Editorial
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rimeiramente, a Suínos & Cia gostaria de agradecer aos leitores, patrocinadores, autores e a toda sua equipe que se dedica à elaboração da revista pela oportunidade de, juntos, comemorarmos esta edição de aniversário. São 15 anos na mídia da suinocultura, com 60 edições, contribuindo com informações técnicas que enriquecem o conhecimento e proporcionam o aprendizado nessa dinâmica e fascinante atividade. Ao longo desses anos, enfrentamos diferentes momentos e tivemos que nos reinventar por meio da inovação e atualização. Aprendemos que o trabalho em equipe é muito importante e necessário para se chegar a um objetivo comum. Juntos, somos muito melhores do que sozinhos, pois somamos habilidades para conquistar nosso ideal. Gratidão eterna para aquelas pessoas que passaram e deixaram suas marcas durante todas as edições. Respeito e agradecimento aos que estão conosco no presente e bem-vindos aqueles que nos ajudarão no futuro. Após os agradecimentos iniciais, vamos aos destaques desta edição, na qual contemplamos temas como a entrevista com uma especialista em comportamento animal; artigos técnicos relacionados à reprodução e etologia, no que diz respeito ao comportamento materno da porca; revisão técnica de um importante congresso internacional, como o recente Leman Conference, realizado em Minnesota (EUA); publicações científicas; dicas de manejo e motivacionais; notícias de empresas do setor e interessantes jogos que divertidamente seguem com o objetivo de atualizar seus conhecimentos. Boa leitura, um feliz Natal e um ótimo 2019 a todos. Maria Nazaré Simões Lisboa
Índice
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Entrevista
María de Lourdes Alonso Spilsbury
14 Reprodução
A importância do reprodutor e da qualidade seminal no sistema atual de reprodução suína
20 Etologia
Atualidades no comportamento materno da porca 15 e 19 de setembro de 2018 - Saint Paul (Minnesota/EUA)
32 Revisão Técnica Allen D. Leman Swine Conference
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Capa
Reprodução Novas soluções para antigos problemas reprodutivos
Revista Técnica da Suinocultura
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SUÍNOS
A Revista Suínos&Cia é destinada a médicos-veterinários, zootecnistas, produtores e demais profissionais que atuam na área de suinocultura. Contém artigos técnicocientíficos e editorias instrutivas, apresentados por especialistas do Brasil e do mundo.
50 Sumários de Pesquisa 62 Recursos Humanos A Assembleia
64 Dica de Manejo Manejo na Maternidade
70 Informe Publicitário
Alternativa natural em benefício da saúde intestinal dos suínos Fonte adequada de fibra tem vantagens para porcas e leitões Impactos da amônia (NH³) no resultado da criação de suínos em maternidade e creche e na melhor condição de limpeza das instalações na suinocultura
78 Índice dos Volumes 82 Capas 15 anos 84 Divirta-se
Encontre as palavras Jogo dos 7 erros Teste seus conhecimentos Labirinto
Editora Técnica Maria Nazaré Lisboa CRMV-SP 03906 Consultoria Técnica Adriana Cássia Pereira CRMV - SP 18.577 Edison de Almeida CRMV - SP 3045 Mirela Caroline Zadra CRMV - SP 29.539
Ilustrações Roque de Ávila Júnior Departamento Comercial Mirela Caroline Zadra dtecnico@consuitec.com.br Jornalista Responsável Paulo Viarti MTB.: 26.493
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Atendimento ao Cliente Mirela Caroline Zadra dtecnico@consuitec.com.br
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A reprodução parcial ou total de reportagens e artigos será permitida apenas com a autorização por escrito dos editores.
Entrevista
Dedicação e perseverança ao estudo da etologia suína A médica-veterinária María de Lourdes Alonso Spilsbury é especialista em comportamento animal, e nesta entrevista ela destaca as vantagens dessa maravilhosa área e também os recursos tecnológicos que facilitam seu trabalho, entre outros temas. Confira!
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oucos profissionais se dedicam à etologia, ciência que estuda o comportamento animal. Observar e estudar suas atitudes e particularidades realmente requer muita dedicação, perseverança e amor por aquilo que se faz. Infelizmente, ainda são poucos os profissionais que se dedicam a essa área, decidimos, nesta edição, destacar novamente a médica-veterinária María de Lourdes Alonso Spilsbury, conhecida entre os colegas e amigos como Marilú. Nascida no México, graduada há mais de 30 anos pela Universidade Autônoma Metropolitana (UAM) com o título de médica-veterinária zootecnista, ela também é especialista em produção de suínos desde 1989, pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), e PhD em comportamento animal desde 1994, pela Universidade de Minnesota (EUA), com estudos realizados na Universidade de Agricultura da Suécia, em Skara. Maria de Lourdes é diplomada em quatro áreas distintas: estudos ambientais pela UAM, em 1997; reprodução e manejo de fauna silvestre, em 2000; medicina, cirurgia e zootecnia de cães e gatos pela UNAM; e ética pelo Colégio de Ética no México, em 2013. Desde 1986 participa e colabora em mais de 90 cursos de atualização em diferentes áreas do conhecimento veterinário. Atualmente, Spilsbury trabalha como docente e pesquisadora na UAM, além de ser responsável pela disciplina “Preservação do bem-estar e manejo da fauna silvestre”, do departamento de produção agrícola e animal da referida instituição.
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Suínos&Cia | nº 60/2018
S&C: Na atualidade, quais as principais vantagens e desvantagens de se trabalhar com comportamento animal? MAS: Acho que há muito mais vantagens do que desvantagens. Graças ao conhecimento adquirido posso trabalhar não só com as espécies em que me especializei durante tantos anos e que adoro, o que me aproxima cada vez mais dos animais, como também com qualquer outra espécie mantida em cativeiro, o que abriu portas, por exemplo, para o setor de vida selvagem alojada em jardins zoológicos e parques. A outra vantagem que vejo nessa disciplina é que ela permite realizar avaliações de bem-estar animal com baixíssimo custo, pois observar sistematicamente os animais não custa por si só, havendo somente gastos com transporte, hospedagem e alimentação. Entre as desvantagens podemos citar as viagens, por passarmos muito tempo fora de casa, permanecendo muito tempo longe de nossos entes queridos. Mas isso acontece com todo o tipo de trabalho, especialmente o de um veterinário. Outra desvantagem seria que nem todos entendem a importância desta disciplina e são vários, incluindo alguns colegas, que acreditam ser desperdício de tempo, sendo realmente uma pena, por estarem totalmente equivocados. A etologia é uma ferramenta que nos permite melhorar nossos diagnósticos, e gostaria de exemplificar isso por meio do Quadro 1, no qual o leitor poderá considerar o caso como sendo de suínos. S&C: Os recursos tecnológicos que existem no mercado facilitaram o seu trabalho? O que mudou com o uso da tecnologia quando comparamos o passado e o presente em relação ao estudo de comportamento animal? MAS: Essa área evoluiu muito em termos tecnológicos. Hoje temos aplicativos e tablets que codificam vários comportamentos ao mesmo tempo, além de programas que nos permitem fazer observações em vários animais. Há também equipamentos de telemetria mais leves e práticos (acelerômetros, pedômetros, actímetros) para avaliar melhor o comportamento postural, a atividade locomotora, os padrões de repouso e o movimento dos animais. Esses equipamentos permitem um controle mais efetivo relativo ao tempo
Entrevista
Quadro 1. Avaliação do bem-estar animal baseada nas Cinco Liberdades: o papel da etologia aplicada Liberdades
Exemplos de Comportamento
Sede, fome e desnutrição
Apatia, depressão
Desconforto físico
Tempo de descanso reduzido, posturas diante do frio ou do calor
Dor, lesões e doenças
Claudicação, gestos e posturas corporais relativas à dor
Comportamento normal / comportamento anormal
Jogo, exploração / presença de estereotipias e condutas redirigidas
Medo e angustia
Vocalizações aumentadas, postura de cão sentado com anedonia*
* incapacidade de sentir prazer e às distâncias percorridas, além de uma análise mais acurada dos animais com claudicação, para compreender melhor o ambiente físico (piso e espaço) onde os confinamos (no caso de animais mantidos em sistemas extensivos, utiliza-se o GPS). Além disso, a aquisição de câmeras de vídeo para monitorar animais em granjas está cada vez mais acessível, com aplicativos para uso em telefones celulares, o que permite que você acompanhe, em tempo real, o que está acontecendo em sua propriedade mesmo estando a centenas de quilômetros de distância. Sem contar, ainda, com as possibilidades oferecidas pela nanotecnologia e a microeletrônica. Há também maior disponibilidade de softwares para analisar as informações relativas ao comportamento e às vocalizações, normalmente sem custo algum, baixados da internet. S&C: Pela sua experiência, depois de tantos anos vivenciando a evolução da suinocultura, realmente melhoramos as condições de bem-estar animal? Estamos no caminho certo? MAS: Estamos procurando esse caminho. Pessoalmente, isso me custou muito em minha própria instituição, quase 25 anos tentando convencer os colegas. Acredito que estejamos no caminho certo porque as pessoas estão mais conscientes a respeito da senciência dos animais. Portanto, se vamos confiná-los, eles precisam de requisitos básicos mínimos para o seu desempenho, que melhorem a sua qualidade de vida e também a sua morte. Sempre se considera o bem-estar animal do ponto de vista econômico, e assim ainda está ocorrendo, e não como uma decisão coletiva de pessoas que trabalham com animais, infelizmente. São os tratados de comércio internacional, especialmente os que envolvem a União Europeia, que determinam essas mudanças. Trata-se, sem dúvida alguma, de avanços que atualmente são observados no abate dos animais e que, em breve, também serão adotados nas diferentes fases de produção animal.
S&C: O que mais lhe impressiona na evolução genética quando se refere à hiperprolificidade? MAS: A taxa de ovulação e a quantidade de leitões vivos nascidos por porca, superior a 14 nas primíparas e acima de 15 nas multíparas, muitas vezes maior que o número de tetas disponíveis por porca, com a finalidade de aumentar os lucros do produtor, com um maior número de suínos vendidos sem que se aumente o número de porcas do plantel. É um grande desafio. No entanto, não me surpreende que o peso ao nascer não tenha aumentado paralelamente, tendo inclusive piorado; a dispersão do peso médio ao nascer, expressa na forma de desvio padrão ou de coeficiente de variação, com a presença de leitões por um lado muito pequenos e, por outro, muito pesados, aumentou, sendo que de 3% a 15,5% (Figura 1) dos leitões têm peso inferior a 1 kg. Este é um dos motivos pelos quais a mortalidade pós-natal não diminui muito. Chamamos esses leitões de “redrojos” (refugos), ou pouco desenvolvidos, e eles surgem porque o útero está lotado e a distribuição de nutrientes para os fetos não é uniforme, o que causa a restrição do crescimento intrauterino ou RCIU (Foto 1). Eu preferiria menos leitões, porém, mais pesados, com alta sobrevida, do que muitos leitões pequenos, com baixas taxas de sobrevivência.
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As grandes variações de peso transformaram boa parte do manejo em granjas porque é preciso combinar os pesos na formação dos lotes. Isso implica em agrupamentos constantes, com o estresse usual ao qual os suínos são submetidos cada vez que isso acontece. Para piorar, leitões com RCIU nascidos de leitegadas numerosas têm o desenvolvimento de suas miofibrilas musculares retardado, fator que limita o seu crescimento ao longo da vida (FOXCROFT et al., Jour. Anim. Sci., v 84, p. 105 -112). O número de tetas, nas porcas, também não aumentou, embora a produção de leite delas sim, sendo necessário recorrer a fêmeas nodrizas, nº 60/2018 | Suínos&Cia
Entrevista
Figura 1. Histograma de três categorias de pesos ao nascimento, em uma população com porcas hiperprolíficas, no México
Fonte: RENDÓN DEL ÁGUILA, U. “Análise da variação de peso individual ao nascimento e sua relação com o desempenho em lactação e crescimento na etapa de engorda, em suínos”. Dissertação de Mestrado em Ciências, FMVZ, UNAM. p. 22. 2015 as quais contribuem com a manutenção desses leitões extras para igualar as leitegadas. Não é uma tarefa fácil porque não há uma receita única de como fazê-lo, dependendo das habilidades do suinocultor em decidir quais são as porcas mais leiteiras e quais leitões são candidatos a serem doados (o maior ou o menor?). Essa situação se complica ainda mais se o tipo de desmame praticado for o precoce (proibido na Europa), se as porcas estiverem engaioladas, se for utilizado o sistema de bandas e se pretende reduzir a mão de obra no setor de maternidade.
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Uma alternativa que está sendo utilizada pelos europeus diante das grandes leitegadas de porcas hiperprolíficas é a equiparação delas com a utilização de porcas nodrizas que adotam leitões, segundo duas metodologias (ALVÅSEN et al, Frot Vet Sci., v. 4, Artigo 204. 2017). Sob o sistema amamentação de uma fase, uma porca que recém desmamou seus leitões torna-se nodriza de leitões extranumerários. Ao se igualar leitegadas, tradicionalmente misturam-se os leitões doados com os das porcas biológicas. Esse procedimento geralmente promove uma luta entre eles pelo estabelecimento da ordem da mama, o que afeta o processo de amamentação como um todo de forma negativa, tornando a porca mais inquieta, fazendo crescer o número de amamentações interrompidas e ocorrendo uma baixa ejeção do leite, Suínos&Cia | nº 60/2018
o que estressa igualmente leitões e porcas. Sob esse esquema, todos os leitões são novos para a mãe, a não ser aqueles que levam mais de 12 horas para serem aceitos. E este longo período de inanição aumenta a taxa de mortalidade nos leitões doados em até 20%, em comparação com os 6% Foto 1. Exemplo de dispersão de pesos em leitões da mesma leitegada
Mestrado em Ciências, Uriel Rendón (México, 2014) O leitão da direita tem RCIU, observado não somente pelo seu peso, como também pelo aspecto imaturo dos cascos e a cabeça em forma de tigela
Entrevista
daqueles leitões que foram aceitos mais rapidamente (< 12h). Sob o sistema de amamentação de duas fases, duas porcas são necessárias: a porca de nº 1 amamenta sua própria leitegada por 4 a 8 dias e, então, os leitões são passados para a porca de nº 2, que recentemente desmamou seus próprios leitões. A porca nº 1 recebe leitões extras e os amamenta por, pelo menos, 28 dias, se estiverem na Suécia, o que corresponderá a um período de amamentação de 5 semanas. A porca nº 2 poderá ter uma lactação mais longa, tudo dependerá da idade dos leitões adotados. Se tiverem quatro dias no início do processo, terão que ser amamentados pelo menos 24 dias antes de poderem ser desmamados. Este tipo de sistema é muito comum na Dinamarca. No sistema de duas fases, todos os leitões biológicos da porca são removidos, o que reduz a competição pelos tetos porque todos na nova leitegada são doados, sendo para eles um processo menos estressante. De qualquer modo, lactações muito longas trazem efeitos negativos sobre matrizes alojadas em gaiolas. Elas têm suas reservas de lipídios e proteínas corporais diminuídas e, às vezes, seus mamilos são feridos. Isto, em condições naturais de alojamento, não ocorre, uma vez que as porcas amamentam até os 100 dias os seus leitões, sem que esse procedimento cause estragos nas suas condições corporais, uma vez que elas têm a opção de se afastar gradualmente dos leitões por meio de um processo de desmame gradual e prolongado. Como já me referi anteriormente, na produção intensiva é complicado, mas não é impossível. S&C: Como integrar adequado manejo ao parto, na atualidade, por meio do conhecimento do comportamento materno nos grandes sistemas de produção? MAS: É uma pergunta difícil de responder. Por mais que se tenha estudado o comportamento materno, e mesmo considerando que, embora não haja substrato nas gaiolas de parição para a porca construir um ninho, como acontece na vida livre, sabemos que o estresse causado pela frustração de ser incapaz de elaborá-lo reflete-se em altos níveis de cortisol e ACTH no sangue e numa menor concentração de ocitocina, o que torna os partos mais longos. Acho que essa mesma tendência permanecerá nos sistemas de criação mais intensificados, a menos que sejam adotadas gaiolas de parição mais sintonizáveis com o comportamento das fêmeas, ou que se retorne ao uso de baias, mesmo com algumas limitações. No entanto, em granjas menores pode-se lançar mão de sistemas menos intensivos, que permitam que as fêmeas tenham mais espaço para
se movimentar e construir seus ninhos, já que se trata de uma conduta inata e fortemente motivada por um controle hormonal endógeno. Por outro lado, permanece ainda o problema da doação de leitões, já discutido. Se há leitões com pesos mais baixos, o que fazer com eles? Será preciso juntar ciência, paixão e sentido comum, pois trata-se de um problema bastante complexo. Até agora o ponto de corte, de acordo com simuladores econômicos, é de 0,850 kg como sendo o limite mínimo para se salvar leitões (nos genótipos modernos, segundo IFIP, 2005). S&C: Com as informações hoje existentes sobre comportamento animal, quais são suas orientações e prioridades para as pessoas que trabalham com parto e os cuidados com recémnascidos em plantéis de fêmeas hiperprolíficas? MAS: O cuidado do neonato suíno requer habilidades por parte do funcionário que trabalha no setor de maternidade da granja. É preciso que sejam pessoas treinadas, dispostas a tomar iniciativas antes de complicações, com boa atitude e responsabilidade e que saibam lidar com seres vivos sensíveis e vulneráveis (muitos deles com baixo peso). A supervisão e a assistência de partos em porcas hiperprolíficas são fundamentais por vários motivos, entre outros, porque o tamanho da leitegada é maior e sabemos que isso pode causar partos distócicos, com o risco da presença de natimortos.
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No México, muitos profissionais do sexo feminino são contratados nessa área porque o instinto materno, ou melhor, a presença da ocitocina, adquire uma relevância especial no comportamento das mulheres, sendo os seus efeitos fortemente modulados pelo estrogênio (CAMPBELL. Biol. Psych., v. 77, p. 1-10. 2008). De acordo com a Dra. Kerstin Uvnäs-Moberg, endocrinologista sueca (UVNÄS-MOBERG, K. Oxitocina, o hormônio da calma, amor e cura. Espanha: Ed. Obelisco. 188 pp. 2009), massagem é uma das melhores maneiras de se liberar a ocitocina, não só na pessoa que a recebe, mas também na que a aplica. De fato, massagistas terapeutas liberam níveis elevados desse hormônio. Eu aconselho massagear a porca quando vejo que após a expulsão de um leitão já se passaram até 60 minutos de espera. Antes, o critério utilizado era de 20 minutos entre leitões, no entanto, um trabalho exaustivo de VALLET et al. (Anim Repr. Sci., v.119, p. 68-75, 2010) mostra que os leitões podem tolerar intervalos de até uma hora sem a presença de natimortos. Então, o intervalo com o último leitão a nascer é o perigoso, porque esse sim pode nascer morto. nº 60/2018 | Suínos&Cia
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O que acontece quando se massageia a porca é que ela libera oxitocina, acelerando o trabalho de parto, um processo que queremos que seja rápido e natural, porque as porcas irão parir mais de 12 leitões cada uma, em alguns casos por até 5 horas. A massagista, funcionária da maternidade, também libera o hormônio, o qual produz relaxamento e tranquilidade, muito útil para não se estressar, comparecendo a vários partos em um único dia. Hoje sabe-se que a oxitocina é o hormônio antiestresse, da calma e do bem-estar, mas poderemos falar sobre este interessante tema em outra ocasião. Uma vez nascidos os leitões, é importante secá-los para que não percam calor. Na natureza, a porca constrói um ninho que permite secar os leitões e resguardá-los frente às mudanças climáticas (temperatura, umidade, ventilação). Na falta do ninho, será preciso colocá-los próximos de uma boa fonte de calor. Em seguida, será preciso amarrar e desinfetar o cordão umbilical corretamente, pois, de outra forma, o animal corre o risco de adquirir infecções por esta via (onfalites). Se nascerem leitões fracos, eles terão que ser estimulados a respirar, devendo ser colocados para mamar o colostro o mais rápido possível. Esses procedimentos devem ser realizados sempre sem que se perturbe o processo do parto; isto é, sem barulho, presença de cães ou desconhecidos e com muita calma, minimizando qualquer distração da porca. Os menores leitões ao nascer (< 1,3
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kg) apresentam menor consumo de colostro (72 g vs 326 g dos leitões maiores), segundo Devillers (2004), e menor capacidade de termorregulação. Se nasceram de uma porca primípara será mais difícil que sobrevivam, porque essas porcas produzem menos colostro. Uma boa ideia seria doá-los para uma porca de segundo parto, cuja produção de leite é 25% maior do que a de uma primípara. A atenção a estes leitões deverá ser feita durante as primeiras 48 horas pós-parto. Quero aproveitar e destacar algumas descobertas publicadas pelo nosso colega e amigo Uriel Rendón (RENDÓN et al. Rev. Mex. Cienc. Pecu., v. 8, p. 75-81, 2017) e que considero relevantes para a pergunta porque sinto que elas poderiam ajudar o leitor a tomar decisões. Uriel constatou que as porcas de alta prolificidade apresentam maior proporção de leitões com baixo peso (Figura 2). Leitões de baixo peso demoram mais para mamar o colostro e são também aqueles que se posicionam em maior proporção nas tetas posteriores da porca. Consequentemente, têm um menor ganho médio de peso diário durante a lactação e demoram mais para chegar à idade de abate. Cabe assinalar aqui que não só o leitão nascido de uma porca hiperprolífica requer cuidados. Também a própria porca o requer, pois podem ocorrer problemas com a expulsão de remanescentes da placenta (retenção placentária primária), endometrites, problemas com a involução uterina e de reativação ovariana.
Figura 2. Histograma da composição percentual de leitões, de acordo com o seu peso médio ao nascer e a prolificidade das porcas
Fonte: RENDÓN DEL ÁGUILA, U. “Análise da variação de peso individual ao nascimento e sua relação com o desempenho em lactação e crescimento na etapa de engorda, em suínos”. Dissertação de Mestrado em Ciências, FMVZ, UNAM. p. 27. 2015 Suínos&Cia | nº 60/2018
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S&C: Em sua opinião, quais são os principais desafios nos grandes sistemas de produção com mão de obra cada vez mais reduzida para assistir ao parto? MAS: Os maiores desafios são a presença de leitegadas mais numerosas, que contêm leitões com uma grande dispersão em seus pesos médios ao nascer, e a diminuição da mortalidade pré-desmame. Por isso a atenção aos partos de fêmeas hiperprolíficas é prioritária. Infelizmente não saberia informar sobre processos de automação relativos a cuidados com os partos, mas se alguém já conseguiu substituir esse tipo de mão de obra com êxito, teremos que valorizá-lo. Sei de um sistema automatizado com fotocélulas e sensores que pode ser colocado sobre as baias para detectar o movimento das porcas. Ele serve como um auxiliar para o produtor, no sentido de avisar se a fêmea permanece ali por mais ou menos tempo, funcionando como um bom indicador de que ela esteja próxima a parir nas 24 horas seguintes (OLIVIERO e cols. Res. Vet. Sci., v. 86, p. 314-319, 2009). Entretanto, parece-me incorreto querer economizar mão de obra às custas de produção, ainda mais neste caso que trata de trazer nova vida, os futuros suínos para a granja, e quando se sabe que a supervisão do parto reduz a mortalidade perinatal do leitão. Segundo KNOX (2005), a atenção aos partos melhora a quantidade de leitões nascidos vivos por porca em 5%, ou seja, 0,5 leitão a mais por parto atendido. Por outro lado, de acordo com DOVE (Univ. of Georgia Bull. p. 4, 2009), até 25% dos leitões que aparecem mortos no parto (natimortos) poderiam ter sido salvos se alguém tivesse atendido esses partos. Creio que se fizermos o exercício de custo-benefício usando qualquer um dos dois critérios, é mais conveniente pagar a um funcionário para que ele atenda aos partos. Talvez os países muito industrializados possam se dar a esse luxo. Por exemplo, nos Países Baixos (Holanda), paga-se 25 euros por hora de mão de obra em granjas de suínos; Alemanha, Bélgica e França têm gastos superiores. Mas não nos países em desenvolvimento, como os nossos, Brasil e México, onde a mão de obra é muito mais barata e se necessita gerar maior quantidade de empregos. Uma recomendação, no caso da ocorrência de vários partos simultâneos a serem atendidos em uma única sala, seria monitorar um parto a cada hora e não a cada 20 minutos. Como indiquei anteriormente, há evidências de que os leitões possam aguentar até uma hora sem que ocorra um caso de natimorto, sempre e quando eles não sejam o último da leitegada a nascer. Desde já cabe advertir que a presença de natimortos no processo do parto poderia ser causada também pelo acúmulo
de situações estressantes, afetando as placentas das porcas ou a circulação fetal dos leitões nascidos ao final do parto. Por outro lado, considero que os animais requerem contato contínuo e calmo com o ser humano, de outra forma eles manifestam situações de medo, que podem ser um agente estressor agudo e crônico, com consequências negativas para a saúde das porcas e seu rendimento produtivo. É certo que a tecnologia nos ajuda muito, porém, esse tipo de ajuda costuma funcionar melhor em outras áreas da produção, como a reprodutiva. Onde se deve economizar é no setor de nutrição e não com relação à mão de obra, pelo menos não nesta fase tão delicada que corresponde ao parto. Não se deveria economizar recursos na supervisão dos partos e nem, na sequência, no cuidado com os leitões nas primeiras 48 horas após o nascimento. S&C: Tudo é dinâmico. Qual a sua percepção quanto à linha de pesquisa na área de comportamento animal? O que evoluiu no seu trabalho quando comparado há 20 anos? MAS: Antigamente o foco era mais voltado para as condutas anormais e negativas dos animais. No entanto, atualmente, buscam-se mais os estágios mentais e positivos dos mesmos. Graças ao trabalho de Françoise Wemelsfelder, pesquisadora e etóloga escocesa, tem sido provado que os animais apresentam estados emocionais que podem ter uma valência positiva ou negativa, de modo similar aos humanos. Assim sendo, as pesquisas revelaram que os suínos têm 10 emoções positivas e 10 emoções negativas. Além disso, o conhecimento relativo aos transmissores neurológicos, nas duas espécies, é similar.
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S&C: Atualmente, quais são os maiores desafios na linha de pesquisa nesta área? MAS: Justamente o que eu comentava: o estudo das emoções dos animais diante da dor, do medo, da angústia, do desespero. É difícil, e ainda requer treinamento e muitas provas de concordância para validar esses assuntos. S&C: Conhecemos seus estudos e publicações sobre natimortos. Mudou alguma coisa nessa linha de trabalho em relação à evolução genética e qualidade de mão de obra nos atuais sistemas de produção suína? MAS: Ainda que a taxa de natimortos tenha uma herdabilidade muito pequena, de 0,02 a 0,05, sabe-se de linhas genéticas puras que apresentam mais natimortos (de 0,5 a 1,0 por leitegada) nº 60/2018 | Suínos&Cia
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e que essas diferenças dependem do tamanho da leitegada e do número do parto considerado. De acordo com um trabalho exaustivo, realizado por CANARIO e cols. (Jour. Anim. Sci., v. 84, p. 31853196, 2006), a seleção genética para aumentar o número total de leitões nascidos está claramente ligada a partos mais prolongados, a um aumento muito visível na taxa de natimortos e a uma maior assistência obstétrica. A seleção realizada para leitões nascidos vivos acelera o processo do parto e tem um efeito limitado na sua duração e na assistência a ele. No entanto, parece que diferentes raças variam quanto ao grau de sensibilidade às práticas de manejo pré-natal (VANDERHAEGHE et al. Anim. Radd. Sei., v. 118, p. 62-68, 2010), e como sugerido por BOULOT et al., Adv. Pork Prod., v. 16, p. 213220, 2009, essa variação ocorre de modo similar com a transição para o uso de linhas hiperprolíferas. Há uma necessidade crescente de práticas de manejo específicas que precisam ser implementadas no nível da granja para compensar os efeitos adversos de várias leitegadas, conforme já mencionei. Segundo o fisiologista especialista em reprodução, o canadense George Foxcroft, outra estratégia com ganhos poderia ser a utilização da paridade segregada das matrizes e o manejo de suas leitegadas, especialmente das primíparas que parem de 10 a 15 leitões.
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S&C: O que podemos esperar de inovação para os próximos anos na área de comportamento animal? MAS: Melhores formas de avaliar a dor, especialmente em procedimentos cirúrgicos leves, como castração e corte de cauda e de dentes. Na área de comportamento materno da porca, estudos que nos ofereçam alternativas para a difícil decisão de doar leitões extras, das porcas hiperprolíficas. S&C: Poderia citar alguns conselhos sobre quais os principais cuidados que devemos ter com a parturiente na fase do pré-parto? MAS: Se o sistema de drenagem da granja permitir, meu primeiro conselho seria obter o substrato (cama) para a construção do ninho porque a prolactina (PRL) motiva as fêmeas a terem esse comportamento. E se elas se frustrarem com relação a isso, o parto será mais longo e a taxa de natimortos poderá aumentar. Lembre-se de que as concentrações de PRL correlacionam-se positivamente com as concentrações de ocitocina, e isso pode ter um papel importante no curso do parto. Por outro lado, os materiais usados na construção Suínos&Cia | nº 60/2018
de ninhos aumentam os níveis sanguíneos de PRL na porca. As porcas que têm a oportunidade de construir ninho também produzem mais colostro (DEVILLERS e cols. Jour. Anim. Sci., v. 78, p. 305313, 2004). A outra recomendação que eu daria diz respeito ao uso de prostaglandina para sincronizar os nascimentos. É muito importante que ela não seja aplicada antes do 112º dia de gestação, caso contrário, os leitões nascerão com um atraso muito acentuado no crescimento intrauterino, baixo peso devido à falta de maturidade, consequentemente, baixa viabilidade, e, em muitos casos, haverá presença de natimortos. Para se tomar precauções relativas ao avanço dos partos, é conveniente calcular quantos dias de gestação tem o plantel (a média pode ser de 117 e não de 114 dias); e se os dias de duração da gestação não forem corretamente determinados, poderão ser cometidos erros com relação ao uso das prostaglandinas. Sua utilização não deve ocorrer antes de 2 dias anteriores à duração média da gestação do plantel da granja. No que diz respeito à dieta, como é comum ver porcas constipadas no nascimento devido à baixa mobilidade que elas têm nas gaiolas (a massa sólida de fezes é um obstáculo físico para pressionar o canal do parto), é vantajoso administrar 7% de fibra bruta na dieta, de 5 dias antes a 5 dias após o nascimento (OLIVIERO et al. Res. Vet. Sci., v. 86, p. 314-319, 2009). Essa dieta estimula a função intestinal e o consumo de água, o que diminui altamente o risco de constipação intestinal grave e prolongada nas porcas. Além disso, ela não promove efeitos negativos com relação aos parâmetros relacionados ao balanço energético das porcas ou ao crescimento dos leitões. Uma última recomendação seria com respeito à condição corporal das porcas; se muito magras (com gordura dorsal menor que 16 mm) ou muito gordas, são propensas a parir um número maior de natimortos; estas seriam, portanto, as que precisariam ser monitoradas mais de perto. Da mesma forma, é preciso estar atento às porcas com mais de 4 partos, pois como LUCIA e cols. (Prev. Vet. Med., v. 53, p. 285-292, 2002) indicam, em um trabalho realizado no Brasil, esta categoria de porcas tem duas vezes mais possibilidade de parir natimortos. Quero, finalmente, agradecer à revista Suínos & Cia por sua simpatia ao fazer comigo esta entrevista, o que, aliás, permitiu que eu refletisse sobre o meu passado e o meu presente. Muito obrigada. Espero que as informações sejam úteis para os seus leitores.
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Reprodução
A importância do reprodutor e da qualidade seminal no sistema atual de reprodução suína Rafael Tomás Pallás Alonso Médico-veterinário PhD em Reprodução Animal Diretor Técnico para serviços veterinários da Kubus – Madri-Espanha rtpallas@gmail.com
A
inseminação artificial em suínos é uma prática difundida em todo o mundo. Prática esta que tem grande impacto no melhoramento genético da suinocultura graças ao uso de machos geneticamente superiores − uma vez que a eficácia produtiva das granjas depende, em grande parte, da capacidade reprodutiva (fertilidade) que esses reprodutores possuem. Assim sendo, os reprodutores que, independentemente do seu mérito genético, tenham baixa capacidade reprodutiva, condicionarão o desempenho reprodutivo de um grande número de fêmeas. Como se sabe, na inseminação tradicional, um cachaço pode produzir entre 600 e 800 leitegadas por ano, mas se usarmos a inseminação pós-cervical, esse número sobe para cerca de 2.000 leitegadas. E se esta última técnica for combinada com a nova tecnologia de inseminação única em tempo fixo, este número pode atingir as surpreendentes 4.500 a 5.000 leite-
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gadas por ano. Isso nos dá uma ideia fidedigna da importância da qualidade dos reprodutores e do sêmen nos atuais sistemas de produção suína. O propósito deste artigo é explicar por que alguns cachaços com “boa qualidade seminal” têm resultados reprodutivos predominantemente pobres tanto em termos de fertilidade como de prolificidade, quando utilizados em granjas comercias. Qualidade seminal Ainda que a qualidade seminal seja um fator muito importante para a obtenção de bons resultados reprodutivos, a grande quantidade de fatores que pode afetar a qualidade dos ejaculados (Figura 1) torna extremamente difícil a correlação de qualquer um desses fatores com a presença de uma ou mais anomalias no sêmen.
Figura 1: Fatores que afetam a qualidade seminal do cachaço Suínos&Cia | nº 60/2018
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Há muitos artigos confirmando que as alterações morfológicas dos espermatozoides têm efeito negativo tanto na taxa de parto quanto no tamanho da leitegada. A este respeito, Feitsma et al. descobriram que um aumento nas formas anormais de 10% para 20% diminuiu a taxa de parição em 0,6%. Em todos os testes realizados a fertilidade diminuía sempre que o percentual de formas anormais aumentavam. Cada aumento de 10% em termos de formas anormais diminuiu o tamanho da leitegada em 0,1 leitão. Portanto, os machos reprodutores de centrais de inseminação, como doadores de sêmen, devem ter uma qualidade seminal muito boa ou excelente. Isso não indica, por sua vez, que eles terão uma fertilidade muito boa ou excelente in vivo. De qualquer modo, ter sêmen de boa qualidade é essencial para a obtenção de fertilidade satisfatória. As análises atualmente utilizadas na rotina de avaliação do sêmen de cachaços incluem motilidade, viabilidade, morfologia e a determinação da concentração espermática. Vistas individualmente, elas têm uma capacidade muito limitada de prever o potencial de fertilização de um ejaculado, ou seja, sua correlação com os resultados reprodutivos a campo não é muito alta. No entanto, esses testes têm a capacidade de identificar os ejaculados que apresentem claramente uma qualidade seminal deficiente. Em outras palavras, sob condições comerciais, a avaliação clássica dos parâmetros que se avalia o sêmen, permite a identificação de ejaculados com baixo potencial de fertilização, mas não permite uma previsão efetiva da fertilidade a campo. A previsão da fertilidade relativa de cada macho, em particular, é essencial para que se possa eliminar os menos produtivos, ou abertamente subférteis, dos centros de IA. Esse espermatozoide é capaz de fertilizar um oócito? Qualidade seminal não é sinônimo de capacidade fecundante. Isso significa que o uso de machos com excelente qualidade seminal não garante a obtenção de bons resultados em termos de fertilidade e/ou prolificidade. A fecundação é um processo muito complexo, que envolve um grande número de eventos biológicos: yy Trânsito até o local da fecundação; yy União espermatozoide – oviduto; yy Capacitação espermática; yy União espermatozoide – zona pelúcida; yy Reação acrossômica; yy Penetração da zona pelúcida; yy Fusão das membranas do espermatozoide e do ócito; yy Penetração do oócito; yy Descondensação da cromatina; yy Desenvolvimento embrionário.
O sêmen de boa qualidade é essencial para obter fertilidade satisfatória Sabendo-se de tudo isso, é fácil identificar as qualidades que deve ter um ejaculado com capacidade fecundante: yy Motilidade progressiva, yy Morfologia normal, yy Metabolismo energético ativo,
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yy Capacidade de movimento hiperativo, yy Integridade estrutural e funcional das membranas, yy Integridade das enzimas associadas à fecundação, yy Capacidade de penetração, yy Material genético intacto e funcional. Portanto, todas essas características devem ser analisadas e avaliadas antes do processamento de um ejaculado. O problema é que nas centrais de inseminação comerciais as avaliações de rotina da qualidade de um ejaculado incluem apenas, no máximo, a avaliação dos dois primeiros níveis, motilidade e morfologia. Se ambos estiverem corretos, assume-se que os outros também estejam. Infelizmente, em muitos casos não é isso o que acontece e, consequentemente, quando usamos este sêmen em uma granja não se obtêm bons resultados reprodutivos. Inclusive, alguns casos de infertilidade de machos podem ser erroneamente diagnosticados como idiopáticos, uma vez que alguns tipos de anormalidades espermáticas ocorrem no nível molecular, muitas vezes por ausência de manifestações morfológicas detectáveis pela microscopia óptica de campo de luz, a mais comum nos CIA. nº 60/2018 | Suínos&Cia
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chave para a obtenção de bons ou excelentes resultados reprodutivos, tornando crítica a avaliação seminal benfeita. Avaliação da qualidade seminal Os parâmetros de avaliação usados como rotina refletem sempre a fertilidade? A resposta a esta pergunta é sim, embora de uma forma limitada. Por que? Porque as aparências enganam.
Novo equipamento para medição da concentração espermática: NucleoCounter SP100 Em 1994, Saacke et al. classificaram as características dos espermatozoides em duas categorias: compensáveis (problemas de motilidade e morfologia) e não compensáveis (problemas relacionados à fertilização e ao desenvolvimento embrionário), levando em consideração a melhora ou a piora dos resultados reprodutivos quando o número de espermatozoides era aumentado. Até agora, o uso tradicional da inseminação com alta contagem de espermatozoides por dose (geralmente, mais de 3 bilhões de espermatozoides totais), a utilização de doses heterospérmicas − mistura de vários ejaculados (geralmente de três a seis) – e o elevado número de inseminações por cio (três, ou até mais) têm mascarado e compensado o efeito de alguns cachaços com baixas taxas de fertilidade, particularmente quando as inseminações são realizadas com doses em concentração reduzida.
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Nos últimos anos esta situação mudou radicalmente: o número de espermatozoides por dose foi reduzido (2 a 2,5 bilhões com inseminação tradicional; 1 a 1,5 bilhões com inseminação póscervical; não mais do que 150 milhões com inseminação intrauterina profunda), além da diminuição do número de inseminações por cio (protocolos com duas inseminações/cio ou com somente uma – utilizando-se a nova técnica de inseminação única em tempo fixo). Esta nova situação fez com que os machos utilizados na inseminação tradicional não apresentassem nenhum problema e atuassem perfeitamente, até que começaram a apresentar falhas reprodutivas ao serem utilizados para inseminação pós-cervical, com baixo número de espermatozoides. De tal maneira, a ampla difusão de todas estas novas técnicas e tecnologias fez com que a qualidade seminal passasse a ser um dos pontosSuínos&Cia | nº 60/2018
Não é difícil encontrar ejaculados que após uma análise de qualidade de rotina sejam classificados como excelentes e que no campo mostrem um baixo desempenho reprodutivo, especialmente quando usados em baixa concentração. Os espermatozoides que, sob microscopia óptica de campo claro parecem perfeitos, podem apresentar importantes defeitos não compensáveis, principalmente no nível da cromatina ou DNA, o que impossibilita a fertilização do oócito ou o desenvolvimento normal do embrião. Essa é uma situação típica de machos subférteis. Assim, a identificação desses machos é essencial para o sucesso de um programa de I.A. quando se trabalha com inseminação póscervical ou com inseminação única em tempo fixo. Sem dúvida, a melhor maneira de identificar esses machos subférteis seria uma avaliação individual, com a consideração de que cada macho que pareça ser subfértil em uma certa concentração de espermatozoides pode melhorar significativamente quando o número de células por dose é aumentado. No entanto, este sistema é lento e pode ser muito influenciado, ao longo do tempo, por diferentes fatores que afetam as fêmeas. Além disso, quase todos os machos apresentam variações na qualidade seminal ao longo do ano, o que exigiria uma repetição dessa avaliação por várias vezes para se estar completamente seguro. Nos últimos anos, diferentes biomarcadores foram desenvolvidos. Capazes de identificar anomalias moleculares em espermatozoides defeituosos, esses biomarcadores incluem marcadores fluorescentes, que demonstram claramente os acrossomos normais; fluorocromos, que detectam espermatozoides alterados, além da integridade da cromatina ou do DNA; colorações vitais, que revelam a atividade da bainha mitocondrial dos espermatozoides; sondas, que detectam apoptose; e anticorpos, que detectam certas proteínas associadas a espermatozoides defeituosos. Dentro desse último grupo encontramos algumas proteínas ou outros elementos que se associam exclusivamente a espermatozoides defeituosos, os quais apresentam defeitos morfológicos grandes ou sutis, mas sempre críticos e nem sempre detectáveis em análises convencionais realizadas sob microscopia óptica de campo claro.
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Peter Sutovsky e seu grupo, na Universidade de Missouri-Columbia (EUA), estão trabalhando com uma pequena proteína chamada ubiquitina, a qual aparece na superfície do espermatozoide defeituoso de várias espécies, incluindo os suínos, com resultados bastante promissores. Há várias provas indicadas para a detecção de alterações na integridade da cromatina, ou do DNA: TUNEL Assay, COMET Assay, Sperm Chromatin Structure Assay (SCSA, na sigla em inglês) e Sperm Chromatin Dispersion Test (SCDT, na sigla em inglês). (Figura 2) Um estudo interessante, de Tsakmakidis et al., mostra uma forte correlação entre a fertilidade na granja, o percentual de espermatozoides vivos normais e a estabilidade da cromatina após a combinação de ambos os parâmetros espermáticos. Neste teste, sete machos foram avaliados durante um período de seis meses (Tabela 1). Embora os dados mostrem uma fraca relação entre a taxa de parição e o tamanho da leitegada, uma relação inversa foi encontrada entre fertilidade e percentual de anomalias morfológicas. Entretanto, ambos os parâmetros foram afetados por danos no DNA do espermatozoide (SCSA).
Figura 2: Teste de Dispersão da Cromatina ou SCDT (Eva Green) ser aplicadas periodicamente para assegurarmos da capacidade fecundante do sêmen dos machos presentes nos centros de IA. A cabeça do espermatozoide corresponde a 90% do seu DNA. Seu formato está relacionado com a estrutura desse DNA, de tal modo que qualquer alteração na estrutura da cromatina refletirá em uma mudança, mais ou menos evidente, na forma da cabeça do espermatozoide. Segundo K.L. Willenburg et al., o formato da cabeça do espermatozoide − estudado por meio da Análise Harmônica ou Análise de Fourier – apresenta diferenças estatisticamente significativas relacionadas a machos com boa ou má taxa parto. Essa característica nos leva a concluir que este tipo de análise poderia ser muito útil na identificação de cachaços subférteis nos centros de IA.
Prestando atenção à Tabela 1, vemos que o macho número 6 tem menos de 50% de espermatozoides vivos normais, mas tem também boa estabilidade com relação à cromatina. Os machos 4 e 5, por sua vez, têm mais de 60% de espermatozoides vivos normais, mas ambos têm um alto percentual de espermatozoides com instabilidade da cromatina; consequentemente, são responsáveis por menos de 75% da fertilidade da granja. Devido à dificuldade em executar essas técnicas para avaliar a integridade da cromatina espermática, é quase impossível que elas sejam incluídas nos testes de rotina relativos à avaliação da qualidade seminal. No entanto, elas poderiam
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Tabela 1 (adaptada de Tsakmakidis): Relação entre os parâmetros de qualidade seminal e fertilidade do sêmen suíno Cachaço
Espermatozoides com morfologia normal (%)*
Espermatozoides com falta de estabilidade na cromatina (%)**
Taxa fertilidade (%)***
Leitões nascidos vivos
1
76,50ac
0,16a
88,92a
11,21
2
a
74,29
d
0,92
83,57
9,30
3
ac
71,50
bd
0,60
ab
82,05
10,61
4
ad
64,00
bcd
2,09
bcd
74,00
12,25
5
cd
62,53
6
ad
7
bd
ab
e
4,67
65,91
48,50
b
0,55
75,88
47,20
3,78
59,30
ce
ce
12,00
be
10,56
c
10,60
: médias com diferentes letras, na mesma coluna, são significativamente diferentes, com *p < 0,01,
abcde
**p < 0,05 e ***p < 0,05 ou p < 0,001
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Por outro lado, o impacto que algumas anomalias cromossômicas têm nos resultados reprodutivos dos animais que as carregam é bem conhecido. Especificamente em suínos, as alterações mais frequentes encontradas são as translocações recíprocas que, quando ocorrem, levam a ninhadas reduzidas, de modo que, atualmente, algumas empresas de genética oferecem análises prévias do cariótipo de todos os seus suínos destinados à inseminação artificial. O Teste Homólogo de Penetração In Vitro também é uma ferramenta muito útil para a identificação de machos subférteis. Nos últimos anos, o Departamento de Patologia Animal (Reprodução e Obstetrícia) da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Múrcia realizou vários trabalhos tentando correlacionar os parâmetros de qualidade seminal e a capacidade de penetração in vitro em oócitos homólogos, com os resultados in vivo de fertilidade e prolificidade. Por meio desses trabalhos, concluiu-se que o teste de penetração in vitro é a única técnica, entre todas as estudadas, capaz de discriminar adequadamente os ejaculados que darão origem aos diferentes grupos de fertilidade. Finalmente, dada a situação atual em que se trabalha com um número reduzido de espermatozoides por dose, saber exatamente a concentração espermática de um ejaculado tornou-se um ponto crítico, e para a realização deste tipo de análise, precisamos estar completamente seguros com relação à concentração de esperma do ejaculado com o qual estamos trabalhando.
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Para o cálculo da concentração de espermatozoides, muitas centrais utilizam fotômetros, colorímetros ou diferentes tipos de câmaras de contagem (Bürker, Neubauer, Thoma). No entanto, nos últimos anos, o uso de sistemas CASA (Computer Assisted Semen Analysis) é cada vez mais comum na realização de análises de rotina relativas ao sêmen (concentração, motilidade e morfologia) nas centrais de inseminação. Infelizmente, os resultados obtidos com todos esses dispositivos não são totalmente precisos e passivos de repetição. Dentro dos novos equipamentos para medição da concentração espermática, está o NucleoCounter SP100, o qual utiliza uma câmara de contagem e uma coloração fluorescente (iodeto de propídio) para tingir os núcleos dos espermatozoides. Esse método confere maior repetitividade e exatidão, comparado aos sistemas anteriormente citados. Sem sombra de dúvidas, desenvolvimentos futuros reduzirão o custo de todas essas análises, possibilitando às centrais de inseminação a sua realização periódica para identificar os machos subférteis ou hipoprolíficos. Esses recursos nos permitirão trabalhar com doses de baixa concentração espermática com total garantia. Suínos&Cia | nº 60/2018
Referências: 1. ALTHOUSE, G. C. et al. Semen collection, evaluation and processing in the boar. Pork Industry Handbook. p. 1-6. Purdue Extension. 2001 2. CORCUERA, B. et al. Identifying abnormalities in boar semen. Pig Progress. v. 18. n. 5. p. 24-27. 2002 3. FEITSMA et al. Effect of morphological abnormal sperm cells on farrowing rate and litter size in pigs. International Conference on Pig Reproduction. 7. Proceedings … p. 51-60. 2005 4. FOXCROFT, G. R. et al. Identifying useable semen. Therio. v. 70. p. 13241336. 2008 5. FOXCROFT, G. R. et al. Application of advanced AI technologies to improve the competitiveness of the pork industry. IPVS Congress. 21. Proceedings … 2010 6. HANSEN, C. Advancements of commercial semen processing. International Conference of Boar Semen Preservation. 7. Proceedings ... 2011 7. GADEA, J. Predicción de la fertilidad in vivo de los eyaculados de verraco mediante parámetros rutinarios de contrastación seminal, pruebas bioquímicas y el test homólogo de penetración in vitro. Tesis Doctoral. 1997 8. KUSTER, C. Beyond CASA: advanced semen evaluation. Midwest Boar Stud Managers Conference. 4. Proceedings … 2012 9. LEVIS, D. G. Morphological examination of boar spermatozoa and factors causing abnormalities of spermatozoa. Pre-conference Workshop on Assisted Reproduction, Allen D. Leman Conference. p. 78-96. 1998 10. MARTÍNEZ, E. Nuevas técnicas en contrastación seminal porcina: fecundación in vitro. Anaporc. v. 136. p. 4-22. 1994 11. RODRÍGUEZ, A. Estudio Citogenético de dos poblaciones porcinas: efecto de las alteraciones cromosómicas sobre los parámetros reproductivos. Tesis Doctoral. 2009 12. SUTOVSKY, P.; LOVERCAMP, K. Molecular markers of sperm quality. Soc. Reprod. Fertil. Suppl. v. 67. p. 247-56. 2010 13. TSAKMAKIDIS, I. A. et al. Relationship between sperm quality traits and fieldfertiity of porcine semen. Jour. Vet. Sci. v. 11. n. 2. p. 151-154. 2010 14. WILLENBURG, K. Fourier harmonics, sperm head shape and its relationship to fertility. Midwest Boar Stud Managers Conference. 4. Proceedings … 2012
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nº 60/2018 | Suínos&Cia
Etologia
Atualidades no comportamento materno da porca Maria de Lourdes Alonso Spilsbury Médica-veterinária e Zootecnista, Especialista em produção suína, PhD em comportamento animal Universidad Autónoma Metropolitana – Xochimilco, DPAA, México maspilsbury@hotmail.com
O
comportamento materno de porca selvagem, bem como o da porca doméstica comercial, mantida com acesso à pastagem, é parte de um comportamento com sequências bem definidas, que incluem o isolamento, a busca por um local para aninhar-se, a construção propriamente dita do ninho, o parto, a ocupação do ninho, a integração social, a defesa da leitegada e o desmame (Stolba & Wood-Gush, 1989; Jensen, 1988; Cronin, 1989). Esses comportamentos não mudaram com o processo de domesticação (Stolba & Wood-Gush, 1989), o que significa que as porcas têm a necessidade de realizar essas rotinas. Estudos têm mostrado que se estes comportamentos não forem executados haverá mudanças desfavoráveis na sobrevivência (Andersen et al, 2005; Pederson et al, 2011) e no crescimento de leitões, uma vez que o comportamento materno apropriado reduz a inanição e o esmagamento da cria. Por isso, o tipo de acomodação durante o período de lactação é muito importante, bem como a duração do parto, uma vez que partos prolongados modificam o comportamento da porca.
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Foto 1. Porca carregando material para construir o ninho (cortesia do Dr. Per Jensen, Suécia) Suínos&Cia | nº 60/2018
Do ponto de vista zootécnico, a conduta materna é importante, pois varia entre as porcas (Thodberg e cols., 2002; Andersen e cols., 2005) e determina parcialmente a mortalidade e o crescimento dos leitões. Cerca de 15% dos leitões nascidos vivos morrem antes do desmame (Alonso-Spilsbury e cols., 2007); desse total, de 70% a 80% das mortes são atribuidas, direta ou indiretamente, à conduta da porca. Por outro lado, vislumbra-se que a seleção genética, aplicada com o objetivo de aumentar o tamanho da leitegada nas linhagens maternas, será insustentavel nesse particular devido ao incremento do número de leitões desmamados, o que aumenta os custos pela concorrência entre irmãos pela mortalidade e devido ao crescimento desigual, o que compromete o bem-estar dos animais (Ocepek e cols., 2017). Construção do ninho É importante oferecer à porca pré-parturiente a oportunidade de construir um ninho. Tal atitude satisfaz essa necessidade comportamental que, aliás, ocorre por intermédio de mediadores hormonais. A prolactina é o hormônio que induz a realização desse comportamento, independentemente da existência do substrato necessário, ou seja, o comportamento será realizado haja ou não material à disposição em forma de cama, esteja a fêmea em baia ou gaiola de maternidade. A construção do ninho caracteriza-se por um aumento na atividade locomotora da porca. Porcas em condições de pastagem extensiva começam essa preparação 24 horas antes do parto, separando-se então do seu grupo e construindo o ninho em um local distante do resto do rebanho, de preferência em uma colina, que lhes permita vigiar os predadores e, ao mesmo tempo, possua barreiras contra os ventos predominantes, aproveitando-se, nesse caso, de buracos, árvores e arbustos (Jensen, 1988).
Etologia
Raspam e limpam o local com suas patas dianteiras e cavam com o focinho o espaço suficiente para fazer um ninho; em seguida, coletam e transportam vegetação (capim ou galhos de arbustos - Foto 1) até o local escolhido, chegando a caminhar até seis quilometros para tanto; organizam o material e se deitam sobre ele. Este comportamento é muito mais intenso nas doze horas que antecedem ao parto (Castren et al, 1993; Jensen, 1993), e a hiperatividade das porcas gestantes aumenta nas oito horas anteriores a ele, inclusive nas fêmeas alojadas em gaiolas de maternidade (Alonso-Spilsbury, 1994). O impedimento desse tipo de comportamento causa sinais de desconforto (Vestergaard & Hansen, 1984; Lammers & Lange, 1986; Haskell & Hutson, 1991) e de frustração (Baxter & Petherick, 1980; Baxter, 1982; Damms et al, 2003) nas porcas, os quais as levam a adotar comportamentos redirecionados, tais quais a mordedura das barras de ferro das baias e a tentativa de escavação do piso (Hansen & Curtis, 1981; Yun et al, 2015), atitude que pode frequentemente ser observada pelo desgaste do chão da gaiola de maternidade em frente à porca (Jarvis et al., 2001). O sinal de construção do ninho e a hiperatividade das porcas em gaiolas são muito úteis em granjas porque uma vez observados indicam que o animal está prestes a parir (Foto 2). Além disso, sabe-se que o “pico” desse comportamento está associado aos altos níveis do hormônio prolactina (Castrén et al., 1993), induzido pela diminuição nos níveis sanguíneos de progesterona e pelo aumento nos de prostaglandina (Algers & Uvnãs-Moberg, 2007). Além da satisfação comportamental, o ninho é importante, pois fornece um esconderijo para os leitões, protegendo-os de predadores e abrigando-os das intempéries (Algers & Jensen, 1990). Oferece ainda proteção mecânica para amortecê-los, evitando que sejam esmagados pela porca, e serve também de local comum, ajudando a manter os laços mãe e crias (Jensen, 1989). Observou-se que as porcas com o número menor de leitões esmagados são aquelas que estiveram mais envolvidas com a atividade de nidificação antes do parto (Wischner et al., 2009) e que construíram ninhos mais elaborados nas doze horas anteriores ao parto (Andersen et al., 2005; Pedersen et al., 2008), em comparação àquelas com mais leitões esmagados. A construção do ninho começa mais cedo no caso de porcas alojadas em baias, em comparação com as alojadas em gaiolas. E de modo similar, o comportamento delas com relação a essa característica é mais meticuloso e tem duração mais longa do que o de porcas alojadas em celas ou gaiolas de parição (Damm et al., 2003).
Foto 2. Porca construindo ninho horas antes do parto (cortesia do Dr. Carlos Piñeiro, Espanha) Instalações de maternidade em sistemas confinados limitam o movimento das porcas, as quais restringem a construção de ninhos e, por isso, desenvolvem estereotipias e apresentam sinais de frustração e inquietação (Vestergaard & Hansen, 1984; Andersen et al., 2014), além de alta frequência cardíaca (Damm et al., 2003). Trata-se de um dado relevante, porque porcas inquietas pouco antes do parto são as que apresentam um maior número de leitões esmagados (Andersen et al., 2005). Por outro lado, porcas engaioladas têm níveis mais baixos de ocitocina e níveis mais elevados de ACTH (hormônio adrenocórticotrófico), em comparação às porcas mantidas em sistemas de alojamento que lhes proporcionam mais movimentos (Jarvis et al., 2001).
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O confinamento aumenta a inquietação das fêmeas, antes e depois do parto, reduzindo também o comportamento de nidação e a motivação materna (Burri et al., 2009). Esta restrição pode causar um aumento na densidade dos receptores opioides endógenos (Zanella et al., 1996), o que reduz as concentrações circulantes de ocitocina nas porcas (Oliviero et al., 2008). Apesar disso, gaiolas de parição permanecem sendo o sistema predominante de alojamento de porcas em granjas comerciais durante as fases do parto e da lactação (Baxter & Edwards, 2016). Sabe-se também que a ocitocina diminui a presença dos hormônios de estresse, a pressão arterial sanguínea e a frequência cardíaca, o que estabiliza a condição pós-parto da porca (Uvnäs-Moberg & Petersson, 2005). Por esta razão recomenda-se que para reduzir uma das principais causas de mortalidade em leitões, que é o esmagamento, deve ser dada às porcas a oportunidade de construir um ninho, o que irá melhorar inclusive a reatividade delas com os leitões (Herskin et al., 1998). nº 60/2018 | Suínos&Cia
Etologia
O parto Como regra geral, os leitões nascem enquanto a porca está em decúbito lateral. Isto é verdade tanto para porcas selvagens (Gundlach, 1968) como para porcas domésticas em condições seminaturais (Jensen, 1986) e porcas que parem em gaiolas convencionais (Fraser, 1984). Ao contrário do restante dos animais com cascos fendidos, a porca não lambe sua prole recém-nascida, nem lhes fornece assistência para encontrar as mamas (Petersen et al., 1990); no entanto, sob condições naturais, observa-se que a porca se levanta e fareja seus leitões durante o parto.
Foto 3. Na União Europeia já se faz necessário o uso de cama na fase pré-parto Material abundante à disposição da porca para a construção do ninho e espaço suficiente para a sua parição são dois fatores estimulantes ao comportamento maternal (Andersen et al., 2014), além da correlação positiva existente entre esse comportamento e os níveis circulantes de ocitocina e prolactina (Yun et al., 2014). Foi também observado que, se nas gaiolas de parição for colocado algum tipo de substrato (palha, retalhos de jornal ou aparas de madeira), qualquer um deles será útil com relação à estimulação do comportamento na fase de proximidade com o parto, resultando em impacto positivo no comportamento da porca, e embora nenhuma diferença seja observada no ganho de peso médio diário dos leitões, o simples fato do alojamento com palha implica em menor mortalidade ao longo de toda a fase de lactação (Swan et al., 2018).
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Dadas às vantagens conferidas à porca em termos de bem-estar animal, a UE (União Europeia) estabeleceu por lei que elas tenham algum tipo de substrato à disposição para construir ninhos (Foto 3). Além das vantagens relativas ao bem-estar da porca, são obtidos também benefícios relativos à saude dela por meio da diminuição na presença de problemas de aprumo e da melhora no seu conforto (Kilbride & cols., 2010) e rendimento. A título de exemplo, Westin e cols. (2015), ao agregar de 15 kg a 20 kg de palha/porca, dois dias antes da data provável do parto, reduziu em 27% o número de natimortos por leitegada, diminuindo também as causas de mortalidade e resultando em menos leitões mortos por inanição. Suínos&Cia | nº 60/2018
A duração total do parto, do nascimento do primeiro até o último leitão, é de duas horas e meia; os partos que duram mais do que três (Borges e cols., 2005) ou quatro horas (Lucia e cols., 2002) são considerados prolongados, o qual está associado à ocorrência de dor e esgotamento da porca (Mainau & Manteca, 2011; Rutherford et al., 2013), assim como a problemas de saúde e ao tipo de alojamento (Oliviero et al., 2008). Às vezes, apenas a constipação intestinal da fêmea, próximo do momento do parto, é suficiente para lhe causar dor e incômodo e prolongar a duração do mesmo (Cowart, 2007). No que diz respeito à dor, manifestada pela parturiente, os estudos de Ison et al. (2016) indicam uma relação com os tipos de postura. Os movimentos das patas traseiras para a frente e os tremores, por exemplo, parecem ser indicadores de dor inflamatória e podem ser úteis na avaliação do uso de anti-inflamatórios não hormonais (AINEs, na sigla em espanhol). Já os sinais de dor abdominal devido a contrações uterinas e à dor somática, por causa da expulsão dos leitões, correspondem ao arqueamento das costas, movimentos da cauda e chutes. Apesar de os leitões nascerem com os olhos abertos, eles não buscam as tetas por meio da visão, chegando a passar muito próximo delas sem notar a sua presença (Randall, 1972). Existe um contato naso-nasal entre o leitão e a sua mãe, antes ainda da primeira mamada (Petersen e cols., 1990). A conduta da porca e de sua leitegada afeta a quantidade de leite que os leitões consomem. Então, como exemplo, aspectos tais quais a postura da porca ao amamentar (English & Smith, 1975), ou a sincronia de condutas enquanto ela vocaliza e seus leitões mamam (Whittemore & Fraser, 1974), são muito importantes para o estabelecimento da lactação.
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Ritual de amamentação ou aleitamento A amamentação da porca doméstica, assim como da selvagem, é parte de um comportamento com sequências bem definidas, incluindo uma pré-massagem no aparelho mamário, o que permite aos membros da leitegada ocuparem suas posições (Fraser, 1980), e a descida do leite, que se caracteriza pelo acompanhamento de um grunido rítmico da porca (Whittemore & Fraser, 1974; Algers & Jensen, 1985), o qual é sincronizado com o de outras porcas (Newberry, 1984) e das leitegadas, levando a um pico na secreção de ocitocina para a liberação de leite (Ellendorff et al., 1982). Este episódio dura de 10 a 20 segundos, (Fraser, 1980) e nele se dão os movimentos rápidos da mandíbula dos leitões. A amamentação termina com uma pós-massagem nas tetas, ao longo de vários minutos (até 15 min.), culminando com o adormecimento dos leitões, ou a interrupção por parte da porca (Fraser, 1984; Jensen, 1988). Esta fase serve para que se estabeleça a marcação das tetas (Spinka & Algers, 1995; Jensen et. al, 1998), facilitando o uso delas de modo ordenado pelos leitões (McBride, 1963), a comunicação do leitão com a mãe (Algers, 1993) e o ajuste da produção de leite, de acordo com as necessidades individuais dos leitões (Algers & Jensen, 1985; Spinka & Algers, 1995). Um padrão semelhante foi observado em hipopótamos (Pluhácek & Bartosová, 2011) e em golfinhos (Miles & Herzing, 2003). Se não houver pré-massagem suficiente no aparelho mamário, devido a um número reduzido de leitões, ou a um excesso de disputa pelas tetas, ou se houver poucas tetas acessíveis, a amamentação acaba sendo concluída sem a ejeção do leite, sendo considerada como malsucedida (Illmann et al. 1999). Cerca de 40% das amamentações não são bem-sucedidas sem a ejeção do leite, ainda que a porca exponha os tetos grunhindo ritmicamente e que ocorra massagem vigorosa no aparelho mamário por parte dos leitões (Newberry & Wood-Gush, 1985; Castren et al, 1989; Illmann & Madlafousek, 1995; Alonso-Spilsbury et al., 1998). Esta amamentação sem leite é chamada amamentação não nutritiva e prolonga os intervalos entre o aleitamento bem-sucedido e a descida do leite (Castrén et al., 1989). Ordem de tetas Os leitões são precoces ao nascer e, imediatamente após o nascimento, um leitão pode colher amostras de sete a oito tetas distintas (de Passillé & Rushen, 1989). Vasdal & Andersen (2012) demonstraram que apenas 50% das tetas estão dis-
Foto 4. Dois leitões disputando a mesma teta poníveis para a obtenção de colostro, e o acesso a elas representa o maior desafio para os leitões alcançarem sua sobrevivência. Quase 90% deles mamam em uma única teta desde o quarto dia pós-parto (Milligan et al., 2001), mas para que isso ocorra, a marcação/ordenação delas já precisa estar estabelecida. O estabelecimento da ordem de tetas geralmente ocorre entre 24 e 48 horas após o nascimento (McBride, 1963). Para definir a ordem, os leitões entram em competição por meio de gritos (Algers & Jensen, 1985) e brigas entre si (de Passillé & Rushen, 1989 - Foto 4), o que garante o uso do mesmo teto na próxima ejeção do leite, fato de extrema importância porque, como já mencionado, a descida do leite dura apenas cerca de 15 segundos. Um grande grupo de leitões gritando e brigando é um indicativo de que uma grande proporção deles perderá a ejeção de leite no segundo dia pós-parto (Bozděchová et al., 2014). Um aumento no tamanho de leitegada também aumenta o número de leitões, os quais tendem a falhar em seu acesso às tetas durante a ejeção de leite no primeiro dia (Andersen et al., 2011) ou no segundo dia pós-parto (Bozděchová et al., 2014). No entanto, embora a concorrência dentro da mesma leitegada provoque mais aleitamentos perdidos entre os leitões, a porca só responde a essa competição após a descida do leite, ou seja, durante o período pós-massagem realizada pelos leitões. Essa função adaptativa de ignorar as brigas por ocasião da ejeção do leite pode assegurar que apenas os maiores leitões participem do proceso, o que aumenta suas probabilidades de sobrevivência (Illmann et al., 2018).
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O tamanho da leitegada afeta também a duração das brigas diante das tetas (Deen & Bilkei, 2004); leitões de baixo peso (< 1,0 Kg) nº 60/2018 | Suínos&Cia
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passar dos dias, até 1,4 hora para o 10º dia (Jensen et al., 1991). Duram mais nas porcas alojadas em baias, comparativamente com porcas alojadas em gaiolas (Arey & Sancha, 1996). A amamentação pode ser iniciada pela porca, que alerta seus leitões e os atrai para si por meio de grunhidos, ou pelos leitões que se reúnem em volta da mãe vocalizando e massageando seu aparelho mamário (Fraser, 1980; Castrén et al. 1989). A amamentação geralmente é realizada com a porca deitada lateralmente, no entanto, quando as porcas não estão alojadas em gaiolas, pode ocorrer amamentação em pé (Alonso-Spilsbury et al., 1998 - Foto 5). À medida que os leitões crescem, a duração da amamentação diminui (Jensen, 1988, Jensen et al., 1991, Alonso-Spilsbury et al., 1998). Foto 5. Amamentação em pé, porca Pelón Mexicano amamentados em uma leitegada numerosa (doze leitões) perdem mais tempo em brigas do que os leitões de peso mais elevado (> 1,6 Kg) ou que os de peso médio (1,20 a 1,59 Kg). Como a glândula mamária da porca não possui cisterna e a descida do leite dura tão pouco, a ordem de tetas é importante para reduzir as brigas dos leitões diante do aparelho mamário, diminuindo, assim, o risco da perda da descida do leite (de Passillé et al., 1988). Uma vez estabelecida essa ordem, os leitões participam de uma série de eventos comportamentais e fisiológicos complexos (para uma revisão, ver Rushen & Fraser, 1989).
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A descida do leite é muito rápida e dura somente de dez a vinte segundos (Fraser, 1980). O leitão necessita de vinte segundos para consumir de 20 a 30 g de leite, que são produzidos por cada teta funcional (Algers, 1992 - Foto 6). Um leitão que, constantemente, se atrase apenas um segundo no início da mamada, perderá de 5% a 19% do seu consumo diário de leite (Rushen & Fraser, 1989). Daí a importância da maternidade ser protegida de estranhos fazendo barulho. Verificou-se que a frequência do aleitamento materno diminui em porcas que têm dor devido a escaras nos ombros, estando elas menos moti-
As amamentações Ao contrário do que se pensava, segundo Balzani et al. (2016), a latência na primeira mamada não é influenciada pela vitalidade do leitão ao nascer nem pelo seu peso ao nascer ou pela assistência da pessoa responsável ao colocá-lo em frente ao aparelho mamário da porca. A latência foi menor nos leitões nascidos no final da leitegada, em leitegadas com baixa incidência de natimortos e em leitões cujas mães foram induzidas a parir. Embora a amamentação seja um comportamento instintivo, a tomada do colostro depende de muitas variáveis relacionadas não apenas às características dos leitões, mas também às características comportamentais e morfológicas da porca (Balzani et al., 2016). Uma vez estabelecida a lactação, as amamentações ocorrem a intervalos que variam de 29 a 96 minutos (Barber et al., 1955; Ellendorff et al., 1982; Bøe, 1991; Jensen et al., 1991; Auldist & King, 1995; Arey & Sancha, 1996; Weschler & Brodmann, 1996; Spinka et al., 1997; Valros et al., 2002). Os intervalos entre amamentações são breves no primeiro dia da lactação e vão aumentando com o Suínos&Cia | nº 60/2018
Foto 6. O leitão necessita de vinte segundos para consumir de 20 g a 30 g de leite, que são produzidos por cada teto funcional
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vadas a desenvolver condutas maternais e mais focadas no alívio da dor, passando mais tempo deitadas, mudando frequentemente a postura ou permanecendo em pé para esfregar os ombros (Larsen et al., 2015). Ocepek et al. (2017) observou que o sucesso na amamentação diminui na medida em que o tamanho da leitegada aumenta, além de aumentar o tempo que os leitões investem em pré e pós-massagem. Essa não é uma boa notícia, pois, como se sabe, a amamentação consome energia extra, e um leitão lactente ativo perde peso cinco vezes mais rápido do que se estivesse descansando (Klaver et al., 1981). Além disso, como o tamanho da leitegada é maior, aumenta também o intervalo de tempo entre as mamadas e a proporção de leitões que perdem a amamentação com a descida do leite (ocepek et al., 2017). Neste estudo, a linha genética que teve leitegadas maiores também teve mais leitões esmagados e apresentou maior mortalidade. Laços mãe/cria e tolerância a estranhos Outra característica materna importante na porca é a boa disposição para cuidar de seus leitões. Desde o momento do parto se estabelecem os laços mãe/cria, os quais se fortificam à medida que avança a lactação. No caso de criações extensivas, durante a ocupação do ninho, este contato é mantido pelo comportamento olfativo (Jensen, 1988). Estudos realizados ainda nesse tipo de criação têm demonstrado que as porcas aceitam leitões estranhos (de outras origens, que não os seus próprios) quando estes se aproximam por curiosidade ou para dormir próximo ou junto a elas e também para mamar (Alonso-Spilsbury et al., 1998); de alguma forma estão dispostas a protegêlos. Desenvolvem uma defesa de grupo e são capazes de deixar até mesmo de comer para defender um leitão que esteja gritando (Dellmeier & Friend, 1991). As porcas agressivas mostram respostas comportamentais mais fortes frente à separação de seus leitões e também têm menos perdas do que as porcas menos agressivas (Hellbrügge et al., 2008). O apego mãe/cria corresponde a mais do que uma mera satisfação imediata das necessidades fisiológicas, térmicas ou relativas à segurança da leitegada; envolve também uma relação emocional afetiva que persiste mais além do desmame (Iacobucci et al., 2015). Por serem altamente tolerantes a leitões de outras origens, é relativamente fácil doar leitões a fêmeas em fase de aleitamento, desde que haja tetas disponíveis e o manejo seja realizado nos dois primeiros dias após o parto, quando a ordem de tetas ainda não foi estabelecida. Heim et al. (2012) observou que, se a adoção de leitões é feita nas pri-
meiras vinte horas após o parto, não há efeitos adversos sobre a sobrevivência ou o peso dos mesmos. No entanto, leitões doados após uma semana de idade enfrentarão problemas no estabelecimento da hierarquia, gerando interrupções na amamentação e reduções no ganho de peso (Horrell & Bennett, 1981), sendo, inclusive, em alguns casos, atacados pela porca (Horrell, 1982). Proteção da leitegada A mortalidade dos leitões permanece alta, apesar das informações que são conhecidas sobre o comportamento e as necessidades de alojamento dos animais (Alonso-Spilsbury et al., 2007). Há uma série de fatores que influenciam a mortalidade dos leitões, incluindo aqueles relacionados à leitegada, ao leitão e à mãe. Acredita-se que as fêmeas com maior espaço disponível são as que mais esmagam seus leitões; no entanto, Cronin & Cropley (1991) sugerem o contrário, concluindo que as porcas estão capacitadas para mudar suas posturas em resposta aos estímulos tátil e acústico dos leitões, evitando, assim, o esmagamento. Portanto, são dois os aspectos relativos à conduta da porca que afetam a probabilidade do esmagamento: primeiro, o conforto da fêmea e seu comportamento na hora de se deitar; e segundo, a sua reatividade individual aos grunhidos do leitão (Wechsler & Hegglin, 1997).
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Com relação à frequência das alterações posturais das porcas, existem diferenças individuais. Mesmo quando um leitão fica preso devido a um movimento da mãe, o comportamento dela é importante porque apenas 20% dos leitões presos sob o corpo da porca são realmente esmagados. Se um leitão preso começar a gritar, a porca imediatamente se levantará para liberá-lo. Nesse sentido, Weary et al. (1996) observou que nos casos em que a porca parou no primeiro minuto do esmagamento de um leitão, apenas 5% dos leitões morreram. Em contrapartida, 67% dos leitões presos por mais de quatro minutos morreram. Vários estudos demonstram que as características maternas podem ser avaliadas. Assim, por exemplo, Andersen et al. (2005) observou que porcas criadas em grupo e que não esmagam seus leitões apresentam um “estilo protetor” caracterizado por maior envolvimento na construção de ninhos, resposta rápida às solicitações de estresse de seus leitões, início de contatos nasais imediatamente após esses grunhidos de tensão e mais narigadas com relação aos seus leitões durante suas mudanças de posição, além de ficarem mais inativas quando seus leitões são retirados e socialmente são mais flexíveis para evitar conflitos, em comparação com aquelas fêmeas que esmagaram várias de suas crias. nº 60/2018 | Suínos&Cia
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Etologia
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CONCENTRADO DE FIBRA BRUTA DE ALTA FUNCIONALIDADE Fibra de segunda geração Único c/ fração fermentável e não fermentável Alta concentração de fibra bruta Livre de Micotoxina
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Allen D. Leman Swine Conference 15 e 19 de setembro de 2018 - Saint Paul (Minnesota/EUA) Antonio Palomo Yagüe Médico-veterinário PhD em Nutrição de Suínos Diretor da Divisão de Suinocultura Setna Nutricion - INZO antoniopalomo@setna.com
Soluções conduzidas pela ciência edição deste ano da A. D. Leman Swine Conference aconteceu entre 15 e 19 de setembro, em Saint Paul (Minnesota/ EUA). Em homenagem especial ao Dr. Allen D. Leman, foi presidida pela Profª Montserrat Torremorell, juntamente com sua equipe de 18 professores da Universidade de Minnesota. A Dra. Montserrat substituiu o responsável pelas conferências anteriores, o recém-falecido Dr. Bob Morrison, cuja memória esteve muito presente durante todo o evento, por meio da premiação Morrison Swine Innovator Prize e da bolsa de estudos Morrison Fellowship. Foram apresentadas nove pré-conferências, quatro palestras magistrais, 105 comunicações (incluindo apresentações de estudantes da Universidade) e 77 cartazes (posters), abordando todos os pilares da produção de suínos. No segmento da sanidade foram abordados o vírus da Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (PRRS), o vírus da Influenza Suína, o Senecavírus A, o vírus da Peste Suína Africana, o Circovírus Suíno, o Mycoplasma hyopneumoniae (MYC) e o Mycoplasma hyosynoviae, destacando-se a caracterização por testes sorológicos para diagnóstico específicos. Numerosos foram também os trabalhos apresentados sobre questões reprodutivas, produção de suínos livre de antibióticos, nutrição nas diferentes fases da produção, implicações da microflora na produção/sanidade e boas práticas de manejo. Todas as apresentações foram configuradas em um link para os participantes, com o original em formato Power Point, por meio de um serviço interno de internet sem fio. Participaram do evento 900 veterinários atuantes na suinocultura, de 20 países. A conferência foi patrocinada por 20 empresas, às quais, por implicação, faço referência: Bayer™, Boehringer Ingelheim ™, Tonisity™, Zoetis™, Merck™, Newport Laboratories™, Diamond V™, Elanco™, MCNess Company™, Phibro™, PIC™, Provimi™, Aurora™, BioVet™, Cambridge Technologies™, Compeer Financial™, Kemin™, Phytobiotics™, PMI™ e Topigs Norsvin™. Além disso, 68 empresas expuseram seus produtos/serviços em estandes comerciais.
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Palácio dos Congressos – Saint Paul River Centre A nova moda da carne suína: nossa história integrada (Brad Freking & Deb Murray) A família Freking atua na suinocultura há 40 anos, por meio de 58 mil criadores, sendo a 19ª empresa no ranking por volume de produção nos EUA, com 385 trabalhadores. Brad & Neg fundaram a NFP em 1994, depois que Brad graduou-se na Universidade de Minnesota. Eles realizam, anualmente, 20 projetos de pesquisa focados em diferentes áreas de produção. Nos últimos 20 anos construíram cerca de 700 mil instalações de engorda e, desde 2000, integram a Triumph Foods e outros processadores de carne, com uma capacidade de abate de 21.300 suínos/ dia. Fizeram uma joint venture do tipo 50/50 com a Seaboard Foods para produzir 1,5 milhão de peças de bacon/ano (2/3 oriundos de suínos próprios e 1/3 de suínos comprados), passando a empresa a se chamar Seaboard Triumph Foods, em 2007. Recentemente criaram uma corporação (BWT) com base na aquisição de terras para a
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produção de suas matérias-primas, nas quais reciclam seus fertilizantes orgânicos, tendo um retorno anual de 11% sobre o preço do milho. Calculam o custo da construção de uma granja com base no parâmetro de US$ 2.000,00/porca (GLOBAL GAP, ou Parceria Global para Boas Práticas Agrícolas), o que inclui granjas com gestações em grupo. ANFP investiu em 2012, em Belize (América Central), para produzir milho e cana-de-açúcar (Santander Sugar Farms) e também para atuar na aquicultura (Tex Mar Shrimp). A NFP reduziu o uso de antibióticos de 10 mg/kg para 2,27 mg/kq de peso corporal nos últimos três anos. Do ponto de vista sanitário, os surtos de PRRS em suas granjas elevaram os índices de mortalidade, do desmame ao abate, para uma taxa de 8% a 10%, baixando-os para 6% a 7% na fase de estabilização das granjas. Seu programa de imunização contempla o uso de vacina viva modificada contra a PRRS, além de vacinas contra o PCV2, MYC, erisipela, parvovirose, Mycoplasma hyorhinis (desde 2010) e a influenza, com destaque para o aumento na frequência de vacinação contra a erisipela em suínos desde 2016. A vacina autógena contra o M. hyorhinis foi testada isoladamente e/ou em conjunto com o M. hyosinoviae, em leitões e reprodutoras, tendo-se obtido melhor ganho médio de peso diário no primeiro caso. Desde 2015 foram sendo retirados os medicamentos adicionados até então na alimentação, tanto na engorda quanto nos leitões, eliminando-se tudo a partir de 1º/01/2017. Foram mantidos somente em casos de granjas com quadros graves de PRRS, obtendo-se resultados econômicos semelhantes aos observados antes da medicação. Chegaram então à conclusão de que os pequenos detalhes no manejo diário dos suínos e os cuidados com a biosseguridade deles fazem a grande diferença. Suas preocupações atuais, além de continuar praticando a excelência no manejo diário, concentram-se nos problemas relativos à Peste Suína Africana na China e no trânsito de pessoas/alimentos, seja no transporte terrestre, e, sobretudo, no aéreo, pelo qual seguem em movimentação diária grande quantidade de produtos alimentícios. Comércio de animais e carne suína: desafios para uma nação exportadora (Becca Martin & Randy Spronk) Cerca de 20% de todos os alimentos produzidos no mundo atravessam fronteiras, e uma em de cada sete pessoas dependem disso. A cada ano a companhia Cargill transporta uma média de 70 milhões de toneladas de alimentos por todo o mundo para seus clientes. Os benefícios desse comércio são muitos: aumenta as possibilidades de trabalho, dá suporte a pequenas e medias empresas, inspira a inovação, aumenta o conhecimento e estimula as relações em atividades de negócio. Os princípios do comércio baseiam-se em:
Alimentos confiscados em um só dia no aeroporto de O´Hare, em Chicago • Política não deve regular as bases do comércio • Construir o futuro, não desconstruir o passado • Ser defensores mais ativistas Os acordos estratégicos entre a associação de produtores (National Pork Producers Council) e a federação de exportadores de carne são essenciais. Os EUA são o maior exportador mundial, com 2,45 milhões de kg, um valor de cerca de US$ 6,5 milhões em 2017, o que representa 27% da produção e gera 110 mil empregos. A carne suína dos EUA está na lista dos três primeiros produtos em termos de exportações. Na lista da China e do México estão aço e alumínio. Ainda na lista da China, transferência de tecnologia e suínos. Com as limitações para esse tipo de exportação, os produtores norte-americanos perderam, entre março e maio, US$18,00/suíno (US$ 2 bilhões anuais), derivados de uma queda nas exportações da ordem de 9% para a China e de 1% para o México. Os EUA aportaram recursos para o armazenamento, mas o que se quer é comercializar os produtos e colocar um fim a essas disputas entre os países. Foi pedido ao governo Trump que conclua as negociações com o México e as inicie com o eixo Ásia-Pacífico, começando pelo Japão, seu mercado número um. Um tratado de livre comércio com o Japão é imperativo, uma vez que se concluiu recentemente o TPP-11 (Tratado Integral e Progressista da Associação Transpacífico) com a União Europeia. Ao mesmo tempo, os EUA devem continuar suas relações de livre comércio também com a Coreia, Colômbia, Panamá, Peru, Uruguai, Canadá, Índia, Tailândia e Austrália. No primeiro semestre de 2018 as exportações para o México cresceram 3% e foram reduzidas em 22% para a China, sendo a China o segundo destino exportador dos EUA, com aproximadamente metade da tonelagem atualmente enviada para o México. O aumento até agora, no global, foi de 2% em relação a 2017; no ano passado, 11% em relação a 2016 e 3% em 2016 em relação a 2015. Esses índices de crescimento foram derivados, principalmente, do aumento das exportações para o Japão, Coreia, Canadá e outros países sul-americanos.
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Em resumo, considera-se necessário eliminar as barreiras às negociações com Associações de Livre Comércio internacionais e, ao mesmo tempo, proteger a produção suína dos EUA contra as doenças transmitidas por animais de outros países (FADs, na sigla em inglês). Atentos, particularmente à expansão da Peste Suína Africana na China, no Leste Europeu e na Bélgica, mas também preparando um banco de vacinas contra a febre aftosa. Concluindo, a exportação é vital para a sobrevivência e o crescimento da suinocultura nos EUA. Tópicos relevantes: peste suína africana na China Chris Oura (Especialista em PSA, da Organização Internacional de Epizootias) (Gustavo López; Scott Dee; Patrick Webb) A China produz metade dos suínos do mundo, e este vírus pode modificar o mercado das exportações mundiais (EUA – Alemanha – Espanha, como principais países exportadores). O vírus da PSA é complexo e muito resistente e tem muitos genótipos diferentes. Os sintomas clínicos da doença são perda de apetite, prostração, febre, vômitos, diarreia sanguinolenta e hemorragias cutâneas, além de lesões hemorrágicas em gânglios linfáticos e rins, baço hipertrofiado e friável, hemorragias cardíacas e digestivas. O vírus viajou da África, em 2007, para a Geórgia e daqui para a Armênia, Azerbaijão e Rússia, onde chegou em 2011. De 2011 a 2017 espalhou-se pela Bielorrússia, Ucrânia, Polônia, Hungria, Romênia e Lituânia, e daqui para a China, em 2018, onde, desde agosto passado, gerou muitos surtos, publicados até agora (a suspeita é de que tenha sido introduzido entre março e abril de 2018, proveniente da Geórgia). A área afetada na China localiza-se em seis províncias as quais produzem, juntas, 174 milhões de suínos (24% do plantel atual). Nesta semana, quatro javalis foram descobertos como infectadosna Bélgica pelo vírus da PSA. Como o vírus é transmitido? Ele circula no sangue do animal, transmitindo-se por contato direto entre suínos e javalis infectados, por meio de carrapatos, ração contaminada, carne de animais silvestres (javalis) in natura (carcaças e restos de carne), sangue, materiais e humanos (caçadores, por exemplo) contaminados. Os principais fatores de risco estão no contato físico, materiais ou alimentos, entre javalis e suínos domésticos, na falta de medidas de biosseguridade e nas más práticas humanas (agricultores e caçadores). Vamos considerar que haja vírus de alta e baixa virulências circulando, de modo que possam existir portadores inaparentes entre os suínos domésticos e os suídeos silvestres. O papel das pessoas é crítico, tanto fisicamente quanto por meio de seus veículos e materiais. E, no caso da África (talvez também
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da Ásia), o papel do carrapato Ornithodorus, que tem uma grande distribuição em seu território. Há alguns grupos envolvidos na investigação de uma vacina que seja eficaz (Espanha, EUA), e a disponibilidade de um método laboratorial para o seu diagnóstico rápido, também seria essencial. Advertência: biosseguridade, interna e externa, no nível de granja. “Tenha cuidado, tenha muito cuidado”. Gustavo López apresentou sua experiência na lida com quadros clínicos de PSA na Rússia, em suínos domésticos. A primeira, em uma empresa integradora com três granjas multiplicadoras e 12 granjas comerciais, praticantes de medidas de biosseguridade razoáveis: em dezembro de 2014 o vírus foi detectado em uma das engordas da granja multiplicadora, composta por 16 salas com 2 mil suínos cada. Os primeiros sintomas observados foram febre, orelhas arroxeadas e presença mediana de episódios de tosse em algumas baias de uma das salas, com um aumento na mortalidade da ordem de 3%. Os animais foram analisados três dias após o início dos referidos sintomas, sendo considerados negativos para a PSA, e foram transferidos para outras granjas no sétimo dia. No 10º dia havia muitas salas infectadas e as quarentenas das granjas de destino também, havendo, então, nessa data, a confirmação laboratorial de casos positivos, com lesões hemorrágicas de pele generalizadas e porcas mortas (15%). Nas necropsias, observou-se hipertrofia de baço, hemorragia em nódulos linfáticos e petequias nos rins. Apenas quatro das 16 salas foram positivas antes do despovoamento. As possíveis rotas de infecção foram estudadas, descartando-se os carrapatos, a ração e o contato com javalis, podendo ser a origem, pessoas infectadas (caçadores) ou materiais contaminados. As lições aprendidas nesse primeiro caso confirmado foram necessidade de técnicas de diagnóstico laboratorial disponíveis, medidas de biosseguridade rigorosas, controle do transporte, controle das pessoas e materiais que entram na granja. Na segunda, o foco ocorreu em setembro de 2016, em uma granja comercial de 6 mil matrizes localizadas em uma região de alta densidade populacional de suínos, tendo sido detectado na área de quarentena, sem sinais clínicos claros, ao mesmo tempo em que todas as porcas em produção e seus leitões foram negativos para PSA. As investigações concluíram que uma pessoa que tinha suínos infectados em sua casa e trabalhava no setor de quarentena da granja, foi quem transmitiu o vírus ao referido local nessa unidade de produção. Scott Dee apresentou sua experiência dentro da companhia Pipestone, relativa à sobrevivência de certos vírus em matérias-primas para ração, em conjunto com a Kansas State University, South Dakota State University e Swine Health Centre of Minnesota. Perguntamos a ele como o vírus da PSA pôde entrar nos EUA? A primeira possibilidade
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seria por meio de alimentos oriundos de áreas infectadas; a segunda seria pelas matérias-primas importadas da China (nesse caso, os EUA importam mais de 1 milhão de toneladas). O vírus da PSA sobrevive por mais de 30 dias em farelo de soja, rações destinadas a cães e gatos e cloreto de colina. As análises realizadas em lisina, vitamina D e DDGS (distiller’s dried grains with solubles ou destilados de grãos secos com solúveis) foram negativas com relação à presença do vírus. Os protocolos científicos de segurança para reduzir o risco de contaminação de produtos essenciais para a alimentação de suínos devem incluir o cálculo do possível nível de contaminação, o tempo de transporte, o tempo de armazenamento e as condições ambientais que possam atenuar a multiplicação viral, além do bom senso. Patrick Webb, da NPB (Agência Nacional da Carne Suína), concentra as medidas para reduzir o risco de introdução viral em uma série de decisões que levam em consideração as matérias-primas importadas, o transporte por terra, mar e ar, tanto de animais vivos e pessoas (funcionários, visitas) quanto de produtos cárnicos, e o contato com javalis e suínos em criações extensivas. www.pork.org
Melhorando a produtividade da porca ao longo da vida (Estudo da Longevidade da Porca ou SLP, na sigla em inglês) University of Alberta & University of Minnesota O NPB pesquisa iniciativas para melhorar a SLP (Pessoas – Suínos – Planeta) (Chris Hostetler) O Projeto do NPB é baseado no estudo da longevidade (SLP) das porcas a partir de todos os aspectos que influenciam na melhoria da eficiência produtiva, com base em seis diferentes comitês (nutrição, saúde, meio ambiente, construções, genética e manejo). É coordenado por um grupo, dentro da Agência Nacional da Carne Suína (NPB, na sigla em inglês) e por diferentes órgãos fundadores que apoiam o projeto. Para este fim, o referido grupo concentra-se em diferentes áreas
de produção, centros de pesquisa, equipes de trabalho específicas e análise dos resultados finais. Alguns estudos realizados por Mark Wilson sobre como os processos inflamatórios (citocinas) afetam a longevidade apontam para o fato de que o melhor indicador a respeito desse tema seja o intervalo entre o desmame e a manifestação do próximo cio. Segundo o autor, cerca de 15% das leitoas não chegam ao primeiro parto, e as taxas médias de renovação nos últimos cinco anos, nos EUA, estão entre 50% e 55%. Conceitos por trás do projeto da leitegada de origem da marrã – University of Alberta (George Foxcroft) O peso ao nascer é variável entre as leitegadas e dentro de cada leitegada. Assim sendo, é importante que se conheça o peso individual de cada marrã futura reprodutora para correlacioná-lo com a sua vida produtiva, tendo em mente que um baixo peso irá repercutir negativamente em sua vida produtiva em geral. As variações de peso entre as leitegadas têm sua repercussão tanto no desenvolvimento pré-natal quanto no pós-natal. O retardo do crescimento intrauterino tem impacto negativo na deposição muscular, na morfologia da mucosa duodenal e no rendimento da carcaça. O peso do cérebro de um leitão de 1,0 kg ou 2,4 kg ao nascer é praticamente o mesmo (30 gramas), enquanto que o do músculo (30 g a 90 g), do intestino delgado (30 g a 80 g) e do fígado está relacionado ao peso do leitão ao nascimento, órgãos estes relacionados ao seu desenvolvimento e subseqüente eficiência alimentar. O baixo peso ao nascer afeta o crescimento pós-natal, o comprimento vaginal, o peso uterino, o índice gonado-somático e a dinâmica folicular ovariana (menos folículos de tamanho médio, folículos pré-antrais e maior número de folículos atrésicos), o que irá influenciar os parâmetros reprodutivos dessas futuras matrizes. Assim, o peso ao nascer compromete a vida reprodutiva da marrã, encurtando-a (longevidade ou SLP). Leitoas nascidas com menos de 1,1 kg são altamente propensas a serem repostas já nos dois primeiros ciclos reprodutivos, em comparação com as de 1,4 kg a 1,6 kg ou às de mais de 2 kg de peso vivo ao nascer. Elas também apresentam piores prolificidade e fertilidade e têm maior taxa de eliminação já nos primeiros três ciclos. A correlação positiva entre o maior tamanho da leitegada e menor peso ao nascer é evidente (R2 = 0,2375). A taxa de ovulação mantém uma alta correlação com este parâmetro, derivado de uma alta densidade de oócitos fertilizados nos cornos uterinos, o que causa o atraso de crescimento intrauterino (correlação entre metade do peso ao nascer da leitegada com o peso médio da placenta por leitegada – desenvolvimento placentário deficiente no primeiro mês de gestação).
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A repetição nos nascimentos de leitões de baixo peso ao nascer é importante, de modo que o componente genético, bem como o ambiente, estão envolvidos. Um estudo realizado em uma granja multiplicadora, no qual foram pesados 47.338 leitões, estima-se que de 14% a 15% das porcas produziam leitoas de baixo peso ao nascer, as quais não devem ser deixadas para ser selecionadas como futuras reprodutoras. Se você não medir, não vai conseguir! Consequências do fluxo eficaz de reposição de marrãs e do SLP – University of Alberta (Jenny Patterson) As marrãs de reposição são a base de qualquer granja (Tubbs, 2015), sendo o veículo que determinará os resultados presentes e futuros nelas (Ketchem e Rix, 2015). O manejo adequado das futuras reprodutoras é a base para uma maior produtividade e longevidade. Há um porcentual mais elevado do que pensamos de porcas que ao longo de sua vida produtiva não chegam a desmamar 20 leitões. Em granjas multiplicadoras é muito mais importante a qualidade dos leitões desmamados do que apenas o número deles para garantir a base de suas futuras vidas reprodutivas (equação longevidade /produtividade). Existem quatro parâmetros a serem seguidos para uma seleção correta de futuras reprodutoras: momento de nascimento e do desmame (peso, saúde, tetos, crescimento, estrutura, leitegada de origem, fenótipo da porca e qualidade de lactação); aos 140 dias de idade (conformação, tetos, saúde, estrutura e crescimento de 600 gramas por dia); entre 170 e 200 dias de idade e no momento da inseminação relativa à primeira fertilização. O manejo das futuras reprodutoras começa no momento do nascimento. A genética, os programas de sanidade, a nutrição, a qualidade do piso e das lâminas (piso ripado), a qualidade e a temperatura do ar, densidade da criação, o pessoal responsável pelo trato dos animais e a biosseguridade são os pontos críticos (segundo Gonzalo Castro, 2018). De 25% a 30 % dos leitões nascidos com baixo peso provêm de 10% das porcas presentes em nossas granjas. Não menos importante é o modo como se conduz o processo de adaptação. A aclimatação das leitoas futuras reprodutoras, dentro da nossa granja, contempla o período de 28 dias relativo à pré-estimulação (identificação, vacinação e exposição aos cachaços) e os 28 dias relativos à estimulação (protocolos GDU – unidade de desenvolvimento de marrãs, na sigla em inglês – contato diário com cachaços, detecção de cios, mistura de marrãs e sincronização de cios), períodos estes críticos para o início de uma vida produtiva adequada e que influirá na longevidade delas.
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O baixo peso ao nascer tem uma correlação negativa com a taxa de pré-seleção das porcas, embora elas possam ter um crescimento razoável em sua fase de adaptação (> 550 g de crescimento). O uso de um programa de adaptação eficiente tem um baixo impacto sobre o fenótipo, com base no peso ao nascer (referido à puberdade e a porcas que chegam ao quarto parto). Uma leitoa nascida com baixo peso terá menos peso no momento da puberdade. As granjas multiplicadoras que têm um alto porcentual de leitegadas de baixo peso ao nascer produzem também, repetidamente, mais suínos de baixo peso ao nascer, têm menores taxas de retenção de matrizes e produzem menos porcas aptas à seleção. É importante detectar, o mais rapidamente possível, as porcas que têm um fenótipo de leitegadas de baixo peso ao nascer e que se repetem em nascimentos subsequentes. Elas devem ser eliminadas assim que possível do sistema. O impacto sobre a ciclicidade das porcas é fundamental e influencia diretamente a sua vida reprodutiva. Realizar a primeira inseminação levando apenas em consideração a idade cronológica da porca é um erro, devendo ser realizada com base em sua idade fisiológica, que é o que define seu desenvolvimento folicular e está ligada ao seu peso (135 kg a 160 kg é a faixa de peso vivo na qual a porca produz mais leitões nos três primeiros partos acumulados). Tanto os pesos baixos quanto os elevados são negativos para a longevidade, a produtividade e a fertilidade das porcas. Assim, o controle de peso, a primeira inseminação e o seu crescimento são críticos para assegurar uma boa longevidade, o que significa que um trabalho rigoroso – da fase de adaptação das marrãs até o momento da primeira inseminação – é crítico para o futuro plantel de reprodutoras da granja, o qual deve ser otimizado para que mais de 75% das porcas cheguem ao terceiro parto. Estratégias de aleitamento para compensar os efeitos do baixo peso ao nascer – University of North Caroline (Billy Flowers) O desenvolvimento uterino começa na fase embrionária, continua durante o período do nascimento ao desmame e depois na fase funcional do ciclo reprodutivo (gestação, lactação e intervalo desmame a inseminação). O percentual de porcas que geram nascimentos mais eficientes está relacionado ao tamanho e ao peso da leitegada. Há estudos sobre a correlação entre o ganho de peso dos leitões durante a lactação e a sua longevidade, analisando seu peso ao nascer e no desmame, enquanto se analisa o potencial produtivo desses leitões até o terceiro parto, havendo correlações positivas.
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Aplicações para o gerenciamento eficiente da reposição de marrãs em um núcleo de produção/ sistema de multiplicação – Holden Farms Inc (Mattallerson & Aaron Hanson)
Foi determinada também uma relação entre o peso dos testículos dos machos irmãos das futuras leitoas reprodutoras no nascimento com a sua maior longevidade.
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Estimulação da puberdade eficiente como um fator crítico no estudo da longevidade (SLP) University of Illinois (Urbana-Champaign, IL/ EUA) (Rob Knox) As premissas das futuras reprodutoras são a sua idade na puberdade, o crescimento, a composição corporal e o número de cios anteriores à inseminação, o que afetará sua fertilidade e prolificidade. 20% do sacrifício de reprodutoras ocorre devido a falhas reprodutivas (ciclo reprodutivo irregular, tamanho da leitegada, qualidade da leitegada, falha na fertilidade) e outro porcentual importante devido a problemas locomotores. Mas a dispersão, de acordo com o número de nascimentos, é significativa. A fase anterior à primeira inseminação é crítica, levando-se em conta o tamanho do grupo de marrãs, a idade dos cachaços, a proporção cachaço/porcas, o momento da primeira exposição ao cachaço, o tempo de exposição e a ingestão de alimentos. O momento adequado para a primeira inseminação depende de inúmeras variáveis e não apenas da idade cronológica e fisiológica, mas também da sua leitegada de origem, do peso ao nascer, do crescimento, do efeito macho (exposição física aos cachaços), peso/idade na puberdade e crescimento entre puberdade e o momento da inseminação. Suínos&Cia | nº 60/2018
A Holden Farms é uma empresa familiar com 60 mil matrizes em três Estados (MN, IA, WI), com contratos de produção nas fases dois e três em Minnesota e Iowa, sendo todas as reprodutoras originárias do próprio grupo, procedentes de duas granjas de multiplicação. Em todas as granjas do grupo aplica-se o protocolo BEAR, de contato com cachaços para detecção de cio, havendo, inclusive, contato físico entre os machos e as marrãs, anotação de cada cio detectado (tanto individual como em grupo), anotação da duração dos cios, sincronização parcial ou total, de acordo com a necessidade de cios, com PG600, dieta adequada ad libitum para a idade e fase de produção. O manejo das futuras reprodutoras precisa ser uma prioridade em cada granja, 24 horas por dia, 365 dias por ano. Um estudo realizado com 1.096 matrizes na granja multiplicadora levou à conclusão de que cerca de 10% das matrizes de seleção nunca produzem marrãs futuras reprodutoras de qualidade, devendo ser eliminadas. Consideram essencial levar em conta o peso delas ao nascer, o peso delas no desmame e o estado de saúde individual – especialmente com relação à PRRS, MYC e DEP (diarreia epidêmica suína) nas granjas multiplicadoras, colocá-las em contato com os agentes infecciosos das granjas às quais se destinam, no momento da adaptação, e observar estritamente os protocolos de vazio sanitário entre os lotes. Antecedentes da pesquisa sobre estratégias nutricionais para o manejo do crescimento e do desenvolvimento em marrãs DSP Consulting (Dean Boyd) A produtividade das reprodutoras, do ponto de vista financeiro e da sua contribuição com benefício, não está diretamente relacionada apenas à sua produtividade numérica, mas também à sua produtividade ao longo da vida. Apenas 30% das porcas com boa produtividade anual correlacionam-se com porcas de alto SLP, o que reduz o custo de produção do leitão desmamado. As estratégias de desenvolvimento dos futuros criadores são fundamentais para a obtenção de um alto SLP. Pode-se definir o SLP como o número de leitões desmamados de qualidade por porca em sua vida reprodutiva (24,3 a 40,8 leitões em algumas granjas norte-americanas). O percentual médio de porcas eliminadas nos EUA, por não parirem, é de 9,6% (4,8% a 17,7%), e a média de leitões produzidos por porca ao longo de sua vida produtiva, em 2017, foi de 50,3% (30,5% a 60,9%). É necessário continuar pesquisando dessa maneira no futuro.
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Instalações para aplicação do protocolo BEAR – área de exposição aos cachaços As estratégias nutricionais para as futuras reprodutoras são basicamente quatro, considerando o manejo da ração, antes e depois da puberdade, e apenas um tipo de ração de futuras reprodutoras, com níveis de EM (energia metabolizável) entre 3.300 e 3.400 Kcal/kg e 1,0% a 1,1% de lisina total: 1. Ad libitum - Ad libitum 2. Ad libitum - Racionado 3. Racionado - Racionado 4. Racionado - Ad libitum Há um projeto em desenvolvimento com diferentes companhias e universidades para melhorar cerca de 30% o SLP em sete anos, aumentando a média de partos por porca eliminada na granja de 3,5 para 4,6 e aumentando entre 10 e15 leitões/porca a produtividade ao longo de sua vida produtiva. NPB financiou pesquisa sobre manipulação dietética do crescimento e desenvolvimento de marrãs USDA – Iowa State University (Clay Lents) As estratégias de alimentação em condições comerciais e com dietas práticas para as futuras reprodutoras, no sentido de controlar seu crescimento e composição corporal durante o seu desenvolvimento, são precisas também para melhorar sua longevidade e produtividade. Em dietas padrão de futuras reprodutoras alimentadas ad libitum (3.200 kcal/kg EM e 0,80% de lisina digestível), os resultados de idade na puberdade e taxa de ovulação não sofreram variação. Mesmo em diferentes ensaios, com alterações de 15% tanto em energia como em lisina, as diferenças entre esses parâmetros são mínimas e especialmente derivadas da ingestão voluntária de ração pelos animais. Essas mudanças na dieta também não determinam variações no desenvolvimento do útero, concluindo que o parâmetro de peso das porcas e seu correto desenvolvimento do tecido corporal são determinantes para definir o momento da inseminação para uma vida produtiva correta.
A tomada inadequada de colostro reduz o crescimento e o desenvolvimento das marrãs, incrementando a incidência de falhas na puberdade. Recomenda-se, então, alongar a lactação para melhorar o crescimento pré-desmame e a produção de colostro e reduzir as falhas na puberdade. Para o desenvolvimento mamário faz-se necessário um nível adequado de energia e lisina na alimentação da fase de lactação, de modo que um baixo nível do primeiro reduz o desenvolvimento do tecido secretor e um baixo nível do segundo reduz o nível de gordura no desenvolvimento das glândulas mamárias. Um nível mais baixo de lisina implica em uma redução do conteúdo proteico do tecido mamário e na redução da produção de leite. Especial atenção deverá ser dada à estimulação das marrãs por parte dos cachaços a partir dos 180 dias de idade: presença diária do macho, 10 a 20 minutos em cada lote e rotação diária de machos por lote com frequência. Também é crítico detectar e registrar o cio das marrãs, sendo possível, inclusive, a análise dos níveis de progesterona sanguíneo aos 210/220 dias de idade nas fêmeas cujo cio não foi percebido para saber se realmente ciclaram. Aplicar então o PG600™ aos 220 dias e observar a entrada em cio para otimizar os dias não produtivos. A idade em que a porca atinge seu primeiro cio é um indicador incompleto de seu desenvolvimento reprodutivo. As marrãs mais crescidas respondem ao efeito macho antes daquelas com menor crescimento e apresentam menos anestros ambientais.
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Influências ambientais no desenvolvimento e desempenho reprodutivo de marrãs – University of Missouri – Columbia (Tim Safranski) O ambiente influencia o desenvolvimento das futuras reprodutoras e seus parâmetros produtivos. Há muitos trabalhos, desde muitos anos (1987), que relatam perdas de crescimento e atraso na puberdade devido a más condições ambientais (concentrações de amônia > 40 ppm, temperatura, meses de verão/sazonalidade). E associado às condições ambientais também influenciam o alojamento (densidade e porcas/lote) e o efeito cachaço (duas vezes ao dia, 20 minutos de manhã e à tarde). Os leitões nascidos na primavera geralmente manifestam sua puberdade mais precocemente. O estresse ambiental devido a altas temperaturas prejudica mais as porcas primíparas, as quais apresentam temperatura retal mais elevada e uma frequência respiratória mais rápida do que as multíparas. Em porcas gestantes submetidas a estresse térmico observa-se uma redução na duração da gestação, em média de um dia e um peso ligeiramente menor dos leitões ao nascer, o que os afeta principalmente durante a primeira semana nº 60/2018 | Suínos&Cia
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de lactação, reduzindo o percentual de sobrevivência. Esse estresse térmico, durante o período de desenvolvimento fetal ovariano e testicular, leva a uma redução no número de células germinativas nas gônadas, o que causará mudanças na capacidade reprodutiva de fêmeas e machos. Em porcas submetidas a estresse térmico, o peso dos fetos, da placenta e dos líquidos amnióticos é significativamente menor. Programas de aclimatação de marrãs eficazes Swine Vet Centre – MN (Paul Yeske) Os princípios básicos de uma correta aclimatação de porcas na granja devem levar em consideração o status sanitário delas e da granja à qual se destinam, seu status de desenvolvimento reprodutivo e as condições de alojamento. É importante que elas tenham tempo de aclimatação suficiente para cumprir todo o plano de vacinação duas semanas antes da primeira inseminação, devendo estar adequadamente alojadas neste momento e treinadas nas estações eletrônicas, também duas semanas. O peso mínimo para o início da inseminação é de 140 kg, já com a manifestação prévia de 2 a 3 cios e a ausência de qualquer sintomatologia clínica na ocasião. São estes os parâmetros básicos de ação. A programação correta das entradas e o treinamento, com base na taxa de renovação e na distribuição de nascimentos (20%, 18%, 17%, 15%, 12%, 10% e 8%, respectivamente, do 1º ao 7º partos), definirão uma produção otimizada. Igualmente, a comunicação correta entre os veterinários das granjas de origem e destino é essencial, com base no histórico dos animais, seu estado de saúde atual, planos de vacinação, fluxo de animais, planos de erradicação, tratamentos, localização das granjas em áreas de alta densidade populacional, proximidade de abatedouros, doses seminais de origem, histórico de patologias e protocolos de biosseguridade. O processo de aclimatação não deve estar somente bem planificado. Devemos seguir sua evolução de forma pormenorizada e analisar o estado sanitário das marrãs durante o processo (PCR) e previamente ao momento da inseminação. Estes planos devem ser dinâmicos, de acordo com suas próprias necessidades, para que possamos manter em cada granja os objetivos de fluxo de animais e sua população estável.
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Surtos de doenças: investigação e controle Mycoplasma hyopneumoniae: Onde estamos e para onde iremos? (Maria Pieters) O Mycoplasma hyopneumoniae (MH) tem um efeito negativo frente a diferentes parâmetros Suínos&Cia | nº 60/2018
Parque dos sobreviventes do câncer – Richard & Annette Bloch - Minneapolis produtivos, suas coinfecções são frequentes, representa um elevado gasto terapêutico e o custo das doenças nas quais está envolvido é alto. As diretrizes de controle, tanto pela vacinação quanto pelo uso de antibióticos, são usadas no sentido da sua erradicação no futuro, em função de sua influência nos custos de produção em granjas positivas versus negativas. A compreensão sobre a epidemiologia do MH tem sido dinâmica e já há 12 anos falava-se da persistência da sua infecção, da sua prevalência no desmame como um indicador de risco e de sua determinação no momento da tomada de decisões. A persistência do MH é extremamente longa na população, chegando a 254 dias no caso de infecções crônicas e no mínimo 70 dias em infecções agudas experimentais. A probabilidade de que os leitões sejam PCR positivos no desmame está associada ao status PCR equivalente das mães. Quanto maior a prevalência no desmame, maior será a severidade da doença na engorda. A aclimatação precoce das marrãs futuras reprodutoras é a chave para o controle da doença, sabendo-se que a exposição uniforme de toda a população à bactéria é lenta (são desenvolvidas técnicas de contato natural, inoculação intra-traqueal e aerossol). O diagnóstico da doença causada pelo MH tornou-se muito preciso após o desenvolvimento do método PCR em Tempo Real, que permite conhecer inclusive a diversidade genética do agente. Sabemos que as formas de apresentação clínicas da doença têm a ver com as diferentes cepas. Sua erradicação é possível, havendo já sido levada a cabo na Europa desde os anos 80 (em granjas de pequeno porte) e, atualmente, em granjas maiores (programas de 34 semanas, baseados no fechamento da granja; programas de medicação/contato/vacinação). Para tanto, o primeiro passo consiste na confirmação do status sanitário da granja, classificando-a em seguida para estabelecer a estratégia mais adequada para cada caso. Não devemos nos esquecer de que o risco de reinfecções existe e, por isso, deve-se confirmar a eliminação do patógeno na granja e minimizar as evidências de infecções colaterais (transmissão aérea em locais de alta densidade populacional). Nesse momento, os esforços das investigações estão
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voltados para a apresentação clínica da doença, a origem da bactéria e a eliminação do patógeno. As duas mensagens que gostaria de deixar sobre ela são que a erradicação é uma prioridade e que o controle em diferentes níveis (granja, local, regional) é importante. Posters • A eliminação do Mycoplasma hyopneumoniae é possível, como demonstrado em uma granja peruana de 1.500 matrizes. • O custo estimado da doença causada pelo MH, nos EUA, é de US$ 8,00 a US$ 10,00/suíno em granjas positivas vs negativas, sendo, por isso, que o fechamento de granjas, a exposição controlada e os programas de medicação e vacinação estão se generalizando. • A vacinação durante o período de aclimatação das marrãs reduz significativamente a colonização e produz uma maior e mais prolongada imunidade humoral, tanto nas porcas quanto em sua leitegada (em granjas positivas, com elevada pressão de infecção). • O aumento da prevalência no desmame também aumenta na engorda, assim como o grau de lesões, que é maior quanto mais elevado for o peso no abate (estudo em suínos pesados, na Itália). • Os modelos de transmissão de MH entre marrãs de reposição levam à necessidade de termos uma saída para excretas junto às marrãs livres para que elas possam se contagiar ainda na quarentena. • Em animais infectados observam-se alterações no metabolismo dos aminoácidos e ácidos graxos – sobretudo do ácido palmítico – a partir do 5º dia pós-infecção (aumento de ácidos graxos livres no soro, entre o 14º e o 21º dia pósinfecção). • Demonstrados os resultados do uso de uma vacina inativada contra o Mycoplasma hyorhinis, da empresa Boehringer Ingelheim, aplicada na 3ª semana de idade (2 mL) e cuja proteção estende-se por até 7 a 10 semanas, reduzindo claudicações, artrites e pericardites e melhorando, indiretamente, o índice de ganho médio de peso diário. Interessante observar que esta bactéria, que é uma espécie comensal do trato respiratório superior, tem sido isolada recentemente de pessoas com câncer de estômago, ovários e próstata, ainda que o antígeno p37 do carcinoma humano seja geneticamente distinto dos isolamentos realizados em suínos. PRRS (Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína) 30 anos: uma plataforma para o progresso (Mike Murtaugh – University of Minessota)
No princípio dos anos 90 tudo era confusão e falta de informação. Em 1994 apareceu a primeira vacina, o que não significou que a confusão não seguiria. Os trabalhos de identificação e sequenciamento avançaram significativamente a partir de 1998 e também as técnicas de PCR para o seu diagnóstico. Com o tempo foram descobertas novas proteínas virais dentro de sua biologia molecular, cuja expressão melhorou o conhecimento da imunologia frente ao vírus. O desenvolvimento de provas de ELISA rápido ajudou a se chegar a um diagnóstico mais preciso. Têm sido muitos os trabalhos realizados por grupos de investigação, universidades e empresas privadas que se viram publicados em milhares de páginas de revistas, transformados em dissertações de mestrado, teses de doutorado, programas de investigação intercambiados entre diferentes países, e a ciência continua avançando, apesar das lacunas e erros. A ciência importa (“sciencematters“). Atualização em MSHMP (Morrison Swine Health Monitoring Project)* (Cesar Corzo - University of Minessota) A equipe de trabalho nesse projeto é formada por dez membros da Universidade de Minesotta (UMN), bem como um grupo de alunos e pós-doutorados. O projeto tem dois objetivos: um de longo prazo, baseado no desenvolvimento da capacidade que tem a suinocultura em responder a patógenos emergentes, e outro de curto prazo, com o objetivo de agregar valor aos padrões de análises de prevalência e incidência de certas patologias, a investigação do conteúdo contido nas tabelas (ver o site abaixo), sua evolução e disseminação. São trinta participantes, voluntários de diferentes companhias produtoras e de projetos de controle regional, que englobam um total de 3 milhões de matrizes. Os dados precisos são a localização da granja, seu tamanho, status sanitário semanal (PRRS, PEDv, PDCoV ou delta coronavírus suíno, incluindo o sequenciamento do PRRSv pela técnica de RFLP – Restriction Fragment Lenght Polymorphism ou Polimorfismo de Comprimento de Fragmentos de Restrição), além do traslado destes dados semanais para suas respectivas análises (relatório semanal). corzo@umn.edu e https:// www.nass.usda.gov.
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Fatores da PRRS relacionados ao tempo para estabilização e aos intervalos de verão (Juan Sanhueza) O estudo baseia-se nos focos de PRRS ocorridos durante o verão, coletados no projeto MSHMP (Dr. Morrison Swine Health Monitoring Project). O número de focos durante o verão de 2017, nos EUA, foi muito similar ao de 2015 e de nº 60/2018 | Suínos&Cia
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2016 e muito superior aos focos de 2009 a 2013 e de 2014. Dos focos estudados, 35,8% ocorreram no outono, 30,7% no inverno, 20% na primavera e 13% no verão. 3,5% das granjas tiveram focos de PRRS a cada verão, havendo diminuição dos focos no outono nos últimos três anos. A correlação entre o número de focos no verão com as regiões de alta densidade populacional é direta, ainda de que o risco seja maior em algumas zonas de alta densidade do que em outras (Iowa > Carolina). Quanto ao tempo, desde o momento em que se relata um foco até a estabilização da granja, com base em 161 focos ocorridos em 82 granjas, dá uma média de 41 semanas (50% das granjas). Este período varia significativamente entre os sistemas de produção e o momento da aparição do foco, de modo que o período estimado de estabilidade no verão é de 52 semanas, na primavera de 53 semanas, no outono de 38 semanas e no inverno de 36 semanas. A estabilidade tende a chegar mais cedo em granjas com focos anteriores, comparado a granjas que estejam manifestando o seu primeiro quadro clínico. Epidemiologia da PRRS na população de porcas em granjas com sistemas de filtração (Carles Vilalta) A disseminação viral ocorre comumente por meio de pessoas, fômites, transporte, animais, sêmen e aerossóis. Os sistemas de filtração representam um investimento que varia entre US$ 150,00 e US$ 200,00/porca e são considerados importantes medidas externas de biosseguridade. O número de granjas com sistemas de filtração vem aumentando entre 2009 e 2018 (de 25 para 158 granjas) e aumentando de 2,99% para 16,61% das granjas que participam do projeto MSHMP (o maior número delas em Iowa e Minnesota, praticamente 50%). As diferenças nos focos entre granjas com e sem filtros foram mais evidentes entre 2010 e 2013, sendo menos acentuadas nos últimos anos (2016 a 2018). Quanto ao estudo de focos de PRRS em granjas, antes e após o implante de sistemas de filtração, foram menos focos após a instalação (0,5 focos/ano vs. 0,27 focos/ano), especialmente nos Estados de maior densidade populacional, como Iowa e Minnesota e praticamente inexistente nos Estados combaixa densidade populacional. Em relação à incidência de Diarreia Epidêmica Suína entre granjas com ou sem sistema de filtração de ar, não há diferenças estatísticas significativas ao longo do tempo. A conclusão é de que os sistemas de filtração são positivos, mas demandam um rígido controle das portas, das entradas de ar e da manutenção de sistema como um todo (a combinação de sistemas de filtração com medidas de biosseguridade aprimoradas é a maneira mais correta de se reduzir os riscos). Granjas com sistemas de filtração têm 43% mais mudanças na incidência
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de surtos de PRRS durante o verão, sem uma explicação precisa para o seu entendimento. cvilalta@ umn.edu. Fazendo censo epidemiológico a partir de grandes conjuntos de dados sequenciais de PRRS (Igor Paploski) Foi realizado um estudo epidemiológico sobre a disseminação de quadros clínicos da doença causada pelo vírus da PRRS em granjas participantes e em estações do ano distintas, com base em exemplos como o do vírus da Gripe, a partir de 1.901 sequências de vírus isoladas entre 2015 e 2017. As sequências foram estratificadas em grupos genéticos, descrevendo sua distribuição temporal e espacial. As sequências de vírus do projeto MSHMP são atribuídas a 8 grupos genéticos, com predomínio de L1. A em relação a L1.B, L.1C, L5, L8, L9, Tipo 1 alfa e Tipo 1 beta. A frequência das cepas não é a mesma em todos os anos (L1.A = 75,6% em 2015 e L1.A = 57,6% em 2017; Tipo 1 beta, de 0,1% em 2015, para 6,2% em 2017). Da mesma forma, a frequência de deformações entre as fases de produção (porcas, leitões e engorda), ao longo do tempo também é dinâmica. Foi encontrado um grande número de conexões entre diferentes granjas, suspeitando-se de que o movimento de animais entre os diferentes sistemas esteja por trás dessas interações. As vacinas contra o PRRSv não são do mesmo grupo genético e têm maior dispersão do que as cepas de maior prevalência. Obviamente, o estudo tem algumas limitações, como o tipo de amostras coletadas ea movimentação de animais entre diferentes sistemas; já as granjas são apenas aquelas incluídas no projeto MSHMP. Sequenciamento completo do genoma da PRRS: o que sabemos e onde estamos (Sunil Kumar) A diversidade genética viral tem aumentado ao longo dos anos, de modo que a caracterização molecular do vírus constitui um desafio substancial nos EUA. No diagnóstico de rotina, apenas uma pequena parte do vírus (ORF5) é usada para sequenciar, comparando-a com informações prévias para tomar decisões relativas a vacinas e reemergência de cepas virais. Esta porção representa apenas 4% de todo o genoma viral. As novas técnicas de sequenciamento (NGS) não são exequíveis com o ORF5. Nos últimos seis meses, o Laboratório de Diagnóstico Veterinário de Minnesota obteve o sequenciamento genômico completo de 30 vírus PRRS, alguns dos quais têm seu ORF5 idêntico 100%, mas são muito divergentesem seu gene ORF1a (NSP2). Estudos preliminares concluem que sequências em ORF1 têm maiores variações do que em ORF5.
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Podemos prever surtos de vírus PRRS e PED? (Kimberly Vander Waal) Os fatores de risco que determinam a circulação de ambos os vírus no nível regional são pouco conhecidos. Existem importantes mudanças espaço-temporais que condicionam esse conhecimento. Usando os dados dos movimentos dos animais, a geolocalização das granjas, o ambiente e os fatores climáticos, por meio de algoritmos determina-se a cada duas semanas a possibilidade de que uma granja possa ser infectada. O preditor mais importante é o número de suínos que se deslocam de suas granjas de origem em um raio de 10 km, seguido das características ambientais em torno dessas granjas. Posters • Os principais fatores de risco da manifestação de quadros clínicos devidos ao PRRSv são a falta de exposição de marrãs de reposição negativas em granjas positivas, a presença de outras granjas em um raio menor do que 5 km, a frequência dos desmames e a movimentação de leitões e a movimentação de caminhões de transporte de futuras reprodutoras de porcas para descarte e coleta de cadáveres. • Nas coinfecções com o PCV2, as vacinas contra PRRS não reduzem a mortalidade nem os sinais clínicos. • A implantação da vacina viva modificada contra PRRS, de forma rotineira em granjas estáveis, não traz melhoras significativas no percentual de abortos, fertilidade, intervalo desmame/cio e mortalidade de leitões lactantes e desmamados. • O vírus da diarreia epidêmica suína (PED, na sigla em inglês) é transmitido por moscas e por meio de dejetos.
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Senecavirus A: Lições aprendidas e perspectivas futuras (Matt Sturus) Quando nos referimos ao Vale do Senecavírus (SVV) como causa emergente de uma das doenças vesiculares dos suínos, ela está associada à doença vesicular esporádica idiopática, que surgiu em 2007 e que em 2015 foi relacionada ao SVA (Senecavirus A) como sendo a origem de numerosos surtos da doença vesicular no Brasil, EUA, Canadá, China, Colômbia e Tailândia, demonstrando seu envolvimento em condições experimentais. Em algumas granjas, os sintomas clínicos deram origem a um aumento na mortalidade de leitões lactantes com menos de uma semana de idade, devido a mortes súbitas e, às Suínos&Cia | nº 60/2018
vezes, letargia, diarreia, desidratação e refugagem. As lesões encontradas não são significativas ou patognomônicas, e o vírus pode ser isolado de diferentes tecidos por PCR. Experiências com a eliminação do SVA em granjas de reprodutoras (Fabio Vannucci) O senecavírus foi identificado e isolado de suínos com lesões vesiculares, claudicações agudas e leitões lactantes subitamente mortos. Desde julho de 2015, 230 casos foram registrados nos EUA. Nesse artigo foram relatados três casos ocorridos em granjas com 1.000 e 2.000 reprodutoras, que foram infectadas por diferentes razões, entre elas a adaptação (feedback) com fezes e/ou material intestinal fornecido a marrãs de reposição. A incidência é maior no verão do que no inverno devido a uma maior quantidade de mosquitos transmissores, além de outras fontes principais de contágio, como materiais e equipamentos da granja. A presença de indústrias de processamento de carne e de abatedouros próximos também se reflete como fatores de risco. Entendendo a frequência das infecções por PCV3 e da doença associada ao PCV3 (Zhen Yang) O papel do PCV3 como agente causador de doença contínua não está claro e tem sido associado a casos de refugagem, síndrome de dermatite e nefropatia, miocardite, vasculite sistemática e abortos. Trata-se do relato de um estudo conduzido a partir de 730 casos, contendo 2.177 amostras coletadas entre fevereiro de 2016 e janeiro de 2018, processadas no Laboratório de Diagnóstico Veterinário da Universidade de Minnesota, por PCR. O resultado revelou 27% das amostras positivas, em 18 dos 22 Estados norte-americanos, em animais de todas as idades, com maior percentual em animais de engorda do que em leitões (35%vs 15 a 20%), sendo 5,2% das coinfecções, PCV3/ PCV2 e 7,6% das coinfecções PCV3 / PRRSv. De todos os casos de abortos, 40% foram positivos para PCV3, além de haver um maior percentual de suínos com lesões de miocardite, vasculite cardíaca e esplênica. De todos os genomas de PCV3 analisados, foi encontrada uma similaridade de 98% em seus nucleotídeos. Investigação do papel do PCV3 nas perdas reprodutivas (Laura Bruner) Em 2015 foi identificado pela primeira vez o PCV3, cujo significado clínico não é muito conhecido. Está envolvido em problemas reprodutivos,
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que incluem perda da fertilidade, abortos e fetos mumificados, bem como miocardite e inflamação multissistêmica em leitões com três semanas de idade. Em muitos casos, o vírus é encontrado em diferentes tecidos de suínos que não apresentam nenhum desses sintomas. Foi realizado um estudo em uma granja de 2.400 reprodutoras, onde havia um aumento no índice de mumificados (entre 3,5% e 5,0%). O vírus foi isolado nos fetos por PCR, e a granja, que era negativa para PRRS, Parvovirose, Mycoplasma hyopneumoniae e Diarreia Epidêmica Suína, adotou um esquema de vacinação utilizando uma vacina contra o PCV2. Um ano depois do pico de mumificados, analisaram-se fluidos de leitegadas com e sem mumificações, não havendo diferença na detecção do PCV3 nos tecidos das leitegadas, fossem as com problemas ou as sadias. Experiência com o PCV3: impacto nos leitões lactentes (Steve Stone) Foi descrito um quadro clínico em uma granja de 3.500 reprodutoras que começou a ser povoada em abril de 2016 e onde os leitões lactentes positivos para o PCV3 começaram a surgir em fevereiro de 2018. Pálidos e ictéricos, com os estômagos cheios de leite, alguns com lesões pneumônicas. A análise relativa ao vírus da PRRS foi negativa, e a mortalidade pós-desmame oscilou entre 3,5% e 4,2%. Também foram diagnosticadas complicações por Clostridium perfringens (vômitos em algumas leitegadas e diarreias). Construindo blocos para uma vacina universal contra a gripe (Daniel Perez) Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), em todo o mundo 300 mil pessoas morrem anualmente de infecções sazonais causadas pelo vírus da gripe. E nos EUA estima-se que o referido vírus afete 9 milhões de pessoas por ano, com 12 mil a 56 mil mortes. A gripe sazonal humana varia em intensidade e gravidade, da tosse seca e improdutiva ao corrimento nasal, rinite, faringite, febre, anorexia e mialgia a inúmeras complicações secundárias, chegando, inclusive, a causar morte por pneumonia. A influenza do tipo A é a mais grave para frangos e suínos. Existem muitas linhagens com diferentes variedades genéticas e antigênicas que são endêmicas nos suínos e causam redução no crescimento, estimulam a manifestação de infecções secundárias e provocam abortos esporádicos, associados à febre. Os últimos surtos da gripe aviária, no meio-oeste norte-americano em 2015, resultaram em perdas econômicas da ordem de US$ 3 bilhões. O uso de vacinas é considerado aqui como o método de prevenção mais eficiente
para a prevenção e controle da gripe em seres humanos e nos animais (suínos e aves, particularmente), porque estimula a resposta imunológica, especialmente contra a glicoproteína de membrana hemaglutinina (HA), a qual atua como um imunógeno primário. Os novos desenvolvimentos de vacinas estão focados em estimular melhor a proteção cruzada contra as várias cepas do vírus da gripe. Explorando abordagens de primo-vacinações heterólogas para aumentar o controle da influenza (Chong li) Infecções secundárias são frequentes em suínos com influenza. Esse vírus RNA, em sua replicação, acumulou erros que, associados ao elevado número de mutações, deram origem a um grande número de novas cepas nos últimos 20 anos. Essa grande diversidade em seu genoma dificulta o desenvolvimento de vacinas. A isto se acrescenta o fato de que essa variação também está nos níveis local, regional e nacional. O conceito de vacinação primária de reforço (“prime boost”) consiste em apresentar diferentes antígenos para aumentar a magnitude da resposta imune heteróloga, o que não apenas induz uma alta resposta de anticorpos, mas também ativa a resposta das células T CD4. A eficácia de tais vacinas, inativadas ou vivas atenuadas multivalentes contra infecções por vírus influenza H1 e H3, ainda não está totalmente clara. Nos primeiros estudos experimentais, encontrou-se melhor proteção com combinações de cepas heterólogas do que com cepas homólogas.
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Transmissão experimental dos vírus da gripe e da PRRS usando um modelo de porca-enfermeira que imita práticas da sala de parto (Jorge Garrido) As fontes de transmissão do vírus da gripe e do vírus da PRRS, durante a fase de lactação, não estão bem estabelecidas. Em trabalhos anteriores, estudou-se a presença de ambos os vírus na pele das porcas, o que facilitaria a transmissão, além de demonstrar, em um desses trabalhos, que as porcas nutrizes são outra de várias fontes importantes de contágio dos leitões, de ambos os vírus. Posters • O vírus vacinal é excretado, ainda que de modo limitado no tempo. • A vacinação das porcas reduz a mortalidade e a morbidade nos leitões lactentes. • São numerosos os trabalhos sobre o uso de nº 60/2018 | Suínos&Cia
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diferentes vacinas, em circunstâncias diversas, nas condições de granjas norte-americanas onde o problema do vírus da gripe é elevado; em todos eles há resultados positivos, tanto nas matrizes quanto em leitões, ainda que em alguns casos a justificativa econômica se faça duvidosa. • O vírus da gripe é endêmico na Argentina, tendo sido detectado com maior frequência em leitões entre 35 e 60 dias de idade. • O vírus é bem isolado de fluidos orais e são descritas reinfecções frequentes em granjas. Melhorando o uso de antibióticos na saúde animal e humana Amu & Mar – Como vamos entender isso? University of Minnesota (Noelle Noyes) A questão da resistência aos antibióticos adquiriu especial relevância em 2016, com um congresso mundial, ações da União Europeia (JAMRAI - Paris), congresso da EMA/ECDC em Londres, mais de 80 publicações de impacto e 500 mil posts na web reforçando o conceito One Healthy Environmental Antibiotic Resistome, conceito esse envolvendo saúde, ambiente e resistência aos antibióticos (solo, água, atmosfera, animais, pessoas e ecossistemas). O solo é o maior reservatório de organismos resistentes, e o uso de antibióticos aumenta a resistência em todos os reservatórios. A gestão adequada dos reservatórios da resistência (humanos, animais e meio ambiente) é importante para minimizar o risco em humanos. O tamanho dos reservatórios não é proporcional ao grau de transmissão. As principais resistências a antibióticos tratadas nos EUA, tendo em base os animais como reservatórios, referem-se aos microrganismos Clostridium difficile e aos gêneros Enterobacteriaceas (colistina, betalactâmicos), Acinetobacter, Campylobacter, Enterococcos e Salmonella. A Dinamarca continua a ser “o pior cenário”, onde a exposição de casos (100% MRSA) é muito comum entre os funcionários de granjas, e a doença é muito rara, sendo mais rara ainda na população que não tem contato com animais. Portanto, ser proativo no uso e administração de antibióticos, com aplicação responsável, é obrigatório.
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Nutrição – Produção Cruzando fronteiras: ração e alimentos contaminados (Alida Rorenson & Scott Dee) As variáveis da equação para se conhecer o risco de transmissão viral em matérias-primas são o nível de contaminação, o tempo de transporte, a Suínos&Cia | nº 60/2018
Hotel Saint Paul Garden – Market Street persistência do vírus na matéria-prima, a redução da carga viral para mitigação e a capacidade infecciosa. A forma de transporte e armazenamento também está sendo estudada (contêineres, granel, big-bag, silos). A base de dados é a seguinte: os resultados foram comparados com o vírus da Peste Suína Africana, com menos de 20 dias para reduzir o percentual de vírus de 100% para 0,10%. Na mesma linha, foram determinados 30 dias para o vírus da gripe e 10 dias para o vírus da PED. Novidades sobre biosseguridade viral em rações - incluindo FAD’s e mitigação (Scott Dee & Diego Diel) Vírus incluídos na mitigação de matériasprimas são o PRRSv, o vírus da diarreia epidêmica, o vírus da gripe e o senecavírus. As estratégias de redução são baseadas em um modelo transfronteiriço e um teste de contaminação oral em suínos. O desenho experimental concentra-se na farinha de soja, lisina, cloreto de colina e vitamina D, com os vírus mencionados. Nenhum aditivo inativa totalmente os vírus testados. Considerando-se que são trabalhos in vitro, trabalha-se com uma dose simples de contaminação, e a redução na titulação não significa necessariamente que a infecção seja evitada. Estudos futuros são necessários para determinar a eficácia de tais técnicas de mitigação no consumo de ração padrão e em diferentes níveis de contaminação. Devemos selecionar o grupo de produtos mais eficazes na redução da carga viral na ração (ácidos, antioxidantes, ácidos graxos de cadeia média, formaldeído).
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Sede do banco Granjeiros e Mecânicos – Minneapolis
Testes de ração e biosseguridade das rações (Jordan Gebhardt – Kansas State) Conhecer a segurança sanitária da ração é fundamental: se pode veicular agentes infecciosos, quanto tempo eles podem sobreviver, se são infecciosos, como podemos preveni-la e/ou mitigá-la. Então, saber quais as matérias-primas e aditivos que usamos e que podem ter alto ou baixo risco de contaminação por origem (casca de arroz procedente de países com febre aftosa é um alto risco – aminoácidos sintéticos originários de países com boas medidas de segurança têm baixo risco). Conhecer quais os vírus que podem sobreviver em quais matérias-primas já foi descrito por trabalhos anteriores (aquelas com alta proteína natural e muita superfície de contato, como farelo de soja, proteínas de origem animal e microingredientes que fornecem excipientes). A maneira de mitigar esses agentes consiste em mantê-los por um tempo de quarentena, realizar diluições, irradiar e tratar com ultravioleta, utilizar ácidos/álcalis, óleos essenciais, formaldeídos, antioxidantes e ácidos graxos de cadeia média. A melhor estratégia é a exclusão de matérias-primas e ingredientes de alto risco, oriundos de países de alto risco. Intestinos e vermes: entendendo a colite para combater a AMR (Matheus Costa) A presença de disenteria hemorrágica tem aumentado nos últimos anos, desde que foi descoberta em 1921, em muitos sistemas de produção, e a principal bactéria responsável é a Brachispira hyodisenteriae, embora se encontre também, com frequência, a Brachispira hampsoni, e em outras ocasiões, com menor incidência, B. suanatina, B. pilosicoli, B. intermedia, B. murdochii, B. innocens, B. canis, B. aalborgi e Brachispira alvinipulli.
Elas causam um tipo de diarreia hemorrágica com perda de mucosa. Em granjas aparentemente saudáveis encontramos a B. hyodisenteriae, pelo que consta, nem sempre patogênica. Também ao longo do tempo, as bactérias criam resistência aos antibióticos. O custo aproximado por suíno afetado é de US$ 11,70 a US$ 17,50. A OIE, em seu parecer de abril de 2015, relata barreiras técnicas ao desenvolvimento de vacinas eficazes contra essas bactérias. A bactéria coloniza a mucosa do cólon a partir do lúmen intestinal e há diversos fatores determinantes para a sua patogenicidade a este nível, os quais não estão ainda bem definidos como um todo (balanço eletrolítico, fluxo sanguíneo). A diarreia originada é classificada dentro do grupo de diarreias devido à má absorção. Foram realizados estudos experimentais para saber se a microbiota pode ser um fator predisponente à disenteria hemorrágica. Para isso foi analisada a flora microbiana de suínos, antes e depois da inoculação de B. hyodisenteriae, comprovando a existência de variações na população microbiana, modificações na mucosa e uma resposta inflamatória precoce duas horas pós-infecção (tanto com a B. Hyodisenteriae quanto com a B. hampsoni). Uma vez ativada a reação inflamatória pelas citocinas, a síntese de óxido nítrico e citrulina também é ativada. O óxido nítrico provoca necrose da mucosa, com ativação de eosinófilos, o que aumenta a produção de muco e causa o extravasamento sanguíneo, daí a presença de sangue e muco nas fezes.
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Estudos de microbiomas em sistemas de produção de suínos: desafios e oportunidades (Andrés Gómez) A interação entre a microbiota digestiva e a função imunológica está bem demonstrada. Estudos sobre a microbiota de suínos e sua influência nos parâmetros produtivos e na sua saúde estão mudando. A modulação da dieta e do ambiente influenciam na melhoria dos parâmetros produtivos. O estudo de sequências de DNA por novos métodos de sequenciamento genômico e o uso de big data melhoram a taxonomia e permitem analisar tendências da microbiota inter-relacionadas com a saúde do animal. Em uma meta-análise de 20 publicações sobre sequenciamento em suínos, em diferentes partes do intestino, aportam alguns padrões e se identificam algumas bactérias favoráveis, tais como Ruminococcus, Blautia, Alloprevotella, Lactobacillus e Prevotella. No intestino grosso a diversidade de bactérias é maior do que no intestino delgado. Da mesma forma, percebe-se que a flora microbiana digestiva, entre as diferentes fases de produção, é dinâmica de acordo com a idade do suíno, bem como com o setor do seu sistema digestivo. Leitões, no desmame, têm um alto nível de Prevotella e Ruminococcaceae. nº 60/2018 | Suínos&Cia
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As bactérias associadas à digestão de diferentes fontes de carboidratos são variáveis, sendo essa uma das principais formas de estudo. Existem inúmeros projetos de pesquisa com minipigs gnotobióticos e modelos TIM que simulam o sistema digestivo in vitro (semelhante ao modelo SHIME, que simula o ecossistema microbiano intestinal humano). Concluímos, com a necessidade de criar novas hipóteses que gerem novas pesquisas para conhecer melhor a dinâmica microbiana precocemente, antes e depois do desmame, associada a diferentes aditivos e alternativas a antibióticos, novos estudos sobre a interação alimento/microbiota/animal, assim como o desenvolvimento de modelos metagenômicos, metabolômicos e transcriptômicos de análise. Organoides como modelos “in vitro” para estudo de doenças entéricas (Talita Resende) Os modelos animais para estudar a interação entre patógenos e hospedeiros estão bem estabelecidos, com algumas limitações entre diferentes tipos de culturas de células em condições de laboratório. Os organoides são originários de células embrionárias, célulastronco e tecidos primários do fígado, pulmão, cérebro. Esses modelos podem ser aplicados in vivo ou in vitro em 3D e permitem trabalhar com um pequeno número de animais. Os organoides intestinais são os enteroides do intestino delgado e os colonoides do cólon. A morfologia das criptas e das vilosidades intestinais dos referidos organoides é muito semelhante à conformação do próprio intestino. Alguns exemplos de aplicação: replicação viral de rotavírus e norovírus em humanos com susceptibilidade à infecção, modulação celular em Salmonella enterica e Crystosporidium parvum. Existe um projeto para estudar o mecanismo de proliferação celular em criptas de Lawsonia intracellularis, uma vez que no passado, em culturas monocelulares, não foi encontrada nenhuma correlação. Analisam-se diferentes marcadores (Ki67, Muc2), os quais apresentam alterações a partir do terceiro dia pós-infecção em enterócitos de camundongos. O objetivo é fazê-lo em enterócitos suínos caracterizados. É preciso ganhar experiência com essas novas técnicas, in vivo e in vitro, de interação agente/hospedeiro. resen023@umn.edu
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Posters • A microbiota tem grande importância no estabelecimento da infecção. Um trabalho apresentado revelou diferenças na microbiota de suínos infectados vs sadios, frente à Brachispira hyodisenteriae. Suínos&Cia | nº 60/2018
• Em suínos doentes há uma maior diversidade, sobretudo de Anderovorax e Mogibacterium, que também são referência em trabalhos com humanos de casos de síndrome do cólon irritável e de câncer de cólon retal. • As Bifidobacterias e os Streptococcus são considerados flora protetora frente a problemas digestivos. • A inclusão de manano-oligo-polissacarídeos (MOS) em dietas de leitões desmamados reduz a incidência de colibacilose e melhora os rendimentos produtivos, sobretudo o ganho médio de peso diário. • O cobre orgânico em forma de metionina hidroxilo análogo na dose de 150 ppm, 80 ppm e 50 ppm vs sulfato de cobre a 160 ppm, nas três fases de arraçoamento dos leitões, melhora os parâmetros de ganho médio de peso diário, a diversidade da microbiota e a expressão do gene grelina. • A quantidade de micotoxinas presentes no milho nos EUA, entre 2012 e 2017, mostrou uma redução relativa à fumonisina e um aumento significativo referente à zearalenona (ZEN) e ao deoxinivalenol (DON). Estudo do ISU sobre prolapsos em porcas e mortalidade (Jason Ross) A mortalidade de porcas devido a prolapsos de órgãos pélvicos aumentou nos últimos cinco anos na suinocultura norte-americana. O Centro da Indústria de Carne Suína de Iowa (IPIC) iniciou um estudo para conhecer os fatores de risco que estão influenciando este aumento em 104 granjas presentes em 15 Estados, incluindo grandes e pequenas propriedades, num total de cerca de 400 mil criadores relatando a cada semana o número de óbitos de porcas devido a prolapsos ou a outras causas, obtendo, assim, esses dados por cada 1.000 porcas. O percentual médio anual de todas as granjas, em termos de óbitos devido a prolapsos, foi de 3% do plantel, variando de 0,25% a 11% durante as semanas de 6 a 24 de 2018, sendo esta a causa de 23% de todos os casos de mortalidade. A variação sazonal foi muito diversificada. Análises preliminares não mostram correlação com o tamanho da granja, protocolos de indução e assistência ao parto. Foi identificada como uma causa importante a estratégia de alimentação das porcas antes do nascimento, havendo uma maior incidência do problema em porcas com condição corporal ruim no nascimento em comparação com aquelas de condição ótima ou com excesso de peso. Nas granjas em que há tratamento (controle microbiológico) da água de bebida, a incidência foi menor do que naquelas em que não o fazem. Concluiu-se que é necessário continuar analisando mais fatores de risco.
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Parâmetro
Média
Sd
Superior 10%
Inferior 10%
Tamanho da granja/população
2.022
1.747
4.880
472
Taxa de partos (%)
83,73
7,10
90,68
74,61
Taxa repetições (%)
7,02
4,57
12,93
1,75
Tamanho leitegada total
14,22
1,02
15,44
12,76
Total nascidos vivos
12,71
0,98
13,89
11,43
Nascidos vivos/p/ano
28,53
5,26
32,27
23,28
Nascidos mortos
1,08
1,08
1,53
0,67
Mumificados/ leitegada
0,42
0,32
0,80
0,12
Mortalidade lactação
14,69
3,90
19,42
9,61
Idade média desmame - dias
20,71
2,25
22,60
18,58
Desmamados/ leitegada
11,16
0,76
12,05
10,23
Desmamados/por/ano
24,95
3,38
28,65
20,55
Taxa renov/ano (%)
42,31
13,71
58,94
24,18
Mortalidade porcas (%)
10,73
4,27
15,50
6,36
(*) Número de porcas = 687.480 Dados reprodutivos de granjas de suínos - 2017 - EUA Fonte 340 Granjas – Primavera de 2018 www.pigchamp.com Benchmark Published Pontos críticos Reposição Considera-se 20% do registro reprodutivo, sendo o 3º parâmetro na equação de custos de produção, depois de alimentação e mão de obra.
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• A média de marrãs que sequer são inseminadas chega a 6%, mais outro 6,7% de média que depois de inseminadas não chegam a parir (“broken dreams gilts” ou porcas destruidoras de sonhos). • 14% (11 a 17) das porcas de primeiro parto parem < 10 leitões totais. Estas porcas parem uma média de 10,1 nos partos seguintes, enquanto as porcas que no primeiro parto parem 11 ou mais, nos seguintes 5 partos, têm uma média de 13,8 totais. Taxa de mortalidade de porcas • A mortalidade cresceu drasticamente nos últimos dez anos (em 1991 era de 3,1% e em 2017 de 10,73%). • Os meses de maior mortalidade são os de verão. • As baixas por prolapso de reto e útero correspondem a um terço. • As baixas por eutanásia também aumentaram. Futuro
Estádio de futebol americano USBank Viking, na região central de Minneapolis
Os três aspectos considerados de maior importância para os próximos 10 a 15 anos são a opinião dos consumidores, o bem-estar animal e a biosseguridade, seguidos pela proteção ao meio ambiente, a qualidade da carne e a seleção genética. nº 60/2018 | Suínos&Cia
Sumários de Pesquisa
Fatores do plantel reprodutivo associados à influenza em leitões no desmame F. Chamba1; A. Schelkopf2; M. Allerson3; B. Morrison1; M. Culhane1; M. Torremorell1 Department of Veterinary Population Medicine, College of Veterinary Medicine, University of Minnesota, St. Paul, Minnesota/USA; 2Pipestone Veterinary Services, Pipestone, Minnesota/USA; 3Holden Farms Inc., Northfield, Minnesota/USA 1
Introdução
L
eitões em plantéis de reprodutores podem manter, diversificar e transmitir a gripe ao serem desmamados1. Como as granjas de reprodutores desempenham um papel central na disseminação da influenza, é necessário entender melhor quais fatores do rebanho estão associados a ela em leitões no desmame. Neste estudo avaliamos a associação de características do plantel reprodutivo e as práticas de manejo com detecção de influenza em leitões no desmame. Materiais e métodos Um total de 83 granjas de reprodutoras, localizadas no centro-oeste dos EUA, foram voluntariamente inscritas nesse estudo, e os participantes concordaram em compartilhar resultados de testes relativos à gripe e informações sobre o plantel. Foram coletadas amostras mensais dessas granjas, obtidas de esfregaços orais, nasais ou orofaríngeos de leitões antes do desmame. As amostras foram testadas frente ao gene da matriz do vírus da gripe A (IAV), por meio da prova de PCR em Tempo Real (RT-PCR). Uma amostra era considerada positiva uma vez que o valor do limite do ciclo (ct) fosse igual ou menor do que 38. Foi realizada uma pesquisa em cada granja e anotadas informações sobre as características do plantel reprodutivo (tamanho do rebanho, número de funcionários, taxa de reposição de fêmeas, tipo de parto, uso de sistemas de filtragem do ar, número de granjas dentro de um raio de 1,5 a 5 quilômetros, aproximadamente, e segregação de partos) e a respeito das práticas de manejo no plantel reprodutivo (desmame precoce, fechamento de rebanho, protocolo de vacinação contra a gripe suína e tipo de vacina, presença de pessoal com doenças semelhantes à gripe, uso de métodos de triagem de temperatura do pessoal ao entrar na granja e políticas de vacinação dos funcionários contra a gripe). As práticas de manejo relativas às marrãs e aos leitões incluíram o status de gripe na entrada, a vacinação contra gripe suína, a localização da Unidade de Desenvolvimento de Marrãs (GDU, na sigla em inglês), o isolamento antes da entrada, a adoção cruzada de leitões com mais de dez dias de idade e a retenção de leitões no desmame. Os dados foram analisados por meio de modelos de regressão logística mista, ajustados por granja, estações do ano e correlação entre as amostragens.
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Resultados Foram obtidos dados de diagnóstico e dados reprodutivos entre julho de 2011 e março de 2017. Suínos&Cia | nº 60/2018
Das 12.814 amostras analisadas, de 2.989 submissões cada, 72% tiveram origem oral, 20% tiveram origem orofaríngea e 8% tiveram origem nasal. No geral, 23% das amostras e 30% das submissões testadas foram positivas para a gripe. 67 rebanhos de reprodutoras (83% do total) completaram a pesquisa. Todas as granjas vacinadas (58 das 81, ou seja, 72%) relataram o uso de vacinas comerciais inativadas contra a influenza. Entre todos os fatores do plantel avaliados (24), apenas o protocolo de vacinação contra a gripe das porcas e o status de gripe do plantel das marrãs de reposição foram associados a leitões positivos para a gripe no desmame (valores de P = 0,0140 e 0,0001 ─ respectivamente). E os protocolos de vacinação, tanto os anteriores ao parto como os do plantel completo, foram estatisticamente semelhantes (valores de P = 0,4303), e ambos foram estatisticamente melhores do que não vacinar as porcas contra influenza (valores de P = 0,0039). Conclusões e discussão A falta de vacinação de marrãs contra a gripe suína e as leitoas positivas para a gripe na entrada para o plantel resultaram em maior detecção de gripe em leitões no desmame. Efeitos não significativos de fechamento do rebanho, da filtração do ar e da densidade da granja sugerem que a persistência do IAV em rebanhos é comum, complexa e precisa ser mais estudada. Nossos resultados são relevantes para orientar as estratégias de controle da gripe em plantéis de reprodutores. A diminuição da circulação do IAV em suínos pode reduzir a diversidade genética dele, diminuir as perdas na produção e evitar o surgimento de novas cepas com potencial pandêmico. Agradecimentos O presente estudo foi financiado pelo fundo Minnesota Rapid Agricultural Response Fund (RARF) e por produtores que participam do programa de vigilância contra a influenza. Referência Bibliográfica 1. DIAZ, ANDRES, DOUGLAS MARTHALER, MARIE CULHANE, SRINAND SREEVATSAN, MOH ALKHAMIS, MONTSERRAT TORREMORELL. Complete Genome Sequencing of Infuenza A Viruses within Swine Farrow-to-Wean Farms Reveals the Emergence, Persistence, and Subsidence of Diverse Viral Genotypes. Jour Virol : JVI. 00745-17. 2017.
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Identificação de infecção por Mycoplasma hyopneumoniae em um plantel de reprodutores por meio de monitoramento com swab traqueo-brônquico F. Vangroenweghe1; E. Willems2; O. Thas3; D. Maes4 Elanco Animal Health Benelux, Antwerp, Belgium; 2Topigs Norsvin International, Vught, The Netherlands; 3Department of Mathematical Modelling, Statistics and Bio-informatics, Faculty of Bioengineering Sciences, Ghent University, Ghent, Belgium; 4Department of Swine Herd Health and Reproduction, Faculty of Veterinary Medicine, Ghent University, Merelbeke, Belgium 1
Antecedentes e objetivos
M
ycoplasma hyopneumoniae (M hyo), o principal patógeno da pneumonia enzoótica, ocorre em todo o mundo e causa grandes perdas econômicas à suinocultura. O patógeno adere e danifica o epitélio ciliado do trato respiratório. Suínos afetados apresentam tosse crônica, são mais suscetíveis a outras infecções respiratórias e têm desempenho reduzido1. Leitões são infectados com o M hyo durante o período de amamentação e têm se mostrado positivos a partir do desmame2,7. Além disso, uma vez infectados com o M hyo, os animais podem excretar o patógeno durante um longo período de tempo, sendo esperada uma depuração total até, ao menos, 254 dias após a infecção8. Isso indica que as marrãs infectadas podem transportar o M hyo em sua primeira gestação até o seu primeiro ciclo de lactação, infectando, assim, sua leitegada com o referido agente já no início da vida dos leitões. Portanto, programas dedicados a monitorar a condição livre de M hyo foram desenvolvidos por empresas de genética, as quais fornecem reprodutores de alta sanidade para seus clientes finais, principalmente para plantéis multiplicadores que produzem os suínos destinados à criação comercial. A sorologia é a abordagem preferencial para rastrear o Mycoplasma hyopneumoniae, utilizando um teste do tipo ELISA 9-14. No caso de sorologia positiva, outras decisões sobre o estado sanitário da granja e as consequências relacionadas a ele devem ser tomadas com base em testes de confirmação adicionais. Quando um plantel reprodutivo de suínos livre de patógenos específicos (SPF) é infectado com o M hyo, o intervalo para o surgimento de sintomas clínicos é preocupante porque a transferência de reprodutores infectados de forma subclínica para seus clientes constitui um
risco potencial de disseminação da infecção15. O diagnóstico clínico de pneumonia enzoótica pode ser verificado por meio de análise sorológica15. No entanto, nos programas SPF, a prevalência do rebanho frente às infecções por M hyo é baixa, e o valor preditivo positivo de um resultado sorológico diminui progressivamente, com o decréscimo da prevalência do plantel16. Além disso, pesquisas recentes mostraram que o teste ELISA usado atualmente só começa a mostrar soroconversão a partir de 21 dias após a infecção17. E o porcentual de animais soroconvertendo, nos estágios iniciais da detecção do M hyo usando um dos testes ELISA comercialmente disponíveis para essa finalidade, permanece relativamente baixo (16% a 22% aos 21 dias e 35% a 45% aos 28 dias pós-infecção)17, o que requer um número elevado de amostras coletadas dentro de um programa de monitoramento, a fim de detectar com segurança a presença ou a circulação do M hyo dentro do rebanho monitorado.
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No programa SPF dinamarquês a “verificação final” da infecção do plantel causada pelo M hyo é consequentemente realizada pela demonstração da presença do agente9. Um estudo comparativo recente sobre locais de coleta da amostragem diagnóstica para detecção do M hyo mostrou serem os esfregaços laríngeos uma opção confiável para a obtenção precoce do agente, seguido da lavagem bronco-alveolar e dos swabs nasais17. Outras técnicas inovadoras de amostragem, como a coleta de material por meio de swabs tráqueobronquiais (TBS, na sigla em inglês)6,7,18, foram introduzidas em combinação com a detecção do M hyo por PCR (para o isolamento seguro do patógeno, no pulmão de animais infectados). O objetivo do presente relato de caso é mostrar o valor agregado da amostragem coletada por meio do TBS, na confirmação de uma situação duvidosa da soropositividade frente ao M hyo. nº 60/2018 | Suínos&Cia
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Materiais e métodos Descrição de Caso Um agrupamento de duas granjas de reprodutores de alto nível sanitário, na Europa Oriental (2.000 matrizes na granja A; 3.600 marrãs em criação na granja B), resultou negativo para M hyo por 10 anos, tendo sido usado um cronograma padrão de monitoria sorológica (25 amostras por exploração, coletadas duas vezes ao ano). Além de livres de M hyo, as granjas também eram negativas para Pasteurella multocida DNT +, Sarcoptes scabiei var. suis, Hematopinus suis, Brachyspira hyodysenteriae, o vírus da Síndrome Respiratória e Reprodutiva Suína (PRRS, na sigla em inglês) e Actinobacillus pleuropneumoniae. O agrupamento foi positivo para M hyo, comprovado por meio de prova sorológica realizada com ELISA convencional (Idexx™ HerdChek Mhyo ELISA, prova de ELISA indireta do Laboratório IDEXX™). À procura de confirmação com um segundo teste ELISA (ID Screen™ Mycoplasma hyopneumoniae, ELISA indireto; IDVet™ ou BioChek™ Mhyo Ab kit, do Laboratório Bio Chek™), no entanto, as amostras comprovaram, inicialmente, sorologias mais negativas, confirmando, entretanto, a positividade
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em uma fase posterior. Além disso, durante todo o período de monitoria, nenhuma tosse, lesões de necropsia ou lesões no abate puderam ser detectadas, a fim de se obter uma confirmação definitiva sobre o estado sanitário frente ao M hyo. A evolução das razões S/P do primeiro teste ELISA de rastreamento e o percentual de amostras positivas por data de coleta e local de amostragem são apresentados na Figura 1A. Abordagem diagnóstica com TBS Uma vez que o status sanitário das granjas de reprodutoras deve ser confiável para garantir a continuidade do fornecimento de animais saudáveis para as granjas comerciais, outras técnicas, como a TBS, foram utilizadas para confirmar o estado de saúde frente ao M hyo6,7. A coleta de amostras traqueobrônquicas foi realizada como descrito anteriormente6,7: contenção dos leitões com alças nasais; uso subsequente de abridores de boca; inserção de tubo de aspiração (CH12 × 50 cm) na boca, glote até a bifurcação traqueobrônquica; coleta do muco por meio de um movimento suave do cotonete. A ponta do swab foi mantida em um tubo de poliestireno estéril de 10 ml, misturada com 1 ml de solução salina estéril e mantida entre 3°C e 5°C até a análise, realizada dentro de 48 horas após a amostragem. Análise dos swabs traqueobronquiais
Figura 1A: Evolução do percentual de animais positivos (baseado na relação S/P > 0,40) no teste regular de monitoria ELISA (IDEXX™ HerdChek Mhyo ELISA; Laboratório IDEXX™) em ambos: plantel A (granja de matrizes, linha pontilhada, n = 30 por ponto no tempo) e plantel B (granja de criação de marrãs, linha reta, n = 20 por ponto no tempo) Suínos&Cia | nº 60/2018
O material coletado por meio de TBS foi processado em um equipamento M hyo p183 PCR em tempo real19. Resumidamente, o ácido nucleico foi extraído do TBS por meio de um kit de isolamento de DNA/RNA (MagMAX™ Pathogen RNA /DNA Kit, da empresa Life Technologies) e de um processador automatizado de isolamento de ácido nucleico (processador MagMAX™ Express 96, também da empresa Life Technologies), com base na tecnologia de esferas magnéticas. Um microlitro de TBS foi centrifugado por 5 minutos, a 16.000 g, o pellet foi suspenso em 400 μL de tampão de lise, e 400 μL dessa suspensão foi usada como amostra. Se nenhum pellet fosse observável, 300 μL do TBS seriam usados como amostra. A mistura de grânulo e a solução de lise/ligação foram adicionadas. A referida mistura foi transferida para uma placa de 96 poços no processador. O isolamento de ácido nucleico foi realizado de acordo com as instruções do fabricante.
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Os resultados da prova de PCR foram relatados como negativos ou positivos para a presença de M hyo19, e o limite de detecção para o M hyo foi de 10 ng/μL até 2,5 fg/μL. O limite de detecção para o PCR foi validado para TBS, enriquecido com diluições de M hyo cepa J de, pelo menos, 5 fg/μL. Amostragem para determinação da condição de livre da doença Foi determinado um cálculo estatístico para o número mínimo de amostras a serem tomadas para mostrar a condição de liberdade de doença, em ambos os locais (http://epitools.ausvet.com. au), supondo-se que um máximo de 2% dos animais fossem positivos para o M hyo. Com base nesse cálculo, foram coletadas 186 amostras em diferentes idades: leitões entre quatro e oito semanas de idade, marrãs entre 22 e 26 semanas de idade em sua granja de origem e leitoas e porcas no local de reprodução. Análise estatística
amostras de TBS coletadas foram negativas até as oito semanas de idade, mas as marrãs mais velhas (22 e 26 semanas de idade), antes e após a introdução no plantel reprodutivo, mostraram-se M hyo positivas (Figura 1B). Discussão O presente relato de caso demonstrou que o diagnóstico de uma infecção por M hyo em baixa prevalência é difícil de ser concluído quando se utilizam apenas as ferramentas de monitoramento padrão, como observação clínica, sorologia10 e exames no abatedouro para observação de lesões pulmonares típicas1. Então, a coleta de amostras por meio de TBS para confirmar o estado de saúde relativo ao M hyo de um plantel reprodutivo tem criado informações adicionais que auxiliam na tomada de decisões cruciais sobre o manejo sanitário a ser adotado nesse tipo de granja. A análise da cinética da infecção por M hyo baseada na sorologia mostrou uma soroconversão inicial (2014)
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Para determinar a potencial associação entre os animais sorologicamente positivos para M hyo nas granjas A e B, a regressão logística foi usada para uma série de diferentes tempos de latência. A associação mais forte foi selecionada por meio do Critério de Informação de Akaike (AIC, na sigla em inglês), e as estimativas dos parâmetros resultantes e os valores de P foram relatados. Para dar conta da seleção do modelo (selecionando o modelo com o menor AIC), foi implementado um procedimento de bootstrap no qual a variável de resultado (sorologia positiva em B) foi reamostrada para imitar a hipótese nula. Em cada execução de bootstrap (1.000 execuções), o procedimento de seleção do modelo foi aplicado, e a estimativa do parâmetro do modelo ótimo foi mantida. O conjunto de 1.000 estimativas de parâmetros serviu como distribuição nula. Resultados Os resultados da AIC demonstraram uma associação significativamente positiva entre animais sorologicamente positivos para M hyo (percentual positivo) na granja A e na granja B, trinta dias antes (OR = 20,51, IC 95% [1,79; 246,06]; P = 0,0147). As
Figura 1B: Resultados da amostragem de swabs traqueobrônquicos (TBS) de diferentes categorias etárias no plantel de origem (4, 8, 22, 26 semanas de idade; linha reta) e de marrãs mais velhas (27, 31, 35 semanas de idade; linha pontilhada) depois da introdução no plantel de reprodutoras. A figura mostra o percentual de amostras de swabs traqueobrônquicos (TBS) positivo para M hyo, determinado por meio de um teste de nPCR para M hyo nº 60/2018 | Suínos&Cia
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Referências 1. MAES D., SEGALES, J., MEYNS, T., SIBILA M., PIETERS M., HAESEBROUCK F. Review: Control of Mycoplasma hyopneumoniae infections in pigs. Veterinary Microbiology v.126, p. 297–309. 2008. 2. FANO E., PIJOAN C., DEE S., DEEN J. Efect of Mycoplasma hyopneumoniae colonization at weaning on disease severity in growing pigs. Canadian Journal of Veterinary Research v. 71, p. 195–200. 2007.
no plantel de reprodutoras, seguida pelo menos seis meses depois (2015) por uma soroconversão frente ao M hyo nas instalações de criação de marrãs. As amostras coletadas por TBS não revelaram infecção precoce entre quatro e oito semanas de idade. Entretanto, marrãs de criação mais velhas foram detectadas como, pelo menos, parcialmente (10 a 25%) positivas. O estado positivo foi detectado nas leitoas já presentes no próprio plantel, com 100% de positividade a partir da 28ª semana de idade. Essas análises resultaram em uma discussão subsequente sobre planos e cronogramas de eliminação de M hyo, viáveis e adequados para cada granja. Diversas abordagens, com ou sem despovoamento, vêm sendo utilizadas com sucesso em um passado recente20,21. A erradicação do M hyo de um rebanho inclui várias intervenções, como tratamento antimicrobiano, vacinação, manejo “all-in all-out” por compartimento e biossegurança interna geral, medidas que visam a reduzir a pressão de infecção e, finalmente, eliminar o patógeno do rebanho.
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Conclusões
Concluindo, o teste de PCR a partir de amostras de TBS confirmou a presença do M hyo em um plantel que era sorologicamente negativo, ou duvidoso, para a presença do referido agente, sem lesões típicas e sinais clínicos de infecção característicos do M hyo. Esse procedimento permite que o suinocultor implemente práticas adequadas de manejo sanitário para controlar ou eliminar o M hyo do plantel de reprodução. Suínos&Cia | nº 60/2018
3. SIBILA M., NOFRARIAS M., LOPEZSORIA S., SEGALES J., RIERA P., LIOPART D., CALSAMIGLIA M. Exploratory field study on Mycoplasma hyopneumoniae infection in suckling pigs. Veterinary Microbiology v. 121, p. 352–356. 2007. 4. VILLARREAL I., VRANCKX K., DUCHATEAU L., PASMANS F., HAESEBROUCK F., JENSEN J. C., NANJIANI I. A., MAES D. Early Mycoplasma hyopneumoniae infections in European suckling pigs in herds with respiratory problems: detection rate and risk factors. Veterinarni Medicina v. 55, p. 318–324. 2010. 5. FABLET C., MAROIS C., DORENLOR V., EONO F., EVENO E., JOLLY J.P., LE DEVENDEC L., KOBISCH M., MADEC F., ROSE N. Bacterial pathogens associated with lung lesions in slaughter pigs from 125 herds. Research in Veterinary Science v. 93, p. 627-630. 2012. 6. VANGROENWEGHE F.A.C.J., LABARQUE G.L., PIEPERS S., STRUTZBERGMINDER K., MAES D. Mycoplasma hyopneumoniae infections in periweaned and post-weaned pigs in Belgium and The Netherlands: prevalence and associations with climatic conditions. The Veterinary Journal v. 205, p. 93-97. 2015a. 7. VANGROENWEGHE F., KARRIKER L., MAIN R., CHRISTIANSON E., MARSTELLER T., HAMMEN K., BATES J., THOMAS P., ELLINGSON J., HARMON K., ABATE S., CRAWFORD K. Assesment of litter prevalence of Mycoplasma hyopneumoniae in preweaned
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piglets utilizing an antemorten tracheobronchial mucus collection technique and real-time polymerase chain reaction assay. Journal of Veterinary Diagnostic Investigations v. 27, p. 606-610. 2015b. 8. PIETERS M., PIJOAN C., FANO E., DEE S. An assessment of the duration of Mycoplasma hyopneumoniae infection in an experimentally infected population of pigs. Veterinary Microbiology v. 134, p. 261–266. 2009. 9. MORRIS C.R., GARDNER I.A., HIETALA S.K., CARPENTER T.E., ANDERSON R.J., PARKER K.M. Seroepidemiologic study of natural transmission of Mycoplasma hyopneumoniae in a swine herd. Preventive Veterinary Medicine v. 21, p. 323–337. 1995. 10. SØRENSEN V., AHRENS P., BARFOD K., FEENSTRA A.A., FELD N.C., FRIIS N.F., BILLE-HANSEN V., JENSEN N.E., PEDERSEN M.W. Mycoplasma hyopneumoniae infection in pigs: duration of the disease and evaluation of four diagnostic assays. Veterinary Microbiology v. 54, p. 23–34. 1997. 11. ANDREASEN M., NIELSEN J. P., BÆKBO P., WILLEBERG P., BOTNER A. A longitudinal study of serological patterns of respiratory infections in nine infected Danish swine herds. Preventive Veterinary Medicine v. 45, p. 221–235. 2000. 12. MARTELLI P., TERRENI M., GUAZETTI S., CAVIRANI S. Antibody response to Mycoplasma hyopneumoniae infection in vaccinated pigs with or without maternal antibodies induced by sow vaccination. Journal of Veterinary Medicine v. B 53, p. 229-233. 2006.
vaccine at approximately 1 week of age. The Veterinary Journal v.181, p.312-320. 2009. 15. THOMSEN B.L., JORSAL S.E., ANDERSEN S., WILLEBERG P. The Cox regression model applied to risk factor analysis of infections in the breeding and multiplying herds in the Danish SPF system. Preventive Veterinary Medicine v.12, p.287-297. 1992. 16. SØRENSEN V., BARFOD K., FELD N.C. Evaluation of a monoclonal blocking ELISA and IHA for antibodies to Mycoplasma hyopneumoniae in SPFherds. Veterinary Record v.130, p.488490. 1992. 17. PIETERS M., DANIELS J., ROVIRA A. Comparison of sample types and diagnostic methods for in vivo detection of Mycoplasma hyopneumoniae during early stages of infection. Veterinary Microbiology v.203, p.103–109. 2017. 18. FABLET C., MAROIS C., KOBISH M., MADEC F., ROSE N. Estimation of the sensitivity of four sampling methods for Mycoplasma hyopneumoniae detection in live pigs using a Bayesian approach. Veterinary Microbiology v.143, p.238-245. 2010.
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19. STRAIT E.L., MADSEN M.L., MINION F.C., CHRISTOPHER-HENNINGS J., DAMMEN M., JONES K.R., THACKER E.L. Real-time PCR assays to address genetic diversity among strains of Mycoplasma hyopneumoniae. Journal of Clinical Microbiology v.46, p.2491– 2498. 2008.
13. MEYNS T., VAN STEELANT J., ROLLY E., DEWULF J., HAESEBROUCK F., MAES D. A cross-sectional study of risk factors associated with pulmonary lesions in pigs at slaughter. Veterinary Journal v.187, p. 388–392. 2011.
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14. REYNOLDS S.C., ST AUBIN L.B., SABBADINI L.G., KULA J., VOGELAAR J., RUNNELS P., PETERS A.R. Reduced lung lesions in pigs challenged 25 weeks after the administration of a single dose of Mycoplasma hyopneumoniae
21. HEINONEN M., LAURILA T., VIDGREN G., LEVONEN K. Eradication of Mycoplasma hyopneumoniae from a swine finishing herd without total depopulation. The Veterinary Journal v.188, p.110-114. 2011. nº 60/2018 | Suínos&Cia
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Comparação entre amostras coletadas de fluidos orais, swabs ambientais e pool de fezes para detecção de Brachyspira spp. em suínos W.Webb1, BS; H. Warneke2, MS; J. Seate3, DVM; R. Jones4, DVM; A. Scheidt3, DVM, MS; P. Gauger2,5, DVM, MS, PhD; K. Harmon2,5, PhD; E. Burrough2,5, DVM, PhD, Diplomate ACVP 1 College of Veterinary Medicine, Iowa State University, Ames, Iowa; 2Veterinary Diagnostic Laboratory, Iowa State University, Ames, Iowa; 3Boehringer Ingelheim Vetmedica, Inc.; 4Livestock Veterinary Services, Kingston, North Carolina; 5Veterinary Diagnostic and Production Animal Medicine, Iowa State University, Ames, Iowa Introdução
B
rachyspira spp. são espiroquetas anaeróbias que colonizam o intestino grosso de muitas espécies, incluindo humanos e suínos. Existem outras cepas reconhecidas de Brachyspira que colonizam os suínos, incluindo três espécies capazes de causar disenteria suína (B. hyodyeseriae, B. hampsonii e B. suanatina), além do agente da espiroquetose intestinal suína (B. pilosicoli)1-3. As Brachyspira são classificadas como forte e fracamente beta-hemolíticas, sendo as espécies fortemente hemolíticas, como a B. Hyodysenteriae, consideradas mais virulentas4. Todos os agentes conhecidos da disenteria suína (SD, na sigla em inglês) são fortemente beta-hemolíticos. Essas bactérias colonizam tipicamente as criptas do cólon e do ceco, afetando as células caliciformes, as quais passam a produzir uma quantidade excessiva de muco. Esse fenômeno é conseguido por meio da quimiotaxia e da motilidade dos flagelos, acionadas para penetrar no muco1,2. O sinal clássico da SD, a diarreia muco hemorrágica, é o resultado de fatores citotóxicos produzidos pelas bactérias, os quais causam necrose do epitélio colonizador superficial e alteram a excreção do muco. Embora
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vários fatores estejam provavelmente envolvidos nesse processo, a hemolisina codificada pelo gene tly A tem se mostrado impactante com relação à virulência5. As Brachyspira spp. são especialmente difíceis de cultivar e isolar porque são anaeróbias e de crescimento lento. Um cuidado especial deve ser tomado ao coletar, transportar e cultivar amostras para manter a viabilidade das bactérias. Especificamente, as amostras devem permanecer frias e úmidas antes da cultura1. As amostras são tipicamente cultivadas em ágar-sangue especial, o qual contém antibióticos (espectinomicina, colistina e vancomicina) para inibir e prevenir o crescimento excessivo de outras bactérias fecais6. Outros métodos estão sendo desenvolvidos num esforço para se aumentar a velocidade e a confiabilidade no diagnóstico da SD, incluindo ensaios de reação em cadeia da polimerase em tempo real (PCR) e outros testes sorológicos, como ensaios imunoenzimáticos (ELISA). Atualmente, o PCR é o mais utilizado entre os dois, pois os testes sorológicos têm menor especificidade, e os de ELISA, particularmente, são mais úteis para a identificação de plantéis infectados e/ou expostos ao agente1. O objetivo do presente estudo foi comparar testes laboratoriais de rotina para a Brachyspira spp. realizados no Laboratório de Diagnóstico Veterinário da Universidade Estadual de Iowa (VDL/ISU, na sigla em inglês), a partir de três tipos de amostras coletadas: fluidos orais, esfregaços ambientais e pool de fezes. Nesse comparativo procurou-se determinar também a sensibilidade diagnóstica associada e a especificidade da cultura direta e do PCR nessas amostras para a detecção de baias de suínos infectadas com agentes causadores da disenteria suína. Materiais e métodos Amostras As amostras foram coletadas de sete granjas de terminação na Carolina do Norte/EUA, no período de 12 de junho a 19 de julho de 2017. As granjas eram historicamente positivas para os agentes da
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SD (mas, atualmente, assintomáticas) ou estavam apresentando sinais clínicos de SD ou eram historicamente negativas. De cada granja foram coletadas amostras de fluido oral, esfregaços ambientais e pools fecais de dez baias separadas. As amostras coletadas foram despachadas durante a noite para o VDL/ISU e processadas no dia seguinte. Amostras de fluido oral foram coletadas rotineiramente por meio de cordas de algodão, penduradas em cada baia e mantidas ali por algumas horas, acondicionadas posteriormente em um tubo com tampa de rosca. Amostras do ambiente foram coletadas rotineiramente por meio da superfície de botas de pano, vestidas sobre o calçado do indivíduo coletor, enquanto o mesmo caminhava pelas baias. Uma vez removidas, essas botas foram ensacadas em embalagens plásticas, cuja boca foi mantida amarrada. No laboratório, foram adicionados 10 ml de soro fisiológico fosfatado (PBS) às referidas embalagens plásticas, o tecido em seu interior foi espremido manualmente e o líquido resultante foi coletado. Fezes em forma de pool foram coletadas por meio de uma colher plástica (material proveniente de cinco amostras de fezes anormais ─ coleta direta ─ ou soltas na mesma baia) em um único saco plástico com zíper. Cultura direta Para o processamento das amostras foram feitos swabs de cada amostra composta com um swab único de rayon estéril, acondicionado em Starplex Modfied Liquid Stuart. No laboratório, essas novas amostras foram plaqueadas em dois meios distintos: placas de sangue bovino tripticase-ágar de soja a 5%, contendo colistina, vancomicina e espectinomicina (CVS) ou colistina, vancomicina, espectinomicina, espiramicina e rifampina (CV2SR)6. As placas foram incubadas anaerobicamente a 41 ± 1 graus Celsius por 48 horas. Após a incubação inicial, foram verificadas quanto à evidência de hemólise forte/suspeita de colônias de Brachyspira a cada dois dias e reincubadas por até seis dias. Os suspeitos foram redistribuídos para novas placas de CVS ou CV2SR para isolamento. A identificação das espécies suspeitas de Brachispyra foi feita por meio de espectrometria de massa de dessorção a laser/tempo de ionização, assistida por matriz (MALDI-TOF MS). As colônias isoladas foram extraídas, como previamente descrito, antes de MALDI-TOF MS7, e uma pontuação de 2,00 foi usada como um valor de corte para a identificação confiável de espécies. PCR No processamento das amostras, swabs obtidos a partir de fezes coletadas em botas de pano foram lavados em um tubo de tampa de encaixe contendo aproximadamente 0,9 ml de PBS.
Após o processamento inicial, aproximadamente 1,0 ml do fluido coletado por via oral foi usado para o teste de PCR. Essa alíquota foi encaminhada à Seção de Diagnóstico Molecular do VDL/ISU para a extração de ácido nucléico de rotina e a realização de uma prova duplex de PCR em tempo real (B. hyodysenteriae ou B. hampsonii). Para cada Brachyspira spp., o PCR teve como alvo duas sequências gênicas, nox e tlyA, e um valor de Ct abaixo de 35 ciclos para ambos, nox e tlyA, foi considerado positivo para ambas as espécies. Enriquecimento Foi criado um meio de enriquecimento utilizando-se caldo de soja tripticase (TSB, Becton, Dickinson and Company, Sparks, MD) contendo os mesmos antibióticos que o CV2SR para os rebanhos A-C. As amostras dos rebanhos B-C também foram enriquecidas em caldo de infusão de cérebro e coração (BHI, Oxoid Ltd, Hants, UK) contendo os mesmos antibióticos. Caldo BHI contendo os mesmos antibióticos e 10% de soro fetal de bezerro (GE Healthcare Life Sciences, Hyclone Laboratories, Logan, UT) foram usados para os rebanhos D-G. 8,0 ml de caldo preparado foi dispensado em tubos estéreis individuais de tampa de pressão. No processamento da amostra, uma porção de cada amostra foi adicionada ao caldo TSB ou BHI. Aproximadamente 0,5 ml de fluido oral, fluido ambiental coletado em botas de pano e 1,0 grama de fezes foram adicionados para separar tubos de 8,0 ml de caldo preparado. As amostras enriquecidas em TSB e BHI, sem soro fetal de vitelo (rebanhos A-C), foram incubadas anaerobicamente a 41 ± 1 grau Celsius durante 48 horas. Amostras enriquecidas dos rebanhos D-G foram incubadas anaerobicamente a 37 ± 1 graus Celsius por 48 horas e agitadas a 115 rotações por minuto. Após 48 horas, os swabs foram retirados do caldo de enriquecimento de todas as amostras e foram plaqueados para cultura de Brachyspira, como descrito anteriormente. Uma alíquota de cada amostra de enriquecimento foi encaminhada para a Seção de Diagnóstico Molecular do VDL/ISU para extração rotineira de ácido nucleico e realização do PCR duplex, como descrito também anteriormente.
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Análise estatística Um teste exato de Fisher foi usado para comparar a frequência de detecção por cada ensaio para cada tipo de amostra e uma ANOVA unidirecional foi usada para comparar os valores médios de PCR Ct. Um teste de classificação de sinais de Wilcoxon foi usado para comparar as diferenças nos valores de PCR Ct para pares de amostras diretos e enriquecidos. Foi utilizado um pacote estatístico so & ware comercial para todas as análises (JMP Pro 11, SAS, Cary, NC) e P: 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. nº 60/2018 | Suínos&Cia
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Os coeficientes Kappa são relatados e interpretados da seguinte forma: valores > 0,8 sugerem excelente concordância; 0,6 a 0,79 sugere acordo substancial; de 0,4 a 0,59 é acordo justo e < 0,4 indica pobre ou nenhum acordo.
PCR
Resultados Cultura direta vs. PCR Duas das sete granjas de terminação, Plantel D e Plantel G, foram negativas para todas as amostras submetidas aos meios de cultura tradicionais e aos ensaios de PCR para B. hyodysenteriae. Nenhuma das amostras submetidas foi positiva para B. hampsonii ou B. suanatina na cultura ou no PCR. O estado clínico dos rebanhos utilizados neste estudo está apresentado na Tabela 1. Tabela 1. Resumo do estado clínico por plantel
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tipos de amostras para serem negativos, tanto na cultura quanto no PCR, enquanto as amostras fecais na forma de pool são mais propensas a serem positivas para a cultura.
Plantel
Estado clínico
A
Doença ativa
B
Doença ativa
C
Doença ativa
D
Doença subclínica
E
Doença ativa
F
Doença ativa
G
Negativo
Os valores médios de PCR nox Ct, resumidos na Figura 1, foram menores no pool de amostras fecais (média: 35,60 ± 4,96) quando comparados aos fluidos orais (média: 37,53 ± 3,01) e aos swabs ambientais (média: 36,20 ± 3,97). A diferença entre o pool de fezes e os fluidos orais foi estatisticamente significativa (P = 0,02). Nenhuma significância estatística foi detectada entre os valores médios de Ct de fluidos orais e swabs ambientais (P = 0,13) ou pool de fezes e swabs ambientais (P = 0,66). Da mesma forma, as pontuações de tlyA Ct resumidas na Figura 2. mostram que os fluidos orais tiveram a pontuação média mais alta (média: 37,01 ± 3,35). As fezes em pool novamente foram significativamente menores (média: 35,16 ± 5,35) em comparação com os fluidos orais (P = 0,04). O valor médio de Ct dos swabs ambientais (média: 35,63 ± 4,35) foi quase o mesmo que o do pool de fezes (P = 0,81). Especificidade diagnóstica e sensibilidade
Uma tabela composta de todos os tipos de amostras, com cultura direta e resultados de PCR, está resumida na Tabela 2. A probabilidade de se obter um resultado positivo em ambos os testes é significativamente mais provável do que um resultado positivo na cultura e negativo no PCR (P < 0,01). A análise do grau de concordância mostrou concordância substancial entre a cultura direta e o PCR, em todos os tipos de amostras (coeficiente Kappa = 0,76), e os resultados dos pools de fezes mostraram excelente concordância (coeficiente Kappa = 0,83). Os resultados das amostras coletadas no ambiente apresentaram um coeficiente menor, mas com excelente concordância entre cultura e PCR (coeficiente Kappa = 0,80). Os fluidos orais, porém, apresentaram apenas concordância justa entre cultura e PCR (coeficiente Kapa = 0,50). A frequência de detecção por cultura seletiva ou PCR por tipo de amostra foi significativamente diferente (P < 0,01 e P = 0,04, respectivamente). Os fluidos orais são mais suscetíveis do que outros
Uma baia foi considerada positiva quando qualquer tipo de amostra dessa baia foi positiva por qualquer doseamento, a fim de determinar a especificidade do diagnóstico e a sensibilidade do pool de fezes, fluido oral e cultura ambiental, mais a prova do PCR para determinar o status da baia, conforme relatado na Tabela 3. Os testes utilizados neste estudo são ensaios de rotina no VDL/ISU e foram considerados 100% específicos na detecção de positivos. Quando comparada à cultura fecal, a prova do PCR fecal foi a mais sensível (92,11% e 76,32%, respectivamente). O PCR fecal teve o segundo maior valor preditivo de um resultado de teste negativo dos três tipos de amostras compostas testadas (78,05%) quando comparado com a cultura fecal (91,43%). A cultura do fluido oral foi o teste diagnóstico menos sensível nessa comparação (23,68%). A cultura ambiental e o PCR foram similarmente sensíveis (52,63% e 63,16%, respectivamente). O valor preditivo de um resultado de teste negativo foi menor para fluidos orais e swabs ambientais do que para cultura fecal e PCR.
Tabela 2. Resumo dos resultados comparando cultura vs. PCR nos tipos de amostras. Tipos de Amostra
Suínos&Cia | nº 60/2018
Fezes (pool)
Ambiente
Fluidos orais
Total
Cultura de B. hyodysenteriae
Pos.
Neg.
Pos.
Neg.
Pos.
Neg.
Pos.
Neg.
B. hyodysenteriae
29
0
19
5
7
8
55
13
PCR
6
35
1
45
2
53
9
133
Sumários de Pesquisa
Figura 1. Ensaio de PCR dos escores Ct da sequência do gene nox da B. hyodysenteriae por tipo de amostra. Diamantes verdes refletem a média e o intervalo de confiança de 95%
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Figura 2. Ensaio de PCR dos escores Ct da sequência do gene tlyA da B. hyodysenteriae por tipo de amostra. Os diamantes verdes refletem a média e o intervalo de confiança de 95% Cultura de enriquecimento e PCR Todas as amostras de enriquecimento dos plantéis A e C foram negativas para cultura. As amostras dos plantéis D e G foram negativas para B. hyodysenteriae, com e sem enriquecimento do meio. Para os plantéis F e E, o enriquecimento resultou em 7/20 amostras ambientais, 13/20 amostras de pool fecal e 2/20 fluidos orais, positivas por cultura. A cultura após enriquecimento para o plantel E apresentou excelente concordância para os três métodos de coleta quando comparada à cultura de amostras diretas (coeficiente Kappa =
0,92). No entanto, o plantel F mostrou pouca ou nenhuma concordância entre as culturas, com e sem enriquecimento (coeficiente Kappa = 0,37). Uma amostra fecal agrupada do plantel F testada resultou negativa por cultura seletiva e PCR, sem enriquecimento, mas resultou positiva em cultura após o enriquecimento. Os resultados para PCR visando a sequências de genes nox e tlyA mostraram um aumento nos valores médios de Ct para o pool fezes com enriquecimento para os plantéis D e G (média: 36,78 ± 4,79 e 36,35 ± 5,42, respectivamente), quando comparado ao valor médio de Ct para o pool de nº 60/2018 | Suínos&Cia
Sumários de Pesquisa
Tabela 3. Especificidade diagnóstica e sensibilidade para determinar o status da baia, por teste de diagnóstico e tipo de amostra Tipos de Amostra Teste de Diagnóstico
Especificidade
Sensibilidade
PV+
PV-
Cultura - Fecal
100%
92,11%
100%
91,43%
Cultura - Fluido oral
100%
23,68%
100%
52,46%
Cultura - Ambiental
100%
52,63%
100%
64,00%
PCR - Fecal
100%
76,32%
100%
78,05%
PCR - Fluido oral
100%
39,47%
100%
58,18%
PCR - Ambiental
100%
63,16%
100%
69,57%
PV+ = valor preditivo de um teste positivo PV- = valor preditivo de um teste negativo fezes sem enriquecimento (média: 35,60 ± 4,96 e 35,16 ± 5,35, respectivamente). Esse padrão também foi observado em ambas as sequências de genes com amostras orais e ambientais. No geral, houve uma diferença média significativa para as sequências de genes nox (0,64 e P < 0,01) e tlyA (0,47 e P < 0,01) entre os tipos de amostra. Discussão e conclusão Este estudo confirma que a cultura seletiva tradicional de fezes é a ferramenta diagnóstica mais sensível para identificar agentes de SD no nível da baia, o que é consistente com estudos anteriores8, mostrando que a cultura é mais sensível que o PCR para os agentes causadores da SD. Além disso, este estudo também revela que o agrupamento (pool) de cinco amostras de fezes anormais não reduz significativamente a sensibilidade de detecção, uma vez que as fezes agrupadas produziram a maior sensibilidade diagnóstica por cultura. Os resultados deste estudo também sugerem que o PCR fecal é a melhor opção seguinte, o que é significativo, dado que as fezes são conhecidas por abrigar organismos Brachyspira viáveis por até uma semana à temperatura ambiente3. A perda de viabilidade durante o transporte para o laboratório é sempre uma preocupação com relação à Brachyspira spp., e ensaios de PCR são robustos para enfrentar este tipo de problema. Um padrão semelhante é visto com swabs ambientais, que são predominantemente fezes e detritos do piso das baias. Embora os fluidos orais tenham demonstrado ser um tipo de amostra eficaz para cultura em estudos experimentais9, a diferença entre resultados positivos com fluidos orais e os outros dois tipos de amostras compostas no presente estudo, particularmente cultura fecal, sugere que a composição de fluidos orais não é ideal para sustentar agentes de SD durante o transporte de amostras para diagnóstico no laboratório. Os valores médios de PCR Ct e a análise de médias para proporção indicam ainda que os fluidos orais são mais prováveis de serem os mais negativos entre os três tipos de amostras, tanto
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por cultura como por PCR. No entanto, estes dados revelaram dois casos em que a PCR do fluido oral foi positiva, enquanto a cultura fecal foi negativa, um caso no plantel B e outro no plantel C, sugerindo que o organismo pode ter se inviabilizado nas fezes. Isso não seria inesperado, dadas as temperaturas elevadas que provavelmente ocorreram durante o transporte para o laboratório, em julho. O baixo valor preditivo de testes negativos para fluidos orais e amostras ambientais indica uma probabilidade relativamente alta de resultados falsamente negativos, se apenas um tipo de amostra for submetida à PCR, sem a cultura fecal para confirmar. Assim, testes paralelos envolvendo PCR para detectar espiroquetas não viáveis e cultura para detectar baixos níveis de Brachyspira spp. são a abordagem mais sensível para detecção de agentes de SD. O meio de enriquecimento foi ajustado durante o estudo depois que todas as amostras dos três primeiros plantéis foram negativas para a cultura após o enriquecimento. Depois de ajustar o meio para a adição de soro de bezerro e incubação à baixa temperatura, 48 horas de enriquecimento antes da cultura não melhoraram significativamente a frequência de detecção por cultura para qualquer um dos tipos de amostra. No entanto, uma amostra fecal coletada do plantel F foi positiva, em cultura somente, após o enriquecimento, sugerindo um baixo número de microrganismos presentes na amostra original e a manutenção deles no meio de enriquecimento. Amostras plaqueadas levaram a um supercrescimento de bactérias contaminantes e houve mais dificuldade para se isolar a Brachyspira spp. O enriquecimento por 48 horas não diminuiu os valores de PCR Ct nas fezes ou entre os tipos de amostras, o que sugere ainda que as bactérias não cresceram no meio de enriquecimento. No entanto, dados aos valores de Ct de enriquecimento aumentados para todos os tipos de amostras, a alteração pode sugerir a diluição do DNA enviado para PCR. Mais estudos são necessários para determinar se um meio de enriquecimento alternativo melhoraria a sensibilidade diagnóstica do ensaio de PCR usado neste relatório.
Sumários de Pesquisa
Em resumo, os resultados deste estudo demonstram que a prova do PCR em fezes agrupadas na forma de pool é uma ferramenta de diagnóstico adicional interessante para identificar casos positivos de SD com um forte valor preditivo positivo; no entanto, a cultura fecal permanece importante para confirmar os resultados negativos do PCR. O significado clínico deste estudo é o potencial para o monitoramento de plantéis sem evidência de SD por PCR, utilizando swabs fecais ou ambientais; no entanto, o baixo valor preditivo negativo dos fluidos orais neste estudo sugere que esse tipo de amostra não é aceitável para a vigilância, a menos que seja feito em conjunto com culturas seletivas de fezes. Portanto, este estudo confirma a cultura fecal como uma ferramenta diagnóstica essencial para determinar a presença ou ausência de isolados fortemente beta-hemolíticos de B. hyodysenteriae e para a vigilância com relação a outros agentes da SD.
Referências 1. BURROUGH, E R. Swine Dysentery: Etiopathogenesis and Diagnosis of a Reemerging Disease. Veterinary Pathology, v. 54, p.22-31. 2017. 2. HAMPSON, D J; NAGARAJA, T G; KENNAN, R M; ROOD, J L. Gramnegative anaerobes. In: Gyles, C L; Prescott, J F; Songer, J G; Thoen, C O. editors. Pathogenesis of Bacterial Infections of Animals. 4 ed. WileyBlackwell. p. 521 – 522. Ames, IA. 2010. 3. HAMPSON, D. Brachyspiral colitis. In: Zimmerman, J J; Karriker, l A; Ramirez, A; Schwartz, K J; Stevenson, G W. editors. Diseases of Swine. 10 ed. Wiley-Blackwell. p. 680 – 696. Ames, IA. 2012. 4. BURROUGH, E R; STRAIT, E L; KINYON, J M et al. Comparative virulence of clinical Brachyspira spp. isolates in inoculated pigs. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation. v. 24, p. 10251034. 2012. 5. TER HUURNE, A A; MUIR, S; VAN HOUTEN, M; VAN DER ZEIJST, B A; GAASTRA, W; KUSTERS, J G. Characterization of three putative Serpulina hyodysenteriae hemolysins. Microbial Pathogenesis v. 16, p.269– 282. 1994.
6. STANTON, T. Isolation and Maintenance of Brachyspira species. Current Protocols in Microbiology. v. 12D, p. 111-114. 2011. 7. WARNEKE, H; KINYON, J; BOWER, L; et al. Matrix-assisted laser desorption ionization time-of-light mass spectrometry for rapid identification of Brachyspira species isolated from swine, including the newly described “Brachyspira hampsonii”. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation. v.26 n.5, p. 635-639. 2014.
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8. WILBERTS, B L; WARNEKE, H L; BOWER, L P; KINYON, J M; BURROUGH, E R. Comparison of culture, polymerase chain reaction, and fluorescent in situ hybridization for detection of Brachyspira hyodysenteriae and “Brachyspira hampsonii” in pig feces. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation. v. 27, n.1, p. 41-46. 2015. 9. WILBERTS, B L; ARRUDA, P H; KINYON, J M; FRANA, T S; WANG, C; MAGSTADT, D R; MADSON, D M; PATIENCE; J F; BURROUGH, E R. Investigation of the impact of increased dietary insoluble fiber through the feeding of distillers dried grains with solubles (DDGS) on the incidence and severity of Brachyspira-associated colitis in pigs. PLoS One. v. 9, n.12, e114741. 2014. nº 60/2018 | Suínos&Cia
Recursos Humanos
C
A Assembleia
ontam que numa carpintaria houve uma vez uma estranha assembleia. Foi uma reunião de ferramentas para ajustar suas diferenças. O martelo exerceu a presidência, porém, a assembleia o notificou que tinha que renunciar. A causa? Fazia demasiado ruído! E, ademais, passava o tempo todo golpeando e fazendo barulho. O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso; disse que tinha que dar muitas voltas para que servisse para alguma coisa. Diante do ataque, o parafuso também aceitou, porém, por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Fez ver que era muito áspera em seu trato e sempre tinha atritos com os demais.
E a lixa ficou de acordo, com a condição de que fosse expulso o metro, que sempre passava medindo os demais segundo sua medida, como se fora o único perfeito.
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Nesse momento, entrou o carpinteiro, pôs o avental e iniciou seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso. Finalmente, e após horas de trabalho, a
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grosseira madeira inicial se converteu num lindo móvel. Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembleia retomou a deliberação. Foi então quando tomou a palavra o serrote e disse: “Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, porém, o carpinteiro trabalha com nossas qualidades. Isso é que nos torna valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos negativos e nos concentremos na utilidade dos nossos pontos positivos”. A assembleia, então, chegou à conclusão de que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para afinar e limar asperezas e o metro era preciso e exato. Sentiram-se, então, uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade. Sentiram-se orgulhosos de suas forças e de trabalharem juntos. O mesmo ocorre com os seres humanos. Autor desconhecido
Recursos Humanos
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Dica de Manejo
Manejo na Maternidade
A
maternidade é um dos setores da granja que apresenta dois distintos objetivos: o primeiro relaciona-se com a porca, e o segundo, com os leitões. A porca deve entrar na maternidade com saúde e boa condição corporal para parir muitos leitões e alimentá-los adequadamente até o desmame, sem que esse evento comprometa
sua saúde e condição corporal durante todo o período que envolve o parto, a lactação e o desmame. Os leitões devem nascer vivos, uniformes e com vitalidade para desmamálos pesados, fortes e saudáveis. Dessa forma, faz-se necessário conhecer suas necessidades e fornecer adequadas condições tanto para as porcas como também para seus leitões.
QUANTO À FISIOLOGIA: Porca durante a gestação - Temperatura corporal = 38,7ºC - Temperatura corporal um dia antes do parto = 38,7ºC - Frequência respiratória = 13 a 18 movimentos por minuto - Frequência de pulso = 70 a 80 batimentos por minuto
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Porca durante a lactação - Temperatura corporal = 39,3ºC - Frequência respiratória = 15 a 22 movimentos por minuto - Frequência de pulso = 70 a 80 batimentos por minuto
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Dica de Manejo
Leitão ao nascer - Temperatura corporal = 39ºC - Frequência respiratória = 50 a 60 movimentos por minuto - Frequência de pulso = 200 a 250 batimentos por minuto
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Leitão durante a lactação - Temperatura corporal = 39,2ºC - Frequência respiratória = 25 a 40 movimentos por minuto - Frequência de pulso = 90 a 100 batimentos por minuto
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Dica de Manejo
INDICADORES DE ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS Na porca: - Perda de apetite ou não comem - Perda de peso - Não levantam - Letargia e apatia - Claudicam ou mancam - Cerdas longas - Pele amarelada ou cianótica - Palidez - Pobre produção de leite - Constipação - Febre - Aborto
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No leitão: - Flanco vazio - Cabeça baixa - Orelhas caídas - Apáticos - Cerdas arrepiadas e sem brilho - Não brinca, permanece isolado de seus companheiros - Tremores - Focinho seco e desidratado - Cauda caída
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Dica de Manejo
CONDIÇÕES DE CONFORTO PARA RECEPÇÃO DE PORCAS E LEITÕES Instalações: - Devidamente limpas e secas - Previamente lavadas, desinfetadas e dedetizadas
Temperatura de conforto ambiental: Porca = 22ºC Leitões = 30ºC Nível de variação = 3ºC 67
CONDIÇÕES IMPRESCINDÍVEIS NO MOMENTO DO PARTO Para porcas: - Temperatura adequada - Ambiente limpo e seco - Água de bebida em abundância, limpa e fresca
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Dica de Manejo
Para os leitões recém-nascidos: - As instalações devem permanecer sempre limpas e secas - Manter temperatura ambiente de 30ºC, fornecida por meio de uma fonte de calor (aquecedor e cama de papel) - Disponibilizar mama e mamilo para que haja consumo de colostro nas primeiras horas de vida
CONDIÇÕES IMPRESCINDÍVEIS DURANTE A LACTAÇÃO
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Para porcas: - Adequada temperatura - Ambiente com conforto, sempre limpo e seco - Bebedouros limpos, com água de bebida em abundância, potável e fresca - Comedouros limpos e secos, com alimento à vontade e de boa qualidade
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Dica de Manejo
Para os leitões: - Temperatura adequada - Ambiente com conforto, livre de correntes de ar, limpo e seco - Bebedouro sempre limpo, com disponibilidade de água potável e fresca. - Comedouros limpos e secos, com alimento fresco e de boa qualidade. - Servir o alimento sempre em pequenas porções para estimular o consumo e evitar desperdícios
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Conclusão Para se obter excelência nos resultados de maternidade e atingir os objetivos de produzir muitos leitões, com saúde, fortes e uniformes, e desmamar porcas saudáveis com eficiência na lactação e boa condição corporal, é fundamental conhecer a fisiologia e o comportamento da porca e de seus leitões, adotando manejos essenciais de acordo com suas necessidades e prioridades. Elaborado por: Maria Nazaré Lisboa Mirela Zadra
Fotos cedidas por: Carlos Piñeiro (Pig Champ Pro Europa) Maria Nazaré Lisboa (Consuitec) Joan Sanmartin (OPP)
Referência Bibliográfica Pesquisada: Deseases of Swine, 10ª edição, 2012. nº 60/2018 | Suínos&Cia
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Alternativa natural em benefício da saúde intestinal dos suínos Por: Departamento Técnico Vetanco do Brasil
A
suinocultura brasileira está evoluindo constantemente para se tornar mais competitiva e menos flutuante economicamente. Os produtores de carne suína e seus derivados buscam novas tecnologias para melhorar a eficiência produtiva e atender o mercado consumidor, que está em busca de alimentos produzidos cada vez mais de forma natural. O fator sanidade é um ponto-chave para a melhoria dos parâmetros produtivos, pois, além de impactar diretamente neles, é possível executar rápidas ações estratégicas e práticas sanitárias que podem corrigir e reverter um cenário negativo. A saúde intestinal dos suínos Um intestino saudável não é apenas importante para o crescimento e o desenvolvimento dos suínos devido às funções de secreção e absorção, mas também porque ele forma o maior órgão imunitário, sendo a primeira resposta perante os microrganismos ali existentes. A saúde geral dos suínos, e particularmente a saúde intestinal, encontra-se permanentemente na busca pelo equilíbrio entre a microbiota benéfica e a patogênica. Entende-se por microbiota o conjunto de microrganismos que habitam um sistema, neste caso o intestino. A microbiota benéfica fornece três níveis de proteção contra a infecção entérica, como ilustrado na Figura 1.
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I - Microbiota comensal compete pelos nutrientes, limitando a ação dos agentes patogênicos; II - Presença de mucina, imunoglobulina A (IgA) e peptídeos antimicrobianos (AMPs) que previnem o contato dos agentes patogênicos com a mucosa do hospedeiro; III - Melhor resposta imunitária da mucosa intestinal. Quando a microbiota está reduzida, há menos concorrência, menos resistência da barreira e menos defesa imunitária contra a invasão de agentes patogênicos. Este desequilíbrio recebe o nome de disbiose. Existem alguns fatores responsáveis pelo rompimento deste equilíbrio, dentre os quais podemos citar as situações de estresse, a presença de toxinas, alimentação de má qualidade ou desequilibrada e o próprio uso descontrolado de antimicrobianos. Como resultado desta disbiose, teremos um processo inflamatório que lesiona as células do epitélio intestinal (enterócitos) e enfraquece a ligação que existe entre uma célula e outra (tightjunction). Desta forma, as funções celulares ficam comprometidas, diminuindo a absorção de nutrientes e as defesas do organismo e piorando significativamente os índices zootécnicos de interesse. Na Figura 2, está demonstrada a ação dos fatores estressantes, resultando em lesão celular e o consequente acesso à circulação sanguínea. Segundo Jensen &Boye (2005), as principais enfermidades entéricas na fase de crescimento e terminação são a disenteria suína, colite espiroquetal e enterite proliferativa, causadas pelos agentes Brachyspira hyodisenteriae, Brachyspira pilosicoli e Lawsonia intracellularis, respectivamente.
Figura 1: Comparativo microbiota sã x microbiota reduzida. Khosravi e Mazmanian, CurrentOpinion in Microbiology 2013, 16:221-22. Suínos&Cia | nº 60/2018
Atualmente, observa-se no campo uma redução da eficácia dos tratamentos antimicrobianos químicos e um rápido retorno ao quadro clínico da doença. É preocupante esta situação, já que os problemas entéricos têm sido cada vez mais frequentes e há poucas alternativas antimicrobianas viáveis de tratamento que tenham eficácia a um custo aceitável.
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Figura 2: Lesão do epitélio intestinal Outro fato importante no que tange aos antimicrobianos é o período de carência. Muitas das apresentações atuais das enfermidades entéricas têm ocorrido em fases finais do ciclo de terminação, impossibilitando o uso desses medicamentos. Os antimicrobianos usados na alimentação dos animais, normalmente utilizados sob a forma de pulsos, têm sido extremamente discutidos pela opinião pública. A pressão do consumidor, exigência dos países importadores e as próprias regulamentações que estão sendo estudadas pelo MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) demonstram claramente que teremos cada vez menos possibilidades de uso de antimicrobianos como tratamentos preventivos na alimentação dos suínos. Este padrão segue o ocorrido na Comunidade Europeia e também as recentes mudanças nos EUA para restrição do uso de antimicrobianos na produção animal.
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carência e não afetam negativamente a microbiota normal dos suínos. Resultado de campo Avaliação da eficácia de um produto natural constituído por farinha de alfarroba e óleo essencial de tomilho e da Tiamulina, no controle da Braschyspira hyodysenteriae. Granja com 600 matrizes em ciclo completo, região de Passos - MG, com desafio de disenteria na fase de crescimento. Lote 1: 178 leitões tratados com produto natural, dos 90 aos 120 dias de idade, 1kg/ton de ração. Diarreia controlada, fezes normais.
Em função de todos estes fatores, é fundamental a busca por produtos alternativos naturais com custos de tratamentos viáveis e seguros. Pesquisas científicas e experimentos práticos direcionados aos patógenos causadores das patologias entéricas dos suínos confirmam a existência de produtos naturais capazes de realizar a prevenção e o controle destas enfermidades. Estas alternativas são importantes, pois não apresentam resistência microbiana, não possuem período de nº 60/2018 | Suínos&Cia
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Lote 2: 177 leitões tratados com Tiamulina, dos 90 aos 120 dias de idade, 100 ppm na ração. Resultados de qualidade de fezes aos 100 dias de idade (5 dias de tratamento). Presença de diarreia com sangue.
Conclusões - O produto natural foi eficaz no controle da diarreia hemorrágica. - Lote 1 tratado com o produto natural apresentou maior peso ao abate, diferença de 2,5 kg de média no peso ao abate. - Lote 2 apresentou animais com diarreia, mesmo consumindo Tiamulina na ração. - Houve menor necessidade de medicação injetável no lote tratado com o produto natural. Com esse experimento, foi possível identificar que o produto natural teve melhores resultados em comparação à Tiamulina.
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Suínos&Cia | nº 60/2018
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Resultados Gerais Lotes
Número de Animais
Animais Medicados
Animais Mortos
Peso ao Abate (152 dias)
Lote 1 (Produto Natural)
178
1
0
96kg
Lote 2 (Tiamulina)
177
4
1
93,5kg
Referências: 1. McOrist, S.; Gebhart, C. J.; Boid, R. and Barns, S. M. 1995. Characterization of Lawsonia intracellularis gen. nov., sp. nov., The obligately intracellular bacterium of Porcine Proliferative Enteropathy. Int. J. Sys. Bac., Vol. 45, 4: 820-825 2. Doenças do Suínos. DR M. Barcellos. 2010
3. D. E. Velayudhan, I. H. Kim,1 and C. M. Nyachoti. Characterization of Dietary Energy in Swine Feed and Feed Ingredients: A Review of Recent Research Results 4. Sitio Argentino de Producción Animal. Raúl Aguila. 2010 Que tenemos y adonde vamos? 5. www.ipic.iastate.edu/publications/820. ImproveFeedConversion.pdf
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nº 60/2018 | Suínos&Cia
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Fonte adequada de fibra tem vantagens para porcas e leitões Fernando Toledano Diretor geral – CEO da empresa Biosen Agro Industrial fernando.toledano@biosen.com.br
A
fêmea suína pode cobrir até 25% de sua necessidade de energia de manutenção da fermentação da fibra no cólon (Shi e Noblet, 1993). Bactérias metabolizam fibras em ácidos graxos voláteis e ácido lático no intestino grosso. Estes são absorvidos pelo animal e servem como fontes adicionais de energia. A grande vantagem é o tempo de atraso com o qual a energia da fermentação é fornecida. A energia da digestão enzimática no intestino delgado está disponível até cinco horas após a ingestão, enquanto os produtos de fermentação do cólon são fornecidos ao longo de um período de 24 horas. Para a porca, esta energia extra significa a redução da fome, stress e, acima de tudo, a provisão de energia para o processo de parto.
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Dra. Christine Potthast Diretora de P&D da Agromed potthast@agromed.at
na fertilidade. Porcas que não emprenharam na primeira inseminação levaram 100 minutos a mais para completar o tempo de parto do que as que emprenharam após a primeira inseminação (Figura 1). O tempo de parto prolongado também aumenta a proporção de leitões natimortos (Figura 2). Segundo Theil (2015), um tempo de nascimento de 100 minutos significa a perda de 2 leitões.
O tempo de parto é crucial O fornecimento de energia tem uma influência decisiva na duração do tempo de parto. Isto tem uma influência significativa no número de leitões natimortos e fracos e também na fertilidade da porca. Peltoniemi e Oliviero (2015) demonstraram o impacto negativo do tempo de parto prolongado
Figura 2: Relação entre tempo de parto e natimortos (segundo Theil 2015) Lignocelulose – A geração diferente As lignoceluloses devem ser diferenciadas em produtos de 1ª e 2ª gerações. A lignocelulose de 1ª geração (LC 1ª geração) é constituída por 100% de fibras insolúveis e não fermentáveis. Tem apenas um efeito “físico” no trato gastrointestinal. A micronização (tamanho médio de partícula 50-120 μm) garante um elevado número de partículas inertes com uma grande área superficial, que regulam o trânsito intestinal. Isso evita o surgimento de patógenos no intestino delgado e acelera sua excreção. A fermentação microbiana da fibra é transferida para o cólon.
Figura 1: Influência da duração do tempo de parto no sucesso da próxima inseminação Suínos&Cia | nº 60/2018
A lignocelulose de 2ª geração (LC 2ª geração) é uma combinação sinérgica de fibra insolúvel fermentável e não fermentável.
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Tabela 1: Influência da LC 2ª geração na duração do parto e no desempenho dos leitões (Baarslag et al., 2012). Controle
LC 2ª ger.
Tempo de parto, min
220
180
Número de leitões, n
16.0
15.9
Proporção de leitões nascidos vivos, %
90.2
93.2
Média de peso ao nascer, kg
1.13
1.24
Peso médio desmame dia 27, kg
7.20
7.50
Além do modo físico de ação da 1ª geração de LC, também possui efeitos fisiológicos devido aos componentes fermentáveis e adiciona um efeito prebiótico. Especificamente durante a fermentação, altos níveis de ácido butírico são formados. O ácido butírico é o substrato mais potente para o tecido intestinal (fornecimento de energia, antiinflamatório, antibacteriano e regulação do balanço hídrico). Influência da lignocelulose de 2ª geração no tempo de parto e desempenho de leitões A 2ª geração de LC tem numerosos benefícios para a fêmea suína e, portanto, também para os leitões. Previne constipação, enquanto fornece energia adicional da fibra fermentada para o parto. Ambos efetivamente encurtam o tempo de parto e reduzem o número de leitões natimortos. O suprimento extra de energia no último período de gestação tem um impacto positivo no peso ao nascer (Tabela 1). Além disso, a proporção de leitões abaixo do peso é reduzida à medida que a curva de distribuição do peso ao nascer muda com a suplementação de LC de 2ª geração (Figura 3).
Bibliografia: 1. BAARSLAG, L. Wirkungeubiotischer Lignocellulose auf die Abferkeldauer von Zuchtsauen. 12 Boku - Symposium Tierernährung, Wien, p. 175-178, abr. 2013. 2. THEIL, Peter Kappel. Transition feeding of sows.The gestating and lactating sow, Wageningen Academic Publishers, p. 147-172,2015. Disponível em: <https://www.wageningenacademic. com/doi/10.3920/978-90-8686-8032_7>. Acesso em: 28 set. 2018.
Figura 3: Redução de leitões abaixo do peso com suplementação de LC 2ª geração 75 O alto potencial genético das porcas deve ser transformado em leitões bem desenvolvidos e em rápido crescimento, evitando leitões natimortos e abaixo do peso. Escolher a fibra correta é um fator importante para alcançar esse objetivo. O gerenciamento eficaz das fibras de segunda geração de LC, portanto, suporta efetivamente a fêmea e seus leitões.
3. PELTONIEMI, O.A.T.; OLIVIERO, C. Housing, management and environment during farrowing and early lactation. The gestating and lactating sow, Wageningen academic publishers, p. 231-252,2015. Disponível em: <https://www. wageningenacademic.com/doi/ pdf/10.3920/978-90-8686-803-2_10>. Acesso em: 28 set. 2018. 4. SHI, X. S.; NOBLET, J. Contribution of the hindgut to digestion of diets in growing pigs and adult sows: effect of diet composition. Livestock production science, v. 34, p. 237, abr. 1993. nº 60/2018 | Suínos&Cia
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Impactos da amônia (NH³) no resultado da criação de suínos em maternidade e creche e na melhor condição de limpeza das instalações na suinocultura Ednilson Fávaro Gerente de Produtos – Cinergis Agronegócios ednilson.favaro@cinergis.com.br
O
ambiente, a qualidade do ar, o conforto dos animais e a qualidade da higienização têm papéis muito importantes na geração de resultados na produção de suínos, exercendo diferentes efeitos conforme a fase de produção. A limpeza e a higienização influenciam nos agentes infecciosos entéricos em todas as fases de criação. Às vezes, de difícil diagnóstico, o impacto de infecções entéricas é grave nas fases iniciais. Se os fatores que compõem o ambiente apresentam alguma deficiência, acabam agindo como vetores para o aumento dos níveis de contaminação por Clostridium, Salmonela, e-coli, NH³, entre outros. Em busca da sustentabilidade e redução do uso de antibióticos, aumentou-se a procura de produtos que melhoram as condições ambientais,
reduzem enterobactérias e permitem reduzir os níveis de contaminação, mantendo ou melhorando os índices zootécnicos e as condições sanitárias da criação. Um produto que venha a oferecer estas condições, associado a um menor consumo de água para higienização, tem relevante impacto para a cadeia de produção de suínos. Em testes realizados a campo, aplicados em diferentes tipos de salas e fases e mantendo as mesmas dietas, condições de manejo, densidade e operadores, constatou-se que o impacto ao utilizar um produto natural com ação sinérgica traz forte efeito sobre a concentração de NH³, qualidade e tempo de higienização das salas, interferindo positivamente nos seguintes ambientes:
76
Tabela/gráfico 1. Comportamento de NH³ a nível respiratório em salas de maternidade antes de 60 minutos e após a aplicação de Bioefitech (Fonte: Arquivo Pessoal E. Z. Fávaro 2018) Dias Após tratamento / PPM NH³ (Creche) Dia 1 8 Dias 15 Dias Sala não tratada 11,72 11,72 20 Sala tratada no vazio 8,09 1,17 2,81 Sala tratada cheia 1,27 0 7,45 Nível de Redução em PPM no 15º dia % de redução de NH³ em salas tratadas Suínos&Cia | nº 60/2018
Média de PPM 14,48 4,02 2,91 11,02 76%
Tabela 2: Níveis de redução de NH³ após 15 dias de aplicação de Bioefitech em creche com 88 leitões por sala (Fonte: Arquivo Pessoal E. Z. Fávaro 2018)
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Dias Após tratamento / PPM NH³ (Maternidade) Tratamento
15 Dias
Média de PPM
Sala não tratada
19,72
19,81
19,77
Sala tratada 1
1,27
6,81
Sala tratada 2 (50 ml diário)
19,45
6,45
6,63
Nível de Redução em PPM no 15º dia
13,14
% de redução de NH³ em salas tratadas
66%
Tabela 3: Níveis de redução de NH³ após 15 dias de aplicação de Bioefitech em creche, com 8 Mães e 88 leitões por sala (Fonte: Arquivo Pessoal E. Z. Fávaro 2018)
Também foram medidos durante o experimento os índices de mortalidade, utilização de medicamentos para controle de diarreias e tempo de eliminação do problema para animais apresentando quadro entérico. Dados de mortalidade até a saída de creche Nº Mortos Mortos Mort. % Medias % Mort animais Maternidade Creche Total mortalidade Não tratado Sala 1 88 6 2 8 9,09% 9,66% Não tratado Sala 2 88 8 1 9 10,23% Tratado sala 1 88 1 1 2 2,27% 2,84% Tratado Sala 2 88 2 1 3 3,41% Diferença de Mortalidade 6,82% Percentual de redução na mortalidade 70,59% Dados de uso de medicamento até saída de creche Nº Medicados na Dias % % Medias Média Dias animais Maternidade Medicando Medicado Medicados Medicando Não tratado Sala 1 88 88 7 100,00% 100,00% 7 Não tratado Sala 2 88 88 7 100,00% Tratado sala 1 88 4 2 4,55% 3,41% 2 Tratado Sala 2 88 2 2 2,27% Redução de quadros de entéricos e dias para controle 96,59% 5 Percentual de redução de casos entéricos e dias para controle 96,59% 71,43%
Tabela 4: Quadro de Mortalidade por tipo de alojamento (Fonte: Arquivo Pessoal E. Z. Fávaro 2018)
Tabela 5: Tempo de controle de quadro entérico (Fonte: Arquivo Pessoal E. Z. Fávaro 2018)
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Em outro trabalho, realizado em granja com alto desafio sanitário e quadro elevado de mortalidade, foram realizados testes comparativos e monitoramento das condições sanitárias em 4 maternidades com 100 reprodutoras cada. Após o tratamento, ao realizar análise em animais na fase de pré-desmame, observou-se elevado nível de mortalidade, sendo uma das principais causas o Clostridium. Após aplicação do produto, observou-se sensível redução do quadro, conforme demonstrado abaixo: Desempenho do Bioefitech em granja de alto desafio Controle Bioefitech suínos Redução % MPD% M. Clost. % MPD% M. Clost. % MPD% M. Clost. % Maternidade 1 19,3 9 12,1 3,9 37,31% 56,67% Maternidade 2 25,9 14,7 14,8 5,8 42,86% 60,54% Maternidade 3 15,9 6,3 12,3 3,8 22,64% 39,68% Maternidade 4 17,2 5,5 9,1 0,5 47,09% 90,91% Médias 19,58 8,88 12,08 3,50 37,48% 61,95% MPD = Mortalidade Pré-desmame M. Clost = Mortalidade por Clostridium
O desconforto proporcionado pela amônia (NH³) e as dificuldades para remover os dejetos nas superfícies acabam elevando o desafio sanitário e o consumo de água, acarretando em perdas sanitárias, zootécnicas e ambientais. Por outro lado, a utilização de inovações tecnológicas oferece ao suinocultor e às agroindústrias a possibilidade de melhorar estes índices, contribuindo para maior rentabilidade e melhor adequação às necessidades dos animais, do meio ambiente e da sociedade.
Tabela 6: Quadro grave Clostridium (Fonte: Arquivo Pessoal E. Z. Fávaro 2017)
A melhora no controle do ambiente, por meio de produtos inovadores que permitam melhor utilização de recursos naturais, otimização da mão de obra, redução dos níveis de NH³ e dos níveis de antibióticos, vai totalmente ao encontro da demanda cada vez mais evidente gerada pelo consumidor final. Além disso, os resultados significativamente melhores proporcionam lucratividade e sustentabilidade para o negócio. nº 60/2018 | Suínos&Cia
Índice dos Volumes
Índice dos volumes XI e XII Números de 51 a 60
O
Índice dos Volumes XI e XII referente às edições de números 51 a 60 da Suínos & Cia compreende mais de 100 títulos. Para facilitar a localização, os artigos estão divididos em matérias técnicas e outras, ordenados por editoria, autor/autores, título, volume, número, ano e páginas.
Aconteceu Curso de capacitação em reprodução. Ano XI, n° 52, 2014, pp. 58.
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Dicas de Manejo LISBOA, Nazaré; STEPHANO, Alberto. Vamos conhecer alguns dos principais sinais clínicos característicos de doenças que acometem suínos em crescimento. Ano X, n° 50, 2014, pp. 50 - 52. LISBOA, Nazaré; PALLÁS, T. Rafael. Inseminação pós-cervical ou intrauterina: Descrição da técnica de inseminação artificial intrauterina. Ano XI, n° 51, 2014, pp. 54 - 59. Adequadas práticas de manejo de preparação de marrãs. Ano XI, n° 52, 2014, pp. 68 - 77.
Vetanco oferece palestra sobre micotoxinas com dois grandes nomes da suinocultura mundial. Ano XI, n° 55, 2015, pp. 73.
Transporte de suínos no sistema de produção. Ano XI, n° 53, 2015, pp. 56 - 60.
Bem-estar Animal PIÑEIRO, Carlos. Manejo de bem-estar animal em reprodutores suínos: Parte I Legislação. Ano XI, n° 53, 2015, pp. 20 - 24.
Situações de Estresse x Situações de Conforto. Ano XI, n° 55, 2015, pp. 58 - 61.
PIÑEIRO, Carlos. Manejo de porcas em grupo: sistema de alimentação - Parte II. Ano XI, n° 54, 2015, pp. 18 - 27. DOMINGUES, F. Paulo; RICCI, D. Gisele. Bem-estar de suínos na fase de creche. Ano XI, n° 55, 2015, pp. 17 - 20. PIÑEIRO, Carlos. Manejo de Porcas em Grupo: Parte III - Orientações sobre Projetos. Ano XI, n° 55, 2015, pp. 30 - 37.
Biosseguridade SALA, Vittorio. O risco respiratório ocupacional em suinocultura. Ano XI, n° 54, 2015, pp. 28 – 33.
Crescimento e Terminação SILVA, Caio. Influência dos fatores de produção em suínos de crescimento. Ano XII, n° 57, 2016, pp. 20 – 28. Suínos&Cia | nº 60/2018
Curiosidade Museu do Suíno reúne mais de 25 mil peças. Ano XI, n° 51, 2014, pp. 44 - 45.
Os pontos mais importantes que garantem a melhora dos índices reprodutivos. Ano XI, n° 54, 2015, pp. 62 - 66.
MARQUES, Brenda; LISBOA, Nazaré. Manejo de Vacinação. Ano XII, n° 57, 2016, pp. 54 - 59. PIÑEIRO, Carlos; LISBOA, Nazaré. Principais dicas de manejo para obter e manter a maior a população de Superporcas® no plantel. Ano XII, n° 58, 2017, pp. 56 - 59. Economia YAGÜE, P. Antonio. 5ª Jornada da SIP Consultores Indicadores técnicos e econômicos após o bem-estar. Ano X, n° 50, 2014, pp. 26 - 29. Entrevista LISBOA, Nazaré. Suínos & Cia comemora dez anos de participação na mídia da suinocultura brasileira. Ano X, n° 50, 2014, pp. 6 – 8. RODRIGUES, C. Irineo. Os 50 anos da Cooperativa Lar. Ano XI, n° 51, 2014, pp. 6 - 8. LISBOA, Nazaré. SUINTER 2015: “Evolução: produção em foco”. Ano XI, n° 52, 2014, pp. 6 - 7.
Índice dos Volumes
STEPHANO, Alberto. “Manter o status sanitário é o grande desafio da suinocultura mundial”. Ano XI, n° 52, 2014, pp. 30 – 31.
Novas perspectivas no controle de micotoxinas. Ano XII, n° 59, 2017, pp. 56 59.
ACOSTA, J. M. Juan. A importância do treinamento na suinocultura. Ano XI, n° 54, 2015, pp. 6 – 10.
Inovações Suplementação alimentar suína. Ano XI, n° 55, 2015, pp. 74 - 75.
ALMEIDA, R. C. L. Fernanda. Os caminhos para o sucesso do IPVS 2020. Ano XII, n° 58, 2017, pp. 6 - 8.
Água: um recurso gerenciável. Ano XI, n° 55, 2015, pp. 76.
PALLÁS, T. Rafael. A evolução da genética e da reprodução suína. Ano XII, n° 59, 2017, pp. 6 - 9.
Jogo Rápido Dra. Nazaré Lisboa pergunta: Sua granja encontra-se preparada para otimização de recursos? Ano X, n° 50, 2014, pp. 38 - 39.
Informe Publicitário Laboratório Ceppa Informa: Coleta de amostras para exame histopatológico. Ano XI, n° 51, 2014, pp. 48 - 49.
Dra. Nazaré Lisboa pergunta: Sua granja adota medidas de biosseguridade? Ano XI, n° 51, 2014, pp. 42 - 43.
KOLLER, L. Felipe. A ocorrência simultânea de micotoxinas nas rações de suínos. Ano XI, n° 51, 2014, pp. 50 - 51. VEIGA, Bruno. As inovações da Sauvet. Ano XI, n° 51, 2014, pp. 52 - 53. HIROSE, Flávio. Os benefícios da vacina contra a influenza no Brasil. Ano XI, n° 52, 2014, pp. 60 - 62. KOLLER, L. Felipe. Como manter a performance dos leitões mesmo com a substituição da proteína plasmática? Ano XI, n° 52, 2014, pp. 64 - 65. GRACIOLI, Daniel. PigMoney - Novo olhar por meio de cenários. Ano XI, n° 52, 2014, pp. 66 - 67. CARIONI, Gladison; CARNEIRO, O. Daniela; ZOCA, Sara. Halquinol: a importância do balanço correto de seus isômeros. Ano XI, n° 53, 2015, pp. 54 - 55. Suinter tem edição histórica. Ano XI, n° 55, 2015, pp. 64 - 72. ULGUIM, Rafael. Uma única inseminação durante o estro em fêmeas suínas: possibilidade ou realidade? Ano XII, n° 56, 2016, pp. 64 - 65. GRECCO, Erica. Inovação tecnológica em aditivos nutricionais para a suinocultura. Ano XII, n° 57, 2016, pp. 50 - 51. GOMES, Robson. Inovação tecnológica em vacinas para a suinocultura. Ano XII, n° 57, 2016, pp. 52 - 53. FONSECA, E. J. Carlos. O fantástico mundo dos probióticos. Ano XII, n° 58, 2017, pp. 54 - 55.
Dra. Nazaré Lisboa pergunta: Como encontra-se a biosseguridade da sua granja? Ano XII, n° 59, 2017, pp. 60 - 62. Manejo MAZZONI, Cláudio; SCOLLO, Annalisa; AVANZINI, Chiara; MONDIN, Paolo. Efeitos da administração de um regulador prómetabólico sobre a mortalidade e o uso de fármacos em leitões durante a lactação. Ano XI, n° 54, 2015, pp. 12 - 16.
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AMORICO, Anna; MAZZONI, Claudio. Castração de leitões e analgesia: uma prova de campo. Ano XII, n° 58, 2017, pp. 10 - 13. Maternidade BONTEMPO, Valentino; SAVOINI, Giovani; DELL´ORTO, Vittorio. Como otimizar a produção de colostro e leite de reprodutoras suínas. Ano XII, n° 56, 2016, pp. 12 - 16. Nutrição BONTEMPO, Valentino. Possível utilização de quitosano na alimentação de leitões. Ano XI, n° 52, 2014, pp. 8 - 12. YAGÜE, P. Antonio. Água de bebida para porcas em fase de reprodução. Ano XI, n° 52, 2014, pp. 14 - 16. GAVIOLI, David. Atitudes que antecedem a uma creche de sucesso. Ano XII, n° 57, 2016, pp. 6 - 8. SILVA, A. Aline; DADALT, C. Júlio. Estratégias para elevar o consumo de ração em leitões recém-desmamados: a importância da nutrição nas primeiras fases de vida do leitão. Ano XII, n° 59, 2017, pp. 10 - 15. nº 60/2018 | Suínos&Cia
Índice dos Volumes
Produção PIÑEIRO, Carlos. Aplicação da termografia em instalações de produção de suínos. Ano XI, n° 51, 2014, pp. 10 – 18. Recursos Humanos MORAIS, Alesandro. A história do leitão que morreu esmagado. Ano X, n° 50, 2014, pp. 48. MARINS, Luiz. O poder e a importância da paciência. Ano X, n° 50, 2014, pp. 49. MARINS, Luiz. Uma praga chamada “desculpa”. Ano XI, n° 51, 2014, pp. 46. MARINS, Luiz. Aos que não sabem ouvir. Ano XI, n° 52, 2014, pp. 80. Culpado ou inocente? Ano XI, n° 53, 2015, pp. 52. O Abacaxi: uma lição de gestão diferenciada. Ano XI, n° 54, 2015, pp. 60. MELO, Fábio. A torrada queimada. Ano XI, n° 55, 2015, pp. 56. O trem da vida: que bonita reflexão! Ano XII, n° 56, 2016, pp. 62.
80
ZANOLI, L. André. A vida é uma dança. Ano XII, n° 57, 2016, pp. 48. Quem dobrou seu paraquedas? Ano XII, n° 58, 2017, pp. 53. A nova economia, revolucionária: Evolução sempre! Ano XII, n° 59, 2017, pp. 54. Reportagem Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos “ABRAVES” e sua importância na suinocultura brasileira. Ano XI, n° 55, 2015, pp. 6 - 8.
Suínos&Cia | nº 60/2018
Reprodução PALLÁS, T. Rafael. Uso de altrenogest na sincronização de fêmeas nulíparas. Ano X, n° 50, 2014, pp. 20 - 24. WILLIAMS, Sara. Avanços na reprodução suína. Ano XI, n° 51, 2014, pp. 28 - 34. PALLÁS, T. Rafael. Manejo do cachaço em situações de estresse térmico. Ano XI, n° 55, 2015, pp. 10 - 16. PIÑEIRO, Carlos. Super Porcas: uma subpopulação de elite nos planteis de reprodutoras. Ano XII, n° 56, 2016, pp. 28 - 38. NASCIMENTO, Xavier. Efeitos da utilização de plasma seminal sintético (Predil® MR-A®) no desempenho reprodutivo de porcas. Ano XII, n° 58, 2017, pp. 14 - 17. KOKETSU, Yuzo. Fatores que contribuem para o alto desempenho reprodutivo de porcas em rebanhos comerciais. Ano XII, n° 58, 2017, pp. 18 - 26. PALLÁS, T. Rafael. Novas soluções para antigos problemas reprodutivos. Ano XII, n° 59, 2017, pp. 26 - 31. Revisão Técnica YAGÜE, P. Antonio. Allen D´Leman Swine Conference St. Paul - Minnesota/EUA. Ano X, n° 50, 2014, pp. 40 - 47. YAGÜE, P. Antonio. Resumo do 23º Congresso da Associação Internacional de Veterinários Especialistas em Suínos (IPVS). Ano XI, n° 52, 2014, pp. 32 - 53. YAGÜE, P. Antonio. Resumo da 45ª reunião anual da Associação Norte-americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV). Ano XI, n° 53, 2015, pp. 26 - 36. YAGÜE, P. Antonio. 6º Simpósio Europeu de Manejo Sanitário Suíno Sorrento (Itália). Ano XI, n° 53, 2015, pp. 37 - 46.
Índice dos Volumes
YAGÜE, P. Antonio. Allen D´Leman Swine Conference Saint Paul - Minnesota/EUA. Ano XI, n° 54, 2015, pp. 34 - 55.
LISBOA, Nazaré. A importância da biosseguridade no controle, prevenção e erradicação das doenças que acometem suínos. Ano XI, n° 51, 2014, pp. 25 – 27.
YAGÜE, P. Antonio. Resumo da 46ª Reunião Anual da Associação Norte-Americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV). Ano XI, n° 55, 2015, pp. 38 - 51.
TORREMORELL, Montserrat. Transmissão do vírus da influenza A em populações de suínos. Ano XI, n° 52, 2014, pp. 18 – 23.
YAGÜE, P. Antonio. 7º Simpósio Internacional de Doenças Emergentes e Reemergentes dos Suínos. Ano XII, n° 56, 2016, pp. 40 - 56. YAGÜE, P. Antonio. Resumo da 47ª Reunião Anual da Associação Norte-americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV). Ano XII, n° 57, 2016, pp. 30 - 41. YAGÜE, P. Antonio. Resumo do 24º Congresso Internacional da Associação Internacional de Veterinários Especialistas em Suínos (IPVS) e do 8º Simpósio do Colégio Europeu de Veterinários Especialistas em Sanidade Suína. Ano XII, n° 58, 2017, pp. 28 - 48. YAGÜE, P. Antonio. Resumo da 48ª reunião anual da Associação Norte-americana de Veterinários Especialistas em Suínos (AASV). Ano XII, n° 59, 2017, pp. 32 - 49. Sanidade GUEDES, Roberto. Atualidades em transtornos digestivos na fase de crescimento. Ano X, n° 50, 2014, pp. 10 – 12. SALA, Vittorio. Listeriose em suínos e saúde pública. Ano X, n° 50, 2014, pp. 14 – 17. ARRUDA, Paulo. Diagnóstico e patogênese das principais causas de diarreia neonatal. Ano XI, n° 51, 2014, pp. 20 - 24.
SALA, Vittorio. Sobrevivência dos patógenos no ar: fator crítico ou de risco? Ano XI, n° 52, 2014, pp. 24 – 28. SILVEIRA, R. S. Paulo. A passagem pela maternidade e o risco de manter a integridade da mucosa uterina da matriz suína. Ano XI, n° 53, 2015, pp. 6 - 12. ALBERTON, C. Geraldo. Coccidiose suína. Ano XI, n° 53, 2015, pp. 14 - 18. KRAMER, Ton. Problemas locomotores em animais em crescimento: causas e consequências. Ano XI, n° 55, 2015, pp. 21 - 28. BATISTA, Laura. PRRS, PED, PCV2 e SIV: como podemos melhorar o nosso apoio técnico à suinocultura? Ano XII, n° 56, 2016, pp. 6 - 10. BORDIN, L. Edson. Suporte laboratorial ao diagnóstico e ao monitoramento sanitário em suinocultura - Parte I. Ano XII, n° 56, 2016, pp. 18 - 27.
81
BORDIN, L. Edson. Suporte laboratorial ao diagnóstico e ao monitoramento sanitário em suinocultura - Parte II. Ano XII, n° 57, 2016, pp. 10 - 19. SCOLLO, Annalisa. Avaliação de dois diferentes protocolos de tratamentos antibióticos para o controle da doença respiratória dos suínos (SRD). Ano XII, n° 59, 2017, pp. 16 - 18. SALA, Vittorio. A mastite suína é uma síndrome multifatorial. Ano XII, n° 59, 2017, pp. 20 - 25.
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Capas 15 anos
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Capas 15 anos
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Divirta-se
Encontre as palavras O desmame é um dos momentos mais difíceis na vida do leitão. Sem dúvida, ocorrem diferentes situações que contribuem para o estresse, predispondo-os à perda de resistência. São desafios, os quais podemos destacar a separação do aconchego materno, a troca do leite materno (alimento líquido) por alimento sólido, a convivência com novos companheiros diferentes de seus irmãos, os novos ambiente, comedouro e bebedouro, entre outros. No diagrama ao lado, vamos encontrar os 11 inimigos do leitão.
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SUPERLOTAÇÃO CORRENTES DE AR FRIO CALOR VARIAÇÕES DE TEMPERATURAS AMÔNIA MISTURA DE ANIMAIS VACINAÇÃO TRANSPORTES BARULHOS MICOTOXINAS
A U F D K S P B E B C W B X M F C H C H P B F T Z T P V J U
Jogo dos 7 erros
Suínos&Cia | nº 60/2018
H H Z S M W K T X L A Q N C N D X O D B L V R G W R J U H Y
P R C P J A H V S J B R M V B S Z Y R V I C E V A F R I O H
Y C G O N Q F A W U N O U B G Z A G F R J X M F Q C N T T B
F E R I H Z S R T N M I J L T A W B S F E F I C S D B G F V
R X B S B W A I Z Y K U H M H Q S V W R B N S D E E G V V G
D Y M U G X Z A A B I J G K R O E F A D T E T X F X Y F C T
C D T P V E C Ç Q V U U F J F P S T Q F F S U E R Z F C X R
S F J E F C B Õ E T J P D L C O X R Z G C R R Z S I V D S F
Q G K R C R M E T C A K S P E I C D X H X G A A T D T X E C
H H O L D V J S R R P L A I D U F C R T S B D B H G E S R X
N L L O X T H D Y D S M Q O X Y R X V R U N E H V F F A F D
K P S T S B T E P X K N W Y S T T S Y E G H A N B D R W R E
L H A A Z Y V T L Z H Y R U W R G E H W F Y N J N S D A B S
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Divirta-se
Teste seus conhecimentos Conhecer e entender o comportamento materno da porca parturiente certamente o ajudará a oferecer melhores cuidados na assistência aos partos e recém-nascidos. Sem dúvida, o parto é o momento mais importante para determinar a produtividade do sistema de produção suína. Do ponto de vista zootécnico, a conduta materna é muito importante, pois varia entre porcas determinando parcialmente a mortalidade e o crescimento de suas leitegadas. Cerca de 15% dos leitões nascidos vivos morrem antes do desmame. No entanto, de 70% a 80% dessas mortes são atribuídas direta ou indiretamente à conduta materna. Teste seus conhecimentos sobre o comportamento da porca na fase do parto assinalando verdadeiro (V) ou falso (F) nas alternativas abaixo: ( ) A Etologia é a ciência que estuda o comportamento social e individual dos animais em seu habitat natural. ( ) A prolactina é o hormônio que induz a porca a construir o ninho independentemente da existência do substrato necessário, ou seja, o comportamento será realizado haja ou não material à disposição em forma de cama, esteja a fêmea em uma baia ou em uma cela de gestação. ( ) É importante oferecer à porca na fase préparto a oportunidade de construir um ninho. Tal atitude satisfaz essa necessidade comportamental que, aliás, ocorre por intermédio de mediadores hormonais. ( ) A construção do ninho caracteriza-se por um aumento na atividade locomotora da porca. ( ) Porcas em condições de pastagem extensiva começam a preparação do ninho 24 horas antes do parto. Separam-se de seu grupo para construir o ninho em um local distante do resto do rebanho. ( ) Estudos comprovam que as porcas com o número menor de leitões esmagados são aquelas que estiveram mais envolvidas com a atividade
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de nidificação e construíram seus ninhos mais elaborados nas 12 horas anteriores ao parto, em comparação àquelas com mais leitões esmagados. ) A porca lambe seus leitões após o nascimento, como outros animais de cascos fendidos. ) A duração do parto da porca é de duas horas e meia. Partos acima de quatro horas são considerados prolongados. ) No sistema intensivo de produção é recomendado oferecer às porcas substrato como palha, jornal e maravalha para que elas possam construir seus ninhos. ) A ordem e a eleição de tetas são estabelecidas entre 24 e 48 horas após o nascimento. Para definir a ordem, os leitões entram em competição por meio de gritos e brigas entre si, o que garante o uso do mesmo teto na próxima ejeção do leite. A descida do leite dura apenas cerca de 15 segundos. ) A amamentação pode ser iniciada pela porca, que alerta seus leitões e os atrai para si por meio de grunhidos, ou pelos leitões, que se reúnem em volta da mãe vocalizando e massageando seu aparelho mamário.
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nº 60/2018 | Suínos&Cia
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H H Z S M W K T X L A Q N C N D X O D B L V R G W R J U H Y
P R C P J A H V S J B R M V B S Z Y R V I C E V A F R I O H
Y C G O N Q F A W U N O U B G Z A G F R J X M F Q C N T T B
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Y W J K F E Z V D B N A D K L M P G Y D P S M C N M N K I T
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Teste seus conhecimentos E U G L D U O C A R R T A L Y B K F R F T C H X V I H L A E
F P F P E O U D I F E V Z K G V U B I C G X Y E F L Y O S C
( V ) A Etologia é a ciência que estuda o comportamento social e individual dos animais em seu habitat natural. ( V ) A prolactina é o hormônio que induz a porca a construir o ninho independentemente da existência do substrato necessário, ... ( V ) É importante oferecer à porca na fase pré-parto a oportunidade de construir um ninho. Tal atitude satisfaz essa necessidade ... ( V ) A construção do ninho caracteriza-se por um aumento na atividade locomotora da porca. ( V ) Porcas em condições de pastagem extensiva começam a preparação do ninho 24 horas antes do parto. Separam-se de seu grupo ... ( V ) Estudos comprovam que as porcas com o número menor de leitões esmagados são aquelas que estiveram mais envolvidas ... ( F ) A porca lambe seus leitões após o nascimento, como outros animais de cascos fendidos.
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Jogo dos 7 erros
( V ) A duração do parto da porca é de duas horas e meia. Partos acima de quatro horas são considerados prolongados. ( V ) No sistema intensivo de produção é recomendado oferecer às porcas substrato como palha, jornal e maravalha para que elas ... ( V ) A ordem e a eleição de tetas são estabelecidas entre 24 e 48 horas após o nascimento. Para definir a ordem, os leitões entram ... ( V ) A amamentação pode ser iniciada pela porca, que alerta seus leitões e os atrai para si por meio de grunhidos, ou pelos leitões, ...
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Suínos&Cia | nº 60/2018