Revista Técnica da Suinocultura
&cia
SUÍNOS
CONHEÇA A NUTRIÇÃO DO FUTURO. CONHEÇA A QUALISUI HD.
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Editorial
A
tualmente, devido às condições climáticas e à escassez de chuvas, há sérios e terríveis problemas de falta de água. Sem dúvida, cabe a cada um de nós fazer a nossa parte para evitar qualquer tipo de desperdício. Como em outros segmentos do setor produtivo, na suinocultura também existem algumas situações que podem passar por revisão de processos para ajustar o necessário, evitando perdas e desperdícios. Aplicando, na prática, o sábio e velho ditado: “água: sabendo usar, não vai falar”. O período no qual a suinocultura se encontra é altamente competitivo. Vale a pena refletir sobre as possíveis oportunidades que existem para favorecer as tomadas de decisões que podem superar qualquer tipo de dificuldade, caso ocorra alteração de mercado. Para isso, a atual edição de Suínos & Cia traz aos seus leitores diversos assuntos que podem colaborar para a elaboração do planejamento estratégico, com o objetivo de otimizar os resultados. Nesta edição, confira as recentes informações técnicas abordadas no último resumo do 23° Congresso da Associação Internacional de Veterinários Especialistas em Suínos (IPVS), que relata os mais importantes temas científicos da atualidade. Aproveite, ainda, a completa revisão sobre a Influenza A, que pode estabelecer programas e estratégias na prevenção e controle dessa importante enfermidade respiratória que acomete os suínos, causando consideráveis perdas econômicas. Revise seus processos e procedimentos na editoria de dicas de manejo, que contempla as possíveis medidas e estratégias que podem melhorar os resultados de nulíparas e primíparas, evitando a síndrome do segundo parto e aumentando a longevidade dessa categoria de fêmeas no plantel. Não perca também a oportunidade de conhecer os avanços na linha de pesquisa de empresas que inovam por meio de entrevistas, no informe publicitário. Aprenda se divertindo com os instrutivos jogos dessa edição. Enfim, nesta maravilhosa leitura encontre soluções das possíveis oportunidades que existem em cada segmento e em cada granja. Sem dúvida, na maioria das vezes, é exigido pouco investimento, mas são oferecidos breves e positivos retornos que se traduzem em rápida melhoria de resultados. Boa leitura! As editoras
Índice
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Entrevista
8
Nutrição
Maria Nazaré Simões Lisboa
Possível utilização de quitosano na alimentação de leitões
14 Nutrição
Água de bebida para porcas em fase de reprodução
24 Sanidade
Sobrevivência dos patógenos no ar: fator crítico ou de risco?
30 Entrevista
Professor e Dr. Alberto Stephano
32 Revisão Técnica
Resumo do 23º Congresso da Associação Internacional de Veterinários Especialistas em Suínos (IPVS)
18
Capa
Sanidade
Transmissão do vírus da influenza A em populações de suínos
Revista Técnica da Suinocultura
&cia
SUÍNOS
A Revista Suínos&Cia é destinada a médicos-veterinários, zootecnistas, produtores e demais profissionais que atuam na área de suinocultura. Contém artigos técnicocientíficos e editorias instrutivas, apresentados por especialistas do Brasil e do mundo.
54 Sumários de Pesquisa 58 Aconteceu
Curso de capacitação em reprodução
60 Informe Publicitário
Os benefícios da vacina contra a influenza no Brasil
64 Informe Publicitário
Como manter a performance dos leitões mesmo com a substituição da proteína plasmática?
66 Informe Publicitário
PigMoney - Novo olhar por meio de cenários
68 Dicas de Manejo 78 Divirta-se Jogo dos 7 erros Encontre as palavras Teste seus conhecimentos Labirinto
80 Recursos Humanos Aos que não sabem ouvir
Editora Técnica Maria Nazaré Lisboa CRMV-SP 03906 Consultoria Técnica Adriana Cássia Pereira CRMV - SP 18.577 Edison de Almeida CRMV - SP 3045 Mirela Caroline Zadra CRMV - SP 29.539
Ilustrações Roque de Ávila Júnior Departamento Comercial Mirela Caroline Zadra dtecnico@consuitec.com.br Jornalista Responsável Paulo Viarti MTB.: 26.493
Projeto Gráfico e Editoração Dsigns Comunicação dsigns@uol.com.br
Atendimento ao Cliente Mirela Caroline Zadra dtecnico@consuitec.com.br
Impressão Gráfica Silva Marts
Assinaturas Anuais Brasil: R$ 160,00 Exterior: R$ 180,00 Mirela Caroline Zadra dtecnico@consuitec.com.br
Administração, Redação e Publicação Av. Fausto Pietrobom, 760 - Jd. Planalto Paulínia - SP - CEP 13.145-189 Tel: (19) 3844-0443 / (19) 3844-0580
A reprodução parcial ou total de reportagens e artigos será permitida apenas com a autorização por escrito dos editores.
Entrevista
G
raduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Mestre em Patologia e Produção Suína pela Universidade Autônoma de Barcelona. Médicaveterinária responsável pela Consuitec (empresa de consultoria técnica em suinocultura) e pelo Centro de Patologia Animal - Laboratório CEPPA (Diagnóstico em Patologia Suína) e Editora Técnica da Revista Suínos e Cia. É consultora na área de produção, sanidade e reprodução suína e presidente da 8ª edição do SUINTER.
Maria Nazaré Simões Lisboa
SUINTER 2015 “Evolução: produção em foco” Um pouco da história do evento
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Idealizado em 2005, o Simpósio Internacional de Produção Suína -SUINTER-, que acontece a cada dois anos, vem crescendo e se fortalecendo por meio de suas bases técnica e científica, sendo indicado como um dos melhores eventos técnicos da suinocultura.
Nossa missão é o respeito aos participantes e à atividade, que, sem dúvida, são as principais causas que contribuem para o crescimento e a qualidade desse evento Suínos&Cia | nº 52/2014
A cada edição, a comissão organizadora tem como foco surpreender sempre, de forma inovadora e consistente, seus patrocinadores e participantes. Este é um evento técnico que busca os mais modernos conceitos da ciência para sua aplicação prática, desde os mais simples aos mais sofisticados sistemas de produção suína. O programa científico e o formato do evento vêm sendo, há mais de um ano, cuidadosamente discutido entre diversos especialistas da suinocultura nacional e internacional. Este trabalho de equipe tem marcado a história do SUINTER em todas as suas edições, reunindo especialistas de grande expressão da suinocultura mundial. Nossa missão é o respeito aos participantes e à atividade, que, sem dúvida, são as principais causas que contribuem para o crescimento e a qualidade desse evento. A expectativa para 2015 é reunir um público ainda maior e seleto das diferentes regiões do Brasil e de outros países.
Entrevista
Entrevista com a presidente do 8° SUINTER Nesta entrevista, a presidente do 8° SUINTER, Maria Nazaré Simões Lisboa, fala sobre as propostas e as novidades deste importante evento técnico da suinocultura, que acontecerá em junho de 2015. S&C - Onde e quando será realizada a 8ª edição do Suinter, em 2015? NL - Como se tornou um ponto de encontro, mais uma vez será realizado em Foz do Iguaçu, no Paraná, de 9 a 11 de junho, no Hotel Rafain Palace. As belezas das cataratas e do local agradam a todos
S&C - Por que o e tema “Evolução: produção em foco”? NL - A evolução faz parte de nossa rotina no mundo globalizado. O sistema de produção cresceu, e muitas empresas ainda tratam seus sistemas de forma tradicional, por unidade, e não como um todo, envolvendo a prevenção, no caso, a medicina preventiva. Sem dúvida, esse é o caminho que mantém e melhora a performance, além de proteger o plantel contra surtos de doenças, predispondo-o à vulnerabilidade da produção. Conhecendo como o impacto econômico de determinadas doenças pode afetar a produção, decidimos evoluir e envolver, de forma profunda, experiências práticas e aplicáveis com base na ciência, que certamente poderão ser aplicadas no atual sistema de produção suína. Essa é uma proposta que permitirá conhecer e trocar experiências com especialistas que conseguiram avaliar economicamente como a organização de um fluxo de produção pode influenciar na melhoria dos resultados e promover a saúde de uma população.
S&C - Que público esperar neste evento? NL - Todos os profissionais que lidam com produção suína. Quando se trata de produção, todos têm sua participação, investidores, engenheiros, gestores, líderes, veterinários, zootecnistas, técnicos agropecuários, enfim, todos os profissionais que realmente estão ligados, dia a dia, a todos os segmentos da produção suína.
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S&C - Como será o modelo do evento? NL - Teremos palestras com especialistas e discussões técnicas que permitirão o intercambio de informações. Lançaremos, em paralelo, apresentação de casos, experiências de campo, com histórico, impacto e soluções. Dessa forma, poderão se discutir diferentes experiências, de uma forma dinâmica e moderna. No mais, aguardem as surpresas que o evento lançará nos próximos meses. Sem dúvida, estaremos utilizando a atual tecnologia da informação.
S&C - Por que realizar o evento em Foz do Iguaçu?
S&C - Qual é a sua mensagem para atrair os participantes?
NL - Como se trata de um simpósio internacional, temos de agradar a brasileiros e estrangeiros. As belezas das cataratas e do local agradam a todos. No último simpósio fizemos uma avaliação do evento, e mais de 70% dos participantes foram unânimes ao afirmar que o evento deveria permanecer em Foz do Iguaçu. Além das belezas naturais, existe facilidade de acesso, infraestrutura, viabilidade econômica e tradição na produção de suínos.
NL - Um lugar maravilhoso, temas da atualidade e aplicáveis nos mais simples ou sofisticados sistemas de produção. Uma estrutura incrível em uma linda cidade. Simplesmente, mais um evento memorável. Assim será a edição do SUINTER 2015, que, em virtude da atual circunstância, colocará a evolução que estamos vivendo constantemente no mundo moderno, focando a produção suína em toda a sua essência. Participem. nº 52/2014 | Suínos&Cia
Nutrição
Possível utilização de quitosano na alimentação de leitões Valentino Bontempo Vittorio Dell’Orto Giovanni Savoini Departamento de Ciências Veterinárias para a Saúde, Produção Animal e Segurança Alimentar Universidade de Milão, Itália summa@pointvet.it
A
atual pesquisa finalizada a fim de promover a saúde intestinal, reduzindo o uso de antibióticos na fase de creche, propõe continuamente novas soluções. Já há alguns anos o uso de quitosano desperta interesse. É um derivado da deacetilação da quitina, que depois da celulose constitui o mais abundante biopolímero presente na natureza. De fato, além de constituir o exoesqueleto de insetos e crustáceos (15% a 20% do peso), a quitina é sintetizada por vários tipos de fungos e leveduras, fazendo parte da parede celular dos mesmos (Wang e Zhang, 2004).
8
Características químicas Do ponto de vista químico, trata-se de um polissacarídeo linear constituído da D-glucosamina e N-acetilglucosamina e insolúvel em água devido à estrutura celular rígida e às forças intramoleculares
Promover a saúde intestinal, reduzindo o uso de antibióticos na fase de creche, propõe continuamente novas soluções Suínos&Cia | nº 52/2014
das ligações de hidrogênio (Crini, 2005; Goiri et al.; 2010). O processo industrial atualmente utilizado é o que se inicia a partir da quitina purificada obtida de descarte de processamento de crustáceos, mas também de outros organismos vegetais que receberam a aprovação para o procedimento, como o Novel Foods, na União Europeia, considerado idêntico ao produto de origem animal. Uso do quitosano Atualmente, o quitosano encontra várias aplicações, seja no campo industrial ou na produção de itens dietéticos. No campo industrial, o quitosano é produzido e usado na purificação de águas marinhas, aproveitando a sua capacidade de ligação a compostos oleosos. Estas características deixam o quitosano como uma substância particularmente interessante não só para o meio ambiente, mas também como auxiliar da saúde humana. Embora o organismo não seja capaz de digerir esta “fibra”, a capacidade que ela tem de absorver gorduras e favorecer a eliminação delas com as fezes, é aproveitada em muitos produtos destinados a pessoas obesas ou com elevados níveis de triglicérides e colesterol, assim como outros produtos, como fitosteróis, fitostenóis, betaglucanos e amidos resistentes (Yao et al.; 2008). Na realidade, o quitosano não provoca uma redução quantitativa da absorção de gorduras, mas somente uma diminuição da velocidade temporal da absorção. Um estudo realizado durante oito semanas em mulheres obesas demonstrou que não existem diferenças significativas dos níveis de colesterol e nenhuma diferença de peso entre os grupos tratado e controle (placebo) (Wuolijoki et al.; 1999). Sempre no campo humano, o quitosano encontrou ampla utilização na formulação de produtos oftálmicos, nasais, orais e, em geral, aqueles que ajudam a eliminação de produtos
Nutrição
farmacêuticos graças à sua característica de mucoadesividade. Segundo alguns autores, o quitosano poderia ser útil também em casos de insuficiência renal crônica, contribuindo para a redução dos níveis de uréia e creatinina. Outros autores evidenciaram outras atividades biológicas, em especial como anti-inflamatórios (Benhabiles et al.; 2012), antimicrobiana (Limam et al.; 2011) e imunoestimulantes (Okamoto et al.; 2003; Moon et al.; 2007; Yin et al.; 2008). Em particular, em relação à propriedade antibacteriana, o quitosano é proposto também para o desenvolvimento de embalagens e confeccionamento de alimentos, com a finalidade de aumentar o prazo de validade, um melhoramento da segurança microbiológica e das propriedades sensoriais, sem interferir nas características organolépticas e nutricionais do alimento (Aymerich et al.; 2008). Efeitos no suíno Recente pesquisa conduzida em leitões desmamados aos 35 dias de vida, alimentados com dietas com crescentes níveis de quitosano (de 0 a 2.000 ppm), Xu et al. (2013) demonstraram aumento de peso e de melhor crescimento ponderal diário durante as quatro semanas da prova, identificando a inclusão de 500 mg/kg como dosagem ótima. O aspecto mais curioso desta avaliação é em relação à idade de desmame dos leitões, que é mais tardia, quando comparada com a idade frequentemente praticada. Todavia, outra pesquisa, no qual leitões desmamados aos 16 dias de vida foram utilizados e alimentados com dietas de até 400 mg/kg de quito-oligossacarídeos (mistura de 5 oligomeriderivados da hidrólise química e enzimática do quitosano), apresentou resultados análogos em relação ao melhoramento de ganho de peso, principalmente nas dosagens de 100 e 200 mg/kg (tabela 1.) (Liu et al.; 2008).
O aspecto mais curioso desta avaliação é em relação à idade de desmame dos leitões, que é mais tardia quando comparada com a idade normalmente praticada Dadas às características químicas, o quitosano poderia agir como substrato de crescimento seletivo de populações da flora microbiana intestinal mais favoráveis, assim como os oligossacarídeos não digeríveis (MOS, FOS, galato-oligossacarídeo, inulina, etc.), criando ótimas condições à saúde intestinal.
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Sabe-se, entretanto, que a saúde intestinal é condicionada além do equilíbrio da flora intestinal, levado a uma população bacteriana “benéfica”, da integridade da mucosa intestinal e do componente linfoide do GALT (Gut Associated Lymphoid Tissue), que garantem uma adequada capacidade imunitária. Os estudos realizados com quitosano demonstraram também um papel de proteção no confronto da mucosa intestinal. Xu et al. (2013) observaram um melhoramento das características morfométricas da mucosa intestinal com um aumento da proporção do comprimento das vilosidades: profundidade das criptas em vários tratos intestinais (tabela 2).
Tabela 1. Efeitos da administração de diferentes concentrações de quito-oligossacarídeos (COS) sobre os resultados zootécnicos de leitões desmamados aos 16 dias de vida COS, mg/kg Ctr
100
200
400
Clortetraciclina, 80 mg/kg
4,7
4,7
ab
Peso vivo, kg -0 d
4,7
-21 d
10,7
GPD, gr/dia
4,8
4,7 a
11,2
11,3
11,0
11,3a
285c
307ab
315a
296bc
315a
Consumo alimento, gr/dia
436b
454a
460a
438b
463c
Índice de conversão
0,66
0,68
0,69
0,68
0,68a
b
b
a
a
a
a
a-c: P<0,05 (liu et al., 2008)
nº 52/2014 | Suínos&Cia
Nutrição
Tabela 2. Efeitos da administração de quitosano sobre as características morfométricas da mucosa do intestino delgado de leitões desmamados % quitosano, mg/kg
14 dias
100
500
Altura vilos, um
501,69
510,43
535,50
0,279
Profundidade criptas,um
443,29
431,66
398,24
0,211
1,14
1,18
1,35
0,040
Altura vilos, um
496,48
505,54
554,09
0,224
Profundidade criptas,um
474,07
465,96
411,01
<0,001
1,05
1,09
1,35
0,006
Altura vilos, um
533,41
549,04
574,02
0,089
Profundidade criptas,um
389,54
355,26
340,99
0,413
1,37
1,57
1,68
0,055
Altura vilos, um
473,75
528,36
567,22
0,074
Profundidade criptas,um
415,46
411,51
367,88
0,006
1,14
1,29
1,54
0,008
Altura vilos, um
373,80
410,67
457,47
0,001
Profundidade criptas,um
336,90
309,93
286,60
0,025
1,12
1,33
1,61
0,001
Altura vilos, um
370,64
415,26
442,17
0,009
Profundidade criptas,um
373,08
337,41
315,68
0,034
0,99
1,23
1,40
0,006
Vilos: criptas
Duodeno 28 dias
Vilos: criptas 14 dias
Vilos: criptas
Jejuno 28 dias
Vilos: criptas 14 dias
Vilos: criptas
Ileo 28 dias
Vilos: criptas
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Deste modo criam-se condições para um aumento da superfície de absorção dos produtos da digestão, que viriam, portanto, a ser mais disponíveis às exigências de crescimento dos leitões (Kim et al.; 2012). Simultaneamente, as células presentes nas criptas intestinais apresentariam um volume mais reduzido devido à menor necessidade de substituição das células presentes em correspondência das vilosidades, enquanto estes se encontrariam menos danificados das atividades tóxicas produzidas pelas bactérias intestinais patogênicas. Tais resultados são também confirmados por outros autores, que, depois da administração de quito-oligossacarídeos, observaram, em geral, um melhoramento das características morfométricas do íleo e do jejuno, além do aumento da concentração fecal de lactobacilos e redução simultânea da concentração de E.coli (Liu et al.; 2008). Os efeitos benéficos dos polímeros de quitosano sobre as características morfométricas da mucosa intestinal poderiam ser causados pela elevada presença de N-acetilglucosamina, que se ligaria aos patógenos presentes no intestino, impedindo a adesão destes às células que revestem a mucosa. É necessário recordar que o N-acetilglucosamina é um componente do extrato mucopolissacarídeo que reveste a mucosa intestinal. As mucinas Suínos&Cia | nº 52/2014
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e as glicoproteínas associadas aos cílios do epitélio intestinal têm uma importante função de barreira, que protege a delicada superfície de absorção da ação abrasiva do alimento, da colonização bacteriana e das toxinas. A mucina produzida pelas células caliciformes é secretada a partir de irritação da superfície de contato em que acontece a absorção. Eventuais alterações qualitativas do extrato de muco ou uma redução da sua presença devido a variações da atividade proliferativa e de diferenciação das células da mucosa poderiam favorecer uma mais rápida difusão e maior adesão de substâncias indesejáveis à membrana apical dos enterócitos. Poderia-se, então, pensar que os polímeros de quitosano, assim como outros oligossacarídeos não digeríveis, possam aumentar a capacidade de defesa da mucosa intestinal contra agentes patogênicos sem que estes provoquem um excesso de produção de muco, que, se de um lado aumenta a camada protetora da mucosa intestinal, por outro torna mais difícil o processo digestivo e de absorção de nutrientes. A maior disponibilidade de nutrientes pode ser a explicação para o aumento de concentração sanguínea de GH e IGF-I, que, como sabemos, influenciam o desenvolvimento do sistema muscoloesquelético, com efeitos diretos e
Nutrição
indiretos do metabolismo proteico, de lipídios e de carboidratos (Xu et al.; 2013). Foi evidenciada a função de proteção da barreira da mucosa intestinal, assim como os componentes mecânicos, químicos e bacteriológicos e também um componente importante do tecido linfoide, de modo a constituir uma específica estrutura denominada GALT (Gut Associated Lymphoid Tissue). Com tais componentes imunológicos, as bactérias intestinais ou antígenos de origem alimentar interagem modularmente sobre os vários componentes imunitários (Godderis et al.; 2002). Resumindo, a resposta imunitária intestinal inicia-se nas placas de Peyer, nas quais as células especializadas (células M) localizadas no epitélio transportam partículas do lúmen intestinal ao tecido epitelial subadjacente (Stokes et al.; 1994). Os antígenos transportados são ali fagocitados pelos macrófagos e apresentados aos linfócitos CD4+ locais e aos linfócitos T, que intervêm na estimulação das células B, precursoras das imunoglobulinas plasmáticas. As células B, circulantes no sistema linfático, penetram na lamina própria, onde se diferenciam em células produtoras de imunoglobulinas IGA. Na lamina própria das vilosidades, caracterizada por uma estrutura imunológica bem definida, estão presentes grande quantidade de linfócitos T, células plasmáticas e macrófagos. Mais detalhadamente, logo abaixo do epitélio, estão presentes os linfócitos T, citotóxicos CD8+ e, mais em profundidade, na lâmina própria, os linfócitos T helper CD4+. Os linfócitos B encontram-se em torno das criptas de Lieberkunn. Os precursores das imunoglobulinas plasmáticas desenvolvem-se em células produtoras de IgA e IgM, por efeito de várias citoquinas. (Il-1, IL-5, IL-6 e TGF-alfa). Ao contrário, no suíno adulto, as células
O leitão é capaz de ativar uma resposta imunitária intestinal já com três semanas e as estruturas envolvidas na resposta imunitária da mucosa intestinal do leitão são muito limitadas ao nascimento e se desenvolvem segundo uma sequência altamente programada, apresentando, ainda no curso do normal processo de desmame, uma relativa imaturidade (Bailey et al.; 2005). O leitão é capaz de ativar uma resposta imunitária intestinal já com três semanas de vida, todavia, tal resposta é diferente, tanto quantitativa quanto qualitativamente em relação ao animal adulto. Um estudo conduzido em leitões desmamados a duas semanas de vida que confrontava várias dietas adicionadas de quitosano (COS), galato-oligossacarídeos (GMOS) e lincomicina evidenciou aumento da concentração sérica de IL-1, IL-6 e IgG, IgA e IgM, além da expressão genômica de IL-1 beta das células da mucosa do jejuno e dos leucócitos nos leitões tratados em relação aos leitões-
11
Figura 1. Concentração sérica de IL-6 e IL-2 depois de 14 dias de alimentação de leitões desmamados precocemente a 15 dias de idade, com dietas adicionadas com antibiótico (lincomicina), quitosano (COS) ou galato-oligossacarídeos (GMOS) nº 52/2014 | Suínos&Cia
Nutrição
controle negativos e nos leitões tratados com o antibiótico (Yin et al.; 2008) (figura 1). Como se sabe, as citoquinas, enquanto mediadores da resposta inflamatória, agem segundo complexos mecanismos, promovendo a proliferação e a diferenciação dos linfócitos, induzindo os linfócitos T a gerar IL-2, favorecendo a funcionalidade dos linfócitos B, promovendo a diferenciação deles e a consequente produção de anticorpos e inibindo a produção de fatores de crescimento de células tumorais. Estes resultados parecem muito interessantes, principalmente porque evidenciam um possível papel do quitosano e, em geral, dos oligossacarídeos na estimulação à maturação do sistema imunitário local, conferindo uma modalidade diferente de promoção da saúde intestinal, em relação ao uso de antibióticos. É evidente que são necessários aprofundamentos, tanto do conhecimento
do mecanismo de maturação da resposta imunitária local intestinal quanto para a confirmação da influência positiva da parte de oligossacarídeos e a associação deles com substâncias sinérgicas. Conclusão Os dados publicados demonstram que o quitosano pode representar uma válida alternativa aos antibióticos, a fim de promover a saúde e melhorar os resultados zootécnicos na fase mais crítica do leitão. Todavia, a propagação como um suplemento alimentar para o homem poderia representar um limite ao uso veterinário, mesmo que a enorme disponibilidade (pensemos na quantidade de crustáceos no mundo para a alimentação humana) possa abrir perspectivas interessantes, principalmente se as pesquisas demonstrarem que estes produtos são mais eficazes que os similares.
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Suínos&Cia | nº 52/2014
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Nutrição
Água de bebida para porcas em fase de reprodução Antonio Palomo Yagüe Diretor da Divisão de Suinocultura SETNA NUTRICION – INZO antoniopalomo@setna.com
Introdução
A
água é o elemento principal, juntamente com a fonte de energia (eletricidade), no momento da decisão sobre o local onde iremos construir uma granja de suínos. Jamais esquecer de que a água é o principal constituinte do organismo do suíno, correspondendo entre 75% - 80% da massa muscular e de 50% a 55% do peso vivo de uma reprodutora. Assumimos, como regra básica na nutrição de suínos, que as necessidades nutricionais dos mesmos diminuem com a idade, não sendo essa constatação inteiramente válida, em nível absoluto, com relação ao nutriente mais ingerido em termos de quantidade, que é a água. Nenhum outro nutriente foi tão bem estudado como a água na literatura internacional.
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Necessidades O consumo de ração está relacionado com as necessidades de água nas diferentes fases da produção. Portanto, devemos conhecer essas necessidades em função do peso e idade. No geral, estima-se que os suínos bebam de 2,5 a 3 vezes o seu consumo de ração (ARC, 1981). Também se encontra na literatura dados de consumo relativos ao peso vivo dos animais (no caso de suínos de engorda, por exemplo, a equivalência situa-se entre 80 e 120 ml/kg de peso corporal por dia, segundo Yang et al, 1981). Como regra geral, para se calcular o consumo médio diário em uma granja de ciclo completo (incluindo reprodutoras e leitões de até 20 quilos de peso vivo), multiplica-se o número de reprodutoras por 20. Dessa forma, para uma granja de 500 matrizes, o consumo diário de água seria de cerca de 10.000 litros. A relação água/ração aplicada para porcas gestantes e lactantes é de 4 a 6 e de 4 a 8 para 1, respectivamente. Recomenda-se, nessa situação,
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O consumo de ração está relacionado com as necessidades de água nas diferentes fases da produção fornecer água à vontade, à disposição em bebedouros com válvulas de nível constante, para assegurar que as reprodutoras consumam a quantidade diária necessária. Na hora de calcular as quantidades necessárias devemos considerar as seguintes variáveis, as quais influenciarão no processo: • Relação idade e peso; • Condições climáticas: temperatura ambiente e umidade relativa. O consumo de água aumenta com a temperatura; • Fase do ciclo produtivo: aumento das necessidades de água nos dias posteriores ao desmame; • Estado sanitário: certas patologias podem reduzir em até 30% o consumo de água, enquanto que outras podem aumentá-lo (diarreias em leitões mais novos); • Composição da dieta: rações com altos níveis
Nutrição
de sódio e proteína aumentam o consumo de água. Situação menos acentuada no caso de gestantes do que em lactantes; • Forma de apresentação da dieta: farelada, granulada ou líquida; • Qualidade da água de bebida, tanto físicoquímica como microbiológica; • Temperatura da água de bebida: quando gelada (-10ºC) ou excessivamente quente (>35ºC), seu consumo fica reduzido. Por isso, é importante instalar na granja hidrômetros para medir o consumo de água por fase de produção. Ao mesmo tempo, temos de diferenciar o consumo real pelo animal do acumulado, que inclui o desperdício e o uso em práticas de biossegurança (limpeza, lavagem, desinfecção, lâminas d’água). As porcas na fase de reprodução são os animais com o maior índice de peso/idade na granja, sendo assim, os que têm individualmente as maiores necessidades de consumo diário de água. Estima-se um consumo diário da ordem de 10% do peso vivo para uma fêmea na fase de reprodução. Assim, para calcular o consumo de cada 100 reprodutoras/dia, é preciso incluir todos os ciclos produtivos (reposição, gestantes, vazias e lactantes), o que corresponde a um total de 2.000 litros só para elas (equivalente a uma média de 20 litros/porca/ dia). Desta forma, as necessidades de água para porcas em fase de reprodução, em condições de termoneutralidade e que variam levemente segundo a genética e o nível de nutrientes da dieta, podem ser estimadas como sendo uma média de: Por indivíduo Reposição Litros/dia
10 a 15
Gestantes
Lactantes
15 a 20
20 a 35
É importante ter em conta essas necessidades e ajustá-las bem, no caso do fornecimento de dietas líquidas, para garantir que as reprodutoras estejam comendo a quantidade certa de todos os nutrientes. Recomendamos incorporar mais água, disponível livremente em bebedouros com válvulas de nível constante, para nos assegurarmos de que elas consumam também a quantidade necessária de água por dia. Problemas O maior impacto do uso inadequado da água na suinocultura está na fase de lactação devido à grande perda de condição corporal ligada
Estima-se um consumo diário da ordem de 10% do peso vivo para uma fêmea na fase de reprodução à falta de água, ocorrendo também alteração do equilíbrio ácido/básico, da produção de leite e da regulação do apetite. Sabe-se que um único dia sem que a porca consuma água durante as duas primeiras semanas de lactação resultará na chance maior da sua eliminação por baixa produção. O leite da porca tem 80% de água, sendo, por isso, essencial a garantia de um consumo constante durante a fase de lactação, o que levará a uma maior produção leiteira e, consequentemente, a um peso melhor da leitegada no desmame.
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Para cada quilo de leitão incrementado é necessário o consumo médio de 4 litros de leite, e para produzir um litro dele, a porca requer de 2,5 a 3 litros de água. Imaginemos o desmame de uma leitegada de 10 elementos, com um diferencial de que a porca tenha fornecido de 10 a Cachaços 12 litros de leite por dia durante os 20 dias de lactação; teremos uma 15 a 20 produção de 200 a 240 litros de leite, o que levaria a um incremento no peso da referida leitegada da ordem de 50 a 60 quilos; ou seja, o desmame ocorreu com uma média de 1 quilo a mais por leitão. Assim, o aumento do consumo de 5 a 6 litros de água por dia, por parte da porca (100 a 120 litros a mais durante o período da lactação), implicará no ganho de um quilo de peso a mais por leitão desmamado em condições normais. O baixo consumo de ração na fase de lactação implica na diminuição da longevidade da porca, em uma maior taxa de reposição, na piora da fertilidade e em uma menor prolificidade. Sem dúvida, a ingestão deficiente de ração está ligada a uma ingestão também deficiente de água, ou viceversa.
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Nutrição
reprodução, são os seguintes: • pH cistites, pielonefrites e problemas locomotores • Nitratos problemas renais e reprodutivos e redução da produção de leite • Sulfatos efeito laxante • Contaminações mortes súbitas e aumento da incidência das síndromes MMA e da porca suja
O leite da porca tem 80% de água, sendo, por isso, essencial à garantia de um consumo constante durante a fase de lactação As principais consequências do consumo deficiente de água, em termos quantitativos nas porcas em fase de reprodução, podem ser classificadas da seguinte forma: Problemas produtivos:
O terceiro ponto a considerar, muito relacionado com a água de bebida no caso das porcas em fase de reprodução e que está implicado nos problemas reprodutivos delas, é a possibilidade de a água – como veículo – ser o disseminador de certos agentes infecciosos. Entre os mais conhecidos, estão: 1 - o vírus da doença de Aujeszky 2 - o vírus da gripe 3 - o parvovírus suíno 4 - a bactéria Salmonella spp 5 - a bactéria Erysiphelotrix rhusiopathiae 6 - a bactéria Leptospira spp Normas de Qualidade
A norma vigente, que determina que a água • Menor consumo de ração de bebida seja potável, data de 21 de fevereiro de • Maior perda de peso na lactação (gordura e 2003 (RD 140/2003 nº 45). Veja detalhes segundo músculo) a tabela seguinte: • Aumento do intervalo desmame/cio PARÂMETRO VALOR • Aumento do intervalo pH 6,5 a 9,5 desmame/cobertura fértil Condutividade 2500 µs/cm2 a 20ºC • Aumento dos dias não produtivos Nitratos 50 mg/l • Aumento do intervalo FÍSICO-QUÍMICO Nitritos 0,5 mg/l entre partos Sulfatos 250 mg/l • Redução da fertilidade Ferro 200 ug/l • Redução do tamanho da leitegada no ciclo seguinte Manganês 50 ug/l • Redução da produtividade Escherichia coli 0 UFC/100 ml • Aumento da mortalidade MICROBIOLÓGICO Enterococcus spp 0 UFC/100 ml nas porcas Clostridium perfringens 0 UFC/100 ml Problemas sanitários:
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• Constipação intestinal • Aumento da incidência da síndrome metrite, mamite, agalaxia (MMA) • Aumento da síndrome da porca suja • Aumento das infecções urinárias, que leva a uma maior taxa de repetições e à perda da prolificidade, com o aumento de número de natimortos Os efeitos da má qualidade da água de bebida e as suas consequências relativas a alguns de seus principais índices, para porcas em fase de
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Conclusões O fornecimento contínuo – em termos de quantidade e qualidade – de água de bebida para porcas em fase de reprodução, atentando para as necessidades delas por etapa de produção, é uma ação positiva no sentido de otimizar a produtividade da granja. Por isso, o conhecimento da quantidade de água ingerida por dia mediante o uso de contadores de água ou por meio de sistemas de alimentação líquida, assim como a qualidade da água, certificada por meio de duas análises anuais, é considerado essencial e necessário.
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Transmissão do vírus da influenza A em populações de suínos Montserrat Torremorell, MV, PhD College of Veterinary Medicine, University of Minnesota, St. Paul, MN/USA - 55108 torr0033@umn.edu
Introdução
O
vírus da influenza A (IAv, da sigla em inglês) continua sendo um dos mais importantes agentes de doenças infecciosas respiratórias, tanto para humanos como para animais. Nos suínos, o IAv provoca uma doença respiratória caracterizada por anorexia, febre, espirros, tosse, coriza e letargia. Além disso, o estado febril causado pela infecção – quando ocorre em fêmeas prenhes – pode levar a abortos (KARASIN et al., 2000; OLSEN et al., 2006). A doença é caracterizada por baixa mortalidade e alta morbidade, ocorrendo diminuição do desempenho e do crescimento, que resulta no aumento da variação no peso dos suínos infectados. Além dos efeitos sobre a saúde animal, o IAv é um importante patógeno zoonótico, e os suínos podem ser um reservatório e uma fonte de novos recombinantes (MA et al., 2009), inclusive das variantes virais potencialmente pandêmicas. Portanto, o IAv tem implicações nas saúdes pública e animal, sendo
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Nos suínos, o IAv provoca uma doença respiratória caracterizada por anorexia, febre, espirros, tosse, coriza e letargia Suínos&Cia | nº 52/2014
fundamental a compreensão da sua transmissão entre as populações animais para prevenir infecções zoonóticas. A transmissão do IAv é, no mínimo, complexa. O vírus da influenza foi reconhecido pela primeira vez como um agente causador de doenças respiratórias nos suínos em 1918 (KOEN, 1919; SHOPE, 1931). Por muitos anos, os vírus da gripe suína mantiveram-se relativamente estáveis nos EUA até 1998. Subsequentemente, novas cepas, novos subtipos e múltiplas recombinações virais foram identificados na espécie suína na América do Norte (OLSEN et al, 2002; WEBBY et al, 2004). Os novos vírus recombinantes naturais continham componentes genéticos derivados de outras espécies, tanto humanos como aviários, o que resultou em novos tipos de vírus que são difíceis de controlar. Infelizmente, a detecção dessas novas combinações e cepas continua até hoje e, com ela, os desafios para se controlar a gripe. Transmissão da influenza em suínos As vias gerais de transmissão do vírus da influenza incluem os aerossóis, as gotas grandes e o contato direto com secreções de pessoas infectadas ou fômites contaminados (TELLIER, 2006). A transmissão do IAv por meio do contato direto com suínos infectados tem sido observada em muitos estudos experimentais, sendo considerada uma das principais vias de transmissão (SHOPE, 1931; BROOKES et al, 2009; LANGE et al, 2009). Ambos os casos – animais doentes ou infectados de modo subclínico – provavelmente desempenham papel importante na transmissão do vírus da gripe dentro e entre os rebanhos suínos, destacando-se a importância da movimentação adequada e das intervenções práticas controladas junto aos animais para minimizar a transmissão de agentes infecciosos. O vírus da influenza não é transmitido por meio do sêmen na espécie suína.
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Transmissão indireta da influenza A transmissão indireta do vírus da gripe também pode ocorrer no ambiente a campo. A água contaminada com fezes de aves tem sido implicada como sendo uma fonte do vírus da influenza em vários surtos da doença nos suínos, envolvendo o vírus de origem aviária (KARASIN et al, 2000; KARASIN et al, 2004;. MA et al, 2007). As vias de infecção nas espécies silvestres de suínos não são bem conhecidas, mas a exposição está provavelmente relacionada também ao contato com excrementos de aves selvagens, seja por meio de água contaminada ou de acesso direto a granjas comerciais. O estudo da transmissão do vírus da influenza por outras vias indiretas, como aerossóis e fômites, tem sido limitado aos ambientes de criação de suínos. O vírus da influenza tem sido detectado em amostras de ar coletadas de salas contendo suínos infectados experimentalmente (LOEFFEN et al, 2011; CORZO et al, 2012; CORZO et al, 2013) no sistema de exaustão de granjas infectadas e em amostras de ar coletadas a uma milha de distância delas (CORZO et al., 2013b), destacando-se o potencial de transmissão por aerossóis entre os suínos e as granjas. O IAv também foi detectado e isolado de amostras de ar coletadas em feiras agropecuárias e exposições de suínos vivos na América do Norte (comunicação pessoal de TORREMORELL). Granjas de suínos próximas a criações de perus têm sido associadas à soropositividade dessas aves para o vírus influenza de origem suína (CORZO et al., 2012b). Além disso, o IAv também tem sido detectado em aerossóis de suínos experimentalmente infectados, mas ainda com imunidade materna, sugerindo que a transmissão via aerossol dentro das salas de parto possa ser uma possibilidade (CORZO et al., 2012). Nos seres humanos, os modelos matemáticos têm sugerido que a via aerógena pode ser a predominante com relação à transmissão da gripe (ATKINSON & WEIN, 2008). A transmissão via fômites também desempenha um papel na disseminação do vírus da gripe. Recentemente, ALLERSON et al. (2013c) demonstraram a transmissão do vírus da gripe entre um plantel infectado e uma população de suínossentinela quando o pessoal envolvido no estudo transitava entre salas, mesmo depois de seguir os procedimentos de biosseguridade, incluindo higienização das mãos, troca de macacão e botas. O IAv poderia ter sido transmitido tanto em ambientes de baixa, como de média biosseguridade. Não tinha sido dada ainda muita atenção à transmissão do vírus da gripe por meio do
O transporte de suínos tem se mostrado responsável pela transferência de animais infectados de rebanhos de reprodutores para outros locais da granja transporte de suínos, até recentemente. A movimentação dos animais por longas distâncias tem sido implicada na disseminação espacial dos vírus da gripe de origem humana nas áreas de produção de suínos do meio-oeste norte-americano (NELSON et al., 2011). Além disso, o transporte de suínos tem se mostrado responsável pela transferência de animais infectados de rebanhos de reprodutores para outros locais da granja, contribuindo para a movimentação do vírus da gripe entre os diferentes setores de produção (ALLERSON et al., 2012).
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Dinâmica e diversidade da população do vírus da influenza Para a maioria, o IAv é considerado generalizado nas populações de suínos. As estimativas, no nível dos rebanhos, indicam que as infecções pelo IAv são comuns, com uma soroprevalência de 83% em granjas de reprodutoras da região de Ontário, no Canadá, e em mais de 90% desse mesmo tipo de granjas na Bélgica, Alemanha e Espanha (POLJAK et al, 2008; VAN REETH et al., 2008). Os sistemas de produção de suínos têm mudado significativamente nos últimos 20 anos, e a maioria dos animais são criados, hoje, em populações bem circunscritas. As dinâmicas de infecção e a transmissão em grandes populações podem diferir significativamente da dinâmica observada em um único animal ou em pequenos grupos. Nos suínos, individualmente, as infecções gripais são autolimitantes, com uma duração média de cinco a sete dias. Em contrapartida, as infecções gripais nas populações podem ser mantidas por longos nº 52/2014 | Suínos&Cia
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Portanto, os plantéis infectados endemicamente representam um reservatório para o vírus da gripe que pode infectar outros suínos, outras espécies de animais e – mais importante ainda – os seres humanos. Infecções pelo IAv também podem ser predominantes em rebanhos de reprodutores. Vários subtipos e cepas foram detectados, coexistentes em cinco granjas de criação monitoradas ao longo de um período de um ano (DIAZ et al., 2014).
Infecções pelo IAv também podem ser predominantes em rebanhos de reprodutores períodos de tempo, os quais variam entre semanas e até anos (BROWN, 2000; ALLERSON et al, 2013.). Existem muitos fatores (conhecidos ou suspeitos) que contribuem para a manutenção das infecções gripais nas populações, incluindo a introdução de animais novos, variações nos níveis de imunidade e as diversas rotas do vírus durante sua propagação nas populações. No entanto, o modo como esses fatores interagem para afetar a introdução e a manutenção do vírus ainda não é bem compreendido ou conhecido.
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Plantéis infectados endemicamente são comuns, sendo que atualmente fica muito mais evidente a existência de infecções subclínicas de gripe em suínos do que se imaginava. Em um estudo longitudinal de vigilância ativa, CORZO et al. (2013c) relataram que aproximadamente 90% dos rebanhos pesquisados apresentaram resultado positivo para a gripe pelo menos uma vez. A circulação da influenza foi detectada ao longo do ano e mostrou menos sazonalidade do que anteriormente se pensava, após submissões mais frequentes aos laboratórios de diagnóstico. Além disso, o IAv foi detectado em plantéis vacinados e não vacinados e em animais sem sinais clínicos da doença. O perfil das cepas foi dinâmico em muitos rebanhos, nos quais foram detectadas tanto cepas “residentes” pré-existentes quanto novas cepas originárias de suínos, além de outras recombinantes não identificadas anteriormente. A introdução do vírus pandêmico H1N1 em 2009 nas populações de suínos também alterou a dinâmica dos vírus endêmicos e resultou, mais uma vez, no surgimento de novos recombinantes de consequências desconhecidas para suínos e pessoas. Suínos&Cia | nº 52/2014
Em outro estudo, ALLERSON et al. (2013) documentaram o papel do leitão neonato como reservatório do vírus da influenza, tanto na manutenção da infecção enzoótica em rebanhos de reprodução quanto na introdução do vírus em populações de suínos desmamados. Leitões neonatos, na ausência de fêmeas positivas em rebanhos de reprodução, também foram considerados como potencialmente úteis para a manutenção de hospedeiros ao longo do tempo em uma granja de reprodutoras dinamarquesa (LARSEN et al., 2010). Leitões neonatos obtêm imunidade passiva da mãe ao nascer e permanecem sendo amamentados até o desmame, com cerca de 21 dias de idade. Durante este período, a imunidade materna diminui lentamente, enquanto os leitões podem se expor ao vírus da gripe compartilhado com os leitões mais velhos ou de outras fontes de infecção presentes no rebanho. Por sua vez, no desmame, uma proporção pequena, mas significativa de suínos, estará infectada, servindo como fonte de contágio para o resto do plantel durante as fases seguintes.
Por sua vez, no desmame, uma proporção pequena de suínos, mas significativa, estará infectada
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Como a imunidade materna diminui, o vírus se dissemina entre a população, muitas vezes com taxas de transmissão mais baixas do que aquelas correspondentes a populações-sentinela (ALLERSON et al., 2013b). Como resultado, o vírus pode ser mantido durante mais tempo do que o esperado durante o crescimento dos animais, o que tem se refletido nos resultados das monitorias populacionais utilizando técnicas de amostragem, como a dos fluidos orais. ALLERSON et al. (2013) mostraram que o vírus da gripe pode ser detectado por até 70 dias nos suínos em crescimento alojados em uma terminação na qual não foram introduzidos animais adicionais, sugerindo que os vírus poderiam ser mantidos em populações por mais tempo do que considerado anteriormente. As estimativas de prevalência, a partir de amostras coletadas no momento do abate, também sugerem que o vírus pode ser mantido em populações de suínos em crescimento ao longo de um período prolongado. Em vários estudos a prevalência do vírus da gripe, no abate, variou de 2% a 4% (PEIRIS et al., 2009; OLSEN et al., 2000; SMITH et al., 2009; VIJAYKRISHNA et al., 2010). Mesmo que a gripe não possa ser transmitida por meio da ingestão de carne suína (VINCENT et al., 2009), esta informação sugere que suínos em crescimento podem permanecer como uma fonte de infecção por períodos prolongados de tempo ou, por outro lado, no caso de infecções recentes, ela enfatiza que animais de todas as idades podem ser infectados. A imunidade também pode influenciar na dinâmica da transmissão entre populações. A transmissão do vírus da gripe foi quantificada recentemente em plantéis de suínos não vacinados e vacinados, e os resultandos foram uma taxa de reprodução da ordem de 10,66 em não vacinados e estimativas de 1 e 0 para suínos vacinados com produtos inativados heterólogos e homólogos, respectivamente (ROMAGOSA et al. , 2011). O acompanhamento de um estudo sobre a transmissão identificou uma taxa de reprodução semelhante em suínos não vacinados e uma redução nos parâmetros de transmissão em populações de suínos com imunidade materna homóloga (ALLERSON et al., 2013b). No geral, estes estudos indicam que a imunidade pode abrandar a transmissão e reduzir a carga viral da gripe em populações de suínos. Supervisão recente nos rebanhos de reprodutores também indicou que outras subpopulações de animais – tais como porcas jovens de reposição – podem desempenhar um papel na introdução do vírus em rebanhos de reprodução (DIAZ et al., 2014). O papel exato desses animais na alteração do quadro viral existente no rebanho precisa ainda ser mais estudado.
Os recém-nascidos são suscetíveis ao IAv, ao nascer, podendo se tornar uma fonte do referido vírus para outros suínos no desmame Um aspecto das infecções derivadas da influenza, o qual também contribui para a transmissão viral entre os suínos, é a introdução do vírus de origem humana. NELSON et al (2012) recentemente documentaram 49 eventos de transmissão de humanos para suínos envolvendo o H1N1 e 23 sazonais envolvendo H1 e H3, daí concluindo que os humanos contribuem substancialmente para a diversidade do vírus da gripe encontrado em suínos. Portanto, os esforços para reduzir a introdução dos vírus de origem humana também devem ser levados em consideração.
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Resumo Em resumo, a transmissão da gripe em rebanhos infectados endemicamente parece ser muito dinâmica. O IAv pode ser encontrado nas várias subpopulações dos rebanhos de reprodutores (leitões, fêmeas e marrãs jovens), e os leitões representam uma importante fonte de disseminação do vírus. Os recém-nascidos são suscetíveis ao IAv, ao nascer, podendo se tornar uma fonte do referido vírus para outros suínos no desmame. Animais de reposição também podem ser fonte de novos vírus, podendo, inclusive, se tornarem reservatórios endêmicos de vírus no plantel. Além disso, a dinâmica de transmissão é afetada pela imunidade, tanto ativa quanto passiva. No geral, as populações de suínos são elementos de mistura potenciais de vírus diferentes, caso ocorra uma infecção mista. Mais pesquisas são ainda necessárias para compreender plenamente os pontos de transmissão da gripe e seus aspectos críticos de controle para evitar a introdução de novas cepas em plantéis. nº 52/2014 | Suínos&Cia
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Sobrevivência dos patógenos no ar: fator crítico ou de risco? Vittorio Sala Departamento de Ciências Animais e Saúde Pública, Universidade de Milão, Itália vittorio.sala@unimi.it
A
doença respiratória deve ser vista como o resultado de uma série de eventos complexos, dentre os quais um determinado agente patogênico ou qualquer fator ambiental atuam aumentando a prevalência (frequência do momento) ou a incidência (frequência acumulada durante um período pré-definido) dos casos clínicos: quantificando tais aumentos pode-se calcular a relação entre a prevalência e a incidência nos animais, expostos ou não aos fatores condicionantes. A possibilidade que uma infecção se difunda por via aérea depende da capacidade do agente responsável de se manter em vida no ar, além da sua capacidade de conseguir concentrações que garantam uma localização eficaz no hospedeiro e, portanto, causando a doença. Esta condição vale para todos os tipos de agentes patogênicos (vírus, bactérias, fungos, etc.), mas fatores como temperatura, umidade (relativa e absoluta), radiação solar (raios ultravioletas) e até mesmo agentes poluidores da atmosfera podem manter em vida ou inativar os microrganismos presentes no ar. Com estas condições não é difícil compreender porque as diferentes estações climáticas podem ser decisivas na prevalência das infecções e nas incidências das doenças. Todos os fatores são variáveis porque os mecanismos de interação são estreitamente dependentes da natureza do agente, além disso, os dados disponíveis deste tema são limitados devido às diferenças dos vários métodos aplicados nos estudos feitos até hoje. É por isso que fica difícil determinar uma linha-guia ou um protocolo de ação para a prevenção das várias infecções possíveis.
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(como saliva e muco) ou de partículas em grau de proteger os microrganismos virais, a luminosidade (ultravioleta) e eventuais tratamentos do ar. Nas pesquisas realizadas com a finalidade de caracterizar os vários tipos de vírus, foram utilizados sistematicamente agentes que, apesar de serem estruturalmente fundamentais, não causam doença em seres humanos. Nestas condições, as informações obtidas são puramente indicativas e não automaticamente comparáveis a todos os vírus semelhantes. A temperatura (T) é um dos fatores que mais comprometem a sobrevivência dos vírus, dado que esta influencia não só o genoma (RNA ou DNA), mas também o estado de outras proteínas virais (incluídas algumas enzimas fundamentais). Em geral, os vírus DNA são mais estáveis que os RNA, mesmo que temperaturas elevadas possam danificar a integridade do DNA. Pode-se dizer também que o aumento da temperatura faz com que a sobrevivência do vírus diminua: 60°C por mais de 60 minutos inativa a maior parte dos vírus e, obviamente, temperaturas mais elevadas por tempos mais breves também podem ser eficazes, como, exemplo, as temperaturas baixas (7-8°C), que são ótimas para
Vírus Os vírus presentes no ar podem causar infecções e doenças nos animais sensíveis e até mesmo focos de epidemia ou ter efeitos indiretos, como no caso da ativação de doenças imunomediadas, como, por exemplo, a asma. Muitos fatores ambientais podem influenciar a sobrevivência dos patógenos: temperatura e umidade são importantes, mas também a existência e a composição do envelope do próprio agente, a presença de material orgânico Suínos&Cia | nº 52/2014
Muitos fatores ambientais podem influenciar a sobrevivência dos patógenos: temperatura e umidade são importantes
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a sobrevivência do vírus da gripe (influenza), mas a sobrevivência diminui progressivamente a T moderadas (20,5-24°C) e provoca a morte acima de 30°C. Tudo isso com uma umidade relativa compreendida entre 23-81°%. De fato, é possível dizer, com certeza, que a transmissão dos vírus da Influenza é mais provável em condições de frio seco, e morre acima de 30°C, caracterizando perfeitamente a estacionalidade da infecção, pelo menos no homem. Para completar, é importante lembrar da importância da pressão de infecção: é possível que exista uma circulação subinfectante dos vírus da Influenza, não causando sintomas em uma parte dos indivíduos sensíveis depois do contato. Neste caso, somente a exposição a uma pessoa em fase aguda da doença determina a transmissão da infecção. Além de tudo, é necessário não esquecer que a presença de material orgânico (sangue, fezes, muco, saliva, etc.) pode exercitar uma ação protetiva não previsível e que a maior parte dos vírus que se transmitem por via aerógena é eliminada com um revestimento de saliva ou de muco, que funciona como barreira biológica. A sobrevivência dos vírus depende parcialmente também dos níveis de umidade relativa (UR), considerando que a exsicação é um mecanismo de inativação muito eficaz. Com relação à UR na transmissão, devemos considerar os níveis de tolerância e adaptação de cada tipo de vírus. O valor de UR corresponde à quantidade de vapor de água no ar a uma temperatura especifica e é expresso em porcentagem com relação à quantidade máxima de vírus que poderia estar presente nesta quantidade de ar a esta temperatura. Logicamente, quanto mais elevada for a temperatura, maior será a evaporação e, portanto, maior a UR, com uma relação aproximativamente exponencial. Os vírus com envelope lipídico sobrevivem mais tempo com uma UR baixa (20% a 30%) e isso vale também para a maior parte dos vírus respiratórios, como, por exemplo, os vírus Influenza e Para-Influenza, os coronavírus (incluindo o vírus SARS do homem) e os herpes vírus. Do contrário, os vírus com envelope não lipídico (adenovírus respiratório e rinovírus), mantêm a própria vitalidade mais longa em condições de UR elevada (70% a 90%). Por isso, é possível afirmar que a umidade relativa que consente a sobrevivência mínima para ambos os tipos de envelope viral é compreendida entre 40% e 70%. Obviamente, no balanço global da resistência ambiental dos vírus, é necessário considerar as relações entre T e UR. Resumindo, vale a pena evidenciar que todos os dados de sobrevivência dos vírus foram obtidos utilizando como modelos experimentais animais de laboratório (ratos, cobaias e doninhas, que é o animal preferido para os Orthomyxovirus
A circulação do PRRSV é mais intensa durante o inverno, quando as temperaturas baixas e a falta de irradiação solar favorecem a sobrevivência dos mesmos do homem), o que ainda falta é um modelo padrão de amostragem e identificação quali e quantitativa dos vírus. Do ponto de vista veterinário, na falta de dados experimentais específicos, è necessário compreender quanto do que foi feito em medicina humana pode ser efetivamente utilizado em veterinária. 25
O paradigma PRRSV O vírus da PRRS encontra-se em todas as excreções e secreções que contêm macrófagos em grande quantidade. As maiores cargas infectantes encontram-se na saliva, urina e fezes. A permanência ambiental é o ponto crítico da cadeia epidemiológica e determina o potencial da transmissão por meio de vetores, mesmo que o PRRSV seja relativamente frágil e, portanto, rapidamente inativado do calor e da exsicação. Já a 25-27°C perde vitalidade e infectividade, e em 24 horas em superfície plástica, aço inoxidável, borracha, serragem, palha, forragem, milho, rações e roupas de trabalho permanece íntegro por mais tempo em determinadas condições de temperatura, umidade e pH. É estável por meses a anos a temperaturas baixas, de -70°C a -20°C. De fato, este sistema é aproveitado para a conservação de vírus isolados em laboratório. A 4°C, a capacidade de infecção do vírus reduz-se de 90% em uma semana, todavia, por pelo menos 30 dias ainda encontram-se títulos virais progressivamente em diminuição. No soro do sangue e nos tecidos a estabilidade térmica é semelhante à ambiental. Nas amostras de soro de suínos conservados a 25°C por 24-48-72 horas, o PRRSV é isolado respectivamente em 47%, 14% e 7% dos casos. No soro conservado a 4°C ou a -20°C encontra-se depois de 72 horas em 85% das amostras testadas. nº 52/2014 | Suínos&Cia
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Tabela 1. Tempo de meia-vida do vírus PRRS em diferentes condições de pH e temperatura Temperatura
animais. A confirmação disso foi demonstrada pela transmissão mecânica do PRRSV, por meio de uma série de situações coordenadas, como botas, sapatos, veículos de transportes de pessoas e animais, recipientes que contenham os leitões, instrumentos, etc.. Logicamente, esta série de coincidências pouco frequentes rende a transmissão mais rara. Mais recentemente, foi proposto um sistema de quantificação da concentração viral na bioaressolização, documentando a transmissão aerógena em até mais de 120 metros de distância. Além disso, foram identificadas condições climáticas e ambientais favoráveis à sobrevivência do vírus, como a UR mínima e média durante o dia, a direção do vento, pressão atmosférica absoluta e a pressão atmosférica diferencial. Foi demonstrada a possibilidade de reduzir a circulação da infecção em uma população de risco, aplicando um sistema de microfiltração do ar.
pH
o
4 C (39o F)
21o C (70o F)
37o C (99o F)
56o C (133o F)
5,00
18,8 h
-
0,7 h
-
5,25
-
-
0,6 h
-
5,50
-
-
3,1 h
-
5,75
-
-
5,7 h
-
6,00
-
-
6,5 h
-
6,25
50 h
-
4,1 h
-
6,50
-
-
2,9 h
-
7,00
-
-
2,4 h
-
7,50
139,0 h
20 h
1,4/3,0 h
-
7,75
-
-
1,4 h
-
8,00
-
-
1,4 h
-
8,25
-
-
1,3 h
-
Bactérias
8,50
33,3 h
-
1,3 h
-
Mesmo nas infecções bacterianas vale o já dito sobre a aerossolização, amostragem e quantificação dos agentes patogênicos. É, todavia, quase certo que temperaturas superiores a 24°C interferem negativamente na sobrevivência das bactérias no ar, e isso vale tanto para os gram-positivos (Bacillus, Staphylococcus, Streptococcus) quanto para os gram-negativos (Pseudomonas, Pasteurella, Salmonella, Serratia, Escherichia, Bordetella), além de organismos endocelulares (Clamidiaceae) e micoplasmas. Os efeitos da UR são mais articulados, sendo as bactérias organismos metabolicamente mais complexos e, portanto, mais sensíveis à concentração de vapor d’água. Para os gramnegativos, como Serratia marcescens, Escherichia Coli, Salmonella pullorum, Salmonella derby, Pseudomonas aeruginosa e Proteus vulgaris, foi demonstrada uma redução da sobrevivência com o aumento da umidade relativa ambiental. Para os gram-positivos, como Staphylococcus albus, Streptococcus haemolyhticus, Bacillus subtilis e Streptococcus pneumoniae, a porcentagem de mortalidade é maior a níveis intermediários de UR; diferentemente para a Klebsiella pneumoniae, que mantém uma relativa estabilidade a todas as concentrações de vapor d’água, e para a Pasteurella multocida, que é favorecida por elevados valores de UR. Segundo as indicações mais recentes, as bactérias seriam providas de uma capacidade de reequilíbrio em relação ao ambiente, absorvendo água e reidratando-se quando difundem o pó seco ou desidratando-se parcialmente quando a propagação acontece por meio do ar excessivamente úmido. Estas variações pós-aerossolização na porção aquosa do ar representam uma evolução da capacidade de sobrevivência dos microrganismos que se difundem por via aerógena.
(Bloemraad et al., 1994) Em soluções líquidas, a infectividade persiste por 1 a 6 dias a 20-21°C, 2-24 horas a 37°C e 6-20 minutos a 56°C. Quando os valores de pH são de 6,5 a 7,5 é estável, e é inativado rapidamente com pH inferior a 6 ou superior a 7,5 (tabela 1). A transmissão é direta em casos de eliminação dos agentes patogênicos com as excreções e secreções, acompanhadas da transmissão do vírus entre a mesma espécie ou não. É necessário o contato físico direto compatível com a capacidade de sobrevivência ambiental do agente infectado. Como o contato direto é a via de difusão mais frequente para os arterivírus da PRRS, e o contato entre os animais facilitado principalmente pela elevada densidade, potencializa-se esta via. Os fluidos corporais contaminados são o principal meio de difusão. Sêmen, sangue, e secreções mamárias são os mais infectantes, mas é possível também a transmissão via aerógena, sobretudo se a UR for elevada, aumentando a sobrevivência do vírus, que em caso contrário é muito frágil. A circulação do vírus PRRS é mais intensa durante o inverno quando as baixas temperaturas e a baixa irradiação solar favorecem a sobrevivência do mesmo, enquanto no verão o risco é menor. Não devemos esquecer que os suínos são criados quase exclusivamente em modo intensivo, e na maior parte das instalações, as condições externas têm um impacto relativo, particularmente no caso da irradiação solar. Além de tudo, em locais climatizados, (sala parto ou creche) não existem grandes diferenças entre verão e inverno (dependendo da posição geográfica). Seria necessário considerar o impacto condicionante da excursão térmica, principalmente no que diz respeito à reatividade dos
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Tabela 2. Características de eliminação e sobrevivência ambiental dos principais agentes patogênicos Agente etiológico PRRSV
Via de eliminação
Duração da eliminação
Sobrevivência ambiental
Sêmen, secreção e excreção
Mais de 90 dias
21 dias em material organico, 11 dias na água
Aujeszky
Variável devido à Sêmen, aerosol, material possibilidade de retorno de aborto, expectoração de infecções latentes
Influenza
Pássaros,homem, aerosol, secreções nasais
Até 60 dias
24-48 horas
Mycoplasma hyopneumoniae
Aerosol, expectoração
Até 300 dias
7 dias em material orgânico
Actinobacillus pleuropneumoniae
Expectoração, aerosol
Toda a vida produtiva
Poucas horas
Secreção nasal, espirros, roedores
Toda a vida produtiva
Poucas horas
Pasteurella multocida
Expectoração, aerosol
Toda a vida produtiva
Poucas horas
Haemophilus parasuis
Suinos portadores
Toda a vida produtiva
Poucas horas
Saliva
Toda a vida produtiva
Poucas horas
Fezes, saliva
Aproximadamente 7 meses nos portadores não recuperados
Anos nos dejetos, 120 dias no solo, 115 dias na água
Bordetella bronchiseptica
Streptococcus suis Salmonella sp
Na difusão aerógena dos micoplasmas, a sobrevivência é ótima com a UR baixa (menos de 25%) e também com a UR muito alta (mais de 85%) e piora com os níveis intermediários de UR. As variações repentinas de umidade relativa também são desfavoráveis, principalmente quando acontecem em situações extremas em direção a valores intermediários, provavelmente pela dificuldade de adaptação rápida do microrganismo, característica típica da estrutura celular destes organismos. Pode-se, com certeza, afirmar que a sobrevivência da bactéria no ar é muito mais complicada do que dos vírus devido à mesma classificação estrutural (gram-negativo), podendo existir respostas variáveis à temperatura e UR. Portanto, não se pode generalizar, e cada espécie deve ser considerara individualmente. Outros fatores ambientais As radiações ultravioletas danificam os vírus e as bactérias. Todavia, níveis elevados de UR e ultravioleta, juntos, podem determinar o aumento da sobrevivência, provavelmente devido ao efeito de proteção exercido pelo aumento da evaporação. A presença de monóxido de carbono (CO) diminui a sobrevivência em condições de UR inferior a 25% e protege as bactérias à umidade superior a 90%. O mecanismo de base destes efeitos, aparentemente contraditórios, é uma redução do consumo energético com UR elevada e um aumento de consumo energético em condições opostas. Finalmente, o tipo de atmosfera em que as
2 dias nas fezes, 14 dias na urina, 7 dias na agua
bactérias se difundem pode influenciar a sobrevivência. Uma quantidade baixa de oxigênio é favorável com UR elevada, e desfavorável se a UR for baixa.
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Fungos Talvez mais do que os vírus e as bactéria, os fungos e as suas esporas são adaptados à difusão aerógena, principalmente quando a ventilação é natural. Algumas espécies, como Aspergillus flavuse, Aspergillus fumigatus, são bem conhecidos e potencialmente periculosos à vida, sobretudo em sujeitos com imunodepressão. O mesmo vale para os micromicetos, que fazem parte dos gêneros Blastomyces, Coccidioides, Cryptococcus e Histoplasma. Nos indivíduos reativamente normais, hifas e esporas podem provocar hipersensibilidade, em forma de rinite, sinusite ou asma. Os agentes mais frequentemente envolvidos fazem parte dos gêneros Penicillium, Aspergillus, Cladosporium e Alternaria e se encontram em ambientes fechados ou abertos. Os níveis de concentração aerógena variam em relação à estação e são maiores no outono e verão e diminuem no inverno e primavera. Os fatores climáticos como temperatura, umidade, pluviometria e velocidade do vento também agem potencializando ou reduzindo e, principalmente, interagindo entre si. Se manipulados corretamente, os sistemas de climatização diminuem a concentração fúngica no ar e acontece o contrário em situação de ventilação forçada ou natural de ar. nº 52/2014 | Suínos&Cia
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Geralmente, os fungos e seus esporos são mais resistentes que os vírus e as bactérias, sendo em grau de suportar a desidratação, a reidratação e a radiação UV. Não foi ainda completamente esclarecida a relação entre as chuvas e as concentrações de esporos no ar. Provavelmente a chuva intensa diminui a carga dos agentes, portando-os ao solo, enquanto o aumento da UR depois da chuva, em presença de temperatura elevada, favorece a germinação. Vários tipos de fungos patogênicos, como o Aspergillus e o Penicillium, produzem micotoxinas que, em concentrações elevadas, podem provocar danos, até mesmo irreversíveis, no homem e nos animais. Assim, como os próprios fungos, as micotoxinas também ressentem de estações climáticas e do território (áreas urbanas, suburbanas ou rurais), mas a T e a UR permanecem, em todo caso, como os fatores determinantes. Conclusão Este artigo, em parte extraído de estudos que tratam sobre os agentes patogênicos respiratórios do homem, contribui para o esclarecimento em uma área ainda não explorada do ponto de vista epidemiológico das infecções respiratórias de suínos. Apesar das publicações até agora feitas sobre a difusão dos agentes infecciosos, baseadas, na maioria das vezes, em evidências clínicas, ou pior, em conclusões, às vezes cômodas, ainda nada foi definido, com clareza, para muitos microrganismos que vivem no mundo da suinocultura. Em uma visão interespecífica do problema, quando já se sabe que uma espécie servirá de base para a confirmação para outras espécies, incluindo o homem, o denominador comum é representado pela qualidade do ar. As suas características podem ser fator de condicionamento da evolução inicial da infecção e da gravidade da forma clínica inicial, mas também como meio de prevenção para reduzir o impacto clínico e produtivo dos problemas respiratórios. Para concluir, e com o objetivo eminentemente prático, propõe-se a atualização da tabela 2, já publicada anos atrás e que considera quanto neste intervalo de tempo foi esclarecido por meio de estudos clínicos e, principalmente, epidemiológicos. Parece evidente, principalmente no caso de infecções bacterianas, que a infecção aerógena é um evento muito menos frequente e, talvez, até mesmo menos possível do que se pensa. É certo que, entre os fatores de difusão, é necessário avaliar, além da qualidade do ar, também a densidade dos animais, sendo curto o período de sobrevivência extracorporal da maior parte dos agentes etiológicos, que requerem um contato para a transmissão muito perto. Considerando
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objetivamente as poucas possibilidades de intervenção neste caso, resta a tutela ambiental, que deve considerar o biogás e as partículas sutis como os principais instrumentos de prevenção.
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Entrevista
“Manter o status sanitário é o grande desafio da suinocultura mundial” Professor e Dr. Alberto Stephano Para o médico-veterinário e presidente do 23º Congresso IPVS, Alberto Stephano, em um mundo com trânsito cada vez mais intenso de pessoas, animais e insumos, a sanidade do plantel em uma atividade dinâmica como a suinocultura encabeça uma enorme lista de desafios 30
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Para organizadores de congressos, manter cheia a sala de palestras é um dos desafios mais importantes para o sucesso do evento. E o tamanho deste desafio é diretamente proporcional à quantidade de atividades disponíveis fora do local de realização. E, se é assim, o 23º Congresso IPVS superou este desafio e conseguiu manter suas salas lotadas durante todo o evento, apesar de ter acontecido a poucos metros da praia, em Cancun, no México. O elevado nível das palestras e palestrantes de renome internacional é apontado pelo médico-veterinário e presidente do IPVS 2014, Alberto Stephano, como um dos principais motivos dessa experiência bem-sucedida.
S&C - Como foi realizar um congresso como o IPVS em seu país?
Para ele, realizar em seu país o mais importante congresso da suinocultura mundial não foi apenas uma maneira de contribuir com o desenvolvimento da produção de carne suína no México, mas também a realização de um sonho. E o caminho percorrido até esta conquista incluiu duas candidaturas até a vitória para sediar o evento e, depois de vencida esta etapa, a mobilização de 51 pesquisadores internacionais no desenvolvimento do programa científico, que, sem dúvida, foi o ponto forte do evento. Um dos mais importantes nomes do mundo em patologia suína, Dr. Alberto Stephano recebeu a equipe da Suínos & Cia e, na oportunidade, fez um balanço dessa experiência, abordando doenças emergentes e comentou sobre as principais tendências da suinocultura mundial.
S&C - Sabemos que foram enfrentadas duas campanhas até sediarem o evento. Como foi buscar energia e perseverança para conseguir vencer a eleição?
AS - Foi muito importante, em parte pela satisfação de ter a oportunidade de receber pesquisadores e profissionais de todo o mundo em meu país. Foi um orgulho ser anfitrião e receber especialistas tão importantes e colegas de diferentes partes do mundo. Mas, sobretudo, foi especial poder proporcionar aos veterinários de meu país uma oportunidade de intercâmbio de informações e experiências capaz de promover melhorias na produção suína.
AS - Foi preciso trabalhar muito para organizar o IPVS. Foram duas tentativas até conseguir um programa consistente para convencer os delegados. E é sempre assim. Para se ter uma ideia, o Canadá foi candidato três vezes até sediar o IPVS, a Irlanda foi candidata duas vezes, e a China, três. Então, como se vê, a realização de um evento como este exige muito trabalho, um programa muito consciente e, o mais importante, é necessário estar convencido que quer realizar este evento.
Entrevista
S&C - Depois da consciência de dever cumprido, qual sua avaliação sobre o evento? AS - Nosso primeiro objetivo foi realizar um congresso científico de primeiro nível. Queríamos contribuir com avanços na suinocultura em diversas áreas, como saúde, nutrição, genética, bem-estar animal e qualidade da carne, entre tantas outras. E acreditamos que a parte científica foi o maior acerto. Recebemos quase 1.000 trabalhos de diferentes áreas e tivemos 16 palestras magistrais apresentadas exclusivamente por pesquisadores, além de outras 210 palestras. Uma inovação muito bem recebida pelo público foi uma sala reservada para a apresentação simultânea de trabalhos científicos, permitindo maior interação entre os pesquisadores e o público interessado no tema. Um outro objetivo, foi receber pesquisadores de diferentes partes do mundo, e recebemos participantes de cerca de 60 países. Apenas o nosso comitê científico foi formado por 51 pesquisadores internacionais, mas o ponto alto, sem dúvida alguma, foi manter as salas cheias o tempo todo, apesar da proximidade de lindas praias. S&C - Qual foi o maior desafio para a realização do congresso? AS - Cada etapa foi um desafio. A parte científica, por exemplo, exigiu o desenvolvimento de um programa atrativo nas diferentes áreas da produção suína. Oferecer oportunidade para pessoas que não têm muitos recursos para participar também foi outro desafio. Por isso, tivemos convênio com hotéis mais baratos e incluímos transporte para o evento, além de incluir alimentação na inscrição. Outro ponto importante foi garantir a participação de pesquisadores, além dos profissionais de campo, para ter um congresso mais rico na troca de experiências e informações. Nosso objetivo era a difusão de conhecimento entre especialistas. Por isso, precisamos encontrar facilidades de participação para todos os públicos. Também desafiadora foi a alimentação, que precisava atender a um público de diversas regiões e países, com culturas e hábitos alimentares muito diferentes. Depois do evento, disponibilizamos o resumo da parte científica do congresso em nosso site (www.ipvs2014. org) para permitir que as pessoas acessem e revisem as novas pesquisas apresentadas. S&C - Diante das discussões durante o evento, quais são os desafios mais importantes da suinocultura mundial? AS - A suinocultura é uma atividade muito dinâmica, e manter seu status sanitário em um mundo com trânsito cada vez mais intenso de pessoas, animais e insumos é certamente um grande desafio. Temos muitas perguntas, mas não tantas respostas. A indústria enfrenta o desafio de manejo de grandes populações de animais com bem-estar e bom
desenvolvimento trabalhando muito a prevenção de doenças, sejam infecciosas ou não. É preciso buscar sistemas de produção, bem-estar, qualidade da carne, além de tantos outros aspectos. Temos desafios que não são novos, como a PRRS (Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos), por exemplo, mas é um desafio para o qual não temos todas as soluções. Prevenir doenças, entender como elas funcionam e se disseminam também é um desafio para a suinocultura moderna. Não podemos mais falar em doenças regionais porque isso muda muito rápido. S&C - E quais são as tendências mais importantes observadas na suinocultura para os próximos anos? AS - Uma das mais importantes é o avanço da genética não apenas para o atendimento de demandas como prolificidade, qualidade de carne e produção de carne magra, mas também para a introdução de genes ao invés de animais. Esta tendência já é uma realidade e deve ganhar cada vez mais importância. A suinocultura vai definitivamente mover óvulos fecundados no lugar de animais. Os programas de melhoramento avançam para animais muito testados, e os melhores genes serão capazes de fecundar uma população maior. Acredito que teremos genomas de poucos animais tentando identificar diferentes genes, como os de resistência a infecções e maior prolificidade.
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S&C - Para encerrar, qual é o seu balanço dessa edição do IPVS? AS - É muito positivo. Podemos dizer que a suinocultura mexicana saiu fortalecida, e só tenho a agradecer muito por todo o trabalho realizado. Definitivamente, a organização de um congresso como o IPVS envolve o trabalho de muitas pessoas, e gostaria de agradecer a todos que estiveram envolvidos de alguma maneira na organização do evento, ao comitê organizador e à minha família, especialmente minha esposa, que me permite sonhar e trabalhar para a realização destes sonhos. nº 52/2014 | Suínos&Cia
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Resumo do 23º Congresso da Associação Internacional de Veterinários Especialistas em Suínos (IPVS) 08 a 11 de junho de 2014 – Cancun - Quintana Roo/México “Minha casa é sua casa” Antonio Palomo Yagüe Diretor da Divisão de Suinocultura SETNA NUTRICION – INZO antoniopalomo@setna.com
INTRODUÇÃO Sendo um dos congressistas entre os mais de 2.100 inscritos, originários de 48 países, no 23º Congresso bianual da IPVS, realizado no Centro de Convenções de Quintana Roo (México), permito-me resumir aqui os trabalhos apresentados no evento. A metade dos participantes veio do continente americano, e mais de 50% eram de oito países (México: 533, EUA: 214, China: 142, Brasil: 111, Espanha: 70, Coreia: 63, Canadá: 60, Alemanha: 59). Sem contar o México, sede do evento, e o Canadá, por suas relações comerciais, Sala de Recepção com o símbolo do 23th IPVS os outros seis correspondem aos priAs empresas patrocinadoras foram divimeiros produtores mundiais, e quase nessa mesma didas em três grupos, sendo cinco patrocinaordem (coincidência ou necessidade). dores principais (Bayer, Boehringer Ingelheim, Foram apresentados 978 trabalhos, e os Hipra, MSD e Zoetis), quatro empresas parceitemas abordados foram agrupados do seguinte ras (Elanco, PIC, Merial e Iddex) e 13 expositoras modo para facilitar sua compreensão: (Alltech, Vetoquinol, Investigación Aplicada, Topigs Qiagen, Pecuarios Laboratorios, Kubus, Kapha, • 1 palestra magistral Pharmacosmos, entre outras). • 15 palestras de especialistas convidados Na assembleia geral realizada durante o • 210 apresentações orais congresso houve as apresentações dos candida• 752 pôsteres, divididos por áreas temátos à organização da edição 2018 do evento (25º ticas em cada um dos dias do congresso. Congresso), sendo elegida a China (cidade de Vale destacar que 53 deles foram apreChongqing) já na primeira votação, em competisentados no formato “corner poster”. ção com o Brasil (234 votos contra 225). Esta será a terceira vez que a Ásia organizará um evento da IPVS: o primeiro foi em Bangkok/Tailândia (1994) e Nesta edição o IPVS contou com o privileo segundo em Jeju/Coreia do Sul (2012). gio de ter como presidente o Dr. Alberto Stephano,
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um comitê organizador composto por dez membros e um comitê cientifico dirigido por profissionais renomados como Dr. Jesus Hernandes e o Professor - Dr. Jeffrey Zimmerman, incluindo mais 52 colaboradores. Suínos&Cia | nº 52/2014
É bom lembrar, ainda, que o próximo Congresso (24º) da IPVS será em Dublin/Irlanda, entre 7 e 10 de junho de 2016, em conjunto com o Simpósio ECPHM-AEPHM (www.ipvs2016.com), sendo seu presidente eleito o Dr. Patrick Kirwan.
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É interessante também mencionar que o primeiro congresso da IPVS foi realizado em Cambridge/ Reino Unido, em 1969, mesmo país onde foi realizada pela segunda vez a 15ª edição (Birmingham), em 1998. O índice dos temas organizados resume-me no seguinte: • Geral – Sanidade Animal • Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (PRRS) • Doenças Associadas ao Circovírus Suíno (PCVAD) • Gripe Suína • Diarreia Epidêmica Suína • Pneumonia enzoótica por Mycoplasma hyopneumoniae e CRS* • Haemophilus parasuis • Actinobacillus pleuropneumoniae • Salmonelose suína • Disenteria suína • Ileíte suína • Colibacilose • Outras patologias digestivas • Nutrição
Salão do congresso Arena, no Hotel Moon Palace - Cancun - México A FAO define as doenças trans-fronteiriças e emergentes, que são patologias epidêmicas altamente contagiosas, transmissíveis e que têm um alto potencial de se espalhar para além das fronteiras, causando graves problemas socioeconômicos e com consequências para a saúde pública. Estas doenças causam substancial morbidade e mortalidade em populações de animais suscetíveis, constituindo grave ameaça econômica aos produtores e, até mesmo, causando efeitos negativos na economia dos países envolvidos. Austrália e Nova Zelândia são os únicos continentes que informam, de modo voluntário, todas as doenças à OIE.
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Durante os últimos 30 anos foram descobertos 90 novos patógenos para a espécie humana • Manejo (três por ano), dos quais 66% são vírus, e destes, • Genética 80% são RNA (pequeno tamanho e replicação • Bem-estar Animal rápida). A domesticação e o contato diário com granjas favorecem a disseminação de agentes • Segurança Alimentar infecciosos interespécies. Contribuem com esse *complexo respiratório suíno fenômeno, ainda, o crescimento populacional, o surgimento de áreas de criação de alta densidade, GERAL – SANIDADE ANIMAL o contato com espécies selvagens, as viagens internacionais e a globalização. Por outro lado, nas grandes unidades de produção, nas quais a proporção HARDING, J.C.S. A Organização pessoas/animais é reduzida, a transmissão entre Internacional de Epizootias (OIE) publicou, em espécies é inferior. Nessas áreas de alta densidade 2014, uma lista das doenças e infecções relevantes mencionadas, tanto a transmissão intraespécies na suinocultura, como segue: quanto a evolução das espécies hospedeiras de patógenos são DOENÇAS QUE AFETAM ESPECÍFICAS DO SUÍNO favorecidos por décadas, particuDIFERENTES ESPÉCIES larmente nos casos de PCV2, PRRS • Doença de Aujeszky • Peste Suína Africana (PSA) e gripe. A circulação de animais, • Peste Suína Clássica (PSC) • Febre Aftosa sêmen, ingredientes alimentícios • Doença Vesicular • Raiva e matérias-primas, amparada por • Encefalite pelo vírus Nipah • Encefalite Japonesa medidas de biosseguridade insu• Gastroenterite Transmissível • Estomatite Vesicular • Síndrome Respiratória e • Brucelose ficientes e protocolos de boas • Carbúnculo Reprodutiva Suína ou PRRS práticas ruins, promove a difusão • Triquinelose • Cisticercose Suína de novas doenças entre países. • Reprodução
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Procede, então, mencionar os vírus que têm grande importância para a indústria sob diferentes pontos de vista, como segue: GRUPO
TIPO DE VÍRUS Vírus da peste suína africana
A
Vírus da diarreia epidêmica suína (DES) Vírus da hepatite E Torque teno vírus
B
Vírus suíno Menangle (Austrália: deformidades esqueléticas – transmitido por morcegos frugívoros) Vírus Burrgowannan (flavovírus) Síndrome da miocardite suína (Austrália) Vírus Nipah (paramixovírus) – presente em suínos sadios e não contagia pessoas (Malásia)
C
Vírus Ebola (filoviridae) – Reston Ebolavírus Novel Parvovírus Calicivírus entérico Astrovírus Torovírus
D
Aichivírus Adenovírus Herpesvírus linfotrópico Picobirnavírus Síndrome da diarreia neonatal (2008)
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Síndrome da perda drástica de peso pós-desmame (2008)
suinocultura sustentável e de qualidade, além de rentável, reestruturando os sistemas que reduzem a transmissão de doenças inter e intracontinentes; 7. Atenção à movimentação de animais e vírus entre países e regiões, aos sistemas de produção por fases, às matérias-primas de origem suína e à importação de sêmen refrigerado e congelado; 8. A criação de equipes multidisciplinares internacionais (agências de investigação) em fronteiras aéreas, marítimas e terrestres para o controle de animais; 9. Trabalho conjunto entre as suinoculturas e os governos, em nível nacional e com o desenvolvimento de sistemas de sobrevivência; 10. Estabelecer programa de abandono do uso de antimicrobianos promotores de crescimento e manter planos para o uso prudente de antibióticos à mão para veterinários e produtores (doses diárias por animal). BATISTA, L. A sanidade não é um tema negociável. A globalização, o aumento do movimento de pessoas, animais, alimentos e materiais, aumentam o risco na suinocultura (ex.: PRRS, PCV2, influenza ou FLU, DES). Por isso, é absolutamente necessário que todos os envolvidos na atividade tenham em conta os seguintes cinco pontos bem definidos:
Brachispira hampsonii (2010) De um questionário enviado a 300 veterinários dos cinco continentes, sobre sanidade na suinocultura, extraíram-se as seguintes dez conclusões: 1. As três patologias mais preocupantes são PRRS, DES e PSA; 2. Os programas de controle são prioritários para evitar a disseminação de doenças transfronteriças; 3. A biosseguridade no transporte de alimentos, animais, sêmen e embriões; 4. A resposta dos governos, a qualidade da produção e a sustentabilidade nas práticas industriais são essenciais; 5. A colaboração e a transparência entre todos os elos da cadeia alimentícia com as instituições são elementos-chave (produtores, laboratórios, indústrias de processamento, transportes, universidades e governos). A padronização global dos métodos de diagnóstico (ONE-HEALTH) é essencial, assim como o investimento em estudos epidemiológicos e de fatores de risco; 6. Necessitamos, como veterinários, pensar em termos globais, desenvolvendo uma Suínos&Cia | nº 52/2014
1. Biossegurança: medidas para proteger as granjas da introdução de novos agentes infecciosos, identificar riscos, aplicar protocolos à risca, treinamento e formação contínua de pessoal, auditoria e testes junto ao pessoal de granja. Dentro destas medidas, são essenciais: • protocolo de biossegurança para entrada de pessoas na granja; • movimentação de animais: adaptação das reposições, fornecimento de colostro, vazio sanitário rigoroso, mistura de idades/pesos, fluxo na granja; • veículos de transporte: animais, ração, dejetos e cadáveres; • proximidade a outras granjas: transmissão aérea. 2. Estudo epidemiológico e medidas de biossegurança regionais, dependendo das áreas e das fases produtivas, nos locais de produção. 3. Programas de diagnóstico e monitoria: detecção precoce, definição de fatores de risco, planejamento de medidas prioritárias, avaliação das intervenções e preparação de um programa preliminar de diagnóstico laboratorial (tamanho e tipo de amostras, coleta, técnicas sensíveis e plano de ação). Lembrar da importância de uma
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excelente comunicação de resultados e suas interpretações. 4. Estudo e conhecimento de biologia molecular para identificar quadros clínicos e seus agentes etiológicos de modo preciso, o que permitirá conhecer a real origem deles. 5. Rede de comunicações eficiente com a comunidade técnica, o que facilitará a interação correta entre produtores, veterinários, laboratório e pesquisadores, com o objetivo de expandir de modo claro o conhecimento. SÍNDROME RESPIRATÓRIA E REPRODUTIVA SUÍNA NAUWYNCK, H. Ordem: Nidovírus – Família: Arteriviridae – Gênero: Arterivírus. Este vírus está claramente diferenciado em dois outros tipos diferentes de vírus, genética e antigenicamente (americano e europeu), com maior dispersão genética no primeiro, o qual produz também sintomas reprodutivos e respiratórios mais graves, no geral. Em 2006 apareceu na China uma variante de cepa americana muito agressiva. Surpreendentemente, foram identificadas mais alterações nas estirpes europeias (novos sorotipos 2, 3 e 4), sendo supostamente as da Europa Oriental mais virulentas que o sorotipo 1, do oeste. Durante 20 anos, a replicação viral em macrófagos foi um diferencial da sua patogenia, sendo estas células especialmente do pulmão, amígdalas, gânglios linfáticos, baço, endométrio e placenta. O vírus não se replica bem no trato respiratório superior, sendo difícil o seu isolamento a partir de exsudatos nasais. Uma exceção é a estirpe europeia do norte 2013, sorotipo 3 Lena, que destrói macrófagos alveolares e nasais, associando-se a infecções respiratórias bacterianas secundárias em leitões e suínos de engorda. Assim também o fazem algumas novas cepas americanas, como a VR2332, a SDSU-73, a NADC e a MN-184. A placentite é a principal causa de patologia e morte fetal, não sendo os fetos capazes de desenvolver anticorpos antes do óbito (fluidos fetais, inclusive, são inadequados para estudos sorológicos). Os anticorpos são produzidos nos animais oito dias após a infecção, mas são necessárias várias semanas para que apareça um pico de neutralização. Os baixos níveis de interferon induzidos, as células Killer naturais e os linfócitos T complicam a ação eficaz de uma vacina, sendo necessário adotar junto às atuais (inativadas e atenuadas) medidas de biosseguridade para controlar a circulação viral na granja. ZUCKERMANN, F.A. O vírus da PRRS apresenta um grau significativo de diversidade genética (genótipo 1, europeu; e genótipo 2,
norte-americano), a qual, por sua vez, é classificada em nove linhagens distintas. As linhagens 6 e 9 são consideradas as mais virulentas e de maior transmissão aérea. A resposta aos anticorpos neutralizantes é muito variável, sendo tanto a resposta imune inata como a adaptativa muito diversa, em diferentes populações de suínos. Eles relataram uma correlação positiva entre os níveis séricos de IFN-gama, e a redução de abortos e natimortos tem sido notificada, embora nem sempre seja evidente. A IFN-g aparece de forma determinante após a primeira exposição ao vírus, sendo afetada minimamente pela reexposição a ele. Assim, mais estudos são necessários para esclarecer como a resposta por IFN-g, mediada por células T de memória e anticorpos neutralizantes, tem sua intensidade afetada. A produção de IFN-g no pulmão de suínos com infecção aguda não é detectável. Claramente, a relação entre a imunidade inata e adaptativa em infecções pelo vírus da PRRS ocorre a partir da interação das células dendríticas com o interferon, sendo polarizada pelas células T. Presumivelmente, o vírus da PRRS induz uma baixa produção de IFN-alfa, do mesmo modo como faz o vírus da gastroenterite transmissível. Estão sendo estudados diluentes vacinais que estimulem mais a produção de citocinas, dentro do sistema de resposta inata. Embora a vacinação possa reduzir a duração e a magnitude da viremia, esta não está necessariamente associada à infecção viral (febre, crescimento prejudicado e doenças respiratórias). Foi encontrada uma correlação entre os sinais clínicos e a viremia em suínos entre 2 e 6 meses de idade, infectados e não vacinados.
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A associação entre a proteção imunológica e as respostas imunitárias celular e humoral por meio da vacinação é difícil de ser estabelecida na forma respiratória da PRRS. Os mecanismos de resposta imunitária mediados por vacinas requerem estudos adicionais para sua melhor compreensão. SING, M. Estudos sorológicos retrospectivos indicam que o vírus da PRRS já circulava em suínos muitos anos antes de ser oficialmente reconhecido, ou do surgimento dos quadros clínicos da doença causada por ele nos EUA (a partir dos anos 1990). Uma hipótese aceita é a de que ele tenha cruzado a barreira interespécies por meio de um parentesco com espécies residentes locais de roedores. Mudanças na sua diversidade genética levaram ao aparecimento de quadros graves da doença (cepa China 2006, de origem norte-americana; abortos em 1996; cepa MN-184 2001, em Minnesota e em outros Estados). DEKKERS, J. Nas últimas décadas, a seleção genética tem sido muito eficaz, particularmente no desenvolvimento e aperfeiçoamento de linhagens de suínos que produzem mais carne e de forma mais eficiente, associado com melhorias nº 52/2014 | Suínos&Cia
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no crescimento, na quantidade de deposição de gordura, na qualidade da carne e nos parâmetros reprodutivos. Em 2008 foi criado o Consórcio Múltiplo Genético (PHGC, da sigla em inglês), na Universidade Estadual do Kansas, para selecionar suínos com maior resistência ou menor sensibilidade ao vírus da PRRS. Os testes concentram-se na análise da viremia após 21 dias e consideram especialmente o ganho médio diário. Os resultados identificaram uma região no cromossomo 4 (SSC4), de ½ Mb, que estaria associada tanto com a carga viral como com o ganho médio diário. Essa característica tem sido observada em várias cepas do vírus da PRRS. • O número de amostras analisadas por PCR e consideradas positivas, no laboratório da Iowa State University (ISU), aumentou 300% entre 2009 e 2013, enquanto que os níveis de anticorpos permaneceram constantes. Fluidos orais estão sendo utilizados tanto para a detecção de anticorpos e antígenos, bem como para a sequenciação (5.000 amostras de fluidos orais analisadas na ISU, em 2010). A diferenciação de anticorpos formados em suínos imunizados com a vacina viva modificada e frente à infecção natural pelo vírus de campo ainda não é viável, mas está sendo estudada por técnicas moleculares. • Depois da infecção, a imunidade humoral aparece entre 7 e 10 dias, podendo ser detectada por testes sorológicos convencionais. Diferentes cepas virais exibem distintas propriedades imuno-biológicas. O vírus replica-se em macrófagos alveolares e em células dendríticas, induzindo à necrose por apoptose. • Os programas Load-Close-Homogenize norteamericanos (L-C-H, da sigla em inglês), aplicados em outros países europeus visando à eliminação do vírus em granjas com quadro agudo ou crônico durante 30 semanas, demonstram-se efetivos, embora seja preciso realizar testes para diagnóstico frequentes e intensivos (recomenda-se que sejam mensais). • Na Venezuela, a soroprevalência do vírus da PRRS varia de 42% a 90% (estudo realizado em 29 granjas). A maioria delas é de ciclo fechado, com dois momentos de maior circulação viral: um entre 7 e 12 semanas de idade (leitões) e outro entre 15 e 21 semanas de idade (setor de engorda). Inclusive, essa prevalência é mais ativa no segundo momento, em comparação ao primeiro. Em reprodutoras, a referida prevalência é menor, a partir do 5º parto. • As amostras de fluidos orais coletadas de leitões antes do desmame são muito eficazes, em termos de amostragem, e também sensíveis para a detecção da sobrevivência viral em granjas infectadas, vacinadas ou presumivelmente negativas no nível das reprodutoras.
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• Existe o risco de pequenas populações de suínos não comerciais virem a infectar granjas industriais (disseminação regional, feiras, mercados). • Há uma correlação positiva entre a classificação genômica de cepas virais e a distância geográfica, com base no vento e em vetores selvagens como vias de contágio. • Surtos da doença causada pelo vírus da PRRS foram descritos (Irlanda e Suíça) em 2013, em consequência do fornecimento de doses seminais para um grande número de produtores, a partir de centrais de inseminação locais. A prevalência na Irlanda, em 2013, chegou a 43,9% das granjas. As medidas de controle foram delineadas com base na vacinação massal das reprodutoras com uma vacina viva atenuada. Esse procedimento ajudou a recuperar os parâmetros de produção em três meses. • Após 25 anos de pesquisa, a patogenia do vírus da PRRS em fetos mortos durante a infecção ainda não é bem conhecida. Em muitos casos de abortos associados ao referido vírus durante a gestação, as lesões microscópicas em órgãos internos de fetos são raras e inconsistentes. Sugere-se que a morte fetal não seja, necessariamente, devida à replicação viral em órgãos internos, embora a localização da implação fetal desempenhe um papel importante. Inflamação do endométrio e vasculite são comuns, embora não haja correlação direta entre o grau de lesão e a infecção. • Na Dinamarca, 50% das granjas são positivas para o vírus da PRRS tipos I e II. Em 2010 houve surtos mais agudos da doença, com maiores consequências na esfera reprodutiva (natimortos e mumificados) pelo tipo II. O uso frequente de vacinas vivas modificadas reduziu a viremia e a excreção viral e ajudou a controlar também os sinais clínicos (estima-se que tenha havido uma redução no grau de transmissão da doença da ordem de dez vezes, além de uma diminuição de 12 dias na duração do período de infecção dos leitões vacinados). • No México, os isolamentos iniciais do sorotipo 2 americano, em 1992, na região de Jalisco, deram origem às cepas atuais do vírus da PRRS. Na China e no Vietnã persistem as cepas I e II. • Em muitos estudos insiste-se na intensificação das medidas de biosseguridade e de boas práticas de manejo para reduzir o risco de infecções pelo vírus da PRRS em suínos de engorda e em reprodutoras. • O custo de um quadro de PRRS em granjas holandesas varia de € 59,00 a € 329,00/porca. A vacinação de porcas e leitões, associada à biosseguridade, é essencial para reduzir a incidência e a gravidade do quadro em ambas as fases de produção. Na Suécia, estima-se o custo de um quadro agudo em perdas da ordem de € 183,00
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a € 262,00/porca. No Canadá, as referidas perdas são da ordem de € 60,00/baia de porca lactante, € 6,00/sala de creche e € 20,00/baia de engorda. A replicação de algumas cepas do genótipo I na mucosa nasal pode influir na disseminação aérea potencial. O vírus da PRRS replica-se em macrófagos alveolares e monócitos, usando os receptores CD163 e CD169 e levando a uma imunomodulação e possível persistência, sem, no entanto, suprimir a produção de células T. As proteínas de fase aguda despertam grande interesse, como biomarcadores de infecções clínicas ou subclínicas em suínos. Nos animais doentes detecta-se no soro (Pig-MAP), por meio de kits Elisa, a presença da haptoglobina e proteína C-reativa, havendo uma boa correlação com o ganho médio diário dos suínos infectados. O uso de vacinas vivas modificadas reduz o grau de lesões pulmonares diante de infecções experimentais com cepas heterólogas. Na Ásia, a vacina tríplice PRRS+PCV2+MYC é de uso freqüente, e os resultados obtidos em suínos de engorda, frente ao seu uso comparado aos antígenos separados, não mostra diferença significativa. A sinergia entre o vírus da PRRS e a Pasteurella multocida, em quadros de Complexo Respiratório Suíno, é frequentemente descrita, havendo aumento da taxa de mortalidade, refugos e atraso no crescimento.
DOENÇAS ASSOCIADAS AO CIRCOVÍRUS SUÍNO (PCV2) Vacinas comerciais estão disponíveis, desde 2006, sendo muito eficazes na redução da morbidade e mortalidade causadas pelo PCV2. Vários testes conduzidos, comparando vacinas aplicadas entre 3 e 5 dias de idade versus três semanas de idade, demonstraram uma resposta humoral semelhante. Em todos os casos, a excreção viral é reduzida. Nos últimos anos, nos EUA, foram descritas falhas vacinais com a ocorrência de quadros clínicos aparecendo entre a metade e a fase final da engorda, derivados de variantes da cepa mPCV2b, semelhantes às encontradas na China, em 2010. As vacinas utilizadas nos EUA parecem ser eficazes contra esta cepa. Há razões para se explicar essas falhas vacinais, entre elas a má conservação delas, a ruptura da cadeia do frio, o uso de doses médias e de produtos vencidos e a vacinação de suínos parasitados ou doentes. O teste de hipersensibilidade tardia (DTH, da sigla em inglês) é usado in vivo para medir a imunidade de base celular. Sua reação é avaliada utilizando-se a vacina comercial Circovac™ 18 horas após a inoculação do antígeno e medindo o
Dr. Antônio Palomo e Dr. Joaquim Segales durante o evento eritema local, o qual é maior em suínos imunizados com ela do que com outros produtos comerciais. Não foram encontradas diferenças quanto aos níveis de IFN-G entre as vacinas. A duração média da imunidade, com as vacinas atuais, situa-se ao redor das 21 semanas, de acordo com diferentes trabalhos publicados sobre o assunto. Nos EUA, o PCV2a foi o único subtipo isolado antes de 2006. O PCV2b foi detectado a partir de 2006, e o mPCV2b foi isolado pela primeira vez em 2012. O PCV2 pode infectar suínos de todas as idades, sendo encontrado no soro, plasma, fezes, tonsilas e nódulos linfáticos. A frequência do isolamento do PCV2 (amostras positivas), em um estudo realizado no Vietnã, comparou amostras de fezes (69,34%) frente a de soro (59,18%). Os nódulos linfáticos são os locais prioritários para coleta de amostras quando se pretende diagnosticar infecções devidas ao PCV2 pela prova do PCR. A transmissão vertical não está de todo ainda bem definida. A contaminação uterina e por ingestão de colostro já foi descrita. A viremia, no momento da vacinação, resulta na persistência dela. As vacinas comerciais são capazes de controlar a infecção pelo PCV2 induzindo tão somente a imunidade humoral. Estão em estudo combinações de adjuvantes moleculares que melhoram tanto a imunidade humoral como a celular. Alguns trabalhos demonstram que os suínos Landrace são mais suscetíveis a desenvolver patologias associadas ao PCV2 (mais lesões microscópicas no tecido linfóide e menos títulos, medidos pelo teste da imunoperoxidase). O miocárdio e o timo dos leitões infectados estão claramente afetados, juntamente com os nódulos linfáticos, em quadros clínicos característicos da doença, havendo diferenças no tropismo viral em leitões infectados subclinicamente. Assim, alguns autores sugerem que as infecções pelo PCV2
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são latentes e que o vírus se introduz de forma precoce nos embriões. Na Europa, estima-se que estejam vacinados 80% dos leitões, enquanto na Polônia não mais de 30%. Na Holanda e Alemanha, até 90%. DIARREIA EPIDÊMICA SUÍNA (DES) YOON, K.J. Causada por um coronavírus do gênero alphacoronavírus (RNA) e relatada pela primeira vez na Europa e na Ásia, em 1971, e em abril de 2013 nos EUA, Canadá, Caribe e América do Sul (www.aasv.org/PED/SECoV-weekly-report140430.pdf). A principal fonte de transmissão dessa doença é fecal/oral. A transmissão aérea foi demonstrada em alguns trabalhos, em outros não. O vírus é geneticamente e antigenicamente diferente do agente da gastroenterite transmissível (TGE), mas a sintomatologia clínica da doença é muito semelhante, com episódios de anorexia, letargia, febre, diarreia grave, desidratação, desnutrição e vômitos ocasionais em leitões, especialmente nos primeiros 10 dias de idade. Todos os suínos, de todas as idades, são suscetíveis (leitões, engorda e reprodução). A mortalidade em leitões varia de 30% a 100% em granjas tanto positivas quanto negativas. Condições agudas implicam em perda completa da produção entre 2 e 4 semanas. Os suínos de engorda não sofrem baixas, mas sim um atraso no crescimento (de 1 a 2 semanas para atingir o peso de abate). As lesões são limitadas ao intestino delgado, que se apresenta com paredes finas, com as vilosidades altamente destruídas. É comum a presença de colostro e/ou leite não digeridos no conteúdo estomacal, além de água no intestino (enterite atrófica).
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A excreção fecal do vírus começa dentro de 24 horas da exposição a ele, de modo semelhante ao seu período de incubação. Fezes e porções amarradas do intestino delgado são as amostras mais sensíveis e devem ser enviadas ao laboratório
Vista da varanda do hotel, onde aconteceu a 23ª edição do IPVS Suínos&Cia | nº 52/2014
bem refrigeradas para análise por meio da prova do PCR e histologia. Estão disponíveis também para o diagnóstico, no caso de suínos expostos ao vírus, as técnicas de soroneutralização e imunofluorescência. O teste de ELISA ainda é experimental para a DES. Os suínos desenvolvem anticorpos neutralizantes subsequentemente à exposição, mas em níveis baixos (< 1:16). A imunidade passiva colostral protege os leitões até os 14 dias de idade. Altos níveis de IgA correlacionam-se com o grau de proteção, enquanto que os níveis de IgG normalmente dão uma proteção baixa. A presença de anticorpos neutralizantes no soro não se correlaciona com a proteção. Então, a melhor maneira de saber o grau de proteção é medir o nível de anticorpos IgA no colostro e no leite por meio de técnicas de SI-ELISA. Antes de 2011, os vírus da diarreia epidêmica suína e da gastroenterite transmissível e o rotavírus eram endêmicos na China, causando diarreias em leitões lactentes por mais de 20 anos. Desde 2011, o vírus predominante, que provoca mortalidade de 60% a 100% em leitões com 7 dias de idade, é o da DES. A presença do rotavírus quadruplicou em 2013, em comparação com 2012. A DES é considerada uma doença exótica no Peru, causando diarreia em leitões de 5 a 12 dias de idade, vômitos, desidratação grave e até 100% de mortalidade. É diagnosticada por PCR, havendo uma alta correlação genética com as cepas norteamericanas. As amostras são analisadas rotineiramente, por meio de porções do intestino, fezes e fluidos orais. No Canadá, o vírus da DES apareceu pela primeira vez em fevereiro de 2014. O transporte (caminhões) é uma das principais vias de propagação viral. Protocolos adequados para a limpeza, lavagem e desinfecção dos meios de transporte e das instalações reduzem a transmissão. O vírus presente nas fezes pode ser inativado por meio de tratamento térmico (71°C por 10 minutos ou 20°C durante 7 dias). O pico de excreção viral ocorre no prazo de 5 a 6 dias após a infecção, com início 48 horas depois dela e com um período de incubação de 12 a 24 horas. O melhor anticorpo para detecção é o IgA, referente à resposta imune humoral, a qual não se mantém por muito tempo após a infecção (3 a 4 semanas). Existe pouca informação sobre a eficácia de vários protocolos de retroalimentação (infecção dos suscetíveis com tecido intestinal) na indução de imunidade, incluindo a duração da resposta sorológica e a produção de anticorpos muconasais. Não há indícios de uma proteção sólida, nem em porcas e nem nos leitões. Na China foram testadas vacinas inativadas, aplicadas em duas doses por via intramuscular, às 4 e às 2 semanas antes do parto. Foram obtidos
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anticorpos neutralizantes (IgG e IgA), mas a duração e o efeito da imunidade em leitões revelaram-se porcas-dependentes. GRIPE SUÍNA TORREMORELL, M. O vírus influenza A é reconhecido como um dos agentes infecciosos mais importantes relacionados às patologias respiratórias, tanto para humanos quanto animais. Nos suínos causa anorexia, febre, dispneia, tosse, rinorreia, letargia e abortos por causa da hipertermia. A doença caracteriza-se por uma elevada morbidade e baixa mortalidade, com reflexo sob a forma de queda no ganho médio de peso diário. Foi reconhecido como agente infeccioso viral respiratório pela primeira vez em 1918, permanecendo estável nos EUA até 1998, a partir de quando foram identificados novas cepas e subtipos, os quais possuem em seu genoma componentes humanos e aviários difíceis de controlar. A detecção de novas cepas continua ainda nos dias de hoje. Modelos matemáticos estudados em humanos sugerem que a transmissão pelas vias aéreas é a que predomina. As principais vias de transmissão do vírus da influenza em suínos são os aerossóis, materiais usados no dia a dia da granja, animais vivos e contato direto com secreções e fômites. A principal via de transmissão entre granjas é o contato direto com animais infectados tanto na forma clínica como subclínica, sendo as fêmeas futuras reprodutoras as que desempenham um papel essencial na transmissão do problema entre o plantel de reprodução. Outra fonte importante de infecção identificada é a água contaminada com fezes de aves. O vírus não é transmitido pelo sêmen, nem aos humanos pelo consumo de carne suína, in natura ou curada. O transporte de suínos a grandes distâncias está implicado na disseminação das cepas de origem humana, seja entre granjas ou entre diferentes locais de produção (reprodutoras a leitões – leitões à engorda). A soroprevalência, nos EUA, Canadá, Europa (Bélgica, Alemanha, Espanha) está entre 85% e 90% do plantel de reprodução. No nível do suíno, como indivíduo, as infecções pelo vírus da gripe têm duração média de 5 a 7 dias; já no nível populacional, pode prevalecer de semanas a anos. Assim, as infecções e as dinâmicas de transmissão em grandes populações podem diferir significativamente daquelas observadas em pequenos grupos de animais. As granjas infectadas de modo endêmico são muito comuns, e, hoje está claro que a forma de apresentação mais frequente da doença é a subclínica. O vírus da gripe é detectado em ambas as situações: granjas vacinadas e não vacinadas e em animais com ou sem sintomas clínicos.
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O isolamento de cepas em uma granja é dinâmico no tempo, e essas granjas infectadas endemicamente representam um reservatório viral que pode infectar outros suínos, outras espécies de animais e até mesmo pessoas. Os leitões lactentes agem como reservatório do vírus da gripe para a manutenção de infecções enzoóticas nas reprodutoras, a introdução do vírus nos leitões desmamados e sua passagem posterior aos animais de engorda. A imunidade influi sobre a dinâmica de transmissão da gripe suína entre as populações. Assim, o risco de transmissão é 10,66 vezes superior em animais não vacinados. POLIAK, Z. O vírus da gripe circula endemicamente em muitas granjas de suínos, com oscilações que são pouco conhecidas. Os cálculos a respeito do número de reprodutibilidade (Ro) para medir a transmissão do vírus entre as populações são variáveise dependem dos padrões de contato entre elas. Em condições experimentais, o período entre a infecção e o aparecimento de sintomas clínicos é de 24 horas, sendo o período de excreção de 5 a 7 dias em animais não imuno comprometidos e de até 19 dias em suínos imuno deprimidos. A duração da imunidade efetiva durante longos períodos não é bem conhecida. Nas infecções naturais, a duração média de imunidade atinge um ano, podendo haver circulação viral que chega a infectar as reprodutoras se o vírus passar dos leitões lactentes para suas mães. Devemos considerar também que novos casos clínicos da doença em reprodutoras são devidos a erros nos programas de biosseguridade. O papel da imunidade materna na transmissão do vírus entre leitões e suas mães não é bem conhecido. A alta circulação do vírus da influenza na época do desmame (exsudatos nasais) ocorre na presença de níveis elevados de anticorpos séricos. Os leitões que se infectam na presença de anticorpos maternais não soro-convertem, e isto trará implicações na circulação viral nas populações de suínos de engorda. A imunidade materna pode persistir, em média, por oito semanas, com grande variabilidade entre os indivíduos. Assim, animais diferentes podem se infectar em momentos distintos, podendo haver a repetição de quadros clínicos em intervalos de mais de quatro semanas (mensalmente). A exposição dos animais a diferentes subtipos e variantes ocorre com freqüência, e as coinfecções no mesmo animal são bem identificadas, assim como as infecções por agentes respiratórios secundários em condições de campo. A incidência do vírus da gripe é maior no início do período de engorda em granjas de ciclo completo e no final de engorda, em terminadores. Os picos de gripe humana se concentram nos meses de inverno, enquanto que a sazonalidade em suínos não está bem clara. As baixas
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temperaturas prolongam o tempo de excreção viral, e a elevada densidade de suínos em uma região é considerada um fator de risco para a prevalência de casos de gripe. O vírus influenza A tem potencial zoonótico e risco de saúde pública, havendo maior transmissão entre animais e humanos com as novas variantes virais em ambos (H5N1 altamente patogênica, H7N9 China, H3N2 e H1N1 2009). • O vírus H1N1 pdm09 (pandemia 2009) circula em granjas de suínos, na Alemanha, associado com sinais clínicos variados derivados também de diferentes coinfecções. • Os suínos atuam como hospedeiros intermediários de novas gerações de cepas do vírus da gripe, as quais podem replicar e se expandir na população humana. • No México circulam múltiplas cepas dos três vírus H1N, H1N2 e H3N2, que circulam também nos EUA e no Canadá. Elas podem ser encontradas todas no mesmo ano e na mesma população. A H1N1 foi a de maior soroprevalência entre 2000 e 2009, com 74%. • Na Espanha, em estudo realizado entre 2009 e 2011 contemplando 14 isolamentos (6 H1N1 + 4 H1N2 + 4 H3N2), a maior diversidade antigênica coube ao H1N1. • O vírus influenza suíno é enzoótico em populações suínas da Europa, Ásia, Américas do Sul e do Norte. Na Dinamarca prevalece o H1N2 e, desde 2009, está aumentando a prevalência do H1N1pdm09. • O vírus da influenza tem a capacidade de se evadir da imunidade humoral ao mudar sua proteína de superfície. • O vírus influenza pode ser detectado por PCRqRT em amostras de fluidos orais durante prolongados períodos de tempo (25% ao 21º dia posterior à infecção), enquanto que em amostras coletadas por swabs nasais já começam a ser negativos a partir dos 7 dias. • Os sistemas de ionização de partículas eletrostáticas (EPI) reduz significativamente a quantidade de partículas virais (> 2,57 logs), diminuindo sua disseminação. O sistema mostrou-se eficaz com partículas de 9 a 10 microns. • A presença de anticorpos neutralizantes pode reduzir o quadro clínico da doença, mas não a infecção. Nos EUA foram observados muitos casos de leitões infectados nas primeiras três semanas de vida. O uso de vacinas inativadas nas porcas permite a redução da circulação do vírus em leitões desmamados em granjas endêmicas. • A entrada de cepas do vírus humano em granjas de suínos por meio de trabalhadores doentes clinicamente (febre, por exemplo) está bem descrita, motivo pelo qual se deve evitar que
trabalhem quando padeçam dos sintomas da gripe. • A circulação do vírus da gripe em granjas com matrizes vacinadas pode ser detectada em amostras de fluídos orais das leitegadas antes do desmame. • Os leitões lactentes e as futuras reprodutoras têm um papel importante na manutenção e na transmissão do vírus da gripe A em populações suínas. Estas subpopulações desempenham papel essencial na criação e manutenção da diversidade do vírus da gripe ao longo do tempo e em granjas de reprodutoras infectadas endemicamente. OUTRAS PATOLOGIAS VIRAIS E MISCELÂNEA INFECCIOSA • DOENÇA DO OLHO AZUL Doença endêmica no México desde 1980. Foram descritos 3 genogrupos com diferentes manifestações clínicas. O diagnóstico faz-se por isolamento viral, técnicas de inibição da hemaglutinação e RT-PCR, com um limite de detecção de 10 a cada duas cópias do vírus RNA (84% a 87% de sensibilidade em swabs nasais e orais). • DOENÇA DE AUJESZKY Na China, a soroprevalência entre 2010 e 2012 aumentou, sendo maior em leitões do que em reprodutoras (ELISA - IDEXX™). O quadro clínico confirma uma elevada mortalidade em leitões lactentes. • PESTE SUÍNA AFRICANA Anticorpos podem ser detectados por meio de fluidos orais. A IgG pode ser detectada aos 12 dias pós-infecção, tanto no soro como em fluidos orais, com uma especificidade de 99,5% e 100%, respectivamente. • ERISIPELA A infecção causada pelo Erysipelotrix rhusiopathiae continua sendo uma doença importante na suinocultura. As técnicas de diagnóstico são numerosas, e algumas delas podem ser prejudicadas por tratamentos com antibióticos nos animais amostrados. As mais utilizadas são sorologia, imuno-histoquímica, PCR a partir de sangue e fluidos orais (detecta anticorpos de 4 a 8 dias pós-infecção). • ESTREPTOCOCCUS SUIS É o agente infeccioso mais importante envolvido nos casos de meningite, septicemia e outras patologias dos suínos, além de ser um agente zoonótico. Um total de 35 sorotipos já foi descrito, com diferentes graus de virulência e patogenicidade. Diferenças significativas também existem entre as várias cepas virulentas do S. suis do tipo 2 (determinadas pelo teste de coaglutinação). Em um estudo realizado no Brasil, o sorotipo 2 foi mais prevalente do que o 3 e o 7, sendo que 21,4% das cepas não foram identificadas.
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• CLAMIDIOSE As infecções por clamídia em suínos (leitões, porcas e cachaços) estão descritas desde 1950, causadas por diferentes espécies: Chlamydia abortus, Chlamydia pecorum, Chlamydia psittaci e Chlamydia suis. Associadas a distúrbios digestivos, respiratórios, reprodutivos e a casos de conjuntivite, as infecções mais comuns costumam ser também assintomáticas. Na Polônia, em 15.174 amostras de soro, 400 swabs vaginais e 25 fetos abortados analisados pelo teste de fixação de complemento (soros) e PCR (os demais), houve 2% de positividade, com foco em duas espécies, acima de tudo: Chlamydia suis e Chlamydia abortus. Na Alemanha e na Suíça, as espécies isoladas foram diferentes. • NECROSE AURICULAR E ÚLCERAS DE PELE Podem ser observadas com certa frequência, de acordo com publicações em diferentes trabalhos da Grécia e Dinamarca, relatando isolamentos bacterianos, entre eles, o Treponema spp. • RINITE ATRÓFICA Os fluidos orais têm material genético suficiente de Bordetella bronchiseptica e de Pasteurella multocida toxigênica para ser detectado por PCR, sendo similar em termos de sensibilidade às amostras coletadas a partir de swabs nasais. MYCOPLASMAS SPP
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MYCOPLASMA HYOPNEUMONIAE Na Espanha, a prevalência em fluidos de lavado tráqueo-bronquial é maior em suínos adultos do que em animais mais jovens, estando relacionada com a presença de sinais clínicos respiratórios. Segundo A. Charlebois, o M. hyopneumoniae está presente na maioria das granjas em nível mundial, sendo o agente primário da pneumonia enzoótica e tendo a habilidade de incrementar a gravidade das infecções causadas por vírus, aumentando particularmente a quantidade e a persistência do PCV2. Seu cultivo e as interações com o M. hyorhinis, na flora do trato respiratório superior do suíno, dificulta o seu diagnóstico por isolamento. Genomicamente ele tem demonstrado elevada heterogeneidade, quando se utilizam técnicas de amplificação polimórfica do DNA (MLVA, da sigla em inglês), podendo haver diferenciação de cepas do M. hyo no trato respiratório sem o cultivo prévio. Também a técnica de PCR-RFLP encontra uma grande diversidade de cepas, com uma grande heterogeneidade dentro da mesma granja. A metade das cepas isoladas apresenta menos de 55% de homologia com as cepas vacinais e as cepas de referência. • Têm sido descritas grandes variações em seu genótipo, apresentação de sinais clínicos e resposta ao tratamento. As variações genotípicas Suínos&Cia | nº 52/2014
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dos EUA e Europa são muito similares (variantes 9-21, 9-15, 11-21). Em situações endêmicas, a transmissão mantém-se por via vertical, desde as porcas, ou por via horizontal entre leitões da mesma instalação. A taxa de gravidade da doença é definida como a proporção do número de suínos infectados por dia. Os fatores de risco que determinam um índice maior concentram-se na má aclimatação das marrãs, em leitões desmamados com mais de 28 dias sem vacinar, no contato com engordas de suínos de diferentes idades e com a presença de co-infecções por vírus e bactérias. A excreção do M. hyopneumoniae pelas porcas, durante a lactação, influencia significativamente a probabilidade de colonização dos leitões no desmame, e essas chances aumentam por grupos etários de leitões, nos quais pelo menos uma mãe é positiva. A prevalência no desmame, nos EUA, varia até 56%. A idade do desmame está significativamente associada com a colonização no momento em que ele ocorre. Os tipos de amostras que coletamos definem a sensibilidade da técnica de diagnóstico. Os esxudatos bronquiais e oro-faríngeos detectam maior número de positivos, sendo usados para determinar a estabilidade da bactéria na granja. Em um estudo realizado na Espanha, a prevalência média de lesões pulmonares de M. hyo foi de 15,33% (até 65,7%), tendo sido encontradas até 5% vs > 25% de lesões pulmonares macroscópicas no momento do abate; uma diferença no ganho médio diário da ordem de 38 g; 70 g a mais de taxa de conversão; taxas de mortalidade entre 0,78% e 1,21% e gastos terapêuticos de € 0,52 a € 0,79/suíno, respectivamente. A conclusão, neste estudo, foi de que o custo da presença do M. hyo em granjas infectadas é de € 2,70/suíno. A aplicação prática do teste da monitoria individual de tosses em várias granjas, durante um período curto de tempo, utilizando um sistema de microfones (por uma hora), guarda uma relação entre o aumento pontual das tosses com a infecção pelo M. hyopneumoniae. Testes similares estão sendo conduzidos com o vírus da influenza e o vírus da PRRS. Infecções adicionais com o vírus da PRRS agravam o índice de tosses induzido pelo M. hyopneumoniae. Em todo o mundo utilizam-se diferentes protocolos de vacinação contra o M. hyopneumoniae. Em estudos comparando vacinas aplicadas por via intramuscular vs intradérmica, às três semanas de idade, os parâmetros de ganho médio diário e lesões pulmonares de pneumonia não revelaram diferença significativa.
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• A administração de tulatromicina em porcas no 112º dia de gestação reduz a excreção do M. hyopneumoniae por parte delas e, portanto, diminui o percentual de leitões positivos no nascimento e no desmame. • Os programas de vacinação conjuntos MYC+PCV2 têm se mostrado muito eficazes no controle dos sintomas clínicos e lesões devidas a ambos agentes infecciosos. A vacina combinada aplicada sem agulha dá os mesmos níveis de proteção e resultados, além de, adicionalmente, reduzir o estresse e o risco de transmissão de doenças, gerar economia de tempo e ser altamente segura. MYCOPLASMA HYORHINIS Na Espanha, a prevalência do agente em questão em lavados traqueo-brônquicos é semelhante entre leitões e suínos de engorda (10 a 20 semanas), além de não estar relacionada com a presença de sintomas respiratórios. A colonização e o desenvolvimento de lesões pelo M. hyorhinis são anteriores ao mesmo processo relativo ao M. hyopneumoniae, e as coinfecções são uma importante contribuição para a manifestação clínica dele. Desde 2008 a prevalência do M. hyor vem aumentando nos EUA com o surgimento de cepas de diferentes graus de virulência e uma presença significativa de infecções concomitantes (poliserosite, artrite, mortalidade de leitões desmamados). O isolamento bacteriano, o PCR e o MLST servem para o diagnóstico e a tipificação do agente. MYCOPLASMA HYOSINOVIAE Entre 2003 e 2010 a prevalência desse agente, nos EUA e no nível laboratorial, passou de 17% para 37% dos casos de artrite em suínos de engorda. A bactéria produz uma inflamação no tecido interarticular, acompanhada de aumento do fluido articular, definido como seroso, fibrinoso, purulento, macrofágico ou linfoplástico. No caso de futuras reprodutoras deve-se condicionar a longevidade e a taxa de renovação, além do fato de atuarem como principais portadoras para a introdução do referido Mycoplasma hyosinoviae em granjas negativas. O diagnóstico é complexo e, se os suínos tiverem sido tratados com antibióticos, pode-se aplicar o teste de ELISA, com PCR em tonsilas e fluidos orais.
purulenta catarral, artrite e meningite no complexo da doença de Glasser, ao mesmo tempo em que é uma bactéria comensal, geralmente isolada no trato respiratório superior dos suínos em granjas convencionais. Entre 2007 e 2013, na Itália, foi isolada de suínos doentes e sorotipada (vários sorotipos) pelo teste de difusão em agar gel, a partir do cérebro, pulmão, articulações, exsudato pleural e pericárdio. A maior prevalência foi a do sorotipo 4 (26,7%), e a segunda maior foi a dos sorotipos 13 (20,2%) e 5 (8,6%). 30,8% dos isolados não puderam ser tipados, e os sorotipos 4, 12 e 13 foram considerados os mais comuns em doenças sistêmicas, muitas vezes isolados do pulmão e dos exsudatos pericárdios. Os fatores que alteram os padrões de colonização do H. parasuis em leitões desmamados são os antibióticos, que afetam a dinâmica da infecção. A exposição de leitões a baixas doses de cepas virulentas da bactéria reduz a mortalidade pela doença de Glasser. PLEUROPNEUMONIA SUÍNA Do Actinobacillus pleuropneumoniae (APP) são conhecidos 15 sorotipos, segundo a composição dos polissacarídeos capsulares. Na Austrália, durante 11 anos (2002 a 2013), os sorotipos isolados por PCR foram: 1, 5, 7, 12 e 15, sendo o 15 o mais predominante (35%), seguido pelo sete (26%), o 3 (19% ) e o 1 (9%).
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O período de incubação é variável, e as lesões pulmonares variam de acordo com a evolução clínica da doença, condicionados pelo sorotipo e pela dose infectante, fatores estes predisponentes e agravantes. A infecção pelo sorotipo 7 tem um período de incubação 3 a 4 vezes mais longo do que a infecção causada pelo sorotipo 2, o qual, por sua vez, produz maior número de pequenas lesões pulmonares. As áreas danificadas pelo agente, no pulmão, têm um alto nível de neutrófilos ativos e necróticos. Nesses casos, a tulatromicina tem demonstrado um efeito imunomodulador, com benefícios anti-inflamatórios para o suíno.
DOENÇA DE GLASSËR
Na Suécia, o sorotipo predominante é o 2, encontrando em 2012 e causando um grau de pleurisia no momento do abate da ordem de 13%. A profilaxia com vacinas específicas proporciona apenas proteção parcial contra esse tipo de lesão pulmonar.
Haemophilus parasuis é um patógeno oportunista, frequente em infecções virais concomitantes e em processos de estresse. É o agente causador da poliserosite fibrinosa suína, broncopneumonia
O sorotipo 2 do APP associa-se ao vírus da PRRS, agravando os casos de pneumonia e pleurite, enquanto o sorotipo 1 do vírus da PRRS (cepa Lelystad) agrava a susceptibilidade às cepas moderadamente virulentas do APP sorotipo 2. nº 52/2014 | Suínos&Cia
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em 18,6% das amostras, tendo sido identificados 21 sorotipos diferentes, sendo a S. rissen a mais prevalente (4,3%), seguida pela S. derby (2,7%) e S. typhimurium (0,74%). A maioria delas apresentou resistência a antibióticos e 90%, multiresistência a quatro ou mais agentes antimicrobianos. A entrada da salmonela nas granjas ocorre por meio de roupas, botas, protetores plásticos, fezes, suínos, ratos, pássaros, caminhões, moscas, matérias-primas e ração. Os caminhoneiros são um ponto importante e, portanto, a tomada de medidas de desinfecção na cabine do caminhão e a troca de roupa e botas ao entrar para descarregar a ração na granja são consideradas importantes. DISENTERIA SUÍNA
Dr. Antônio Palomo e Dr. Joan Marca em frente às salas de conferências
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SALMONELOSE SUÍNA A salmonelose é uma doença prevalente em pessoas e animais. Entre 1998 e 2002, nos EUA, foi a que causou mais surtos na alimentação humana. Em bezerros utilizam-se cordas para coleta de fluido oral, usado para definir o status do animal frente à salmonela. Em suínos também. Comparando amostras coletadas de um pool de fezes (25 g) com fluidos orais (cordas de algodão penduradas por 30 a 60 minutos), os resultados foram semelhantes em termos de sensibilidade e especificidade. Tomando o local da coleta (baia ou sala) como uma unidade, as fezes são mais sensíveis do que os fluidos orais. O uso de nanoproteínas (Actigen™) demonstra um efeito protetor, reduzindo a contaminação entre lotes de suínos e as superfícies de suas carcaças. A prevalência, no Brasil, é maior no final de engorda (170 dias de idade) do que no início dela (60 dias de idade). A Salmonella enterica, subespécie enterica, está emergindo em suínos e causando surtos em humanos ao redor do mundo. Um estudo realizado na Itália coletou, no abatedouro, linfonodos ileo-cólicos (1.230 unidades em novembro de 2013) de suínos com 160 kg de peso vivo (9 a 10 meses de idade), dos quais se isolou Salmonela Suínos&Cia | nº 52/2014
HAMPSON, D.J. Das espiroquetas intestinais anaeróbias conhecidas nos dias de hoje, três são patógenos altamente hemolíticos: • Brachispira hyodisenteriae: causadora de severa colite muco-hemorrágica nos suínos de crescimento e engorda. • Brachispira pilosicoli: causadora de colite média em leitões desmamados e suínos em crescimento. • Brachispira murdochii: implicada em colites médias ocasionais. Suínos de diferentes granjas podem ser colonizados, individualmente, por mais de uma espécie e/ou cepa de Brachispira. Atualmente têm sido descritas outras cepas, altamente hemolíticas, causando colite muco-hemorrágica e compondo o chamado Complexo Colite por Brachispira. São elas a Brachispira suanatina (2007) e a Brachispira hampsonii (isolada pela primeira vez em 1980, no Reino Unido – cepa P280/1 –, e em 2013 isolada em gansos da neve, no Canadá, e em aves aquáticas, na Espanha, por Martinez Lobo). Infelizmente, as técnicas de PCR para detectar a B. hyodysenteriae não detectam essas duas últimas, mas mostram reações cruzadas com a B. intermedia. A disenteria suína é importante hoje em dia, na América do Norte, na Europa e no Brasil. A sequência genômica da cepa WA1, da B. hyodysenteriae, foi publicada em 2009 pela Wellgard. Há diferenças no tamanho do genoma entre diferentes espécies e cepas. Quatro proteínas recombinantes foram identificadas para gerar proteção vacinal em suínos infectados experimentalmente. Podemos usar soros e sucos digestivos para determinar a prevalência da doença em granjas e, hoje em dia, as técnicas moleculares de multilocos MLVA e MLST são usadas para estudos epidemiológicos (variação de cepas e seus recombinantes). A bactéria penetra o muco intestinal e provoca um aumento na sua viscosidade e na
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motilidade do intestino, base para a sua patogenia. Sabe-se que a dieta pode modular essa colonização por influenciar na microbiota intestinal. A Brachispira precisa colonizar o intestino e proliferar em grande quantidade para chegar ao intestino grosso (cólon), onde produz as lesões. Assim, o arroz cozido, os frutanos derivados da chicória, a própria inulina ou os galactanos do tremoço reduzem a susceptibilidade à disenteria hemorrágica, experimentalmente. No caso da inulina, é necessário uma concentração de 80 g/kg de ração para uma boa proteção, e o seu mecanismo ainda não está totalmente esclarecido. Com relação à chicória e aos tremoços, acredita-se que a sua presença na dieta favoreça o crescimento da flora competitiva às espiroquetas, como as bifidobactérias. Seria um mecanismo semelhante ao já conhecido efeito dos ionóforos (monensina e salinomicina) para controlar a disenteria suína. A inclusão, na dieta, de níveis elevados de polissacarídeos não amiláceos (NSP), como, por exemplo, o centeio e a cevada, aumenta a viscosidade intestinal e, portanto, o risco de colonização e da doença. O mesmo acontecerá com a suplementação com carboximetilcelulose ou com rações granuladas. Assim, no futuro controle da infecção na granja, tanto as vacinas recombinantes como as formulações nutricionais seletivas em ingredientes e aditivos nos ajudarão a modular a microbiota do cólon. A suplementação da dieta de suínos de engorda com uma mistura de monoglicerídeos e diglicerídeos de ácidos graxos de cadeias curta e média melhora o quadro clínico da disenteria suína e, por tabela, os parâmetros zootécnicos. O primeiro diagnóstico de Brachispira hampsonii subtipo 1, no Canadá, foi feito em novembro de 2011 em suínos apresentando fezes mucoides hemorrágicas. A excreção nas fezes, em suínos infectados experimentalmente, durou 5,4 dias, chegando a ser eliminadas de 10 a 11 colônias/grama. O uso de dietas com altos níveis de soja não necessariamente induziu a uma melhora na colite muco-hemorrágica. Os genótipos de B. hampsonii isolados nos EUA entre 2009 e 2012 estão epidemiologicamente ligados ao local de origem e ao sistema de produção, podendo explicar as reinfecções frequentes. Aqui, as cepas de subtipo II são mais diversas, genotipicamente, do que as de subtipo I. A partir de 2007, os EUA e o Canadá tiveram um aumento significativo nos casos de disenteria suína. E no Brasil, a partir de 2010, segundo se acredita, associado a uma redução na sensibilidade aos antibióticos comumente utilizados. Aqui, a maior resistência enfrentada pelas 22 cepas testadas foi frente à tilosina, tilvalosina, lincomicina, valnemulina, tiamulina e doxiciclina (90 a 100%). Assim, rigorosas medidas de biossegurança se fazem necessárias. A técnica do PCR aplicada em fluidos orais, coletados com cordas penduradas por 15 minutos, em suínos de engorda, demonstrou-se eficaz para o diagnóstico.
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ILEÍTE SUÍNA A Lawsonia intracellularis é excreta nas fezes durante o quadro clínico da doença, porém em quantidades muito variáveis entre granjas e lotes de leitões desmamados da mesma granja (PCR). A sorologia nos dá uma boa estimativa do tempo e da prevalência da infecção, enquanto que o PCR nos indica a gravidade do processo. A detecção da L. intracellularis por PCR em fluidos orais é menos sensível do que em soros. As técnicas de amplificação isotermal LAMP são 10 vezes mais sensíveis em fezes, do que o PCR. Os tratamentos com antibióticos alteram a flora intestinal, afetando a eubiose, atividade e composição dela. A combinação do uso de uma vacina oral nos leitões, com o tratamento com antibiótico na forma de pulsos, permite-nos controlar a ileíte nos suínos de engorda. A idade de maior detecção da bactéria, em diferentes granjas, concentra-se entre as 14 e as 24 semanas. As diferenças no grau de detecção podem estar associadas com a excreção intermitente, biossegurança, medidas de higiene e uso de antibióticos na ração (tilosina, tiamulina). Os parâmetros de ganho médio diário e consumo médio, em suínos vacinados frente a não vacinados, com ou sem sinais clínicos, são melhores em todas as provas, e o índice de conversão melhora nos controles com sintomas clínicos e se mantém com poucas variações nos que não apresentam sintomas clínicos. A digestibilidade da matéria seca e da proteína da ração em suínos vacinados frente a não vacinados com sinais clínicos é melhor (2 a 3 pontos), sem diferenças no que diz respeito à digestibilidade dos amidos, que em todos os casos é parecida com a dos suínos não vacinados sem nenhum sinal clínico digestivo. Na Dinamarca, os tratamentos com antibióticos em leitões desmamados com diarreia por L. intracellularis são considerados os principais procedimentos, chegando a atingir 60% dos suínos e 86% das granjas. Em seguida vem o tratamento das diarreias devido a Escherichia coli cepa F18, com 35% dos animais e 51% das granjas. A E. coli cepa F4 e a B. pilosicoli representam, em problema, 18% das granjas, e uma combinação de várias infecções ocorre em 56% das mesmas. Em 67% das granjas a etiologia não mudou, no último ano. A aplicação da vacina oral requer a ausência do uso de antibióticos, durante três dias antes e após a mesma. Alguns antibióticos inibem o crescimento da L. intracellularis, entre eles o florfenicol, a tilmicosina, a sulfamida, a sulfa + trimetoprim e a ampicilina. Há outros que, em provas in vitro não o inibem, entre eles a neomicina, o ceftiofur, a colistina e a tulatromicina. O tratamento, tanto com a oxitetraciclina a 20 mg quanto a 10 mg/kg de peso corporal, também é eficaz na redução da excreção bacteriana.
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COLIBACILOSE A Escherichia coli divide-se em sete grupos filogenéticos (A, B1, B2, C, D, E e F), com base na sua estrutura genética. Em humanos, há uma correlação entre virulência e filogrupo (B2 e D). Na veterinária, os filogrupos são distribuídos de forma heterogênea, interligados por espécies, clima, dieta e peso corporal. A maioria dos isolados (67%) corresponde ao filogrupo D, e 33% corresponde ao filogrupo A (menos invasivo em humanos). São sugeridas diferenças por localização geográfica (B1: Tailândia, A: França) As cepas de E. coli que colonizam e se aderem ao epitélio do intestino delgado, produzindo a toxina Shiga, provocam uma angiopatia degenerativa que afeta os vasos sanguíneos, o que leva à doença do Edema. Essa doença esporádica, em leitões desmamados, é caracterizada por sintomatologia nervosa, com baixa morbidade e alta mortalidade, causada pela E. coli alfa hemolítica, a qual é limitada a um pequeno número de sorotipos (0138 - 0139 - 0141). Na Austrália, entre 2012 e 2013, foram analisados por PCR os genes de maior virulência (VG) em toxinas, fímbrias e adesinas de E. coli. Estes genes foram encontrados principalmente em cepas hemolíticas, mas também em não hemolíticas (foram isolados 25 sorotipos patogênicos, dos quais apenas 11 foram observados nos dois anos, sendo seis deles o dobro de prevalentes em um ano, mais do que no ano seguinte). Assim, é necessário determinar se isso é normal ou acontece a cada ano. A avilamicina (Maxus™) a 80 ppm é uma alternativa segura, devido à sua baixa absorção pelo trato digestivo, para o tratamento e o controle da E. coli patogênica, no pós-desmame. OUTRAS PATOLOGIAS DIGESTIVAS • CLOSTRIDIUM DIFFICILE: em leitões lactentes é uma das maiores causas de mortalidade, com ou sem diarreia. A doença foi relatada nos EUA, Canadá, Alemanha, Espanha, Japão e Argentina. A prevalência, neste último país e em leitões, é de 26% a 74%. Os sinais clínicos nos leitões são edema no mesocolon e colite focal supurativa. O antibiótico de eleição é a tilosina. • BRASIL: Um estudo realizado aqui, sobre diarreias em suínos, não encontrou nenhum patógeno específico em 75% dos casos. Concluiu-se que, para realizar um tratamento com antibióticos, pelo menos 15% do plantel deve estar afetado. Em casos infecciosos, as E. coli foram isoladas em 73% dos casos, e ambas, L. intracellularis e B. pilosicoli, em 47% dos casos. As coletas de amostras (pool de fezes) para análise por meio
Pirâmide Chichen Itza – Maravilha do Mundo de PCR têm a mesma sensibilidade, seja retirada diretamente do animal quanto se tomada a partir da base das botas cobertas de plástico, depois de percorrer as instalações. • ASCARIS SUUM Leva a perdas de fígados, no abate, aumenta as complicações respiratórias, diminui o ganho de peso diário e piora a conversão alimentar. Os ovos do parasita são diagnosticados por técnicas de flutuação fecal e também por fluidos orais. Numa análise por fases de produção, foram encontrados casos positivos mais em porcas futuras reprodutoras e gestantes do que em lactantes. Os ovos do A. suum são altamente resistentes ao ambiente. É importante que as porcas eliminem os ovos e a fase larvária fora da baia para evitar a contaminação dos leitões. Existem dois parâmetros para medir a eficácia do tratamento com fenbendazol: a determinação do momento de ser negativo (TTN, da sigla em inglês), estimado em 8,9 a 13,1 dias; e o percentual de negativos (PCTN, da sigla em inglês), variando de 13,4 a 28,2 dias. Assim, recomenda-se terminar de tratar as porcas gestantes 14 dias antes de passá-las para a sala de partos. Altas doses de fenbendazole (9 mg/kg), durante 3 dias, não eliminam a excreção de ovos. O Flubendazol solúvel (Solubenol™) a 1 mg/kg/ dia em água potável durante 5 dias, com início 18 dias antes da data prevista do parto, impede a contaminação dos leitões durante o parto.
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NUTRIÇÃO CRENSHAW, T.D. O teor de água e de gordura dos ossos varia conforme a idade, o tipo de osso e os nutrientes na dieta. O conteúdo mineral expresso como um percentual de matéria seca define o conteúdo/quantidade de gordura livre como material orgânico, com 56% de todo o teor de cinzas no esqueleto. Este conteúdo varia de 62% a 72% nos ossos corticais de porcas adultas e de 44% a 46% nos ossos trabeculares (costelas, vértebras) em leitões. A quantidade de cálcio e nº 52/2014 | Suínos&Cia
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fósforo no osso é mantida constante, a uma razão de 2,1:1 (38% a 40% de cálcio e 17% a 19% de fósforo, no conteúdo inorgânico de cinzas no osso). Se esses valores se desviam, devemos suspeitar do método analítico. A matriz está composta, em princípio, por fibras colágenas dispostas em cadeias helicoidais, com polímeros de proteoglicanos intercalados com a matriz. A combinação da matriz orgânica e dos cristais minerais define as propriedades de resistência do osso. As fibras de colágeno definem a resistência à tração, e os cristais minerais a resistência à compressão. Nem todos os ossos do esqueleto crescem ao mesmo tempo, nem no mesmo grau e nem respondem da mesma forma à ingestão de nutrientes. A fíbula tende a superestimar o conteúdo mineral ósseo a níveis baixos de ingestão de fósforo, rejeitando-os com altos níveis de ingestão. Assim, em leitões com 20 kg a 30 kg de peso é recomendada a análise do fêmur para conhecer o balanço de fósforo dos ossos e a sua relação com a dieta. Nos animais adultos, selecionar as costelas para estudos de mineralização é o mais indicado. As técnicas de estudo para se conhecer o estado de mineralização dos suínos baseiam-se na histologia, gravidemetria, raios X e procedimentos mecânicos. Há uma discrepância entre o nível de cinzas nos ossos e os ensaios mecânicos. As deficiências de cálcio e fósforo produzem defeitos de mineralização na matriz óssea, levando a fraturas e deformidades, principalmente em situações de ingestão marginal de fósforo. O teor de cinzas dos ossos não é diretamente proporcional à sua resistência. Períodos curtos (4 semanas) de desequilíbrio Ca/P são suficientes para causar problemas. A vitamina D influencia na regulação da homeostase do cálcio. O hormônio paratiroide regula a vitamina D, em resposta às flutuações da concentração sérica de cálcio, atuando no nível do fígado, do trato gastrointestinal e ósseo. Há os RVD (receptores de vitamina D) nas células ósseas que controlam a homeostase do fósforo (fator 23 de crescimento de fibroblastos ou FGF23). Está havendo um estudo pormenorizado, no modelo experimental de Kiposis, relativo às anomalias na ossificação endocondrial entre a 14ª e a 16ª vértebras torácicas, predisposto pela deficiência da vitamina D na ração de reprodutoras. Está sendo determinada até mesmo uma relação entre as lesões ósseas e as funções imunológicas, embora os mecanismos diretos envolvidos sejam ainda difíceis de estabelecer. No lúmen intestinal, uma resposta imunitária ativa afeta o crescimento, uma vez que reduz a absorção de nutrientes a partir de um aumento na secreção de mucina e na redução da interação nutrientes/microvilosidades. A resposta patológica é um aumento das citocinas inflamatórias (IL-8 e IL-6), fatores de necrose tumoral e de
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outros mediadores inflamatórios. Estas moléculas reduzem o apetite e aumentam a mobilização de nutrientes corporais, alterando o metabolismo e reduzindo o crescimento, além de imuno-deprimir o suíno. O estímulo dos genes responsáveis pela deposição proteica na célula muscular a partir da nutrição é conhecido como nutrigenômica. Baseia-se em nutrientes que estimulam o sistema imunológico inato, melhorando sua saúde (probióticos, prebióticos, nucleotídeos). A saúde e os parâmetros produtivos dos leitões são altamente dependentes do estado sanitário do efetivo reprodutor e do equilíbrio da flora digestiva das porcas. A suplementação contínua de certos probióticos nas dietas de leitões desmamados é mais eficaz por manter melhor proliferação de enterócitos depois de uma infecção. A proteína da batata fermentada é altamente digestível (Lianol™ Calostro) e, fornecida às porcas, aumenta os níveis de IgG no colostro. A aplicação de doses orais em leitões, no primeiro dia de vida, melhora a taxa de sobrevivência e reduz o uso de antibióticos e anti-inflamatórios durante a lactação. O fósforo é o segundo nutriente mais caro da dieta dos suínos, após os aminoácidos. O aumento da relação Ca/P em suínos em crescimento, com ou sem fitase (1,2/1 vs 2/1), não afeta os parâmetros produtivos, tampouco a calcificação dos ossos. Já o excesso de cálcio promove um efeito negativo em ambos (ganho médio diário e conversão alimentar), uma vez que o crescimento ósseo é dependente de fósforo. Uma grave deficiência de fósforo (- de 25% dos requisitos) provoca redução no crescimento, com o atraso na recuperação, além de variável (20% dos suínos não chegam a se recuperar, dependendo da duração da deficiência). Na alimentação líquida, o risco de ingestão de altas quantidades de lactatos e, consequentemente, os altos níveis séricos deles, é um risco. O L-lactato é produzido em condições anaeróbicas, e seu excesso nos suínos pode causar perturbações nervosas. Já o D-lactato é produzido pela própria flora digestiva. A má palatabilidade da água de bebida, causada por aditivos ou alta/baixa temperaturas pode influenciar na ingestão adequada da mesma. O alto teor de alcaloides dos tremoços é tóxico. Seus níveis máximos permitidos são estimados em 0,2%. Existem variedades não australianas geneticamente selecionadas disponíveis, sem alcaloides (os quais causam distúrbios digestivos, vômitos, prostração, inchaço e morte). O DON (deoxinivalenol) é uma das mais importantes micotoxinas, em nível global, que causa prejuizo econômico na produção de suínos,
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como já referendado em vários trabalhos. Causa anorexia, imunossupressão e redução no ganho de peso diário. A salinomicina é um coccidiostático cujo uso em suínos é permitido na Argentina, também como promotor de crescimento. Seu intervalo de segurança está entre 30 e 60 ppm, dependendo da idade dos suínos. Um caso de intoxicação foi descrito em uma granja de ciclo completo, com 120 matrizes, nos animais da engorda a 4 dias da chegada de uma nova viagem para reposição da ração, causando anorexia, tremores e suínos caídos de lado, vocalizando. A análise sanguínea revelou um aumento (duas vezes) da creatinina quinase e da aspartato transaminase, enzimas responsáveis pelas lesões musculares. Na musculatura esquelética observou-se uma necrose hialina, com fragmentação das fibras musculares e proliferação de mioblastos, células satélites e macrófagos. No fígado não foram observadas lesões, e a análise cromatográfica revelou 70 ppm de salinomicina na amostra de ração. A Narasina foi aprovada nos EUA como um promotor do ganho médio diário e do índice de conversão para suínos na dose de 13,6 a 18,1 g/ton de ração. Foi descrita uma intoxicação por narasina + tiamulina, por erro de inclusão do referido ionóforo, muito utilizado na Europa em aves como medicação via água de bebida associado à pleuromutilina. Na verdade, ambos são antagônicos e interferem no transporte do sódio e dos íons de potássio por meio das membranas celulares, causando depressão, ataxia, paralisia posterior, letargia, anorexia e morte. REPRODUÇÃO O desenvolvimento do eixo pituitário-adrenal-hipotalâmico ocorre na fase pré-natal. Os processos de migração, proliferação, degeneração e meiose das células germinativas e a foliculogênese dos ovários dão lugar à população de folículos no momento do nascimento. O peso ao nascer afeta o crescimento pós-natal, mas o seu efeito sobre o desenvolvimento ovariano é controverso, sendo necessários, ainda, mais estudos a respeito. Em leitegadas supranumerárias há um maior percentual de leitões com baixo peso, os quais têm um desenvolvimento pós-natal inferior, como menores crescimento e deposição muscular, além de morfologia intestinal inadequada. O peso ao nascer tem uma alta correlação com os níveis de peso de abate e com os níveis de leptina aos 80 dias de idade. Alguns estudos mostram que as marrãs nascidas com maior peso (> 1,47 vs < 0,95 +- 0,26 kg) crescem mais rápido e atingem a puberdade mais cedo, sendo também mais férteis. A triptorelina é um análogo de GnRH, em forma de gel (OvuGel™), que depositado por via
intravaginal 96 horas após o desmame induz a ovulação em 40 a 48 horas, facilitando a inseminação em tempo fixo com uma só dose e obtendo dados de produção (fertilidade, prolificidade) muito semelhantes ao padrão tradicional. A grande vantagem, demonstrada nos ensaios, é que de 90% a 92% das fêmeas parem no mesmo dia, e os seus leitões, consequentemente, terão a mesma idade. No manejo de porcas gestantes, gasta-se, em média, 40% a 60% do tempo na detecção do cio e na inseminação. Em um estudo realizado na Espanha, em 40 granjas, aquelas com mais de 2.000 matrizes dedicam de 7,15 a 7,25 minutos/ porca/dia para esse trabalho, em comparação com os 9,12 minutos das granjas com menos de 1.000 matrizes. O custo por hora é menor em granjas grandes, em comparação com as pequenas (€ 9,10 vs € 9,80). Assim, o custo do trabalho/porca gestante/ano, varia de € 8,43 a € 6,24. A buserelina (Porceptal™) é um análogo da GnRH usado para induzir a ovulação em nulíparas e multíparas e inseminá-las a tempo fixo com uma só dose de sêmen, poupando o trabalho desse manejo, da detecção dos cios e baixando os custos por doses de sêmen. Em 91 horas após o desmame (de 83 a 89 horas) injeta-se por via intramuscular uma dose de 2,5 ml e, 30 horas após insemina-se diretamente a porca. A passagem do macho deve ser realizada de manhã e à tarde, a partir desse mesmo momento de indução da ovulação. A maioria das fêmeas ovula nas 48 horas após o tratamento, com resultados de fertilidade e prolificidade semelhantes aos controles, que entram em cio naturalmente. Em nenhum estudo foi determinado algum impacto negativo sobre o peso do leitão ao nascer, de fêmeas induzidas com a buserelina. A progesterona é um hormônio esteroide secretado pelo corpo lúteo, no ovário, e que tem como uma das funções preparar o endométrio para a implantação do embrião, sendo também necessária para manter a gestação. Em ensaios in vitro, o 25 hidroxicolesterol regula a produção de progesterona nas células da granulosa do corpo lúteo. Níveis insuficientes de progesterona (P4) no momento da implantação do embrião aumentam a mortalidade embrionária. Nas centrais de inseminação artificial dos EUA, a recomendação geral é aceitar doses de sêmen com um mínimo de 70% a 80% de formas normais. Em uma redução de 10% (de 30% para 20%), estima-se um ganho médio de 0,08 leitões nascidos vivos por parto. Um estudo realizado com 4.439 doses mostrou 7,3% delas com mais de 30% de formas anormais; e 31,6% das doses apresentou de 70% a 80% de formas normais. A herdabilidade média na morfologia das células espermáticas está estimada em 0,31, sugerindo que a qualidade do sêmen deveria ser incorporada na seleção genética dos machos.
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Os problemas locomotores das fêmeas não só aumentam a taxa de renovação e alteram a estabilidade do plantel reprodutivo, como também prejudicam a sua produtividade, estimando-se uma perda média de 0,4 a 0,5 leitões desmamados/ porca/ano. A mortalidade dos leitões durante o parto ronda os 8%, estando correlacionada com a duração do trabalho de parto, sendo maior no terço final do mesmo. A ocitocina é usada para acelerar o parto, tendo sido descritos efeitos negativos sobre a taxa de natimortos e pouco viáveis, enquanto outros estudos não observaram nada em especial, quando, em termos práticos, é injetada uma vez nascido o quarto leitão. A carbetocina também acelera o parto de forma mais prolongada em sua ação uterina e com menos efeitos adversos. A dose recomendada é de 1 ml de cada produto, o que equivale a 10 UI de ocitocina e 0,07 mg de carbetocina, sendo a dose um dos pontos-chave para o sucesso da sua ação. A média de mortalidade de reprodutoras, na Espanha, está estimada em 7,26% +- 4,12%. MANEJO ELLIS, M. O crescimento dos suínos, em condições comerciais, é tido como sendo abaixo do potencial genético deles (800 vs 1.000 ou 1.500 g/dia). Ele se centra nas variações entre indivíduos, observando-se grandes diferenças de peso em suínos da mesma idade. Isso é essencial para o manejo adequado dos lotes em produção, sabendo-se que a frequência de distribuição dos pesos em uma idade geralmente forma, em cada granja, uma distribuição normal. A média de peso e os desvios-padrão da população podem ser previstos. Felizmente, a variação do peso por idade em uma população de suínos muda de modo previsível, de acordo com o crescimento deles. As mudanças no coeficiente de variação (cv) são uma equação de regressão linear, diferente nos machos e nas fêmeas e que tende a convergir para os 130 quilos de peso vivo (o cv é maior no desmame em mais de 20%). O cv nos machos com 40 kg é maior do que nas fêmeas, sendo necessárias mais pesquisas para determinar se essa diferença de pesos é inata. O cv aumenta cerca de 0,7% para cada 10 kg de ganho de peso corporal. Assim, a correlação entre as faixas de peso dos grupos de suínos em várias idades, durante o período de crescimento, é relativamente baixa. As principais causas de variação do ganho médio diário são:
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1. Fatores ligados ao animal: genótipo (considerável, já que a herdabilidade está entre 0,20 e 0,30), gênero (inteiros, castrados, imunocastrados), idade (faixa de idades no mesmo Suínos&Cia | nº 52/2014
lote), duração da gestação, peso ao nascimento (positiva); 2. Fatores ambientais intra e extragranja: temperatura, umidade, correntes de ar, gases, espaço por suíno, espaço por kg, piso, tamanho do grupo, comedouros, bebedouros, ambiente social; 3. Fatores nutricionais: densidade da dieta, níveis de nutrientes, matérias-primas, aditivos, toxinas, segundo as fases de produção; 4. Fatores sanitários: estado de saúde e sanidade, tanto individual quanto populacional. Portanto, a medida para reduzir as variações de crescimento e peso concentra-se no manejo correto dos fatores que o determinam (separar por sexo, programas nutricionais específicos, ambiente adequado, densidade, sanidade, genética). Algumas medidas apontadas para manejar melhor a referida variabilidade: 1. Tipificar e distribuir adequadamente os suínos por faixas de peso, no desmame e na entrada da engorda (separar por sexos e estabelecer faixas de peso estritas – pequenos, médios e grandes); 2. Retirar as cabeceiras quando atingirem o peso de abate, favorecendo o crescimento dos que permanecem no mesmo lote; 3. Aumentar o crescimento na fase final da engorda; 4. Imuno-castração, precisamente pelo que já foi comentado anteriormente; 5. Mistura de suínos de baixo peso no final da engorda, nas mesmas instalações, esvaziando baias que permitam um vazio sanitário mais estrito. WOLTER, B.F. A suinocultura norte-americana tem por base a qualidade e a segurança de seus produtos, tomando uma série de medidas para manejar e gerenciar os processos de produção (Gestão da Qualidade), com foco em ambos os parâmetros – biológicos e financeiros – e procurando, por sua vez, controlar variáveis de produção por meio de sistemas de comunicação dinâmicos, organização e coordenação perfeitamente registrados. As medidas práticas são baseadas na ciência para melhorar a qualidade do sistema de produção de suínos com base em mudanças nos hábitos de consumo, o foco na qualidade da carcaça com base no seu peso final, o coeficiente de variação de peso das carcaças, o valor total e os custos do tratamento de carcaças e com alimentação por unidade de quilo de carcaça produzida. O maior coeficiente de variação, nas carcaças, está voltado para a sanidade dos suínos.
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O tempo médio de consumo de ração diário pela porca, em uma estação eletrônica, é estimado entre 15 e 20 minutos, com maiores variações nas duas primeiras semanas após a entrada de porcas e o treinamento em grupo, bem como em marrãs e porcas mais jovens (0, 1º e 2º partos). O agrupamento de lotes homogêneos para os ciclos de parto e o período de produção reduz a incidência de problemas locomotores e melhora a condição geral do plantel. A imunocastração, como alternativa à castração cirúrgica para remover o odor sexual – sabor desagradável da carne pelo acúmulo de androsterona e escatol no tecido adiposo –, está comprovada em muitos países. Em testes com suínos brancos abatidos aos 120 kg de peso vivo, contra castrados cirurgicamente, têm os primeiros um maior ganho médio diário, melhor conversão alimentar, menor porcentual de gordura na carcaça, carne mais magra sem alterar a qualidade dela (pH 24 horas, cor , consistência). Os suínos imunocastrados, frente aos castrados cirurgicamente, têm melhores resultados zootécnicos, além de permitirem que possamos otimizar o tempo em que permanecem inteiros, tendo em conta que, entre as duas doses devem se passar 4 semanas e mais um mês, pelo menos, desde a segunda dose até o abate. Machos imunocastrados entre 15 e 19 semanas de idade e sacrificados às 24 semanas, comparativamente com machos castrados cirurgicamente, têm melhor rendimento de carcaça, muito semelhante ao de fêmeas inteiras. Na Dinamarca, a mortalidade média na lactação, em 2012, foi de 13,7% em leitões lactentes, 2,9% em leitões desmamados e 3,6% na engorda. As causas de mortalidade entre as granjas são muito variáveis. Em nascidos mortos, a média foi de 1,7%. A prevalência dos casos de mordeduras de cauda, segundo um estudo belga, entra em declíneo com a idade, havendo também grandes variações entre instalações diferentes, baias e salas, sendo a densidade inadequada uma das suas causas mais frequentes. O peso dos leitões nascidos de primíparas é menor do que o de leitões de 2º a 5º parto. Ocorre uma regressão linear com o peso médio dos leitões, o qual se reduz em 35 g por cada leitão adicional nascido acima de 12 (R2 = 0,97). As porcas injetadas com o meloxican ao término do parto transferem níveis maiores de IgG a seus leitões (93,7 vs 60,6 ug/ml), o que, além de melhorar o bem-estar da porca, melhora a viabilidade e o crescimento dos leitões. Os leitões recém-nascidos têm reservas limitadas de ferro. O incremento nos níveis de hemoglobina e na contagem de glóbulos vermelhos está positivamente relacionado com o nível de crescimento dos leitões depois do desmame.
É muito importante para os produtores terem bem claros os protocolos de vacinação, identificando todas as áreas de risco para implementálos corretamente (agulha adequada para peso/ idade, higiene, dose correta, boa identificação de todos os animais, local de inoculação, ausência de abscessos, cuidados no manejo da vacina, cadeia de frio, misturas com outras vacinas, antibióticos, ferro). No México, o custo de produção é de $ 1,5/ kg de peso vivo, repercutindo a ração em 81,26%; a mão de obra, em 4,5%; e a sanidade, em 3,73% (juntando os três, praticamente, 90%). O referido custo é variável entre granjas, segundo o seu tamanho (maior nas de menos de 100 matrizes vs maiores de 500 matrizes). A faixa vai de $ 1,24 a 2,10/ kg peso vivo. Nas estações eletrônicas de alimentação de porcas gestantes é factível o acoplamento de dosificadores automáticos de hormônios, micronutrientes, aditivos e material orgânico (feedback) bastante precisos, mediante a instalação de software específico. Em um trabalho realizado na Espanha, com porcas ibéricas (IB x D) sacrificadas com 293 a 300 dias de idade, foram testados dois programas de imunocastração, um com 3 doses (0, 28 e 112 dias) e outro com 4 doses (0, 28, 112 e 196 dias), sendo o dia zero a 18ª semana de vida dos suínos versus porcas castradas cirurgicamente. Foi observada uma redução clara dos sinais de cio, menor peso dos ovários e útero, menor longitude dos cornos uterinos e menor nível de progesterona, demonstrando-se uma prometedora alternativa à ovarioectomia cirúrgica, segundo a Diretiva EU 2008/120/EC.
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GENÉTICA Na Dinamarca tem sido estudado o efeito da genética e do peso ao nascimento nos parâmetros produtivos posteriores e nos resultados financeiros. Os leitões com maior peso ao nascer apresentam melhores resultados produtivos e financeiros, tanto no período do desmame como no crescimento e terminação, sendo um valor com elevada repetitividade. As porcas que parem leitões de maior peso, em um parto, terão leitões de maior peso no parto seguinte. Os benefícios estão no fato de que os de maior peso vão-se, em média, 5 dias antes para o abate, com um adicional de € 4,72/ suíno em fase de engorda e € 1,80 na creche, com relação aos de baixo peso (Topigs Profit Index). A melhora genética na seleção de animais mais robustos tem implicações conjuntas entre linha fêmea e linha macho. nº 52/2014 | Suínos&Cia
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Vista do mar em frente ao hotel do congresso Os leitões com maior peso ao nascer, de porcas selecionadas, têm melhores resultados tanto na creche quanto na engorda (altamente repetitivo), estimando-se uma média de 8,6 dias antes para se atingir o peso de abate, versus os de menor valor genético e baixo peso. BEM-ESTAR ANIMAL VELARDE, A. Define o bem-estar animal como a conjunção entre seu estado emocional, suas funções fisiológicas e a habilidade de desenvolver suas pautas normais de conduta. Desde 1992, o Farm Animal Welfare Council preconiza que os animais devem estar livres dos cinco fatores seguintes: fome-sede, falta de conforto, dordanos-doença, estresse e liberdade para expressar seu comportamento normal. O Welfare Quality é um projeto de pesquisa cofinanciado pela Comissão Europeia, entre maio de 2004 e dezembro de 2009, baseado nos quatro pontos seguintes (www.welfarequality.net):
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1. Boa alimentação: ausência de jejuns prolongados e falta de água (má nutrição e desnutrição) – ambas causas de estresse, com debilidade, perda de peso, imunossupressão e risco de doenças; 2. Bom alojamento: conforto térmico, área de descanso, conforto e facilidade de movimento. Excessiva densidade e má regulação ambiental causam estresse, com perda de rendimento; 3. Boa sanidade: qualquer lesão produz dor, que pode ser aguda ou crônica (pele, patas), do mesmo modo que as patologias; 4. Comportamento adequado: tanto nas relações entre os próprios animais quanto entre pessoas e animais. O manejo correto dessas relações é essencial (mistura de animais, espaço de alimentação e manejo). O pessoal da granja deve tratar com respeito os animais, cuidando do seu manejo diário e vigiando sua saúde. A medida das diretrizes do bem-estar animal deve ser validada pela literatura científica por serem testes de intra e extrarrepetibilidade, viáveis Suínos&Cia | nº 52/2014
de serem aplicados na prática de uma granja para comparação versus outras propriedades. O objetivo é identificar os fatores de risco que determinam o pobre bem-estar e implementar as estratégias para melhorá-lo. Para concluir a inspeção sobre o bem-estar deve haver uma visita de inspetores à granja, a qual necessita da colaboração do suinocultor. Ela dura entre 20 e 60 minutos, e são verificados os procedimentos de manejo, prevenção de doenças, alimentação, medidas de limpeza, regulamentação ambiental, rotinas de castração, práticas de eutanásia e parâmetros produtivos (mortalidade). Em leitões machos castrados com 4 a 6 dias de idade, o uso do Metacam™ a 0,2 mg/kg (meia dose) alivia a dor por 15 minutos, sem afetar o comportamento dos animais. O uso dos isofluoranos, como anestésicos, têm mostrado eficácia variável, menor quanto maior for a idade e o peso dos leitões. O azaperone (Stresnil™) utilizado a 0,4 mg/ kg, mais o Propofol™ a 0,83 mg/kg, associação esta aplicada por via intravenosa (iv), tem um tempo de indução anestésica de 3,2 minutos; já o tempo da associação do azaperone a 0,4 mg/kg, mais o metomidate a 2,5 mg/kg, também por via iv, é de 2,5 minutos. O tempo de recuperação é melhor no caso da segunda combinação. SEGURANÇA ALIMENTAR Na Dinamarca, em 2012, começou o programa da Carta Amarela (Yellow Card), com o objetivo de reduzir em 50% o uso de antibióticos na produção de suínos. Nos 53 terminadores nos quais se iniciou o processo, a mortalidade subiu de 2,4% para 3%. Granjas com um consumo superior a 25 ADD/100 animais/dia são as que tiveram, em um ano, o maior aumento na mortalidade (62,4%) vs 26,6% nas granjas cujo ADD era menor do que 25. Ao mesmo tempo, foi observada uma redução no ganho médio diário da ordem de 11 g. Os consumidores mexicanos elegem a carne suína com base em sua cor, mais acentuada, sua menor cobertura de gordura subcutânea e também pela quantidade reduzida de gordura intramuscular e perdas de água. Estudo realizado na Espanha com 239 fêmeas Duroc Topigs™ mediu o conteúdo de gordura intramuscular dos seus lombos in natura, chegando a um resultado de 4,5%, o qual guarda relação positiva com a capacidade de retenção de água e correlação negativa com as perdas por cocção e resistência ao corte, parâmetros que implicam em maior maciez e suculência. A indústria francesa desenvolveu, em 2010, um programa de monitoramento do uso de antimicrobianos chamado INAPORC, que mede a quantidade de antibióticos usados em granjas, por idade e pelos padrões específicos de uso dos mesmos. Os veterinários estão limitando, voluntariamente, o uso de cefalosporinas de 3ª e 4ª gerações, reduzindo o seu uso em 62%, entre 2010 e 2012; o uso do restante das famílias de antibióticos caiu 18%. Em 2010, a maioria dos tratamentos era focalizado
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em leitões, posteriormente ao desmame (57% das doses/animais produzidos e 73% ADD), sendo metade deles realizada em 25% das granjas. A medicação na ração é a mais comum (74% ADD), e três famílias de antibióticos são as responsáveis por 66% dos tratamentos realizados (polipeptídeos: 33%; penicilínicos: 22%; tetraciclinas: 13%). Um estudo norte-americano demonstrou que a aplicação universal da metafilaxia, em massa, de forma rotineira e em condições comerciais contra o complexo respiratório dos suínos, não é racional em termos de bem-estar animal e valor econômico. As variações nos parâmetros de produção, entre lotes de suínos de engorda, são mais pronunciadas do que o impacto percebido pela metafilaxia. Somente o tratamento global de leitões atrasados e no período de 80 a 100 dias pós-desmame pode trazer um benefício econômico para obtenção de melhores taxas de produção. A evolução da redução no custo do uso de medicamentos, em uma granja de ciclo completo na França, entre 2002 e 2012, chegou ao valor de € 1,20/100 kg de carcaça. A maior redução (- 39%) foi a de antibióticos orais. No mesmo período, o custo da vacinação aumentou 6,1% (€ 0,14/100 kg de carcaça). A medicação dos suínos durante este período também foi reduzida em 29% (€ 0,95/100 kg de carcaça), com uma diminuição de 50% nos
Atual presidente do congresso, Dr. Alberto Stephano acompanhado dos presidentes de edições anteriores e do futuro presidente do próximo IPVS, que será na Irlanda, em 2016 gastos com medicação curativa e preventiva. A localização geográfica, em ambos os casos, tem influência sobre os custos. O gasto terapêutico reduz-se quando se emprega o programa Individual Pig Care (IPC, da sigla em inglês), baseado na observação diária dos suínos e na detecção precoce de problemas, com base em uma coleta e processamento efetivo de dados.
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Circovírus suíno tipo 2: momento favorável para infecção e transmissão transplacentária
fêmeas adicionais serviram como controles negativos. As fêmeas foram sacrificadas alguns dias antes do parto, e foi procedida uma histerectomia. Todos os fetos foram identificados e sacrificados. Foram, ainda, avaliadas as cargas genômicas virais no soro e em órgãos, assim como os níveis de anticorpos específicos para PCV-2.
Resultados
O
circovírus suíno tipo 2 (PCV-2) é o agente etiológico da doença de emagrecimento do leitão e está associado a várias doenças, incluindo distúrbios da reprodução. Estudos têm demonstrado que a contaminação das porcas por PCV-2 por via intrauterina, durante a inseminação artificial, causa abortos, parto prematuro, mumificação e mortalidade pré-desmame. O objetivo do estudo conduzido por Beatrice Grasland e colaboradores (46ª Journées de La Recherche Porcine, 2014) foi determinar se a transmissão placentária do PCV-2, seguida pela transmissão do vírus para o feto, ocorria e se esta transmissão dependia do tempo de infecção antes ou durante a gestação.
Método Dez porcas livres de PCV-2 foram infectadas via nasal aos – 65, - 35, zero, 35, 62 ou 91 dias com relação ao início da gestação, enquanto quatro
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Todas as porcas infectadas foram virêmicas e apresentaram soroconversão. Todos os leitões das porcas inoculadas aos +35 dias, antes do momento da imunocompetência fetal, foram negativos para a presença do PCV-2. Alguns poucos leitões procedentes de porcas infectadas aos dias – 65, - 35, 62 e 91 de gestação tiveram cargas genômicas baixas nos órgãos. Cargas genômicas virais de moderadas a altas foram detectadas nos órgãos de oito leitões soronegativos procedentes de porcas infectadas nos dias - 35, zero e 62. Os autores concluíram que a transmissão placentária do PCV-2 aos fetos de uma porca não imune é possível quando a infecção da porca se produz antes do início da gestação ou depois do dia 62 de gestação, após a aquisição da imunocompetência de fetos. Nos casos e ocorrência de um número mais significativo de leitões altamente infectados, duas fases parecem ser mais propícias para a transmissão placentária do PCV-2: aos - 35 dias antes e no momento da inseminação artificial.
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Método
Avaliação do momento da ovulação em porcas em sistemas de produção: fatores de variação e consequências no desempenho reprodutivo
A
correta determinação do ótimo momento para realizar a inseminação artificial (IA) das porcas é essencial para o sucesso da reprodução. A fertilidade e o tamanho da leitegada são ótimas quando as IA são realizadas dentro de 12h a 24h precedentes da ovulação. O momento da ovulação, sendo pouco previsível em condições de rebanho, faz com que, na maioria dos casos, as porcas sejam inseminadas repetidamente, de 2 a 3 vezes durante todo o período de cio. Isto aumenta os custos e os riscos associados às intervenções tardias pós-ovulatórias, tais como pequenas leitegadas e infecções genitais. Os estudos sobre a ovulação em rebanhos são relativamente antigos ou difíceis de extrapolar para as atuais fêmeas hiperprolíficas. Os objetivos do estudo conduzido por Sylviane Boulot e colaboradores foram avaliar a variabilidade do momento da ovulação espontânea em granjas e identificar os fatores de variação sobre as leitoas e porcas desmamadas.
O estudo foi realizado em quatro granjas convencionais: 180 a 1.000 porcas, com desmame aos 21 dias, 2-4 IA/porca, fertilidade >85%, média >14 nascidos totais e bom status sanitário. As avaliações foram realizadas em vários lotes, num total de 314 fêmeas: leitoas (sincronizadas com altrenogest) e porcas desmamadas. Foram feitos registros diários do estro e do status ovariano, utilizando a técnica de ultrassonografia transcutânea. Foram coletadas informações sobre o número e o momento das inseminações, espessura de toucinho lombar no momento da IA, intervalo desmame-cio ou intervalo altrenogest-cio (leitoas), ordem do parto, duração da lactação ou tamanho da leitegada anterior, estado de saúde da fêmea, tratamentos e desempenho reprodutivo subsequente.
Resultados A ovulação ocorreu em 76 ± 8% da duração total do estro, 44,1 ± 18,7h após o início do estro, com grandes variações individuais (- 3h até 105h). Os critérios relacionados ao estro e à ovulação (duração, momento, tempo pós-desmame, tratamento ou estro) variaram de acordo com as fêmeas e a granja, com efeito significativo de ordem de parto (OP), duração da lactação anterior e níveis de gordura lombar. De acordo com os autores, esses resultados sugerem que na ausência de um controle da ovulação, boas práticas de detecção do estro e protocolos de IA flexíveis (com relação ao n° de doses) são necessários para manejar a variabilidade da ovulação espontânea, no sentido de otimizar os resultados de fertilidade.
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Efeito da castração na mortalidade pré-desmame
N
os EUA, como na maioria dos países, os suínos machos são fisicamente castrados (PC, physically castrated) durante a primeira semana de vida, principalmente para reduzir o odor na carne. Improvest ® (análogo do fator liberador de gonadotrofina – conjugado de toxoides de difteria, Zoetis) é uma alternativa para a castração física que permite suínos machos permanecerem intactos durante a maior parte de sua vida. Os suínos são imunologicamente castrados (IC) mais tardiamente na vida por imunização contra o fator liberador de gonadotrofina (GnRF) endógeno. A segunda imunização (dada 3-10 semanas antes do abate) resulta numa IC temporária, suprimindo a função testicular e, consequentemente, reduzindo o odor. Muitos relatos indicam que a castração provoca um pequeno, mas significativo nível de mortalidade pré-desmame (PWM, sigla em inglês). A meta-análise de dados de 15 ensaios com Improvac, realizados na Europa, mostraram que a PWM foi 1,6% maior na castração física (PC) que nos machos intactos (IM) 1,0 %. Em 24 experimentos na China, a diferença pró PWM foi 2,8 %. O objetivo deste estudo conduzido por Cowles, B. e colaboradores, (Allen D. Leman Swine Conference, 2013, p.248 – relato de caso) foi determinar a perda pela mortalidade pré-desmame observada em machos castrados e machos intactos, em quatro granjas dos EUA com diferentes tipos de gestão.
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Método Quatro diferentes granjas de matrizes comerciais no meio-oeste americano foram incluídas no estudo. Os leitões intactos (IM) foram randomizados para o tratamento, selecionando todos os outros suínos para castração (grupo-controle). Tabela 1. Mortalidade pré-desmame desde o dia do procedimento inicial até o desmame nos animais com castração física (PC) e intactos (IM), em quatro granjas dos EUA % de mortalidade pré-desmame
Granja
PC
IM
Diferençaa
A
4,98
3,13
1,85
B
1,0
1,61
- 0,61
C
3,9
1,0
2,69
D
4,9
3,6
1,3
Combinados
3,64 ± 1,86
2,34 ± 1,2
1,31±1,40
a
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machos intactos – machos castrados
Leitões machos (idade 4-7 dias), que fizeram parte do experimento, precisavam pesar pelo menos 1,0 kg e gozar de boa saúde. A castração foi realizada pelo método usual da granja. Foram mantidos registros de todos os animais que morreram.
Resultados Estavam disponíveis registros de dados para 4.099 leitões PC e 4.071 IM (granja A: 963 PC e, 958 IM; granja B: 994 PC e 995 IM; granja C: 1.110 PC e 1.110 IM; granja D: 1.000 PC e 1.000 IM, respectivamente). A mortalidade pré-desmame em todas as granjas variou de 1,0% a 4,98% (tabela 1), que é menor que a média da indústria dos EUA (12,9%). No entanto, isto é devido, muito provavelmente, ao fato de o estudo ter iniciado no dia do processamento inicial, exigência de peso e de estado de saúde dos animais. Três sítios mostraram uma redução da mortalidade pré-natal para os machos intactos (IM) comparado com machos castrados (PC). Essa redução variou entre 1,3% e 2,69%. A granja B apresentou 0,61% menos mortalidade nos animais castrados (PC) do que animais intactos (IM). No geral, ocorreu uma diferença de 1,3 %na mortalidade pré-natal entre IM e PC.
Conclusões O projeto do estudo foi determinar os efeitos da castração sobre a mortalidade pré-desmame (PWM) nas granjas sob diferentes sistemas de manejo. Este estudo confirma que, dependendo do sistema de manejo, a maioria das granjas terá uma redução na PWM quando a castração for descontinuada. Na média de todas as granjas no estudo, a castração física aumentou a PWM. A implementação do Improvest e a eliminação da castração podem aumentar o número de animais que sobrevivem ao desmame, que a longo prazo terá impacto sobre os quilos de produto comerciável para o produtor e na rentabilidade da operação. A modelagem econômica indica que essa poupança será cerca de $1,61 por animal.
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Custos de inseminação e detecção de cio em granjas de suínos
Q
uando consideramos o tempo consumido pelas várias atividades em uma granja, o valor equivalente à gestação fica entre 40% e 60%. A inseminação e a detecção do cio são, de longe, as tarefas mais demoradas nas granjas de reprodução. Muitas vezes, quando o custo da realização da inseminação é avaliado, a ênfase está apenas no custo do sêmen, enquanto que a importância do custo da mão de obra é esquecida. O objetivo deste estudo apresentado por M. Collell, na Conferência Merck AH, NJ, USA, foi avaliar o custo do trabalho de inseminação e da detecção do cio.
Método
O custo final da mão de obra por porca prenhe (GCPS, na sigla em inglês), no setor de gestação, foi calculado considerando-se uma taxa de parição de 84,5% e uma dedicação de cinco dias, gastos na detecção do cio e na inseminação. As granjas foram divididas em três grupos diferentes, de acordo com o tamanho (no de matrizes): de 300 a 1.000 porcas foram consideradas pequenas (SF)/(n=13); de 1.000 a 2.000 porcas, médias (MF)/(n=12); e com mais de 2.000, grandes (LF)/(n=15).
Resultados O tamanho da granja afeta o tempo gasto pelas pessoas, por porca, por dia: nas propriedades maiores gasta-se menos tempo (7,15 a 7,25 minutos) em comparação com as pequenas granjas (9,12 minutos), ou seja, quase dois minutos de diferença. Ao mesmo tempo, o custo por hora é inferior em sistemas de produção maiores, em comparação com os menores (€ 9,10 versus € 9,80 euros, respectivamente). Estas duas características resultam em um custo mais elevado de mão de obra por inseminação e por detecção de cio, por porca, em pequenas propriedades (€ 1,46 comparado com o custo nas médias, € 1,12 e nas grandes, € 1,08). Resumindo, o GCPS varia entre € 8,43 e € 6,24 (ver tabela 1).
Quarenta granjas espanholas, representando quase 70.000 fêmeas, foram incluídas neste estudo para avaliar o tempo gasto por porca com inseminação e detecção de cio, por dia (TSD, na sigla em inglês). Ele foi calculado considerando-se o tempo diário total gasto nestas atividades dividido pelo número de porcas, por lote. O custo por hora (CH) foi calculado dividindo-se o custo anual total pelo número Tabela 1. Custo de inseminação e detecção de cio, por porca e total de horas de trabalho, por pelo tamanho da granja ano. O custo por inseminação e TSD CH CIHD GCPS detecção de cio (CIHD, na sigla (minu-tos) (€) (€) (€) em inglês) foi calculado levanSF < 1.000 9,12 9,8 1,46 8,43 do-se em conta o CH dividido por 60 minutos e, em seguida, multiMF 1.000 a 7,25 9,3 1,12 6,47 plicado pelo TSD: 2.000 (CIHD = (CH/60) x TSD)
LF > 2.000
7,15
9,1
1,08
57
6,24
Conclusões Nas granjas espanholas, para cada porca prenhe gasta-se um mínimo de € 6,24. As médias (MF) e grandes propriedades (LF) são mais eficientes em termos de tempo gasto durante a detecção de cio e a inseminação. Por outro lado, as pequenas propriedades (SF) tendem a pagar melhor do que as LF e MF. A diferença do custo de inseminação e detecção de cio (CIHD) entre grandes (LF) e pequenas (SF) é de € 0,42 por porca. O fato de as grandes propriedades realizarem mais inseminações, em comparação com as pequenas, as tornam mais eficientes em termos de tempo e custo. nº 52/2014 | Suínos&Cia
Aconteceu
Curso de capacitação em reprodução
M
ais de 130 profissionais da suinocultura, entre proprietários de granjas, gerentes, encarregados de setor e pessoas ligadas à assistência técnica, participaram dos cursos de reprodução suína promovidos pela Consuitec, em 24 e 25 de julho, em Toledo (PR), e em 31 de julho e 1º de agosto, em Campinas (SP), com um excelente conteúdo programático. O curso de capacitação abordou diversos temas do setor de reprodução, tais como a elaboração e avaliação de protocolos de tempo e movimento; adequação de fluxo de produção; estratégias de manejo no programa de alimentação em nulíparas e primíparas para evitar síndrome do segundo parto; atualidades sobre as principais doenças que acometem a reprodução suína e seu controle; protocolo de vacinas e vacinações; manejo de estímulo e diagnóstico de cio; diferentes protocolos segundo o tipo de inseminação artificial; transporte e qualidade da doses de sêmen; gestão de recursos humanos na reprodução e monitoramento de produtividade por meio de resultados reprodutivos. Apresentações de casos de campo e estratégias adotadas também foram temas presentes nos cursos.
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Para toda essa transferência de conhecimento participaram renomados palestrantes, tais
como Brenda Maria Marques, Deborah Gerda de Geus, Érica Benvenga, Felipe Leonardo Koller, Juan Maqueda Acosta, Marcelo Almeida, Maria Nazaré Lisboa, Maribel Trindade e Pedro Castelo. Buscando implantar novas ferramentas científicas com bases práticas que sirvam de apoio no manejo do dia a dia das granjas, os cursos de capacitação em reprodução suína atingiram seus objetivos tanto pela participação quanto pelos debates, que fizeram deles um grande sucesso. A Consuitec agradece a participação de todos: aos palestrantes, pela capacidade de comunicação e transferência de conhecimento; aos patrocinadores e parceiros do evento - Agroceres Multimix, MCassab, Merial, MSD Saúde Animal, Poli-Nutri e Vetanco - pela confiança depositada; e a todo apoio e parceria da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), em especial ao Valdomiro Ferreira e ao Olinto Rodrigues de Arruda. Equipe Consuitec.
www.consuitec.com.br Suínos&Cia | nº 52/2014
Informe Publicitário
Os benefícios da vacina contra a influenza no Brasil Flávio Hirose flavio.hirose@zoetis.com
De acordo com o gerente de Biológicos da Unidade de Negócios Suínos da Zoetis, Flávio Hirose, a FluSure Pandemic pode reduzir os casos clínicos da doença e a contaminação bacteriana secundária no pulmão
N
esta entrevista, o gerente de Biológicos da Unidade de Negócios Suínos da Zoetis, Flávio Hirose, fala sobre as vantagens da vacina contra a influenza no Brasil, os cuidados que devem ser tomados durante o processo de vacinação e o benefício econômico que ela pode trazer às granjas. Qual a grande vantagem da vacina contra influenza no Brasil? Um dos pontos a serem considerados é que, por ser causada por um vírus, a influenza não tem como ser controlada por meio do uso de antibióticos. Nesse caso, a prevenção pela vacinação é uma grande vantagem. Outro ponto a ser considerado é a capacidade da enfermidade diminuir a habilidade de defesa do pulmão. O vírus da influenza predispõe a infecções bacterianas secundárias, que além de agravarem o quadro respiratório, obrigam os produtores a utilizar uma quantidade maior de antibióticos para tentar reduzir esse impacto. Assim, esperamos que, com o uso da vacina FluSure Pandemic, haja uma redução de casos clínicos de influenza, menor contaminação bacteriana secundária no pulmão e menor uso de antibióticos para controlá-los.
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Como se encontra a presença da influenza no rebanho nacional? De acordo com alguns estudos, o vírus da influenza já estava presente no Brasil bem antes de 2009, porém, com prevalência baixa e sem relatos de casos clínicos. Até então, havia sido detectada a presença dos subtipos H3N2 e H1N1. Com a entrada do vírus H1N1 pandêmico no Brasil, em 2009, e a migração do vírus do ser humano para os suínos, os animais passaram a apresentar sinais clínicos bastante evidentes de influenza. Atualmente, a prevalência do subtipo H1N1 pandêmico é acima de 70% nos rebanhos brasileiros, causando sérios problemas respiratórios, que se agravam com as infecções secundárias pelos agentes Mycoplasma hyopneumoniae, Pasterurella multocida e Haemophilus parasuis. O problema é mais relevante em matrizes ou em animais de crescimento? Quando o vírus H1N1 pandêmico infectou os suínos, era bastante comum observar sinais clínicos de influenza em animais de diferentes faixas etárias, ou seja, em matrizes, leitões lactentes e em animais nas fases de creche e terminação, uma vez que eles não possuíam nenhuma imunidade contra este tipo de vírus. A partir do momento em que o vírus tornou-se endêmico nos plantéis, aumentou-se a imunidade das matrizes e, consequentemente, a imunidade colostral. Com isto, tornou-se menos comum observar sinais clínicos de influenza em matrizes e leitões lactentes. Entretanto, como a imunidade passiva perdura até um pouco depois do desmame, nestes plantéis em que o vírus tornou-se endêmico, os sinais clínicos concentram-se mais em leitões no final da creche e na fase de terminação, quando eles não têm mais a imunidade passiva em níveis protetores. Atualmente, na grande maioria dois plantéis, a influenza é um problema no final da creche e na terminação. Quando se deve tomar a decisão de assumir o programa de vacinação?
Figura 1. Importância da Influenza em suínos Suínos&Cia | nº 52/2014
O ponto inicial a ser avaliado é a confirmação
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Figura 2. Evolução da infecção pelo vírus Influenza (Schaefer et al., 2013) de que o plantel é positivo ao vírus da influenza. Um ponto que devemos tomar muito cuidado ao avaliar a influenza em um rebanho é que, diferentemente de quando o vírus H1N1 pandêmico infectou os plantéis e facilmente se observava sinais clínicos em animais de todas as faixas etárias, hoje, a maior parte dos casos está nas fases de creche e terminação e sempre associada às infecções bacterianas secundárias, fato que mascara a presença do influenza vírus. Muitos técnicos enviam pulmões de animais com sinais clínicos respiratórios para o laboratório, direcionando apenas para isolamento bacteriano e antibiograma. Posteriormente, focam no tratamento por meio da antibioticoterapia. Em muitos casos, a origem do problema é o vírus da influenza, e o uso de antibióticos é apenas um paliativo, que não irá resolver a causa principal do problema. Atualmente, não podemos pensar em uma doença respiratória de forma isolada, mas no Complexo de Doenças Respiratórias dos Suínos, uma vez que os rebanhos são positivos para vários agentes. Alguns deles, como, por exemplo,
Figura 3. Diagnóstico da Influenza em suínos
o influenza vírus, o circovírus, e o Mycoplasma hyopneumoniae, por serem considerados agentes primários, facilitam a colonização do pulmão por outros agentes bacterianos, como é o caso do H. parasuis. Desta forma, é interessante pensar em um programa de vacinação contra a influenza em rebanhos positivos e que apresentem quadros respiratórios não apenas de influenza, mas também problemas respiratórios causados por agentes que deveriam estar sob controle (H. parasuis, M. hyopneumoniae, P. multocida) e que voltaram a se manifestar. Este é um grande indicativo de que o vírus da influenza está predispondo os animais às infecções causadas por esses agentes. 61
Qual o melhor programa a ser adotado? Considerando que, atualmente, a circulação do vírus da influenza é muito mais comum na fase final de creche e na terminação. O protocolo vacinal que melhor atende a esta dinâmica é a vacinação de leitões a partir do desmame. Dessa forma,
Fonte: Adaptado de Schaefer et al., 2013 nº 52/2014 | Suínos&Cia
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Figura 4. Impacto econômico da Influenza isoladamente e em combinação com outros agentes respiratórios Agente/ Combinação
Diferença com padrão de produção MDR%*
Diferença com padrão de produção - GPD
Perda por animal
M hyo
2,15%
0,04
$ 0,63
PRRS
1,68%
-0,11
$ 5,57
SIV **
1,87%
-0,04
$ 3,23
PRRS + M hyo
5,43%
-0,14
$ 9,69
SIV + M hyo
3,46%
-0,18
$ 10,12
PRRS + SIV
4,34%
-0,16
$ 10,41
* Mortalidade, Descarte e Refugos ** Influenza Fonte: Haden et al., 2012 estarão protegidos na creche e depois, durante o período de terminação. É importante ressaltarmos que a imunidade passiva não perdura até essas fases. É interessante também que o protocolo de preparação das marrãs de reposição considere a vacinação contra a influenza, assim já é realizado também para Mycoplasma, circovírus e as doenças reprodutivas. Esta vacina deve ser utilizada no programa de rotina das granjas, assim como as demais que hoje são utilizadas, ou apenas de uma forma estratégica?
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Considerando um plantel positivo para a influenza, e com problemas respiratórios diretamente ligados a esse vírus ou às infecções secundárias, a vacina deve ser utilizada no programa de rotina da granja. Existe alguma desvantagem em adotar o uso da vacina? Não. O uso da FluSure Pandemic não tem nenhuma contraindicação ou desvantagem. Muito pelo contrário, pois seu uso permitirá não apenas controlar os sinais clínicos da influenza, como
Figura 5. Resultados do uso de FluSure Pandemic Suínos&Cia | nº 52/2014
reduzir a eliminação viral pelos animais com consequente redução da pressão de infecção. Existe algum cuidado especial que se deve adotar durante o manejo de vacinação? Como qualquer outra vacina, a FluSure Pandemic deve ser mantida refrigerada e transportada em caixas térmicas com gelo reciclável e protegida da luz solar. No momento do uso, por ser uma vacina liofilizada, deve-se adicionar o diluente ao frasco em que está a fração liofilizada, agitar bem e depois vacinar os animais, mantendo sempre os devidos cuidados de assepsia. Quando existe diagnóstico do problema, além da vacinação, quais as medidas profiláticas que devem ser adotadas e monitoradas? A vacina é uma ferramenta adicional e bastante útil na prevenção da influenza. Certamente, todos os demais procedimentos relacionados à limpeza e desinfecção, manutenção da qualidade do ar nas instalações, espaço mínimo por animal nas baias, manutenção da temperatura ambiental adequada aos animais, entre outros, não devem ser deixados de lado. Essas ações ajudam na manutenção da saúde dos animais, independentemente do tipo de problema sanitário. Além disso, todas as normas de biossegurança devem ser seguidas, com o objetivo de evitar contaminação dos suínos por outros subtipos virais, que podem ser veiculados por pessoas gripadas, aves aquáticas, suínos de outras origens, etc. Além do controle da doença, qual o grande benefício econômico que o programa de vacinação pode trazer e depois de quanto tempo esses resultados podem ser medidos? Alguns levantamentos realizados sobre o impacto econômico da influenza na suinocultura indicam perdas entre U$ 3 e U$ 10 por animal. Quanto maior a presença de infecções bacterianas secundárias, maiores serão as perdas. Portanto, o benefício econômico da vacinação contra influenza pode ser medido de uma forma direta, ou seja, pelo controle do vírus da influenza. E também de forma indireta, por meio do controle das infecções bacterianas secundárias e consequente redução da quantidade de antibióticos utilizados para controlar essas infecções, mortalidade e animais de baixo desenvolvimento. Um programa de vacinação contra influenza irá proporcionar uma redução gradativa da pressão de infecção e dos sinais clínicos respiratórios, que poderão ser percebidos quando os animais vacinados alcançarem a idade em que geralmente apresentavam distúrbios respiratórios. É importante que o processo de vacinação seja contínuo, para que a imunidade do rebanho e a pressão de infecção se mantenham o mais estável possível ao longo do tempo. Certamente, em um plantel com imunidade alta e estável e baixa quantidade de vírus circulando, os animais terão uma excelente saúde respiratória.
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Como manter a performance dos leitões mesmo com a substituição da proteína plasmática? M. V. Felipe Leonardo Koller koller@vetanco.com.br
O
vírus da diarreia epidêmica suína (PED-v) apareceu nos EUA pela primeira vez em abril de 2013 e matou milhares de leitões desde então. A doença já se disseminou por toda a América do Norte, e também existem casos confirmados na Colômbia e Venezuela. Embora o PED-v se dissemine com facilidade em países com elevado controle sanitário, mesmo após 16 meses do início da casuística, a principal incógnita ainda é a fonte dessa disseminação. A falta de uma origem clara de transmissão levou à adoção de medidas preventivas em diversos setores da cadeia produtiva de suínos. A proteína de plasma utilizada nas rações foi identificada como um possível agente de disseminação da PED, fazendo com que diversas empresas buscassem a substituição desse ingrediente em suas fábricas de alimento. Com a retirada dessa fonte protéica, outras alternativas passaram a ser utilizadas; porém, sem as mesmas características do plasma, principalmente no que se refere aos efeitos na integridade intestinal dos leitões. Para minimizar os efeitos negativos da
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Para minimizar os efeitos negativos da retirada do plasma na saúde intestinal de leitões lactantes, alguns aditivos se tornaram importantes. Dentre eles, se destaca o butirato de sódio. Suínos&Cia | nº 52/2014
retirada do plasma na saúde intestinal de leitões lactantes, alguns aditivos se tornaram importantes. Dentre eles, se destaca o butirato de sódio. Buscando por fontes de disseminação da PED-v, pesquisadores canadenses propuseram a hipótese de que a proteína de plasma em pó fosse uma delas, quando, por meio de exames de PCR, foram encontradas amostras de plasma contaminadas com material genético do vírus da PED. Por precaução, até a chegada de novas pesquisas, diversas empresas especializadas em nutrição retiraram esse ingrediente de seus produtos. A retirada das proteínas de plasma das dietas resulta em redução na saúde intestinal e consequente perdas nos parâmetros zootécnicos, especialmente em leitões. A suinocultura brasileira vive um bom momento, e a redução de produtividade não é uma opção. Atualmente, existem dois aditivos eficazes na minimização dos efeitos negativos da retirada da proteína plasmática na integridade intestinal: a glutamina e o butirato de sódio. A glutamina é um aminoácido que prontamente pode ser utilizado por células intestinais na síntese de energia, porém, o investimento nesse produto normalmente não reverte em retorno compensatório. Por outro lado, o butirato de sódio, associado a tecnologias de liberação estratégica e inteligente, tem demonstrado efeitos interessantes na produção de suínos, apresentando excelente retorno ao investimento. Butirato de sódio é o sal sódico do ácido butírico, processo encontrado pela indústria para estabilizar o ácido orgânico de cadeia curta que possui, em sua forma original, alto poder de volatilização. Apesar da estabilidade química com a formação do sal de butirato, a formação de ácido em sal não é suficiente para garantir seu ótimo funcionamento no trato digestório dos animais. Para tanto, é necessário observar duas características fundamentais de tecnologia de processamento dos produtos comerciais: a proteção do butirato contra a degradação no estômago e a liberação lenta do butirato através de toda a extensão intestinal.
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Iniciar a liberação a partir do intestino delgado é crucial para o funcionamento do butirato, pois no estômago parte do butirato é destruída e parte absorvida, sem exercer ação benéfica intestinal. Por esta razão, utilizam-se altas doses de butirato na forma granulada e em pó, já que não são protegidos para passagem estomacal. O mercado já disponibiliza a tecnologia de microencapsulamento em gordura, para que o butirato não seja degradado ou absorvido no estômago e para que a liberação ocorra a partir do duodeno, após a digestão da capa protetora de gordura pela ação da lipase.
Figura 1. Morfologia ileal de leitões, comparando grupo-controle (1) com grupo tratado com butirato de sódio microencapsulado (2) na dose de 300 ppm por 21 dias. É visualmente perceptível a maior área de vilosidades nos animais tratados (aumento de 10x)
Uma vez no intestino delgado, o butirato é absorvido e utilizado rapidamente pelos enterócitos da porção inicial do duodeno, sem exercer suas funções nas porções finais do intestino. Para que o butirato possa atuar em toda extensão do trato digestório, é necessária a adoção de uma tecnologia de liberação controlada para cada espécie, já que suínos têm trânsito intestinal de aproximadamente 36 horas; aves, de aproximadamente 12 horas; e peixes, de 5 horas ou menos. Portanto, as tecnologias de liberação inteligente do butirato de sódio devem ser diferentes para cada espécie em questão. O butirato livre é rapidamente absorvido por enterócitos e utilizado como fonte de energia diretamente por essas células, diferindo de outros nutrientes que precisam ser metabolizados no fígado para então retornarem como fonte de energia. Experimentos recentes demonstraram que o butirato não pode ser detectado a partir de sangue coletado perifericamente, o que comprova sua rápida utilização já pelas células da mucosa intestinal. Em condições fisiológicas, o aumento no desempenho em animais foi demonstrado pela melhor digestibilidade de nutrientes, estímulo na secreção de enzimas digestivas, modificação da microbiota do lúmen intestinal, melhoria da integridade (figura 1) e imunidade do epitélio intestinal. O butirato possui efeitos ainda diretos de estímulo à proliferação celular, demonstrando maior capacidade de regeneração das vilosidades frente a desafios, sejam por agentes patógenos, inespecíficos ou substância tóxica, respectivamente, como a Escherichia coli, fatores antinutricionais do alimento e óxido de zinco.
Em um momento delicado sanitariamente, as precauções tomadas para evitar o uso de plasma em dietas de leitões geraram o inconveniente de
utilizar outros ingredientes alternativos que não possuem o mesmo efeito benéfico do plasma na integridade intestinal. Afortunadamente, aditivos, como o butirato de sódio, podem ser utilizados para contrapor esses obstáculos, proporcionando a manutenção dos ótimos resultados produtivos, mesmo com a utilização de ingredientes alternativos. 65
Para que estes efeitos do butirato sejam observados, faz-se necessário que a tecnologia dos produtos leve em consideração não somente a proteção à passagem estomacal, mas também um mecanismo de liberação gradual ao longo de todo o trato digestório, levando em conta as características digestivas do suíno. As agroindústrias possuem no butirato de sódio uma ferramenta que permite a substituição da proteína plasmática por outros ingredientes alternativos sem ocasionar perdas nos parâmetros produtivos dos suínos.
Referências Effects of dietary sodium butyrate supplementation on the intestinal morphological structure, absorptive function and gut flora in chickens. Hu, Z. &Guo, Y. Animal Feed Science and Technology 132 (2007). From de gut to the peripheral tissues: the multiple effects of butyrate. Guilloteau, P. et al. Nutrition Research Reviews (2010), 23, p. 366-384. The effect of micoencapsulated sodium butyrate on piglets intestinal morphology. Texas A&M University, 2012. nº 52/2014 | Suínos&Cia
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PigMoney Novo olhar por meio de cenários Daniel Gracioli daniel@deheus.com.br
Nova ferramenta da De Heus ajuda o suinocultor na gestão da granja, visando a programas nutricionais personalizados e análise de viabilidade econômica
A
De Heus, uma das 20 maiores companhias de nutrição animal no cenário mundial, desembarcou no Brasil há mais de um ano com a promessa de revolucionar o conceito de nutrição animal. E experiência ela tem para isso: com 36 fábricas ao redor do mundo, a companhia faz cerca de 2.800 formulações por dia e produz 4,5 milhões de toneladas de ração por ano. Em entrevista exclusiva a Suínos & Cia, o médicoveterinário Daniel Gracioli fala sobre o PigMoney, ferramenta criada pela De Heus do Brasil que projeta ganhos econômicos em diferentes cenários e sistemas produtivos, seja ciclo completo, UPL ou terminação.
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O que é o PigMoney? Na suinocultura atual sabemos que a eficiência econômica é fator preponderante e que pequenas melhorias, em alguns setores da produção, podem gerar importantes resultados de
produtividade. Com base nisso, o departamento técnico da De Heus no Brasil desenvolveu o PigMoney, ferramenta que faz análises de viabilidade econômica com foco em programas nutricionais. Com ela, há a possibilidade de estudar o cenário econômico do suinocultor, identificando um programa nutricional personalizado, de acordo com as diferentes realidades e necessidades de produção. Quais informações essa ferramenta fornece? Ela fornece informações do programa nutricional a ser aplicado no sistema de produção, bem como o custo alimentar para cada fase do sistema de produção e a viabilidade econômica deste programa. O grande benefício desta ferramenta é simular diferentes cenários com diferentes programas nutricionais e demonstrar de forma clara e objetiva para o produtor a possibilidade financeira de cada plano. Estas informações são, atualmente, de fundamental importância para auxiliar o produtor a tomar a decisão mais acertada para aquela determinada situação e momento de mercado. Dê um exemplo para entendermos melhor.
Treinamento da ferramenta PigMoney para as equipes técnica e comercial e representantes da De Heus Suínos&Cia | nº 52/2014
Na maioria das vezes um programa nutricional de creche é avaliado com base nos preços individuais de cada ração, ou até mesmo, no preço ou inclusão dos concentrados, mas sem levar em consideração o custo total do programa alimentar e da performance do animal. As rações da fase de creche têm a função de preparar o leitão para digerir os alimentos de origem vegetal (base de milho e de farelo de soja) e isso exige uma nutrição muito equilibrada, com investimentos em rações no momento adequado com o objetivo de não comprometer a performance do leitão. Ou seja, rações pré-iniciais mais caras, mas que promovem um equilíbrio nutricional mais adequado, com certeza proporcionará melhor performance, e como estas rações representam uma pequena porcentagem do
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consumo total do programa da fase creche, impactam muito pouco no custo alimentar total. Desta forma, precisamos avaliar o programa nutricional como um todo e principalmente a performance animal. Muitas vezes partimos de rações pré-iniciais mais caras, porém, mais equilibradas e que proporcionam uma melhor resposta animal. Com o PigMoney podemos visualizar claramente estas diferenças econômicas e tomar a decisão correta. Quais informações são utilizadas por esta ferramenta para chegar a esta conclusão? Para chegar a estas informações que podem auxiliar o produtor na tomada de decisão e escolher o programa nutricional mais adequado e que possa proporcionar a melhor viabilidade econômica para o seu negócio é baseada na análise técnica do sistema de produção pela equipe de nutricionistas da De Heus, formulações desenvolvidas no sistema Bestmix com grande precisão e confiabilidade das matrizes nutricionais e analisadas economicamente pelo sistema PigMoney. Ou seja, realizamos uma leitura completa do sistema de produção com o objetivo de entender as melhores oportunidades de ganho para este caso em particular, desenvolvemos fórmulas exclusivas e apropriadas para a situação e analisamos a viabilidade econômica do programa alimentar definido. Com isso, podemos propor ao cliente com total segurança o programa alimentar mais adequado e viável para aquela situação em particular. Como o PigMoney ajuda o produtor a fazer a gestão de seus negócios e visualizar os resultados? Podemos simular diferentes cenários lado a lado, demonstrando ao cliente, de forma clara e objetiva, o desempenho zootécnico, custo alimentar e as margens bruta e líquida do programa nutricional adotado e o sugerido. O PigMoney permite realizar simulações com os dados reais de custo de produção, ou seja, permite lançar todas as despesas do sistema de produção da granja, como número de funcionários, custos de mão-deobra, gastos com energia, depreciação das instalações, custo de reposição genética, valor de produtos veterinários, e, portanto, ter uma orientação dentro da realidade operacional daquele sistema produtivo. Como aproveitar esta ferramenta neste momento de preços e demanda aquecidos na suinocultura brasileira? Do mesmo jeito que a ferramenta ajuda a solucionar problemas no decorrer da produção, pode ser utilizada para simular ao produtor uma oportunidade de ganho ainda maior,
principalmente neste bom momento que atravessa o setor. Esta oportunidade de ganho pode ser alcançada com o investimento em programas nutricionais de alto desempenho, que apresentam um custo mais elevado, porém, com uma resposta em performance mais elevada também. E com o PigMoney podemos simular a viabilidade econômica destes programas nutricionais de alto desempenho relacionando o custo e a resposta animal, determinando, assim, a viabilidade de implantação. Desta forma, podemos auxiliar o produtor a explorar ao máximo as oportunidades de ganho que vêm por aí. Cite algum caso de sucesso com o PigMoney. Nossas equipes técnica e comercial já estão preparadas para utilizar esta ferramenta junto aos produtores e indústrias. Também já temos vários exemplos de aplicação da ferramenta, considerando que todas as propostas comerciais atualmente são elaboradas utilizando-se esta ferramenta. Também realizamos estudos de oportunidade de ganho em grandes clientes pelo Brasil e com um grande sucesso. Com o PigMoney podemos demonstrar, por exemplo, a influência econômica de 50g no ganho de peso de diário ou 100g na conversão alimentar e também podemos calcular a influência econômica de qualquer índice zootécnico. Um exemplo recente foi o uso do PigMoney para demonstrar a viabilidade de investimento em dietas mais concentradas para as fases de crescimento e terminação (25kg a 107kg de peso vivo). O investimento de 5,5% no programa alimentar promoveu um aumento do ganho de peso diário em 9,8% e a melhoria da conversão alimentar em 2,5%. Nas atuais condições de mercado, este investimento representou para o produtor um retorno líquido de R$ 8,46 a mais por animal vendido. Considerado um sistema de produção de 1.400 matrizes com a comercialização anual média de 38.000 animais, o produtor obteve um ganho suplementar de R$ 321.480,00 no ano.
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Explique sobre a tendência de viabilidade econômica no programa alimentar. É uma mudança de visão, na qual se escolhe o programa alimentar pela viabilidade econômica e não mais pelo preço. O PigMoney permite que as equipes técnica e comercial da De Heus tenham uma abordagem diferenciada junto ao produtor no mercado. Viabilidade do programa alimentar significa quanto vamos trazer em retorno econômico para o produtor e não em valores isolados de produtos ou rações. Apresentamos para o produtor quanto será investido na alimentação animal e qual o retorno ele terá em performance e lucratividade. Estamos comprometidos em auxiliar o produtor no seu principal objetivo, que é obter maior lucratividade na sua atividade. nº 52/2014 | Suínos&Cia
Dicas de Manejo
Um dos mais importantes itens para aumentar a fertilidade e prolificidade em um sistema de produção suína é adotar adequadas práticas de manejo de preparação de marrãs. A denominação da área que se utiliza nas granjas para este objetivo é denominada de GDU (Gilts Development Unit, em inglês) que, em português, significa Unidade de Preparação de Marrãs (UPM)
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tualmente, os programas genéticos buscam com muita intensidade melhorar a produtividade de crescimento magro e eficiência na conversão alimentar (C.A) por meio da seleção. Consequentemente, temos marrãs que crescem mais rápido do que sua maturidade reprodutiva. No entanto, quando não se adota um adequado programa de manejo envolvendo sanidade e nutrição surgem problemas de produtividade nas fêmeas de primeiro e segundo partos. Desta maneira ocorre um aumento de descarte nos partos dessa categoria e aumento dos dias não produtivos, com perda de fertilidade e produtividade
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quanto ao numero de leitões nascidos. Produzir em primíparas 12 ou mais leitões nascidos vivos com taxa de parto superior a 90% faz-se necessário para obter melhor produtividade nos partos subsequentes. A porcentagem de 1º e 2º partos em uma população de reprodutoras suínas representa de 36% a 40%, exercendo uma grande influência na média de nascidos. O Dica de Manejo dessa edição contempla importantes estratégias de manejos que podem melhorar os resultados reprodutivos seguindo o incremento de leitões produzidos a cada parto. Confira!
“Uma marrã bem manejada é a fêmea mais produtiva da granja”
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Dicas de Manejo
“Manejá-las adequadamente traduz-se em aumento de produtividade”
Deve-se selecionar as marrãs por qualidade do aparelho mamário (que exista no mínimo 7 pares e no máximo 8 pares de tetas). Todas devem apresentar aparelho mamário constituído de mama e mamilo funcionais.
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Na Unidade de Preparação de Marrãs (UPM) deve ter um funcionário devidamente treinado e capacitado, com condição de superar as metas pré-estabelecidas quanto à fertilidade, prolificidade e índice de retenção de matrizes no plantel.
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Dicas de Manejo
Estabelecer metas por meio de estratégias que permitam iniciar o primeiro parto com fertilidade superior a 90% e produzir mais de 12 leitões nascidos vivos desde o primeiro parto.
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Preparar as instalações para receber as marrãs em local devidamente limpo e seco, adequado a promover a saúde de cada indivíduo.
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Manejo Realizar devidamente o programa de vacinação na idade indicada, respeitando os cuidados e manejo que exigem o processo quanto ao uso de vacinas e vacinações para controle das doenças reprodutivas e outras que se fizerem necessárias, de acordo com a necessidade do plantel.
Apresentar o macho ao grupo de marrãs a partir de 160 - 180 dias para estímulo e controle de cio, facilitando a organização dos lotes a cada semana.
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Aplicar protocolos com adequadas medidas de manejo e de fácil revisão que possam potencializar a capacidade genética da fêmea reprodutora suína quanto à produtividade de leitões nascidos e peso de desmame padronizado a cada parto.
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Dicas de Manejo
Capacitar, treinar e especializar pessoas que trabalham no setor de reprodução é prioridade. Cursos teóricos e práticos fazem parte desse processo para chegar a esse objetivo.
Oferecer espaço mínimo de 1,5 m² na fase de preparação e espaço no comedouro entre 0,35m e 0,40m por fêmea. 72
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Evitar estresse durante a fase de gestação, pois ele poderá produzir falhas reprodutivas, como perda embrionária.
Manter alimentação à vontade durante a fase de creche e crescimento. Oferecer alimento de excelente qualidade e quantidade, livre de micotoxinas.
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Quanto ao peso por fase e indivíduo: Ao nascimento: > ou = 1.200 kg Ao desmame (aos 21 dias): > 5,0 kg Aos 63 dias: > 24 kg Aos 121 dias: > 70kg Aos 154 dias: > 94 kg Aos 210 dias: > 130 kg
Recomendação: efetuar a primeira inseminação nas fêmeas com peso superior a 140 kg de peso vivo e com idade superior a 220 dias de vida.
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Recomendação quanto ao peso, idade e espessura de toucinho para primeira inseminação de nuliparas Recomendações segundo os fornecedores de genéticas Linhagem
PIC
TOPIGS
DANBREED
PERNALAN
GENETIPORC
Peso
135
130
135
145
140
Idade
196
220
230
240
230
P2 mm
-
12 a 14
15 a 18
13
13 a 15
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Conhecer habilidades e potencial genético das reprodutoras, buscando sempre atingir os melhores resultados por meio de fertilidade, nascidos e desmamados.
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O Efeito de Flushing (alimento à vontade), duas semanas antes da cobertura, estimula a ovulação de nulíparas. Da mesma forma, primíparas desmamadas devem receber alimento à vontade depois do desmame, seguindo até a cobertura.
Ser rigoroso com o monitoramento da saúde dos machos Rufiões, afinal, eles têm contato direto com todas as fêmeas do plantel. Efetuar um programa consistente de medicação e vacinação e monitorá-lo periodicamente.
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Desmamar 12 ou mais leitões tanto no primeiro como no segundo parto. Os principais objetivos são estimular e desenvolver o aparelho mamário e a produção de leite. Quanto à formação do lote, a cada semana, entre 20% e 24% das marrãs devem participar da cobertura.
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Dicas de Manejo
O que se pode esperar com adequado manejo da fêmea de reposição: Categoria
Taxa de Permanência
Nulíparas q/entram na área de cobertura
100%
Nulíparas que cumprem o 1º parto
92%
Primíparas que cumprem o 2º parto
85%
Matrizes que cumprem o 3º parto
80%
No gráfico abaixo demonstramos como podem-se obter bons resultados reprodutivos quando a nulípara iniciar com mais de 12 leitões produzidos tanto nascidos como desmamados.
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Outras importantes dicas adicionais: • - - - -
Quanto à ambiência: Temperatura crítica inferior: 16⁰C para piso de concreto e 11⁰ C quando se utiliza palha. Temperatura ambiente de conforto 18⁰C - 20⁰C. Ventilação por nulípara: mínima de 23 m3/h e máx. de 120 m3/h. Iluminação: 16 horas de luz/dia com intensidade de 300 lux.
• Quanto às instalações: - Espaço útil por nulípara em grupo: 1,5m2 a 2m2. - Espaço mínimo livre de comedouro: 0,40 m2. • - - -
Quanto ao bebedouro: Fluxo de água= 1,5l a 2l por minuto. Quantidade = 1 bebedouro para oito fêmeas. Altura: 0,70 m do bebedouro ao piso.
• Quanto ao manejo: - Que 80% ou mais das marrãs de cada lote com idade entre 160 -180 dias de vida apresentem cio nas primeiras quatro semanas depois de estimuladas pelo efeito da presença de macho. - Que 85% do lote de nulíparas, quando inseminadas, seja completamente formado no período máximo de 5 dias entre a primeira e a última inseminação do grupo. • - - -
Quanto ao ganho de peso da cobertura ao parto: 38 kg a 45 kg de ganho de peso da cobertura ao parto. Peso no primeiro parto: 180 kg a 190 kg. Espessura de toucinho dorsal em P2= 16-18 mm. nº 52/2014 | Suínos&Cia
Divirta-se
Jogo dos 7 erros
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Encontre as palavras Vamos encontrar no diagrama as palavras relacionadas aos avanços na reprodução suína: IA pós-cervical IA intrauterina IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) Hormonioterapia Sêmen congelado Sexagem espermática Transferência de embrião Fecundação in vitro Ultrassonografia
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Divirta-se
Teste seus conhecimentos A lesão macroscópica abaixo, de nódulos caseosos em linfonodos mesentéricos de um suíno no abate, refere-se à Linfadenite. Quando presente, pode levar à condenação total ou parcial da carcaça. Nas alternativas abaixo assinalar verdadeiro (V) ou falso (F) quanto às características desta doença. (
) Trata-se de uma doença causada pelo Mycobacterium avium, com ausência de sinais clínicos nos animais afetados
(
) O suíno é susceptível à doença por Mycobacterium bovis, Mycobacterium tuberculosis e às micobactérias do complexo Mycobacterium avium
(
) A terminologia tuberculose utiliza-se para infecções causadas por Mycobacterium bovis e Mycobacterium tuberculosis
(
) As fontes de infecção mais frequentes são água de bebida, solo, ração contaminada, aves domésticas e silvestres, roedores e cama
(
) A doença é detectada somente no abate pelo serviço de inspeção de carne
(
) Trata-se de um bacilo aviário que produz lesão granulomatosa de natureza proliferativa
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Labirinto
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Recursos Humanos
Aos que não sabem ouvir Escrito por Luiz Marins, antropólogo, professor e consultor de empresas no Brasil e no exterior
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essoas que não ouvem logo verão que seus
cedores, colegas, subordinados ou mesmo supe-
colegas, amigos, subordinados ou mesmo
riores. E o que mais me chama a atenção é que
chefes desistirão de lhes falar. Não adianta
muitas dessas pessoas não têm consciência de
falar com pessoas que não querem ouvir. É perda
que não sabem ouvir. Ouvir não é ficar em frente a
de tempo!
uma pessoa olhando para ela sem prestar a menor
Sem ouvir o que os outros têm a dizer,
atenção ao que ela está dizendo. Ouvir não é fin-
essas pessoas, como surdas, vivem na ignorância
gir que está interessado. Ouvir não é fazer cara de
dos fatos, dos acontecimentos, ficando isoladas da
atencioso quando a atenção está mesmo distante
realidade concreta. Isoladas, tomam decisões cada
dali. Ouvir não é “fazer média”, convocando uma
vez mais erradas e perdem oportunidades, e até
reunião para “ouvir a opinião” sendo que a decisão
mesmo a noção do ridículo, ao mesmo tempo em
já está tomada. Ouvir não é ter as portas abertas
que se acham importantes pela sua arrogância de
só para parecer democrático. Ouvir não é fingir-se
não querer ouvir.
simpático.
Vejo todos os dias isso acontecer no ambi-
Ouvir é prestar atenção e perguntar, ques-
ente de trabalho. Pessoas que se acham donas da
tionar, dialogar, se interessar, respeitar quem está
verdade e não se dispõem a ouvir
falando e levar em consideração sua opinião.
seus
clientes,
Ouvir é um exercício de humildade e polidez que
forne-
todos deveríamos desenvolver em nós desde o nascimento. Ouvir é ouvir, e você sabe bem disso, pois sabe o que sente quando as pessoas não lhe ouvem. Ouça, pois, este conselho: aprenda a ouvir! E para aprender a ouvir é preciso, primeiro, querer ouvir; e para querer ouvir, é preciso deixar a arrogância de lado e cultivar a humildade, que é o maior segredo
dos
verdadeiros
líderes. Pense nisso. Sucesso!
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Jogo dos 7 erros
Teste seus conhecimentos ( V ) Trata-se de uma doença causada pelo Mycobacterium avium, com ausência de sinais clínicos nos animais afetados ( V ) O suíno é susceptível à doença por Mycobacterium bovis, Mycobacterium tuberculosis e às micobactérias do complexo Mycobacterium avium ( V ) A terminologia tuberculose utiliza-se para infecções causadas por Mycobacterium bovis e Mycobacterium tuberculosis ( V ) As fontes de infecção mais frequentes são água de bebida, solo, ração contaminada, aves domésticas e silvestres, roedores e cama ( V ) A doença é detectada somente no abate pelo serviço de inspeção de carne
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( V ) Trata-se de um bacilo aviário que produz lesão granulomatosa de natureza proliferativa
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