Sumários de Pesquisa Consumo de ração no início da prenhez: efeitos no peso da matriz e no tamanho da leitegada As porcas de segundo parto frequentemente apresentam menor taxa de parição, menor tamanho de leitegada, ou ambos, comparado com as fêmeas de primeiro parto. Esta redução de desempenho reprodutivo na segunda parição está associada a um balanço negativo de energia, ou seja, perda de peso durante a primeira lactação. Vários estudos reportam que a perda de peso lactacional de 10% a 12% reduz o desempenho reprodutivo no parto subsequente. Dentre os diferentes componentes da perda de peso, a redução de proteína parece ter a maior influência na reprodução subsequente. Neste contexto, o início da gestação tende a ser o melhor período para a fêmea recuperar-se das perdas lactacionais. Este período é especialmente importante para as fêmeas jovens porque elas também necessitam crescer, a fim de alcançarem um porte corporal adulto.
Na prática, contudo, as fêmeas jovens são frequentemente mantidas em níveis de consumo restrito durante a fase inicial da prenhez. Esta estratégia originou-se de estudos em leitoas, os quais demonstraram que níveis elevados de ração no início da gestação aumentavam as perdas embrionárias. Entretanto, não existe evidência de que isso também seja válido e inclua porcas que necessitam se recuperar da lactação precedente. Em um trabalho publicado recentemente no Journal of Animal Science, em março deste ano, Lia Hoving, da Universidade de Wageningen, na Holanda, e coautores, fizeram um estudo que avaliou o efeito do nível de arraçoamento e o conteúdo de proteína na ração sobre a recuperação de seu peso corporal, taxa de parto e tamanho de leitegada subsequentes em porcas de primeiro e segundo partos, durante o primeiro mês de gestação.
Método: A partir do terceiro dia pós-inseminação até o 32º dia, as porcas foram alimentadas com 2,5 kg por dia de uma dieta de gestação padrão (controle, n=49); 3,25 kg por dia (+30%) da dieta de gestação padrão (ração suplementar, n=47) ou 2,5 kg por dia da dieta de gestação com 30%
a mais de aminoácidos digestíveis ileais (proteína adicional, n=49).
Resultados: O consumo de ração durante o período experimental foi 29% maior para o grupo com ração suplementar, em comparação com aqueles no grupo controle e grupos com proteína adicional (93 kg vs. 72 kg; P<0.05). As porcas no grupo com ração suplementar ganharam mais 10 kg de peso corporal durante o período experimental em comparação com aquelas no grupo controle e grupo de proteína adicional (24,2 ± 1.2 vs. 15,5 ± 1.2 e 16,9 ± 1,2 kg, respectivamente; P<0.001). O ganho de gordura dorsal e a área de olho de lombo não foram afetados pelo tratamento (P=0.56 e P=0.37, respectivamente). A taxa de parição foi menor, embora não de forma significativa, para as porcas no grupo com ração suplementar em comparação com aquelas no grupo controle e grupo com proteína adicional (76,6 % versus. 89,8% e 89,8 %, respectivamente; P=0.16). O tamanho da leitegada, no entanto, foi maior para o grupo com ração suplementar (15,2 ± 0.5 nascidos totais) em comparação com o grupo controle e aquele com proteína adicional (13,2 ± 0,4 e 13,6 ± 0,4 nascidos totais, respectivamente; P=0.006). O peso dos leitões ao nascer não foi afetado pelos tratamentos. Para ambas as ordens de parto (OP 1 e OP 2), o tratamento com ração suplementar (+30%) mostrou efeitos semelhantes sobre o ganho de peso corporal, tamanho de leitegada e taxa de parição. Os autores concluíram que o aumento da ingestão alimentar (30%) durante o primeiro mês de gestação melhorou a recuperação de peso corporal da matriz e aumentou o tamanho da leitegada, mas não afetou a taxa de parição subsequente. A alimentação com um nível maior (30%) de aminoácidos digestíveis ileais durante o mesmo período não melhorou a recuperação das porcas ou o seu desempenho reprodutivo na parição subsequente.
Suínos & Cia
Ano VII - nº 43/2012
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