29edicao

Page 1

SUÍNOS&CIA - REVISTA TÉCNICA DA SUINOCULTURA

ANO VI - Nº 29/2009


NÃO ARRISQUE SEU PATRIMÔNIO.

Confie nos resultados de quem é NÚMERO

mero 1 em proteção ntra Pneumonia Enzoótica.


Número 1 em proteção contra Pneumonia Enzoótica.

Única vacina de uma dose aprovada para uso na 1ª semana de vida do leitão.

SEGURANÇA

1 aplicação e proteção comprovada por toda a vida em rigorosos estudos sob alto desafio*.

CONFIANÇA

1 em cada 2 leitões vacinados no mundo utilizam Respisure®**.

* Considerando animais de terminação. ** Animais vacinados com Respisure® ou Respisure®1ONE.

©Copyright - Laboratórios Pfizer Ltda. 2009 - Todos os direitos reservados.

PROTEÇÃO PRECOCE ECOCE



Editorial É público e notório que a crise econômica mundial já atinge o setor de agronegócios brasileiro e a suinocultura poderá, se assim desejarmos, minimizar os impactos negativos desta crise adotando medidas de promoção da saúde e outras, como métodos de melhoria de produtividade com tecnologias, que a curto prazo trazem redução nos custos de produção por melhorar a produtividade ou reduzir desperdícios. Nunca é demais lembrar que a Medicina Veterinária, desde 1965 vem enfatizando a importância da prevenção em contraposição aos procedimentos de clínica médica; e os primeiros setores a adotarem este novo paradigma, sem dúvida, foram a suinocultura e avicultura. Esta mudança de procedimentos é realizada em dois níveis, Saúde Animal que, no Brasil, está sob a maestria do MAPA; e a de Medicina Veterinária Preventiva, que é de responsabilidade do produtor, podendo ser também denominada de Biosegurança ou Bioseguridade. Esse procedimento tem como objetivo manter a saúde de determinada população e promover medidas que, no caso de entrada de doenças, o sistema seja capaz de detectar precocemente e controlá-la o mais breve possível para que não haja disseminação no plantel ou mesmo em outras propriedades, minimizando os possíveis impactos econômicos. Prevenir doenças significa, principalmente, conhecer a origem dos animais (importados ou adquiridos de outras propriedades) ou produtos biológicos (sêmen, por exemplo) adotando medidas de quarentena dos mesmos na propriedade com os cuidados sanitários pertinentes. Neste contexto é recomendável ampliar os controles além dos que já existem nos programas oficiais, que se ocupam da Peste Suína Clássica, Doença de Aujeszky, aquelas para granjas GRSC (Leptospirose, Brucelose, Tuberculose e Sarnas), mas também na prevenção de outras síndromes como a PRRS (Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína) que podem comprometer a saúde de toda população acarretando enormes perdas econômicas. Seguir protocolos para manter o País livre de enfermidades como Aftosa, Peste Suína Classica, Aujeszky entre outras, representará a permanência no mercado de exportações de carne suína no que se refere à credibilidade do Brasil quanto à capacidade de adoção das medidas de saúde animal e de medicina veterinária preventiva. Por fim, renasce a esperança da suinocultura brasileira quanto a medida de voltar o quarentenário oficial localizado em Cananéia, interior de São Paulo, para fortalecer a condição de atender às necessidades do País no que se refere ao controle preventivo da entrada ou aquisição de animais. Por: Masaio Misuno


Índice

08

Entrevista Michael Mohr

12

Manejo Maternidade: uma importante unidade de negócio para a suinocultura

20

Sanidade Como utilizar a filtragem do ar no controle de doenças

28

Sanidade O diagnóstico e suas implicações na biossegurança

34

Sanidade Uma década de Circovirose suína

38

Recursos Humanos

40

Sumários de Pesquisa

48

Suinômetro

50

Dicas de Manejo

54

Divirta-se Encontre as palavras Jogo dos 7 erros Labirinto


Expediente Revista Técnica da Suinocultura A Revista Suínos&Cia é destinada a médicos veterinário, zootecnista, produtores e demais profissionais que atuam na área de suinocultura. Contém artigos técnico-científicos e editorias instrutivas, apresentados por especialistas do Brasil e do mundo.

Editora Técnica Maria Nazaré Lisboa CRMV-SP 03906

Consultoria Técnica Adriana Cássia Pereira CRMV - SP 18.577 Deborah Gerda de Geus CRMV - SP 22.464 Edison de Almeida CRMV - SP 3045

Jornalista Responsável Francielly Thaís Hirata MTB 7739

Projeto Gráfico e Editoração Dsigns Editoração e Comunicação dsigns@dsigns.com.br

Ilustrações Roque de Ávila Júnior

Departamento Cormercial Kellilucy da Silva comercial@suinosecia.com.br

Atendimento ao Cliente Adriana Cássia Pereira adriana@suinosecia.com.br

Assinaturas Anuais Brasil: R$ 120,00 Exterior: R$ 160,00 Liria Santos assinatura@suinosecia.com.br

Impressão Silvamarts

Administração, Redação e Publicação Rua Felipe dos Santos, 50 Jardim Guanabara CEP 13073-270 - Campinas - SP Tels.: (19) 3243-8868 / 3241-6259 suinosecia@suinosecia.com.br www.suinosecia.com.br A reprodução parcial ou total de reportagens e artigos será permitida apenas com a autorização por escrito dos editores.


Entrevista Suínos&Cia: Com esse currículo contendo tantas experiências, poderia fazer um breve comentário sobre sua trajetória acadêmica? Dr. Michael: Minha primeira graduação foi em Medicina Veterinária, e além do Bacharelado em Ciência Animal, incorporei o de Economia. Enquanto cumpria esse passo de estudante de Médico Veterinário, também cursava Economia, pois meu interesse sem dúvida era atrelar minha carreira ao aspecto econômico, em vez do científico.

Destaque: Michael Mohr

Doutor em Medicina Veterinária e também economista, Michael Mohr é um profissional de renome internacional conhecido pelo seu trabalho na área de produção suína. Atualmente é Diretor de Serviços Técnicos para as Unidades Internacionais de Produção de Animais da Smithfield Foods (Empresa Murphy-Brown). Atua com sistema de suporte à saúde e à produção relacionando as duas áreas com soluções econômicas para superar os problemas de saúde e produção animal. Conhece muito bem a realidade da suinocultura do Brasil, México e de outros países do leste europeu como a da Polônia e Romênia. O Dr. Michael Mohr além de PhD em Medicina Veterinária pelas Universidades de Minnesota e Kansas e pela Campbell University da Carolina do Norte, é também Mestre em Administração de Negócios e Finanças com especialidade nas áreas de Produção e Gerenciamento de Minimização de Riscos de Biossegurança. Possui vasta experiência em finanças e economia ligadas a produção de carne e já trabalhou como Diretor de Serviços Técnicos para a Murphy-Brown Kenansville Division, operacionalizando ferramentas de saúde e de monitoria de produção; Analista de Negócios; Assistente Técnico Comercial; Consultor em suinocultura na Europa, México e também em várias regiões dos EUA. Dr. Mohr ainda traz em seu histórico profissional, inúmeras palestras em circuitos internacionais. Também já atuou como membro de comitês de consultoria e diretoria para diversas indústrias do setor. Suínos & Cia

8

Suínos&Cia: Como surgiu seu interesse pela Medicina Veterinária? Dr. Michael: Cresci numa família de origem rural, onde meu pai e meu irmão também eram veterinários. Então, nesse contexto, o Doutorado em Medicina Veterinária foi uma sequência natural. A linha científica e artística da profissão sempre me fascinou. Assim como a focalização dos aspectos produtivos e econômicos nos objetivos finais da medicina. Entretanto, como adquiri experiência a campo na área de saúde animal dentro da medicina voltada à produção, percebi que a maioria dos processos de tomada de decisões importantes envolvia a área financeira e de manejo de riscos. Reconheço que sempre percebia na maioria das vezes, as decisões serem tomadas nessas duas áreas normalmente baseadas em paradigmas e opiniões pessoais, no lugar de serem embasadas em lógica – conclusões matematicamente calculadas levam à melhor decisão, uma vez considerados os riscos. Dessa forma, compreendi que era preciso aprender a lidar melhor com esse tipo de situação, decidi fazer o Mestrado e especialização na área de Negócios e Finanças. Suínos&Cia: De que maneira une suas duas formações acadêmicas na rotina profissional? Dr. Michael: Na verdade, as considero inter-relacionadas, particularmente nos grandes sistemas de produção integrados. Muitas vezes temos que optar pelo melhor manejo, tanto sanitário como de produção. Contudo, a habilidade de perceber e entender os riscos e suas consequências, por detrás da decisão inicial, é que chamamos do “x” da questão. E o papel principal do veterinário é estar apto a ajudar as pessoas a tomarem a melhor decisão, envolvendo produção e saúde. Em minha opinião, posso enfatizar que economia e ciência animal são áreas que se confundem, pois o importante no sistema de produção é manter o equilíbrio entre o bem estar e a redução do estresse, mas com os olhos voltados também para o melhor retorno ao investimento do negócio, tanto a curto quanto a longo prazo. Nesse caso, o suinocultor bem sucedido é aquele que consegue integrar ambos os conceitos, gerando resultados lucrativos.

Ano VI - nº 29/2009


Entrevista Suínos&Cia: A partir da sua experiência, qual a importância de conhecer todo o processo de produção desde realidade a campo integrado ao sistema administrativo? Dr. Michael: Sinceramente considero muito importante essa integração. Na medicina voltada à produção, conhecer o processo nos dá condição de saber se a prática funciona ou se estamos equivocados. Muitas vezes percebo que as consequências de um surto de alguma doença são esquecidas em determinada fase da produção, na medida em que o mesmo progride para outras fases. Isso é fácil de imaginar, porque às vezes demora de nove a onze meses até que o impacto financeiro final de uma manifestação desse tipo apareça. Suínos&Cia: Pelo próprio dinamismo da produção muitos profissionais separam as áreas de produção com a administrativa. Poderia deixar uma mensagem para todos que atuam nesse sistema integrado? Dr. Michael: Sim, isso é um problema desde que começou o crescimento da indústria, no início dos anos 90. O sistema cresce tanto que é quase impossível saber ou lembrar de todos os detalhes que surgem diariamente em cada segmento do negócio. Porém, o conhecimento de quais partes atua em conjunto, como num automóvel – do motor à transmissão e às rodas – é imperativo, independentemente do tamanho do negócio. É por essa razão que eu acredito que o profissional precisa conhecer, entender e estar familiarizado com sistemas e programas de computação. Sem saber como organizar os dados para obter a melhor análise e interpretação dos mesmos, o profissional da área de negócios fica impedido de entendê-los, sendo incapaz de tomar a melhor decisão financeira. Esse é o principal problema enfrentado na condução da produção de suínos a um nível superior de competição com outros negócios manufaturados, considerando a real habilidade da redução dos custos de produção. Ano VI - nº 29/2009

Suínos&Cia: Qual a relevância de correlacionar a economia de produção com os problemas de saúde? Dr. Michael: Recentemente me deparei com esse mal entendido em uma unidade de produção. A equipe estava focalizada nos dados de saúde e formulava intervenções táticas sem, entretanto, preocupar-se com as estatísticas de produção. Revendo essas estatísticas descobriu-se que, se os animais estivessem doentes no nível indicado pelos dados sanitários - os quais não eram detalhados o suficiente - o desempenho da produção teria sido afetado, o que não chegou a acontecer, mesmo através da análise dos dados da própria granja. Essa situação, segundo os princípios da manufatura, é denominada “otimização local”, em vez de “otimização global” da unidade de negócios. Explicando melhor: o departamento técnico estava procurando apenas uma maneira de otimizar a questão sanitária, esquecendo-se de levar em consideração a razão global pela qual estamos no negócio de produção de carne suína, que é aumentar o peso a um custo mínimo. Esqueceram de considerar que, caso a questão sanitária fosse real, haveria então uma redução subsequente – no número de cabeças ou no peso – e certamente uma mudança na estrutura dos custos de venda.

Suínos&Cia: Poderia de uma forma resumida relacionar o setor de operacionalização de ferramentas de saúde e de monitoria de produção? Dr. Michael: O foco na monitoria de ferramentas é prover suporte ao operador do sistema, assim como à quantidade de informação processada e a sua eficácia. Nós temos ferramentas de monitoria de produção razoavelmente boas. Às vezes elas se atolam nos números e precisam ser reconferidas através de bons métodos estatísticos, mas são relativamente fáceis de lidar. Ferramentas de monitoria sanitária, entretanto, é uma nova categoria de “coisas desajeitadas”. Primeiramente deve haver uma semelhança entre as técnicas estatísticas de amostragem envolvidas, uma vez que o custo da coleta de dados (custo do teste de laboratório) é muito mais alto que o de uma contagem aproximada ou da pesagem de animais. Depois, a metodologia dos testes é sempre colocada em dúvida, não do mesmo modo que a contagem ou a pesagem dos suínos – desde que você possa contar ou que a escala seja certificada, podendo haver um consenso de que o número seja aceitável/ acurado. O desenvolvimento e a padronização dos testes utilizando o sistema Elisa do laboratório IDEXX, entretanto, tem trazido um grande avanço para essa área. Em seguida há a questão do follow up dos dados coletados e a sua ma-

Suínos & Cia

9


Entrevista nipulação, para se chegar a uma resposta adequada. É nesse momento que entra a estatística e também um método apropriado para mostrar e comunicar o significado dos números. O desconhecimento dos processos de produção, matemática e estatística embaraça significativamente a resposta, mesmo que os procedimentos anteriores à análise tenham sido seguidos corretamente. Finalmente, há a questão do entendimento de como funciona o processo de produção, para que o mesmo possa ser submetido à análise das ferramentas de monitoria de produção em conjunção com as de monitoria sanitária. Essas ferramentas precisam vir juntas, no final, para permitir a decisão pela melhor otimização global do negócio, naquele momento. Suínos&Cia: Como é trabalhar com unidades de granjas da mesma empresa em diferentes países? Dr. Michael: Isso certamente adiciona uma nova dimensão no entendimento e no dia a dia do negócio da produção de suínos. Confesso que inicialmente não estava atento, na profundidade do envolvimento da cultura e dos paradigmas de pensamento na criação de suínos. Percebi, muitas vezes, que há conceitos que se perdem na tradução à qual estão inseridos, pelo fato da questão cultural ter sido considerada como entendida. Um exemplo recente foi o da resposta, numa determinada cultura, à questão “qual foi a mortalidade?”, interpretada como sendo “a mortalidade dos últimos lotes encerrados foi...”. A pergunta deveria ter sido formulada assim: “como se comporta a mortalidade?” o que significaria: “qual a mortalidade nos lotes ativos”. Entretanto, nesse caso, a cultura e os paradigmas locais permitiram uma resposta combinada a ambas as questões, considerando a mortalidade dos lotes ainda ativos e dos já encerrados. Isso significa que a mortalidade nos grupos ou lotes que foram alojados na semana passada foi calculada em conjunto com a média dos grupos que haviam sido alojados 27 semanas atrás. Naturalmente, os números relativos à mortalidade foram bons e todos pensaSuínos & Cia

10

ram que as coisas estavam bem, quando de fato – surpresa! – um surto severo estava em formação. Suínos&Cia: Como vê o agronegócio do Brasil quando comparado com a de outros países? Dr. Michael: O Brasil tem muitas qualidades únicas, comparado a outros países e culturas. Inicialmente, ele tem um foco na área agrícola com uma estrutura capitalista racional para fazer negócios. Embora não seja levado em consideração, este é um fator que realmente importa em comparação a outras economias socialistas, que tentam mostrar-se hi-tech ou modernas, mas que têm ambientes de negócio e objetivos sociais diferentes. Depois, os brasileiros gostam de fazer um bom trabalho. Isso significa que têm um direcionamento fundamental para serem eficientes e bem sucedidos, em vez de apenas aparecerem para trabalhar e, em seguida, voltarem para casa. Em terceiro lugar, há a disponibilidade óbvia de insumos alimentares com preço competitivo. E finalmente, a característica brasileira de possuir um estado mental e um desejo de formular um ambiente de negócios de modo a tirar vantagem da economia de escala. Suínos&Cia: Quais são os temas que mais aborda em suas conferências? Por quê? Dr. Michael: Muitas vezes eu sou convidado a falar sobre sistemas, processos e as maneiras de fazê-los funcionar. Acredito que isso ocorra porque, quando construímos grandes sistemas para competir na arena de negócios internacional da produção de suínos, as perdas devidas ao manejo tocam verdadeiramente o setor de desenvolvimento da organização. Então, é natural que se questione “o que os outros estão fazendo nessa área e o que poderia ser aplicado no meu negócio?”. Consequentemente, muitos dos meus tópicos são sobre sistemas de informação, definição de processos e protocolos de produção que sejam padronizados e sobre o desenvolvimento de esquemas de manejo de risco atrelados a perdas financeiras.

Suínos&Cia: Como começou a trabalhar com suínos? Dr. Michael: Procurava algo na área de produção animal em especial no segmento do agronegócio. Comecei no negócio de carne bovina no Estado de Kansas. Nos anos 80 a suinocultura dos EUA estava embasada tanto em propriedades familiares, quanto em alguma forma desorganizada desse tipo. O setor de carne bovina, entretanto, caminhava bem na direção do manejo profissionalizado e focalizado no desempenho financeiro. Na época, ainda não havia sido muito exposto ao negócio da avicultura de corte, dessa forma infelizmente desconhecia esse segmento. Mais tarde, tive a grande oportunidade de juntar-me a um grupo atuante de consultores, cuja clientela tinha, igualmente, planos agressivos de profissionalização na suinocultura. Simplesmente essa foi a chance de ouro para minha vida profissional, permitindo meu crescimento, e que se expandisse o lado industrial da atividade sendo possível na época que se cometesse erros, com razoável tolerância devido aos preços de mercado que girava nessa época. Suínos&Cia: Relate um pouco sobre o seu trabalho com consultoria em suinocultura e a contribuição para sua atual atuação. Dr. Michael: Como consultor tive a oportunidade de ver diversas maneiras diferentes de se fazer a mesma coisa, ou seja, criar suínos. Por várias vezes pude observar pessoas que tomavam decisões chegarem a conclusões e programarem ações. Percebi que havia vários caminhos para se chegar ao ponto final da conclusão, alguns interessantes, outros não do jeito que eu faria. Efetivamente, isso me proporcionou muita intuição na área de resolução de problemas, assim como exemplos concretos do que “NÃO fazer”. Isso me mostrou também vários estilos de liderança e práticas de manejo. Às vezes a idéia é correta, mas por causa de alguma limitação da liderança, a equipe não é capaz de implementá-la com sucesso. Essas coisas Ano VI - nº 29/2009


Entrevista servirmos dessa demanda no momento e, teremos então que assistir como isso afetará o mercado internacional, à medida que esse suprimento aumenta por essa redução artificial na demanda.

jamais se aprendem em livros, muito menos em estudo na biblioteca, precisam ser vistas, sentidas e vividas, ao vivo e a cores. Suínos&Cia: Poderia deixar algumas dicas para os profissionais que atuam na suinocultura? Dr. Michael: Acho que o paradigma mais importante é começar a olhar para o nosso negócio a partir do básico. Então, começar aplicando passos simplificados para desenvolver um processo de melhoramento cultural contínuo no negócio. Daí, o próprio negócio identificará o método estatístico chave para gerenciá-lo, o qual promoverá um desenvolvimento congruente e lógico, que conduz ao resultado final. Suínos&Cia: Diante da atual crise econômica que o mundo enfrenta, do seu ponto de vista, qual o cenário da suinocultura? Dr. Michael: Bom, posso dizer que realmente acho que esse é o evento que vai mudar as regras do jogo. Nos EUA há muito falatório diário na TV e no rádio sobre o processo como um todo. Tudo, do salário do executivo ao critério financeiro adotado para definir o valor real do negócio e seus processos essenciais, passará por uma mudança. Acho também que o que querem dizer com “a demanda gloAno VI - nº 29/2009

bal diminuiu” é que as pessoas em geral serão mais criteriosas na definição dos itens de primeira necessidade. Isso pode até significar que a fonte de proteína mais barata (carne suína, carne bovina, frango, etc.) seja boa o suficiente. Pode até querer dizer “eu quero carne suína, mas não no preço que é oferecida”. Isso pode significar então que apenas o suíno produzido no país com o menor custo e do modo mais seguro será valorizado, após todas as políticas de protecionismo terem sido negociadas. Suínos&Cia: Como está o venda da carne suína no mercado internacional diante da crise? Dr. Michael: Em minha opinião, no momento, o mercado está apenas tentando entender tudo isso. Há muitas mudanças globais acontecendo atualmente. Por exemplo, no final de janeiro, nós vivenciamos o início de uma barreira de negócios implantada politicamente devido à mudança nas condições econômicas de um determinado país, em função da crise. Do outro lado da mesa, tenho certeza de que as pessoas desse país realmente desejam carne suína, desde que possam adquiri-la, mas o governo não lhes permite o acesso. Uma vez que essa cultura específica prefira realmente a carne suína, a demanda deverá subir. Mas não será permitido nos

Suínos&Cia: Quais são as especulações em relação à queda do preço dos commodities e da carne suína? Dr. Michael: Considero interessante que o grande número de especuladores de negócios commodities tenha reduzido os preços de compra de nossos grãos e petróleo, muito mais do que originalmente pudéssemos perceber. Então, o que foi originalmente percebido como demanda de mercado era, na verdade, baseado em papéis e não em consumo. Isso pode nos ajudar a entender o comportamento do nosso próprio mercado, no futuro. Suínos&Cia: Poderia deixar uma mensagem final para os profissionais que trabalham com a suinocultura diante das recessões econômicas? Dr. Michael: Sem dúvida, haverá um momento no qual os que trabalham no longo prazo procurarão a linha do valor verdadeiro que o mercado tem a oferecer. Para alguns será a genética, para outros um nicho de produtos de origem suína, e ainda para outros um volume massivo de produtos de origem suína, sadios e de qualidade. Então será preciso simplificar o processo de produção e o serviço de suporte de informações, permitindo o gerenciamento direto e a focalização na maximização dos padrões de eficiência e do volume global de informação processada, para resultar no fornecimento de resultados financeiros que se encaixem nos critérios de desempenho do negócio. Isso é mais difícil de fazer do que realmente parece, mas é o trabalho duro que precisa ser feito para garantir a sobrevivência do que originalmente se imaginava ser um ambiente econômico resistente. Agora é chegada a hora de se tornar muito mais competitivo e muitos não serão mais convidados a retornar ao jogo, na arena global dos fornecedores de carne suína. Suínos & Cia

11


Manejo Maternidade: uma importante unidade de negócio para a suinocultura Introdução A suinocultura tem agregado, a cada ano, avanços que contribuem para ganhos reais em prolificidade e crescimento. Entretanto, com a redução da margem de lucro e conseqüente queda da competitividade faz-se necessária a adoção de manejos que reduzam a variabilidade de peso entre lotes sendo esta, talvez, a maior oportunidade de ganhos zootécnicos, financeiros e sanitários em um sistema de produção. Dentre os avanços ocorridos nos últimos anos, pode-se destacar o aumento expressivo na média de

leitões nascidos, saindo de 11 leitões nascidos vivos/parto para médias superiores a 12,5 leitões/parto. Entretanto, juntamente com o aumento na média de nascidos, houve aumento expressivo no percentual de mortalidade na maternidade e queda na qualidade dos leitões desmamados, levando a um cenário onde a média de desmamados apresentou discreta mudança, mesmo diante de um aumento expressivo de leitões nascidos. Desta forma, o sistema de produção é dinâmico e as mudanças ocorrem cada vez mais rápidas, sendo necessário trabalhar forte no planejamento das ações a serem implantadas nos diversos setores de uma granja,

Pinheiro, R. W 1, 2 Machado, G. S 1, 2 1

Doutor, Escola de Veterinária – UFMG Veterinário da Integrall Soluções em Produção Animal

2

glauber@integrall.org

de forma que ocorra maximização dos resultados zootécnicos e redução no custo de produção. Neste contexto, a maternidade se destaca por influenciar diretamente o número de leitões desmamados e vendidos, além de determinar a qualidade destes ao longo das fases de crescimento. Portanto, a maternidade tem grande importância na obtenção do sucesso financeiro e sanitário dos sistemas de produção. Esta se destaca pela complexidade e dinamismo, pois o tempo de permanência é relativamente curto e as ações tomadas apresentam resultados rápidos, sejam eles positivos ou negativos.

Índices e indicadores da maternidade O correto manejo da leitegada é fundamental no desempenho dos leitões nas fases de crescimento e os cuidados dispensados à matriz na maternidade influenciam em sua performance reprodutiva subseqüente. Assim, este setor tem como principais objetivos desmamar muitos leitões com saúde, bom peso e relativa uniformidade.

O correto manejo executado na maternidade é de fundamental importância para o desempenho dos leitões e da matriz. fonte: Nazaré Lisboa

Suínos & Cia

12

Outros índices que apresentam grande importância são os leitões natimortos e mumificados. Estes devem ser anotados, tabulados e avaliados para tomada de ações quando necessário. O percentual de natimortos não deve ultrapassar aos 4,0% e o índice Ano VI - nº 29/2009



Manejo de mumificados a 1,5%. Porém, esses valores devem ser flexibilizados em função da prolificidade do plantel de matrizes. A taxa de mortalidade de leitões na maternidade refere-se a toda morte imediatamente após o nascimento até o período do desmame. Os cuidados pela sobrevivência dos leitões durante a lactação são fundamentais para se atingir o alvo de desmamados/fêmea. As perdas de leitões na maternidade distribuem-se de forma que aproximadamente 50% das mortes ocorrem até o terceiro dia em geral, tendo como principal causa o esmagamento. Enfim, existe uma forte correlação negativa entre os cuidados dirigidos aos leitões e a mortalidade na maternidade. Assim, quanto maior o cuidado, menor a taxa de mortalidade, a qual deve ser inferior a 5%. Aproximadamente 80% das perdas por morte na maternidade ocorrem na primeira semana de vida, principalmente no período noturno, onde se tem um pequeno número de funcionários. Considerando-se a jornada normal de trabalho permitida pela legislação trabalhista, temse oito horas de trabalho com quase 100% dos funcionários durante o dia, e 16 horas com apenas o(s) guarda(s) noturno(s). Mas é exatamente nesse período que ocorre a maioria dos partos e problemas da maternidade. Muitos gestores negligenciam esta situação, contratando funcionários com o mínimo de experiência para trabalhar como guarda, enquanto que o correto seria direcionar os melhores funcionários para o trabalho noturno, bem como para as salas de leitões mais novos. Analisando-se o impacto das mortes na maternidade, tendo como base uma granja de 1.000 matrizes e utilizando dados zootécnicos rotineiros, verificam-se enormes perdas financeiras diretas e indiretas. Como exemplo, utilizou-se os preços médios de rações e de venda de cevados Suínos & Cia

14

A principal causa de mortalidade na maternidade se dá principalmente por esmagamento. fonte: Suínos&Cia

de Minas Gerais (novembro/08), bem como o preço de venda de R$ 30,00 para o leitão ao nascimento. Considerando-se 12,5 nascidos vivos/porca e 48 partos semanais, 1% de mortalidade corresponde à perda de 6 leitões/ semana, ou seja, aproximadamente R$180,00/lote/semana, o que totaliza perdas anuais de R$ 9.360,00 para cada ponto percentual de morte neste setor. Tendo em vista que no Brasil se tem trabalhado com 4,5% e 6% de taxa de natimortos e mortes na maternidade, respectivamente, assumemse perdas de R$98.280,00 para cada 1.000 fêmeas instaladas, a cada ano devido às mortes na maternidade, deixando ainda de faturar com a possível venda de mais 3.120 cevados/ano. Além da taxa de mortalidade, o peso e idade média ao desmame são indicadores de qualidade. Em muitos sistemas de produção, a uniformidade é uma característica que tem bastante influência na remuneração. Pensando no desempenho da creche e na maximização da rentabilidade do produtor de leitões desmamados, deve-se traçar como objetivo para maternidade

um número de leitões desmamados/ fêmea dentro do peso esperado para a idade ao desmame. Esse número permite avaliar a quantidade e a qualidade (uniformidade) dos leitões que estão sendo enviados para a creche. Assim, recomenda-se que o peso médio mínimo dos leitões ao desmame seja equivalente a 300g por dia de vida, ou seja, leitões de 21 dias com peso de 6,3Kg, ou um peso médio mínimo de leitegada desmamada de 70 kg aos 21 dias. Quando se pensa em desmame, a idade também é um importante fator no controle da viabilidade nas leitegadas. Em muitos momentos, desmama-se de forma precoce projetando o peso aos 21 dias e se esquece que o ganho real é muito inferior ao projetado, criando maior variação dentro dos lotes, menores taxas de ganhos e elevação na taxa de mortalidade. Desta forma, a idade ao desmame interfere na média de ganho diário após a desmama e na lucratividade ao abate. O desempenho dos animais aumenta de forma linear com o aumento da idade de desmame até que se atinja 22 dias como idade de desmama (Main et al., 2002). Ano VI - nº 29/2009


Manejo Diversas ferramentas podem ser utilizadas na redução da mortalidade e melhoria no quadro sanitário da granja. A ingestão do colostro auxilia no controle dos problemas sanitários. Assim, manejos que possibilitem uma máxima ingestão nas primeiras seis horas após a parição devem ser considerados, já que a concentração de imunoglobulinas cai de forma abrupta nas doze horas após o parto bem como a capacidade de absorção pelos leitões. Neste contexto, os leitões com alto peso ao nascimento apresentam uma maior ingestão e conseqüentemente maior concentração de IgG no plasma na primeira fase de vida, estando esta correlacionada a uma maior ingestão do mesmo, logo após o nascimento. A relação, em leitões leves e pesados, mantém-se durante toda a lactação, mas a concentração absoluta cai de forma considerável quando comparada ao nascimento. Enfim, analisando os resultados das granjas com maior número de leitões desmamados por parto, seguramente depara-se com um ponto em comum, estas possuem uma equipe de funcionários motivada e qualificada. Desta forma, conclui-se que esta é uma das principais variáveis para se obter redução da mortalidade de leitões em granjas com alta produtividade, pois as tarefas do setor de maternidade precisam ser executadas com extrema precisão e responsabilidade. Portanto, o ideal seria planejar, com antecedência, quem deve trabalhar no período noturno, possibilitando realizar a qualificação através um bom programa de treinamento e, ainda, adoção de procedimentos operacionais padrão (POP) garantindo a execução da rotina, bem como ferramentas gerenciais de Qualidade Total (5S, PDCA, Gestão à vista entre outros) que permitem que os envolvidos na produção executem de maneira consciente as metas e objetivos determinados. Ano VI - nº 29/2009

Tabela 1 – Concentração de Imunoglobulinas no soro de leitões na maternidade. Concentração de Imunoglobulinas no soro (IgG) em 1.024 leitões de 3 Rebanhos Rebanho 1

Rebanho 2

Rebanho 3

Média de concentração de Ig (mg/ml)

32,6

31,0

24,8

Desvio Padrão

12,5

10,6

9,2

Mínimo (mg/ml)

6,9

3,9

3,3

Máximo

75,6

68,5

76,3

Nº de leitões

316

200

507

Fonte: NILSEN et al., 2004

Peso ao nascimento A rentabilidade na suinocultura está diretamente ligada ao resultado reprodutivo, tendo como principal parâmetro o número de leitões desmamados/fêmea/ano. Entretanto, leitegadas numerosas estão correlacionadas ao aumento de leitões com baixo peso ao nascimento, aumento de mortalidade na maternidade e menor ganho de peso nas fases subseqüentes da produção. Sabe-se que os leitões apresentam baixas reservas energéticas corporal pela ausência de tecido adiposo marrom, baixo percentual de gordura corporal e dependência exclusiva de glicose nas primeiras horas de vida (Lima e Viola, 1998). Assim, o peso ao nascimento afeta de forma direta a taxa de mortalidade nas diversas fases de produção e cria subpopulações dentro do sistema de produção. Leitões que nascem leves apresentam comportamento sorológico e sanitário distinto dos demais animais e são responsáveis pela manutenção de problemas clínicos no rebanho, além da amplificação dos problemas sanitários por estes animais (“superdifusores”), sendo um fator de risco para os animais contemporâneos. É ainda conhecida uma forte correlação entre o peso ao nascimento, peso ao desmame e dias necessários para o abate. Observa-se que os leitões que nascem menores fazem parte de uma subpopulação de animais, na

qual há menor ingestão de colostro com redução na duração da imunidade passiva ficando expostos aos agentes patogênicos de forma prematura. Esta classe de animais altera a dinâmica de infecção nas granjas, permitindo repiques nas taxas de mortalidades com perdas de desempenho. A elevação do número de nascidos vivos nos últimos anos aumentou a variação da ingestão de colostro entre leitões (Nissen et al., 2004), o que tem dificultado a padronização de proteção entre os animais, alterando a dinâmica de infecção e manifestação dos problemas sanitários nas distintas fases de crescimento. Alguns trabalhos têm sido realizados com o objetivo de se definir estas subpopulações, determinando o tempo de proteção via colostro, e permitindo a adoção de medidas que reduzam o impacto sanitário durante a janela imunológica. Por outro lado, algumas pesquisas que visam conhecer as diferenças entre leitões leves e pesados ao nascimento têm mostrado que os leitões com baixo peso ao nascer apresentam menor número de fibras musculares (Gondret et al., 2005). Entretanto, outros trabalhos mostram que esta redução no número de fibras musculares ocorre apenas em leitões que nascem com peso inferior a 800g, não sendo observado nas demais categorias de peso (Handel & Stickland, 1987). Sabe-se que o número de fibras musculares é um importante determinante da massa muscular. No Suínos & Cia

15


Manejo suíno, o número de células musculares é concluído durante a fase de gestação, sendo que este permanece fixo do nascimento ao abate (Dwyer & Sticklnad, 1991). Após o nascimento, o potencial de crescimento muscular está limitado à hipertrofia (aumento no tamanho das células). Desta forma, algumas questões são levantadas sobre a capacidade limitada de crescimento dos leitões que tem baixo peso ao nascimento: 1) Estes apresentam menor número de fibras musculares ao nascimento e, portanto, menor potencial de crescimento muscular, 2) Menor capacidade de ingestão em valores absolutos ou ainda, 3) uma menor concentração de IGF-1 o que reduziria a taxa de ganho destes animais. Neste contexto, Lynch et al., (2006) concluíram que os leitões de baixo peso ao nascimento apresentam-se mais leves ao abate com redução na média de ganho diário e ingestão de alimentos. A concentração de IGF-1 é menor (28%) que no grupo de animais pesados, não havendo qualquer diferença quanto ao número de fibras entre as categorias de peso ao nascimento.

tões ao nascimento (tabela 1). Os leitões que nascem com peso inferior a 1,0 kg têm a mortalidade na ordem de 40% e estes animais demoram mais tempo para a primeira mamada que os leitões em categorias de peso superiores (86 contra 38 minutos). Sabe-se ainda que leitegadas numerosas em porcas com idade avançada aumentam a prevalência de leitões com peso inferior a 800 g (Bertolin 1992). Em síntese, baixo peso ao nascimento e alta variabilidade de peso dentro das leitegadas contribuem para a mortalidade pré-desmame, além de corresponder a dias adicionais para chegarem ao abate, já que vários trabalhos apontam que os leitões que nascem com menos de 1 kg têm pequena chance de sobrevivência, concentrando nestes animais perdas próximas a 86% (Quiniou et al., 2002; Gondret et al., 2005). Observa-se também que em média os leitões com peso inferior a 900 g ao nascimento requerem de 7 a 15 dias a mais para chegarem ao abate do que as categorias de pesos superiores (Beaulieu et al., 2006). Por outro lado, os leitões mais pesados ao nascimento consomem

aproximadamente 30% mais leite do que os oriundos de leitegadas com baixo peso ao nascimento (Pluske & Williams, 1996). Estes tendem a sugar nas tetas dianteiras, as quais produzem mais leite. A baixa ingestão de leite pelos leitões com baixo peso ao nascimento não está associada apenas ao baixo crescimento, mas também com uma redução na síntese protéica (Marion et al., 1999). Desta forma, ingestão de leite na primeira semana de vida está correlacionada à taxa de deposição protéica. Enfim, fatores como peso ao nascimento, peso ao desmame e freqüência de mamadas impactam na variabilidade ao longo de todas as fases, além de muitos outros fatores como ambiência, sanidade e manejo. Talvez o mais importante fator que atue sobre a variabilidade seja o status de saúde do rebanho. O grau de exposição às doenças difere entre animais e o impacto da exposição do animal saudável e seu desempenho varia entre indivíduos, sendo possível observar um forte impacto sobre o coeficiente de variação (CV) dos pesos nas diversas idades (Beaulieu et al., 2006).

Observou-se também que os animais com baixo peso ao nascimento apresentam ainda uma menor altura das vilosidades intestinais, redução na atividade das enzimas lactase e lipase, menor número de receptores de hormônios da tireóide no músculo e menor nível de IGF-1 na circulação. As diferenças fisiológicas encontradas entre os leitões leves e pesados justificam a adoção de manejos e intervenções terapêuticas entre estas diferentes classes de animais, buscando a redução na diferença absoluta de peso ao abate, taxa de mortalidade e manifestação de doenças entre e dentro dos lotes. As maiores perdas por mortalidade na maternidade ocorrem até o terceiro dia de vida, estando correlacionadas com o peso e vigor dos leiSuínos & Cia

16

A ingestão do colostro é uma das ferramentas utilizadas para diminuir as enfermidades e a taxa de mortalidade.

Ano VI - nº 29/2009


Manejo tam que para cada 1 kg que se consegue agregar no peso ao desmame há um acréscimo de 1,9 kg no peso de saída de creche (56 dias de idade) e ao abate este animais tiveram 4,2 kg de ganho adicional. Assim, há grande importância em se desmamar leitões com pelo menos 5,5 Kg aos 20 dias de idade, com redução na idade ao abate e maior porcetagem de carne na carcaça. Ou seja, há redução no custo por kg de carne produzida de animais com melhor peso ao desmame.

O resultado financeiro da unidade de produção se atribui a qualidade do leitão desmamado.

Peso ao desmame Entre as principais atribuições da maternidade, a qualidade do leitão desmamado está diretamente relacionada com o desempenho nas fases subseqüentes e, portanto, ao resultado financeiro da unidade de produção. Os leitões com baixo peso ao desmame requerem um manejo diferenciado, envolvendo cuidados individuais, utilização de baias e/ ou salas destinadas a estes, além de dietas mais complexas, o que eleva o custo de produção, não chegando ao abate dentro do prazo e condições esperadas. Estes animais comprometem o fluxo de produção sendo mantidos nas instalações como tentativa de correção do baixo desempenho nas fases antecedentes. Assim, a performance pós-desmame de suínos é influenciada diretamente pelo peso ao desmame. Há uma relação positiva entre o peso ao desmame e a eficiência de crescimento de suínos e qualidade de carcaça de animais abatidos. Quando se analisa as perdas devido ao baixo desempenho, observa-se grandes perdas associadas à variabilidade do peso ao desmame e conseqüente aumento no percentual Ano VI - nº 29/2009

de leitões desmamados leves. Sabese que a redução de peso ao desmame leva a um efeito acumulativo nas fases subseqüentes da vida dos suínos, o que denominamos efeito multiplicador. Em um trabalho recente, no qual se buscou avaliar o efeito do peso e qualidade do leitão desmamado sobre o peso de creche e ao abate, observou-se uma relação na ordem de 2,5 kg adicionais para cada kg agregado no peso de desmame, sendo de 1: 2,12 kg a relação de peso na creche e no abate. Desta forma, pode-se projetar que para cada 1,0 kg adicional ao desmame, tem-se 5,3 kg ao abate (Integrall, 2008). Desta forma, o peso ao desmame é um importante parâmetro de predição para o peso na saída de creche (Tabela 3). Cooper et al., (2001) rela-

Em uma simulação econômica, considerando pressupostos americanos de mercado, foi detectada vantagem em dólar, de 3,47; 5,24; 4,91; 6,34 e 8,29 por suíno abatido aos 125 Kg de peso vivo e desmamados, respectivamente, com 5,5; 6,4; 7,3; 8,2 e 9,5 Kg aos 20 dias em comparação com os leitões desmamados com 4,6 Kg. Sendo, portanto, necessária a implementação de manejo e tecnologias de ordem prática que assegurem o desmame de suínos com no mínimo 5,5 Kg aos 20 dias de idade. Em geral, leitões mais pesados ao desmame crescem mais rapidamente no período imediatamente posterior à desmama e são menos susceptíveis a distúrbios digestivos e à diarréia. No entanto, leitões desmamados precocemente, mesmo com um peso acima de 5,5 kg, não apresentaram um desempenho subseqüente satisfatório. Assim, os animais que pesam menos de 4,5 kg ao desmame (21 dias) requerem 12 dias a mais para atingirem o peso de venda quando comparados aos leitões desmamados com 6,8 kg (Azain et al., 1996).

Tabela 2 – Relação entre o peso ao desmame e peso aos 61 dias de vida TRATAMENTO PESO INICIAL

PESO 61

GPD 61

CONSUMO 61

CA 61

(Leves)

4,585ª

19,081A

0,320A

23,402A

1,602

(Médios)

6,195B

23,541B

0,395B

29,981B

1,721

(Pesados)

7,751C

27,326C

0,548C

32,758C

1,671

CV (%)

1,5

5,84

5,76

6,95

5,145

Fonte: Integrall 2008 Suínos & Cia

17


Manejo Tabela 3 – Influência do peso ao desmame na performance até o abate com 104 Kg Pesos ao desmame

4,1 a 5,0

5,1 a 6,8

6,9 a 8,6

Idade à desmama (d)

24

25

25

Peso ao abate (kg)

104

104

104

GPD recria e terminação (g)

703

732

750

Consumo diário ração (Kg)

2,304

2,336

2,300

Dias do desmame até o abate

136

134

128

Fonte Cole & Valey, 2000 Assim, melhoria da condição corporal das matrizes, ajustes de manejos e ambiente, incrementos na qualidade da ração de lactação, adoção de um programa de suplementação para leitões lactantes e o uso de uma medicação injetável preventiva trazem benefícios, sendo observada uma melhoria no peso médio, redução da variação de peso dentro de leitegada e menor mortalidade de leitões lactentes.

Considerações finais Há correlação direta entre o desempenho do leitão durante a fase de maternidade, o resultado final do suíno abatido e o retorno financeiro do produtor. Por conta de um efeito denominado multiplicador, cada ganho obtido durante a maternidade é amplificado por todas as fases da produção. Dessa forma, é fundamental que a maternidade seja encarada como uma unidade de negócio distinta dentro da produção, a qual será responsável, em grande parte, pelos resultados finais do suíno ao abate. A adoção de ferramentas que auxiliem no desmame de leitões mais pesados e com alto nível de proteção passiva permite ganhos no peso nas diversas fases e contribui para a estabilização imunológica do plantel, trazendo rápido retorno sobre o capital investido. Recomenda-se a implementação de manejo e tecnologias de ordem prática, que assegurem o desmame de suínos com no mínimo 5,5 Kg aos 20 dias de idade, seja via melhoria da Suínos & Cia

18

condição corpórea da matriz, melhoria no manejo e qualidade da ração de lactação, bem como pela adoção de um programa de suplementação para

leitões lactantes. Enfim, diante do crescente aumento na prolificidade das matrizes suínas e do aumento no desafio sanitário, a dinâmica de infecção e manifestação das doenças têm sido alterada. Desta forma, a maternidade torna-se decisiva no resultado financeiro da granja, sendo responsável pela produção de leitões em número e qualidade, através da redução da mortalidade, permitindo um bom desempenho nas demais fases, além da estabilidade imunológica do plantel.

Referências bibliográficas 01. Azain, M. J., T. Tomkins, J. S. Sowinski, R. A. Arentson, and D.E. Jewell. Effect of supplemental pig milk replacer on litter performance: Seasonal variation in response. J. Animal Sci. 74: 2195-2202, 1996. 02. Beaulieu, A. D., Patience, J. F., Leterme, P., Variability in growth and the impact of litter size. 8th Annual swine Technology Workshop, 2006. 03. Cooper, D. R., Patience, J. F., Gonyou, H. W., Zijlstra, R.T., Characterization of Within Pen and within room variation in pigs from birth to market: variation In birthweight and days to market. Monograph 01-03. Prairie Swine Centre Inc., Sakatoon, SK, 2001 04. Gondret, F., Lefaucher, L., Louveau, I., Lebret, B., Pichodo, X., Le Cozler, Y., Influence of piglet birth weight on postnatal growth performance, tissue lipogenic capacity and muscle hostological traits at market weight.Livestock Production Science, 93 p.137-148 05. Gondret, F., Lefaucheur, L., Louveau, I., Lebrer, B., Pichoto, X., Le Cozler, Y., Influence of piglet birth weight on postnatal growth performance, tissue

lipogenic capacity and muscle histological traits at market weight. Livest. Prod Sci. v.93, p.137-146, 2005. 06. Lima, G. JE., Nutrição de porcas em gestação e lactação: qual a sua influência sobre o desenvolvimento da leitegada? Simpósio Sobre Nutrição e Manejo de Leitões. CBNA, Campinas, p.102, 1998. 07. Lynch, P. B., Cahill, A., Lawlor, L., Boyle, L., O’Doherty, J., Dividich, L. le, Studies on Growth Rates in Pigs and The Effect of Birth Weight, 2006. 08. Main, R. G., Dritz, S. S., Tokach, M. D., Goodband, R. D., Nelssen, J. L., Effects of weaning age on pig performance in three-site production. Swine Day, 2002. 09. Milligan, B. N., Fraser, D., Kramer, D. L., Within-litter birth weight variationin the domestic pig and its relation to preweaning survival, weight gain, and variationin weaning weights. Livest. Prod. Sci. v.76, p. 191, 1992. 10. Quiniou, N., Dagorn, J., Gaudre, D., Variation of piglets birth weight anda consequences on subsequent performance. Livest. Prod. Sci. v.68, p.63-70, 2002. Ano VI - nº 29/2009



Sanidade Como utilizar a filtragem do ar no controle de doenças

Laura Batista 1 Françis Pouliot 1 Valérie Dufour 1 Michel Morin 1 1

Centre de développement du porc du Québec

lbatista@cdpqinc.qc.ca

Introdução O impacto econômico da síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos (PRRS) (Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína) é reconhecido em todo o mundo. Em 1990, Polson e colaboradores estimaram perdas de US$ 236,00 por porca devido à infertilidade, abortos, natimortos e mortalidade neonatal. Mais recentemente, Neumann e colaboradores (2005) relataram um custo total de US$ 560 milhões devido à PRRS, nos suínos em fase de crescimento: US$ 250 milhões (45%) devido a perdas no ganho médio de peso diário e na conversão alimentar; US$ 243 milhões (43%) resultantes de mortalidade; US$ 63 milhões (12%) atribuídos a perdas reprodutivas. As estimativas, nesse estudo, foram baseadas no custo de US$ 0,286 por kg de ração. Desde a condução desse estudo, os custos da ração aumentaram de 50% a 65%, parcialmente devido à demanda no mercado de milho por parte das empresas produtoras de etanol (Funderburke, 2007), embora o impacto econômico do vírus da PRRS seja mais alto, atualmente(23). Em termos globais, a suinocultura industrial foi recentemente atingida por novas doenças, como a PRRS, a doença causada pelo circovírus suíno (PCVAD) e por novas variantes do vírus da influenza. ConseqüentemenSuínos & Cia

20

te, os veterinários desenvolveram maneiras distintas de erradicar doenças, para granjas individuais ou grupos; o risco de re-infecção, entretanto, permanece alto, mesmo com as melhores medidas atuais de biosegurança. Isso tem nos levado a um consenso de que devemos tomar medidas mais coordenadas, ou “regionais”, no combate à PRRS e a outras doenças emergentes na espécie suína. Fica claro que o objetivo dos programas atuais de prevenção é tanto evitar a introdução de diferentes patógenos – particularmente o vírus da PRRS – em plantéis negativos, quanto evitar a introdução de novos patógenos e novas cepas em plantéis já infectados com o vírus da PRRS(3).

No momento sabemos que animais e sêmen são as fontes primárias do vírus da PRRS, mas outras fontes de infecção também podem ser importantes(14). Torremorell e colaboradores (2004) relataram que mais de 80% das novas infecções, em um sistema de criação comercial dos EUA, foi devida à difusão a partir de unidades vizinhas, à movimentação de suínos em meios de transporte infectados pelo vírus da PRRS e à falta de cumprimento dos protocolos de biosegurança. Dee e colaboradores (2004a) demonstraram que medidas simples de higiene foram adequadas para a inativação do vírus da PRRS e para encerrar a transmissão do mesmo. Esse grupo de pesquisadores também descreveu

Tabela 1 - Características gerais de doenças que requerem medidas regionais ou individuais em seu controle (adaptado de Hanson e Hanson, 1983) Controle Regional 1. Doença que ultrapassa facilmente as barreiras normais de biosegurança;

Controle Individual do Plantel 1. Doença detida por barreiras normais de biosegurança;

2. Taxa de difusão muito rápida, não per- 2. Taxa de difusão lenta o suficiente para mitindo intervenção antes que todo o permitir intervenção antes que todo o plantel se infecte; plantel se infecte; 3. Disseminada aparentemente por portadores sãos;

3. Os portadores podem ser detectados na granja;

4. Doença de alta morbidade e alta mortalidade;

4. Doença de morbidade variável entre baixa e alta e com baixa ou nenhuma mortalidade;

5. O efeito da vacinação ou tratamento varia entre pobre e moderado;

5. A vacinação ou os tratamentos disponíveis são altamente eficazes;

6. Representa risco de saúde pública.

6. A doença não representa risco de saúde pública.

Ano VI - nº 29/2009


Sanidade protocolos envolvendo limpeza, lavagem, desinfecção e secagem que foram efetivos na inativação do vírus da PRRS em veículos de transporte(05, 07, 08, 10, 11) .

Estratégias Regionais de Controle e Erradicação Como já foi mencionado, há um consenso crescente entre a comunidade veterinária, de que esforços regionais coordenados serão necessários para combater com eficiência as doenças como a PRRS e outras doenças emergentes da suinocultura, no lugar de promover esforços individuais isolados em granjas, os quais frequentemente são frustrados pelo re-aparecimento da doença.

Pesquisadores, ao redor do mundo, têm trabalhado ativamente no sentido de entender os mecanismos de transmissão da PRRS e avaliar novas opções para melhorar as medidas de prevenção e a biosegurança nas granjas. Estes estudos são mais notadamente voltados para a biosegurança nos transportes, a transmissão carreada por insetos e, mais recentemente, as opções para filtragem do ar. A biosegurança tem atuado de modo mais significativo, na tentativa de controlar a PRRS, do que com relação às outras doenças da suinocultura. Os programas para controle da doença são desenvolvidos a partir de observações epidemiológicas mais acuradas, acesso a ferramentas apropriadas de diagnóstico e controle, além de contar com suporte financei-

ro e recursos humanos adequados. As intervenções que dão apoio aos programas regionais de controle incluem a implementação de normas de biosegurança regionais e locais efetivas; quarentena de rebanhos infectados (e suspeitos e de populações que têm contato com os mesmos); restrições relativas à movimentação de animais; possível despovoamento do rebanho, incluindo limpeza, desinfecção e implementação de programa adequado de vacinação para reduzir a eliminação de patógenos e, portanto, a disseminação dos mesmos na região. Nos dias de hoje há muitos projetos, em todo o mundo, baseados em controle regional, com possível erradicação futura do vírus da PRRS, como os do Chile; os dos condados de Rice e Ramsey, em Minnesota

Figura 1 - Avaliação dos riscos da introdução de patógenos (adaptado de Polson e colaboradores, 2006):

Ano VI - nº 29/2009

Suínos & Cia

21


Sanidade

A utilização de sistemas de filtragem de ar nas instalações reduz o risco de transmissão de doenças.

(conduzidos por Bob Morrison); os da França; México e a força tarefa para erradicação da PRRS, da AASV (Associação dos Veterinários Especialistas em Suínos) norte americana. Estes projetos utilizam sistemas de informação geográfica (softwares para mapeamento e análise das informações geográficas) os quais compartilham informações sobre a situação da PRRS nas granjas, utilizando inclusive mapas regionais disponibilizados pelos sites dos próprios condados e informações correlatas(02). Além disso, avaliação de risco é parte integrante desses programas, o que facilita o entendimento dos fatores de risco associados a um surto do vírus da PRRS em plantéis negativos ou sentinelas, além de determinar quais fatores e condições contribuem para que algumas granjas tenham um grande número de casos graves de PRRS, enquanto outras têm poucos, conseqüentemente levando-nos a perceber como manejar e controlar melhor a infecção. Espera-se, com estas análises, reduzir a lista de práticas de biosegurança a um formato mais simplificado, que realmente facilite a concentração dos veterinários e suiSuínos & Cia

22

nocultores na doença (Polson e Holtkamp, 2008). Finalmente, reuniões regulares com produtores locais para discussão de assuntos de confidencialidade, acessar dados, discutir litígios em potencial, etc., os quais vem com o uso da moderna tecnologia de informação, são reconhecidas como fatores vitais no desenvolvimento da comunicação local e da motivação para desenvolver o assunto, por parte dos suinocultores, na tentativa de eliminar a PRRS.

Onde a filtragem do ar se encaixa no controle e no futuro dos programas de erradicação do vírus da PRRS? Extensivos esforços têm sido realizados nos plantéis de material genético e comercial no sentido de proteger das infecções causadas por diferentes patógenos em toda a suinocultura industrial. Entretanto, a transmissão local de certos patógenos, como o vírus da PRRS, ainda ocorre entre granjas distintas, devido à transmissão via aerossóis (Dee e colabo-

radores, 2006c). Para reduzir o risco desse tipo de transmissão, os suinocultores ao redor do mundo estão começando a implementar sistemas de filtragem de ar em suas instalações. A França foi o primeiro país a relatar o uso de filtragem do ar em rebanhosnúcleo e instalações para cachaços. Desde 1996, Cooperl-Hunaudaye tem implementado a filtragem do ar em onze plantéis povoados com animais negativos contra o vírus da PRRS, após o sistema ter sido instalado. Esses plantéis situam-se na Bretanha, a mais populosa região de suínos da França; desde então, todos têm preservado seu status de negativos para o vírus da PRRS. Atualmente, um número considerável de centros de inseminação artificial e granjas, na Europa, em Quebec e nos Estados Unidos têm implementado essa tecnologia. Apesar das regras estritas de biosegurança, eles têm vivenciado, entre outros, surtos de PRRS sem encontrar uma explicação lógica(14).

Sistemas de Filtragem Disponíveis Filtragem de Ar Particulada de Alta Eficiência (HEPA)(09). Esse sistema opera com ventilação em pressão-positiva; o ar admitido é forçado através de uma série de filtros de graus decrescentes de porosidade, em conjunção com uma turbina de força centrífuga. Trata-se de um sistema que usa filtros capazes de bloquear a passagem de partículas de 0,3 µm ou de maior diâmetro. Dee e colaboradores (2005c) avaliaram um sistema comercial de filtragem de ar do tipo HEPA. A transmissão por aerossóis foi observada em 6 das vinte amostras coletadas da instalação onde o ar não foi filtrado, enquanto todos os animais permaneceram negativos para o vírus da PRRS, na instalação Ano VI - nº 29/2009


Sanidade Figura 2 - Diagrama do mecanismo experimental utilizado na pesquisa de Batista e colaboradores, 2008.

cujo ar foi filtrado. Enquanto os resultados da filtragem com o sistema HEPA são bastante promissores, o custo de instalação do mesmo em uma granja comercial ainda é bastante alto, ao redor de US$1.500,00 a US$2.000,00 por cachaço/porca.

Outras Opções para a Filtragem de Ar (Dee e colaboradores, 2006c). Uma vez que o diâmetro considerado para os bioaerossóis (0,5 a 100 µm) excede o tamanho dos poros dos filtros do tipo HEPA, Dee e colaboradores (2006c) questionam os resultados obtidos com o uso de métodos alternativos, de custo mais baixo, como filtros para uso em caldeiras residenciais ou luz ultravioleta (UV), particularmente irradiação do tipo UVC (comprimento de onda de 200 a 280 nm). A transmissão do vírus da PRRS foi observada em 9 entre 10 amostras-controle, 8 entre 10 amostras UVC irradiadas, 4 entre 10 amostras de filtração a baixo custo e zero entre 10 amostras de filtração do tipo HEPA. Portanto, a filtração pelo sistema HEPA foi significativamente mais efetiva na redução da transmisAno VI - nº 29/2009

são do vírus da PRRS por aerossóis, em comparação aos outros métodos avaliados nesse estudo.

DOP 95(10). Estendendo um pouco mais a sua pesquisa, Dee e colaboradores (2006d) testaram o processo de filtragem HEPA, a filtragem do tipo “bag”, um processo de filtragem de custo duas vezes mais baixo e um filtro derivado do dioctylphtalato (DOP), tido como eficiente em níveis variáveis entre ≥ 85% e < 95%, para partículas de 0,3 a 1,0 µm de diâmetro. A transmissão do vírus da PRRS por aerossóis ocorreu em zero entre 10 amostras da filtragem do tipo HEPA, duas entre 10 amostras da filtragem do tipo “bag”, 4 entre 10 amostras do proces-

so de filtragem de custo duas vezes mais baixo, zero entre 10 amostras do filtro DOP - 95% para partículas de 0,3 µm e em todas as 10 amostras controle. A filtragem HEPA e o filtro DOP - 95% foram avaliados mais extensivamente; não foi observada infecção em nenhuma das 76 amostras da filtragem HEPA testadas, mas houve infecção em duas das 76 amostras do filtro DOP - 95% para partículas de 0,3 µm e em 42 entre as 50 amostras controle. Darwin Reicks (2006, 2007 e 2008), um veterinário do Swine Vet Center, de St. Peter – Minnesota, EUA é um líder da implementação e do aperfeiçoamento desta tecnologia no campo. O custo da instalação des-

Tabela 2 - Índice de sucesso da filtragem (%) e número de esfregaços negativos para o vírus da PRRS na câmara receptora (n° 2), após o processo de “aerossolização”; e suínos no 14° dia após a “aerossolização” do vírus da PRRS para os filtros A e B (Batista e colaboradores, 2008) Filtro

Câmara receptora (n° 2)*

Suíno (14° dia)**

A

70%*** (7/10)

70% (7/10)

B

100% (0/20)

95% (1/20)

* através da prova de PCR em tempo real; ** através da prova de PCR em tempo real e ELISA; *** percentual de sucesso da taxa de filtração; A/B= esfregaços negativos ou suínos/n° de repetições.

Suínos & Cia

23


Sanidade se filtro fica ao redor de US$ 0,80 por leitão desmamado, por um período superior a 10 anos.

Um Novo Kit de Filtragem desenvolvido em Quebec, Canadá A Noveko Inc., companhia Canadense especializada em pesquisa, projetos, produção e distribuição de produtos patenteados para filtragem de ar desenvolveu recentemente uma combinação inovadora de filtros que integram os efeitos viricida, bactericida e fungicida, em nível molecular, nas fibras do material que compõem os filtros. A avaliação inicial desse filtro foi feito pela Dra. Laura Batista, M.V. e Ph.D., da ‘’Faculté de Médicine Vétérinaire de l’Université de Montréal’’ (FMV) e pela equipe do ‘’Centre de Développement du Porc du Québec Inc.’’ (CDPQ ou Centro de Desenvolvimento de Suínos de Quebec)/(Tabela 2). De maneira resumida, é percebida uma adaptação do desenho experimental e do modelo em escala de uma Terminação de suínos comercial (Figura 2), descrita por Dee e colaboradores (2005a, 2006a e 2006b) e usada para esse experimento. Duas câmaras retangulares de alumínio (um “aerossolizador’’)/(n° 1) e uma câmara receptora (n° 2)/(onde um suíno sentinela foi mantido) foram conectadas por um ducto de aço inoxidável retangular, onde o filtro (filtro A) foi instalado. Durante o desenvolvimento do projeto, uma nova combinação viricida, bactericida e fungicida foi criada e também testada (filtro B). Uma avaliação adicional do filtro B foi realizada pelo Dr. Scott Dee (2008c), no “Swine Disease Eradication Center” da Universidade de Minnesota (Tabela 3). ComparaSuínos & Cia

24

do a outros filtros do mercado, revelou-se bastante flexível em seu uso e instalação (é fornecido na forma de rolos, feitos a partir de material bastante flexível, lavável e fácil de ser manipulado) e não somente bloqueou a passagem dos bioaerossóis, devido ao seu efeito filtrante, mas também foi hábil para neutralizar patógenos, à medida que eles entravam em contato com os agentes antimicrobianos que embebiam as fibras dos filtros (Dee, 2008c). Após a revisão e a análise desses Alguns filtros tem a capacidade de atuarem como viricidas, resultados encoraja- bactericidas e fungicidas. dores, foi desenvolvido um kit comercial, pelas equipes do de 10 anos, gira em torno de 26 a 27 CDPQ e da Noveko’s, praticamente Dólares Canadenses. implementando a combinação da filtragem B, de Batista e colaboradores, Aplicando a Tecnologia da 2008 e da pesquisa de Dee, 2008c, em Filtragem do Ar no Campo granjas de suínos. O kit do sistema de filtragem é acondicionado em uma Lembre-se que a filtração do estrutura bastante conveniente, com ar não é uma solução mágica, mas três níveis de filtração: nível 1 (tela sim um dispositivo a mais na sua caianti-insetos), remove partículas granxa de ferramentas de biosegurança. des, sendo fácil de limpar. Nível 2 Antes de pensar em investir em filtem três camadas de material filtrante tragem do ar você deve – definitivapatenteado, contendo um cocktail vimente – praticar as normas “básicas” ricida, bactericida e fungicida. Esse de biosegurança no local (Polson e nível remove partículas finas de poeiHoltkamp, 2008). A filtragem do ar ra e inicia os processos de filtragem e não consertará erros ou estratégias neutralização, reduzindo o número de absurdas de biosegurança, tampouco vezes que o nível 3 precisa ser limpo. assegurará conformidade com outras Finalmente o nível 3, que contém 7 estratégias envolvendo pessoal, transcamadas de material filtrante e neu- portes, etc. Também é preciso lembrar tralizante. O custo por porca registra- que o controle da transmissão e da exda, por ano, para um período de mais creção do vírus da PRRS nos plantéis Ano VI - nº 29/2009


Sanidade de engorda é essencial para o controle regional da sua transmissão, devido ao seu tamanho e taxa de transmissão (Dee, 2008a). Então, aplicar técnicas de filtragem em centros de inseminação e plantéis de reprodução é facilmente justificável; entretanto, como disse recentemente o Dr. John Deen, talvez a filtragem ou a limpeza do ar externo possa ser uma opção a considerar entre as estratégias regionais de controle; estratégia essa que Dee (2008b) provou recentemente ser possível e efetiva. O que precisamos entender é que não há uma única solução para tudo; cada granja tem seus próprios requerimentos e as estratégias precisam ser trabalhadas caso a caso. Alguns dos desafios do passado, relativos aos sistemas de filtragem disponíveis (DOP95) eram as restrições aos filtros no fluxo de ar, ou então o fato das altas temperaturas produzirem muitas restrições, de modo a forçarem a retirada dos mesmos, a instalação de túneis de ventilação(20) e até a necessidade de custosas remodelações nos sistemas já instalados(21). Entretanto, opções mais flexíveis de sistemas de filtragem estão disponíveis atualmente, as quais quando utilizadas em conjunto com outras estratégias, tornam a filtragem do ar uma ferramenta extre-

Tabela 3 - Número de positivos/testados e resumo dos resultados entre suínos (Dee, 2008c) Vírus da PRRS no ar

20 camadas

15 camadas

10 camadas

Resumo dos resultados

107

0/10 (+)

0/10 (+)

4/10 (+)

Negativo

6

10

0/10 (+)

0/10 (+)

0/10 (+)

Negativo

105

0/10 (+)

0/10 (+)

0/10 (+)

Negativo

0/10 (+)

0/10 (+)

0/10 (+)

Negativo

0/10 (+)

0/10 (+)

0/10 (+)

Negativo

104 10 a 10 1

mamente útil para impedir ou diminuir a transmissão do vírus da PRRS. Isso foi demonstrado pela primeira vez há alguns anos pelos franceses e confirmado recentemente por experiências canadenses e norte-americanas. Essas possibilidades oferecem altas taxas de sucesso no controle e na futura erradicação do vírus da PRRS e de outros patógenos.

Conclusões Como Peter Davies (2007) mencionou várias vezes: “Se a indústria pretende lidar com os problemas causados por algumas das doenças da atualidade (particularmente a PRRS), será preciso identificar sistematicamente os maiores obstáculos e buscar soluções. A possibilidade do controle de doenças complexas que temos no

Compartimento mostrando os três níveis de filtragem.

Ano VI - nº 29/2009

3

momento e que teremos no futuro, vai depender de modo crescente do nosso interesse pelo desenvolvimento da tecnologia”. A filtragem do ar é um exemplo de como os avanços tecnológicos podem alterar a execução e o custobenefício da implementação de programas regionais de controle. Na verdade, o maior desafio não é como as novas tecnologias podem nos auxiliar junto ao desafio do controle sobre as doenças na suinocultura industrial, mas sim quando estaremos prontos a adotá-las (adaptado de Davies, 2007). Em longo prazo, o maior desafio será fomentar a participação dos produtores, a qual determinará a utilidade de qualquer iniciativa voltada a apoiar o controle regional das doenças. Finalmente, o senso comum também precisa fazer parte desta equação. Atualmente temos pleno conhecimento e entendimento dos mecanismos de transmissão de patógenos e de como nos proteger deles, sabemos da importância da localização geográfica e temos consciência da implementação efetiva e não “psicológica” das estratégias de biosegurança, como a filtragem do ar. Então vamos utilizar as informações interessantes e disponíveis no sentido de ajudar os suinocultores na batalha contra o vírus da PRRS e de outros patógenos economicamente importantes; deixemos que eles sejam bem sucedidos, que lucrem e que a suinocultura brilhe novamente! Suínos & Cia

25


Sanidade Referências bibliográficas 01. BATISTA, L.; POULIOT, F.; DUFOUR, V.; MORIN, M. Evaluation of commercial filters to avoid or reduce reproductive and respiratory syndrome virus aerosol transmission. IPVS, Durban, Proceedings … p.138. 2008. 02. DAVIES, P. Regional control of swine disease, new tools for the future? MN Pork Congress. Proceedings … 2007. 03. DEE, S.A.; TORREMORELL, M.; ROSSOW, K.D.; MAHLUM, C.; OTAKE, S.; FAABERG, K. Identification of genetically diverse sequences (ORF5) of porcine reproductive and respiratory syndrome virus in a swine herd. Can J Vet Res. v. 65, p. 254-260. 2001b. 04. DEE, S.A.; DEEN, J.; PIJOAN, C. Evaluation of four intervention strategies to prevent the mechanical transmission of porcine reproductive and respiratory syndrome virus. Can J Vet Res. v. 68, p.19-26. 2004a. 05. DEE, S.A.; DEEN, J.; OTAKE, S.; PIJOAN, C. An experimental model to evaluate the role of transport vehicles as a source of transmission of porcine reproductive and respiratory syndrome virus to susceptible pigs. Can J Vet Res. v. 68, p.128-133. 2004b. 06. DEE, S.; DEEN, J.; BURNS, D.; DOUTHIT, G.; PIJOAN, C. An assessment of sanitation protocols for commercial transport vehicles contaminated with porcine reproductive and respiratory syndrome virus. Can J Vet Res. v. 68, p. 208-214. 2004c. 07. DEE, S.; DEEN, J.; BURNS, D.; DOUTHIT, G.; PIJOAN C. An evaluation of disinfectants for the sanitation of porcine reproductive and respiratory syndrome viruscontaminated transport vehicles at cold temperatures. Can J Vet Res. v. 69, p. 64-70. 2005a. Suínos & Cia

26

08. DEE, S.; TORREMORELL, M.; THOMPSON, B.; DEEN, J.; PIJOA, C. An evaluation of thermoassisted drying and decontamination for the elimination of porcine reproductive and respiratory syndrome virus from contaminated livestock transport vehicles. Can J Vet Res. v. 69, p. 58-63. 2005b. 09. DEE, S.; BATISTAT, L.; DEEN, J.; PIJOAN, C. Evaluation of an air-filtration system for preventing aerosol transmission of porcine reproductive and respiratory syndrome virus. Can J Vet Res. v. 69, p. 293-298. 2005c. 10. DEE, S. A.; DEEN, J. Evaluation of an industry-based sanitation protocol for full-size transport vehicles contaminated with porcine reproductive and respiratory syndrome virus. J Swine Healt Prod. v.14, p. 307311. 2006a. 11. DEE, S.A.; TORREMORELL, M.; THOMPSON, R.; CANO, J.P.; DEEN, J.; PIJOAN, C. Evaluation of the thermo-assisted drying and decontamination system for sanitation of a full-size transport vehicle contaminated with porcine reproductive and respiratory syndrome virus. J Swine Health Prod. v.15, p. 1218. 2007. 12. DEE, S.A. Controlling environmental excretion of PRRSv from infected. Pigletter v. 28, p. 2a. 2008a. 13. DEE, S.A. New approaches to aerosol biosecurity. Carlos Pijoan International Symposium. Proceedings … St. Paul, MN. 2008c. 14. DESROSIERS, R. Epidemiology, diagnosis and control of swine diseases. AASV Congress. v. 9, p. 37. Proceedings … 2004a.

15. FUNDERBURKE, D. Surviving escalating feed prices. National Hog Farmer, February 2007, p. 131-135. 2007. 16. HANSON, R.P.; HANSON, M.G. Animal Disease Control Regional Programs. The Iowa State University Press, Ames, ISBN 0813801214. 1983. 17. ZIMMERMAN, J.J. Assessment of the economic impact of porcine reproductive and respiratory syndrome on swine production in the United States. J Am Vet Med Assoc. v. 227, p.385-392. 2005. 18. POLSON, D.D.; MARSH, W.E.; DIAL, G.D. Financial implications of mystery swine disease (MSD). Proc the Mystery Swine Disease Committee Meeting. Livestock Conservation Institute, Denver. Proceedings …p. 8-28.1990. 19. POLSON, D.D.; HOLTKAMP, D. Risk Assessment Training Session. In: PADRAP (Production Animal Disease Risk Assessment Program), Proceedings … 2008 20. REICKS, D.L. Alternative filters for boars. A.D. Leman Conference, p.99-100. Proceedings … 2006. 21. REICKS, D.L. Field experiences with air filtration: Results and costs. A.D. Leman Conf., p.4243. Proceedings … 2008. 22. TORREMORELL, M.; GEIGER, J.O.; THOMPSON, B.; CHRISTIANSON, W.T. Evaluation of PRRSv outbreaks in negative herds. In: International Pig Veterinary Society Congress. 18. v.1, p. 103. Proceedings … 2004. 23. ZIMMERMAN, J. PRRSv - The Disease That Keeps Bugging. In: Us London Swine Conference. Proccedings … 2008. Ano VI - nº 29/2009



Sanidade O diagnóstico e suas implicações na biossegurança A biossegurança tem por objetivo evitar a introdução de doenças em uma granja, uma região ou até um país. Uma ferramenta de grande utilidade para atingir este objetivo é o diagnóstico, o qual deve ser realizado do modo mais correto e objetivo, para a obtenção de seu benefício máximo. A biossegurança pode ter duas aplicações principais: a) Evitar o ingresso e o re-ingresso de doenças na granja; b) Manter avaliação contínua do comportamento das doenças já existentes dentro da granja. Para evitar a entrada de doenças, deve-se conhecer: 1. As doenças presentes na região, que representem risco para a granja; 2. A origem dos animais de reposição, sendo necessário considerar quais doenças existem na granja de origem dos mesmos, para poder implantar as medidas necessárias. Isto implica em solicitar certificados de saúde destes animais e, ao adquirilos, solicitar amostragem sorológica por parte do fornecedor, além de – do mesmo modo – realizá-la também, preferencialmente um soro-perfil completo. A fonte de origem deve ser única e sempre a mesma, para reduzir o risco. O emprego do diagnóstico implica em considerar os seguintes aspectos: Suínos & Cia

28

Rosalba Carreón Nápoles Médica Veterinária e Zootecnista Faculdade de Medicina Veterinária UNAM

rcn@correo.unam.mx

Doença

Primeira opção

Confirmação

PRRS

ELISA

IFA, PCR

OLHO AZUL

IH

SN

INFLUENZA

IH, ELISA

PCR

PLEUROPNEUMONIA

ELISA

PCR

Diagnósticos que podem ser realizados para as diferentes enfermidades. IH - Inibição da Hemaglutinação SN - Soro-Neutralização PCR - Reação de Cadeia pela Polimerase IFA - Imunofluorescência Indireta

Seleção do laboratório a) Conhecer os laboratórios disponíveis na região; b) Conhecer seus horários e calendários de recepção de amostras; c) Saber se são credenciados perante organizações internacionais, que assegurem um diagnóstico de qualidade. d) Conhecer o catálogo de provas disponíveis, sendo recomendável que o mesmo ofereça mais de uma prova para cada doença, para poder solicitar provas confirmatórias quando a situação assim o requerer. Um exemplo clássico desse

tipo de situação ocorre quando uma amostra resulta positiva em um lote negativo. - O primeiro passo seria repetir o diagnóstico com a mesma prova e, se ela continua positiva, deve-se realizar o diagnóstico utilizando uma prova confirmatória: - O segundo passo pode ser o envio da amostra a um segundo laboratório e a solicitação das duas provas, se possível, além de continuar a avaliar clinicamente o lote; - Simultaneamente pode-se solicitar a identificação do agente infeccioso. Nesta situação, em se tratando de uma prova de ELISA, deve-se revisar o valor final dessa amostra e

PROVA

PROTEÍNA (mg/mL)

Soro-neutralização

0,00005

Inibição da hemaglutinação

0,005

ELISA

0,0005

Precipitação em gel

30,0

Fixação de complemento

0,05

Quantidade de proteína encontrada nas diferentes provas de diagnóstico.

Ano VI - nº 29/2009


Sanidade Ig M

Ig G

Aglutinação

+++

+

Fixação de complemento

+++

+

Soro-neutralização

++

+

Precipitação

+

+++

Inibição da hemaglutinação

+

+

ELISA*

+

+

Imunofluorescência

+

+

* Pode ser desenvolvido para detectar ambas Niveis de imunoglobulinas que podem ser encontrados em diferentes métodos de diagnóstico.

analisar o quão próximo ou distante está do ponto de corte. Em doenças como a influenza suína é necessário contar com a detecção dos subtipos H1N1 e H3N2 de modo independente, para poder avaliá-los e tomar as medidas preventivas ou de controle aplicáveis.

a validação dos controles, por exemplo no caso de Peste Suína Clássica; deve-se conhecer o comportamento do produto com relação à diarréia viral bovina, já que em lotes ou regiões livres pode surgir algum animal positivo devido às reações cruzadas.

h) Conhecer a capacidade téce) É necessário conhecer a nica do pessoal do laboratório usuá-

sensibilidade e a especificidade geral das provas, de modo a ter um parâmetro, pelo conhecimento da capacidade de cada uma delas para detectar mg/ mL de proteína. E sob determinadas circunstâncias, que classe de imunoglobulina cada prova pode estar detectando.

rio, sobretudo porque, ainda que as provas comerciais de ELISA tragam uma sequência de instruções que deve ser seguida estritamente, ponto por ponto, o critério e o conhecimento das pessoas que as aplicam são de suma importância, uma vez que neste caso existem muitos fatores que po-

dem estar envolvidos: temperatura ambiente no laboratório, água utilizada, processos de lavagem e secagem das placas, manejo e identificação da amostra, pipetagem, verificação do equipamento, como por exemplo, as pipetas e a leitora. Esses tipos de situações podem gerar diferenças entre os resultados da mesma amostra, de um laboratório para o outro, ou até dentro do mesmo laboratório.

i) O tipo de relatório que é entregue, o qual deve ser o mais simples e objetivo possível, para que possa ser interpretado facilmente. O menos recomendável a fazer é selecionar um laboratório com base nos custos que o mesmo oferece. Momento em que se deve solicitar o serviço do laboratório a) Na aquisição de novos animais. No caso de doenças como Aujeszky e Peste Suína Clássica, deve-se buscar sua total negatividade, já que as mesmas impactam de modo negativo na produção, ocasionando graves perdas econômicas. b) Avaliação das reposições e/ ou auto-reposições.

f) Se a prova foi padronizada no laboratório selecionado será necessário saber como foi realizada a validação, já que no caso específico da inibição da hemaglutinação e da soro-neutralização, os resultados podem diferir muito de um laboratório para outro, dependendo da cepa utilizada, dos eritrócitos, das concentrações dos mesmos, das cepas virais, do tipo de placa utilizada, da linhagem de células e, também, dos pontos de corte. g) Para as provas comerciais, especificamente as de ELISA, será necessário conhecer as marcas disponíveis no mercado e solicitar ao distribuidor ou ao responsável pelo laboratório fabricante, informações sobre o produto de sua empresa. Será responsabilidade deles notificar sobre Ano VI - nº 29/2009

É necessário conhecer a sensibilidade e a especificidade das provas sorológicas, detectando assim a mg/ mL de proteína.

Suínos & Cia

29


Sanidade

Para evitar a entrada de doenças na granja, deve-se conhecer a origem dos animais de reposição.

c) Período de adaptação ou quarentena dos animais. Devido à presença de doenças como a PRRS (Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína) esta situação tem ressurgido, uma vez que os animais devem ser avaliados no momento de sua chegada e posteriormente à vacinação ou exposição a determinado agente.

Prova que será solicitada de acordo com o que se necessita detectar Na prevenção da entrada de doenças, é necessário recordar o seguinte: a) A detecção de anticorpos não é suficiente para garantir que um animal esteja livre de uma doença e que não represente um risco para a granja, já que a única avaliação realizada diz respeito à presença ou ausência de doenças. Essa informação não indica o que está acontecendo nesse momento, já que um animal pode ser soro-negativo, embora sua exposição ao antígeno tenha ocorrido pelo menos há 7 dias, sendo esse o período crítico no qual a difusão da infecção pode ter sido levada a risca dentro do lote, o que não garante a ausência de Suínos & Cia

30

um agente infeccioso em um animal soro-negativo. A taxa de anticorpos ou vida média varia em função de cada tipo de anticorpo. Os títulos permanecem porque tais anticorpos têm uma vida média longa ou porque há uma infecção persistente, ou um contato repetido. b) A detecção de antígenos. Estes tipos de provas haviam caído um pouco em desuso, particularmente provas como o isolamento viral, devido ao tempo de espera pelo resultado (de 15 a 20 dias) e também pela

disponibilidade de um laboratório que as realizasse. Entretanto, por causa de doenças como PRRS, influenza e circovirose, criou-se a necessidade do desenvolvimento de procedimentos mais rápidos, como no caso da reação em cadeia da polimerase (PCR). Esta prova foi desenvolvida para essas doenças mencionadas, já que são situações muito particulares que dizem respeito à biossegurança do lote. Quanto a essas doenças, o ideal seria evitar a sua presença; no caso da PRRS principalmente no plantel de reprodutores e especificamente nos cachaços, já que a admissão de um animal soro-negativo não garante que ele realmente o seja, particularmente pela eliminação intermitente do vírus através do sêmen. Inclusive, em granjas positivas há uma segunda necessidade, que é determinar a presença de uma ou mais cepas, já que na aquisição de animais isto representa o risco de entrada de uma nova cepa, o que dificulta o controle e a erradicação da doença. A mesma situação se aplica para a influenza suína, caso o plantel de reprodutores seja originário dos Estados Unidos e Europa, o que representa risco de entrada de novos subtipos, como ocorreu no caso da detecção do H3N2 no México, cuja presença foi relatada em praticamente todas as regiões do país. Inicialmente se utilizava uma prova de ELISA

Resultados positivos Verdadeiro positivo

Infecção real

Falso positivo

Reações cruzadas Inibidores inespecíficos Aglutininas inespecíficas Resultados negativos

Verdadeiro negativo

Ausência de infecção

Falso negativo

Tolerância natural ou induzida Momento inadequado de amostragem Seleção inadequada da amostra Técnicas pouco sensíveis Substâncias tóxicas para os cultivos (AV)

Ano VI - nº 29/2009



Sanidade que detecta simultaneamente ambos os subtipos sem, entretanto, diferenciá-los; mas atualmente já existe o diagnóstico para detectá-los de modo independente. Primeiro é necessário saber de onde vem o plantel de reprodutores e as doenças endêmicas de seu local de origem, para então poder solicitar o diagnóstico correspondente, sempre e quando esteja disponível e/ou seja reconhecido pelo laboratório ou no país. A obtenção da informação sobre os agentes infecciosos pode, todavia, ser mais exata com o emprego de provas como o PCR em tempo real, onde é possível determinar a carga viral presente na amostra. c) Saber se a prova é qualitativa ou quantitativa. As provas sorológicas são expressas em uma escala contínua (densidades ópticas) ou em uma escala títulos (1:4, 1:8, etc.), mas partindo de um ponto de corte é possível classificar os animais. É importante registrar que uma diferença quádrupla no título de anticorpos (ex.: quando um animal passa de um título de 1:16 para 1:64), entre uma amostragem e outra, é aceita como diferença significativa. d) Sensibilidade e Especificidade. Devemos recordar que não há provas 100% específicas e sensíveis. Uma boa prova nos permitirá distinguir um animal infectado de um não infectado. Geralmente há uma relação inversa entre a sensibilidade e a especificidade de uma determinada técnica. Deve-se considerar que, quando se avalia uma grande parcela de uma população, a interpretação da prova tende a uma maior sensibilidade, em detrimento da especificidade, já que o objetivo é a detecção da maior quantidade de casos possíveis, em vez de diagnósticos definitivos; a prova de ELISA é normalmente a mais utilizada, no caso desse esquema. Também deverá ser considerada a avaliação com a prova de “ouro”, Suínos & Cia

32

ou seja, aquela técnica de diagnóstico que determina – absolutamente e sem erro – a presença da doença no animal. É importante considerar que para algumas doenças pode não haver tal prova. Uma ou mais provas podem ser aplicadas simultaneamente ou sequencialmente, sendo o animal considerado positivo se reagir positivamente a uma ou ambas as provas.

Resultados e Interpretação das provas de laboratório É necessário conhecer os fatores que podem afetar os resultados: a) O histórico clínico. Sua consideração é de vital importância, já que são encontradas informações fundamentais, como a origem e procedência dos animais, se foram vacinados, etc. b) Os pontos de corte. No resultado, o laboratório deve indicar os pontos de corte, a partir dos quais

cada prova pode ser considerada positiva. Eles podem variar um pouco entre condições distintas, como no caso da Inibição da Hemaglutinação para a doença do olho azul e para a parvovirose. No caso das provas de ELISA esses pontos já estão estabelecidos, devendo o laboratório indicar a marca e o ponto de corte para cada doença. O relatório com a informação deve ser gerado e entregue por escrito de modo simples e claro, para facilitar a análise do resultado. As técnicas de diagnóstico são cada dia mais sensíveis e refinadas. É possível a detecção de quantidades de antígenos cada vez menores e pequenas diferenças entre cepas – utilizando provas como ELISA, anticorpos monoclonais e reconhecimento de oligo-nucleotídeos – podem ser identificadas. Entretanto, o mais importante a considerar é a clareza do porquê e para que as técnicas estão sendo solicitadas e as implicações do bom ou mal uso das mesmas na biosegurança do lote de suínos.

Literatura consultada 01. BAYSINGER, A. Use of descriptive statistics in interpretation of population serology. In: American Association of Swine Practitioners Congress.1999. Proceedings… p. 345-355. 02. BONNEAU, M. Biosecurity. In: Congreso de la Asociación Mexicana de Veterinarios Especialistas en Cerdos. 28. Guadalajara. 2003. Memorias… p.135-141. 03. MAYA, R. J. M. Despoblación/Repoblación en granjas porcinas: Estudio recapitulativo. 1992. Tesis de Licenciatura. FMVZ-UNAM. p. 89-93. 04. MORILLA, G. A. Capitulo I: Conceptos generales sobre el control y la erradicación de las enfermedades infecciosas de los cerdos. In: Manual para

el control de las enfermedades infecciosas de los cerdos. 1997. p. 3-17. 05. STEVENSON, G. Pruebas serologicas: virtudes, debilidades e interpretación. In: Seminario Pre-Congreso. La correcta interpretación, base de un buen diagnóstico. 1997. Memorias… p.1-16. 06. STEVENSON, G. Common mistakes in interpretation of population serology. American Association of Swine Practitioners Congress, 1999. Proceedings… p. 339-343. 07. THRUSFIELD, M. Epidemiologia veterinaria. Ed. Acribia. Zaragoza, España. 1997. 08. ZEMAN, D. H. The best diagnostic test. Swine Health and Production v. 5, n. 4, p.159160. 1997. Ano VI - nº 29/2009



Sanidade Uma década de Circovirose suína Introdução A circovirose suína ou síndrome da refugagem multissistêmica pós desmame (CS, ou postweaning multisystemic wasting syndrome, PMWS, em inglês) foi diagnosticada pela primeira vez em 1991 no Canadá, embora não tenha sido considerada realmente como uma nova doença ate 1996. Considerando que durante todos esses anos houve tempo para tudo: surpresa ante uma nova doença, curiosidade científica para avançar no seu conhecimento, falta de reconhecimento da etiologia ou mesmo hipótese de como pode um agente infeccioso ubíquo ser a causa de doença? Não obstante, o passar do tempo usualmente nos permitem colocar as coisas em seu devido lugar, de modo que – hoje em dia – existe um consenso mundial de que a circovirose suína deva ser considerada uma doença multifatorial, na qual o circovírus suíno do tipo 2 (PCV-2) é o agente infeccioso essencial e necessário para que a mesma se manifeste. De fato, o PCV-2 tem sido encontrado em todos os países onde é pesquisado, seja no suíno doméstico ou no javali. Estudos retrospectivos têm demonstrado que o PCV-2 comporta-se como um agente ubíquo há muitos anos. A época que se embaralham (final dos anos 60 e início dos 70) corresponde aos soros mais antigos disponíveis em distintos laboratórios mundiais. É por isso que, atualmente, se aceita que a Circovirose Suína não se trata uma nova doença, Suínos & Cia

34

nem o PCV-2 um novo vírus. Quem sabe se a grande pergunta a ser esclarecida seja: porque uma situação prévia – em meados dos aos 90 – caracterizada pela existência de casos esporádicos dessa doença desconhecida até então passou para uma apresentação epizoótica quase mundial, com graves perdas econômicas para o setor da produção de suínos? Atualmente se considera que o PCV-2 esteja incluído em múltiplos processos clínico-patológicos, reconhecidos pela sigla PCVD (porcine circovirus diseases ou doenças associadas à infecção por circovírus suíno do tipo 2). Além da Circovirose Suína, são consideradas PCVDs ou enti-

Joaquim Segalés Centre de Recerca en Sanitat Animal UAB

joaquim.segales@cresa.uab.cat

dades patológicas onde o PCV-2 posa ter um papel significativo, a doença reprodutiva, a síndrome de dermatite e nefropatia suína, a pneumonia proliferativa necrosante e o complexo respiratório suíno. Inicialmente foi postulada a possibilidade da mioclonia congênita (tremor congênito do tipo A-II) ter a sua causa também associada ao PCV-2, mas hoje já existem evidências de que, aparentemente, não seja o caso. Também é importante ressaltar que, desde 1998, o conhecimento sobre o PCV-2 vem evoluindo de forma muito importante com relação às doenças com as quais ele se associa, de modo que aquela impressão inicial

Atualmente a circovirose suína é aceita como uma doença multifatorial, onde a participação do PCV-2 é estritamente necessária. foto: Alberto Stephano

Ano VI - nº 29/2009


Sanidade – entre os anos 1999 e 2002 – de que PCV-2 “causava praticamente tudo”, passou a uma situação mais crítica, equilibrada e mais próxima da realidade. Por todo esse contesto é que o objetivo do presente resumo é aprofundar-se nas novidades de maior importância, relativas ao conhecimento do PCV-2 e da Circovirose Suína, especialmente sobre os aspectos práticos que possam reverter no controle da doença.

O Vírus, PCV-2 Existe atualmente um ponto que, sem dúvida, representa a discussão mais interessante com relação ao vírus: a possibilidade da existência de cepas distintas de PCV-2, com graus diferentes de patogenicidade in vivo. Se isso for correto, poderá haver explicação para alguns dos pontos de interrogação que, nos dias de hoje, ainda são mantidos em relação à epidemiologia da infecção causada por este vírus: 1) Por que a doença eclodiu como uma epizootia mundial no final dos anos 90? 2) Por que todas as granjas se infectam, porém somente algumas sofrem a ação da doença de forma significativa? 3) Por que, dentro de uma granja infectada, alguns animais adoecem e outros não, ainda que todos se infectem com o PCV-2? A propagação das cepas virais mais patogênicas permitiria explicar a eclosão mundial, continental, nacional ou regional da Circovirose Suína. Atualmente existem vários estudos relacionados a este tema, porém, como não poderia ser de outra maneira no caso da Circovirose Suína, há também controvérsias. Por um lado, se confirma a existência de dois grupos filogenéticos perfeitamente diferenciados, dentro do PCV-2. Estes grupos são designados por muitas Ano VI - nº 29/2009

denominações, porém é bem possível que em um futuro próximo se estabeleça a nomenclatura de “genótipo” (genótipos 1 e 2). Os dados mais recentes sugerem que os PCV-2 de genótipo 1 poderiam estar associados a uma maior patogenicidade, ou no mínimo a uma maior prevalência, nos casos de Circovirose Suína. Não obstante, dados experimentais indicam a possibilidade da reprodução da doença clínica Circovirose Suína com isolados – tanto do genótipo 1 como do genótipo 2 – ainda que não na mesma proporção. Também é certo que em estudos mais iniciais de sequenciação (2004), não foi possível discriminar nenhum marcador entre granjas com e sem a doença. Definitivamente, a possível variação de patogenicidade entre cepas de PCV-2 é ainda um tema aberto e de amplo debate, que provavelmente será esclarecido nos próximos anos.

Circovirose suína, a doença Além da vacinação contra o PCV-2, nos dias de hoje existem poucas novidades com relação à patogenia do circovirus. Trata-se da doença associada à infecção pelo circovírus suíno do tipo 2 mais documentada, sendo atualmente aceita como uma enfermidade multifatorial, onde a participação do PCV-2 é estritamente necessária, porém não suficiente, na maioria dos casos. Isso implicaria na existência de outros fatores que favorecem o desencadeamento, modulação e/ou proteção frente à circovirose suína. Do ponto de vista epidemiológico somente alguns desses fatores têm sido demonstrados e não necessariamente em todos os estudos (existência de dados contraditórios), como fatores significativos. Entre eles cabe destacar: • Concomitância de outras infecções virais; • Estímulo do sistema imunológico em suínos infectados com o PCV-2

(incluem o efeito de certos adjuvantes vacinais, especialmente os oleosos); • Estado de infecção da porca frente ao PCV-2, no momento do parto; • Nível de anticorpos da porca frente ao PCV-2, no momento do parto. O restante de fatores ou efeitos corresponderia a situações que modificam – por bem ou por mal – do ponto de vista natural ou experimental, a situação final da doença na granja. Também ocorre a descrição de dados contraditórios, neste nível, entre os quais se destacam: • Medidas de manejo; • Nutrição; • Vacinação contra o PCV-2; • “Soroterapia”; • Efeito da genética do suíno; • Cepa de PCV-2. De fato, a maioria dos pontos aqui citados tem uma implicação direta ou indireta com o sistema imunológico dos suínos. Portanto, é de se esperar que nos próximos anos seja dedicado um interesse científico marcante no estudo da resposta imune do suíno frente à infecção pelo PCV-2. Dentre os fatores comentados, o estímulo do sistema imunológico, a vacinação frente ao PCV-2, o efeito da genética e a cepa do PCV-2 (discutido na sessão relativa ao vírus), talvez tenham sido os fatores mais estudados ou discutidos nos últimos anos. Por outro lado, também seria interessante um aprofundamento nos aspectos relativos ao diagnóstico da doença, por tratar-se de um aspecto fundamental para “garantir” o êxito potencial das vacinas disponíveis contra o PCV-2.

Imuno-estimulação A “hipótese da imuno-estimulação” para o desencadeamento da Circovirose Suína tem sido demonstrada em alguns estudos experimentais (especialmente com suínos Suínos & Cia

35


Sanidade • De subunidade baseada na proteína Cap, produzida no sistema de baculovírus – para aplicação em leitões no pós-desmame (Laboratório: Boehringer-Ingelheim).

Diante de casos da circovirose suína, não se recomenda a supensão do manejo de vacinas realizadas na granja. foto: Alberto Stephano

gnotobióticos) e a campo, porém outros estudos não a confirmam. Mesmo assim, apesar da controvérsia, existem razões suficientemente fundamentadas para se pensar que – em certas circunstâncias – a ativação do sistema imunológico através de vacinas, produtos estimulantes do sistema imunológico ou outras situações, poderia haver uma potencialização da Circovirose Suína em suínos infectados com o PCV-2. É por isso que se recomenda aos veterinários e suinocultores que considerem a determinação aproximada do momento da infecção pelo PCV-2, para que – nos casos onde a Circovirose Suína seja significativa – se possa reavaliar o momento ótimo para a aplicação de vacinas. Logicamente, em nenhum caso se recomenda que – diante de uma situação de circovirose suína – se suspenda a aplicação das vacinas utilizadas na granja, cuja retirada possa levar a um problema ainda mais grave do que a própria doença.

Vacinas Do ponto de vista vacinal, foram desenvolvidas algumas estratégias de vacinação contra o PCV-2, do ponto de vista experimental, que Suínos & Cia

36

incluem: vacinas inativadas, recombinantes, DNA e baseadas em clones infecciosos. Todas elas têm demonstrado certo efeito protetor, seja através da diminuição da intensidade das lesões linfóides características da Circovirose Suína, ou pela diminuição do número de animais infectados, uma vez desafiados com cepas de campo do PCV-2. Não obstante, o mais importante atualmente é a existência de, pelo menos, quatro vacinas (inativadas ou de subunidades) contra o PCV-2 no mercado mundial, algumas delas disponíveis apenas em alguns países. Três delas são para aplicação em leitões e uma delas em porcas. Concretamente, trata-se de vacinas: • Inativada, baseada em um vírus isolado no Canadá em 1998 – para aplicação em porcas (Laboratório: Merial); • Inativada, baseada em subunidades virais que incluem a porção ORF2 do PCV-2 e o restante do genoma do PCV-1 – para aplicação em leitões no período pós desmame (Laboratório Fort Dodge); • De subunidade, baseada na proteína Cap, produzida no sistema de baculovírus – para aplicação em leitões também no período pós desmame (Laboratório: SPC/Intervet);

Sem dúvida essas vacinas têm demonstrado resultados verdadeiramente espetaculares no controle dos sintomas da circovirose suína, em praticamente todos os países onde foram testadas. De fato, é bem possível que nenhuma outra vacina para suínos tenha apresentado um efeito tão evidente quanto à prevenção de uma doença, nas últimas décadas. Não obstante, é muito importante ressaltar que as mesmas têm gerado estes resultados no contexto de “doença diagnosticada”, ou seja, a disponibilidade de um diagnóstico certeiro antes da adoção de uma das vacinas tem sido uma das razões desse êxito. Por outro lado, também é muito importante destacar que, apesar da utilidade de uma vacina frente ao PCV-2, não se deve descuidar – em nenhum caso – da aplicação das medidas de manejo correspondentes, da presença de doenças concomitantes de modo a obter um controle eficaz da situação clínica na granja.

Genética Em relação ao efeito da genética, o mesmo baseia-se em observações de suinocultores e veterinários que constataram – de modo empírico – que a certas linhas genéticas, especialmente às relacionadas ao cachaço, se associavam maior ou menor incidência de circovirose suína nas fases de creche e engorda. Não obstante, nos dias de hoje existe muito pouca informação científica divulgada com relação a este tema, além do que seja bastante improvável que uma raça específica possa ser identificada como intrinsecamente resistente à circovirose. Os poucos estudos, nesse sentido, seriam os seguintes: • Na Espanha (estudo a campo): Confirmação da existência de um efeito significativo da linhagem genética paterna sobre a mortalidade Ano VI - nº 29/2009


Sanidade pós-desmame e a Circovirose Suína; este efeito estaria associado, aparentemente, à linhagem genética utilizada nas granjas de estudo e não a uma raça concreta. • Na França (estudo a campo): Não foi confirmado que a raça Pietrain, no caso do cachaço, produza um efeito protetor com relação ao desenvolvimento da Circovirose Suína. No entanto, deve-se entender como sendo a linhagem Pietrain concreta, utilizada no estudo. • Nos Estados Unidos (estudo experimental): Suínos da raça Landrace demonstraram maior intensidade lesional em órgãos linfóides, que os animais das raças Duroc ou Large White, frente ao desafio com o PCV-2. Portanto, os dados disponíveis indicam que existe um efeito associado à genética dos suínos, relativo ao desenvolvimento da circovirose suína. Este efeito, no entanto, ainda não foi totalmente esclarecido. Do ponto de vista prático e sempre que possível, sugere-se a mudança da linhagem genética paterna como tentativa adicional no controle da doença, em uma granja com graves problemas de circovirus.

Diagnóstico Outro ponto de interesse prático seria o diagnóstico da doença. Considera-se que um suíno ou um grupo de suínos como sendo positivos para a circovirose suína, uma vez confirmados os três critérios diagnósticos seguintes: 1) sintomatologia clínica representada por atraso no crescimento e refugagem, com dispnéia frequente e aumento de tamanho dos linfonodos inguinais superficiais; 2) presença de lesões microscópicas características nos órgãos linfóides: depleção linfocitária conjuntamente com infiltração histiocitária (granulomatosa), com presença variável de células gigantes multinucleares e corpos de inclusão intracitoplásmicos de PCV-2; 3) detecção do PCV-2 nas lesões dos tecidos linfóides dos suínos afetados, através de uma técnica de detecção viral que permita correlacionar a quantidade de vírus com a intensidade das lesões. Não obstante, atualmente se sabe que casos individuais de CS ocorrem em granjas onde a doença é um problema significativo, com elevada mortalidade pós-desmame, além de granjas com dados produtivos

muito bons e baixa mortalidade na creche e terminação. Portanto, apesar dos critérios diagnósticos individuais serem estritamente necessários para o estabelecimento do diagnóstico da circovirose suína, também é necessário uma definição da doença no contexto da granja, entendida como o conjunto dos animais. É por isso que se tem realizado esforços para o estabelecimento de uma definição diagnóstica da circovirose suína em granjas, considerando-se para tanto dois grandes critérios de diagnóstico: 1) Processo clínico caracterizado por incremento significativo do percentual de mortalidade e de leitões refugo na recria/terminação, considerando-se os níveis históricos da granja; 2) Diagnóstico individual da circovirose suína em um grupo de suínos da granja (aplicando os três critérios individuais previamente comentados). Atualmente existe um projeto de pesquisa, de âmbito europeu (incluindo também o Canadá), relativo às doenças associadas ao circovírus suíno (PCVD), que vem sendo trabalhado desde o final de 2004 em âmbitos distintos desses processos clínicos. Entre outros aspectos, este consórcio de investigação vem estabelecendo uma definição formal da circovirose suína em granja, que inclui os dois critérios mencionados anteriormente.

Agradecimentos

A confirmação da circovirose suína, se deve basear no processo clínico, percentual de mortalidade na recria e terminação e o diagnóstico individual e em grupos. foto: Alberto Stephano

Ano VI - nº 29/2009

O autor agradece o suporte financeiro dado aos estudos sobre a circovirose suína, o qual viabilizou as seguintes investigações do grupo de trabalho, realizadas nos 10 últimos anos: Projetos QLRT-PL-199900307 e 513928, do Quinto e Sexto Programa Marco da União Européia (www. pcvd.org), respectivamente; FEDER nº. 2FD97-1341; Ação Especial AGL2002-10252-E; Ação de Genômica e Proteômica GEN2003-20658 -C05-02 e Consolider-Ingenio 2010 (PORCIVIR). Suínos & Cia

37


Recursos Humanos

Quem é amigo e tem amigos vai perceber! Diz uma lenda árabe que dois amigos viajavam pelo deserto e em um determinado ponto da viagem, discutiram e um deu uma bofetada no outro. O outro, ofendido, sem nada poder fazer, escreveu na areia: “Hoje, o meu melhor amigo deu-me uma bofetada no rosto.” Seguiram adiante e chegaram a um oásis onde resolveram tomar banho. O que havia sido esbofeteado e magoado começou a afogar-se, sendo salvo pelo amigo. Ao recuperar-se, pegou um canivete e escreveu na pedra: “Hoje, o meu melhor amigo salvou a minha vida.” O outro amigo perguntou:“Por quê é que, depois que te magoei, escreveste na areia e agora, escreves na pedra?” Sorrindo, o outro amigo respondeu:“Quando um grande amigo nos ofende, devemos escrever onde o vento do esquecimento e o perdão se encarreguem de apagar a lembrança. Por outro, quando nos acontece algo bom e grandioso, devemos gravar isso na pedra da memória do coração onde vento nenhum em todo o mundo jamais o poderá apagar”. Só é necessário um minuto para que simpatize com alguém, uma hora para gostar de alguém, um dia para querer bem a alguém, mas é preciso de toda uma vida para que possa esquecê-lo. Formatado por Beth Norling



Sumários de Pesquisa Marrãs descartadas por falhas reprodutivas: Inter-relação entre causas específicas para descarte, dados reprodutivos e avaliação morfológica do trato genital Tem sido reportada uma grande variação quanto à idade para atingimento da puberdade em marrãs. Vários fatores incluindo raça, estação do ano, nutrição e manejo, são enumerados como capazes de influir nesta idade à puberdade. No caso da Tailândia, marrãs cruzadas (Landrace x Yorkshire) atingem a puberdade com 106 kg de peso e 13,0 mm de espessura de toicinho lombar em média. Na prática, as marrãs de reposição são geralmente cobertas no segundo ou subsequente estro observado, com aproximadamente 7 - 9 meses de idade. Em marrãs, a idade do pri-

Suínos & Cia

40

meiro cio observado está associada com o seu desempenho reprodutivo subsequente, longevidade, e razões para descarte. Marrãs com idade elevada à primeira concepção possuem longevidade menor e tendem a ser descartadas por falha reprodutiva. Foi sugerido que as marrãs de reposição deveriam ser cobertas antes dos 230 dias de idade e autores calcularam a idade ideal para a primeira concepção em marrãs como sendo 200 - 220 dias, quando o custo de alojamento e alimentação, desde a entrada até a primeira concepção, foi considerado. Qualquer retardo na idade para a primeira cobertura em marrãs aumenta os dias nãoprodutivos (DNP) da entrada no plantel até a concepção e influencia o desempenho reprodutivo subsequente. Na Tailândia, a idade retardada ao primeiro serviço foi relacionada ao atraso no atingimento da puberdade devido, pelo menos

em parte, aos efeitos do clima tropical. Em geral, 30% a 55 % das porcas são repostas anualmente por marrãs, ou seja, a proporção de marrãs no plantel é elevada e influencia a produtividade total do rebanho. Portanto, a seleção de boas marrãs de reposição é importante. Na prática, algumas marrãs são descartadas por várias razões antes de produzirem sua primeira leitegada. Na Tailândia, 47% de todas as marrãs descartadas ocorrem devido a problemas reprodutivos. Os problemas reprodutivos mais comuns incluem o anestro, retorno pós-cobertura, fêmeas vazias, descargas vulvares, aborto e problemas na primeira parição. Em um estudo precedente conduzido na Tailândia com animais de abate, 16,4% dentre 1000 marrãs selecionadas ao acaso, possuíam anormalidades no trato reprodutivo, incluindo más funções do ovário. O objetivo do estudo conduzido entre 2005 e 2006 por P. Tummaruk e colaboradores (Department of Obstetrics, Gynaecology and Reproduction, Faculty of Veterinary Science, Bangkok, Thailand) (Theriogenology, 2008, no prelo) foi investigar os órgãos genitais de fêmeas de reposição que haviam sido descartadas por falha reprodutiva e pesquisar a correlação entre o exame morfológico do trato genital e os dados reprodutivos, incluindo as razões do descarte, idade, peso e história reprodutiva das marrãs em condições tropicais. Ano VI - nº 29/2009



Sumários de Pesquisa Método: O estudo incluiu uma amostra aleatória de 200 órgãos genitais de seis rebanhos suínos na Tailândia, sendo analisados os dados históricos e as razões para o descarte. O exame morfológico macroscópico foi focado em normalidades e anormalidades dos ovários, bem como no restante do trato reprodutivo. Uma estatística descritiva e análise de frequência foram conduzidas para todos os parâmetros reprodutivos.

Resultados: Em média, as marrãs foram descartadas com 321,2 ± 51,1 dias de idade, com 145,3 ± 24,2 kg de peso. O primeiro estro das marrãs manifestou-se com 253,2 ± 32,7 dias e foram inseminadas pela primeira vez aos 268,2 ± 30,8 dias de idade. O intervalo entre a entrada no rebanho e o abate foi 96,9 ± 53,7 dias. As razões para o descarte incluíram o anestro (44.0%), descargas vulvares (20.5%), retorno pós-cobrição (15.5%), porcas vazias (10.0%) e outras causas (10.0%). Em valores globais, 50.5% das marrãs apresentaram órgãos genitais normais e 49.5% apresentaram pelo menos uma anormalidade. Anormalidades do ovário, oviduto, útero, cérvix e vagina-vestíbulo foram encontradas em 15.5%, 14.0%, 22.0%, 16.2% e 17.6% das marrãs, respectivamente. A anormalidade pós-mortem Suínos & Cia

42

mais comum incluiu endometrites (14.0%), cistos ovarianos (10.5%) e anormalidade congênitas do trato reprodutivo (8.0%). Dentre as marrãs descartadas por anestro, 52.2% eram pré-puberais. A maioria das marrãs descartadas devido à descarga vulvar ou repetição de cobertura havia ciclado (90.2% e 98.8%, respectivamente). As conclusões deste estudo indicam que o descarte de fêmeas de reposição na Tailândia resultou em aproximadamente 97 dias não produtivos e portanto, foi economicamente relevante. Como a maioria das razões para o descarte de marrãs foram causas adquiridas e assim presumivelmente manejáveis, uma ênfase maior deve ser colocada na identificação e eliminação dos fatores causais.

Efeito do alojamento sobre a fisiologia da porca durante a parição e início da lactação

A moderna indústria suinícola utiliza quatro tipos básicos de instalações para a parição de porcas: a cela parideira, a baia de parição, o alojamento em grupo confinado (indoor) e cabanas ao “ar livre”. Na Europa os mais utilizados são a baia e a cela parideira, a qual é largamente predominante. As celas ou gaiolas de parição foram introduzidas para preservar os leitões e para diminuir as perdas por esmagamento. Alguns estudos demonstraram que a manutenção das porcas em parideira reduziu o esmagamento mais do que o alojamento em baias, porém, vários outros estudos não encontraram essa diferença. Estudos sobre comportamento sugeriram que, próximo ao parto, as porcas em gaiolas demonstraram decréscimo de conforto, especialmente devido à falta de espaço para expressar o chamado “comportamento de fazer o ninho”. Em alguns desses Ano VI - nº 29/2009


Sumários de Pesquisa Método:

estudos, as porcas confinadas em gaiolas demonstraram maior estresse fisiológico com aumento do cortisol. Também foi demonstrado que na espécie suína o cortisol aumenta pela manhã e cai ao final da tarde/noite. Entretanto, porcas sob estresse crônico, como as porcas atadas, apresentaram grande redução na variação diurna, com o cortisol permanecendo elevado no final da tarde, em comparação com porcas livres de cintas. Assim, um decréscimo de conforto entre as porcas em gaiolas possuiria consequências diretas na parição propriamente dita. Possivelmente o primeiro fator a ser afetado pelo alojamento durante a parição seria a sua duração. Mas, se a duração do parto é principalmente regulada por hormônios, a fisiologia poderia também ser afetada. Durante a parição, a ocitocina tem um papel chave na regulação das concentrações miometrais, tendo nessa fase, um perfil complexo e pulsátil. O Ano VI - nº 29/2009

objetivo do estudo conduzido por C. Oliviero e colaboradores, (Department of Production Animal Medicine, Faculty of Veterinary Medicine, University of Helsinki, Saarentaus, Finland) recentemente publicado (Animal Reproduction Science 105, p. 365–37, 2008), foi determinar se o sistema de alojamento confinado em gaiola de parição afeta a duração do parto, com seus parâmetros hormonais associados, e também a mortalidade de leitões e seu desenvolvimento. De acordo com a prática comum, em muitos rebanhos as porcas são movimentadas para a maternidade já uma semana antes da parição. Frequentemente porque nesse momento, é introduzida uma nova dieta. As porcas com parição em baia, frequentemente recebem um substrato de palha para a cama, enquanto na cela parideira as porcas costumam ficar sobre um piso parcialmente ripado, sem uso de substrato para cama.

Os animais foram divididos em dois tipos de acomodação para o parto, sendo 20 porcas em baias (210 cm x 335 cm, enriquecida com palha para cama) e 18 porcas em cela parideira (80 cm x 210 cm) sem material para cama. Além das informações sobre a duração do parto, foram coletadas amostras de sangue no período A (desde o dia -5 antes do parto até o dia +1de lactação) e durante o período B (desde o dia +2 até +5 de lactação). Amostras de saliva foram coletadas para análise de cortisol por 5 dias antes e 5 dias após a parição. Dosagens de progesterona foram realizadas nas proximidades do parto, bem como, dosagens do pulso de ocitocina após cada expulsão, durante a parição.

Resultados: O tratamento não teve efeito no tamanho da leitegada, na mortalidade de leitões ao nascimento e ao desmame, no crescimento dos leitões entre os dias 1 e 5 de vida. Não foi observada diferença na concentração de cortisol entre os dois grupos durante o período A, mas foi encontrada diferença significativa no período B, onde o grupo em cela parideira teve maior concentração de cortisol do que o grupo com parição em baias. A concentração de progesterona não diferiu entre os dois grupos e a duração do parto foi em média 93 minutos mais longa nas Suínos & Cia

43


Sumários de Pesquisa porcas em celas parideiras, com a média de 311±35 minutos, do que nas porcas em baias, com a média de 218±24 minutos. Em adição, o intervalo médio de expulsão dos leitões foi maior nas porcas em parideiras, com uma média de 25±4 minutos, do que no grupo em baias com uma média de 16±2 minutos. Durante a parição, a média de pulsos de ocitocina pós-expulsão tendeu a ser maior no grupo em baias do que no grupo em gaiolas. A concentração de ocitocina afetou fortemente a duração do parto. Esse estudo demonstrou que o ambiente influenciou a fisiologia da porca durante a parição. Os autores concluíram que um alojamento que permita mais oportunidades da porca expressar seu “comportamento de fazer o ninho” abrevia a duração do parto. Parece que a concentração de ocitocina circulante durante a parição decresce nas porcas confinadas em celas parideiras, sem cama, e assim, prolonga a alta liberação de cortisol relacionada a esse fato.

Efeitos da suplementação de vitaminas na dieta e da frequência de coleta de sêmen sobre o perfil hormonal durante a ejaculação no cachaço Na inseminação artificial (IA) de suínos a maximização da produção de ejaculados de alta qualidade é de fundamental importância. Entretanto, pouco se conhece sobre o impacto dos fatoSuínos & Cia

44

res externos, como nutrição e manejo, sobre a produção de sêmen no cachaço e sobre a fisiologia e homeostase durante o processo de coleta de sêmen para IA. Nos cachaços é conhecida a produção de grandes quantidades e um largo espectro de esteróides sexuais, incluindo andrógenos como a testoterona, androstenediona e sulfato de hidroepiandrosterona. A testosterona é reconhecida como o hormônio primário requerido para manutenção da espermatogênese em ratos adultos e é um regulador da secreção de gonadotrofinas no cachaço. No macho a testosterona é transformada em estradiol no cérebro, por uma aromatase. Esta enzima está também presente nas células de Leydig do cachaço, mas aparentemente não nos demais mamíferos. O cachaço produz consideráveis quantias de estrógenos nas células de Leydig e possui a maior concentração de estrógenos circulantes do que machos da maioria de outras espécies. Nos cachaços , assim como nos touros, as concentrações de estrógenos são maiores no sêmen do que no plasma sanguíneo, enquanto o contrário é verdadeiro para andrógenos. A estrona e o 17-estradiol (E2) representam os principais estrógenos no plasma sangüíneo do cachaço e o E2 é importante em diferentes aspectos da reprodução do macho, como a maturação testicular, sobrevivência das células germinais e motilidade espermática. As gonadotrofinas são essenciais para o crescimento e desenvolvimento testicular

e para o suporte aos fatores testiculares necessários ao início e manutenção da espermatogênese. O hormônio luteinizante (LH) estimula a secreção de testosterona pelas células de Leydig e ambos esses hormônios têm um papel crítico na reprodução do cachaço. Também, o tamanho testicular e a produção total diária de espermatozóides são negativamente correlacionados com as concentrações do hormônio folículo estimulante no plasma (FSH). No suíno doméstico, em contraste com o suíno selvagem, a produção de esteróides não é considerada como sendo fortemente afetada pelo efeito estacional. Outros fatores como a nutrição, poderiam ser mais importantes. Por exemplo, o consumo de proteína pode afetar a produção espermática através de uma alteração da produção e/ou secreção de esteróides. Um outro estudo recente demonstrou que suplementos vitamínicos podem influenciar o desempenho reprodutivo de cachaços, particularmente durante o período de estresse induzido por coletas intensivas de sêmen. O experimento conduzido por I.Audet, e colaboradores (Dairy and Swine Research and Development Centre, Agriculture and Agri-Food Canada, Lennoxville STN, Canadá) (Theriogenology (2008), no prelo) objetivou caracterizar os perfis hormonais durante a monta e a ejaculação em cachaços e verificar a hipótese de que suplementos vitamínicos e diferentes regimes de coleta de sêmen influenciam o perfil hormonal. Ano VI - nº 29/2009

C

.

Y

$.

.:

CY

$.:

K


#PBS 1PXFS &TTFO $& QSPQBHBOEB QEG ".

SumĂĄrios de Pesquisa MĂŠtodo:

C

Para avaliar o efeito da dieta e de fatores de manejo sobre o status hormonal de cachaços durante a ejaculação, 39 machos foram canulados para determinar os perfis de LH, FSH, E2, e testosterona (T) no plasma sanguíneo e fluído seminal. Antes da canulação, 18 cachaços foram alimentados com uma dieta basal (controle), enquanto os demais receberam a dieta basal suplementada com vitaminas extras. Com cada regime de dieta, foram utilizados dois regimes de coleta de sêmen durante o período de três meses precedendo a avaliação hormonal: três vezes em duas semanas (3/2) ou três vezes por semana (3/1).

.

Y

Resultados:

$.

.:

CY

O Estradiol plasmĂĄtico foi

menor antes da ejaculação do que no início da ejaculação. A testosterona plasmåtica aumentou de 5.14, antes da ejaculação, para 5,87ng/ ml ao início da ejaculação, nos cachaços suplementados, enquanto decresceu nos controles (5.15 para 4.87 ng/ml). Ao desencadear a ejaculação o FSH plasmåtico era mais alto nos machos em regime de coleta 3/2 (0.436 ng/ml) do que no grupo 3/1 (0, 266 ng/ ml). Durante a ejaculação o LH plasmåtico aumentou linearmente desde 0.59 atÊ 0.10 ng/ml e entre a testosterona e o estradiol plasmåtico houve correlação (r = 0.62). O FSH plasmåtico antes e durante a ejaculação foi correlacionado negativamente com a produção espermåtica e peso testicular. Os autores concluíram que a dieta e os fatores de manejo tiveram pouco impacto nos perfis hormonais durante a ejaculação, mas a home-

ostase de alguns hormônios esteve relacionada com alguns critÊrios de desempenho reprodutivo nos cachaços. Vitaminas diårias fornecidas pelo Premix aos cachaços no tratamento Vitamina A (KIU)

100

Vitamina D (KIU)

10

Vitamina E (IU)

600

Menadiona (mg) Colina (mg)

10 4000

Ă cido PantonĂŞico (mg)

40

Riboflavina (mg)

100

Ă cido FĂłlico (mg)

40

Niacina (mg)

500

Tiamina (mg)

20

Pirodixina (mg)

60

Vitamina B12 (mg)

0.4

Biotina (mg)

5

50 g do premix foi fornecido na forma de top-dressing. Por: Paulo Silveira psouzadasilveira@gmail.com

$.:

K

Maximize o potencial genĂŠtico do seu reprodutor Boar Power MAX (L-carnitina, blend de mineral orgânico, vitaminas e ĂĄcidos graxos) t 0UJNJ[B B QSPEVĂŽĂ?P EF TĂ?NFO t .FMIPSB NPUJMJEBEF F WJHPS FTQFSNĂˆUJDP t "VNFOUB P WPMVNF EP FKBDVMBEP F OĂžNFSP EF FTQFSNBUP[Ă˜JEFT QSPEV[JEPT NM t 1SFTFSWB B RVBMJEBEF EP TĂ?NFO QPS BUĂ? IPSBT

Essen-CE (Vitamina C e E lĂ­quida) t .FMIPSB DBSBDUFSĂ“TUJDBT NPSGPMĂ˜HJDBT EPT FTQFSNBUP[Ă˜JEFT t "MUB FTUBCJMJEBEF OB ĂˆHVB t (BSBOUJB EF BCTPSĂŽĂ?P

Ano VI - nÂş 29/2009

BIOGENIC GROUP INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.

R. Licínio Maragliano - Santo Amaro – São Paulo –Suínos SP & Cia CEP 04753-130 – Tel. 11 5548-3154

45




Suinômetro Vamos recordar um pouco a história do suíno no planeta. Aproveite para recordar e ao mesmo tempo aprender um pouco mais a respeito da origem da espécie. O suíno apareceu na Terra há mais de 40 milhões de anos, sendo parte, portanto, da aristocracia pré-histórica do mundo animal. Desde a Idade da Pedra Polida (18.000 a 5.000 a.C), tanto o europeu como a população do Oriente Próximo já apreciava e consumiam a carne suína. Em nosso continente, os primeiros animais chegaram na região de São Domingos, na segunda viagem de Cristóvão Colombo, quando desembargaram oito suínos, que em seguida se expandiram por toda a América do Norte e Central, chegando até ao Equador, Colômbia, Peru e Venezuela.

1) Qual o nome científico do suíno? a) Sus Scrofa b) Suis javalo c) Javalis mediterraneo 2) Em que ano os suínos chegaram no continente americano? a) 1583 b) 1493 c) 1503 No Brasil os primeiros suínos chegaram através de litoral paulista em São Vicente, no ano de 1532. Passado alguns anos, no governo de Tomé de Souza, chegou à Bahia a galera “Galga”, com os primeiros animais domésticos. O suíno deveria ser um deles. O certo, é que em 1580, já havia grande população de suínos no Brasil, pelo menos em terras hoje paulistas e baianas. Porem na atualidade conhecemos que com a produção de suínos se tornou industrial e ocorreu migração da população para outros estados, principalmente para a região sul do pais. Devido à própria historia da colonização portuguesa, as raças enSuínos & Cia

48

tão existentes em Portugal, foram as primeiras a serem introduzidas e criadas no Brasil. Com a própria evolução os fazendeiros buscando melhores resultados começaram a se preocupar com o melhoramento genético das raças nativas efetuando cruzamentos entre essas raças já existentes e assim conseqüentemente originou a melhor e mais importante raça nacional. No século XX começou realmente o melhoramento genético daquelas raças, através da importação de animais de raças. O melhoramento genético mostrava-se inovador com a entrada dos primeiros animais híbridos na década de 70. Diversas raças foram difundidas pelo mundo, cada uma com sua característica predominante, altamente prolífera, conhecida como a raça dos quatros pernis.

a) Santa Catarina b) Minas Gerais c) Rio Grande do Sul

3) Qual é o nome do navegador que trouxe os primeiros suínos ao Brasil?

8) Quais foram as primeiras empresas de melhoramento genético a se instalarem no Brasil?

a) Pedro Alvares Cabral b) Martim Afonso de Souza c) Marechal Teodoro da Fonseca 4) Qual o estado do Brasil que mais produz carne suína?

5) Qual a principal raça nacional? a) Tatu b) Piau c) Canastra 6) Quais foram as primeiras raças importadas no país? a) As raças inglesas Berkshire, Tamworth e LargeBlack b) As raças chinesas Duroc e Poland c) Landrace e Large White 7) Quais são as raças mais antigas utilizadas no melhoramento genético? a) Landrace, Pietran, Berkshire; b) Large White, Duroc, Landrace; c) Large White, Large White, Pietran

a) Seghers e PIC b) PIC e Topigs c) Seghers e Pernalan O uso da Inseminação ArtiAno VI - nº 29/2009


Suinômetro ficial em animais iniciou-se com os árabes, que utilizavam coletar sêmen de seus melhores garanhões, para inseminar as éguas de suas tropas. Os Japoneses adotaram cedo essa prática, usando em suínos em 1948. Em seguida os ingleses também tiveram sucesso com a inseminação em suínos, em 1949. Mas somente após descobrirem que o sêmen se conservava em temperaturas mais baixas, na década de 50, é que seu uso tornou-se popular, principalmente na Europa, em países como Noruega, Holanda e Alemanha. O continente americano é responsável em 20% da produção de carne suína mundial, sendo o Brasil o 2° maior produtor das Américas. Nos anos 70 os produtores eram independentes e de pequeno porte e os sistemas de produção. Incentivado pelas empresas de genética e por grandes frigoríficos nos anos 80 o sistema de produção transforma-se, concretizan-

do o sistema de integração. Deixando de ser atividades familiares de subsistência e hoje são atividades tipicamente empresariais, devido ao domínio dos empresários rurais.

A

B

9) No Brasil, a inseminação em suínos, teve seu destaque a nível comercial a partir de que ano? a) 1995 b) 1986 c) 1975 10) Qual é o número de matrizes no território brasileiro? a) 800 mil matrizes b) 1 milhão e 500 mil matrizes c) 3 milhões e 200 mil matrizes

Ano VI - nº 29/2009

B

A

B

A

a) Maior que 40 Kgs b) 25 Kgs c) 70 Kgs Some suas pontuações, verificando quantas questões A você assinalou, quantas questões B e C.

11) Qual a porcentagem da participação das três principais agroindústrias que representam aproximadamente quantos porcentos do plantel de matrizes brasileiro?

B

Atualmente a carne suína é a proteína de origem animal mais consumida no mundo, representando 39% do total desse consumo. A China hoje consume 49.650 mil toneladas. 12) Qual é o consumo per capita da carne suína no continente europeu?

Questão

A

B

C

Nº assinalados Por: Deborah Gerda de Geus

C

Se você assinalou mais quesSe você assinalou mais questões tões A, seu suinômetro está em tem- B demonstra que sua temperatura peratura ideal. Mostrando que você está amena, porém deve manter mais não apenas trabalha com suíno, mas entusiasmo no que faz, buscando cada que conhece sua história. Parabéns vez mais conhecimento no que atua. isso evidencia a importância da suinocultura em sua Gabarito rotina, e com certeza faz a 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 diferença na sua carreira. A

a) 45% b) 33% c) 28%

A

A

C

B

B

Se você assinalou mais questões C sua temperatura está baixa, precisando ser aquecida o mais breve possível. Para isto é recomendado que leia mais sobre o assunto e na próxima estará mais afiado. 12 A

Suínos & Cia

49


Dicas de Manejo Os dez pontos mais importantes para melhorar os índices reprodutivos As falhas reprodutivas são os principais fatores que afetam o tamanho da leitegada, taxa de parição e redução do número de leitões desmamados por porca/ano, subutilizando assim a capacidade reprodutiva da fêmea suína. Porém, alguns manejos reprodutivos podem ser realizados a fim de maximizar o desempenho das fêmeas. Vamos conferir abaixo quais as principais dicas que diminuem o impacto econômico e mantêm um desempenho com ótimo índice reprodutivo na granja.

A influência da genética é um importante fator que determina o aumento do número de leitões nascidos. Adote um programa genético seguindo uma linha, fêmeas híbridas principalmente (F1) produzem 0,6 a 0,7 leitões a mais que as puras.

Manter um rigoroso controle de qualidade do sêmen, estabelecer um protocolo de controle de qualidade, desde a coleta até o seu uso. Efetuar um programa de reposição dos reprodutores entre 40 -50 % ao ano, evitando perdas de melhoramento genético e preservação da qualidade das doses de sêmen.

Suínos & Cia

50

Ano VI - nº 29/2009


Dicas de Manejo As fêmeas de reposição requerem cuidados especiais, lembrando que são as futuras reprodutoras. Oferecer alimentação com adequados níveis nutricionais nas diferentes fases que garantam um crescimento contínuo sem variações, evitando o comprometimento de seu desempenho. Da mesma forma, evitar superlotação no grupo, disponibilizar espaço suficiente para desenvolvimento muscular e aparelho locomotor.

Na seleção da futura reprodutora, avaliar características físicas que contribuem para o sucesso da matriz. O aparelho mamário deve dispor no mínimo de 7 pares de tetas, integridade do aparelho locomotor (articulações e cascos)e vulva de tamanho normal e desenvolvida.

Invista na educação continuada de todos que compõem a equipe de gestação. Manejos eficientes dos animais de reprodução podem facilmente produzir fertilidades acima de 90 % e mais de 14 leitões nascidos. Da mesma forma que manejos inadequados e pessoas despreparadas podem elevar exageradamente os custos de produção pela perda de produtividade.

Ano VI - nº 29/2009

Suínos & Cia

51


Dicas de Manejo

Machos saudáveis e com libido são fundamentais para estímulo e diagnóstico de cio. Estabeleça um adequado programa de monitoria e preservação de saúde desses animais. Da mesma forma, estimule os mesmos efetuando no mínimo uma monta por semana.

Proporcionar temperaturas amenas, entre 18 a 22°C, durante a fase de gestação diminui as perdas embrionárias e abortos.

Preservar o período de lactação. Desmamar a fêmea suína com idade mínima de 21 dias ajuda na recuperação uterina e proporciona mais leitões nascidos no parto seguinte. O desmame precoce, quando praticado com menos de 21 dias, reduz de 0,6 a 0,8 leitões no parto seguinte.

Manter o histograma de parto equilibrado entre a população de fêmeas. Efetuar o mesmo número de cobertura semanalmente, introduzir constantemente fêmeas de reposição devidamente preparadas e descartar as mais velhas e improdutivas a cada semana.

Suínos & Cia

52

Partos

0

1

2

3

4

5

6+

Total

Máx

20

18

17

16

15

12

12

110%

Min

18

16

15

14

13

10

4

90%

Ano VI - nº 29/2009


Dicas de Manejo Alimento e alimentação são fundamentais para manutenção da adequada condição corporal. Manter comedouros e bebedouros apropriados a cada fase dos animais. Oferecer alimento nobre, livre de fungos e micotoxinas, fresco, com controle de qualidade e quantidade preserva a saúde dos animais de reprodução. Elevado ou baixo consumo durante a gestação comprometem os resultados reprodutivos. Na fase de lactação, o baixo consumo de alimento, principalmente em primíparas e fêmeas fracas, afetam diretamente a taxa de parição e o tamanho da leitegada subsequente. A ingestão de água também é fundamental na produção de leite. Nessa fase se recomenda o consumo mínimo diário de 40 litros. Oferecer água limpa, fresca e à vontade. A manutenção dos bebedouros deve ser constantemente praticada, evitando desperdícios.

O piso das instalações deve ser impecável para evitar acidentes que comprometam a saúde dos cascos e do aparelho mamário. Problemas de cascos podem levar à perda de consumo durante a fase de lactação. Como também a presença de lesões no aparelho mamário compromete a saúde da fêmea lactante e consequentemente, o desenvolvimento dos leitões.

Ano VI - nº 29/2009

Suínos & Cia

53


Divirta-se Encontre as palavras

• Seringa • Agulha • Caixa isotérmica • Cachimbo • Gelo reciclável • Vacina • Dosador • Aplicador • Termômetro • Algodão • Álcool

Á M V R G A M V R T P A O S I O U T E R M Ô M E T R O V R G

S L F F R S N F Q D W L G D R D T D F R S M Z F E S N F F R

D C C G T S J R G T D J R U T D J R C T D J N O T D J R G T

F S T O Y Q I T V A Z M X N L S V R B S N R X L Y F I T V Y

A T G C O P O C I D Y D K C H H U G C H V I E C R G U G C H

H A B X N L H G R N H H B X N H A B X N M F C A N K H B Z N

J X B D B T B E K B J B N D B J B N D B J B B I B J I M D B

K F H S V E V L A P L I C A D O R H E V K V V X V K X J E V

L N Y Q A Z G O J F L G Y W F L G Y W F L G A A N L G Y A F

P G U C C D Y R G G P Y U S G P Y U S G P Y K I C O A U C H

Q S J W I D O E O H O T J Z H O T J Z H O T E S H O V J S H

O F M P N W F C D J I F M X J I F M X J I F M O J I F B L J

W G K E A R C I O M U C K A M U C K A M U C K T M U R K D M

E Z P I N Y X C T N Y X I Q N Y X I Q N Y X I É N C K I S N

R D I R K T D L J K T D O W K T D O W K T D O R L T S O F W

O D L F V B S Á M L R R L A L R R L A L R R L M L R E L E J

T E T Y A I E V I P E E P S P E E P S P E E O I P E R D G O

A S P F O C T E E O W S P D O W S P D O W S P C O W I P R C

Y Z O E C Q F L Q I Q Z O E I Q Z O E I Q Z O A I E N S H H

R A I R U G A I A U Z A I R U Z A I R U Z A I R H Z G I T A

U Q S F R X N L D J X Q L F J X Q L F J X T L T J M A L J T

C W K M K C W H U K C W K C K C W K C K C W R C R C Y K L O

I A A X C Q A J R H V A J X H V A J X H V D J N H F L J K S

L D U Z G A Z U A H B Z L Z G B Z U Z G S Z H Z G B F U O G

O X N A F W C N A F L X N G F N X N A D N D O S A D O R A F

R S M Q C R S H Q C M N M Q O M S M H C J S M Q C M B M C C

L W B W D L W B I D K S H A G D W B W R L W B W D L D B W D

D R T T R Y I U A M H E H E X P Ã H E X P E H E X P D H E X

O D Y D S O D Y D S B D Y D C T L O B O R F D H R O D Y D S

K C T H A J A K H L D O R F Z K C T F Z K C T F Z K C T F Z

Respostas na página 56

Para realizar adequado programa de manejo de vacinação alguns materiais são necessários. Vamos encontrá-lo?

Jogo dos 7 erros

Suínos & Cia

54

Ano VI - nº 29/2009


Divirta-se

Labirinto

Resposta na página 56

A bolsa de valores está em baixa. Vamos ajudar o porquinho a encontrar suas reservas?

Ano VI - nº 29/2009

Suínos & Cia

55


Divirta-se s a r v a l a p s Encontre a

K L D O L O R U C I R D C R W Y S T A D X Y T E R O Q W A M B T Q O W S Z A A U N H K L P D D E I S K W T D A H J F G Z O Q F S P A D G T Z L X A Á S F N K P I R F M D R S T A X E M C S J F F C U Y G M L R F K C O J B H Y P E I C U R R L Y T G B W O W C C A A F Q V Q V D S I D A A N K G X C O C X C S W I C Q C I N R F G Y K W A Z B V A Y T B N U N R A B O F W H Y E T Z D D J U N G R T X D S A D H L T E I L H C I P F L Q Q O E A Y V A S S U R A B V G C L Á M S L Q A D I O H E C I F C D M I E D L O R M N J K H H O T J K H B C G E I U J D M T O L O R G P B V F K L C V D O K A J J M N Q Z X N S E V I R H X W G G E Z Q F R A R R W B P U Y T H H Y Z A Q A D N P O I J L N M R E S F T D T J L L I L K C X D A E D Z Y H Y T F P P O Z G Q G L X Z I P W D C O C I F X H B K R G D E M O J M F D G Y U A S A L J J K H P T K B N C A Q W U D K I X M X Z O N S B L P O G R D A W X C V Ã L C M N K N C X X S W W Q Z G H J T S D U T R E W A Z B D F B H O I U Y Z A Q M L H N O S N T P E U R L I K J B F J O X D R O I L H W E S H H T F C P A D Y P Z D G L X Z O C O B R R X O E R F M K I V U A G D C Y U J A S D U T J J K H P R K B N H A Q W U L G I X J R Z S P O S N T D R F C D E W N K L X C V S W E B C X H J M W Q Z D Z D T E F C V F G T R E A T W B H D I U Y H N B Z M S O S O T P E H F R R R J D R J K L W E H F C X O I L Q N V M T P S D Y Z O S M C N R Z I O L B V G A R T C D X R I F E M K C A J I K G M A H M K Ô R B V H J R L P O O T É X E C P O I B D M A I S M Z N N L L M C F D D C A I X Z M D C J E B L C H E W F O T E F O B V N C T R A Y L B H Y Y R N I N G O I U J U R M F T E T K L O S E R I L K W E D G K J F R K S C F V P A D A K O Z R S X G O L D T J L D X S U H I B K I H C I J R F J U G G O N O S S F E M J Y H A T T G B S L D C R C O F A J V D E M N W V C Z H H J R F G B V F Y H N G R T

Jogo dos 7

erros

Labirinto

Suínos & Cia

56

Ano VI - nº 29/2009




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.