle de urubus. Entretanto, como explica Cadu, não existe nenhuma ave de rapina que seja predadora dessas aves. Já no
Falcoaria foi o tema do primeiro Terça com Pragas de 2014
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biodiversidade
O futuro das unidades de conservação Elas detêm importantes recursos hídricos e minerais, e por isso o debate de seu papel é imprescindível Em junho de 1992, 108 chefes de Estado de todo o mundo desembarcaram no Rio de Janeiro para participar da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento ou, como ficou popularmente conhecida, Eco-92. O encontro representou um novo paradigma nos debates sobre meio ambiente por ter se focado no conceito de desenvolvimento sustentável – termo cunhado pela ONU em 1987. Como resultado da Conferência foi criada a Agenda21, conjunto de 2.500 ações que deveriam ser implantadas pelos países para se promover a sustentabilidade. No Brasil, as discussões decorrentes da Eco-92 tiveram uma série de outros desdobramentos, como a criação do Ministério do Meio Ambiente – até então uma secretaria vinculada à Presidência da República – e o avanço da legislação que versa sobre a preservação dos recursos naturais do país, culminando na Lei 9.985/2000. Essa lei instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, estabelecendo critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conser-
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vação no Brasil. Entretanto, a implementação da Lei 9.985 logo entrou em rota de colisão com iniciativas de desenvolvimento econômico, como extração mineral, construção de portos, hidrelétricas etc. Não por acaso, um levantamento do Ministério do Meio Ambiente realizado em 2013 apontou a existência de mais de 400 projetos em tramitação no Congresso Nacional que, de alguma forma, afetam as unidades de conservação. Mas, afinal, qual lado está com a razão? Existe realmente o mocinho e o bandido nessa história? “Tanto as UCs quanto a política ambiental brasileira são geridas com base na ideia do equilíbrio ecológico. É um paradigma da Biologia que vem sendo disseminado desde a Grécia Antiga, mas que a ciência vem demonstrando já estar ultrapassado. Se partimos do princípio do equilíbrio, o homem deveria ser isolado, pois qualquer ação sua afetaria esse ‘estado ótimo’ da natureza”, argumenta o biólogo Marcos Antonio Reis Araújo, doutor em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre pela Universidade Federal de Minas Gerais.
biodiversidade
Para Marcos, que atua como consultor e já lançou dois livros sobre a gestão das unidades de conservação, o Brasil ocupa um papel de destaque em relação à segurança ambiental e à segurança alimentar global neste século XXI. Entretanto, a visão predominante de um conservacionismo radical e, até certo ponto, anticapitalista, impede o país de alcançar o desenvolvimento econômico e o bem-estar da população. “O Brasil está enfrentando desafios e não podemos fugir à discussão. Os biólogos têm sempre uma posição de ‘não pode fazer’, mas o fazer é inevitável. Portanto, devemos participar do debate para dizer como fazer bem feito”, defende. A opinião de Marcos é contra-argumentada pela bióloga Gláucia Moreira Drummond, superintendente geral da Fundação Biodiversitas, ONG que atua em pesquisas e projetos de conservação da diversidade biológica. Para ela, o momento é de ampliar e tornar mais efetivas as leis de preservação ambiental existentes. “Os empreendedores fazem uso do argumento do bem coletivo para justificarem a ocupação de áreas das UCs com atividades econômicas. Entretanto, é importante ressaltar que a biodiversidade também é um valor real e tão importante quanto a mineração, por exemplo”. A superintendente da Biodiversitas afirma acreditar ser possível que uma área de pre-
servação e um empreendimento econômico estabeleçam uma política de boa vizinhança, favorável a ambos. Entretanto, isso só se concretizaria com um compromisso real do empreendedor de realizar as contrapartidas impostas. “Muitas das vezes essas exigências ficam restritas à fase de licenciamento e, posteriormente, são esquecidas, uma vez que a fiscalização é ineficiente”, explica.
Planos de manejo Apesar de estarem sedimentadas em um paradigma que julga superado, o biólogo Marcos Araújo defende a importância das unidades de conservação, mas ressalta que as dificuldades de implementação e manejo dessas áreas impedem que elas cumpram seus objetivos. “Não existe a visão sistêmica pregada no SNUC. Cada unidade é gerenciada, atualmente, olhando apenas para si mesma, sem se considerar o conjunto. A consequência é que em cada UC busca-se cumprir todos os objetivos previstos na lei, o que a torna extremamente restritiva”, afirma. Gláucia Drummond concorda que o fortalecimento dos trabalhos de preservação só ocorrerá com a gestão integrada das unidades de conservação. Por outro lado, salienta que alguns recursos são restritos a determinadas áreas e
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biodiversidade
que, por isso, a visão sistêmica nem sempre faz sentido e deve ser aplicada. Na esteira dos problemas de implementação das leis de preservação ambiental, Marcos também faz uma crítica ao que ele chama de “mito do plano de manejo”. “São caros, demoram anos
para serem elaborados e nunca são colocados em prática porque têm uma visão idealizada de mundo. Os planos deveriam ser estratégicos e adotar a ideia do manejo adaptativo, uma vez que os recursos financeiros são limitados e impõem escolhas”, conclui.
O perigo que ronda Projetos, leis e resoluções que ameaçam as unidades de conservação Resolução Conama 428/2010 Diminui de 10km para 3km a zona de amortecimento das unidades de conservação “Isso torna as UCs ainda mais vulneráveis, o que é desastroso. É a abertura de um precedente para a modificação das áreas de conservação”. Gláucia Drummond Projeto de Lei 3.682/2012 Autoriza a cessão de até 10% de unidades de conservação para atividade minerária “A questão de desafetações tem que ser vista com calma. Se a legislação ambiental se tornar uma camisa de força, sem nenhuma flexibilidade, teremos que interromper a criação de novas áreas de preservação. É preciso dimensionar o impacto de cada empreendimento de forma responsável ao invés de apelar para termos como prejuízos incalculáveis”. Marcos Araújo Portaria IEF-MG 182/2013 Cria áreas de soltura de animais silvestres em unidades de conservação “Essa iniciativa pode acarretar uma série de problemas como competição entre espécies e transmissão de doenças. É algo que deveria ser mais debatido e analisado antes de entrar em vigor efetivamente”. Marcos Araújo
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bioética
Quais os limites da ciência? Em 1978, o trabalho do biólogo Robert Edwards e do médico Patrick Steptoe levou ao nascimento da britânica Louise Brown, o primeiro ser humano nascido de uma fertilização in vitro. Desde então, o desenvolvimento da tecnologia já permitiu o nascimento de mais de cinco milhões de pessoas em todo o mundo. Porém, na mesma medida em que abriu um vasto campo de possibilidades na área de reprodução humana, a criação de Edwards e Steptoe também suscitou o debate ético sobre os limites da ciência. Afinal, até onde pode chegar a interferência humana nos processos reprodutivos? Responder a essa pergunta – ou levantar uma série de outras questões relacionadas ao assunto – foi a proposta da palestra proferida pelo biólogo Paulo Taitson no I Fórum de Bioética dos Conselhos Profissionais de Saúde de Minas Gerais, realizado nos dias 10 e 11 de abril no auditório da OAB-MG. “A reprodução humana é uma das mais destacadas áreas de atuação do biólogo. Somente no Brasil são mais de 100 centros em reprodução humana e mais de 300 laboratórios especializados. Entretanto, ainda conhecemos muito pouco dos gametas masculinos e femininos. As melhores chances de gravidez, a partir das melhores técnicas, têm taxa máxima de eficácia de 50%”, destacou Paulo.
Vitor Moreira
Fórum com participação do CRBio04 debateu dilemas éticos na saúde
O conselheiro do CRBio04 Evandro Bouzada, o biólogo Paulo Taitson e o presidente do regional, Gladstone Araújo
O biólogo também explicou que, apesar de portarias do Ministério da Saúde e da própria Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005), que tratam do tema, o Brasil ainda não possui uma lei específica que versa sobre a reprodução humana, apesar de ser o vice-campeão mundial em número de embriões congelados. Essas lacunas legais, segundo Paulo, potencializam o surgimento de dilemas bioéticos, como o do diagnóstico pré-implantacional. Com uma única célula do embrião, hoje, é possível fazer a análise de 96 problemas genéticos. Porém, o uso da técnica levanta a questão da eugenia, ou seja, um suposto “melhoramento” da espécie por meio da tecnologia disponível.
O que ditam às normas brasileiras sobre reprodução assistida ä Proibida a seleção de sexo ou de qualquer característica biológica ä Proibida a redução embrionária ä O número de embriões implantados não pode ser superior a quatro
ä Permitida a gestação por substituição (barriga de aluguel) ä Vedado o descarte de embriões
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profissão
A serviço da justiça Diferencial na perícia criminal, Biologia auxilia na resolução de crimes Muito provavelmente você já ouviu falar ou até mesmo assistiu a algum episódio do seriado de TV americano CSI: Investigação Criminal. Lançada em 2000 nos Estados Unidos e no ano seguinte no Brasil, a série retrata o cotidiano profissional de peritos forenses da polícia de Las Vegas, que utilizam a ciência e a tecnologia na resolução de crimes complexos. Apesar de ter ganhado mais destaque e visibilidade com o sucesso desse e de outros seriados do gênero, a perícia técnica sempre foi considerada peça-chave nas investigações criminais, configurando-se, na grande maioria das vezes, como um instrumento fundamental para a elucidação de crimes. O trabalho divide-se, basicamente, em duas frentes: o trabalho de campo, em que os peritos vão até o local do crime e coletam indícios para a produção das provas, e o trabalho nos laboratórios, onde são feitas as análises dos materiais recolhidos. O biólogo e perito criminal Jorge Marcelo de Freitas trabalha desde 2009 na Área de Perícias em Genética Forense da Polícia Federal, em
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Brasília. “Grande parte do meu trabalho acontece no laboratório, com saídas esporádicas para exames em locais de crime. O trabalho de campo, porém, pode incluir até mesmo zoológicos, para obtenção de amostras de espécies animais para serem utilizadas em casos de identificação genética de fauna”, detalha. Por se tratar de uma carreira no serviço público, o ingresso na área de perícia criminal é feito por meio de concurso. Os candidatos aprovados passam por um curso de formação na Academia de Polícia antes começarem a trabalhar. Em muitos casos o conhecimento específico é um grande diferencial para atuar nos laboratórios e, por isso, é dada preferência a quem tem graduação em Ciências Biológicas. “O biólogo se diferencia por ter uma visão mais ampla do funcionamento dos seres vivos, de como eles interagem, além de entender os mecanismos moleculares da célula. Esse conhecimento é muito importante em exames na área de meio ambiente e na genética forense”, explica Jorge.
profissão
Multidisciplinaridade da Perícia Criminal
Desafios No trabalho da perícia criminal, o estado de conservação do material biológico é fundamental. Se a amostra estiver em estágio avançado de decomposição, por exemplo, o resultado da análise pode levar meses. “Fatores ambientais são decisivos para a degradação do DNA. A falta de boas amostras ou até mesmo o tipo de vestígio encontrado podem dificultar o exame”, diz o biólogo. Jorge Freitas relembra um caso interessante que passou por seu laboratório, resultante da apreensão de barbatanas de tubarão realizada pela Polícia Federal no litoral de São Paulo. Uma vez que se tratava de partes de animais mutilados, somente com o auxílio da genética foi possível identificar a origem das espécies e constatar que, dentre elas, havia espécies protegidas pela legislação brasileira. “Na genética forense, área em que atuo hoje, vejo claramente que meus conhecimentos são aplicados diretamente para o bem da sociedade, e isso é muito gratificante”, conta o biólogo.
O trabalho do perito criminal tem como principal objetivo esmiuçar as circunstâncias de um crime (bem como seus agravantes ou atenuantes) e, assim, ajudar a determinar sua autoria. Para tanto, muitas vezes é necessário um trabalho multidisciplinar, no qual diversos tipos de exames são utilizados. Inicialmente um perito vai ao local de um crime e recolhe vestígios – projéteis de arma de fogo, sangue, documentos, fios de cabelo, celulares etc. Esses materiais, então, passam por exames conduzidos por diversos outros peritos, até se concluir a dinâmica e a autoria do crime. “A diversidade de conhecimentos que o corpo de peritos agrupa é muito importante, assim como as orientações recebidas nos cursos de formação”, afirma o biólogo e perito criminal da Polícia Civil do Distrito Federal Gustavo Dalton. Entre as análises que envolvem a área laboratorial, por exemplo, e que fazem parte do rol de atribuições dos peritos criminais, é possível elencar as análises física, química, instrumental, de entorpecentes, balística e de biologia/bioquímica. Porém, elas fazem parte de um grupo ainda maior, que inclui diversas outras análises, como locais de crime, exames contábeis, documentoscópicos e de propriedade intelectual. Perito desde 1993, Gustavo já passou por diversas áreas e hoje atua na engenharia legal e meio ambiente. “O que despertou meu interesse pela profissão foi isso: ela mescla a necessidade de ser, ao mesmo tempo, um cientista e um detetive”, conclui.
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registros Definitivos Bahia Marcelo Fernandes da Silva Distrito Federal Adaíse Amélia Maria de Brito Alexandre Quesada Pinheiro Chagas Alinne Takano da Silva Ana Raquel de Mesquita Garcia Andrea Lessa Benedet Delano Guimarães Pinheiro Dhiogo Soares Rodrigues Eduardo Lemos Felberg Fabiano Costa Babini Fernanda Patrícia Abadia Martins Botelho Fernanda Priscilla Mendes da Silva Graziella Santana Feitosa Figueiredo Gustavo Paiva Evangelista da Rocha Janine Nunes Calvoso Leonardo Lima Pepino de Macedo Lucianne Pereira Ceschini Marcelo Banho de Andrade Reis Natália de Alencar Monteiro Patricia Ianella Raulff Ferraz Lima Renato de Carvalho Batista Silvio Pereira dos Santos Vanessa dos Santos Teruya Goiás Ana Paula Pereira Medeiros Aparecido Roque da Silva Bárbara Dunck Oliveira Bruno Sant'ana Campoy Caio César Neves Sousa Camila Mengoni Campos Carlos Henrique Tavares Borges Charles Garcia Silva Danielly Lara Rocha Medeiros Deivson Mendes Pereira Edimárcio de Araújo Prudente Elizângela Maria Leal da Silva Fábio Jacinto da Silva Francis Júlio Fagundes Lopes Guilherme Fernandes Dias Humberto Caiado Azevedo Isabel Lacerda Borges Nahime Isabela Pavanelli de Souza Jéssica Rayane Azevedo Lacerda José Valter de Lima Jovair Vieira Silva Jucicléia de Sousa Medeiros Júlio César Rodrigues da Silva Karen Adryanne Borges Almeida Letícia Moraes de Faria Letícia Pereira Silva Marcus Vinícius Macedo Santos Mirella Pellicano da Fonseca Moacir Ferreira da Silva Júnior Murilo Luiz e Castro Santana Paula Regina de Farias Oliveira
Paulo Henrique Pinheiro Ribeiro Pedro Oliveira Paulo Rafael Torres de Oliveira Rangel de Morais Pereira Raquel Acácio Mendanha Raquel Gonçalves da Costa Beltrão Renan Manoel de Oliveira Renan Nunes Costa Renato Lúcio Mendes Alvarenga Roseli Cavalari da Silva Ruber Paulo dos Reis Samuel Ferreira dos Anjos Sérgio Lopes de Oliveira Tiago Barbosa Alves Valdeir Rezende Viviane Patrícia da Cunha Sena Wanessa Fernandes Carvalho Minas Gerais Adriana de Castro Adriana Queiroz de Lima Alaine Izabela Alves do Prado Alessandra Caiafa Duarte Alessandra Pereira Sant'anna Salimena Alessandro Aparecido da Silva Alex Martins Pereira Alexandre da Silva Santos Alexandre de Faria Silva Alexandre de Souza Silva Aline da Silva Marques Aline Kely Silva Aline Presto Rabelo Ricardo Alysson Eustáquio Gurgel Amanda de Lourdes Nunes Amanda Monique da Silva Dias Ana Beatriz Borges da Silva Ana Carla Rodrigues Ana Carolina Fonseca Silva Ana Carolina Vieira Pires Ana Caroline Ferreira Alves Ana Luiza Almeida Dias Ana Raquel de Oliveira Santos Anderson Pafume Anderson Seoane Resende André Eduardo Gusson André Mamede Favacho André Neiva Pereira André Vieira Quintino Andrea Aparecida Gomes Anna Laura Vargas da Cruz Antônio Francisco Monteiro Ariana Dias Epifânio Bárbara de Azevedo Bahia Lima Bárbara Machado Casério Bruno Henrique Barbosa Fehlberg Camila Alves de Brito Camila Costa Rodrigues Camila Cristina Araújo Carina Marciela Mews Carla Cristina Pontelo Souza Carla Raphaela Gonzaga Gomes Carolina Bruschi Karmaluk
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Cellen Alves Amorim Bisi Christian Régis da Silva Cinthia de Almeida Freitas Cintia Norma Gonçalves Clarissa Fernandes da Silva Cláudia Aparecida Patrício Moreira Clélio de Sousa Lima Júnior Cristiano Geraldo de Freitas Cristina Martins Simões Carvalho Daiana Oliveira Biulchi Dalila Gonçalves Rodrigues Daniel Augusto Ferreira Silva Daniele Silva de Moura Danielle Rodrigues Soares Dayane Nunes Sousa Débora Lina Silveira de Mello Débora Souza Gondim Mateus Deborah Pires Duque Rodrigues Diane Freitas de Jesus Diego Martins Serelli Diego Roberto Silva Diego Vieira de Souza Donizete dos Reis da Silva Dyeiny Correa Cremasco Éder Pereira Henriques Eduarda Mendonça Rezende Elaine Alves de Oliveira Elaine Rodrigues dos Santos Eliane da Silva Brito Ellen Cristine Barbosa da Silva Emanuela Mansur Soares Eslainy Aparecida Repossi Eugenia Kelly Luciano Batista Fabiana Nascimento da Fonseca Fabiano Aguiar da Silva Fábio de Morais Carneiro Fábio Henrique Peres Fábio Vitorino Fernandes Fabíola Cristina da Cunha Fabíola Pereira Cordeiro Fabrício Marcolino Farley Oliveira Faria Felipe Carvalho de Queiroz Felipe Catão Marra Gonçalves Felipe Eduardo Rodrigues de Freitas Felipe Meyer Cabral Machado Felipe Natali Santos Queirós Felipe Siqueira Pacheco Fernanda Alves Martins Fernanda Soares Rodrigues Fernanda Vieira da Costa Fernando Ferreira de Pinho Filipe Augusto Maximiano Madeira Filipe Ferreira de Deus Flávia Vieira Marri Amado Gabriel Fazito Rezende Fernandes Gilmara Cristina Papa da Silva Graciene Maria Guimarães Graziele Hernandes Volpato Guilherme Augusto Azevedo Lima Guilherme José Faria Silva Guilherme Vieira Teles Ribeiro
registros Gustavo Ribeiro Rosa Hanna Haiane Silva Vitor Ingrid Fernanda Santana Alvarenga Ionara Alves da Silva Izabela Tassar Evora Leite Janaína de Oliveira Costa e Silva Jefferson de Brito Marthe João Bosco Parreiras de Assis João Claudio Paiva Drumond João Pedro Laurito Machado John Rock Gonçalves José Antônio Mateus de Morais Joyce Frade Rios Júlia Andrada Machado de Paiva Juliana Fonseca de Meira Juliana Leonel de Souza Juliana Rezende Savino Silveira Kaline Fernandes Miranda Karina Coelho Lima Kele Rocha Firmiano Kelly Regina da Silva Kelston Márcio Miliani Kênia Cristina Rodrigues Larissa Fernanda Rodrigues Silva Lázaro dos Reis da Silva Leandro Henrique Leite Leidiane Roberta Nascimento Leilane dos Santos Dominato Leonardo Andrade Barboza Leonardo Gomes Peixoto Leonardo Mizrahy Trindade Lidiane Maria Arantes Lis Rezende Lage Lívia Oliveira Loureiro Lucas Mendes Rabelo Lucas Santos Aredes Luciana Vicentina Ramos Luis Alexandre Oliveira de Andrade Luis Felipe Fernandes Bar Luiz Guilherme Zenóbio Alípio Luiza Ferreira Camargos Cunha Magda dos Santos Rocha Magno Ângelo Maísa Santos da Fonseca Manuel Loureiro Gontijo Mara Eliza Gabriel de Carvalho Sasaki Marcela Aparecida Campos Neves Miranda Marcela Morais Parreiras Márcio Gibram Silva Marco Antônio Lima da Silva Marco Túlio Souza Garcia de Carvalho Marcos Fernando Alvarenga Mardem Ribeiro Rocha Barbosa Maria Emília de Avelar Fernandes Maria Isabel dos Santos Vieira Maria Silvânia de Campos Mariana Neves Moura Mariana Oliveira Dias Mariana Ribeiro Borges Alves Marília Cristina de Souza Marina de Carvalho Dutra Marina Vicente de Oliveira
Maryana Lucia Silva Machado Marysther Françoso Teixeira da Costa Matheus Henrique Simões Maycon Ailton de Rezende Michelle Soares Pimenta Mikelli Rodrigues de Magalhães Silva Mônica Alves Mamão Mozart Garcia Junqueira Júnior Murilo Antônio de Vasconcelos Murilo Mariz Oliveira Nara Cassiana Mendonça Natália Cintra Drigo Natália dos Anjos Pinto Natalle Vieira e Silva Nayara da Conceição Portella Braga Nayra Rosa Coelho Pablo Salles de Brito Patrícia Aparecida Moni Soares Paula Maria Raia Eliazar Pedro Campos Guimarães Sampaio e Mello Pedro Dutra Lacerda Pedro Vasconcellos Eisenlohr Polliana Borges Viana Priscila Bragança de Oliveira Priscila Souza de Almeida Priscilla Andrade Teles Rafael Augusto Silva Fernandes Campos Rafael César da Silva Pessoa Rafael Goretti Tolomelli Rafaela Luiza Rezende Machado Leite Rafaella Regina Guimarães do Nascimento Raphael Antônio Vieira Raquel de Oliveira Costa Raquel Miranda Gonzaga Renata Catarina Prado Renato Gatti Fernandes Roberta Melhim Magalhães Roberto Martins Ferreira Júnior Robson Lara Ohasi Rodrigo Carrara Heitor Rodrigo Pinto Nogueira Samuel Aparecido Estevão Samuelly Borges e Vieira Sérgio Soares Barbosa Silvânia Lisboa de Souza Taiana Costa Carneiro Talita Teixeira Campos Tarcísio de Souza Duarte Thaianne Resende Henriques Thaís Augusta Maia Thaís Cristina Teixeira Lopes Thaís Helena Parizzi Saraiva Thaís Ribeiro Guimarães Thaynara Dalton Thiago Lopes Angueth de Araújo Thiago Rogers Aparecido Gonçalves Tiago Carlos Cremonezzi Tiago de Abreu Barbosa Pereira da Silva Tiago Gripp Mota Tiago Kelson Godinho Rodrigues Borges Tuayne Tavares de Castro Túlio Fiorini Carvalho
Túlio Lima Botelho Valdivino Domingos de Oliveira Júnior Vanessa Barbosa Eduardo Cunha Vanessa Cristina da Silva Souza Vanessa Davi Vilela Vanessa Leite Rezende Vânia Assunção Saturnino Vânia Cristina dos Santos Verônica Marliere Teixeira Vinícius Nunes Vieira Vinicius Santana Orsini Vitor Caetano Alves da Silva Viviane do Carmo Viegas Mariz Viviane Nogueira Amaral Conrado Wander Ulisses de Mesquita Wanessa Patrocino dos Santos Wender Lucas de Almeida Wilian Café Reis William Raimundo Costa Yasmin Souza Frade Mato Grosso Juliano Mafra Neves Pará Célia Maria de Oliveira Barros Pernambuco Michelle Cristine Pedrosa Paraná Stephanie de Fátima Pereira Tocantins Elainy Cristina Alves Martins Furtunato Vieira Neto Idelina Gomes da Silva Marco Aurélio Fernandez Gonzalez Aires Volnei Marcos Martinovski
Provisórios Minas Gerais Larleane Júnia Morais Dias Laura Morais Coelho Lays Amanda de Oliveira Borges Livia Cestaro Santiago Lucélia Antunes Coutinho Luiza da Silva Miranda Luiza Fonseca Amorim de Paula Marcelo Santos Oliveira Mariana Araújo Moreira Marina de Magalhães Carvalho Meliana Teixeira Roma Michele dos Reis Silva Paula Campos Junqueira Reis Rafaela Almeida Batista Silvia Romualdo Pontes Stella Ferreira Biondi Tarcisio José Sousa Thalita Ferreira Duarte Ribeiro Yuri Malta Caldeira
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evento
Seminário de Arborização Urbana Palmas, capital do Tocantins, tem média anual de temperatura de 26ºC, e não raramente os termômetros da cidade ultrapassam os 35ºC. Uma das medidas que poderia amenizar esse calor seria um bom projeto de arborização urbana. Entretanto, o que se vê na cidade são muitas palmeiras, espécies que não oferecem conforto térmico, e árvores nos canteiros centrais das largas avenidas, o que não traz nenhum benefício aos pedestres. O exemplo de Palmas evidencia a importância de discussões como a promovida no auditório do CREA-MG, em Belo Horizonte, onde foi realizado nos dias 14 e 15 de abril o Seminário de Arborização Urbana. O biólogo Juno Assis Morais, representando o CRBio04, participou do painel sobre Exercício Profissional, e ressaltou a importância da gestão integrada e multidisciplinar de planos de arborização. “Esse é um trabalho construído com a contribuição de diferentes profissionais, que devem atuar de forma conjunta. A arborização urbana demanda conhecimentos amplos e, portanto, não é compe-
Vitor Moreira
Conselhos discutem interação entre natureza e cidade
Biólogo Juno Morais (à esq.) participou do painel Exercício Profissional
tência de um único profissional”, pontuou. Juno destacou, por exemplo, que já presenciou cortes de árvores serem autorizados sem que houvesse uma identificação prévia da espécie. “Os governos falham quando não promovem a formação de equipes heterogêneas capazes de discutir os desafios de forma multifocal. O conceito de ecologia cabe dentro da cidade. Temos que lidar com a complexidade que se estabelece a partir das interações das árvores com o meio urbano”, defendeu.
Tecnologia em favor da fauna Aplicativo para celular ajudará a evitar atropelamentos de animais Todos os anos, cerca de 450 milhões de animais são atropelados e mortos nas estradas brasileiras. Isso mesmo, você não leu errado. Para tentar reverter esse quadro, o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) está apostando na tecnologia. O órgão lançou, no mês de abril, um app para celular chamado Urubu. A proposta é que as pessoas fotografem animais atropelados e enviem para os especialistas do CBEE. A partir dessas contribuições será criado um mapa com os pontos de maiores incidências de atropelamento e das espécies que correm mais riscos. Essas informações nortearão a proposta de soluções mais efetivas, como a instalação de telas e a construção de túneis sob as rodovias. O app Urubu está disponível para download na Google Play.
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