ÍNDICE
IT
62
34
DOSSIÊ
114 ESPECIAL LIFESTYLE
90 BUCKET LIST
4
99 67
118
BOM APETITE!
EVENTO
CRIATIVIDADE VERDE
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8 - WARM UP 11 - GARIMPO 14 - MAIL
CENÁRIO
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23 - COMPROMISSO Desenvolvimento paradoxal O casamento entre o autodidatismo e a criatividade no ecodesign Atemporalmente sustentável O já usado não é sinônimo de inutilizável Conscientização Criativa Dois projetos entram na mesma barca para colorir a vida de crianças carentes 30 - GADGET 84 - GALERIA A Balzaquiana poética A 30a Bienal mostra o que o latino-americano tem Descarte artístico Thaís Pontes faz um bem danado à arte e à natureza 86 - ESPELHO “Um outro samba” Camilla D’Anunziatta coloca em xeque as mostras de design 88 - FASHION IN HOME Para as doceiras Cores adocicadas invadiram a moda e a decoração! 96 - ESTANTE 99 - ESPECIAL Oscar Niemeyer Singela homenagem da Revista ConstruARCH 104 - NOVOS EMPREENDIMENTOS 124 - SKETCH MAP Destinos top in Brazil, por Janaína Calaça 126 - COLABORADORES
RELAX
106
128 - ONDE ENCONTRAR 130 - BATE-PAPO Olhar canônico x olhar contemporâneo Fábio GaleazVzo e os novos paradigmas. Eles existem?
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EXPEDIENTE
Diretor Administrativo: Douglas Popenga Diretor Executivo: Felipe Pedroso Diretor de Arte: André Ribeiro Diretora de serviços editoriais: Julie Fank
Diretor Administrativo: Douglas Popenga Diretor Executivo: Felipe Pedroso Diretora de Redação: Julie Fank Jornalista Responsável: Giovana Danquieli Diretor de Arte: André Ribeiro Executivos de Negócios: André Luiz B. Fernandes e Daniel Eduardo Gehm Assessora Executiva: Karina Guedes Editora de Fotografia: Isadora Carneiro Fotógrafos: Alex Sanderson, Calan Sanderson, Isadora Carneiro e Rodrigo Vieira Jornalistas: Giovana Danquieli, Marcele Antonio e Tátila Pereira Pesquisa e produção de conteúdo para web: Anna Hilbert Estagiária de Publicidade e Propaganda: Carolina Maffei Mincarone Estagiário de Jornalismo: Ricardo Pohl Arquitetos consultores: Aurora Popenga CREA-PR 89.348/D (Arquiteta, Urbanista e Paisagista); Caio Smoralek Dias CAU 98421-3 Celso Fernando Contin Pedroso CAU 39.199-9; Liana Maria Mayer Bertolucci CAU 98.425-3 (Especialista em Obras Públicas); Luiza Scapinello Broch CAU 119042-3; Sciliane S. Sauberlich CAU PR 111615-0 (Pós-graduada em Arquitetura Paisagística, cursando Pós-graduação em Design de Interiores).
Engenheiros consultores: Diego Manfé CREA-PR 94.814-D; Fabiano Vasques CREA-PR 98.180/D (Especialista em Estruturas Metálicas); Leandro Bloot CREA-PR 90.480-D (Pós-graduado em Estruturas); Leomar Pereira de Menezes CREA-PR 28.692/D (Especialista em Laudos e Perícias Judiciais e em Engenharia de Segurança do Trabalho); Mauricio Popenga CREA-PR 12.20120/D; Ricardo Lora CREA-PR 100.707/D (MBA em Gestão Empresarial e MBA em Gestão de Obras e Edificações); Vinicius Hotz CREA/PR 11.5861/D. Marketing e Comunicação: Agência Roda Gigante Central de atendimento: (45) 3306 6336 - 3306 3663 contato@revistaconstruarch.com.br www.revistaconstruarch.com.br Redação: julie@revistaconstruarch.com.br Impressão: Gráfica Positiva
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WARM-UP
Mário Quintana disse que uma linha reta é uma linha sem imaginação. Bem que poderia ter sido Oscar Niemeyer a proferir
a frase. Arquitetos e engenheiros, na contracorrente do poeta gaúcho, conferem uma boa dose de ideias refletidas na simples retidão de, não
uma, mas várias linhas – e assim fazem sua poesia – uma poesia da linha reta. Um certo engenheiro, por sua vez, inventou o brinquedo que, desde 1893, encanta crianças parques de diversões afora – George Washington Gales Ferris, que, antes de se aventurar pelo mundo dos brinquedos, era um construtor de pontes nos Estados Unidos, inventou a Roda Gigante. O intuito era rivalizar com o frisson causado pela construção projetada por um outro notável construtor de pontes, Gustave Eiffel, quatro anos antes, em Paris: a torre treliça mais visitada do mundo. Duas construções com linhas retas na medida certa. Assim são também as construções do poeta da curva, Oscar Niemeyer, que nos deixou no mês de dezembro e ao qual a Revista ConstruARCH presta uma singela homenagem. A originalidade e o êxito dos dois inventos, somados a toda a obra de Niemeyer, correspondem ao que se esperava para as duas construções de Paris e de Chicago: “algo original, único e ousado”. A palavrinha mágica “ousadia” certamente foi o quesito de desempate entre tantos outros bons projetos que apareceram na redação esta edição e foi o tempero eleito para a nossa edição inaugural, endossado pela fala do arquiteto Guto Requena, durante o Design Weekend!, à ConstruARCH: “Uma boa revista tem que ser ousada!”. Na mesma linha, ancoramos nossas ideias: um bom projeto tem que ser ousado. Ousado na medida de pintar um piano de azul, plantar uma casa no meio do mato ou adesivar a janela dos fundos imitando uma árvore só por saudosismo. Ousadia também presente na medida dos 111 artistas convidados pela 30a Edição da Bienal de São Paulo, audácia na medida de se propor um capacete invisível – só para os ciclistas não carregarem mais aquela parafernália toda em cada passeio. Arrojo presente em cada uma das editorias, com um plus pra lá de ousado da seção especial. Foi a ousadia o tempero e o ingrediente principal – ao mesmo tempo – da edição, porque uma boa revista tem que ser ousada, audaciosa, arrojada e irreverente. E por aqui, em homenagem ao poeta da curva, a gente acredita que, sem a pitada certa de ousadia, somos todos linhas retas.
julie@revistaconstruarch.com.br
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revistaconstruarch.com.br
Diretora de Redação
Simetria, pra que te quero? Branco, laranja, amarelo, vermelho, preto, quadrado, retângulo, curva: coube tudo nesta peça da Paschoal Bianco! E, como aquilo que é muito igual enjoa, do início até a metade, o buffet é um e, a partir daí, ele se transforma em outro, sem perder os traços anos 50. A bossa ficou reservada para os sinuosos pezinhos de cedro. Espaço de sobra por R$ 7.800, no www.desmobilia.com.br Centopeia elegante Da Coleção Canaviais, do designer Roque Frizzo, surge quase que caminhando, a mesa-conceito com tampo laminado natural de Imbuia, com detalhe em marchetaria em lâmina de Muiracatiara. Ângulos agudos, retos e precisos, como o corte da cana, trazem a exclusividade do móvel. Tudo bem que a mesa não tem exatamente 100 pernas: são 64. Mas valeu pelo efeito estético interessante que gerou esse amontoado de perninhas. Preço sob consulta. www.saccaro.com.br
Abençoado descanso Basta olhar a Poltrona Bonfim e já dá vontade de sair dançando. Inspirada no Maracatu, a poltrona é composta pela estrutura de madeira torneada artesanalmente e assento todo transpassado por centenas de fitas do Nosso Senhor do Bonfim. Quem a vê pela primeira vez pode colocar em cheque o seu conforto, mas quando se pensa na simplicidade estrutural em madeira e na originalidade, a peça vira obra de arte. Alfio Lisi foi o responsável pela grande ideia. Na Dpot, preço sob consulta (11) 3082-9513
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GARIMPO
Jogo de palitos
Mais transparência
Solução para manter
Desenvolvida pelo estúdio Nada
o local organizado, sem
se leva, a peça Glass é súper cria-
perder em estilo, o cabi-
tiva! Aliás, quando o assunto é ou-
deiro “obelisco” da Oppa
sadia, nas formas e materiais, esse
Design, é bem contempo-
estúdio bate recorde! Este estilo de
râneo. Coloque na sala e
poltrona, a Bergère, data de 1720.
deixe o ambiente descon-
O design do mobiliário foi resgata-
traído e ainda tenha onde
do pelo estúdio e repaginado com
pendurar os casados
a utilização de vidro. Linhas orgâ-
dos convidados. Colo-
nicas e atuais fazem parte da peça
que no quarto e man-
que, apesar de transparente, vai
tenha bolsas e aces-
chamar muita atenção em qual-
sórios sempre à mão!
quer ambiente! Preço sob consulta
Uma gracinha que nos
www.nadaseleva.com.br.
faz lembrar dos tradicionais joguinhos de palito, né? R$ 129 no www.oppa.com.br.
Tripé estiloso Inspirada na “cadeira girafa”, projetada em 1987, por Lina Bo Bardi, a cadeira Bandeira, criada por Rodrigo Silveira, incrementa a primeira com um toque extra (se assim era possível) de simplicidade. Enquanto a perna responsável por sustentar o encosto lembra um mastro, as duas pernas dianteiras parecem pernas de pau de malabaristas circenses, com a diferença confortável: você não precisa dar uma de equilibrista. Fácil de montar, ela é feita de Tauarí e mede 70x52x35 cm. U$ 500. www.orodrigoquefez.com.br
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Cadeira Girafa
Cadeira Bandeira
O hoje pede ambientes pequenos, criativos e únicos. E a decoração, por mais minimalista que seja, faz a diferença! Quanto menor o espaço, maior parece ser o quebra-cabeça na hora das escolhas. Brincar com o lugar e desconstruir algumas regras pode contar pontos favoráveis nessa caça em busca das melhores opções para tornar qualquer espaço aconchegante e prático. Quando o assunto é escada dentro de casa, a elegância pede passagem. Equilíbrio é a peça chave. Até para depois não faltarem ideias de como ocupar o espaço vazio embaixo dela. A Revista ConstruARCH convidou a arquiteta Gracieli Pozzer para propor soluções práticas às duvidas dos leitores que deixaram perguntas no mural da fanpage da revista no Facebook.
Gracieli Pozzer
arquiteta, urbanista e especializada em design de mobiliário Decorar um espaço pequeno da casa não parece tarefa simples. Esses lugares apertados, tanto podem fazer a diferença, quanto tornarem-se cantos indesejados – por falta de saber o que fazer com eles. Como solucionar esse dilema? Pequenos espaços clamam por criatividade e planejamento. Não dá para manter os dois recursos separados quando se cogita criar um ambiente aconchegante e prático. O ideal é ter cuidado na hora de decorar esses espaços, no entanto, nada é tão complexo quanto parece! Objetos e móveis devem ser proporcionais ao tamanho do ambiente. Ter mobílias retas e retráteis, fáceis de encaixar e trocar de lugar – um dia na cozinha, outro na sala, conforme a ocasião, é uma dica simples, mas que pode fazer a diferença na hora de criar o ambiente. Espelhos também podem ser ótimos aliados na hora de decorar. Com eles é possível conferir a sensação de amplitude a qualquer espaço. O jogo de cores também pode tornar essa sensação ainda mais nítida. CoBoa iluminação, papel de parede e quadros se combinam
res são essenciais, nada de escuridão!
para ampliar, mesmo que apenas na ilusão, o ambiente
Materiais diferentes também são formas de inovar. Não é
apertado. Ao fundo, a criatividade está na estante, deco-
porque o ambiente é pequeno ou estreito que está fada-
rada com lembranças de família. Um cantinho amistoso!
do a perder a graça. Tecido, tinta, papel de parede, quadros: tudo vale para incrementar as paredes. Outra opção é integrar! Nesse quesito, a criatividade vai ajudar muito.
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Escadarias em ambientes internos podem servir também para valorizar o espaço? Como harmonizar uma escada estilosa com o restante da casa ou escritório? Muitas vezes a escada é o ponto principal de uma casa deixando de ser uma simples circulação vertical para uma bela obra de arte. Existem diversos modelos de escadas: retas em “U” ou “L”, circulares, caracol, Santos Dumont, em balanço e espinha de peixe. Mesmo com tantas opções, o que manda ainda é o material usado, que a deixa discreta ou exuberante. A dica para valorizar o ambiente é apostar em escadas mais abertas e construídas com material que as deixem com visual leve. A plissada fica linda em qualquer proposta, pois a própria forma a deixa esbelta. Pode ser construída a partir do concreto, madeira e até mesmo vidro. Antes de tudo é preciso se lembrar da segurança e aliála à estética. Existem no mercado diversos modelos de guarda-corpo: alumínio e vidro estão em alta! O primeiro remete à durabilidade e resistência. Já o segundo material causa efeito visual diferenciado. Unindo-se ao restante da decoração é possível criar ambiente moderno e clean.
Moderna, robusta e ilusionista. A escada plissada causa efeitos visuais distorcidos que engrandecem ainda mais o modelo, que pede uma decoração à altura. Na foto, decoração e móveis escolhidos tornam o ambiente sóbrio, mas nem por isso menos aconchegante e moderno.
Depois de definir qual modelo de escada a construir, vem outra dúvida: como aproveitar esse espaço embaixo dela, sem poluir visualmente todo o restante do ambiente? Um lavabo continua como opção? O lavabo da escada não é mais o queridinho do pedaço – exceto em casos em que é necessário reduzir a metragem da obra. Hoje, esse cantinho tem outras funções: acomodar uma estante, uma pequena biblioteca, se tornar um simples espaço para leitura, escritório, adega ou até mesmo um barzinho. São várias opções, tudo vai depender do gosto do proprietário. Outra dica é montar nesse espaço livre um jardim de inverno. A proposta precisa apenas de cuidado com a iluminação natural. Já em casos de escadas muito arrojadas, o ideal é manter o espaço sob ela sem nada, para não causar conflito no visual do ambiente. Como não querer um jardim de inverno dentro de casa e tornar o espaço agradável aos olhos? Plantas causam um efeito instantâneo de tranquilidade. O cantinho pode se tornar aconchegante e belo, num lugar da casa que já chama atenção.
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CRIATIVIDADE VERDE
SUBINDO PELAS PAREDES
É o verde querendo se infiltrar em todos os cantos da casa todos os cantos da casa - mesmo que os espaços sejam pequienininhos. aperto e complexidade na manutenção não são desculpas: tem jardim vertical para todo tamanho e jeito imagináveis! Por Marcele Antonio - Fotos: Divulgação
CRIATIVIDADE VERDE
Aquela velha história: a grama do vizinho sempre parece mais verde. Mas já passou o tempo de invejar o gramado convencional, as plantas tradicionais e o jeito padronizado de se fazer jardinagem. O paisagismo está invadindo espaços que antes não eram imaginados, o verde deseja estar em tantos cantos da casa, quanto o concreto. E aí o que deve ser invejável não é só o viço da grama alheia, mas a criatividade em conseguir incluir o verde nos locais mais inusitados. Já pensou, por exemplo, em ter uma parede viva na sua cozinha? Inviável? Não se a gente deixar de pensar horizontalmente. É, esqueça o chão! Pense nas paredes! É nelas que a tendência em paisagismo se instala. Pensando em aproveitar espaços para proporcionar que as plantas roubem a cena até nos lugarezinhos menores é que estão aí – fazendo o maior sucesso – os jardins verticais. Existem opções para área interna e externa com toda a modernidade que a sua imaginação puder alcançar.
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Gica Mesiara trabalhou por 11 anos como executiva no mercado financeiro, até descobrir sua missão de vida: reconectar o homem à natureza por meio do verde, desenvolvendo os quadros e painéis vivos. Por conta do seu trabalho com jardins verticais, já recebeu prêmio de Mulher Empreendedora, pelo Sebrae. A paisagista trabalha com projetos exclusivos e especiais: assina apenas três por ano!
A onda verde que sobe pelas paredes é uma tentativa de integrar mais o homem à natureza, em um contexto em que os espaços estão reduzidos. Colocando em prática esses conceitos, a artista plástica e paisagista Gica Mesiara foi pioneira: é ela a responsável por introduzir a ideia de “arte viva” e é dela a criação dos sistemas de “Quadro Vivo” e “Painel Vivo”. Com tamanhos e formatos pré-determinados, os Quadros Vivos são sempre emoldurados. Os Painéis Vivos podem ser adquiridos no tamanho que for desejado e permitem a instalação em áreas internas e externas, cobertas ou não. Qualquer um dos dois modelos pode ser desinstalado e reinstalado em outro local, e as espécies de plantas usadas dependem do clima da região. E cá entre nós, que ambiente não fica mais amigável com um pouquinho de verde o rodeando? A respiração fica até mais aliviada! Ah! E aquela demora toda que era necessária para um jardim ficar efetivamente pronto? Com os quadros
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CRIATIVIDADE VERDE
Quadros Vivos humanizam o ambiente: um pedacinho de verde emoldurado no lugar das tradicionais telas... Impressiona na decoração e te deixa mais pertinho de um pedaço de natureza! Há opções nos formatos 1m x 1m; 1,40m x 90 cm; 1,40m x 60cm e 1m x 60cm, na vertical ou horizontal.
e painéis vivos, o resultado já é imediato: não é preciso es-
mas preza por temperos frescos e hortaliças sem agrotó-
perar a planta ficar adulta. A manutenção de algo assim po-
xicos. “É possível trabalhar uma horta vertical em vasos de
deria até ser um empecilho, se a tecnologia não estivesse
cerâmica, jardineiras e fibras de coco. Nesse ponto, o cliente
aí, tão a favor da vida mais prática. Para manter as plantas
pode abusar da criatividade, pois os temperos e as hortali-
sempre bem irrigadas, basta programar um microcompu-
ças podem ser plantados em diversos tipos de recipientes.
tador de acordo com a espécie, o clima e a estação do ano.
Mas é importante respeitar a questão da incidência de sol e
Mamão com açúcar, né?
irrigação adequados”, aconselha.
E falando em fruta e condimentos... o conceito vertical tam-
A Esalflores utiliza nos jardins verticais os módulos cerâ-
bém se aplica a hortas! Verduras fresquinhas e como parte
micos da GreenWall Ceramic. “A vantagem é que o produto
da decoração da cozinha! Na Esalflores, garden center curi-
pode ser utilizado como vedação térmica e sonora e pos-
tibano, o paisagista Marcelo Muller desenvolve o trabalho
sui uma tecnologia de irrigação automática. O cliente não
de implantação tanto de jardins quanto de hortas verticais.
precisa se preocupar em molhar as plantas”, detalha Mar-
“Podemos montar um jardim vertical com quase todo tipo
celo, acrescentando que além de bastante funcional, a Gre-
de planta. Desde flores até leguminosas. As variedades são
enWall apresenta um resultado estético muito bonito para
infinitas. Vai depender apenas da incidência do sol, do lo-
os pontos comerciais e residenciais.
cal em que o cliente deseja o jardim vertical e do objetivo
São tantas vantagens que o ditado popular soa até falta de
do mesmo”, explica Marcelo. No caso das hortas verticais,
criatividade... Deixe a grama do vizinho para lá, tem opção
a tendência é maior principalmente entre quem mora em
bem mais imponente ocupando as paredes!
apartamentos e não dispõe de muito espaço para cultivo,
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Painéis Vivos não impõem limites: você escolhe qual o tamanho da área verde que deseja... Cabe muito bem para áreas externas, como esta da foto.
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CONSCIENTIZAÇÃO CRIATIVA Uma ação comunitária uniu dois projetos e fez o design aparecer em locais não tão divulgados de São Paulo. Casulo e Arte em pneus juntaram esforços para oferecer serviços à população, ao mesmo tempo em que mostraram o quanto é possível reutilizar para viver melhor! Por Marcele Antonio - Fotos: Isadora Carneiro
COMPROMISSO 24
É desses projetos que você se pergunta por que é que não
se encaixaram como se fossem um só: o Casulo abriu as
existe no mundo todo. O nome já é bastante sugestivo:
portas para receber a arte feita com pneus, e a ideia é só
Casulo. Dentro dele, assim como no processo de formação
ampliar as parcerias. “Nós estávamos procurando muito
da borboleta, ocorre uma metamorfose. E das grandes! No
alguém para nos ajudar na revitalização da nossa área. E aí,
projeto, crianças e jovens das comunidades Real Parque
fazendo algumas buscas, descobrimos o trabalho do Daniel
e Jardim Panorama, localizadas na zona sudoeste de São
Beato com a equipe da Arte em Pneus. Achamos interes-
Paulo, têm muito mais acesso à cultura, arte e educação,
sante principalmente porque a arte deles se encaixa muito
e a população como um todo, fica beneficiada através das
com o “Metamorfose”, que é o programa que a gente tem
ações comunitárias promovidas pelo grupo social. “Nós
para crianças de 10 a 14 anos. A questão da sustentabilida-
atendemos entre 500 e 800 crianças e famílias, distribuin-
de, reutilização, reuso... tudo isso é abordado. Então o pneu
do lanche, prestando serviços, exames de saúde, uma sé-
para gente foi um achado”, relata Murilo, acrescentando
rie de coisas”, detalha Murilo Casagrande, um dos diretores
que o pneu se transformou não só numa solução estética
do projeto Casulo.
para o lugar, mas uma maneira criativa de conscientizar as
Foi esse o projeto responsável por desenvolver, paralela-
crianças do projeto.
mente ao Design Weekend, uma ação criativa e solidária
Peças todas elaboradas em material emborrachado reu-
ao mesmo tempo. Através dessa ação, o design deixou de
tilizado foram feitas pelos próprios voluntários e crianças
ocupar galerias famosas e ganhou espaço em pontos mais
e, mais tarde, expostas. O benefício delas foi além da parte
escondidos da cidade de São Paulo. Entre voluntários e
física. “O custo talvez tenha sido mais alto um pouquinho
próprios funcionários do projeto, a ação envolveu mais de
do que se eu comprasse um monte de vasinhos de plástico.
200 pessoas. A proposta? Oferecer cidadania! O trabalho
Agora, a surpresa dos voluntários e das crianças falando:
envolveu a equipe de designers da “Arte em pneus” e teve
‘olha, pneu dá para reaproveitar!’ faz toda a diferença! Mes-
o olhar voltado para a sustentabilidade. Casulo e Arte em
mo se for um pouco mais caro, vale a pena investir”, vibra
Pneus se tornaram a partir dessa ação, dois projetos que
Murilo.
revistaconstruarch.com.br
COMPROMISSO
DESENVOLVIMENTO PARADOXAL Evolução tecnológica, crescimento urbano e desenvolvimento econômico lutam diariamente para encontrar equilíbrio com o meio ambiente. As soluções podem estar nas mãos dos profissionais engenheiros, arquitetos, designers, que muitas vezes encontram o caminho das pesdras sozinhos! Por Marcele Antonio
Assim como os computadores, notebooks, tablets, aplica-
vido crédito ao ensino de atividades sustentáveis no tra-
tivos... a consciência ecológica já está, teoricamente, nas-
balho de engenheiros, arquitetos e designers. No Paraná,
cendo com as novas gerações. Da mesma forma que uma
os cursos de Arquitetura da Universidade Estadual de Ma-
criança cresce rodeada por aparatos tecnológicos, também
ringá (UEM) e da Universidade de Londrina (UEL), além do
já cresce convivendo com este paradoxo de desenvolvi-
curso de Engenharia Civil da Unioeste, possuem poucas
mento versus meio ambiente. Em casa, faz tudo eletroni-
disciplinas voltadas ao meio ambiente e à conservação do
camente, na escola usa o celular para pesquisar... Mas, na
mesmo. É na Universidade Federal do Paraná (UFPR), que
aula de ciências, escuta que os avanços tecnológicos de-
as disciplinas ligadas à sustentabilidade ganham mais des-
senfreados desencadeiam prejuízos ambientais. E aí, como
taque: a federal apresenta no curso de engenharia as disci-
lidar? Como conviver com a tecnologia, com o desenvol-
plinas de Ciências do meio ambiente, Geotecnia Ambiental,
vimento, com o crescimento econômico, com o conforto,
Qualidade e conservação ambiental e Hidráulica ambien-
sem alterar o meio em que se vive?
tal; em arquitetura, a disciplina voltada ao tema é Conforto
As soluções dia após dia são mais discutidas, mais diver-
ambiental. Para quem já ocupou as cadeiras universitárias,
sificadas e aplicadas. A reciclagem, o reaproveitamento de
aprender e exercer as práticas sustentáveis não é uma
materiais, a destinação correta de resíduos já deixaram
tarefa que se possa executar com facilidade. Para o estu-
de ser apenas assunto da aula ecologicamente correta da
dante do último ano de Engenharia Civil da Unioeste, Olavo
escola e passaram a ser obrigatoriedade: das empresas,
Fank, é tão importante a universidade ofertar disciplinas
dos cidadãos, de qualquer um que deseja qualidade de vida
relacionadas ao meio ambiente, quanto é essencial o pró-
para agora e para depois. O setor de construção vive, nes-
prio profissional se atualizar em relação a isso. “Eu sempre
se sentido, um de seus maiores dilemas: levantar, sejam
me preocupei com essas questões e acho que devem ser
grandes ou pequenas edificações, gerando sempre o me-
praticadas, porém, acho complicado aplicar esses conheci-
nor impacto ambiental possível.
mentos, por causa de questões financeiras principalmente.
Aí, voltamos para as salas de aula, agora universitárias.
Apesar disso, acredito que não sejam muitos profissionais
Com essas preocupações em mente, os profissionais da
que entrem no mercado de trabalho com essa mentalida-
área – engenheiros, arquitetos, designers – têm o desafio
de, portanto dificulta um pouco”, repara Olavo.
diário de acrescentar o “ecodesign” à formação. E a tarefa
Outros estados saem na frente do Paraná quando o quesito
não é fácil, não! Muita gente tem que agir como autodidata,
é preocupação acadêmica com o meio ambiente: Universi-
descobrir os caminhos do trabalho sustentável na prática e
dade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio de
por si só... As universidades, que deveriam ser norteadoras,
Janeiro (UFRJ), por exemplo, incluem bem mais disciplinas
balizadoras e as principais incentivadoras do “fazer ecoló-
relacionadas ao assunto nas grades curriculares dos cur-
gico”, ainda pecam em subestimar as disciplinas envolvi-
sos de Arquitetura e Engenharia.
das com sustentabilidade nas grades curriculares. Universidades brasileiras renomadas ainda não dão o de-
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COMPROMISSO
ATEMPORALMENTE SUSTENTÁVEL O pneu, matéria prima predileta do designer Daniel Beato, vence qualquer disputa no quesito “sou ecológico” Por Marcele Antonio - Fotos: Divulgação
Os produtos dele e da equipe “Arte em pneus” carregam três selos: o de utilização de materiais de reuso, o de menor energia no processo produtivo e o de redução de emissão de CO2 na produção. Os selos, não são meros “troféus sustentáveis”, e sim, reconhecimento pelas soluções práticas criadas pelo grupo. Com o aproveitamento de pneus e materiais emborrachados, Daniel Beato e a equipe transformam o que seria descartado em poltronas, bancos, mesas e outros mobiliários e objetos que a imaginação permitir. Beato estava na faculdade de desenho industrial Belas Artes, quando despertou o interesse pela arte de reaproveitar materiais. “Na garagem de casa, comecei a transformar os pneus e sucatas automotivas em utilitários como cadeiras, bancos, mesas, mancebos e lixeiras. Em 2004, percebi a importância em trabalhar com resíduos pós-consumo e pré-consumo”, conta o designer. Sem muito ou quase nenhum incentivo da faculdade, Beato precisou entender de ecodesign sozinho. “Fui saber que o reaproveitamento de materiais era reconhecido e valorizado com uma entrevista que fiz com o Humberto Campana. A partir daí, fui observando qual material poderia encontrar com facilidade em qualquer lugar do planeta. Sem pensar muito, descobri que era o pneu”, relata ele, detalhando que juntava materiais usados da família para estruturar os resíduos sólidos e encontrar maneiras simples de aumentar a vida útil dos materiais. Esse foi o “start” para toda uma carreira que viria a ser voltada para o reaproveitamento. O pneu foi o primeiro de uma série de materiais que se transformariam em matéria prima para móveis, além de instrumentos de consciência ambiental. “O pneu foi o que despertou. Hoje, a especialidade é também com correias de borrachas, mangueiras, madeiras, sucatas automotivas, serralheria, e recentemente instalações de brinquedos em praças públicas e particulares”, descreve. E a ideia é ainda mais consciente, original e pertinente. Os mobiliários da “Arte em Pneus”, na maioria das vezes, são
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feitos de materiais encontrados em locais bem próximos à oficina do designer, evitando gasto com transporte. Beato só utiliza o que verdadeiramente precisa: “Percebo que é a maneira mais inteligente de aproveitar o material ao máximo, substituindo a extração de outros da natureza. Economia em todos os sentidos”. Apesar de autêntica, a proposta não foi guardada apenas para o grupo restrito de profissionais. “Arte em Pneus” replica o conhecimento e reverbera a consciência ambiental, oferecendo consultorias de ecodesign, oficinas de arte, palestras, além das revitalizações de espaços. “Em nossas oficinas, já facilitamos o conceito de ‘Tecnologia Artesanal Arte em Pneus’ para 590 aprendizes, formados como Artesãos da Borracha, e milhares de pessoas em palestras, eventos e mídias espontâneas”, orgulha-se Beato. Nem todo profissional da área desperta o mesmo interesse pela produção ecologicamente correta, até mesmo, pela falta de introdução a esse mundo, que os centros acadêmicos pouco têm oferecido. Para Beato, a falta de incentivo não está só na academia, mas em todo o processo educacional. “Desde a escola primária, deveríamos praticar mais arte, com estímulos à cultura e acesso a oficinas equipadas com técnicos e muitos materiais. Ferramentas adequadas e boa informação tecnológica são essenciais para despertar a criatividade”, aconselha o designer.
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GADGET
Carregado all the time! Este aparelho é ótimo para quem vai viajar, e não quer perder nem a comunicação, nem nenhum clique. Com o conversor de energia veicular APV11US, da Targus, é possível manter câmeras fotográficas ou filmadoras, celulares, players ou notebooks carregados através do acendedor de cigarros do carro. O formato o torna ainda mais prático: com apenas 680 gramas, o equipamento conversor cabe dentro do porta-copos do carro e tem capacidade para carregar até três aparelhos ao mesmo tempo! Preço sob consulta.
Viagem segura! Ainda na linha de robôs inteligentes que podem cuidar da casa durante viagens, existe o Rovio, que é equipado com câmeras que permitem que sua casa seja vigiada enquanto você estiver fora. O equipamento tem rodinhas e possui várias webcams, microfone e LED para ver no escuro, além de GPS que permite que você defina rotas por onde o robô deve passar. Não importa se você está há uma quadra de distância ou em outro canto do país: de qualquer lugar, o Rovio faz com que você possa fingir que está em casa vendo, ouvindo e falando com quem estiver por lá. Mesmo não podendo escalar paredes, o robô “segurança” ainda tem uma câmera conectada a um braço móvel que pode fazer movimentos para cima e para baixo e de lado, para proporcionar visões diferentes. Você pode controlar o Rovio pela internet através de PC, MAC, iPhone, Celular Android, PS3, Nintendo Wii e Xbox. Preço sob consulta.
Diarista robótica! Já pensou que delícia viajar sabendo que ao voltar, a casa pode estar livre de sujeira? E mais: sem a necessidade de contratar um funcionário para isso! O robô doméstico Roomba, da iRobot, resolve a questão sozinho! Ele aspira pó, suga sujeira e acaba com o lamaçal. Para colocá-lo em prática, é só posicioná-lo no centro da sala e ativar: ele aspira o caminho de parede a parede, limpando até debaixo dos móveis! Preço sob consulta.
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Joia tecnológica O cotidiano na cozinha vai ganhar um charme a mais. A coifa, que antes era um item que incomodava pelo tamanho e forma sempre na mesmice, agora, começa a ganhar outra cara. Um exemplo é a Victoria. Feita de vidro italiano e aço inox polido, ela é que vai ditar a decoração da cozinha. É silenciosa e não precisa de tubos de exaustão, por conta dos filtros de carvão que retiram os odores do ar. R$ 10.890 www.lofra.com.br
Quer café? Aquele cafezinho gostoso, quem é que não gosta? Se tiver uma ajudinha tecnológica a seu favor, então, melhor ainda! Com o estilo transformer e até com nome de robô – Ecam 232.10.SR –, esta cafeteira vai te deixar até mal acostumado. Um toquezinho no botão e, vapt-vupt, o café estará pronto. Para dar um upgrade no dia, um capuccino também é uma boa pedida, e um acessório da máquina com nome bem sugestivo – capuccinador – trata de cuidar desse trabalho. R$ 3.087 www.delonghi.com
Fininho Novembro é o mês da chegada de mais um “brinquedinho” para os xonados por tecnologia. É o novo tablet com android da Samsung, com tela de – apenas – 10 polegadas. Ele foi batizado de Nexus 10 e é equipado com processador de dois núcleos de 1.7GHz, com 2 GB de memória RAM. O peso é míni – 603 gramas – e a resolução é súper - 2560×1600 pixels. O tablet roda ainda o sistema operacional Android 4.2, apelidado de “Jelly Bean”, e conta com câmeras frontal de 1,9 megapixels e traseira de 5 megapixels. Os preços variam: o de 16 GB custa US$ 400, e o de 32 GB, US$ 500.
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DOSSIÊ
Além do
CONCRETO
A convivência da contemporânea residência chilena e três históricas e frondosas árvores Por Tátila Pereira – Fotos: Divulgação
DOSSIÊ
Foi-se o tempo em que a natureza precisava se retirar para que o cimento tomasse conta dos espaços. Muito pelo contrário: ela é bem-vinda e, nesta residência, tornou-se protagonista. Aquele sonho de criança de ter uma casa na árvore pode ser substituído pela realidade de uma árvore, ou melhor, três árvores em casa. O sentimento pode não ser o mesmo, mas os adultos agradecem. O 57 Studio pensou em tudo: construiu a casa em um antigo e elegante bairro da capital chilena, Santiago, com espaços interiores projetados em torno da árvore nativa Cryptocaria Alba, popularmente conhecida como Peumo do Chile. No norte, encontra-se um enorme abacateiro. Ainda há um velho macro carpa cipreste e algumas murtas crepe que determinam o limite para uma ala privada para o leste da residência. Sobre a asa central, há um segundo nível privado, e, na ala oeste, dois espaços públicos abertos para o jardim do norte. Há espaço, muito espaço, o qual é utilizado de forma bem prática e dinâmica pelos arquitetos responsáveis Maurizio Angelini Amadori e Benjamín Oportot Frigerio. Como, neste caso, o paisagismo veio antes da construção, a planta da casa se adaptou à natureza ao redor. O formato da Fray León House é em “H”, o que possibilitou que as árvores não fossem tocadas, além da criação de pátios diferentes para aproveitar a presença das imponentes companheiras a partir do interior da casa. Sobre a ala central, um segundo nível particular estende-se em todo o seu cumprimento, deixando uma extremidade de um terraço, no auge da coroa da árvore.
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A piscina está localizada em direção ao oeste da casa, em um ponto mais baixo do local. A posição ajuda a conformar uma das suas fronteiras, articulando a sua presença com o resto do jardim.
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DOSSIÊ
O verde do lado de fora ganha, inclusive, uma moldura de madeira: as vigas passam por cima do espaço. E a abertura ao Éden particular da casa vem por todos os lados. Amplas portas e janelas dão a impressão que não há limites entre o interno e externo.
O amplo terreno antes abrigava um edifício antigo. A família já morava há 30 anos naquele bairro e queria morada nova, mas na mesma localidade. Tradicionalmente, as casas naquela área são enormes e têm relação limitada com a rua. Ponto a mais para os arquitetos que conseguiram dar aos moradores a visão incrível do verde através dos vidros pela casa sem deixar os habitantes perderem a privacidade; pena dos vizinhos, que não podem ver por inteiro este maravilhoso presente da arquitetura. A residência contemporânea é projetada em linhas retas, o que proporciona uma continuidade visual. Para compensar a ousadia das formas, os arquitetos preferiram deixar que as cores clássicas, como o branco e o marrom, fossem as vedetes do projeto, sem prejuízos ao conjunto da obra. Entre os detalhes quase imperceptíveis e a protuberância de alguns pontos, a residência chilena deixa no ar aquela sensação de equilíbrio do simples e do extravagante. A integração natureza-arquitetura evidencia que não é preciso que nada saia do seu lugar para que belezas arquitetônicas surjam. Pelo contrário, tem espaço pra todo mundo.
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Diversos tipos de mármore enobrecem a casa por dentro e por fora. Em evidência está o Travertino, tipo de mármore antigo que não saiu de moda. Tradicionalmente empregado nas construções romanas, em pleno século 21, ele está aí, firme e forte, dando o toque final na Fray Léon House.
A sala clean mistura objetos modernos como a poltrona Swan de ArneJacobsen:
contempo-
râneos como o sofá de linhas retas e clássicos como o quadro, de moldura rebuscada e pintura bucólica. Além disso, o busto sob o aparador confere elegância ao cômodo.
CENÁRIO
Silhueta pretensiosa Estreito e estiloso terraço na Austrália deixa as obviedades de lado e impressiona por, criativamente, incluir no topo de uma árvore em forma de gravura: uma silhueta que garante charme e privacidade Por Marcele Antonio - Fotos: Divulgação
O mais impressionante e chamativo canto da casa, tanto interna quanto externamente, é a figura da árvore no topo do sobrado. Ela é uma forma nostálgica e artística de lembrar a árvore que existia nos fundos do terreno anteriormente. Por fora, a árvore é feita com lâmina de aço, e por dentro, de adesivo. O efeito é super bacana tanto durante o dia, quanto durante a noite. Com a iluminação artificial, a arte fica impecável!
CENÁRIO
É a política do “mais é menos” concretinha. Esse terraço australiano, projetado pelo estúdio Matt Gibson a + d, com arquiteto de mesmo nome, é a prova de que pequenos espaços podem ser charmosérrimos! Estreito, mas
estiloso.
Apertadi-
nho, mas moderníssimo. A construção impressiona justamente por não ser óbvia: pontos estratégicos abertos para aproveitar a iluminação natural, linhas retas e corredores longos. Nada de mobiliário carregado, o que dá uma sensação ilusória de espaço.
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O sobrado é resultado de uma reconstrução: a parte de
perior ainda recebe um pequeno quarto para os bebês que
cima foi levantada aproveitando uma estrutura base e o
a família possui atualmente. O legal é que depois do cresci-
muro já existentes. A ideia do projeto foi dar continuidade
mento das crianças, o quartinho pode se transformar em
ao material, à forma e ao muro.
um depósito.
No primeiro piso, foram mantidos os cômodos: quartos das
Apesar de moderno, o orçamento para o projeto foi bastan-
crianças e banheiros. Do outro lado da escada, a casa co-
te limitado. Foi preciso esperteza para conseguir achar so-
meça a se abrir em uma cozinha que se integra a uma sala.
luções para a construção: a intenção foi sempre aproveitar
Na parte de cima, concentram-se o quarto dos adultos e
ao máximo a estrutura já existente, respeitando a comple-
um espaço de estudos. Apesar de pequenininho, o piso su-
xidade do projeto.
Por fora aço, por dentro adesivo. O decalque acrescenta capricho ao ambiente. A árvore-gravura ainda exerce uma outra função: garantir privacidade tampando a visão da vizinhança.
Por dentro, a urbanidade toma conta: o mobiliário moderno e minimalista proporciona conforto sem apertar muito os cômodos!
CENÁRIO
Mescla outgoing UM POUT-POURRI DE COR E SENTIMENTO INVADIU AS IDEIAS DE UMA CALIFORNIANA DA GEMA. DEPOIS QUE MANHATTAN VIROU SUA NOVA MORADA, ELA QUIS RECRIAR PONTOS DA INFร NCIA E DAR AOS FILHOS UM MUNDO MAIS ALEGRE E COLORIDO PorTรกtila Pereira - Fotos: Annie Schlechter
CENÁRIO
Califórnia tem fama de ser terra rica, muito povoada e colorida. Kelly nasceu por lá - para ser mais exata, na cidade de Santa Cruz, no subúrbio. A infância dela foi marcada pelos passeios à orla, com a brisa do mar ditando o ritmo. Hoje, crescidinha, Kelly queria que os cinco filhos pudessem, dealguma forma, ter essas sensações. Assim, acompanhada do verde luminoso e do azul celeste – aliados a outras tonalidades – ela quis reproduzir a terra natal, porém, com todos os estímulos externos dentro de casa. Com essa ideia na cabeça, tintas, marretas e picaretas nas mãos, o escritório Incorporated Architecture& Design iniciou a mudança. A inspiração pedia muito espaço e, por isso, um só apartamentonão foi o bastante. Foram incorporados outros dois apartamentos do mesmo andar, localizado no Battery Park, em Manhattan. 10 meses de reforma e “Voilà”: o BohemianApartament, prontinho. A mistura de materiais, cores e sensações propiciadas pelo imóvel tem nome: é o estilo boêmio – que denomina a morada da família norte-americana. Essa é uma palavra que vem de longe, e era o termo aplicado aos viajantes ou refugiados da Europa Central. Eram aqueles que pertenciam ao lugar em que estavam. No século 21, o estilo ganhou nova roupagem e as modernosas chamam de bohochic. O nome mudou, mas o sentido é praticamente o mesmo, acrescido de um significado que faz toda a diferença quando se olha para cada cantinho do Bohemian: a ordem é não dar a mínima para a moda. A atemporalidade é a pegada do projeto. Isto não quer dizer que o apartamento seja démodé, mas sim, que o décor se atém somente àquilo que faz bem aos moradores.
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m algumas paredes, a escolha não foi colorir com tinta, mas com papel de parede. Mesmo assim, a ideia de contravenção não foi deixada de lado. Os papéis de parede da designer britânica Orla Kelly – cheios de tons que poderiam divergir, mas que se completam – deixam até a sala de estudos com cara de transgressão.
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Quem, em sã consciência, pintaria um piano de azul? A ousadia é a prima-irmã da genialidade. Pois é. Está ali, o digníssimo, com direito aos passarinhos amarelos em cima dele, para fazer uma graça. Nessa atmosfera em que as crianças foram privilegiadas, a decoração não poderia ter artistas melhores: os quadrinhos representam as fantasias e o que vem na imaginação dos pequenos. No apartamento, inspiração não falta.
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CENĂ RIO 50
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O símbolo da sabedoria ganhou nova utilidade e cor em um dos quartos. A árvore ficou azul, assim como o teto e as paredes. O divertido tapete no chão complementa a atmosfera lúdica. As palavras de ordem aqui são sonho e vivacidade.
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CENÁRIO
A amplidão do apartamento contrasta com o pequenino escritório. Ali, em um cantinho estratégico a sensação é de sobriedade. Salvo os detalhes nas cadeiras e alguns objetos decorativos, a neutralidade predomina.
Uma profusão de cores deixa em estado de graça o apê – se é que se pode abreviar um lugar que tem 4.200 m²! O elo criado entre a infância de Kelly e a casa atual evocou um design visual que liga o interior ao exterior. As possibilidades decorativas são sem fim. Tem áreas para brincar, escalar, ler, dormir, comer, estudar, desenvolver projetos artísticos, tocar piano, brincar de boneca e mais o que a imaginação mandar, e, em cada um desses espaços, o pop e o geométrico se expandem, sem regras.“Eu adoro ver minhas crianças crescerem aqui. Nós percebemos que é diferente de onde nós crescemos, mas quem sabe melhor”, exalta Kelly. A casa-sonho-de-toda-criança tem arte “na veia” e, antes de ser um projeto arquitetônico, é um projeto artístico. O tudo-fora-do-convencional garantiu que o lar tivesse cara de felicidade, transformando o eco do passado evocado por Kelly em uma adorável forma de viver o hoje.
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CENÁRIO
Está permitido se apaixonar por este quarto. Pode se libertar das amarras, daquele medo de misturar as cores. Olha aí, não ficou cuti-cuti? E o exagero em forma de borboleta se coloca sobre o bercinho do bebê. Exagero no bom sentido da palavra, já que nada ali sobrou.
No quarto dos meninos, uma casinha dá aconchego aos pequenos. A iluminação confere ao quarto um quê de conto de fadas. O lugar não é procurado apenas na hora de dormir, mas também na hora da brincadeira – o cenário abriga uma espécie de túnel e ainda um paredão para escaladas!
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CENÁRIO
DUAS em
UMA
Quem vê a fachada vitoriana nem imagina que, lá atrás, há “outra” casa. O visitante é surpreendido pela alternância de conceitos, na capital da Austrália. Por Tátila Pereira – Fotos: Divulgação
CENÁRIO
O destino já estava praticamente traçado pelos proprietários: ela seria demolida, sem dó, para dar lugar a algo totalmente novo. Eis que, em uma só observação, os arquitetos contratados perceberam a “injustiça” que estava sendo feita. Depois de compreender as possibilidades de habitação do cliente, o arquiteto convenceu os moradores a manter e restaurar a fachada da casa, mas também deixar um novo estilo surgir. Assim, nasceu a Casa Kooyong, composta por dois lugares tentando contar a mesma história. Os donos da casa tinham o desejo de ter um espaço ao ar livre, com direito a plantinhas e tudo. Para possibilitar o encaixe perfeito entre o sonho e aquilo que poderia ser feito, os arquitetos do escritório Matt Gibson Architecture fizeram um quintal, usado como ponte metafórica entre o velho e o novo na residência. A estratégia da construção não foi, em momento algum, tornar a casa um local homogêneo. Todas as diferenças foram utilizadas como combustível para uma criação inusitada.
A piscina ganha uma bonita companheira sobre ela. A madeira que circunda a nova parte da casa deixou que a modernidade também pudesse ter vez no projeto.
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Por dentro, a visão para as madeiras ao redor da casa também é chamativa. Mas, neste cômodo, a protagonista é outra. A cadeira é um convite ao descanso e também a uma exclamação: quero-a para mim! O cabide, apesar de ter uma cor não tão marcante, também tem seu charme. A porta pivotante, figurinha carimbada em cenários mais recentes de novelas e seriados, também foi uma das escolhas dos arquitetos.
A miscelânea de materiais poderia causar estranheza e não ser bem aceita entre os mais tradicionais. No entanto, a proposta da casa era servir como túnel do tempo para quem passasse por ali, e esses materiais puderam desempenhar com maestria essa função. O prédio da frente foi restaurado mantendo o detalhamento tipicamente vitoriano com uma iluminação de topo introduzida para, além de iluminar, também acentuar a escala dos espaços. Os demais acabamentos são marcados pelo tom escuro do carvalho, o mármore branco e o piso ocre. Na nova ala da casa, o crème de la crème ficou por conta da sinuosidade da madeira que protege – e embeleza – a construção. As placas de madeira, intercaladas lado a lado, ainda deixaram um espaçozinho para que os vidros também pudessem dar o ar da graça, mas bem naquele estilo engana-mamãe: quer mostrar, ao mesmo tempo em que tenta esconder.
As portas contam história: passar por elas, nessa casa, é quase um rito de passagem, composto por uma viagem no tempo.
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CENÁRIO
O cenário, com proposta quase teatral, ainda propõe que as
Ao contrário de outras habitações, em Melbourne, que ti-
soleiras de porta dispostas pela casa se tornem flashes de
veram a herança apagada para que estilos mais moderni-
uma cena, como se fossem marcando a viagem pela casa
nhos predominassem, este projeto utiliza e explora a jus-
– e pelo tempo. O quê majestoso, introduzido pelo estilo
taposição de aumentar e se deliciar com a diferença, ao
vitoriano, congrega, com as altas elevações, as formas e os
mesmo tempo em que segue métodos sustentáveis que
suntuosos chandeliers escolhidos a dedo para fazer parte
incentivam a conservação, ao invés de demolir e derrubar
do décor.
toda a história que já existiu. É o retrato de um oásis urbano.
A área de descanso tem variedade de opções. Se a vontade é apenas ter uma brisa como companheira, fique sentado à mesa clara. Se o solzinho for bem-vindo, escolha a mesa de fora. Para compor o ambiente, os pendentes industriais fazem contraste com o mármore branco, encontrado logo abaixo.
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IT
TEM COMIDA, DIVERSÃO, TEM ARTE Deixe de lado alguns bons modos à mesa e divirta-se PorTátila Pereira - Fotos: Divulgação
“Nada de brincar na hora das refeições, menina!”, já dizia a minha mãe. Sem muita graça ali na mesa, era até fácil obedecer a ordem. Só que ninguém ainda tinha inventado uma mesa que balança. O nome não deixa dúvida – Mesa de Balanço – e tem uma louvável pretensão: colocar um pouco de diversão na hora do jantar ou até mesmo ser uma local de reuniões para tirar um pouco da rigidez dos assuntos. E a mesa não é apenas mesa. Ela é mesa, oito cadeiras penduradas e uma luminária. Os assentos flutuam, gerando até uma brisa, dependendo do movimento. A matéria-prima é madeira de reflorestamento e aço, que ganhou uma repaginada, com a cor branca. A ideia engenhosa foi do Design Stúdio Duffy London. Eles aceitam encomenda e a peça pode ser pedida em diferentes tamanhos e materiais. £$ 6,895
“Nós não paramos de brincar porque ficamos velhos, nós nos tornamos velhos porque paramos de brincar.” George Bernard Shaw
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Existem opções em outras cores, só que o preço, de qualquer forma, continua salgadinho: 5 mil libras. Mas vale a pena para ter em casa ou no escritório a possibilidade de experimentar essa sensação de flutuar ao redor da mesa!
O design é bem simples e minimalista. O foco está mesmo é na brincadeira proporcionada pelo balanço. Opção criativa para tornar uma sala de reunião mais simpática, né?!
T R E ND L E V Á T N E T S SU Na Casa Toledo 2012, a palavrinha mágica da atualidade é quem dita a tendência. Ser sustentável por aqui é uma ordem, cumprida com muita engenhosidade
Por Giovana Danquieli e Tátila Pereira – Fotos: Alex Sanderson e Rodrigo Vieira (R. Vieira)
Na garagem destinada às motos, há uma parede pintada com terra, quase como brincadeira de criança. Água, cola escolar e terra compõem a tinta ecológica. O detalhe fica por conta do tom, que pode variar de acordo com o gosto de quem vai aplicar a técnica.
EVENTO - CASA TOLEDO
Ter uma casa sustentável não é mais um sonho difícil de realizar. Com boas ideias e profissionais antenados às tendências, é possível criar um ambiente moderno e único. Porém, o que há para se fazer de novo quando o assunto é ser ecologicamente correto? Como trabalhar um tema tão (de)batido? Parece que tudo já está aí, pronto e à mostra nas revistas ou na arquitetura das casas de todos os bairros da cidade! Talvez, um importante divisor de águas precise ser levado em conta: a criatividade! Com ela, inovar é sempre tarefa simples! O desafio foi lançado a 18 escritórios de arquitetura: com o tema sustentabilidade, eles se uniram para montar a Casa Toledo e a inventividade os seguiu por todos os cômodos da residência. A ConstruArch fez uma visitinha por lá e garimpou as boas ideias propostas.
Samambaias pra todo lado O verde das plantas enaltece vários espaços e estabelece uma ligação com o meio ambiente de forma delicada. O Spa do Casal - o novo hit para moradias de casais moderninhos - tem inúmeros vasos de hera, formando um jardim suspenso. O contato com a natureza fica por conta das pedras usadas no lugar do piso na área da banheira. As samambaias, tão na moda nas décadas de 80 e 90, voltam à cena e vêm para ficar! Bem cara de casa da vovó, elas decoram espaços externos e ainda dão todo charme, como na instalação– dentro de uma gaiola!
Era uma casa moderninha... Mas era brutalista demais! Construída na década de 1960, a casa escolhida pela organização do evento tem traços característicos de um movimento vanguardista que marcou época e ainda hoje influencia a arquitetura nacional. Foram mantidas paredes, calçadas, escadas e detalhes que se encaixaram na repaginação sugerida. Tudo poderia ser contraste negativo, mas tornou-se harmonioso e bonito aos olhos.
Na cozinha gourmet, a horta ao lado da pia deixa tudo descontraído e com cara de saudável! Uma forma de aliar praticidade, sustentabilidade e paisagismo. Para quem gosta de cozinhar, a proposta deixa os temperos à mão, fresquinhos para incrementar receitas!
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Inovar, reciclar, reutilizar... O terraço decorado com artesanato indígena possui um lado ecológico: a lareira é abastecida com gravetos retirados do próprio jardim. A ideia de utilizar materiais antes dispensáveis é o ponto alto do projeto. A mistura entre artesanato, luminárias e mobiliário moderno deixa o espaço democrático!
A aplicação da parede dos banheiros públicos segue a tendência de disponibilizar tecnologia a serviço do sustentável. O microcimento – material cimentício cinco vezes mais fino que cimento comum – foi aplicado nas paredes e cubas, deixando o espaço com ar inovador.
No lounge, peças (DIY) do it yourself. A simplicidade do espaço está nas luminárias feitas com garrafas de vinho, nos carretéis que se transformaram em mesas, nas cadeiras montadas com madeira de casas antigas e nos futons de tecidos de catálogos de piscina. Ideias para reutilizar e deixar o espaço aconchegante.
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EVENTO - CASA TOLEDO
Já a área destinada às bicicletas mais parece a oficina do Professor Pardal. Palets de madeira se tornaram base para sofá e estante. Canos de PVC galvanizados e aro de bicicleta são as matérias-primas da mesa que caracteriza o ambiente voltado aos amantes do ciclismo. Na parede, atrás da TV, tijolos feitos com barro e água e apenas encaixados. E nada mais gracioso que a mesa de caixinha de fósforo! Uma cópia fiel do objeto, aumentada no tamanho ideal para se tornar uma peça-desejo dos descolados. Mesmo não sendo uma ideia inédita, o móvel ganhou notoriedade por ser réplica de um produto regional.
Repaginada artística Na porta da casa, em luminárias, na parede da cozinha, em prateleiras. Algo em comum uniu essas partes da casa. Elas foram feitas por uma artista plástica de Toledo: Thaís Pontes. Ela faz a fusão de sobras de vidro e faz vários tipos de utensílios. E o melhor: não há nenhuma peça igual a outra, já que a cada trabalho, o vidro se comporta de uma forma!
Os palets estão presentes também no cercado ao redor do café, proporcionando rusticidade ao receptivo lugar. O destaque da parte externa da casa fica por conta dos móveis feitos com madeira de demolição, repletos de marcas de tinta, ou perfurações de prego - marcas de suas “vidas passadas”. Olhando para baixo, o piso é drenante, o que impossibilita o acúmulo de água na superfície, garantindo o escoamento e retorno ao lençol freático.
Apesar de o tema da Casa Toledo – sustentabilidade – ser um lugar-comum, os arquitetos responsáveis pelo projeto não se acomodaram. Junto ao tripé sustentável (natureza, economia e sociedade), também se integraram à mostra ousadia e disposição para que, nas cidades do interior ou nas capitais, o morar bem de bem com o restante do mundo possa ser possível.
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EVENTO - DW!
DESIGN WEEKEND
Em pontos estratégicos da capital paulista, o primeiro evento nacional destinado ao design aparece como uma peneira interessante do que existe no mercado brasileiro do segmento Por Julie Fank e Giovana Danquieli - Fotos Isadora Carneiro
Na mesma linha dos grandes festivais urbanos de design que já são roteiro em capitais europeias, como o Fuorisalone Milan Design Week, em Milão, e o London Design Festival, em Londres, São Paulo se transformou no éden designístico durante o último fim de semana de agosto de 2012. O Design Weekend apareceu para preencher o anseio de um público carente de novidades caseiras. Nos moldes de um festival urbano de design, foi realizado em diversos formatos e composto de dezenas de eventos independentes – tudo para promover as conexões entre o design, a arte, o urbanismo, o décor, a arquitetura, a tecnologia e, claro, os negócios do segmento. Apelidado de DW!, o evento ainda é uma miragem no contexto conservador dos eventos de arquitetura e design da América Latina, mas a iniciativa da Revista Casa Cláudia vale palmas: é o start de uma nova era – chega de importar, agora o negócio é mostrar o que o design brasileiro tem. A equipe da Revista ConstruARCH garimpou o que de mais relevante aconteceu por lá! Paralelamente ao Design Weekend acontecia, também em São Paulo, o BoomSPDesign – evento mais maduro, que estava na sua 5a edição já. Com o intuito de promover uma reflexão sobre a produção criativa atual, ele se transformou num fórum de arquitetura, design e arte que pregou sua marca no calendário internacional. Duas das exposições sobre as quais falamos foram organizadas são vinculadas ao BoomSP.
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PLÁSTICO-ARTE: POLIPROPILENO É A MATÉRIA-PRIMA DE DESIGNER LONDRINO Instalações, mobílias e esculturas fazem parte do acervo de obras do artista contemporâneo que faz sucesso também no Brasil Por Giovana Danquieli - Fotos Divulgação
Chamar a arte do designer londrino Tom Price de ousada é
conforme aquecido. O diferencial é poder unir vários des-
pouco. Ela merece mais adjetivos! Talvez, inovadora e aves-
ses assentos e criar um móvel entrelaçado.
sa ao lugar-comum. Inusitada e moderna. Ele esteve no
Mobílias, instalações e esculturas são criadas com simples
Brasil em agosto para participar do BoomSPDesign, evento
matérias-primas: cordas de náilon, placas de polipropile-
paralelo ao Design Weekend, no qual foi homenageado com
no, tubos de PVC e roupas descartadas. Com esse aparato
o título de designer do ano. Aí você pergunta: o que tem
nada usual, Price dá vida a mesas, cadeiras, luminárias e um
na obra de Price que chama tanta atenção? Bom, imagine
sem número de esculturas e instalações exuberantes que
que um amontoado de canos de PVC possa se tornar uma
já levaram o nome do artista a importantes museus de arte
floresta; ou ainda, uma cadeira cheia de conceito e estilo;
contemporânea como o San Francisco Museum of Modern
melhor: uma luminária com formas geométricas criadas ao
Art e Denver Museum of Art, ambos nos Estados Unidos, e
bel prazer do calor das chamas que aquecem o plástico. As
também na Alemanha, no Museum für Kunst und Gewerbe.
peças desenvolvidas por Tom flutuam na tênue linha que
Roupas e placas de polipropileno se tornam cadeira-design
separa design e arte – e encantam.
para amantes da arte não apontarem defeitos. Na verdade,
A série Meltdown tem tudo a ver com o nome: a fusão en-
a obra provoca e pede uma observação minuciosa dos de-
tre materiais resulta em peças únicas que aliam design e
talhes. Para conseguir esses curiosos resultados, Tom se
conforto. O artista mescla inventividade e artesanato para
utiliza de inúmeras técnicas de aquecimento dos materiais
criar: o resultado – nesse caso – é uma poltrona funcio-
plásticos e assim, cria formas antes inimagináveis. Coisa de
nal que se assemelha a uma escultura! A base usada é um
artista criativo que aparece no rol dos jovens descolados
antigo assento que sobre uma bola de cordas é moldado
do cenário contemporâneo de design.
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EVENTO - DW!
DESIGN FUNCIONAL: SIMPLICIDADE MARCA NOVA LINHA DE MÓVEIS DA OVO Madeira, cores primárias e criatividade dão vida a escrivaninha e estante dos renomados designers Luciana Martins e Gerson Oliveira – as peças foram conferidas em exposição durante o evento DW! Por Giovana Danquieli - Fotos Divulgação
TODD BRACHER EM EXPOSIÇÃO NO BRASIL O premiado designer trouxe ao Museu da Casa Brasileira a mostra A essência das coisas, uma amostra do seu processo criativo Por Giovana Danquieli
Com a curadoria do alemão Albrecht Bangert, conhecido internacionalmente pelas exposições de design, a mostra era a representação de uma interface virtual, mas também
Objetividade, linhas retas e usabilidade. A simplicidade pede passagem nesse par de móveis que formam a linha Clara da ,Ovo. O design criado por Luciana Martins e Gerson Oliveira é esquemático e com desenho simples. Escrivaninha e estante ganharam vida a partir de riscos bem elaborados e sem adornos que poderiam desvirtuar a ideia principal do projeto. A combinação de madeira leve com cores primárias – com a predominância do branco - aliados ao minimalismo do conceito empregado possibilita um encaixe perfeito em qualquer ambiente. Na escrivaninha, uma gaveta amarela chama atenção. Ao mesmo tempo em que parece deslocada, ela faz todo o sentido. Quase um post it. A fina espessura do tampo permite um grande vão livre, o qual proporciona charme à peça. Já a estante, tem a sustentação em quatro pés com ângulo distinto par a par. A posição influencia no visual, na disposição das divisórias, e no ar de eu-não-ocupo-muito-espaço que o móvel passa. O vermelho dá o tom de humor à peça. Escrivaninha e estante parecem frágeis à primeira vista, mas basta analisar os detalhes que se percebe a intenção dos autores: leveza! A autenticidade dos móveis também é ponto positivo. As peças fazem parte do último lançamento da nova coleção da ,Ovo. São cinco novas linhas: Pedras, Fita, Clara, Tiras e Bloco. Os designers brincam com as possibilidades e traçam móveis com ares clean e simplistas. Reconhecidos e premiados, o casal lançou no evento um livro que conta a trajetória de 21 anos de trabalho de criação e desenvolvimento de mesas, cadeiras, estantes e luminárias. Usabilidade e uma dose de humor – é com esses ingredientes que eles adoçam os projetos. 74
a reprodução do ambiente de criação do designer. O cenário, responsável por trazer a atmosfera do estúdio nova-iorquino sediado no Brooklin, aliado a vídeos do designer sobre o processo criativo, deram a cara de Nova York para o Museu da Casa Brasileira durante o fim de semana do DW! A exposição continuou ainda até o mês de outubro. O norte-americano que foi designer do ano em 2008 e 2009 e expôs pela primeira vez no Brasil, tem uma pegada industrial e transcreveu, em cada peça, um pedaço dos lugares que viveu. De tanta mistura – ele já morou em Londres, Paris, Milão, Copenhague e Nova York –, fica difícil reconhecer qual dos lugares exerceu maior influência sobre sua arte. Inevitavelmente, a Escandinávia se faz presente num intercâmbio bem interessante – ele imprimiu o jeito de ser nova-iorquino com uma pitada de experiência europeia à frente da direção de criação da marca escandinava de luxo Georg Jensen – a experiência ainda enche de ares escandinavos o que ele tem produzido por aí. Na exposição, tudo, além de funcional, respirava uma abordagem contemporânea e leve – daquelas de deixar a gente horas admirando e procurando entender o processo criativo. É bem verdade que o aparato técnico da exposição auxiliava nessa busca pelas referências: para cada peça, uma vídeo-entrevista ilustrava o caminho de criação, para cada conjunto, um papel de parede que reproduzia a vista de seu estúdio no Brooklin, para cada espaço da sala de exposição, uma interface diferente, uma nova página do site Todd Bracher – pistas que ajudavam a entender e aplaudir um dos designers mais jovens do cenário internacional contemporâneo.
MARCELO ROSENBAUM
ESCRITÓRIO POP E DE BEM COM O VERDE
Projetos e criações do designer em destaque no Design Weekend
Guto Requena e Maurício Arruda abriram o escritório, mostraram suas criações e contaram um pouquinho sobre o seu processo criativo
Por Giovana Danquieli
Por Julie Fank
Marcelo Rosenbaum dispensa apresentação. Ele é o designer badalado de rosto conhecido da TV que propõe ideias
Quem passava pela Oscar Freire, 1996, na altura dos jar-
de decoração daquelas que pegamos dicas aqui e ali e apli-
dins, no dia 24 de agosto, avistava uma projeção na parede
camos sem pestanejar! Por ser um nome bastante difun-
e um burburinho no terraço – além de uma vitrine seleta
dido, Rosenbaum não fica de fora de eventos voltados ao
que contava um pouco da história das criações conjuntas
designer e arquitetura sustentável. Nessas andanças pelo
e individuais dos dois artistas. Pra participar do bate-papo,
Brasil afora, o Design Weekend fez parte do roteiro des-
bastava ligar e se inscrever. As cadeiras estavam todas
te ano. Em duas oportunidades, ele pode mostrar ideias
ocupadas, mas ainda tinha um espacinho no chão, ao lado
aplicadas por meio do projeto A Gente Transforma. As dis-
do mascote do estúdio. Aliás, trazer os amigos caninos e vir
cussões acerca do tema “Um urbanismo para a felicidade”,
a pé ou de bicicleta, além da boa convivência com o verde,
teve como destaque o afastamento das pessoas, que a
são algumas das atitudes ecofriendly levantadas pelo três
cada dia se fecham mais dentro de condomínios fechados e
estúdios que hoje ocupam o casarão antigo da Oscar Freire.
se divertem em shoppings centers. Uma condição impos-
A “palestra“ na laje aconteceu no intuito de mostrar e reto-
ta pela insegurança e que é avalizada de certa forma pela
mar a caminhada criativa dos dois designers desde mos-
arquitetura. Já o projeto A Gente Transforma pode mostrar
tras efêmeras a projetos e produtos. A conversa reuniu
os resultados de mudanças simples como aplicação de
interessados em saber mais sobre o processo criativo dos
cores em casas e praças da região do Capão Redondo em
dois designers e ainda rendeu uma visita guiada pelo espa-
São Paulo, no bairro Santo Antonio, onde jovens que an-
ço que conta com uma mesa de base de cartas, uma “ideia
tes eram envolvidos com o tráfico de drogas, resolveram
óbvia”, segundo eles, até estruturas aparentes. Tudo com
mudar de vida e participar da empreita, mudando a própria
uma bossa muito jovem – a cara de Guto e Maurício. A pala-
vida. O projeto não tem apenas o objetivo de mudar a cor
vra que se via, ainda da rua, quando a nossa equipe chegou,
das casas: ele leva vivacidade e brasilidade ao espaço, con-
era SUSTENTABILIDADE – escrita em caixa alta, no topo de
ferindo a identidade de cada povo e retomando as raízes
um slide. Parece ter sido essa a pegada que transformou
esquecidas no decorrer dos anos. Um dos principais braços
em design acessível o trabalho dos dois, que já gerou muito
do projeto é a abertura para o mundo do artesanato. Tra-
burburinho fora daquele terraço nos jardins.
balho simples, que exige dedicação, mas que proporciona retorno financeiro para mudar de vida, ou iniciar uma transformação. A Gente Transforma também foi desenvolvido em Várzea Queimada, município de Jaicós, Piauí. No sertão piauiense, a cultura local foi retomada e o artesanato renasceu. Nem a terra árida, nem o chão que não recebe uma gota de água durante meses a fio, resistiram a vontade de mudar os paradigmas.
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EVENTO - DW!
HUGO FRANÇA Designer divide os dias entre São Paulo e Trancoso, uma forma de manter o acesso à cultura e ao ar puro. Em entrevista à ConstruArch, França conta o que pensa sobre a responsabilidade sustentável dos brasileiros e faz um paralelo com os europeus. É preciso avançar! Por Giovana Danquieli - Foto: Isadora Carneiro
Ele transforma madeira em peças exclusivas, desejadas e
consolo, na avaliação de Hugo, estamos bem à frente dos
sustentáveis. Uma segunda chance aos materiais que se-
norte americanos, os quais depredam e têm menos cons-
riam levados ao lixo. Um desperdício, não fosse o talento do
ciência e vontade de se envolver em projetos sustentáveis.
designer Hugo França, que se preocupa com a sustentabi-
A dica do designer aos jovens brasileiros é para se afasta-
lidade e o futuro. Por isso, ele aproveita árvores urbanas já
rem do “modelo ridículo americano”, já que em terras bra-
sem vida, cria peças e as devolve para a cidade em forma
sileiras se tem um pouco mais de consciência a respeito da
de mobiliário público. Exemplos são vários. Em São Paulo,
preservação dos recursos naturais. Conceitos e a conduta
por exemplo, no parque Burle Marx há um banco feito a
dos europeus deveriam ser seguidos pelos jovens brasilei-
partir de uma árvore que caiu em decorrência das chuvas.
ros, assinala o artista.
Inicialmente, Hugo abriu o atelier em Trancoso, na Bahia,
O trabalho de Hugo França alia preocupação com o meio
onde morou por uma década. Lá, em meio à cultura da ma-
ambiente e sensibilidade artística. Com intuito de inter-
deira, o designer se sentiu à vontade para desenvolver a
pretar a natureza e as formas que ela apresenta, o desig-
arte do reaproveitamento.
ner consegue intervir de forma artesanal. O resultado são
Em uma época de pessoas pensando cada vez mais de
peças únicas e que refletem a visão sustentável do autor.
forma sustentável, as peças de França satisfazem o dese-
Com conhecimento de causa, Hugo ressalta que morar
jo de se inserir na onda de responsabilidade com o mundo.
bem pede ar puro e acesso à cultura. Para quem morou por
A concepção dos brasileiros no quesito reciclar e reapro-
muito tempo em Trancoso e hoje vive mais em São Paulo,
veitar, na opinião dele, tem evoluído ano após ano e isso
a diferença é gigantesca. “Hoje eu tenho privilégio de des-
vem ao encontro das necessidades do momento atual: é
frutar metade do tempo em um lugar bacana, junto à na-
preciso reverter o processo predatório do planeta! E essa
tureza, fazendo um trabalho que eu gosto e outra metade
missão está nas mãos dos jovens. Mas isso não é para da-
do tempo em uma cidade cosmopolita, de várias culturas,
qui dez anos, é para agora! “Eu acho que a gente precisa
e acesso a toda produção cultural contemporânea. Mas
começar imediatamente a mudar nossos valores, nossos
sempre há alguns efeitos colaterais, não é? Então, às ve-
conceitos em relação ao consumo e principalmente a pre-
zes, morar numa cidade como São Paulo, não se tem qua-
servação dos recursos naturais. Porque o Brasil é um dos
lidade de vida, mas acesso às coisas bacanas”, completa.
países que tem o maior potencial de recursos naturais, mas
Para ilustrar essa discussão, ele não poderia fugir do tra-
a gente parece que ainda não está bastante atento.”, expõe
balho: a marca de Hugo França – mais uma vez – está ex-
o designer. Por outro lado, Hugo França critica a falta de po-
posta no parque do Ibirapuera. Durante o evento DW, ele e
líticas públicas que incentivem a preservação e o cuidado
toda equipe transformaram o que era pra ser só mais uma
com o meio ambiente.
árvore condenada. Algumas horas de trabalho e boa dose
Em um ranking imaginário, Hugo França coloca o brasileiro
de talento foram responsáveis por outro banco que embe-
em desvantagem com relação aos métodos adotados pe-
leza o parque e endossa o papel de artista preocupado com
los europeus. “Eles são os mais conscientes do planeta em
a sustentabilidade.
relação a problemas de sustentabilidade.”. Caso sirva de
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CADEIRAS À MODA DA CASA Rodrigo Almeida, designer paulistano, passa por um momento de transformação: sai de uma fase manual para uma etapa mais industrial. As últimas cadeiras criadas por ele são o maior exemplo das experimentações ousadas que o designer pretende. Por Marcele Antonio - Fotos Isadora Carneiro
Rodrigo Almeida é natural de Sorocaba, mas é bastante viajante: morou cinco anos fora do Brasil, em Seatle e Nova York. O traballho do designer é pautado em muitas referências, inclusive no aprendizado adquirido em cur-
A fase é de experimentações: Rodrigo Almeida quer mexer
so com os Irmãos Campana, além de muitos artesãos.
com a percepção misturando densidades, como por exem-
Rodrigo, apesar de inaugurar uma fase industrial, é ado-
plo, vidro, aço e tecido. “Cada material tem uma energia e
rador confesso da arte manual.
nos passa uma sensação diferente, por isso acho interessante fazer esses cruzamentos”, detalha. A última de suas mixagens de materiais foi a exposição “Morfológicos”. Nela, nove cadeiras demonstravam o desenvolvimento industrial com materiais que iam desde o couro até o inox. São peças que, pela primeira vez na carreira de Rodrigo, foram feitas de forma industrial. Nesta fase do designer, o modo artesanal, apesar de adorado, dá lugar a um novo trabalho. “Comecei com uma produção completamente artesanal, aí passei por um pré-industrial, que é a marcenaria, tapeçaria e agora cheguei na produção industrial. Acredito que todo designer deveria passar por esse processo. É como um resgate histórico para entender como meu estilo pessoal se encaixa neste sistema”, relata Rodrigo, declarando que só se interessa de fato pela industrialização quando ela existe para democratizar e tornar o design mais acessível.
pela Electrolux. Fiquei muito feliz por essa oportunidade de mostrar um trabalho bem feito e bem acabado para o público brasileiro”, comenta. Para ele, apesar de o modo de vida no Brasil ser uma inspiração clara, ainda é preciso aprimorar o jeito como se enxerga o design no país. “Me inspiro em nossa cultura, não só no aspecto material, mas no jeito do brasileiro de se relacionar com o corpo, objetos e fantasias. Só consigo estabelecer um diálogo se falo do que sei de fato. Não posso pretender criar um diálogo europeu se não domino todos os aspectos dessa cultura. Isso parece óbvio, mas ainda precisamos insistir sobre isso no Brasil”.
Das suas criações mais recentes, Rodrigo já desperta o afeto especialmente por duas: a cadeira “Tangente” e o banco “Motor”, que têm um destaque para o designer. “Os projetos em que várias camadas de informações são perceptíveis costumam me cativar mais”, justifica. Rodrigo, que desde criança foi ligado ao desenho, acredita que realização é fazer aquilo que se gosta. E neste quesito, o designer está completo. O período é de transformações tanto para ele, quanto para todo o contexto do design brasileiro, o que impulsiona novos trabalhos. “O despontar de brasileiros no mercado internacional não é um esforço brasileiro. São ações corajosas e individuais feitas por pessoas apaixonadas pelo que fazem sem nenhum apoio
Poltrona toda em aço inox
governamental ou da indústria nacional. Mas as coisas pa-
com estofamento em feltro
recem estar mudando. Na minha exposição ‘Morfológicos’,
de lã de carneiro.
por exemplo, desenvolvo tudo para uma nova marca de design brasileiro chamada Mejiee a exposição foi patrocinada
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Balzaquiana poética Em sua 30ª edição, a Bienal de São Paulo tenta evidenciar o que há de especial na arte latino-americana, além de desvendar as verdades menos absolutas Por Tátila Pereira – Foto: Fundação Bienal / Leo Eloy
EVENTO - BIENAL
A Bienal de Artes de São Paulo chega a mais um número re-
o que é que o latino-americano tem! Por
dondo, cheia de boas intenções. A principal delas é desatar
séculos, essa parte do mundo ficou res-
as amarras de uma mostra temática, e torná-la um espaço
trita a ser um copião daquilo que
sincronizado com o passado, o presente e o que mais há de
se produzia lá fora, sem dar rele-
bom para vir por aí. Predispondo a coexistência entre os
vo aos frutos dos que nasceram
diferentes, sem esquecer seus pontos de conexão, a Imi-
aqui. Péres quis deixar de lado os
nência das Poéticas quer espelhar a verdade, mas não uma
resquícios da colonização e inserir
única verdade: a verdade de cada um, a opinião.
a arte da América Latina em um novo
Como uma boa balzaquiana, a Bienal tem também crise
contexto: ”Essa Bienal também mostra
com sua idade, porém, no bom sentido do termo: a crise se
que a América Latina não é mais uma ilha.
instala não como um problema, mas como resposta para
Temos obrigação de reconhecer os artistas
as muitas perguntas da inconstância do mundo atual. O
latinos como artistas internacionais”, argu-
evento conta com mais de 3 mil obras, criadas por 111 ar-
menta.
tistas. Os trabalhos são apresentados em forma de “cons-
A boa nova da 30ª Bienal é que arte transcendeu
telações”, mostrando artistas como estrelas e indicando
os limites do prédio criado por Oscar Niemeyer. Ou-
as proximidades entre eles. Explica-se: as obras não pro-
tros museus da cidade também estão exibindo obras
duzem sentido sozinhas, mas em relação com o mundo e
e eventos ligados à mostra. Entre esses espaços estão o
outras obras.
MASP, o Museu de Arte Brasileira da Faap e o Instituto To-
Pela primeira vez, a Bienal de São Paulo tem um curador de
mie Ohtake, além de pontos turísticos de São Paulo, como
fora do espectro das artes brasileiras, o venezuelano Luis
a Avenida Paulista e a Estação da Luz.
Péres-Orama. Com ele, veio a experiência de demonstrar
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Sheila Hicks A norte-americana Sheila Hicks adquiriu a sua arte em suas andanças pela América do Sul e Central. Dotada de um certo espírito riponga, ela se vale das técnicas de tecelagem – tradicionais ou não - nas quais usa o fio para jogar com formas, divisões, assimetria e cor. A arte dela faz parte do tempero da Bienal 2012.
Arthur Bispo do Rosário O diagnóstico era de esquizofrênico-paranoico. A descoberta veio após algumas crises, que culminaram em internações em hospícios. “Preso” nas correntes da demência, a sua liberdade era criar. E criou, mesmo no manicômio, mais de mil peças. Objetos e bordados que, naquele tempo – entre as décadas de 30 e 70 –, não faziam sentido algum para os críticos de arte. Pouco antes de morrer, Bispo do Rosário - sergipano de nascença, mas carioca enraizado – começou a ter as obras compreendidas, estudadas e encaixadas como arte contemporânea. Para ele, de nada adiantou, já que permaneceu internado até sua morte, em 1989. Homenagens póstumas são fartas, e a Bienal de São Paulo também se rendeu às peças de Bispo. Numa área de dimensões mais generosas que a maioria das salas expositivas dos outros 110 artistas da mostra, Bispo do Rosário é foco de um tributo forte dentro do conjunto da Bienal e que chama a atenção pela obsessão com a qual o artista realizava suas centenas de peças. O público terá acesso à variada produção do artista, podendo ver de pertinho a cama de Romeu e Julieta ou o Manto de Apresentação, que ele afirmava ser uma peça para ser vestida no dia do Juízo Final.
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EVENTO - BIENAL
Odires Mlászho Na miscelânea de 111 artistas, um único representante do sangue paranaense deu as caras. Mlászho é um modificador de respeito e faz algo que é só dele: apropria-se de imagens esquecidas de livros e as reconstrói. Cola, rasga, desgasta, corta e aí fotografa tudinho. O livro, assim, deixa de ser mera fonte de conhecimento para carregar em si a carga de um homem, que espalha suas emoções, memória e vida em recortes cirúrgicos.
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Tributo Arquitetônico
te diante do ofício e da vida e questionava a prática con-
Refletir sobre a arquitetura e a vida humana é o mote dita-
vencional da disciplina arquitetônica. A ideia é esquecer as
do pela Corporación de Servicios Profesionales Amereida,
noções de propriedade ou de liderança. O bom mesmo é a
que se constituiu como Ciudad Abierta na comuna de Rito-
contemplação, a hospitalidade, o ofício e a vida em comuni-
que, Valparaíso, em 1970. A formação do grupo, no entanto,
dade. Essa elucubração latente não teve medo de aparecer
vem de longe, lá de 1952. Um grupo de intelectuais e ar-
na Bienal. 340 estudantes de arquitetura e design gráfico e
quitetos fundou o Instituto de Arquitetura da Universidad
cerca de 20 professores desses cursos fizeram interven-
Católica de Valparaíso, que propunha uma atitude diferen-
ções em Heliópolis e no Jardim Pantanal.
83
GALERIA
Descarte artístico A arte detalhista de Thaís Pontes usa a transparência do vidro e a delicadeza do mosaico para compor peças que nunca se repetem. Sobra material na construção e resta criatividade no atelier! Por Marcele Antonio – fotos: Arquivo pessoal
Ela é bióloga formada, mas não se enxergava como professora. Thaís Pontes queria algo em que pudesse trabalhar em casa e descobriu a arte manual como uma parceira de vida. Mas das ciências biológicas não se deixou libertar, virou artista e com um bônus: tem a consciência ambiental explícita. “Como bióloga, sempre me preocupo com a quantidade de restos que sobram das construções e também com o tanto de materiais que descartamos e que poderiam ser reaproveitados de outra forma”. Dos restos de construções, a artista retira tudo o que precisa. Se você enxerga um azulejo como algo meramente indicado para revestir um piso ou uma parede, ela consegue te provar o inverso: nas mãos de Thaís, um descarte de construção pode ser um material com potencial suficiente para decorar um ambiente com muita pompa. “A maioria dos meus trabalhos é feita com restos de materiais: vidros, cerâmicas, pedras, rolhas, garrafas, espelhos, madeira, ferro... É claro que às vezes preciso de algum material que não tenho disponível e então preciso comprá-lo, mas mesmo assim tento fazer o melhor aproveitamento possível para que o descarte seja o mínimo necessário”, conta. Unem-se materiais inusitados, criatividade à beça e um punhado de trabalho árduo e não se poderia obter outro resultado: peças únicas, planejadas e executadas cantinho por cantinho. Serviço minucioso, que exige a dedicação de Thaís pelo menos dez horas por dia. “Tenho um atelier em casa e trabalho inclusive domingos e feriados: não se faz esse tipo de trabalho sem paciência e dedicação”. De fato, é preciso um estoque reforçado de calma para não deixar os cortezinhos daqui e dali – normais para quem está o tempo todo mexendo com material cortante – prejudicarem o trabalho. “Os cortes fazem parte do meu cotidiano, assim como os calos, bolhas... Mas tudo compensa quando vejo um bom trabalho concluído”. Vamos lá, então, explicar esses procedimentos dolorosos e
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Thais ao lado de uma de suas produções na mostra “Casa Toledo”. Neste
apaixonantes! Thaís usa várias técnicas: mosaico em cerâ-
caso, a técnica de fusão de vidro foi utilizada para decorar uma parcela da
mica, vidro ou mosaico misto; decoupagé com mosaico ou
cozinha, mas no evento, ela também produziu peças para outros tipos de
madeira e o “Fusing”, processo de fusão de vidro. “O fusing
ambientes como adega e varanda.
é uma técnica onde se aplica corante em um vidro comum
de janela e o leva ao forno de alta temperatura. Dependendo do vidro, a temperatura pode variar de 760 a 900 graus. A peça fica pronta 24 horas depois e é possível fazê-la em 150 cores diferentes!”, detalha Thaís. Toda a delicadeza e autenticidade das peças que a artista faz estão sempre em exposição. Na edição de 2012 da Casa Toledo, a arte em cacos marcou o trabalho de nove arquitetos: na mostra, a artista fez parcerias e desenvolveu obras para compor sete ambientes, como adega, varanda, cozinha, recepção, oficina e hall. “Isso mostra como o trabalho pode ser diversificado, quando é possível se fazer desde um painel até uma luminária ou porta”. Entre os vasos, painéis e todos os tipos de peças decorativas, Thaís não consegue dar grau de importância ou afeto. Cada peça é uma raridade, um “filho” para a artista, que se especializa sempre através de cursos, mas também aprende com o cotidiano. “Aprendo muito com o erro. Às vezes uma peça que dá errado te mostra mil possibilidades. Criatividade a gente exercita”.
Fusão de vidro, mosaico de azulejos, espelhos: o que era descarte vira peças de decoração, exclusivas, por sinal, já que nenhum trabalho como este sai igual a outro.
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ESPELHO
“UM OUTRO SAMBA”: A FRONTEIRA ENTRE O CONCEITO E A VENDA Camilla D’Anuziatta, designer, estilista e proprietária da Agência de Branding paulistana Alexandria, conversa com a Revista ConstruARCH acerca de novas propostas, novos formatos e novas perspectivas para as mostras de design Por Julie Fank - Fotos: Isadora Carneiro
O espaço era convidativo. Um casarão nos Jardins assina-
calça jeans, você compra um quadro, uma obra de arte... E a
do por Maurício Kogan. Chegávamos para saber um pouco
calça jeans às vezes você usa duas vezes e não quer usar
mais sobre o evento que rolaria ali à noite – uma reunião de
mais. O quadro vai estar sempre lá’...”.
quem há de mais descolado na cidade num ambiente tão
A casa-mostra deu tão certo que, desta vez a proposta foi
despojado quanto. Quase meio-dia do primeiro dia de “ex-
unir design e arquitetura, no intuito de endossar a discus-
posição” e muita coisa pra arrumar. Bicicletas desmonta-
são sobre a acessibilidade ao design encabeçada pelos or-
das. Fio pra cá, fio pra lá. Difícil entender qual era a proposta
ganizadores do Design Weekend!. Montada especialmente
ali. O visitante desavisado não entende onde está. O que é
para o evento, a empreitada designística seguiu a mesma
aqui? Uma agência de branding, descobrimos. A pista aju-
linha do projeto anterior: “Pensei: por que não fazer algo
dava, mas não desvendava o mistério da quantidade de pe-
parecido, mas diferente, sabe? Mais parecido com isso de
ças de design espalhadas. Pra quem não está acostumado,
ser mais acessível, de não elitizar tanto. Você pode fazer
descobrir um novo formato é uma tarefa quase persecu-
uma coisa bacana, agradável e comunicar de um jeito di-
tória – quem é o responsável pela organização do evento?
ferente. Porque tudo é comunicação: por exemplo, por que
“Você pode falar com a Camilla.”, avisa um designer que
você precisa de mais uma cadeira na sua casa? Você não
montava algumas peças da exposição. Exposição? A pro-
precisa de muita coisa, se for parar para pensar. Mas pre-
posta é quase essa. Uma design house ou a Design House
cisa ter coisas que são diferentes, que são emocionais, que
surgiu no intuito de desconstruir formatos, numa espécie
trazem alguma memória, que têm alguma razão. Nem que
de plataforma conceitual. Mas a ideia não é nova em São
seja pelo fato de ser funcional. E de uma maneira assim: sa-
Paulo, não. Com um jeitinho carioca de pensar na vida e nas
ber porque aquilo esta ali, e usar isso para que você não te-
coisas, a estilista que passou 15 anos envolvida no mer-
nha um entulho em casa, para que você tenha coisas boas
cado de moda e hoje é proprietária de uma agência súper
e interessantes.”
cool, encontrou na arte e no design uma forma de expressão menos comercial que a moda e, junto com seu sócio Ricardo Gaioso, criou o projeto Rabbit, uma exposição off-gallery, no fim de 2011: “O projeto não foi exclusivamente tirar a arte das galerias, mas tem muita gente que não entra em galeria de arte com medo, porque fica intimidado, não pode comprar, acha que arte é inacessível. Então, a gente quis levar novos artistas, e até artistas que não querem estar em galerias, para um espaço que fosse mais tranquilo de entrar, onde ninguém ficasse tão intimidado, com a proposta de você ter uma casa com obras de arte de 600 reais a 16 mil reais. E de uma maneira mais despojada, dizendo assim: ‘O mesmo valor que você tem para comprar uma
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“Eu acredito em pequenos formatos e novas propostas, hoje é aqui e amanhã pode ser numa casa com piscina, com teto retrátil. Eu não gosto de espaços corporativos, que não têm alma e que já trazem uma carga de informação de outras coisas. [...] E quanto tem um espaço novo, cada espaço vai ser uma experiência, porque cada um vai ter uma composição. Às vezes tem objetos que funcionam aqui e em outros espaços não... Tem ambientes que o objeto não funciona, você muda de lugar e, nossa, ganha uma vida!”
O escopo de uma mostra de arte anterior (que levou os
que precisa disso, e quer pronto. Mas a proposta aqui não
expositores até a Hong Kong) mais a combinação cinema-
é essa: na verdade aqui eu estou te abrindo um leque, sabe,
-comida-leitura-arte foi o suficiente para garantir o suces-
de várias cores. Pega a cor que você quiser, pega o formato
so da Design House. A proposta é, assim como o Projeto
que você quiser.”, reflete a estilista, que vê na casa um san-
Rabbit, transformar o evento numa casa itinerante: “Hoje
tuário, uma igreja, e tentou trazer a casa de verdade para o
ela está aqui na Alexandria, que é uma agência de bran-
mundo das mostras.
ding, que tem esse viés de incentivar a arte e o design. Mas
Saímos de uma conversa deliciosa um pouquinho mais
amanhã pode estar em outros lugares.” O diálogo lúdico
familiarizadas com o formato que não deixa de funcionar
com as outras áreas e um processo cuidadoso de cura-
como um questionamento sobre o que se vende e uma
doria foram fatores decisivos na concretização do projeto:
resposta ao novo jeito de morar – porque para as mentes
“Eu peguei o lado da moda que era totalmente conceitual
inquietas de hoje, pouco importa o que tem dentro da casa,
então, quer dizer, toda parte comercial que eu era zero, não
o que importa é a rotatividade visual: “Eu gosto de fazer
funcionava: eu ficava deprimida pensando ‘Ai, tenho que
uma mudança constante”, completa Camilla. A sensação
fazer algo que vende’. Sabe quando você quer vender, mas
-de-tinta-fresca-nas-paredes (quem sabe desnecessá-
não quer? Você precisa vender. Porque, no início, o start de
rias das mostras de design) bem que poderia contaminar
qualquer processo de criação, é assim: é lindo e é diferente,
as mostras de arquitetura, de construção, de arte, de cine-
mas depois aquele que é lindo e diferente precisa ser ven-
ma. A Design House configura-se como um convite e uma
dável, né?” E essa coisa toda de venda, design e Brasil tem
reflexão: uma nova paleta de cores que abre novas combi-
ainda um fator complicador, afirma a organizadora: “Por-
nações para todo tipo de mostra. Uma cor de casa, uma cor
que quando a gente fala em mercado nacional, as pessoas
de novidade – das boas.
ficam com nariz torto e acham: ah, não, vai ser artesanato, sabe? As pessoas têm um pouco de preconceito e querem tudo gringo. Mas você que estimular, tem que dizer que tem espaço no mercado nacional.” Para confirmar o argumento de Camilla e dar vida ao casarão escolhido para abrigar a mostra, um time de pompa assinava as peças que preenchiam a casa, Guto Requena, Rodrigo Almeida, Wagner Archela e Rodrigo Reis são alguns dos nomes que figuraram na curadoria da estilista. A casa ainda contava com uma criativa instalação da DMY Berlin, a semana de design
“Eu acho que o bom design é isso mesmo: uma peça atemporal. É igual com moda: aquela peça que você não sabe identificar se é anos 60, 50. Ela até causa uma certa estranheza, você não sabe se é bonito ou se é feio, mas ela serve para qualquer ambiente, ela é atemporal. Então a perfeição do desenho de design, de moda, de arte, é isso: não ser datado, furar o tempo.”
da capital alemã.
“Eu não vou dizer que design é tudo, mas é a grande maioria. O design é desenho, o design está em metrô, está nas ruas – com as devidas proporções, claro, não estou aqui generalizando. Ele serve para deixar o mundo mais belo e mais prático.”
A Design House se propôs como uma experiência de design. Tudo na tentativa de trazer um ambiente mais próximo, não tão frio quanto uma feira, não tão corporativo quanto um estande. Tão aconchegante que pode ser chamado de home em vez de house. A estilista-curadora brincou
A multiplicidade de olhares dos expositores compôs o suporte para um formato mais vivo sem a pretensão de ter espaços divididos: “Ter o quarto da criança, o quarto do bebê, que eu acho que não é a proposta. E eu não gosto desse tipo de formato porque você engessa quem compra e fala: “Ah, você tem que comprar isso!”. É o que eu acho que funciona para multimercados, porque tem gente
com a funcionalidade das coisas: muito mais que vender, a ideia era mostrar, expor, discutir e experienciar o design – que veio acompanhado pra festa. Arte, gastronomia e cinema acompanhavam o combo de quem topava a experiência, que aconteceu ao mesmo tempo que o Design Weekend!, numa casa anos 50, no Jardins, em Sampa. A Terra da Garoa, cosmopolita na essência, não poderia deixar de ser o abrigo primeiro de um evento de natureza questionadora, mas sem a chatice do âmbito acadêmico ou o merchandising de um evento comercial. Utopia?! Quem sabe! Para um público seleto, no entanto, a ideia é, nas palavras de Camilla, “uma nova saída de consumo, uma nova saída de entendimento, uma nova saída de comunicação”. Nada mais justo para um novo formato. 87
FASHION IN HOME
Para as doceiras!
É para adocicar a moda, que estão aí, súper em alta, as Candy Colors, essas cores fofas inspiradas em guloseimas. Elas tiram um pouco da “vivacidade” das cores mais fortes e ditam um estilo romântico. E se estão nas passarelas e nas ruas, também viram tendência para a decoração: as cores doces tomam conta dos móveis, fazendo qualquer ambiente parecer mais “embonecado”.
Garrafa Turiassu Amarela Oppa Design www.oppa.com.br R$ 69
Sunbeam Pattie Cupcake Maker www.bettaelectrical.co.nz Aproximadamente R$ 200
Cadeiras Laqueadas Estúdio Glória www.estudiogloria.com.br Preço sob consulta
ColourPorcelain AritaJapan www.1616arita.jp Preço sob consulta
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Frigobar NGV 10 Coloridos Westwing www.westwing.com.br R$ 799
Cadeira Antonieta DesmobĂlia www.desmobilia.com.br R$ 480,00
Abajur Soul Seventy Lemodiste www.lemodiste.com.br R$320
Pedestal Bom Bom Rosa Westwing www.westwing.com.br R$ 170
Almofada Birds www.lemodiste.com.br R$180
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LIFESTYLE
Come back, magrela! Ela é tendência: de locomoção, de moda, de estilo de vida. A bicicleta está conquistando as ruas como um símbolo de meio de transporte responsável, viável e até moderno. Duas rodas que estão ditando um novo jeito de se locomover e aproveitar as cidades! Por Marcele Antonio – Foto: Divulgação
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Todo mundo já levantou as mãos para o alto e se rendeu aos encantos da bicicleta. A marca Dolce & Gabbana até lançou uma maneira mais elegante de andar pela cidade: uma bike toda estampada de oncinha! Entrando na onda do cycle chic, agora dá para pedalar cheia de estilo!
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LIFESTYLE
Um dos meios de transporte mais simples e, ao mesmo tempo, uma das invenções mais geniais da humanidade. A bicicleta surgiu de uma forma e ressurge de outra. Foi discriminada por muito tempo, depois que toda a tecnologia permitiu que os veículos motorizados invadissem as ruas. Mas agora retorna de um jeito bem peculiar: como um acessório símbolo de responsabilidade e estilo. Andar de bicicleta é chique, gente! E por muitos motivos: pedalar, em primeiro lugar, diminui a emissão de gases poluentes e ameniza o problema de trânsito saturado de veículos. Depois, é claro que trocar a ida ao trabalho de carro, por uma locomoção by bicycle, significa mais atividade física. Se essas vantagens não bastassem, agora, bicicleta também é moda! Repare que ela começa a voltar para as ruas e não só entre quem não tem carro e definitivamente só tem a bicicleta como opção. O interessante da história é que a magrelinha está conseguindo convencer muita gente já viciada na locomoção motorizada a largar o carro na garagem e seguir rumo pedalando. Foi assim com o projetista e vendedor Edward Richards, que incluiu a bike na rotina há três anos. Morador da cidade de Foz do Iguaçu, Edward sentiu necessidade de mudar o meio de transporte, para conseguir mudar de vida: queria dormir e trabalhar melhor, mas o sedentarismo não deixava. As pedaladas foram a solução e começaram por incentivo de colegas. “Como algumas pessoas do trabalho utilizavam a bicicleta, eu me empolguei e tomei a mesma iniciativa”, conta. Começou de levinho, mas se engajou na causa “bicicletariana”: Edward é o membro fundador da ACCI (Associação Ciclística Cataratas do Iguaçu) e hoje usa a bike para ir a todo canto. “Utilizo a bicicleta para visitar clientes, vou para o mercado, para o shopping, na casa de amigos e até mesmo buscar meu filho no colégio”, detalha, revelando que o percurso diário chega a 20 quilômetros.
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Claramente, a estrutura da cidade é que incentiva ou desanima a prática do ciclismo. Nesse sentido, Foz do Iguaçu é só elogios. “Foz é uma cidade com muito espaço nas vias, parece que não, mas se formos comparar com cidades da Holanda, Itália, Suécia e França que tem um número gigantesco de ciclistas, nossas vias são de dar inveja, o que falta é planejamento e vontade”, repara Edward. Para ele, o maior empecilho ainda está no motorista, que se chega a enxergar o ciclista, não o respeita. “O motorista vê o ciclista como uma barreira impedindo o carro de correr livremente. Outro fator é a forma como os condutores de automóveis tratam os ciclistas: com desprezo e ignorância, as vias estão sujas e esburacadas e há um grande número de ciclistas que não sabem a forma correta de pedalar, o que prejudica muito”, descreve.
So vintage! Estava ela lá, encostada na garagem, enferrujando e ocupando espaço. Largada às traças a coitadinha da bicicleta. Até que o estilo vintage, todo moderno por ser antiguinho, roubou a bike enferrujada e a transformou em um objeto da moda. É quase um grito da magrela, dizendo: “Ei, posso ser muito estilosa!”. “A bicicleta é charmosa, são linhas tão perfeitas, e as pessoas estão aprendendo a enxergá-los”, comenta Edward. A bike à moda antiga aparece em propagandas e entre famosos: a cantora Taylor Swift usou uma bike súperestilosa em um de seus clipes, e o apresentador Luciano Huck é um disseminador da filosofia das bikes: deixa estampado na camiseta que bicicleta é o novo carro. Na moda, a ordem é usar a bicicleta como um complemento do look e mostrar que não é necessário sair de legging e tênis para conseguir pedalar por aí.
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LIFESTYLE
Mochila sinalizadora Outro equipamento facilitador da vida do ciclista é uma mochila que garante muito mais segurança para quem anda de bicicleta. Já pensou em conseguir usar sinalização na bike, assim como nos carros e motos? Com uma mochila sinalizadora, chamada Seil Bag, criada pelo designer coreano Lee Myung Su, é possível deixar as intenções de manobras do ciclista bem claras! De que forma? Com um controle sem fio, que pode ser posicionado no guidão, o ciclista consegue com apenas um toque indicar qual movimento vai executar: o sinal é apresentado nas luzes de LED fixadas na mochila. Solução bastante viável para quem sentia insegurança nas ruas, mesmos usando roupas chamativas e sinalizando com as mãos. A mochila sinalizadora não está disponível para a venda, mas bem que poderia estar logo, logo ocupando todas as vias por aí, não é mesmo, ciclistas?
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Capacete invisível Quem olha pode até pensar que o ciclista está desprotegido. Mas tem muita proteção por aqui, a diferença é que ela está bem escondidinha. Nada de capacetes grandes e desconfortáveis. A ordem da vez para os ciclistas modernos é andar livre de parafernálias na cabeça, mas ao mesmo tempo, mais protegido do que se estivesse com armadura. Como assim? As designers suecas Anna Haupt e Terese Alstin criaram um capacete invisível, que só aparece quando é necessário. Funciona da seguinte maneira: um colar de neoprene bem discreto é posicionado ao redor do pescoço. Nele, está embutido um airbag, que no caso de acidentes infla, forma um capacete, recobrindo e protegendo a cabeça do ciclista. O mecanismo de ativação é controlado por sensores que registram os movimentos anormais do ciclista em um acidente. Bacana, né? A ideia, que resolve o problema de quem quer andar de bike sem perder estilo, era para ser só mais uma tese na universidade das designers, mas virou um equipamento registrado, super útil e tecnológico.
Baby bicycle Você quer largar o vício do carro, mas tem criança e não sabe como se locomover com ela sem o veículo motorizado. No problems! Pelo menos em países à frente do Brasil, no quesito mobilidade urbana, o transporte de bebês em bicicleta já não é mais transtorno. As velhas cadeirinhas acopladas à bike agora dão lugar a um jeito bem mais seguro de transportar as crianças em bicicletas. As tradicionais bicicletas de carga holandesas deram origem a uma versão mais moderna, que tem um grande compartimento na frente, uma espécie de berço, onde o bebê pode ser carregado tranquilamente!
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ESTANTE
Design e mobília na Alemanha Mais do que nunca, Colônia será o ponto de encontro central do mercado de móveis e design. Imm Cologne, evento alemão, apresenta uma visão geral do mercado: são expostos desde salas de estar e móveis de dormitório até moveis de cozinha, desde a seção de preços baixos até os melhores designs internacionais. Serão sete dias – de 14 a 20 de janeiro – de muitas novidades.
Metáfora arquitetônica Tempo de Recomeçar conta a história dramática de um arquiteto divorciado que descobre que vai morrer de câncer. As dificuldades o levam a abandonar o emprego e destruir todas as maquetes que fez, preservando apenas uma. O protagonista tenta, nesse tempo, se reaproximar do filho adolescente e rebelde e, com ele, começa a construir a casa de seus sonhos, para deixá-la de herança. História emocionante de reconstrução de uma vida, contada por meio da metáfora da construção de uma casa.
Opção para ler e decorar! A Westing lançou edições diferenciadas de livros, que, nas capas, possuem imagens clássicas! O conteúdo das obras passeia pelo universo de artistas consagrados pela história como Van Gogh, Goya e Da Vinci. Temas como padrões, arquitetura e artes gráficas são abordados. Os livros estão disponíveis em alemão, espanhol, francês e inglês.
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Hitler sob um novo foco O ideal nazista retratado sob a ótica da cultura, da arte, arquitetura e dos projetos urbanísticos. Arquitetura da destruição é um documentário produzido e dirigido pelo cineasta sueco Peter Cohen, que descreve Hitler como um líder, mas a partir de um olhar diferente: o de que o ditador era também um conhecedor da pintura, chegando até a ser autor de algumas obras. Longa obrigatório para quem deseja conhecer melhor a arquitetura alemã e todo o contexto histórico que a envolve.
Punta artística As principais galerias de arte e artistas plásticos da América Latina e de outros países do mundo estão representados em Arte Punta, em Punta Del Leste. É um evento multidisciplinar que tem como objetivo fomentar a arte emergente. Pintura, escultura, fotografia, videoarte ou instalações artísticas são expostas em um salão que possibilita as relações comerciais entre os criadores e os museus, instituições culturais e colecionadores. O evento acontece entre os dias 10 e 14 de janeiro.
Decoração, mon amour O ano já começa badalado quando o assunto é evento de arquitetura e decoração. A cidade luz recebe em janeiro mais uma vez a Maison & Objet. Essa é uma das principais mostras de decoração da Europa. Exclusiva para o público profissional, acontece em Paris duas vezes por ano, nas dependências do Paris Nord Villepinte, centro de exposições da capital francesa. Entre os dias 18 e 22 de janeiro as melhores novidades europeias vão ter vez. Mais informações pelo site http://www.maison-objet-projets.com/
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ESPECIAL
CAMINHO SINUOSO
Diferente do que ele se autointitulava, Niemeyer não foi alguém insignificante. Ele rompeu com a monotonia reta na carreira e na vida Por Tátila Pereira – Ilustração: Tays Villaca
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As raízes são alemãs, árabes e portuguesas, no entanto,
As curvas da bola também o encantaram. Ele morava no
a motivação para o reconhecimento e fama tem a brasi-
bairro das Laranjeiras e, lá pelo ano de 1918, deixou as ruas
lidade na veia. As curvas, seja da paisagem ou da mulher
íngremes da zona sul carioca e foi parar nos campos do
brasileira, foram os insights para que uma nova arquitetu-
Fluminense. Era atacante, mas emprestou seu gingado por
ra, inventiva e descompromissada, surgisse. Oscar Ribeiro
apenas três partidas na equipe infantil do clube. Por pouco
de Almeida de Niemeyer Soares não se importava com a
não foi parar na equipe rival, Flamengo. Para o bem de to-
aprovação de seus projetos, mas sim, com o ineditismo de
dos e felicidade geral da nação – e do mundo -, Niemeyer
cada obra. Em sua mente, o concreto armado foi explorado
trocou a bola pela prancheta.
com novas possibilidades, a partir do traço curvilíneo.
Formado engenheiro-arquiteto na escola de Belas Ar-
tes do Rio em 1934, sempre procurou o contraponto para
caminhar “50 anos em 5”. Assim, nascia a Capital Federal,
uma arquitetura que considerava comercial. A chance dada
Brasília, com grande parte de seus prédios idealizados por
para o ingresso na carreira veio de maneira despreten-
Niemeyer, com o Plano Piloto elaborado por Lúcio Costa.
siosa: Niemeyer teve a oportunidade de fazer um estágio
O Comunismo foi o escudo encontrado por Niemeyer
não remunerado no escritório dos arquitetos Lúcio Costa
para lutar contra as desigualdades do mundo e por sem-
e Carlos Leão. A falta de pagamento no início foi bonifica-
pre destacar a efemeridade da vida. Levava a ideologia de
da – e como! - quando o mesmo escritório proporcionou a Niemeyer poder trabalhar ao lado de um dos maiores arquitetos do mundo, o franco-suíço Le Corbusier, que veio ao Rio de Janeiro, em 1936, para ajudar na construção do Ministério da Educação. O discípulo, novo na profissão, mas já com talento e inventividade à flor da pele, fez da ocasião uma escola, sendo aluno e professor. Influenciador e influenciado, Niemeyer, anos depois, viria alcançar o seu mestre, alçando-se também como uma das referências na área. Juscelino Kubitschek de Oliveira, ainda prefeito de Belo Horizonte, quis atrelar o seu ímpeto visionário ao de Niemeyer e o convidou a projetar o Complexo da Pampulha, com um cassino, a Casa do Baile, o clube, a igreja de São Francisco de Assis e a sinuosidade inspirada nas montanhas mineiras. Mais tarde, JK, já Presidente do Brasil, pediu a ajuda do arquiteto para colocar em prática seu plano de fazer o país
revistaconstruarch.com.br
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ESPECIAL
a Niemeyer poder trabalhar ao lado de um dos maiores arquitetos do mundo, o franco-suíço Le Corbusier, que veio ao Rio de Janeiro, em 1936, para ajudar na construção do Ministério da Educação. O discípulo, novo na profissão, mas já com talento e inventividade à flor da pele, fez da ocasião uma escola, sendo aluno e professor. Influenciador e influenciado, Niemeyer, anos depois, viria alcançar o seu mestre, alçando-se também como uma das referências na área. Juscelino Kubitschek de Oliveira, ainda prefeito de Belo Horizonte, quis atrelar o seu ímpeto visionário ao de Niemeyer e o convidou a projetar o Complexo da Pampulha, com um cassino, a Casa do Baile, o clube, a igreja de São Francisco de Assis e a sinuosidade inspirada nas montanhas mineiras. Mais tarde, JK, já Presidente do Brasil, pediu a ajuda do arquiteto para colocar em prática seu plano de fazer o país caminhar “50 anos em 5”. Assim, nascia a Capital Federal, Brasília, com grande parte de seus prédios idealizados por Niemeyer, com o Plano Piloto elaborado por
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tes do Rio em 1934, sempre procurou o contraponto para
O Comunismo foi o escudo encontrado por Niemeyer
uma arquitetura que considerava comercial. A chance dada
para lutar contra as desigualdades do mundo e por sem-
para o ingresso na carreira veio de maneira despreten-
pre destacar a efemeridade da vida. Levava a ideologia de
siosa: Niemeyer teve a oportunidade de fazer um estágio
maneira ferrenha, tendo, inclusive, relação próxima com um
não remunerado no escritório dos arquitetos Lúcio Costa
dos principais representantes comunistas ainda vivo, Fidel
e Carlos Leão. A falta de pagamento no início foi bonifica-
Castro. Em 1964, Niemeyer foi surpreendido com o golpe
da – e como! - quando o mesmo escritório proporcionou
militar no Brasil durante viagem a Israel. Ao voltar ao país,
Homenagem ao mestre Descrição de um homem Por Julie Fank Ao falar da infância, Niemeyer recorria com frequência à própria imagem, quase 100 anos atrás, desenhando com o dedo – no ar. Como matéria-prima, a imaginação. Dizia que poderia idealizar um projeto inteiro na própria cabeça – sem lápis ou papel. A vivacidade dos traços e a inventividade nata foram notadas de longe por Le Corbusier: “Ele tem as montanhas do Rio dentro dos olhos.” Dos olhos e da alma – devoto das curvas e da forma livre, poetizou o modernismo e, de filho, leitor e espectador da corrente que mais uma vez vinha da Europa, inverteu a ordem canônica das coisas – passou ele mesmo a ser pai e expoente do movimento no Brasil e no mundo. De discípulo do arquiteto francês, compartilhou o altar e dividiu as honras com quem havia lhe ensinado. Mudou o curso das coisas – numa curva favorável ao Brasil e numa nova gramática das formas. “Eu diria que sou um ser humano como outro qualquer, que vim. Deixo a minha pequena história que vai desaparecer como todas as outras.”, dizia. Errou, cumprindo a sina de ser humano, e virou o século. Diria também que a intelectualidade é uma grande besteira. Era avesso à genialidade – mas era o adjetivo que recebia como eco de sua produção. Virou personagem no palco da arquitetura. Viveu um quinto da história do Brasil, tendo convivido de perto com os dirigentes e dirigidos dessa história – declarando-se abertamente a favor do segundo grupo – o coletivo, sempre, estava arrebatadamente estampado nas suas obras. Deixou seu nome cravado e desenhado no centro geográfico do Brasil – humildemente e monumentalmente – sem ser um paradoxo. Paradoxos são conflituosos, Niemeyer não era. Seu traço era uma ruptura silenciosa com as formas tradicionais. Flutuou no século XX com a força imaginativa de uma criança. Afora venerações, recebeu críticas. A qualquer devaneio sobre seu esgotamento criativo, teria respondido – quem sabe – com um desenho. “Um homem comum que passou a vida debruçado na prancheta”, gostaria que dissesse um verbete de uma enciclopédia – e viu a extinção da enciclopédia física. Qualquer livro que quisesse ler, lá ia ele para um gravador – ouvia os livros. E muitos o ouviram. Muitos o leram – sem nem saber ler. Niemeyer não deixou de ser criança. Quando o mestre desenhava no ar, estava, na verdade, esculpindo o espaço. Agora, deu as mãos para o tempo. É muita audácia!
NOVOS EMPREENDIMENTOS
UNIQUE OFFICE
UNIQUE OFFICE Vista privilegiada com ar cosmopolita. Edifício Unique Office, um novo centro de atividades médicas e prestadores de serviço tem na sua localização um de seus diferenciais. As ações sustentáveis e a criteriosa seleção de materiais se aliam a um acabamento de alto padrão e tecnologia de ponta. Um novo conceito em composição de ambientes confere uma atmosfera de exclusividade e unicidade ao mundo corporativo. Para um público seleto, um empreendimento único. Diferenciais: Possibilidade de pisos elevados; 4 elevadores, sendo um privativo para proprietários; 3 pavimentos de garagem; Infraestrutura para ar-condicionado split; Térreo decorado com lojas de serviço e pé direito duplo; Flexibilidade na montagem de layouts; Fachada com vidro refletivo. Endereço: Rua Minas Gerais, ao lado do Hospital de Olhos. Cascavel, PR. Vendas: NBC Arquitetura Projeto de Arquitetura: NBC Arquitetura Projeto de Decoração: LTM Arquitetura e Interiores Construção: Nastás Engenharia e Construções
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RELAX
PARA DESBRAVAR LISBOA EM SEIS PISOS É um hotel, mas também é quase um museu ou uma galeria. Por dentro dele, lisboa se conta através dos móveis, fotografias e todos os elementos decorativos. Conheça o LX BOUTIQUE HOTEL, que coloca toda a complexidade da capital portuguesa dentro de um prédio e permite aos visitantes uma viagem deliciosa, antes mesmo de tirar os pés da cama Por Marcele Antonio - Fotos Divulgação
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RELAX
Um hotel que prova que não é preciso sair do local de pou-
São os aposentos cheios de personalidade, e toda a rique-
so, para começar efetivamente a conhecer a cidade. O Lx
za histórica que compõe os ambientes que tornam o hotel
Boutique Hotel faz a essência de Lisboa caber dentro de
um alvo fácil dos casais, mas também de famílias inteiras
um prédio e transforma a ideia de hospedagem: ficar nesse
ou até mesmo de quem precisa trabalhar. Das sacadas, é
lugar por uns dias, é adquirir um pouquinho mais de conhe-
possível avistar toda a imponência de Lisboa... A experiên-
cimento, é vivenciar mais a cultura e o modo de vida por-
cia é o hóspede quem dita como vai ser: uma viagem pela
tuguês. No hotel, cada cantinho conta um pouquinho mais
história da maior zona comercial de Lisboa ou talvez algo
da história da capital portuguesa e leva o hóspede a via-
mais sensorial através de um passeio ditado pelo tradicio-
jar, mesmo que deitado na cama. É quase impossível não
nal ritmo musical português? Quem se hospeda por aqui
se inspirar ao ler as frases soltas pelas paredes, ao ver as
experimenta uma deliciosa passagem por seis pontos in-
fotografias bem pensadas e explorar a decoração criativa
teressantes da cidade: basta escolher em qual piso deseja
e estratégica.
se instalar e dar o play para a viagem começar.
Para proporcionar o passeio pelo jeitinho português de vi-
No primeiro dos seis pisos, chamado “Piso Baixa”, a ins-
ver, o hotel já começa pela fachada: nascido da restauração
piração vem do coração da capital portuguesa: a Baixa
das ruínas de um antigo edifício, o Lx Boutique preserva
Pombalina, a maior zona comercial de Lisboa, símbolo de
as características seculares do prédio. A viagem continua
reconstrução da cidade que foi destruída por um terremo-
quando se chega à recepção: o décor com móveis clássi-
to em 1755. O nome se deve a quem decidiu pela sua cons-
cos, além de quadros e tapetes, remete à antiguidade. Mas
trução: Marquês de Pombal. A Baixa é composta por ruas
nada supera a beleza inspiradora dos quartos. Neles, o des-
perpendiculares que obedecem a um rigoroso plano urba-
canso pode ir além: deitar em uma cama espaçosa, toda
nístico e possuem edifícios com arquitetura semelhante.
contornada por objetos criativos dá gosto! Gosto de estar,
Já o andar “Tejo” é todo destinado a invocar o grande rio
de dormir, de passar um tempo só relaxando.
que nasce na Espanha e banha Lisboa. Todos os quartos
Localizado na rua do Alecrim, em Lisboa, o LX Boutique Hotel é resultado de uma reformulação de um antigo prédio. Modernidade e conforto foram acrescentados sem deixar lado todo o aspecto histórico contido na edificação.
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Decoração aliada com música só pode dar boa coisa, né? Elegância, conforto e todo charme de um quarto inspirado no ritmo musical português, o Fado!
e corredores deste piso são compostos por elementos decorativos que fazem alusão a essas águas que são tão nostálgicas: quem olha para o Tejo hoje, relembra o quanto ele foi movimentado na época áurea da expansão marítima. E é claro: o hotel não poderia deixar de prestar homenagem a Fernando Pessoa. Até mesmo porque, o genioso poeta português perambulou pela rua do Alecrim, onde fica o LX Boutique. Pelos aposentos desse andar, o hóspede pode conhecer a interpretação única que Pessoa soube fazer da cidade de Lisboa. E que tal tudo isso ao som de um som típico português? O “Fado Floor” é um andar todo inspirado na música portuguesa e reúne toda a complexidade rítmica e riqueza desse estilo musical. As sete colinas que, segundo a lenda, rodearam Lisboa na sua formação também servem de referência para um dos pisos do LX Boutique, assim como o Bairro Alto, com suas ruas estreitas e empedradas, que fica logo ali: bem pertinho do hotel.
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RELAX
Delicadeza presente neste quarto, que tem nada mais, nada menos do que parte do rio Tejo como vista da varanda.
A maior suĂte do LX Boutique Hotel tem 35 metros
quadrados
e
uma visĂŁo deslumbrante do rio Tejo. Qualquer estadia fica melhor assim!
Quem escolhe os quartos denominados “Citylights” aproveita uma estadia repleta de luz! Pela varanda, o hóspede tem ao alcance dos olhos toda a imponência da noite em Lisboa: o charme da luminosidade desta cidade romântica!
BOM APETITE!
O melhor terraço de Paris O pós-moderno restaurante Georges delineia um novo modo de pensar, ver e degustar a gastronomia Por Tátila Pereira - Fotos Divulgação
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A ideia de unir arte com comida é saborosa por natureza. A norma serve para quase todos os grandes museus do mundo: finalizada a maratona cultural,vá ao encontro das delícias gastronômicas que também merecem ser apreciadas. Ou inverta a ordem, você é quem decide. Os restaurantes dos museus costumam ser uma atração à parte e, para não destoar da beleza das obras-de-arte, nas cozinhas também são confeccionadas iguarias dignas de serem contempladas. Assim como outras localidades, o Restaurante Georges, na Cidade de Paris, também acopla cultura e gastronomia, uma ótima oportunidade para conjugar diferentes sensações. Por falar em sensações, vamos incitar o sentido da visão. Primeiro pela chegada ao nosso point gastronômico desta edição. O Georges fica no quinto andar do Centro Georges Pompidou. Ao ser observada de longe, a estrutura metálica causa estranheza. O que seria aquilo? Um compilado de andaimes? Faz parte do conceito buscado pelos arquitetos Renzo Piano e Richard Rogers, que, depois de terem vencido um concurso público, patrocinado pelo Estado francês, em 1971, deixaram os parisienses boquiabertos com a proposta da construção. O conceito do edifício estava em expor por completo a sua infraestrutura. O esqueleto encobre toda a construção em seu exterior, mostrando todos os diferentes sistemas por meio de um código cromático. Um viajante antenado logo identifica o que seria próximo do desenho de uma malha de metrô. Os componentes de ventilação maior foram pintados de branco, as estruturas da escada e do elevador são cinza prata, a ventilação menor foi pintada de azul, os tubos do encanamento e do controle de incêndio foram pintados de verde, os elementos elétricos são amarelos e laranja, as salas de máquinas do elevador e os eixos que dão movimento ao edifício foram pintados de vermelho. Também vermelha, a escada é um tubo que serpenteia até o topo do edifício. O Restaurante Georges foi projetado pelos arquitetos Dominique Jakob e Brendan MacFarlane e segue a mesma linha do restante do complexo cultural. O auge do lugar fica por conta não da culinária, mas pela vista do terraço: o símbolo da cidade-luz, a Torre Eiffel, pode ser admirada sem esforço de uma varanda. Em contraste, dentro do restaurante, as conchas de aço fornecem recantos mais privativos para os clientes, com iluminação intimista. A obra pós-moderna se ampara na desconstrução de padrões para se fixar como uma visão em meio à exuberante Paris. Amplo, minimalista e até um pouco lunático... Na cidade em que mais há o que se ver e se fazer, a competição é difícil, mas, sem dúvida, Le Georges deve estar na bucketlist dos viajantes amantes de arquitetura que deem uma passadinha na capital francesa.
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BOM APETITE!
O aço está em primeiro plano na decoração. Trata-se de um material que, quando escovado, absorve e reflete a luz, reforçando a noção de fundo e amplitude.
Mesmo com a modernidade das escolhas, o aspecto romanesco de Paris não foi abandonado. No entanto, até mesmo a rosa ganhou novo “ninho” no Georges, e tubos de ensaio abrigam as flores sobre cada mesa. Assim como as conchas, outros objetos ganham forma a partir do aço, protagonista do décor. As mesas também são feitas do material.
BUCKET LIST
AULA A I R Ó T DE HIS : A Ç Í U S NA E D U E S U M M U S A I C N Ê EX PERI
Mube, seja: o as a s m e u q , 100 cas ível. Ou não é poss s suíços, reconstruiu poca a d in a o p e m aé Viajar no te rg, localizado nos alp o era a vida em cad e m b o c n , prática seu Balle contar, na ra a p s a ig ant Por Clarissa
ão tos: Divulgaç
Donda – Fo
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A famosa máxima que diz que “o lar é o reflexo dos donos” já não é de hoje. Afinal, é nos cantos escondidos das paredes, móveis, arquitetura e decoração que está assinado, discreta ou exageradamente, o cotidiano mais íntimo de uma família, uma sociedade, um povo. E que, tempos depois, são verdadeiras testemunhas vivas dos costumes, temores, hábitos e estilo de vida de pessoas que há muito se foram. É bem verdade que, com uma descrição assim, uma visita a casas antigas não parece muito apetecedor para um programa de férias. Mas como nem toda casa é só a fachada, um passeio desses, quando se dá uma chance, pode ser surpreendente. E muito.
Esse é o caso de Ballenberg: um museu localizado em
casas falam muito dos costumes da época – em especial,
Brienz, bela região da Suíça próxima aos Alpes. São 100 ca-
do status social dos seus moradores – através de curiosi-
sas antigas, dos séculos XVI a XIX, espalhadas por 600m2,
dades. As casas de famílias abastadas, por exemplo, reve-
cada uma de uma região da Suíça, com suas peculiaridades
lam algumas peculiaridades. Era no campo que ficavam as
e tradições. E, como uma boa história contada, vai conquis-
famílias ricas – e se tem uma coisa que não muda nem com
tando e envolvendo aos poucos. Mas como essas casas
o tempo, nem com o lugar, é a necessidade de ostentação
foram parar lá? Todas são originais, e uma vez descobertas
de riqueza e poder. E que, na Suíça dos anos 1600, era “es-
são oferecidas ao museu, que manda uma equipe de enge-
cancarada” na hora de construir as casas – em especial, as
nheiros e historiadores avaliarem tanto o grau de conser-
paredes, com uma espessura que variava de 30 a 50 cm.
vação da casa quanto os aspectos históricos da mesma e
Isolamento térmico? Também, mas exibir uma parede de
das famílias que ali viviam. Após esse estudo, a casa é des-
50 cm de espessura é declarar, silenciosamente, que a fa-
montada e reconstruída, pedra por pedra, na área de Bal-
mília é abastada o suficiente para “esbanjar” material de
lenberg, e exposta à visitação. Reconstruídas fielmente, as
construção, artigo caro para a época.
Outra indicação de status eram os fornos à lenha (quanto mais nobre, maior e mais decorado), bem como o lugar onde ficavam: luxo era ter mais de um forno, em especial na cozinha, na sala de estar e no quarto. É frequente, nas casas de campo, a presença de um sótão enorme para armazenamento de comida (indispensável para a sobrevivência da família, especialmente para o inverno). Tamanho ali não é documento: apesar de grandes por fora, poucas casas tinham um segundo andar habitável, sendo sempre destinado à comida. E como um segundo andar na casa para uso como residência era artigo de luxo, não raro as famílias que não podiam arcar com uma varanda e um segundo andar originais, mas ainda assim, eram dotadas de algum status, “fingiam” que tinham, pintando portais de varanda na
Esta casa, provavelmente pertencente a um militar,
fachada superior da casa. Assim, ao ser avistada ao longe,
exibe uma “varanda de fachada”, pintada sobre a parte
os proprietários poderiam ostentar para os outros vizinhos
superior da casa – de longe, uma falsa demonstração de
a residência cara que tinham – até que um olho mais clínico
status financeiro para os vizinhos.
confirmasse de perto que a riqueza era, literalmente, só de fachada.
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Quase todas as casas suíças tinham um jardim – mas só as ricas podiam dar-se ao luxo de plantar flores (as famílias humildes não tinham como “desperdiçar” o espaço que tinham para plantar algo que não pudesse servir de comida). Então, se a grama do vizinho fosse mais verde – e florida – já era uma dica de que ele estava bem de vida.
A diferença entre as classes sociais e os hábitos de época também se refletem no interior das casas. Pintar as paredes do interior das casas era sinal de boa saúde financeira (afinal, podiam gastar com decoração e tinham mão de obra para fazer o serviço). O teto também era um indicador: o pé-direito era baixo o suficiente para não dispersar o calor, mas alto o suficiente para permitir que as pessoas pudessem ficar totalmente de pé em todos os cômodos das casas. Já nas casas humildes, não raro, o pé direito dos cômodos era baixo, o que fazia com que um suíço um
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pouco mais alto tivesse que andar curvado em sua própria
quem sentiu na pele) como era difícil a vida de quem mora-
casa. Era uma maneira de não gastar muito material de
va ali há 300 anos atrás. E isso não se aprende em nenhum
construção e manter a casa ainda mais aquecida, já que a
livro de História.
espessura das paredes muitas vezes não dava conta so-
Tanto a linguiça defumada como os pães, queijos e cho-
zinha. Banheiro? Ficava na casinha do lado de fora ou, para
colates produzidos em Ballenberg – todos, seguindo fiel-
economizar, no estábulo, junto com os animais. Para jun-
mente as mesmas técnicas e ferramentas usadas séculos
tar todo o cheiro ruim num lugar só. Os fornos para aque-
atrás -, podem ser comprados na lojinha do museu. Cada
cimento existiam, mas nem sempre eram mais de um ou
item, ali, transcende a mera questão de ser um souvenir de
davam conta de toda a casa. Quando isso acontecia, eles
viagem: é a chance de experimentar, literalmente, os au-
ficavam na cozinha ou, ainda, dentro dos quartos. Os mo-
tênticos produtos de fazenda suíços, mas de uma fazenda
radores dormiam mais aquecidos – mas com a fuligem. Um
de 1650!
traço relativamente comum nas casas humildes é que mui-
O resumo da ópera? Ballenberg surpreende. É um progra-
tas não tinham chaminé, privilégio dos ricos. Considerando
ma para quem gosta de história, e prova de que casas an-
que, no inverno, as janelas não eram abertas devido ao frio,
tigas e suas histórias falam mais da história de um país do
a fumaça e a fuligem da lareira ficava circulando dentro de
que muito guia de viagem. É, ao mesmo tempo, uma imer-
casa, junto com os moradores, que pelo frio ficavam reclu-
são e experiência. E o resto é ir lá para ver, pessoalmente.
sos na maior parte do tempo. Deduz-se, então, a razão da
E, de preferência, com guia, porque o melhor de mergulhar
saúde precária de muitos e a alta incidência de problemas
na História é ouvi-la sendo contada, sempre.
respiratórios entre os pequenos agricultores suíços do século XVII. Mas, já que não havia chaminé, a sotlução era aproveitar a fumaça que ficava presa nos tetos das casas e ali, pendurar linguiças para serem defumadas. E depois, armazená-las para o inverno ou vender. Ainda sobre a ausência de chaminés: como, nesses casos, a tendência da fumaça era (e ainda é) subir para o teto, as camas das famílias humildes ficavam quase no chão, onde o cheiro da fumaça era (pouco) menos forte – e, de quebra, economizava-se madeira. Outra coisa: como era comum que pessoas morressem de problemas respiratórios dentro de casa (e a posição de um morto é, invariavelmente, deitada), havia uma crença popular de que se alguém deitasse ao dormir poderia não acordar mais. Então, era hábito das famílias humildes dormirem mais ou menos “sentadas”, ou encostadas, de modo que o corpo nunca ficasse totalmente na horizontal. As camas, logo, eram mais “curtas”, exatamente para não permitir que alguém dormisse totalmente deitado sobre elas. E, com isso, mais economia de madeira. A equipe de Ballenberg procura “recriar” algumas condições de vida dos antigos suíços destes séculos, de modo
Jardins floridos eram sinônimo de status,
que o visitante possa vivenciar algumas experiências de
contraste com as simples plantações de
forma mais “sensorial”. É assim com os estábulos (cheios
legumes das famílias mais humildes
de animais e, portanto, com seu cheiro característico), nas selarias e, lógico, nas casas. Então, uma das casas ditas “humildes” é fechada e com o forno aceso, de modo que os visitantes são convidados a ficar alguns minutos ali dentro. Não precisa muito para a garganta secar, os olhos arderem e o pulmão pedir para sair. O alívio de sair dessa sensação de sufocamento é enorme – mas duas bufadas no ar puro fazem a gente pensar (agora, com uma solidariedade de
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SKETCH MAP
Janaína Calaça é escritora e blogueira do Jeguiando, blog no qual ela conta as andanças dela, do marido e do jegue de es t imação. Para ela, ousadia é ter coragem de experimentar e reinventar-se, principalmente quando se t rata de viagem! Por: Janaína Calaça - Fotos: Acervo pessoal
Bichinho Localizado a pouco mais de 4 km de Tiradentes, Bichinho é um pequeno vilarejo mineiro, cuja ousadia encontra-se associada à sua capacidade de se reinventar. De povoado pobre à referência em arte, artesanato e móveis, Bichinho é ousado por buscar no talento de seus habitantes, grandes artistas e artesãos, uma forma especial de subsistência. Suas
Bonito, Mato Grosso do Sul
peças são vendidas por todo o Brasil.
Apesar das inúmeras tentativas exSão Luiz do Parait inga,
ternas de fazer a cidade crescer e
São Paulo
de receber mais turistas, a população de Bonito continua firme
Pontuada por casas de es-
em manter um crescimento lento
tilo colonial, muitas delas
e controlado, para que as futuras
erigidas entre os sécu-
gerações possam ter acesso às
los XVIII e XIX, São Luiz
belezas naturais do lugar. A cidade é refe-
do Paraitinga conserva
rência em turismo no Brasil, pelo seu sistema in-
a memória da época das
tegrado de voucher – serviço pioneiro no país.
bandeiras em suas ruas e o ritmo pacato e desacelerado das cidadezinhas. Apesar de sofrer
Península do
constantemente com enchentes, devido à sua
Maraú, Bahia Próxima ao badaladíssimo destino turístico de Itacaré, a Península do Maraú,
localizada
localização às margens do Rio Paraitinga, quem vive lá não abandona a cidade de jeito algum, apesar de vê-la, diversas vezes debaixo d´água.
na
Baía de Camamu, vive principalmente do turismo
Curit iba, Paraná Apesar de Curitiba não se ver como um forte destino tu-
e da renda que este gera,
rístico, a cidade reúne vários parques e é atraente princi-
mas resiste à massificação
palmente pelos seus conjuntos e monumentos arquitetô-
assim como Bonito. De ruas de terra,
nicos, como a Ópera de Arame, o Museu Oscar Niemeyer
pontuadas de casinhas dos locais, de restau-
e o Jardim Botânico. Sua ousadia está em mesclar, o tra-
rantes tocados em sua maioria por habitantes e
dicional, com o moderno e a busca pela manutenção de
pousadinhas familiares, são poucos os grandes
suas áreas verdes, além de ser a primeira capital
empreendimentos. O destino reúne lindas praias,
brasileira a implantar um sistema inovador para
é próximo de ilhas paradisíacas e, além de tudo, ainda está resguardado do turbilhão descontrolado de turistas.
conhecer a cidade sem prender o turista a grupos: a jardineira, que circula por uma linha especial e passa de meia em meia hora nos pontos, ou seja, o viajante escolhe o que quer ver, de forma livre, em seu tempo e em seu ritmo.
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COLABORADORES
O jeito extrovertido de Carol faz toda diferença nas páginas da ConstruArch. Como estagiária em publicidade, Carol dá cor e vida a muitas reportagens e anúncios da revista. Só pelo jeito dela, já fica fácil perceber que para ela, uma boa moradia pede uma decoração estilosa. Ah, com um toque todo japonês se possível!” Fábio Galeazzo tinha vontade de desvendar o oceano quando era criança. Mesmo sem ter realizado esse sonho, conseguiu ter uma profissão que também tem a descoberta como atrativo. O arquiteto que deu seus pitacos na seção Bate-Papo, acha que morar é ter um lugar para silenciar a mente, alimentar a alma e guardar suas memórias. Café, livros e um lugar aconchegante são os itens de sobrevivência na vida desta jornalista. É esse conforto e esse sossego, que Giovana espera de um bom lugar para se morar, para que haja um equilíbrio com a agitada vida profissional: ela é da TV, do rádio, já foi da internet e, agora, também é da revista. Isadora Carneiro é quem dá movimento à Revista. Essa filmaker tem um olhar apurado. Filma aqui, edita ali e os personagens ganham destaque não só em nossas páginas, como também pela internet afora. A casa dela deve ser um lugar bastante autêntico e confortável: para ela morar é saber utilizar o espaço para seu próprio benefício. Tátila acha incrível o que os arquitetos fazem. Considera lindo poder fazer com que as linhas de um esboço se transformem em um lugar para viver, trabalhar, visitar ou apenas apreciar. Já que ela não foi agraciada com esse dom, melhor focar na escrita mesmo – já que é para ser jornalista que ela está estudando. Marcele se aventurava a fazer desenhos quando criança, mas o gosto pela escrita falou mais alto. Decidiu que ia ser jornalista para escrever sobre novas histórias. Na revista, descobriu que poderia unir o hobby do desenho com a paixão pelas palavras. Se pudesse, desenharia a casa em que deseja viver, já que para ela, morar é traduzir a personalidade em espaços. Ela é tão artista que até compõe, desenha e canta. No meio de tudo isso, ela é designer. Pra ela, morar é como plantar. Criar raízes, cultivar histórias, nascer frutos e desenvolver a vida. O Lar é base. É o porto para quando precisamos descansar. Foi a Tays Villaca quem topou o desafio de ilustrar nossa homenagem a Oscar Niemeyer - que também entendia muito bem de desenho. Clarissa é viajante profissional. Difícil essa vida, né?! E como uma boa cidadã do mundo, ela acha que morar é encontrar aquele lugar que você olha e diz: “putz, esse é o meu lugar e é aqui que eu quero ficar...” - e isso não precisa ser, necessariamente, a sua casa.
Gracieli é arquiteta e urbanista e, como especialista na área, ela define morar como um conjunto de fatores: o importante é estar bem, ter conforto, paz, harmonia, segurança, sentir-se acolhida belo próprio ambiente, ter aquela sensação gostosa que só a casa da gente tem! Morar bem é estar feliz, simples assim! Janaína Calaça é blogueira de viagem do Jeguiando.com em tempo integral e já que não pode viver em cada lugar do mundo, traz o mundo para dentro de casa. Sua morada é pontuada de lembranças que traz de suas viagens, assim como livros e filmes que a reportem para outros lugares. Para ela, morar é ocupar um espaço com um pouco de si mesmo, é trazer para o lugar que te cerca uma extensão sua. Morar é ampliar-se. Ele é o responsável por toda diagramação da revista. A inspiração para deixar tudo visualmente impecável é sempre facilitada pelo ambiente onde se está criando. Por isso, na agência comandada por este diretor de arte, a decoração incita a criatividade. Já em casa, André é espaçoso: gosta de ter um amplo lugar para receber amigos. Julie é quem segura as pontas, como nossa Diretora de Redação, e dá o direcionamento para todo esse time. Para ela, morar é construir, pregar, guardar, expor uma coleção de referências às quais a gente recorre quando está em dúvida sobre quem a gente é.
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ONDE ENCONTRAR?
57 Studio (+56 2) 6711255 Catedral 1465 Of. 57 – Santiago, Chile www.57studio.blogspot.com.br Antoni Saota e Associados +27 21 468 4400 www.saota.com info@saota.com Apple www.apple.com Arte em Pneus (11) 2773-7696 / (11) 99719-2722 www.arteempneus.org.br arteempneus@arteempneus.org.br BMW Group www.bmwgroup.com Centro Georges Pompidou 19 Rue Beaubourg 75004 Paris, França + 33 (0)1 44 78 14 63 www.centrepompidou.fr Cloud and Co 82 2 518 1878 eyj@cloudand.co.kr Consul 3003-0777 / 0800 970 0777 www.consul.com.br Design Studio Duff London 0208 531 5119 / +44 (0) 208 531 5119 www.duffylondon.com ales@duffylondon.com Desmobília (41) 3072-6827/(41) 3376-9144/0800-052 0777 Rua Francisco Nunes, 951 – Rebouças, Curitiba – PR www.desmobilia.com.br Dpot ( 11) 3082-9513 www.dpot.com.br Electrolux (41) 3340 4321 www.electrolux.com.br Esalflores (41) 3091-0403 Rua 24 de Maio, 1839 - Rebouças - Curitiba - PR www.esal.com.br/flores Estúdio Guto Requena (11)2528-1700 Rua Oscar Freire, 1996 – Jardim Paulista – São Paulo www.estudiogutorequena.com.br Galeazzo Design - Fábio Galeazzo (11) 3064-5306 Rua Antonio Bicudo, 83 – São Paulo www.fabiogaleazzo.com.br Gracieli Pozzer (45) 3278-2735 Rua Borges De Medeiros, 1320 - Pq. Residencial Gisela - Toledo - PR LX Boutique Hotel (+351) 21 347 43 94 Rua do Alecrim, nº12 - 1200-017 Lisboa www.lxboutiquehotel.pt info@lxboutiquehotel.com
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BATE-PAPO
OLHAR CANÔNICO
x OLHAR CONTEMPORÂNEO
Fabio Galeazzo é proprietário e diretor criativo da Galeazzo Design e consultor em design estratégico para empresas do segmento de design e decoração O mundo passa por um período de grandes mudanças eco-
mentos. Reflete-se na liberdade de expressão das formas
nômicas e socio comportamentais Com a customização
que transitam das linhas retas herdadas do modernismo a
da tecnologia,entramos na era do “Renascimento Digital”,
novas propostas como construções que lembram ninhos,
rompendo com os paradigmas conhecidos e dominados
cabanas, caixas, ocas, etc., providas de conforto e conecta-
pelo homem. A comunicação, antes disseminada de forma
das ao mundo digital. O homem contemporâneo ficou mais
linear, passou a ser randômica, pipocando rapidamente por
informado e exigente, o que está refletido na busca de um
todo mundo. Na arquitetura, percebemos um grande salto,
espaço único e com personalidade. Esse processo tem ge-
o comportamento do homem e seus significados passa-
rado um dos momentos mais criativos no setor, nunca se
ram a ser a matéria-prima para novos conceitos do morar
presenciou tantas construções diferenciadas, verdadeiras
e assim deixamos de ser regidos somente por questões
obras-primas. O ar de estranhamento é inevitável: “É lindo,
funcionais e estéticas. A casa vem se tornando um gran-
mas…”. Esse estranhamento é previsível e o crescimento
de laboratório na busca por um espaço seguro para se
de propostas diferenciadas demonstra o início da ruptu-
viver e conviver. A sustentabilidade, o retorno às origens,
ra com padrões tradicionalistas, indicando que estamos
o pertencimento, o edulcoramento e a busca pelo prazer
em direção a um novo momento do desenvolvimento, no
são alguns dos comportamentos que têm gerado inspi-
qual o homem finalmente guinda a casa ao status de tem-
rações. O resgate dos materiais naturais, como a pedra, a
plo como uma projeção de si mesmo. Afinal, se o corpo é a
madeira, o bambu, é outra forma de conectar o homem à
morada da alma, nada mais óbvio do que a casa ser morada
sua essência original, assim como a tecnologia abriu ca-
desse corpo e, portanto, a casa ser a projeção da alma e se
minhos para o desenvolvimento de materiais de última
manifestar de forma individualizada, diferenciada, contem-
geração que evoluem e impulsionam a forma do morar,
porânea.
anunciando um futuro sem volta. O período é de experi-
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